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Ciências Humanas

Secretaria de Estado da Educação e do Esporte

CIÊNCIAS HUMANAS

MACEIÓ/AL - 2014
CIÊNCIAS HUMANAS

Teotônio Vilela Filho Profª Msc. Maria Vilma da Silva


GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS PROJETO DE ELABORAÇÃO

José Thomaz Nonô Neto Profª Msc. Maria Vilma da Silva


VICE­GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS Profª Esp. Rosineide Machado Urtiga
COORDENAÇÃO GERAL
Stella Lima de Albuquerque
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO ESPORTE Profa. Dra. Rosaura Soligo
ASSESSORIA TÉCNICO­PEDAGÓGICA
Adriana Araújo Peixoto INSTITUTO ABAPORU DE EDUCAÇÃO E CULTURA
SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA DA EDUCAÇÃO
Alessandro de Melo Omena
Vânia Maria Quintela Lopes Fernandez Antônio Daniel Marinho Ribeiro
SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA DO ESPORTE Allan Manoel Almeida da Silva
Edluza Maria Soares de Oliveira
Maridalva Passos Santos Campos
José Flávio Tenório de Oliveira
SUPERINTENDENTE DE GESTÃO DA REDE ESTADUAL DE
ENSINO Ilson Barboza Leão Júnior
Maria Vilma da Silva
Claudiane Oliveira Pimentel Fabrício Maria da Paz Elias da Silva
SUPERINTENDENTE DE POLITICAS EDUCACIONAIS DE Patrícia Angélica Melo Araújo
ALAGOAS
Renata de Souza Leão
Maria do Carmo Custódio de Melo Silveira Soraia Maria da Silva Nunes
SUPERINTENDENTE DE GESTÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL Walkíria Maria Bomfim Costa
DE ALAGOAS EQUIPE TÉCNICO­PEDAGÓGICA DA GEORC

Maria José Alves Costa


DIRETORA DE APOIO PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS

Maria Vilma da Silva


GERENTE DE ORGANIZAÇÃO DO CURRICULO ESCOLAR

Rossane Romy Pinheiro Batista


GERENTE DE APOIO A FORMAÇÃO CONTINUADA

Terezinha Barbosa da Fonseca


GERENTE DE DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS

CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

PROFESSORES COLABORADORES

CAPÍTULO 1 Quitéria Pereira de Assis Isvalmeires Ramos Cabral


Ademir da Silva Oliveira Ricardo Lisboa Martins Jonas dos Santos Lima
Gilberto Geraldo Ferreira Sílvia Souza José Afonso de Carvalho Dantas Lins
Irani da Silva Neves Valéria Campos Cavalcante José Clebson dos Santos
Ivone Britto Santos Zezito de Araújo Josefa Nunes de Barros Freire
Maria Alcina Ramos de Freitas Lucimar Almeida Santana Feitosa
Maria da Paz Elias da Silva CAPÍTULO 3 Maria Eliana Silva Souza
Maria Vilma da Sila Kátia Maria do Nascimento Barros Maria Elisângela do Nascimento
Rosaura Soligo Maria Betânia Santos de Moraes Almeida
Zezito de Araújo Maria Vilma da Silva Maria Ivoneide Rodrigues Dantas
Nadeje Fidelis Moraes Maria Vilma da Silva
CAPÍTULO 2 Rosaura Soligo Marielza Coreia de Lima
Ademir da Silva Oliveira Socorro Quirino Botelho Mariza Gomes Nobre
Ana Márcia Cardoso Ferreira Suzille de Oliveira Melo Chaves Micaela Mariza Amaral Chaves
Ana Maria do Nascimento Silva Nitecy Gonçalves Abreu
Ângela Maria Ribeiro Holanda CAPÍTULO 4 e 5 Radjane Batista Ferreira
Carmem Lúcia de Araujo Paiva Oliveira Almir Laventino da Silva Renilda Leonardo Firmino
Claudiane Oliveira Pimentel Fabrício Andreia Taciana dos Santos Silva Ricardo Lisboa Martins
Cristine Lúcia Ferreira L de Mello Benedito Santos da Silva Rosaura Soligo
Fernanda de Albuquerque Tenório Cícero Manoel da Silva Sandra Vitorino
Gilberto Geraldo Ferreira Cláudio Luiz Menezes de Oliveira Sebastiana Maria Santos
Irani da Silva Neves Denis Martins de Omena Soares
José Raildo Vicente ferreira Djalma Luiz da Silva Filho CAPÍTULO 6
Josilene Pereira de Moura Silva Eliane Santos Euzebio Ana Márcia Cardoso Ferreira
Laudicéa Eurides Ivo Elisana Ribeiro da Silva Aristóteles Lamenha da Rocha
Maria Alcina Ramos de Freitas Elyda Cristina Oliveira da Silva Edvaldo Albuquerque dos Santos
Maria De Jesus Machado Geane Alves da Silva Carmo Elaine Cristina S. de Oliveira
Maria do Socorro Quirino Botelho Geine Pereira de Oliveira e Silva José Flávio Tenório de Oliveira
Maria José da Rocha Siqueira Genelva da Silva Pedrosa Juliana Souza Cahet
Maria Luciana Leão Ciríaco Genilda Araújo de Lima Maria Vilma da Silva
Maria Margareth Tenório Geraldo Alves Feitosa Renata de Souza Leão
Nadeje Fidelis de Moraes Ilson Barbosa Leão Júnior Roohelmann Pontes Silva

Arryson André de Albuquerque Barbosa


Genilson Vieira Lins
Glauberto Cesário dos Santos
ARTE E PROJETO GRÁFICO

Maria Angélica Lauretti Carneiro


REVISÃO ORTOGRÁFICA
CATALOGAÇÃO NA FONTE: SEE/AL

ALAGOAS. Secretaria de Estado da Educação e do Esporte – SEE


Referencial Curricular da Educação Básica da Rede
Estadual de Ensino de Alagoas.
186p.
Educação Básica. Referencial Curricular. Ciências Humanas.
1ª Edição. Maceió­AL, 2014.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO ESPORTE


Av. Fernandes Lima, 580 ­ Farol ­ Maceió/Al. ­ CEP: 57000­025

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


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Prezados Professores e Professoras!

Eis o REFERENCIAL CURRICULAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA REDE ESTADUAL DE ENSINO,


que ora apresentamos à sociedade alagoana e, principalmente, às escolas da rede estadual.
O Referencial Curricular que ora lhes entregamos traz as marcas da coletividade, pois foi
construído democraticamente, com a honrosa participação de professores e técnicos
pedagógicos das 15 Coordenadorias Regionais de Educação ­ CRE e técnicos pedagógicos da
sede administrativa da SEE/AL, coordenado pela Gerência de Organização do Currículo Escolar ­
GEORC, setor ligado à Diretoria de Apoio Pedagógico das Escolas ­ DIAPE e à Superintendência da
Gestão de Rede Estadual ­ SUGER.

Este documento contempla as experiências de Professores que lutam todos os dias na


busca de um ensino e aprendizagem de boa qualidade que possibilite o atendimento das
necessidades de aprendizagem de todos e de cada um dos estudantes matriculados na rede
estadual de ensino.

Vislumbramos com este documento uma educação escolar que considere a realidade dos
estudantes, as diversidades que permeiam a sociedade e, consequentemente, a valorização, e
ampliação dos saberes historicamente construídos pela humanidaade.

Na perspectiva de promover ensino e aprendizagem significativos e consistentes,


consideramos as interfaces entre o conhecimento científico e o escolar a partir dos princípios
pedagógicos da contextualização, da interdisciplinaridade, da pesquisa e dos letramentos.

Assim sendo, este Referencial representa no contexto da educação escolar alagoana, o


anseio de todos os participes do movimento de construção de uma escola pública de boa
qualidade, investindo no desenvolvimento das potencialidades de todos os envolvidos no
processo de ensino de aprendizagem.

Stella Lima de Albuquerque


Secretária de Educação e do Esporte de Alagoas

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CIÊNCIAS HUMANAS

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CIÊNCIAS HUMANAS

Sumário
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

CAPÍTULO 1 ­ O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19


1.1.O PAPEL DA ESCOLA HOJE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.EDUCAÇÃO ESCOLAR E DIREITOS HUMANOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

CAPÍTULO 2 ­ A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29


2.1.Educação infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.Ensino fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3. Ensino médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.4.Modalidades e Diversidades da Educação Básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.4.1.Educação de Jovens e Adultos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.4.2.Educação Profissional e Técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.4.3.Educação a Distância na Educação Básica da Rede Estadual de Ensino de Alagoas . . . . . . . . . . . . 41
2.4.4.Educação Escolar Quilombola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.4.5.Educação para as Relações de Gênero e Sexual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.4.6.Educação Indígena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.4.7Educação Escolar do Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

CAPÍTULO 3 ­ DESAFIOS PARA A REDE ESTADUAL DE ENSINO DE ALAGOAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51


3.1. O desafio de alfabetizar a todos na idade certa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.2.Distorção idade escolaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.2.1. Possibilidade de superação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.2.1.1. Turmas de progressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.2.1.1.1.Turmas de Progressão I e II (anos iniciais) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.2.1.1.2. Turmas de Progressão III e IV (anos finais) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4 Espaços/tempos complementares de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4.1 Laboratórios de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.4.2. Outras possibilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.5. Educação em Tempo Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.5.1. Programa Mais Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

CAPÍTULO 4 – COMPROMISSOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA E ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO


ESCOLAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.1. Propósitos da Educação Básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.2. Organização do conhecimento escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.3. A construção de competências e habilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.4. AS ÁREAS DO CONHECIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.4.1. O TRABALHO INTERDISCIPLINAR E CONTEXTUALIZADO NAS CIÊNCIAS HUMANAS . . . . . . . . . . . . . . 71
4.5. Organização do Conhecimento Escolar da Área de Ciências Humanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.6. HISTORIALIZAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR DE HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.6.1. CARACTERIZAÇÃO DO COMPONENTE DE HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.6.2. Organização do Conhecimento Escolar de História – Ensino Fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.6.2.1. Quadro componente História – Ens. Médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.7. CARACTERIZAÇÃO DO COMPONENTE GEOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.7.1. Organização do Conhecimento Escolar de Geografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.7.2. Quadros de GEOGRAFIA ENSINO MÉDIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

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Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas

4.8. HISTORICIZAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR DE SOCIOLOGIA . . . . . . . ........ . . . . . . . . . . . . . 112


4.8.1. CARACTERIZAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR DE SOCIOLOGIA . . . . ........ . . . . . . . . . . . . . 114
4.8.2. Quadro do componente curricular de sociologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . . . . . . . . . . . . . 115
4.9. CARACTERIZANDO A FILOSOFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . . . . . . . . . . . . . 119
4.9.1. Organização do Conhecimento Escolar de Filosofia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . . . . . . . . . . . . . 121

CAPÍTULO 5 ­ ORIENTAÇÕES DIDÁTICOMETODOLÓGICAS . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 127


5.1. A questão metodológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 127
5.2. Pesquisa e letramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 130
5.2.1. A pesquisa na escola de educação básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 131
5.2.2.Letramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 132
5.2.3. A relação entre letramento e escolarização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 133
5.3. O desenvolvimento das habilidades de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 134
5.4. A Gestão de Sala de Aula e as Modalidades Organizativas . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 136
5.4.1. Síntese das modalidades organizativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 139
5.5. Área do Conhecimento e suas metodologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 140
5.5.1. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS PARA AS CIÊNCIAS HUMANAS ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 140
5.5.1.1. Modelos de modalidades organizativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 142
5.5.1.1.1. Projetos interdisciplinares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 142
5.5.1.1.1.2. Sequências didáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 145
5.5.1.1.1.3. Atividades Permanentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ........ . . . . . . . . . . . . . 146

CAPÍTULO 6 ­ AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151


6.1. INSTRUMENTOS E ESTRA TÉGIAS DE AVALIAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
6.1.1. OBSERVAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
6.1.2. TRABALHO INDIVIDUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
6.1.3. TRABALHO EM GRUPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
6.1.4. DEBATE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
6.1.5. PAINEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
6.1.6. SEMINÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
6.1.7. AUTOAVALIAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
6.1.8. PROVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
6.1.9. RELATÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
6.2. REGISTRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
6.2.1. REGISTRO NO PROCESSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
6.3. PROMOÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6.3.1. PROMOÇÃO NAS ETAPAS E MODALIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6.3.1.1. ENSINO FUNDAMENTAL 6º AO 9º ANO, ENSINO MÉDIO E ENSINO NORMAL
(2º SEGMENTO) E ENSINO MÉDIO NA MODALIDADE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS . . . . . . . . . . . 156
6.3.1.2. EDUCAÇÃO ESPECIAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6.4. TURMAS DE PROGRESSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6.5. RECUPERAÇÃO DA APRENDIZAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6.5.1 RECUPERAÇÃO PARALELA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
6.5.2 RECUPERAÇÃO FINAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
6.6. CONSELHO DE CLASSE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
6.7. CLASSIFICAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
6.8. CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
Referencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
PARA SABER MAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
ANEXOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

O Referencial Curricular da Educação Básica da Rede


Estadual de Ensino de Alagoas foi construído coletivamente, tendo
como partícipes professores da rede estadual de ensino, técnicos
pedagógicos da SEE que atuam nas diferentes etapas de ensino,
bem como consultores especialistas em cada área do
conhecimento.
Acreditando que o documento deve oferecer a todos os
professores da rede estadual de ensino orientações para a
organização da sua prática pedagógica, intencionamos que esta
considere a escola como espaço genuíno de aprendizagem, em que
todos aprendem e ensinem; um espaço de gestão democrática e de
vivência dos direitos humanos, fundamentado nos princípios
prescritos no Art. 3º da LDB de nº 9.394/88:
I ­ igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II ­ liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III ­ pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV ­ respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V ­ coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino;
VI ­ gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
VII ­ valorização do profissional da educação escolar;
VIII ­ gestão democrática do ensino público, na forma desta
Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX ­ garantia de padrão de qualidade;
X ­ valorização da experiência extraescolar;
XI ­ vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais.
XII ­ consideração com a diversidade étnico­racial.
Na perspectiva de que a escola seja, de fato, um espaço de
diálogo e de aprendizagens para todos é que a Gerência de
Organização do Currículo Escolar – GEORC planejou o processo de
construção do Referencial Curricular em três grandes etapas.
A primeira etapa se deu a partir do primeiro semestre de
2011 com os estudos e planejamento do processo de construção do
documento. Na sequência, com a realização de reuniões de
trabalho com todos os representantes das Gerências e Diretorias da
SEE que têm como objeto de trabalho a organização da prática
pedagógica da Educação Básica, com os chefes e técnicos das
Unidades de Apoio Pedagógico às Escolas – UAP e com os
Coordenadores das Coordenadorias Regionais de Ensino – CRE,
para apresentação do projeto de construção do Referencial

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 13


CIÊNCIAS HUMANAS

Curricular. Essa etapa culminou com a professores no processo de construção do


inscrição dos professores da rede estadual, Referencial Curricular foi publicada, em 17 de
oriundos das 15 CRE e da SEE, representando maio de 2013, a portaria nº 409 – SEE/2013.
todas as etapas de ensino e áreas do Nessa etapa se deu o processo de
conhecimento; a organização dos Grupos de sistematização do conhecimento escolar das
Trabalho – GT e com a socialização do projeto diferentes etapas de ensino, realizada em
de construção do Referencial Curricular para quatro Encontros de Trabalho, que foram
todos os professores inscritos, em todas as organizados na perspectiva de garantir aos
CRE. participantes a compreensão das concepções
A segunda etapa se deu nas CRE, e conceitos fundamentais à produção do
durante o ano de 2012, com a Fundamentação Referencial: o primeiro Encontro, com formato
teórico­metodológica dos Grupos de de seminário, objetivou alinhar o discurso
Trabalho – GT, a partir do estudo dos entre todos os envolvidos no processo de
documentos oficiais que tratam da construção do documento acerca da temática
organização do currículo escolar, das 'Currículo e Diversidade', entendendo que
concepções e diferentes formas de essa discussão perpassa por todas as fases de
organização do currículo. Nessa etapa, foram construção e desenvolvimento do currículo; o
disponibilizados aos GT, um roteiro de estudo Seminário foi intitulado “A abordagem das
orientando o processo de fundamentação diversidades e sua inserção no currículo da
teórico­metodológica, bem como um kit de educação básica da rede estadual de ensino
t e x t o s , c o n s t i t u í d o p e l o s re f e r i d o s de Alagoas”. O segundo e terceiro encontros
discutindo e sistematizando as 'Concepções
documentos oficiais que tratam da
de currículo e as formas de organização do
organização do currículo escolar e, também,
conhecimento escolar' e o quarto discutindo e
por textos teóricos que tratam da concepção
sistematizando as 'Orientações didático­
de currículo e das diferentes formas de
metodológicas e os modelos de organização e
organização do conhecimento escolar.
desenvolvimento da prática pedagógica'.
A terceira etapa representa o
Na perspectiva de se decidir a
início da escrita do Referencial Curricular. Na
concepção e a estrutura ideal para o
perspectiva de otimizar o tempo e os espaços
Referencial Curricular da Educação Básica de
de produção do referido documento foi
Alagoas a GEORC, diante da sua competência
necessário reorganizar o processo de
de coordenar o processo de construção deste
participação dos professores. Foi solicitada
documento, realizou­se a análise de alguns
às CRE e à SEE a indicação/sugestão de
documentos oficiais publicados pelo CNE
nomes de professores que atuam nas
(Conselho Nacional de Educação) e LDB (Lei
diferentes etapas de ensino, especialistas nas
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
diferentes áreas do conhecimento para
LDB nº 9.394/96; Diretrizes Curriculares
compor grupos de trabalho, que estivessem
Nacionais, PCN, Matrizes de referência dos
participando dos estudos e discussões
exames de larga escala (Provinha Brasil, Saeb,
relacionados ao processo de construção do
Prova Brasil, ENEM, entre outros), documentos
referido documento. Foram inscritos para
publicados pela própria SEE/AL (Referencial
participarem do desenvolvimento dessa etapa
Curricular da Educação Básica de Alagoas –
de construção do documento 375
RECEB, Matrizes Curriculares (1996);
profissionais, sendo 330 professores oriundos
Referen ci ai s /Prop os t as C urri culares
das 15 CRE e 45 técnicos pedagógicos da SEE e
publicadas por diferentes unidades da
para oficializar a participação desses
federação (São Paulo – SP, Goiás, Espírito

14 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

Santo, Acre, São Luiz – MA, etc), bem como sintéticos. O capítulo I trata do PAPEL DA
referenciais teóricos publicados por ESCOLA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO,
diferentes pesquisadores da área de discorrendo sobre a importância, na escola e
currículo. na vida, da vivência do respeito às diferenças e
A partir dessa análise, identificamos do princípio da solidariedade para a vivência
que as Diretrizes Curriculares Nacionais dos direitos humanos e uma convivência
Gerais e as Diretrizes operacionais de cada pacífica e harmoniosa; o capítulo II explicita A
etapa e modalidade de ensino orientam a ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA e traz a
organização da prática pedagógica de forma caracterização da Educação Básica da rede
interdisciplinar e por área do conhecimento, estadual de ensino de Alagoas, nas suas
com vistas à aprendizagem significativa e etapas, modalidades e diversidades de
contextualizada; que as matrizes de referência ensino, trata da organização e do perfil do seu
dos exames de larga escala (Prova Brasil, público; o Capítulo III reflete acerca de ALGUNS
SAEB, SAVEAL) estão organizadas na DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA a serem
perspectiva de identificar capacidades enfrentados pela rede estadual de ensino de
desenvolvidas; que a matriz de referência do Alagoas; o Capítulo IV oferece uma discussão
ENEM está organizada por área do sobre as diferentes concepções e formas de
conhecimento e por competências e ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
habilidades; e que o resultado das avaliações ESCOLAR e propõe a sistematização do
internas e externas evidencia, dentre outras conhecimento escolar das diferentes etapas e
coisas, a ausência de um currículo áreas do conhecimento; o capítulo V traz
sistematizado, em conformidade com os ORIENTAÇÕES DIDÁTICO­METODOLÓGICAS
documentos mencionados. e reflexões acerca do processo de
Isto posto, a GEORC decidiu organização da prática pedagógica,
considerar as orientações dos documentos oferecendo possibilidades de
oficiais que se coadunam e compreendeu que d e s e n v o l v i m e n t o d a a p re n d i z a ge m
o currículo escolar deve estar organizado para significativa, a partir da resolução de
responder as perguntas: o que ensinar?; situações­problema e, também, sugestões de
quando ensinar?; para quem ensinar?; como modalidade organizativas da prática
ensinar e avaliar?. pedagógica e da gestão da sala de aula e, por
Esse movimento está ancorado numa fim, o Capítulo VI apresentando orientações
concepção de currículo vivo, contextualizado, para a AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM trata
q u e c o n s i d e ra a e s c o l a l ó c u s d e das concepções de avaliação que se
aprendizagens significativas, que possibilita o coadunam com as opções feitas para
desenvolvimento das capacidades de todos organização da prática pedagógica e
os envolvidos no processo de ensino e apresenta orientações acerca do processo de
aprendizagem. avaliação contínua e paralela no processo de
Assim sendo, nosso Referencial está ensino e aprendizagem.
organizado da seguinte forma: Portanto, a GEORC/DIAPE/SUGER
·por etapa e modalidade de ensino; espera que este documento contribua, de
·por área do conhecimento; forma efetiva, para o processo de
·por competências e habilidades. reformulação e revitalização da prática
Nessa perspectiva, o Referencial pedagógica dos professores da rede estadual
Curricular da Educação Básica da Rede de ensino de Alagoas, bem como para a
Estadual de Ensino de Alagoas está melhoria dos resultados da aprendizagem dos
organizado em sete capítulos relativamente estudantes de todas as escolas estaduais.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 15


CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


Capítulo 1
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO

Ensinar a respeito dos processos de interpretação e


desenvolvimento do mundo que nos cerca é eminentemente uma
qualidade humana. Em todos os espaços contemporâneos essa
propriedade ganha, cada vez mais a nomenclatura e a exigência
moral de ser um dos direitos humanos que o Estado deve garantir ao
cidadão. Dessa forma, a Escola torna­se o locus oportuno para o
desenvolvimento pleno e otimizado das potencialidades humanas
relacionadas à convivência, ao saber, à reflexão, ao diálogo e à
construção mútua. O capítulo que se segue faz algumas reflexões
sobre a relação da escola com o sujeito e com a sociedade,
apontando caminhos profícuos para a discussão acerca da escola e
sua relação com as diversidades.

1
1.1. O Papel da Escola Hoje

As mudanças sociais decorrentes de um mundo cada vez


mais complexo e globalizado têm colocado muitos desafios à
escola. Hoje, talvez mais do que nunca, há um compromisso ético e
pedagógico que não podemos deixar de assumir com as crianças e
jovens que são estudantes das nossas escolas: oferecer todas as
possibilidades que estiverem ao nosso alcance para que eles
conquistem o conhecimento sobre as 'coisas do mundo', interessá­
los com propostas desafiadoras e significativas, incentivá­los a
procurar respostas para suas próprias questões, mostrar que as
suas descobertas intelectuais e suas ideias têm importância,
encorajá­los a darem valor ao que pensam, potencializar a
curiosidade em relação às diferentes áreas do conhecimento,
familiarizando­os – desde pequenos e progressivamente – com as
questões da linguagem, da matemática, da física, da biologia, da
química, da tecnologia, da arte, da cultura, da filosofia, da história,
da vida social, do mundo complexo em que vivemos.
Do ponto de vista pedagógico, o desafio, portanto, é propor
boas situações de ensino e aprendizagem, ou seja, situações que de
fato levem em conta as hipóteses e os conhecimentos prévios dos
estudantes sobre o que pretendemos que eles aprendam e que lhes
coloquem novos desafios. Assim, estaremos cumprindo uma tarefa
essencial da educação escolar: favorecer o contato amistoso de
todos com o conhecimento nas diferentes áreas desde pequenos.
Tal como indicam os propósitos da educação escolar

1
Texto organizado pela equipe da Gerência de Organização do Currículo Escolar – GEORC com a colaboração da Profa. Dra. Rosaura Soligo ­ Instituto Abaporu de
Educação e Cultura.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 19


CIÊNCIAS HUMANAS

apresentados mais adiante, a tarefa política e desdobramentos desses documentos de


pedagógica, na Educação Básica, é tornar a orientação: respectivamente o plano de
escola, de fato, um espaço­tempo de ensino – que deve traduzir a proposta
desenvolvimento integral dos estudantes, de curricular da escola contextualizada em seu
ampliação dos processos de letramento, de projeto educativo – e o planejamento
múltiplas aprendizagens, de aquisição do específico do professor, considerando, por um
conhecimento considerado necessário hoje e lado, esses subsídios e, por outro, a situação
de convívio fecundo entre eles, o que significa concreta de sua/s turma/s. Por exemplo, se
garantir: nos documentos publicados nacionalmente
·Acesso aos saberes, práticas e estiver indicado – como está – a necessidade
experiências culturais relevantes para o de organizar as propostas de ensino de modo
desenvolvimento integral de todos, ou seja, a g a ra n t i r o d e s e n v o l v i m e n t o d a s
para o desenvolvimento de suas diferentes capacidades de pesquisa e a ampliação dos
capacidades – cognitivas, afetivas, físicas, processos de letramento para que os
éticas, estéticas, de relacionamento pessoal e estudantes possam dominar os saberes
de inserção social; imprescindíveis que são seus direitos, e a
·Experiências, conhecimentos e escola avalia que o repertório deles está muito
saberes necessários para que possam aquém do que é esperado, será o caso de
progressivamente participar da vida social intensificar as práticas no sentido de, em
como cidadãos; qualquer ano de escolaridade que estejam,
·Desenvolvimento da personalidade, possam conquistar esses saberes. É assim
pensamento crítico, solidariedade social e que se faz o 'ajuste local': os documentos do
juízo moral, contribuindo para que sejam cada Conselho Nacional do Ministério da Educação
vez mais capazes de conhecer e transformar, e da Secretaria de Estado indicam os
quando for o caso, a si mesmos e ao mundo em conhecimentos necessários para as crianças,
que vivem; adolescentes e jovens do país que frequentam
·Domínio das ferramentas a escola e esta, cuja função social é garantir o
necessárias para continuar aprendendo para acesso ao conhecimento historicamente
além da escola. produzido e considerado imprescindível no
Para tanto, há diferentes níveis de currículo escolar e planejar os modos de
concretização curricular, conforme apontam assegurá­los tendo em conta a realidade.
os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997): Nesse sentido, o Referencial
dois mais externos, de subsídio, e dois Curricular da Educação Básica da Rede
internos, de ajuste, no âmbito da escola. O Estadual de Ensino de Alagoas representa o
primeiro nível é indicado pelos documentos segundo nível de concretização curricular,
nacionais publicados pelo Ministério da cujo propósito é subsidiar as escolas no
Educação e Conselho Nacional de Educação planejamento pedagógico de um trabalho que
(Diretrizes, Referenciais e Parâmetros de fato assegure aos estudantes as
Curriculares Nacionais) e o segundo, pelas aprendizagens a que têm direito.
Secretarias de Educação dos Estados e Já na década de 90 do século
M u n i c í p i o s , q u a n d o d e s d o b ra m a s passado, a Unesco instaurou uma comissão
proposições nacionais em propostas que chamada Comissão Internacional sobre
devem sempre ser localmente adequadas à Educação para o Século XX, que elaborou um
realidade. Já o terceiro e o quarto níveis são relatório publicado no Brasil com o título

20 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

“Educação: um tesouro a descobrir” (1998)2 dessa perspectiva, o cuidado com os saberes


com a indicação dos principais desafios que se referem à profissão docente, pois aos
colocados para o futuro – o presente que hoje professores confere a função de mediar as
vivemos. Desde então, considerando a relações entre os estudantes e o
análise desses desafios, se passou a defender conhecimento. Segundo Tardif (2002, p. 39), o
como “pilares” da educação escolar o que professor é “alguém que deve conhecer sua
prevê esse documento internacional: o matéria, sua disciplina e seu programa, além
aprender a conhecer, o aprender a fazer, o de possuir certos conhecimentos relativos às
aprender a conviver e o aprender a ser, que ciências da educação e à pedagogia e
continuam na base das propostas desenvolver um saber prático baseado em sua
educacionais de vários países do mundo e que experiência cotidiana com os alunos”.
sustentam política e pedagogicamente Cabe à escola se constituir cada vez
também estes Referenciais. mais como espaço propício para o
Essa perspectiva educativa exige que desenvolvimento das potencialidades de
a escola se organize de modo a favorecer e todos – estudantes, profissionais e
melhorar cada vez mais: comunidade escolar – promovendo relações
·A organização de seus espaços e humanas éticas, solidárias, fraternas e
tempos pedagógicos; construtivas; assumindo o compromisso com
·A forma como faz os agrupamentos educação de qualidade, pluralismo de ideias,
dos estudantes; ampliação do universo cultural e exercício da
·A mediação entre o ensino e a cidadania; incentivando o cuidado com a
aprendizagem; natureza e com o espaço público. Isso só é
·A circulação dos estudantes nos possível com um olhar apurado para a
espaços dentro e fora da escola; realidade vivida, um movimento constante de
·A promoção da vida no presente e os ação­reflexão­ação, atualização constante
projetos futuros; dos profissionais e investimento na qualidade
·A organização da prática pedagó­ da aprendizagem de todos. É preciso,
gica a partir da vivência de conteúdos portanto, superar a distância que muitas vezes
significativos; separa a escola da dinâmica social, o
·A utilização pedagógica das descompasso entre o que se ensina e o que, de
tecnologias de informação e comunicação fato, é preciso que os estudantes aprendam.
(TIC); As mudanças inerentes a todas as etapas da
·A formação dos docentes; vida, as mudanças sociais promovidas pelo
·A valorização da profissão docente; avanço da tecnologia, aliadas aos desafios
·A infraestrutura e equipamentos que hoje se colocam em relação ao
necessários para a qualidade do ambiente desenvolvimento de valores éticos nem
escolar. sempre têm adentrado a escola com força
Destacamos a importância da suficiente para produzir as transformações
articulação e priorização das ações que de necessárias, e é urgente que isso ocorra.
fato podem contribuir para a melhoria da O Referencial Curricular é uma
qualidade do ensino e da aprendizagem e, contribuição nesse sentido e, por isso, indica

2
DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez. p. 89­102.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 21


CIÊNCIAS HUMANAS

uma base de conhecimentos imprescindíveis a ·Criar contextos que favoreçam o


cada etapa e modalidade de ensino, como protagonismo e a profissionalidade dos
proposta para qualificar cada vez mais a ação professores.
educativa nas escolas do Estado de Alagoas. ·Incentivar o desenvolvimento
A iniciativa deste documento decorre da profissional e a ação refletida de todos.
análise dos baixos indicadores educacionais ·Produzir conhecimento sobre a
na Rede Pública de Ensino, conforme dados prática pedagógica e a vida da escola,
obtidos através das avaliações sistemáticas e buscando resposta para os desafios.
em exames de larga escala como, por ·Considerar que a escola e as pessoas
exemplo, a Prova/Provinha Brasil, IDEB, são 'sistemas abertos', isto é, estão em
SAVEAL, ENEM. permanente interação com o ambiente
Nosso entendimento é que a escola é externo.
uma instituição poderosa, porque tanto pode Esses são, segundo nos parece, os
dar à luz o conhecimento e o prazer de principais desafios para garantir educação
aprender para todos como, ao contrário, pode escolar de qualidade, se entendermos que
obscurecer. Se considerarmos que o uma escola boa de fato é aquela que não
magistério é a maior categoria profissional do apenas dá acesso ao conhecimento para
país (são mais de um milhão e seiscentos mil todos que nela convivem, mas cria condições
professores) e que os estudantes passam efetivas para que todos desenvolvam suas
cerca de quatro horas na escola durante 200 diferentes capacidades e ampliem cada vez
dias letivos, por vários anos, teremos a real mais as suas possibilidades de ser, de
dimensão de sua potencialidade como conhecer, de conviver e de fazer o melhor.
instituição educativa. Na perspectiva de construir uma
Para que essa potencialidade se prática pedagógica baseada na vivência dos
converta em realidade concreta, entendemos, direitos humanos e, consequentemente, uma
tal como a pesquisadora portuguesa Isabel escola verdadeiramente inclusiva, apresen­
Alarcão3, que alguns pressupostos são tamos algumas questões inerentes à
essenciais: Educação e aos Direitos Humanos,
·Tomar como princípio que, em uma destacando as relações que devem estar
escola, o mais importante são as pessoas. explícitas na organização do currículo.
·Considerar que liderança, diálogo e
reflexão­ação são fundamentais na gestão 1.2. Educação Escolar e Direi­
escolar. tos Humanos4
·Construir e consolidar um projeto
educativo próprio, explícito e compartilhado. O Brasil é um país rico em sua
·Compatibilizar a dimensão local e diversidade biológica, cultural, étnica,
universal da educação escolar. religiosa e social. Essa diversidade,
·Garantir o exercício da cidadania no (...) se constitui das diferenças que
interior da própria escola. distinguem os sujeitos uns dos outros –
·Articular as ações de natureza mulheres, homens, crianças, adolescentes,
político­administrativa e curricular­ jovens, adultos, idosos, pessoas com necessi­
pedagógica. dades especiais, indígenas, afrodescenden­
3
In Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.
4
Texto construído pela equipe de técnicos pedagógicos da Superintendência de Políticas Educacionais – SUPED/SEE­AL.

22 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

tes, descendentes de portugueses e de outros d i f e re n c i a m h o m e n s e m u l h e re s ,


europeus, de asiáticos, entre outros. A heterossexuais e homossexuais, negros,
diversidade que constitui a sociedade índios e brancos, restringindo os direitos e as
brasileira abrange jeitos de ser, viver, pensar oportunidades entre os sujeitos em função da
— que se enfrentam. Entre tensões, entre discriminação e do preconceito.
modos distintos de construir identidades A cultura da discriminação e do
sociais e étnico­raciais e cidadania, os preconceito é introjetada nos sujeitos pelas
sujeitos da diversidade tentam dialogar entre interações sociais que são estabelecidas
si, ou pelo menos buscam negociar, a partir de numa sociedade num determinado tempo.
suas diferenças, propostas políticas. Historicamente, buscou­se entender as
Propostas que incluam a todos nas suas relações sociais de gênero com base nas
especificidades sem, contudo, comprometer diferenças entre os sexos, com ênfase na
a coesão nacional, tampouco o direito especificidade biológica de mulheres e
5
garantido pela Constituição de ser diferente. homens, caracterizada pela dominação de um
(CONFINTEA, 2008, p.12) sexo sobre o outro, estabelecendo uma
Nessa perspectiva, o currículo relação hierarquizada de poder, na qual a
escolar deve abordar a diversidade como masculinidade hegemônica seria a ideal e,
parte integrante das temáticas que portanto, superior (VELOSO, 2000).
constituem as relações sociais brasileiras, É necessário empreender uma
caso contrário, corre­se o risco de reforçar mudança epistemológica que efetivamente
ainda mais a discriminação, negando a rompa com a lógica binária e construa uma
diferença e desconsiderando a diversidade. abordagem que permita “compreender a
A efetivação de uma sociedade heterossexualidade e a homossexualidade
democrática, em que as diferenças sejam como interdependentes, como mutuamente
respeitadas e os direitos dos diferentes necessárias e integrantes de um mesmo
sujeitos e grupos sociais sejam garantidos em quadro de referencia” (LOURO, 2001, p. 549),
suas representações na organização social, questionando o processo pelo qual uma forma
política, econômica e cultural do país, só é de sexualidade (a heterossexualidade)
possível por um processo educativo que acabou por se tornar a norma. A
considere e respeite a diversidade das problematização das fronteiras tradicionais
construções humanas. de gênero põe em xeque as dicotomias
Para tanto, o currículo escolar deve h o m e m / m u l h e r , h e t e ro s s e x u a l i d a ­
incluir na abordagem dos conteúdos de/homossexualidade, questionando as
escolares as discussões sobre questões de próprias categorias e sua fixidez.
gênero, étnico­raciais e religiosas, Esse processo de mudança nas
multiculturalismo, entre outras. É necessário relações sociais nos lança para uma
que a discussão das diferenças faça parte do pedagogia que sugere o questionamento, a
contexto escolar, compreendida a partir de problematização, a desnaturalização6 e a
seus determinantes históricos e sociais e das incerteza como estratégias férteis e criativas
relações que se estabelecem entre os para pensar qualquer dimensão da existência
diferentes sujeitos de uma sociedade. As e suas diferentes formas de expressão.
múltiplas relações sociais no Brasil Outra temática que deve permear as
5
Extraído do documento base da VI Conferência Internacional de Jovens e Adultos – CONFINTEA, realizada em Brasília no mês de março de 2008.
6
Rompimento com o conceito naturalmente posto.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 23


CIÊNCIAS HUMANAS

discussões curriculares e potencializar o sociedade democrática em que todos possam


trabalho pedagógico diz respeito às relações ter seus direitos garantidos e sua identidade
étnico­raciais. O estudante negro e/ou valorizada.
indígena, por exemplo, precisa (re)construir A diversidade religiosa é outro tema
sua identidade cultural e, nesse sentido, a da diversidade, sendo papel das escolas o
escola pode contribuir na busca e respeito a todas as formas de expressão e de
compreensão dos referenciais que constituem representação das diversas religiosidades,
sua etnicidade. Isso significa reconhecer a sejam elas matrizes religiosas europeias,
importância e o legado da cultura do povo africanas, asiáticas, indígenas, orientais,
africano e indígena, construindo estratégias e dentre outras. É o reconhecimento e
diretrizes para inclusão no currículo escolar autoafirmação dos sujeitos e do direito de
de conhecimentos sobre a História da África, liberdade de expressão de suas crenças e
da Cultura Afro­Brasileira e Afro­Alagoana e rituais religiosos8. Portanto, as práticas
Indígena, a luta dos povos negros e indígenas pedagógicas devem combater todo tipo de
na formação da sociedade alagoana, intolerância religiosa9 e primar por fomentar a
resgatando as suas contribuições na área tolerância religiosa.
social, econômica e política.7 A prática pedagógica da escola deve
É preciso que o trabalho pedagógico estar conectada com diferentes espaços,
respeite a tradição cultural dos diferentes considerando como referência a comunidade
sujeitos. É necessário apreender e onde se encontra inserida, no entanto, sem se
compreender os elementos da construção limitar a ela. Deve partir da valorização da
histórica dessas culturas, estabelecendo as realidade social dos sujeitos a quem se
relações entre elas e os conteúdos escolares, destina, sejam eles povos da cidade ou do
de forma interdisciplinar e transdisciplinar, a campo.
partir da análise dos aspectos históricos, Esta prática precisa estar vinculada à
culturais, sociológicos, antropológicos, vistos cultura e às relações mediadas pelo trabalho,
sob a ótica dos sujeitos em todas as etapas da entendido como produção material e cultural
educação básica: infantil, fundamental e de existência humana. Essas relações
médio. econômicas e sociais são vividas e
Portanto, faz­se necessário promo­ construídas por sujeitos concretos, de
ver mudanças curriculares que contemplem a diferentes gêneros, etnias, religiões, grupos
pluralidade cultural e a diversidade étnico­ sociais, movimentos populares, vinculadas a
racial, como elementos fundamentais para a diferentes organizações sociais e diferentes
afirmação da identidade ­ pluricultural e formas de produzir e viver individual e
multiétnica ­ do povo brasileiro e que coletivamente.
combatam o racismo e as discriminações. Faz­se necessário desenvolver uma
O currículo deve possibilitar a prática pedagógica em que todos se sintam
formação de atitudes, posturas e valores que incluídos, sem ter que negar a si mesmos e
possibilitem a formação de cidadãos com adotar costumes, ideias e comportamentos
sentimento de pertencimento étnico­racial adversos ao grupo étnico­racial, de gênero,
para interagir na construção de uma classe, religião e/ou orientação sexual ao
7
Implementação das Leis 11.645/2006 (Nacional) e 6.814/2007 (Estadual) que tornam obrigatório o ensino de História e Cultura Afro­Brasileira, Afro­Alagoana e
Indígena nos estabelecimentos de ensino da educação básica.
8
Conforme afirma o artigo 5°, inciso VI da Constituição e artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos
9
Lei Nº 7.028/2009

24 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

qual pertencem.
É preciso, portanto, garantir o direito
e o acesso à educação a todos os cidadãos
brasileiros, homens e mulheres, homos­
sexuais e heterossexuais, índios, brancos e
negros, habitantes do campo e da cidade,
criando formas e estratégias para que todos
possam ter a oportunidade de construir sua
vida escolar com respeito e sucesso.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 25


CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


Capítulo 2
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA10


As condições para o desenvolvimento da multiplicidade de
aspectos e dimensões que constituem a vida humana devem ser
garantidas em lei como direito à cidadania, mas, para que se tornem
direito de fato, devem ser efetivadas pela e na prática social. A
educação é um desses direitos sociais, assegurada na legislação
brasileira a todos os cidadãos.
No entanto, a realidade tem demonstrado que, apesar da
garantia da lei, ainda há uma significativa exclusão das camadas
mais pobres da população ao acesso e, principalmente, à
permanência na educação básica.
A educação básica tem uma tripla finalidade na formação
do estudante: promover a cidadania; qualificar para o mundo do
trabalho e garantir as condições para a continuidade dos estudos.
Proporcionar uma formação básica que possibilite o cumprimento
dessas três finalidades representa um enorme desafio à escola
pública brasileira e maior ainda às escolas públicas de Alagoas, em
virtude de seu distanciamento da realidade nacional.
Essa formação deve ser efetivada a partir de uma base
nacional comum, a qual deve ser complementada por uma parte
diversificada, conforme as necessidades e peculiaridades locais.

2.1. Educação Infantil

A educação infantil – área de competência dos Municípios


é definida como a primeira etapa da educação básica11, tendo como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a cinco
anos de idade12, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e
social, complementando à ação da família e da comunidade.
Apesar de a educação infantil ser mencionada nos textos
legais, sua estruturação, formas de organização e normatização em
âmbito nacional ainda não são contempladas de maneira mais
efetiva, visto que é necessário a ampliação do acesso para o
atendimento da demanda, bem como as condições básicas para
permanência das crianças nas instituições escolares.
Nas últimas décadas, vem sendo observada no Brasil a
expansão da Educação Infantil (CRAIDY; KAERCHER, 2001). Em
termos da legislação brasileira, a Constituição Federal de 1988
reconhece o dever do Estado e o direito da criança de ser atendida
em creches e pré­escolas e vincula esse atendimento à área
10
Texto organizado pela equipe de técnicos pedagógicos da Superintendência de Políticas Educacionais – SUPED/SEE­AL, a partir do Referencial Curricular da Educação
Básica para as Escolas Públicas de Alagoas ­ RECEB ­ SEE­AL/2010.
11
LDB art. 29 e 30, art.22 das DCNGEB e no art. 5 das DCNEI.
12
Lei nº 11.274, 2006.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 29


CIÊNCIAS HUMANAS

educacional. Nota­se, na referida Consti­ apresenta atitudes e comportamentos


tuição, a inclusão da creche no capítulo da incomuns do seu dia a dia, incorpora
Educação, sendo ressaltado seu caráter personagens e/ou fatos que podem ter sido
educativo, em detrimento do caráter observados no seu cotidiano em filmes,
assistencialista até então característico novelas, desenhos animados, etc. Por isso, as
dessa instituição. atividades escolares devem propor
A educação infantil tem como desafio dramatizações, imitações, vivências e
uma dupla função: cuidar e educar as crianças experiências significativas para o seu
de 0 até 5 anos de idade. Essa dupla função desenvolvimento.
deve ser trabalhada de forma articulada e As brincadeiras, paulatinamente, vão
integrada no currículo escolar, de acordo com se transformando, acrescentando e/ou
as DCNEI. substituindo elementos não só exteriores.
Refletir sobre a construção do Elas vão promovendo novas capacidades
currículo da educação infantil é pensar que as intelectuais (associação, classificação,
crianças pequenas estão em permanente seriação, generalização, imaginação,
descoberta do mundo e, por isso, as percepção etc.) em atendimento a alguma
atividades curriculares devem estimular e necessidade psicológica, afetiva, biológica ou
possibilitar cada vez mais a busca de social.
entendimento dos questionamentos das Outro princípio teórico­metodológi­
crianças em relação a coisas, seres, objetos, co que precisa ser considerado na
fenômenos e relações. Nesse sentido, a organização curricular é a linguagem.
interação social se constitui em elemento Utilizada pela criança como forma de
direcionador na definição e organização das interação, a linguagem promove o
atividades curriculares a ser desenvolvidas no desenvolvimento das funções cognitivas e
cotidiano dos espaços que atendem crianças psíquicas. Nesse sentido, faz­se necessário
de 0 a 5 anos, uma vez que as crianças que o adulto leia histórias, cante, brinque,
aprendem nas trocas com as outras da mesma converse com as crianças, mesmo com
idade, com as mais experientes e com os aquelas que ainda não se utilizam da
adultos. linguagem verbal.
As interações e as brincadeiras são o Os jogos e as brincadeiras com
fio condutor na organização das atividades gestos, cantigas, rimas, trava­línguas, etc.
curriculares. Estes eixos devem contribuir no contribuem significativamente para o
desenvolvimento das aprendizagens básicas, desenvolvimento da linguagem e são
na construção de conceitos, na incorporação fundamentais no trabalho pedagógico com as
d e v a l o re s e n a c o n s t r u ç ã o d o s crianças pequenas, pois são as primeiras
conhecimentos que promovam uma melhor formas de linguagem, utilizadas por elas como
compreensão das inter­relações que fazem a forma de expressão e de organização do
dinâmica das relações sociais mais próximas pensamento.
das crianças. No atendimento às crianças da
É através das brincadeiras que a educação infantil devem ser considerados
criança pequena representa, imita, alguns aspectos quanto ao desenvolvimento
experimenta e incorpora papéis sociais, especifico de cada fase da infância.
condutas, valores e atitudes observados na Ressaltamos que as crianças de 0 a 3
realidade adulta. Ao brincar, a criança anos, mesmo estando no mesmo espaço

30 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

institucional – a creche – possuem concepções que têm do mundo exterior e as


características distintas. De maneira geral imagens do próprio corpo, mesmo assim,
podemos afirmar que, de acordo com as precisam que essa imagem corporal seja
características do desenvolvimento para essa analisada e, posteriormente, consolidada. O
faixa etária, por exemplo, crianças de 0 a 1 ano desenvolvimento psicomotor permite a
têm dificuldades de sobreviver por recursos exploração dos objetos e tudo o mais que
próprios, situação que deve ser compensada existe ao seu redor. É papel do professor criar
com uma relação de carinho e atenção da mãe situações diversificadas para promoção e
e/ou responsável por seus cuidados básicos. aprimoramento das atividades psicomotoras
Cabe ao professor desempenhar essa função. por meio de jogos simbólicos que ampliem o
Isso leva a um atendimento permanente e desenvolvimento da linguagem e da
individualizado por parte do professor que representação, orientando e intervindo na
deve, no trabalho com os bebês, observar suas realização dos jogos e brincadeiras,
reações e progressos, já que nessa fase o atividades em pequenos grupos (ainda que de
desenvolvimento das crianças ocorre em um curta duração), uma vez que, nessa fase, a
ritmo bastante acelerado. Assim, o professor criança ainda tem dificuldade em socializar
deverá promover situações de aprendizagem brinquedos e objetos.
que propiciem o desenvolvimento das As crianças de 3 a 4 anos estão mais
habilidades psicomotoras das crianças. sociáveis e já conseguem interagir com o
As crianças um pouco maiores, de 1 e grupo de convívio e se interessam cada vez
2 anos, de maneira geral, se movimentam com mais pelas histórias contadas e/ou
mais autonomia, ficam em pé, e, na maioria representadas, interagindo fisicamente e
dos casos, já andam, deslocando­se pelo oralmente com o conhecimento. Por isso, é
espaço físico disponível, repetitivamente. importante encorajá­las a fazer suas próprias
Durante esses movimentos, tornam­se escolhas (alimentos, roupas e brinquedos),
interessantes para elas, os objetos que podem assim como incentivar a autonomia na
ser carregados de um lado para o outro. Essas realização das atividades cotidianas (ir ao
crianças estão na fase egocêntrica e brincam banheiro, comer, arrumar seus pertences
individualmente, mesmo quando estão em etc.). Dessa forma, as crianças aprendem a
grupos. Com frequência acontecem os usufruir de suas conquistas e desenvolvem a
atropelos físicos (mordidas, agarrões, capacidade de enfrentar novos desafios.
empurrões), havendo a necessidade de Nessa fase, é possível e fundamental
atenção e intervenção, por parte do professor, estabelecer a rotina cotidiana: repouso,
às reações de cada criança e do grupo como higiene, alimentação, leitura de histórias,
um todo. Nessa fase surge a fala como um escrita, recreação etc. É preciso que o
novo componente no processo de professor esteja atento às falas, gestos,
desenvolvimento. escolhas, atitudes e hábitos apresentados
Entre 2 e 3 anos, em sua maioria, as pelas crianças, no sentido de identificar seus
crianças já andam e se movimentam desejos, necessidades e desafios.
livremente. São capazes de extraordinárias As crianças de 4 aos 5 anos estão
observações sobre o mundo à sua volta, marcadas pelo aperfeiçoamento da função
procurando, muitas vezes, as causas e simbólica e tornam­se cada vez mais, capazes
explicações para as coisas, relações e fatos. de representar os objetos e os aconte­
Costumam estabelecer relações entre as cimentos e também de estabelecer

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 31


CIÊNCIAS HUMANAS

relações entre eles. Nessa fase, a brincadeira estéticas, sociais, históricas, linguísticas,
é uma das principais formas pelas quais matemáticas etc). Nesse processo, o lúdico,
crianças se dispõem a aprender. Ao brincar, presente no faz­de­conta, nas brincadeiras,
por meio do faz­de­conta, elas usam o mundo nos jogos e na fantasia, é pressuposto
da fantasia como forma de interação com seu fundamental no desenvolvimento das
mundo real. crianças pequenas e, portanto, deve ser
Vale lembrar que independente­ considerado como elemento propulsor da
mente da faixa etária, as diferentes formas de aprendizagem.
linguagem, o brinquedo e a interação social As instituições de Educação Infantil
s ã o e l e m e n t o s e s s e n c i a i s p a ra o devem criar procedimentos avaliativos de
desenvolvimento da criança, pois possibilitam acompanhamento do trabalho pedagógico e
sua ação na realidade e promovem a do desenvolvimento das crianças, garantindo
construção das aprendizagens básicas para a a observação das atividades, utilizando
compreensão do mundo que a cerca. múltiplas formas de registros através de
Ao estruturar o currículo da documentação específicos, sem objetivo de
educação infantil é necessário considerar a seleção, promoção ou classificação.
criança como um ser social, integral e, Nessa perspectiva, o processo de
principalmente, como um ser em desenvol­ construção das propostas pedagógicas das
vimento, o que significa ampliar suas instituições de educação infantil precisa
oportunidades de descoberta, investigação, considerar a realidade social em que as
compreensão e explicação das relações que crianças estão inseridas, as necessidades de
constituem o mundo em que vive. Cabe ao desenvolvimento e aprendizagem da infância
professor, cuidar, amparar, intervir, conhecer e as intenções institucionais com relação à
as crianças, proporcionando, assim, formação humana das crianças.
experiências significativas de vida, Em síntese, o currículo da educação
assegurando as condições de desenvolvi­ infantil é um conjunto sistematizado de
mento e de aprendizagem para todas as práticas corporais, culturais, ecológicas e
crianças. sociais, nas quais se articulam os saberes e as
Para tanto, as atividades direciona­ experiências das crianças, de suas famílias,
das para as crianças pequenas precisam dos professores e demais profissionais e de
respeitar seus tempos e considerar seus suas comunidades. Sendo assim, deve
espaços de socialização e de aprendizagem, priorizar elementos e processos que garantam
criar o maior número possível de experiências as condições básicas para a aprendizagem e o
e descobertas, sem, com isso, estabelecer desenvolvimento das crianças, desenvolvidos
rotinas rígidas ou atitudes opressivas às em campos de conhecimentos/experiências,
características próprias dessa fase de articulados entre si, de forma interdisciplinar,
desenvolvimento (alegria, curiosidade, atendendo as especificidades etárias e
espontaneidade, irreverência, iniciativa etc.). necessidades individuais das crianças.
O currículo da educação infantil deve
ser organizado de forma a propiciar a 2.2. Ensino Fundamental
construção das aprendizagens básicas
essenciais à criança para uma melhor O ensino fundamental é o período de
compreensão e interação no mundo em suas escolarização obrigatória que atende às
diversas dimensões (espaciais, ecológicas, crianças e aos adolescentes na faixa etária de

32 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

seis a quatorze anos, assegurado pela e sistematização dos conceitos científicos


Constituição Federal e pela Lei de Diretrizes e previstos para essa etapa da educação básica,
Bases da Educação Nacional como direito utilizando as diferentes linguagens como meio
público subjetivo para todos os cidadãos para representação, comunicação e,
brasileiros, sendo a oferta dever dos principalmente interação nos diversos
Municípios, e, quando necessário, em regime contextos sociais. É preciso compreender
de colaboração com os Estados e assistência que, para cada ano do ensino fundamental, há
da União. Isso significa que sua oferta é expectativas de aprendizagem, as quais
prioridade no atendimento escolar, devem ser estabelecidas em função da
justificando o seu caráter obrigatório e fo r m a ç ã o h u m a n a d e s e j a d a , d a s
gratuito, inclusive para as pessoas que não características dos processos de desen­
tiveram acesso à escolarização em idade volvimento e das necessidades de
própria. aprendizagem dos estudantes e, a partir dessa
Essa etapa de ensino, com duração perspectiva, deve­se planejar e organizar o
de nove anos, é organizada em dois momentos trabalho pedagógico, sem perder de vista o
com características próprias: o primeiro com contexto histórico­social no qual o sujeito está
duração de cinco anos, denominado de anos inserido.
iniciais, de matrícula obrigatória para as Ao ingressar no ensino fundamental,
crianças de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e, a criança de 6 (seis) anos vivencia uma nova
o segundo, anos finais, com quatro anos de organização, diferente da educação infantil
duração, para os estudantes de 11 (onze) a 14 em vários aspectos, tais como: rotina,
(quatorze) anos de idade. horários, compromissos e atividades
O primeiro momento (1° ao 5° ano) é escolares e acompanhamento do processo
estruturado em duas fases: a primeira fase de ensino­aprendizagem. O currículo escolar
alfabetização e letramento, que compreende para os estudantes, nessa faixa etária, deve
o 1°, 2º e 3° ano de escolaridade. É considerar as peculiaridades próprias dessa
considerada como o período de construção e fase do desenvolvimento humano.
consolidação das noções, conceitos e Na fase dos 6 (seis) aos 8 (oito) anos
conhecimentos básicos à compreensão da de idade, as crianças desenvolvem a
realidade e se refere, especificamente, ao capacidade de observação e descrição da
processo de alfabetização, bem como aos realidade a partir de referências concretas,
conceitos básicos de lógica, aritmética e vivenciadas por meio dos jogos simbólicos e
geometria, aos aspectos geográficos, das brincadeiras. Elas se encontram imersas
históricos, sociais, culturais, políticos e num universo lúdico, em que a brincadeira e o
econômicos locais e regionais, dentre outros; faz­de­conta contribuem para desenvolver
a segunda fase de alfabetização e letramento, suas aprendizagens, pois é por intermédio
que compreende o 4° e 5° ano, pressupõe a destes que as crianças podem representar
ampliação do processo de alfabetização e dos simbolicamente o mundo dos adultos e
conhecimentos básicos da etapa anterior, aprendem diversas formas de interpretá­lo.
para a compreensão da sua realidade social, Nesse período, faz­se necessário
política e econômica e sua formação cultural e definir caminhos pedagógicos que
humana. considerem os interesses e características da
Os anos finais (6º ao 9º ano) são cultura infantil, ampliem a interação dos
considerados como período de consolidação sujeitos (criança­criança e criança­adulto),

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 33


CIÊNCIAS HUMANAS

oportunizem inúmeras vivências sociais e princípios de cooperação e justiça social, além


promovam a expressão das emoções e a de combater todas formas de preconceito e de
manifestação das diversas formas de ver e de discriminação social. Nesse sentido, esses
significar o mundo, utilizando múltiplas aspectos não podem deixar de ser observados
linguagens. Esses aspectos também precisam no desenvolvimento do currículo.
ser considerados na abordagem curricular. Os adolescentes de 13(treze) e 14
As crianças de 9 (nove) e 10 (dez) (quatorze) anos, assim como na fase anterior,
anos de idade apresentam características de também são marcados pelas transformações
desenvolvimento equivalentes às da etapa biológicas e pela formulação de hipóteses
anterior e já fazem uso da linguagem como acerca de sua identidade, autoimagem,
para argumentar e defender seu ponto de afetividade e sexualidade, apresentando uma
vista. É comum o estabelecimento de acentuada capacidade de observação e
“verdades”, tidas como absolutas, as quais criticidade, ou seja, há mais dúvidas do que
são defendidas exaustivamente. Conside­ certezas a respeito de si mesmo, das relações
rando essas características, o trabalho com o outro e com o mundo. Na abordagem
pedagógico deve ampliar a visão de mundo, curricular, é necessário adotar metodologias
promovendo a reflexão sobre as diversas de trabalho diferenciadas que favoreçam o
dimensões que constituem a realidade. Nessa desenvolvimento de sua capacidade de
fase da pré­adolescência, esses sujeitos análise, associação, generalização e síntese
costumam ser bastante competitivos, por na proposição de ideias, na resolução de
isso, atividades, atitudes e jogos de natureza situações­problema e na interação social, tais
cooperativa e solidária são os mais indicados. como: a pesquisa, o trabalho em grupo, a
Nesse sentido, a abordagem curricular deve música, o teatro e outras formas de produção e
estabelecer a articulação dos aspectos manifestação do conhecimento. No entanto,
sócio­afetivos desta fase e dos conhecimen­ essas atividades precisam ser bem
tos científico e escolar a serem trabalhados. planejadas, organizadas, orientadas,
As crianças de 11(onze) e 12 (doze) monitoradas e avaliadas pelos professores.
anos, pré­adolescentes, apresentam a Ao propor um currículo para o ensino
linguagem e as capacidades psíquicas e fundamental a partir dessas perspectivas, é
cognitivas já bem desenvolvidas, demons­ necessário, ainda, garantir na abordagem do
trando capacidade de analisar detalhada­ conhecimento científico e escolar, questões
mente um objeto, fato ou situação, levantar como diversidade, inclusão social,
hipóteses, organizar as ideias a partir de uma preservação ambiental, desenvolvimento
determinada lógica, estabelecer princípios, sustentável, educação sexual, relações
interrelações e argumentos coerentes. As afetivas, tecnologia da informação e
“verdades” da fase anterior e outras, acerca comunicação (TICs), entre outras.
do mundo, são objetos de dúvidas e Além disso, reconhecer e refletir
questionamentos. De modo geral, são sobre a realidade social das crianças e
observadas as primeiras transformações adolescentes, bem como sobre o papel dessa
biológicas e emocionais características do etapa da educação básica, significa
período da puberdade, por isso recomendam­ contemplar a diversidade dos sujeitos de
se atividades de interação social, pois é a partir direito do ensino fundamental, entre os quais:
delas que as crianças podem reconhecer o Crianças, adolescentes e jovens da
outro, respeitar as diferenças, construir os cidade, ampliando as oportunidades de

34 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

acesso e de permanência dos estudantes das compreensão da realidade, a partir das


periferias urbanas; múltiplas possibilidades de interesses, ênfase,
Pequenos agricultores, trabalha­ nível de complexidade, metodologias, formas
dores rurais, sem­terra, populações de interpretação e análise.
ribeirinhas, trabalhadores da pesca, Com isso, além de se garantir o
g a ra n t i n d o t e m p o s e e s p a ç o s d e acesso a essa etapa da educação básica,
aprendizagem escolar diferenciados; inclusive aos que não tiveram acesso em idade
Remanescentes de comunidades própria, é preciso também desenvolver
indígenas e quilombolas, respeitando e políticas, projetos e propostas pedagógicas
valorizando as diversas culturas no processo adequadas ao contexto social e às reais
de escolarização; necessidades dos sujeitos e que
Jovens, adultos e idosos que não desenvolvam, nos estudantes, o prazer em
tiveram acesso à escolarização em idade aprender; que a aprendizagem seja
própria, flexibilizando a estrutura do processo significativa, de forma que se efetive a
escolar, construindo e adequando as permanência e a qualidade tão necessária e
metodologias de ensino; almejada no desenvolvimento de uma
Estudantes com deficiência, trans­ educação básica.
tornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas classes 2. 3. Ensino Médio
comuns do ensino regular e no Atendimento
Educacional Especializado (AEE), reconhe­ O Ensino Médio é a etapa final da
cendo as diferenças e propiciando a oferta de Educação Básica e tem como objetivos a
condições diferenciadas de atendimento e de consolidação e o aprofundamento dos
ruptura das limitações impostas. conhecimentos adquiridos no Ensino
O grande desafio para os professores Fundamental. A Lei de Diretrizes e Bases da
contemporâneos está na implanta­ Educação Nacional nº 9394/96 preconiza
ção/implementação de uma proposta sua integração à Educação Básica ampliando
curricular que enfoque o reconhecimento e a suas finalidades essenciais à formação
valorização das práticas culturais de tais cidadã, sendo um direito social de cada
sujeitos, sem perder de vista o conhecimento pessoa e dever do Estado na sua oferta pública
historicamente produzido pela humanidade, o 13
e gratuita a todos .
qual se constitui num patrimônio de todos. Essa etapa possibilita aos jovens
Esse enfoque considera a diversidade humana continuar os estudos, o preparo básico para o
e traz, para a escola, a necessidade de trabalho e para a cidadania e seu
construir coletivamente as condições para o aprimoramento como ser humano integral
atendimento a esses sujeitos. proporcionando a formação ética, a
Os conteúdos da base nacional autonomia intelectual, a criticidade e ainda a
comum e da parte diversificada devem ser compreensão dos fundamentos científico­
articulados com os temas da vida cidadã e de tecnológicos, articulando teoria e prática.
interesse da comunidade. Nessa perspectiva, A identidade do Ensino Médio define­
conhecimentos escolares e saberes da prática se a partir da superação do dualismo entre
social se integram e possibilitam a formação propedêutica e formação
13
DCNEM, Resolução nº 2, de 30 de janeiro 2012

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 35


CIÊNCIAS HUMANAS

profissional na busca da “integração entre maneira a ajustar a formação geral, científica,


educação e as dimensões do trabalho, da tecnológica, cultural e conhecimentos
ciência, da tecnologia, da cultura, como base técnicos experimentais, por meio de
proposta do desenvolvimento curricular”. A currículos capazes de corresponder as
consolidação dos conhecimentos deve exigências da sociedade contemporânea.
ocorrer através dos processos produtivos A Educação Básica Noturna, por meio
compondo a integralidade e a indisso­ da instituição pelo MEC do Grupo de Estudo
ciabilidade em suas diferentes modalidades (GT) específico, propõe a necessidade de
e de acordo com suas concepções e conceitos aprofundamento através de investigação
dispostos nas DCNEM (2012). sobre o tema, considerando que as políticas
O Pacto Nacional pelo Fortaleci­ públicas não lhe têm atribuído a importância
mento do Ensino Médio regulamentado pela devida, levando em conta uma faixa da
Portaria nº 1.140, de 22 de novembro de 2013, população que não pode frequentar a escola
estabelece que o Ministério da Educação e as durante o dia e que para qualificar uma
secretarias estaduais e distritais de educação proposta para a educação básica noturna
assumam o compromisso pela valorização da deverão ser contemplados os seguintes
formação continuada dos professores e aspectos: os sujeitos da Educação Básica
coordenadores pedagógicos que atuam no Noturna, os profissionais da educação,
ensino médio público, nas áreas rurais e princípios e concepções teórico­
urbanas. metodológicos, organização política e
O Sistema Nacional de Educação é pedagógica da escola noturna, gestão da
ratificado através do Exame Nacional do escola noturna, infraestrutura e condições
Ensino Médio (ENEM), art. 21 da Resolução nº materiais e a formação dos profissionais da
2, de 30 de janeiro 2012, que assume educação básica noturna.
propriedade de avaliação sistêmica e verifica A opção dos jovens pelo Ensino
at é q u e p o n t o o e s t u d a n t e fo i Médio noturno ou na modalidade 'Educação
instrumentalizado na Educação Básica, com de Jovens e Adultos (EJA) possibilita reflexões
conteúdos e estratégias de aprendizagem que acerca do sentido de estar na escola para
o capacitem para a realização de atividades esses sujeitos singulares e diversos. Eles
nos três domínios da ação humana: a vida em buscam o direito à educação diante de um
sociedade, a atividade produtiva e a histórico de ausência de políticas efetivas que
experiência subjetiva, centrando­se na sejam capazes de promover não apenas sua
avaliação de desempenho por competências expansão, mas sua obrigatoriedade e, acima
e habilidades e, estruturando­se também com de tudo, mudança no quadro educacional.
a função de certificação para aqueles que No Estado de Alagoas, ainda é
e s t ã o fo ra d a e s c o l a a f e r i r s e u s ofertado o Ensino Médio Normal, conforme
conhecimentos construídos em processos de estabelecido na Resolução CEB/CNE nº
escolarização e classificação contribuindo 2/99, Resolução CEP/CEE/AL nº 093/2004,
para o acesso democrático à Educação Plano Estadual de Educação, Lei nº
Superior. 6.757/2006, Portaria SEE nº 65/2007, a
O Programa Ensino Médio Inovador ­ Resolução CEB/CNE nº 2/2009, Portaria/SEE
ProEMI, instituído pela Portaria CNE/CES n. nº 042/2012 visando ao atendimento aos
971/2009, visa desenvolver e reestruturar o estudantes concluintes do Ensino
Ensino Médio não profissionalizante, de Fundamental e Ensino Médio atuantes na

36 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

Educação Infantil e nos anos iniciais que não estudantes. O conhecimento acumulado ao
possuem habilitação conforme a legislação longo da História deve ser transmitido a cada
em vigor. geração, de maneira sistematizada e crítica,
A integração entre a Educação problematizado de modo a produzir
Profissional e o Ensino Médio constitui avanço condições da organização da sociedade e da
na possibilidade de oferta final da Educação apropriação das conquistas da civilização
Básica ao viabilizar as condições de humana. A escola de hoje tem que dialogar
conclusão da escolarização básica e acesso com recursos e paradigmas clássicos e os
ao espaço profissional. A articulação entre o emergentes da vida contemporânea,
Ensino Médio e o Ensino Técnico de nível Médio atentando para as políticas afirmativas
obedece à política que pretende resgatar e (diversidades) e de inclusão. Para tal, o
aprimorar um modelo de formação que currículo deve possibilitar identificações entre
permita aos estudantes concluir o Ensino o capital das experiências e o formal
Médio com qualificação profissional. educativo.
A g a ra n t i a d o s D i re i t o s à As Diretrizes Curriculares do Ensino
Aprendizagem e Desenvolvimento é Médio (2012) estabelecem o compromisso do
assegurada aos cidadãos pelo Estado currículo como um conjunto necessário de
B ra s i l e i ro , at ra v é s d o s s a b e re s e saberes integrados e significativos em
conhecimentos, experiências e práticas atendimento às diversas juventudes no
acumuladas pela humanidade, bem como as prosseguimento dos estudos, para o
presentes na vida cotidiana. As diferentes entendimento e ação crítica no mundo da
Diretrizes Curriculares afirmam que ciência, da cultura, da tecnologia e nas
expectativas de aprendizagem não significam diversas dimensões do trabalho, visto que,
conteúdos obrigatórios de currículo mínimo, para considerável parte dos jovens, a escola e
mas, sim, devem ser um conjunto de o trabalho são realidades combinadas e
condições para acesso, permanência e cotidianas. As DCNEM preconizam também a
aprendizagem na escola para evitar que, mais educação como direito e qualidade social,
uma vez, os estudantes das classes sociais além dos referenciais/conceituais, nos
historicamente excluídas sejam penalizados aspectos orientadores da oferta e da
por não realizarem aquilo que deles se espera. organização; os referencias em seus
As Diretrizes Curriculares Nacionais conceitos básicos do currículo, de sua
Gerais para a Educação Básica apontam para organização, sua oferta e tratamento,
um novo conceito de um projeto de educação especificidades regionais, e dos eixos
orgânico, sequencial e articulado em suas integradores das Áreas de Conhecimentos:
diversas etapas e modalidades, interdisciplinaridade e contextualização.
compreendido como um direito subjetivo de O Ensino Médio é constituído por
todo cidadão brasileiro, concretizando as Áreas de Conhecimento (Linguagens,
disposições da Constituição Federal e da LDB. Matemática, Ciências da Natureza e Ciências
A concepção de currículo disposta Humanas) favorecendo a comunicação entre
nas DCNs é representada por um conjunto de os saberes e conhecimentos, preservados os
valores e práticas que proporcionam a referenciais próprios de cada Área, e podem
produção e a socialização de significados no ser tratados como componentes curriculares
espaço social contribuindo para a construção de maneira integrada, respeitando os direitos
d e i d e n t i d a d e s s o c i o c u l t u ra i s d o s à aprendizagem e desenvolvimento, em

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 37


CIÊNCIAS HUMANAS

sintonia com a tarefa coletiva e a reordenação interesses realmente coletivos;


curricular e com a reorganização dos tempos 6.Desenvolver qualidades como
escolares. O Art.8, parágrafo 2º da Resolução organização, rigorosidade, seriedade,
2012, que institui as DCNEM, afirma que esta compromisso, flexibilidade e tolerância;
organização por Áreas de Conhecimento 7. A importância do conhecimento e
implica “no fortalecimento das relações entre do prazer de aprender.
os saberes e a sua contextualização para Uma organização curricular que
apreensão e intervenção na realidade, possa fomentar as bases para uma nova
requerendo planejamento e execução escola de ensino médio pressupõe uma
conjugados e cooperativos dos seus perspectiva interdisciplinar voltada para o
professores”. desenvolvimento de conhecimentos, saberes,
Nesse contexto, o Programa Ensino competências, valores e práticas sociais,
Médio Inovador (ProEMI), integra as ações do exigindo novas formas de organização e de
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), articulação das disciplinas escolares.
como estratégia do Governo Federal para Os pressupostos na organização
induzir o redesenho dos currículos do Ensino curricular do ensino médio devem ser
Médio, compreendendo que as ações assegurados em virtude da finalidade e
p ro p o s t a s i n i c i a l m e n t e v ã o s e n d o especificidade dessa etapa na formação dos
incorporadas ao currículo, ampliando o tempo estudantes, de modo a possibilitar o
na escola e a diversidade de práticas reconhecimento de que os conteúdos
pedagógicas, atendendo às necessidades e escolares não possuem fim em si mesmos,
expectativas dos estudantes do ensino mas se constituem em meios para o
médio. desenvolvimento de competências; a
O ProEMI estabelece em seu percepção das linguagens como formas de
Documento Base um referencial de constituição dos conhecimentos e das
tratamento curricular indicando as condições identidades; o entendimento de que o
básicas para a implantação do projeto de conhecimento é fruto de uma construção
redesenho curricular (PRC). Assim sendo, histórica a partir das relações entre os seres
deve­se pensar um currículo que tenha os humanos e entre estes e a natureza e a
estudantes como foco da aprendizagem, de compreensão de que a aprendizagem se dá
modo que se possam criar as condições para numa relação entre sujeitos e, por isso,
que eles desenvolvam conhecimentos, mobiliza afetos, emoções e relações, além dos
habilidades, hábitos intelectuais e técnicas aspectos cognitivos.
que lhes permitam saber: A formação dos jovens deve
1.Buscar, selecionar e interpretar favorecer melhores condições e oportuni­
criticamente informações; dades de participação na vida social e cultural
2.Comunicar ideias por meio de para que se respeitem os direitos, as
diferentes linguagens; liberdades fundamentais do ser humano e os
14
3.Formular e solucionar problemas princípios da convivência democrática.
com eficiência; Nesse sentido, é necessário que os
4.Construir hábitos de estudo; estudantes do ensino médio:
5.Trabalhar em grupo, com base nos ·compreendam a cidadania como

14
DCNGEB, Art. 26º § 2º e 3º

38 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

pleno exercício de direitos e deveres; considerando a dívida histórica que a


·façam uso do diálogo como forma de sociedade civil e política de Alagoas tem com
mediação de conflitos e também de os 22,5% da população de alagoanos
posicionamento contra a discriminação e o analfabetos (IBGE, 2010).
preconceito, de qualquer natureza; A superação desse quadro impõe a
· d e s e n v o l v a m i n t e re s s e p o r necessidade do estabelecimento de parcerias
diferentes formas de expressão artística e entre os diversos segmentos da sociedade
cultural; civil organizada, das instituições de educação
·percebam­se como integrantes do superior, dos setores empresariais, das
meio ambiente, ao mesmo tempo, entidades não governamentais, dos governos
dependentes e agentes das transformações estadual e municipais, das entidades
que nele ocorrem; religiosas e dos diversos movimentos dos
·apropriem­se do conhecimento trabalhadores.
científico como instrumento de luta por uma A partir desse contexto, o Governo
sociedade mais justa e digna para todos. Federal instituiu, em 2005, no âmbito federal o
primeiro Decreto do PROEJA nº 5.478, de 24
2.4. Modalidades e Diversida­ de junho de 2005, em seguida substituído pelo
des da Educação Básica Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006, que
introduz novas diretrizes que ampliam a
abrangência do primeiro com a inclusão da
2.4.1. Educação de Jovens e oferta de cursos PROEJA para o público do
Adultos ensino fundamental da EJA.
O PROEJA tem como perspectiva a
Refletir sobre a educação de jovens e proposta de integração da educação
adultos (EJA) em Alagoas significa, profissional à educação básica buscando a
primeiramente, ter que contextualizá­la num superação da dualidade: trabalho manual e
cenário de profundas desigualdades sociais, intelectual, assumindo o trabalho na sua
resultado de um modelo de desenvolvimento perspectiva criadora e não alienante. Isto
político­econômico que submete a maioria da impõe a construção de respostas para
população à condição de analfabeta e à diversos desafios, tais como, o da formação
violação dos direitos humanos garantidos na do profissional, da organização curricular
Constituição Brasileira: educação, saúde, integrada, da utilização de metodologias e
moradia, saneamento básico e trabalho, mecanismos de assistência que favoreçam a
como estratégia de perpetuação dos grupos permanência e a aprendizagem do estudante,
governantes. da falta de infraestrutura para oferta dos
A EJA, tendo como referência a cursos dentre outros.
15
legislação nacional , complementada pela De acordo com o Decreto nº 5840, 13
16
estadual é a forma adequada com que se de julho de 2006, os Documentos Base do
reveste a oferta do ensino fundamental e do PROEJA e a partir da construção do projeto
ensino médio a todas as pessoas que não pedagógico integrado, os cursos Proeja
tiveram acesso ou a possibilidade de podem ser oferecidos das seguintes formas:
continuar seus estudos na idade própria, c 1­ Educação profissional técnica
15
Lei 9.394/96, DCNGEB, 2010, art. 27 e 28, Parecer CNE­CEB 11/2000 e Resolução CNE­CEB 01/2000), Parecer CEE­AL 13/2002 e Resolução CEE­AL 18/2002 e a
Proposta Pedagógica para a Educação Básica de Jovens e Adultos (SEE/AL, 2002).Orientações para Implantação e implementação do Ensino Fundamental e do Médio na
Modalidade da Educação de Jovens e Adultos por períodos letivos semestrais na Rede Estadual de Ensino 2012
16
Resolução 18/2002 – CEE/AL

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 39


CIÊNCIAS HUMANAS

integrada ao ensino médio na modalidade de planejamento, a avaliação e os conteúdos


educação de jovens e adultos. como elementos de transformação social;
2­ Educação profissional técnica · C o m p re e n d a o e n s i n o e a
concomitante ao ensino médio na aprendizagem centrados em uma visão de que
modalidade de educação de jovens e adultos. aprendemos ao longo de toda a vida.
3­ Formação inicial e continuada ou Sendo assim, compreende­se que a
qualificação profissional integrada ao ensino escola da EJA deve propiciar aos estudantes a
fundamental na modalidade de educação de compreensão crítica da sociedade alagoana,
jovens e adultos. entendendo as causas das desigualdades e
4­ Formação inicial e continuada ou injustiças e, ao mesmo tempo, imaginando a
qualificação profissional concomitante ao possibilidade de construir novas relações
ensino fundamental na modalidade de humanas no trabalho e na vida.
educação de jovens e adultos. É necessário que se estabeleça uma
5­ Formação inicial e continuada ou relação de confiança e de credibilidade entre
qualificação profissional integrada ao ensino ambas as partes, pois a relação dialógica que
médio na modalidade de educação de jovens se estabelece entre sujeitos dotados de
e adultos. consciência e capacidade de se posicionar
6­ Formação inicial e continuada ou criticamente frente ao discurso do outro
qualificação profissional concomitante ao possibilita a apropriação dos conhecimentos
ensino médio na modalidade de educação de já produzidos e a construção de novos
jovens e adultos. saberes.
Dessa forma, o currículo da EJA deve
se caracterizar por uma abordagem teórica e 2.4.2. Educação Profissional e
metodológica específica e adequada à fase de Técnica
desenvolvimento em que se encontra o
estudante, à base nacional comum e também
Em Alagoas , os i n di cadores
às temáticas do contexto social mais amplo e
socioeconômicos são os piores do Brasil: o
às especificidades da realidade local. Deve
nível educacional é baixo em todas as faixas
ser flexível e organizado para atender às
etárias, inclusive com taxas de analfabetismo,
necessidades dessa categoria, superando o
na população acima de 25 anos, de quase
improviso e as adequações das metodologias
40%, a renda per capita é baixa e concentrada,
utilizadas no ensino de crianças ou
o nível de desenvolvimento humano também é
a d o l e s c e n t e s , c o m u m a p ro p o s t a
muito baixo.
metodológica própria, construída a partir dos
Com relação à educação, segundo a
interesses e vivências do mundo adulto; o
pesquisa do IPEA 2005, o Estado de Alagoas
ideal é que se construa na EJA um trabalho
possui a maior taxa de analfabetismo entre as
interdisciplinar que:
populações brancas e negras, urbanas e
·Integre os conteúdos;
rurais, com 15 ou mais anos de idade, que
· Pa s s e d e u m a c o n c e p ç ã o
concluem o ensino fundamental, e o menor
fragmentária para uma concepção unitária do
número médio de anos de estudos: 6,6 anos.
conhecimento;
A implantação de cursos técnicos é
·Supere a dicotomia entre ensino e
uma alternativa, dentre outras ações, que
pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa
pode auxiliar na superação desse quadro, na
a partir da contribuição das diversas ciências;
medida em que cria a oportunidade de
· C o n s i d e re o c u r r í c u l o , o

40 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

qualificação de homens e mulheres. Nesse respeito a oferta de EAD nos níveis e


sentido, a organização da educação modalidades educacionais.
profissional técnica considera como base Como modalidade, a EAD possui
para organização da oferta os estudos peculiaridades próprias e características
realizados pelo SEBRAE/AL das áreas diferenciadas, de acordo com a mídia
vocacionadas para determinadas atividades adotada. Essa modalidade rompe com as
econômicas no estado, configuradas como noções tradicionais de tempo e de espaço e
Arranjos Produtivos Locais (APL). Esse com as formas relacionais adotadas na
aspecto se faz importante, tendo em vista que modalidade presencial, às quais os
os cursos implantados devem obedecer à p ro f i s s i o n a i s m u i t a s v e z e s e s t ã o
lógica da sustentabilidade socioeconômica subordinados. Permite maior flexibilidade ao
dos egressos e, por conseguinte, do seu lócus. processo de formação, já que possibilita a
A ideia é desenvolver no Estado, a partir das adequação do processo à disponibilidade de
suas aptidões, formação profissional e tempo e ao ritmo de aprendizagem de cada
técnica. pessoa. Todavia, requer um planejamento
Portanto, faz­se necessário oferecer rigoroso das atividades e do tempo por parte
alternativas de trabalho paralelas à formação, do profissional, tanto no que se refere à
sendo essencial que as políticas públicas utilização dos recursos tecnológicos
caminhem em consonância com esses dois disponíveis quanto ao estabelecimento de
fatores. uma sistemática de estudos.
Sendo marcada pela distância
temporal e espacial entre professor e alunos,
2.4.3.Educação a Distância na
necessita para seu desenvolvimento da
Educação Básica da Rede Estadual de presença de equipe multidisciplinar
Ensino de Alagoas17 (professores, tutores, especialistas da área
tecnológica) e possibilita outras formas de
A Educação a Distância (EAD) é uma a p re n d i z a ge m , e s p e c i a l m e n t e u m a
modalidade que vem se modificando de “aprendizagem autônoma, autorregulada”, na
acordo com a evolução tecnológica. qual os alunos “são capazes de planejar,
Atualmente as tecnologias da informação e organizar, controlar e avaliar” a si próprios,
comunicação (TIC) têm sido amplamente enquanto os professores realizam a mediação
usadas na mediação didático­pedagógica do processo (PETERS, 2004, p. 170) .
20

dos processos de ensino e aprendizagem. Os Em Alagoas, as diretrizes político­


suportes de mediação evoluíram do material pedagógicas para a EAD estão definidas no
impresso aos recursos áudio visuais, e destes Plano Estadual de Educação (PEE – 2006 a
aos ambientes virtuais de aprendizagem, 2015)21, entre as quais destacam­se a
baseados no conceito de integração democratização do acesso às TIC e o
midiática. estabelecimento de uma política integradora
A EAD fundamenta­se legalmente no de mídias e promotora da formação
18
Art. 80 da LDB (Lei 9394/96) , regulamentado permanente dos profissionais da educação.
19
pelo Decreto nº 5.622/2005 , no que diz Considerando o que está posto na

17
Texto construído por Carmem Lúcia de A. Paiva Oliveira – técnica pedagógica da SUGER e Cristine Lúcia ferreira L. de Mello – técnica pedagógica da SUGES.
18
LDB (Lei 9394/96). Disponível em: . Acesso em 28/02/2014.
19
Decreto nº 5.622/2005. Disponível em . Acesso em 25/02/2014.
20
PETERS, Otto. A educação a distância em transição. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2004.
21
Plano Estadual de Educação. Disponível em: . Acesso em: 25/02/2014.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 41


CIÊNCIAS HUMANAS

legislação, a abordagem da EAD na Educação 2.4.4.Educação Escolar Qui­


Básica tem como objetivo a superação das lombola
barreiras de tempo e espaço, bem como a
ampliação de oportunidades, para aqueles O primeiro marco legal da Educação
impossibilitados de prosseguirem seus Quilombola foi instituído com a Constituição
estudos no ensino básico presencial. Em Federal de 1988, com base no Artigo 68 do Ato
Alagoas, os interesses se voltam para a das Disposições Constitucionais Transitórias
inclusão digital e melhoria da prática da Constituição que determinava o
pedagógica. Entretanto, atualmente reconhecimento da propriedade de terras,
podemos visualizar outras possibilidades, para conferir direitos territoriais “aos
dentro do próprio ensino regular: utilização de remanescentes das comunidades dos
ferramentas da web como apoio aos quilombos que estejam ocupando suas terras
estudantes da educação básica, é reconhecida a propriedade definitiva,
desenvolvimento de projetos didáticos que devendo o Estado emitir­lhes os títulos
favoreçam a pesquisa, a criatividade, a respectivos”.
aprendizagem colaborativa e a autoria de As comunidades quilombolas no
professores e estudantes. Por outro lado, a Brasil são múltiplas e variadas e se encontram
EAD pode favorecer a complementação de distribuídas em todo o território nacional. Em
estudos de disciplinas com carências de algumas regiões elas são mais numerosas e
professores, numa rede que sofre dessa falta em outras não. Há comunidades que ficam no
principalmente na área das ciências. campo (rurais) e outras que ficam nas cidades
Os ambientes de aprendizagem (urbanas); que se constituem por meio de
como o e­Proinfo (desenvolvido pelo MEC e fortes laços de parentesco e herança familiar
disponibilizado aos estados e municípios) e o ou não; que receberam as terras como doação
Moodle (com código fonte aberto, o que e que se organizaram coletivamente e
permite sua personalização pelas adquiriram a terra. Para os quilombolas,
instituições) podem ser utilizados para o pensar em território é considerar um pedaço
desenvolvimento de cursos, tanto na de terra como algo de uso de todos da
formação continuada de professores, quanto comunidade (é uma terra de uso coletivo) e
na formação de estudantes do ensino algo que faz parte deles mesmos, uma
fundamental e médio, especialmente no que necessidade cultural e política da
diz respeito a sua formação profissional. comunidade que está ligada ao direito que
Entretanto, a decisão política de possuem de se distinguirem e se diferenciarem
implantar a EAD na Educação Básica do das outras comunidades e de decidirem seu
Estado de Alagoas, implica na melhoria da próprio destino. Eles vivem em territórios que
infraestrutura tecnológica, especialmente no podemos chamar de tradicionais: “Os
que se refere à modernização de territórios tradicionais são espaços
equipamentos, manutenção e velocidade de necessários à reprodução cultural, social e
conexão à internet, bem como na preparação econômica dos povos e comunidades
das equipes (multidisciplinar e gestora), tradicionais, sejam eles utilizados de forma
necessárias ao seu desenvolvimento como permanente ou temporária (...)”. (Artigo 3, da
modalidade de ensino. Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, instituída pelo Decreto 6.040 de

42 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

07 de fevereiro de 2007). para conservação dos alimentos. Instalação


Os estudos sobre as comunidades hidráulica, elétrica e sanitária inadequadas.
remanescentes de quilombo em Alagoas Falta permanente de água ou água
começaram nos anos oitenta através do conservada em local impróprio e escola
Núcleo de Estados Afro­brasileiros­ construída em local distante da residência dos
Neab\Ufal e da Associação Cultural Zumbi, estudantes e de difícil acesso.
entidade negra do movimento negro de O ensino escolar nas comunidades
Alagoas. Em continuidade a estes trabalhos, o re m a n e s c e n t e s d e q u i l o m b o é d a
Estado encaminhou a Fundação Cultural responsabilidade dos gestores municipais que
Palmares – órgão público federal responsável trabalham apenas com o ensino fundamental.
pela certificação das comunidades A maioria dos municípios oferece apenas
quilombolas – uma relação constando nomes ensino dos 03 aos 05 anos de idade. Não
de 65 (sessenta e cinco) comunidades existe, nas escolas ou nas secretarias
remanescentes de quilombo, que foram municipais de educação, projeto político
certificado por este órgão. pedagógico voltado para a realidade
As comunidades remanescentes de quilombola, implicando de forma negativa no
quilombo de Alagoas localizam­se no sertão, processo ensino aprendizagem das\os
no agreste nas regiões que margeiam o Rio São estudantes e em sua autoestima.
Francisco e na região da mata. A maior A s / o s p ro f e s s o ra s / e s n ã o
concentração populacional se dá na região participam de formação continuada e não são
agreste e do sertão, em menor quantidade na quilombolas. Residem em outras localidades,
zona da mata. Esses quilombolas são os desconhecendo assim a história da
atuais habitantes de comunidades negras comunidade, dificultando a incorporação dos
rurais formadas por descendentes de valores culturais que identificam a etnicidade
africanos escravizados, que vivem na sua dos seus habitantes.
maioria, da agricultura de subsistência em As populações quilombolas são uma
terras doadas, compradas ou ocupadas há realidade na sociedade brasileira, mesmo
bastante tempo. sendo negadas ou invisibilizadas por muitos
Estudos realizados recentemente anos pelo poder público e a sociedade em
sobre a situação das comunidades geral. Estavam excluídas de todos os
quilombolas no Estado mostram que existem planejamentos econômicos, habitacional,
aproximadamente 8.150 famílias quilombolas cultural, educacional, saúde etc., elaborados
em Alagoas e aproximadamente uns 15 pelos Municípios, Estado e União. Os projetos
(quinze) mil estudantes quilombolas em idade políticos não atendiam às especificidades
escolar que frequentam as escolas culturais e históricas das comunidades
municipais. remanescentes de quilombo, trazendo sérios
As condições físicas das escolas são prejuízos para essa população.
precárias: falta espaço para recreação; sala de A educação escolar quilombola
aula insuficiente para quantidade de segue a proposta política de um currículo
estudantes, ou seja, sala multisseriadas; construído com os quilombolas e para os
ambiente escolar insalubre, principalmente no quilombolas, baseado nos saberes,
agreste e sertão, com sala de aulas sem conhecimentos e respeito às suas matrizes
ventilação e calor excessivo; copa e cozinha culturais. Trata­se de uma educação
inadequadas para cozinhar e manusear os diferenciada em que se trabalha a realidade a
alimentos e inexistência de equipamentos partir da história de luta e resistência desses

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 43


CIÊNCIAS HUMANAS

povos bem como dos seus valores diversidade sexual coloca. Já não podemos
civilizatórios. A educação escolar quilombola mais ignorar o grito das pessoas que são
está fundamentada na vivência e organização discriminadas por conta de preconceito e
coletiva, valores ancestrais; na relação com a discriminação traduzidos no nosso cotidiano
terra e com o sagrado, os quais precisam ser nos altos índices de assassinato, por
incorporados no espaço escolar das escolas possuírem uma orientação sexual diferente do
quilombolas e das que atendem estudantes grupo.
quilombolas. Os modelos impostos pela
É dever do Estado articular meios sociedade de ser feminina ou masculino têm
para que esses estudantes quilombolas como referência o biológico. No entanto, as
tenham suas especificidades atendidas no expressões humanas, assim como toda
espaço escolar, bem como acesso, natureza, têm múltiplas individualidades que
permanência e conclusão de seus estudos, se expressam, apresentando assim novas
permitindo o exercício de uma política configurações de gênero. Com relação às
22
equânime para melhor qualidade educacional identidades de gênero , outro fator
e de vida das populações quilombolas. importante é a diversidade sexual, isto é, como
nos relacionamos afetivamente, como
2.4.5.Educação para as Rela­ amamos, se amamos pessoas do mesmo
sexo, ou do sexo oposto, devem ser
ções de Gênero e Sexual
considerados nos trabalhos pedagógicos
para oportunizar uma visibilidade real e
Para trabalhar nos espaços de positiva para todas as expressões efetivas.
educação devemos partir da realidade e, para A educação não pode dar
tanto, necessitamos entender e refletir as continuidade a esse extermínio de pessoas,
variadas formas de vida expressas nas várias simplesmente por terem formas de expressar o
diversidades que emanam do individual e feminino e o masculino de modo particular e
compõem o coletivo das salas de aula. diferente. Essas pessoas desde pequenas são
Nossas bases legais de avanço estão violentadas; sequer junto as suas famílias têm
f i n c a d a s e m a c o rd o s n a c i o n a i s e acolhimento e proteção e em muitos relatos,
internacionais, tratados, normas, e em dizem ser o espaço mais violento.
educação, no documento final de conferência A formação de educadoras/es ainda
nacional de educação entre tantos outros, não tem uma política de transformação dessa
cujo objetivo é promover uma cultura de percepção condenando muitas crianças e
direitos e respeito às diversidades e todas as jovens à negação de compreensão de suas
possíveis expressões subjetivas. identidades comprometendo a saúde física,
A s v a r i a d a s e x p re s s õ e s d a mental e negando o direito constitucional da
diversidade exigem novos comportamentos, educação.
métodos, valores e costumes para o trato em A educação pública no Estado e
sala de aula, isto tudo alicerçado em estudos e Alagoas pode e tem obrigação de ser um lugar
pesquisas para que todo investimento possa de respeito às diversidades, isto é, um espaço
refletir na qualidade da prática pedagógica. em que as identidades são sempre relacionais,
A Rede Estadual de Ensino de Alagoas onde possamos ousar produções curriculares
necessita responder às demandas que a para ouvir denúncias e anseios. Necessita­se,
educação para relações de gênero e
22
A forma de expressar a condição de gênero (entre masculino e\ou feminino)

44 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

para isso, criar espaços de estudos onde a dividida pela metade entre o proprietário e o
liberdade, a criticidade e o respeito ao trabalhador – e em corte de cana nas usinas de
diferente possam fazer parte do cotidiano da Alagoas, Bahia, Minas Gerais e na construção
escola. Ou melhor, a escola deve ser um civil.
espaço onde sentimentos e pensamentos Após centenas de anos de
possam ser socializados e ouvidos. aproximação com a civilização europeia, os
É necessário constituir espaços de indígenas no nordeste têm na religiosidade um
reflexão pedagógica e curricular em que dos seus mais importantes elos culturais.
crianças e jovens tenham oportunidades para Seus ritos formam a concepção que eles têm a
discutir sua realidade, observando as respeito do mundo, nos seus mais diversos
diferenças e as identidades, como processo aspectos notadamente os de natureza
de produção social, que estão presentes na espiritual. Tais celebrações acontecem em
sala de aula, mas que são ignoradas, espaços físicos próprios fechados à visitação
reprimidas e o resultado inevitável é a pública e exclusivas aos indígenas e seus
explosão de conflitos e hostilidades convidados. O cristianismo se faz presente
adoecendo todas as pessoas envolvidas desde a época da colonização aos dias atuais,
nesses processos cotidianos. na tentativa de promover a integração
cultural.
2.4.6. Educação Indígena Nas sociedades indígenas, os mais
velhos sempre tiveram um papel importante na
Os povos indígenas se relacionam transmissão dos conhecimentos aos mais
com uma estrutura política, econômica e jovens, são eles os responsáveis pelo relato
cultural própria e, ao mesmo tempo, das histórias antigas, da memória, das
necessitam das relações externas para re s t r i ç õ e s d e c o m p o r t a m e n t o , d a s
existirem enquanto povo alagoano. É neste concepções de mundo. E são agentes de
contexto que a escola assume papel ligação da memória histórica de grupo, que se
relevante. A educação formal tem também um efetiva por meio das diversas práticas e ritos.
propósito profissional, transrrelacionando a Sendo assim, é possível verificar a capacidade
história dessas populações na tentativa de que os povos indígenas têm de manter viva a
(re)construir uma educação capaz de projetar sua história e memória, mesmo quando estas
um futuro com os povos indígenas pautado no estiveram silenciadas e se insiste em ignorá­
respeito às diferenças étnicas. las ou diminuí­las.
A maioria dos povos indígenas em A Educação Indígena, até meados do
Alagoas vivem na área rural ou próximo às século XX, pautou­se na catequização e
cidades de Joaquim Gomes, Porto Real do integração dos indígenas da União e em
Colégio, Pariconha, Inhapi, São Sebastião, assimilá­los e incorporá­los à sociedade
Feira Grande, Traipú e Palmeira dos Índios. nacional, invisibilizando­os. Em 1970, o
Desenvolvem atividades profissionais assim movimento indígena começou a tomar forma,
como a grande maioria do/a(s) organizando­se para discutir a Educação
alagoano/a(s). Os homens geralmente Escolar, exigindo mudanças, abrindo espaços
trabalham com uma agricultura e pecuária de sociais, políticos para que fossem garantidos
subsistência – quando possuem terra os direitos indígenas na legislação brasileira.
suficiente e adequada para isso – contudo, a A partir da década 1980, o Brasil passou a
grande maioria trabalha em fazendas vizinhas reconhecer que é um país constituído por
como mão de obra paga ou meeira – produção diversidades de grupos étnicos, o que motivou

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 45


CIÊNCIAS HUMANAS

a instituição de leis específicas que desses povos e a garantir o respeito pela sua
contemplam os direitos dos povos indígenas, integridade. Nesse sentido, a educação passa
bem como o reconhecimento e a manutenção ser um instrumento fundamental para
das especificidades culturais, históricas e assegurar a efetivação desses direitos.
linguísticas como elementos essenciais à As Diretrizes Curriculares Nacionais
educação escolar indígena. da Educação Escolar Indígena foram
Atualmente há 11 povos indígenas em aprovadas em 14.09.1999, por meio do Parecer
Alagoas reconhecidos oficialmente pelo 14/99 da Câmara Básica do Conselho
Estado, como os Kariri­Xocó, Karapotó, Nacional de Educação.
Aconã, Tingüi­Boto, Wassu Cocal, Xucuru­ O que está evidenciado na LDB é o
Kariri, Jiripancó, Karuazu, Katokinn, regime de colaboração entre as três esferas
Koiupanká, Kalancó, com 17 escolas governamentais. Excluído o Sistema Federal
indígenas atendendo a 9 povos indígenas. No de Ensino da tarefa de promover a Educação
entanto, os Karuazu em Pariconha e os Escolar Indígena, essa atribuição fica por
Kalancó em Água Branca, ambos no alto conta dos Sistemas Estaduais e/ou
Sertão Alagoano, não possuem escolas Municipais de Ensino, que em Alagoas é de
estaduais, sendo atendidos nas escolas responsabilidade do Estado.
convencionais. Nas diretrizes político­pedagógicas
Os povos indígenas e suas 17 escolas (9.2.1) do Plano Estadual de Educação
em Alagoas, reivindicam que os/as estabelece­se que a proposta de uma escola
professores/as sejam também indígenas para indígena diferenciada, de qualidade, exige das
encaminhar seu projeto educacional escolar, instituições e órgãos responsáveis a definição
como tentativa de articular as necessidades de novas dinâmicas, concepções e
do grupo com a sociedade nacional, sem mecanismos, tanto para que esta escola seja
perder de vista suas origens, suas tradições, de fato incorporada e beneficiada por sua
suas culturas, mas também se dando conta inclusão no sistema oficial, quanto para que
das modificações que acontecem em todas as seja respeitada em suas particularidades,
sociedades contemporâneas. Existem democratizando o acesso e garantindo a
indígenas com formação acadêmica em várias permanência com sucesso do/a estudante na
áreas do conhecimento, com um número escola indígena.
significativo em licenciatura. Uma pequena Diante das peculiaridades da oferta
parte de indígenas são servidore/a(s) efetivos dessa modalidade de ensino ­ tais como, um
ou temporários federais, do Estado de Alago­ povo localizado em mais de um município;
as e dos municípios onde moram. Há um formação e capacitação diferenciada de
número reduzido de pequenos comerciantes professores indígenas exigindo a atuação de
nas cidades próximas e nas comunidades especialistas; processos próprios de
indígenas. aprendizagem ­ a responsabilidade pela oferta
No Artigo 2° da Convenção n° 169 da da Educação Escolar Indígena é do Estado.
Organização Internacional do Trabalho (OIT) Ao Sistema Estadual de Ensino cabe a
sobre Povos Indígenas e Tribais, explicita que regularização da escola indígena, isto é, sua
os governos deverão assumir a responsabi­ criação, autorização, reconhecimento,
lidade de desenvolver, com a participação dos credenciamento, manutenção, supervisão e
povos interessados, uma ação coordenada e avaliação, como preconiza a legislação
sistemática com vistas a proteger os direitos federal.

46 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

2.4.7.Educação Escolar do ser lugar de vida, de trabalho, de construção


Campo de significados, saberes e culturas.
A concepção de campo tem o seu
A Educação Básica para a População sentido forjado no seio dos movimentos
Campesina tem como objetivo garantir o sociais a partir dos anos 90 do século XX,
direto à educação escolar para a diversidade trazendo como referência a identidade e
dos sujeitos campesinos e sua identidade cultura dos povos do campo, valorizando­os
pluricultural, pluriétnica, plurirreligiosa, como sujeitos que possuem laços culturais e
presente na realidade territorial de crianças, valores relacionados à vida na terra. Nessa
adolescentes, jovens, adultos e idosos, perspectiva, o campo é reconhecido como
considerando os aspectos históricos, sociais, espaço de relações de vida, lugar de trabalho,
econômicos, políticos, culturais, religiosas, de emancipação humana e política, de cultura,
ambientais, de Diversidade Sexual e de de produção de conhecimento na sua relação
Gênero, de Etnia e de Geração. de existência e sobrevivência.
Os povos do campo comportam Desta forma, a compreensão de
categorias sociais como agricultores campo ultrapassa a definição jurídica,
familiares, extrativistas, pescadores, configurando­se em um conceito político que
artesanais, ribeirinhos, assentados e considera as particularidades e
acampados da reforma agrária, trabalhadores especificidades dos sujeitos deixando de
assalariados rurais, quilombolas, caiçaras, reduzir o campo, apenas em sua localização
povos da floresta, caboclos e outros que espacial e geográfica.
A educação do campo deve­se
produzem suas condições materiais de
articular a um projeto sócio, político,
existência a partir do trabalho no meio rural.
A igualdade de oportunidades de econômico, cultural, religioso e ambiental, a
acesso, a permanência e passagem com partir dos interesses dos povos que nele
sucesso e qualidade da aprendizagem escolar vivem. Pode­se afirmar que o que caracteriza o
devem ser estendidas a todos/as estudantes, povo campesino é o jeito peculiar de se
independentemente da categoria social a que relacionar com a natureza, o trabalho na terra,
pertençam. Isso significa dizer que é função a organização das atividades produtivas na
do Poder Público em definir políticas públicas agricultura familiar e camponesa. Deve­se
de educação para todos/as, de modo a reconhecer a cultura e os valores,
assegurar o direito a todas as pessoas sem considerando as relações familiares e de
qualquer tipo de discriminação e/ou vizinhança, como elementos da prática
privilégio. pedagógica, que respeitam as festas
Para melhor compreensão da comunitárias e de celebração da colheita e
Educação do Campo, faz­se necessário d i v e r s a s m a n i f e s t a ç õ e s re l i g i o s a s ,
estabelecer uma distinção dos termos “rural” dinamizando a rotina de trabalho livre, em
e “campo”. A concepção de rural representa detrimento das rotinas pedagógicas
uma base política ideológica referendada nos burocraticamente pré­estabelecidas.
documentos oficiais, que historicamente Ao se fazer a reflexão sobre a
apresentam os povos do campo como educação dos povos campesinos, deve­se ter
pessoas que necessitam de assistência e o cuidado para construir uma prática
proteção, defendendo que o rural é o lugar do educativa que propicie uma compreensão
atraso. O rural nessa ótica está pensado a mais ampla sobre as questões específicas do
partir de uma lógica economicista, deixa de

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 47


CIÊNCIAS HUMANAS

campo: fundamentos do modelo de luta por uma sociedade economicamente


agricultura capitalista, o agronegócio, os justa, ecologicamente sustentável com
grandes latifúndios, a expulsão dos equidade e justiça social;
camponeses das pequenas propriedades, as 3.os valores humanistas, a partici­
dificuldades de incentivo e financiamento dos pação popular, as relações igualitárias: de
pequenos produtores, a reforma agrária, a diversidade sexual e de gênero; Cultural;
agro ecológica, as bases da agricultura religiosa; geração; e, etnia.
familiar, a agricultura camponesa, a pesca, o Nesse sentido, um dos grandes
artesanato, a agroindústria, extração mineral desafios do currículo para a educação do
e vegetal, inter­relação entre educação campo é proporcionar aos seus/as
cidade e campo (função social de cada espaço estudantes uma cultura produzida no seio de
territorial) e as políticas de inclusão suas relações sociais, vivenciada e vinculada à
disponibilizadas para as comunidades pluriculturalidade e à interculturalidade
campesinas e povos tradicionais. presentes no mundo do trabalho e nas
23
O currículo para a Educação Básica relações humanas dinamizado pela cultura, a
nas Escolas do Campo será construído à luz da partir do campo ecologicamente sustentável,
base comum nacional contextualizada na objetivando consolidar um processo de
realidade dos povos do campo; sendo assim, a educação escolar fortalecido em seu próprio
unidade escolar em sua prática político­ ambiente e que supere a dicotomia entre rural
pedagógica dinamizará as relações sócio, e urbano.
política, econômica, cultural, religiosa e Vale ressaltar que o Estado de
ambiental entre as pessoas, qualificando a Alagoas em seus 102 municípios, apresentam
produção das condições materiais da fortes24 características campesinas, tanto nos
existência humana, incorporando em seu aspectos culturais, sóciais, ecológicos,
fazer pedagógico as especificidades dos religiosos, bem como, em sua base econômica
povos do campo, considerando os saberes em que temos a agricultura e pecuária,
socialmente adquiridos pelos/as estudantes agricultura familiar e camponesa, pesca, o
em sua história de vida, na íntima relação com minério (petróleo, sais, ferro), agro indústria, o
os saberes construídos coletivamente no turismo rural e o artesanato. Portanto,
espaço escolar. majoritariamente a Educação escolar de
Outro desafio à prática escolar diz Alagoas tem que considerar em sua base
respeito à construção de relações curricular a contextualização da realidade do
interdisciplinares e transdisciplinares, a partir campo alagoano, mesmo que a unidade de
de princípios pedagógicos que fortaleçam ensino seja localizada no centro urbano.
práticas pedagógicas significativas no e do
campo, em consonância com:
1.a luta pelos direitos à cidadania, à
terra, à educação e à saúde;
2.a soberania alimentar, vincula­da à

23
LDBEN 9394/1996: art. 23, 24, 26 (nova redação ­ Leis 10.639/2003 e 11.645/2008), 27, 28; Resolução CNE/CEB Nº 1 – 03 DE ABRIL DE 2002 / DOEBEC: Artigos 5º e 7º; Lei nº.
6.757/2006 ­ PEE/AL ­ Capítulo IV; Resolução Nº 2, de 28 de Abril de 2008; Resolução Nº 4, de 13 de julho de 2010 ­ DCNGEB: Título V (Organização Curricular: Conceito, Limites,
Possibilidades), Capítulo I (Formas para a Organização Curricular); e, DECRETO Nº 7.352, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2010.
24
A identidade dos povos do campo comporta categorias sociais como agricultores familiares, os extrativistas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os assentados e acampados
da reforma agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os quilombolas, os caiçaras, os povos da floresta, os caboclos e outros que produzam suas condições materiais de
existência a partir do trabalho no meio rural, conforme Decreto nº 7.352, de 4 de Novembro de 2010, em seu Artigo 1, Parágrafo 1º.

48 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


Capítulo 3
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

DESAFIOS PARA A REDE ESTADUAL DE ENSINO DE ALAGOAS

A rede estadual de ensino de Alagoas ainda possui alguns


problemas que exigem o investimento na implementação de
algumas políticas públicas estruturantes para a sua resolução,
dentre eles está a minimização do analfabetismo e do fracasso
escolar. Para resolução desses problemas a rede se propõe a
enfrentar dois grandes desafios: alfabetizar na idade certa e corrigir
a distorção idade­escolaridade.

3.1. O desafio de alfabetizar a todos na idade


25
certa

A iniciativa de implementar o Ensino Fundamental de 9


anos, que desde 2006, com a aprovação da Lei no 11.274/2006,
prevê legalmente um ano a mais de escolaridade às crianças
brasileiras, teve como proposta subsequente a formalização de um
ciclo inicial de escolaridade – mesmo nos sistemas seriados – e a
necessidade de se definir um posicionamento claro em relação ao
que fazer nesse “novo” 1º ano, que nem é a antecipação da 1ª série
“antiga” e nem é, simplesmente, o equivalente ao que era antes o
último ano da Educação Infantil. O desafio tem sido a construção da
proposta pedagógica desse novo tempo escolar, que como tal, é um
ganho para as crianças brasileiras.
O cenário educacional dos últimos anos tem algumas
características importantes, que aqui merecem destaque para
favorecer a compreensão das questões que ora se colocam aos
sistemas públicos de ensino.
A partir da década de 90, houve um declínio progressivo
das taxas de reprovação no início do Ensino Fundamental, em
decorrência da adoção, por muitos Estados, de medidas de
redução dos índices de reprovação escolar, tais como: sistema de
ciclos, projetos especiais de alfabetização, reforço escolar no
contra turno, salas de apoio, aceleração de estudos, progressão
continuada, correção de fluxo escolar, dentre outros.
A implantação de um sistema nacional de avaliação da
Educação Básica no Brasil, já nos anos 90, tornou visível um
problema tão sério quanto a retenção: os estudantes não estão
aprendendo o que, por direito, deveriam aprender em cada nível de
ensino. Desse modo, a educação brasileira iniciou um novo século

25
Texto produzido pelas profa. Msc. Nadeje Fidelis Moraes e Especialista Socorro Quirino Botelho – técnicas Pedagógicas da SUPED e Profa. Dra. Rosaura Soligo ­
Instituto Abaporu de Educação e Cultura.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 51


CIÊNCIAS HUMANAS

de sua história sem resolver o problema Em Alagoas, com o intuito de


crônico do analfabetismo dos adultos e ainda melhorar a qualidade da aprendizagem dos
amargando o analfabetismo funcional de estudantes e reverter os altos índices de
crianças e jovens em processo de analfabetismo no Estado, teve início em 2009
escolarização. o Programa Estadual de Alfabetização ­
Assim, a questão do analfabetismo ARACÊ26, uma iniciativa do governo de
absoluto e funcional da população brasileira Alagoas, a partir do Projeto de Cooperação
acaba por demonstrar a insuficiência de Técnica entre o Ministério de Educação (MEC),
medidas realmente efetivas para assegurar de o Programa das Nações Unidas para o
fato a alfabetização de crianças e Desenvolvimento (PNUD) e a Secretaria de
adolescentes matriculados nos anos iniciais Estado da Educação e do Esporte de Alagoas
do Ensino Fundamental. (SEE). O ponto de partida do Programa Aracê
Do ponto de vista dos programas foi o estudo e a análise das políticas, diretrizes
propostos com essa finalidade, foram vários e ações propostas para a alfabetização
nos últimos anos: Programa de Formação de contidas nos documentos e legislações
Professores Alfabetizadores – PROFA, Escola nacionais e estaduais, assim como a
Ativa, Programa de Formação de Professores investigação dos dados da realidade
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental – educacional do Estado (Educacenso, IBGE,
PRÓ­LETRAMENTO, Programa de Apoio à I N E P , S A E B , M E C , S AV E A L ) . F o ra m
Leitura e à Escrita – PRALER, Brasil consideradas as políticas de alfabetização
Alfabetizado, SABER, Proposta Pedagógica de sintetizadas no Plano Nacional de Educação –
EJA­AL, Movimento de Alfabetização de PNE e no Plano Estadual de Educação do
Jovens e Adultos – MOVA, Projeto de Estado de Alagoas – PEE/AL, as ações
Intervenção Pedagógica para Escolas com propostas no Planejamento Estratégico da
Ideb abaixo de 2.5, SESC LER e, mais SEE e no Plano de Ações Articuladas de
recentemente, o Pacto Nacional pela Alagoas ­ PAR­AL e as diretrizes legais da
Alfabetização na Idade Certa­ PNAIC. Constituição Federal, da Constituição
Tendo como base legal o Artigo 210 Estadual, da Lei de Diretrizes e Bases da
da Constituição Federal de 1988 – que prevê a Educação Nacional e das resoluções do
indicação de conteúdos mínimos para o Conselho Estadual de Educação de Alagoas –
Ensino Fundamental, de maneira a assegurar CEE­AL.
formação básica comum, – e a LDB 9.394/96 – O estudo dos dados educacionais
que determina que o direito à Educação Básica revelou a necessidade de ampliação do
para todos os brasileiros e tendo por Programa de Alfabetização aos alunos em
finalidades desenvolver o educando, processo de escolarização, já que as
a s s e g u ra r ­ l h e a fo r m a ç ã o c o m u m avaliações nacionais e do Estado
indispensável para o exercício da cidadania e demonstraram que eles não estão sendo
fornecer­lhe meios para progredir no trabalho alfabetizados no tempo escolar previsto, o que
e em estudos posteriores – o PNAIC apresenta tem como resultado o processo de distorção
nacionalmente, como objetos de ensino, um idade/ano escolar.
conjunto de habilidades tomadas como Várias ações buscam hoje contribuir
direitos de aprendizagem. para o debate acerca dos direitos de
26
Aracê – palavra tupi­guarani que significa aurora, nascer do dia –, se propõe a aglutinar e integrar todas as propostas de alfabetização.

52 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

aprendizagem das crianças do ciclo de fato da Educação de Jovens e Adultos ser


alfabetização, por exemplo, para os processos ainda, em grande medida, destinada a
de avaliação e acompanhamento da pessoas que passaram pela escola e não
aprendizagem das crianças; para o tiveram garantido o seu direito de se tornarem
planejamento e avaliação das situações leitores e escritores proficientes no tempo
didáticas; para o conhecimento e uso dos apropriado.
materiais distribuídos pelo Ministério da
Educação, voltados para a melhoria da 3.2. Distorção idade­escola­
qualidade do ensino no ciclo de ridade
27

alfabetização.
Caracterizam­se como um esforço A distorção idade/escolaridade
conjunto com o objetivo de elaborar e surge de diversas formas: estudantes que
apresentar à sociedade alagoana uma chegam à unidade de ensino pela primeira vez
proposta de educação cujo foco é a melhoria com mais de 6 (seis) anos de idade; estudantes
da qualidade da aprendizagem dos que foram reprovados e estão repetindo o ano
estudantes da Educação Básica e a e estudantes que abandonam e retornam à
consequente reversão dos indicadores unidade de ensino.
educacionais do Estado. Com a regulamentação do Ensino
Segundo Freire (1983: 34) “o velho e o Fundamental de 9 (nove) anos no Sistema
novo têm valor na medida em que são válidos”; Estadual de Ensino de Alagoas, através da
é necessário que, face ao novo, não se repita o Resolução CEB/CEE­AL n°08/2007, foi
velho por ser velho, nem se aceite o novo por determinado que as redes de ensino e suas
ser novo, mas que o critério seja a validade. unidades devem iniciar, para melhorar o
São as questões e dilemas da nossa desempenho escolar, a implantação de um
prática que despertam em nós o sentido da processo gradativo de regularização do fluxo
busca de novos caminhos e possibilidades – e escolar, visando à redução do abandono, da
o acesso a novos conhecimentos, repetência e da distorção entre a idade da/o
i n fo r m a ç õ e s e i n i c i at i v a s s ó t ra r á estudante e o ano escolar.
contribuições relevantes de fato à medida que A regularização do fluxo será para
re s p o n d a m à s n e c e s s i d a d e s q u e a/o(s) estudante(s) fora da faixa etária, a partir
identificamos no percurso. de dois anos de distorção idade/escola­
O desafio de alfabetizar a todos na ridade. O processo de regularização do fluxo
idade certa tem sido parte dessas escolar pode acontecer através dos seguintes
necessidades que nos impulsionam em passos:
direção a parcerias profícuas e ações ·Elaborar um quadro da distorção
conjuntas de enfrentamento do fracasso idade/escolaridade da unidade de ensino,
escolar e de empenho para produzir o êxito. identificando quais estudantes que se
Entendemos que assim será possível resolver encontram nessa condição;
também outros problemas graves com os ·Fazer uma avaliação diagnóstica de
quais hoje nos defrontamos, que são, na cada estudante para mapear quais estão em
verdade, consequência da não alfabetização condições de avançar e realizar todos os
na idade certa: a distorção idade­série e a o
27
Texto retirado do texto Orientações para Organização do Ensino Fundamental – SUPED, 2012.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 53


CIÊNCIAS HUMANAS

procedimentos para reclassificação de quem alfabetização e aceleração de estudos


estiver em condições de acelerar os estudos, (estudantes do 1º ao 5º ano não
mediante verificação do aprendizado, de alfabetizados e os não aprovados do 3º ano)
acordo com o § 1º do art. 23 e a alínea b, ·Turmas de progressão II – aceleração
inciso V, do art. 24 da LDB n° 9.394/1996 e nos de estudos (estudantes do 1º ao 5º ano
moldes do Parecer CEB/CEE­AL nº145/2013 e alfabetizados e os não aprovados do 5º ano)
Resolução CEE­Al nº34/2013; ·Turmas de progressão III –
·Organizar Turmas de Progressão aceleração de estudos (estudantes do 6º e 7º
para que a/o(s) estudante(s) receba(m) ano)
acompanhamento pedagógico direcionado ·Turmas de progressão IV –
para a superação das dificuldades de aceleração de estudos (estudantes do 8º e 9º
aprendizagem diagnosticadas. Com ano).
orientação pedagógica diferenciada, será Essa estrutura visa colocar em
possível, mediante a verificação do prática a organização que define uma
rendimento escolar, a aceleração de estudos, adequação das unidades de ensino quanto à
isto é, uma promoção para anos ou etapas faixa etária e, consequentemente, o
mais adequados à sua idade, nos termos da agrupamento da/o(s) estudante(s).
alínea b, inciso V, do art. 24 da LDB n° A organização de Turmas de
9.394/1996 Progressão no Ensino Fundamental visa
. atender ao estabelecido na legislação em
3.2.1. Possibilidade de supe­ vigor, pois a rede de ensino e/ou sua unidade
ração poderá optar por organizar turmas específicas
A SEE vem, ao longo do tempo, com estudantes que não se encontram em
buscando alternativas pedagógicas para idade correspondente ao ano letivo do Ensino
minimizar a distorção idade­escolaridade, Fundamental, ofertando orientação
visto que é um dos fenômenos dos mais pedagógica diferenciada, com a possibilidade
injustos e prejudiciais, tanto à vida dos de, mediante verificação de rendimento
estudantes, quanto à saúde da administração escolar, promover a aceleração de estudos,
escolar. Como alternativa para minimização isto é, uma promoção para anos ou etapas
desse fenômeno, a SEE orienta a organização mais adequados à sua idade, nos termos da
de Turmas de Progressão e a criação de alínea b, inciso V, do art. 24 da LDB n°
Espaços Complementares de Aprendizagem: 9.394/1996 e do art. 13 da Resolução
CEB/CEE­AL nº 08/2007.
3.2.1.1. Turmas de progres­
28 3.2.1.1.1.Turmas de progressão
são
I e II (anos iniciais)
A/O(s) estudante(s) em distorção
idade/escolaridade, matriculada/o(s) no A/O(s) estudante(s) dos anos iniciais
Ensino Fundamental, poderão ser agrupados em distorção idade/escolaridade deverão
em turma de progressão, a saber: ser matriculados de acordo com sua
· Tu r m a s d e p ro g re s s ã o I – documentação escolar. Em seguida, devem

28
Ver nas Orientações para organização do Ensino fundamental.

54 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

ser submetida/o(s) à avaliação diagnóstica com no máximo 30 estudantes por sala, da


para avaliar quem está ou não alfabetizado seguinte forma:
para serem agrupados em Turmas de ·a/o(s) estudante(s) maiores de 18
Progressão com no máximo 25 estudantes, da anos de idade poderão ser agrupada/o(s) em
seguinte forma: Turmas de Progressão III (6º e 7º ano) e
·a/o(s) estudante(s) não Turmas de Progressão IV (8º e 9º ano), com a
alfabetizados e a/o(s) não aprovados do 3º utilização de material didático adequado para
ano deverão ser agrupados em Turmas de sua faixa etária e organização curricular
Progressão I. Essas turmas terão organização específica com foco na aceleração dos
c u r r i c u l a r e s p e c í f i c a c o m fo c o n a estudos. Dessa forma, deverão ser
alfabetização, visando à aceleração de selecionadas as aprendizagens básicas das
estudos. Dessa forma, deverão ser áreas de conhecimento e de seus respectivos
selecionadas as aprendizagens básicas das componentes curriculares, com
áreas de conhecimento e de seus respectivos metodologias para a aceleração de estudos.
componentes curriculares, conforme A avaliação será somativa, conforme o
estabelecido no Referencial Curricular da estabelecido para os anos finais do Ensino
Educação Básica para as Escolas Públicas de Fundamental. Na organização dessas turmas
Alagoas (RECEB). A metodologia deverá ser terão prioridade a/o(s) estudante(s)
direcionada para a aquisição da língua matriculado(s) nos 6º e 8º anos.
escrita. ·a/o(s) estudante(s) entre 13 a 17
·a/o(s) estudante(s) alfabetiza­ anos de idade matriculado(s) nos anos finais
da/o(s) que se encontram em distorção do Ensino Fundamental também serão
idade/escolaridade e os não aprovados do 5º agrupados em Turmas de Progressão.
ano deverão ser agrupados em Turmas de Contudo, a SEE orienta que aconteça de forma
Progressão II. Essas turmas terão organização gradativa, em virtude dos encaminhamentos
curricular específica para a aceleração de que estão sendo providenciados para
estudos. Nesse sentido, deverão ser utilização de material didático, com uma
selecionadas as aprendizagens básicas das organização específica para a aceleração de
áreas de conhecimento e de seus respectivos estudos.
componentes curriculares, conforme
estabelecido no Referencial Curricular da 3.4. Espaços/tempos comple­
Educação Básica para as Escolas Públicas de mentares de aprendizagem
Alagoas (RECEB), visando à conclusão dos
anos iniciais. Os resultados das avaliações de
larga escala e os dados do censo escolar de
3.2.1.1.2 Turmas de Progressão 2013 indicam altos índices de fracasso escolar
III e IV (anos finais) na Educação Básica de Alagoas. Dessa forma,
faz­se necessário desenvolver estratégias
A/O(s) estudante(s) dos anos finais pedagógicas para intervir nos resultados do
em distorção idade/escolaridade deverão processo de ensino e de aprendizagem. É
ser matriculados de acordo com sua necessário oferecer aos professores
documentação escolar, para em seguida orientações para diagnosticar as dificuldades
serem agrupados em Turmas de Progressão, de aprendizagem mais acentuadas dos

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 55


CIÊNCIAS HUMANAS

estudantes, bem como oferecer espaços e Fundamental, a SEE produziu e distribuiu o


t e m p o s c o m p l e m e n t a re s p a ra o Caderno de Orientações para os Laboratórios
29
desenvolvimento dessas estratégias que Pedagógicos e de Aprendizagem .
possibilitam a ampliação do índice de É importante destacar que as
aprendizagem desses estudantes. É nessa atividades desenvolvidas pelo/a professor/a
perspectiva que a rede estadual de ensino no LAP são atividades típicas de docência e
re g u l a m e n t a o s L a b o rat ó r i o s d e devem ser computadas na carga horária
Aprendizagem, conforme prescreve o Art. 8º, desses profissionais e constar nas atividades
da Resolução nº 08/2007 ­ CEE/AL. regulares da unidade de ensino, conforme
determina o § 3º, do art. 9º da Resolução
3.4.1. Laboratórios de Aprendi­ CEB/CEE­AL nº08/2007.
zagem A proposta é oferecer no LAP um
A partir da regulamentação do Ensino ensino diferenciado para a/o(s) estudante(s)
Fundamental de 9 (nove) anos no Sistema com necessidades/dificuldades de aprendi­
Estadual de Ensino de Alagoas em 2007, foi zagem. Nesse sentido, devem ser organizadas
determinado que as redes de ensino e suas oficinas pedagógicas com atividades
unidades devem criar formas de ampliação do diversificadas e o uso de jogos pedagógicos.
tempo de estudos para estudantes com Ao ofertarem a recuperação paralela
dificuldades de desempenho escolar (art. 8º, através do LAP, as unidades de ensino deverão
Resolução CEB/CEE­AL n°08/2007). definir, em seu regimento escolar e no projeto
A obrigatoriedade de ofertar formas político pedagógico, a forma de organização
de ampliação do tempo de estudos para dessa oferta.
estudantes com baixo rendimento escolar se ­ Estrutura do LAP
caracteriza como recuperação paralela, O LAP é um espaço adequado para
prevista na Lei de Diretrizes e Bases da desenvolver as aprendizagens básicas
Educação Nacional (LDB) (alínea e, inciso V, esperadas para o bom desempenho
art. 24 da LDB, Lei nº 9.394/96). acadêmico da/o estudante, descritas no
Segundo os dados do Censo Escolar, Referencial Curricular da Educação Básica
Alagoas continua a apresentar índices para as Escolas Públicas de Alagoas (RECEB).
elevados de evasão, repetência e distorção O LAP visa atender à/ao(s) estudante(s) em
idade/escolaridade no Ensino Fundamental. suas necessidades/dificuldades individuais,
Como proposta de intervenção nessa independentemente dos conteúdos
situação educacional, a Secretaria de Estado trabalhados na sala de aula.
da Educação e do Esporte (SEE) apresenta o A unidade de ensino deverá
Laboratório de Aprendizagem (LAP) como uma disponibilizar um espaço físico para
alternativa para recuperação paralela, implantação/implementação do LAP, o qual
contribuindo para a melhoria dos resultados deverá contar com um acervo de múltiplos
de aprendizagem da educação em Alagoas. recursos, nas diversas áreas de conheci­
Na perspectiva de auxiliar o trabalho mento, composto de: literatura infanto­juvenil,
docente desenvolvido com a/o(s) revistas, jornais, livros, livros didáticos, jogos
estudante(s) dos anos iniciais do Ensino pedagógicos, instrumentos

29
O Caderno de Orientações para os Laboratórios Pedagógicos e de Aprendizagens está disponível em:<http://www.educacao.al.gov.br/educacao­basica/
ensino­fundamental>.

56 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

de medidas, mapas, fantoches etc. mais de estudos complementares e será


Esses recursos serão utilizados como liberado das aulas no LAP, sendo substituído
subsídio para que o/a professor/a desen­ por outra/o que necessite desse trabalho.
volva um trabalho diferenciado do ensino O trabalho desenvolvido deverá ser
30
regular. De forma a propiciar a superação das registrado em fichas do LAP, com o
dificuldades da/o estudante, dinamizando acompanhamento individual de cada
assim, o processo de aquisição de estudante atendido, devendo constar a
conhecimento. avaliação diagnóstica inicial, a frequência, as
Se não for possível disponibilizar um avaliações, as intervenções realizadas no
espaço físico, a alternativa é a criação de um processo e o parecer do/a professor/a
LAP móvel, no qual os recursos irão para onde liberando do atendimento no LAP.
se fizer necessário.
As professoras e os professores que 3.4.2. Outras possibilidades 31
atuarão no LAP serão os que estiverem
complementando a carga horária de docência Conforme prescreve o Art. 8º, da
e/ou estiverem com toda a carga horária no Resolução nº 08/2007 ­ CEE/AL :
LAP. As redes de ensino e suas unidades
­ Funcionamento do LAP escolares devem criar formas de
O LAP deverá ser ofertado para ampliação do tempo de estudos para
turmas de até no máximo 10 (dez) estudantes, estudantes com dificuldades de
no caso da alfabetização; de até 15 (quinze) desempenho escolar, tais como:
estudantes nos anos iniciais e de até 20 (vinte) salas/aulas de reforço; laboratórios
estudantes nos anos finais, priorizando os de aprendizagem; projetos e
componentes curriculares de Língua atividades de caráter interdisciplinar
Portuguesa e Matemática. e/ou transversal que envolvam a
Funcionará, preferencialmente, no comunidade; professores de plantão
horário contrário, com duração de 2 horas em para atendimento individualizado ao
dias alternados semanalmente. Dessa forma, estudante; aulas de recuperação
o LAP poderá atender a mais de uma turma por paralela; ampliação do período letivo
turno. Deve ser garantida à/ao estudante com aulas durante o recesso escolar;
alimentação nesse período e transporte acompanhamento psico­
escolar se necessário. pedagógico e apoio psico­social,
O período de permanência da/o entre outros meios.
estudante no LAP será estabelecido através de Como se pode observar, embora a
diagnósticos dos níveis de aprendizagem, rede estadual de ensino tenha implantado o
tendo como referência as aprendizagens LAP como estratégia pedagógica para
básicas previstas no RECEB. Todo esse minimização do fracasso escolar, a escola tem
processo será acompanhado pelo/a autonomia para, a partir da identificação do
coordenador/a pedagógico/a através de seu problema, administrar a melhor forma
fichas e relatórios. para resolvê­lo; fica evidenciado também que,
À medida que as dificuldades forem por vezes, o problema é de fácil solução, sendo
superadas, a/o estudante não necessitará possível resolver com e nas condições
30
Ver nas Orientações para organização do Ensino fundamental.
31
Resolução 08/2007 ­ Art. 8 – CEE/AL.
32
Texto produzido pelas técnicas pedagógicas da Diretoria de Gestão Escolar Maria Betânia Santos de Moraes, Suzille de Oliveira Melo Chaves, Kátia Maria do Nascimento Barros.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 57


CIÊNCIAS HUMANAS

existentes na própria escola. nº 17/2007 e pelo Decreto 7.083 de


27/01/2010.
3.5. Educação em Tempo
Integral32 3.5.1.Programa Mais Edu­
33
cação
A discussão acerca da escola em
tempo integral se inicia no século XX e vem O Programa Mais Educação propõe
perdurando até o início do século XXI com um novo modelo de ensino, os alunos
igual força. A demanda é a qualidade da permanecem nas unidades escolares numa
educação, pois já não basta mais colocar carga horária mínima de 7 horas diárias,
todas as crianças na escola. A equação realizando no contra turno atividades
qualidade X quantidade passa a ser o grande pedagógicas, esportivas e culturais durante os
desafio da educação nacional. 200 dias letivos. As atividades desenvolvidas
Para resolver a problemática do no decorrer do ano, visam contribuir para um
esvaziamento da qualidade da escola pública melhor desempenho e avanço na
é que nasce a discussão acerca da aprendizagem.
necessidade de ampliação do tempo dos Nessa perspectiva, a Secretaria de
estudantes na escola, ao mesmo tempo em Estado de Educação e Esporte, em 2009
que, também, se reflete acerca da garantia de implantou o Programa Mais Educação nas
infraestrutura adequada para recebimento escolas da Rede Pública Estadual ampliando
dos estudantes nas escolas com atendimento gradativamente o quantitativo de escolas a
em tempo integral. Esse processo de cada ano.
implantação da escola de tempo integral vem O Programa Mais Educação vem
acompanhado da urgência, segundo Rios, de integrar as ações do PDDE interativo e tem
“qualificar a qualidade, refletir sobre a dentre os seus principais objetivos:
significação de que ela se reveste no interior ·Criar hábitos de estudos;
da prática educativa” (2001, p.21). ·Aprofundar os conteúdos vivencia­
Dessa forma, a escola de tempo dos no ensino regular melhorando a
integral nasce para possibilitar aos aprendizagem;
educandos a ampliação do seu tempo na ·Elevação do IDEB;
escola, oferecendo­lhes maiores e melhores ·A Redução da evasão escolar,
possibilidades de aprendizagem. reprovação e distorção idade/série;
Para Anísio Teixeira (2010), a escola ·Vincular as atividades pedagógicas,
deveria ofertar o aumento da jornada escolar, às rotinas diárias de alimentação, recreação,
tornando­se escolas em tempo integral, com a esporte e estudos complementares;
finalidade de contribuir para a diminuição das ·Oportunizar aos estudantes uma
desigualdades educacionais e sociais. vida mais saudável com a prática de atividades
Nessa perspectiva, em 2007, o esportivas;
Governo Federal através do Ministério da ·Prevenção no combate do trabalho
Educação ­ MEC retomou o tema 'Escolas em infantil.
Tempo Integral' e implantou o Programa Mais Com base no Decreto 7.083/2010, os
Educação através da portaria Interministerial
33
Para saber mais sobre a Escola em tempo integral e sobre o Programa Mais Educação, ver site www.mec.gov.br.

58 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

princípios da Educação Integral são


traduzidos pela compreensão do direito à
vida, à saúde, à liberdade, ao respeito, à
dignidade e à convivência familiar e
comunitária por meio da Educação Integral.
O atendimento da jornada escolar para a
indução da Educação Integral tem como
objetivo melhorar o ensino e garantir a
aprendizagem de crianças e jovens, inseridos
no Ensino Fundamental. Essa estratégia
promove a ampliação de tempos, espaços,
oportunidades educativas, e o compartilha­
mento da tarefa de educar entre os
profissionais da Educação e de outras áreas:
as famílias e os diferentes atores sociais, sob
a coordenação da escola e dos professores.
As atividades desenvolvidas nas
unidades escolares estão organizadas em
macrocampos que são:
·Acompanhamento Pedagógico;
·Educação Ambiental e Desenvol­
vimento Sustentável;
·Esporte e Lazer;
·Educação em Direitos Humanos,
·Cultura e Arte; Investigação do
Campo das Ciências da Natureza;
·Educação Econômica.

Vale ressaltar que, mesmo sendo um


programa do Governo Federal, o 'Mais
Educação' é operacionalizado pela Secretaria
de Educação Básica (SEB) em parceria com as
Secretarias Estaduais e Municipais que visa
fomentar, por meio de sensibilização,
incentivo e apoio, projetos ou ações de
articulação de políticas sociais e
implementação de ações socioeducativas,
oferecidas gratuitamente às crianças,
adolescentes e jovens.
Portanto, a implementação do
Programa Mais Educação, em Alagoas, se
constitui como a primeira iniciativa em direção
à implantação do formato de escola de tempo
integral no Estado, funcionando como projeto
piloto.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 59


CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


Capítulo 4
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPROMISSOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA E ORGANIZAÇÃO


DO CONHECIMENTO ESCOLAR

O Referencial Curricular da Educação Básica da rede


estadual de ensino de Alagoas está ancorado numa concepção de
currículo vivo, contextualizado, que considera a escola como
instituição que deve promover a todos que compõem o processo de
ensino e aprendizagem, aprendizagens significativas,
possibilitando o desenvolvimento das capacidades cognitivas,
psicomotoras, psicossociais e socioafetivas de todos os envolvidos
no processo de ensino e aprendizagem. Para que ela, a escola,
possibilite esse desenvolvimento, faz­se necessário ter clareza de
que o seu fazer deve responder às seguintes perguntas: o quê
ensinar? para quem ensinar? quando ensinar? como ensinar e
avaliar? É nessa perspectiva que, neste capítulo, serão explicitados:
os propósitos da Educação Básica; a forma de organização do
conhecimento escolar adotada; uma discussão sobre a construção
de competências e habilidades como base teórica que ancora toda
prática pedagógica a ser desenvolvida, bem como as competências
e habilidades organizadas por área do conhecimento.

34
4.1. Propósitos da Educação Básica

O que aqui se apresenta são compromissos necessários


para favorecer a ampliação progressiva de experiências de
aprendizagem, competências, habilidades e demais saberes que
são direitos dos estudantes na escola:
­Oferecer progressivamente aos estudantes um conjunto
de conhecimentos, saberes e práticas relevantes, definido a partir
de diferentes ciências e outros campos da cultura, assim como
promover a compreensão do caráter histórico, público, coletivo e
mutante desses tipos de conhecimento.
­Consolidar contextos institucionais apoiados nos valores
de liberdade, diversidade, igualdade, verdade, justiça,
solidariedade e paz, e promover a reflexão do sentido desses
valores em contextos particulares.
­Contribuir para que os estudantes desenvolvam o sentido
de pertencimento social e cívico­político.
­Favorecer o desenvolvimento de atitudes propícias de
cuidado consigo mesmo e com os outros, a partir do conhecimento
de práticas construtivas e de zelo com a saúde.

34
A formulação destes propósitos teve como referência os seguintes documentos: Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1997), Diseño Curricular para laEscuela Primária
de laCiudad de Buenos Aires (2004) e Caderno de Orientações Para o Ensino de Língua Portuguesa e Matemática no Ciclo Inicial (Secretaria Estadual do Acre e Secretaria
Municipal de Rio Branco, 2008).

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 63


CIÊNCIAS HUMANAS

­Criar oportunidades para que os das atividades escolares e a prática de hábitos


estudantes conheçam e valorizem o de estudo e trabalho, criando condições para
patrimônio natural e cultural da cidade e do que os estudantes façam escolhas em relação
país, tomando­os como temas de estudo em às formas de trabalho, administração do
diferentes componentes curriculares e tempo, atividades a serem desenvolvidas e
incluindo nas propostas didáticas o acesso ao áreas de conhecimento a aprofundar.
patrimônio artístico, arquitetônico, recreativo, ­Planejar instâncias que permitam
informativo e de serviços da cidade/região. aos estudantes avaliar suas próprias tarefas e
­Desenvolver propostas que, dos demais colegas, bem como o percurso
partindo do reconhecimento das situações de pessoal de aprendizagem, dispondo de
desigualdade no acesso aos bens materiais e informações sobre o ponto em que se
simbólicos, assegurem aprendizagens encontram em relação às expectativas de
fundamentais e enriqueçam a perspectiva alcance, para poderem analisar seus avanços
universal da cultura a que todos os estudantes e suas dificuldades.
t ê m d i re i t o , s e m d e s q u a l i f i c a r o u ­Preservar, ao longo da escolaridade,
desconsiderar suas referências pessoais, a continuidade da experiência escolar dos
familiares e culturais. estudantes, identificando prioridades e
­Garantir o direito de expressão do estabelecendo critérios para a inclusão de
pensamento e das ideias dos estudantes, diferentes projetos que enriqueçam o trabalho
mesmo que divergentes das posições do pedagógico.
professor e dos colegas, e o exercício de ­Equilibrar as propostas de trabalho
discutir diferentes pontos de vista; acolher e individual e grupal, enfatizando, em todos os
considerar as opiniões dos outros, defender casos, a necessidade e importância de
e fundamentar as próprias opiniões e compromisso com a própria aprendizagem e
modificá­las quando for o caso. com a cooperação entre os pares.
­Fazer de cada sala de aula um ­Garantir a participação dos
ambiente de trabalho colaborativo, para que estudantes no planejamento, realização e
os estudantes possam enfrentar os desafios avaliação de projetos a curto, médio e longo
colocados, sabendo que o erro faz parte do prazo.
processo de aprendizagem e que contam com ­Constituir normas adequadas para a
apoio para darem o melhor de si. convivência, o trabalho escolar, o cuidado
­Ensinar progressivamente os com os materiais, equipamentos e espaços
estudantes como devem proceder para comuns, zelando para que essas normas
estudar os textos escritos (sublinhar o que é sejam efetivamente cumpridas, com a ajuda
relevante, anotar, comentar na margem, que se fizer necessária.
interrogar o texto e nele encontrar as ­Criar instâncias apropriadas,
respostas que precisam comparar dados de quando necessário, para o debate de
fontes diferentes, fazer esquema, mapa insatisfações, reivindicações e divergências,
conceitual, paráfrase, fichamento, resumo) e utilizando a discussão fraterna – e
ajudá­los a se comprometerem com sua dispositivos deliberativos, se for o caso –
própria aprendizagem, confiarem em seus como forma de encontrar respostas para
recursos pessoais e em suas possibilidades e situações de conflito, tendo em conta
desenvolverem uma adequada postura de diferentes alternativas e as respectivas
estudante. consequências.
­Promover o respeito e a valorização ­Contribuir para que os estudantes

64 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

assumam responsabilidades e participem das buscando a máxima coincidência possível


decisões coletivas, aceitando os riscos e entre os objetivos de ensino destas práticas na
aprendendo a partir dos erros cometidos. escola e os seus objetivos sociais, ou seja,
­Planejar propostas específicas, utilizando todo o conhecimento pedagógico
relacionadas aos temas em estudo, e para não 'escolarizá­las'.
aproveitar situações cotidianas e aconteci­ ­Criar oportunidades para que os
mentos ocasionais oportunos, para ajudar os estudantes conheçam e usem tecnologias de
estudantes a compreenderem as implicações informação e comunicação e que desfrutem
de diferentes posições éticas e morais. de todos os meios de acesso ao
­Organizar os tempos e espaços de conhecimento e bens culturais disponíveis,
t ra b a l h o q u e f a v o re ç a m o m e l h o r como bibliotecas, museus, centros de cultura
desenvolvimento possível das propostas. e lazer, videotecas etc.
­Promover situações que incentivem ­Assegurar que os estudantes
a participação dos estudantes em atividades possam exercer os seus direitos de leitores,
comunitárias e que lhes permitam escritores e estudantes das diferentes áreas
compreender as problemáticas que afetam os do conhecimento. Ou seja, como leitores
diferentes grupos de pessoas, comprome­ podem fazer antecipações quando leem,
tendo­os com propostas que extrapolem os formular interpretações próprias e verificar
limites da sala de aula e 'ganhem a rua': sua validade, perguntar o que não sabem,
campanhas na comunidade, correspondência questionar as intenções do autor, emitir
com os meios de comunicação emitindo opinião sobre o assunto lido, criticar as
opinião sobre problemas que lhes preocupam, mensagens de que é destinatário direto ou
intercâmbio com outras instituições etc. indireto. Como escritores, devem produzir
­Criar contextos – projetos, textos que façam sentido, em situações de
atividades de comunicação real, situações de comunicação real, com tempo suficiente para
publicação dos escritos – que evidenciem as escrever e revisar conforme a necessidade,
produções dos estudantes e justifiquem a podendo solicitar ajuda quando preciso e
necessidade da escrita correta e da adequada elegendo leitores para analisar a qualidade
apresentação final dos textos. dos próprios textos. Como estudantes das
­Elaborar e desenvolver um amplo diferentes áreas do conhecimento, podem
programa de leitura na escola, articulando expressar suas hipóteses e seus saberes sobre
todas as propostas em andamento e outras qualquer assunto, recebendo ajuda para
consideradas necessárias, ações que fazê­lo e para avançar em seu processo de
envolvam intercâmbio com os familiares e uso compreensão.
dos recursos disponíveis na comunidade, de ­Priorizar metodologias pautadas no
modo a constituir uma ampla rede de leitores trabalho com hipóteses, conjecturas ou
que se estenda para além do espaço escolar. suposições que os estudantes possam testar,
­Garantir o acesso permanente dos validar ou refutar, experimentando diferentes
estudantes a textos de diferentes gêneros e a formas de pensar, aprender e se expressar.
diferentes portadores, situações de leitura e ­Considerar os indicadores das
escrita e propósitos sociais que caracterizam provas externas como uma demanda
essas práticas. contextual necessária, a serem tomados
­Preservar o sentido que têm as como referência na organização do trabalho
práticas de leitura e escrita fora da escola, pedagógico, mas não como 'a' razão da

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 65


CIÊNCIAS HUMANAS

educação escolar, porque a função social da também orientar as propostas pelos


escola não pode, em hipótese alguma, se chamados “pilares da educação para o século
confundir com a tarefa exclusiva de preparar XXI”, apontados por Delors (1998): Aprender a
os estudantes para desempenharem se bem conhecer, aprender a fazer, aprender a
nas provas externas. conviver e aprender a ser.
Isso significa que, antes de se
4.2. Organização do conheci­ aprimorarem em algo específico que tenham o
mento escolar35 prazer de desempenhar ao longo de sua vida,
os estudantes precisam aprender a conhecer,
A Lei de Diretrizes e Bases da a adquirir uma compreensão do mundo que os
Educação Nacional – LDB (9394/96), Art. 35, rodeiam, a aprender, descobrir, construir e
estabelece como finalidades para a etapa final reconstruir conhecimentos. Significa
da Educação Básica “o aprimoramento do aprender a fazer, colocar em prática e
educando como ser humano, sua formação transformar os seus conhecimentos, ousar,
ética, desenvolvimento de sua autonomia desenvolver capacidades de comunicação,
intelectual e de seu pensamento crítico, sua trabalho em equipe e autoavaliação. Significa
preparação para o mundo do trabalho e o também aprender a conviver, ser capaz de
desenvolvimento de competências para resolver conflitos adequadamente, respeitar
continuar seu aprendizado”. E os Parâmetros os outros considerando suas diferentes
Curriculares Nacionais (1997) indicam os tipos características, opiniões, crenças, escolhas. E
de capacidades que – por serem direitos de também aprender a ser: sensível ético,
crianças, adolescentes e jovens estético, criativo, autônomo, capaz de
desenvolverem na escola – precisam orientar discernimento, pessoalmente responsável e
o currículo como um todo: são capacidades ator do próprio destino.
cognitivas, afetivas, físicas, éticas, estéticas, As nossas instituições educacionais,
de relacionamento pessoal e de inserção segundo Zabala (1998), representam lugares
social. Para Coll (1996), citado por Zabala privilegiados para os estudantes
(1998), a organização da prática pedagógica desenvolverem inúmeras experiências,
nessa perspectiva implica não atomizar relações e vínculos com os colegas,
excessivamente o que se encontra construindo novos modos de agir, pensar e de
naturalmente interrelacionado; implica a se posicionar diante dos outros. Cabe a elas,
indissociabilidade, no desenvolvimento portanto, garantir essas conquistas para
pessoal, das relações que se estabelecem todos.
com os outros e com a realidade social .
36 Dentre as diferentes formas de
Cabe à escola contribuir amplamente organização do o conhecimento, Zabala
nesse sentido, favorecendo uma formação (1998) apresenta três: multidisciplinar,
integral dos nossos estudantes. Para tanto, interdisciplinar e transdisciplinar37.
conforme indicam os Parâmetros Curriculares ·A organização multidisciplinar
Nacionais do Ensino Médio (PCNEM, 2000), representa a organização dos conhecimentos
isso significa privilegiar três dimensões no por matérias independentes umas das outras,
currículo: a vida em sociedade, a atividade sem aparecer explicitamente, as interrelações
produtiva e a experiência subjetiva. Significa que podem existir entre elas, portanto é

35
Texto produzido pelo Prof. Ilson Barbosa Leão Júnior – licenciado em Física, mestrando em Ensino de Ciências da Natureza e técnico pedagógico da GEORC.
36
Moura & Silva, In Fiep Bulletin ­ The Interdisciplinary and Regular physical and Recreational Activities Minimization in School Failure.
37
Moura & Silva, In Bulletin ­ The Interdisciplinary and Regular physical and Recreational Activities Minimization in School Failure.

66 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

somativa. de Biologia, Física e Química;


·A interdisciplinar representa a 4.Área de Ciências Humanas –
interrelação entre duas ou mais disciplinas, constituída pelas componentes curriculares
cujos objetos do conhecimento convergem, e de História, Geografia, Sociologia e Filosofia;
podem ir desde a simples comunicação de 5.Área de Ensino Religioso –
ideias até a integração recíproca dos constituída pela componente curricular de
conceitos fundamentais que das disciplinas Ensino Religioso.
envolvidas. O conhecimento organizado por área
·A organização transdisciplinar não desconsidera a importância das
representa o grau máximo de relações entre as disciplinas, ou seja, dos diferentes
disciplinas: pressupõe uma integração global componentes curriculares, muito pelo
dentro de um sistema mais totalizador, o que contrário: estes, na verdade, precisam ser
favorece maior unidade na abordagem devidamente planejados como tal, tendo em
metodológica e na compreensão da conta suas especificidades, pois são o ponto
realidade. de partida das abordagens inter e
A perspectiva considerada mais transdisciplinares.
pertinente, portanto, é de organização
curricular inter e transdisciplinar do 4.3. A construção de compe­
conhecimento, para que os conteúdos tências e habilidades
38

escolares sejam trabalhados de forma


contextualizada e significativa, com vistas ao
A tendência predominante nos
desenvolvimento de todas as capacidades
referenciais, parâmetros ou propostas
dos estudantes, o que requer trabalho coletivo
curriculares elaboradas nos últimos anos, não
e cooperativo dos professores.
só no Brasil, têm como pressuposto o
A organização do Referencial
desenvolvimento das diferentes capacidades
Curricular da Educação Básica da Rede
humanas – também chamadas de
Estadual de Ensino de Alagoas está alicerçada
competências – e das possibilidades de
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
utilização efetiva do conhecimento em
Nacional – LDB 9394/96 e nas diretrizes
procedimentos ou habilidades. Por essa
Curriculares Nacionais Gerais ­ DCNG, que
razão, são conteúdos escolares privilegiados
estabelecem a organização da base nacional
hoje os procedimentos/habilidades, porque
comum aos currículos e asseguram a parte
evidenciam o nível de construção conceitual
diversificada, incentivando abordagens inter e
que os estudantes conquistaram – são uma
transdisciplinares por áreas do conheci­
espécie de “conhecimento em atos” – e
mento. É esta a organização proposta:
porque estão a serviço do desenvolvimento
1.Área de Linguagens – constituída
dos diferentes tipos de capacidades
pelas componentes curriculares de Língua
humanas: cognitivas, afetivas, físicas, éticas,
Portuguesa, Inglês, Artes, Educação Física e
estéticas, de relacionamento pessoal e de
Língua Estrangeira Moderna;
inserção social.
2.Área de Matemática – constituída
Essa tendência foi afirmada em nosso
pela componente curricular de Matemática;
país com a publicação dos Parâmetros
3.Área de Ciências da Natureza –
Curriculares Nacionais do Primeiro e Segundo
constituída pelas componentes curriculares
38
Texto produzido pela Profa. Dra. Rosaura Soligo ­ Instituto Abaporu de Educação e Cultura.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 67


CIÊNCIAS HUMANAS

Ciclo do Ensino Fundamental em 1997, o mente “ensinável” e se evidencia em vários


primeiro a ser distribuído nacionalmente pelo procedimentos/habilidades “menores”,
Ministério da Educação. Posteriormente, os específicos e possíveis de ensinar – por isso,
d e m a i s Pa r â m e t ro s e R e f e re n c i a i s são considerados conteúdos escolares, isto é,
Curriculares que se seguiram, bem como as objetos de ensino na escola.
diretrizes nacionais e matrizes dos descritores E n t re t a n t o , n o s d o c u m e n t o s
das provas de desempenho escolar, publicados de 1997 até o momento, nem
consolidaram essa priorização, que até hoje sempre se faz diferenciação entre
se mantém, do “conhecimento em atos”, capacidades/competências e procedimen­
embora a terminologia para nomeá­los tos/habilidades, optando­se, por vezes, pela
apresente diferenças nesses documentos. terminologia “expectativas de aprendizagem”
Assim, deixou de fazer sentido a concepção de ou “direitos de aprendizagem” – como ocorre
currículo como lista de conceitos e fatos a nos documentos mais recentes do Ministério
serem ensinados, como se isso bastasse para da Educação – para nomear esses saberes
a conquista de todos os tipos de saberes que necessários a todos os estudantes. Embora
os estudantes precisam adquirir na escola. nomeados de modo distinto, os tipos de
De modo geral, é possível afirmar que saberes a serem garantidos no currículo
capacidade/competência e procedi­ escolar são semelhantes.
mento/habilidade são da mesma natureza, O esquema a seguir é uma tentativa
porém com uma diferença: o nível de de evidenciar essas equivalências naquilo que
amplitude/especificidade. Uma capacida­ é possível em um quadro assim:
de/competência é ampla, não necessaria­

Tendência afirmada a partir da década de 90 com a publicação dos os PCNs

OBJETIVOS   CONTEÚDOS
(diferentes capacidades) (de diferentes tipos)
 
 FATOS, DADOS,
INFORMAÇÕES
SIMPLES
 CONCEITOS,
SABERES MAIS ESPECÍFICOS
SABERES MAIS AMPLOS

PRINCÍPIOS
TEÓRICOS,
CAPACIDADES 
TEORIAS
   ATITUDES,
NORMAS DE 
CONDUTA,
VALORES
 PROCEDIMENTO
S, HABILIDADES,
TÉCNICAS

 
COMPETÊNCIAS   HABILIDADES
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM
DIREITOS DE APRENDIZAGEM

68 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

Se consideradas as publicações estão indicadas acima/antes de tudo o mais


curriculares mais recentes no país, será porque a perspectiva é que o trabalho
possível ver que às vezes as capacidades pedagógico se oriente no sentido de ensiná­
amplas – ou competências – são tomadas las ou favorecê­las e, também por essa razão,
como objetivos e as capacidades específicas muitas vezes elas se repetem em vários anos
– ou procedimentos/habilidades – são de escolaridade.
tomadas como conteúdos; e às vezes não. Horizontalmente a relação entre os
Entretanto, a nomenclatura não é exatamente elementos dos quadros curriculares sugere
o mais importante, mas sim a definição justa que os tópicos apresentados na última coluna
dos saberes cuja aprendizagem é direito dos são condição para a aprendizagem do que
estudantes. está nas colunas anteriores. Isso, no caso da
No Referencial Curricular da área, pressupõe ensinar as habilidades para
Educação Básica da Rede Estadual de Ensino que os estudantes desenvolvam as
de Alagoas, a opção foi por uma organização competências indicadas como fundamentais
das informações curriculares como indicam a cada ano. No caso do componente
os quadros a seguir e as devidas explicações curricular, pressupõe ensinar conteúdos
posteriormente. conceituais que permitem ampliar cada vez
mais as possibilidades dos estudantes de
aprender as habilidades – também elas
ensinadas – para que possam
progressivamente desenvolver as

Com esta forma de organização das


informações, tanto nos quadros dos
componentes curriculares como das áreas, o
que se pretende afirmar com a disposição das
linhas é que todos os tipos de saberes
trabalhados na escola são direitos de
aprendizagem dos estudantes. Esses saberes
foram agrupados em atitudes, competências,
habilidades e conteúdos conceituais, sendo
que os conteúdos conceituais estão sempre a
serviço do desenvolvimento de atitudes,
competências e habilidades, que são os
conhecimentos explicitados em atos. Neste
documento, as atitudes dizem respeito a cada
componente curricular específico e às áreas, e

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 69


CIÊNCIAS HUMANAS

competências previstas no ano. Nessa lógica deste Referencial, reúne tudo o que se segue).
de apresentação dos saberes que são objetos •Atitudes são tendências ou
de ensino e aprendizagem, os eixos são os predisposições para atuar de certo modo, de
organizadores do componente curricular e, acordo com determinados valores.
portanto, não interferem na relação entre •Competências são capacidades
competências, habilidades e conteúdos amplas.
conceituais. •Habilidades são capacidades
No caso do documento de Educação específicas.
Infantil, o quadro curricular não apresenta •Conteúdos conceituais são os
uma coluna específica destinada aos conceitos e fatos a serem ensinados para
conteúdos conceituais, pois não se favorecer o desenvolvimento das habilidades
considerou pertinente incluí­los em separado e competências previstas a cada ano de
nesse segmento da escolaridade, quando as escolaridade.
crianças ainda são bem pequenas. •Eixos são organizadores gerais do
Assim, temos que: componente curricular.
•Direitos de aprendizagem são todos Em todos os quadros curriculares
os saberes, de diferentes tipos, a serem esses elementos estão assim distribuídos e
garantidos aos estudantes (e que, no caso relacionados:

DIREITOS DE APRENDIZAGEM
São todos os saberes, de diferentes tipos, a serem garantidos aos estudantes.
ATITUDES
São tendências ou predisposições para atuar de certo modo, de acordo com determinados
valores, apresentadas por componente e por área, pois são aquelas favorecidas pelo trabalho
pedagógico no componente e da área.
COMPETÊNCIAS EIXOS HABILIDADES CONTEÚDOS
CONCEITUAIS
São capacidades amplas São organizadores São capacidades
relacionadas ao gerais do específicas que São os conceitos e
componente curricular componente contribuem para o fatos a serem
e à área. curricular que desenvolvimento das ensinados para
dizem respeito à competências. favorecer o
sua natureza. desenvolvimento das
habilidades e
competências previstas
a cada ano de
escolaridade.

A perspectiva é que estes quadros – e subsídio, e como parte de um Referencial,


o Referencial como um todo – se constituam evidentemente estas propostas não são
em um subsídio importante no segundo nível prescrições rígidas, mas, ao contrário,
de concretização curricular (tal como contribuições cuidadosamente elaboradas
abordado anteriormente, na explicitação do com o propósito de garantir o direito de
papel da escola hoje), de modo a contribuir aprendizagem de todos os estudantes.
para a concretização dos dois níveis principais No próximo tópico estão tratadas as
do currículo, que são os que acontecem na áreas curriculares, cada qual com um texto de
escola: o plano de ensino e o trabalho diário do caracterização e as respectivas competências
professor com os estudantes. Na qualidade se e habilidades.

70 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

4.4. As Áreas do Conhecimento pouquíssimo crítico. É óbvio que para nós, que
militamos na área, a construção de um
conhecimento mais crítico ainda é um
.4.1. O Trabalho Interdisci­
desafio. Não pelo que concerne a nossa
plinar E Contextualizado Nas Ciências liberdade de expressão, mas sim por não
Humanas termos ainda bem amadurecidas as práticas
apropriadas. Por muitas vezes, em
A arrumação de um caderno para a dependência de vários fatores não nos
Área de Ciências Humanas vem atender aos livramos do conteudismo ou, quando
pré­requisitos de organização dos cadernos partirmos para outras práticas, fazemos de
do Referencial Curricular da Rede Estadual de forma não muito adequada. Não que
Alagoas. Ele se organiza enquanto uma estejamos aqui defendendo um relativismo e a
proposta política, já que além do processo de total abolição dos conteúdos programáticos,
construção coletiva, intrínseco a todos os mas cremos que é extremamente importante
componentes curriculares das áreas do criarmos práticas de conciliação.
conhecimento, o currículo para a área de Isto, contudo, não significa a
Ciências Humanas pressupõe politicamente negação dos conteúdos disciplinares ou
podermos nos vislumbrar frente aos daqueles específicos de cada ciência. Antes,
problemas sociais, econômicos, políticos, implica na eleição e no tratamento de eixos
ambientais e culturais pelos quais passam o articuladores comuns às diversas disciplinas e
planeta, nosso país e nosso Estado. aos campos de conhecimento, enfatizando e
No mais, tange à Área de Ciências explorando as semelhanças e intersecções
Humanas a tarefa de fazer com que os existentes entre os conteúdos, competências
estudantes possam refletir de forma e habilidades comuns entre os componentes
substancial a respeito da realidade em que curriculares.
vivem. Quando optamos pelo percurso que vai É importante também, aos
do global ao local estamos referendando que professores das ciências humanas, estarem
uma aprendizagem significativa só pode ser concatenados com as demandas sociais que
realizada se esse trajeto for contemplado. O aparecem nas diversas mídias e que compõem
do ser humano total, que pode perceber sua o vasto quadro de conflitos políticos, sociais,
dimensão social, filosófica, histórica e culturais do mundo contemporâneo. Muitas
espacial. A amplitude da aprendizagem nas dessas demandas não estão necessaria­
Ciências Humanas então, se dá através da m e n t e l i g a d a s a o s p ro c e d i m e n t o s
crítica aos pressupostos sociais que são curriculares estabelecidos nesse referencial,
colocados para todos nós desde a nossa mais pois surgem repentinamente em todos os
tenra idade – a ideia,portanto, é provocar grandes meios de comunicação e nos
nossos estudantes para que eles possam defrontam com realidades sociais urgentes.
e n x e rg a r o u t ra s p o s s i b i l i d a d e s d e Estamos em 2014 e apenas esse ano podemos
interpretação do real. citar a crise na Ucrânia, a memória dos 50 anos
As Ciências Humanas possuem um de Ditadura Militar no Brasil, os índices de
passado mais recente, que esteve vinculado à violência em Alagoas, racismo no futebol etc.
política educacional da Ditadura Militar que Não podemos, então, negar aos nossos
produziu um conhecimento escolar de caráter estudantes a possibilidade de interpretar
nacionalista, bacharelesco, decorativo e esses fenômenos cotidianos, mas que não

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 71


CIÊNCIAS HUMANAS

constam nos “quadros curriculares”. Em uma orientação interdisciplinar de fato. Cabe


nossas atividades, portanto, será importante à coordenação e direção, em comum acordo
que os professores corriqueiramente toquem com o corpo docente, agendar encontros
nessas questões, próprias das Ciências paradiscutir práticas e desenvolver
Humanas, mas que não estão necessaria­ discussões que contribuam nesse sentido e
mente transcritas neste referencial. também para a consolidação de uma cultura
Para início dos nossos trabalhos na de planejamento coletivo, unificado, que
Área de Ciências Humanas, é importante a somente benefícios poderá trazer para todos.
realização de um levantamento prévio acerca Para tanto, será preciso encontrar
de algumas questões fundamentais que meios de conciliar os horários de encontro dos
permeiam as ideias de interdisciplinaridade e professores, de modo a favorecer a
contextualização. Estando inseridas na organização de uma rotina de reuniões.
perspectiva mais funcional da prática Mesmo que possamos realizar algumas
pedagógica contemporânea, a atividades a distância, notadamente pelas
interdisciplinaridade e a contextualização se redes sociais, o encontro presencial entre
constituem como espaços comuns para onde docentes para discussões mais verticalizadas
confluem saberes e práticas docentes, exige uma melhor sistemática de conciliação
contrapontos à uma tradição conteudista e dos horários.
compartimentalizada que ainda vigora em Outro aspecto que diferencia e
vários meios escolares. particulariza o trabalho interdisciplinar a ser
Queremos dizer com isso que a desenvolvido na Área de Ciências Humanas é a
interdisciplinaridade e a contextualização unidade da prática docente. O que estamos
ainda se constituem como caminhos a serem propondo vai além da organização de projetos
experimentados e viabilizados no processo de tradicionais e pressupõe redirecionar as
ensino e aprendizagem, pois, como sabemos, práticas e implementar um sistema de
nem sempre o discurso pedagógico sobre a formação continuada, para favorecer os
importância desse tipo de abordagem tem se avanços que se pretende, a atualização do
convertido em uma prática efetiva nas salas de trabalho pedagógico e o intercâmbio entre os
aula. Por essa razão, procuramos articular as professores.
propostas dos componentes curriculares da O desenvolvimento de autonomia
Área de Ciências Humanas, de modo a intelectual deve ser um compromisso de todos
favorecer o tratamento interdisciplinar e os professores das Ciências Humanas, para
contextualizado, projetado a partir da inter­ possibilitar ao estudante a compreensão da
relação dos respectivos componentes realidade social, histórica e cultural que o
curriculares. cerca – e as práticas de abordagem
Para além do que o presente texto interdisciplinar favorecem esse processo.
propõe, a viabilização da interdisciplinaridade As metodologias, tanto das aulas
e da contextualização de fato requer, quanto das avaliações, devem ser mediadas
entretanto, uma política de planejamento por práticas colaborativas entre disciplinas, o
minimamente articulada e conjunta entre os que constitui, entre outras características,
professores da área. uma abordagem interdisciplinar. Como, por
Quanto maior a capacidade de se exemplo, o Enem, que avalia nacionalmente o
planejar coletivamente o trabalho da área, Ensino Médio e privilegia uma perspectiva
maiores serão as possibilidades de se garantir interdisciplinar e contextualizada. Então,

72 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

entendemos que nesse processo é importante ações no mundo, fazendo ligação com as
avançar cada vez mais na consolidação de demais áreas. Ela é oriunda de uma
uma unidade metodológica para o trabalho construção integrada dos saberes que
docente na área. Nesse sentido, a articulação aparecem de maneira explícita, implícita e por
de um ensino voltado à pesquisa e ao contato meio de temas transversais que servem de
com a comunidade é importante, por objeto de estudo para a área. Apesar das
potencializar os conhecimentos trabalhados especificações de cada componente,
em cada área, favorecendo a compreensão do podemos apresentá­los e explorá­los em toda
estudante das conexões com a realidade a área de Ciências Humanas, o que torna o
social, a partir do uso de linguagens estudo rico em sua complexidade e um desafio
diferenciadas que versem sobre problemas para a consolidação de um Referencial
sociais, econômicos, históricos e questões Curricular que não se restrinja a uma formação
culturais diversas. meramente instrumental.
As competências e habilidades Segue abaixo a proposta que
propostas neste documento dizem respeito à compõem Direitos de Aprendizagem, Atitudes,
formação para o exercício da cidadania. Por Competências e Habilidades para a Área de
isso, é essencial que os estudantes Ciências Humanas.
compreendam que são sujeitos capazes de
interferir na realidade em que vivem e que os 4.5. Organização do Conheci­
conhecimentos adquiridos na escola podem mento Escolar da Área de Ciências
contribuir nesse sentido.
Humanas
Na contramão desse processo,
observamos as práticas de compartimen­
talização do conhecimento baseadas apenas
em exaustivas aulas expositivas que, em geral,
buscam fazer dos estudantes mini
especialistas em relação aos conteúdos
trabalhados. Embora focadas em um viés
quantitativo dos conteúdos, a realidade tem
mostrado que essas práticas acabam por
promover desinteresse e aprendizado
insuficiente. Evidentemente, a crítica a esse
tipo de prática pedagógica não significa
nenhum desprezo aos conteúdos – inclusive
porque os conteúdos são imprescindíveis para
o desenvolvimento das competências que os
estudantes têm direito de conquistar na
escola – mas sim à forma de tratá­los, do
ponto de vista metodológico, por não
favorecerem o interesse, o engajamento e o
compromisso deles com a própria
aprendizagem.
A área de Ciências Humanas e suas
Tecnologias engloba o homem e todas as suas

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 73


CIÊNCIAS HUMANAS

74 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 75


CIÊNCIAS HUMANAS

4.6. Historicização do Compo­ reverberaram de forma decisiva na


nente Curricular de História formatação da disciplina de História. São eles:
A ideia de segurança nacional, o
No Brasil, o ensino de História foi desenvolvimentismo, o estreitamento com
dominado, desde o final do século XIX e com a órgãos internacionais, a educação
formação dos ideais republicanos, pela tradicionalista de caráter tecnicista e a terrível
História Tradicional, de cunho nacionalista e desobrigação do estado com financiamento
militarista. De forma ampla, esse conceito de do ensino37.
História, vinha dissertar a respeito da Em geral,essa política desastrosa
importância dos fatos, desconsiderando por gerou discrepâncias incisivas sobre a
sua vez o debate a respeito dos mesmos. educação já que a falta de financiamento
Valorizando a documentação escrita e oficial, adequado originou a precarização ordinária
assim como os prédios antigos, essa História da escola pública e com péssimos salários
Monumentalista se compunha como uma contribuiu decisivamente para a
linha cronológica propositalmente articulada. desvalorização e desqualificação do ofício do
Entretanto, ao longo do século XX essa magistério. Professores proletários que, pela
perspectiva, ao gosto dos modelos políticos e exigência visceral da sobrevivência dobravam,
regimes de governo,foi sendo alterada. No ou muitas vezes triplicavam suas jornadas de
início do século XX, as perspectivas francesas trabalho. Além do que podemos observar
da Escola dos Annales, assim como o nesse período o fortalecimento das
Materialismo Histórico criaram um conjunto instituições privadas e confessionais que
de críticas substanciais ao Positivismo acabaram por introduzir na educação
fundamentando principalmente a brasileira uma cultura em que predominavam
possibilidade de uma “história de toda os conteúdos preparatórios para o ingresso
sociedade”, com uma consulta de fontes mais nas universidades em que a reflexão e o livre
diversificada, tornando assim objeto do debate não eram necessariamente a
ensino de História mais rico em suas prioridade38.
possibilidades teóricas e práticas (FONSECA, Mais precisamente para o nosso
2010, pg. 41). Componente Curricular, a política
A nossa contextualização se inicia educacional dos governos ditatoriais fez com
então com a Ditadura Militar (1964­1985). que os conteúdos próprios da História se
G r a n d e h i a t o n e s s e p ro c e s s o d e alinhassem ao tradicionalismo positivista em
desenvolvimento no sentido de uma História que a perspectiva elitista e burguesa era
Tradicional para uma História Crítica, a política transfigurada num painel eloquente de vultos
educacional desse regime causou um históricos, em que os heróis desfilavam seus
retrocesso sem par no que tange o ensino de feitos e inseriam no ideário nacional uma
História. Dessa forma, podemos falar de perspectiva nacionalista e patriótica da
algumas realidades que faziam parte do História. Dessa forma, epistemologicamente
itinerário político­cultural desses governos e o Componente Curricular de História seria
que foram decisivos para a organização das mais um instrumento de justificação do regime
políticas educacionais, assim como militar por ser representado através de um
37
“A Constituição de 1967, ao não vincular a porcentagem de verbas destinadas ao ensino ao Orçamento Geral da União, faz, como consequência direta, com que o
Estado passe a diminuir, sucessivamente, os investimentos no setor educacional. A participação do Ministério da Educação e Cultura no orçamento decresceu de 10,6%
em 1965 para 4,3% em 1975, e manteve­se no patamar médio de 5,5% até 1983”. (FONSECA, 2010, pg. 16)
38
Eram: Usaid, OEA e Unesco. (FONSECA, 2010, pg. 16).

76 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

amontoado de biografias desconexas e para que você comece a conhecer nossa


reacionárias. O positivismo assim se inseria Alagoas. Porque conhecendo, que você
não somente como uma teoria apologética do chegará a amá­la. E Alagoas precisa muito do
regime, mas como uma prática de seu amor”. O apelo à sentimentalidade incidia
memorização substancial dos conteúdos, sobre a formulação de uma composição de
através de exercícios exaustivos que deveriam conteúdos que esvaziavam as contradições
ser recopiados com rigor de detalhes pelos inerentes à História. A relação entre Geografia
estudantes, distanciando­os de uma e História era estrategicamente posicionada
perspectiva mais rigorosa e crítica do na intenção de construir um determinismo
conteúdo da História. Essa precarização das geográfico e social que imperava sobre as
perspectivas foi sentida na formação de uma relações humanas, ao ponto de vermos muito
sociedade que não possui intimidade com a mais a contemplação da relação entre homem
memória de seu país e que certamente ainda e meio, natureza bela com suas paisagens
não entende a utilidade prática da convidativas. Quanto à História, pairava um
preservação da mesma. Esse processo fez elitismo contundente em relação a biografias
parte de uma organização intencional do monumentalizadas. Deodoro da Fonseca e
regime que, segundo Selva Guimarães Floriano Peixoto são os exemplos mais
Fonseca (2010), se constituía e se preocupava emblemáticos dessa orientação. Essas
com a “destruição das Humanidades”. b i o g r a f i a s t i n h a m n a fo r ç a e n a
A inserção da Educação Moral e intelectualidade os pontos emblemáticos,
Cívica foi uma plataforma educacional que além da construção do protótipo da
viabilizou o tratamento das Ciências Humanas sociedade canavieira alagoana – processo de
como o doutrinamento para a Segurança afirmação da cosmovisão senhorial da classe
Nacional e o Desenvolvimentismo. Além dominante. De forma muito clara não são
disso, os estudos de História particularmente encontradas referências à contempo­
estiveram atrelados a uma formação conjunta raneidade das populações indígenas e negras,
com a Geografia com o surgimento dos além de qualquer referência a movimentos
Estudos Sociais, o que não implicava na sociais substanciais da História de Alagoas
caracterização de uma interdisciplinaridade, como o Quilombo dos Palmares e a
mas sim uma configuração amorfa dessa Cabanada.
relação. A principal questão nesse período
Um dos elementos que procuramos foram os resultados obtidos em parte pelas
evidenciar, na intenção de ilustrar os pressões dos movimentos dos trabalhadores
posicionamentos políticos intrínsecos aos unidos pela educação. Desde a Emenda
Estudos Sociais em Alagoas é o material Constitucional do senador João Calmon
organizado pelas autoras Geosélia da Silva (1983) até o artigo 212 da Constituição de
Pinto e Aidé Soares Tojal. “LIÇÕES DE 1988 houve um considerável crescimento nos
ESTUDOS SOCIAIS – ALAGOAS” se destinava investimentos da educação no Brasil39. Esses
aos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º mesmos trabalhadores, juntamente com a
grau, na época) e clamava a necessidade das emergência do processo de redemocrati­
crianças amarem Alagoas. “QUERIDA zação e a eleição direta para governadores
CRIANÇA ALAGOANA: Este livrinho foi feito, seriam fundamentais para articulação e
39
Segundo o artigo 212 da Constituição de 1988 a União deveria destinar 18% e estados e municípios nunca menos de 25% da arrecadação de impostos. (FONSECA,
2010, pgs. 16 e 17).

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 77


CIÊNCIAS HUMANAS

construção de novas diretrizes e práticas. Foi ênfase a uma base nacional comum que possa
implicada então, a construção de um currículo ter brechas suficientes para contemplar as
para a História que compusesse algo até então diversidades culturais e sociais das mais
impensado para os ditames da Ditadura Militar variadas realidades brasileiras – preocupação
– a participação dos professores e o diálogo latente na prática educacional. Assim, o
crítico sobre a formação da memória. ensino de História está inserido como um dos
A política neoliberal que se seguiu no componentes mais propícios à
processo de redemocratização do Brasil fez intercomunicação da História Universal com
surgir uma nova política educacional a partir as Histórias Locais. O exercício da cidadania é
da qual a LDB foi talvez o ponto angular dessa tomado como prioridade no Componente
nova realidade globalizada. A questão Curricular de História quando a LDBN defende
primordial: a volta das disciplinas de Geografia a pluralidade da memória para a História do
e História no ensino fundamental e suas povo brasileiro. Isso ocorre de forma clara
ampliações para o ensino médio, ou seja, quando afirma, no Parágrafo 4º:
extinção imediata de OSPB e EMC e “O Ensino de História do Brasil levará
progressiva dos cursos de licenciatura de em conta as contribuições das diferentes
curta duração. culturas e etnias para a formação do povo
As demandas geopolíticas e culturais brasileiro, especialmente das matrizes
são imensas, e as últimas duas décadas têm se indígenas, africana e europeia (FONSECA,
mostrado como verdadeiro mosaico de 2010, pg. 32”).
perspectivas e plataformas políticas, que vão Essa perspectiva da multivocalidade
da democracia neoliberal até a formação de da memória e formação da sociedade
um “neoconservadorismo moral e político” brasileira é defendida, em continuidade,
ambientado nos fundamentalismos de também pelos Parâmetros Curriculares
diversas correntes (FONSECA, 2010). Esse Nacionais do Ensino Fundamental de História.
painel interfere de forma incisiva nos A recomendação, além da ênfase nessa
posicionamentos dos grupos sociais e cada riqueza da memória nacional brasileira, é de
vez mais produz uma sensação contínua de garantir que os estudantes compreendam a
crise. Nesse sentido, a História vem sofrendo importância de se respeitar essas matrizes
um processo constante de remodelação na culturais nacionais, sejam capazes de
perspectiva mais crítica e que dá ênfase aos reconhecer as mudanças conjunturais
posicionamentos do sujeito frente aos ocorridas em nossa realidade e na realidade
diversos problemas da modernidade. As mundial, além de valorizar o patrimônio
rupturas se demonstram tão latentes que material e imaterial das várias comunidades
muitas vezes não percebemos suas que formam o povo brasileiro.
implicações e, mesmo dessa forma, o Essas reflexões sobre uma História
professor de História deve estar atento em que respeite as diferentes formações sociais,
canalizar esses discursos na intenção de que se coadunam com um movimento curricular
os estudantes possam compreender e criticar que também se expressa nesse sentido. Elas
a complexidade e a diversidade cultural devem estar presentes desde a formação do
dessas relações. docente em História até a instrumentalização
Ponto crucial de resposta a esse de práticas exitosas que venham orientar os
processo é a Lei de Diretrizes e Bases da estudantes na perspectiva de uma educação
Educação Nacional, que, em vários artigos, dá inclusiva.

78 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

Para o processo que se define como a historiografia tradicional.


prática de uma construção do Referencial “Assim, discutir o ensino de História,
Curricular da Educação Básica da Rede hoje, é pensar os processos formativos que se
Estadual de Ensino de Alagoas, faz­se desenvolvem nos diversos espaços, é pensar
necessário a produção de elementos que fontes e formas de educar cidadãos, numa
vislumbrem um panorama das principais sociedade complexa marcada por diferenças
mudanças ocorridas nas últimas décadas e e desigualdades (FONSECA, 2010, pg. 15)”
que integram o componente curricular de A e m e rgê n c i a d e s s a s n o v a s
Hi s t óri a. A Hi s t óri a, t an t o q uan t o identidades culturais, historicamente
conhecimento científico – acadêmico tanto escamoteadas pela política educacional do
como a formação de um componente país, é um dos pontos fundamentais para a
curricular, tem sofrido transformações construção de um Referencial Curricular para
substanciais nos últimos anos. Esse processo a rede estadual de Alagoas. A perspectiva não
é fruto das transformações sociais, políticas, é necessariamente um multiculturalismo
econômicas e culturais que o Brasil vivencia absoluto, mas sim, a intercomunicação
desde a inserção no cenário internacional construtiva e respeitosa entre os mais
como nação independente e soberana. Esse diferentes grupos sociais que formam a
redimensionamento do componente de cultura alagoana. O processo de inclusão,
História também é produzido em constante portanto, pressupõe o diálogo e a informação
diálogo com as universidades, a indústria – pontos angulares de nosso componente.
editorial e principalmente testando as Nesse sentido, não somente a História, mas as
relações existentes dentro do próprio universo Ciências Humanas e suas Tecnologias como
escolar. um todo são imprescindíveis nessa
Pesa para nós toda a caminhada de empreitada.
redemocratização que o Brasil enfrentou nos
últimos decênios e as suas repercussões para 4.6.1.Caracterização do Com­
o ensino de História. O teor menos crítico, ponente de História
outrora utilizado pelos governos militares,
vem se transformando: da ênfase no mero A proposta desse Referencial
patriotismo esvaziado de conteúdo para a Curricular é que a História seja vista como a
constituição de uma interdisciplinaridade ciência que investiga a humanidade através de
baseada na perspectiva do sujeito histórico. seus processos de sociais, políticos e
Tal mudança revelou uma complexidade mais culturais, fazendo uma análise do passado,
latente ao conteúdo historiográfico e às averiguando o reflexo dos fatos no presente e
práticas exigidas ao professor em seu ofício projetando as perspectivas para o futuro.
em sala de aula. Com tal complexidade das Corresponde a uma trajetória viva e dinâmica
relações sociais, em uma sociedade ultra do homem que é o seu principal agente
tecnológica e globalizada, vários agentes construtor. A palavra História que teve origem
estão se inserindo no diálogo historiográfico e no antigo termo grego “historie”, e significa
passam a compor de forma mais dialógica a “conhecimento através da investigação”,
cena histórica, tanto na tentativa de define de maneira clara o papel deste
compreender melhor alguns processos componente curricular. Segundo Marc Bloch,
históricos quanto evidenciar os sujeitos que “a história é uma ciência da mudança, que
s e m p re fo ra m m a rg i n a l i z a d o s p e l a

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 79


CIÊNCIAS HUMANAS

elimina, por meio de pesquisa e da crítica ensino de História não se limitam a essa frase,
documental, os caminhos obscuros da sendo, evidentemente, mais complexas, e
memória, com o fito de melhor compreender algumas propostas curriculares procuram
as transformações e os processos de ruptura.” explicitá­las” (BITTENCOURT, 2009, pg. 121).
(BENTIVOGLIO, 2013, pg. 239).
Consideramos de forma essencial OBJETIVOS GERAIS
que essa própria proposta curricular em ­Possibilitar a análise do passado a
História é fluída. Isso no sentido em que novas fim de desenvolver uma perspectiva crítica a
realidades se sobrepõem à realidade como respeito do presente.
nós a concebemos. E, ainda, implicando que ­Contribuir para a formação e crítica
uma das principais características das das identidades global, regional e local.
sociedades modernas, ou pós­modernas ­Considerar a pluralidade cultural e
(como queiram) é justamente a sua do patrimônio material e imaterial da
multivocalidade e sua capacidade de humanidade como valores a orientar o
transformação. O que pode parecer estranho ensino.
para outros componentes curriculares, para a ­Favorecer que o autoconhecimento
História é condição sine qua non para sua seja uma ferramenta a favor do exercício da
existência – a abertura à expansões e novos cidadania.
conceitos. Já que o campo de conhecimento ­Garantir o uso de diferentes
da História­ciência nunca abarcará a linguagens historiográficas (orais, escritas e
totalidade do real vivido pela História­ imagéticas) para analisar as diversas fontes
processo. Ou como apontou Foucault: “para históricas.
que haja disciplina é preciso, pois, que haja ­Fornecer perspectivas para a
possibilidade de formular, e de formular formação de cidadãos políticos que venham a
indefinidamente, proposições novas” (APUD. ser constitutivos e colaborativos de nossa
BARROS, 2013, pg. 39). sociedade.
­A relação entre espaço e tempo, ­Prover aos estudantes condições
representa uma característica marcante da para uma formação política, social e cultural.
História. O tempo identifica as atividades e ­Contribuir para o entendi­mento e
produção humana e o espaço evidencia onde autoafirmação dos nossos estudantes em
os fatos aconteceram, definindo a influência referência à História e Cultura do Brasil e de
do homem no cotidiano de uma pequena Alagoas.
região ou uma grande parcela da
humanidade. A relação entre espaço e tempo, EIXOS ESTRUTURANTES
assim como a memória, são responsáveis pela 1.TEMPO E ESPAÇO
organização dos fatos. 2.PODER E TRABALHO
Quando da explicitação do objeto da 3.DIVERSIDADE
História e a organização da relação passado, 4.IDENTIDADE E CULTURA
presente e futuro, nos deparamos com uma 5.HISTÓRIA LOCAL
realidade muito corriqueira no discurso dos 6.POLÍTICA E CIDADANIA
professores de História. A ideia de se dizer que
a disciplina História está enraizada nessa 4.6.2. Organização do Conheci­
relação e que a mesma por si só a define. mento Escolar de História – Ensino
Como aponta Bittencourt: “As finalidades do Fundamental

80 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Dominar a leitura e interpretação, compreendendo seu ambiente social e estabelecendo atitudes de valores entre os indivíduos.
Capacidade de entender a História como a interpretação dos fatos passados e a conexão dos mesmos para o entendimento
do presente;
Interpretação do mundo, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Empenho para entender os processos de formação histórica das civilizações e sua diversidade cultural;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da realidade histórica dos povos;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo.

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 81


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Dominar a leitura e interpretação, compreendendo seu ambiente social e estabelecendo atitudes de valores entre os indivíduos.
Capacidade de entender a História como a interpretação dos fatos passados e a conexão dos mesmos para o entendimento
do presente;
Interpretação do mundo, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Empenho para entender os processos de formação histórica das civilizações e sua diversidade cultural;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da realidade histórica dos povos;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo;

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

- Compreender a relação 1. Sistema Feudal;


· Perceber as Relações Sociais
entre a decadência do
diferentes realidades Império Romano e a 2. Os Reinos Africanos
formação do sistema
históricas, Cultura
feudal.
observando as 3. Império Bizantino;
- Enumerar as principais
distintas realidades Trabalho
características dos 4. Islã
sociais. principais reinos africanos.
Tempo e Espaço 5. Poder da Igreja Católica na
- Enumerar as principais Idade Média
· Relacionar a características dos reinos
medievais, bizantino e 6. Reinos Medievais
dinâmica social em islâmicos e suas
relação com a contribuições para a 7. Cruzadas
formação da sociedade
natureza. medieval. 8. Renascimento Comercial e
Urbano
- Debater a respeito das
· Distinguir as diversas relações de poder 9. Formação do Estado Moderno
relações de trabalho traçados pela Igreja e o Absolutismo Monárquico
Católica durante a Idade
existentes.

82 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


Católica durante a Idade
existentes. Média. 10. Renascimento Artístico e
Cultural Europeu
- Compreender o papel do
· Refletir sobre as renascimento do comércio 11. Reformas Religiosas
transformações e das cidades para o
declínio do sistema feudal.
sociais, culturas e 12. Expansão marítima e comercial
europeia
políticas das - Diferenciar os variados
processos de formação
sociedades antigas e 13. Impérios Coloniais na América
dos estados nacionais
medievais. europeus.

- Compreender o processo
· Saber inferir sobre de organização do
Renascimento Artístico e
as noções de Cultural e sua contribuição
sucessão temporal e para o desenvolvimento
das artes e da ciência.
espacial para refletir
a respeito das - Criticar os vários
movimentos de
diferentes realidades contestação ao monopólio
históricas. da Igreja Católica, seus
motivações políticas e
econômicas e seus
desdobramentos.

- Criticar as motivações
econômicas e políticas que
fizeram desenvolver a
Expansão Marítima e
Comercial Europeia.

- Criticar as consequências
da dominação organizada
pela empresa colonizadora
e o genocídio das
populações indígenas e
escravização das
populações africanas.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 83


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Dominar a leitura e interpretação, compreendendo seu ambiente social e estabelecendo atitudes de valores entre os indivíduos.
Capacidade de entender a História como a interpretação dos fatos passados e a conexão dos mesmos para o entendimento
do presente;
Interpretação do mundo, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Empenho para entender os processos de formação histórica das civilizações e sua diversidade cultural;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da realidade histórica dos povos;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo;

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Compreender o processo 1. Civilizações Pré-Colombianas e


· Perceber as Relações Sociais
de formação e Pré-Cabralinas.
diferentes realidades organização das
civilizações denominadas 2. Escravidão e Colonialismo no
históricas, Cultura
pré-colombianas e pré- Novo Mundo;
observando as cabralinas.
3. Ocupação do Espaço brasileiro
distintas realidades Trabalho
-Criticar o processo que durante a colonização;
sociais. desencadeou nos
genocídios das civilizações 4. Capitanias hereditárias e
Tempo e Espaço
indígenas na América e no Governos Gerais;
· Relacionar a
Brasil. 5. Genocídio Caeté e o Quilombo
dinâmica social em
dos Palmares;
relação com a -Analisar a diversidade
cultural e as 6. Igreja Católica e ação dos
natureza. especificidades jesuítas no Brasil colonial;
geográficas presentes em
diversas regiões do 7. Ciclo da Mineração – Ênfase
· Distinguir as diversas espaço nacional durante a aos movimentos
relações de trabalho colonização. independentistas;
existentes. -Compreender a inserção 8. Iluminismo e Despotismo
da escravidão dentro do Esclarecido;
contexto sócio-hitórico da
· Refletir sobre as época. 9. Independência dos EUA;
transformações
-Entender a formação do
sociais, culturas e 10. Revolução Francesa;
espaço a partir da herança
políticas das cultural e política
11. Era napoleônica e o Congresso
estabelecida pelos
sociedades antigas e de Viena;
colonizadores, colonizados
medievais. e escravizados.
12. Unificação da Itália e da
-Criticar o papel Alemanha e a Primavera dos
desempenhado pela Povos;
· Saber inferir sobre
lavoura da cana de açúcar,
as noções de da plantation e do pacto 13. Período Joanino e
colonial para o Independência do Brasil;
sucessão temporal e
desenvolvimento da
espacial para refletir empresa colonial no Brasil. 14. Iº Reinado e Período
Regencial;
a respeito das
-Conhecer o processo de
diferentes realidades colonização, a 15. IIº Reinado;
históricas. necessidade de se
estabelecer um governo 16. O Ciclo do Café e as
geral para assegurar a oligarquias no Brasil
centralização e o

84 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


centralização e o
desenvolvimento. 17. A Questão Escravista no Brasil
Imperial;
-Perceber a imposição dos
interesses das elites 18. Movimento republicano
oligárquicas diante da
sociedade colonial.

-Compreender o processo
de desenvolvimento,
queda e a importância do
Quilombo dos Palmares
para se entender a
formação do povo
brasileiro.

-Compreender a atuação
da Igreja e dos jesuítas na
época da colonização do
Brasil.

-Analisar o impacto das


ideias iluministas, no
contexto social da época e
seu reflexo na atualidade.

- Identificar os diferentes
grupos sociais e seu papel
na formação da revolução
francesa.

-Perceber a importância do
movimento de
independência dos EUA,
como unidade nacional
proposta e
política 3
internacional.

-Identificar as novas
concepções introduzidas a
partir da era napoleônica,
estabelecendo uma crítica
a formação social vigente.

-Criticar as transformações
político-administrativas
promovidas no período
joanino.

-Compreender o impacto
da independência no
aspecto político,
econômico e social.

-Estabelecer uma análise


comparativa entre o 1º
reinado e os conflitos
políticos e sociais do
período regencial.

-Analisar o papel da
escravidão nos aspectos
sociais e econômicos
durante o segundo
reinado.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 85


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Compreender a
transformação político-
administrativa no segundo
reinado.

-Criticar o papel
desempenhado pela
lavoura do café para a
dependência econômica
do Brasil durante os
períodos monárquico e
republicano.

-Perceber o impacto do
escravismo na sociedade
da época.

-Entender o papel
desempenhado, pelo
abolicionismo e pelo
positivismo para a
proclamação de república
no Brasil.

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Dominar a leitura e interpretação, compreendendo seu ambiente social e estabelecendo atitudes de valores entre os indivíduos.
Capacidade de entender a História como a interpretação dos fatos passados e a conexão dos mesmos para o entendimento
do presente;
Interpretação do mundo, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Empenho para entender os processos de formação histórica das civilizações e sua diversidade cultural;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da realidade histórica dos povos;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo;

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

·Perceber as Relações Sociais -Analisar as justificativas 1. Industrialização e Imperialismo;


diferentes realidades ideológicas apresentadas
históricas, observando Cultura pelas grandes potências 2. Primeira Guerra Mundial;
as distintas realidades para interferir nas regiões
sociais. Trabalho da África, Ásia e América 3. Revolução de 1917;
Latina.
·Relacionar a Tempo e Espaço 4. Nazifascismo;
dinâmica social em -Contextualizar a eclosão
relação com a da primeira guerra, os 5. Crise de 1929;
natureza. blocos e as
consequências. 6. Segunda Guerra Mundial;

86 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

·Distinguir as diversas
relações de trabalho -Analisar a importância da 7. Guerra Fria;
existentes. Belle Époque, através de
diferentes fontes 8. Revoluções Socialistas;

·Refletir sobre as iconográficas.


transformações sociais, 9. República Velha;

culturas e políticas das -Compreender a


sociedades antigas e Revolução Russa de 1917 10. Revolução de 1930;
· e o processo de

· medievais. construção do
Comunismo. 11. Redemocratização do Brasil;

·Saber inferir sobre as


noções de sucessão -Analisar o contexto 12. Ditadura Militar no Brasil;

temporal e espacial histórico em que foram


formados os regimes 13. Democracia no Brasil;
para refletir a respeito
das diferentes totalitários, identificando

realidades históricas. semelhanças, diferenças e


influências em outras
regiões.

-Compreender a influência
da crise de 1929 no Brasil
e no mundo.

-Identificar a Segunda
guerra como um marco
decisivo para a História
Contemporânea.

-Compreender a situação
geopolítica do período
pós-guerra.

-Entender a relevância das


revoluções socialistas e
sua influência em outras
regiões.

-Perceber o impacto
simbólico da queda do
Muro de Berlim.

-Compreender os
conceitos de oligarquia,
clientelismo, coronelismo e

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 87


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


federalismo e relacioná-los
como elementos
constitutivos do sistema
político oligárquico.

-Identificar os
acontecimentos históricos
transformadores do
período Vargas.

7
·Perceber as Relações Sociais -Analisar as justificativas 1. Industrialização e Imperialismo;
diferentes realidades ideológicas apresentadas
históricas, observando Cultura pelas grandes potências 2. Primeira Guerra Mundial;
as distintas realidades para interferir nas regiões
sociais. Trabalho da África, Ásia e América 3. Revolução de 1917;
Latina.
·Relacionar a Tempo e Espaço 4. Nazifascismo;
dinâmica social em -Contextualizar a eclosão
relação com a da primeira guerra, os 5. Crise de 1929;
natureza. blocos e as
consequências. 6. Segunda Guerra Mundial;
·Distinguir as diversas
relações de trabalho -Analisar a importância da 7. Guerra Fria;
existentes. Belle Époque, através de
diferentes fontes 8. Revoluções Socialistas;

·Refletir sobre as iconográficas.


transformações sociais, 9. República Velha;

culturas e políticas das -Compreender a


sociedades antigas e Revolução Russa de 1917 10. Revolução de 1930;
· e o processo de

· medievais. construção do
Comunismo. 11. Redemocratização do Brasil;

·Saber inferir sobre as


noções de sucessão -Analisar o contexto 12. Ditadura Militar no Brasil;

temporal e espacial histórico em que foram


formados os regimes 13. Democracia no Brasil;
para refletir a respeito
das diferentes totalitários, identificando

realidades históricas. semelhanças, diferenças e


influências em outras
regiões.

-Compreender a influência
da crise de 1929 no Brasil
e no mundo.

88 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Identificar a Segunda
guerra como um marco
decisivo para a História
Contemporânea.

-Compreender a situação
geopolítica do período
pós-guerra.

-Entender a relevância das


revoluções socialistas e
sua influência em outras
regiões.

-Perceber o impacto
simbólico da queda do
Muro de Berlim.

-Compreender os
conceitos de oligarquia,
clientelismo, coronelismo e
federalismo e relacioná-los
como elementos
constitutivos do sistema
político oligárquico.

-Identificar os
acontecimentos históricos
transformadores do
período Vargas.

7
-Compreender as
ambiguidades da política
econômica nacionalista e
do aspecto social de
Vargas.

-Analisar a política da
década de 1960.

-Compreender os embates
políticos ideológicos entre
esquerda e direita nos
últimos governos da
década de 1960.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 89


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Analisar o surgimento dos


movimentos feministas e a
contracultura da década
de 1960.

-Analisar o aparato
repressivo militar e parami-
litar instituído pela
ditadura, com apoio da
sociedade civil, para
eliminação dos opositores
(“subversivos”) e
sustentação do regime.

-Analisar os principais
movimentos de esquerda,
as restrições aos direitos
políticos e o aspecto
econômico.

-Compreender o contexto
que se formou a
“Constituição cidadã” de
1988 e o avanço da
cidadania neste período.

-Analisar o contexto das


reivindicações sociais no
Brasil atual: o Movimento
dos Sem-Terra (MST) e a
reforma agrária; os sem-
teto; movimento negro; a
questão das políticas
afirmativas.

90 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

ATITUDES:
Capacidade de relacionar a dinâmica da vida social de Alagoas ao domínio das elites;
Interpretação da realidade alagoana, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural do nosso estado.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Disposição em aprender os princípios que regulam a convivência na sociedade alagoana, aos direitos e deveres da cidadania, à justiça e à
distribuição dos benefícios econômicos na modernidade;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da realidade histórica alagoana;
Disposição para discutir questões relativas a temas locais como - a desigualdade social em Alagoas;
Percepção das diferentes realidades históricas que definiram a formação étnico-racial do Estado de Alagoas;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica do estado de Alagoas;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo;

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

· Compreender a -Relações sociais e UNIDADE 1 - PRÉ-HISTÓRIA DE ALAGOAS


relação entre o passado e a relações de poder; 1. Enumerar as
1. PRÉ-HISTÓRIA DE ALAGOAS
significação da realidade -Cultura; principais características
social presente do estado -Identidade; dos achados UNIDADE 2 - FORMAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA
de Alagoas. -Trabalho;
DE ALAGOAS
-Ética; arqueológicos no Estado
· Criticar as relações -Cidadania; de Alagoas. 1. FORMAÇÃO DO ESPAÇO SOCIAL DE
de poder e suas -Modernidade;
ALAGOAS
repercussões na realidade -Violência 2. Caracterizar as
social e econômica do principais etapas do 2. GENOCÍDIO DOS CAETÉS
Estado de Alagoas. processo de colonização
3. INVASÃO HOLANDESA
do sul da então capitania
· Perceber o processo de Pernambuco. 4. A LAVOURA DA CANA, DO FUMO, DO
de formação da cultura ALGODÃO, DO COCO E A PECUÁRIA NA
alagoana e sua correlação 3. Criticar sobre as
com as relações de poder e várias hipóteses a respeito FORMAÇÃO DAS OLIGARQUIAS ALAGOANAS
a formação da identidade da morte do Bispo Pero
5. EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE ALAGOAS
do povo alagoano. Vaz de Sardinha e sua
repercussão no genocídio 6. TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL
· Criticar a formação das populações indígenas
7. ALAGOAS REPUBLICANA
da violência em Alagoas. de Alagoas.
8. QUEBRA DE 1912
· Fomentar a cultura 4. Qualificar as
9. VIOLÊNCIA SOCIAL E POLÍTICA EM
da paz em Alagoas. principais características
do período de dominação ALAGOAS
holandesa na região sul da
capitania de Pernambuco.

5. Enumerar o
processo de formação
histórica das grandes
lavouras do Estado de
Alagoas.

6. Criticar a formação
das elites agrárias
alagoanas e seus
posicionamentos políticos
durante nossa História.

7. Compreender o
processo que desembocou
na emancipação política
do Estado de Alagoas

8. Reconhecer as
particularidades das
cidades de Maceió e Santa
Maria Madalena de
Alagoas do Sul no
processo de transferência
da capital de Alagoas.

9. Qualificar as
principais características
de Alagoas no período
republicano.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 91


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


10. Construir os
principais elementos que
desembocaram no Quebra
de 1912.

11. Entender as
repercussões do Quebra
de 1912 para a formação
de uma sociedade de
segregação e preconceito.

12. Perceber as
principais implicações da
formação da violência de
caráter político, social e
cultural em Alagoas.

13. Criar argumentos


contra o hábito da
violência em várias
instâncias da vida social
do nosso Estado.

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA DE ALAGOAS 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

DIREITOS DE APRENDIZAGEM

ATITUDES:
Identificação do contexto sociocultural de Alagoas.
Caracterização das mudanças promovidas pelas comunidades locais.
Reconhecimento das diferenças existentes nos diversos movimentos sociais alagoanos.
Reconhecimento das variadas manifestações artísticas do Estado de Alagoas.
Analise da história local partindo da leitura de fontes de naturezas diversas.

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

Compreender a História e
-Compreender o indivíduo - o patrimônio cultural do · QUILOMBO DOS PALMARES;
no seu contexto social e RELAÇÕES DE PODER; Quilombo dos Palmares,
fazer as diversas leituras da - relacionando com o · QUEBRA-QUILO;
realidade, no sentido de RELAÇÕES SOCIAIS; contexto histórico de
entender a atuação dos - ocupação da região · LISOS E CABELUDOS;
diferentes grupos sociais. IDENTIDADE; canavieira de Alagoas
- .
TRABALHO; Entender o ambiente · CABANAGEM;
- socioeconômico de
-Analisar os movimentos CIDADANIA; escravidão que promoveu · MOVIMENTOS DE 17 DE JULHO;
sociais em Alagoas, -CULTURA. a formação do Quilombo,
partindo de uma visão assim como, seu reflexo · MOVIMENTO OPERÁRIO;
popular e inserida em um em outras regiões.
contexto crítico da · MOVIMENTO SEM TERRA;
sociedade. Refletir a respeito da
- Reconhecer a existência e história local e perceber a
· COMUNIDADES QUILOMBOLA EM
a autonomia das atuação dos
ALAGOAS
comunidades que se conservadores e liberais
formaram no cenário na disputa do poder
· INDÍGENAS EM ALAGOAS;
histórico alagoano e sua político.
capacidade de influir nos
diversos aspectos sociais. Reconhecer a participação · MOVIMENTO LGBT;
popular na política local.
-Problematizar a mudança · MOVIMENTO FEMINISTA;
do caráter das Compreender a
reivindicações do passado organização coletiva dos · CULTURA DE ALAGOAS;
em relação às lutas trabalhadores na defesa
estabelecidas no presente. de seus interesses sociais. · PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL
DE ALAGOAS;

92 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


-Refletir sobre o Descrever a importância
desenvolvimento cultural histórica e cultural da · PRODUÇÃO CULTURAL DE ALAGOAS:
das diferentes matrizes organização das MÚSICA, LITERATURA, ARTES PLÁSTICAS,
culturais e sociais comunidades indígenas e FOLGUEDOS, ARTESANATO.
formadoras do estado de quilombolas em Alagoas.
Alagoas.
Analisar criticamente as
contribuições culturais das
comunidades quilombolas
em nossa sociedade.

Compreender a influência
social, histórica e cultural
dos povos indígenas em
Alagoas.

Reconhecer o processo de
luta contra a discriminação
e a defesa dos direitos
sociais.

Problematizar as relações
sociais que levaram a
construção dos
patrimônios material e
imaterial de Alagoas.

Compreender a amplitude
da produção musical,
teatral e da literatura
alagoana no cenário
nacional e internacional.

Refletir sobre a
importância das artes
plásticas e do artesanato
na formação cultural do
povo alagoano.

4.6.2.1. Quadro do Componente de História – Ensino Médio

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Capacidade de relacionar o processo de desenvolvimento dos primeiros grupos humanos à organização dos grupos de forma
sedentária;
Observação dos papéis sociais desempenhados pelas inovações tecnológicas produzidas na Pré -História e sua importância para o
percurso histórico da humanidade;
Capacidade de relacionar a dinâmica da vida moderna a produção material, filosófica e cultural das sociedade da Antiguidade e da
Idade Média;
Interpretação do mundo, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Empenho para entender os processos de formação histórica da diversidade cultural das sociedades antigas e da Idade Média;
Disposição em aprender os princípios que regulava m a convivência das sociedades da antiguidade e da Idade Média, as concepções
de modelos políticos nessas sociedades;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da religiosidade como uma das principais instituições organizadoras da política
durante a Idade Antiga e Medieval;
Disposição para discutir questões relativas a temas de interesse geral sobre as Idades Antiga e Medieval;
Percepção das diferentes realidades históricas que definiram a formação étnico-racial dos povos da Antiguidade e da Idade Média;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo;

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 93


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Identificar as principais -Relações sociais; -Analisar as principais 1. Teorias da História;


bases constituintes do -Relações de poder; teorias a respeito da
processo civilizatório dos -Cultura; História enquanto
grupos humanos. -Identidade; conhecimento científico. 2. Pré-História;
-Trabalho;
-Analisar a relação -Ética; - Justificar, de forma
existente entre o poder -Cidadania; acurada, a importância da 3. Mesopotâmia;
político e o poder religioso História para o
nas principais sociedades entendimento do presente.
do mundo antigo e 4. Egito Antigo;
medieval. - Debater, de forma crítica
a respeito das grandes
- Compreender, no decorrer teorias que versam sobre 5. Hebreus, Fenícios e Persas;
dos conteúdos, os a origem da humanidade.
processos de transição 6. Índia, China e Japão;
entre os modos de - Reconhecer a África
produção asiático, como o berço da
escravista, feudal e humanidade, percorrendo 7. Civilização Grega;
capitalista. posteriormente todos os
processos migratórios de 8. Civilização Romana;
-Identificar a organização nossa espécie sobre o
política estabelecida planeta. 9. Sistema Feudal;
durante a formação do
estado nacional europeu e - Observar a importância 10. Os Reinos Africanos
sua convivência com o da agricultura e da
sistema feudal. pecuária para o processo
de sedentarização dos 11. Império Bizantino;
-Compreender o grupos humanos.
desenvolvimento da história 12. Islã
e estabelecer um - Relacionar as principais
posicionamento crítico teorias a respeito da 13. Poder da Igreja Católica na
diante dos problemas e da ocupação do continente Idade Média
construção histórica americano e do território
brasileira e alagoana. brasileiro. 14. Reinos Medievais

- Perceber a importância 15. Cruzadas


dos povos mesopotâmicos
para a invenção da escrita, 16. Renascimento Comercial e
do código de leis etc. Urbano

- Compreender a 17. Formação do Estado Moderno


importância das e o Absolutismo Monárquico
Crescentes Férteis para o
desenvolvimento das 18. Renascimento Artístico e
primeiras civilizações da Cultural Europeu
antiguidade clássica
oriental. 19. Reformas Religiosas
- Relacionar as principais
20. Expansão marítima e comercial
características da
europeia
civilização egípcia.
21. Impérios Coloniais na América
- Relacionar as principais
características das
civilizações fenícia, persa,
hebraica, japonesa,
indiana e chinesa.

- Entender a formação da
civilização grega e os
períodos políticos de sua
história.

94 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

- Compreender o processo
de formação da
democracia na Grécia e
suas peculiaridades.

- Compreender as
principais questões do
desenvolvimento da
civilização macedônica.

- Perceber as principais
características da
formação da civilização
romana e sua expansão.

- Compreender a relação
entre a decadência do
Império Romano e a
formação do sistema
feudal.

- Enumerar as principais
características dos
principais reinos africanos.

- Enumerar as principais
características dos reinos
medievais, bizantino e
islâmicos e suas
contribuições para a
formação da sociedade
medieval.

- Debater a respeito das


relações de poder
traçados pela Igreja
Católica durante a Idade
Média.
- Compreender o papel do
renascimento do comércio
e das cidades para o
declínio do sistema feudal.

- Diferenciar os variados
processos de formação
dos estados nacionais
europeus.

- Compreender o processo
de organização do
Renascimento Artístico e
Cultural e sua contribuição
para o desenvolvimento
das artes e da ciência.

- Criticar os vários
movimentos de
contestação ao monopólio
da Igreja Católica, seus
motivações políticas e
econômicas e seus
desdobramentos.

- Criticar as motivações
econômicas e políticas que
fizeram desenvolver a
Expansão Marítima e
Comercial Européia.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 95


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

- Criticar as consequências
da dominação organizada
pela empresa colonizadora
e o genocídio das
populações indígenas e
escravização das
populações africanas.

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA 3º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Capacidade de relacionar a dinâmica da vida moderna ao capitalismo;
Interpretação do mundo, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Empenho para entender os processos de formação histórica da diversidade cultural;
Disposição em aprender os princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à
justiça e à distribuição dos benefícios econômicos na modernidade;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da realidade histórica contemporânea;
Disposição para discutir questões relativas a temas locais como - a desigualdade social no Brasil e em Alagoas;
Percepção das diferentes realidades históricas que definiram a formação étnico-racial do povo brasileiro;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo;

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


-Relações sociais;
-Identificas os novos -Relações de poder; -Analisar as justificativas 1. Industrialização e Imperialismo;
valores constituídos através -Cultura; ideológicas apresentadas
das conquistar coloniais, de -Identidade; pelas grandes potências 2. Primeira Guerra Mundial;
guerras mundiais e -Trabalho; para interferir nas regiões
revoluções isoladas. -Ética; da África, Ásia e América 3. Revolução de 1917;
-Cidadania; Latina.
-Analisar os surgimentos de -Modernidade;
novos regimes e as -Contextualizar a eclosão 4. Nazifascismo;
transformações político- da primeira guerra, os
sociais no pós-guerra. blocos e as
consequências. 5. Crise de 1929;
-Identificar a divisão política
estabelecida entre as -Analisar a importância da
grandes potências e a Belle Époque, através de 6. Segunda Guerra Mundial;
influência do capitalismo e diferentes fontes
do socialismo no mundo. iconográficas.

-Compreender o - Compreender a 7. Guerra Fria;


desenvolvimento da nossa Revolução Russa de 1917
história e estabelecer um e o processo de
posicionamento crítico construção do 8. Revoluções Socialistas;
diante dos problemas e da Comunismo.
construção histórica
brasileira e alagoana. -Analisar o contexto 9. República Velha;
histórico em que foram
formados os regimes
totalitários, identificando 10. Revolução de 1930;
semelhanças, diferenças e
influências em outras
regiões. 11. Redemocratização do Brasil;

96 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Compreender a influência
da crise de 1929 no Brasil 12. Ditadura Militar no Brasil;
e no mundo.

-Identificar a Segunda Democracia no Brasil;


guerra como um marco
decisivo para a História
Contemporânea.

-Compreender a situação
geopolítica do período
pós-guerra.

-Entender a relevância das


revoluções socialistas e
sua influência em outras
regiões.

-Perceber o impacto
simbólico da queda do
Muro de Berlim.

-Compreender os
conceitos de oligarquia,
clientelismo, coronelismo e
federalismo e relacioná-los
como elementos
constitutivos do sistema
político oligárquico.

-Identificar os
acontecimentos históricos
transformadores do
período Vargas.

-Compreender as
ambiguidades da política
econômica nacionalista e
do aspecto social de
Vargas.

-Analisar a política da
década de 60.

-Compreender os embates
políticos ideológicos entre
esquerda e direita nos
últimos governos da
década de 60.

-Analisar o surgimento dos


movimentos feministas e a
contracultura da década
de 1960.

-Analisar o aparato
repressivo militar e parami-
litar instituído pela
ditadura, com apoio da
sociedade civil, para
eliminação dos opositores
(“subversivos”) e
sustentação do regime.

-Analisar os principais
movimentos de esquerda,
as restrições aos direitos
políticos e o aspecto
econômico.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 97


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Compreender o contexto
que se formou a
“Constituição cidadã” de
1988 e o avanço da
cidadania neste período.

-Analisar o contexto das


reivindicações sociais no
Brasil atual: o Movimento
dos Sem-Terra (MST) e a
reforma agrária; os sem-
teto; movimento negro; a
questão das políticas
afirmativas.

COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA 2º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Capacidade de relacionar a dinâmica da vida moderna ao capitalismo;
Interpretação do mundo, respeitando o ambiente natural a diversidade social e cultural.
Compreensão da importância da solidariedade e da cultura da paz nas relações humanas.
Empenho para entender os processos de formação histórica da diversidade cultural;
Disposição em aprender os princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à
justiça e à distribuição dos benefícios econômicos na modernidade;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da realidade histórica contemporânea;
Disposição para discutir questões relativas a temas locais como - a desigualdade social no Brasil e em Alagoas;
Percepção das diferentes realidades históricas que definiram a formação étnico-racial do povo brasileiro;
Capacidade de diferenciação entre os diversos tipos de leitura possíveis na análise da realidade histórica;
Ingresso na atitude de pesquisa individual e em grupo;

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


-Relações sociais;
-Identificas os novos -Relações de poder; -Compreender o processo 13. Civilizações Pré-Colombianas e
valores constituídos através -Cultura; de formação e Pré-Cabralinas.
das conquistar coloniais, de -Identidade; organização das
guerras mundiais e -Trabalho; civilizações denominadas 14. Escravidão e Colonialismo no
revoluções isoladas. -Ética; pré-colombianas e pré- Novo Mundo;
-Cidadania; cabralinas.
-Analisar os surgimentos de -Modernidade; 15. Ocupação do Espaço brasileiro
novos regimes e as -Criticar o processo que durante a colonização;
transformações político- desencadeou nos
sociais no pós-guerra. genocídios das civilizações 16. Capitanias hereditárias e
indígenas na América e no Governos Gerais;
-Identificar a divisão política Brasil.
estabelecida entre as 17. Genocídio Caeté e o Quilombo
grandes potências e a -Analisar a diversidade dos Palmares;
influência do capitalismo e cultural e as
do socialismo no mundo. especificidades 18. Igreja Católica e ação dos
geográficas presentes em jesuítas no Brasil colonial;
-Compreender o diversas regiões do
desenvolvimento da nossa espaço nacional durante a 19. Ciclo da Mineração – Ênfase
história e estabelecer um colonização. aos movimentos
posicionamento crítico independentistas;
diante dos problemas e da -Compreender a inserção
construção histórica da escravidão dentro do 20. Iluminismo e Despotismo
brasileira e alagoana. contexto sócio-hitórico da Esclarecido;
época.
21. Independência dos EUA;
-Entender a formação do
espaço a partir da herança
22. Revolução Francesa;
cultural e política
estabelecida pelos
23. Era napoleônica e o Congresso
colonizadores, colonizados
de Viena;
e escravizados.

98 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

-Criticar o papel 24. Unificação da Itália e da


desempenhado pela Alemanha e a Primavera dos
lavoura da cana de açúcar, Povos;
da plantation e do pacto
colonial para o 25. Revolução Industrial e
desenvolvimento da Movimento Operário;
empresa colonial no Brasil.
26. Imperialismo
-Conhecer o processo de
colonização, a
necessidade de se 27. Período Joanino e
estabelecer um governo Independência do Brasil;
geral para assegurar a
centralização e o 28. Iº Reinado e Período
desenvolvimento. Regencial;

-Perceber a imposição dos 29. IIº Reinado;


interesses das elites
oligárquicas diante da 30. O Ciclo do Café e as
sociedade colonial. oligarquias no Brasil

-Compreender o processo 31. A Questão Escravista no Brasil


de desenvolvimento, Imperial;
queda e a importância do
Quilombo dos Palmares 32. Movimento republicano
para se entender a
formação do povo
brasileiro.

-Compreender a atuação
da Igreja e dos jesuítas na
época da colonização do
Brasil.

-Analisar o impacto das


ideias iluministas, no
contexto social da época e
seu reflexo na atualidade.

- Identificar os diferentes
grupos sociais e seu papel
na formação da revolução
francesa.

-Perceber a importância do
movimento de
independência dos EUA,
como unidade nacional e
proposta política
internacional.

-Identificar as novas
concepções introduzidas a
partir da era napoleônica,
estabelecendo uma crítica
a formação social vigente.

-Criticar o papel da
Revolução Industrial na
reorganização das
relações sociais e de
trabalho na modernidade.
-Criticar o formato do
processo de imperialismo
e inferir a respeito de sua
lógica civilizadora.

-Criticar a violência
desempenhada pelo
imperialismo europeu nos

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 99


CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


imperialismo europeu nos
genocídios nos
continentes africano,
asiático e da Oceania.

-Compreender o processo
de unificação da Itália e da
Alemanha como fonte
mantenedora de
identidade nacional e
promotora de disputas
pela hegemonia da
indústria na Europa.

-Compreender a
importância do movimento
da Primavera dos Povos
para a difusão dos ideais
democráticos dentro da
Europa Moderna.

-Criticar as transformações
político-administrativas
promovidas no período
joanino.

-Compreender o impacto
da independência no
aspecto político,
econômico e social.

-Estabelecer uma análise


comparativa entre o 1º
reinado e os conflitos
políticos e sociais do
período regencial.

-Analisar o papel da
escravidão nos aspectos
sociais e econômicos
durante o segundo
reinado.

-Compreender a
transformação político-
administrativa no segundo
reinado.

- Compreender os
conceitos de oligarquia,
clientelismo, coronelismo e
federalismo e relacioná-los
como elementos
constitutivos do sistema
político oligárquico tanto
da monarquia quanto da
república.

100 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


-Criticar o papel
desempenhado pela
lavoura do café para a
dependência econômica
do Brasil durante os
períodos monárquico e
republicano.

-Perceber o impacto do
escravismo na sociedade
da época.

-Entender o papel
desempenhado, pelo
abolicionismo e pelo
positivismo para a
proclamação de república
no Brasil.

4.7. Caracterização do Com­ sociedade e a natureza, compondo o espaço


ponente de Geografia geográfico (BRASIL, 2006).
Cabe à Geografia no Ensino
A Geografia analisa as dinâmicas da Fundamental e no Ensino Médio priorizar
sociedade e da natureza e as relações que se conteúdos e outros conceitos que
estabelecem entre elas. Na Educação Básica, possibilitem aos estudantes as capacidades
o ensino de Geografia visa formar o estudante de observar, conhecer, explicar, comparar e
para se localizar, compreender e atuar no representar as características físicas e
mundo complexo; problematizar a realidade, humanas de diferentes espaços. É com esta
formular proposições, reconhecer as perspectiva, que o ensino de Geografia se
dinâmicas existentes no espaço geográfico, fundamenta em um corpo teórico e
pensar e atuar criticamente em sua realidade metodológico apoiado em três elementos
tendo em vista a sua transformação. Com este essenciais da ciência geográfica, a saber: o
propósito, cabe ao professor proporcionar homem, a natureza e a cultura.
práticas e reflexões que levem o estudante à A perspectiva é contribuir para o
compreensão da realidade. desenvolvimento da autonomia, para a
O ensino de Geografia deve compreensão de direitos, limites e
consubstanciar­se em um corpo teórico­ potencialidades da ciência e da tecnologia,
metodológico baseado nos conceitos de assim como as implicações que tal
natureza, paisagem, espaço, território, região, desenvolvimento trouxe na construção da
rede, lugar e ambiente, incorporando também sociedade. Sendo assim, cabe proporcionar
dimensões de análise que contemplam aos estudantes a ampliação da compreensão
tempo, cultura, sociedade, poder, relações do mundo em que vivem e a busca da sua
econômicas e sociais. A referência é sempre transformação, para que sejam capazes de
os pressupostos da Geografia como ciência nela interferir de forma consciente e
que estuda as formas, os processos, as propositiva, utilizando­se do arcabouço
dinâmicas dos fenômenos que se teórico desta ciência para estabelecer as
desenvolvem por meio das relações entre a relações necessárias à interpretação

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 101
CIÊNCIAS HUMANAS

geog rá fi c a e c on t e x t u a li z a ç ã o d os sua prática em função da realidade dos seus


fenômenos nas escalas locais, regionais e estudantes e, a partir das necessidades
globais. concretas, aborde o conhecimento
De acordo com Callai (2010, p. 412), a geográfico como um instrumento de
Educação Geográfica não se resume transformação e reflexão.
simplesmente em ensinar e aprender É fundamental que sejam criadas e
Geografia, indo muito além, pois significa planejadas situações de aprendizagem em
“transpor a linha de obtenção de informações que os estudantes se utilizem dos conceitos
e de construção do conhecimento para básicos da Geografia para descrever, observar
realização de aprendizagens significativas e analisar os fenômenos que acontecem na
envolvendo/utilizando os instrumentos para sociedade, pois só assim poderão identificar
f a z e r a a n á l i s e ge o g r á f i c a ” . E s s a os problemas e compreender suas soluções.
t ra n s fo r m a ç ã o d e i n fo r m a ç õ e s e m Para tanto, é preciso ir além do livro
conhecimentos constitui­se em elemento didático, do quadro ou da explanação oral:
essencial no processo de ensino e jornais, revistas, computadores, música,
aprendizagem. filmes e outros recursos – quando acessíveis –
Nesse contexto, os docentes contribuem significativamente para gerar
precisam “se apoiar numa fundamentação distintas atividades que favorecem a reflexão
pedagógica sólida, ter clareza dos novos sobre os conhecimentos geográficos,
papéis que assume o conhecimento na potencializando a articulação das teorias
sociedade atual, utilizar diferentes espaços e estudadas com a prática cotidiana dos
linguagens para a aprendizagem e valorizar os estudantes. Vale ressaltar que os recursos
aspectos sociais e culturais da comunidade tecnológicos, por si só, não são os
escolar” (CASTELLAR, 2010, p. 39). Assim, o instrumentos de informação mais importantes
professor de Geografia precisa conhecer os para a sala de aula e nem as pesquisas via
aportes teóricos e metodológicos que internet, mas é necessário que todos os
embasem suas práticas educacionais, professores e estudantes se habilitem a
atuando de maneira crítica e construtiva, manusear e entender a linguagem tecnológica
como agente de transformação no seu juntamente com a leitura de imagens.
ambiente de trabalho – a escola. Assim como Desse modo, o uso de práticas
dominar os conceitos e demais conteúdos pedagógicas associadas à Tecnologia de
geográficos, e dispor de procedimentos Informação e Comunicação pode contribuir
didáticos adequados para favorecer uma com o tratamento didático dos conteúdos, de
melhor compreensão dos estudantes em modo a potencializar, nos estudantes, a
relação ao processo de (re)construção do construção do conhecimento e o
espaço geográfico. De acordo com Cavalcanti desenvolvimento de um pensamento
(2003, p. 195), “Para haver um ensino de autônomo, bem como o reconhecimento do
Geografia com bases críticas, é necessário papel da Geografia no seu cotidiano e a
que haja um professor que exerça [...] percepção de que é parte do espaço
pensamento autônomo para formular sua geográfico. É inegável a atração que os
proposta de trabalho, sensibilidade para re c u r s o s t e c n o l ó g i c o s d e s p e r t a m
dirigir o processo em todas as etapas e nos pedagogicamente em função do uso de
diferentes momentos para o estudante”. Ou imagens, sons e uma infinidade de outros
seja, é necessário que o mesmo desenvolva elementos, e é preciso colocá­los cada vez

102 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

mais a favor da aprendizagem. com os estudantes, pois nos ajudam a


Como nos fala Freire (2003), o problematizar a nossa realidade, além de
educador que, ao ensinar, “castra” a possibilitar o exercício de habilidades
curiosidade do educando, em nome da importantes, tais como: localização,
eficácia da memorização mecânica dos orientação e representação. São estas
conteúdos trabalhados, tolhe sua liberdade, categorias que nos provocam a vivenciar, na
sua capacidade de aventurar­se. prática de ensinar e aprender Geografia, o que
Segundo Cavalcanti (2006, p. 120), a nos ensinou Paulo Freire ao afirmar que a
Geografia Escolar “não se ensina, ela se leitura do mundo precede a leitura da palavra.
constrói, ela se realiza. Ela tem movimento A perspectiva é que esse tipo de
próprio, relativamente independente, leitura possa ser feita por meio da abordagem
realizado por professores, pois são eles que de escalas diversas e que as habilidades de
tomam a decisão sobre o que é ensinado comparação e análise possam ser
efetivamente”. É por meio do caminho teórico exercitadas, ainda que com a ajuda do
metodológico delimitado pelos docentes que professor, por meio de questionamentos que
se destaca a alfabetização cartográfica, na agucem o olhar dos estudantes, provocando o
qual o estudante deve construir os desenvolvimento de um raciocínio espacial.
conhecimentos essenciais para ler, Para Castrogiovanni (2007, p.44), “O
interpretar e compreender as representações Ensino Fundamental e Médio devem ser acima
cartográficas necessárias para a orientação e de tudo, desafiadores, capazes de despertar o
localização no espaço geográfico. interesse dos estudantes para a resolução dos
A escola, portanto, deverá ser um problemas que a vida apresenta”. A Geografia
espaço de construção de conhecimento e escolar é uma disciplina que desenvolve a
transmissão de valores que possibilitem ao capacidade dos estudantes, favorecendo sua
indivíduo desenvolver a sua cidadania, compreensão da realidade, tornando­os
consubstanciados na perspectiva metodo­ capazes de se perceberem como sujeitos da
lógica de inter­relacionar os conteúdos história e agentes de transformação do
escolares e o conhecimento cotidiano, espaço geográfico.
provocando situações de aprendizagem que Neste contexto, Callai (2005, p. 228­
valorizem as referências que resultam das 229) aponta que o ensino de Geografia deve
experiências vivenciadas pelos estudantes. “ler o mundo da vida, ler o espaço e
Nesse contexto, ressalta­se a compreender que as paisagens que podemos
importância de compreender as categorias ver são resultado da vida em sociedade, dos
geográficas que são consideradas “lentes homens na busca da sua sobrevivência e da
para ler o mundo” – paisagem, lugar, território satisfação das suas necessidades”. O intuito
e espaço geográfico – e, por isso, constituem­ é fazer com que os estudantes se percebam
se como elementos norteadores da análise em seu cotidiano, na paisagem da sua rua e
geográfica. A cidade, uma praça, uma feira, a nas desigualdades que se apresentam nos
praia, dentre outros recortes espaciais, podem lugares em que vivem, e a partir daí se
ser estudados sob o olhar e os aspectos posicionem com autonomia, criatividade e
relacionados a cada uma das categorias criticidade diante da realidade.
mencionadas. Essas categorias geográficas
dão o tom em Geografia, no que diz respeito 4.7.1. Organização do Conhe­
aos conteúdos e temas a serem trabalhados cimento Escolar de Geografia

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 103
CIÊNCIAS HUMANAS

QUADROS DE GEOGRAFIA

GEOGRAFIA ENSINO FUNDAMENTAL

104 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 105
CIÊNCIAS HUMANAS

106 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 107
CIÊNCIAS HUMANAS

108 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

4.7.2. Quadros de Geografia Ensino Médio


GEOGRAFIA ENSINO MÉDIO

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 109
CIÊNCIAS HUMANAS

110 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 111
CIÊNCIAS HUMANAS

4.8. Historicização do Compo­ Para tanto, vamos traçar um breve panorama


nente Curricular de Sociologia desse componente curricular, sua formação
como ciência, seu objeto de estudo e seus
O mundo capitalista é herdeiro de eixos estruturantes. A intenção desse texto
uma nova ordem social e histórica gerada por então é demonstrar para você, os elementos
grandes mudanças no mundo ocidental: que são oportunos para a construção do
Renascimento; Reforma Protestante; nosso referencial curricular.
Revolução Industrial; Revolução Francesa; Um dos passos primordiais para o
Teoria da Evolução das Espécies. Tudo entendimento da conceptualização do
apontando para o surgimento de um novo Componente Curricular de Sociologia é
homem, livre para pensar e produzir uma nova percebê­lo como oriundo de um tempo. Isso
sociedade, uma nova ética da vida, uma nova quer dizer em si, a Sociologia enquanto
ciência. Contudo, sabemos que o capitalismo conhecimento científico, acadêmico e
g e ra r i q u e z a s , m a s g e ra t a m b é m disciplinar é fruto de seu tempo (isto é, de um
desigualdades e contradições. processo histórico de formação). Esse
Industrialização, urbanização, processo desenvolve­se em suas raízes desde
pobreza, violência, fome, desemprego, luta de o Iluminismo. A corrente filosófica que abriu
classes (trabalho x capital), conflitos étnicos, precedentes para o processo de livre
guerras... Quais são as causas de tantos argumentação fora das amarras clericais, foi
p ro b l e m a s ? O q u e e x p l i c a t a n t a s d i a m e t ra l m e n t e i m p o r t a n t e p a ra o
contradições? Seria o enfraquecimento moral aparecimento de uma sociedade voltada aos
das instituições e da ordem social? Seria o valores da Ciência. A razão e a ciência,
sentido dado às ações e às relações sociais, portanto, faziam parte de uma cosmovisão
cada vez mais complexo e confuso? Ou seria que imperou em todo desenvolvimento dos
resultado da própria natureza contraditória do séculos XVIII e XIX e em consequência disso no
sistema capitalista, sobrevivendo da aparecimento da confecção de um
exploração do homem pelo homem? Foram pensamento que viesse diagnosticar os
questões como estas que influenciaram a problemas sociais, assim como na tentativa de
formação de uma ciência da sociedade, a solucioná­los. Alguns pontos essenciais do
Sociologia. Mais do que refletir a sociedade e pensamento sociológico já são
o indivíduo, a Sociologia surge e se desenvolve preanunciados na filosofia iluminista, isso é
com o propósito de intervenção social, seja fato; entretanto, existe uma distância grande
para conservar ou para mudar a realidade entre esses anúncios e a formulação de uma
social. metodologia adequada a proposta de uma
Será que a Sociologia contribuiu para ciência em estilo moderno. Nessa assertiva o
formação desse contexto ou é uma Iluminismo será aproveitado pela ciência
consequência dele? Qual o papel da moderna como um arauto do
Sociologia nesse cenário, formar para o desenvolvimento da razão e um pressuposto
mercado de trabalho ou para a cidadania? É lógico de construção, não somente de
possível formar um cidadão crítico e, ao consciência diferente, mas de um “novo
mesmo tempo, profissional ou são tipos de tempo”, de uma nova sociedade. Trata­se da
formações incompatíveis? Refletir sobre estas construção de uma nova cosmologia social,
questões é o objetivo deste material que interpretada por uma nova ciência, a
estamos entregando para você professor. Sociologia.

112 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

O primeiro período de então os mesmos eram observados em uma


desenvolvimento da Sociologia foi marcado mescla de conceitos que era a base das
por um forte paralelismo em relação com as controvérsias da visão do mundo da época – o
ciências exatas e da natureza. Com o Cientificismo oriundo do Iluminismo do século
desenvolvimento técnico científico, que vai XVIII, o Economicismo oriundo do Liberalismo
desde a invenção das máquinas de fiar das e até mesmo a visão teológica de mundo
f á b r i c a s at é o s i m p l e m e n t o s q u e herdada do Cristianismo. A partir de então, a
desembocaram em melhores condições de Sociologia passa a ser refletida como um
extração e energia, desde os protótipos de elemento a ser pensando de forma
eletrodomésticos até as invenções de vacinas, pedagógica e nesse processo – curricular.
desde a reurbanização das grandes cidades Vale salientar que, a Sociologia
europeias até a formulação da teoria enquanto componente curricular vem, desde
evolucionista de Charles Darwin, as ciências o período mencionado acima, sendo
exatas e da natureza acabaram se tornando organizada em parceria com o progresso das
referências cabais do sucesso científico e da ciências sociais e das pesquisas orientadas
aplicabilidade universal de seus métodos – os nesse sentido. No caso do ensino da
arautos da modernidade. sociologia no Brasil, de acordo com Santos,
A s c o n t i n gê n c i a s h i s t ó r i c a s podemos dividir o seu processo de construção
influenciaram muito os pioneiros da em três fases: 1º “(1891­1941) período de
Sociologia. Esta situação, somada aos institucionalização da disciplina no ensino
antagonismos do capitalismo, deu margem ao secundário; 2º (1941­1981) período de
s u rg i m e n t o d e d i f e re n t e s e s c o l a s ausência da Sociologia como disciplina
sociológicas. A Sociologia positivista de obrigatória e 3º (1982­2001) período de
Comte e Durkheim, a Sociologia compreensiva reinserção gradativa da sociologia no Ensino
de Weber e a Sociologia crítica de Marx Médio” (2004, p. 132).
formam a base clássica dessa nova ciência da Portanto, analisar o processo
sociedade. histórico da Ciência Sociológica é também
O positivismo foi uma dessas escolas analisar a dinâmica da vida social e política,
muito influenciada pelos conservadores, bem como a adequação das metodologias do
“profetas do passado” (Martins, 1985), que ensino de Sociologia ao desenvolvimento das
construíram suas obras contra os filósofos pesquisas em Ciências Sociais. Observa­se ai
iluministas, embora se mantenham fieis a a importância de analisarmos essa dimensão
alguns de seus pressupostos, principalmente histórica.
sua crença na razão e no progresso da ciência. Orientados nessa perspectiva, os
Isto é o que pode ser verificado nas teorias professores podem dimensionar de forma
positivistas de Augusto Comte e Émile mais ampla todas as possibilidades existentes
Durkheim. na Sociologia. Tratá­la em sua dimensão
Coube a Durkheim a proposta inicial científica, política, situacional e pedagógica.
de uma organização metodológica para a Observamos que essas dimensões são
Sociologia. Inclusive sendo o próprio o extremamente oportunas, no sentido de
primeiro professor da cátedra de Sociologia ampliar os horizontes do Componente
na Universidade de Bordeaux em 1887. A Curricular e de oportunizar um conhecimento
proposta mais geral de suas teorias era a de mais humanístico que será ofertado aos
mensurar os fenômenos sociais, já que até nossos estudantes.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 113
CIÊNCIAS HUMANAS

Dimensão científica se caracteriza propostas enunciadas anteriormente. Ela


pelos propósitos desenvolvidos pelas deve ser rica o suficiente no sentido em que a
diversas teorias e práticas de pesquisa proposição situacional, a organização política
acadêmicas próprias da Sociologia, e que, e a dimensão teórico­científica da Sociologia
mesmo que pareçam difíceis de lidar pelos estejam culminadas em uma grande proposta
problemas de especialização dos professores diretiva a uma cidadania plena e constitutiva
de nossa rede, faz­se necessário que seja de um sujeito reflexivo e ativo frente a sua
componente elementar na prática docente na realidade social e ao seu processo de ensino –
intenção de subsidiar o processo de reflexão construindo um diálogocontínuo entre a vida e
acerca do fenômeno social. o conhecimento.
Dimensão Política se insere de forma
angular, ou mais propriamente dizemos que 4.8.1. Caracterização do Com­
essa dimensão é a principal razão de ser do ponente Curricular de Sociologia
componente curricular de Sociologia. A
política se organiza como a inserção do Não há medida mais ajustada sobre o
indivíduo nas teias de relações de poderes e que seria a Sociologia do que a mesma como
saberes que estão distribuídos de forma sendo a ciência da sociedade. A Sociologia no
cultural e social. Portanto, essa proposta ensino médio, composta também por
curricular é antes de tudo uma proposição que conhecimentos das outras ciências sociais –
contribua para o entendimento do discente Antropologia e Ciência Política, tem como
sobre sua posição no mundo político que o objeto o homem e suas relações sociais,
rodeia e sobre as possibilidades de inserção políticas e culturais. A pesquisa teórica e
do mesmo sobre essa realidade. Trata­se da empírica também são pontos norteadores do
organização de uma pedagogia proposital, em processo de ensino e aprendizagem para a
que se busca não apenas o conhecimento de Sociologia, em quea grande intenção é fazer
forma fragmentada e conteudística, mas sim com que o estudante entenda, e discuta a
dentro de uma gama de atitudes de caráter estruturação, manutenção e as mudanças
político, social e cultural. sociais, a interação entre indivíduo e
Dimensão situacional compreende sociedade, como se constitui a cidadania etc.
uma apreensão lógica da importância da A lei 9.394/96 estabelece que uma das
Sociologia no mundo moderno e mais, a prioridades do ensino médio é a formação do
importância de que esse conhecimento seja caráter crítico com o objetivo claro do
planificado e distribuído de forma ampla entre exercício pleno da cidadania. É importante
os mais diversos setores da sociedade. A ressaltar que a Sociologia exige um nível e um
escola obviamente deve ser uma das tipo de explicação que ultrapassa os limites do
instituições que disseminam esse conceito. senso comum, já que esse conhecimento é
Em meio a uma modernidade líquida oriundo da formação de um corpo de teorias e
(BAUMAM) em que as instituições e poderes metodologias, constituindo­se numa prática
e s t ã o f r a g m e n t a d o s e m re l a ç õ e s pedagógica e científica.
extremamente capitalistas e individualizadas, No processo de construção desse
um conhecimento que proponha a crítica a documento, podemos observar algumas
essa realidade é extremamente oportuno. questões que são imprescindíveis às
Dimensão Pedagógica congrega demandas educacionais e sociais que estão
todas as outras no sentido de criar tanto em diretrizes nacionais quanto
orientações metodológicas que cumpram as estaduais. A primeira é a referência aos

114 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

documentos norteadores das Matrizes de estratificação social.


Referência do ENEM e a do Ensino Médio 8.Entender o processo de exclusão
Inovador, que são marcos decisivos para a social, pobreza e marginalidade.
conceptualização e operacionalidade do 9.Estar apto a entender o processo de
Ensino Médio nos dias de hoje. No que se construção, manutenção e transformação da
refere ao estado de Alagoas, duas demandas cultura.
foram postas para integrar as atividades do 10.Respeitar as diversidades,
componente curricular de Sociologia. religiosa, cultural, política, de identidade
Primeiro versa sobre a demanda para a sexual, de gênero e de perspectivas.
discussão da temática do cooperativismo e do 11.Compreender as dimensões das
empreendedorismo como política de governo redes sociais que se expressam através das
encabeçada pela SEPLAN (Secretária experiências culturais e a formação das
Estadual de Planejamento) tendo o identidades.
desenvolvimento de políticas educacionais 12.Entender os processos de
sob a responsabilidade da SEE. O segundo se construção e transformação das ideologias e
refere ao projeto “Paz gera Paz” desenvolvido os vários papéis ocupados pelas mesmas
pela SEE. Essa referência é extremamente dentro da sociedade.
importante, pois não é novidade alguma que o 13.Entender e discutir a respeito do
estado de Alagoas é indicado como uma das papel da linguagem dentro da realidade
sociedades mais violentas do mundo. Nesse social.
sentido, sabemos que a educação – 14.Estender o conceito de poder e
sobretudo, no que tange particularmente a suas relações para o entendimento da
área de Ciências Humanas e a Sociologia – dinâmica política a níveis global e local.
pode ser um dos instrumentos pró ativos para 15.Criticar a respeito dos diversos
uma reflexão dessa realidade. sistemas econômicos e as condições
objetivas nas quais eles se sustentam.
Objetivos gerais 16.Analisar o papel dos movi­mentos
1.Compreender melhor a dinâmica sociais e sua relação com o poder público
social, instituído.
2.Compreender a relação­ indivíduo­ 17.Considerar o cotidiano como o
sociedade. espaço de realização das subjetividades,
3.Cooperar, na medida do possível, objetividades e de construção do ser social.
para a construção de modelos sociais mais
justos. Eixos estruturantes
4.Entender o processo de mundia­
lização do capital e das novas tecnologias da 1. Ação Individual E Sociedade
informação. – Processos e Relações Sociais –
5.Refletir Criticamente a respeito dos Manutenção da Ordem – Mudança Social
variados papéis ocupados por instituições – Cultura – Identidade e Alteridade –
sociais, como a família, o estado, a religião Diversidades – Política e Relações de
etc.
Poder – Trabalho – Linguagem e
6.Compreender o próprio papel
Comunicação ­ Cidadania.
dentro das novas estruturas de trabalho do
4.8.2. Quadros do Componente
mundo moderno.
curricular de Sociologia
7.Diferenciar as diversas formas de

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 115
CIÊNCIAS HUMANAS

COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA 1º ANO DO ENSINO MÉDIO


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Iniciativa à produção do conhecimento sociológico;
Estímulo à busca do conhecimento científico e do senso comum;
Empenho para entender os processos de formação e dinâmica das culturas;
Respeito aos princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à justiça e à
distribuição dos benefícios econômicos;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da Sociologia como ciência;
Compreensão e respeito diante da diversidade sociocultural, do global ao local.

COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS


· Refletir criticamente -INDIVIDUO E 10. IMPORTÂNCIA DA
sobre os variados papéis SOCIEDADE 14. Elaborar formas de SOCIOLOGIA
ocupados pelas instituições estudos comparativos 11. CULTURA: A FORMAÇÃO DO
sociais. CULTURA entre as culturas e as SER SOCIAL
· Diferenciar as sociedades. 12. INDIVÍDUO E SOCIEDADE
diversas formas de CIDADANIA 15. Perceber a relação 13. A EMERGÊNCIA DAS
estratificação social. indissociável entre o CIÊNCIAS SOCIAIS NOS SÉCULOS
· Entender o processo NORMAS SOCIAIS desenvolvimento do XVIII E XIX: DO BIOLÓGICO AO
de exclusão social, pobreza indivíduo, da cultura e da SOCIAL.
e marginalidade. MUDANÇA SOCIAL sociedade. 14. ORGANIZAÇÃO DA
· Distinguir os papéis 16. Investigar – na SOCIOLOGIA EM BASES
das variadas normas AÇÃO SOCIAL perspectiva da CIENTÍFICAS: OBJETO E MÉTODOS
sociais para o processo de interdisciplinaridade – a DE INVESTIGAÇÃO.
socialização. TRABALHO E importância de teorias de 15. SOCIOLOGIA POSITIVISTA:
· Compreender as EXCLUSÃO SOCIAL outras ciências, para o AS ETAPAS DA EVOLUÇÃO
diversidades sociocultural e desenvolvimento da SOCIAL.
política. Sociologia. 16. A SOCIOLOGIA DA
· Entender os 17. Entender e criticar a INTEGRAÇÃO SOCIAL: CIÊNCIA E
processos de construção e ideia de Física Social SOLIDARIEDADE
transformação das própria do Positivismo e 17. A SOCIOLOGIA
ideologias e os vários sua repercussão para a COMPREENSIVA DA AÇÃO SOCIAL.
papéis ocupados pelas análise da sociedade. 18. SOCIOLOGIA CRÍTICA:
mesmas dentro da 18. Analisar MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO
sociedade. criticamente sobre as SOCIAL.
· Estender o conceito ideias de Sociologia da
de poder e suas relações Solidariedade e da
para o entendimento da Integração Social.
dinâmica política a níveis 19. Compreender e
global e local. criticar a sociologia da
ideia de Ação Social.
20. Debater a respeito
das variadas formas de
marginalização e
desigualdade social.

116 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Iniciativa à produção do conhecimento sociológico;
Estímulo à busca do conhecimento científico e do senso comum;
Empenho para entender os processos de formação e dinâmica da cultura;
Disposição em aprender os princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da
cidadania, à justiça e à distribuição dos benefícios econômicos;
Curiosidade diante do processo histórico de constituição da Antropologia e da Ciência Política como ciência;
Compreensão e respeito diante da diversidade sociocultural, do global ao local.
COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

· Refletir criticamente - 1. Articular conceitos, 1) Antropologia e Sociologia: um


sobre os variados papéis RELAÇÕES DE PODER; temas e teorias para diálogo necessário entre
ocupados pelas instituições - compreensão da cultura e Evolucionismo, Funcionalismo e
sociais. RELAÇÕES SOCIAIS; da realidade social Estruturalismo.
· Diferenciar as -
diversas formas de IDENTIDADE; 2. Perceber as 2) Instituições Sociais: da
estratificação social. - principais bases formado- socialização à estrutura social
· Entender o processo TRABALHO; ras da Antropologia e da
de exclusão social, pobreza Ciência Política.
e marginalidade. - 3) SOCIOLOGIA
· Distinguir os papéis CIDADANIA; 3. Utilizar hipertextos, CONTEMPORÂNEA: indivíduo e
das variadas normas -CULTURA. que componham uma sociedade como base das novas
sociais para o processo de leitura alternativa da relações e instituições sociais.
socialização. Sociologia – obras
· Compreender as literárias, cinema, músicas 4) Pós-Modernidade e
diversidades sociocultural e etc. Globalização: entre a velha e a nova
política. ordem social.
· Entender os
processos de construção e 5) SOCIEDADE DE CONSUMO:
4. Criticar os principais do luxo ao lixo das desigualdades
transformação das elementos que compõem a sociais.
ideologias e os vários Pós-Modernidade.
papéis ocupados pelas
mesmas dentro da 6) Trabalho na Sociedade
5. Participar de Moderna: formas de organização,
sociedade. debates acerca de
· Estender o conceito lutas e mudanças tecnológicas.
temáticas do mundo
de poder e suas relações contemporâneo,
para o entendimento da 7) Papel Social das redes de
transversais a Sociologia, Comunicação Global.
dinâmica política a níveis
global e local. 8) Movimentos Sociais.
6. Criticar os diversos 9) Pobreza e Estratificação Social.
papéis ocupados pelos
meios de comunicação de
massa em nossa
sociedade.

7. Compreender o
processo de formação dos
movimentos sociais e sua
relação de luta contra os
poderes instituídos.

8. Criticar as relações
sociais que provocam as
variadas formas de
marginalização e pobreza.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 117
CIÊNCIAS HUMANAS

COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO


DIREITOS DE APRENDIZAGEM
ATITUDES:
Iniciativa à produção do conhecimento sociológico;
Estímulo à busca do conhecimento científico e do senso comum;
Respeito e diálogo com as diferenças socioculturais;
Empenho para entender os processos de formação e dinâmica da cultura local e nacional;
Disposição em aprender os princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da
cidadania, à justiça e à distribuição dos benefícios econômicos;
Compreensão e respeito diante da diversidade sociocultural, do global ao local.
COMPETÊNCIAS EIXO HABILIDADES CONTEÚDOS CONCEITUAIS

· Refletir criticamente R - Articular os conceitos 1) O Desenvolvimento da


sobre os variados papéis ELAÇÕES DE PODER; sociológicos com os temas Sociologia no Brasil: temas e
ocupados pelas instituições - e problemas sociais do problemas.
sociais. RELAÇÕES SOCIAIS; Brasil contemporâneo.
· Diferenciar as - Produzir formas de 2) Questões sociais do Brasil:
diversas formas de IDENTIDADE; estudos comparativos Discussões acerca de cidadania,
estratificação social. - sobre a diversidade democracia, ética, moral, direitos
· Entender o processo TRABALHO; sociocultural do nosso humanos, entre outros.
de exclusão social, - povo.
CIDADANIA; Identificar os temas e 3) Comunidade e Sociedade
-CULTURA. problemas do Brasil
pobreza e marginalidade. contemporâneo. 4) Comunidades Afro-brasileira e
· Distinguir os papéis Indígena: um panorama da realidade
das variadas normas Conhecer a diversidade atual.
sociais para o processo de sociocultural do Brasil e de
socialização. Alagoas. 5) Aplicação e prática dos
· Compreender as métodos e técnicas de Pesquisa
diversidades sociocultural e Compreender a relação Sociológica: articulada à realidade do
política. entre teoria e prática na Brasil e de Alagoas.
· Entender os pesquisa sociológica.
processos de construção e 6) Temas e problemas da
transformação das Problematizar a realidade cidadania em Alagoas: pobreza,
ideologias e os vários social de Alagoas. violência e desigual social,
papéis ocupados pelas representação social e política,
mesmas dentro da movimentos sociais etc.
sociedade.
Articular prática e teoria na
pesquisa sociológica.
Fomentar o gosto pela
postura de investigação e
compreensão crítica das
variadas faces da realidade
social, política e cultural.

Investigar, problematizar e
debater os temas e
problemas sociais.
Participar de debates
acerca de temáticas do
Brasil contemporâneo.
· Estender o conceito
de poder e suas relações
para o entendimento da
dinâmica política a níveis
global e local.

118 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

4.9. Caracterizando a Filosofia Assim sendo, entendemos que


uma das tarefas da filosofia, que aqui é
Prezados(as) Professores(ras) capital, é iluminar o sentido teórico e
prático daquilo que pensamos e
Apresentamos o nossa proposta de fazemos. Que nos leve a compreender a
Organização Curricular para o Ensino Médio origem de ideias e valores que
de Filosofia. respeitamos ou odiamos, que nos
A presente proposta é resultado das esclareça quanto à origem da obediência
atividades de equipe de consultores em a certas imposições e quanto ao desejo
debate com professores e outros profissionais de transgredi­las. Enfim, que nos diga
envolvidos com o ensino de Filosofia no Ensino alguma coisa acerca de nós mesmos, que nos
Médio, em Alagoas, esta proposta trata de ajude a compreender como, por que, para
Conteúdo Básico Comum – CBC para a área de quem, por quem, contra quem ou
Filosofia, motivada pela Resolução .4 do CNE contra o que as ideias e os valores
/ CEB, de 16/08/21006, que determina a são elaborados e o que podemos fazer deles.
obrigatoriedade da disciplina Filosofia no O trabalho da Filosofia não consiste
Ensino Médio. Esperamos que esta proposta em trazer, necessariamente, soluções e
seja aperfeiçoada pela prática efetiva de sala respostas, mas em pensar o existente, a
de aula. Partimos de princípios estabelecidos experiência individual e coletiva, a prática. Daí
pelos PCN (2002) e, sobretudo, pelas a necessidade de desenvolver a capacidade
Orientações Curriculares para o Ensino Médio de ler e de entender os textos filosóficos e a
– Ciências Humanas e suas Tecnologias: própria realidade, de educar os professores e
Ensino de Filosofia (2006), aos quais estudantes para o exercício da dúvida, da
remetemos nossos leitores e leitoras. contestação, do pensamento, bem como de
As indicações aqui presentes não descobrir e de se indignar contra toda
devem ser compreendidas como planos de e qualquer forma de exclusão; no
aula que substituam as estratégias didáticas sentido da humanização de todos os homens
de cada professor em particular. Pensamos e de todas as mulheres, da criação de
que esses conteúdos só terão sentido se instituições e sociedades verdadeiramente
forem objeto de apropriações didáticas humanas, o que jamais poderá ser
criativas, vivas e adequadas às realidades preocupação, compromisso e tarefa de uma
singulares das salas de aulas e da comunidade só matéria, mas de um trabalho transversal e
escolar.. transdisciplinar que ajude os sujeitos,
Acreditamos que a contribuição historicamente situados, a construírem
significativa da filosofia, ao abordar a própria práticas efetivas de cidadania.
filosofia, a educação e a cidadania, é cumprir Assim sendo, concebemos que a
com a sua especificidade: a ruptura com o Filosofia (seria melhor dizer; as filosofias) não
senso comum e com o dogmatismo, é feita para refletir sobre qualquer coisa. A
propiciando a abertura para o debate, a capacidade de refletir é uma habilidade
crítica, a manifestação da contradição no que pode ser desenvolvida sem o auxílio
âmbito da relação entre o público e o privado, da Filosofia. Mesmo quando dizemos
naquilo que é urgente para a construção da que a Filosofia é uma atividade de reflexão
cidadania em Alagoas. crítica de conjunto, rigorosa e sistemática, o
que parece já virou lugar comum em vários

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 119
CIÊNCIAS HUMANAS

manuais apostilados que existem no mercado constroem e se desconstroem. Porque os


e direcionados ao ensino médio, a filosofia é conceitos filosóficos não são noções
reduzida a uma interpretação genérica, o que universais, mas singularidades, a filosofia
pode minimizar seu potencial criador de formula os conceitos adequados à
conceitos. contemplação, à reflexão, à comunicação,
O que a Filosofia tem a dizer, o diz em que o conceito impede o pensamento de
porque é uma disciplina criativa e inventiva ser uma simples opinião, o conceito é o que faz
como qualquer outra e mantém pensar em domínios heterogêneos.
transversalidades com as demais. A Nestes termos, as Orientações
importância da Filosofia reside na sua Curriculares para o Ensino de Filosofia alertam
potencialidade para construir conceitos, o âmbito da filosofia como instrumento,
entendendo os conceitos como também, de aprimoramento da leitura e
necessidades que brotam da experiência escrita, que estão profundamente vinculadas
humana. Os conceitos não existem em­si e ao caráter argumentativo desse campo de
por­si mesmos, não são entidades saber e contribuem para o desenvolvimento
metafísicas que existiriam como essências de um pensamento autônomo e crítico. Para
intemporais (nem associados, de desenvolver essas competências e
antemão, a critérios transcendentais de habilidades de forma filosófica, é preciso
verdade, universalidade, imutabilidade), não lembrar que o diferencial do ensino da
são anteriores à práxis das singularidades e disciplina Filosofia está em sua referência à
dos coletivos historicamente situados. História da Filosofia ou, em outras palavras, à
Contudo, a construção de conceitos, como tradição filosófica – o que certamente exige
devires, é perpassada por um conjunto de um professor formado no contato com esses
atitudes: perceber, problematizar, refletir e conteúdos, especialmente a partir da
argumentar. São essas atitudes que deverão experiência com o texto filosófico.
ser ensejadas no transcorrer da relação Propor que a História da Filosofia e o
ensino­aprendizagem, isto é, a partir de texto filosófico devem ter um papel capital no
conteúdos e competências aprende­se a ensino da Filosofia, não é dizer que outros
perceber, problematizar, refletir e argumentar; tipos de texto ou material não possam ser
para chegar à produção do conceito como ato usados como recursos didáticos. Ao
filosófico. contrário, textos científicos e literários, filmes,
Ensinar filosofia é, também e como obras de arte e mesmo acontecimentos
criação de conceito, pensar, e pensar é criar, podem e devem estar presentes na sala de
não unicamente refletir. É colocar a aula, não apenas como elementos
questão do sentido e da verdade, não da motivadores, mas também como objetos de
verdade. É exercer o pensamento como leitura filosófica. Porém, busca­se que a
atividade inventiva na ordem dos especificidade da Filosofia está no trabalho
problemas, das regras e dos conceitos: o com conceitos e que o lugar por excelência da
pensamento como criação. Essa é uma exposição e explicitação de conceitos é o
das possibilidades do ensino da filosofia: texto filosófico. Este deve, portanto, estar
experimentar novas relações entre os seres, presente não apenas na formação do
construir novas composições; o pensamento professor, mas também na sala de aula do
como plano de composição em que as Ensino Médio.
relações e os acontecimentos se

120 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

4.9.1. Organização do Conhecimento Escolar de Filosofia

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 121
CIÊNCIAS HUMANAS

122 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 123
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


Capítulo 5
CIÊNCIAS HUMANAS

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CIÊNCIAS HUMANAS

ORIENTAÇÕES DIDÁTICO­METODOLÓGICAS

A definição de boas estratégias metodológicas a serem


adotadas durante o processo de ensino e aprendizagem, em todas
as etapas de ensino, é condição sine qua non ao planejamento e
desenvolvimento de uma prática pedagógica significativa e
profícua. Nessa perspectiva, este capítulo abordará a questão
metodológica como ponto central à estruturação do currículo
escolar.

5.1. A questão metodológica40

A perspectiva teórica adotada neste Referencial Curricular


é coerente com a tendência predominante hoje nas concepções de
currículo escolar e tem o foco no uso dos conhecimentos
adquiridos, não no acúmulo de informações que se somam ano a
ano, sem que os estudantes efetivamente trabalhem com elas. Não
são poucos os estudos a evidenciar que informação e
conhecimento são muito diferentes e que, do ponto de vista da
aprendizagem, as informações que contam de fato são aquelas que
se convertem em conhecimento próprio.
Esse tipo de concepção pressupõe abordagens
metodológicas compatíveis e, atualmente, as que são consideradas
mais adequadas são as metodologias centradas no trabalho
pedagógico com situações­problema: situações desafiadoras,
porque difíceis e possíveis ao mesmo tempo, em que se articulam
atividades desenvolvidas pelos estudantes e intervenções
pedagógicas adequadas às necessidades e possibilidades de
aprendizagem que eles têm. Essa forma de trabalhar os conteúdos
escolares é chamada por alguns estudiosos de modelo
metodológico de resolução de problemas e por outros de
aprendizagem baseada em problemas.
Trata­se de uma prática pedagógica assim pressupõe:
·favorecer a construção da autonomia intelectual dos
estudantes;
·considerar e atender às diversidades na sala de aula;
·favorecer a interação e a cooperação;
·analisar o percurso de aprendizagem e o conhecimento
prévio dos estudantes;
·mobilizar a disponibilidade para a aprendizagem;
·compatibilizar objetivos de ensino e objetivos de

40
Texto produzido por Rosaura Soligo

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 127
CIÊNCIAS HUMANAS

realização dos estudantes; ·atualizar­se em relação aos


·criar situações que aproximem, o componentes e áreas curriculares com as
41
mais possível, "versão escolar" e "versão quais trabalha."
social" das práticas e conhecimentos
tomados como conteúdos na escola; O que garante os resultados
·organizar racionalmente o tempo;
·organizar o espaço em função das A observação da realidade e algumas
propostas de ensino e aprendizagem; pesquisas sobre o ensino e a aprendizagem
·selecionar materiais adequados ao vêm indicando que há um conjunto de fatores
desenvolvimento do trabalho; que, de modo geral, interferem nos resultados
· avaliar os resultados obtidos e (positivos ou negativos) do trabalho
redirecionar as propostas, se eles não forem pedagógico. Os principais são os seguintes:
satisfatórios.
Para realizar um trabalho pedagógico ·a concepção de ensino e aprendi­
orientado por esses propósitos, é preciso zagem do professor e o nível de conhecimento
desenvolver cada vez mais os saberes profissional de que dispõe;
docentes para: ·a crença do estudante na sua própria
·analisar a realidade, que é o contexto capacidade de aprender e o reconhecimen­
da atuação; to/ a valorização dos seus próprios saberes;
·planejar a ação a partir da realidade ·o contexto escolar em que as
à qual se destina; situações de ensino e aprendizagem3
·antecipar possibilidades que acontecem;
permitam planejar intervenções com 42
·o contrato didático que rege as
antecedência; situações de ensino e aprendizagem;
·identificar e caracterizar problemas ·a relação professor­estudante;
(obstáculos, dificuldades, distorções, ·o planejamento prévio do trabalho
inadequações); pedagógico;
·priorizar o que é relevante para a ·as condições de realização das
solução dos problemas identificados e tomar atividades propostas;
as medidas que ajudam a solucioná­los; ·a intervenção do professor durante
·buscar recursos e fontes de as atividades;
informação que se mostrem necessários; ·a gestão da sala de aula;
·compreender a natureza das ·a relação da família com a
diferenças entre os estudantes; aprendizagem dos estudantes e com a
·estar aberto e disponível para a proposta pedagógica.
aprendizagem;
·trabalhar em colaboração com os E, quando a perspectiva metodoló­
pares; gica é a da resolução de situações­problema,
·refletir sobre a própria prática; as propostas são consideradas situações de
·utilizar a leitura e a escrita em favor aprendizagem de fato sempre que: há desafios
do desenvolvimento pessoal e profissional; que exigem dos estudantes o uso do que
sabem e pensam; o conteúdo trabalhado
42
O 'contrato didático' é uma espécie de 'script' relacionado à natureza e ao modo de funcionamento da escola enquanto instituição que configura papéis, expectativas,
direitos e deveres – geralmente implícitos – que dizem respeito aos professores, estudantes e situações de ensino e aprendizagem.
41
In: Guia de Orientações Metodológicas Gerais ­ PROFA, SEF­MEC, 2001.

128 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

mantém suas características de objeto compatível com as possibilidades do


sociocultural real, sem transformar­se em estudante, ou seja, 'obriga­o' a mobilizar seus
objeto escolar vazio de significado social; a conhecimentos prévios e a produzir outros;
organização da tarefa pelo professor garante ·configura­se como algo instigante,
a máxima circulação de informação possível que vale a pena: uma situação­problema não é
entre todos (WEISZ: 1997). uma situação 'problemática' e tão complexa
que desmobiliza o estudante pela
Difícil e possível: é este o problema grandiosidade;
Tal como outros estudiosos têm ·possibilita a antecipação dos
defendido com formulações bem parecidas, o resultados e a socialização, antes de se
43
pesquisador Philippe Meirieu afirma que, do chegar ao final – arriscar faz parte do 'jogo';
ponto de vista didático, uma situação­ ·potencializa a argumentação, a
problema pressupõe uma tarefa que não se discussão, a fundamentação, o embate
pode realizar sem que ocorra uma produtivo das ideias, quando realizada em
a p re n d i z a ge m p re c i s a e q u e e s s a parceria;
aprendizagem – verdadeiro objetivo da ·comporta 'internamente' as formas
proposta – acontece ao ser vencido o desafio de validação da solução (ou das soluções,
que está posto. quando for o caso) – o caminho para a
Uma situação de ensino é situação­ resposta ao desafio se encontra de algum
problema quando44: modo na proposta;
·tem como proposta a resolução de ·favorece a análise coletiva do
um desafio; percurso, desde o contato com a proposta até
·organiza­se em torno de uma a solução, o que favorece a tomada de
atividade concreta, que permite efetivamente consciência das estratégias e das habilidades
a formulação de hipóteses, suposições, utilizadas, a generalização e a estabilização
conjecturas, estimativas; que serão úteis para o desempenho em outras
·funciona como um desafio que o situações.
estudante se sente capaz de encarar, mesmo Como se vê, uma situação­problema
se precisar de algum tipo de ajuda para tanto se define principalmente em função dos
o problema, apresentado inicialmente como sujeitos para os quais está posta, tendo em
uma proposta didática, é assumido pelo conta o conhecimento que eles têm ou não.
estudante como uma questão sua, o que A tarefa de encontrar resposta para
potencializa o empenho, o engajamento na “quanto é 3 mais 2?”, por exemplo, só será um
resolução da tarefa; problema (um bom problema a resolver)
·apresenta um 'obstáculo real' a ser quando for difícil e possível ao mesmo tempo
necessariamente transposto é o que faz com para uma criança pequena. Se ela tiver dois
que o estudante busque os recursos anos de idade e/ou não dispuser de recursos
intelectuais disponíveis e/ou construa novas para chegar a esse resultado, não será um
alternativas para dar conta do problema, já p ro b l e m a a re s o l v e r , s e r á u m a
que precisa encontrar os meios para isso; impossibilidade; se ela já souber, será uma
·tem um grau de dificuldade proposta tola, que não reverte em

43
In Aprender... Sim, mas como? Porto Alegre: Artmed, 1998
44
Essas dez características de uma situação­problema foram sistematizadas a partir do que apresenta Philippe Perrenoud em Dez novas competências para ensinar,
(2000), baseado no que propõe Jean Pierre Astolfi em vários trabalhos.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 129
CIÊNCIAS HUMANAS

aprendizagem. No entanto, se ela não souber, mesmo que precisem discutir com os colegas
mas tiver meios para chegar a uma resposta, aí ou receber ajuda do professor), se puderem
então será uma situação­problema por si mesmos considerar que o resultado a
adequada, por apresentar um desafio que chegaram é razoável ou válido, se
compatível com suas possibilidades de puderem usar o que aprenderam em outras
aprender. situações.
O mesmo ocorre em se tratando de O ingrediente principal de uma
uma equação complexa. Se o estudante não prática pedagógica com esse enfoque
tiver os conhecimentos prévios necessários metodológico é considerar o aprendiz um
para resolvê­la, não será um problema, será sujeito de fato. Como dizia Karl Marx há muito
uma impossibilidade. E se já souber resolvê­la tempo e por outras razões: “de cada um de
sem a menor dificuldade não será um acordo com suas capacidades, a cada um, de
problema que funciona como situação de acordo com suas necessidades”. Essa
aprendizagem, será um mero exercício. Para máxima vale, também, para a educação
que seja uma situação­problema adequada, escolar.
precisará apresentar um desafio compatível
com as possibilidades de aprender do 5.2. Pesquisa e letramentos
estudante, isto é, precisará, ao mesmo tempo,
ser difícil e possível. A perspectiva deste Referencial
Observando rapidamente as dez Curricular é também conceitualmente afinada
características relacionadas acima, pode com a tendência que vem se tornando
parecer que a formulação de situações­ predominante nos últimos anos quanto à
problema é de uma enorme complexidade necessidade de ampliação do processo de
para os professores, que jamais daríamos letramento e das habilidades de pesquisa.
conta de planejá­las, o que não é exatamente Há quase duas décadas, desde a
real. O mais importante é saber que publicação dos Referenciais e Parâmetros
conhecimento os estudantes têm (ou não) Curriculares Nacionais nos anos 90, e de
sobre o que a proposta pede. Por exemplo, a forma incisiva nos recentes documentos do
depender do grupo de estudantes, a busca de Ensino Médio – como, por exemplo, o
resposta para a pergunta “Por que está Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI) –
havendo aquecimento global?” pode são enfatizados alguns pressupostos
representar uma situação­problema valiosa. curriculares importantes para a ampliação
Mas se todos já souberem 'a priori' a resposta, das capacidades de leitura, estudo, pesquisa e
porque já estudaram o assunto e letramento. Alguns deles são os seguintes:
compreenderam as razões do aquecimento, “foco na leitura e letramento como elementos
será apenas uma conversa. de interpretação e de ampliação da visão de
Mesmo que aparentemente muito mundo, basilar para todas as áreas do
simples, uma proposta didática será sempre conhecimento; atividades teórico­práticas
uma situação­problema se apresentar um que fundamentem os processos de iniciação
desafio real, com um grau de dificuldade científica e de pesquisa, utilizando
adequado ao conhecimento dos estudantes, laboratórios das ciências da natureza, das
se instigar a formulação de hipóteses e ciências humanas, das linguagens, de
antecipações, se mobilizá­los a buscar uma matemática e outros espaços que
resposta (por se sentirem capazes para tanto,

130 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

potencializem aprendizagens nas diferentes quer sejam relacionados a vivências mais


áreas do conhecimento; atividades em pragmáticas, quer sejam aos contextos
Línguas Estrangeiras/Adicionais, científicos.
desenvolvidas em ambientes que utilizem Mas existe pesquisa na escola de
recursos e tecnologias que contribuam para a Educação Básica? Professores e estudantes
aprendizagem dos estudantes; fomento às da Educação Básica são pesquisadores?
atividades de produção artística que Muito se tem discutido sobre esta temática,
promovam a ampliação do universo cultural uma vez que a pesquisa é sempre colocada
dos estudantes; fomento às atividades como prática apenas da academia.
esportivas e corporais que promovam o Universidade e Escola são colocadas sob uma
desenvolvimento integral dos estudantes; lógica hierárquica, pois a primeira produz
fomento às atividades que envolvam conhecimento para a segunda reproduzir.
comunicação, cultura digital e uso de mídias e Assim, a universidade detém as competências
tecnologias, em todas as áreas do de pesquisar e produzir conhecimento.
conhecimento; propostas de ações que Todavia a pesquisa é elemento
poderão estar estruturadas em práticas decisivo na formação inicial e continuada de
pedagógicas multi ou interdisciplinares, qualquer profissional. O ato de pesquisar
articulando conteúdos de diferentes desencadeia um processo emancipatório. A
componentes curriculares de uma ou mais pesquisa deve perpassar todo percurso
áreas do conhecimento” (ProEMI). educativo do indivíduo, seja durante a
A rigor, em se tratando dessas Educação Básica, a graduação ou pós­
capacidades, não há nada de muito diferente graduação. O objetivo é propiciar a formação
ou contraditório entre o que recomendam os de profissionais reflexivos e críticos­
documentos mais atuais e o que defendiam os investigadores da realidade, desenvolvendo
documentos publicados pelo Ministério da sua autonomia. Cada vez mais se faz
Educação na última década do século necessária a descentralização de processos
passado. O desafio é, cada vez mais, que revelem necessidades e descobertas. A
converter esses pressupostos curriculares em escola da Educação Básica, além de espaço
ações efetivas nas salas de aula. de vivências de estudantes e professores,
pode ser campo de pesquisa para esses
5.2.1. A pesquisa na escola de mesmos que a compõem.
educação básica
45 Demo (2000) chama atenção para
prática de um ensino pela pesquisa,
O dicionário Aurélio define Pesquisa desmistificando a ideia de que esta prática só
como ato ou efeito de pesquisar, investigação pode ser realizada pela academia. Assim, a
e estudo, minuciosos e sistemáticos com o fim escola da Educação Básica pode realizar
de descobrir fatos relativos a um campo do pesquisa desde a Educação Infantil ao Ensino
conhecimento. Dessa forma, a organização Médio, considerada como uma atividade de
de uma sistemática ou metodologia ajudará processo educativo e democrático.
na consecução de objetivos e descobertas. É Sendo assim, estudantes precisam
uma concepção que pode ser observada e redescobrir o encantamento das diversas
empregada em contextos diversos, ciências. A escola deve ser promotora de
45
Texto produzido pelo prof. Ricardo Lisboa Martins – licenciado em Filosofia e Matemática, mestre em Educação Matemática – técnico
pedagógico da Superintendência de Políticas Educacionais.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 131
CIÊNCIAS HUMANAS

situações motivadoras e problematizadoras, um ensino que os estudantes aprendam e


que permitam a descoberta do conhecimento confrontem com as vivências de sua
e, acima de tudo, fascinação por aprender. comunidade.
Através da pesquisa estudantes observarão
46
que as ciências não estão acabadas, são 5.2.2. Letramentos
dinâmicas e que cada época histórica e
cultural produziu conhecimento. Na sociedade atual a escrita é meio
Da mesma forma, os professores de comunicação preponderante, circula
p re c i s a m t a m b é m re d e s c o b r i r o através dos mais diversos suportes e
encantamento de sua prática como propósitos comunicativos, exigindo que todos
professor. Valorizar sua ação profissional, os cidadãos façam uso situado dela. A este
entendendo que um envolvimento mais uso situado das funções da escrita, para
estreito com a comunidade escolar se faz alguns autores (Soares, 2010; Kleiman, 2008;
necessário. A inserção do professor no Mortatti, 2004), dá­se o nome de letramento.
contexto escolar não se resume à tarefa de
transmitir conteúdos, mas conhecer e O conceito de letramento aqui
participar das vivências da comunidade explicitado está diretamente relacionado à
escolar. É ele quem vivencia e observa, de mais língua escrita e seu lugar, suas funções e seus
perto, as situações que cada estudante tem usos nas sociedades letradas, isto é,
como experiência. Portanto, é aquele sociedades organizadas em torno de um
problematizador do conhecimento escolar. É sistema de escrita e em que esta, sobretudo
o promotor direto de um conhecimento que por meio do texto escrito e impresso, assume
precisa ser cada vez mais significativo para importância central na vida das pessoas e em
aquele que aprende. suas relações com os outros e com o mundo
Quando falamos de Ensino em que vivem.
recorremos a Paulo Freire, que diz de uma Nessa perspectiva, cabe à escola
busca incessante no ato de ensinar: instrumentalizar os estudantes para que
tenham condições de fazer, cada vez maior e
Enquanto ensino continuo buscando, melhor, uso da função social da escrita,
reprocurando. Ensino porque busco, porque atendendo as suas necessidades de
indaguei, porque indago e me indago. comunicação dentro e fora da escola,
Pesquiso para constatar, constatando, tornando­se, consequentemente, sujeitos
intervenho, intervindo educo e me educo. mais letrados. Para formar sujeitos cada vez
Pesquiso para conhecer o que ainda não 47
mais letrados Maria Vilma(2013) afirma que
conheço e comunicar ou anunciar a novidade. faz­se necessário realizar uma prática
(FREIRE, 1996, p.32) pedagógica que invista no desenvolvimento
de capacidades relacionadas à compreensão
A pesquisa permite que o professor e à valorização da cultura escrita, que são:
redescubra formas de promover uma ciência ·Conhecer, utilizar e valorizar os
encantadora, um conhecimento significativo e modos de produção e de circulação da escrita
ao mesmo tempo, se renova como na sociedade;
profissional. Também permite que construa ·Conhecer os usos e funções sociais
46
Texto produzido pela profa. Maria Vilma da silva ­ licenciada em Pedagogia, especialista em Formação de professores da Educação Básica e Mestra em Educação e
Linguagem – técnica pedagógica e Gerente da Organização do currículo escolar – GEORC/SEE­AL.
47
In . Revista Eletrônica da educação de Alagoas – REDUC – ler artigo A organização de uma prática pedagógica de alfabetização sociointeracionista.

132 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

da escrita; necessidade comunicativa, definindo, com


·Conhecer os usos da escrita na antecedência, o que dizer, para quem dizer e
cultura escolar: como dizer;
­ saber usar objetos de escrita ·A orientação à produção de textos a
presentes na cultura escolar; partir, inicialmente, da organização de um
­ desenvolver capacidades esquema lógico das ideias a serem registradas
específicas para escrever. e de rascunhos, garantindo a possibilidade de
A autora afirma ainda que, para estas construção de diferentes versões do mesmo
capacidades serem desenvolvidas, faz­se texto.
necessário a escola se organizar para o
desenvolvimento de atividades que permitam, Como se pode perceber, embora o
de fato, o uso significativo da função social da desenvolvimento da habilidade de ler e de
escrita e, consequentemente, a ampliação do escrever seja da competência da escola, o uso
processo de letramento. Pois, se letramento é das suas funções extrapola a esfera escolar,
o “Resultado da ação de ensinar e aprender as assim, concordamos com Kleiman (2008, p.
práticas sociais de leitura e escrita. O estado 20) quando afirma que o “[...] fenômeno do
ou condição que adquire um grupo social ou letramento extrapola o mundo da escrita tal
um indivíduo como consequência de ter­se qual ele é concebido pelas instituições que se
apropriado da escrita e de suas práticas encarregam de introduzir formalmente os
sociais (SOARES, 2009, p. 39)”, a condição de sujeitos no mundo da escrita”; letramento
letrado está ligada diretamente ao maior ou seria um conjunto de práticas com objetivos
menor uso, das práticas de leitura e de escrita. específicos e em contextos específicos, que
Objetivando que a escola favoreça a envolvem a escrita. Assim sendo, a escola,
ampliação do processo de letramento dos dentre várias outras instituições se constitui
seus estudantes, acreditamos que as como agência de letramento.
atividades abaixo relacionadas favorecem a
formação de leitores e escritores proficientes 5.2.3. A relação entre letra­
e, consequentemente, de sujeitos mais mento e escolarização
letrados:
Ancoramo­nos em Masagão(2001) e
·A disponibilização de diferentes Soares(2004), para afirmar que há uma
textos, de diversos gêneros para que relação direta entre escolarização e grau de
manuseiem e observem o propósito letramento, ou seja, conforme aumentam os
comunicativo e a estrutura composicional dos anos de escolarização, aumenta, também, o
referidos textos; nível de letramento em que os sujeitos são
·A exploração da estrutura dos classificados.
diferentes suportes textuais, tais como: livro Dessa forma, há uma grande
(capa, autor, ilustrador, contracapa, sumário, responsabilidade da escola na ampliação do
paginação, estilo do(s) autor(es) e nível de letramento dos seus estudantes. É
ilustrador(es) ­ tipo de linguagem utilizada, preciso que a escola aproxime cada vez mais a
tipo de público para o qual a obra está sua prática pedagógica das necessidades de
destinada etc.), jornal e revista; uso do conhecimento, pois, segundo Soares
·A orientação para produção de (2004), na escola, eventos e práticas de
diferentes gêneros textuais a partir de uma

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 133
CIÊNCIAS HUMANAS

letramento são planejados e instituídos, relação entre letramento e escolarização.


selecionados por critérios pedagógicos, com Dessa forma, defendemos que ela, a escola,
objetivos predeterminados, visando à efetive definitivamente a interrelação entre o
aprendizagem e quase sempre conduzindo a letramento escolar e o letramento social a
atividades de avaliação, e na vida cotidiana, partir do uso situado da leitura e da escrita e
eventos e práticas de letramento surgem em dos conhecimentos que circulam no mundo.
circunstâncias da vida social ou profissional, Nessa perspectiva, apontamos a
respondendo a necessidades ou interesses pesquisa escolar como atividade propulsora
pessoais ou grupais; são vividos e para a realização dessa relação, pois a
interpretados de forma natural, até mesmo pesquisa exige uso situado das diferentes
espontânea. fontes de informações através da busca
Diante disso, a autora afirma que incessante de elementos que elucidem os
existe o letramento escolar e o letramento seus questionamentos. Isto obrigará a escola
social. Para ela, letramento escolar se refere fazer a relacionar com as diferentes agências
às habilidades de leitura e de escrita de letramentos, se constituindo como agência
desenvolvidas na e para a escola. Já o formadora de sujeitos cada vez mais letrados.
letramento social se refere às habilidades
demandadas pelas práticas sociais. 5.3. O desenvolvimento das
A hipótese aqui é, então, que habilidades de leitura
letramento escolar e letramento social,
embora situados em diferentes espaços e em Quanto mais a escolaridade avança,
diferentes tempos, são parte dos mesmos maior é a habilidade que se exige dos
processos sociais mais amplos, o que estudantes para aprender diferentes
explicaria por que experiências sociais e conteúdos por meio da leitura e para
culturais de uso da leitura e da escrita demonstrar por escrito o que aprenderam.
p ro p o rc i o n a d a s p e l o p ro c e s s o d e Eles devem escrever o que entenderam do que
escolarização acabam por habilitar os leram, localizar informações, expressar com
indivíduos à participação em experiências suas palavras o que sabem, selecionar
sociais e culturais de uso da leitura e da escrita aspectos relevantes, fazer resumos, dentre
no contexto social extraescolar (SOARES, outras habilidades.
2004, p. 111). É preciso considerar, entretanto, que
aprender a partir da leitura exige não apenas a
Em se tratando de práticas e eventos retenção de informações, mas sua
de letramentos com características distintas, transformação em conhecimento de fato. E é
o letramento escolar e o letramento social aí que reside a tarefa fundamental e
fazem parte de um mesmo processo. Em intransferível da escola: ensinar aos
decorrência disso, supõe­se que o sujeito que estudantes as habilidades que todo leitor
vivencia práticas de letramento escolar, via de competente pode utilizar quando precisa
regra, acaba por habilitar­se para a vivência de aprender com os textos. Além de esse ser um
práticas que exijam o letramento fora do aprendizado essencial para avançar na
contexto escolar. escolaridade, é também uma necessidade do
Diante disso, entendemos que a mundo atual, se considerarmos que a grande
escola é uma das principais agências de quantidade de informações produzidas e
letramentos e que é necessário alargar a

134 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

veiculadas em diferentes meios de será preciso conhecê­los na escola, o que


comunicação requer do leitor relativa significa que é tarefa dos professores dos
autonomia para selecionar e interpretar de diferentes anos/séries e componentes
forma adequada aquilo que responde às suas curriculares garantir o acesso a eles.
necessidades. Dentre a variedade de gêneros que os
Portanto, não é suficiente que os estudantes precisam aprender a ler, há alguns
estudantes aprendam os conteúdos a partir prioritários, que são os predominantemente
do texto, mas sim que desenvolvam expositivos: textos cuja finalidade é fazer
habilidades que lhes permitam compreendê­ compreender um assunto, apresentar um
lo e aprender com ele. É necessário ensinar os tema novo ou expor um conceito em que o
estudantes a estudar e a tomar consciência do autor apresenta informações sobre um
que é preciso fazer efetivamente para estudar conteúdo supostamente desconhecido ou
um texto. Tal como afirma Délia Lerner48(1999, pouco familiar aos leitores, com as
p.11): explicações necessárias para favorecer o
Tornar objeto de ensino os usos da entendimento do que é tratado. Em geral,
leitura e da escrita em diversos componentes quem produz esses textos pretende ensinar
curriculares significa oferecer a todos os algo pela escrita – como ocorre com os que se
estudantes maiores oportunidades para que encontram nos livros didáticos.
se apropriem desses usos para aprender, Os gêneros de natureza expositiva
significa habilitá­los a utilizar essas possuem uma forma própria de organização
ferramentas de forma competente e eficaz, das informações e apresentam recursos
significa contribuir positivamente para seu linguísticos e marcadores textuais específicos
êxito escolar no presente e no futuro. que dão uma determinada ordem lógica às
Se a situação de estudo estiver ideias para favorecer o entendimento do que é
relacionada à História, por exemplo, será tratado.
importante que os estudantes saibam lidar Para que os estudantes
com textos de diversos gêneros em que os compreendam esses textos é preciso saber
conhecimentos históricos estão presentes, o lidar com eles, é preciso saber estudá­los. E,
que exigirá, entre outros aprendizados, para tanto, será preciso receber ajuda para
conhecer suas diferentes formas de aprender a:
organização para poder compreendê­los, •relacionar as informações novas
construir sentidos e aprender com eles. com os conhecimentos prévios sobre o
Esses gêneros são cartas, diários de assunto;
viagem, notícias de jornais e revistas, •resolver dificuldades de
certidões, leis, fichas de identificação pessoal, compreensão encontradas durante a leitura;
documentos pessoais, letras de músicas •discutir aspectos relevantes;
populares e de hinos, gráficos e tabelas, •reorganizar informações para
crônicas de costumes, propagandas de recordar o que foi aprendido: marcar a página
produtos/eventos e são também os textos onde se encontra a informação; registrar a
que figuram nos livros didáticos. E para que os fonte pesquisada para que, caso necessário,
estudantes possam ter familiaridade e se se possa recorrer novamente a ela; sublinhar o
relacionar adequadamente com esses textos, que for relevante; fazer comentários na
48
LERNER, Délia. Preparar para a vida acadêmica por intermédio da leitura e da escrita. In: Seminário Internacional – curso Ler e escrever para estudar: uma análise
didática. Centro de Estudos da Escola da Vila. São Paulo, 10 e 11 de setembro de 1999.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 135
CIÊNCIAS HUMANAS

margem dos textos; anotar o que for preciso; são necessárias: manejar com flexibilidade a
resumir; fazer esquemas; fichamentos; duração das situações didáticas e viabilizar o
paráfrases; ou mesmo ler outros textos que retorno aos mesmos conhecimentos em
ajudem a compreender melhor o que está diferentes oportunidades, sob diferentes
sendo estudado. perspectivas. Criar essas condições exige
Essas são habilidades que, de certa implementar diferentes modalidades
maneira, apoiam a leitura e fazem da escrita organizativas que coexistem e se articulam ao
uma poderosa ferramenta para aprender a longo do ano escolar: projetos didáticos,
estudar, além do que, a ampliação dos sequências didática,atividades permanentes
diferentes letramentos e da capacidade de e atividades independentes (BRASIL,2001).
pesquisa passa necessariamente pela A partir do que é orientado pela
conquista dessas habilidades. proposta curricular das unidades escolares,
os professores são informados sobre o que
5.4. A Gestão de Sala de Aula e devem ensinar e o que os estudantes devem
as Modalidades Organizativas49 aprender, contudo devem, também, tomar as
decisões e organizar um planejamento que
A prática docente é uma prática de informa o como fazer para que a proposta
gestão em que o professor se configura num curricular seja colocada em prática no dia­a­
gestor de sala de aula, que motiva e dia da sala de aula. A pesquisadora argentina
desencadeia atividades didático­ Délia Lerner classificou o trabalho de gestão
pedagógicas. Assim, é o professor que toma de sala de aula em: projetos didáticos,
decisões frente aos processos de ensino e de sequências didáticas, atividades
aprendizagem (LIMA, 2009). Dentre os muitos permanentes e atividades independentes, que
encaminhamentos e tomadas de decisão hoje são conhecidos como modalidades
geridos pelo professor, o trabalho com o organizativas (ANDRADE; GUIMARÃES, 2013).
tempo didático é determinante na prática
dessa gestão. Projetos
Não tem sentido discutir se com mais
ou menos tempo se ensina ou se aprende Os projetos, também chamados de
determinado conhecimento escolar, mas o projetos didáticos, que não devem ser
como utilizar ou melhor aproveitar este tempo confundidos com os Projetos de Escola, são
é o que de fato importa na gestão de sala de formas organizativas do ensino cuja principal
aula. No contexto de ressignificação do característica é ter início em uma situação­
tempo didático, estratégias e propostas de problema e se articular em função de um
atividades bem planejadas efetivam o propósito, um produto final, que pode ser um
desenvolvimento do conhecimento. Portanto, objeto, uma ação ou os dois (SIGNORELI, 2013;
a prática de gestão do professor deve produzir LERNER, 2002).
mudança qualitativa, não simplesmente Suas principais características são a
quantitativa. existência de um produto final e de objetivos
Essa mudança sugere rompimento mais abrangentes. Os erros mais comuns em
com a correspondência linear entre sua execução são certo descaso pelo
conhecimento e tempo, assim duas condições processo de aprendizagem, com um excessivo
49
Texto produzido pelo prof. Ricardo Lisboa Martins – licenciado em Filosofia e Matemática, mestre em Educação Matemática – técnico pedagógico da Superintendência
de Políticas Educacionais.

136 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

cuidado em relação à chamada culminância p ro c e d i m e n t o s , p a s s o s , o u e t a p a s


(ANDRADE; GUIMARÃES, 2013). encadeados para tornar mais eficazes os
O s p ro j e t o s p e r m i t e m u m a processos de ensino e de aprendizagem. É um
organização muito flexível do tempo, em conjunto de atividades ordenadas,
função de um objetivo que se queira alcançar. estruturadas e articuladas para a realização
Podem ocupar somente uns dias ou se de certos objetivos educacionais, que têm um
desenvolver ao longo de vários meses. Tendo princípio e um fim conhecidos tanto pelo
maior duração oferecem a oportunidade de p ro f e s s o r c o m o p e l o s e s t u d a n t e s
compartilhar com os estudantes o (ZABALA,1998).
planejamento das tarefas e sua distribuição A diferença em relação aos projetos, é
no tempo. Assim, fixada a data em que o que esses se organizam em torno de um
produto final deve estar pronto, é possível produto tangível, e que as sequências didáti­
discutir um cronograma e definir as etapas cas incluem situações estruturadas, objetivos
necessárias, as responsabilidades que cada bem definidos alcançados a curto prazo.
grupo deve assumir e as datas que terão de ser As sequências didáticas pressupõem
respeitadas para que o objetivo seja um trabalho pedagógico organizado em uma
alcançado no prazo previsto. determinada sequência, durante um
Uma qualidade importante dos determinado período estruturado pelo
projetos é oferecer um contexto no qual o p ro f e s s o r , c r i a n d o ­ s e , a s s i m , u m a
esforço de estudar tenha sentido, e no qual os modalidade de aprendizagem mais orgânica
estudantes realizem aprendizagens com alto (SIGNORELI, 2003; LERNER, 2002). Os planos
grau de significação. É a modalidade de aula, em geral, seguem essa organização
organizativa do ensino que mais se afina com didática. Em cada sequência se inclui, assim
os trabalhos interdisciplinares. como nos projetos, atividades coletivas,
grupais e individuais.
Sequências Didáticas
Atividades Permanentes
A sequência didática é um conjunto
de propostas de atividades interligadas e com As atividades permanentes ou
ordem crescente de dificuldade. Cada passo habituais se repetem de forma sistemática e
permite que o próximo seja realizado. Os previsível, diária, semanal ou quinzenalmente,
objetivos são focados em conhecimentos e oferecem a oportunidade de contato intenso
escolares mais específicos, com começo, com um conhecimento escolar em cada ano
meio e fim. Em sua organização, é preciso da escolaridade. Normalmente, não estão
prever esse tempo e como distribuir as ligadas a um projeto e, por isso, têm certa
sequências em meio às atividades permanen­ autonomia. As atividades servem para
tes e aos projetos. É comum confundir essa familiarizar os estudantes com determinados
modalidade com o que é feito no dia­a­dia. A conteúdos e construir hábitos, isto é, são
questão é: há continuidade? Se a resposta for situações propostas com regularidade.
não, você está usando uma coleção de Podem ser utilizadas quando um dos objetivos
atividades com a cara de sequência do trabalho é construir atitudes (SIGNORELI,
(ANDRADE; GUIMARÃES, 2013). 2003; LERNER, 2002).
Pode­se, ainda destacar, que Por exemplo, uma atividade
sequência didática é um instrumento de permanente que se pode realizar é A hora dos
ensino e gestão da sala de aula, que define contadores de contos, em que os estudantes

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 137
CIÊNCIAS HUMANAS

se responsabilizam, em rodízio, por contar ou relacione às atividades que no momento estão


ler um conto que eles mesmos tenham sendo realizadas. Assim, se é algum
escolhido e cuja apresentação tenha conhecimento escolar significativo, a
preparado previamente, de tal modo que seja organização ou proposta de uma atividade
clara e compreensível para quem ouve. independente se justifica.
Outro exemplo é A hora das Atividades de Sistematização: estas
curiosidades científicas, destinada a dar são consideradas “independentes” apenas
resposta às indagações dos estudantes sobre pelo fato de não ajudarem a alcançar objetivos
o funcionamento da natureza e a intensificar colocados em relação à ação imediata.
seu contato com as discussões científicas. Guardam sempre uma relação direta com os
Ainda como exemplo de atividades objetivos didáticos e com os conteúdos que
permanentes, pode­se encaminhar A hora das estão sendo trabalhados, porque se destinam
notícias, atividade destinada a formar leitores justamente à sistematização dos
críticos. conhecimentos construídos através de outras
Outro exemplo refere­se a um modalidades organizativas.
professor de Matemática de 1ª série do Ensino Como exemplo cita­se: professores
Médio, que tem quatro encontros semanais preparam um debate, a partir de um
com uma classe e que desenvolve o estudo documentário em vídeo, em função da
de funções em três desses encontros, por ocorrência nas imediações da escola de
meio de atividades sequenciadas, e uma vez algum fato que envolve questões de violência,
por semana, desenvolve estudos estatísticos ética e que pede uma intervenção educativa;
relacionados a um projeto interdisciplinar que ou ainda, durante uma discussão sobre
a turma está realizando, em colaboração com notícias de jornal, um estudante traz um artigo
os professores de Geografia e História. Esse de jornal comentando uma descoberta
encontro passa, então, a ser uma atividade científica e a partir do grande interesse pelo
habitual, relativa ao desenvolvimento do conhecimento, então, o professor sugere a
projeto (SIGNORELI, 2003). uma equipe de estudantes que prepare um
seminário sobre o tema e marca uma atividade
Atividades Independentes independente para a apresentação.
Esses exemplos nos fazem lembrar
As atividades independentes são que o planejamento do ensino deve ser
aquelas que, geralmente, correspondem a construído com flexibilidade, tendo um
necessidades didáticas surgidas no decorrer espaço para que atividades independentes
dos processos de ensino e de aprendizagem. possam ser realizadas.
Configura uma aula em que o professor C o m b i n a n d o a s d i f e re n t e s
sistematiza um conhecimento escolar que modalidades, o professor tem condições de
esteve em jogo no desenvolvimento de um organizar seu plano de ensino de modo a
projeto recém terminado, e que não tratava proporcionar aos estudantes processos de
dos objetivos desse projeto (SIGNORELI, 2003; ensino e de aprendizagem mais significativos,
LERNER, 2002). Estas podem se classificar em articulando os diferentes conhecimentos
dois subgrupos: escolares com as diferentes modalidades
Atividades Ocasionais: em algumas organizativas e, dessa forma, evitando a
oportunidades, o professor considera alguma f ra g m e n t a ç ã o d o c o n h e c i m e n t o e
atividade valiosa e a compartilha com os respondendo melhor ao desafio de ensinar.
estudantes, ainda que não pertença ou se A a r t i c u l a ç ã o d e d i f e re n t e s

138 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

modalidades organizativas torna possível prática por parte dos estudantes.


desenvolver situações didáticas que tenham
diferentes durações, que podem ser 5.4.1. Síntese das modalidades
permanentes ou acontecer em determinados organizativas
períodos, algumas que se sucedem no tempo,
outras que se cruzam em um mesmo ano, ciclo A depender do tipo de aprendizagem
ou etapa. Desse modo, a distribuição do que se pretende favorecer, os conteúdos
tempo didático, em vez de se confundir com a podem ser trabalhados na forma de atividades
justaposição de pedaços do objeto de permanentes, atividades sequenciadas,
conhecimento que seriam sucessiva e 50
atividades de sistematização ou projetos .
cumulativamente aprendidos pelo sujeito, A seguir há uma breve síntese das
favorece a apresentação do conhecimento, características de cada uma dessas
pela escola, como uma prática social modalidades de organização do trabalho
complexa e a apropriação progressiva dessa pedagógico.

50
Essas formas (ou modalidades) de organização dos conteúdos são defendidas por Delia Lerner e constam do texto “É possível ler na escola?”,presente no livro Ler e
escrever na escola ­ o real, o possível e o necessário (Artmed, 2002).

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 139
CIÊNCIAS HUMANAS

5.5. Área do Conhecimento e mini sociólogos. A intenção real destas


suas Metodologias orientações é privilegiar estratégias
metodológicas para favorecer uma
aproximação significativa de conhecimentos
5.5.1. Orientações Metodo­ das Ciências Humanas considerados
lógicas Para As Ciências Humanas relevantes para integrar o currículo escolar.
O foco é, portanto, voltado para
Prezadas (os) professoras (es), neste perguntas do seguinte tipo: Quais
momento apresentamos as ORIENTAÇÕES pressupostos, instrumentos de análise e
METODOLÓGICAS PARA AS CIÊNCIAS c o n c e i t o s d e S o c i o l o ­
HUMANAS, área respaldada em Geografia e gia/Filosofia/História/Geografia devem ser
História para o Ensino Fundamental e integrados ao cotidiano estudantil porque são
Geografia, História, Sociologia e Filosofia para fundamentais para a formação de um sujeito
o Ensino Médio. A nossa proposta é que as crítico e de um cidadão participativo?
atividades representadas aqui sejam Nesse sentido, cabe aqui uma breve
compatíveis com a complexidade do discussão acerca da ideia de conceito, uma
desenvolvimento humano que é tão plural e vez que grande parte da organização dos
múltiplo, numa construção social, dentro das nossos componentes curriculares está
relações de linguagem e tecnologias. pautada em conceitos. Além disso, nas
O e n fo q u e p r i n c i p a l d e s t a s Ciências Humanas, o trabalho com conceitos
Orientações Metodológicas é o estimulo à pressupõe dinamicidade: eles nunca são
compreensão e à utilização de procedimentos fechados, nunca estão prontos e acabados,
de análise, argumentação, reflexão e crítica, de modo a oferecer aos estudantes um porto
mediados pelo respeito à opinião e à seguro e confortável de certezas. Ou seja, os
valorização cultural, sabendo que cada conceitos em Ciências Humanas devem muito
sujeito é único e diverso, apesar do direito à mais indicar a perspectiva da provocação de
igualdade de tratamento. Mas como reflexões do que a da certeza. A provocação é
proporcionar condições favoráveis ao o norte metodológico para o trabalho a ser
desenvolvimento de tais habilidades? A desenvolvido, no sentido de partir do lugar
resposta está alicerçada na prática de cada comum para a percepção de algo que está
professor e as aulas são instrumentos para além do pensamento que nos é cômodo,
dialógicos que viabilizam a interação, a por já fazer parte do nosso dia a dia.
comunicação e a aprendizagem. O propósito é superar a
Importante ressaltar que as Ciências fragmentação disciplinar de conteúdos
Humanas exigem um nível e um tipo de propedêuticos e, por isso, também é um
explicação dos fenômenos que ultrapassam pressuposto básico o trabalho com a
os limites do senso comum, já que essa área é interdisciplinaridade. A perspectiva é partir de
composta por um corpo de teorias e temáticas comuns, a despeito de os objetivos
metodologias que a tornam um campo da de uma abordagem interdisciplinar serem bem
ciência. Já apontamos em outros momentos maiores do que isso. Desse modo, há a
deste documento que, apesar de expectativas possibilidade de vislumbrar inicialmente que o
por vezes diferentes, a intenção destas conhecimento humano, e das ciências sociais
Orientações Metodológicas não é formar mini em consequência, estão diluídos na vida
geógrafos, mini historiadores, mini filósofos e cotidiana. A proposta é que parte das

140 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

avaliações passe pelo crivo e pela prática tirar conclusões, provar por argumentação,
interdisciplinar, como abordado no próximo perceber ou identificar pressuposições
capítulo. subjacentes, explicar, definir, refletir,
O fato de o quadro curricular deste sintetizar, exemplificar, parafrasear, perceber
Referencial apresentar competências, eixos e implicações e suposições, prestar atenção ao
habilidades não significa, de modo algum, que que é dito ou ao que está escrito etc. E mais: se
o s c o n t e ú d o s c l á s s i c o s d a á re a expressar e ter uma boa relação com as
desapareceram, e todos esses elementos. diversidades de gênero, de sexualidade, de
Podem ser elencados nas propostas opção religiosa, política etc., além de poder
interdisciplinares, em semestres ou de forma representar seu pensamento através das mais
anual. O mais importante é garanti­los no variadas linguagens e perceber como
trabalho cotidiano, e as eventuais acontece interferência humana sobre os
dificuldades só poderão ser sanadas de forma processos naturais.
satisfatória com o processo de planejamento Importante que os professores de
conjunto pelos professores da área. Ciências Humanas instiguem os estudantes a
As competências, os eixos e as compreenderem que esse é um campo de
habilidades aparecem explicitados nas conhecimento sem limites, vivo e obviamente
modalidades organizativas do trabalho mergulhado na realidade social e histórica.
pedagógico, como um norte para o Nesse sentido, contribuem as visitas a museus
planejamento, e a perspectiva é evocar uma e acidentes geográficos de Alagoas;
reflexão a respeito da realidade vivida pelos entrevistas com integrantes de movimentos
estudantes e sobre aquilo que não faz parte sociais, idosos em asilos; ou até mesmo uma
direta de sua realidade imediata. Daí o nosso análise criteriosa do espaço, da história e dos
conceito de orientações metodológicas índices sociais da comunidade de entorno.
pluralistas para Ciências Humanas, pautadas Assim, é possível estar com o livro didático e o
em alguns eixos pertinentes: IDENTIDADE­ “mundo real” à disposição da prática.
ALTERIDADE, RELAÇÕES SOCIAIS, TEMPO­ Ao concretizar estas Orientações
ESPAÇO, CULTURA, DOMINAÇÃO­PODER, Metodológicas de Ciências Humanas no
ÉTICA, TRABALHO. A proposta é que esses trabalho com os estudantes, é importante não
eixos sejam norteadores de um conjunto de perder nunca de vista como as realidades
reflexões que partam tanto da própria vida do sociais são produzidas e as consequências
estudante quanto das teorias trazidas para as indesejáveis de nos esquivarmos diante do
aulas pelos professores, potencializando processo de construção do real, afinal, a pior
discussões que permitam compreender de todas as posições é nos esquivarmos do
melhor as possibilidades de ação que podem conhecimento de forma acrítica.
ser desenvolvidas sobre o espaço vivido. Para finalizar, algumas
Caberá ao professor trabalhar os considerações importantes sobre as
procedimentos que favoreçam esse processo p ro p o s t a s m e t o d o l ó g i c a s a s e re m
e a produção de outros conhecimentos, de desenvolvidas em Ciências Humanas:
forma cada vez mais autônoma por parte do 1. O livro didático é essencial para
estudante, para que se torne o processo de ensino e de aprendizagem,
progressivamente capaz de: observar, desde que de boa qualidade, mas não o único
formular perguntas e hipóteses, verificar, dar material a subsidiar o trabalho: há muitos
razões, avaliar razões, estabelecer relações, recursos úteis que podem ser utilizados.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 141
CIÊNCIAS HUMANAS

2.Mesmo existindo muitas ·TEMPO: 2 meses.


possibilidades de interpretações dos ·PROBLEMÁTICA: Até que ponto os
fenômenos sociais, é imprescindível manter o movimentos sociais contribuem para resolver
respeito pelas diferentes opiniões. os conflitos na sociedade?
3.Não se pode perder de vista a
necessidade de compatibilizar a ampliação do ·Justificativa:
universo cultural dos estudantes e a Este projeto nos proporciona as mais
valorização de sua localidade e região. diversas possibilidades em levar o estudante a
4.O propósito, nas Ciências compreender a atuação do povo brasileiro,
Humanas, de contribuir decisivamente para a nas esferas políticas, sociais e econômicas ao
formação de sujeitos ativos na sociedade, longo da história, bem como definir um
pressupõe atitude semelhante do próprio conceito popular de movimentos sociais e as
professor. restrições impostas pela classe dominante
5.A apropriação do conhecimento sobre as organizações civis e a importância da
por parte dos estudantes é gradual, portanto, atuação do estudante, que em meio a vários
não há razão para desanimar diante das contextos, se faz presente em defesa da
dificuldades naturais de tal processo. liberdade de expressão.
6.É importante informar aos
estudantes, ainda que de passagem, como os ·Objetivos:
pesquisadores das Ciências Humanas, ·Compreender as relações de poder
chegaram ao conhecimento da área. existentes na sociedade.
7.É importante abordar os conteúdos ·Refletir sobre suas respectivas
de forma holística, pois, mesmo que seja difícil at u a ç õ e s e m e s p a ç o s ge o g r á f i c o s
constatar de imediato, o fenômeno social se diferenciados.
encontra na realidade vivida. ·Reconhecer as trajetórias políticas
8.É necessário abordar com os da atual sociedade.
estudantes os conhecimentos específicos e as ·Valorizar a participação de grupos e
linguagens próprias de cada campo das minorias na formação da cidadania.
Ciências Humanas.
·Etapas:
5.5.1.1 Modelos de Modalida­ ETAPA 1 – Formação dos grupos e
des Organizativas orientação para a realização de pesquisas;
ETAPA 2 – Convocação de um
palestrante especialista nos temas a serem
5.5.1.1.1.Projetos Interdiscipli­ desenvolvidos;
nares ETAPA 3 ­ socialização em sala de
aula dos conteúdos pesquisados;
Projeto Didático para o Ensino ETAPA 4 – exposição de painéis,
Fundamental vídeos, documentários, canções, textos
literários, manchetes e noticiários
·TEMA: “Movimentos Sociais No jornalísticos acerca dos respectivos
Brasil”. movimentos.
·Componentes Curricula­
res:HistóriaeGeografia

142 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

Avaliação: ser mais puros ­ e, é comum ouvirmos que


“precisamos resgatar valores” ou “no meu
A avaliação será processual tempo era melhor” ­ mas, que busquemos a
obedecendo às etapas de desenvolvimento criticidade sobre a nossa sociedade e seus
do projeto seguindo os índices de valores colocados.
aprendizagens observados ao longo de toda Primeiramente, não “resgatamos”
produção e ações coletivas tais como: valores como já foram; o mundo mudou, a
o b s e r v a ç ã o , s o c i a l i z a ç ã o , d e b at e s cultura mudou, as pessoas mudaram!
exposições, estudo dirigido e autoavaliação. Diríamos talvez que temos que reinventar os
valores, no sentido de torná­los valores
Projeto Didático para o Ensino Médio concretos no cotidiano. Trata­se de flexibilizar
os valores universais em valores reais, na
·Componentes Curriculares: História, nossa vida e em cada escola. Outra questão é
Geografia, Sociologia e Filosofia entender que nosso tempo é o hoje, e que
·Aulas: 16 temos que repensar os valores no agora,
·Tema: Educação Para Paz sempre baseados em nossa história e na
·Problemática:
projeção de um amanhã com qualidade.
Pensar pedagogicamente a Paz
Portanto, baseando­nos nessas questões,
tendo como objetivo fundamental pensar uma
propusemos o “Projeto de Pesquisa”.
Educação do Século XXI, em que estaria
Sabemos que não temos receitas
presente a abertura a novos olhares e
milagrosas; o que temos é a possibilidade de
pensamentos sobre: pessoas, relações
olhar cada vez com mais atenção nossa vida e
humanas, aprendizagem significativa, valores
nossas ações! Cultura de Paz não é um mundo
humanos, solidariedade e sociedade global.
“cor­de­rosa com bolinhas azuis”, mas é o que
·Delimitação do Tema:
fazemos desse mundo através de nossas
Especialmente para educadores que
atitudes diárias.
pretendam fazer de sua prática pedagógica
um espaço de crescimento e de vida, de
Hipóteses
desenvolvimento individual e social, de
“reencantamento” por si mesmo e pelo outro,
O projeto de pesquisa é fruto de
salientamos que há muito tempo, muitas
alguns anos vivenciando palestras, oficinas,
pessoas têm falado e realizado inúmeras
cursos, estudo, reflexão sobre o tema,
ações em relação à Paz, inclusive na escola.
buscando nos livros e principalmente na
Porém, o que defendemos aqui, nessa
prática escolar caminhos mais concretos para
reflexão, é a necessidade de ampliar o sentido
tratar a Paz como elemento pedagógico.
humanistaque vem atrelado à Paz.
Buscar construir um caminho mais
Obviamente é fundamental ter princípios
adequado, ou o “caminho do meio” como diz o
puros e bons pensamentos, mas isso só já não
zen­budismo, que é o de buscar a sintonia
basta, especialmente no espaço escolar,
entre o mundo acadêmico e o cotidiano das
repleto de diversidade e particularidade.
escolas.
Uma cultura de violência foi se
instalando e chegamos ao limite dentro do
Objetivos
olhar tecnológico em individualista do século
XXI. Isso faz com que não apenas precisemos
Pensar a Paz em seu sentido

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 143
CIÊNCIAS HUMANAS

pedagógico requer o conhecimento do possibilitará um melhor desempenho na


“estado da arte” em relação à produção sobre realização de outros trabalhos e eventos
o tema, que ainda é difuso e multifacetado, por posteriormente. Em relação ao estudante,
isso, a importância de se definirem as fontes, observar o desenvolvimento desse educando
analisá­las e discuti­las. Correlacionar mediante a participação do mesmo em todas
algumas possibilidades práticas que têm sido as atividades, suas intervenções e
utilizadas como recursos didáticos nas contribuições para o sucesso desse projeto.
atividades referentes ao tema paz, fazendo
uma análise de sua viabilidade. Recursos Didáticos:
Cartolinas;Papel 40;Hidrocor; Pincel
Justificativa atômico;Multimídia;Computador;TV;DVD;Pa
O contexto pós­moderno nos pel Ofício;Banner;
apresenta um homem focado em interesses
capitalistas, em que o ter se sobressai sobre o Socialização
ser. Mediante essa influência social e Produção de banners temáticos
concepção de pensamento individualista e relacionados a todos os temas abordados,
preconceituoso, pretende­se disseminar em com exposição para os demais estudantes
nossos educandos uma visão idônea sobre os da escola.
fatos sociais que os cercam possibilitando agir
e interagir de forma positiva e crítica em meio Revisão bibliográfica
às transformações possíveis que se focam na 1.http://www.hottopos.com/harvar
essência humana, corroborando para a d1/rousseau.htm) ­ Guerra e Paz de Rousseau
formação de um sujeito social proativo para ­ sobre o Projeto de Paz Perpétua, de Maria
identificar os problemas sociais, tentando Victoria Benevides.
somá­las. 2.http://www.terra.com.br/voltaire
Guerras, conflitos e problemas /politica/saintpierre.htm ­ A Utopia do Abade
focados nos pré­conceitos, racismo entre Saint­Pierre, do prof. Voltaire Schilling
outros, estão relacionados na busca do “ter” 3.http://www.iscsp.utl.pt/~cepp/t
fundamentado no capitalismo; entende­se eoria_das_relacoes_internacionais/abade_
dessa forma que por meio das ideias de_saint.htm ­ Teoria das relações
socialistas consegue­se trilhar caminhos que internacionais
visamao bem comum e ver novos propostos
que levem o estudante a refletir sobre todos os 5.5.1.1.2. Sequências Didáti­
termos possíveis de discussão, de modo cas
aformar novas concepções e olhares sobre a Sequência Didática Para O
cidadania e a ética. Ensino Fundamental
Avaliação ·TÍTULO: RESPEITO ÀS DIFERENÇAS:
Após o evento, a equipe organizadora UMA QUESTÃO SÓCIOCULTURAL
fará um “Relatório de Avaliação” dos ·Anos: 8º e 9º anos do Ensino
resultados. Esse trabalho de avaliação será Fundamental Duração: 6 aulas
importante para se ter uma opinião clara e ·Componentes Curriculares:História
tecnicamente embasada dos resultados e Geografia
obtidos durante o evento, o que certamente ·Atividades Motivadoras:

144 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

1.Apresentação e discussão do índices que revelam as desigualdades sociais


Estatuto da Igualdade Racial. e raciais existentes no Brasil;
2. Apresentação e discussão dos 4º Etapa: Leitura e análise da Lei 12.
índices de desigualdades sociais no Brasil e 288/10 – Estatuto da Igualdade Racial,
em Alagoas. levando­os a entender a sua responsabilidade
·Eixos Cognitivos: enquanto cidadão.
1.Diversidade Cultural 5° Etapa: Ouvir, cantar e provocar
2.Conflitos Sociais uma discussão a partir do Rap – “ISSO É
3.Dominação e Poder BRASIL” – MC GARDEN.
·Competências da Área: ·Avaliação:
·Refletir sobre a diversidade dos Produção de texto, podendo ser uma
elementos culturais formadores da identidade música, a partir do conhecimento absorvido
nacional; pelos estudantes.
·Desenvolver uma postura ativa frente ·Referências:
aos problemas sociais. Estatuto da Igualdade Racial – Lei
12.288/10 publicado no diário oficial da União
·Habilidades da Área: em 21/10/10.
·Reconhecer as relações de http://www.seppir.gov.br/acesso­
identidade a partir dos aspectos geográficos e a­informacao ­ Secretaria de Políticas de
históricos do Brasil e de Alagoas; Promoção da Igualdade Racial.
·Analisar as situações concretas das
realidades vividas no mundo contemporâneo. Sequência Didática Para O Ensino
·Construir novos conceitos a respeito Médio
das desigualdades construídas na realidade
social brasileira e alagoana. ·TEMA – EDUCAÇÃO PARA A PAZ
·Recursos Utilizados: ·Anos: 1°, 2° e 3° do Ensino Médio.
Data show, Notebook, TV E DVD, caixa ·Duração: 6 aulas.
de som, papel ofício, cartolina e microfone. ·Componentes Curricula­
·Atividades desenvolvidas: res:Sociologia, Filosofia, Geografia e História.
Em geral a ideia desta SD é trabalhar ·Atividade Motivadora:Como se
com diferentes as diferentes formas de processa no ser humano o preconceito, numa
abordagem, seguem algumas dicas: perspectiva social que gera tantos conflitos? E
filme“Mandela – Luta pela Liberdade”, Música como solucioná­los?
MC GARDEN – “Isso é Brasil”, o Estatuto da ·Eixos Cognitivos:
Igualdade Racial, os Índices de Desigualdade I – Indivíduos e sociedade;
social no Brasil etc. II – Introdução ao pensamento social
1°Etapa: levantamento do III ­ A antropologia e a diversidade
conhecimento prévio do estudante sobre o cultural humana
tema em questão; ·Competências da Área:
2°Etapa: Exposição do Filme Respeitar as diversidades culturais e
“Mandela – Luta pela Liberdade”, em que os minorias;
estudantes diagnosticarão fatos Entender o processo de formação
relacionados ` a problemática do tema contínua da cidadania;
estudado; ·Habilidades da Área:
3° Etapa: Refletir sobre os principais Analisar as lutas sociais e conquistas

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 145
CIÊNCIAS HUMANAS

obtidas no que se refere às mudanças nas Poderiam ser elas:


legislações ou nas políticaspúblicas na · L E I T U R A , I N T E R P R E TA Ç Ã O E
organização de educação para a paz. PRODUÇÃO TEXTUAL (semanal).
Identificar estratégias que promovam Leitura e interpretação acerca dos
formas de inclusão social. textos temáticos do componente curricular,
·Recursos Utilizados: como suporte para ministrar o conteúdo.
Data show, notebook, internet, letras Visando à produção textual de forma escrita e
de música, papel oficio, cartolina, microfone. visual, no qual, atenda as várias possibilidades
·Atividades desenvolvidas: de compreensão linguística.
1° Etapa: Iniciar a aula com uma ·PESQUISA (quinzenal).
discussão acerca do tema, correlacionando Pesquisas bibliográficas, textos
com as ideias e pressupostos mediante as científicos e reportagens relacionadas ao
concepções dos teóricos. A ideia é focar os tema estudado. Sabendo que a sala poderá
pensamentos de nomes como Ghandi, Buda, ser dividida em grupos de estudantes, sendo
Mandela, Madre Tereza, entre outros. que cada grupo é responsável para trazer
2° Etapa: Apresentar vídeos que quinzenalmente suas pesquisas, ou o
foquem temas como amor, solidariedade, professor escolherá a forma de utilização da
responsabilidade, respeito correlacionando pesquisa, sabendo que este instrumento é
questões pessoais e sociais vividas pelos suporte importante para o desenvolvimento
estudantes; de atitudes singulares da aprendizagem.
3° Etapa: Produzir mapas conceituais ·QUESTÃO FIXAÇÃO (quinzenal)
sobre tudo que foi exposto, montando banners Elaborar questões que demonstrem o
para exposição para as demais turmas da processo de aprendizagem do estudante,
escola. levando­o a responder sobre o tema
·Avaliação: estudado.
Diagnóstica e contínua, mediante a ·SEMINÁRIO (quinzenal)
participação dos estudantes, nas Apresentar e distribuir temas para a
intervenções durante as aulas. organização do conteúdo e a organização das
·Referências: regras para a exposição do seminário.
Matriz de referencial do ENEM ·DEBATE (semanal)
Estimular discussões para
5.5.1.1.3. Atividades Perma­ aprofundar os conteúdos, propondo um
nentes diálogo fundado no respeito às opiniões as
Atividades Permanentes para o diversas teorias.
·PAINEL INFORMATIVO
Ensino Fundamental Construir um painel informativo nas
escolas, que deve ser alimentado pelos
A s p ro p o s t a s d e at i v i d a d e s
estudantes quinzenalmente, com notícias e
permanentes estão associadas ao
curiosidades ligadas à área de Ciências
componente curricular, no qual se fornecem
Humanas.
subsídios para a avaliação e que são
·TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
apresentados dentro do planejamento do
COMUNICAÇÃO
professor, lembrando que está dividido de
Utilizar as tecnologias, dentro e fora
forma semanal e quinzenal para que existam
da escola, focalizando os conteúdos.
variadas proposições de atividades.

146 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

Montar e alimentar um blog com Seminário (quinzenal)


conteúdos ligados à área de ensino. Apresentar e distribuir temas para a
organização do conteúdo e a organização das
Atividades Permanentes para o regras para a exposição do seminário.
Ensino Médio
As propostas de atividades perma­ Debate (semanal)
nentes estão associadas ao componente Estimular discussões para aprofun­
curricular, o qual fornece subsídios para a dar os conteúdos, propondo um diálogo
avaliação e que são apresentados dentro do fundado no respeito às opiniões as diversas
planejamento do professor, lembrando que teorias.
esse último está dividido de forma semanal e
quinzenal para que existam variadas Painel Informativo (mensal)
proposições de atividades. São elas: Construir um painel informativo nas
escolas, que deve ser alimentado pelos
Leitura, Interpretação e Produção estudantes quinzenalmente, com notícias e
Textual (semanal). curiosidades ligadas a área de Ensino de
Leitura e interpretação acerca do Ciências Humanas.
textos temáticos do componente curricular,
como suporte para ministrar o conteúdo, Tecnologia da Informação e
visando à produção textual de forma escrita e Comunicação (semanal)
visual eque atenda às várias possibilidades de Utilizar dentro e fora da escola meios
compreensão linguística. tecnológicos, focalizando os conteúdos.
Montar e alimentar um blog com conteúdos
Pesquisa (quinzenal) ligados à área de ensino.
Pesquisas bibliográficas, textos
científicos e reportagens relacionadas ao
tema estudado. Sabendo que a sala poderá
ser dividida em grupos de estudantes, sendo
que cada grupo é responsável para trazer
quinzenalmente suas pesquisas, ou que o
professor poderá escolher a forma de
utilização da pesquisa, sabendo que este
instrumento é suporte importante para o
desenvolvimento de atitudes singulares da
aprendizagem.

Questão Fixação (quinzenal)


Elaborar questões que demonstrem o
processo de aprendizagem do estudante,
levando­o a responder sobre o tema
estudado.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 147
CIÊNCIAS HUMANAS

148 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
Capítulo 6
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


CIÊNCIAS HUMANAS

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

A avaliação, entendida como processo contínuo de


apropriação, construção e reconstrução da ação educativa, se dará
de forma contínua e cumulativa. Contínua, porque ocorrerá ao
longo do processo de ensino e de aprendizagem, no qual o professor
deverá selecionar e elencar os instrumentos avaliativos que serão
utilizados a partir das competências e habilidades básicas de cada
componente curricular. Cumulativa, por ser um processo gradativo
de aprendizagem, fortalecendo o conhecimento construído pelo
estudante e, servindo de “ponte”, para novas aprendizagens.
Essas concepções de avaliação deverão ser vivenciadas
em todas as etapas e modalidades da Educação Básica,
observando as especificidades de cada uma, exceto na Educação
de Jovens e Adultos quando ofertada de forma não presencial,
através de Exames Supletivos, que por se tratar de uma avaliação de
caráter certificativo, assume uma concepção cumulativa e pontual,
atendendo a um público específico.
Nesse contexto, não se pode, nem se deve avaliar sob uma
única visão, mas com um olhar político­pedagógico, que possibilite
a todos o êxito escolar e o prosseguimento nos estudos,
conduzindo os estudantes a oportunidades de tornarem­se seres
conscientes, éticos e críticos, inserindo­os no mundo das
tecnologias da informação e da comunicação.
A avaliação que possibilite a formação integral deve estar
ancorada em um ensino que tenha por objetivo o desenvolvimento
de todas as capacidades da pessoa, e não apenas voltada para os
aspectos cognitivos.
Dessa forma, a avaliação faz sentido nas aprendizagens de
natureza sociocultural, quando envolve as dimensões afetivas,
emocionais, biológicas, simbólicas, éticas, estéticas e outras que
contribuem para a formação humana. Nessa forma de verificação
de aprendizagens há uma conversão dos métodos de correções
tradicionais (verificação de erros e acertos) em métodos
investigativos, capazes de indicar as alternativas de solução e tipos
de intervenções pedagógicas necessárias em cada situação de
aprendizagem do sujeito envolvido no processo.

6.1. Instrumentos e estratégias de avaliação

A avaliação da aprendizagem escolar, nas diferentes


etapas e modalidades de ensino da Educação Básica da Rede
Estadual de Ensino, ocorrerá de forma contínua e cumulativa, no

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 151
CIÊNCIAS HUMANAS

desenvolvimento das atividades ou trabalhos


realizados durante o processo, pois, somente,
através da análise reflexiva dos avanços e
dificuldades dos estudantes que os
professores poderão rever e redefinir sua
prática pedagógica, para que possam realizar
intervenções coerentes com o desenvol­ 6.1.1. Observação
vimento dos estudantes.
Nessa perspectiva a avaliação A observação permite ao professor
contemplará os aspectos qualitativos sobre conhecer melhor os estudantes e analisar,
os quantitativos da aprendizagem do qualitativamente, seu desempenho nas
atividades propostas em sala de aula e
estudante, considerando a sua realidade
compreender seus avanços e dificuldades,
sócio­histórico­cultural a partir das
respeitando seus ritmos de aprendizagens,
competências e habilidades previstas para as considerando os aspectos sócio­político­
etapas e modalidades da Educação Básica. econômico e cultural.
É sabido que não existem A observação, enquanto instrumento
instrumentos específicos de avaliação de avaliação:
capazes de identificar a totalidade do Eleger o objeto de investigação ­ o
desenvolvimento e da aprendizagem dos quê? Um estudante, uma dupla, um grupo, a
estudantes. E, é diante da limitação que cada realização de uma atividade;
instrumento de avaliação comporta que se faz Estabelecer objetivos claros ­ para
necessário pensar em instrumentos diversos e quê? Descobrir as dúvidas, os avanços, os
mais adequados para suas finalidades, que tipos de relações estabelecidas pelos
estudantes;
deem conta, juntos, da complexidade do
Identificar contextos e momentos
processo de aprender.
específicos ­ quando e onde? Durante a aula,
Para a realização do processo de no recreio, em assembleias e outros; e,
avaliação no âmbito da Rede Estadual de Estabelecer formas de registros
Ensino, sugere­se a utilização de diferentes apropriadas ­ como? Vídeo, anotações,
tipos de instrumentos de avaliação ao longo fotografia, filmagem.
do bimestre letivo, que podem ser: (1)
observação; (2) trabalho individual; (3) 6.1.2. Trabalho individual
trabalho em grupo; (4) debate; (5) painel; (6)
seminário; (7) autoavaliação; (8) prova; (9) O trabalho individual possibilita ao
relatórios; e, (10) registro. estudante um maior espaço de tempo para
Relativo à aplicação destes enriquecimento e sistematização de suas
instrumentos, é necessário o uso mínimo de ideias, mais liberdade para a escolha das
dois tipos de instrumentos de avaliação ao fontes de pesquisa, oportunizando­lhe o
longo do bimestre, aos quais será atribuído o desenvolvimento de diversas habilidades e a
mesmo quantitativo de pontos. Um mesmo de diversas formas de expressão de suas
ideias. E ao professor, favorece a verificação
instrumento poderá ser repetido, desde que a
do nível de conhecimento, através das
pontuação dada a esses não ultrapasse o
competências e habilidades de cada
quantitativo de pontos do bimestre, por estudante possibilitando­lhe melhores
exemplo: condições para que reorganize seu trabalho e

152 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

realize as possíveis intervenções. O debate constitui­se num procedi­


No trabalho individual é importante mento de avaliação para o professor e o(a)
considerar: estudante uma vez que, debatendo, o(a)
O tempo de realização e os prazos estudante expõe sua visão de mundo, seus
para entrega; conhecimentos para compreensão das
O nível de conhecimento e de temáticas em questão.
compromisso do estudante; Organizar debates é uma situação
As fontes de informações e recursos favorável para que estudantes e professores
materiais utilizados; e, construam novos conhecimentos. A
A forma como as ideias são participação em debates exige:
expressas. Posicionamento do(a) estudante ao
expressar suas ideias; e,
6.1.3. Trabalho em grupo Estabelecimento de relações
dialéticas que contribuem para construção de
Entende­se por trabalho em grupo novos conceitos.
todo tipo de produção coletiva, orientada pelo
professor, tais como: pesquisas, jogos, 6.1.5. Painel
desenhos, exercícios, relatórios, maquetes,
vídeos, dentre outros. Constitui­se num O painel permite a visualização dos
espaço para compartilhar, confrontar, nego­ conhecimentos, levando­se em consideração
ciar ideias e construir novos conhecimentos. os processos de construção deste
Para o professor, a observação dos instrumento, tendo como princípios nortea­
estudantes em atividades de grupo, permite dores a observação e a análise do grupo.
u m c o n h e c i m e n t o m a i o r s o b re a s Esse instrumento de avaliação
possibilidades de verbalização e ação, em favorece ao estudante e ao professor(a) a
relação às atividades propostas. reflexão norteada pelas questões abaixo:
Na avaliação do trabalho em grupo é Quais recursos utilizados para
importante considerar: produzi­los?
O tempo de realização; Que fontes de informações foram
Os tipos de parcerias estabelecidas; consultadas?
O nível de conhecimento e de Quais objetivos alcançados, ou não,
compromisso dos estudantes; e por quê?
As fontes de informações e recursos Que novos encaminhamentos e
materiais utilizados; intervenções pedagógicas poderão ser
A troca dos pontos de vista; e, realizados a partir desse trabalho?
O confronto e o comprometimento
entre os componentes do grupo. 6.1.6. Seminário
É imprescindível que o trabalho em
grupo venha acompanhado de uma dinâmica O seminário tem por finalidade a
interna de relações sociais, mediada por reflexão do trabalho coletivo e o
alguma situação problematizadora que aprofundamento das temáticas sob diferentes
permita ao estudante obter informações e perspectivas. É uma ação pensada por
explicitar suas ideias. professores e estudantes, que juntos, definem
metas de conhecimentos a serem alcançadas
6.1.4. Debate e as formas necessárias para adquiri­las.

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 153
CIÊNCIAS HUMANAS

Esse procedimento de avaliação avaliação que tem como finalidade analisar e


favorece ao professor e aos estudantes a refletir junto com os(as) estudantes,
reflexão norteada pelas seguintes questões: professores(as) e pais os resultados obtidos
Quais foram os objetivos iniciais do ao longo do processo ensino e aprendizagem.
trabalho a ser realizado? A p ro v a é a p e n a s u m d o s
que avanços foram evidenciados no instrumentos possíveis de avaliação, e não o
processo de aprendizagem? único e nem o mais adequado, a depender do
que fontes de informações foram tipo de conteúdo. Se bem planejada, a prova é
consultadas? um recurso que pode ser oportuno para avaliar
quais os objetivos alcançados ou não o conhecimento do aluno sobre fatos e
e por quê? e, conceitos, mas nem sempre servirá para
quais os novos encaminhamentos e avaliar atitudes e procedimentos, que são os
intervenções pedagógicas poderão ser feitos conteúdos mais recorrentes nos anos iniciais.
a partir desse trabalho? Diferentes procedimentos podem ser
utilizados para aplicação da prova, tais como:
6.1.7. Autoavaliação Prova individual: visa dar ao(à)
estudante a oportunidade para mostrar como
A autoavaliação permite que os pensa e raciocina; é o momento em que
estudantes reflitam sobre as ações que elae(a), individualmente, argumenta e
realizam, possibilitando a construção de uma a p re s e n t a c o n c e i t o s e c o n t e ú d o s
consciência crítica, a partir da autorreflexão, apreendidos.
tanto em relação às suas atitudes e Sendo a prova individual um
habilidades, como em relação ao seu instrumento que possibilita medir, com maior
desenvolvimento intelectual. precisão, o quantitativo de aprendizagem do
O exercício de autoavaliação é estudante, nomeado­o como nota ou
fundamental no processo de aprendizagem no conceito, esta pode se constituir como um
sentido de ajudar o professor a melhor caminho para redirecionar o planejamento e o
conhecer o estudante e avaliar seu próprio desenvolvimento da prática pedagógica, pois
trabalho. permite a todos os envolvidos no processo de
Esse instrumento favorece: ensino e de aprendizagem a visualização do
O caminho percorrido pelo(a) es­ seu próprio desempenho.
tudante para chegar as suas respostas e Prova em dupla e/ ou em grupos é
resultados; uma forma de avaliação que permite a troca de
As evidências das dificuldades que ideias e de opiniões sobre determinadas
ainda enfrentam e, a partir delas, o questões, desenvolvendo várias habilidades,
reconhecimento dos avanços; tais como as de: organizar suas ideias para
A relação entre professor e expô­las ao grupo; ouvir os elementos do
estudante; e, próprio grupo e dos outros; respeitar ideias
O esforço pessoal conduzindo a um veiculadas nas discussões; interpretar as
maior desenvolvimento. ideias dos outros elementos do grupo;
relacionar suas ideias com as dos outros; tirar
conclusões dessa comparação, e avançar no
6.1.8. Prova
conhecimento sobre o tema colocado em
questão.
A prova é um dos instrumentos de
Prova com consulta direciona o(a)

154 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

estudante, para a busca e seleção de procedimentos e verificando sua adequação;


informações prioritárias, as quais são Utilizar­se de diferentes linguagens:
pesquisadas a partir das questões colocadas. verbal, matemática, gráfica etc; e,
Nesse tipo de instrumento, o(a) estudante Proporcionar ao estudante, saber
trabalha com várias fontes: jornais, livros, utilizar conceitos científicos básicos,
revistas, internet, dicionários, “cola” ou associados a qualquer área do conhecimento,
resumo etc., os quais poderão ser consultados bem como conhecer novas tecnologias e
no momento da prova. As questões utilizá­las.
apresentadas, nesse instrumento, não podem Na elaboração do relatório, podem­
ser objetivas, mas deverão envolver se utilizar diferentes formas de estruturação.
habilidades de análise e síntese. Por exemplo, um relatório pode ser composto
Prova oral utilizada para que o(a) da seguinte estrutura: identificação da
estudante responda, oralmente, às questões instituição de ensino, componente(s),
feitas pelo professor. Esse tipo de avaliação orientador, objetivo geral e específico(s),
leva o professor a identificar como o material e método, registro de observações
estudante percebe determinado assunto. Por (resultados), conclusão e referências
meio de suas interferências, o professor bibliográficas.
consegue diagnosticar o nível de
entendimento desse(a) estudante. É utilizada 6.2. Registro
como diagnóstico complementar sobre o
desempenho de alguns estudantes que Os registros no processo de ensino e
apresentam algumas dificuldades na de aprendizagem devem oferecer condições
aprendizagem. Além disso, este tipo de prova de acompanhar e informar sobre o
possibilita a verificação da sua expressão oral: desempenho dos estudantes. A partir dessa
“Fala com clareza?”; “Expressa­se com finalidade, podem ser utilizados diversos
naturalidade?”; “Organiza suas ideias ao instrumentos, como os sugeridos no item
falar?” etc. anterior, que permitam ao professor
identificar dificuldades e avanços,
6.1.9. Relatório possibilitando o planejamento e o (re)
planejamento de sua prática pedagógica.
O relatório é composto de um Os registros no processo deverão
conjunto de informações. É utilizado para seguir os procedimentos abaixo descritos:
reportar resultados parciais ou totais de uma
determinada atividade, experimento, projeto, 6.2.1. Registro no processo
ação, pesquisa, ou outro evento que
caracterize um fenômeno em estudo e/ou O registro deverá ser efetivado a
investigação. O relatório pode ser estrutura­ partir de anotações realizadas ao longo do
do como um registro de pesquisa, de visita processo de ensino e de aprendizagem, sendo
técnica, científica ou de aulas. É um de caráter diagnóstico, formativo e
instrumento que visa: informativo. A sua utilização permite ao
Melhorar a capacidade de questionar professor uma visão e análise abrangente de
a realidade formulando­se problemas e sua prática pedagógica e da situação de
tratando de resolvê­los; aprendizagem em que se encontram os
Possibilitar o desenvolvimento do estudantes.
pensamento lógico, a criatividade, a intuição,
a capacidade de análise crítica, selecionando

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 155
CIÊNCIAS HUMANAS

Assim, o registro do processo de carga horária anual bem como do cômputo


ensino e da aprendizagem, nas diferentes total e média anual igual ou superior 6,0 (seis)
etapas e modalidades de ensino, deverá ser pontos.
feito: em diário de classe, ficha individual, ficha
descritiva de avaliação individual, parecer 6.3.1.2. Educação Especial
descritivo final, e impreterivelmente na ata
de resultados finais. Para os (as) estudantes com
necessidades educativas especiais, a
6.3. Promoção promoção ocorrerá com base nos mesmos
moldes do Ensino Fundamental e Médio, salvo
O termo "promoção" reflete a lógica aqueles(as) estudantes que apresentam graus
do ensino no qual o(a) estudante ascende de severos de comprometimento mental.
um ano, série, período e de uma etapa para Estes(as) deverão prosseguir a escolarização,
outra até complementar a Educação Básica. sendo que a ênfase, no processo avaliativo,
Pensar em promoção significa colocar a não deva centrar­se nos aspectos cognitivos,
escola como espaço de ensino e mas nas competências necessárias à sua
aprendizagem sob a concepção do inclusão social. Essas observações deverão
desenvolvimento humano, considerando­se constar na ficha de acompanhamento do(a)
que a passagem de um ano/série/período e estudante. E os (as) estudantes que precisam
de uma etapa para outra implica possibilitar ao de um acompanhamento mais direcionado,
(a) estudante alternativas de avanço escolar, como um intérprete para viabilizar sua
respeitando os ritmos de aprendizagem, que aprendizagem e sua avaliação, ou um
ocorrem de forma diferenciada no cotidiano instrumento como uma lupa, ou qualquer
escolar. outra proposta de ferramenta, que sejam
avaliados mediante suas capacidades
6.3.1. Promoção nas etapas e individuais, e não mediante uma
modalidades padronização universal dos (as) estudantes
com suas competências individuais
Na promoção nas etapas e determinadas, o que fortificaria o fracasso de
modalidade considera­se o nível de todos no processo avaliativo.
desenvolvimento do conhecimento, a
frequência e os resultados obtidos ao longo do 6.4. Turmas de progressão
processo, para a aprovação dos (as)
As t u r m a s d e p rog re s s ã o
estudantes. Assim, a promoção dar­se­á da
oportunizam o avanço dos(as) estudantes(s)
seguinte forma:
que se encontram em distorção
6.3.1.1. Ensino Fundamental 6º idade/escolaridade matriculada/o(s) na
Educação Básica. Para a organização das
ao 9º ano, Ensino Médio e Ensino Turmas de Progressão, é necessário uma
Normal (2º segmento) e Ensino Médio organização curricular específica na
na modalidade Educação de Jovens e perspectiva da aceleração de estudos,
Adultos c o n t e m p l a n d o t o d a s a s á re a s d e
conhecimento.
Para estes níveis de escolarização, a Essas turmas devem ser organizadas
promoção efetiva­se por meio do cumpri­ da seguinte forma:
mento, por parte do (a) estudante, de Ensino Fundamental – anos finais
Turmas de Progressão III –
frequência igual ou superior a 75% do total da

156 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

aceleração de estudos (estudantes do 6º e 7º estudos na Educação Básica, oportunizando


ano); ao estudante o direito de cursar,
Turm as de Progres s ão IV – paralelamente ao ano subsequente, os
aceleração de estudos (estudantes do 8º e 9º componentes curriculares nos quais teve
ano). resultado insuficiente para aprovação. A
Ensino Médio implantação/implementação configura­se
como obrigatória na rede estadual de ensino.
Turma de Progressão V – aceleração O procedimento para a organização
de estudos (estudantes da 1ª e 2ª série). da Progressão Parcial considera­se:
Essa estrutura visa colocar em 1­ Ensino Fundamental a partir do 6º
prática a organização que define uma ano, conforme Resolução CEB/CEE­AL
adequação das unidades de ensino quanto à nº08/2007 e Parecer CEB/CEE­AL nº
faixa etária e, consequentemente, o 236/2013;
agrupamento dos(as) estudantes.
A organização de Turmas de 2­ Ensino Médio:
Progressão na Educação Básica visa a atender No máximo três componentes
ao estabelecido na legislação em vigor, pois a curriculares por ano letivo;
rede de ensino e/ou sua unidade poderá optar A organização da oferta dos
por organizar turmas específicas com componentes terá como base o preconizado
estudantes que não se encontram em idade no Parecer CEB/CEE­AL nº 236/2013, alíneas
correspondente ao ano letivo do Ensino a,b,c,d,e,f , g.
Fundamental, ofertando orientação
pedagógica diferenciada, com a possibilidade 3­ Educação de jovens e adultos
de, mediante verificação de rendimento No máximo três componentes
escolar, promover a aceleração de estudos, curriculares por ano letivo;
isto é, uma promoção para anos ou etapas A organização da oferta dos
mais adequados à sua idade, nos termos da componentes terá como base o preconizado
alínea b, inciso V, do art. 24 da LDB n° no Parecer CEB/CEE­AL nº 236/2013, alíneas
9.394/1996 e do art. 13 da Resolução a,b,c,d,e,f e g.
CEB/CEE­AL nº 08/2007 (para o ensino
Fundamental). Para tanto, as unidades de ensino ao
Os (as) estudantes(s) enturmados em ofertarem o regime de progressão parcial
Turmas de Progressão poderão ser deverão definir em seu regimento escolar e no
promovidos em qualquer período do ano projeto político pedagógico a forma de
letivo, desde que superadas as dificuldades de organização dessa oferta, estabelecendo
aprendizagem. horários de funcionamento, carga horária
Serão promovidos os(as) estudantes semanal, professor (a), direcionamento
que obtiverem frequência igual ou superior a pedagógico, bem como a adequação e
75% do total da carga horária anual e média definição dos espaços físicos.
anual igual ou superior a 6,0(seis) pontos. Destacamos que os procedimentos
para implementação da Progressão Parcial
Progressão Parcial remetem à matrícula escolar para o ano
seguinte, pois, para a sua efetivação, é
O regime de progressão parcial é uma necessário que a unidade de ensino tenha o
política que possibilita prosseguir com os mapeamento do(a) estudante que serão

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 157
CIÊNCIAS HUMANAS

promovidos em progressão e paralelamente 6.5.2. Recuperação Final


cursarão estudos sobre a forma da oferta da
progressão parcial. Deverá ser oportunizada aos(as)
estudantes que, após os períodos de
6.5. Recuperação da apren­ recuperação paralela, não tenham obtido na
dizagem sua aprendizagem, independente do número
de componentes curriculares garantindo:
Os estudos de recuperação serão período de estudos com carga
oportunizados aos(as) estudantes que não horária mínima de 5% do total das horas
conseguirem desenvolver as competências e anuais, de cada componente curricular ;
habilidades dos diversos componentes instrumentos avaliativos (individuais
curriculares, durante o processo de ensino e e coletivos) planejados e orientados de forma
aprendizagem. a contemplar as habilidades e competências
A recuperação é uma intervenção básicas trabalhadas ao longo do ano letivo.
deliberada, intencional e uma consequência O cálculo da Recuperação final será
do processo de avaliação continuada. Para realizado através da média aritmética
tanto, deve acontecer todas as vezes em que resultante da média anual do componente
as estratégias de ensino trabalhadas pelos(as) curricular + nota obtida na prova final divido
estudantes, não forem suficientes para por dois.
propiciar a aprendizagem. Ao estudante que, por motivo
superior devidamente comprovado, deixar de
6.5.1. Recuperação paralela comparecer à recuperação final, dar­se­á uma
segunda oportunidade, conforme as normas
É realizada ao longo do ano letivo, em vigentes, ficando a equipe técnico­pedagó­
horário alternativo, destinado ao atendimento gica e o (a) professor (a) da disciplina com a
dos(as) estudantes com dificuldades responsabilidade de rever as particularidades,
específicas não superadas durante o no caso da não observância de quaisquer mo­
processo normal de ensino e de aprendizagem tivos que venham provocar o impedimento de
(competências e habilidades não aplicação da recuperação final, ao(a)
construídas), devendo ser objeto de estudante.
planejamento e de um trabalho diferenciado Terão, ainda, direito a segunda
em sala de aula, acompanhada por meio de chamada os (as) estudantes do 9º ano do
suporte pedagógico e assessorada pela Ensino Fundamental, e do 3º ou 4º anos do
direção da escola. O laboratório de Ensino Médio, que tenham sido reprovados em
aprendizagem constitui um dos espaços onde até 35% do total da carga horária cursada na
a recuperação paralela pode ser efetivada. respectiva série.
Este tipo de recuperação deve
acontecer ao término de cada bimestre, para 6.6. Conselho de classe
aqueles estudantes que obtiveram resultados
não satisfatórios e inferiores a 6,0 (seis) O conselho de classe constitui­se em
pontos. um espaço de reflexão sobre o diagnóstico
Os resultados da recuperação para­ periódico do processo de ensino e de
lela serão obtidos através da permanência da aprendizagem, no qual o coletivo de
maior nota obtida definida entre a média profissionais envolvidos e representantes de
bimestral e a nota da recuperação paralela. turma reúnem­se, sistematicamente, para
discutir e avaliar as questões inerentes ao

158 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

processo educativo – os avanços e as Propostas de estratégias e atividades


dificuldades assistidas para fins de pertinentes; e,
referências no processo de replanejamento Ata de Registro do encontro.
das ações pedagógicas, num movimento de
ação­reflexão­ação, que se efetiva pela troca Para que o conselho de classe tenha
de experiência e pelo conhecimento educativo sua finalidade alcançada, é imprescindível que
do coletivo envolvido, descobrindo meios o coletivo de profissionais, e em, alguns casos,
eficazes e eficientes para que os estudantes os estudantes que participam do mesmo,
cresçam, pessoal e coletivamente, não se tenham clareza das metas e objetivos
restringindo apenas a um veredicto formal de educacionais a serem desenvolvidos e
promoção ou retenção na série/ano/ci­ avaliados no processo de aprendizagem.
clo/modalidade de ensino. Entendemos então, que sua finalidade no
O conselho de classe é uma instância espaço escolar é, de fato, compartilhar as
de avaliação do processo educativo na dificuldades e os sucessos vividos, para tanto
escola. E, como tal, deve emitir parecer sobre a que sejam feitas as intervenções necessárias
realidade do(a) estudante, sua busca de para garantir o ensino e a aprendizagem dos
identidade, seu desempenho na tarefa de estudantes.
aprender e sua auto aceitação.
Portanto, cabe aos professores 6.7. Classificação e reclas­
envolvidos no processo de ensino e de sificação
aprendizagem, fornecer informações precisas
sobre o desenvolvimento dos(as) estudantes, A rede de ensino e/ou suas unidades
relatar suas práticas pedagógicas e organizam os estudantes por ano/série/pe­
avaliativas desenvolvidas no processo ensino ríodo. Essa organização acontece através da
e aprendizagem e aos representantes de uma classificação e da reclassificação as quais
turma fornecer informações claras sobre as deverão constar na Proposta Pedagógica e no
relações: professor/estudante, estudan­ Regimento da unidade escolar.
te/estudante e o desempenho do processo de A classificação pode ocorrer por:
ensino e aprendizagem. promoção para a/o estudante que cursar com
Os encontros dos conselheiros aproveitamento o ano anterior; transferência
devem acontecer de forma sistemática, para de outra unidade de ensino, independente de
que possam verificar o andamento do seu escolarização anterior, mediante avaliação
próprio trabalho, atuação da turma, propor feita pela unidade de ensino para aferir o grau
novas ações e rever o planejamento. Esses de desenvolvimento e experiências da/o
encontros podem ser desenvolvidos estudante, permitindo sua inscrição em ano
observando­se os seguintes pontos: compatível com a avaliação. Esta última é uma
das formas para a regularização do fluxo
Reflexões e sensibilização acerca de escolar, pois ao classificar a/o estudante
uma temática contemporânea; independente de escolarização anterior,
Avaliação da prática educativa; busca­se posicioná­la(o)aproximando a faixa
Análise diagnóstica do estudante etária ao ano escolar, caso a avaliação
e/ou turma; contínua e cumulativa, assim o recomende.
Identificação das necessidades de A reclassificação é o reposiciona­
aprendizagem; mento da/o estudantes em ano

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 159
CIÊNCIAS HUMANAS

diferente do indicado no histórico escolar, é as quais são etapas integrantes da avaliação


uma das formas de corrigir o fluxo escolar e do (a) estudante e dos profissionais da
pode ser realizada a qualquer momento do educação, que precisam de um alinhamento,
ano letivo. Para tanto, deve­se registrar o pois fazem parte da estrutura sistema de
resultado das avaliações, conforme as ensino nacional e local.
especificidades do ano em que a/o estudante Visto assim, a concepção de
está sendo avaliado, ou seja, avaliação avaliação adotada pelo Referencial Curricular
contínua e cumulativa do 1º ao 5º ano, e da Rede Estadual de Ensino de Alagoas, é
avaliação contínua e cumulativa com média voltada para o diálogo, à reflexão, à
global no 3º e 5º ano. consciência social, à autonomia, à
Os procedimentos para a realização solidariedade, à interação, à aprendizagem e
da Classificação e Reclassificação deverão ao desenvolvimento integral do (a) estudante.
seguir as orientações do Parecer CEB/CEE­AL Como uma rendeira, que terce sua peça, com
n º 14 5 / 2 0 13 e d a R e s o l u ç ã o linhas de várias cores, fazendo várias voltas,
CEE/ALnº34/2013. para que a estética do tecido seja demons­
trada na composição do todo, em um lençol de
Os procedimentos para a realização olhares e saberes, no qual vai e vem, para
da Classificação e Reclassificação deverão finalizar a qualidade e a beleza da
seguir as orientações do Parecer CEB/CEE­AL aprendizagem e da educação.
n º 145/2013 e da Resolução

6. 8. Considerações finais

Considerando que a avaliação é


necessária em quaisquer atividades humanas,
a avaliação educacional deve contemplar
todas as dimensões do sistema de ensino: a
prática pedagógica desenvolvida pelo (a)
professor (a), da aprendizagem do (a)
estudante, e da composição coletiva dos
profissionais da instituição e da rede, sendo
um instrumento possibilitador de avanços no
acompanhamento e no redimensionamento
de todo processo de ensino e de
aprendizagem em direção ao desenvolvi­
mento integral dos sujeitos envolvidos nesse
processo.
Dessa forma, temos várias formas
normativas de avaliação, dentro da sala de
aula contínua e cumulativa, dentro da escola, a
avaliação institucional e dentro do Sistema as
Avaliações Nacionais da Educação Básica,
conhecidas como SAEB, Prova Brasil e ENEM,

160 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
Referências
CIÊNCIAS HUMANAS

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas


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CERRI, Luis Fernando (org.). O ensino de história Biblioteca Nacional
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Ventos, 2003. Revista de História da Biblioteca Nacional
CORDEIRO, Jaime Francisco P.. A História no Revista Fênix
centro do debate: as propostas de renovação do
ensino de História nas décadas de setenta e FILMES E DOCUMENTÁRIOS
oitenta. Araraquara: FCL/ Laboratório Editorial/ 1.1900 (1976) – Direção: Bernardo Bertolucci
UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2.A Batalha de Argel (1966) – Direção: Gillo
2000. Pontecorvo
CORSETTI, Berenice; et alli. Ensino de História: 3.A Culpa é do Fidel! (2006) – Direção: Julie
formação de professores e cotidiano escolar. Gavras

166 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

4.A Guerra do Fogo (1981) – Direção: Jean­ 36. Hércules 56


Jacques Annaud 37. Independência ou Morte
5.A Infância de Ivan (1962) – Direção: Andrei 38. Ivan, o Terrível – Parte I (1944) – Direção:
Tarkovsky Sergei M. Eisenstein
6.A Língua das Mariposas (1999) – Direção: José 39. Julgamento em Nuremberg (1961) –
Luis Cuerda Direção: Stanley Kramer
7.A Missão 40. Kagemusha (1980) – Direção: Akira
8.A Missão (1986) – Direção: Roland Joffé Kurosawa
9.A Onda (2008) – Direção: Dennis Gansel 41. Katyn (2007) – Direção: Andrzej Wajda
10.A Paixão de Joana D'Arc (1928) – Direção: 42. Lamarca
Carl Theodor Dreyer 43. Lawrence da Arábia (1962) – Direção:
11.A Ponte do Rio Kwai (1957) – Direção: David David Lean
Lean 44. Malcolm X (1992) – Direção: Spike Lee
12.A Queda – As Últimas Horas de Hitler (2004) 45. Mauá, o Imperador e o Rei
– Direção: Oliver Hirschbiegel 46. Memórias do Cárcere
13. A Rainha Margot (1994) – Direção: Patrice 47. Napoleão (1927) – Direção: Abel Gance
Chéreau 48. Narradores de Javé (2003) – Direção:
14. Adeus, Lenin! (2003) – Direção: Wolfgang Eliane Caffé
Becker 49. Netto Perde Sua Alma
15. Alexander Nevsky (1938) – Direção: Sergei 50. No (2012) – Direção: Pablo Larraín
M. Eisenstein 51. O Barco, Inferno no Mar (1981) – Direção:
16. Amém (2002) – Direção: Costa­Gavras Wolfgang Petersen
17. Apocalypse Now (1979) – Direção: Francis 52. O Bom Burguês
Ford Coppola 53. O Encouraçado Potemkin (1925) –
18. Batismo de Sangue Direção: Sergei M. Eisenstein
19. Bye Bye, Brasil 54. O Franco Atirador (1978) – Direção:
20. Cabra Marcado para Morrer Michael Cimino
21. Caramuru, a Invenção do Brasil 55. O Leopardo (1963) – Direção: Luchino
22. Carlota Joaquina Visconti
23. Cidadão Boilesen 56. O Nome da Rosa (1986) – Direção: Jean­
24. Como Era Gostoso o Meu Francês Jacques Annaud
25. Danton – O Processo da Revolução (1983) 57. O que É Isso, Companheiro?
– Direção: Andrzej Wajda 58. O Que é Isso, Companheiro? (1997) –
26. Dawson, Ilha 10 (2009) – Direção: Miguel Direção: Bruno Barreto
Littin 59. O Último Rei da Escócia (2006) – Direção:
27. Desmundo Kevin Macdonald
28. Diários de Motocicleta (2004) – Direção: 60. Olga
Walter Salles 61. Os Inconfidentes
29. Doutor Jivago (1965) – Direção: David 62. Outubro (1928) – Direção: Sergei M.
Lean Eisenstein
30. El Cid (1961) – Direção: Anthony Mann 63. Persépolis (2007) – Direção: Marjane
31. Em Nome do Pai (1993) – Direção: Jim Satrapi, Vincent Paronnaud
Sheridan 64. Platoon (1986) – Direção: Oliver Stone
32. Eternamente Pagu 65. Policarpo Quaresma
33. Gaijin: Os Caminhos da Liberdade 66. Pra Frente, Brasil
34. Glória Feita de Sangue (1957) – Direção: 67. Quando Voam as Cegonhas (1957) –
Stanley Kubrick Direção: Mikhail Kalatozov
35. Hans Staden 68. Quilombo

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 167
CIÊNCIAS HUMANAS

69. República Guarani geográfico: ensino e representação. 4ª ed. São


70. Roma, Cidade Aberta (1945) – Direção: Paulo, Contexto, 2002.
Roberto Rossellini
71. Sangue Negro (2007) – Direção: Paul ANTONELLO, I. T.; CALVENTE, M.C. H.;
Thomas Anderson MOURA, J. D. P. A Pesquisa de Memória Viva ­
72. Tempos Modernos (1939) – Direção: Uma experiência da sua utilização na Formação
Charlie Chaplin dos Professores de Geografia. Geografia, vol.12,
73. Tiradentes, o filme n. 1, jan/fev. 2003.
74. Tiros em Ruanda (2005) – Direção: Michael ANTONELLO, I.; MOURA, J. D. P.;
Caton­Jones TSUKAMOTO, R. Y. Múltiplas Geografias:
75. Vá e Veja (1985) – Direção: Elem Klimov ensino­pesquisa­reflexão. Vol. II, Londrina: Ed.
76. Valsa com Bashir (2009) – Direção: Ari Humanidades, 2005
Folman
77. Xica da Silva ANTUNES, C. Geografia e Didática. Petrópolis:
78. Z (1969) – Direção: Costa­Gavras Vozes, 2010.
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www.historianet.com.br Geografia I. 2ª Ed. Natal: EDUFRN, 2011.
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170 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
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Mãos: Práticas para a sala de aula. Porto Alegre: aconteceu nas Olimpíadas de Munique de 1972,
Penso, 2011. quando um grupo palestino denominado
Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica e matou
STEFANELLO, A. C. Didática e Avaliação da integrantes da equipe olímpica israelense.
Aprendizagem no Ensino de Geografia. Curitiba:
IBPEX, 2008. Tropa de Elite 1 e 2 (2007 e 2010). Sobre a
TONINI, I. V. (Org.) O Ensino de Geografia e violência urbana no Rio de Janeiro.
suas composições curriculares. Porto Alegre:
UFRGS, 2001. 1984 (1984). Adaptação do livro 1984,
escrito em 1948 por George Orwell, que aborda
VENTURI, Antonio Bittar (org.). Geografia: o tema do totalitarismo.
práticas de campo, laboratório e sala de aula.
São Paulo: Sarandi, 2011. p. 519­528. Tempos Modernos (1936). Filme de Charles
Chaplin que aborda a Revolução Industrial.
VENTURI, L. A. B. (Org.). Praticando
geografia: técnicas de campo e laboratório. São Daens – Um grito de Justiça (1992). O filme
Paulo: Oficina de Textos, 2005. se passa na segunda metade do século XIX,
período considerado como a Segunda
VESENTINI, J. W. (Org.) Geografia e Ensino: texto Revolução
críticos. Campinas: Papirus, 1989. Industrial, que apresentou grande avanço
tecnológico e científico.
VESENTINI, J. W. (Org.) O Ensino de
Geografia no Século XXI. Campinas: Germinal (1993). Baseado no romance de
Papirus,2004. mesmo nome de Émile Zola, aborda os
FILMES movimentos grevistas de um grupo de mineiros
Lincoln (2012). Dirigido por Steven Spielberg, no norte da França do século XIX contra a
o filme foi lançado em janeiro deste ano no exploração.
Brasil e mostra a luta de Abraham Lincoln,
presidente dos Estados Unidos de 1861 até seu Documentários:
assassinato em abril de 1865, para aprovar a O Dia que durou 21 anos (2011). O
13ª Emenda, que abolia a escravidão no país, documentário mostra a influência do governo
em 1865. dos Estados Unidos no Golpe de Estado no
Os Miseráveis (2012). A história se passa na Brasil em 1964.
França do século XIX entre duas grandes Capitalismo: Uma história de amor (2009).
batalhas: a Batalha de Waterloo e os motins de Filme de Michael Moore sobre o capitalismo, a
junho de 1832. liberdade e os Estados Unidos.

Valsa Com Bashir (2008). Filme israelense Chove sobre Santiago (1976). Sobre o golpe
sobre a 1ª Guerra do Líbano, no início dos anos militar no Chile em 1973.
80.
O contestado (2012). Sobre a Guerra do
Persepolis (2007). É sobre o início da nova Contestado, ocorrida entre 1912 e 1916, que
República Islâmica e como ela passou a envolveu milhares de civis e militares e colocou
controlar como as pessoas deveriam se vestir e Paraná e
agir. Santa Catarina em disputa por questões
territoriais.
Munique (2005). Dirigido por Steven

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 171
CIÊNCIAS HUMANAS

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CHAUI, Marilena. O Discurso Competente. In: de uma ficção científica em que as pessoas
Cultura e Democracia, São Paulo: Ed. Moderna, ficam conectadas a um computador e vivem em

172 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

uma realidade virtual, o que leva ao Paris que recebe alunos filhos de imigrantes.
questionamento sobre o que é o real. Temas: Temas: preconceito, desigualdade social e
alienação e ideologia, a liberdade e o sentido violência.
2 ­ "Crash ­ No Limite" ­ O carro de uma 10 ­ "V de Vingança" ­ Retrata a sociedade
mulher rica é roubado. A partir desse momento, inglesa em um futuro próximo, que vive
uma série de incidentes aproxima personagens submetida a uma estrutura política autoritária e
de diversas origens étnicas e sociais de Los policialesca. Um homem, V, desenvolve então
Angeles. Temas: racismo e problemas urbanos ações visando destruir o regime. Tema: ações
3 ­ "Carandiru" ­ Baseado no livro homônimo políticas e controle do estado
de Drauzio Varella. Relata o cotidiano do 11 ­ "Cidadão Kane" ­ Conta a trajetória do
médico, que atendia os presidiários da Casa de empresário Charles Foster Kane, que, ao herdar
Detenção Carandiru, em São Paulo. uma fortuna, passa a se dedicar à construção
4 ­ "O Show de Truman" ­ À semelhança dos de um império jornalístico. Desvenda as
programas tipo reality show, em que os práticas desenvolvidas por muitos proprietários
telespectadores acompanham o cotidiano dos de meios de comunicação na busca do sucesso
"personagens". Nessa história, porém, Truman 12 ­ "Batman, o cavaleiro das trevas" ­
não sabe que é televisionado nem que tudo na Embora seja um filme de ação, não há leveza e
sua vida é ilusório. Temas: ideologia e ausência de questões básicas sobre a
alienação. humanidade. Batman é dilacerado pela dúvida e
5 ­ "Menina de Ouro" ­ Um treinador de boxe, sua atuação em defesa do bem leva à morte de
após haver rompido com sua filha, se isola e inocentes
não mais se envolve com ninguém. Contudo, 13 ­ "2001: uma odisseia no espaço" ­
certo dia, entra em seu ginásio a boxeadora Clássico da ficção científica, o filme mostra a
Maggie Fitzgerald. Os dois iniciam uma evolução do ser humano até as viagens
vitoriosa, dolorosa e trágica história de amor, espaciais e a rebeldia de um computador que
em meio à força e fragilidade da vida. Temas: assume o controle da nave
liberdade, o sentido e a condição humana. 14 ­ "Hairspray, em busca da fama" ­ No
6 ­ "Tempos Modernos" ­ Clássico de inicio da década de 1960, menina com
Carlitos, ironiza o sistema fordista de trabalho sobrepeso deseja participar de programa de TV,
em linha de montagem. Temas: ideologia e para ganhar um concurso de dança. Por meio
alienação. dessa trama, são tratados os temas de
7 ­ "A Ilha" ­ A narrativa se passa em 2050 preconceito com relação à diversidade étnica e
em um grande complexo nos Estados Unidos, racial e ao padrão de beleza imposto pela
onde todos dizem ser os únicos sobreviventes sociedade. Também se presta para a discussão
de um ataque de vírus mortal que devastou a sobre os musicais, muito difundidos na cultura
Terra. O único lugar onde tal vírus não chega é americana e que chegam ao Brasil via
chamado de A Ilha, e os moradores do encenação teatral
complexo por vezes ganham uma visita a ele 15 ­ "Histórias Cruzadas" ­ O filme retrata a
como prêmio. Temas: filosofia da ciência e relação de uma jornalista branca e duas
bioética e sobre o mito da caverna de Platão. empregadas negras, durante a era americana
8 ­ "Diários de Motocicleta" ­ Baseado nos dos Direitos Civis, na década de 1960. Tema:
diários de Ernesto Che Guevara, mostra a preconceito racial e desigualdade social
viagem do líder revolucionário e Alberto 16 ­ "A Onda" ­ Relata a experiência de um
Granado por diversos países da América do Sul. professor alemão que tenta transformar sua
Temas: cultura dos povos latinos e desigualdade sala de aula em uma sociedade fascista, como
social. exercício prático. Contudo, ele acabar perdendo
9 ­ "Entre os muros da escola" ­ o controle da situação. Temas: alienação e
Documentário sobre uma escola pública de ideologia

Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas 173
CIÊNCIAS HUMANAS

17 ­ "Central do Brasil" ­ A personagem Dora ­ Blog ­ Sociologia em Teste ­


(Fernanda Montenegro) ganha a vida http://sociologiaemteste.blogspot.com/
escrevendo cartas para pessoas analfabetas na ­ Socio(lizando) ­
estação de trem Central do Brasil, no Rio de http://sociolizando.wordpress.com/
Janeiro. Acaba conhecendo Ana e seu filho, ­ Centro de referência virtual do Professor –
Josué, que sonha em encontrar seu pai. Após a Minas Gerais
morte da mãe do garoto, Dora viaja com ele http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/IND
para o Nordeste, tentando realizar seu desejo. EX.ASP?ID_OBJETO=23967&ID_PAI=23967&ARE
Tema: desigualdade social A=AREA&P=T&id_projeto=27 (Procurar em cada
18 ­ "Billy Elliot" ­ Billy é um garoto que gosta item –Médio – Sociologia)
de dança, mas seu pai quer que ele se torne um ­ Café com Sociologia ­
boxeador. Ao chegar à puberdade, ele começa http://cafecomsociologia.blogspot.com/2009/
a frequentar escondido aulas de balé, 07/trabalho­dos­alunos­do­ensino.html
incentivado por uma professora que acredita ­ Sociologia em rede ­
que ele tem talento. Temas: pressão social, http://sociologiaemrede.ning.com/
influência da família ­ Blog de Sociologia do Professor Denis
19 – “Minority Report" ­ Ambientado no ano Wesley
de 2054, o filme mostra uma sociedade de http://aprendendoapensarcomasociologia.w
extremo controle, onde os crimes são punidos ordpress.com/2011/04/16/sociologia­no­
antes de ser cometidos. Temas: questão da ensino­medio­o­que­ensinar/
liberdade e controle do estado. ­ Blog Professores de sociologia – Ceará
20 ­ "Juno" ­ Uma adolescente engravida de http://sociologiaceara.blogspot.com/
seu colega de classe. Com o apoio de seus pais ­ Blog ­ Sociologia na rede ­
e de sua melhor amiga, ela conhece um casal http://www.cienciassociaisnarede.blogspot.com
disposto a adotar a criança. Temas: liberdade e /
o sentido ­ Blog – Acessa sociologia ­
21 ­ "As Vantagens de Ser Invisível" ­ A http://acessasociologia.zip.net/
história acompanha o amadurecimento de ­ Ensino de Sociologia ­
Charlie (Logan Lerman), adolescente solitário http://ensinosociologia.pimentalab.net
que enfrenta o traumático primeiro colegial. ­ Mutirão de Sociologia ­
Tema: relações sociais. http://www.mutiraodesociologia.com.br/
­ Blog – Informe e crítica ­
SITES E BLOGS http://informecritica.blogspot.com/
­ Laboratório de Ensino de Sociologia ­ Mangue sociológico ­
Florestan Fernandes ­ http://manguevirtual.blogspot.com/
http://www.labes.fe.ufrj.br/ ­ Circulo brasileiro de sociologia ­
­ LEFIS – Laboratório interdisciplinar de http://circulobrasileirodesociologia.blogspot.co
ensino de Filosofia e Sociologia m/
http://www.sed.sc.gov.br/lefis/ ­ Ciência social Ceará ­
­ Projeto Praxis ­ biblioteca virtual e rede http://cienciasocialceara.blogspot.com/
social http://praxis.ufsc.br/ ­ Oficina sociológica ­
­ Biblioteca Virtual das Ciências Sociais – http://oficinasociologica.blogspot.com/
Florestan Fernandes ­ Que cazzo é esse?!! ­
http://bivcs.blogspot.com/?zx=117adb6ed77 http://quecazzo.blogspot.com/
76cb0 ­ Sociologia on line ­
­ Laboratório de Ensino de Sociologia (LES) http://sociologiaonlline.blogspot.com/
– USP ­ ­ Associação portuguesa de sociologia ­
http://www.ensinosociologia.fflch.usp.br/ http://www.aps.pt/index.php

174 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas
CIÊNCIAS HUMANAS

FILOSOFIA MANDEL, Sylvia J. Hamburger e SANTANA, Isabel


LIVROS Cristina; Comunidade de Investigação e a Pré­
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Paulo: Saraiva, 1997. II ­ São Paulo: Centro Brasileiro de Filosofia para
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 6ª ed. São Crianças, 1996.
Paulo: Ed. Ática, 1997.
Silvio Gallo ­ Walter Omar Kohan : Filosofia No LIPMAN, Mattew. O Pensar na Educação; trad.:
Ensino Medio, V.6 Ann Mary Fighiera Perpétuo. ­ Petrópolis, RJ:
Silvio Wonsovicz, Programa Educar para o Vozes, 1995.
pensar: Filosofia com crianças, adolescentes e
jovens. 3º volume. _______________. A filosofia vai à escola; trad.:
Maria
AIUB, Mônica. Filosofia Clínica e Educação. Elice de Brzezinski Prestes e Lucia Maria Silva
Editora Wak. Kremer. ­ São Paulo: Summus, 1990.

BÜTTNER, Peter. Mutação no Educar: uma _______________. A Filosofia e o


questão de sobrevivência e da vida plena ­ o desenvolvimento do raciocínio. In: A
óbvio não compreendido. Cuiabá. EdUFMT, Comunidade de Investigação e o Raciocínio
1999. Crítico. Coleção Pensar ­ vol.I ­ São Paulo:
Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças,
BRUNER, Jerome S. Child?s Talk, Nova Iorque: 1995.
Norton, 1983.
_______________. Natasha, diálogos
FELTRIN, Antônio Efro. Inclusão Social na Escola: vygotskianos. Trad.: Lólio Lourenço de Oliveira ­
Quando a pedagogia se encontra com a Porto Alegre: Nova Alexandria, 1997.
diferença. São Paulo: Paulinas, 2004. _______________; SHARP, Ann Margaret e
OSCANYAN, Frederick S. A filosofia na sala de
FERNANDES, Raquel Martins. Comunidade de aula, trad.: Ana Luiza Fernandes Falcone ­ São
investigação Filosófica no Ensino Superior ­ Paulo: Nova Alexandria, 1994.
teoria e prática. / Orientador Dr Peter Büttner
Cuiabá: UFMT/I E, 2003. LIPMAN. Alguns pressupostos filosóficos de
filosofia para crianças. In: KOHAN, Walter Omar
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­ São Paulo: Centro Brasileiro de Filosofia para OBIOLS, Guillermo. Uma introdução ao ensino
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GAZZARD, Ann. A Filosofia para crianças e a SHARP, Ann M. Algumas pressuposições da


disciplina de filosofia. In: A Filosofia e o noção "Comunidade de Investigação", In: A
Incentivo à Investigação Filosófica. Coleção Comunidade de Investigação e o Raciocínio
Pensar ­ vol. IV ­ São Paulo: Centro Brasileiro de Crítico. Coleção Pensar ­ vol.I ­ São Paulo:
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SÁTIRO, Angélica. Com diálogos, relatos e
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Filosofia na Madeira
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desenvolvimento e aprendizagem. SP, Icone, de Filosofia
1988.
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ANEXO
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CIÊNCIAS HUMANAS

184 Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas

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