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Traições Passadas

Maia Banks
Série: No Amor e na Guerra: Livro 1
Tinha um herdeiro!
Marley Jameson, a antiga amante do magnata hoteleiro Chrysander Anetakis, estava  
grávida e tinha amnésia. Isso significava que não recordava tê­lo traído vendendo  
segredos da companhia. Nem que ele a tivesse jogado de sua vida sem contemplações. 
De modo que Chrysander lhe contou uma pequena mentira: estavam comprometidos. O  
objetivo era levá­la a uma ilha grega para esperar o nascimento de seu filho e desfrutar de
sua repentina devoção… antes de jogá­la de sua casa. Mas não contava
com que Marley recuperasse a memória antes do esperado…

REVISÃO EM ESPANHOL
O original não continha créditos
Envio do arquivo: Gisa
Revisão Inicial e Formatação: Lucilene
Revisão Final: Elaine P
TWKliek
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TWKliek Maya Banks
Série No Amor e na Guerra 1

Comentário da revisora Lucilene: Quem gosta de um grego arrogante e mandão, 
mas apaixonado, clica para baixar o livro!!! O livro é bom, recomendo a leitura.

Comentário   da   revisora   Elaine:  Ótima   história,  mesmo   eu   sendo   suspeita   em 


falar,   já   que   adoro   histórias   desse   estilo,   onde   sempre   há   um   pouco   de   romance   e 
algumas meias verdades que levam a conflitos entre as personagens. Recomendo para  
pessoas sensíveis e românticas. 

Capítulo 1

Grávida.
Apesar   do   calor   daquele   dia   do   verão,   Marley   Jameson   sentiu   um   calafrio   nas 
costas   enquanto   se   deixava   cair   sobre   o   banco   do   parque,   a   umas   quadras   do  
apartamento de cobertura que compartilhava com Chrysander Anetakis.
Embora os raios do sol esquentassem suas mãos, estava tremendo. Stavros não 
acharia engraçado o seu repentino desaparecimento, pensou. Nem Chrysander quando o 
guarda­costas contasse que o tinha esquivado. Mas se tivesse ido com ele à consulta do 
ginecologista, Chrysander teria sabido de sua gravidez antes de chegar em casa.
Como reagiria ante a notícia? Apesar de ter tomado sempre precauções, estava 
grávida de oito semanas. Devia ter ocorrido quando voltou de uma viagem pela Europa… 
Chrysander se mostrou insaciável então. E também ela.
Marley   sentiu   que   lhe   ardiam   as   bochechas   ao   recordar   a   noite   em   questão. 
Haviam feito amor incontáveis vezes, murmurando palavras em grego, palavras cálidas, 
carinhosas, que lhe encolhiam o coração.
Logo fez uma careta ao olhar o relógio. Chrysander chegaria em casa em algumas 
horas, mas ali continuava ela, como uma covarde, evitando o confronto. E tinha que tirar  
os gastos jeans e a camiseta, roupa que só usava quando ele estava fora.
A   contra   gosto,   levantou­se   do   banco   e   começou   a   caminhar   para   o   luxuoso 
edifício onde vivia com Chrysander.
—Está se comportando como uma boba. —murmurou quando chegava ao portão. 
Se o zelador se surpreendeu ao vê­la chegar a pé não disse nada, mas se apressou a lhe 
abrir a porta.
Marley  entrou   no   elevador   e   passou   uma   mão   por  seu   estômago,   ainda   plano. 

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Série No Amor e na Guerra 1

Quando   as   portas   se   abriram,   diretamente   no   espaçoso   saguão   do   apartamento   de 


cobertura, mordeu os lábios, nervosa.
Como fazia sempre, entrou no salão tirando os sapatos e atirou a bolsa no sofá. 
Estava esgotada e a única coisa que queria era descansar um momento, mas tinha que 
decidir como ia tocar no assunto da sua relação.
Há uns dias atrás haveria dito que estava contente com sua vida, mas o resultado 
do teste a tinha deixado estupefata. E a havia feito pensar nos  últimos seis meses com 
Chrysander.
Amava­o   com   toda   sua   alma,   mas   não   sabia   bem   aonde   ia   aquela   relação. 
Chrysander parecia estar louco por ela e o sexo era fantástico, mas agora que ia ter um 
filho necessitava algo mais que deitar­se com ele durante umas semanas ao mês… ou 
quando sua apertada agenda o permitia.
Estava   entrando   no   dormitório   quando   Chrysander   saiu   do   banheiro   com   uma 
toalha na cintura.
—Chrysander! Você chegou antes do esperado.
Cada vez que o olhava era como a primeira vez: a deixava arrepiada. Esse era o 
efeito que exercia nela.
—Estava te esperando, pedhaki mou —respondeu ele, tirando a toalha e tomando­
a pelos ombros para apoderar­se de sua boca.
Um gemido escapou de sua garganta. Era como um vício do qual não se cansaria 
nunca.   Como   por   vontade   própria,   seus   dedos   se   enredaram   no   cabelo   escuro, 
empurrando sua cabeça para baixo…
Duro, forte, musculoso, Chrysander Anetakis se movia com a graça irresistível de 
um predador.
—Está usando muita roupa. —murmurou ele, enquanto lhe tirava a camisa.
Sabia que deveriam parar. Tinham que conversar, mas sentira tanta saudade dele. 
E   possivelmente   uma   parte   dela   desejava   desfrutar   daquele   momento   antes   que   as 
coisas mudassem de maneira irrevogável entre os dois.
Marley gemeu quando lhe tirou o sutiã para acariciar seus seios. Seus mamilos 
eram mais escuros agora e se perguntou se se daria conta, mas Chrysander não disse 
nada.
—Sentiu minha falta?
—Já sabe que sim.
—Quero que me diga isso.
—Senti sua falta.
Em   uns   segundos,   os   jeans   e   as   calcinhas   tinham   desaparecido   e   Chrysander 
estava em cima dela, dentro dela.
Arqueou­se para ele enquanto a possuía, agarrando­se  às suas costas. Sempre 
era assim, a um passo do desespero, o desejo que sentiam um pelo outro os consumindo.
Enquanto ele fazia amor murmurava coisas em grego, suas palavras como uma 

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Série No Amor e na Guerra 1

carícia enquanto chegavam ao orgasmo os dois. Marley apoiou a cabeça em seu ombro, 
saciada e contente.
Devia ter adormecido depois porque, quando abriu os olhos, Chrysander estava 
deitado ao seu lado, com um possessivo braço sobre sua cintura. Olhava­a com prazer, 
seus olhos dourados ardendo de satisfeito desejo.
Agora era o momento. Tinha que contar a ele, nunca haveria melhor ocasião. Mas 
por que a ideia de lhe perguntar sobre sua relação a enchia de temor?
—Chrysander…
—Fale, querida.
—Tenho que falar com você.
Ele se estirou, afastando­se um pouco para vê­la melhor.
      —Do  que  quer  que  falemos?  —murmurou,  estendendo  uma  mão  para  acariciar 
seus seios.
—De nós.
O rosto de Chrysander se converteu em uma máscara de indiferença, tanto que a 
assustou. Inclusive podia sentir que se separava dela.
Então soou o intercomunicador e ele estendeu a mão para apertar o botão.
—Quem é? —perguntou bruscamente.
—É Roslyn. Posso subir?
Marley ficou tensa ao ouvir a voz da ajudante de Chrysander. Era quase de noite, 
mas   ali   estava,   ligando   para   o   apartamento   que,   ela   sabia   muito   bem,   seu   chefe 
compartilhava com Marley.
—Estou ocupado neste momento, Roslyn. Suponho que o que seja pode esperar 
até amanhã.
—Sinto muito, mas não posso esperar. Preciso da sua assinatura em um contrato 
que deve chegar a seu destino antes da sete da manhã.
—Suba então.
Chrysander se levantou da cama e se aproximou do armário para tirar uma calça e 
uma camisa.
—Por que vem aqui tão frequentemente? —perguntou­lhe Marley.
—É minha ajudante, é seu trabalho.
—Vir a sua casa?
Chrysander sacudiu a cabeça enquanto abotoava a camisa.
—Voltarei em seguida e logo poderemos conversar.
Marley sentia a tentação de deixar a conversa para outro dia, mas tinha que lhe 
dizer que estava grávida e não podia contar a ele até que soubesse o que sentia por ela. 
De modo que devia ser essa noite.
Como estando nua se sentia em desvantagem, levantou­se da cama para voltar a 
vestir o jeans e a camisa descartados no chão.
Pouco depois Chrysander voltou a entrar no dormitório, mas parecia distraído.

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—Eu a prefiro nua, pedhaki mou.
—Vai tudo bem?
Ele fez um gesto com a mão.
—Não era nada, só uma assinatura —sorriu, enquanto começava a desabotoar sua 
camisa de novo.
—Temos que conversar.
      Chrysander   deixou   escapar   um   suspiro   de   resignação   enquanto   se   sentava   na 
cama.
      —O que tem que me contar que é tão urgente?
      —Quero saber o que sente por mim… e o que pensa de nossa relação —começou 
a dizer ela, nervosa— E se há um futuro para nós.
      Ele apertou os lábios, em um gesto de contrariedade.
      —Ah, é isso —disse, levantando­se.
      —Só preciso saber o que sente por mim, se há um futuro para nós. Você nunca 
fala de nossa relação mais que em tempo presente.
Chrysander a tomou pelo queixo.
      —Não temos uma relação, Marley. Eu não tenho relações e você sabe. É minha 
amante.
      —Sua amante? —repetiu ela, perplexa.
      Sua namorada, a garota com a que estava saindo, sua companheira… todos eram 
termos que poderia ter usado. Mas amante? Uma mulher comprada? De repente, Marley  
sentiu náuseas.
      —Isso é o que sou para você?
      Chrysander deixou escapar um suspiro.
      —Sente­se um momento e deixe que te prepare um drinque. Eu tive uma semana  
muito longa e, evidentemente, você está desgostosa. Não é bom para nenhum dos dois 
ter esta discussão agora.
      Depois de uma longa semana preparando armadilhas à pessoa que estava traindo 
a sua empresa, quão último desejava era uma discussão com sua amante.
      De modo que foi à cozinha e, depois de servir o suco favorito de Marley em um 
copo, serviu a si mesmo uma taça de brandy para ver se podia controlar a iminente dor de 
cabeça.
      Logo   sorriu   ao   ver   seus   sapatos   em   meio   do   salão   e   a   bolsa   atirada   no   sofá. 
Marley era uma garota encantadora, divertida, que nunca protestava por nada, de modo 
que aquela explosão emocional o tinha surpreendido muito. Ela não era assim. Não era 
das que se apegavam a ele e, por isso, sua relação tinha durado tanto tempo…
      Relação? Acabava de lhe negar que tivessem uma. Marley era sua amante.
      Mas deveria ter sido mais prudente, pensou logo. Certamente não se sentia bem e 
queria   um   pouco   de   ternura.   A   ideia   lhe   parecia   estranha,   mas   Marley   sempre   tinha  
estado a seu lado para cuidar dele depois de semanas de viagens e exaustivas reuniões. 

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Era  justo  que  lhe  oferecesse  algo  mais que  sexo. Embora  o  sexo  com  ela  fosse  sua 
prioridade.
      Ia virar­se para entrar no dormitório e fazer as pazes quando um pedaço de papel 
que   aparecia   pela   bolsa   chamou   sua   atenção.   Deixando   os   copos   sobre   a   mesa, 
Chrysander puxou o papel…
     E ao ver o que era ficou perplexo.
      Mas não podia ser. Marley, sua Marley, era a traidora da companhia?
      Não podia acreditar nisso, mas estava ali, diante de seus olhos. A falsa informação 
que   ele   mesmo   tinha   deixado   em   seu   escritório   aquela   manhã,   com   a   esperança   de 
encontrar a pessoa que estava vendendo segredos da companhia à concorrência.
      De repente, tudo ficou claro. Os planos tinham começado a desaparecer quando 
Marley   se   mudou   ao   apartamento   de   cobertura   com   ele.   Já   não   trabalhava   em   sua 
empresa, mas inclusive quando a convenceu para que deixasse seu posto com o objetivo 
de tê­la só para ele, tinha livre acesso ao seu escritório…
      Que idiota tinha sido.
      Então recordou a chamada de Stavros umas horas antes. No momento só lhe tinha 
parecido um assunto irritante do que pensava falar com Marley quando a visse. Ia ter uma 
conversa   com  ela   sobre   a  importância   da   segurança   e   sobre   não   sair  à   rua   sem  um 
guarda­costas quando em realidade era ele quem não estava a salvo com ela. Segundo 
Stavros, Marley tinha ido a seu escritório e logo tinha desaparecido durante horas…
      E agora esses documentos do escritório apareciam em sua bolsa.
      Com os papéis na mão, Chrysander voltou para o dormitório e a encontrou sentada 
na cama. Nem sequer seus olhos cheios de lágrimas o comoveram; só podia pensar em 
como o tinha manipulado.
      —Eu a quero fora daqui em trinta minutos.
      Marley o olhou, perplexa. Tinha ouvido bem?
      —Não o entendo…
      —Tem meia  hora  para recolher suas coisas e  partir daqui, antes que chame  a 
segurança.
      Ela se levantou, tremendo. Mas se ainda não lhe havia dito que estava grávida…
      —Chrysander,   o   que   aconteceu?   Por  que   está   zangado   comigo?   É   porque   me 
incomodou que dissesse que sou sua amante? Foi uma surpresa para mim, eu pensei 
que era algo mais…
      —Agora tem vinte e oito minutos —insistiu ele, com total frieza— Acreditava que ia 
me   enganar?   —perguntou­lhe   logo,   mostrando   os   papéis   que   levava   na   mão—   De 
verdade acreditava que ia tolerar que me traísse?
      Marley ficou lívida.
      —Não sei do que está falando. O que são esses papéis?
      —Você esteve me roubando. —disse Chrysander, com um desdenhoso sorriso— 
Tem sorte de que não chame à polícia, mas o farei se voltar a vê­la. Embora seu tiro 

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tenha saído pela culatra, querida. Esta  era  informação  falsa que eu  mesmo  deixei  no 


escritório para encontrar o traidor da companhia.
      —Roubar você, eu? —repetiu ela, tomando os papéis.
      Em   um   deles,   um   e­mail   da   empresa,   havia   informação   interna,   detalhe   sobre 
planos de construção de um arranha­céu, fotocópias dos planos…
      Nada daquilo tinha sentido para Marley.
      —Acredita que eu roubei isto?
      —Estavam em sua bolsa, assim não o negue. E a quero fora daqui — Chrysander 
olhou seu relógio—, agora ficam vinte e cinco minutos.
      Marley tinha um nó na garganta que a impedia de engolir saliva. Não podia pensar 
ou   reagir   apropriadamente.   Atônita,   dirigiu­se   à   porta,   sem   pensar   em   recolher   suas 
coisas. Só queria partir dali o quanto antes. Mas antes de sair se deteve, apoiando­se no 
trinco da porta.
      —Como pode pensar isso de mim? —murmurou, quase sem voz, antes de virar­se.
      Entrou às cegas no elevador, soluçando até chegar em baixo. O zelador, surpreso, 
ofereceu­se para lhe buscar um táxi, mas Marley negou com a cabeça.
      A brisa fresca da noite golpeou seu rosto, mas não se deu conta, tão ofuscada 
estava.   Chrysander   tinha   que   escutá­la,  ela   o   obrigaria   a   fazê­lo.   Esperaria   até   o   dia 
seguinte para que se acalmasse, mas teria que escutá­la. Tudo aquilo era um terrível 
engano e tinha que haver alguma maneira de fazê­lo entrar em razão.
      Angustiada, não se deu conta de que um homem a seguia. Mas quando ia cruzar a  
rua sentiu que a seguravam pelo braço e seu grito de alarme foi abafado por um tecido 
que alguém colocou sobre sua cabeça.
      Marley lutou para soltar­se, mas seu assaltante era mais forte e, segundos depois, 
encontrou­se no assento de um carro. Ouviu que a porta se fechava e a voz de dois 
homens enquanto o veículo ficava em marcha…

Capítulo 2

      TRÊS MESES DEPOIS

      Chrysander estava em seu apartamento, pensativo. Deveria estar tranquilo agora 
que não havia nenhum problema em sua companhia, mas saber por que não era muito 
consolador. Suspirando, olhou a quantidade de documentos que tinha frente a ele, as  
notícias da televisão como ruído de fundo.
      Sua parada em Nova Iorque ia ser curta. Ao dia seguinte iria para Londres com seu 
irmão   Theron   para   inaugurar   um   novo   hotel   de   luxo…   um   hotel   que   não   teria   sido 

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construído se Marley tivesse se dado bem.
      Chrysander sorriu, irônico. O presidente do Anetakis Internacional, manipulado e 
roubado por uma mulher.
      Por sua culpa, seus irmãos e ele tinham perdido dois projetos, que tinham sido 
levados pela concorrência, antes de descobrir sua traição.
      Deveria tê­la denunciado às autoridades, mas estava muito surpreso, muito fraco 
para fazer tal coisa.
      Não   tinha   jogado   seus   pertences,   pensando   que   algum   dia   iria   buscá­los…   e 
possivelmente uma parte dele esperava que assim fosse para lhe perguntar por que o 
tinha feito. Ou possivelmente deveria jogá­los no lixo. Sim, era hora de tirá­la da cabeça 
por completo.
      Quando ouviu seu nome nas notícias pensou que era coisa de sua imaginação 
porque estava pensando nela, mas ao escutar Marley Jameson de novo se voltou para a  
televisão.
      Um repórter estava na porta de um hospital dizendo algo sobre ela e nas imagens 
aparecia uma mulher que era tirada por maca de um apartamento bagunçado…
      Chrysander subiu o volume e cravou os olhos na tela, incrédulo.
      Era Marley.
      Não tinha entendido os detalhes do que ou por que, mas aparentemente tinha sido 
sequestrada, suportando um longo período de cativeiro naquele desordenado edifício.
      Chrysander esperou, nervoso, se por acaso mencionavam seu nome, mas por que 
iam fazer isso? Sua relação tinha sido um segredo para todos, algo necessário em seu 
mundo. E depois de descobrir sua traição se alegrou de ser tão reservado quanto a suas 
relações.
      Marley   tinha   rido   dele,   mas,   felizmente,   ninguém   mais   que   seus   irmãos   e   ele 
sabiam.
      Quando   a   câmara   tomou   um   primeiro   plano   de   seu   pálido   e   assustado   rosto, 
Chrysander sentiu que algo dentro dele se encolhia. Tinha o mesmo aspecto que a noite  
que a jogou dali: pálida, aturdida e vulnerável.
      Mas o que estava dizendo o jornalista o deixou gelado. Segundo ele, mãe e filho 
estavam   bem.   O   sequestro   não   tinha   afetado   a   jovem,   grávida   de   cinco   meses. 
Chrysander   também   ouviu,   sem   prestar   muita   atenção,   que   seus   captores   tinham 
escapado da polícia.
      —Theos   mou.   —murmurou,   tirando   o   celular   do   bolso   enquanto   saía   do 
apartamento. Quando chegou à entrada do luxuoso arranha­céu, seu condutor já estava 
esperando­o na porta.
      E, uma vez dentro do veículo, ligou para a polícia para perguntar aonde tinham 
levado Marley.
     
***

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      —Fisicamente se encontra bem —disse­lhe o médico— O que me preocupa é seu 
estado emocional.
      Chrysander tentava dissimular sua impaciência enquanto esperava que o médico 
lhe desse um relatório completo, mas para que o deixassem falar com ele tinha tido que 
mentir. E o único que lhe ocorreu foi dizer que era o noivo de Marley.
      —Mas não a machucaram.
      —A senhorita Jameson sofreu um trauma, mas não posso lhe dizer até que ponto 
porque não recorda absolutamente nada.
      —O que?
      —Sofre amnésia, de modo que não recorda o que aconteceu. E tampouco recorda 
nada do que ocorreu antes. Recorda seu nome, mas pouco mais. Inclusive a gravidez foi  
uma surpresa para ela.
      Chrysander passou uma mão pelo cabelo, nervoso.
      —Não recorda nada? Nada absolutamente?
      O médico negou com a cabeça.
      —Agora mesmo é muito vulnerável, senhor Anetakis, muito frágil. E por isso é tão 
importante que não a aborreça. Ainda tem que levar seu filho durante quatro meses, além 
de recuperar­se do que passou.
      Chrysander emitiu um grunhido de impaciência.
      —Eu não tenho a menor intenção de aborrecê­la… mas me parece difícil acreditar 
que não recorde nada.
      —A   experiência   foi   muito   traumática   para   ela   e   suspeito   que   sua   mente   está 
protegendo­a até que possa lutar com o que lhe passou.
      —Os sequestradores a maltrataram?
      —Não   encontrei  provas de  que  foi  maltratada  fisicamente,  mas não   saberemos 
pelo   que  teve  que  passar,  até  ela  mesma  nos contar isso.  Como   disse, sua  situação 
emocional é muito delicada e, se a pressionarmos para que recorde, o resultado poderia 
ser desastroso.
      —Sim, claro, entendo­o. Posso vê­la?
      O médico vacilou durante um segundo.
      —Pode vê­la,  mas não deve lhe contar nada  sobre  o sequestro… ou  algo que 
possa incomodá­la.
      —Quer que minta para ela?
      —Só digo que não deve incomodá­la. Pode lhe dar detalhes de sua vida, as coisas 
que estavam acostumados a fazer, como se conheceram… mas não tente obrigá­la a 
recordar nada.
      Chrysander olhou seu relógio. Ainda tinha que falar com a polícia, mas antes de 
tudo queria ver Marley.
      —Direi à enfermeira que o acompanhe.

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Série No Amor e na Guerra 1

     
     
      Marley   lutava   por   romper   a   capa   de   névoa   que   envolvia   seu   cérebro,   mas 
murmurou um protesto ao abrir os olhos porque não queria saber nada da realidade. O 
que queria era continuar sob aquela manta de escuridão que a protegia.
      Não havia nada para ela uma vez acordada… sua vida era um buraco negro. Seu 
nome era a única coisa que recordava: Marley.
      Tentou   recordar   algo   mais,   procurar   alguma   resposta…   mas   seu   passado   era 
como uma paisagem erma.
      De repente, uma mão apertou a sua, provocando uma nova onda de pânico… até 
que recordou que estava em um hospital.
      —Não durma, pedhaki mou. Ainda não.
      A   voz   do   homem   era   como   o   veludo.   Em   silêncio,   Marley   se   voltou   para   o 
estranho… ou não o era? Era alguém a quem conhecia? Que a conhecia? Poderia ser o 
pai do filho que ia ter?
      Era   uma   presença   dominante:   alto,   musculoso,   de   olhos   dourados.   Por   seu 
sotaque,   não   devia  ser  norte­americano.  Esteve   a  ponto   de   rir ao   pensar  no   absurdo 
desse pensamento. Deveria lhe perguntar quem era e que fazia ali e, entretanto, só lhe 
ocorria pensar que não era norte­americano…
      —Nosso   filho   está  bem.   —disse   ele,   ao   ver  que  levava   uma   mão  protetora   ao 
abdômen.
         Era o pai de seu filho? Marley procurou algo… algum detalhe reconhecível, mas o 
único que encontrou foi vazio e medo.
      —Quem é?
      —Sou Chrysander Anetakis, seu noivo.
      —Sinto muito, não recordo nada…
      —Sei,   falei   com   o   médico.   Mas   isso   não   importa   agora.   O   importante   é   que 
descanse e se recupere para que possa levá­la para casa.
      —Para casa? —repetiu ela.
      —Sim, para casa.
      —Onde está minha casa?
      Odiava ter que perguntar. Odiava estar falando com um estranho… mas não o era. 
Era seu noivo, o pai de seu filho. Não deveria seu rosto despertar alguma lembrança?
      —Não pense, pedhaki mou, não deve se apressar. O médico disse que pouco a 
pouco irá recuperando a memória.
      —E se não for assim? —exclamou ela então, agarrando a dobra do lençol.
      Chrysander estendeu uma mão para tocar seu rosto.
      —Acalme­se, Marley. Que se angustie não é bom para a criança.
      A forma em que pronunciava seu nome lhe pareceu estranha.
      —Pode me contar algo sobre mim… qualquer coisa?

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Já haverá tempo para que falemos mais adiante. —disse ele, acariciando sua 
testa— No momento, descansa. Estou preparando tudo para levá­la para casa.
      Era  a  segunda   vez  que   mencionava  sua   casa,  mas   ainda   não   havia  dito   onde 
estava.
      —Onde está minha casa?
      —No   momento,   em   Nova   Iorque.   Embora   meu   trabalho   me   obrigue   a   viajar 
frequentemente, temos um apartamento aqui. Mas o plano é te levar a Grécia assim que 
esteja o bastante bem para viajar.
      Tudo soava tão… impessoal. Não havia nenhuma emoção, nenhuma alegria. Era 
como se estivesse recitando uma lição que aprendeu de cor.
      Como intuindo que estava a ponto de fazer mais perguntas, ele se inclinou para 
diante e lhe deu um beijo na testa.
      —Descansa, pedhaki mou, eu tenho que preparar a viagem. O médico me disse 
que, se tudo for bem, você receberá alta em dois dias.
      Quando a porta do quarto se fechou, Marley sentiu que uma lágrima rodava por 
seu rosto.
      Deveria   sentir­se   aliviada   porque   não   estava   sozinha.   Mas   a   presença   de 
Chrysander Anetakis não a tinha consolado absolutamente. Ao contrário, sentia­se mais 
apreensiva que antes, embora não poderia dizer por que.
      Fechou   os   olhos,   esgotada,   e   deve   ter   adormecido   porque   uma   enfermeira   a 
despertou para medir a pressão.
      —Ah, está acordada. —sorriu— Trouxe­lhe o jantar. Gostaria de comer algo?
      Ela negou com a cabeça. Pensar em comida a fazia sentir náuseas.
      —Deixe a bandeja. Eu me encarregarei de que coma algo.
      Marley levantou o olhar, surpreendida, ao ouvir a voz de Chrysander.
      —Você é muito afortunada por ter um noivo tão atento —sorriu a enfermeira antes 
de sair do quarto.
      Chrysander se sentou em uma cadeira, ao lado da cama.
      —Deveria comer algo.
      —Não tenho vontade de comer.
      —Você se incomoda com minha presença?
      —Pois…   —Marley   não   pôde   terminar   a   frase.   Como   ia   dizer   que   sim?   Aquele 
homem era seu noivo, de modo que devia estar apaixonada por ele. E, evidentemente, 
fazia amor com ele.
      Pensar nisso fez que ficasse vermelha.
      —O que acontece?
      —Nada.
      —Está assustada e é compreensível.
      —Não o incomoda que me dê medo? Francamente, estou aterrorizada.
      —Entendo.

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Não recordo nada de minha vida. Estou grávida e não sei como ocorreu…
      —Deixa   de   se   angustiar,   Marley.   Não   lembra   de   mim,   de   modo   que   sou   um 
estranho para você. Terei que ganhar seu afeto e sua confiança… pouco a pouco. —disse 
ele.
      —Chrysander… —Marley pronunciou  seu  nome para  ver se despertava alguma 
lembrança. Não lhe resultava estranho completamente, mas tampouco recordava nada. 
Frustrada, deixou escapar um suspiro.
      —Sim, pedhaki mou?
      —O que me aconteceu? Como cheguei aqui? Como perdi a memória?
      Chrysander apertou sua mão.
      —Não se preocupe com isso, não deve fazer esforços ainda. O médico insistiu 
muito nisso. No momento, o mais importante  é que o bebê e você descansem todo o 
possível. Já irá recordando tudo.
      —Mas…
      —Dorme um momento —insistiu ele, lhe dando um beijo na testa— Logo iremos 
embora daqui.
      Marley desejava que essas palavras a fizessem sentir melhor, mas não era assim. 
Ao contrário, cada vez estava mais agitada.
      Enrugando o cenho, Chrysander apertou a campainha da enfermeira, que chegou 
uns segundos depois.
      —Não deve ter medo, senhorita Jameson —lhe disse, pondo uma mão em sua 
testa— Agora está a salvo.
      Mas suas palavras tampouco conseguiram consolá­la. Como ia sentir­se bem se 
logo sairia a um mundo que não conhecia, com um homem que era um estranho para 
ela?
      —Dorme, pedhaki mou. Eu cuidarei de você.
      Curiosamente, Marley sim encontrou certo consolo nessas palavras.
     
***

      Chrysander,   no   escuro   quarto,   olhava   Marley   dormir.   Seu   peito   subia   e   descia 
ritmicamente, mas inclusive em sonhos tinha o cenho franzido.
      Era   tão   linda   como   sempre,   pensou,   com   os   cachos   escuros   estendidos   pelo 
travesseiro. Agora usava o cabelo mais longo, em lugar do corte curto que se movia ao 
redor de seu rosto.
      Sua pele tinha perdido o brilho, mas sabia que assim que recuperasse a saúde 
voltaria   a   ter   essa   tez   luminosa   que   tanto   ele   tinha   gostado   sempre.   E   seus   olhos… 
recordava quão brilhantes eram, quão encantadora resultava quando sorria.
      Chrysander se separou da cama, resmungando um palavrão. Tudo tinha sido um 
engano.   Marley   nunca   tinha   sido   feliz   com   ele.   Feliz   de   verdade.   Pelo   visto,   ele   era 

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incapaz   de   fazê­la   feliz.   Durante   o   tempo   em   que   estiveram   juntos   o   tinha   traído   e 
enganado… a ele e aos seus irmãos.
      Embora a considerasse sua amante, nunca a tinha colocado na mesma categoria 
que   as   outras.   O   que   compartilhava   com   ela   não   era   mercenário…   ou   isso   tinha 
acreditado. Porque, ao final, não era mais que dinheiro e traição. Algo ao que estava 
acostumado com as mulheres.
      Mas   mesmo   assim   a   desejava.   Marley   continuava   fazendo   ferver   seu   sangue, 
como um vício contra o qual não podia lutar.
      Estava grávida de seu filho e isso era a única coisa importante, disse a si mesmo. 
A partir daquele momento se veriam obrigados a estar juntos pela criança, seu futuro 
irrevogavelmente unido.
      Tinha que oferecer proteção para ela e para a criança, mas nunca confiaria nela. 
Marley esquentaria sua cama e, se fosse sincero consigo mesmo, devia reconhecer que a 
ideia lhe parecia muito atraente.
      Mas não lhe daria nada mais.

Capítulo 3

      Dois dias depois, Marley, sentada em uma cadeira de rodas, segurava a manta que 
a enfermeira tinha colocado sobre suas pernas. Chrysander estava a seu lado, escutando 
atentamente as instruções do médico.
      Marley passou os dedos pelo vestido pré­natal que uma das enfermeiras lhe tinha 
dado e estirou o tecido sobre o volumoso abdômen. Todos tinham sido muito amáveis 
com ela e temia deixar para trás essa amabilidade para aventurar­se em um mundo que 
desconhecia.
      Depois   de   se   despedir   do   médico   e   das   enfermeiras,   Chrysander   empurrou   a 
cadeira   de   rodas   para   a   entrada   do   hospital   e,   quando   saíram   à   rua,   Marley   piscou, 
cegada pelo sol. Havia uma limusine estacionada na porta e Chrysander a ajudou a subir. 
Uns minutos depois, o luxuoso carro se deslizava pelas ruas de Nova Iorque.
      A cidade lhe parecia familiar. Podia recordar algumas lojas, alguns edifícios, mas o 
que faltava era a ideia de que aquele era seu lar, seu lugar. Não havia dito Chrysander 
que viviam ali?
      Sentia­se como um artista frente a um tecido em branco, mas sem a habilidade de 
pintar retrato algum.
      Dez minutos depois, a limusine se deteve frente a um moderno e luxuoso arranha­
céu que não despertou nela nenhuma lembrança. Mas quando se abriram as portas do 
elevador, durante um momento muito breve foi como se estivesse a ponto de recordar, a  

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ponto de rasgar o véu escuro que a separava de seu passado…
      —O que ocorre?
      —Fiz isto antes.
      —Lembra­se?
      Marley negou com a cabeça.
      —Não, mas me parece familiar. Sei que estive aqui.
      —Aqui é onde vivemos… durante muitos meses. É natural que o recorde.
      Marley   enrugou   o   cenho.   Havia­o   dito   de   uma   forma   estranha…   ou   isso   lhe 
parecia. Não viviam ali quando teve o acidente que a fez perder a memória?
      —Entre, já chegamos.
      Para sua surpresa, foram recebidos por uma mulher; uma jovem e atraente loira 
que pôs uma mão no braço de Chrysander em um gesto que a Marley resultou muito 
familiar.
      —Bem­vindo em casa, senhor Anetakis. Deixei todos os contratos que necessitam 
sua assinatura sobre a escrivaninha do escritório. E também tomei a liberdade de pedir o 
jantar.
      Depois de dizer isso olhou para Marley de cima a baixo, um olhar que a fez se 
sentir pequena e insignificante.
      —Obrigado,   mas   não   deveria   ter­se   incomodado.   Marley,   apresento­lhe   Roslyn 
Chambers, minha ajudante pessoal.
      —Encantada   de   voltar   a   vê­la,   senhorita   Jameson.   Faz   meses   que   não   nos 
víamos…
      —Roslyn   —a   interrompeu   Chrysander,   com   um   tom   que   lhe   pareceu   de 
advertência.
      Marley olhou de um a outro, sem entender. A mulher se movia pelo apartamento 
como se fosse ali todos os dias e, entretanto, não a tinha visto em vários meses?
      —Imagino que terão muitas coisas para contar um ao outro, assim vou indo. —
disse Roslyn, com um sorriso— Ligue­me se precisar de algo e virei em seguida.
      —Obrigado.
      A   loira   se   afastou,   seus   elegantes   saltos   repicando   sobre   o   chão   de   mármore 
italiano.
      Marley   se   dava   conta   de   que   ali   acontecia   algo   estranho,   mas   não   queria 
perguntar.   Faria­o   em   outro   momento,   quando   se   sentisse   mais   segura.   Embora   não 
sabia se algum dia se sentiria mais segura.
      —Deveria ir à cama.
      —Não, estou farta de estar na cama.
      —Então deveria deitar­se no sofá. Levarei para você uma bandeja com algo de 
comer.
      Comer,   descansar,   comer.   Esse   parecia   ser   o   único   objetivo   de   Chrysander. 
Suspirando, Marley deixou que a levasse ao sofá e a cobrisse com uma manta.

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      Mostrava­se reservado, quase  distante, pensou. Mas imaginou  que se fosse  ao 


contrário, se ele a tivesse esquecido, tampouco ela saberia bem o que fazer.
      Chrisander saiu da sala e voltou uns minutos depois com uma bandeja.
      —Sua ajudante disse que tinha deixado trabalho para você.
      —O trabalho pode esperar.
      —E o que pensa fazer, me olhar enquanto durmo? Estou bem, de verdade. Não 
pode ficar me observando vinte e quatro horas ao dia. Se houver algo que necessita sua  
atenção, por favor não duvide em fazê­lo.
      Chrysander a olhou então, indeciso.
      —A verdade é que tenho coisas a fazer antes de sair de Nova Iorque.
      —Quando vamos? —perguntou ela.
      —Tinha pensado em ficarmos aqui uns dias, até que se recupere. Logo iremos em 
meu jato a Grécia e um helicóptero nos levará a ilha. Meu pessoal já está preparando 
nossa chegada.
      Marley olhou ao redor, um pouco surpreendida por tanto luxo.
      —É… milionário?
      —Minha família possui uma cadeia de hotéis.
      O   sobrenome   Anetakis   flutuava   em   sua   memória,   ou   no   que   ficava   dela. 
Celebridades,   membros   da   realeza,   algumas   das   pessoas   mais   ricas   do   mundo   se 
alojavam no Imperial Park, no centro da cidade. Mas ele não podia ser esse Anetakis… 
ou sim?
      Os Anetakis eram a família de hoteleiros mais famosa do mundo.
      —E como… como nos conhecemos você e eu?
     Pertencia ela também a uma família de milionários? Não era capaz de recordar nada…
      —Descansa agora, pedhaki mou. —murmurou Chrysander, ao vê­la nervosa.
      Marley   fechou   os   olhos.   Pensar   lhe   doía.   Tentar   recordar   algo   a   deixava   sem 
forças.
     
***

      Chrysander jogou uma olhada à lista de mensagens e em seguida afastou uma de 
seu irmão Theron. Também havia outra de seu outro irmão caçula, Piers.
      Não  podia  esperar muito tempo para  responder por que  já  teriam recebido sua 
mensagem e deviam estar perplexos. Como ia explicar­lhes aquilo? Como ia explicar que 
levava para a Grécia a mulher que tinha tentado arruiná­los?
      Fazendo uma careta, levantou o telefone para falar com Theron.
      —Chrysander, por fim! Estava a ponto de tomar um avião para que me contasse o 
que está passando.
      —Sim, bom…
      —Espera  um  momento,  vou   ligar para   Piers,  assim não  terá   que   explicar  duas 

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vezes. Sei que Piers está tão interessado na explicação como eu.
      —Desde quando tenho que dar explicações a meu irmão caçula?
      Theron riu enquanto escutavam o sinal de chamada.
      —Pode­se saber o que está passando? —foi à saudação de seu irmão— Recebi 
sua mensagem e não entendo nada.
      —Parece que tanto Theron como você serão tios. —disse Chrysander.
      Nenhum dos dois disse nada durante uns segundos.
      —Tem certeza de que é seu? —perguntou Theron por fim.
      Chrysander fez uma careta.
      —Está grávida de cinco meses e faz três meses eu era o único homem com o qual 
se deitava. Sei disso com toda segurança.
      —Como sabia que estava nos roubando? —replicou seu irmão caçula.
      —Cale­se, Piers —o repreendeu Theron— O importante agora  é o que vai fazer. 
Evidentemente, não pode confiar nela.
      —Há uma complicação. —suspirou Chrysander— Marley não recorda nada.
      —Muito conveniente, não te parece? —interveio Piers.
      —Você foi pego pelo pescoço —disse Theron.
      —Também me parecia incrível ao princípio —admitiu ele— Mas a vi. Está aqui, 
em… nosso apartamento. A amnésia é real, asseguro­lhes isso.
      Era  impossível  que fingisse  essa vulnerabilidade, esse medo, essa confusão. E 
saber que estava sofrendo lhe doía… embora não deveria ser assim. Também ela o havia 
feito sofrer.
      —O que pensa fazer? —perguntou Theron.
      —Iremos à ilha assim que se encontre um pouco melhor. Ali poderá recuperar­se e 
os jornalistas não nos incomodarão.
      —Não pode levá­la a algum lugar até que nasça a criança e logo se livrar dela? —
exclamou   Piers—  Perdemos  milhões  de   dólares  por sua   culpa   e  agora   nossos  hotéis 
estão sendo construídos pela concorrência.
      O   que   não   disse,   mas   Chrysander   sabia,   era   que   tinham   perdido   os   contratos 
porque ele tinha estado cego pela mulher com quem se deitava. Era tanto culpa dele 
quanto de Marley. Tinha decepcionado seus irmãos da pior maneira possível, arriscando 
aquilo pelo que levavam anos trabalhando.

Capítulo 4

      À manhã seguinte, Marley comeu a omelete que Chrysander lhe tinha feito e logo, 
seguindo seus conselhos, tomou um suco de laranja.
      Apesar   da   ansiedade   e   as   inseguranças,   era   agradável   que   aquele   homem 
cuidasse   dela.   Embora   não   estivesse   segura   de   qual   era   seu   lugar   no   mundo   de 

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Chrysander Anetakis.
      Mostrava­se solícito com ela, mas ao mesmo tempo distante. Não sabia se por 
deferência a sua falta de memória, para não assustá­la, ou se assim era sua relação 
normalmente.
      A ideia de que sua relação com o pai de seu filho fora assim tão fria a assustou. 
Ela não podia ter decidido casar­se com alguém que a tratava com simples amabilidade, 
como se fosse um estranho.
      E, entretanto, eram estranhos. Ao menos, Chrysander o era para ela. Que horrível 
devia ser que sua noiva não o recordasse, pensou então. Como se nunca tivesse existido.
      —O que te preocupa, Marley?
      —Estava pensando quão terrível deve ser esta situação para você.
      —O que quer dizer?
      Ela baixou o olhar, tímida de repente, mas Chrysander levantou seu queixo com 
um dedo.
      —Diga­me por que acredita que esta situação é horrível para mim.
      —Estava tentando me pôr em seu lugar e deve ser horrível que alguém a quem 
ama se esqueça de você. Eu acredito que me sentiria… rechaçada.
      —A preocupa que me sinta rechaçado? —sorriu ele.
      —Não é assim?
      Marley   odiava   sua   falta   de   confiança.   Não   só   tinham   roubado   sua   memória, 
também a fé em si mesma. Sentia­se como uma criança… perdida, incerta.
      —Você não pôde evitar o que aconteceu, Marley. Se me sentisse rechaçado ou 
magoado… seria um mesquinho.
      Não imaginava mesquinho. Perigoso, imponente, sim, mas não mesquinho. Tinha­
lhe medo?, perguntou­se. Não, não era ele quem lhe dava medo, mas sim a ideia de ter 
tido relações íntimas com um homem como ele e não recordá­lo.
      —O que aconteceu comigo, Chrysander? —perguntou­lhe então.
      —Teve… um acidente, pedhaki mou. Mas o médico me assegurou que a amnésia 
é temporária e que é importante que não se canse nem se angustie tentando recordar. Já 
voltará quando tiver que fazê­lo.
      —Tive um acidente de carro? —perguntou Marley então.
      Mas não podia ser. Examinou a si mesma atentamente e não tinha hematomas 
nem feridas.
      —Sim.
      —E foi algo sério?
      —Não, nada sério. Como pode ver, está bem.
      —Sofri uma comoção cerebral? É por isso que perdi a memória?
      —Não,   o   médico   me   explicou   que   é   uma   maneira   de   lutar   com   o   trauma   do 
acidente. É um instinto protetor, algo desenhado pela natureza para evitar sofrimentos.
      —E, entretanto, não tenho nem um só hematoma.

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      —Do qual me alegro —sorriu Chrysander— Mas deve ter sido aterrador para você.
      —Havia mais pessoas no carro? Alguém acabou ferido?
      —Não, não se preocupe.
      Marley deixou escapar um longo suspiro.
      —Tomara que me lembre de algo. Acredito que se tentar, poderia recordar, mas 
então a minha cabeça começa a doer…
      —E isso é precisamente o que o médico disse que não deve fazer. Tem que se 
esquecer de tudo e se concentrar em recuperar as forças —Chrysander pôs uma mão 
protetora sobre seu abdômen— Que se aborreça assim não pode ser bom para nosso 
filho.
      Marley pôs as duas mãos sobre  a sua… mas então  a  criança  se  moveu  e  ele 
afastou a mão, como assustado.
      —É assombroso.
      Parecia tão perplexo que Marley teve que sorrir. Mas… alguma vez antes tinha 
posto a mão em seu abdômen?
      —Não o tinha notado até agora?
      —Não, eu viajo muito… —Chrysander limpou a garganta— Acabava de voltar para 
Nova Iorque quando soube do acidente. Tinha passado… algum tempo da última vez que 
nos vimos.
      —E suponho  que você não  encontrou  o que esperava  —suspirou  ela— Deixou 
aqui uma mulher que o amava e com quem ia casar, e encontrou alguém que o trata 
como se fosse um estranho.
      —Não   se   preocupe   por  mim.  O   único   que  me   importa   é   que   a  criança   e   você 
estejam bem. —murmurou ele, sem deixar de olhar seu abdômen, como fascinado.
      Então   soou   uma   campainha   e   Chrysander   saiu   ao   corredor   para   falar   pelo 
intercomunicador. Marley aguçou o ouvido, mas só pôde escutar que dizia a alguém que 
subisse.
      —É   a   enfermeira   que   contratei   para   que   cuide   de   você.   —a   informou   logo, 
entrando  na   cozinha—  Tenho   uma   reunião   urgente   dentro   de  uma   hora   e   não   posso 
perdê­la.
      —Mas   eu   não   necessito   uma   enfermeira.   Sou   perfeitamente   capaz   de   estar 
sozinha enquanto você sai para trabalhar.
      —Faça isso por mim, pedhaki mou. Sinto­me melhor ao saber que alguém está 
cuidando de você.
      —Quanto tempo estará fora?
      A porta do elevador que dava diretamente ao salão do apartamento de cobertura 
se abriu nesse momento.
      —Espera um momento, volto em seguida.
      Um minuto depois, Chrysander voltou com uma sorridente mulher de meia idade.
      —Você deve ser Marley.

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      —Sim.
      —Prazer em conhecê­la. Eu sou a senhora Cahill… mas, por favor, chame­me de 
Patrice.
      —Muito bem, Patrice.
      —O   senhor   Anetakis  me   pediu   que   cuidasse   de   você   e   a   asseguro   que   tenho 
intenção de fazê­lo.
      —Bom, eu tenho que ir. —disse Chrysander, olhando seu relógio— Mas voltarei na 
hora do almoço.
      —Eu gostaria disso. —tentou sorrir Marley.
      Ele se inclinou para lhe dar um beijo na testa antes de partir e, fazendo um esforço 
para afastar o olhar de suas costas, Marley olhou Patrice.
      —A verdade é que me encontro bem. Chrysander parece acreditar que sou uma 
inválida, mas…
      —É   um   homem   —sorriu   a   enfermeira—   Além   disso,   não   há   nada   errado   em 
descansar um pouco, não? Eu a acompanharei à cama e logo, quando despertar, farei um 
chá para as duas.
      Antes   que   Marley   se   desse   conta   do   que   estava   acontecendo,   Patrice   a   tinha 
levado ao dormitório e a deitado na cama.
      —Vejo que se dá bem em lidar com os pacientes.
      —Conseguir   que   meus   pacientes   façam   o   que   têm   que   fazer   é   parte   de   meu 
trabalho —riu a enfermeira— Bom, agora descansa um pouco.
      Marley olhou a chaminé acesa. Em realidade não precisa porque havia calefação 
por piso radiante elétrico, de modo que o chão estava quente. E se alegrava porque não 
gostava de usar sapatos em casa…
      Não gostava de usar sapatos em casa.
      Tinha recordado algo sobre si mesma, pensou, emocionada. Tentou puxar o fio 
para recordar algo mais, mas o esforço lhe provocou uma nova enxaqueca.
      Apesar de sua falta de memória, pensou, levando uma mão ao abdômen, onde a 
criança não deixava de mover­se, tinha um futuro por diante. Casar­se com Chrysander, 
cuidar de seu filho…
      Embora gostaria de recordar como tinha chegado até ali.
      Adormeceu   pouco   depois   e,   quando   despertou,   o   relógio   que   havia   sobre   a 
mesinha indicava que tinha passado uma hora. Sentindo­se mais descansada, afastou os 
lençóis e saltou da cama para passear um pouco. O descanso constante começava a 
deixá­la nervosa.
      Embora ainda vestisse o pijama, vestiu o robe de seda que havia ao pé da cama e 
entrou no salão, onde Patrice estava lendo.
      Depois de lhe assegurar que se encontrava perfeitamente bem a Patrice, como 
intuindo que queria estar sozinha, desapareceu na cozinha.
      Marley aproveitou a oportunidade para explorar o apartamento. Foi cômodo por 

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cômodo, tentando reconhecer algo de sua casa. Mas não lhe parecia sua casa. Podia ver 
Chrysander no estilo da decoração, mas nada que a fizesse sentir que havia algo seu ali. 
Por alguma razão, isso a incomodou. Sentia­se como uma convidada espiando na casa 
de seu anfitrião.
      Quando   entrou  no   dormitório   principal,  a   sensação   de   inquietação   aumentou   e, 
sem saber por que, teve que sair em seguida. Ao lado do dormitório principal havia um 
escritório, evidentemente o lugar onde Chrysander trabalhava. Os móveis eram grandes e 
masculinos, com estantes cheias de livros e uma grande escrivaninha de mogno. Sobre a 
escrivaninha havia um computador e Marley se sentou na poltrona de pele para entrar na  
Internet. Ao tocar o teclado, a tela se iluminou. Ao menos, recordava o mais básico, disse 
a si mesma. Por mais frustrante que fosse sua amnésia, alegrava­se de que estivesse 
limitada a sua vida e não ao mundo que a rodeava.
      Durante   uma   hora   esteve   procurando   informação   sobre   a   amnésia,   mas   as 
conflitivas   opiniões   de   vários   médicos   só   conseguiram   aumentar   sua   enxaqueca.   De 
modo que decidiu procurar algo sobre Chrysander.
      Era um pouco aterrador ver o rico e poderoso que era seu noivo. Seus irmãos e ele 
possuíam uma das cadeias hoteleiras mais importantes do mundo, mas não havia muita 
informação pessoal.
      Marley suspirou, irritada por sua covardia. O que devia fazer era perguntar a ele 
diretamente. Ao fim e ao cabo era sua noiva, iam ter um filho, iam se casar. Se pudesse 
recordar algo disso…
      —O que faz?
      A voz de Chrysander a sobressaltou e, quando levantou o olhar, viu­o no batente 
da porta.
      —Que susto me deu.
      —Perguntei a você o que está fazendo.  —repetiu ele, com expressão furiosa.
      —Estava procurando algo sobre a amnésia na Internet —respondeu ela— Pensei 
que não se importaria que usasse seu computador.
      Chrysander a olhava com tal expressão de ira…
      —Sinto   muito.   —conseguiu   dizer,   levantando   da   poltrona—   Só   estava   tentando 
descobrir   algo   sobre   meu   problema…   mas   não   voltarei   a   tocar   suas   coisas,   não   se 
preocupe.
      Logo deu a volta e saiu do escritório para que ele não a visse chorar.
      Chrysander resmungou um palavrão, furioso consigo mesmo. Logo se aproximou 
do computador e comprovou que, efetivamente, só tinha estado procurando coisas sobre 
esse assunto e alguns artigos sobre sua companhia.
      Tinha reagido como um estúpido, mas vê­la usando seu computador o tinha posto 
em guarda imediatamente. Apoiando os cotovelos na escrivaninha, enterrou a cara entre 
as mãos. Sua reunião com o detetive encarregado da investigação do caso tinha sido 
frustrante. Mal tinham informação sobre o que tinha acontecido e a  única pessoa que 

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podia dar­lhe não recordava nada.
      Marley não tinha sido resgatada, como  haviam  dito  nas notícias. Em  realidade, 
seus captores a tinham abandonado e uma chamada anônima alertou a polícia. Quando 
chegaram ao desvencilhado edifício, encontraram­se com uma mulher grávida, assustada 
e em estado de choque que não recordava nada absolutamente. A vida de Marley, em 
resumo, tinha começado aquele dia.
      Mas o que o detetive lhe tinha deixado bem claro, certamente, era que devia cuidar 
dela. Ninguém sabia por que tinha sido sequestrada, mas seus captores seguiam livres. E 
Chrysander não pensava deixar que ninguém se aproximasse dela ou do seu filho de 
novo.
      O detetive não pôs objeção alguma quando lhe disse que ia tirá­la do país; ao 
contrário,   opinou   que   era   o   melhor   para   ela.   Mas   queria   ser   notificado   assim   que 
recuperasse a memória para poder interrogá­la.
      Havia muitas coisas a preparar antes da viagem, pensou. Tinha alertado a sua 
equipe   de   segurança   em   Nova   Iorque   e   na   ilha,   mas   ainda   tinha   que   fazer   muitas 
chamadas…
      Sim,   deveria   encarregar­se   de   organizar   a   viagem,   que   era   o   mais   importante 
nesse momento. E, entretanto, enquanto pensava nisso estava levantando­se para pedir 
desculpas a Marley.
     
     
      Marley estava em frente ao guarda­roupa do dormitório, olhando a roupa que tinha 
pendurada nos cabides. Nenhum daqueles elegantes vestidos lhe parecia familiar. Nas 
prateleiras de madeira, entretanto, havia jeans e camisetas dobradas… sim, sabia por 
intuição que com isso se sentiria mais cômoda. Mas quando desdobrou um par de jeans 
viu que não eram para gestantes.
     Nenhuma dessas calças tinha sido comprada para uma mulher grávida de cinco 
meses.
      —Sinto muito, de verdade.
      Surpreendida, Marley se voltou.
      —Evidentemente,   você   e   eu   vivemos   vidas   separadas.   Terá   que   me   perdoar 
enquanto tento me acostumar.
      —Não, não é isso. —suspirou Chrysander.
      —Ah, não? Colocou­me em um quarto que não é o seu, você se aborrece que use 
seu computador, nossa roupa está separada… o que não entendo é como fiquei grávida 
—disse   ela,   irônica—   Por   que   vai   se   casar   comigo,   Chrysander?   A   gravidez   foi   um 
acidente?
      —Venha aqui —disse ele então. E, antes que Marley pudesse protestar, sentou­a a 
seu lado na cama.
      —Onde está Patrice?

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      —Eu disse que se fosse assim que cheguei. Só estará aqui quando eu tiver que 
sair. E te fará companhia na ilha quando eu não puder estar a seu lado.
      —Pensei que estaríamos sozinhos na ilha.
      —Você pode  achar que  não precisa  dela, mas eu prefiro  não me arriscar. Sua 
saúde é muito importante para mim —suspirou Chrysander— E quero te pedir perdão 
pelo que aconteceu antes. Fui um grosseiro e não tenho nenhum direito a sê­lo.
      —Não acredito que o termo “grosseiro” seja o bastante forte —disse Marley—Você 
se comportou mais como um imbecil.
      —Sim, é verdade —assentiu ele, surpreso por essa réplica, tão incomum nela — E 
por isso te peço perdão. Não tenho nenhuma desculpa. Estive muito ocupado entre o 
trabalho e solucionar a viagem… e paguei minhas frustrações com você. É imperdoável, 
mas te peço que me perdoe de todas as formas.
      —Aceito suas desculpas.
      —E quanto ao resto —Chrysander começou a acariciar seu cabelo—, não vivemos 
vidas separadas, Marley. A coloquei neste quarto por deferência a seu estado. Não me 
parecia justo esperar que dormisse com um homem que  é um estranho para você. Não 
queria pressioná­la.
      —Eu pensei…
      —O que pensou, pedhaki moui?
      —Que não me queria.
     Chrysander tomou seu rosto entre as mãos para olhá­la nos olhos. E logo inclinou um 
pouco   a   cabeça.   Marley   ficou   sem   fôlego,   esperando   sem   saber   bem   o   que…   mas 
sentindo um desejo desconhecido. Quando seus lábios se encontraram por fim, foi como 
uma   descarga   elétrica,   um   comichão   que   se   estendia   por   todo   seu   corpo   como   um 
incêndio.
      Instintivamente se arqueou para ele para estar mais perto e, ao sentir o toque do 
duro torso masculino sobre seus seios, deixou escapar um gemido de surpresa.
      Enquanto a beijava experimentou uma sensação de paz, de bem­estar que não 
tinha experimentado desde que despertou no hospital sem saber quem era.
      —Seu corpo lembra de mim, pedhaki mou. —disse ele. Soava satisfeito, quase 
arrogante, mas isso lhe deu confiança. Parecia contente com a ideia de que o recordasse.
      —Mas não tenho nada para vestir. —disse então.
      E logo ficou rubra por ter escolhido precisamente um assunto tão absurdo depois 
de um momento tão… intenso.
      —Não tem nada para vestir?
      —Por   que   não   há   roupa   de   grávida   no   armário,   Chrysander?   É   que   não   quis 
comprá­la?
      —Sinto   muito,   não   tinha   pensado   nisso   —murmurou   ele,   tentando   encontrar 
alguma explicação— Em seu estado não pode usar jeans ajustados, por muito que eu 
goste.

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      —Estava acostumado a me vestir de jeans, verdade?
      —Não,   em   realidade   você   gostava   de   ficar   bonita   para   mim…   claro   que   você 
estaria bonita até com um saco de batatas. Mas deveria ter pensado que necessitava 
outro tipo de roupa…
      —Você está se saindo muito bem —o interrompeu ela— Isto não pode ser fácil 
para você e, entretanto, está sendo incrivelmente paciente… bom, salvo faz um momento.
      —Deixa   de   preocupar­se   por   mim.   É   você   quem   está   sofrendo   —suspirou 
Chrysander—   E   é   verdade   que   necessita   roupa   adequada,   assim   vou   fazer   algumas 
chamadas.
      —Não podemos ir às compras?
      —Agora mesmo não está para ir às compras, Marley. Quero que descanse. Iremos 
amanhã à ilha, assim que o médico disser que pode viajar.
      —Amanhã? Tão cedo?
      —Agora   entenderá   por   que   temos   que   encomendar   a   roupa   a   toda   pressa.   E 
agora…
      —Se voltar a me dizer que descanse um momento começo a gritar.
      —Mas…
      —Por favor, Chrysander, estou bem. Além disso, tirei um cochilo enquanto você 
estava fora. Mas tenho fome, podemos comer algo?
      —Sim,   claro   —suspirou   ele—   Aparentemente,   não   penso   nunca   no   que   é 
realmente importante. Perdoe­me outra vez, Marley. Venha, vamos à cozinha. Vou fazer 
algo para comer.

Capítulo 5

À   manhã   seguinte,   Marley   vestiu   um   dos   lindos   vestidos   que   uma   boutique 
especializada em roupa de maternidade tinha levado para ela ao apartamento.
Chrysander tinha insistido em que visse o ginecologista antes de ir à ilha, de modo 
que, acompanhada por ele, e por vários membros de sua equipe de segurança, entraram 
no consultório do médico.
Sentia­se incômoda e um pouco envergonhada por levar tanta gente ao redor, mas 
também contente pela aparente preocupação que Chrysander mostrava por sua saúde.
A enfermeira lhes indicou que esperassem um momento e Chrysander começou a 
passar   as   mãos   por   seus   braços,   para   tranquilizá­la.   E   quando   o   médico   entrou   na 
consulta, a tomou pela cintura. Não parecia ter pressa por soltá­la.
Depois   de   certos   preliminares   sobre   sua   condição,   o   ginecologista   olhou   seu 
relatório.
—Eu gostaria de faz uma ecografia para comprovar que tudo está bem.

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      —Há alguma causa de preocupação? —perguntou Chrysander.
      —Não, é só uma precaução. Como partem do país e a senhorita Jameson sofreu 
recentemente um trauma, quero comprovar se o feto se encontra em bom estado.
      Chrysander tomou a mão de Marley.
      —Eu estarei com você, pedhaki mou. Não se preocupe.
      Ela sorriu.
      —Não estou preocupada. Nem sequer resultei ferida no acidente e estou segura de 
que a criança se encontra bem.
      O ginecologista lhe pediu que se deitasse na maca para pôr uma espécie de gel 
sobre   o   abdômen.   Um   segundo   depois,   uma   imagem   imprecisa   aparecia   na   tela   do 
computador. Marley, nervosa, apertou a mão de Chrysander.
      —Querem saber se é menino ou menina?
      —Sim, eu sim —sussurrou ela— Você quer saber?
      Chrysander sorriu.
      —Sim, também eu gostaria de saber.
      Os dois ficaram observando o borrão da tela até que, pouco a pouco, começou a 
ser mais claro.
      —É um menino. —anunciou o ginecologista.
      —Essa   mancha   imprecisa   é   meu   filho?   —perguntou   Marley,   com   um   nó   na 
garganta.
      —Certamente que sim. Essas são as pernas… e aí estão as nádegas. Um menino 
muito bonito. —brincou o médico.
      —É   lindo   —disse   Chrysander,   inclinando­se   para   beijar   Marley—   Obrigado, 
querida.
      —Por que me agradece?
      —Por nosso filho —seus olhos estavam cravados na tela do computador, como 
fascinado pela imagem.
      —Bom, já terminamos. —anunciou o médico, lhe oferecendo um lenço de papel.
      Chrysander a ajudou a levantar­se na maca, um pouco nervoso.
      —Está tudo bem?
      —Perfeitamente.   Mas   devem   entrar   em   contato   com   um   ginecologista   quando 
chegarem à Grécia. O menino parece estar muito sadio, mas deve visitar regularmente a 
um médico.
      —Enquanto   estivermos   na   ilha   haverá   sempre   um   médico   e   uma   enfermeira 
conosco.
      —Maravilhoso. Cuide­se, jovenzinha. —sorriu o homem.
      Marley lhe devolveu o sorriso enquanto descia da maca com ajuda de Chrysander. 
Uns minutos depois estavam na limusine.
      —Encontra­se bem? O jato está esperando no aeroporto, mas se está cansada…
      —Estou   perfeitamente   bem   —sorriu   ela—   E   você,   está   contente   pelo   menino, 

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Chrysander?
      Ele pôs uma mão sobre seu abdômen.
      —Dei a você alguma razão para que pense que não o estou?
      —Não, ao contrário. Mas, ao saber que é um menino, agora tudo me parece tão… 
não sei, tão real.
      —Teria gostado de uma menina também, é verdade. Enquanto nasça sadio, não 
importa o que seja.
      —Se pudesse recordar, tudo seria perfeito…
      —Não se lamente por coisas que não pode controlar —sorriu Chrysander— Logo 
se lembrará.
      —Sim, é verdade. Mas eu gostaria…
      —O que você gostaria, pedhaki mou?
      —Eu gostaria de recordar que o amo. —confessou ela.
      Nos olhos de seu noivo viu muitas emoções conflitivas. Emoções que não podia 
entender.
      —Talvez possa aprender a me amar outra vez.
      —Está deixando isso muito fácil para mim. —sorriu Marley, apoiando a cabeça em 
seu ombro.
      Mas então um pensamento a assaltou: Chrysander não havia dito que a amava. 
Nenhuma   só   vez…  nem  quando   estava   no   hospital,   nem   em  casa.   Não   seria   normal 
dizer­lhe depois de um trauma assim? Não seria lógico que Chrysander lhe recordasse 
seu amor já que ela não podia recordá­lo?
      Estava a ponto de perguntar a ele, mas a pergunta morreu em seus lábios ao vê­lo 
concentrado   na   tela   de   televisão   que   havia   no   respaldo   do   assento   e,   pouco   depois, 
chegaram ao aeroporto.
      O interior do jato era tão luxuoso como o apartamento onde viviam ou a limusine 
em   que   se   moviam   por   Nova   Iorque.   Mas   era   algo   que,   sem   saber   por   que,   não   a 
surpreendia muito.
      —Há uma cama. Assim que tivermos decolado, pode deitar­se.
      —Muito bem —murmurou ela, vendo como parte da equipe de segurança subia 
atrás deles— Chrysander, por que anda com tantos guarda­costas?
      Ele pigarreou, nervoso.
      —Sou um homem rico, Marley, e há gente que quer me machucar. A mim… ou às 
pessoas próximas a mim.
      —De verdade estamos em perigo?
      —O trabalho desses senhores é precisamente que não haja nenhum perigo. Não 
se preocupe, Marley. Eu me encarregarei de que a criança e você estejam a salvo.
      —É que não entendo muito bem seu mundo…
      —Nosso mundo. Um mundo do qual você faz parte.
      —Sim, claro. Mas não é fácil acostumar­se.

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      Uns   minutos   depois   o   avião   decolou   e   Marley   tentou   relaxar.   Aterrissaram   em 
Corinto várias horas depois e Chrysander a ajudou a descer do jato para levá­la a um 
helicóptero que os esperava na pista.
      Marley ia olhando pela janela do helicóptero enquanto se afastavam de Corinto 
para cruzar o Mediterrâneo. Na distância viu umas minas, mas quando ia perguntar a 
Chrysander, este assinalou uns auriculares que havia sobre o assento.
      —É o templo do Apolo —lhe explicou quando os colocou — Se quiser, podemos ir  
vê­lo quando tiver se recuperado da viagem.
      —Sim,   eu   gostaria   muito.   Essa   é   a   ilha?   —perguntou   Marley,   assinalando   um 
pedaço de terra que se via na distância.
      —Sim.
      —Como se chama?
      —Anetakis.
      —Ah, claro. Deveria ter imaginado.
      Quando   se   aproximavam   da   ilha,   Marley   começou   a   sentir­se   angustiada   e 
Chrysander devia ter percebido, porque tomou sua mão.
      —Não deve preocupar­se, pedhaki mou. Você gostará da ilha, já o verá. E será 
bom para você poder se concentrar exclusivamente em descansar e recuperar as forças.
      Marley não discutiu, mas não tinha a menor intenção de passar seu tempo na ilha 
“descansando”.
      Aterrissaram em um heliporto situado às costas de uma mansão palaciana, frente 
ao mar. Chrysander a tomou pela cintura e logo lhe fez um gesto para que esperasse  
enquanto ele falava com o piloto.
      Enquanto isso, Marley olhou a casa, esperando recordar algo. Nada. Seguia sem 
recordar nada, como se nunca tivesse estado ali.
      —Vamos —disse Chrysander depois— Aqui faz frio.
      —Eu estive aqui alguma vez?
      —Não, é sua primeira visita à ilha.
      —Não o entendo. Estamos noivos e nenhuma vez estive em sua casa?
      Chrysander apertou os lábios.
      —Nossa casa esteve até agora em Nova Iorque.
      Uma nuvem de confusão pareceu envolvê­la. Por que não tinha ido  à ilha nem 
sequer uma vez? Não era a casa de seu noivo?
      Ele tomou sua mão para levá­la para a grade de entrada. Depois da grade, em 
meio   de   um   pátio,   Marley   viu   uma   piscina   de   brilhantes   águas   azuis.   Mas,   para   sua 
surpresa, a piscina entrava na casa sob um elaborado arco de ferro e cristal.
      —É uma piscina climatizada —lhe explicou Chrysander— Nesta época do ano faz 
muito frio para banhar­se fora, mas pode se banhar na parte de dentro se o médico te der 
permissão.
      O   primeiro   piso   da   casa   era   estilo   loft,   dividido   em   três   áreas,   com   um   salão 

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enorme, uma ampla cozinha e uma sala de jantar. Uma das paredes era inteiramente de  
vidro, de modo que podia ver o mar de todos os ângulos.
      O mar, o jardim, e uma piscina olímpica.
      Mas, de repente, uma mulher em biquíni entrou na casa e Marley a reconheceu 
como a ajudante pessoal de Chrysander.
      Que fazia ali?, perguntou­se. Além disso, fazia muito frio para estar banhando­se 
na piscina. E com um biquíni, além disso!
      Roslyn fingiu mostrar­se surpreendida. Marley estava segura de que a surpresa era 
fingida porque, embora tivesse uma saída de praia na mão, nem sequer tentou cobrir­se 
com ele.
      —Senhor Anetakis, não esperava vê­lo até amanhã. —sorriu, sacudindo a sedutora 
juba loira— Espero que não se importe que eu tenha tomado um banho.
      —Não, claro que não. Preparou meu escritório, como pedi?
      —Sim, é óbvio. Espero que não se importe se eu ficar para passar a noite. Não 
pedi o helicóptero até amanhã.
      O   olhar   aparentemente   inocente   de   Roslyn   não   enganava   Marley   e,   como   sua 
cabeça começava a doer, afastou­se um pouco para não continuar ouvindo os miados da 
ajudante.
      —Pode ficar, é óbvio. E espero que jante conosco esta noite.
      Marley   começou   a   subir   a   escada.   Não   sabia   aonde   ia,   mas   imaginou   que   os 
quartos estariam no andar de cima.
      —Por que  não me esperou? Não  deve subir sozinha  a escada —a repreendeu 
Chrysander— E se você escorregar?
      —Por que iria escorregar?
      —A partir de agora, terá que chamar alguém cada vez que quiser subir ou descer a 
escada.
      —O que? Não fala sério!
      —Tomo muito a sério seu bem­estar e o de nosso filho. —respondeu ele.
      Marley deixou escapar um suspiro de frustração enquanto a levava a um espaçoso 
quarto que, evidentemente, era o dormitório principal.
      —É meu quarto?
      —É nosso quarto.
      Marley ficou vermelha ao pensar em compartilhar a cama com ele.
      —Não te parece bem?
      —Sim, sim, claro.
      Chrysander sorriu.
      —Alegra­me que estejamos de acordo.
      —Sim, bom… não estamos de acordo em tudo.
      —O que quer dizer?
      —Olhe, eu não necessito uma escolta para subir e descer a escada. Não sou uma 

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inválida e eu não gosto que me tratem como se fosse uma.
      —Eu prefiro que alguém vá com você…
      —Mas eu não —o interrompeu ela— Não quero me sentir como uma prisioneira. 
Se   você   está   preocupado   por   seu   filho   e   por   mim,   também  eu   estou.   —acrescentou, 
cruzando os braços.
      Para   sua   surpresa,   Chrysander   baixou   os   ombros,   vencido,   e   soltou   uma 
gargalhada.
      —Do que você ri agora?
      —Não mudou nada… sempre discutindo comigo. Sempre me acusava de querer 
me dar bem a todo custo.
      —Bom, pois já que estamos discutindo, o que faz essa mulher aqui outra vez… e 
de biquíni?
      Não   tinha   querido   dizê­lo   assim,   como   se   estivesse   ciumenta,   mas   fracassou 
miseravelmente.
      A expressão de Chrysander se endureceu.
      —Você nunca gostou de Roslyn, mas te agradeceria que não fosse grosseira com 
ela.
      —Eu costumo ser grosseira com ela?
      —Não, não queria dizer isso…
      —Você estranha que me pergunte o que faz aqui com esse traje? —Marley se 
aproximou da janela, da qual se via a piscina—. Por que está ela aqui, como em sua 
própria casa, e eu não vim nenhuma vez?
      Chrysander pôs as mãos sobre seus ombros.
      —Roslyn é minha ajudante pessoal e está acostumada a viajar comigo. Eu lhe pedi 
que   viesse   um   dia   antes   para   preparar   tudo,   mas   não   deve   preocupar­se   com   sua 
presença.   Quanto   ao   fato   de   você   nunca   ter   vindo,   só   posso   dizer   que   não   tivemos 
ocasião. Quando voltava para Nova Iorque depois de várias semanas viajando por todo 
mundo gostava mais de estar com você que voltar a tomar um avião.
      Marley deu a volta e, sem pensar, jogou os braços ao redor do seu pescoço.
      —É   que   isto   é   tão   frustrante.   Mas   não   penso   me   desculpar   por   pensar   que   a 
ajudante   pessoal   de   meu   noivo   usa   muito   pouca   roupa   e   isso   não   me   parece   nada 
profissional.
      —Se assim se sentir melhor, a verdade é que nem sequer tinha percebido isso. —
riu Chrysander.
      Marley  apoiou   a  cabeça   em  seu   ombro.  OH,  sim,  seu   corpo   o  recordava   bem. 
Recordava o calor de suas mãos, o comichão que o fazia sentir o brilho de seus olhos…
      Quando Chrysander inclinou a cabeça foi como se alguém tivesse acendido um 
fósforo. De repente estavam beijando­se, ele exigindo em silêncio que abrisse a boca 
para brincar com sua língua…
      Seus   mamilos   se   endureceram   quando   colocou   as   mãos   sob   a   camisa,   as 

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passando por seu abdômen, por cima do sutiã. Antes que Marley pudesse saber quais 
eram suas intenções, o broche do sutiã se abriu e o toque de suas mãos lhe provocou 
uma inexplicável sacudida de desejo.
      —Chrysander… —murmurou, deixando­se cair sobre seu peito.
      —Theos mou! —exclamou ele então— Eu a teria tomado aqui mesmo, no chão. —
disse logo, aborrecido consigo mesmo— Por favor, não me olhe assim.
      —Como eu o olho?
      —Como se quisesse que a tomasse nos braços e a levasse a cama para fazer 
amor durante toda a noite. Não sei se vou poder me controlar…
      Marley riu, uma risada rouca, nervosa.
      —E se isso fosse o que quero?
      —O   médico   chegará   dentro   de   uns   minutos   —disse   Chrysander,   tomando   seu 
rosto entre as mãos— Quero que a examine para comprovar que a viagem não te deixou 
esgotada. Sua saúde é o mais importante para mim.
      —Ah, vejo que não está interessado. —tentou brincar ela.
      —Não se engane. Não ache que é desinteresse. —replicou ele, apertando seus 
braços com força— Eu a asseguro que assim que o médico tenha dado sua aprovação, 
estará em minha cama… ah, acredito que ouço o helicóptero. É o médico e a senhora 
Cahill. Por que não se acomoda enquanto eu desço para recebê­los?
      Assim que Chrysander desapareceu, Marley se deixou cair sobre a cama. Como 
podia reagir dessa maneira ante um homem que era um estranho  para ela?  Mas era 
verdade, seu corpo o reconhecia. Deveria encontrar consolo nisso, mas a intensidade de  
sua atração por ele a assustava.
      Recordando   que   o   médico   subiria   em   uns   minutos,   e   sem   querer   lhe   dar   uma 
desculpa para enviá­la a cama, entrou no banheiro para lavar o rosto. Mas, ao olhar­se ao 
espelho, franziu o cenho. Seu cabelo…
      Uma imagem apareceu em sua cabeça. Era ela, rindo, mas com o cabelo mais 
curto, os cachos roçando seu rosto. Ela preferia o cabelo curto, estava segura. Então, por 
que o usava comprido?
      Suspirando, decidiu cortá­lo assim que fosse possível.
      Um golpezinho soou na porta pouco depois e Chrysander entrou com Patrice e um 
homem mais velho.
      —Marley,   apresento­lhe   ao   doutor   Karounis.   Tem   uma   clínica   de   ginecologia   e 
obstetrícia em Atenas e aceitou amavelmente cuidar de você enquanto estivermos na ilha 
—sorriu, tomando­a pela cintura.
      —É   um   prazer   conhecê­la,   senhorita   Jameson.   —disse   o   homem,   com   toda 
formalidade.
      —Encantada —sorriu Marley— Mas Chrysander se preocupa muito. Não tinha que 
vir até aqui.
      —Só quer o melhor para você e para seu filho —sorriu o médico— É natural.

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Sim, claro, suponho que sim. Bom, faça o que tenha que fazer para convencê­lo 
de que estou bem. E de que sou perfeitamente capaz de subir e descer escadas sozinha.
      Chrysander sorriu.
      —Quando o doutor Karounis tiver terminado de examiná­la, por que não toma um 
banho e descansa um momento? Virei buscá­la na hora do jantar.
      Marley assentiu com a cabeça e lhe jogou um beijo antes de sair do quarto.

Capítulo 6

      Entre   a   visita   do   ginecologista   e   o   longo   banho   relaxante,   Marley   quase   tinha 
conseguido esquecer a presença de Roslyn na casa. E quando Chrysander entrou no 
dormitório para acompanhá­la ao salão sorriu para ele, contente.
      —Está muito bonito. Tem melhor aspecto e parece relaxada.
      —O  médico   disse   que   estou   perfeitamente  bem,  assim não  há   nenhuma   razão 
para preocupar­se.
      —Alegro­me,   pedhaki   mou.   Sua   saúde   é   importante   para   mim.   —sorriu 
Chrysander, tomando­a pelo braço.
      Mas quando estavam descendo a escada, Marley viu Roslyn sob o arco que dava 
ao salão.
      E ficou gelada.
      A   ajudante   de   Chrysander   tinha   trocado   o   biquíni   por   um   vestido   de   grife   que 
moldava cada uma de suas curvas e se sentiu envergonhada pela simples calça e a blusa 
de gestante. Quase lhe dava vontade de voltar para seu quarto para trocar de roupa.
      Mas   como   não   queria   que   Roslyn   se   desse   conta   de   que   estava   com   ciúmes, 
agarrou­se ao braço de Chrysander e tentou sorrir.
      —Se   eu   soubesse   que   não   íamos   nos   vestir   para   jantar,   teria   escolhido   algo 
diferente —disse Roslyn, toda falsa inocência— Como normalmente gosta de arrumar­se 
para a noite… —acrescentou, olhando para Chrysander.
      —O   mais   importante   é   que   Marley   esteja   cômoda.   E   como   viemos   aqui 
precisamente para estar sozinhos, não tem sentido vestir­se de maneira formal.
      Marley sentiu vontade de jogar os braços ao redor do seu pescoço.
      —Vamos, pedhaki mou, a senhora Cahill e o doutor Karounis estão nos esperando 
para jantar.
      O   jantar,   imaginou,   devia   ser   delicioso.   Mas   ela   não   registrou   sabor   algum, 
concentrada como estava na conversa que mantinham Chrysander e sua ajudante.
      Quando   Patrice   levou   a   sobremesa   e   seu   noivo   continuava   concentrado   em 
Roslyn, Marley se levantou e atirou o guardanapo sobre a mesa.
      —Ocorre algo? —perguntou Chrysander.

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Não, estou bem. Vou ao quarto.
      Quando chegou ao pé da escada, Patrice a pegou pelo braço.
      —Quer que a ajude?
      —Não precisa, obrigada.
      —Mas o senhor Anetakis…
      —O senhor Anetakis sabe que estou bem, não se preocupe.
      Certamente   não   se   incomodou   em   acompanhá­la,   pensou   quando   chegou   ao 
dormitório. Evidentemente, sua conversa com Roslyn era mais importante.
      Suspirando, aproximou­se da janela para olhar o jardim, iluminado pela luz da lua.  
Tinha uma qualidade mágica que a intrigava e possivelmente um passeio lhe faria bem, 
pensou.
      Vestindo um pulôver sobre os ombros, Marley desceu a escada agarrando­se ao 
corrimão…   zangada   com   Chrysander   por   havê­la   deixado   paranoica   com   sua 
preocupação.
      Podia   ouvir   vozes   na   sala   de   jantar,   mas   saiu   ao   jardim   pela   porta   de   trás   e 
respirou a brisa do mar que acariciava seu rosto. Estava fresco, mas era uma noite linda, 
cheia de estrelas.
      Na distância podia ouvir o som do mar e isso a tranquilizou um pouco. Suspirando, 
tomou um caminho que parecia levar a praia, mas se deteve frente a uma fonte de pedra 
iluminada por focos situados no chão.
      —Não deveria estar aqui.
      A voz de Chrysander a sobressaltou.
      —Como me encontrou tão rápido?
      —Sabia onde estava assim que saiu de casa. —disse ele.
      —Como?
      —Os homens da segurança me disseram que tinha saído ao pátio.
      —Mas bom…
      —Não quero que suba e desça sozinha as escadas, Marley. E não deveria sair ao 
jardim de noite se eu não estiver com você.
      —Você não pode me acompanhar a todas as partes. Além disso, como ia fazer 
isso se estava grudado à sua ajudante? —replicou ela.
      Tinha   querido   parecer   despreocupada,   mas   a   nota   de   raiva   em   sua   voz   era  
evidente e apertou as mãos, zangada consigo mesma.
      —Não dei atenção a você durante o jantar, sinto muito. Tinha que solucionar várias 
coisas com Roslyn antes que parta pela manhã —lhe explicou Chrysander— Vou estar 
afastado   do   escritório   durante   estas   férias   e,   embora   possa   trabalhar   daqui,   prefiro 
dedicar a você meu tempo.
      Marley assentiu com a cabeça. Sempre se sentia tão insegura com seu noivo? 
Esperava que não, porque ser assim seria uma existência insuportável.
      —Prometa­me que não voltará a sair ao jardim de noite sem me avisar —disse 

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Série No Amor e na Guerra 1

Chrysander, levantando seu queixo com um dedo— Não posso protegê­la nem ao nosso 
filho se desobedece meus conselhos.
      —O que poderia me acontecer no jardim?
      —Não sei, mas deve tomar cuidado. Embora tenha falado com o doutor Karounis e 
que me disse que não há nenhum problema em que façamos amor.
      —Perguntou­lhe isso?
      —Não quero machucá­la, nem a você nem ao bebê, assim tinha que me assegurar 
de que podíamos fazê­lo. —sorriu ele, tomando­a nos braços como se não pesasse nada.
      —Há gente de segurança vigiando!
      —São homens, pedhaki mou. Entenderão perfeitamente. — riu Chrysander.
      Marley   enterrou   o   rosto   em   seu   pescoço.   Mas,   enquanto   subia   a   escada,   seu 
nervosismo   aumentou.   Desejava   o   que   estava   a   ponto   de   acontecer,   mas   também   o 
temia.   Como   ia   manter   um   ápice   de   controle   quando   ele   o   destroçava   com   uma   só 
carícia?
      Essa reação a fazia vulnerável, como se não pudesse lhe esconder nada. Nem 
sequer estava  segura de  querer fazê­lo, mas até que  recuperasse  a memória deveria 
proteger suas emoções.
      Chrysander a deixou sobre a cama, olhando­a com os olhos brilhantes enquanto 
levantava sua camisa e inclinava a cabeça para depositar um beijo sobre seu abdômen. 
Havia muita ternura nesse gesto, pensou Marley.
      —Isto é o que quer? —murmurou, colocando­se em cima, mas apoiando­se nas 
duas mãos para não sobrecarregá­la com seu peso.
      —Sim…   —murmurou   ela,   desejando   que   cumprisse   a   promessa   que   havia   em 
seus olhos.
      —Em muitos sentidos, esta é nossa primeira vez juntos. E não quero assustá­la.
      —Desejo você. —disse Marley.
      Chrysander se levantou e, enquanto começava a desabotoar sua camisa, ela o 
olhava com o pulso acelerado. Viu­o atirar a camisa ao chão e começar a tirar as calças… 
era como se tivesse visto antes essa cena, pensou.
      —Fez isso antes. —murmurou.
      —Você gosta, disse­me muitas vezes —sorriu ele— E eu gosto de agradar a uma  
mulher.
      Por fim, baixou a cueca de seda escura e Marley engoliu saliva ao ver sua ereção. 
Era simplesmente muito bonito, poderoso, masculino.
      —E agora tenho que tirar sua roupa, pedhaki mou.
      Em   um   momento   de   pânico,   Marley   pôs   as   mãos   sobre   seu   torso.   A   acharia 
bonita? Reagiria como tinha reagido ela? Tentou recordar algo, mas sua mente seguia em 
branco.
      Chrysander afastou suas mãos e a pôs sobre o travesseiro.
      —Não se esconda de mim. É linda e quero vê­la toda.

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Série No Amor e na Guerra 1

      Marley passou a língua pelos lábios, seus mamilos endurecendo­se sob o sutiã. De 
repente, queria estar com ele, pele com pele, sem o impedimento da roupa.
      Chrysander   começou   a   puxar   sua   camisa   enquanto   a   beijava   no   pescoço,   na 
garganta… assombrosamente, tinha­lhe tirado a roupa sem que se desse conta e sorria 
de maneira arrogante enquanto atirava ao chão a última peça.
      Quando   deslizou   uma   mão   meigamente   por   seu   corpo   e   a   deixou   entre   suas 
pernas, um gemido escapou da garganta de Marley.
      —Eu a desejo tanto. Senti muito a sua falta. Entregue­se a mim, Marley. Dê­me 
seu prazer.
      Estava em cima dela, segurando­se com as mãos, separando suas pernas com um 
joelho… e Marley jogou os braços ao redor do seu pescoço enquanto se afundava nela. 
Enquanto a possuía a abraçava meigamente, com cuidado para não apoiar o peso de seu 
corpo sobre seu abdômen.
      Levou­a   ao   paraíso   e,   nesse   momento,   pela   primeira   vez,   sentiu­se   em   casa. 
Sentiu que aquele era seu lugar e que não estava vivendo a vida de outra pessoa. Seus 
olhos   se   encheram   de   lágrimas   e   só   quando   encontrou   alívio   entre   seus   braços 
Chrysander se deixou ir, caindo logo brandamente sobre seu peito.
      Quando tentou mover­se, Marley murmurou um protesto.
      —Peso muito. —disse ele, deitando­se de lado e passando uma mão pela curva de 
seu quadril.
      Durante um longo momento estiveram assim, em silêncio. Mas, pouco a pouco, os 
olhos de Marley se fecharam…
      —Chrysander?
      —Sim?
      —Sempre foi assim?
      —Não, pedhaki mou. Esta noite foi… muito melhor.
      Com   um   sorriso   nos   lábios,   e   sentindo­se   envolta   pelo   calor   e   o   aroma   de 
Chrysander, Marley adormeceu.

Capítulo 7

      A luz do sol despertou Marley, que estendeu uma mão para tocar o outro lado da 
cama…   Chrysander   não   estava   a   seu   lado,   mas   ao   ouvir   os   sinais   da   hélice   do 
helicóptero se levantou para olhar pelo balcão.

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Série No Amor e na Guerra 1

      Seu   noivo   estava   despedindo­se   de   Roslyn   no   heliporto   e   quando,   por   fim,   o 
helicóptero decolou, Marley deixou escapar um suspiro de alívio. Alegrava­se de que a 
ajudante tivesse desaparecido. Contente, entrou no banheiro para tomar uma ducha e, 
quando saiu, Chrysander estava esperando­a.
      —Bom dia.
      —Bom dia. Dormiu bem?
      —Sim, maravilhosamente.
      —Bom, vou deixá­la para que se vista. A senhora Cahill virá para ajudá­la a descer 
a escada.
      E,   sem   dizer   outra   palavra,   saiu   do   quarto,   deixando   Marley   boquiaberta. 
Comportava­se como se estivesse desejando afastar­se dela e, depois da noite anterior, 
aquilo era a última coisa que esperava.
      E   enviar   Patrice   para   procurá­la?   Por   que   não   a   acompanhava   ele   se   tão 
preocupado estava?
      Suspirando, Marley entrou no quarto de vestir. Já tinha suficientes preocupações 
para acrescentar um homem mal­humorado à equação. Fosse qual fosse a razão para o 
aborrecimento de Chrysander, não podia ter nada a ver com ela.
      A calidez e a ternura da noite anterior pareciam ter evaporado de repente, pensou  
enquanto   saía   do   dormitório,   uma   vez   vestida.   Não   ia   ficar   esperando   que   fossem 
procurá­la como se fosse uma menina pequena.
      Estava   no   meio   da   escada   quando   viu   Chrysander   abaixo,   olhando­a   com 
expressão sombria. Devolveu­lhe um gesto desafiante e, sem dizer nada, seu noivo a 
pegou pelo braço para levá­la à sala de jantar.
      Tomaram o café da manhã em completo silêncio. Marley abriu a boca várias vezes 
para perguntar o que lhe passava, mas sua grave expressão a manteve em silêncio até 
que, por fim, deixou de fingir que estava comendo e afastou o prato.
      —Tem que comer. —disse Chrysander.
      —Não é fácil comer quando há uma nuvem negra sobre minha cabeça.
      Ele estava a ponto de replicar quando ouviram de novo os sinais das hélices do 
helicóptero.
      —Deve ser o joalheiro. Voltarei em seguida.
      O joalheiro? Marley enrugou o cenho. Para que necessitava um joalheiro? Logo se 
perguntou onde estariam Patrice e o doutor Karounis. Se estivessem ali, não teria que 
suportar o pesado silêncio de Chrysander.
      Suspirando, levantou­se para sair ao jardim. Fazia um dia lindo e ainda não tinha 
visto a ilha à luz do dia. Assim que abriu a porta foi recebida por uma deliciosa brisa e, 
encantada,   saiu   para   dar   um   passeio.   Mas   quanto   mais   se   afastava   da   casa,   mais 
arenoso se tornava o caminho e se deteve um momento para tirar as sandálias.
      Ao final do caminho havia uma pequena estrada de terra que levava até a praia e, 
quando seus dedos se enterraram na areia, Marley suspirou, agradecida.

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Série No Amor e na Guerra 1

      As ondas pareciam chamá­la, de modo que se aventurou até a borda. O mar era 
tão azul que a deixava sem fôlego. Aquilo era o paraíso. E era de Chrysander.
      Olhou para a casa, afastando os cachos que o vento enviava sobre seu rosto, mas 
ao ver que ninguém a havia seguido continuou caminhando pela praia. Sentia­se em paz, 
mas sobretudo a salvo.
      Esse pensamento a surpreendeu. Naturalmente que se sentia a salvo. Chrysander 
tinha   uma   equipe   de   segurança   que   se   encarregava   disso.   E,   entretanto,   até   que 
chegaram à ilha havia se sentido assustada; aterrorizada inclusive.
      —Está perdendo a cabeça —murmurou para si mesma. — Ou melhor, agora está 
recuperando a prudência.
      —Vejo que quer manter ocupada à equipe de segurança, pedhaki mou.
      Marley virou­se ouvir a voz de Chrysander.
      —Estou dando um passeio. A praia é linda.
      —Se prometo trazê­la depois, voltará para a casa comigo? O joalheiro nos está 
esperando e tem que voltar logo para Atenas.
      —O que faz aqui um joalheiro? O normal não é ir a uma joalheria?
      Chrysander a olhou dessa maneira arrogante, como dizendo que as pessoas iam 
até ele, não ao contrário. Mas se limitou a estender a mão para ela, sem dizer nada.
      —Não é nada divertido. —murmurou Marley.
      —Ah, não? Vejo que terei que trocar a opinião que tem de mim.
      Pouco   depois   chegavam   ao   estúdio,   onde   um   homem   os   esperava   com   uma 
maleta   forrada   de  veludo  negro…   cheio   de   diamantes.   Marley,   atônita,   voltou­se  para 
olhar Chrysander.
      —Veio para que escolha um anel.
      —Não entendo…
      —Seu anel de compromisso, pedhaki mou. Não tínhamos escolhido um quando… 
teve o acidente.
      —Ah, sei.
      Chrysander lhe fez um gesto para que olhasse o conteúdo da maleta, mas Marley 
não sabia qual escolher. Todos eram enormes. E muito caros. Não queria nem saber 
quanto custavam.
      —Você não gosta deste?
      Para   sua   surpresa,   Chrysander   tinha   escolhido   precisamente   o   que   mais   ela 
gostou. Era um solitário com uma safira rodeada de diamantes, um pouco menor que os 
outros, mas ficava perfeito. E, de repente, não queria tirá­lo.
—Você gosta dele. —disse ele.
      —Sim, eu adorei. Mas se preferir outro, não me importa.
      —Ficamos com este. —disse Chrysander ao joalheiro.
      Enquanto o acompanhava de volta ao helicóptero, Marley foi à cozinha comer algo. 
Mas, antes que pudesse abrir a geladeira, ouviu a voz de seu noivo:

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Pedi   ao   piloto  do   helicóptero   que   volte   dentro   de   uma   hora.  Se   estiver  bem, 
poderíamos ir visitar as ruínas do templo de Apolo.
      —Ah, eu adoraria. —disse ela, jogando os braços ao redor do seu pescoço.
      —Perdoa­me por não ser nada divertido?
      —Sim, perdoo você. Mas tenho que ir me trocar.
      —Pela tarde faz frio, assim deveria vestir um pulôver.
      —Muito bem.
      —Espera um momento —disse Chrysander, puxando seu braço— Suponho que 
mereço uma recompensa.
      —Sim, suponho que poderia te dar uma pequena.
      Quando ele se apoderou de sua boca, Marley se derreteu. E um gemido escapou  
de sua garganta quando o beijo se tornou mais apaixonado.
      —Será melhor que subamos para nos trocar ou não iremos a nenhum lugar… mais 
que à cama.
      Ela sorriu enquanto ele a puxava pelo braço para subir a escada.
      Pouco mais de uma hora depois aterrissavam em Corinto. Um carro com chofer 
estava esperando­os, o qual não era nenhuma surpresa.
      —É que não sabe conduzir?
      —Sim, sei conduzir. —riu Chrysander.
      —Eu nunca o vi dirigindo. Bom, quero dizer…
      —Não quero fazê­lo porque sempre estou muito ocupado. Mas tenho carro aqui e 
em Nova Iorque.
      Passaram grande parte da manhã passeando entre as ruínas do antigo templo. 
Chrysander   lhe   explicou   a   história,   mas   ela   estava   mais   concentrada   no   lindo   dia   de 
outono   e   em   que   estavam   juntos.   Sem   ajudantes   pessoais,   sem   médicos,   sem 
enfermeiras, sem contratos para assinar. Em uma palavra, o dia perfeito.
      —Não está me escutando, pedhaki mou.
      —Ah, perdoa. É que a vista daqui é tão bonita…
      —Quer que voltemos para a ilha? Espero que não esteja cansada.
      —Não, estou perfeitamente bem. —sorriu Marley— Bom, conte­me algo sobre sua 
família. Não me disse nada sobre eles.
      —O que quer saber?
      —Não sei… tudo, suponho. Seus pais vivem?
      Chrysander afastou o olhar.
      —Morreram faz uns anos em um acidente de navio.
      —Sinto muito.
      —Foi há muito tempo, não se preocupe. —disse ele, bruscamente.
      Marley estava a ponto de trocar de assunto quando soou o celular de Chrysander  
que, suspirando, tirou­o do bolso e olhou a tela.
      —Alô, Roslyn.

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      Marley apertou os lábios. Aquela mulher devia ter um radar, pensou.
      —Ligue para Piers para perguntar como vão as coisas no hotel do Rio de Janeiro e 
me ligue com o que for… não, não sei quando voltaremos para Nova Iorque —Chrysander 
a olhou então e Marley teve a impressão de que estavam falando dela— Não, é óbvio que 
não. Agradeço muito sua preocupação, Roslyn. Você será a primeira em saber quando 
sairmos da ilha.
      Marley afastou o olhar, aborrecida. E quando voltou a guardar o celular no bolso, 
Chrysander parecia mal­humorado.
      —Sinto a interrupção. Do que estávamos falando?
      —Fale­me dos hotéis da cadeia Anetakis. —disse ela impulsivamente.
      A expressão de Chrysander se tornou sombria, aterradora.
      —O que quer saber?
      —Não sei… o Imperial Park é um deles, não?
      —Sim, claro.
      —Em que outras cidades têm hotéis? Ouvi você dizer algo sobre Rio de Janeiro.
      Chrysander parecia zangado e Marley se perguntou por que. Não queria falar de 
trabalho com ela?
      —Temos hotéis na maioria das cidades importantes do mundo. Os maiores estão 
em Nova Iorque, Tóquio, Londres e Madri, mas temos muitos mais na Europa e estamos 
trabalhando na construção de um no Rio de Janeiro.
      —Não têm um hotel em Paris? Eu gostaria que tivessem um ali… não sei por que.
      Chrysander a olhou com uma expressão gelada. Parecia furioso.
      —Não, não temos um hotel em Paris.
      Marley não entendia nada. Não entendia sua expressão quando lhe perguntou por 
seus pais nem sua ira quando lhe perguntou pelos hotéis… não sabia de que assunto 
falar.
      —Talvez tenha razão, deveríamos voltar para a ilha. —murmurou, virando­se volta. 
Mas o movimento foi muito brusco e, de repente, lhe dobraram os joelhos… e tudo se 
tornou negro.
     
     
      Quando Marley voltou a si, a primeira coisa que ouviu foi a alguém muito zangado 
falando em grego. E, ao olhar ao redor, deu­se conta de que estava em um hospital.
      Chrysander estava de costas, interrogando a um homem com jaleco branco
      —Chrysander…
      Ele virou­se imediatamente.
      —Como está? —perguntou­lhe, apertando sua mão.
      —Bem, acredito.
      —Beba isto, senhorita Jameson. Teve uma queda de pressão e um pouco de suco 
a fará bem.

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Série No Amor e na Guerra 1

      Chrysander tomou o copo com uma mão e, com a outra, ajudou­a a levantar­se da 
maca.
      —Quando comeu pela última vez, senhorita Jameson?
      —A verdade é que mal tomei nada no café da manhã.
      —E tampouco jantou muito —lhe recordou Chrysander— Não deveria tê­la levado 
às ruínas. Sabia que não tinha comido nada…
      —Não   é  sua   culpa  —sorriu  Marley— Deveria  ter comido   algo   antes  de   sair de 
casa.
      —Minha obrigação é cuidar de você e de nosso filho.
      O médico limpou a garganta.
      —Sim, enfim, não aconteceu nada. Uma boa comida e estará como nova. Mas 
sugiro que permaneça deitada durante o resto do dia, para não arriscar­se.
      —Eu me encarregarei disso. —disse Chrysander.
      Marley suspirou, resignada.
      —Podemos ir para casa?
      —Sim, sim, claro.
      Durante   a   viagem   até   o   heliporto,   Chrysander   ia   acariciando   seu   braço   e 
murmurando   palavras   em   grego   que   Marley   não   entendia,   mas   lhe   resultavam 
consoladoras.
      —Dorme um pouco, pedhaki mou. —lhe disse, uma vez no helicóptero.
      Quando os sinais da hélice do helicóptero começaram a dar voltas, Marley fechou 
os olhos e apoiou a cabeça em seu ombro, mas não podia dormir.
      Quando   chegaram   em   casa,   Patrice   tinha   a   comida   feita   e   o   doutor   Karounis  
estava esperando para medir a pressão. E só depois de comprovar que tudo estava bem 
os deixaram sozinhos.
      —Não pode saltar as refeições. —a repreendeu Chrysander.
      —Não pensava saltar nenhuma. É que não me dei conta.
      —Eu me encarregarei de que não volte a acontecer.
      Marley levantou uma sobrancelha.
      —Ah, já vejo que tornamos a ser divertidos.
      Chrysander   não   se   incomodou   em   responder,   mas   ela   não   pensava   deixar   o 
assunto.
      —Antes, quando estávamos nas ruínas, por que se zangou tanto?
      —Por nada. Só estava pensando no trabalho.
      Marley sabia que não era verdade, mas decidiu não seguir perguntando. E, quando 
terminou   de   comer,   Chrysander   a   levou   nos   braços   ao   dormitório   apesar   de   seus 
protestos.
      Deixou­a  sobre   a  cama  e,  metodicamente,  tirou­lhe   a  roupa,  deixando­a  com  o 
sutiã e a calcinha.
      —Fica comigo —sugeriu ela— Poderíamos tirar um cochilo juntos.

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Série No Amor e na Guerra 1

      Se   a   expressão   de   Chrysander   não   fosse   a   de   um   homem   torturado   teria 


começado a rir. Mas, por fim, em silêncio, despiu­se até ficar de cueca.
      —Quer um pijama? Não acredito que esteja cômoda dormindo com o sutiã posto.
      —Sim, bom… a camisola que deixei no banheiro.
      Chrysander   voltou   com   a   camisola   e   ele   mesmo   a   ajudou   a   tirar   o   sutiã.   Mas 
Marley notou que lhe tremiam um pouco as mãos.
      —Melhor?
      —Sim, muito melhor. —respondeu ela.
      Deitaram­se juntos na cama, Chrysander detrás dela, e Marley se moveu um pouco 
para encontrar uma postura mais cômoda. Ao notar que roçava sua virilha com o traseiro 
tentou afastar­se…
      —Não se mova. —disse Chrysander com voz rouca.
      Assim que pôs o braço sobre sua cintura, o sono desapareceu por completo. Ele 
acariciava   seu   cabelo,   murmurando   palavras   em   grego,   e   Marley   suspirou,   contente. 
Estava surpreendida por quão feliz se sentia e sabia que a emoção com a que estava 
lutando era o amor.
      Amava­o.
      Isso a surpreendeu, mas, agora que o tinha reconhecido, dava­se conta de que 
não   o   tinha   sabido   quando   saiu   do   hospital.   Não   deveria   ter   sentido   algo   ao   vê­lo?, 
perguntou­se.
      Chrysander   Anetakis   era   um   homem   complicado,   certamente.   Complexo   e 
reservado. Bom, se tinha conseguido derrubar suas barreiras uma vez, estava segura de  
que voltaria a ser capaz de fazê­lo.
      De modo que fechou os olhos e tentou dormir, sentindo o calor de Chrysander às 
suas costas.

Capítulo 8

      Marley sentiu o toque de uns lábios sobre seus seios e, quando abriu os olhos, viu 
a cabeça escura de Chrysander.
      —É uma maneira muito agradável de despertar. —murmurou.
      Ele levantou a cabeça, olhando­a com seus olhos dourados.
      —Como se encontra, pedhaki mou?
      —Muito melhor. Estou satisfeita e tive um bom sono. Que mais poderia desejar 
uma mulher grávida?
      —Nosso filho não dormiu muito. —disse Chrysander, passando uma mão por seu 
abdômen.
      —Não,   está   muito   ativo   ultimamente.  O  ginecologista  me   disse   que   se   moviam 

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Série No Amor e na Guerra 1

mais no segundo trimestre.
      —No terceiro trimestre não se movem?
      —Sim, mas não muito porque não têm tanto lugar.
      —Então será mais fácil você descansar.
      Marley bocejou, tampando a boca com a mão.
      —Espero.
      —Continua cansada.
      —Estou   grávida,   assim   acredito   que   continuarei   cansada   durante   os   próximos 
dezoito anos. Mas me sinto muito melhor. Sério, Chrysander. Venha, vamos levantar­nos.
      —Por que  tem tanta   pressa  por se  levantar?  Eu  gostaria   de  ficar  na  cama  até 
amanhã. —sorriu ele, acariciando seus seios.
      Era como massa entre suas mãos, pensou. Se Chrysander respirava perto dela, 
derretia­se. De modo que, jogando os braços ao redor do seu pescoço, procurou seus 
lábios ansiosamente. Podia sentir sua ereção roçando­a e sabia que a desejava tanto 
como o desejava ela…
      Mas, de repente, Chrysander saltou da cama e Marley o olhou, desconcertada.
      —Hoje você passou muito mal, agape mou. Não quero cansá­la mais.
      Parecia tão surpreso como ela pelo carinhoso termo, mas, sem dizer nada mais, 
entrou no quarto de vestir.
      Marley não falava grego, mas sabia que agape mou significava “meu amor”. A tinha 
chamado “meu amor” e, embora lhe pareceu enternecedor, estava claro que tinha sido  
sem dar­se conta.
      Mas   o   havia   dito.   Não   saber   o   que   sentia   por   ela   e   por   que   se   mostrava   tão 
distante a tinha surpreendido desde o começo. Era por seu problema de memória? Temia 
que seus sentimentos por ele não fossem válidos enquanto o considerasse um estranho?
      Marley   tinha   se   concentrado   em   seus   problemas,   mas   era   evidente   que 
Chrysander também estava passando maus momentos.
      Se pudesse recordar algo… se pudesse lhe dizer que o amava, recordasse ou não 
havê­lo amado no passado.
      Quão   único   podia   fazer   era   demonstrar­lhe   pensou.   E   rezar   para   recuperar   a 
memória o antes possível.
     
     
      Chrysander estava em seu escritório, olhando o mar da janela. Marley estava na 
borda,   os   pés   descalços   dentro   da   água.   Ele   a   vigiava   e   tinha   pedido   ao   serviço   de 
segurança que fizesse o mesmo. Não queria arriscar­se depois da queda de pressão do 
dia anterior.
      Alguns minutos antes tinha falado com o detetive encarregado de seu caso, mas 
ainda não tinham detido ninguém. Os homens que a sequestraram seguiam livres, de 
modo que continuava havendo perigo para ela e para seu filho.

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Série No Amor e na Guerra 1

      O detetive tinha prometido manter­se em contato e informá­lo assim que tivessem 
alguma pista, mas Chrysander não estava satisfeito. Ele queria resultados, queria que os 
homens que haviam machucado Marley pagassem por isso.
      De   novo,   voltou   a   olhar   pela   janela.   Marley   estava   rindo   enquanto   afastava   o 
cabelo de seu rosto e o impacto de sua risada o golpeou no plexo solar como um murro.
      Recordava   outros   tempos,   quando   eram   felizes   juntos.   Então   não   o   tinha 
apreciado, mas sua relação… agora admitia que tinham uma relação, tinha sido aberta, 
carinhosa, nada exigente.
      Por   que   o   teria   traído   Marley?   Quase   teria   preferido   que   o   traísse   com   outro 
homem. Mas não, tinha ido por sua família, por seus irmãos. E isso não podia perdoar.
      Ou sim?
      Seguia furioso com ela pelo que tinha feito, mas estava disposto a seguir adiante,  
esquecer e começar de novo. Talvez Marley nunca recordasse o que aconteceu, se fosse 
sincero consigo mesmo, tudo seria mais fácil se fosse assim.
      Sabia que estava sendo exageradamente protetor e que isso a incomodava, mas 
que seus sequestradores seguissem livres… e, sobretudo, não saber por que ou para que 
a tinham sequestrado, significava que o perigo seguia estando ali.
      Marley era dele e tinha falhado com ela. Tinha enviado a ela e a seu filho às mãos 
desses sequestradores porque deixou que a emoção nublasse seu bom julgamento.
      Chrysander se voltou, irritado, quando soou o telefone.
      —Senhor Anetakis. —ouviu a voz de Roslyn.
      —Diga, Roslyn, falou com Piers sobre o projeto do Rio de Janeiro?
      —Sim, claro. E me pediu que lhe dissesse que se você atendesse ao telefone, o 
diria pessoalmente.
      Chrysander soltou uma gargalhada.
      —Sim, bom, era de esperar.
      —Querem falar com você manhã as sete, por videoconferência. Theron e Piers 
também estarão na linha, mas o senhor Diego quer falar pessoalmente com você.
      —De acordo.
      —Como vai tudo na ilha?
      —Bem —respondeu Chrysander, olhando Marley de novo.
      —Recuperou a memória?
      —Não.
      Ao outro lado da linha houve um silêncio.
      —Ocorreu­lhe pensar que poderia estar fingindo?
      —O que?
      —Pense   nisso,   senhor   Anetakis.   Que   melhor   maneira   de   voltar   com   você   que 
fingindo   não   recordar  nada?   Nem   sequer   pode   estar  seguro   de   que   o   filho   seja   seu.  
Esteve sequestrada durante meses… quem sabe o que pôde ter acontecido?
      —Já chega! —exclamou Chrysander.

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Mas…
      —Já disse mais que suficiente.
      —Como   quiser.   Chamarei­o   por   telefone   se   houver   alguma   mudança   sobre   a 
conferência de amanhã.
      Depois de desligar, Chrysander olhou para a praia, mas Marley tinha desaparecido. 
Poderia ter Roslyn razão? A ideia lhe tinha ocorrido mais de uma vez, mas o instinto lhe 
dizia que não. Claro que com Marley se equivocou completamente. E sabia que era capaz 
de traí­lo.
      Nervoso, passou uma mão pelo rosto. Não importava o que ele pensasse. Ia ter um 
filho dele e isso era o mais importante.
      Um ruído fez que voltasse a cabeça então. Marley estava no batente da porta, com 
um sorriso nos lábios e os olhos brilhantes de felicidade.
      —Já se cansou da praia?
      —Sim.
      —Parece que teve bons momentos. Como se encontra?
      —Perfeitamente. —respondeu ela, aproximando­se da escrivaninha.
      Chrysander esteve a ponto de lhe pedir que se sentasse em seus joelhos, mas não 
o fez porque precisava distanciar­se.
      —Tem certeza que está bem?
      —Preocupa­se muito. Não preciso que cuide de mim como se fosse uma menina 
pequena. Qualquer um diria que sou a primeira mulher no mundo que fica grávida.
      —É a primeira mulher que vai ter meu filho.
      —Também   para   mim   é   a   primeira   vez   —riu   ela—   E   te   permito   muitas   coisas 
porque este é nosso primeiro filho. Mas quando tivermos outro, espero que aja como um 
homem sensato.
      Chrysander   apertou   os   lábios.   Outro   filho.   Continuar   juntos,   uma   relação 
duradoura…
      Sim, tinha intenção de lhe pedir que se casasse com ele, mas não tinha pensado 
no que isso significava.
      Um lugar permanente para ela em sua vida. Mais filhos.
      Teriam razão seus irmãos? Deveria tê­la instalado em um apartamento, contratar 
empregados que a atendessem até que nascesse a criança e logo afastá­la de sua vida?
      —O que acontece, Chrysander?
      Marley   o   olhava   com   os   olhos   cheios   de   preocupação.   Uma   preocupação 
autêntica, não fingida.
      —Nada, pedhaki mou, não me acontece nada.
      —É que não quer ter mais filhos?
      Ele inclinou a um lado a cabeça.
      —A verdade é que não tinha pensado nisso.
      —Não o falamos alguma vez? Eu não estou segura de tudo, mas acredito que eu 

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gostaria de ter mais de um.
      Chrysander se levantou para lhe dar um beijo na testa.
      —É   melhor   que   não   nos  preocupemos  disso   agora.   Temos   muito   tempo.   Além 
disso, primeiro tem que se casar comigo. Vamos esperar que nasça a criança antes de ter 
uma família numerosa.
      Um lindo e cativante sorriso iluminou o rosto de Marley, deixando­o sem fôlego.
      —Isso soa muito bem.
      —O que?
      —Ter   uma   família   numerosa.   Saber   que   você   e   eu   vamos   formar   uma   família 
significa muito para mim. Às vezes me sinto tão só… como se sempre tivesse estado 
sozinha.
      —Não está sozinha —disse ele, acariciando seu cabelo—Tem a mim, tem a nosso 
filho.
      Era uma promessa. E uma promessa que não lamentou fazer. Uma parte dele se 
perguntava por que se comprometia com uma mulher que lhe havia feito tanto dano… 
mas uma mulher a que não podia arrancar de seus braços.
      —Deveria   descansar   —suspirou,   apertando   uma   campainha—   Vou   chamar   a 
senhora Cahill para que a acompanhe ao quarto…
      —Estou mais que descansada. O passeio pela praia foi muito refrescante.
      —Mas poderia se deitar um momento. Não seria pouco razoável, não te parece? 
Eu tenho que terminar algumas coisas aqui e logo jantaremos juntos.
      Marley   assentiu   com   a   cabeça   enquanto   saía   do   estúdio.   E   no   corredor   se 
encontrou com Patrice.
      —Quer subir ao quarto?
      —Se   Chrysander   voltar   a   me   dizer   que   descanse   vou   asfixiá­lo   com   um 
travesseiro!
      —Entendo você. Quer tomar uma xícara de chá no terraço? —riu a enfermeira.
      —Ah, sim, isso soa muito melhor.
      —Espero que não se importe que o doutor Karounis tome o chá conosco —disse 
Patrice então, ficando um pouco vermelha.
      —Não, claro que não. —sorriu Marley, deixando­se cair sobre uma das cadeiras do 
jardim.
      Enquanto a enfermeira ia à cozinha, ela ficou pensativa. Cada vez que Chrysander 
dava um passo adiante e se mostrava carinhoso com ela, logo dava um passo atrás. 
Estava   convencida   de   que   Patrice   e   o   doutor   Karounis   estavam   ali   mais   como   uma 
barreira entre os dois que para cuidar dela.
      Nada   em   sua   suposta   relação   com   aquele   homem   tinha   sentido.   Se   pudesse 
recordar… se pudesse perguntar a alguém. De verdade tinha estado tão presa naquela 
relação que não tinha nem um só amigo? Era loucura.
      —Parece como se levasse o peso do mundo sobre os ombros. —ouviu a voz de 

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Patrice a seu lado.
      —Não, não me acontece nada. Estava pensando.
      O doutor Karounis apareceu um segundo depois e, apesar de suas preocupações, 
Marley não pôde evitar um sorriso ao olhar o casal. Evidentemente estavam se cortejando 
e era agradável ver alguém tão feliz. Ela daria o que fosse por desfrutar de um momento 
de paz.
      Suspirando,   tomou   sua   xícara   e   a   levou   aos   lábios   enquanto   olhava   o   jardim. 
Talvez esperasse muito em tão pouco tempo, disse a si mesma. Mas tantas coisas se 
resolveriam se recordasse algo…
      Em qualquer caso, não ia ocorrer um milagre de repente. E devia haver alguma 
maneira de romper as defesas de Chrysander. Só tinha que encontrá­la.

Capítulo 9

      Os dias e as noites se converteram em uma agradável rotina. Uma vez seguro de 
que se encontrava bem, Chrysander fazia amor com ela todas as noites, possuindo­a com 
uma paixão que a deixava sem fôlego. Mas, pelas manhãs, sempre tinha ido antes que 
ela despertasse.
      Frequentemente   o   encontrava   no   estúdio,   falando   por   telefone,   trabalhando   no 
computador ou assinando contratos que lhe chegavam por fax. Chrysander levantava o 
olhar ao ouvi­la entrar e, durante uns segundos, via um brilho ardente em seus olhos… 
mas em seguida se controlava e, depois de murmurar um amável “bom dia”, voltava a 
trabalhar.
      De modo  que Marley passava as manhãs só  ou  em companhia de  Patrice  e o 
doutor   Karounis.   Na   hora   de   comer,   Chrysander   saía   de   seu   estúdio   por   fim.   E, 
felizmente, dedicava as tardes a ela.
      Marley estava acostumada a convencê­lo para que fossem dar um passeio pela 
praia   e,   embora   ele   estivesse   acostumado   a   protestar   porque   fazia   frio   e   porque   ia 
cansar­se, ao final aceitava. Ela esperava ansiosamente aquele momento do dia porque, 
durante essas horas, Chrysander parecia perder sua reserva.
      Foi   durante   um   desses   passeios   quando   Chrysander   disse   algo   que   a 
surpreendeu:
      —Deveríamos nos casar o quanto antes possível.
      Marley   começou   a   brincar   com   seu   anel,   perguntando­se   por   que   não   parecia 
absolutamente feliz.
      —Por que tem tanta pressa?
      —Queria que se recuperasse e o médico diz que agora está muito bem.
      —E quando quer que nos casemos?

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Assim que puder solucionar tudo. Não  quero  que nosso filho  nasça antes do 


casamento.
      Marley o olhou, surpreendida. Não era uma declaração romântica precisamente. 
Mas tampouco ela queria que a criança nascesse antes que se casassem.
      —Quer se casar comigo, pedhaki mou? Eu cuidarei de você e da criança. Não lhes 
faltará de nada, prometo­lhe isso.
      Ela   teve   que   fazer   um  esforço   para   mostrar  uma   cara   agradável.  Quanto   mais 
falava,   menos   desejava   esse   casamento.   Dizia­o   como   se   fosse…   um   contrato,   um 
acordo. E ela não queria que seu matrimônio fosse isso.
      Chrysander levantou seu queixo com um dedo para olhá­la nos olhos.
      —No que pensa?
      —Em nada. —mentiu ela, para não magoá­lo.
      —Isso é um sim?
      —Sim —sussurrou Marley— Casarei com você assim que tudo estiver arrumado.
      Satisfeito, Chrysander se inclinou para beijar seus lábios.
      —Não se arrependerá, pedhaki mou.
      Que estranha aquela frase. Por que ia se arrepender de casar­se com o homem 
com o qual estava comprometida e de quem esperava um filho? Marley se perguntou 
então   se   sempre   seria   tão   crítico   e   se   ela   teria   aprendido   a   amá­lo   apesar   disso. 
Evidentemente, assim era.
      Enquanto   voltavam   para   a   casa,   Marley   tomou   sua   mão,   possivelmente   como 
consolo.   E,   depois  de   uma   breve   vacilação,   Chrysander   enredou   seus   dedos  com  os 
seus. Animada por tão pequeno gesto, Marley decidiu esquecer todas suas dúvidas.
     
     
      Essa   noite,   enquanto   vestia   a   camisola,   Chrysander   apareceu   atrás   dela   e   a 
segurou pela cintura, apoiando as mãos em seu volumoso ventre.
      —Prefiro você nua, pedhaki mou, —murmurou, puxando camisola que acabava de 
vestir.
      Essas   palavras,   e   esse   gesto,   despertaram   uma   lembrança   distante.   Por   um 
momento, viu uma imagem de Chrysander diante dela, olhando­a, dizendo essas mesmas 
palavras. Tentou recordar algo mais, mas a imagem desapareceu tão rápido como tinha 
aparecido.
      A camisola caiu a seus pés e Marley ficou imóvel, um pouco insegura e tímida ao 
estar só com as calcinhas. Sentiu um calafrio quando Chrysander voltou a pôr as mãos 
em seu abdômen, as deslizando logo para cima para acariciar seus seios. E tremeu de 
forma incontrolável enquanto acariciava seus mamilos com a ponta do polegar.
      —Desejo você. —disse com voz rouca— É tão linda, agape mou. Venha para a 
cama comigo.
      Era tão fácil esquecer suas dúvidas e inseguranças no refúgio de seus braços. 

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Quando   faziam   amor   se   conectavam   por   completo.   Não   havia   mais   barreiras,   nem 
momentos incômodos, nem frieza alguma. Vivia para esses momentos, quando a fazia 
dele, quando lhe demonstrava com gestos o que não parecia capaz de lhe demonstrar 
com palavras.
      —Beije­me.  —sussurrou.
      Deixando escapar um gemido rouco, Chrysander a tomou nos braços e capturou 
seus   lábios.   Seus   movimentos   eram   impacientes   essa   noite,   como   se   não   pudesse 
esperar para possuí­la.
      Levou­a a cama e, sem deixar de beijá­la, tirou­lhe a roupa a puxões com mãos 
trêmulas.
      —Faça amor comigo, Chrysander. —murmurou ela.
      Os lábios de Chrysander foram de sua boca a seu pescoço e logo a seus seios 
para puxar um mamilo com os lábios, o toque de sua língua na ponta enviando ondas de 
prazer por todo seu corpo.
      Marley via sua escura cabeça movendo­se para baixo e então, de repente, tomou 
seu monte de Vênus entre as mãos com uma reverência que a emocionou. E pôs a boca 
em  seu   estômago,   depositando   nele   um   beijo   suave   como   o   roce   de   uma   cortina   de 
seda…
      Se   pudessem   estar   sempre   assim…   sem   palavras,   sem   defesas,   sentindo­se 
amada. Sem barreiras, sem segredos.
      Marley deixou escapar um gemido quando ele separou suas pernas com um joelho  
e inclinou a cabeça para acariciá­la com a boca.
      —Chrysander… —murmurou, enquanto ele lambia o casulo escondido.
      —Seu sabor é tão doce, agape mou.
      Logo se colocou em cima e, pouco a pouco, deslizou­se dentro dela. Fechando os 
olhos, Marley moveu a mão para acariciar suas costas, engolindo um gemido quando se 
enterrou mais profundamente que nunca.
      —Dê­me seu prazer —murmurou sobre sua boca— Só a mim.
      Ela se arqueou, ficando tensa ante as primeiras convulsões do orgasmo. Quando 
chegou ao final, Chrysander a apertou contra seu peito com força, deslizando uma mão 
por seus flancos.
      —Não   me   canso   de   você.   —admitiu,   com   um   tom   que   soava   estranhamente 
vulnerável.
      Mas a  olhava  com uma  expressão  feroz, sombria. E logo começou  a  mover­se 
mais depressa, com mais urgência, levando­a a um precipício onde ela flutuava, feliz.
      Assim começou a noite. Mal tinha descido do céu quando Chrysander começou a 
lhe fazer amor de novo. Amava­a sem descanso, de maneira insaciável, como um homem 
possuído até que, pouco antes de amanhecer, os dois ficaram adormecidos.
      E   embora   Marley   estivesse   eufórica   depois   dessa   noite,   seu   sonho   não   era 
tranquilo. Havia certa familiaridade nessa maneira de fazer amor, nessa urgência, como 

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se pela primeira vez lhe tivesse mostrado parte de sua vida passada com ele.
      Em seus sonhos, tentava abrir uma porta, sabendo que ao outro lado estava sua 
vida   passada,   suas   lembranças,   tudo   o   que   lhe   tinha   ocorrido.   Puxava   a   porta, 
empurrava­a, arranhava­a, golpeava­a com os punhos até que, por fim, conseguiu abri­la 
um pouco. Saía um raio de luz pela fresta, mas então, de repente, Marley experimentava 
uma sensação de angústia, de medo e desespero.
      Sabia sem a menor dúvida que não queria ver o que havia ao outro lado.
      Aturdida,   soltava   a   porta,   que   se   fechava   sozinha   de   repente.   Não!   Tinha   que 
saber. Quem era ela e o que lhe tinha passado?
      —Marley,   Marley!   —a   voz   de   Chrysander   interrompeu   seu   sonho—   Acorda, 
pedhaki mou. É só um pesadelo, não acontece nada. Está comigo.
      Ela   abriu   os   olhos,   aturdida.   Chrysander   tinha   acendido   um   dos   abajures   e   a 
olhava com cara de preocupação. Mas se sentia terrivelmente angustiada e, ao notar algo 
úmido rodando por seu rosto, deu­se conta de que estava chorando. Não era capaz de 
dissipar a sensação de pânico que a embargava…
      Tentou falar, lhe dizer que estava bem, mas um soluço escapou de sua garganta e 
Chrysander a abraçou, apertando­a contra seu coração.
      —Vai ficar doente, querida. Deixa de chorar.
          Marley  se   agarrou   a   ele   como   se   temesse   soltá­lo   e,   quando   por  fim   conseguiu 
recuperar o controle, Chrysander se afastou um pouco para olhá­la nos olhos.
      —O que te deu tanto medo, agape mou?
         As imagens do sonho voltaram de repente, mas desta vez Marley tentou lhes dar 
sentido. Felizmente, o pânico começava a desaparecer.
      —Estava   em   frente   a   uma   porta   e   sabia   que   ao   outro   lado…   estavam   minhas 
lembranças. Mas não podia abri­la por muito que o tentasse. Por fim consegui abri­la um  
pouco, mas…
      —Mas o que?
      —Dava­me medo. Pânico —suspirou ela— Então soltava a porta e se fechava de 
repente.
      —Só foi um sonho, pedhaki mou —murmurou ele, acariciando seu cabelo— Não 
passa nada. Tinha medo ao desconhecido, é natural.
      Pouco a pouco, Marley começou a relaxar entre seus braços.
      —Está bem? Quer que chame o doutor Karounis?
      —Não, estou bem. Agora me sinto como uma boba.
      —Não   é   uma   boba.   Venha,   tenta   dormir   um   pouco.   Foi   minha   culpa   por   tê­la 
deixado acordada até tão tarde.
      Marley apoiou a cabeça sobre seu peito e se deixou cair no que, desta vez, foi um 
sonho sem sobressaltos.
     
     

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Série No Amor e na Guerra 1

      Chrysander se levantou ao amanhecer. Não tinha dormido nada desde que Marley 
teve o pesadelo. Depois de acalmá­la tinha estado acordado olhando o teto, pensando na 
impossibilidade de sua situação.
      Com cuidado para não despertá­la, entrou no banheiro para tomar banho e, depois 
de   comprovar   que   seguia   adormecida,   desceu   ao   primeiro   piso.   Mas   não   entrou   no 
estúdio como estava acostumado a fazer cada manhã.
      Algo o empurrava para a praia. Fazia frio, mas não se dava conta enquanto olhava 
as ondas golpeando a areia.
      O   passado   de   Marley,   o   passado   dos   dois,   tinha   ameaçado   seu   sono.   O   que 
aconteceria quando recordasse tudo o que tinha ocorrido?
      Esse terrível conflito estava deixando­o esgotado. Mas seria tão fácil esquecer. Ali, 
na ilha, longe do resto do mundo, seria fácil acreditar que eram só Marley, seu filho e ele. 
Sem passado, sem traições, sem mentiras.
      Colocando as mãos nos bolsos da calça, Chrysander inclinou a cabeça, resignado. 
Nunca em sua vida pessoal ou profissional havia parecido tão… desconcertado. Poderia 
perdoá­la por tentar destruí­lo, a ele e a seus irmãos? Essa era a pergunta para a qual 
devia encontrar resposta. Porque se não encontrava a resposta não haveria futuro para 
eles.   Quando   Marley   recordasse,   tudo   mudaria   de   maneira   irrevogável.   Ele   poderia 
agarrar­se a seu amargo engano… ou lhe oferecer seu perdão.
      Theos mou, pensou, não tinha respostas. Não sabia se poderia ser tão generoso. 
Desejava­a, certamente, sentia­se atraído por ela até conhecendo seu engano. E estava 
grávida   de   seu  filho.  Mas de   verdade   podia   dizer  que   se  não   estivesse   grávida   seria 
capaz de afastar­se de seu lado?
      De   repente,   Marley  o  abraçou  por  trás   e,  sem  pensar,   Chrysander   cobriu   suas 
mãos com as suas. Sentia sua bochecha apertada contra suas costas e a sensação era 
tão prazerosa…
      Mas quando deu a volta ela o olhava com cara de preocupação.
      —Passei pelo estúdio, mas não estava e me preocupei.
      —Por quê?
      —Porque sempre está em seu estúdio pela manhã. E ao não encontra­lo na casa 
pensei… que tinha ido embora.
      —Não penso ir a nenhuma parte sem lhe dizer isso pedhaki mou.
      Mostrou­se tão distante, tão frio, que isso era o que Marley pensava dele? Embora 
era  lógico. Entre   a  senhora   Cahill  e  o  doutor Karounis tinha   levantado  um  verdadeiro 
arsenal de gente entre os dois.
      —Quer que demos um passeio? —perguntou­lhe Marley— Eu gosto de passear 
pelas manhãs.
      —Não deveria estar descansando?
      Marley deu um passo atrás.
      —Se não gosta de estar comigo só tem que dizê­lo.

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      —Eu não…
      —Deixa de me dizer que preciso descansar porque não é verdade —lhe espetou 
ela, antes de virar­se.
      —Marley, espera! —Chrysander a puxou pelo braço.
      —Vá, faz o que tenha que fazer. Eu esperarei meu encontro com você pela tarde.
      —Você não é um compromisso.
      —Ah, não? Tentei ser paciente, entender… embora seja incapaz de entender esta 
nossa relação e estou cansada de tentá­lo. Estou morta de medo, Chrysander. Não sei 
quem sou. Um dia me acordei e estou grávida de um homem ao qual não conheço. Meu 
noivo   deveria   me   amar,   desejar   estar   comigo   em   todas   as   horas,   mas   nada   em   seu  
comportamento me faz pensar isso. Um momento está alegre, ao momento seguinte me 
separa de seu lado… e não posso continuar assim.
      Algo dentro de Chrysander se encolheu, apertando­o de tal modo que o impedia de 
respirar.
      —O que está dizendo?
      —Por que vai se casar comigo? É pelo bebê?
      —Olhe, vamos deixar isso. Está cansada…
      —Não estou cansada! —exclamou Marley— E quero que deixe de se comportar 
como se fosse meu pai porque não é. Nem sequer acredito que esteja tão preocupado por 
mim… só é uma barreira por trás da qual pode se esconder cada vez que começo a fazer 
perguntas.
      Chrysander abriu a boca para protestar, mas não o fez. Não podia negar o que era 
verdade. Mesmo assim, não queria que se aborrecesse porque isso não podia ser bom 
para a criança.
      —O que há em meu passado que me dá tanto medo? O sonho de ontem à noite 
me aterrorizou e despertei esta manhã assustada outra vez. Mas não porque não recorde 
nada mas sim porque me dá medo recordar. Diga­me isso Chrysander. Tenho que sabê­
lo. O que havia entre nós antes que perdesse a memória? Estávamos apaixonados?
      Ele se voltou para olhar as ondas, colocando as mãos nos bolsos da calça.
      —Trabalhava para mim.
      —Eu trabalhava para você… em algum dos hotéis?
      —Não, nos escritórios. Foi minha ajudante.
      Marley o olhou, surpreendida.
      —Mas Roslyn é sua ajudante e parece muito cômoda fazendo esse papel. Como 
se levasse anos fazendo­o.
      —Não foi minha ajudante durante muito tempo —sorriu Chrysander— Eu estava 
desejando tê­la em minha cama e a convenci para que deixasse seu posto… porque me 
distraía.
      Marley não pareceu muito contente com tal afirmação.
      —De modo que tem por costume me pôr no lugar que mais o convém. E eu permiti 

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isso? Eu deixei meu trabalho para me deitar com você?
      Chrysander deu de ombros.
      —Parecia tão contente de estar comigo como eu de estar com você.
      Marley levou uma mão protetora ao abdômen.
      —A criança foi algo planejado?
      Ele respirou profundamente. Não havia uma maneira fácil de dizer aquilo:
      —Eu não diria que foi planejado, mas certamente sim foi bem­vindo.
      Essa resposta fez que parecesse ainda mais angustiada.
      —Por que está tão triste esta manhã, pedhaki mou? O que posso fazer para que se 
sinta melhor?
      —Pode deixar de usar a desculpa de minha saúde e a da criança para me tratar 
como se fosse uma inválida. E pode deixar de tratar meu passado como se fosse algo 
que não tenho direito de conhecer.
      Chrysander apertou os lábios.
      —Muito bem. Tentarei me preocupar menos por sua saúde, se isso for o que quer.
      —Isso   é   o   que   quero.   Mas   o   que   de   verdade   desejo   é   que   sejamos   felizes, 
Chrysander. Quero estar segura de qual é meu lugar em sua vida. Quero recordar, mas 
também… quero que me dê algo mais que um pouquinho de seu tempo.
      Ele a olhou, pensativo. Nunca tinha sido tão direta antes de perder a memória. Mas 
teria sentido o mesmo sem dizê­lo? Teriam­lhe doído suas prolongadas ausências?
      —Eu também quero que sejamos felizes. E embora não posso te convencer com 
palavras de qual é seu lugar em minha vida, espero obtê­lo com o tempo.
      O sorriso de Marley o esquentou da cabeça aos pés. Era como ver sair o sol sobre 
o horizonte.
      —Venha, vamos dar um passeio. —disse ela então, tomando sua mão.
      Incapaz de lhe negar nada nesse momento, Chrysander a segurou pela cintura e  
começaram a passear pela praia.

Capítulo 10

      Marley se ajoelhou para arrancar as ervas daninhas do jardim. Como Chrysander 
seguia com seu ritual trabalhista pelas manhãs, ela tinha encontrado outras maneiras de 
passar o tempo… para desgosto do jardineiro, que ia à ilha duas vezes por semana.
      Desde   sua   discussão   na   praia,   Chrysander   tinha   deixado   de   insistir   sobre   que 
alguém a acompanhasse para subir as escadas ou que descansasse todas as horas.
      Embora continuasse trabalhando todas as manhãs, tomava o café da manhã com 
ela e logo, quando voltava para o escritório, começava a diversão para Marley. Cada dia 
encontrava alguma nova maneira de tirá­lo do sério.

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      Aquele dia, quando a encontrou de joelhos no jardim, a tomou nos braços e, sem 
dizer nada, levou­a ao quarto e começou a encher a banheira.
      Marley riu ao vê­lo tão zangado e o escutou com fingida solenidade enquanto lhe 
dizia que não voltasse a pôr em perigo sua saúde. E, é óbvio, decidiu continuar fazendo o 
que estava fazendo assim que Chrysander voltasse a trabalhar.
      Assim começou um jogo divertido entre os dois, embora a única que se divertia era 
Marley porque ele não achava engraçado.
      —Prometi não insistir em que devia descansar, mas você faria um santo perder a 
paciência.
      Como havia feito outras vezes, tirou­lhe a roupa e a meteu na banheira cheia de 
água com espuma. Sabendo que estava olhando­a, Marley desfrutou fazendo­o sofrer  
enquanto   passava   a   esponja   por  cada   centímetro   de   seu   corpo.  E,   quando   terminou, 
olhou­o nos olhos, toda inocência.
      —Que seja tão desejável não te vai servir de nada, pedhaki mou.
      —Bom, pelo menos sou desejável.
      —Por que insiste em me provocar? Está me deixando de cabelo branco dos sustos 
que me dá.
      Marley olhou seu cabelo escuro, sem um só fio grisalho.
      —Pobrezinho. —disse, irônica— É muito velho para suportar os caprichos de uma 
mulher grávida?
      —Eu te demonstrarei quão velho sou —grunhiu Chrysander, tirando­a da banheira 
para secá­la a toda pressa com uma toalha.
      —Evidentemente, necessito que me banhe mais frequentemente. —riu Marley.
      —É   malvada   —murmurou   ele,   deitando­a   na   cama   e   tirando   a   roupa   a   toda 
velocidade.
      Sempre mantinha o controle quando faziam amor e Marley sabia, ou intuía, que 
sempre tinha sido assim. Mas agora tinha um repentino desejo de virar a situação.
      —Quero tocá­lo. —sussurrou, pondo as mãos sobre suas poderosas coxas.
      —Então me toque, agape mou.
      Um   pouco   nervosa,   começou   a   tocá­lo   e   notou   que   ele   se   estremecia.   Mas, 
sentindo­se   mais   audaz,   rodeou   o   membro   masculino   com   os   dedos   e   o   acariciou 
brandamente.
      Embora   tentasse   dissimular,   um   gemido   rouco   tinha   escapado   da   garganta   de 
Chrysander e podia ver que estava suando. Era magnífico, duro, masculino.
      Inclinando­se para diante, Marley depositou um beijo em seu tenso estômago e 
logo seguiu para cima, até chegar aos diminutos e escuros mamilos, deslizando a mão 
pela linha de pelo escuro que se perdia entre suas pernas.
      Sabia o que queria fazer, mas não estava segura de como fazê­lo. E ele deve ter 
notado sua incerteza porque a agarrou pelos quadris para levantá­la.
      —Está me matando, pedhaki mou —sussurrou— É tão doce.

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Série No Amor e na Guerra 1

      Animada   por   sua   aprovação,   Marley   fez   amor   com   ele,   beijando   seu   torso 
enquanto ele guiava seus quadris com as mãos.
      Estava  tremendo   e   sabia   que   logo   ia   chegar  ao   final,   mas  não  ia   sucumbir  se 
Chrysander não sucumbia com ela. Mas Chrysander ficou tenso de repente e apertou 
seus   quadris   com   força.   Marley   se   arqueou   e,   deixando   escapar   um   grito,   o   mundo 
explodiu a seu redor.
      Caiu para diante, mas ele a segurou contra seu peito, acariciando seu cabelo.
      —Você gostou? —perguntou­lhe quando pôde recuperar a voz.
      —Se   continuarmos   assim,   de   verdade   me   converterá   em   um   velho   em   pouco 
tempo —riu Chrysander— Eu gostei tanto que vou deixá­la brincar no jardim amanhã.
      —Oh, que bom é. —Marley tentou dissimular um bocejo.
      —Dorme um momento. Despertarei na hora do jantar.
      —Não preciso dormir. —protestou ela, mas já estava fechando os olhos.
     
     
      Como não queria ser tão previsível, Marley se esqueceu do jardim no dia seguinte 
e optou por banhar­se na piscina climatizada. Enquanto vestia o biquíni que Chrysander 
lhe tinha comprado em Nova Iorque, com calcinha tanga, deu­se conta de que queria 
seduzi­lo. Bom, em realidade já o tinha seduzido. O que queria era que se apaixonasse 
por ela.
      Marley   enrugou   o   cenho   enquanto   se   olhava   ao   espelho.   Não   deveria   ser   ao 
contrário?   Era   ela   quem   tinha   perdido   a   memória.   Não   deveria   ser   Chrysander   que 
tentasse que ela voltasse a se apaixonar?
      Marley o amava, mas não o havia dito em voz alta. Algo a tinha impedido e se  
perguntava o que era.
      Havia certa vacilação nele, como se quisesse manter as distâncias. Além disso, 
Chrysander não havia dito que a amava. Nenhuma só vez.
      Marley suspirou. Se pudesse recordar algo…
      Vestindo um robe de seda em cima do biquíni, desceu ao primeiro piso sem ver 
ninguém e, uma vez na piscina, colocou a mão para provar a água… deliciosa, pensou, 
enquanto descia pela escadinha de metal. Sentia a tentação de mergulhar para chegar ao 
outro lado, mas certamente a brisa seria muito fresca.
      De modo que flutuou prazerosamente de costas, deu várias voltas de lado a lado e 
mergulhou   até   ficar   sem   ar.   Quando   por   fim   tirou   a   cabeça   da   água,   viu   um   par   de 
mocassins de ante a beira da piscina.
      —Está se sentindo bem, pedhaki mou?
      —Muito bem, obrigada.
      —E pensar que eu estava desejando ir buscá­la no jardim…
      —Ajuda­me a sair?
      O pobre inocente lhe ofereceu sua mão, a que Marley se agarrou com as duas 

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Série No Amor e na Guerra 1

delas e, apoiando os pés na parede da piscina, puxou com todas suas forças. Chrysander 
acabou caindo na água e quando tirou a cabeça estava rindo a gargalhadas.
      Mas antes que pudesse vingar­se, Marley tomou a escadinha para sair da água.
      —OH, não, nada disso, trapaceira…
      Ela piscou ao ver o rápido que tinha saído da piscina.
      —Pobrezinho, está molhado. —riu.
      —Agora se dá conta? —disse ele, deitando­a em uma rede— Vai me pagar por 
isso, acredite.
      —Ah, sim?
      Chrysander tomou uma toalha e começou a lhe baixar o biquíni.
      —Está molhada, assim tenho que te secar…
      O som de uma porta surpreendeu aos dois. E Marley ficou atônita ao ver Roslyn 
entrando no recinto da piscina um segundo depois.
      Mas a surpresa se converteu em aborrecimento. A mulher tinha entrado em sua  
casa sem avisar. Nem sequer tinham ouvido o helicóptero… claro que estavam ocupados 
fazendo outras coisas.
      —O que faz aqui? —perguntou Chrysander.
      —Sinto   interromper,   senhor   Anetakis   —se   desculpou   a   ajudante,   embora   sua 
expressão   dissesse   justamente   o   contrário—   Há   várias   coisas   que   necessitam   sua 
atenção   urgente  e  decidi  vir em pessoa   em  lugar de   comunicá­lo  por telefone  ou  por 
correio eletrônico.
      —Que eu saiba, nem o telefone nem o correio eletrônico foram um problema até 
agora. Se não se importar, espere em meu escritório.
      —Sim, é óbvio. De novo, peço­lhes desculpas por ter interrompido.
      Marley sentiu um calafrio. Certamente, aquela mulher sabia quando devia aparecer 
para estragar tudo.
      —Sinto muito. —se desculpou Chrysander— Mas não se preocupe, não demorarei 
nada.
      Ela assentiu, mas o momento… aquele precioso momento de cumplicidade, foi­se 
para sempre.
      Subiram juntos ao quarto para trocar de roupa e quando saiu da ducha Chrysander 
já tinha ido. Deixando escapar um suspiro, Marley se deixou cair sobre a cama.
     
     
      Chrysander entrou em seu estúdio e olhou para Roslyn, irritado.
      —Não gosto nenhum pouco dessa intrusão —a advertiu— Não houve chamada de 
telefone nem advertência alguma de que ia vir à ilha.
      Roslyn ficou pálida.
      —Sinto muito, eu…
      —Esta é minha casa e você não pode entrar aqui quando quiser. Fica claro?

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      —Sim, é óbvio.
      —Bom, me diga o que é isso tão importante que não podia me contar por telefone.
      —Descobri que desapareceram outros planos.
      —O que? —exclamou Chrysander— Que planos?
      —São uns planos antigos, um desenho que você tinha descartado para o hotel de 
Rio de Janeiro. Mas suponho que ela os vendeu ao Marcelli, junto com os outros, porque 
o hotel que está construindo em Roma se parece muito.
      Chrysander teve que fazer um esforço para conter­se.
      —Meus irmãos sabem algo disto?
      Roslyn negou com a cabeça.
      —Pensei que quereria contar­lhes você mesmo.
      Cada vez que pensava que tinha esquecido a traição de Marley, o passado voltava 
para   castigá­lo.   Por   muito   que   queria   esquecer   e   seguir   adiante,   o   passado   sempre 
voltava como um fantasma.
      Embora no escritório fosse tremendamente escrupuloso, com Marley sempre se 
mostrou relaxado, sem pensar em proteger seus interesses.
      Como iam forjar um futuro se não podia confiar nela? Estava sendo um ingênuo 
por   tentar   estabelecer   uma   relação   quando   tudo   podia   vir­se   abaixo   assim   que 
recuperasse a memória?
      Entretanto, havia algo que não podia esquecer: a expressão de Marley na última 
noite, quando a jogou de sua casa. O horror, a perplexidade em seu rosto. Alguém podia 
fingir tão bem?
      —Não vai deixar que o faça outra vez, verdade, Chrysander?
      Surpreendeu­lhe que o chamasse por seu nome de batismo, mas a voz de Roslyn 
parecia chegar desde muito longe.
      —Não, não voltará a acontecer. —replicou ele, mas não zangado com Marley, mas 
sim com sua ajudante, por preveni­lo contra ela.
      —Só espero que não arruíne os planos para o Rio de Janeiro.
      —Não acredito que deva preocupar­se com isso, Roslyn.
      Ela fez uma careta.
      —Esta companhia, este trabalho, são muito importantes para mim. Trabalhei muito, 
senhor Anetakis. Você sabe que trabalhei muitíssimo no projeto de Paris.
      Chrysander deixou escapar um suspiro.
      —Sim,   tem   razão.   Mas   mesmo   assim,   rogo   que   não   interfira   em   minha   vida 
privada. Se não tiver nada mais a me dizer, vou chamar o helicóptero para que a leve de 
volta.
      Roslyn parecia a ponto de protestar, mas não o fez.
      Meia   hora   depois,   Chrysander   a   escoltava   até   o   heliporto   e,   assim   que   o 
helicóptero decolou, voltou para a casa.
      Sua raiva e sua incerteza se evaporaram quando entrou no dormitório e encontrou 

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Série No Amor e na Guerra 1

Marley sentada na cama, envolta em uma toalha.
      —Ainda não se vestiu?
      Ela sorriu, embora o sorriso não iluminasse seus olhos. Seus preciosos olhos azuis 
que tinham brilhado de alegria uns minutos antes, na piscina, agora pareciam opacos.
      —A minha é uma situação impossível. —lhe confessou.
      —O que quer dizer?
      —Eu não gosto que essa garota entre e saia de sua casa quando lhe convém. Esta 
é nossa casa, deveríamos poder fazer amor… ou o que quisermos sem que Roslyn entre 
de repente.
      —Sim, tem razão…
      —Sempre que ela aparece, você se torna distante. As  últimas semanas tinham 
sido maravilhosas e agora, de repente, aparece sua ajudante de novo e já posso notar 
como se separa de mim. E não posso suportá­lo!
      Chrysander ficou em silêncio porque o que havia dito era absolutamente verdade. 
A presença de Roslyn sempre lhe recordava o passado.
      —Sinto muito, agape mou. Sinto que sua presença a incomode e que eu não me 
tenha   dado   conta   —se   desculpou—   Mas   não   voltará   a   acontecer,   asseguro­lhe   isso. 
Disse a ela que não pode entrar em minha casa sem avisar.
      —Sem lembranças às quais me agarrar, esta situação faz que me sinta… insegura. 
Não   posso   dizer   a   mim   mesma:   “não   acontece   nada,   Marley,   são   tolices.   Claro   que 
Chrysander não tem uma aventura com sua ajudante”.
      —Acredita que tenho uma aventura com Roslyn? —exclamou ele.
      —Não sei.
      Chrysander a tomou entre seus braços, mas não sabia o que dizer. Assegurá­la 
que   não   havia   nada   entre   Roslyn   e   ele   não   ia   convencê­la.   Além   disso,   não   devia 
esquecer que Marley tinha roubado os planos de seus hotéis para vender a Marcelli.
      Era uma situação impossível. Mas o que mais o surpreendia era a raiva que tinha 
provocado nele a atitude de Roslyn. Sua primeira reação tinha sido defender Marley… 
mas como ia fazer isso se Roslyn tinha razão?
      Quão  único sabia  era  que  não  queria  magoar Marley. Embora soasse  estúpido 
depois do que lhe tinha feito, queria apagar a tristeza de seus olhos. Não podia apagar o 
passado, mas sim podia evitar que Roslyn fosse o detonante das brigas entre os dois, de 
modo que Roslyn não voltaria para a ilha.

Capítulo 11

      Chrysander desligou o telefone e se apoiou no respaldo da poltrona, olhando o 
teto.

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Série No Amor e na Guerra 1

      Tinha que voltar para Nova Iorque. Piers tinha ligado para lhe dar a notícia um 
minuto antes e ele a recebeu com um desgosto que lhe resultava novo. Além disso, tinha 
tido que contar a seus irmãos que faltava outro plano e estavam compreensivelmente 
furiosos. Com Marley. Como reagiriam ao saber que ia casar­se com ela?
      Chrysander se debatia entre levar Marley com ele ou deixá­la na ilha, longe da 
oportunidade de recordar algo. Longe da animosidade de seus irmãos.
      Se fizesse isso seria um egoísta, mas sabia que quando recuperasse a memória, e 
os médicos lhe haviam dito que seria assim cedo ou tarde, tudo mudaria entre eles de 
forma irrevogável.
      Deveria estar furioso com ela e manter a distância, mas Marley tinha conseguido 
romper essa distância durante aqueles dias na ilha. Embora o envergonhava admiti­lo, 
não se importava que tivesse mentido para ele, que o tivesse roubado. Queria que as  
coisas seguissem como até aquele momento e, se Marley recordava, veriam­se obrigados 
a enfrentar o passado.
      E a perderia.
      Isso o incomodava muito mais do que era sensato, pensou. Mas Marley estava 
grávida de seu filho e essa deveria ser razão suficiente para não querer que as coisas se 
esfriassem entre eles.
      Aqueles dias  com Marley na  ilha  o  haviam  devolvido  a  um passado  agradável, 
antes   da   noite   em   que   descobriu   a   verdade.   Em   realidade,   nunca   tinha   apreciado   o  
suficiente sua relação com ela, mas agora sabia quanto gostava de tê­la a seu lado.
      Marley era divertida, alegre, doce, carinhosa. Tudo o que desejava para a mãe de 
seu filho.
      Mas   o   tinha   traído.   Sempre   tinha   que   voltar   para   isso,   por   muito   que   tentasse 
esquecer.
      —Chrysander?
      Ele levantou a cabeça ao ouvir sua voz na porta do estúdio.
      —O que quer, pedhaki mou?
      —Você está bem? —perguntou­lhe Marley, aproximando­se da escrivaninha.
      —Sim,   claro.  Venha   aqui   —Chrysander   tomou   sua   mão  para   sentá­la   em  seus 
joelhos— Tenho que voltar para Nova Iorque.
      —Quando?
      —Pela manhã. Um dignitário estrangeiro com o qual estamos negociando para um 
projeto   no   Brasil   vai   a   uma   recepção   no   Imperial   Park.   Piers   e   Theron   poderiam 
encarregar­se de tudo, mas o senhor Diego quer me ver pessoalmente. Assim temo que  
devo ir.
      Marley parecia tão decepcionada que, inclusive sem saber se devia levá­la ou não, 
Chrysander se encontrou dizendo:
      —Poderia vir comigo.
      —Sério? —os olhos azuis se iluminaram.

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      —Claro   que   sim,   agape   mou.   Assim   poderíamos   anunciar   nossos   planos   de 
casamento… inclusive poderíamos nos casar em Nova Iorque.
      —Isso eu gostaria muito.
      —Direi  ao doutor Karounis que  pode  voltar para Atenas. Acredito que  já  não o 
necessitamos.
      —E Patrice? Não é que não me dê bem com ela, mas o doutor Karounis e ela se 
deram às maravilhas… ao melhor gostaria de conhecer Atenas.
      —Muito bem, estenderei a oferta.
      —Então sim, irei com você. —Marley jogou os braços ao redor do seu pescoço 
para beijá­lo… mas antes que as coisas se esquentassem muito se levantou de um salto
— Tenho que fazer a mala!
      —Espera, tem muito tempo.
      Mesmo assim, Marley saiu correndo do estúdio e Chrysander ficou olhando a porta 
muito depois que tivesse desaparecido. Deveria sentir­se aliviado porque logo ia casar­se 
e Marley presa atada a ele, mas não podia livrar­se daquele estranho desassossego…
     
     
      O jato aterrissou em Nova Iorque pela tarde e uma limusine estava esperando­os 
na pista, como de costume. Um homem alto e de aspecto formidável esperava frente ao 
carro   e,   quando   se   aproximavam,   Marley   viu   que   tinha   grande   semelhança   com 
Chrysander.
      —Theron, não esperava vê­lo aqui. Que surpresa.
      —Não posso receber meu irmão?
      Chrysander tomou Marley pela cintura.
      —Apresento­lhe Marley. Marley, este é meu irmão Theron.
      —Encantada. —sorriu ela.
      Theron Anetakis não lhe devolveu o sorriso; ao contrário, olhava­a com gesto sério, 
quase zangado. E, por instinto, Marley se apoiou em Chrysander.
      Quando Theron baixou o olhar e viu o anel de compromisso em seu dedo olhou a 
seu irmão como esperando uma explicação.
      —Importaria­se de se mostrar minimamente civilizado? —pediu­lhe Chrysander em 
voz baixa.
      —Prazer em conhecê­la. —disse Theron por fim, embora sua linguagem corporal 
dissesse justamente o contrário.
      Marley olhou Chrysander quando seu irmão se afastou para subir em outro carro 
estacionado a certa distância.
      —Por que se comporta assim comigo? O que fiz para ele?
      —Nada,   não   lhe   fez   nada,   pedhaki   mou.   Sinto   que   meu   irmão   tenha   sido   tão 
grosseiro, mas não voltará a acontecer.
      —Mas por que foi grosseiro comigo? —insistiu ela— Nos vimos alguma vez? Bom, 

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suponho que nos vimos antes, não? Fiz algo que o ofendesse no passado?
      Chrysander lhe fez um gesto para que entrasse no carro.
      —Não  se  conheciam. E não se  preocupe,  você  não  fez nada.  É que  Theron   é 
assim…
      Nesse momento soou seu celular e Chrysander se apressou a responder, como 
desejando terminar com aquela conversação. Mas Marley apertou os lábios, aborrecida. 
Ali ocorria algo muito estranho. Por que o irmão de seu noivo se mostrava tão antipático 
com ela? E por que não se conheciam?
      Não era normal que não conhecesse a família de seu noivo, o pai de seu filho.
      Deixando­se cair sobre o assento da limusine, Marley suspirou, frustrada. Estava 
decidida   a   encontrar   respostas   a   todas   essas   perguntas   e,   com   um   pouco   de   sorte,  
afastar a rocha que parecia cravada em seu cérebro e a impedia de recordar. Tinha que 
haver alguma maneira de liberar suas lembranças e se havia estava disposta a encontrá­
la. Preferivelmente, antes de casar­se com Chrysander.
      Entretanto, havia mais surpresas quando chegaram ao apartamento de cobertura. 
Roslyn, naturalmente. Estaria condenada a ver essa mulher cada vez que entrasse em 
sua casa?
      Roslyn sorriu, embora a Marley não passasse desapercebido que o sorriso era só 
para   Chrysander.   Mas   ficou   a   seu   lado   enquanto   a   ajudante   recitava   uma   série   de 
reuniões,   chamadas  urgentes   e   contratos   que   requeriam  sua   atenção.   Desta   vez   não 
partiria, não lhe daria outra vitória.
      Por   que   não   gostava   da   ajudante   de   seu   prometido?,   perguntou­se.   Por   que 
parecia que todo mundo não gostava dela?
      Por fim, Roslyn se despediu e Marley deixou escapar um suspiro de alívio. Mas as 
portas do elevador se abriram de novo e outro homem, também de grande semelhança 
com Chrysander, entrou no apartamento de cobertura.
      Marley esteve a ponto de perguntar a Chrysander quantas pessoas tinham acesso 
a sua casa, mas mordeu a língua.
      —Isto parece um hotel. —brincou ele, como se tivesse lido seus pensamentos.
      Enquanto a desaprovação de Theron tinha sido mais ou menos sutil, não havia 
nada sutil no gesto brusco do homem que Chrysander apresentou como seu irmão Piers.
      —Posso falar com você um momento… a sós?
      —Não se preocupe comigo —disse Marley, enquanto se dirigia ao dormitório— Eu 
tenho coisas a fazer.
      Enquanto   fechava   a   porta   ouviu   a   voz   de   Chrysander,   zangado,   e   vacilou   um 
momento,   perguntando­se   se   deveria   escutar   a   conversa…   mas   decidiu   não   fazê­lo. 
Suspirando, voltou­se para olhar o quarto em que Chrysander a tinha instalado quando 
saiu do hospital.
      Sem saber o que fazer, tirou os sapatos e se deitou na cama. A viagem não tinha 
sido exaustiva precisamente, mas gostaria de deitar um momento.  Começava   a   lhe   doer 

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a cabeça pela tensão e só queria fechar os olhos durante uns minutos. Talvez quando 
despertasse, com um pouco de sorte, não haveria mais visita no apartamento.
     
     
      Quando   despertou   estava   em   uma   cama   diferente.   Marley   piscou   ao   ver   que 
estava no dormitório principal, mas não sabia como tinha chegado ali.
      Quando se sentou na cama viu Chrysander ao outro lado do quarto, olhando­a 
fixamente e, por alguma razão, sentiu­se insegura.
      —Devia estar mais cansada do que acreditava. Nem sequer me despertei quando 
me trouxe aqui.
      —A partir de agora dormirá em nosso quarto, em nossa cama.
      —Sim, muito bem. Entrei no outro quarto sem me dar conta…
      —Seu lugar está aqui, comigo.
      Marley inclinou a um lado a cabeça. Tinha a impressão de que Chrysander não 
estava   falando   só   de   que   se   deitou   na   outra   cama.   Era   quase   como   se   quisesse 
convencer a si mesmo, e a outros, de que aquele era, efetivamente, seu lugar.
      —Seus irmãos não gostam de mim, isso está claro.
      —Meus   irmãos   não   têm   nada   que   dizer   sobre   nossa   relação.   Além   disso, 
anunciarei nosso matrimônio na recepção, depois de amanhã, e nos casaremos dentro de 
uma semana.
      E não havia nada que dizer por que era uma ordem, evidentemente.
      —Por que não se veste? Vamos sair para jantar.
      —Lagosta? —sorriu Marley. E então se deu conta do que havia dito— Eu gosto de 
lagosta!
      —Sim, é verdade, pedhaki mou. Você adora. Eu estava acostumado a pedi­la por 
telefone e a comíamos na cama.
      Marley devia admitir que a ideia era muito atraente, mas Chrysander a ajudou a 
levantar­se para ir ao banheiro. Meia hora depois, seu noivo a escoltava até o vestíbulo 
do edifício. Na porta, como sempre, esperava­os uma limusine com chofer.
      Levou­os   a   um   restaurante   lindo,   onde   lhes   deram   uma   mesa   ligeiramente 
separada   das  demais.  O  local   estava   iluminado   quase   como   se   fosse   Natal   e   Marley  
suspirou, pensando o quanto gostava das festas.
      Outra lembrança, deu­se conta. Gostava das festas natalinas.
      Em um mês, todas as lojas e restaurantes de Nova Iorque estariam iluminados e, 
sem saber por que, sorriu ao imaginar os natais com Chrysander.
      —Está perdida em seus pensamentos, agape mou. E tem um sorriso tão doce que 
espero ser em mim em quem está pensando.
      —Estava imaginando os natais com você. E recordei que eu gosto muito do Natal.
      —Parece que está recuperando a memória. —disse ele, embora não parecesse 
excessivamente contente.

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      —Só  algumas coisas, muito pouco  a  pouco. E  é  mais uma sensação que  uma 


lembrança de verdade.
      —Voltará, deve ser paciente.
      Marley assentiu, embora fosse frustrante. Mas, decidida a não estragar a noite, 
disse a si mesma que devia relaxar e apreciar o jantar e Chrysander. Sem interrupções, 
nem familiares ou ajudantes grosseiras.
      —Quer que vamos às compras amanhã?
      —O que?
      —Tenho uma reunião na primeira hora, mas logo poderíamos almoçar juntos e ir 
comprar um vestido para a recepção. E também poderíamos olhar vestidos de noiva.
      Não podia imaginar Chrysander em compras com ela e estava segura de que não 
era porque não o recordasse.
      —De verdade quer que vá à recepção?
      —Como penso anunciar nosso casamento que se aproxima, seria estranho que 
você não estivesse lá. A menos que não queira ir.
      —Não, mas é que…
      —Então, está decidido. Iremos às compras amanhã… depois de que tenha comido 
bem.
      —Ouça, não sou um cachorrinho.
      —Não, mas tenho que cuidar de você. —sorriu ele, apertando sua mão— Além 
disso, é minha filhota… só minha.
      —Bom, eu gosto que cuide de mim. E não me importa ser sua filhota.
      —É minha, agape mou. Isso é o que é.
      —Então me leve para casa e faça amor comigo. —sussurrou Marley.

Capítulo 12

      À manhã seguinte Chrysander se levantou cedo, como era seu costume, e depois 
de lhe dar um beijo na testa lhe disse que voltaria a procurá­la para almoçarem. Marley 
continuou dormindo, mas quando despertou de novo e olhou o despertador comprovou 
que ainda era cedo. Ficavam muitas horas antes que Chrysander fosse procurá­la e não 
tinha a menor intenção das passar o tempo sentada no apartamento.
      Com tantos guarda­costas, algum deles poderia levá­la a dar uma volta, pensou. 
Embora não sabia aonde ir.
      Então   lhe   ocorreu   algo:   sendo   Chrysander  um   obcecado   por   segurança,   algum 
deles recordaria onde estava acostumado a levá­la e as coisas que estava acostumada a 
fazer.
      Animada, Marley se meteu na ducha e, meia hora depois, descia no elevador. No  

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portão havia um homem alto e forte ao que reconheceu… Stavros, chamava­se.
      —Senhorita Jameson.
      —Suponho que Chrysander lhe disse que… enfim, que perdi a memória depois do 
acidente.
      O homem assentiu com a cabeça.
      —Imagino que eu tinha segurança antes do acidente.
      —Eu me encarregava pessoalmente de sua proteção, senhorita Jameson.
      —Ah, maravilha, então talvez pode me ajudar. Eu gostaria de ir a algum lugar, mas 
a verdade é que não recordo onde estava acostumada a ir.
      Stavros tirou o celular do bolso e, depois de falar rapidamente em grego, assentiu  
algumas vezes com a cabeça e lhe passou o telefone.
      —O senhor Anetakis quer falar com você.
      —Pelo amor de Deus… não perdeu tempo dedurando­me, não foi?
      Chrysander soltou uma gargalhada.
      —Em que confusões está se colocando agora, agape mou?
      —Nenhuma   confusão.   Só   queria   sair   um   momento,   mas   voltarei   na   hora   do 
almoço, prometo­lhe isso.
      —Desfruta da manhã, mas tome cuidado e não se canse. Se for chegar tarde diga 
ao Stavros que me ligue. Assim poderemos nos ver para comer sem que tenha que voltar  
para o apartamento.
      —Muito   bem,   um   beijo.   —se   despediu   Marley,   antes   de   devolver   o   telefone   a 
Stavros— Você e eu temos que falar sobre isso de dedurar o que faço.
      —Asseguro­lhe, senhorita Jameson, que já tivemos mais de uma conversa sobre 
esse assunto no passado.
      —Ah, sim?
      Stavros levou uma mão ao fone de ouvido que levava na orelha para dizer algo em 
grego e, uns segundos depois, um carro se detinha frente ao portão. O guarda­costas lhe 
abriu amavelmente a porta e subiu no assento do passageiro.
      —Aonde quer ir, senhorita Jameson?
      —Não   sei.  Pode   me   levar  a  todos  os  lugares  aos  que   estava  acostumada   a   ir 
antes?
      —Muito bem.
      A primeira parada foi uma cafeteria a umas quadras do apartamento. Stavros e 
outro homem da segurança a escoltaram ao interior.
      Era um lugar alegre, cheio de gente, e Marley imaginou a si mesma em um local 
assim.   Mas   não   despertava   lembrança   algum.   Suspirando,   voltou­se   para   dizer   ao 
Stavros que queria seguir com sua excursão.
      A seguinte parada foi em um mercado e isso sim a deixou realmente surpreendida.
      —Gosta   de   cozinhar,   senhorita   Jameson.   Particularmente   quando   o   senhor 
Anetakis esteve fora de Nova Iorque durante muito tempo. Estávamos acostumados a vir 

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aqui para que comprasse os ingredientes que necessitava… e logo me fazia levar as 
bolsas.
      —Era muito antipática? —riu Marley.
      —Não, ao contrário. Era um prazer acompanhá­la.
      —Ah, por fim alguém que não me odeia. —suspirou ela— Aonde vamos agora?
      Visitaram uma biblioteca e uma lojinha de arte e, embora imaginasse a si mesma 
nesses lugares, não  despertavam nenhuma  lembrança. Entretanto,  quando  o  carro  se 
deteve na entrada de um parque, de repente sentiu uma onda de pânico.
      —Encontra­se bem?
      —Sim, sim…
      —Talvez devêssemos voltar para o apartamento. É quase a hora do almoço.
      —Não —disse Marley, saindo do carro. Queria estar ali. Precisava estar ali. Algo 
naquele   lugar   provocava   uma   espécie   de   tambor   em   sua   mente,   embora   fosse 
desagradável.
      Enquanto percorria um caminho de terra se envolveu no casaco. Fazia sol, mas 
tinha frio, um frio que lhe chegava até a alma.
      Atrás dela, Stavros e o outro homem de segurança a seguiam. Marley olhou um 
banco de pedra ao lado de uma estátua e se aproximou dele, sem saber muito bem por 
que.
      Depois de sentar colocou as mãos sobre a fria pedra e, ao olhar para diante, foi 
embargada por uma onda de tristeza. Não tinha sentido, mas sabia que tinha estado ali 
antes, naquele mesmo lugar. E sabia que tinha sentido medo, insegurança.
      A   lembrança   estava   tão   perto   que   podia   sentir   o   peso   dessa   tristeza,   dessa 
indecisão.
      —Encontra­se bem? Quer que chame o senhor Anetakis?
      —Não, estou bem. Mas noto que estive aqui antes.
      Stavros assentiu, preocupado.
      —Estava   acostumada   a   sentar­se   aqui   frequentemente…   neste   mesmo   banco, 
para pensar.
      —Por que, Stavros? Tinha muito no que pensar?
      O homem olhou seu relógio.
      —Deixe que ligue para o senhor Anetakis para lhe dizer que iremos diretamente ao 
restaurante.
      Marley não pôs objeção alguma quando o homem a ajudou a levantar­se e, em 
lugar de caminhar atrás dela, segurou­a pelo braço para levá­la ao carro.
      —Não precisa preocupar Chrysander. Se lhe disser que estou triste me obrigará a 
me colocar na cama, é sua solução para tudo. Além disso, não quero. Vamos às compras. 
Tenho que comprar um vestido de noiva e não posso fazê­lo da cama.
      Sorrindo, Stavros fechou a porta e voltou para seu assento.
      —Se o senhor Anetakis perguntar, direi­lhe que passamos o dia dando voltas por 

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Nova Iorque.
      —Já sabia que havia uma razão para que eu gostasse de você. —suspirou Marley.
     
     
      Chrysander os recebeu na porta do restaurante e, durante o almoço, perguntou­lhe 
como   tinha   sido   a  manhã.  Marley lhe  contou   os  lugares  nos  quais  tinha   estado,  mas  
quando lhe perguntou como tinha sido no escritório, ele se mostrou vago, reticente, como 
se não quisesse falar de seu trabalho.
      —Bom, me conte, como é a recepção a que temos que ir? É muito elegante?
      —Isso depende do que você chama de elegante.
      —Posso ir de jeans?
     Chrysander soltou uma gargalhada.
      —Eu não poria nenhuma objeção, mas temo que a barrariam na porta. Além disso, 
não quero que outros a vejam com algo que se ajusta tanto a esse seu lindo traseiro.
      —Então devo vestir um vestido longo?
      —Não se preocupe por isso, pedhaki mou. Eu escolherei um vestido para você.
      —Prefiro escolhê­lo eu —sorriu Marley— E não penso calçar sapatos de salto.
      —Não, claro que não. E se você cair?
      —Talvez vá descalça —brincou ela.
      —E o melhor que eu deveria fazer era deixá­la presa em casa.
      Marley tomou a última porção de massa e deixou o garfo sobre o prato.
      —Acredito que comi muito, mas estava uma delícia.
      —Deveria engordar um pouco. Eu acredito que está muito magra.
      —O que? Está louco? Se engordar um pouco mais não me caberá nenhum vestido 
—Marley   tocou   o   volumoso   abdômen—   Fazem   vestidos   elegantes   para   mulheres 
grávidas?
      —Encontraremos algo maravilhoso, já o verá.
      —Como é que conhece tantas boutiques?
      —Não espera que eu responda a essa pergunta, verdade? —riu Chrysander.
      Ao final, resultou que Chrysander Anetakis era um perito escolhendo vestidos de 
noite. Marley provou uma túnica de seda branca muito simples, presa por duas alcinhas, e 
ficou perplexa como bem lhe sentava.
      —Faz­me parecer muito grávida, não?
      —Está   linda   —murmurou   ele—   Eu   acredito   que   todas   as   mulheres   grávidas 
deveriam parecer­se com você.
      A   admiração   que   via   em   seus   olhos   lhe   vendeu   o   vestido,   que   foi   enviado   ao 
apartamento junto com umas sandálias combinando, mas de salto baixo.
      —Diga­me, agape mou, quer um vestido de noiva tradicional?
      Marley negou com a cabeça.
      —Não, acredito que prefiro algo mais simples.

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      A vendedora lhe mostrou vários desenhos, mas se apaixonou por um vestido de 
cor pêssego que caía brandamente na cintura. Acentuava sua gravidez de tal forma que 
se sentia bonita e feminina. E, pela expressão de Chrysander, ele estava de acordo.
      Para sua surpresa, em lugar de voltarem para o carro, entraram em uma joalheria  
próxima para comprar uns brincos e um colar de diamantes para o vestido de noiva.
      Marley ficou boquiaberta quando Chrysander escolheu logo outros brincos e outro  
colar, estes de safiras, que sugeriu ficar bem com o vestido branco para a recepção.
      —Ficam lindos com a cor de seus olhos, agape mou —lhe disse ao ouvido— E de 
noite, eu gostaria de vê­la com esse colar… e nada mais.
      Marley se ruborizou e olhou ao redor para verificar se alguém o tinha ouvido.
      —A verdade é que eu gosto que me mime tanto. —lhe disse quando saíram da 
joalheria.
      —Alegro­me. Seria uma pena que você não gostasse de algo que tenho intenção 
de continuar fazendo.
      Impulsivamente, Marley se apertou contra ele no assento do carro e lhe deu um 
beijo nos lábios.
      —Passei por bons momentos.
      —Alegro­me.
      —Sou uma boa cozinheira?
      —Perdão?
      —Stavros me disse que cozinhava para você quando voltava de alguma viagem. 
Eu sou boa cozinheira?
      —Fazia   tempo   que   não   pensava   nisso,   mas   é   verdade,   estava   acostumado   a 
cozinhar   para   mim   quando   voltava   de   alguma   viagem   —respondeu   ele,   com   uma 
expressão que lhe pareceu peculiar.
      —E viajava muito?
      —Temo que sim. Às vezes ficávamos semanas sem nos ver.
      —Que   horror   —murmurou   Marley—   Eu   senti   sua   falta   durante   as   horas   que 
estivemos separados esta manhã.
      Chrysander voltou a beijá­la.
      —E eu senti sua falta, pedhaki mou.
      Marley   apoiou   a   cabeça   em   seu   ombro.   Estava   um   pouco   cansada,   mas   não 
pensava dizer­lhe porque ainda tinham toda a tarde e toda a noite por diante.

Capítulo 13

      Marley puxava seu vestido, nervosa, enquanto se olhava ao espelho, movendo a 
cabeça de um lado a outro para que as safiras que levava nas orelhas e no pescoço 

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refletissem a luz.
      —Está linda, agape mou.
      Ao virar­se ficou assombrada. Com o smoking chamando a atenção sobre seus 
largos ombros, a camisa branca contrastando com sua pele bronzeada e o cabelo escuro, 
francamente estava de dar água na boca.
  —Você também.
      —Estou bonito? —riu Chrysander.
      —Muito bonito, tremendo, de dar água na boca. —riu Marley— Dá­me vontade de 
tirar esse traje e…
      —Ah, eu gosto de sua maneira de pensar.
      —Era uma brincadeira, tolo.
      —Está preparada? O carro está esperando.
      Respirando profundamente, Marley assentiu com a cabeça.
      —Sim, estou preparada.
      —Não   se   preocupe,   eu   estarei   com   você   todo   o   tempo.   —disse   Chrysander, 
tomando sua mão.
      Quando   chegaram   à   entrada   do   hotel,   lotada   por   limusines   e   carros   de   luxo, 
engoliu   saliva   ao   ver   tanta   gente   elegante.   Sentia   mariposas   no   estômago   quando 
entraram no salão de baile. Uma banda de jazz tocava no palco e os garçons circulavam 
com bandejas de champanha enquanto outros ofereciam uma seleção de canapés.
      Marley fez uma careta ao ver Theron e Piers… e logo Roslyn. Embora soubesse 
que   eles   estariam   presentes,   tinha   esperado   evitá­los   no   possível.   Mas   isso   não   ia 
acontecer, pensou ao ver que Theron se aproximava.
      Sua primeira reação foi dizer que tinha que ir ao lavabo, mas Chrysander apertou 
sua mão como se soubesse que pensava sair correndo.
      —Olá —disse Theron, saudando Marley com a cabeça.
      Bom, ao menos não se mostrou tão antipático como no aeroporto, pensou.
      O irmão de Chrysander assinalou Piers, que se aproximava com um homem alto 
de aspecto distinto e uma mulher que, Marley pensou, devia ser sua esposa.
      —Senhor   e   senhora   Vasquez,   apresento   a   minha   noiva,   a   senhorita   Marley 
Jameson. O senhor e a senhora Vasquez estão em Nova Iorque em viagem de negócios.
      Sorrindo, ela saudou o casal.
      —Marley e eu vamos nos casar enquanto estamos em Nova Iorque e seria uma 
honra para nós que fossem ao casamento.
      Detrás de Marley soou um gemido afogado e, ao voltar­se, viu Roslyn a um metro  
deles, com uma expressão de total incredulidade no rosto. Recuperou­se em seguida, 
mas não tão rápido para que não se desse conta.
      Por que parecia tão surpreendida de que Chrysander anunciasse o compromisso?, 
perguntou­se. Mas quando se voltou para olhar aos outros, só os Vasquez estavam lhe 
dando os parabéns.

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Série No Amor e na Guerra 1

      A expressão de Piers e Theron era a mesma que a de Roslyn. Marley não entendia 
nada.   Como   era   possível   que   seu   casamento   fosse   uma   notícia   tão   inesperada   para 
todos? E tão mal recebida?
      Estavam comprometidos antes do acidente e, entretanto, todo mundo agia como se 
fosse algo inesperado.
      Depois   dos   obrigatórios   bons   desejos   dos   Vasquez,   a   conversação   começou   a 
girar sobre a construção do hotel no Rio de Janeiro e Marley permaneceu em silêncio, 
pensativa.
      Uns minutos depois, Chrysander pareceu dar­se conta de que se sentia incômoda 
e a levou a pista de dança, onde a banda de jazz estava tocando uma suave melodia.
      —Ah, obrigada. Gostei de me afastar um pouco dos outros.
      —Embora eu gostaria que pudéssemos ir para casa, temo que devemos ficar um 
momento   mais.   Mas   se   a   cansa,   posso   pedir   ao   Stavros   que   a   leve   de   volta   ao 
apartamento.
      Como se fosse deixá­lo com Roslyn, a eficiente ajudante pessoal.
      Embora os irmãos de Chrysander, e sua ajudante, parecessem empenhados em 
tratá­la como se fosse uma pária, muita gente se aproximou para saudar seu noivo e se 
mostrou terrivelmente amável com ela. Ao final, Marley se encontrou desfrutando da noite 
apesar de pouco favorável começo.
      Estava fazendo­se tarde quando Chrysander se inclinou para lhe falar ao ouvido:
      —Tenho que falar com meus irmãos. Importa­se de ficar sozinha um momento?
      —Não,   claro   que   não.   Não   se   preocupe   por  mim.   Além  disso,  tenho   que   ir   ao 
lavabo.
      Alegrando­se   de   poder   se   afastar   um   momento   das   pessoas,   e   sobretudo   dos 
escuros sombrios dos Anetakis, Marley entrou no lavabo de senhoras para retocar­se um 
pouco.
      —Mas não pode ficar aqui escondida para sempre. —tentou animar­se antes de 
sair.
      Quando ia para o salão de baile ouviu a voz de Chrysander em um dos reservados 
e vacilou um momento, sem saber se continuava ou ficava esperando­o.
      As seguintes palavras tomaram a decisão por ela:
      —Maldição, Chrysander, não tem necessidade de se casar com Marley. Compra 
um apartamento até que nasça a criança. Não se case com ela, dando assim acesso a 
tudo o que possui.
      Marley ficou boquiaberta ao ouvir as palavras de Piers.
      —Vamos ter um filho —replicou Chrysander— Que me case com ela ou não, é da 
minha conta.
      —Não pode casar­se com ela! —exclamou Roslyn— Esquece que o roubou e o 
traiu? Se necessitar algum aviso, olhe os hotéis que estão sendo construídos em Paris e 
em Roma. Seus hotéis. Mas agora quem os está construindo é a concorrência.

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      Marley teve que agarrar­se à parede para não cair ao chão. Como um enxame de 
abelhas furiosas, retalhos de informação começaram a aparecer em seu cérebro. E, de 
repente,   foi   como   se   um   dique   se   rompesse.   A   porta   que   não   tinha   podido   abrir   em 
sonhos se abriu e o passado apareceu rodando a velocidade de uma corrente.
      Chrysander acusando­a de tê­lo enganado… jogando­a do apartamento, de sua 
vida. Seu sequestro e os meses que tinha passado aterrada, esperando que Chrysander 
respondesse às exigências dos sequestradores. Exigências que ele tinha ignorado.
      Meu Deus, ia vomitar.
      Tinha­a   deixado.   Tinha­a   descartado   inclusive   quando   a   sequestraram.   Meio 
milhão de dólares, trocados para um homem como ele… mas um dinheiro que não tinha 
querido pagar para que a libertassem.
      Tudo   tinha   sido   uma   mentira.   Chrysander   tinha   mentido   sem   parar   desde   que 
despertou no hospital. Não a queria, não estavam comprometidos.
      Nem sequer valia meio milhão de dólares para ele.
      Seu coração se rompeu em mil pedaços ao ver que tudo o que tinha acreditado se 
convertia em uma mentira.
      Não tinha tentado salvá­la.
      O gemido torturado que escapou de sua garganta ecoou no corredor. Marley levou 
uma mão aos lábios, mas era muito tarde. Chrysander saiu ao corredor e, atrás dele, os 
outros. E quando olhou nos olhos de “seu noivo” soube que ele sabia que ela se lembrava  
de tudo.
      Marley correu para o  vestíbulo.  Chrysander  a chamou,  mas ela  não  se  deteve. 
Corria sem saber aonde ia, sem o destino. Estava a ponto de sair do hotel quando se  
encontrou com uma montanha: Stavros.
      Furiosa, empurrou­o, tentando afastá­lo de seu caminho. Seu único pensamento 
era sair dali, afastar­se, partir tão longe como pudesse.
      Tentou rodear ao guarda­costas, mas tropeçou e caiu no chão. Stavros correu a 
seu lado para ver se estava bem e, um segundo depois, Chrysander o separou de um 
tapa.
      —Marley…
      Ela não podia dizer nada. Soluçava de tal modo que mal podia respirar.
      Chrysander a tomou em braços, ladrando ordens para que chamassem um médico 
e, pouco depois, entravam em um quarto.
      Assim que a deixou sobre a cama, Marley se fez uma bola e virou­se para não ter 
que olhá­lo.
      —Tem que deixar de chorar, agape mou. Vai ficar doente.
      Já   estava   doente,   pensou   ela.   Doente   do   coração.   Fechou   os   olhos,   mas   as 
lágrimas não deixavam de rodar por seu rosto.
      —Não chore, Marley…
      Ela queria escapar, partir a qualquer lugar, afastar­se dele tanto o quanto fosse 

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possível. Através da névoa que se instalou em seu cérebro ouviu Chrysander falando com 
um médico e, um momento depois, sentiu uma espetada no braço. E então começou a 
flutuar no vazio, em um lugar onde não havia mágoas nem angústia. Marley se abraçou a 
esse vazio, àquele lugar onde não havia dor nem traições.
     
     
      Chrysander passeava de um lado a outro no quarto enquanto o médico do hotel 
administrava um sedativo em Marley. Estava aborrecido, enojado com seus irmãos e com 
Roslyn… e consigo mesmo.
      —Encontra­se bem?
      O médico o levou à parte.
      —Suas   lesões   não   são   físicas,   senhor   Anetakis.   Se,   como   diz,   recuperou   a 
memória de repente, isso é o que lhe causa dor.
      Chrysander se moveu, impaciente.
      —O que eu posso fazer? Não posso deixá­la assim… não suporto vê­la sofrer.
      —Deve voltar para casa, a um lugar que lhe resulte mais familiar. Necessita um 
médico, mas não de medicina geral, mas sim de um psicólogo. Um trauma como esse… 
tem   que   lhe   dar   tempo.   Agora   mesmo   é   extremamente   frágil   e   recordar   eventos 
traumáticos poderia provocar um ataque de nervos ou algo pior.
      —Meu Deus…
      O médico apertou seu ombro.
      —É bom que tenha recuperado a memória, embora agora esteja passando mal.
      Chrysander   não   estava   tão   seguro.   De   fato,   sabia   que   não   ia   ser   assim.   Ao 
recuperar   a   memória,   Marley   saberia   que   a   tinha   jogado   de   sua   casa…   basicamente 
pondo­a nas mãos de seus sequestradores. E recordaria também quão cruel tinha sido 
com ela. E também recordaria seu próprio papel em toda aquela confusão.
      Nervoso, passou uma mão pelo cabelo. Uma parte dele desejava que não tivesse 
recuperado a memória. Tinham começado outra vez, sem enganos nem traições…
      Mas Marley não tinha parecido envergonhada pelo que fez. Não, parecia quebrada 
de dor, uma dor tão profunda como o som de seu pranto, que era como uma faca no 
coração para ele.
      Chrysander engoliu saliva, inquieto. Não podia deixar de pensar que havia coisas 
enterradas na memória de Marley que ele não ia gostar em nada.

Capítulo 14

      Marley mal se dava conta do que ocorria a seu redor. Ouvia a voz de Chrysander,  
que parecia preocupado, mas não queria saber nada dele e apertou os olhos para não 

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sair daquela espécie de sonho reparador.
      Quando despertou de novo reconheceu o quarto do apartamento de cobertura e a 
angústia e a dor a deixaram sem fôlego.
      Mas nem sequer Chrysander podia ser tão cruel. Nem sequer ele a levaria de volta 
ao lugar que tinham compartilhado e do qual a tinha expulsado.
      Estendeu   uma   mão   para   secar   suas   lágrimas,   mas   curiosamente   não   estava 
chorando. E sentia uma estranha distância, um vazio, unido ao desejo de partir dali.
      Em seguida viu Chrysander dormindo em uma poltrona, ao lado da janela. Estava 
inclinado para um lado, com a roupa enrugada e sombra de barba.
      Esperou sentir uma onda de raiva, de ódio contra ele. Mas não sentia nada mais 
que o desejo de escapar.
      De   modo   que   se   levantou   da   cama   sem   fazer   ruído.   Ocorreu­lhe   que   poderia 
trocar­se, mas não queria despertar Chrysander. Não, tinha que sair dali. Não podia olhá­
lo nos olhos sabendo que a tinha acusado de coisas tão horríveis para deixá­la logo a 
mercê de uns sequestradores.
      Depois de deixar o anel de compromisso sobre a mesinha saiu do quarto sem fazer 
ruído. Descalça, apertou o botão do elevador… e recordou então a noite que Chrysander 
a tinha expulsado dali, quando o mundo se derrubou a seu redor. Como podia havê­la 
acusado de tais coisas?
      Quando chegou em baixo se deu conta de que sua equipe de segurança estaria na 
porta   e,   embora   não   poderiam   evitar   que   se   fosse,   com   toda   certeza   chamariam 
Chrysander para avisá­lo. De modo que saiu pela porta de trás. Infelizmente, outro dos 
guarda­costas estava ali, apoiado em um carro. Marley procurou a saída de serviço, entre 
a lavanderia e a sala de manutenção do edifício. E, dali, saiu à rua.
     
     
      Chrysander despertou com uma monstruosa dor de pescoço. Tinha querido passar 
a noite com Marley entre seus braços, mas cada vez que tentava tocá­la ela se alterava 
de tal modo que tinha que soltá­la.
      Seguindo o conselho do médico havia tornado a levá­la ao apartamento e, assim 
que chegaram ali, chamou uma psicóloga que lhe recomendaram. Esperava que Marley 
quisesse falar com ela.
      Então olhou para a cama… e ao ver que estava vazia se levantou de um salto. Ia 
sair do dormitório quando um brilho na mesinha chamou sua atenção.
      O anel de compromisso.
      Chrysander correu de quarto em quarto e, ao não encontrá­la, começou a sentir 
pânico. Não estava em nenhuma parte.
      Enquanto descia no elevador tirou o celular do bolso e assim que as portas se 
abriram se chocou com Stavros.
      —Onde está?

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      —Não a vi, senhor Anetakis. Acreditei que estava com você.
      —Foi embora! Chame seus homens. Quero que a encontrem imediatamente.
      O   zelador   tampouco   a   tinha   visto   e   parecia   tão   surpreso   como   seu   chefe   de 
segurança.
      Onde podia ter ido? Em seu estado, não deveria sair à rua. E os canalhas que a 
tinham sequestrado seguiam livres…
      Angustiado, ia sair à rua quando seu irmão Theron entrou no edifício.
      —Chrysander, vim vê­lo. Como está Marley?
      —Foi embora.
      —O que? Mas como…?
      —Não tenho nem ideia —respondeu ele, sem saber o que fazer— Desapareceu e  
tenho que encontrá­la.
      —Nós a encontraremos, não se preocupe.
      —Há algo estranho nesta situação… algo que não entendo. Recuperou a memória, 
mas não parecia sentir­se culpada pelo que aconteceu… quão único vi em seu rosto foi 
desolação, como se fosse ela a traída. Estava tão alterada que o médico teve que lhe 
injetar um sedativo… e não me deixava tocá­la.
      —Acalme­se, Chrysander.
      —Não é ela mesma, Theron… e não sei onde pode ter ido.
      —Eu o ajudarei —lhe prometeu seu irmão— Não se preocupe, a encontraremos.
     
     
      Marley estava tremendo enquanto se deixava cair sobre o banco de pedra. Agora 
sabia por que se sentiu atraída por aquele lugar. Horas antes dessa última noite se sentou 
ali, perguntando­se o que diria Chrysander de sua gravidez, de sua relação. E era lógico 
que tivesse medo. Chrysander não a queria, não confiava nela. E a tinha deixado a mercê 
de uns sequestradores.
      Mas   se   negava   a   continuar   pensando   porque   as   lembranças   doíam   muito.   Ao 
menos agora entendia por que tinha escolhido esquecer. Todas essas semanas de terror 
com os sequestradores empalideciam ao lado da traição de Chrysander.
      Como podia ser tão frio? Como tinha sido capaz de não pagar essa quantidade… 
embora  tivesse  sido por uma  estranha?  Ele, que  se  gastava alegremente  milhões em 
diamantes…   Marley   não   sabia   que   fosse   tão   cruel,   mas   a   idiota   tinha   sido   ela   por 
apaixonar­se… não uma, mas duas vezes.
      Um gemido escapou de sua garganta e teve que fechar os olhos. Nunca havia se 
sentido tão ferida, tão sozinha.
      E por que Chrysander tinha  passado  semanas fingindo  que a queria? Era uma 
forma de castigá­la? Não, não podia ser. Havia­o feito pelo filho… ah, claro, seu filho. Era 
por isso. Não lhe importava nada.
      Ficou ali, abraçando a si mesma para evitar o frio, com os olhos fechados, sem 

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saber o que fazer.
      —Marley?
      Ela   levantou   o   olhar,  assustada,  mas  não   era   Chrysander,   e  sim  Theron   quem 
estava a seu lado.
      —Vá embora daqui!
      —Tenho que  levá­la  ao  apartamento  —disse  ele, ficando  em  cócoras frente  ao 
banco— Não se encontra bem… não deveria estar na rua. Deixa que a leve para casa.
      —Não! —exclamou Marley— Não penso voltar nunca.
      —Pensa em seu filho. Deixa que a leve… está gelada.
      —Já disse que não! Vá agora mesmo!
      —Se prometer não levá­la ao apartamento, virá comigo? Não posso te deixar aqui 
com este frio…
      Marley tentou levantar­se, mas seus joelhos se dobraram e Theron aproveitou para 
tomá­la nos braços.
      —Deixe­me em paz… solte­me.
      —Não posso fazer isso, cunhada.
      Marley fechou os olhos, esgotada. Queria sair correndo, afastar­se, mas não tinha 
forças para fazê­lo. Não tinha forças para nada. E amaldiçoou ter recuperado a memória 
porque recuperá­la a tinha destruído para sempre.

Capítulo 15

      Chrysander   entrou   no   hotel   Imperial   Park,   separando   de   má   forma   aos 


empregados que se aproximavam para saudá­lo. Alguém estava segurando as portas do 
elevador e, a toda pressa, subiu e apertou o botão do último andar.
      Uns segundos depois, entrava na suíte reservada normalmente para os VIPS, onde 
o esperava seu irmão.
      —Por que não a levou ao apartamento?
      —Estava   muito   alterada   e   não   queria   ir   ali   de   maneira   nenhuma.   Diga   a   essa 
psicóloga que venha aqui. Ao menos ela pode ajudá­la.
      —Parece preocupado com Marley.
      —Bom, ao fim e ao cabo vai ser a mãe de meu sobrinho —Theron deu de ombros
— Mas tinha razão, age como se o mal foi feito para ela. Ao vê­la no parque assim… deu­
me pena e quis ajudá­la.
      —Onde está agora?
      —Dormindo. Ficou adormecida enquanto a trazia nos braços.
      Chrysander   se   dirigiu   ao   dormitório,   decidido   a   comprovar   por   si   mesmo   que 
Marley estava a salvo. Mas inclusive com a luz apagada pôde ver sua expressão de dor.

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      Estendendo uma mão tocou seu rosto, afastando um cacho de sua testa. Ela não 
se   moveu.   Estava   pálida   e   tinha   as   pálpebras   avermelhadas   de   tanto   chorar.   E   lhe 
encolheu o coração ao vê­la assim.
      Enquanto voltava para o salão, tirou o celular do bolso para pedir à psicóloga que 
fosse ao hotel. Quando terminou, fechou o telefone e olhou a seu irmão.
      —Onde a encontrou?
      —Sentada em um banco do parque. Ia descalça e estava gelada.
      —Theos mou… não sei o que fazer.
      —Continua pensando que é culpada?
      —Não sei —admitiu Chrysander— Às vezes penso que isso já não importa.
      —Quando a vi no banco, tampouco me importou.
      A   psicóloga   chegou   uns   minutos   depois   e   Chrysander   lhe   explicou   a   situação. 
Apesar de que lhe resultava muito desagradável lhe contar detalhes tão íntimos de sua 
vida a uma estranha, queria que soubesse tudo para que pudesse ajudar Marley.
      Felizmente,   a   psicóloga   não   fez   nenhum   comentário.   Simplesmente,   aceitou   a 
informação e pediu para ver a paciente.
      —Agora está descansando, mas pode esperar no quarto até que desperte. Não 
quero que volte a partir.
      —Muito bem.
      Chrysander a acompanhou ao quarto e, ao abrir a porta, Marley se moveu, mas 
quando ia dar um passo adiante, a psicóloga o impediu.
      —Deixe que eu fale com ela.
      —De acordo.
      Ficou no corredor, com o coração encolhido. Houve um longo período de silêncio e 
logo ouviu um murmúrio de vozes. Era a psicóloga quem falava sobre tudo, mas depois 
ouviu a tremente voz de Marley e aguçou o ouvido para tentar entender algo.
      —Fui ao ginecologista no dia que Chrysander voltava de viagem e quando descobri 
que estava grávida fiquei surpreendida. Preocupava­me a reação de Chrysander. Queria 
que falássemos de nossa relação, do que sentia por mim…
      —Continue. —a animou a psicóloga.
      As perguntas de Marley aquela noite de repente tinham sentido para ele…
      —Disse­me que não tínhamos uma relação. Que eu era sua amante, uma mulher 
que pagava para deitar­se com ele.
      Chrysander quis protestar, entrar no quarto e dizer que jamais a tinha considerado 
isso.
      —E logo me acusou. — Marley baixou a voz e não pôde ouvir o que dizia.
      —Calma, calma.
      —Disse­me que o tinha roubado, que eu tinha levado uns planos de seu escritório. 
E logo me disse que me fosse.
      —Você tinha roubado os planos?

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      —Você é a primeira pessoa que se incomoda em me perguntar.
      Chrysander   fez   uma   careta.   Era   verdade,   não   tinha   se   incomodado   em   lhe 
perguntar, nem sequer a tinha deixado falar.
      —Fiquei tão surpreendida que sai do apartamento sem dizer nada mais. Pensava 
voltar no dia seguinte para falar com ele, quando estivesse mais calmo.
      —E o que aconteceu?
      —Um homem me agarrou pela rua e pôs algo na minha cabeça. Logo me meteram 
em um carro e me levaram a algum lugar, não sei onde. Disseram­me que tinham me 
sequestrado para pedir um resgate… e eu estava tão assustada por meu filho.
      Chrysander apertou os punhos.
      —Enviaram dois pedidos de resgate — continuou Marley—, mas Chrysander se 
negou   a   pagar.   Deixou­me   com   esses   homens…   nem   sequer   valia   meio   milhão   de 
dólares para ele.
      Quando começou a chorar, Chrysander ficou olhando para frente, perplexo. Ele 
não tinha recebido nenhum pedido de resgate… Marley tinha acreditado que não queria 
salvá­la, que a tinha deixado de propósito nas mãos desses canalhas? Atônito, sentiu que 
uma lágrima rodava por seu rosto.
      Uns minutos depois, a psicóloga saía do quarto e fechava a porta.
      —Injetei­lhe   um   sedativo   porque   está   muito   nervosa.   Precisa   descansar, 
sobretudo. Sua realidade é muito dolorosa, assim prefere esconder­se,  é natural. Esse 
mesmo   instinto   de   sobrevivência   é   o   que   provocou   a   amnésia.   Agora   que   a   falta   de 
lembranças já não pode protegê­la, está tentando lutar contra isto como pode —a mulher 
o olhou e em seus olhos Chrysander pôde ver muitas perguntas— Ligue­me se precisar 
de mim outra vez. Virei em seguida.
      —Obrigado —disse ele.
      Quando partiu, Chrysander se deixou cair no sofá.
      —Meu Deus…
      —Ouvi algo. —murmurou seu irmão.
      —Ela   não   roubou   nada…   e   eu   nunca   recebi   uma   petição   de   resgate.   Marley 
acredita…   acredita   que   a   deixei   a   mercê   desses   canalhas,   que   não   me   importava   o 
suficiente para pagar esse dinheiro…
      Theron pôs uma mão em seu ombro.
      —Temos que investigar o que aconteceu.
      Chrysander assentiu com a cabeça.
      —Roslyn.
      —O que?
      —Roslyn esteve no apartamento naquela noite. Ela deve ter colocado os papéis na 
bolsa de Marley.
      Então   lhe   ocorreu   outra   coisa,   algo   que   o   deixou   doente.   Qualquer   pedido   de 
resgate teria passado por seu escritório já que ninguém tinha o telefone do apartamento 

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de cobertura… e a única pessoa que podia tê­los interceptado era Roslyn.
      —Fique  aqui   com  Marley  —disse,  levantando­se—  Por favor,  encarregue­se   de 
que não vá a nenhum lugar. Vou chamar um médico para que venha examiná­la.
      —Aonde vai?
      —Vou averiguar se estou certo sobre o que aconteceu.
      —Chrysander, espera —disse Theron— Deveria chamar a polícia. Embora a faça 
confessar, não servirá de nada, só saberia você.
      Chrysander apertou os punhos, frustrado, mas sabia que seu irmão tinha razão. 
Ele queria que se fizesse justiça e essa era à única maneira de consegui­la.

* * *
      Chrysander passeava por seu escritório enquanto esperava a chegada de Roslyn. 
Não queria estar ali, queria estar com Marley… embora ela não permitisse que sequer se 
aproximasse. Quando despertava mostrava­se distante, remota, como se não pudesse 
concentrar­se em nada. Estava ali, mas não estava ali. Era como se tivesse ido a um 
lugar onde nada podia machucá­la.
      Fechando os olhos, Chrysander tentou concentrar­se na tarefa que o esperava. 
Quando ouviu Roslyn entrar no escritório ficou tenso, mas fez um esforço para sorrir, para 
agir como se não acontecesse nada, como se não a odiasse até morte.
      —Queria me ver, senhor Anetakis?
      —Sim, sim —murmurou ele, sorridente— Eu sempre quero vê­la, Roslyn.
      —Ah, obrigada. —sorriu sua ajudante, coquete.
      —Suponho   que   saberá   o   que   aconteceu   ontem   à   noite   e…   enfim,   estive 
pensando… às vezes os homens não percebem nada, verdade?
      —Não sei a que se refere.
      —Por que não me disse que me desejava, Roslyn? Em lugar de estar com você 
mantive uma relação que não me interessava… embora agradeça seus esforços para me 
livrar de Marley. Sinto não ter me dado conta antes, claro.
      Um frio sorriso iluminou o rosto de sua ajudante. Era estranho, mas Chrysander 
não   se   deu   conta   até   aquele   momento   de   que   não   era   uma   mulher   bela,   mas   sim 
justamente o contrário.
      —Como o fez?
      E então escutou, horrorizado, como Roslyn lhe contava o que havia feito para que 
Marley parecesse culpada dos roubos. O sequestro não tinha tido nada a ver com ela, 
mas quando recebeu os pedidos de resgate no escritório o viu como uma oportunidade de 
livrar­se de Marley Jameson para sempre.
      Tão ansiosa estava por lhe demonstrar sua devoção que não se deu conta de que 
estava admitindo ter vendido ela mesma os planos à concorrência.
      —De   modo   que   você   roubou   os   planos   e   os   vendeu   ao   Marcelli   —disse 
Chrysander com voz gelada.

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      Roslyn ficou pálida ao dar­se conta do que tinha confessado.
      —Não, eu…
      —Então fez Marley parecer culpada, pensando não só no dinheiro que receberia 
pelos   planos,   mas  também  com  Marley  fora   de  minha   vida,   você  poderia   ocupar  seu 
lugar.
      —Eu não disse isso…
      —E quando chegaram os pedidos de resgate, você os destruiu sem me dizer nada. 
O que esperava, Roslyn, que a matassem?
      Quão único Chrysander podia ver era Marley sozinha, assustada. Grávida de seu 
filho. Pensando não só que a odiava, mas que também a tinha abandonado à sua sorte. 
Dava­lhe vontade de chorar.
      Roslyn pareceu recuperar a compostura então e o olhou com desdém.
      —Nunca poderá provar isso.
      —Não   tenho  que   fazê­lo   —disse   ele,  apertando  o   botão   do  intercomunicador— 
Podem entrar, detetive.
      Sua   ajudante   esteve   a   ponto   de   desmaiar   quando   três   policiais   entraram   no 
escritório.
      —Não pode fazer isto comigo! —gritou— Eu o amo, Chrysander. Faria qualquer 
coisa por você.
      Ele sacudiu a cabeça, sem olhá­la sequer enquanto os policiais a levavam. Não 
tinha a menor intenção de escutá­la, só queria voltar para Marley.
      —Perdoe­me, agape mou —murmurou.
     
     
      Marley se deu conta de que alguém a levava nos braços. Mas não era Chrysander.
      —Tranquila, cunhada —disse Theron— Está a salvo.
      —Onde me leva?
      —A um lugar seguro, tranquila. Chrysander não deixaria que acontecesse nada 
com você.
      Marley ia protestar que Chrysander não faria nada por ela, mas não tinha energia 
para fazê­lo. Não tinha energia para respirar sequer.
     
     
      Quando despertou de novo, havia uma frescura em seu cérebro que tinha estado 
ausente desde o dia que recuperou a memória. A confusão tinha desaparecido, mas com 
essa nova claridade chegou uma dor insuportável.
      Sentia­se alerta, como se tivesse dormido durante uma semana. E talvez tivesse 
sido assim. Não sabia quanto tempo tinha transcorrido e, embora o passado já não fosse 
um mistério, os eventos dos últimos dias estavam como envoltos em névoa para ela.
      Suspirando, levantou­se na cama… e quando olhou ao redor se deu conta de que  

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não   sabia   onde   estava.   Era   um   quarto   espaçoso   e   alegre,   com   várias   janelas   que 
deixavam entrar a luz do sol.
      Mas quando ia entrar no banheiro viu Chrysander na porta e, surpreendida, levou 
uma mão ao coração.
      —Não era minha intenção assustá­la, pedhaki mou. Mas me preocupei ao ver que 
não estava na cama.
      —Só queria tomar um banho.
      —Chamarei a senhora Cahill se por acaso precisar de algo…
      —Deixa de mentir. Já não tem que fingir que se preocupa com o que acontece 
comigo.
      —Você me importa muito, agape mou.
      Antes que Marley pudesse responder Chrysander tinha desaparecido e, um minuto 
depois, Patrice entrava para ajudá­la a banhar­se.
      —Onde estamos? E o que faz você aqui? Pensei que estava em Atenas com o 
doutor Karounis.
      —O senhor Anetakis enviou seu avião para me buscar. Estava desesperado… a 
ideia de voltar para o apartamento a alterava de tal modo que ele a trouxe aqui.
      —E onde estou?
      —Em sua casa, à uma hora da cidade. Aqui é mais tranquilo e pensou que você 
iria preferir.
      Os olhos de Marley se encheram de lágrimas. E ela pensando que não ficavam 
mais…
      —Está muito preocupado com você. Todos estávamos preocupados.
      Marley não se incomodou em lhe contar a verdade: que Chrysander a odiava. Que 
não a tinha amado nunca.
      —O que vou fazer? —sussurrou.
      Tinha sido uma idiota por deixar seu apartamento, seu trabalho, tudo por estar com 
ele. Tinha estado cega por seu amor e convencida de que havia um futuro para eles.
      Patrice   a   ajudou   a   secar­se   e   vestir­se   depois   do   banho,   mas   quando   saiu   do 
quarto Chrysander estava esperando no corredor.
      —Quer comer algo? O café da manhã está servido lá embaixo.
      Sem dizer nada, Marley desceu a escada. E não deixou que a tocasse.
      Sentaram­se a uma mesa de onde podia ver um lindo jardim. A luz do sol entrava 
pelas portas de vidro, esquentando­a um pouco…
      —Temos que conversar, Marley —começou a dizer ele— Temos muitas coisas a 
nos dizer. Mas antes deve comer para recuperar as forças. Sua saúde e a de nosso filho 
vêem em primeiro.
      Ela comeu, sem olhá­lo, sem dizer uma palavra. Mas quando estava terminando 
seu   suco   de   laranja  ouviu   o   ruído   de   uma   porta   ao   longe   e   logo  uns  passos  que   se 
aproximavam. Theron entrou na sala de jantar pouco depois.

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      —Seja o que for, com certeza pode esperar até que Marley termine de tomar o café 
da manhã.
      Theron parecia preocupado, mas assentiu com a cabeça. E a Marley lhe fez um nó 
na garganta. Fosse o que fosse do que queriam falar, evidentemente não queriam fazê­lo 
diante dela.
      —Podem falar agora mesmo. Já terminei. —disse, levantando­se.
      —Espera, não vá…
      Mas   sem   lhe   fazer   caso,   Marley   seguiu   adiante.   Chrysander   resmungou   um 
palavrão. Sentia­se angustiado, desfeito. Como ia solucionar aquilo? Como ia convencê­la 
de que ele não a tinha abandonado? E como ia pedir­lhe perdão? Marley o odiava e tinha 
todo o direito a fazê­lo.
      Theron tirou um jornal do bolso.
      —Olhe isto.
      Na primeira página havia uma fotografia de Theron levando Marley nos braços no 
dia que saiu fugindo do apartamento. Debaixo, havia fotografias dele e de Roslyn… que  
pelo visto tinha dado uma entrevista falando de sua relação com Marley.
      —Suponho que terá pensado que não tem nada a perder e tudo a ganhar contando 
sua versão da história —suspirou seu irmão.
      Angustiado, Chrysander se deixou cair sobre uma poltrona.
      —Amaldiçoo o dia que contratei essa mulher. Marley poderia ter morrido por sua 
culpa.
      —Você a ama.
      Não   era   uma   pergunta,   mas   sim   uma   afirmação.   Sim,   a   amava.   Mas   tinha 
conseguido matar o amor de Marley não uma vez, mas sim duas vezes.
      —Entenderei perfeitamente se ela não quiser me perdoar. Como vai fazê­lo se eu 
não posso perdoar a mim mesmo?
      —Vá até ela. Tenta arrumar a situação.
      Chrysander se levantou. Sim, tinha chegado o momento de falar com Marley. Se 
ela estava disposta a conversar.

Capítulo 16

      Marley estava em seu quarto, olhando pela janela, mas sem ver o jardim. Nada do 
que Chrysander fizesse deveria surpreendê­la ou magoá­la já e, entretanto…
      —Marley.
      Quando  se  voltou, ele  estava  na  porta.  Parecia cansado, seus  olhos cheios de 
angústia. E havia algo mais em sua expressão… tristeza, medo?
      —Temos que falar.

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      Marley assentiu com a cabeça, mas deu a volta para continuar olhando o jardim. 
Sim, tinham que falar e terminar com aquilo de uma vez por todas.
      —Não afaste o olhar de mim, agape mou. Não quero vê­la tão triste.
      —Diga­me o que tenha a dizer e acaba com isso de uma vez.
      —Venha, sente­se. —disse ele, tomando­a brandamente pelo pulso.
      Marley o afastou, mas se sentaram um ao lado do outro sobre a cama, sem tocar­
se.
      —Mentiu para mim. Tudo o que me disse no hospital, na ilha… tudo era mentira. 
Eu não importo nada para você. Quando nos deitávamos juntos mentia para mim… que 
tipo de pessoa faria uma coisa assim? —tremendo, Marley se tampou a cara com as 
mãos.
      —Engana­se   —começou   a   explicar  ele—  Importa­me   muito   e   quando   fazíamos 
amor não estava mentindo. Sim, menti sobre os detalhes. Advertiram­me que não devia te 
contar nada, que recuperaria a memória pouco a pouco. Menti sobre pequenas coisas…
      —Como que estávamos comprometidos, por exemplo.
      —Tive   que   fazê­lo   ou   não   me   teriam   deixado   cuidar   de   você   —suspirou   ele—
Comportei­me muito mal com você, mas há coisas que deve saber. Eu nunca recebi os 
pedidos  de   resgate…  eu  teria   movido  céu   e  terra   para   te   resgatar,   Marley.  Nenhuma 
quantidade teria sido muito alta. Eu não sabia sequer que a tinham sequestrado.
      —Como não?
      —Roslyn destruiu as notas nas quais pediam o resgate. Foi ela quem roubou os 
planos… que estava nos vendendo à concorrência.
      —Roslyn…
      —Queria livrar­se de você e por isso decidiu esconder sobre o sequestro. Eu não 
soube nada até o dia que a polícia a encontrou, juro­lhe isso. E fui um imbecil por acusá­
la naquela noite… nem sequer a escutei. Agora não sei como pude acreditar que você 
tinha roubado os planos. Não o entendo… comportei­me como um canalha. Mas aquela 
noite, quando me perguntou por nossa relação… a verdade é que me assustei. Pensei 
que não era feliz comigo, que queria mais do que eu podia te dar —Chrysander apertou 
sua mão—.Por isso lhe disse que era minha amante, mas não era verdade. Não era isso, 
nunca foi.
      —O que está dizendo?
      —Que a amo, pedhaki mou, S'agapo.
      Marley nem sequer podia responder, tão perplexa estava.
      —Embora então não soubesse, sim sabia que não queria que se fosse de meu 
lado. Mas quando vi esses papéis em sua bolsa fiquei furioso. Não podia acreditar que 
você nos tivesse estado roubando.
      —Mas acreditou nisso. —recordou ela.
      —Meus irmãos e eu trabalhamos muito para conseguir o que temos… e pensei que 
tinha me usado, por isso lhe disse que se fosse. E, que Deus me perdoe, foi culpa minha  

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que esses canalhas a sequestraram.
      Marley fechou os olhos para não recordar o medo e o desespero que tinha sentido 
durante esses meses. Embora tivesse recuperado a memória, essa parte, felizmente, era 
um borrão. E, com um pouco de sorte, não a recordaria nunca.
      —Me ama?
      Chrysander a tomou entre seus braços, com a mesma delicadeza como se fosse 
um objeto de cristal.
      —Não soube demonstrar isso, mas a amo. E quero que se case comigo, Marley. 
Por favor.
      Ela sacudiu a cabeça, desconcertada.
      —Continua querendo se casar comigo?
      —Não espero que me responda agora mesmo, mas me dê uma oportunidade. Não 
o lamentará, prometo­lhe isso. Farei que volte a me amar.
      Tinha perdido a cabeça, pensou Marley. Chrysander estava abraçando­a, dizendo 
que a amava, que queria casar­se com ela…
      De verdade desta vez, sem mentiras.
      —Pense,   agape   mou.   Esperarei   o   tempo   que   precisar   até   que   me   dê   uma 
resposta.
      Depois se levantou, como se intuísse seu desejo de estar sozinha, e Marley ficou 
imóvel, olhando a porta pela qual tinha desaparecido. A amava?
      Roslyn  era   a  pessoa   que   roubou  os  planos?   Roslyn  que   ocultou   que   a   tinham 
sequestrado?
      Chrysander havia dito que a amava e que desejava casar­se com ela, mas não 
podia perdoá­lo e esquecer tudo sem mais. Nem sequer tinha podido lhe devolver essa 
declaração de amor.
      Suspirando,   deitou­se   na   cama.   Estava   tão   cansada   física   e   emocionalmente. 
Passando uma mão pelo volumoso abdômen, sorriu quando seu filho lhe deu um chute.
      —O que devo fazer? —sussurrou. Tinha tanto medo de voltar a confiar no amor de 
Chrysander.
      Marley fechou os olhos um momento. Não podia tomar uma decisão assim em uns 
minutos porque havia muito em jogo, sobretudo, o futuro de seu filho.
     
     
      Durante os dias seguintes, Chrysander a atendeu em todas as horas. Mimava­a, 
ficava observando­a e frequentemente lhe dizia que a amava… embora tentasse manter 
certa distância entre eles.
      Dois dias depois, seus irmãos foram visitá­lo e Marley se dirigiu para o seu quarto 
porque não se sentia cômoda com os Anetakis depois de tudo o que tinha passado. Mas  
era com ela com quem queriam falar.
      —Nos comportamos de maneira vergonhosa com você —Theron foi o primeiro em 

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desculpar­se.
      Piers assentiu.
      —Entenderíamos   que   não   nos   perdoasse   porque   não   há   defesa   possível   para 
nosso comportamento, especialmente estando grávida de nosso sobrinho.
      Pareciam   sinceros,   mas   ela   não   sabia   o   que   dizer.   E   quando   olhou   para 
Chrysander,   pareceu­lhe   que   tinha   perdido   peso,   seu   rosto   mais   magro   que   antes. 
Parecia tão infeliz…
      Não   porque   se   sentisse   culpado,   embora   houvesse   muito   disso   flutuando   no 
ambiente, mas sim como se tivesse perdido o que mais queria.
      A ela?
      Depois de murmurar uma desculpa, Marley saiu da sala, quase correndo em sua 
pressa por estar sozinha.
      Abriu a porta do jardim e respirou profundamente o ar fresco da noite. Não podia 
deixar de dar voltas a tudo o que lhe tinha acontecido durante aqueles dias…
      Chrysander parecia tão magoado quanto ela. Se a odiasse de verdade, por que 
teria montado essa farsa quando perdeu a memória? Só por seu filho? Sim, era possível, 
certamente.
      Mas   então   por   que   não   fez   o   que   Theron   tinha   sugerido,   instalá­la   em   um 
apartamento e tentar chegar a um acordo econômico com ela? Por que a tinha levado à 
ilha, por que havia feito amor com ela, por que tinha agido como se lhe importasse?
      Amaria­a   de   verdade?   Tal   declaração   não   podia   ter   sido   fácil   para   ele   já   que 
Chrysander não era um homem dado a compartilhar seus sentimentos. Durante o tempo 
que   estiveram   juntos   nunca   havia   dito   o   que   sentia   por   ela…   embora   Marley   o   tinha  
mostrado centenas de vezes quanto lhe importava.
      Podia confiar nele outra vez? Essa ideia a assustava e, ao mesmo tempo, oferecia­
lhe certa medida de paz. A escolha era dela.
      Marley sabia o que queria, embora poderia não ser o melhor para ela. O coração 
nem sempre escolhia sabiamente, pensou. Mesmo assim, entrou na casa para procurar 
Chrysander, sabendo que tinha tomado à decisão mais acertada.
      Seus irmãos já tinham ido e o encontrou sozinho na sala em que o tinha deixado, 
olhando   pela   janela.   Tinha   a   camisa   enrugada   e   sombras   ao   redor   dos   olhos…   não 
parecia ter dormido muito nos últimos dias.
      —Chrysander.
      Ele se virou, surpreso.
      —Está bem, agape mou? Necessita algo? Sinto se meus irmãos a aborreceram…
      —Casarei com você. —o interrompeu ela.
      —O que?
      —Quero uma cerimônia pequena, tão simples quanto for possível.
      —O que você disser.
      —E quero… —Marley apartou o olhar.

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      —O que é que quer, agape mou? Diga­me isso Não há nada que eu não fizesse 
por você. Só tem que me pedir.  
   —Não quero ficar aqui, quero que voltemos para a ilha.
      Chrysander assentiu, apertando sua mão.
      —Iremos assim que estivermos casados.
      —Fala a sério? Não se importa?
      —Sua felicidade é o único importante para mim. E me pede algo tão simples… a 
ilha será nossa casa a partir de agora se isso for o que quer.
      —Sim, isso é o que quero.
      —Então, começarei a organizar tudo agora mesmo.
     
     
      Chrysander   não   perdeu   tempo   organizando   o   casamento.   Ele   mesmo   fez   as 
mudanças pertinentes em sua agenda e se encarregou de tudo o que Marley pudesse 
necessitar na ilha.
      Agora que tinha recuperado a memória, esteve várias horas na delegacia de polícia 
dando todos os detalhes que recordava. Os sequestradores não a tinham machucado e 
tinham mostrado certa consideração para sua gravidez. Passaram vários dias vigiando­a, 
sabendo   que   vivia   com   Chrysander   Anetakis,   e   tinham   aproveitado   a   primeira 
oportunidade que se apresentou. Tinham pedido uma quantidade discreta como resgate, 
mas   ao   não   receber   resposta   às   suas   exigências   decidiram   abandoná­la   e   ligar   de 
maneira anônima à polícia para lhes indicar seu paradeiro.
      Acreditar   que   Chrysander   não   ia   fazer   nada   por   ela   foi   o   que   a   empurrou   ao 
abismo. Foi então quando bloqueou seu passado, tão desolada estava por essa traição. 
Marley passou mal enquanto estava recordando­o e Chrysander sofreu a agonia de ver­
se enfrentado com tudo o que tinha sofrido por sua culpa.
      O detetive encarregado do caso lhes disse que entraria em contato com eles se, 
com um pouco de sorte, detinham os culpados e Marley se via obrigada a atestar.
      Dois dias depois se casaram. Theron e Piers foram às testemunhas e, depois das 
bodas, Piers lhe ofereceu um discreto boas­vindas  à família enquanto a de Theron foi 
mais aberta, mais entusiasta.
      —Fez­me muito feliz, cunhada. —murmurou, abraçando­a.
      Marley sorriu, mas sabia que não estava enganando­o com esse sorriso. Ainda 
havia muita dor em seu coração.
      Enquanto Chrysander queria esperar alguns dias para voltar para a ilha, Marley 
insistia em ir imediatamente. Queria voltar para o lugar onde tinha sido feliz… embora só 
fosse durante umas semanas. Nova Iorque tinha para ela tantas más lembranças…
     
     
      Era   tarde   quando   chegaram   a   Corinto   e   muito   mais   tarde   quando,   por   fim,   o 

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helicóptero aterrissou na ilha, mas para Marley foi um alívio estar de novo em casa.
      Uma   vez   na   cama,   Chrysander   a   abraçou   como   se   tivesse   medo   de   tocá­la   e 
Marley estendeu uma mão para acender a lâmpada da mesinha.
      —O que ocorre? Não se encontra bem?
      Marley viu as linhas de preocupação ao redor de sua boca, o brilho de incerteza 
em seus olhos… e nesse momento o entendeu: tinha medo.
      —Faça amor comigo. —lhe disse.
      —Tem que estar completamente segura, agape mou. Não quero pressioná­la para 
que faça algo que não quer fazer.
      —Estou segura.
      Deixando   escapar   um   suspiro   torturado,   Chrysander   se   colocou   em   cima   dela. 
Cada beijo, cada toque, era extremamente terno. Acariciava­a com infinito cuidado.
      —S'agapo,   pedhaki   mou,   S'agapo   —murmurava,   com   uma   voz   tão   rouca,   tão 
carregada de emoção, que os olhos de Marley se encheram de lágrimas.
      —Preciso de você, Chrysander…
      Ele a penetrou, devagar, com movimentos solícitos e calculados, mas Marley não 
queria que a tratasse com tão mimo, queria­o completamente. De modo que se arqueou 
para ele, envolvendo as pernas ao redor de sua cintura.
      Soluços de prazer e de desejo escapavam de sua garganta e, por uma vez, a dor 
se converteu em uma longínqua lembrança. Só tinha aquele momento e aquele homem 
que a amava. Subiu por uma íngreme ladeira e logo caiu rapidamente, mas Chrysander 
estava ali para segurá­la enquanto murmurava palavras de amor sobre sua boca.
      —Não me solte. —murmurou.
      —Nunca, agape mou —lhe prometeu ele, acariciando seu cabelo, suas costas e 
seu volumoso abdômen enquanto ela adormecia.
     
     
      Marley saltou da cama e vestiu o robe para cobrir sua nudez. Chrysander estava 
dormindo, com um braço onde um segundo antes tinha estado ela.
      Fizeram amor durante toda a noite e, por fim, ficaram adormecidos ao amanhecer. 
Já não havia mais dúvida em seu coração e logo, muito em breve, seus medos também 
teriam desaparecido, estava segura.
      Desceu à cozinha para tomar um suco de laranja e logo saiu ao jardim para olhar o  
mar. Foi ali onde a encontrou Chrysander, tomando­a pela cintura enquanto lhe dava um  
beijo no pescoço.
      —Levantou­se muito cedo, agape mou.
      —Estava pensando. —murmurou Marley.
      Ele a olhou também, cabisbaixo.
      —Existe alguma possibilidade de que volte a me amar, Marley? Ou destrocei essa 
possibilidade para sempre?

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Série No Amor e na Guerra 1

      —Já o amo, Chrysander. Sempre o amei. Desde o primeiro dia não houve nenhum 
outro homem para mim. E não o haverá nunca.
      —Me ama?
      —Não podia dizer isso a você em Nova Iorque. Queria que voltássemos aqui, onde 
fomos felizes. Queria que nossa vida começasse aqui outra vez.
      Chrysander   a   apertou   contra   seu   peito.   Sua   voz   tremia   de   emoção   enquanto 
murmurava   palavras   em   grego   e   em   seu   idioma,   dizendo   quanto   a   amava   e   quanto  
lamentava a dor que lhe tinha causado.
      Depois a tomou nos braços para levá­la de volta à cama e voltou a fazer amor com 
ela, agora com mais ternura que nunca. Depois, com a cabeça de Marley apoiada sobre 
seu peito, acariciou seu cabelo brandamente.
      —Eu a amo tanto, yineka mou. Não mereço seu amor, mas lhe agradeço com todo 
meu coração. Durante o resto de minha vida a agradecerei por isso.
      —Eu também o amo, Chrysander. E seremos muito felizes juntos, eu o farei feliz.
      E assim foi.

Fim

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