Como Treinar o Cérebro para Aumentar A Produtividade

Sumário
1. Introdução [03] 4. Os limites do funciona- [28]

A fórmula da produtividade [05] mento cerebral e como
Tipos de pessoas produtivas [07]
ajudá-lo a ser mais
produtivo
2. Para que serve o cérebro? [11]
5. Do que o cérebro [35]
3. O que é capaz de [13] precisa?
estimular o cérebro?
Treinar o cérebro é o mesmo
6. Conclusão [43]
[15]
que estimular a memória? Autor [45]
Maneiras práticas de Universidade MeuCérebro [46]

[17]
treinar o cérebro Clínica MeuCérebro [47]
Referências
CAPÍTULO I
Introdução
Treinar o cérebro para aumentar a produtividade é algo que
muitos desejam, mas poucos sabem como fazer. A boa notícia é
que qualquer um pode praticar atividades capazes de melhorar
as funções intelectuais.
Nas próximas páginas, você verá que treinar o cérebro não

envolve apenas estimular suas funções à exaustão. Na verdade,
treinar este órgão exigente do nosso organismo passa, sobre-
tudo, por uma compreensão de suas necessidades fisiológicas
e limitações. Respeitar a neurofisiologia natural é crucial para
quem deseja um CÉREBRO DE ALTO DESEMPENHO.
Esse desenvolvimento cognitivo, que se revela em parte pela

qualidade das decisões que tomamos, requer conhecimento
específico e embasado. Por isso foram utilizadas várias referên-
cias em neurociências para elaborar o conteúdo. Você poderá
acessá-las ao final da leitura.
Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

21 DICAS COMPROVADAS PELAS NEUROCIÊNCIAS 3
O e-book tem dois objetivos principais:
{
Conhecer um pouco mais a ferramenta utilizada
1. nesse processo: o seu cérebro;
Mostrar como é possível treinar o cérebro com

2. poucos recursos para se tornar uma pessoa mais
produtiva.
Mas, antes de ficar mentalmente em forma, vamos conferir se você está

familiarizado com alguns conceitos importantes.
O que significa produtividade? Para que serve o cérebro? Do que ele

precisa? O que é capaz de estimulá-lo? Há limites para o funcionamento
cerebral?

A fórmula da produtividade
A primeira questão diz respeito à produtivi-
dade. Você saberia explicar o que ela signifi-
ca? O termo expressa a relação entre o que é
produzido e os recursos empregados.
Na saúde, existe até uma equação matemáti-

ca para a produtividade (figura ao lado).1
Vamos assumir que a fórmula também se

aplique ao cérebro. Treiná-lo para aumentar a produtivi-
dade nada mais é que condicioná-lo a produzir mais com
menos recursos.
Quais seriam os recursos mais valiosos para você? Recur-

sos materiais como dinheiro, comida e livros? Ou aqueles
mais difíceis de mensurar, como conhecimento e tempo?

Os RECURSOS MATERIAIS são palpáveis. Você
Recursos Materiais
pode comprar, ou seja, são aqueles que se pode
trocar pelo dinheiro, outro recurso material. Os Dinheiro
recursos subjetivos são aqueles que dependem Alimentos
mais de suas habilidades cognitivas, como per- Água
cepção e capacidade de organização, habilida- Computador
des emocionais, como automotivação, ou do Smartphone
seu estilo de vida. Livros

Cursos
Enquanto os recursos materiais são consumidos Recursos Subjetivos

e se esgotam, os SUBJETIVOS, apesar de mais Conhecimento
abstratos, podem ser desenvolvidos. Tempo
Contatos profissionais
Confira a tabela ao lado com alguns recursos Experiências
importantes utilizados pelo cérebro. Qual deles Criatividade
você tem de “sobra”? E o que mais lhe falta? Fique Motivação
à vontade para acrescentar outros a estas listas. Foco

Tipos de pessoas produtivas
Somos bastante exigentes quanto a prazos e metas. Você
provavelmente já precisou bater alguma meta semestral no
trabalho, ou entregar algum projeto em um prazo muito curto.
Quem nunca passou por situações assim?
Muitas das adversidades que enfrentamos no dia a dia estão

relacionadas a questões de produtividade. Leia com atenção cada
uma das descrições a seguir. Em qual delas você se encaixa no
momento?

Pessoa que produz “pouco”
A pessoa que produz pouco, ou aquém do esperado para
determinado contexto, está diante de um problema de recurso.
A tarefa é identificar qual ou quais deles estão implicados.
Falta dinheiro? A estrutura de trabalho é precária? Dispõe de

pouco conteúdo especializado? Falta o mais básico como água e
alimentos? Ou a questão é a insuficiência de recursos subjetivos
como pouca motivação, conflitos psicológicos, baixa resiliência,
ingerência do tempo e desorganização espacial?2,3
Vale ressaltar que em algumas ocasiões de BAIXA PRODUTIVIDADE,

a percepção da pessoa está prejudicada. Ela pode ter dificuldade
de perceber os recursos à disposição ou, ainda, apresentar
resistência aos estímulos do meio.

Pessoa que produz “muito”
Podemos distinguir a pessoa que produz muito, ou de forma
satisfatória, pelo modo como ela lida com os recursos.
PESSOA QUE PRODUZ MUITO, MAS UTILIZA MUITOS RECURSOS:

aquela que depende muito do ambiente em que está inserida
para produzir.
Geralmente, tem boa capacidade de produção, mas acaba por

desperdiçar ou não otimizar os recursos disponíveis, o que explica
sua MÉDIA PRODUTIVIDADE.
Veja se a descrição bate com você: conquistas razoáveis na vida

pessoal e profissional, mas às custas de muita ansiedade, noites
mal dormidas e outros prejuízos à saúde e aos relacionamentos?
É hora de avaliar melhor sua produtividade…
O caminho pode ser desenvolver o foco e a criatividade, planejar

melhor, ser mais organizado.4

PESSOA QUE PRODUZ MUITO, UTILIZANDO POUCOS RECURSOS: aqui,
eficiência é a palavra chave. Uma pessoa perceptiva, focada e
automotivada. Ela sabe o que é capaz de estimular a mente de
forma saudável e cuida da própria saúde.5
A principal característica da ALTA PRODUTIVIDADE é a

capacidade de administrar os recursos disponíveis
com sabedoria, sem desperdícios.
A escassez de recursos não é determinante para essa pessoa. Ela

se “vira” com o seu cérebro de alto desempenho.
Outras palavras que a definem: organização, método, adaptação,

sustentabilidade, criatividade, equilíbrio, propósito e autonomia.

CAPÍTULO II
Para que serve o cérebro?

Quando um atleta de corrida treina, seu objetivo é correr melhor
e mais rápido. A função do velocista de alto desempenho é
obviamente correr no menor tempo possível. O mesmo raciocínio
vale para o soldado. Seu objetivo é defender, lutar. Por isso,
treinar um soldado passa por exercícios de
estratégia e combate, para que na guerra ele
se consagre vencedor.
Mas, e quando se trata do cérebro? Aliás, para

que serve o cérebro? Parece uma pergunta
fácil, mas desafio você a respondê-la de forma
objetiva, mesmo se for especialista no assunto.
Quando se trata do cérebro, não é tão óbvio assim.
Apesar do rápido avanço das neurociências, muito do funcio-

namento cerebral continua um mistério. Se partirmos do pres-
suposto de que ele não é exclusivo do homem e que o homem

é o ser vivo que possui maior capacidade intelectual, poderíamos
supor que suas principais atribuições seriam melhorar o poder
de decisão, gerar livre-arbítrio e modificar o ambiente ao redor.
Não é nisso que o ser humano se diferencia dos outros animais?

Decide o que faz e o que não faz, sente-se mais dono do próprio
destino e modifica o ambiente em que vive? E aqui o destaque: o
cérebro nos possibilita modificar o ambiente de múltiplas maneiras,
com base em nossas experiências. Uma ferramenta de adaptação.6
Em resumo, diria que a função do cérebro é aperfeiçoar a ação,

lapidar o comportamento.
E você, como tem trabalhado suas funções intelectuais? Assim

como os velocistas e soldados, também podemos treinar o cére-
bro a fim de obtermos melhores resultados nas questões ligadas
ao intelecto.

CAPÍTULO III
O que é capaz de estimular o cérebro?

Para treinar o cérebro é essencial determinar o que é capaz de
estimulá-lo. O sistema nervoso, como já foi comentado, atua no
sentido de traduzir os estímulos, ou as sensações provocadas por
esses estímulos, em percepções e respostas adequadas.
O cérebro funciona como uma grande estação de recepção, para

onde convergem todos os estímulos neurofisiológicos.
O corpo humano está adaptado para receber diferentes tipos

de informações, como aquelas relacionadas ao calor, frio, tato e
pressão. Há ainda informações especiais, relacionadas aos órgãos
dos sentidos, como as visuais, táteis, olfativas, gustativas e audi-
tivas. E não para por aí: você também é capaz de “se sentir”, seja
através da propriocepção, intimamente ligada ao movimento, ou
através de informações coletadas de seus órgãos internos.

Nesse contexto, é possível afirmar que o cérebro pode ser
estimulado de diversas maneiras, a partir dos sentidos e dos
milhões de receptores sensoriais espalhados pelo organismo.
Claro que outros processos mentais superiores interferem

na forma como a mente é treinada e também precisam ser
considerados.7,8
Podemos concluir que o ponto de partida para estimular o

cérebro é apelar para todas as modalidades sensoriais. Em
outras palavras, recrutar todas as áreas cerebrais oferecendo a
elas estímulos variados.
Antes de conferir alguns exemplos práticos, vamos entender um

pouco mais sobre a relação entre estimular o cérebro e o processo
da memória.

Treinar o cérebro é o mesmo que
estimular a memória?
Muita gente não sabe, mas o cérebro é o órgão da memória.
Todos os fenômenos cognitivos ocorrem, de certa maneira, por
conta dos processos de memorização. Sem eles, não
há raciocínio, julgamento, linguagem, atenção,
percepção, imaginação ou pensamento.
O fenômeno da neuroplasticidade, por exemplo,

relacionado ao aprendizado, é a capacidade das células
cerebrais de mudar em resposta a eventos ocorridos dentro
do organismo ou fora dele. Em outras palavras, o fenômeno
revela um processo de memorização que ocorre a nível celular,
dado pela alteração da própria estrutura do neurônio.9
A intensidade e a repetição melhoram essa plasticidade, um dos

fundamentos do treino cognitivo.

Mas treinar o cérebro não significa apenas repetir os mesmos
processos e estímulos; isso configura consolidar um tipo espe-
cífico de memória, ou treinar o seu lado quantitativo. Sendo o
cérebro um órgão de integração, seu desenvolvimento mais
amplo é alcançado quando os estímulos são variados, a ponto
de mobilizar áreas cerebrais distintas.
Confira, a partir de agora, algumas

dicas para treinar o cérebro de
diferentes maneiras.

MANEIRAS PRÁTICAS DE TREINAR O CÉREBRO
1. Aprenda algo novo

O cérebro precisa ser exercitado. Aprender algo dife-
rente é uma das maneiras mais simples de treiná-lo.
Quando o cérebro retém alguma informação nova,
por associação, memórias antigas podem se conso-
lidar junto. As conexões entre os neurônios ficam for-
talecidas e mais difíceis de se perderem com o desuso.
Além de melhorar a atenção, você afia os sentidos.
Existem inúmeras maneiras de aprender algo novo.

Falar outro idioma, por exemplo. Comparadas com
pessoas que falavam apenas uma língua, pessoas
que falavam vários idiomas se saíram melhor em ta-
refas que exigiam planejamento, priorização e toma-
da de decisão.10
Oportunidades para aprender algo novo surgem a

todo momento. A dica é ficar atento e mudar a rotina.

2. Conte histórias
Uma das coisas mais fantásticas sobre o cérebro é
sua capacidade de abstrair. A manipulação mental de
situações e objetos é um recurso importante para a
sobrevivência. Mas, como treinar essa faculdade tão
subjetiva da mente? Contar histórias é uma opção.
Quando contamos histórias, exercitamos o pensa-

mento abstrato, o raciocínio, a linguagem e a inte-
ligência emocional.11 Desde histórias extremamente
improváveis, capazes de estimular a imaginação,
até histórias verdadeiras, que exigem mais do senso
de realidade.
Reúna os amigos e relembre um acontecimento re-

vestido de expectativa e emoção. Diversão garantida
sem deixar de treinar o cérebro.12

3. Monte um quebra-cabeças
Não podemos deixar de citar um dos exercícios
mais populares para estimular a cognição: o quebra-
cabeças. Em grupo ou sozinho, encontrar as peças
que se encaixam para formar a figura é um desafio
para o cérebro. Durante o processo, lança-se mão
de planejamento, visão, tato, paciência e, no caso de
não jogar só, socialização.
Montar um quebra-cabeças reproduz uma importante

função do cérebro que é resolver problemas.
Constitui ferramenta acessível para promover o
envelhecimento cognitivo saudável.13

4. Experimente sabores diferentes

O paladar está intimamente associado ao olfato. Sem-
pre que experimentamos um alimento ou bebida de
gosto incomum, o córtex olfativo primário (área do cé-
rebro responsável pela assimilação dos odores) tor-
na-se mais ativo.14 Logo, provar novos sabores é uma
forma simples de promover o desenvolvimento cogni-
tivo através da integração multissensorial.
Há indícios de que estimular o cérebro através de mo-

dalidades sensoriais combinadas, como cheiros e gos-
tos, contribui para fortalecer e flexibilizar a memória.
Caso você aposte no preparo de pratos exóticos para
experimentar novos sabores e relaxar, os benefícios
vão além. Cozinhar também pode reduzir os sinto-
mas da demência e conservar por mais tempo a capa-
cidade de planejar e executar tarefas; outra forma de
compensar as perdas naturais do envelhecimento.15

5. Sinta a areia da praia

O maior órgão do corpo humano é a pele. Repleta de
terminações nervosas, a pele coleta diversas informa-
ções do ambiente. Informações que alcançam o cére-
bro e são interpretadas por meio de associações com
outros registros mentais preexistentes.
Imagine-se deitado na areia da praia, sendo estimula-

do por milhões de grãos de areia, pela brisa e água do
mar... Momentos como esse são inesquecíveis justa-
mente por envolverem vários órgãos dos sentidos, es-
pecialmente a pele neste caso, frequentemente deixada
de lado quando alguém se propõe a treinar o cérebro.
Mas não se deixe enganar, estímulos provenientes

do tato são cruciais para formar nossas memórias e
percepções. Alguns desses estímulos nos fazem lidar
melhor com situações estressantes e até previnem
a depressão.16
6. Leia regularmente
Um dos melhores exercícios para o cérebro é ler.
A leitura ativa inúmeras áreas cerebrais. Alguns es-
tudos têm demonstrado que a partir dela ocorrem
importantes modificações neurais, como o aumen-
to de conexões entre os hemisférios e também en-
tre os lobos.
O hábito de ler com frequência também pode

estimular a empatia, já que leitores tendem a se
colocar “na pele” das personagens.17 Como a memória
é um processo que se distribui por inúmeras áreas
cerebrais e grande parte dela está relacionada à
linguagem, a leitura estimula de forma significativa
a capacidade de consolidar e evocar informações
aprendidas.

7. Feche os olhos
A visão é o sentido dominante em humanos sem de-
ficiências sensoriais. O mundo é visual para a maio-
ria de nós. Por esse motivo, fechar os olhos e se
lançar em determinada atividade, ou simplesmente
se concentrar em sons, texturas, cheiros e sabores
é um desafio.
E superar desafios representa uma excelente opor-

tunidade para estimular o cérebro. Exemplo disso é
como outras funções cerebrais se desenvolvem de
forma até surpreendente em pessoas que nasceram
sem enxergar.18

8. Pratique um esporte
Mais do que puramente um exercício físico, a prática
do esporte permite maior grau de competitividade
e interação social, estimulando sobretudo as
habilidades psicomotoras.
O cerebelo e os núcleos da base controlam esse tipo

de informação implícita relacionada ao movimento,
e a prática regular de esportes aumenta as conexões
dessas regiões com áreas corticais superiores
relacionadas ao comportamento.
O link entre praticar esportes e ser mais produtivo

em outras atividades já foi reconhecido por centros
de pesquisa em neurociências ao redor do mundo.
A dica é começar desde cedo, já no início da vida
escolar.19

9. Ouça música
A nossa memória auditiva é extremamente poten-
te. Prova disso é que pacientes com Alzheimer ten-
dem a perdê-la somente em estágios mais avança-
dos da doença.20,21 Ouvir música é uma maneira de
se expressar socialmente, regular as emoções e ter
autoconsciência.22
Mas, qual estilo? Um estudo recente descobriu que, in-

dependentemente do estilo, ouvir aquela música favo-
rita afeta positivamente a conectividade entre áreas do
cérebro relacionadas com a audição e o hipocampo.23
E não só ouvir, mas dançar também representa uma

oportunidade para exercitar a cognição e evitar que
as nossas memórias fiquem “engessadas”. Enquanto
a música estimula os centros de recompensa do cére-
bro, a dança ativa os circuitos sensoriais e motores.24

10. Viaje com frequência

As rotinas são bastante eficazes para consolidar me-
mórias e manter o cérebro em sua zona de conforto.
Mas esse tipo de memória não é a forma mais “inte-
ligente” de preparar o cérebro. De certo modo, dei-
xar de experimentar novos estímulos nos impede de
criar soluções diferentes para nossos problemas.
Pense bem: você recorda mais uma viagem realizada

há 5 anos ou um dia comum vivido há 5 meses na cida-
de onde mora? Sim, uma viagem é uma oportunidade
para desenvolver o cérebro de diferentes maneiras.
Pessoas novas, locais novos, clima diferente, língua

diferente, regras distintas, outros hábitos, sensa-
ções... tudo é uma novidade. O cérebro logo se atiça
e deixa em alerta os sentidos.25

Como disse Santo Agostinho,
“o mundo é um
livro, e aquele
que não viaja lê
sempre a mesma
página”.

CAPÍTULO IV
Os limites do funcionamento cerebral

e como ajudá-lo a ser mais produtivo
O cérebro é limitado. Não que ele não seja uma estrutura
biológica impressionante, capaz de provocar grande admiração
em qualquer um que reflita um pouco a seu respeito.
Constituído por 86 bilhões de neurônios, que se associam

em aproximadamente 10 trilhões de sinapses, ainda assim o
cérebro não consegue manter a atenção plena em duas coisas
ao mesmo tempo.26 E esta é apenas uma das facetas de sua
limitação funcional.
O mundo acelerado de hoje exige muito de nós. Entender os

limites da fisiologia cerebral é imprescindível para treinar o
cérebro de forma adequada.

Erros de interpretação, esquecimentos casuais, variações repentinas do humor,
entre outros incidentes parecidos, são eventos que podem ocorrer no ambiente
cognitivo sem significar comprometimento da saúde mental. Até ajudam em
algumas situações.
Ao invés de se punir pelos erros cometidos, que tal recompensar-se mais pelas
tarefas concluídas e acertos?27
Além do reforço positivo, assuma as limitações do seu cérebro e empregue

ferramentas e estratégias para ajudá-lo a ser mais produtivo.

11. Priorize informações

Muita gente tem uma ideia puramente “positiva” do
cérebro. Para essas pessoas, ele seria uma espécie de
computador super avançado com capacidade ilimitada
de memória.
Mas, como vimos, a seletividade e o esquecimento

também constituem um cérebro saudável.28 Logo, é
preciso equilibrar o conhecimento com o descarte
de informações desnecessárias. Lembrar sempre que
a memória precisa servir a um fim, ser útil.
Outra questão diz respeito à multitarefa. Cada vez

mais ocupadas, as pessoas se lançam em duas, três
ou mais tarefas simultâneas. Não priorizar nem uma
nem outra pode comprometer a produtividade, e até
diminuir o tamanho de algumas áreas do cérebro.29

12. Erre de vez em quando

Devemos nos rebelar contra a “ditadura do perfeito”.
Não, não estamos estimulando você a errar. Mas,
tendo em vista a ansiedade e a paralisia produtiva
que o perfeccionismo acarreta, o erro não deve ser
encarado como fracasso. Estudos científicos apon-
tam que ele pode ser a chave para um aprendizado
mais eficiente.30
O erro é sim uma oportunidade para reconhecer as

próprias limitações cognitivas e um estímulo para
aprender com o ocorrido. A lamentação é deixada
de lado e o alvo passa a ser verdadeiramente solu-
cionar o problema.
A própria neurociência revela que cometer um erro

pode ser gratificante para o cérebro, desde que ele
tenha tido a oportunidade de avaliar as opções e de
aprender com o equívoco.31
13. Questione
A curiosidade é um dos aspectos mais interessantes
do cérebro humano. O desejo pela exploração, por
novos conhecimentos ou experiências, servem para
motivar a aprendizagem. Evolutivamente, parece
que a curiosidade é uma tentativa dos organismos
de melhorar o desempenho.32
Claro que o questionamento sem propósito não é

nada produtivo.33 Mas, em linhas gerais, as pessoas
que questionam para aprender costumam apresen-
tar níveis maiores de criatividade, imaginação e são
mais capazes de enfrentar desafios.34
Não ter dúvidas pode até ser sinal de arrogância, um

dos 7 grandes inimigos do cérebro. Pessoas con-
vencidas, que se dizem conhecedoras de todas as
coisas, deixam de aprender, tornam-se mais impru-
dentes e menos versátil na resolução de problemas.

14. Crie mapas mentais

Memorizar informações importantes é um desafio
para as pessoas do nosso tempo. Quando se tem
muitas delas para guardar, organizá-las é bastante
útil. Isso pode ser alcançado por meio da elaboração
de mapas mentais, artifícios psicopedagógicos sem
custo algum e muito efetivos.
Em um dos poucos estudos conduzidos sobre o

assunto, os pesquisadores Farrand, Hussain e
Hennessy deram a alunos do curso de medicina 600
palavras para memorizar. Os alunos pertencentes
ao grupo estimulado a utilizar a técnica dos mapas
mentais recordaram 10% a mais do texto proposto,
em comparação com seus colegas.35

15. Faça uma lista

Está aí uma ferramenta de produtividade simples e
efetiva. Apesar de muitos considerarem que as lis-
tas nos deixam mais preguiçosos, anulam a criativi-
dade e diminuem a flexibilidade, “dar uma mãozi-
nha” para o cérebro pode ajudá-lo na retenção de
informações importantes.
O ato de escrever as tarefas produz níveis superiores

de associação em nosso pensamento. De alguma
forma, isso facilita com que nos lembremos da
informação sem precisarmos lançar mão da anotação
propriamente dita.36
Comprometer-se com determinadas tarefas por meio

de uma lista não só facilita a realização do objetivo,
como também libera recursos cognitivos para outras
atividades.37 Quer diminuir a ansiedade do dia a dia
e melhorar a produtividade? Faça uma lista.

CAPÍTULO V
Do que o cérebro precisa?

O cérebro é extremamente exigente, em todos os sentidos.
Apesar de corresponder em média a apenas 2% do peso corpo-
ral, requer aproximadamente 20% dos nutrientes e oxigê-
nio consumidos.
Há muitas evidências para acreditarmos que suprir as

necessidades básicas do cérebro têm um grande impac-
to sobre a forma como ele se comportará no futuro.38
Como vimos, os neurônios podem ser estimulados

de várias maneiras. Mas, para treiná-los, somen-
te colocá-los em atividade não basta. É preciso adequar as
refeições, respirar bem, descansar e praticar boas noites de
sono. Recorrer a suplementos e medicações também são
estratégias importantes em determinadas situações.
Antes de conferir as próximas dicas, leia este artigo e veja como

aumentar a produtividade do cérebro é muito mais uma ques-
tão de equilíbrio do que uma busca incessante por capacidades.

16. Beba água

A água é fonte para a vida. Com o cérebro não é dife-
rente. A desidratação diminui intensamente sua per-
formance, prejudica o humor, a cognição e, conse-
quentemente, a memória.39,40 Beber entre 1 e 3 litros
de água por dia, a depender da idade e atividades
praticadas, é fundamental para evitar distúrbios em
decorrência da falta dela no organismo.
A desidratação causa enxaquecas em algumas pes-

soas.41 A ingestão de água pode até aliviar dores de
cabeça quando se está desidratado.42
Evidências apontam ainda que aproximadamente

2% a menos de água corporal prejudica significativa-
mente o desempenho físico.43

17. Alimente-se bem

O cérebro precisa de muita energia e uma ampla
variedade de nutrientes. Sabemos, por exemplo,
que a baixa ingestão de ômega-3 pode afetar ne-
gativamente vários aspectos da cognição, especial-
mente em crianças.44 Outras evidências sugerem
uma relação entre deficiência de vitamina B12 e
Alzheimer.45,46
A ingestão insuficiente de aminoácidos, essenciais

para a produção de alguns neurotransmissores,
afeta o funcionamento do cérebro e a saúde mental.
A dopamina, por exemplo, é sintetizada a partir da
tirosina; a serotonina, a partir do triptofano. A falta
de qualquer um destes se associou à redução do
humor e maior agressividade.47

A revista norte-americana Food Technology descreveu
oito alimentos que podem lhe ajudar a manter o
cérebro em forma. São eles: nozes e oleaginosas,
beterraba, tomate, salmão, abacate, grãos integrais,
ovos e leite.48
Consulte nossa nutricionista

para desenvolver o seu
cardápio personalizado.

18. Respire fundo

Respirar é a atividade mais importante do ser huma-
no. A necessidade de oxigênio do cérebro é notável.
O curioso é que o fenômeno da respiração pode in-
fluenciar a mente em várias situações.
Inalar oxigênio em altas concentrações afeta positi-

vamente o desempenho intelectual e pode ser be-
néfico para pacientes com problemas cognitivos.49
Pessoas submetidas a um tipo de treino respiratório
melhoraram a capacidade de abstração e a flexibili-
dade mental.50
A respiração também tem sido implicada na modu-

lação da percepção dolorosa. Estudos em seres hu-
manos mostraram que a inspiração alivia a dor. Res-
pirar fundo e lentamente relaxa e ainda é capaz de
reduzir sintomas depressivos.51

19. Medite
A meditação livra a mente dos pensamentos
distrativos e ruminantes e melhora as relações
interpessoais. Quem medita há mais tempo e com
regularidade se mostra mais alegre, confiante e
estável emocionalmente.52
Do ponto de vista cognitivo, a meditação pode

melhorar o desempenho da atenção. A prática ajuda
a regular a distribuição dos recursos mentais. Uma
maior produtividade não passa justamente por
utilizar recursos com inteligência, sem desperdício?
Além disso, meditadores frequentes apresentam

progressos significativos na memória de trabalho e
nos escores de inteligência.53

20. Relaxe e durma

Momentos off são mais importantes do que se
imagina para ser mais criativo e aumentar a
produtividade.54
Se você é daquelas pessoas que viram a noite, por

conta dos estudos ou trabalho, um alerta: o sono
desempenha um papel central na plasticidade neu-
ral, processo que permite o armazenamento a longo
prazo de informações recém-adquiridas nas redes
do cérebro.55 Em outras palavras, estudar até o esgo-
tamento é uma decisão pouco inteligente para quem
quer aprender.

Além do mais, estresse e ansiedade são importan-
tes causas de esquecimento e outros distúrbios
cognitivos.56 Evitá-los é imprescindível para manter
o cérebro saudável e preparado para absorver in-
formações. O cansaço e a fadiga mental prejudicam
sobretudo a atenção. Sem foco, fica difícil assimilar
novos conhecimentos.
O pensamento anda muito acelerado? Já tentou de

várias formas acalmá-lo, sem sucesso?
Talvez seja o momento

de buscar ajuda
profissional.

CAPÍTULO VI
Conclusão
Basicamente, você conferiu que não é preciso fazer coisas mira-
bolantes para aumentar a produtividade. Viu também que apren-
der sobre o cérebro é muito importante para treiná-lo bem.
Novas evidências em neurociências surgem a todo momento, e

muitas delas foram compartilhadas neste material. Agora, ficou
mais fácil para você praticar bons hábitos e tomar decisões mais
inteligentes.
Ainda não se convenceu? A última dica resume o objetivo deste

e-book:

21. Cuide do seu cérebro
Uma pesquisa realizada nos EUA concluiu que 93% O cérebro é o órgão do conhecimento, da memó-
dos entrevistados acreditam ser importante cui- ria. Cuidar dele é cuidar da informação que apren-
dar da saúde do cérebro.57 Para eles, isso significa demos, da nossa história e percepções de vida. A
viver uma vida mais agradável, com autonomia. O prática de hábitos saudáveis, evitar os excessos e
cérebro saudável possibilita desfrutar a vida co- estar aberto a novos aprendizados são atitudes
tidiana, se relacionar melhor com a família e ami- que previnem danos a este órgão tão importante
gos, além de preservar as memórias pessoais. e que define a nós mesmos.
Zele pelo seu cérebro.

Desfrute todo o potencial
que ele tem a oferecer.

AUTOR
Dr. Leonardo Faria

Neurocirurgião que atua na região do Triângulo Mineiro e Alto
Paranaíba. Membro sócio titular da Sociedade Brasileira de
Neurocirurgia. Entusiasta da neurociência clínica. Idealizador e
CEO da Clínica MeuCérebro.
CRM-MG 48589 | RQE 33861 | Diretor técnico-médico da Clínica MeuCérebro
clinica@meucerebro.com

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254. http://dx.doi.org/10.1016/j.cognition.2013.11.010
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Sumário

1. Introdução [03] 4. Os limites do funciona- [28]

Maneiras práticas de Universidade MeuCérebro [46]

Nas próximas páginas, você verá que treinar o cérebro não

Esse desenvolvimento cognitivo, que se revela em parte pela

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Mostrar como é possível treinar o cérebro com

Mas, antes de ficar mentalmente em forma, vamos conferir se você está

O que significa produtividade? Para que serve o cérebro? Do que ele

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Na saúde, existe até uma equação matemáti-

Vamos assumir que a fórmula também se

Quais seriam os recursos mais valiosos para você? Recur-

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

recursos subjetivos são aqueles que dependem Alimentos

mais de suas habilidades cognitivas, como per- Água

cepção e capacidade de organização, habilida- Computador

des emocionais, como automotivação, ou do Smartphone

seu estilo de vida. Livros

Enquanto os recursos materiais são consumidos Recursos Subjetivos

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Muitas das adversidades que enfrentamos no dia a dia estão

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Falta dinheiro? A estrutura de trabalho é precária? Dispõe de

Vale ressaltar que em algumas ocasiões de BAIXA PRODUTIVIDADE,

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

PESSOA QUE PRODUZ MUITO, MAS UTILIZA MUITOS RECURSOS:

Geralmente, tem boa capacidade de produção, mas acaba por

Veja se a descrição bate com você: conquistas razoáveis na vida

O caminho pode ser desenvolver o foco e a criatividade, planejar

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

A principal característica da ALTA PRODUTIVIDADE é a

A escassez de recursos não é determinante para essa pessoa. Ela

Outras palavras que a definem: organização, método, adaptação,

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Para que serve o cérebro?

Mas, e quando se trata do cérebro? Aliás, para

Quando se trata do cérebro, não é tão óbvio assim.

Apesar do rápido avanço das neurociências, muito do funcio-

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Não é nisso que o ser humano se diferencia dos outros animais?

Em resumo, diria que a função do cérebro é aperfeiçoar a ação,

E você, como tem trabalhado suas funções intelectuais? Assim

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

O que é capaz de estimular o cérebro?

O cérebro funciona como uma grande estação de recepção, para

O corpo humano está adaptado para receber diferentes tipos

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Claro que outros processos mentais superiores interferem

Podemos concluir que o ponto de partida para estimular o

Antes de conferir alguns exemplos práticos, vamos entender um

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

O fenômeno da neuroplasticidade, por exemplo,

A intensidade e a repetição melhoram essa plasticidade, um dos

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Confira, a partir de agora, algumas

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

1. Aprenda algo novo

Existem inúmeras maneiras de aprender algo novo.

Oportunidades para aprender algo novo surgem a

Como treinar o cérebro para aumentar a produtividade

Quando contamos histórias, exercitamos o pensa-

Reúna os amigos e relembre um acontecimento re-