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Nada
Vazio Simbólico
Imaginário
Queda após queda, ferimento após ferimento, ela abria os olhos, levantava a cabeça e
pronunciava: Retestagem. Prontamente, o portal sombrio se reconfigurava e o teste
outra vez acontecia. Há seis noites, em torno de 700.000 bilhões de diversas formas de
vida estavam conectados em AGORA-ETERNO, percebendo a bruxa nos imensos telões
holográficos sustentados pelo Campo de Sensar dessas criaturas. Visivelmente abatida
e desconectada do (s)EU campo de SENSAR, a bruxa não derramava mais uma lágrima
dentro do portal. Isso já repercutia em energia e poder para todos os seres vivos
ligados a ela. Demonstração clara de domínio de dom de telepatia; mas ela em si não
usufruía dessa conquista. O código de conduta para os seres nas teias era
contundente:
Febril e delirante, ela oscilava entre as projeções mentais de um mundo ideal e o ódio
que sentia em ver essas ilusões não manifestas. As principais máscaras do teatro
umanu, projetadas há milênios por Desconectus, eram apresentadas para a bruxa, que
prontamente as vestia. Sem domínio de si, velozmente encenava ilusões: A vítima, a
justiceira, a rejeitada. Essas e outras encenações comuns para umanus, na terceira
dimensão. Triste assistir toda a energia ser escoada e gasta nas ilusões. Esgotada, ela
caía no vazio. Entrava em inconsciência e se afogava nas memórias remanescentes da
sua experiência como ser humano: Lembrava dos pedaços mornos do cérebro do seu
pai que espirraram em suas mãos, após o tiro certeiro disparado como ato final de
uma vida infeliz: ele fora um suicida. Então, ela encenava a vítima. Gastava mais um
pouco de seu reservatório energético acreditando na dramatização que essas imagens
mal arquivadas lhe traziam. Acessava o campo magnético do VAZIO, em tempestade
psíquica, novamente. A luta para não se afogar nessas memórias usava muito de seu
reservatório ectoplasmático quase esgotado. Porém, algo nela fazia com que pedisse
reteste: “Reteste!”, “retest...e”, “ret...est”, “r...e..tes....te”. De fora do portal-sombrio,
absolutamente dominados em si, estavam inertes a índia e suas carnes. Mas o campo
magnético emitido pela curandeira apresentava linhas de forças que oscilavam de
orientação: Ora estavam orientadas para o norte magnético, ora estavam alocadas
para o norte geográfico terrestre. Essa instabilidade magnética gerava momentos
quânticos capazes de criar ramificações no continuum espaço-tempo; ou seja,
aniquilações tempo-espaciais. A Xamã, ciente que sua vida também corria risco de ser
banida atraiu uma borboleta verde. Quando o animal pousou em seu ombro, a índia
sussurrou: “poetiza-te”. O ar morno do sussurro aqueceu as asas da borboleta que
prontamente voou. Imediatamente, dentro do portal, a bruxa sentiu forças extras e
finalmente entre as máscaras e o vazio, ela acessara o NADA! A índia utilizara de uma
das manifestações de domínio da Deusa Gaia para ajudar a bruxa. Desde a Batalha do
Mar de Penhascos, Gaia quando queria observar as florestas voava de borboleta até
esses locais. Outros animais ainda mantinham a conexão entre as dimensões da teia da
vida. A borboleta era um desses animais fantásticos. Dotada de uma capacidade única
de realizar vôos entre cinco das doze dimensões que compõe qualquer floresta, as
borboletas mantinham ativas as conexões de ecologia profunda! Poucos sabiam desse
segredo. A borboleta magnetizada pelas palavras pronunciadas atravessou o portal
sombrio, pousou na bruxa e começou a bater as asas para liberar a energia das
palavras consagradas por uma iniciada em magia de floresta. Isso fez o campo
eletromagnético de pensar da bruxa cessar. Nesse instante, toda energia elétrica antes
gasta em pensamentos comuns e decisões lineares causadas pelo uso excessivo da
razão sem poesia realocou-se no conector cardíaco da bruxa, localizado precisamente
a oito centímetros abaixo dos ossos claviculares. Essa energia reorientada para seu
Campo de Sensar possibilitaria à bruxa, assim que ela aprendesse a manter o conector
ativado, terminar com a experiência do VAZIO que acompanhava não apenas ela, mas
quaisquer seres que vivem até a quarta dimensão de manifestação da vida. O SENSAR
ativado, ainda possibilitaria a manifestação dos sensos estéticos, matemáticos,
harmônicos... Era a rede de Gaia se expandindo novamente, abaixo da quinta
dimensão de manifestação da vida, no planeta Terra. Antes da Batalha do Mar de
Penhascos todos os seres vivos se manifestavam a partir do Campo de Sensar; fazendo
do Campo de Pensar apenas um auxiliar para as decisões já tomadas. Após a Batalha,
os Campos de Sensar e Pensar se desconectaram um do outro, em todos os seres vivos
de terceira dimensão, inclusive os seres humanos. Com o passar dos milênios, os
humanos foram extintos e os umanus rapidamente povoaram o planeta Terra.
Totalmente desconectados da Teia de Gaia e excessivamente pensantes, inverteram a
lógica natural de manifestação: Eles nasciam e morriam invertidos, pois primeiro
ativavam o pensar e posteriormente, com os restos metabólicos dessa ativação,
usavam o Sensar. Um absurdo ecológico que causava danos sérios para a teia, pois
gerava falhas no tecido de manifestação da realidade. Para a Teia da Vida, a terceira
dimensão do planeta Terra, nela incluindo umanus em suas três castas, eram
reconhecidamente a Dimensão Invertida da Lógica de Sensar da Vida. Motivo de
piadas sim, mas motivo de preocupação. A inversão causada intoxicava com excesso
de Carbono as teias do ser que compunham ARACNIS. A Bruxa conseguira acessar o
conector cardíaco, carregá-lo energeticamente com algo em torno de trinta por cento
da capacidade energética total. Com esse mínimo de energia, a roda da não-vida
parou. Imediatamente, o NADA fora acessado. Do VAZIO ao NADA: um salto quântico!
Da mais profunda e pesada respiração agônica nasceu dos pulmões da índia uma
expiração de sincero alívio. Após 14 dias dentro do portal sombrio, a bruxa havia enfim
dominado a telepatia. Era então a mais nova posse de si que esse ser mágico de
histórico único conquistara. O esperado era, após uma aprovação em um teste de
telepatia, dentro de um campo eletromagnético de luz polarizada fria, que esse
momento quântico sombrio se desfizesse imediatamente após o sucesso no teste.
Assim, o ser transmutado se reapresentaria à sua casta de origem. Mas, dessa vez, o
portal não desintegrou. A índia então trocou a sensação de alívio pela sobriedade
emocional. A permanência no campo magnético do NADA, na quarta dimensão
anularia a existência da bruxa. Ela corria o risco de cair do NADA para o VAZIO não
manifesto. Nunca mais ela participaria de uma teia de vida, caso isso acontecesse.
Caso umanus de olho único ou umanus de olhos de espelho acessassem o NADA antes
da atingir o tempo necessário para mudar sua percepção da natureza, um mecanismo
de proteção chamado AGONIA era imediatamente acionado. Os umanus eram
afastados desse poderoso campo de SENSAR, por precaução. O comprimento de onda
emitido pelos seres de líquido corporal interno vermelho ainda instável deixava
umanus em ÊXTASE, prejudicando a evolução do olhar. No espaço de domínio da
Canibalesca, a imersão no NADA gerava o ÊSTASE! A bruxa era a melhor manipuladora
da roda da vida que a índia tivera a oportunidade de treinar. Até porque antes da briga
com Artemis, era a xamã a grande manipuladora reconhecida em toda primeira teia da
vida: ARACNIS 1.
REAL
VAZIO
NADA
IMAGINÁRIO SIMBÓLICO
Uma aprendiza rara. A índia concentrava-se apenas nessa definição: Rara! Assim, não
se contaminava com toda a ilusão de devoção e espanto que a bruxa há muito
despertava em todos. Lembrou-se do dia em que ambas se encontraram pela primeira
vez, enquanto caminhavam pelo vale da Cachoeira das Gêmeas Gigantes, na Floresta
Nacional de São Francisco de Paula. O sentimento que primeiro as uniu foi o de
derrota. Ambas, com suas vidas pessoais despedaçadas, mas nenhuma com
disponibilidade de cultivar mágoas e outros ranços afetivos. A índia foi oferecendo sua
sabedoria, mais interessada em fazer passar o tempo do que realmente envolvida com
a aprendizagem que a bruxa poderia estar construindo. Mas, a voracidade para
entender e praticar o que lhe era oferecido fez da aprendiza um destaque dentro da
casta das bruxas. A Canibalesca dominou rapidamente as técnicas de putrefação e de
morte programada das células. Retirava os elementos químicos da matéria orgânica
morta e os colocava em re-ciclo usando a metade do tempo que até então uma
manipuladora da parte sombria da floresta costumava valer-se. Na cerimônia da
escolha do nome de personalidade todos calaram, quando ela, após o ritual do Inferno
Verde se autodenominou: Canibalesca! Passou a andar sozinha e raramente
participava dos ritos comuns da floresta. Mas, certamente o maior de seus atributos
era a capacidade de girar as rodas da vida e da não-vida; tanto as suas quanto as de
quaisquer seres humanos ou seres mágicos da quarta dimensão. Trabalhava com
paixão tamanha a força que exibia.
-Quem diria que a discípula de uma miserável como você, moradora de uma floresta
qualquer, seria um dia capaz de acordar a energia adormecida de uma ARACNIS
inteira- disse Artemis para a índia.
Hipnotizada pelo ódio que sentia por Artemis, a xamã conectou-se ao seu SENSAR.
Milhares de criaturas mágicas se puseram então a bombardear a Deusa com Carbono
Ativado. Isso intoxicaria seus ductos comunicantes. Inerte e feliz com sua vingança, a
curandeira manteve-se em pé ao lado do portal. Em vão! Artemis evocava
propositalmente todas as derrotas que a índia ainda mantinha em arquivo
eletromagnético. Triste duelo orquestrado por um desejo de vingança recíproco. A
Deusa ativava propositalmente o Campo de Pensar da índia, desconectando-a do seu
SENSAR. A dor causada na índia dava prazer a Deusa. Artemis rondando o corpo da
curandeira, se pos a cheirar com desdém, cada milímetro cúbito dos cabelos, ossos e
unhas da mais fiel e antiga aprendiza de magia da floresta:
-Você está fedendo a cidades umanas – riu Artemis, - Seus olhos já começaram a
envidraçar; - disse rindo ao observar o estado miserável que a índia se encontrava e
seguiu:
As trombetas que ecoam o som cósmico começaram a soprar: A bruxa estava sendo
banida. Estava morrendo. Caindo do NADA para o VAZIO. As três presenças de fora do
portal lançaram suas magias para salvar a bruxa: a índia rapidamente conectou suas
mãos ao solo e mobilizou centenas de milhares de cristais dos mais coloridos sais
orgânicos. Aos pés da índia um sem número de seres subterrâneos conectados
enviavam mensagens químicas. Artemis lançou sua flecha para dentro do portal e Gaia
arremessou sua rede. As desavenças entre elas não poderiam ser o foco. A flecha da
Deusa Guerreira foi o primeiro objeto mágico a acertar a bruxa que caiu no chão da
floresta, no exato instante em que o portal sombrio se desintegrava. Desmaiar um ser,
quando ele ainda estivesse em teste de domínio de telepatia era uma falta gravíssima
passível de banimento ou inversão. Mas Artemis enfrentaria isso depois. A Sacerdotisa
das Árvores estava ao chão, desmaiada. O silencio entre a índia e as Deusas, fez da
agonia um ar respirável para a floresta inteira. Gaia e a Xamã se retiraram do local. O
treinamento da aprendiza tinha começado. Artemis aproximou-se do corpo inerte da
aprendiza. Observou os danos causados pela testagem inédita ao qual essa criatura se
colocara a aproximadamente três meses tridimensionais. O campo de SABER da bruxa
estava completamente destruído. Isso deixava Artemis em alerta. A sabedoria
adquirida, quando bruxa, estaria indisponível para a criatura transmutada; até que o
campo de SENSAR da Sacerdotisa fosse restabelecido. ]
Ocorrida há 800.000 mil anos atrás, a Batalha de todos os eventos, como ficou
conhecida, gerou, como conseqüência, um excesso de energia da vida drenado para
fora do Planeta Terra. Bobagem acreditar que a extinção das espécies estava
ocorrendo por manifestação umana. Muitos seres vivos tinham decidido não mais
adaptar sua manifestação às condições ambientais isolantes que Desconectus estava
orquestrando na terceira dimensão do Planeta Terra, desde a tal Batalha. A cada dia,
tempo cronológico da terceira dimensão da Terra, quase 1000 espécies diferentes
evacuavam a Terra. Em contrapartida apenas 6 decidiam na Terra se manifestar. A
Deusa Gaia estava perdendo todas as redes de seres vivos que evadiam. Isso
sobrecarregava as demais dimensões de ARACNIS 1. Mas esse episódio da testagem da
Bruxa comunicou à Gaia que outro tempo na terceira dimensão poderia se manifestar.
O Conselho das DONZELAS DO ESPAÇO, Governo Máximo de todas as Teias, já houvera
se reunido outras duas vezes para articular medidas de contenção desse excesso de
energia que estava saindo desequilibradamente da Terra, mas essas investidas ainda
não haviam findado com esse desequilíbrio ecológico. Dessa vez, porém, o Conselho
Máximo fora convocado a partir do que estava acontecendo dentro da teia, ao invés
de reunirem-se por vontade própria. Tudo estava inédito para todos. Na terceira
dimensão, a vida pulsava estranho: Muito doentia e triste. Seres humanos começavam
a se manifestar imerso no oceano de umanus. Discretamente havia ESTRANHEZAS.
A Sacerdotisa das Árvores:
Xamã: Uma xamã é uma intermediária. É um ser vivo classificado como borderline:
Uma estrutura viva que se manifesta entre os limites dos mundos. Ela acessa o espírito
dos animais que os seres humanos e as Deusas precisam para viver. Uma senhora das
árvores, por sua vez, acessa o espírito das florestas. Os “olhos miúdos”, estágio
evolutivo mais infantil e ancestral do olhar, não enxergam as diferenças dessas duas
castas. Para eles, os dois são a mesma coisa: Uma mentira. Já no momento evolutivo
dos “olhos de vidro”, já há uma sutil percepção por parte dos umanus, mas ainda
oscilam entre “achar” que elas são de realidade inexistente e “sentir” que elas existem.
No mundo comum, Aluci Crêizi olhava a chuva caindo e pensava: ”Difícil definir o
mundo comum, quando a história é alucinógena, com ligações de vida que por ora o
senso comum chama de psicodelia”. Ela pensava em escrever uma história cuja
personagem “real” era uma professora branca que lecionava em uma escola pública de
periferia de uma cidadela capitalista qualquer. Depois, Aluci Crêizi pensou em escrever
uma história cuja personagem “real” era uma ecologista que um dia leu os livros da
Lynn Margulis e da Eva Jablonka e resolveu, dentro de si, mudar o mundo. Aluci Crêizi
também pensou em escrever tendo o mundo comum representado por uma filhinha
branca e mimada de classe média baixa com problemas de autoestima típicos da
adolescência sendo debatidos no divã de uma psicanalista. Mas daí Aluci teve uma
crise de LUZ-ci e entendeu que tudo era reflexo da rejeição que todo ser humano
sente: A tal dor universal que os psicanalistas, alguns, falam: Ser expelido na hora do
parto, a dor de se sentir separado do corpo da mãe. Sei lá se era isso mesmo, mas Luci
resolveu que se era para inventar uma vida real, a dela seria Luci e Crêizy. Mas o que
era uma vida Luci e Crêizy? Nem ela sabia. Na dúvida, achou melhor seguir assim
mesmo. Todo esse blá fez Aluci Crêizi achar outra forma de manifestar sua
negatividade. Nada disso deu certo. Aluci Crêizi tinha uma relação estranha com as
palavras e mais estranha ainda eram as relações da Aluci com as relações de vida. Ela
tem um filho humano, leonino que por vezes se comporta como um filhote de
tartaruga. É uma relação tão autoral entre Aluci e o filho-filhote que a ternura é o
sentimento que mais impera entre os dois. Aluci gosta ainda de um leão marinho
sagitariano que a faz transformar ondas eletromagnéticas, por tanto imateriais, em
ondas mecânicas de som: Do mar, da música, dos contos de temática hídrica e
histórias na beira da Lagoa do Horácio. O leão marinho tem um timbre de voz que por
si só já é doce e aconchegante: Resolve e acalma.
Pensou, pensou em tantos esses e muitos outros cenários para o mundo comum.
Nenhum deles parecia ser o mundo comum da Lu ( só para os íntimos) : Ela era mãe,
mas ela professora. Era mãe, mas era ambientalista. Era escritora, mas aprendiz. Era
filha. Era vizinha, era louca, mas lúcida, era a derrota do pai, era a inveja do irmão.
Tantas eras Alu que ela não soube inventar mais nada. Faltou uma única definição de
si. Então, ela cansou de tentar ser coerente e passou a ser a si própria. Mesmo que isso
não viesse com manual de instruções.
Assim, na história da Sacerdotisa das Árvores, o mundo comum será representado pela
Aluci Crêizy, seu filhote o Luci Dinho e o amor da Aluci, o Aluci Nadu. Teremos ainda
uns amigos da Aluci, mas que também são amigos do Nadu. Como pode? Alguém ser
amigo de alguém e ser duas vezes amigo de dois alguéns diferentes? Mundo comum
muito crêizi, doidinnho.
Existem 3 forças no universo: força, egoísmo e oportunismo: egoísmo, potência
interna que o ser vivo usa para atrair pra si as coisas de seu interesse. Oportunismo:
inteligência intrínseca que move os corpos a se aproximarem daquilo que mais força.
MATURAMA: chileno