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Pela mesma razão não tenciono responder às críticas que me foram feitas,
apesar da consideração que me merecem os seus autores e do mérito que
reconheço a muitas delas.
Suponhamos, então, que o meu modelo era perfeito e que era aplicado. Ou que
se descobria e aplicava um outro que fosse perfeito. Resultaria daqui uma
melhoria evidente e imediata na qualidade dos professores?
Nem por sombras. Um bom modelo de avaliação é condição necessária para que
tenhamos melhores professores, mas está longe, muito longe, de ser condição
suficiente. Uma melhoria significativa da qualidade dos professores implicaria,
logo na fase de recrutamento, que se fosse buscar às universidades os melhores
graduados - competindo as escolas, para tal, com outras carreiras e com outras
opções de vida, incluindo a emigração que nos está a privar, dia a dia, dos
nossos jovens mais qualificados. A carreira docente precisaria, para atrair estes
jovens, de ser muito mais atraente do que é hoje - quer em termos de
remuneração, quer de estabilidade, quer de probabilidades de progressão, quer
em prerrogativas - e destaco, de entre estas, a que mais afronta a tradicional
inveja e o tradicional anti-intelectualismo dos portugueses: tempo livre para
reflectir, estudar e adquirir o ascendente cultural que, mais do que qualquer
outra coisa, confere autoridade aos professores. É esta, de resto, a moeda
utilizada em todo o mundo, à falta de dinheiro, para pagar aos professores.
E nesta altura não teremos chegado ao fim: teremos chegado ao princípio dum
debate, este, sim, urgente: como melhorar o ensino (repito, o ensino) em
Portugal? E aquando deste debate, não nos contentaremos com o meramente
adequado: exigiremos o melhor. Não seremos modestos no pedir. Não
queremos um ensino ao nível da média europeia: exigiremos um ensino ao nível
dos melhores do Mundo.
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por JOSÉ LUIZ FERREIRA