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alunos nas temáticas abordadas nas aulas práticas (turmas práticas 3 e 4 – Jorge Alves
Correia). O conteúdo exposto é meramente indicativo e não substitui a leccionação
realizada na sala de aula e muito menos as lições adotadas no presente curso pelo
Regente da Cadeira (disponíveis na Plataforma Eletrónica).
– Sabemos que o direito privado também se aplica aos sujeitos da AP (v.g., Estado,
municípios, institutos públicos). Importa, por isso, considerar quais os meios e as
formas de direito privado que a AP, frequentemente, utiliza. No primeiro caso, o
direito privado é utilizado como processo de ação; no segundo, usado como processo
de organização.
As razões que levam a AP a escolher o direito privado quando este não é o único meio
disponível são sobretudo razões de eficiência, tais como, uma capacidade de gestão
empresarial que beneficia da celeridade, da flexibilidade, da subtração a controlos
burocráticos, designadamente, financeiros e contabilísticos (incluindo, entre outras,
regras de atribuição de contratos por concurso público; controlos financeiros, v.g., do
Tribunal de Contas; regras sobre impedimentos e conflitos de interesses, etc.).
De qualquer forma, é inegável que existem aqui problemas (o perigo de uma ―fuga
para o direito privado‖), que se traduzem no facto da AP poder furtar-se ao
cumprimento das suas obrigações estabelecidas pelo direito público. É assim que se fala
na combinação da utilização do direito privado com limitações e regalias de direito
público, o que conduziu à ideia de ―direito administrativo privado‖ (Wolff). Dentro
desses limites, destaca-se o respeito pelo princípio da decisão administrativa prévia: à
luz deste princípio, a formação da vontade de contratar privadamente deve ser
enquadrada num procedimento administrativo regulado pelo direito público, o que
significa que a decisão de recorrer ao direito privado é tomada no âmbito do direito
administrativo. Além disso, há limites especiais à liberdade negocial, quer pelos direitos
fundamentais, quer pelos princípios gerais da atividade administrativa (artigos 3.º a
19.º do CPA). Quanto às regalias, note-se que, excecionalmente, a AP pode utilizar os
seus poderes de autoridade (não poderá renunciar aos mesmos) e há
impenhorabilidade de certos bens públicos.
“Sem prejuízo de, em determinadas situações, a lei dever ter uma densidade
normativa acrescida, há sempre dois aspectos necessariamente vinculados: a
competência e o fim”. Comente – dizendo se concorda e fundamentando a sua
resposta – a seguinte afirmação, não deixando de referir a evolução do princípio da
legalidade no quadro dos sistemas de administração executiva
b) princípio da reserva de lei — uma tripla reserva, orgânica (a lei tinha de provir do
Parlamento), funcional (a emissão de leis correspondia a uma função específica, a
função legislativa) e material (as leis identificavam-se com as normas jurídicas, que
eram exclusivamente as normas relativas à esfera jurídica dos cidadãos, enquanto tais,
mais especificamente tudo quanto respeitava à limitação da sua esfera de liberdade e
de propriedade): resultava daí o monopólio parlamentar de emissão de ―normas
jurídicas‖ e uma correspondente zona de administração estritamente vinculada à lei –
embora se reconhecesse a existência de uma ―cláusula geral de polícia‖, que conferia à
Administração poderes implícitos (de direito natural) para a ―manutenção da ordem
pública‖;
c) Diga-se que o princípio da reserva de lei (artigos 164.º e 165.º da CRP) refere-se a
uma repartição do poder legislativo entre os órgãos legislativos. O princípio encontra
uma projeção ao nível das relações entre poder legislativo e Administração, na
exigência de uma acrescida densificação das normas legislativas em matéria reservada
(o que abrange os decretos-leis do Governo sobre as matérias do artigo 165.º: ―reserva
relativa‖). Assim, nas matérias de reserva legislativa parlamentar — o ―domínio
legislativo por natureza‖ que, além dos direitos fundamentais dos cidadãos, engloba
todas as matérias consideradas fundamentais para a vida em sociedade, segundo um
―princípio de essencialidade‖ — exige-se uma densidade legal acrescida e, portanto,
uma vinculação mais intensa da atividade administrativa (regulamentar ou concreta) à
lei;
d) a ―lei‖, enquanto fundamento direto e enquanto critério ou parâmetro autónomo de
legitimidade da ação administrativa, pode (também) ser uma norma de direito da UE
(diretivas, regulamentos e decisões adotadas pelo processo legislativo que, portanto,
podem ocupar o lugar de ―lei‖ enquanto fundamento direto e enquanto critério
autónomo de legitimidade da ação administrativa nacional).