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A inspiração de Moro por suas ações durante a Operação Lava Jato é clara. Ele
é motivado pelos juízes italianos responsáveis pela Operação Mãos Limpas,
3
Em 2004, Sergio Moro assinou o artigo "Considerações sobre a operação mani puliti", a operação
"mãos limpas". O texto é um relato sobre a operação que inspirou a Lava Jato, escrito num estilo simples
e pouco inspirado, mas suficiente. A leitura permite entender a ordem da operação Lava Jato, bem como
verificar que os vazamentos são propositais. Destaco um trecho: "Os responsáveis pela operação mani
pulite ainda fizeram largo uso da imprensa. Com efeito: Para o desgosto dos líderes do PSI, que, por
certo, nunca pararam de manipular a imprensa, a investigação da “mani pulite” vazava como uma peneira.
Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no “L’Expresso”, no “La
Republica” e outros jornais e revistas simpatizantes. http://wrevolta.blogspot.com.br/2016/04/moro-e-o-
design-inteligente-da-justica.html
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Moro's inspiration for his actions during Operation Car Wash are clear. He is motivated by the Italian
judges responsible for Operation Clean Hands, a nationwide investigation in Italy on the links between
public officials and the mafia that was conducted in the early 1990s. By some accounts, as many as 6,000
individuals came under suspicion, and over 3,000 arrest warrants were issued. At one point, more than
half of the Italian Parliament was under indictment. But the void left by the removal of so many political
figures resulted in the rise of Silvio Berlusconi – and we now know that didn't translate into a corruption-
free state
uma investigação nacional na Itália sobre as relações entre funcionários
públicos e a máfia que foi realizado no início de 1990. Segundo alguns relatos,
até 6.000 pessoas ficaram sob suspeita, e mais de 3.000 mandados de prisão
foram emitidos. Em certo momento, mais da metade do Parlamento italiano foi
indiciado. Mas o vazio deixado pela remoção de tantas figuras políticas resultou
na ascensão de Silvio Berlusconi - e agora sabemos que não restou um estado
livre de corrupção
5
Disponível em: http://www.viomundo.com.br/denuncias/advogados-gauchos-denunciam-moro-por-
prevaricacao-abuso-de-poder-violacao-de-sigilo-funcional-e-grampo-ilegal.html. Acesso em: 09 abr.
2016.
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Disponível em: https://www.washingtonpost.com/world/the_americas/brazils-new-hero-is-a-nerdy-
judge-who-is-tough-on-official-corruption/2015/12/23/54287604-7bf1-11e5-bfb6-
65300a5ff562_story.html. Acesso em: 09 abr. 2016.
empresa para a qual trabalham. A verdade muitas vezes é deixada de lado para se afogar
em marés de ideologias e de opiniões pessoais. Sem conhecimento técnico suficiente,
alguns jornalistas não retratam acontecimentos nem personalidades sem fugir às
idiossincrasias dos editores dos meios de comunicação. Aqui no Brasil os veículos de
comunicação situados à direita do espectro político enaltecem Moro. A demonização
personagem ocorre nas impressões que tem dele articulistas progressivos, simpatizantes
da ponta esquerda do espectro..
Não sendo jornais blogs e revistas fontes confiáveis, outros documentos foram
objetos de pesquisa, além das sentenças do magistrado e os recursos judiciais e
entrevistas à imprensa de advogados dos réus e doutrinadores.
Então, a descoberta de uma possível Corte Moro, Corte de Exceção, se é que
houve ou há em Curitiba, seria perquirida nas posições doutrinárias assumidas pelo juiz
responsável pela OLJ em obras assinadas por ele. Afinal, as convicções mais íntimas
saltam das entrelinhas do que se escreve.
O juiz responsável pela OLJ tornou-se uma das principais figuras públicas no
Brasil e muitos o consideram herói popular. Outros, o acusam de partidarismo. Assim,
as reportagens não seriam as ferramentas adequadas para traçar o perfil do magistrado.7
Desta forma, para que não se falseie sua realidade biobibliográfica, tomaram-se quanto
possível informações coletadas da Plataforma Lattes.8 Em texto informado pelo próprio
autor, consta:
7
Material interessante sobre Sérgio Moro pode ser acessado em: Retrato do juiz Sérgio Moro quando
jovem. Por Renan Antunes de Oliveira. Disponível em: <
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/retrato-do-juiz-sergio-moro-quando-jovem-por-renan-
antunes-de-oliveira/. Acesso em: 09 abr. 2016.
8
De acordo com o Wikipedia: “A Plataforma Lattes é uma plataforma virtual criada e mantida pelo
CNPq, pela qual integra as bases de dados de currículos, grupos de pesquisa e instituições, em um único
sistema de informações, das áreas de Ciência e Tecnologia, atuando no Brasil. Foi criada para facilitar as
ações de planejamento, gestão e operacionalização do fomento à pesquisa, tanto do CNPq quanto de
outras agências de fomento à pesquisa, tanto federais quanto estaduais, e de instituições de ensino e
pesquisa”.
área jurídica. Participou do International Visitors Program organizado em
2007 pelo Departamento de Estado norte-americano com visitas a
agências e instituições dos EUA encarregadas da prevenção e do combate
à lavagem de dinheiro. É Professor Adjunto de Direito Processual Penal
da Universidade Federal do Paraná - UFPR.
9
Disponível em: < http://eca.state.gov/ivlp>. Aceso em: 09 abr. 2016.
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Sérgio Fernando Moro é filho de Dalton Áureo Moro e Odete Starke Moro. Graduou-se em Direito pela
Universidade Estadual de Maringá, em 1995, tornando-se juiz federal no ano seguinte (?). É mestre e
doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná, onde ocupa a carteira como docente de Direito
Processual Penal.
diretamente a Ministra Rosa Weber. O assunto gerou contencioso judicial com
desenlace no TRF 4ª.11
A admiração do STF a Sergio Moro durara pouco. Mal passara um ano, o
Tribunal parece ter encontrado autores de obras de maior tamanho a quem deveria ter
recorrido e passou a enfrentar o juiz como elementos de escola inimiga. Tanto é que
Gilmar Mendes teceu ácidas críticas a Sérgio Moro, chegando a dizer que o "Estado e
seus agentes atuam como bandidos fossem". Para o magistrado, os juízes não podiam
abusar das prisões cautelares, nem tergirversar com a liberdade dos cidadãos.12
Fechado o parêntese histórico, retorne-se à Plataforma Lattes de onde se
pesquisou a fecundidade monográfica e doutrinária de Sérgio Moro.13 Nem todos os
títulos serão aqui referenciados,mas à guisa de apresentação, algumas explicações serão
dadas a respeito do que interessar a este artigo.
Desenvolvimento e efetivação judicial das normas constitucionais, publicado por
M. Limonad no ano de 2001 é uma delas. Como a leitura não foi feita, reproduz-se
sinopses recolhidas na rede mundial de computadores. Sobre Desenvolvimento e
efetivação judicial das normas constitucionais tem-se:
No presente livro procura-se superar o bloqueio através de enfoque diverso do
problema da aplicabilidade das normas constitucionais. Tratado do ponto de
vista judicial, ou seja, sem embargo dos progressos que poderiam advir de
propostas legislativas, buscam-se respostas "hic et nunc" para o bloqueio, que
sejam viáveis diante do quadro constitucional e legal hoje existente”.14
11
MANDADO DE SEGURANÇA Nº 5030076-02.2012.404.7000/PR. Disponível em:
<http://s.conjur.com.br/dl/indeferimento-liminar-sergio-moro.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2016; AGRAVO
DE INSTRUMENTO Nº 5011215-16.2012.404.0000/PR. Disponível em: < http://s.conjur.com.br/dl/trf-
sergio-moro.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2016.
12
HC 95518 / PR.
13
Entre os artigos completos publicados em periódicos tem-se, A autonomia do crime de lavagem e prova
indiciária. Revista CEJ (Brasília), v. 41, p. 11-14, 2008. Colheita compulsória de material biológico para
exame genético em casos criminais. Revista dos Tribunais (São Paulo. Impresso), v. 853, p. 429-441,
2006. Considerações sobre a Operação Mani Pulite. Revista CEJ (Brasília), v. 26, p. 56-62, 2004.
Competência da Justiça Federal em Direito Ambiental. Revista dos Tribunais. Cadernos de Direito
Constitucional e Ciência Política, v. 31, p. 157-166, 2003. Por uma revisão da teoria da aplicabilidade das
normas constitucionais. Revista dos Tribunais. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política, v.
37, p. 101-108, 2001. Livros publicados/organizados ou edições, Crime de lavagem de dinheiro. 1ª. ed.
São Paulo: Saraiva, 2010. Jurisdição constitucional como democracia. 1. ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2004. Legislação suspeita? Afastamento da presunção de constitucionalidade da lei. 2. ed.
Curitiba: Juruá Editora, 2003. Desenvolvimento e efetivação judicial das normas constitucionais. 1. ed.
São Paulo: Max Limonad, 2001. Outras produções bibliográficas O uso de um criminoso como
testemunha: um problema especial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. (Tradução/Artigo).
14
Distribuidora de livros Itagyba. Disponível em: http://www.livrariaitagyba.com.br/livro-
desenvolvimento-e-efetivacao-judicial-das-normas-constitucionais-9788586300790,mo6085.html. Acesso
em: 09 abr. 2016.
O livro Jurisdição constitucional como democracia é de 2004 tendo sido
publicado no ano de 2004. As idéias ali delineadas serviram como ponto de partida para
a obtenção do título de doutor em Direito pela UFPR, em 2002, com orientação de
Marçal Justen Filho.
Na tese, o juiz federal se revela “perturbado por preocupações relativas a como
deveria proceder, especialmente no que se refere aos limites do agir judicial”. Para ele,
entre os princípios da democracia encontra-se o de que nenhuma política pública ou
instituição deve ser considerada imune à contestação. Tem agido fiel a essa convicção.
Transformada em livro a tese monográfica traz capítulos acerca da A experiência
constitucional norte-americana, Origens do controle judicial de constitucionalidade, O
caso Dred Scott, A Era Lochner e A Corte Warren, entre outros. Em sinopse, consta:
Essa energia imensa, que atravessou continentes, foi gerada por uma idéia
tentadora: a de que uma corte de justiça progressista pode promover a revolução
humanista que o processo político majoritário não é capaz de fazer. As minorias
reacionárias e as maiorias acomodadas são capazes de retardar indefinidamente
o processo histórico. Nessas horas, é preciso que uma vanguarda intelectual,
comprometida com o avanço civilizatório e a causa da humanidade, desobstrua
o caminho e dê passagem ao progresso social.
17
LEITE, Paulo Moreira. PML: artigo de Moro dá razão a Vaccari. Disponível em:
<http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/06/16/pml-artigo-de-moro-da-razao-a-vaccari> . Acesso
em: 09 abr. 2016.
Barroso, pontual e cirúrgico, expõe de onde Moro pretende municiar-se de
forças para dar curso à Operação similar à Operação Mãos Limpas. A validação, a
chancela autorizativa para a Operação Lava Jato, nos moldes até aqui conduzidos, será
o referendo de uma Corte de Justiça progressista onde o judiciário antecipe os direitos
diante da inércia de minorias reacionárias e as maiorias acomodadas. Mesmo que
contrarie programas de governo.
E então, Mani Pulite pode até ser o livro de cabeceira de Moro, a orientá-lo no
que concerne aos procedimentos. Entrementes, vem do confronto entre a Jurisdição
Constitucional e a Democracia a fundamentação teórica da Operação Mãos Limpas.
O tema não é novo nem conta com consenso doutrinário desde que Hans Kelsen
e Carl Shcmitt se engalfinharam academicamente em desvendar quem deveria ser o
defensor da Constituição. Moro seguindo o pensamento de Grimm que se contrapõe às
idéias de Smith aduz ser a democracia procedimentalista ou deliberativa falha na
aplicação dos direitos, cabendo ao judiciário, na suposição de ser imparcial defender a
Constituição mesmo contrariando os planos de governo. E o exemplo vem de países
desenvolvidos como Reino Unido, Holanda e Suécia onde o controle é exercido por
outros fatores como a mídia, a sociedade civil e os demais poderes.18
Moro defende em seu texto a sobressair da conduta que o judiciário imponha
freios aos planos de governo mesmo sem ter a representatividade conferida pelo voto.
Em síntese, aventa a concretização de direitos mediante decisões jurídicas mais
politizadas,desde que “a atividade da jurisdição constitucional se justifique em vista do mau
funcionamento da democracia e sirva de orientação para se eliminar obstáculos e favorecer o
seu ótimo funcionamento.
É o que se extrai de:
A Corte de Warren prova, todavia, que algum ativismo judicial pode mostrar-se
benéfico, contribuindo não para o enfraquecimento da jurisdição constitucional
e da democracia, mas para o seu próprio fortalecimento. É viável a defesa da
jurisdição constitucional e de parte de suas decisões com base em argumentos
que apelam para o próprio regime democrático.37
Nos Estados Unidos, a Corte Warren, também, não foi unanimidade. Os críticos
sustentavam que, por distorcerem os significados da Constituição, ela caracterizava-se
por ser imperialista, política, liberal e por demais ativista, impondo os valores morais
dos magistrados, bem como a agenda político- judicial do tribunal, acima da
Constituição. O mesmo que por aqui, anos depois, se pensa da Vara Moro.
Finalmente, a ideologia emula a realidade, e neste tom, pode ser que o
responsável pela OLJ, apesar da intelectualidade sobremaneira reconhecida, não se
esforçou bastante para aferir os resultados políticos, sociais e econômicos da Operação
Mão Limpas. Superado o espetáculo da mídia que foi seu eixo central, a população
percebeu estupefata o abissal vácuo de poder surgido da corrosão da credibilidade dos
partidos políticos tradicionais, franqueando o ingresso na política de oportunistas muito
piores do que os tradicionais políticos.
A mistura da Corte Di Pieto com a Corte Warren deu à Vara Moro feições,
senão de Frankenstein jurídico, o aspecto de uma grande jabuticaba jurídica, sem caroço
e pouco palatável. O mitômano, o messiânico juiz da 13ª vara federal criminal de
Curitiba, notório à frente das investigações da Operação Lava-Jato, que aprendeu com o
FBI e prestou assessoria ao STF, percebe pelos escritos que tenha encontrado
semelhanças entre os magistrados da Corte Warren e a geração dos chamados pretori
d’assalto, exaltados em seu artigo de 2004.
21
Teori diz que Sergio Moro é ‘reconhecidamente incompetente. Disponível em:
http://www.netcina.com.br/2016/03/teori-diz-que-sergio-moro-e-reconhecidamente-
incompetente.html/feed". Acesso em: 09 abr. 2016.
Ele próprio, iluminado pela luz dos juízes de assalto que ganharam destaque e
legitimidade ao usar a toga contra a lei, quiçá sonhe ou sonhava encarnar o paladino da
justiça capaz de “reduzir a injustiça social”, tomar “posturas antigovernamentais” e agir
“em substituição a um poder político impotente”.
O pretor d’assalto Antônio Di Pietro, acusado de intervenção na vida política do
país, interferência no resultado de eleições e pela queda de um Primeiro-Ministro, bem
como de perseguir líderes políticos de esquerda, respondeu a centenas de procedimentos
judiciários contra atos injustificáveis à frente da operação em que tanto sujou as mãos.
No Brasil alguns juristas iniciaram reação junto aos Tribunais Superiores e órgãos de
classe com apresentação de noticia-crime ao TRF ou Reclamações Disciplinares junto
ao CNJ
Os fatos vistos até aqui remetem à existência da Corte Moro de brevíssimo
destaque, a ruir e reduzir-se, a custa dos arranhados à Constituição, a simples Vara que
alguém bate contra as pernas ao constatar que a pessoa que entende diferente seus
próprios pensamentos é ela própria.
O tempo, agente mediato, ou o STF, imediato, há de decidir se a Vara é de galho
de marmelo ou frágil cipó-de-amarrar-caranguejo.