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MEDIDAS CAUTELARES NO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS

HUMANOS E SUA APLICABILIDADE


PRECAUTIONARY MEASURES IN THE INTER-AMERICAN SYSTEM OF
HUMAN RIGHTS AND ITS APPLICABILITY

GT 6 -Direito Trabalhista, Internacional e Direitos Humanos.


JOSE RICARDO DA SILVA BARON1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
joserbaron@hotmail.com
MARCIA TESHIMA2
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
marciateshima7@gmail.com

RESUMO: Para garantir a integridade e evitar que, em determinada situação grave ou urgente,
ocorra algum dano irreparável para as partes ou objeto, a Comissão de Interamericana de Direitos
Humanos se utiliza de medidas cautelares. Assim, conhece-lo é de fundamental relevância para a
sociedade, pois, representam instrumentos efetivos para a proteção dos direitos humanos ante a
inação de um Estado. Para tanto, este artigo se propõe a dar a conhecer acerca do mecanismo das
medidas cautelares, seus objetivos e requisitos, a quem se destinam, possibilidades de ampliações e
modificações das referidas medidas e sua efetividade no Sistema Interamericano de Direitos
Humanos.

PALAVRAS-CHAVES: MEDIDAS CAUTELARES; COMISSÃO INTERAMERICANA;


DIREITOS HUMANOS.

ABSTRACT: Its function this paper provide a clear and objective way, the functioning of the
protective measures at the disposal of the Inter-American Commission on Human Rights, the
applicability of the mechanism of precautionary measures, how to exercise, how the procedure
before bundled up for injunctive as well as the consequences for those responsible for implementing
precautionary measure. It is also intention of this work show what the approval requirements of the
precautionary measures, their modifications and the reality of the precautionary measures in our

1
Discente do 3º ano do curso de graduação em Direito da Universidade Estadual de Londrina e membro do Programa
de Formação Complementar em Direito Internacional dos Direitos Humanos e Mecanismos de Solução de Conflitos.
2
Mestre em Direito. Professora Assistente. Coordenadora do Programa de Formação Complementar DIDH/UEL.
times in the world. Precautionary measures are a mechanism for the Inter-American Commission on
Human Rights may have with the scope to protect part or situation that is on the Commission's
analysis or even safeguard law. They are an effective tool for ensuring rights and fair treatment to
humans.
KEY WORDS: PREVENTIVE MEASURES; INTER-AMERICAN COMMISSION; HUMAN
RIGHTS.

INTRODUÇÃO

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), também, denominada Comissão


como um órgão que compõe o Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH), tem como
função garantir o efetivo cumprimento e aplicação dos direitos humanos, garantindo que não ocorra
a violação dos direitos humanos e é uma forma de proteção contra o próprio poder do Estado.
Dentre todo o aparato de proteção aos direitos humanos à disposição da Comissão, as medidas
cautelares compõem um dos mais efetivos instrumentos processuais. As medidas cautelares são
passíveis de serem solicitadas pela Comissão Interamericana em face de um determinado Estado,
quando há caso grave ou urgente em que haja iminente perigo de ocorrer danos irreparáveis às
pessoas ou objetos que tenham relação com processo, ou ainda, que estejam sob a jurisdição da
Comissão.

DESENVOLVIMENTO

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi criada em 1959 e é um órgão


autônomo pertencente a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Cabe a Comissão a observância e a defesa dos direitos humanos, conforme estabelece o


artigo 41 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Nesse sentido, com especial ênfase ao
disposto no item “b” do referido artigo, que diz:

“Formular recomendações aos governos dos Estados membros, quando o considerar


conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no
âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas
para promover o devido respeito a esses direitos”3.

3
BRASIL. DECRETO No 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992. Promulga a Convenção sobre Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm> Acesso em: 12 nov de 2015.
Denota-se do referido item que a Comissão pode, através de formulação aos governos,
solicitar a aplicabilidade de medidas cautelares para determinados casos a fim de salvaguardar
direito e proteger determinada parte ou objeto do processo.

As Medidas Cautelares estão previstas de modo geral no artigo 106 da Carta da


Organização dos Estados Americanos, na qual dispõe a função principal da Comissão: “promover o
respeito e a defesa dos direitos humanos”4 e são regulamentadas pelo artigo 25 do Regimento
Interno da Comissão Interamericana sobre Direitos Humanos.

Conforme assevera Sanches (p.4)

“La razón de ser de las medidas cautelares es proteger a individuos o grupos de personas
que se encuentran en inminente daño y que incluso los propios Estados afirman ‘han sido
mecanismos de tutela muy importante para garantizar la efectiva vigencia de los derechos
humanos en situaciones de altísima gravedad y urgência” 5

Assim, medidas cautelares têm aplicação nos casos graves e urgentes, onde há algum risco
iminente de danos, e podem ser solicitadas de forma a garantir e afastar qualquer risco que possa
comprometer de forma irreparável a parte ou objeto que demande a medida cautelar. É permitido
que a Comissão, por ela própria ou a pedido da parte, solicite ao Estado que as adote para evitar que
ocorra dano irreparável a parte ou objeto que estejam sob supervisão da CIDH.

Conforme o item 1 do artigo 25 do Regimento Interno da Comissão Interamericana sobre


Direitos Humanos:

“[...] a Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido de parte, solicitar que um
Estado adote medidas cautelares. Essas medidas, tenham elas ou não conexão com uma
petição ou caso, deverão estar relacionadas a situações de gravidade e urgência que

4
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Carta da Organização dos Estados Americanos. 1967.
Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OEA-Organiza%C3%A7%C3%A3o-dos-Estados-
Americanos/carta-da-organizacao-dos-estados-americanos.html> Acesso em 15 nov de 2015.

5
SÁNCHEZ, Nicole Galindo. La reforma al mecanismo de medidas cautelares de la Comisión Interamericana de
Derechos Humanos: Repercusiones en el marco de protección de derechos humanos del sistema interamericano. [S.l.:
s.n., 20--].
apresentem risco de dano irreparável às pessoas ou ao objeto de uma petição ou caso
pendente nos órgãos do Sistema Interamericano. ” 6

Note-se, ainda que, pelo dispositivo acima, é facultado à Comissão solicitar a aplicação de
medida cautelar a qualquer tempo, desde que seja constatado que se trata de uma situação grave e
urgente e que apresente risco de dano irreparável a parte ou objeto de petição ou qualquer caso
pendente no Sistema Interamericano.

Vale ressaltar conforme o próprio artigo 25 em seu item 1 que “Essas medidas, tenham elas
ou não conexão com uma petição ou caso, deverão estar relacionadas a situação de gravidade e
urgência [...]”7. Ou seja, não se faz necessária a relação entre a medida cautelar outorgada e um caso
ou petição que esteja sob análise da própria Comissão ou da Corte Interamericana de Direitos
Humanos.

Assim, a aplicação de determinada medida cautelar pode também ser solicitada pela
Comissão ao Estado, seja pelo seu próprio entendimento da necessidade de aplicação para o caso
concreto ou por solicitação da parte interessada diretamente à Comissão. Porém, ainda que a
Comissão ou o próprio interessado solicite as medidas cautelares ao Estado, sua execução caberá
tão somente a ele que, no exercício de sua soberania, poderá (ou não) acatar a solicitação.

O Regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos em seu artigo 25, item


“3” determina:

“As medidas às quais se referem os incisos 1 e 2 anteriores poderão ser de natureza coletiva
a fim de prevenir um dano irreparável às pessoas em virtude do seu vínculo com uma
organização, grupo ou comunidade de pessoas determinadas ou determináveis. ” 8

Há determinados casos em que é possível observar a necessidade de se proteger não apenas


um indivíduo ou objeto, mas sim uma pluralidade, como nos casos em que o exercício de
determinado direito pertença a um grupo. Porém, quando a Comissão for solicitar ao Estado, que
aplique determinada medida cautelar em face de situação passível de dano irreparável, ela deve se

6
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Reglamento de la Comisión Interamericana de
Derechos Humanos. 2013. Disponível em: <http://www.oas.org/es/cidh/mandato/Basicos/reglamentoCIDH.asp>.
Acesso em: 12 nov de 2015.

7
Ibdem.

8
Ibdem.
atentar a determinados requisitos que estão também estabelecidos no Regulamento Interno da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos em seu Art. 25, item “4”, quais sejam: a) dados das
pessoas beneficiárias da medida ou informações suficientes que permitam identifica-las, b)
descrição detalhada e cronológica dos fatos que embasam a solicitação ou qualquer outra
informação disponível e, c) descrição das medidas de proteção já solicitadas às autoridades
competentes ou os motivos pelos quais não pode formalizá-los.

A partir daí, a Comissão deverá identificar os potenciais beneficiários das medidas


cautelares ou a qual grupo pertence. Além disso, há que se observar, ainda, que para a medida
cautelar existir, deve haver a explícita concordância de quem será beneficiado, especialmente,
quando o pedido for apresentado à Comissão por terceiros, a menos que seja justificada a falta de
consentimento. Ou seja, para a aplicação das medidas cautelares, três requisitos devem estar
presentes, a gravidade, a urgência e a possibilidade de o dano ser irreparável.

Requisitos para outorga

As decisões que outorguem medidas cautelares pela CIDH devem ser fundamentadas e
atenderem requisitos estabelecidos no artigo 25 item 2 e 6:

2. A efectos de tomar la decisión referida en el párrafo 1, la Comisión considerará que:

a. La “gravedad de la situación”, significa el serio impacto que una acción u omisión


puede tener sobre un derecho protegido o sobre el efecto eventual de una decisión
pendiente en un caso o petición ante los órganos del Sistema Interamericano;

b. La “urgencia de la situación” se determina por la información que indica que el riesgo


o la amenaza sean inminentes y puedan materializarse, requiriendo de esa manera
acción preventiva o tutelar; y

c. El “daño irreparable” significa la afectación sobre derechos que, por su naturaleza, no


son susceptibles de reparación, restauración o adecuada indemnización. 9

O item 6 do artigo 25 esclarece de maneira quase gramatical a diferença entre a gravidade,


urgência da situação e sobre o dano irreparável. Referido item possibilita à Comissão o
esclarecimento acerca dos institutos, sendo fundamental para a outorga de decisões, evitando que as
decisões tenham por base conceitos vagos e não estabelecidos.

9
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
Assevera o item 6 do artigo 25:

6. Al considerar la solicitud, la Comision tendrá en cuenta su contexto y los siguientes


elementos:

a. si se ha denunciado la situación de riesgo ante las autoridades pertinentes, o los motivos


por los cuales no hubiera podido hacerse;

b. la identificación individual de los propuestos beneficiario de las medidas cautelares o la


determinación del grupo al que pertenecen o están vinculados; y

c. la expresa conformidad de los potenciales beneficiarios, cuando la solicitud sea


presentada por un tercero, salvo en situaciones en las que la ausencia de consentimiento se
encuentre justificada.10

Da análise do item 6 do artigo 25, pode-se concluir que a Comissão atua como um sistema
superior, devendo haver antes da requisição da medida cautelar, a denúncia da situação de perigo
aos órgãos competentes. Não sendo possível a levar a conhecimento das autoridades competentes a
situação de perigo, haverá, ainda, a necessidade de esclarecimento dos motivos que não permitiram
o ato.

Como dito, as medidas cautelares podem ser individuais, e também, coletivas (item 3,
art.25) e, em sendo destinadas a uma pluralidade de indivíduos, o item 6 alínea “b” do artigo 25
determina que para instrumentalizar a medida cautelar, imprescindível se faz a individualização dos
beneficiários ou a determinação do grupo que a medida cautelar concedida se destinará.

Também, mister se faz a concordância dos potenciais beneficiários com a medida cautelar
que poderá ser concedida pela CIDH, conforme o artigo 25 em seu item 6 alínea “c”. Como se
pode observar, a requisição de medida cautelar é um direito disponível do próprio beneficiário da
medida, visando a garantia da proteção do beneficiário, da situação e do próprio direito, bem como
a possiblidade de requerimento de medidas cautelares por terceiros.

Em igual medida, também, existe a ressalva da possibilidade da outorga de medida cautelar


sem a anuência do potencial beneficiário, quando a situação justifique a falta de aceitação. A
ressalva garante que, mesmo nos casos em que a situação não possibilite a comunicação com o
beneficiário ou que o mesmo não possa expressar sua crítica sobre a outorga da medida em seu

10
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
favor, a concessão da medida cautelar seja deferida, evitando-se o perecimento do direito ou que
ocorra dano a pessoa do beneficiário ou a situação.

Funções das Medidas Cautelares

Conforme consolidada jurisprudência da CIDH, assim como da Corte Interamericana de


Direitos Humanos (Corte), as medidas cautelares outorgadas têm dúplice função, a de preservar a
situação e a de garantir a existência do direito. A primeira função, a de preservar a situação, tem por
escopo evitar o perecimento de determinada situação jurídica, garantindo assim, que a situação
protegida seja objeto de análise judicial, essa é determinada função cautelar. A segunda função,
denominada tutelar, tem como objetivo garantir a possibilidade do exercício dos direitos humanos
perante a situação preservada pela medida cautelar.

As duas funções se complementam, sendo essencial essa complementariedade para a


medida cautelar obter a máxima efetividade, preservando o cenário, evitando o seu perecimento e
assim tornar efetivo o exercício do direito para a situação que fora preservada.

Modificação das Medidas Cautelares

Preconiza o item 9 do artigo 25 do “Reglamento de la Comisión Interamericana de


Derechos Humanos”:

“La Comisión evaluará con periodicidad, de oficio o a solicitud de parte, las medidas
cautelares vigentes, con el fin de mantenerlas, modificarlas o levantarlas. En cualquier
momento, el Estado podrá presentar una petición debidamente fundada a fin de que la
Comisión deje sin efecto las medidas cautelares vigentes. La Comisión solicitará
observaciones a los beneficiarios antes de decidir sobre la petición del Estado. La
presentación de tal solicitud no suspenderá la vigencia de las medidas cautelares
otorgadas.”11

O dispositivo prevê a possibilidade de modificação das medidas cautelares, portanto, não


são imutáveis e absolutas. A medida cautelar guarda íntima relação com o meio que a originou,
sendo assim, as mudanças na situação desencadeadora da outorga da medida cautelar é o
pressuposto para a modificação da própria medida outorgada pela Comissão.

11
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op cit.
Assim, antes de realizar modificações de qualquer ordem, deve a Comissão observar o que
assevera o item 7 do artigo 25 do Regulamento da CIDH que diz:

7. Las decisiones de otorgamiento, ampliación, modificación y levantamiento de medidas


cautelares serán emitidas mediante resoluciones fundamentadas que incluirán, entre otros,
los siguientes elementos:

a. la descripción de la situación y de los beneficiarios;

b. la información aportada por el Estado, de contar con ella;

c. las consideraciones de la Comisión sobre los requisitos de gravedad,


urgencia e irreparabilidad;

d. de ser aplicable, el plazo de vigencia de las medidas cautelares; y

e. los votos de los miembros de la Comisión. 12

As regras dispostas no item 7 do artigo 25 não são exaustivas, mas, são os requisitos
mínimos e essenciais que devem existir na decisão de modificação de determinada medida cautelar.
Esses requisitos são de essencial importância visto que garantem aos beneficiários e ao próprio
Sistema Interamericano de Direitos Humanos, segurança e garantias de respeito à medida cautelar
outorgada pela CIDH.

A possibilidade de modificação da medida cautelar é de fundamental importância para a


efetividade do instrumento à disposição da CIDH, uma vez que, garante que a medida outorgada se
adeque ao caso, modificando conforme as necessidades de evitar danos de impossível ou de difícil
reparação, bem como assegurar o exercício do direito e o respeito aos direitos humanos.

Destaque-se, ainda, que as medidas cautelares podem sofrer dois tipos de modificação, a
primeira de ordem subjetiva, referindo-se aos beneficiários. Essa forma de modificação não é uma
alteração da medida, mas sim dos participantes das medidas. A Resolução 6/2016, emitida em 02 de
março de 2016, referente a medida cautelar nº 5-11 no caso Gery Resil e outros versus Estados
Unidos da América determinou: “On February 1, 2016, the applicants requested extension of the
precautionary measures, in favor of R.[...]”13. A medida outorgada pela Comissão ampliou o

12
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.

13
INTER-AMERICAN COMMISSION ON HUMAN RIGHTS. Resolution 6/2016. 2016. Disponível em: <
http://www.oas.org/en/iachr/decisions/pdf/2016/MC5-11-En.pdf>. Acesso em: 18 de março de 2016.
número de beneficiários da medida cautelar, a ampliação passou a incluir “R.” no rol de
beneficiários da medida cautelar. Essa medida tem por objetivo evitar a deportação dos
beneficiários, resistentes nos Estados Unidos da América para o Haiti, onde há grande possibilidade
de serem recolhidos a prisão, sem que haja o respeito à dignidade da a pessoa e a violação de outros
direitos inerentes a pessoa humana.

Há múltiplos exemplos em que a CIDH ampliou o número de beneficiários de alguma


Medida Cautelar já existente e outorgada por ela. Outro caso que corrobora foi a da Medida
Cautelar n. 179-15 proferida em 09 de novembro de 2015, no qual se ampliou os números de
beneficiários em favor de Teodoro Petkoff, Alberto Federico Ravell e Isabel Ravell versus Governo
da Venezuela, garantindo que não ocorressem danos irreparáveis à liberdade de expressão, a
integridade da pessoa humana e a liberdade pessoal dos favorecidos pela medida. Referida medida
determinou que: “Adopte las medidas necesarias para garantizar el ejercicio legítimo de la liberdad
de expresión de Miguel Herique Otero, Alberto Federico Ravell, Isabel Cristina Ravell y Teodoro
Petkoff [...]”14

Além da modificação de ordem subjetiva, não há nenhuma restrição à modificação de


ordem objetiva, pois, esta ocupa-se do âmago da medida cautelar aplicada, podendo alterar as
providências adotadas para proteção dos beneficiários da medida, ou seja, a modificação pode
restringir ou ampliar os efeitos que a medida impõe.

As mutações das medidas cautelares, de ordem subjetiva ou objetiva, podem ser negativas
ou positivas. A primeira forma altera de modo a delimitar a medida cautelar, podendo haver uma
delimitação dos protagonistas da medida cautelar (modificação subjetiva negativa) ou do cerne da
medida (modificação objetiva negativa). A segunda amplia a medida cautelar, pode referir-se a uma
ampliação de seus participantes (modificação subjetiva positiva) ou das providências da medida
cautelar original (modificação objetiva positiva).

Não há qualquer objeção no Regulamento da CIDH que impeça a modificação de forma


subjetiva, objetiva, negativa ou positiva de determinada Medida Cautelar, porém necessário se faz
observar o estabelecido no artigo 25, itens 7 e 9 que dispõem: “Las decisiones de otorgamiento,

14
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Resolução 43/15. 2015. Disponível em:
<http://www.oas.org/es/cidh/decisiones/pdf/2015/MC43-2015-es.pdf>. Acessado em 16 nov 2015.
ampliación, modificación y levantamiento de medidas cautelares serán emitidas mediante
resoluciones fundamentadas […]”15.

Conforme já elucidado pelo item 9 do artigo 25, é prerrogativa da Comissão avaliar


periodicamente a condição das medidas cautelares vigentes. Além da Comissão, que pode através
de ofício, as partes também podem solicitar a avaliação de determinada medida cautelar, com a
pretensão de reavaliar a situação da medida. Ao Estado é garantido que solicite, desde que de forma
fundamentada, a avaliação da medida, podendo também solicitar a modificação ou a cessação dela.

É de essencial importância ressaltar que as medidas cautelares cumprem apenas a função


de evitar o perecimento de determinada situação fática, assim como preservar o direito de peticionar
perante a CIDH e do próprio Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Neste sentido, é o que
estabelece o item 8 do artigo 25 “El otorgamiento de estas medidas y su adopción por el Estado no
constituirán prejuzgamiento sobre violación alguna a los derechos protegidos en la Convención
Americana sobre Derechos Humanos u otros instrumentos aplicables”16

Prática das Medidas Cautelares

15
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.

16
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
Gráfico 1- Medidas Cautelares recebidas e outorgadas pela CIDH.17

Gráfico 2- Medidas Cautelares recebidas e outorgadas para os integrantes da CIDH no ano de 2015.18

O gráfico 1 apresenta o número de medidas cautelares solicitadas e outorgadas pela CIDH


no período de 1997 a 2014, e em especial para solicitações à partir de 2005. Já o gráfico 2 apresenta
o número de medidas cautelares solicitadas pelos países pertencentes ao Sistema Interamericano de
Direitos Humanos no ano de 2015, totalizando 687 solicitações e 45 medidas outorgadas. Da análise
dos gráficos é possível constatar o aumento das solicitações de medidas cautelares à Comissão ao
longo do tempo. Também, o fato de haver um aumento nas solicitações não pressupõe o aumento do
número de medidas outorgadas pela Comissão. A concessão de medidas somente será realizada pela
Comissão se atender aos requisitos dispostos no artigo 25 item 2 e 6.

Destarte, é possível, ainda, extrair do exame dos gráficos que o maior número de
solicitações advém de países em situações que colocam o respeito e proteção dos direitos humanos

17
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Estatísticas. Disponível em:
<http://www.oas.org/es/cidh/multimedia/estadisticas/estadisticas.html>. Acesso em: 14 nov de 2015.

18
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Estatísticas. Disponível em:
<http://www.oas.org/es/cidh/multimedia/estadisticas/estadisticas.html>. Acesso em: 14 nov de 2015.
em risco. As maiores solicitações são de países cujo regime democrático está em risco ou ainda não
consolidado, que enfrentam problemas com a liberdade de expressão, governos que não respeitam
os direitos políticos, que passam por problemas econômicos e financeiros devido a desastres
naturais ou ainda, que enfrentam problemas com o tráfico de drogas e que tem alto índice de
violência.

Resta claro que existe uma íntima relação entre a proteção e respeito aos direitos humanos
com um Estado democrático consolidado, ou seja, forma de governo, economia, educação e a
própria segurança pública do país. Também, se faz mister que o Estado em suas leis, em sua forma
de governo promova os direitos humanos, garantindo que sejam parte da sociedade e dos valores do
Estado.

CONCLUSÃO

As medidas cautelares representam um instrumento único e efetivo à disposição da CIDH,


para a efetiva concretização dos direitos humanos, pois visam garantir a integridade e evitar que, em
determinada situação grave ou urgente, ocorra algum dano irreparável para as partes ou objeto.
Pode-se dizer que as medidas cautelares são de grande relevância principalmente no que se refere
ao direito à vida e a liberdade, portanto, fundamentais. Assim, não podem sofrer qualquer forma de
restrição posto que imprescindíveis, como instrumento efetivo para a aplicação e manutenção dos
direitos do homem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITO HUMANOS. Medidas Cautelares. Disponível


em: <http://www.oas.org/pt/cidh/decisiones/cautelares.asp>. Acesso em 12 nov de 2015.

SÁNCHEZ, Nicole Galindo. La reforma al mecanismo de medidas cautelares de la Comisión

Interamericana de Derechos Humanos: Repercusiones en el marco de protección de derechos


humanos del sistema interamericano. [S.l.: s.n., 20--].

COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Estatísticas. Disponível em:


<http://www.oas.org/es/cidh/multimedia/estadisticas/estadisticas.html>. Acesso em: 14 nov de
2015.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Carta da Organização dos Estados


Americanos. 1967. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OEA-
Organiza%C3%A7%C3%A3o-dos-Estados-Americanos/carta-da-organizacao-dos-estados-
americanos.html> Acesso em 15 nov de 2015.

COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Resolução 43/15. 2015.


Disponível em: <http://www.oas.org/es/cidh/decisiones/pdf/2015/MC43-2015-es.pdf>. Acessado
em 16 nov 2015.

BRASIL. DECRETO No 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992. Promulga a Convenção sobre


Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm> Acesso em: 12 nov de 2015.

COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Reglamento de la Comisión


Interamericana de Derechos Humanos. 2013. Disponível em:
<http://www.oas.org/es/cidh/mandato/Basicos/reglamentoCIDH.asp>. Acesso em: 12 nov de 2015.

INTER-AMERICAN COMMISSION ON HUMAN RIGHTS. Resolution 6/2016. 2016.


Disponível em: < http://www.oas.org/en/iachr/decisions/pdf/2016/MC5-11-En.pdf>. Acesso em: 18
de março de 2016.

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