Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
ÍNDICE:
I. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO....................................................................................................2
II. CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES.............................................................................2
III. PODER CONSTITUINTE............................................................................................................3
IV. A NOVA CONSTITUIÇÃO E AS NORMAS DO ORDENAMENTO ANTERIOR..................3
V. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO À EFICÁCIA:.............3
VI. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS............................................................................................4
VII. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.......................................................................6
A) Direitos e garantias individuais:.................................................................................................6
B) Direitos Sociais:............................................................................................................................8
C) Da nacionalidade:........................................................................................................................9
D) Direitos Políticos:.......................................................................................................................10
IX. A ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA:...........................................................13
A) Repartição De Competências Na Federação:..........................................................................15
B) Intervenção:................................................................................................................................16
X. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:...............................................................................................17
A) O Servidor Público:...................................................................................................................19
XI.PODERES DO ESTADO ............................................................................................................ 23
A) PODER LEGISLATIVO:..........................................................................................................23
B) PODER EXECUTIVO..............................................................................................................28
C) PODER JUDICIÁRIO..............................................................................................................29
XII. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA.....................................................................................35
XIII. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS................................39
XIV. ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL........................................................................................40
1
I. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
A Constituição pode ser conceituada, com base em diferentes critérios. É comum apontar-se os
conceitos sociológico, político e jurídico. O conceito sociológico foi desenvolvido por Ferdinand
Lassalle e enfatiza os fatores reais de poder na sociedade. O conceito político está relacionado a Carl
Shimitt, para quem a constituição se refere à decisão política fundamental. O conceito jurídico está
ligado a Hans Kelsen e entende a Constituição como uma norma jurídica fundamental. Kelsen também
elaborou um, conceito lógico de constituição ao desenvolver a norma fundamental hipotética que não
é norma jurídica, mas um fundamento lógico para o sistema de normas.
2
Segundo Loewenstein, as constituições podem ser normativas quando efetivamente
conseguem disciplinar a realidade política e social; nominalistas quando pretendem disciplinar a
realidade, mas não encontram ressonância; semânticas quando não passam de um instrumento de
legitimação do poder, vez que não há sequer a pretensão de ser aplicada à realidade.
O surgimento de uma nova constituição acarreta a total revogação da constituição anterior, vez
que são normas da mesma hierarquia. Não é aceita no Brasil a tese da desconstitucionalização pela
qual as normas da constituição anterior poderiam continuar em vigor com o status de lei ordinária no
que fosse materialmente compatível com a nova constituição.
3
da realidade sócio-econômica para concretizar os valores de justiça social. Vinculam o legislador e o
administrador público porque o desenvolvimento do programa traçado pela norma programática deve
ser realizado, embora, muitas vezes, fique condicionado à existência dos meios materiais para tanto.
Os princípios jurídicos apresentam grau de generalidade maior do que as regras, por isso se
amoldam com mais facilidade às novas exigências normativas. Segundo Canotilho, os princípios
constitucionais são basicamente de duas categorias: os princípios político – constitucionais e os
princípios jurídico-constitucionais. Os primeiros correspondem às decisões políticas fundamentais, a
exemplo da forma de Estado, da forma e do sistema de Governo, do regime político. Os princípios
jurídico-constitucionais informam de modo geral a ordem jurídica nacional, podendo representar
desdobramentos dos princípios fundamentais, a exemplo do princípio da supremacia da constituição,
da legalidade, da isonomia, da autonomia individual, bem como dos princípios - garantias, de que são
exemplos a legalidade e a anterioridade no Direito Penal, o devido processo legal, o juiz natural, o
contraditório.
São princípios das relações internacionais: independência nacional; prevalência dos direitos
humanos; autodeterminação dos povos; não-intervenção; igualdade entre os Estados; defesa da paz;
solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade e concessão de asilo político.
4
O Estado de direito corresponde a pressupostos que se apresentam da seguinte forma:
juridicidade, constitucionalidade e direitos fundamentais.
Princípio participativo: A forma representativa não tem sido considerada suficiente para o exercício
da soberania popular. Deve-se assegurar também a participação direta do povo, através dos institutos
da democracia semidireta (referendo, iniciativa popular, plebiscito) ou mediante reivindicações
diretamente apresentadas. É competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar plebiscito e
convocar referendo.
Referendo – consulta feita aos eleitores sobre uma questão ou sobre um texto. Trata-se de
consulta posterior para ratificar ou não uma decisão.
Iniciativa popular – consiste em facultar ao povo a iniciativa das leis. No plano federal,pode
haver iniciativa popular para os projetos de leis complementares e ordinárias, mediante a
reunião de eleitores no percentual de 1% do eleitorado nacional, distribuídos em pelo menos
cinco estados com não menos de 0,3%, do eleitorado de cada um deles.Os estados deverão
dispor, através de lei, sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.A Lei Orgânica
dos Municípios deverá prever a iniciativa popular para as leis municipais, exigindo a
manifestação de cinco por cento do eleitorado municipal. Não cabe à iniciativa popular a
apresentação de propostas de emendas constitucionais.
5
As declarações de direitos, no sentido moderno, surgiram no século XVIII com as Revoluções
Americana e Francesa.
Aplicam-se aos brasileiros, bem como aos estrangeiros, no território nacional. A Constituição
estabelece o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE: todos são iguais perante a lei. A Constituição proíbe as distinções que
não se destinem a atender a uma finalidade juridicamente protegida. É possível, por exemplo, exigir
idade máxima para provimento de um cargo público, se as respectivas atribuições assim exigirem.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei. Nenhuma obrigação pode ser imposta às pessoas sem previsão em lei no
sentido formal.
6
INVIOLABILIDADE DO SIGILIO DA CORRESPONDÊNCIA E DAS COMUNICAÇÕES
TELEGRÁFICAS, DE DADOS E DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS: a correspondência, as
comunicações telegráficas, de dados e as comunicações telefônicas, em regra não podem ser
interceptadas. A Constituição permitiu as interceptações telefônicas por ordem judicial. Prevaleceu o
entendimento de que era imprescindível a existência de lei regulamentando a possibilidade de
interceptações telefônicas. Para tal finalidade, foi editada a lei n 9296 de 24/07/96. As interceptações
somente são cabíveis para prova em investigação criminal e em instrução processual penal.
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: ninguém será privado da liberdade ou dos seus bens
sem o devido processo legal. Tem a sua origem na Magna Carta Inglesa. É também previsto na
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Implica a ampla defesa e o contraditório, que deverão
ser assegurados aos litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral. Por
7
outro lado, também é possível apreciar o devido processo legal do ponto de vista substantivo ou
material, identificando-o com a proporcionalidade e a razoabilidade.
B) Direitos Sociais:
No início do século, surgiu a proteção dos direitos sociais no âmbito constitucional. A Constituição
de Weimar de 1919 e a mexicana de 1917 serviram de paradigma para o tratamento da matéria.
8
A enumeração constitucional não tem caráter taxativo. A maior parte dos direitos sociais está
disciplinada em normas de eficácia limitada.
Foi adotado o princípio da unicidade sindical, não podendo haver mais de um sindicato da mesma
categoria profissional em idêntica base territorial. Compete aos trabalhadores a definição da base
territorial, que não pode ser inferior ao território de um município.
O direito de greve é assegurado pela Constituição competindo à lei definir serviços ou atividades
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. A lei 7783 de
28/07/89 disciplina a matéria.
C) Da nacionalidade:
São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros.
No entanto, nem todos nascidos no Brasil são considerados brasileiros natos, porque se os pais forem
estrangeiros e aqui estiverem a serviço público dos seus países, os filhos não adquirirão a
nacionalidade originária brasileira. Existem duas hipóteses de atribuição de nacionalidade originária
brasileira pelo critério do jus sanguinis. A primeira está prevista no art. 12, I, “b” e exige que o pai
brasileiro ou a mãe brasileira esteja a serviço público da República Federativa do Brasil. Trata-se de
nacionalidade originária incondicionada. A segunda hipótese de aplicação do jus sanguinis está
prevista no art. 12, I, “c” da CF e não exige que o pai brasileiro ou a mãe brasileira esteja no
estrangeiro a serviço público do Brasil. No entanto, são estabelecidas duas condições, quais sejam, vir
a residir na República Federativa do Brasil e optar, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
Com a Emenda Constitucional de Revisão nº3/94, deixou de existir a exigência de residência no Brasil
antes de atingir a maioridade e de opção no prazo de 4 anos após a maioridade. O artigo 12, I, “c”
contempla a atribuição condicionada da nacionalidade brasileira.
A lei não pode fazer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. A única distinção é feita pela
própria Constituição Federal que reserva os seguintes cargos para os brasileiros natos: Presidente e
Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal,
Ministro do Supremo Tribunal Federal, cargos da carreira diplomática, Oficial das Forças Armadas e
9
Ministro da Defesa. Esses cargos estão situados na linha de substituição do Presidente da República ou
se relacionam com a defesa nacional.
Deve-se ressaltar que a aquisição de outra nacionalidade não implicará a perda da nacionalidade
brasileira, nos casos de: 1) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira. 2)
imposição de naturalização pela norma estrangeira ao brasileiro residente em Estado estrangeiro como
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
D) Direitos Políticos:
No nosso país, o sufrágio é universal e obrigatório, para os maiores de dezoito anos, sendo
facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos, os maiores de dezesseis e menores de
dezoito anos. A aquisição do direito ao sufrágio pressupõe o alistamento eleitoral. São inalistáveis os
estrangeiros e os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório. A capacidade eleitoral
passiva é a possibilidade de ser eleito. Nos termos do artigo 14, parágrafo 3 da Constituição, são
condições de elegibilidade:
I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:
10
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-
Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para vereador.
A reeleição poderá ocorrer para um único período subseqüente. Os chefes de executivo não
precisarão afastar-se dos seus cargos para se candidatarem à reeleição. A Constituição estabelece casos
de inelegibilidade em razão do parentesco: são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins (ex: cunhada de Governador quando concorre a cargo
eletivo de Município situado no mesmo Estado), até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato
à reeleição. Outros casos de inelegibilidade são estabelecidos em Lei Complementar (Lei
Complementar n 64/90 e n 81/94). O Tribunal Superior Eleitoral entende que o cônjuge do Prefeito
somente poderá candidatar-se à chefia do executivo municipal para o período subseqüente, caso o
próprio titular ainda possa postular a reeleição.
A perda dos direitos políticos ocorre no caso de cancelamento da naturalização, por sentença
transitada em julgado. A suspensão dos direitos políticos ocorre nos casos de incapacidade civil
absoluta, condenação criminal com trânsito em julgado, enquanto durarem seus efeitos e improbidade
administrativa. A recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa é considerada,
por parte da doutrina, como hipótese de suspensão e, por outra parte, como hipótese de perda dos
direitos políticos.
“O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil para declarar a inconstitucionalidade do art.
2º da Emenda Constitucional 52/2006, que alterou a redação do art. 17, § 1º, da CF, para inserir em
seu texto, no que se refere à disciplina relativa às coligações partidárias eleitorais, a regra da não-
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, e determinou a aplicação dos efeitos da referida Emenda “às eleições que ocorrerão no
ano de 2002”. Inicialmente, tendo em conta que a requerente demonstrara de forma suficiente como a
inovação impugnada teria infringido a CF, afastou-se a preliminar da Advocacia-Geral da União
quanto à ausência de fundamentação da pretensão exposta na inicial. Rejeitou-se, da mesma maneira,
a alegação de que a regra inscrita no art. 2º da EC teria por objeto as eleições realizadas no ano de
2002, uma vez que, se essa fosse a finalidade da norma, certamente dela constaria a forma verbal
pretérita. Também não se acolheu o argumento de que a aludida referência às eleições já consumadas
em 2002 serviria para contornar a imposição disposta no art. 16 da CF, visto que, se a alteração
tivesse valido nas eleições passadas, não haveria razão para se analisar a ocorrência do lapso de um
ano entre a data da vigência dessa inovação normativa e as próximas eleições (CF: “Art. 16. A lei
que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.”).
Quanto ao mérito, afirmou-se, de início, que o princípio da anterioridade eleitoral, extraído
da norma inscrita no art. 16 da CF, consubstancia garantia individual do cidadão-eleitor — detentor
originário do poder exercido por seus representantes eleitos (CF, art. 1º, parágrafo único) — e
protege o processo eleitoral. Asseverou-se que esse princípio contém elementos que o caracterizam
como uma garantia fundamental oponível inclusive à atividade do legislador constituinte derivado
(CF, artigos 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV), e que sua transgressão viola os direitos individuais da segurança
jurídica (CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). Com base nisso, salientando-
se que a temática das coligações está ligada ao processo eleitoral e que a alteração a ela concernente
interfere na correlação das forças políticas e no equilíbrio das posições de partidos e candidatos e,
portanto, da própria competição, entendeu-se que a norma impugnada afronta o art. 60, § 4º, IV, c/c
art. 5º, LIV e § 2º, todos da CF. Por essa razão, deu-se interpretação conforme à Constituição, no
sentido de que o § 1º do art. 17 da CF, com a redação dada pela EC 52/2006, não se aplica às
eleições de 2006, remanescendo aplicável a estas a redação original do mesmo artigo. Vencidos,
nessa parte, os Ministros Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence que julgavam o pedido improcedente,
sendo que o Min. Marco Aurélio entendeu prejudicada a ação, no que diz respeito à segunda parte do
art. 2º, da referida Emenda, quanto à expressão “aplicando-se às eleições que ocorrerão no ano de
2002”. ADI 3685/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 22.3.2006. (ADI-3685)ADI 3685/DF, rel. Min. Ellen
Gracie, 22.3.2006. (ADI-3685)”
Portanto, para as eleições do ano de 2006, restou mantida a verticalização. Todavia, para as
eleições posteriores ao ano de 2006, será aplicável a alteração promovida pela EC nº 52/06, que
conferiu nova redação ao § 1º do art. 17:
12
“Art. 17.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.”
O Estado Federal é o todo, com personalidade jurídica de direito público internacional. A União é
pessoa jurídica de direito público interno, com autonomia em relação aos Estados-membros e aos
municípios, cabendo-lhe exercer as prerrogativas de soberania do Estado brasileiro. A União não é
soberana. A soberania é do Estado Federal.
A criação de Estados, bem como incorporações e fusões entre Estados está disciplinada no artigo 18,
p.3º da Constituição que estabelece os seguintes requisitos: aprovação da população diretamente
interessada através de plebiscito e edição de uma Lei Complementar. A Constituição também exige a
manifestação das Assembléias Legislativas envolvidas cujos pronunciamentos, no entanto, não terão
caráter vinculante. A criação de territórios também requer Lei Complementar e prévia aprovação da
população através de plebiscito.
13
Existem vedações que a Constituição estabelece para todos os entes do Estado Federal conforme o
artigo 19 que tem o seguinte teor: “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios”:
A autonomia dos Estados-membros está caracterizada por três aspectos: capacidade de auto-
organização e normatização própria, autogoverno e auto-administração. A auto-organização
corresponde à existência das constituições estaduais representando o exercício do poder constituinte
decorrente. A normatização própria significa a existência de competências legislativas
constitucionalmente reservadas aos Estados. O auto-governo é a escolha dos titulares dos poderes
executivo e legislativo pelo próprio povo do Estado e a existência do Poder Judiciário Estadual. Os
Estados-membros possuem autonomia administrativa, instituindo e mantendo os seus próprios órgãos
administrativos.
Não se estende aos Governadores de Estado a imunidade temporária à persecução penal que protege
o Presidente da República. No entanto, a instauração de processo por crime comum contra o
Governador pode estar condicionada à licença da Assembléia Legislativa.
Os deputados estaduais gozam da imunidade formal e material, nos mesmos termos em que a
proteção é concedida aos parlamentares federais.
14
A constituição federal determina o critério de fixação do número de deputados à Assembléia
Legislativa: deve-se observar o número de deputados federais estabelecido para o Estado, o qual será
multiplicado por três, até doze federais e daí em diante se acrescentará um estadual para cada deputado
federal.
O subsídio do Governado do Estado será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa., o
mesmo acontecendo com o subsídio dos deputados estaduais.
A constituição federal elencou os bens da União no artigo 20 e os bens dos Estados no artigo 26. As
ilhas oceânicas e costeiras são bens da União, mas é possível que ali existam áreas de propriedade
estadual. A Emenda Constitucional nº46/2005 estabeleceu que não se incluem no domínio da União as
ilhas que contenham a sede de município, com exceção das áreas afetadas ao serviço público e
unidade ambiental federal.
A competência legislativa foi distribuída da seguinte forma: competência privativa da União (art.
22, CF), competência remanescentes dos Estados-membros, competência concorrente da União, dos
Estados e do Distrito Federal (art. 24 CF).
Sobrevindo a Lei Federal sobre normas gerais, ficará suspensa a eficácia da Lei estadual no que lhe
for contraditório. Observamos que não se trata de revogação da lei estadual pela lei federal.
A competência exclusiva do município está prevista no art. 30 da CF. o município pode suplementar
a legislação federal e estadual no que couber.
15
O Distrito Federal tem as competências reservadas aos Estados e municípios (art. 32 parágrafo 1 o da
CF).
B) Intervenção:
A União pode intervir nos Estados e nos municípios situados em territórios federais. Os Estados
podem intervir nos municípios. A intervenção é decretada pelo Poder Executivo. Existem casos em
que o Chefe do Executivo age de ofício e em outras hipóteses necessita de ser provocado.
A intervenção pode ser decretada de ofício para manter a integridade nacional, repelir invasão
estrangeira ou de uma unidade da federação em outra, por termo a grave comprometimento da ordem
pública e reorganizar as finanças públicas. Nos casos de garantir o livre exercício de qualquer dos
poderes nas unidades da federação, prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial e de
assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis, o Chefe do Poder Executivo age
mediante provocação.
Existindo coação contra o Poder Executivo ou o Poder Legislativo dos Estados, o Presidente da
República poderá decretar a intervenção por solicitação do Poder coagido. Apreciará, no entanto,
discricionariamente a necessidade da intervenção. Se a coação for exercida contra o Poder Judiciário, é
imprescindível requisição do Supremo Tribunal Federal. Nas hipóteses de intervenção para assegurar a
execução de lei federal, ordem ou decisão judicial e a observância dos princípios constitucionais
sensíveis também é imprescindível a requisição do Poder Judiciário.
16
sensíveis. Julgadas procedentes as ações, a intervenção será requisitada ao Presidente da República
que agirá de modo vinculado.
Nos casos de observância dos princípios constitucionais sensíveis e de prover a execução de lei
federal, ordem ou decisão judicial, a intervenção não será decretada se a mera suspensão do ato for
suficiente.
A intervenção será formalizada por decreto, que nomeará o interventor e indicará o prazo e a
amplitude da intervenção. Exceto no caso de requisição do Poder Judiciário, o decreto será submetido
ao controle político do Congresso Nacional no prazo de vinte e quatro horas. Se for rejeitado, a
intervenção deverá cessar imediatamente sob pena de crime de responsabilidade do Presidente da
República. Nem sempre haverá necessidade de nomeação de interventor
Os Estados poderão intervir nos municípios e a União poderá intervir nos municípios localizados
em território federal para restabelecer a normalidade das finanças públicas nos casos de não
pagamento, sem motivo de força maior, da dívida fundada por dois anos consecutivos e de não
prestação de contas. Também enseja a intervenção a não aplicação do mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino. Nos referidos casos, o Chefe do Executivo
Estadual poderá agir de ofício.
A Constituição Estadual não poderá criar outras hipóteses de intervenção nos municípios, além das
que estão previstas na Constituição Federal.
Pode ser apreciada em dois aspectos: o orgânico, que corresponde às estruturas governamentais
instituídas para o desempenho da função administrativa e o material ou funcional, que significa a
atividade destinada a atender de modo concreto e imediato necessidades coletivas.
A Constituição de 1988 trouxe capítulo específico sobre a Administração Pública, que recebeu
modificações significativas com a Emenda Constitucional n19 e também com as Emendas 20, 41 e
47.
Existem normas constitucionais que devem ser observadas pela Administração pública direta,
indireta e fundacional, em todas as entidades federativas, sendo interessante destacar os seguintes
aspectos:
- Acessibilidade aos cargos, empregos e funções públicas a todos os brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. Não podem ser
estabelecidas exigências para o provimento dos cargos públicos que não resultem da lei.
17
- Não são inconstitucionais exigências de idade máxima e altura mínima, quando se revelarem
necessárias ao exercício do cargo, observada a razoabilidade e proporcionalidade. O exame
psicotécnico pode ser exigido, se houver previsão legal e possibilitar apreciação objetiva.
- Exigência de Lei para fixar e alterar a remuneração dos servidores públicos e o subsídio e proibição
de que excedam o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A Emenda
Constitucional 41 alterou a redação do art.37, XI, da Constituição, estabelecendo que a fixação do
subsídio de Ministro do STF não mais necessita de projeto de lei de iniciativa conjunta, sendo apenas
do próprio STF a iniciativa do processo legislativo em tal caso. Foram instituídos pela referida emenda
subtetos no âmbito dos Estados e do Distrito Federal. Em relação ao Poder Executivo Estadual, o teto
é o subsídio do Governado: para o Poder Legislativo, o subsídio dos Deputados Estaduais: para o
Poder Judiciário e membros do MP, Procuradores do Estado e Defensores Públicos, prevalece o
subsídio dos Desembargadores do TJ, que não poderá superar 90,25% do subsídio de Ministro do STF.
A Emenda 47 permitiu que os Estados e o Distrito Federal, através de Emenda às respectivas
constituições e Lei Orgânica estabeleçam um teto único equivalente ao subsídio mensal dos
desembargadores do Tribunal de Justiça. Essa regra, no entanto, não alcançará os deputados estaduais.
O teto remuneratório deve abranger todas as vantagens percebidas pelos agentes públicos, exceto as de
caráter indenizatório.
- Possibilidade de ser adotado o contrato de gestão para ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e
financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta.
18
- Exigência de lei específica para criar autarquia e autorizar a criação de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, bem como de suas subsidiárias e também para que
possam participar de empresas privadas..
A) O Servidor Público:
CONCEITO: refere-se a todas as pessoas que mantêm relação de trabalho com a Administração
Pública, direta, autárquica e fundacional.
As Leis que instituíram regimes jurídicos no âmbito da União (8.112/90), Estados e Municípios
continuam em vigor. Deixou, no entanto, de existir a exigência de regime único.
- é definido por oposição ao regime contratual – os empregados em geral regidos pela CLT
possuem um regime contratual o que significa dizer que em princípio ajustam as condições de
trabalho e assim ajustadas não podem ser modificadas unilateralmente.
Consequentemente, pode a Lei alterar as condições de prestação do serviço. Não significa que
inexista a possibilidade de aquisição de direitos no Regime Estatutário.
19
O Funcionário adquirirá os direitos que decorrerem de um trabalho já realizado, que decorrerem de
situações previstas na Lei.
Não tem a possibilidade de se opor à modificação desses direitos para o futuro. Ex.: Adicional por
tempo de serviço: foram previstos os anuênios – no Regime Jurídico Único – no entanto, a partir da
vigência de uma Lei que modificou o sistema dos anuênios para o de qüinqüênio, não pode o servidor
se opor aos efeitos para o futuro – conservou o que já havia adquirido, mas, para o futuro terá que se
submeter às novas regras.
Não tem o servidor o direito à preservação das mesmas normas, das mesmas regras.
No caso do servidor público não existe contrato, existe um Estatuto ao qual se submete – que é o
Regime Jurídico Estatutário o qual se ajusta ao interesse público. As modificações são unilaterais
porque são ditadas pelo interesse público, daí porque preservam a sua supremacia.
Cada unidade federada tem seu Regime Jurídico – seus estatutos – que é uma decorrência da
autonomia dessas entidades.
A Lei nº 9.527, de 10.12.97, derrogou a Lei nº 8112/90, excluindo a transferência e ascensão como
formas de provimento dos cargos públicos.
Estabilidade
Efetividade é uma característica do provimento do cargo, os cargos públicos podem ser providos em
caráter efetivo ou em comissão.
Efetivos: são aqueles cargos em que se exige aprovação em concurso público e pressupõem uma
situação de permanência.
Comissão: são os livremente nomeados, mas em caráter provisório. São de livre nomeação e
exoneração.
Estabilidade é a permanência do Servidor Público que satisfez o estágio probatório e exige avaliação
especial de desempenho por comissão constituída para essa finalidade. É por isso que se diz que
estabilidade se dá no Serviço Público e não no cargo – é o direito de permanência no Serviço
Público, mas não é o direito de permanência no mesmo cargo para o qual o Servidor foi nomeado.
20
É por isso que o Servidor Estável não pode se opor à extinção do cargo. Se este for extinto, ficará em
disponibilidade.
Nos termos da Emenda Constitucional n 19, a estabilidade será adquirida após três anos de
exercício.
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias concedeu estabilidade aos celetistas, desde que
tivessem pelo menos 5 anos de serviço anteriores a 1988.
A Lei n 8112 fez incluir no Regime Jurídico Único esses servidores que adquiriram estabilidade nos
termos do ADCT.
O Servidor Estável que ocupar o cargo extinto ou declarado desnecessário será colocado em
disponibilidade.
Acumulação: Hoje a sua vedação é extensiva aos cargos e empregos nas Empresas Públicas.
Autarquias, Sociedade de Economia Mista e Fundações.
Exceções: Dois cargos de profissões regulamentadas na área de saúde (alterada pela EC n 34)
Dois cargos de Professor
01 de professor e outro de natureza técnico-científica.
21
REGIME PREVIDENCIÁRIO DO SERVIDOR PÚBLICO
Os servidores públicos estatutários e ocupantes de cargos efetivos têm assegurado pela Constituição
regime previdenciário próprio. Os ocupantes de cargos em comissão, embora regidos pelos estatutos,
estarão sujeitos ao regime geral da previdência social.
A aposentadoria será concedida nas seguintes situações: por invalidez, compulsoriamente por idade
(70 anos) ou voluntariamente.
A aposentadoria por invalidez será com proventos integrais se resultar de acidente em serviço ou de
doença específica em lei. Será com proventos proporcionais ao tempo de contribuição quando decorrer
de outras causas.
A aposentadoria compulsória por idade (70 anos) será concedida com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição.
A aposentadoria voluntária exige sempre o mínimo de dez anos de serviço público e de cinco anos
no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
Será concedida com proventos proporcionais ao tempo de contribuição ao homem com a idade de
65 anos e à mulher com a idade de 60 anos.
Os proventos de aposentadoria não são mais calculados com base na última remuneração do
servidor e sim de acordo com um critério legal, sendo atualizados monetariamente todos os salários de
contribuição considerados para o cálculo. O valor dos proventos não poderá superar o que o servidor
percebia em atividade.
As pensões também não correspondem ao total da remuneração ou dos proventos do servidor. São
calculados em duas parcelas: até o limite do valor dos benefícios do regime geral será considerado o
valor integral. Sobre o que ultrapassar tal limite será aplicado o percentual de 70%.
Está previsto um abono de permanência para os servidores que satisfizerem os requisitos para a
aposentadoria voluntária integral e continuarem em atividade, no valor equivalente ao da contribuição
previdenciária.
Poderá ser instituído o regime de previdência complementar por lei de iniciativa do respectivo
Poder Executivo, possibilitando que o valor dos benefícios no regime previdenciário do servidor
público também passe a observar o teto fixado para os benefícios do regime geral da Previdência
Social.
22
X. PODERES DO ESTADO
Os Estados democráticos organizam-se com base na divisão e separação de poderes. É evidente que
não se pretende questionar a unidade do Poder do Estado, mas tão somente estabelecer a atribuição de
competências dos órgãos de soberania. Cada um dos poderes recebe uma função típica, que, no
entanto, não é a única a ser desempenhada. Existem funções típicas e atípicas no âmbito dos Poderes
do Estado.
A) PODER LEGISLATIVO
O Poder Legislativo tem a função primordial de legislar e fiscalizar. No âmbito da União, foi
adotado o bicameralismo, compondo-se, o Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
Cada legislatura terá a duração de 4 anos, tanto para o Senado como para a Câmara, não obstante o
mandato de 8 anos que têm os senadores. O período anual corresponde à sessão legislativa, que se
divide em 2 períodos legislativos. A EC nº 50/06 alterou os referidos períodos, fixando-os da seguinte
forma: 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Nas ocasiões de posse de
seus membros (1º ano da legislatura) e de eleição das respectivas Mesas (nesse último caso, para um
mandato de 2 anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição subseqüente), cada uma das
Casas do Congresso Nacional reunir-se-á em sessões preparatórias a partir de 01 de fevereiro.
Poderá haver a convocação extraordinária do Congresso Nacional, nos casos previstos no art. 57,
§6º da CF (alterado pela EC nº 50/06):
“§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de
intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o
compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou
interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta
de cada uma das Casas do Congresso Nacional.“
A Câmara dos Deputados constitui-se de representantes do Povo eleitos em cada Estado, no Distrito
Federal e nos Territórios pelo sistema proporcional.
A Constituição no artigo 45, parágrafo 1 o estabelece que o número de Deputados será determinado
por Lei Complementar (Lei Complementar n 78, de 30.12.93), proporcionalmente à população de
cada Estado e do Distrito Federal, observado o mínimo de oito e o máximo de setenta Deputados.
Cada território (se for criado) elegerá quatro Deputados.
O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três senadores com mandato de oito
anos. Os territórios não elegem senadores.
23
As Casas do Congresso Nacional são dirigidas pelas respectivas Mesas. Existem as Mesas do
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A Mesa do Congresso será
composta pelo Presidente do Senado, 1 o Vice-Presidente da Câmara, 2o Vice-Presidente do Senado, 1o
Secretário da Câmara, 2o Secretário do Senado, 3o Secretário da Câmara e 4o Secretário do Senado.
Não há predominância de uma Casa sobre a outra. No entanto, os projetos de lei, de iniciativa do
Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e dos cidadãos
começam a tramitar pela Câmara dos Deputados.
A competência privativa da Câmara dos Deputados está prevista no art. 51 e a do Senado no art. 52.
Funcionam no Congresso as Comissões Parlamentares, que têm participação no processo
legislativo, exercem papel fiscalizador e outras atribuições. Podem ser permanentes, mantendo-se nas
diversas legislaturas ou temporárias, constituídas para apreciação de determinada matéria ou se
extinguindo com o término da legislatura. As Comissões Mistas são formadas de Deputados e
Senadores.
Podem ser constituídas Comissões Parlamentares de Inquérito, para a apuração de fato determinado
e por prazo certo, com poderes de investigação próprios das autoridades judiciárias, sendo as suas
conclusões encaminhadas ao Ministério Público para que promova a responsabilidade civil ou criminal
dos infratores. A constituição de Comissões Parlamentares de inquérito exige o apoio de 1/3 da
Câmara ou 1/3 do Senado. As referidas comissões não exercem a jurisdição, por isso, não podem
restringir direitos individuais quando as restrições estão sob reserva de jurisdição. Por exemplo, não
pode a CPI decretar prisão ( a não ser realizar a prisão em flagrante), determinar a interceptação das
comunicações telefônicas ou determinar a busca e apreensão domiciliar, sem ordem judicial. A
Jurisprudência do STF reconhece a possibilidade de a CPI quebrar o sigilo bancário, fiscal e
telefônico, independentemente de ordem judicial, através de decisão devidamente fundamentada. A
quebra do sigilo telefônico enseja o acesso aos dados sobre as ligações realizadas, mas não se
confunde com a interceptação telefônica, ou seja, a escuta da conversa.
Os Deputados e Senadores têm a imunidade parlamentar, que sofreu modificações com a EC n 35.
Foi preservada a imunidade material, também chamada de inviolabilidade pela qual os Deputados e
Senadores não respondem civil e penalmente por quaisquer das suas opiniões, palavras ou votos. Foi
sensivelmente modificada a imunidade formal que tornava imprescindível a licença da Casa respectiva
para processo criminal contra os parlamentares. A partir da vigência da referida Emenda, os processos
podem ser instaurados sem necessidade de licença, devendo o Supremo Tribunal Federal, foro
competente para o processo, comunicar o recebimento da denúncia à Casa respectiva que, tratando-se
de crime cometido após a diplomação, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação, caso em que
ficará suspensa a prescrição. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, não poderão
ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, hipótese na qual os autos serão remetidos dentro
de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
As imunidades dos Deputados e Senadores subsistirão durante o Estado de Sítio, só podendo ser
suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
do recinto do Congresso Nacional que sejam incompatíveis com a execução da medida.
Os Deputados Estaduais podem ter imunidade material e formal, nos mesmos moldes previstos para
os parlamentares federais. Os vereadores terão apenas a inviolabilidade (imunidade material) pelas
opiniões, palavras e votos que emitirem no exercício do mandato, no âmbito do Município.
24
que entendia persistir a prerrogativa de foro, mesmo após o encerramento do exercício do cargo para
os fatos praticados durante o exercício. A Lei 10.628/2002 alterou o artigo 84 do Código de Processo
Penal, pretendendo restabelecer a súmula. No entanto, a referida lei foi considerada inconstitucional
pelo STF. Logo, a competência por prerrogativa não se mantém após a cessação do exercício.
PROCESSO LEGISLATIVO:
É o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando à formação das leis
constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções e decretos-legislativos (José Afonso da
Silva).
Os regimes ditatoriais em que o próprio governante faz as leis caracterizam o processo autocrático.
A formação das leis em assembléias populares corresponde ao processo direto. A escolha de
representantes do povo que elaborarão as leis é o processo legislativo indireto. No processo legislativo
semidireto, as decisões do órgão representativo são submetidos ao referendo popular..
As fases do processo legislativo podem ser apresentadas da seguinte forma: iniciativa legislativa,
emendas, votação, sanção e veto, promulgação e publicação.
Iniciativa é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao
Legislativo. Em regra, a iniciativa do processo legislativo é atribuída concorrentemente ao Presidente
da República, Deputados, Senadores e aos cidadãos. O Supremo Tribunal Federal tem a iniciativa da
Lei Complementar dispondo sobre o estatuto da magistratura, das leis de criação e extinção de cargos
e fixação de vencimentos de seus membros e de seus serviços auxiliares.
Os Tribunais Superiores têm a iniciativa das leis de alteração do número dos membros dos Tribunais
inferiores, de criação e extinção de cargos e fixação de vencimentos de seus membros, dos juízes,
inclusive dos Tribunais inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e os dos juízes que lhes forem
vinculados.
O Procurador Geral da República tem a iniciativa das leis de organização do Ministério Público da
União concorrentemente com o Presidente da República.
As matérias previstas no art. 61, parágrafo 1 o da Constituição Federal somente podem ser tratadas
por leis de iniciativa privativa do Presidente da República.
A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
subscrito, por no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados com não menos de três décimos por cento dos eleitores em cada um deles.
Emendas:
25
Correspondem à atribuição que têm os parlamentares de poderem alterar os projetos que lhes são
submetidos. Não se admitem Emendas que aumentem despesas em projetos de lei de iniciativa
exclusiva do Presidente da República, nem nos projetos sobre organização dos serviços
administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério
Público.
Votação:
É a decisão sobre os projetos, no âmbito das Casas Legislativas. Exige-se a maioria dos membros
presentes (maioria simples), para a aprovação dos projetos de lei ordinária, maioria absoluta dos
membros das Casas Legislativas, para aprovação dos projetos de lei complementar e maioria de três
quintos dos membros das Casas do Congresso para aprovação de Emendas Constitucionais.
Sanção:
Veto:
Promulgação:
O projeto de lei torna-se lei com a sanção presidencial ou a derrubada do veto pelo Congresso
Nacional. A promulgação apenas constata a existência da lei. Existem autores, no entanto, entendendo
que a promulgação transforma o projeto em lei.Se houver rejeição do veto ou sanção tácita, a
promulgação, em princípio, deverá ser realizada pelo Presidente da República. No entanto, se este não
promulgar dentro de 48 horas, o Presidente do Senado promulgará a lei e se este não fizer em igual
prazo, caberá ao vice-presidente do Senado fazê-lo.
Publicação:
É condição para a lei entrar em vigor. É realizada pela inserção do texto promulgado no Diário
Oficial.
Espécies Normativas:
26
poderes, os direitos e garantias individuais). O Supremo Tribunal Federal entendeu que o princípio da
anterioridade é garantia individual do contribuinte. Logo, os direitos e garantias individuais protegidos
como cláusula pétrea não são apenas os indicados no art. 5º da CF, pois existem outros ao longo do
texto constitucional. Os limites formais correspondem ao procedimento estabelecido para as propostas
de Emendas Constitucionais (iniciativa do Presidente da República, de um terço dos membros da
Câmara dos Deputados ou do Senado, de mais da metade das Assembléias Legislativas, necessidade
de aprovação em cada Casa do Congresso em dois turnos de votação, mediante “quorum” de três
quintos dos respectivos membros. A promulgação será realizada conjuntamente pelas Mesas do
Senado Federal e da Câmara dos Deputados).Não existem limites temporais para a reforma da
constituição no Brasil
27
urgência subseqüentemente em cada uma das casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até
que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
A Constituição também prevê o prévio exame da MP por uma comissão mista de Deputados e
Senadores antes da apreciação pelo plenário de cada uma das casas do Congresso Nacional em sessão
separada.
B) PODER EXECUTIVO
28
Os Ministros de Estado, no Brasil, são meros auxiliares do Presidente, que pode, livremente,
nomeá-los e demiti-los. Entre as atribuições dos Ministros de Estado encontra-se a de
referendar os atos praticados pelo Presidente da República, sendo predominante o
entendimento de que o referendo é requisito de validade dos atos.
Tratando-se de crimes comuns, o processo, após a autorização da Câmara, será instaurado perante o
Supremo Tribunal Federal, com o recebimento da denúncia ou queixa-crime, ficando o
Presidente suspenso imediatamente de suas funções. Nos casos de crime de responsabilidade,
recebida a autorização da Câmara, o Senado prosseguirá com o processo e realizará o
julgamento sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal. Instaurado o
processo no Senado, o Presidente também ficará suspenso das suas funções. Em ambos os
casos, a suspensão das funções perdurará por 180 dias após o que se o julgamento não tiver
sido realizado, o Presidente retomará o exercício das suas funções. O julgamento
condenatório por crime de responsabilidade exige dois terços dos votos do Senado, limitando-
se a decisão à perda do cargo, com inabilitação por oito anos para o exercício de função
pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. Apenas o cidadão está legitimado
a oferecer a acusação por crime de responsabilidade à Câmara dos Deputados A renúncia do
Presidente, após a instauração do processo, não impede a sua continuidade, vez que ainda é
cabível a aplicação da pena de inabilitação para o exercício de cargo ou função pública por
oito anos.
As contas do Presidente da República serão inicialmente apreciadas pelo Tribunal de Contas da
União que emitirá um parecer sem caráter vinculante. O julgamento das contas é ato de competência
exclusiva do Congresso Nacional. No âmbito do congresso caberá a uma comissão mista examinar e
emitir parecer sobre as referidas contas. Se o Presidente, após 60 dias do início da sessão legislativa,
não houver prestado as suas contas, caberá à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas, mas
o julgamento será realizado sempre pelo Congresso Nacional.
C) PODER JUDICIÁRIO
29
A função típica do Poder Judiciário é resolver em definitivo os conflitos de interesses. Exerce,
ainda, funções administrativas, organizando e mantendo seus serviços auxiliares e tem a iniciativa das
leis de sua organização, criação de cargos e fixação de vencimentos.
A vitaliciedade é adquirida na primeira instância, após dois anos de exercício e nos Tribunais, a
partir da posse. Somente por decisão judicial poderá o juiz perder o cargo.
A inamovibilidade é a permanência do juiz no cargo para o qual foi nomeado, podendo ser
removido por interesse público em decisão tomado pelo voto da maioria absoluta do Tribunal a que
estiver vinculado ou do Conselho Nacional de Justiça (EC nº 45/04).
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (EC nº 45/04)
Em regra, as vedações estabelecidas para a magistratura coincidem com as que são fixadas para
os membros do MP, no entanto, podemos observar algumas diferenças, como por exemplo: o exercício
da advocacia e de atividade comercial é vedação expressa para os membros do MP e implícita para os
magistrados. Em relação ao exercício de atividade político-partidária, conforme alteração promovida
pela EC nº 45/04 que já era absoluta para os magistrados passou a ter o mesmo caráter para os
membros do MP.
30
E s t r u t u r a d o P o d e r J u d i c i á r io
STF CN J
C o n s e lh o N a c i o n a l d e J u s t iç a
J u i z a d o s E s p e c i a is J u í z e s d e D ir e ito J u í z e s F e d e r a is J u n t a s e J u í z e s E l e i t o r a is A u d it o r ia s M ilit a r e s J u í z e s d o T r a b a lh o
Supremo Tribunal Federal – tem a função precípua de apreciar questões constitucionais. Não é
uma Corte, exclusivamente, constitucional, haja vista que possui outras competências, como por
exemplo, processar e julgar determinadas autoridades originariamente. Os seus membros são
magistrados vitalícios, que vão apreciar as questões constitucionais com o critério técnico-jurídico,
exercendo o controle de constitucionalidade não apenas através das ações diretas, mas também nos
casos concretos, como por exemplo, mediante o recurso extraordinário.
A competência do STF está prevista no art. 102 da Constituição. Entre as hipóteses de Competência
Originária podemos destacar: todas as ações de controle concentrado de constitucionalidade em face
da Constituição Federal, o litígio entre Estado estrangeiro ou Organismo Internacional e a União, o
Estado, O DF ou Território (é importante lembrar que se a causa envolver de um lado o estado
Estrangeiro ou Organismo Internacional e do outro lado Município ou pessoa domiciliada ou residente
no Brasil, a competência será da Justiça Federal de 1ª instância com recurso ordinário para o STJ), as
causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o DF, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da Administração Indireta ( a Jurisprudência do Supremo entende que em tal
caso só haverá competência originária daquela corte se houver uma questão de repercussão federal
para ser decidida). As ações em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados e aquela em que mais da metade dos membros do Tribunal de origem estejam impedidos
ou sejam direta ou indiretamente interessados. Conforme a EC nº 45/04 não mais compete ao Supremo
a homologação das sentenças estrangeiras nem a concessão do exequatur às cartas rogatórias, vez que
tais competências foram transferidas para o STJ.
O STF apreciará originariamente Habeas Corpus quando o coator ou paciente for pessoa que esteja
diretamente submetida a sua Jurisdição, no entanto, se o coator for Ministro de Estado ou Comandante
da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, a competência para julgar o HC será originariamente do
STJ devendo-se registrar que os habeas-corpus contra atos de Tribunais serão de competência
originária do STF quando o coator for Tribunal Superior. A Jurisprudência entende que o habeas
corpus contra decisões das Turmas recursais dos juizados especiais é de competência originária do
STF. O HC contra decisões de tribunais de segundo grau é de competência originária do STJ.
O conflito de competência será dirimido pelo STF quando envolver Tribunal Superior. Caso o
conflito ocorra entre outros tribunais ou entre juizes vinculados a tribunais diversos a competência
originária para solucioná-los será do STJ.
Nos termos da EC nº 45/04, são de competência originária do STF, as ações contra o Conselho
Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público.
A competência recursal do STF abrange o recurso extraordinário quando a questão envolver matéria
constitucional devidamente preqüestionada, sendo também cabível contra as decisões das turmas
recursais dos juizados especiais, vez que a CF não estabeleceu que tal recurso somente caberia contra
decisões de tribunais. A EC nº 45/04, ao acrescentar o §3º ao art. 102 da CF, estabeleceu que: “no
recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da Lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de 2/3 dos seus membros”.
No que diz respeito, ainda à competência recursal do STF, está previsto o recurso ordinário em duas
hipóteses: habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos tribunais superiores se denegatória a decisão e o crime político, que é julgado em
primeira instância pelo Juiz Federal.
A EC nº 45/04 acrescentou o art. 103, a, estabelecendo que o STF poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de 2/3 dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública Direta e
Indireta, nas esferas Federal, Estadual e Municipal, bem como proceder à revisão ou cancelamento da
súmula, na forma estabelecida em Lei. Trata-se da Súmula Vinculante. Deve-se esclarecer que
somente o STF poderá instituir súmula vinculante. As atuais súmulas do STF somente terão efeito
vinculante se forem confirmadas por 2/3 dos integrantes daquela Corte e após publicação na imprensa
oficial. A súmula vinculante terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
Administração Pública, que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos
sobre questão idêntica. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em Lei, a aprovação, revisão ou
32
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a Ação Direta de
Inconstitucionalidade. Se o ato administrativo ou a decisão judicial contrariar a súmula ou aplicá-la
indevidamente será cabível reclamação ao STF, que poderá anular o ato ou cassar a decisão judicial
reclamada.
A competência que caracteriza a função peculiar do STJ é a de julgar em recurso especial as causas
decididas em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei
federal ou negar-lhe vigência, julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal, der
a lei interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro Tribunal. Não cabe recurso especial para
o STJ contra decisões das turmas recursais dos juizados especiais, vez que a CF admite tal recurso,
apenas contra decisões de tribunais. Outras competências são atribuídas ao STJ pelo art. 105 da
Constituição. Podemos destacar a competência para processar e julgar os governadores de estado nos
crimes comuns. Ressalte-se que nos crimes de responsabilidade os governadores são processados e
julgados por tribunais especiais constituídos por deputados estaduais e membros dos tribunais de
justiça ou pelas Assembléias Legislativas. Nos crimes comuns e de responsabilidade, o STJ processa e
julga os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais Regionais Federais e dos
Tribunais Regionais do Trabalho, os membros dos Tribunais de contas Estaduais e Municipais e os
membros do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. Os membros do MPU que
oficiem perante a primeira instância serão processados e julgados pelos Tribunais Regionais Federais.
33
ofício a execução das contribuições sociais incidentes sobre os valores reconhecidos nas sentenças que
proferir. Poderá, ainda, a Lei atribuir à Justiça do Trabalho a resolução de outras controvérsias
decorrentes da relação de trabalho.
A Justiça Militar é competente para processar e julgar os crimes militares definidos em lei. O art.9
do Código Penal Militar prevê as situações que caracterizam crime militar.
VI. um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII. um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
XI. um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre
os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
XII. dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
XIII. dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal.
34
O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, que votará em caso de
empate, ficando excluído da distribuição de processos naquele tribunal.
- O MINISTÉRIO PÚBLICO
35
O Ministério Público é dividido pela Constituição Federal da seguinte forma:
I - Ministério Público da União – que compreende: o Ministério Público Federal, o Ministério Público
do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do DF e territórios;
Cada ramo do MPU terá a sua chefia. O MPF terá por chefe o próprio Procurador-Geral da
República. O MPT e o MPM terão as respectivas chefias designadas pelo PGR entre uma lista tríplice
composta por integrantes da Instituição eleitos pelos membros do respectivo ramo.
O mandato dos Procuradores Gerais dos MP’s Estaduais e do MP do DF será de dois anos
admitindo-se, apenas uma prorrogação.
As vedações aplicáveis aos membros do MP constam do art. 128, §5 o, II, quais sejam:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. (Inlcuída pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
36
Os membros do MP que se afastarem do cargo, por aposentadoria ou exoneração não poderão
exercer a advocacia perante o juízo ou tribunal em que atuarem, antes de decorridos três anos do
afastamento.
A EC nº 45/04 passou a exigir três anos de atividade jurídica para o ingresso na carreira do
Ministério Público.
A ação Penal Pública é de titularidade exclusiva do MP. Nas ações cíveis, o MP tem
legitimidade concorrente para a Ação Civil Pública e a Ação de Improbidade Administrativa. O
Inquérito civil é atribuição exclusiva do MP.
Também criado pela EC nº 45/04, o Conselho Nacional do Ministério Público será composto
de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal.
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados,
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou
dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e
aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do
Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no
art. 84, XI.
37
O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os membros do
Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe
forem conferidas pela lei, as seguintes:
I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério
Público e dos seus serviços auxiliares;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;
III requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar
servidores de órgãos do Ministério Público.
O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes para receber
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público,
inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do
Ministério Público.
- A ADVOCACIA PÚBLICA
A representação da União em juízo cabe à Advocacia Geral da União que também exerce funções de
consultoria. Nas causas de natureza fiscal, a União será representada pela Procuradoria da Fazenda
Nacional. O Advogado Geral da união é nomeado pelo Presidente da República não sendo a escolha
submetida ao Senado. Nos crimes de responsabilidade, ele será julgado pelo Senado e nos crimes
comuns pelo STF, tendo em vista que tem o status de ministro de Estado.
- A DEFENSORIA PÚBLICA
Tem a incumbência de exercer a orientação jurídica e a defesa em todos os graus dos necessitados.
Os defensores públicos serão nomeados após aprovação em concurso público de provas e títulos e não
poderão exercer a advocacia privada.
Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios
e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na
classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia
da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
- A ADVOCACIA
38
XVI. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
O estado de sítio correspondia a uma instituição militar existente em praças de guerras sujeitas a
ataques ou assédio. Essa instituição evoluiu para caracterizar o estado de sítio político ou fictício. A
Constituição de 13/12/1799 incorporou a “suspensão da Constituição”. No séc. XIX, os institutos de
defesa do Estado encontraram a sua adequada disciplina constitucional consolidando-se o
entendimento de que não poderiam implicar suspensão da Constituição, devendo haver previsão
constitucional das medidas de defesa, que podem exigir suspensão de algumas garantias
constitucionais. Surgiu, portanto, o chamado sistema constitucional de crises.
É possível apontar os seguintes aspectos comuns às duas medidas de defesa do Estado: decretação
pelo Presidente da República, após audiência, sem caráter vinculativo dos Conselhos da República e
da Defesa Nacional, possibilidade de controle jurisdicional da legalidade, temporariedade das
medidas, acompanhamento pelo Congresso Nacional, responsabilidade dos executores pelos ilícitos
cometidos, prestação de contas do Presidente da República ao Congresso Nacional, após a execução
das medidas, crime de responsabilidade do Presidente da República.
O Estado de Defesa é cabível nas situações de ordem pública ou paz social ameaçada de
instabilidade institucional e de calamidade natural. Será decretado por no máximo trinta dias,
prorrogáveis uma única vez, abrangerá locais restritos e determinados e admitirá restrições aos
seguintes direitos: sigilo de correspondência e de comunicações telegráficas e telefônicas, direito de
reunião e exigibilidade de prisão somente em flagrante delito ou por ordem escrita da autoridade
judicial competente.
O Estado de Sítio poderá ser decretado em caso de comoção nacional ou de ineficácia do Estado de
Defesa e, ainda, nas hipóteses de declaração de guerra ou de resposta à agressão armada estrangeira. É
imprescindível a prévia autorização do Congresso Nacional, por maioria absoluta, solicitada pelo
Presidente da República, após os pareceres dos Conselhos da República e de Defesa Nacional. A
vigência será de trinta dias, prorrogáveis por trinta dias, de cada vez, nos casos de comoção nacional e
de ineficácia do Estado de Defesa. Nas hipóteses de declaração de guerra e de resposta à agressão
armada estrangeira durará o tempo necessário da guerra ou para repelir a agressão. As medidas
poderão ser aplicadas no âmbito nacional. Poderão ser restringidas as garantias previstas no artigo 5 o ,
39
XI, XII, XXV, LXI e art. 220 da Constituição Federal. Nos casos de guerra ou de agressão armada
estrangeira, poderão ser suspensas todas as garantias constitucionais.
A Constituição de 1988 conferiu autonomia à Ordem Social. Tratou em títulos próprios à Ordem
Econômica e à Ordem Social.
40
industriais, apenas será autorizada a comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual
ou inferior a duas horas. Exige-se, também para esse último caso, o regime de permissão.
A desapropriação para fins de reforma agrária é privativa da União. A indenização será prévia e
justa em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão. As benfeitorias úteis e necessárias serão pagas
em dinheiro. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média
propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; a propriedade
produtiva.O art. l9l prevê o denominado usucapião pro labore, que será reconhecido em favor de
quem, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia
O sistema financeiro nacional será regulado em leis complementares, conforme previsto no art. l92
da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional 40/2003. A referida Emenda retirou
do texto constitucional a previsão de limitação das taxas de juros reais em l2% ao ano, que conforme
entendia o STF caracterizava norma de eficácia limitada. Com a nova redação podem existir diversas
leis complementares regulando o sistema financeiro nacional.
No título da Ordem Social a Constituição de 1988 tratou dos seguintes assuntos: seguridade social
(direito à saúde, à previdência e à assistência social), educação, cultura e desporto, ciência e
tecnologia, comunicação social, meio ambiente, família, criança, adolescente e idoso, índios.
A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos
e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e das
contribuições sociais previstas nos incisos do art. 195 da Constituição. Outras contribuições poderão
ser instituídas por Lei Complementar, obedecido ao disposto no art.. 154, I, da Constituição. As
contribuições para a seguridade social estão sujeitas à anterioridade específica de 90 dias.
41
A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, nos termos do art. 203 da Constituição.
A educação é considerada direito de todos e dever do Estado e da família. O ensino será ministrado
com base nos princípios da igualdade de acesso e permanência na escola, liberdade, pluralismo,
coexistência de instituições públicas e privadas, gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais, valorização dos profissionais do ensino, gestão democrática do ensino público, na forma da
lei, garantia de padrão de qualidade. É assegurada a autonomia didático-científica e de gestão
financeira e patrimonial das universidades. O Estado deverá garantir ensino fundamental obrigatório e
gratuito. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito por cento e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
42