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Osmar Rigon1
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
A Geografia assim como inúmeros outros saberes tem como objeto de estudo o espaço
circunscrito à superfície terrestre. Todavia, a Geografia busca explicar a organização desse
espaço considerando a relação existente entre a sociedade e a natureza. Para compreender tal
dinâmica o geógrafo lança mão de sua capacidade de observação, descrição, comparação,
interpretação e explicação de fenômenos físicos e humanos que se conjugam (re)construindo
o espaço geográfico.
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sua importância, desde o início da escolaridade. O estudo da cartografia contribui não apenas
para que os alunos compreendam e utilizem os mapas, mas, também, para que desenvolvam
capacidades relativas à representação do espaço.
Podemos conceituar o mapa como uma representação da superfície terrestre ou de parte dela,
que conserva matematicamente uma relação de redução do espaço cartografado. Passini
observa que:
O mapa é um instrumento de apelo visual com enorme capacidade de síntese onde se pode
representar qualquer fenômeno, geográfico ou não. Para Almeida (2003, p. 13), “Sobre um
mapa-base, pode-se representar uma série de informações, escolhidas por interesses ou
necessidades das mais diversas ordens: política, econômica, militar, científica, educacional
etc”.
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3. A LEITURA CARTOGRÁFICA
A forma mais usual de trabalhar com a linguagem gráfica na escola é por meio de situações
em que os alunos têm de colorir mapas, copiá-los, escrever os nomes de rios ou cidades,
memorizar as informações neles representadas. Mas esse tratamento não garante que eles
construam os conhecimentos necessários, tanto para ler mapas como para representar o espaço
geográfico. Para isso, é preciso partir da idéia de que a linguagem gráfica é um sistema de
símbolos que envolvem proporcionalidade (escala), uso de signos ordenados (legenda,
convenções) e técnicas de projeção. É também uma forma de atender a diversas necessidades,
desde as mais cotidianas, como a de chegar a um lugar que não se conhece, até as mais
específicas como delimitar áreas de plantio e compreender zonas de influência climática.
Embora essas ações pareçam fáceis, para realizá-las é necessária uma série de conhecimentos
que podem ser adquiridos num processo de alfabetização diferente. Nela se aprende os
significados das linhas, cores e formas que envolvem a linguagem cartográfica. A esse
processo denomina-se Alfabetização Cartográfica, por corresponder a um conjunto de
símbolos e códigos que permitem às crianças adquirirem condições de ler, interpretar e
representar graficamente as realidades ambiental e social.
Interpretar cartas geográficas e produzir interpretações do próprio espaço são habilidades que
se formam de maneira gradual e contínua, e que precisa começar o quanto antes na vida
escolar. Na escola, o trabalho com essa linguagem possibilita o desenvolvimento da
capacidade de percepção do espaço de vivência e, através da simbologia, a codificação das
informações que representam a espacialidade dos fenômenos geográficos. Dessa forma, esse
processo torna-se imprescindível para atingir os níveis de abstração necessários à construção
do saber geográfico.
A importância dos mapas na vida social, não se deixa ver apenas pelo ensino escolar, mas
fundamentalmente pelas observações que se fazem presentes nos mais variados usos e
atividades como revistas, jornais, noticiários de televisão, gabinetes de políticos e
empresários, urbanistas, engenheiros, militares, geógrafos entre outros, servindo também para
orientar pessoas em suas viagens.
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O local, entretanto, onde o seu uso deve se fazer indispensável é a sala de aula do ensino
fundamental, por ser nesse momento da vida da criança que devem ser iniciados os processos
de apreensão dos conhecimentos e da aquisição de habilidades para lidar, entender e
representar a realidade. A construção do conceito de espaço geográfico se faz por uma
apreensão gradualmente construída, através do envolvimento de aspectos cognitivo e
psicomotor, que lhes permitirão fazer a passagem do concreto para o abstrato e do simples
para o complexo começando pela representação de pequenas áreas tais como o quarto de
dormir, a sala de aula, a escola, a rua, o bairro – para chegar à representação de grandes áreas,
como a cidade, o estado, o país e o planeta.
Almeida (2004) afirma que as crianças inicialmente são capazes apenas de estabelecer
relações espaciais com aquilo que lhes é próximo, sendo que os seus referenciais mais
utilizados são: dentro e fora, frente e atrás, perto e longe. Elas não são ainda capazes de
considerar medidas, distâncias e ângulos. Segunda a autora, será a partir dos seis ou sete anos
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que a maioria das crianças começa a desenvolver a percepção espacial cujo processo se dá na
seguinte ordem: a relação de vizinhança, percebendo os objetos no mesmo plano, por
exemplo, a boneca sobre a cama, a TV na frente do sofá, a sala ao lado da cozinha e ou do
quarto, sua casa ao lado da casa vizinha. Quando ele compreende a noção de vizinhança,
percebe também que os objetos vizinhos, embora num mesmo plano, estão separados. A
noção da separação aumenta com a idade e o desenvolvimento de sua capacidade de
compreensão espacial. Ela começa a perceber que a porta e a janela de um cômodo da casa
podem estar na mesma parede, mas estão separadas por um pedaço dessa parede. Isso traz a
relação de ordenamento, de sucessão, onde objetos ocupam posição anterior, intermediário ou
posterior em relação uns aos outros. Ao conseguir perceber cada um desses elementos e sua
inter-relação, se constrói a relação de envolvimento perceptível em várias dimensões. A
seqüência de cidades às margens de uma rodovia serve como exemplo de relação de
envolvimento: para se deslocar de Maringá até Apucarana através da rodovia BR-376,
obrigatoriamente vai se passar por Sarandi, Marialva, Mandaguari, Jandaia do Sul e Cambira.
Todas as cidades relacionadas caracterizam uma seqüência da rodovia que se completam
formando a relação de envolvimento.
O domínio dessas habilidades será a base para a compreensão do espaço geográfico que
permitirá desenvolver o conceito de limite territorial entre municípios, estados, regiões,
diferenciar o espaço urbano do espaço rural entre outras.
Considerando a forma esférica da Terra, o globo terrestre é o que melhor representa sua
superfície, já que ele consegue reproduzir os traços do planeta com maior fidelidade.
Entretanto, o globo não permite a visualização simultânea de toda sua superfície. Outro
inconveniente é o seu tamanho reduzido, representando em escala pequena, os aspectos
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naturais e artificiais do planeta, caracterizando-se mais como um objeto com finalidade
cultural e ilustrativa.
Como os mapas são representações espaciais da superfície total ou parcial da Terra, faz-se
necessário a utilização de um conjunto de elementos cartográficos, tais como símbolos ou
convenções, projeções e escala. A utilização de símbolos ou convenções tem por finalidade
permitir a leitura e/ou a interpretação das informações contidas no mapa. Os símbolos são
escolhidos de forma a conter em si certo grau de compreensão e intuição de seu significado,
visando proporcionar que qualquer pessoa em qualquer parte do mundo consiga interpretá-lo
apenas observando a legenda do mapa. A figura a seguir exemplifica alguns dos símbolos e
convenções comumente utilizados pela cartografia.
Exemplos de legenda
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o exemplo seja uma simplificação grosseira do problema das projeções cartográficas, ela
expressa claramente a impossibilidade de uma projeção livre de deformações. Por que então
usar os mapas? Existem algumas razões que justificam esta opção, e as mais convincentes
são: o mapa é plano, além de ser mais fácil de ser produzido e manuseado.
Diferentes técnicas de representação podem ser escolhidas e aplicadas de maneira que a carta
venha a possuir propriedades que satisfaçam as finalidades impostas pela sua utilização, as
mais usuais são: a projeção azimutal, polar ou plana, que consiste numa projeção obtida
sobre um plano tangente a um ponto qualquer da superfície terrestre, onde o ponto de
tangência ocupa sempre o centro da projeção. É um tipo de projeção bastante utilizada na
representação das regiões polares. Já na projeção cônica a superfície cartografada é
representada sobre um cone imaginário que está em contato com a esfera em determinado
paralelo entre os trópicos e os círculos polares e é normalmente utilizada na representação de
regiões de latitude médias. Uma outra forma de projeção é a cilíndrica, idealizada por
Gerardus Mercator, geógrafo e cartógrafo flamengo do século XVI, e consiste em projetar a
superfície terrestre sobre um cilindro com paralelos e meridianos retos que se cortam em
ângulos retos. Essa projeção representa bem as áreas de baixas latitudes e tem sido a base
para os mapas-múndi.
Fonte: IBGE – Atlas Geográfico Escolar Multimídia (2002) – adaptado por RIGON, O.
Como uma produção cartográfica nada mais é que uma representação convencional ou
digital de uma superfície, a mesma corresponde a uma imagem reduzida de uma área real.
Assim, somos obrigados a utilizar um terceiro elemento, a escala cartográfica, uma vez que é
ela quem determina a relação matemática entre o mapa e a área real cartografada. Sua função
é, portanto, a de informar a quantidade de vezes que um determinado espaço foi reduzido em
relação ao mapa.
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A escala pode ser representada de forma numérica e gráfica. A escala numérica indica a
relação entre os comprimentos de uma linha na carta e o correspondente comprimento no
terreno, em forma de fração ou razão.
Onde:
E = escala
N = denominador da escala
d = distância medida na carta
D = distância real medida no terreno
De acordo com o exemplo acima, 1cm na carta corresponde a 25.000cm ou 250m no terreno.
A escala gráfica consiste numa representação onde as distâncias no terreno são informadas
sobre uma linha reta graduada. Esse tipo de escala permite realizar as transformações de
dimensões gráficas em dimensões reais sem efetuarmos cálculos. Para sua construção,
entretanto, torna-se necessário o emprego da escala numérica. Observe nas escalas abaixo
que quanto menor a escala maior será a área representada.
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Assim, uma escala será tanto maior, quanto menor for o seu denominador, pois menor será o
fator de redução, havendo assim, uma maior riqueza de detalhes na representação. Observe,
agora, o que significa, na prática, a utilização de escalas diferentes na construção de um
mapa, atentando para o fato de que a definição do emprego de uma ou outra escala irá
depender das intenções do que se pretende representar.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento cartográfico é essencial no ensino de Geografia, não apenas para que o aluno
se localize espacialmente, mas também para que possa usá-lo como ferramenta no estudo
desse espaço, facilitando o entendimento dos fenômenos físicos, humanos, sociais, políticos e
econômicos em escala local, regional, nacional e planetária. É com essa intenção que a
Alfabetização Cartográfica deve ser inserida desde muito cedo na vida escolar das crianças,
possibilitando a aquisição de noções fundamentais que lhes possibilitarão ler, interpretar e
representar graficamente as realidades ambiental e social.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yassuco. O espaço geográfico: ensino e
representação. 13ª edição. São Paulo : Contexto, 2004 (Repensando o Ensino)
ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 2ª
edição. São Paulo : Contexto, 2003.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Boletim de Geografia / Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Geografia. Vol.
1 n. 1 (1983). Maringá :UEM/Departamento de Geografia, 1983.
IBGE. Atlas Geográfico Escolar – Multimídia, 2002.
PASSINI, Elza Yassuco. Alfabetização cartográfica e o livro didático: uma análise crítica.
Belo Horizonte, MG: Ed. Lê, 1994.
Universidade Livre do Meio Ambiente. História e geografia do Paraná: textos e
metodologias de mapas e maquetes / Universidade Livre do Meio ambiente. Curitiba, 2002.
SITES
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/representacao.html
(acesso em 08/10/2007)
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