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04/04/2016 Mais calor, mais chuvas, mais raios | Tribuna de Minas

CIDADE

3 de abril de 2016 ­ 07:00

Mais calor, mais chuvas, mais raios
Juiz de Fora é a 1ª cidade de Minas e a 5ª do país em incidência de
descargas elétricas. Em 2015, município teve 17.622 registros

POR EDUARDO VALENTE

Reza a lenda que raios não caem duas vezes no mesmo lugar. Será? Em se tratando de
Juiz de Fora, a probabilidade é considerável: são, em média, 12 registros por quilômetro
quadrado ao ano, conforme levantamento do Departamento de Meteorologia da Cemig.
Em 2015, foram contabilizadas 17.622 descargas atmosféricas no município que, de
acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), tem a quinta maior incidência do fenômeno em todo o
território nacional. Em Minas Gerais, a cidade ocupa a primeira colocação. O ápice foi
observado em novembro, quando foram registradas cerca de 300 mil descargas em
Minas Gerais, o dobro da média histórica. Em Juiz de Fora, foram 4.840 eventos. O fator
geográfico – com a Zona da Mata inserida em grandes cadeias montanhosas – é
determinante ao explicar a elevada quantidade de raios na cidade, mas não é o único.
Especialistas já afirmam que a concentração de descargas atmosféricas tende a ficar
cada vez maior, e a causa está no aquecimento global, causado não apenas pela
geração de gases poluentes como também pela atividade humana. Impermeabilização
do solo, supressão de área verde e verticalização de centros urbanos deixam o
ambiente cada vez mais quente, causando fortes chuvas em formas de pancadas, que
são acompanhadas de rajadas de ventos e trovoadas.
O editor de fotografia da Tribuna, Roberto Fulgêncio, flagrou uma forte tempestade no
Morro do Imperador, no dia 22 de março. Em dois minutos, foram 294 descargas

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elétricas no céu (veja vídeo abaixo). Segundo o 5º Distrito do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet), o acumulado de precipitações naquela data foi de 18 milímetros, o
que representa cerca de 9% do que era esperado para todo o mês de março. Não
chovia em Juiz de Fora havia três dias.
A distribuição irregular das chuvas foi uma característica perceptível deste período
chuvoso, iniciado em outubro. Em algumas ocasiões, vários dias secos consecutivos
foram registrados, enquanto acumulados significativos de chuvas desabaram sobre a
cidade em poucas horas. Isso aconteceu devido ao fenômeno climatológico El Niño, que
deixou o ambiente ainda mais quente e abafado. Tanto que todos os meses de
instabilidade terminaram com temperaturas máximas sempre acima da média, com o
ápice de 3,9 graus, em outubro de 2015.

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Aquecimento é realidade
Para o meteorologista da Cemig, Geraldo Paixão, bolhas intensas de calor já são
observadas, sobretudo em grandes centros. Por esta razão, chuvas fortes e de curta
duração podem acontecer com cada vez mais frequência. “Nas reuniões do IPCC
(Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, na sigla em inglês), da ONU, não
se fala mais em mitigação, em parar de emitir gases poluentes, e sim em se adaptar. O

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nível de emissão está tão elevado que as mudanças já foram consolidadas. Estamos na
consequência, tanto que o comportamento das chuvas já mudou. Mesmo que tenhamos
ações efetivas para reverter e melhorar, precisamos aceitar o que já foi feito e nos
adaptar para o futuro. Tanto que viemos de três anos muito secos e um período com
várias tempestades, acompanhadas de raios e granizos.”
 

Rede com 56 sensores monitora todo o
país
Para o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), Osmar Pinto Júnior, diversos estudos apontam para um
aumento de incidência de descargas em razão do aquecimento do planeta. “Podemos
ter, no fim do século, o dobro de raios. Para evitar isto, só podemos tentar minimizar o
aquecimento global, que a esta altura é inevitável”, ponderou. Osmar coordena o maior
programa sobre descargas atmosféricas em território nacional. O monitoramento é feito
por meio de uma rede de 56 sensores, cada um deles com alcance de mil quilômetros,
espalhados por todo o Brasil. “A nossa rede, a BrasilDAT, é a terceira maior do mundo, e
é importante na identificação de tempestades severas associadas a vendavais,
enchentes, granizo, grande incidência de raios e tornados.”
O meteorologista Geraldo Paixão, do departamento de meteorologia da Cemig, confirma
que a incidência de raios está elevada. “Na verdade, observamos que, desde a década
de 80, o número de eventos extremos está cada vez maior. Antes era na média de dois
a três a cada ano, e agora chegamos a 12″, explicou, acrescentando que, no caso do
Brasil, um país tropical, estes eventos extremos se manifestam por meio da
intensificação das chuvas. “Interessante que o volume de precipitações mudou muito
pouco. Acontece é que elas estão cada vez mais concentradas em pancadas. Estes
eventos são, de um modo geral, acompanhados de rajadas de ventos, granizos e raios.
Temos registros no estado de, em poucas horas, chover o esperado em 20 ou até 30
dias.”

Longe de chuveiros e paredes
As tempestades com raios são perigosas. Além dos riscos de equipamentos serem
queimados, as pessoas podem se ferir se alguns cuidados não forem adotados. O
engenheiro eletricista e de segurança do trabalho da Cemig, Demétrio Aguiar, explica
que a possibilidade de danos é potencializada quando a rede de proteção não é a
adequada. No caso do sistema da companhia, isso é feito por meio de dispositivos que,
ao serem atingidos pelos raios, fecham o circuito. “Assim, a rede elétrica é colocada em
curto e o sistema de alimentação da rede provoca um desligamento automático. O
desarme é instantâneo, durante frações de segundo, enquanto a religação demora cerca
de três segundos. Por isso ocorre aquela piscadinha na energia durante tempestades. É
o sistema de proteção funcionando.”
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Conforme Demétrio, esta tensão elevada geralmente não chega aos lares, mas isso
pode acontecer se o aterramento dos imóveis não for o adequado. Por esta razão, é
recomendado, em todos os casos, desligar os aparelhos da tomada, não ligar o chuveiro
elétrico durante as tempestades e também se afastar de paredes. “Se o aterramento não
for bom, esta sobretensão pode circular, por exemplo, no chão da casa e nas paredes
até procurar uma saída, que pode ser as tomadas. Mas também pode atingir a ligação
do chuveiro elétrico, e a água é condutora de energia, daí o risco de choque.”
Para evitar danos mais significativos durante as tempestades, a Cemig atua com radares
meteorológicos a fim de identificar a real possibilidade destes eventos e, desta forma,
preparar equipes para possíveis atendimentos. “Quando o alerta é emitido, ficamos de
prontidão, não só para problemas de desligamento por raios, como também por aqueles
causados pelas fortes rajadas de ventos, já que galhos de árvores e telhas podem atingir
os fios e provocar curto. É importante, inclusive, orientar as pessoas a nunca tocarem
nestes cabos, mesmo que aparentemente desenergizados. Também se deve evitar ficar
em campos abertos ou perto de árvores.”

http://www.tribunademinas.com.br/mais­calor­mais­chuvas­mais­raios/ 5/5

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