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Figura 3-1 Localização de afloramentos da Formação Macacu mapeados por Ferrari (2001) na Ilha do Governador, no entorno do Aeroporto Galeão (pontos 22, 23 e 24 em amarelo).
242
5 - ACpb
4 - ACa
3 - Amp
2 - Llm
1 - Amp
1
Alocíclico – de alociclicidade: fenômeno de sedimentação cíclica que resulta de
mudanças cíclicas nos fatores externos à bacia de acumulação, tais como no suprimento
de energia ou material para sedimentação. Envolve mecanismos de soerguimento ou
subsidência crustais, variações climáticas, mudanças de nível relativo do mar etc.
(Suguio, 1998).
2
Autocíclico – de autociclicidade: fenômeno de sedimentação cíclica que não
resulta de mudanças cíclicas de fatores externos à bacia de sedimentação, tais como os
anteriormente descritos como alocíclicos. Envolvem desta forma mecanismos como de
migração de canais fluviais, de barras etc. (op. cit, 1998).
244
5-Acpb
4-ACa
3-Amp
2-Llm
1-Amp
Marca de Raízes
NNW 5-Acpb SSE
Linha de Seixos
Base de Canal
4-ACa
Retomada do Leito
3-Amp
Crosta Laterítica
Figura 3-4 Material Vermelho Escuro presente abaixo da crosta laterítica, formando
concreções no contato das Fácies Llm de lamitos e Amp de arenitos
Como a Fácies Amp (arenito), esta se mostrou bastante homogênea em
termos texturais e morfológicos nas duas seqüências deposicionais, foi possível
246
enquadrá-la em termos geotécnicos como uma única camada de solo. Deste modo,
as siglas A1 e A2 se referem ao mesmo tipo de material (amarelo), sendo que A1
é o primeiro depósito (mais antigo e, portanto, na posição inferior do perfil), e o
A2 o mais recente.
A partir das delimitações acima estabelecidas o talude foi então dividido em
cinco camadas de solo: A - Amarelo (referente à Fácies Amp), R - Roxo (referente
à Fácies Llm), VE - Vermelho-Escuro (também (referente à Fácies Llm), V -
Vermelho (referente à Fácies Aca), VA - Vermelho-Amarelo (referente à Fácies
ACpb).
As diferentes camadas de solo consideradas, bem como sua delimitação no
talude podem ser visualizadas na Figura 3-8, Figura 3-9, Figura 3-7, Figura 3-8,
Figura 3-9, juntamente com o modelo 2D da face do talude (utilizado na geração
do modelo 3D, conforme discutido no subitem adiante).
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V A2
VA
A2 V
Figura 3-5 Identificação de diferentes tipos de solos em campo (V – VA – A2).
247
A2 R
VE
A1
VE A1
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R
R
R R
R A2
R
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VE
A1
V
R
A2
VE
R
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VE
VA
A2 A2
VA
V
A2
VE
R
A1
Figura 3-9 Delimitação espacial dos diferentes tipos de solos presentes no talude.
O Quadro 3.1 a seguir sumariza para as diferentes camadas de solo
delimitadas sob o ponto de vista geotécnico os seguintes aspectos: siglas adotadas
no decorrer da tese; aspecto visual (fotografia); descrição geológica resumida com
- fácies sedimentares, suas estruturas e processos; descrição pedológica -
características morfológicas obtidas através de análise tátil-visual.
No que diz respeito à descrição pedológica, para a classificação da transição
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3
Em pedologia utiliza-se para determinação de cores de solos parte da coleção de
cores do livro Munsell (Munsell book of color). Esta parte do livro, também denominada
Munsell Soil Color Charts, contém somente aquela porção de cores necessária para a
caracterização dos solos (IBGE, 2005).
252
Quadro 3-1 Aspectos da seqüência deposicional, camadas de solo sob o ponto de vista geotécnico, transições e descrição pedológica.
VA
V
A2 VE
R
A1
I II III IV
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Talude Talude
30 40
VE R V VA A2 A1 VE R V VA A2 A1 35
24 35
Superfície Exposta (%)
25
Superfície Exposta (%)
30 29
21 30
20 24
25 23
16 21
20 20 19 19
15 14 14 20 18 17
12 15 14 14 14
15 12 12 13
10 11
10
10 8
5
5 3
0
0 0
VE R V VA A2 A1 I II III IV
Camada Tratamento
%
Tratamentos (m²) Tratamentos (%)
Geral
I II III IV I II III IV Talude
VE 27.0 22.0 34.0 31.0 15.0 12.0 19.0 17.0 16.0
R 32.0 21.0 25.0 23.0 18.0 12.0 14.0 13.0 14.0
V 36.0 41.0 53.0 42.0 20.0 23.0 29.0 24.0 24.0
VA 54.0 26.0 5.0 0.0 30.0 14.0 30.0 0.0 12.0
A2 18.0 36.0 25.0 20.0 10.0 20.0 14.0 11.0 14.0
A1 14.0 34.0 38.0 63.0 8.0 19.0 21.0 35.0 21.0
180.0 180.0 180.0 180.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Figura 3-10 Gráficos representando a distribuição percentual das diferentes camadas de
solo ao longo dos diferentes tratamentos conforme na figura acima.
255
VA
VA V
V
V
A2
V
A2
A2 VE
A2
VE
VE R
VE
R A1
R
R
1 2 3 4
35 50
31 44
45
30 41VE R V VA A2 A1
Superfície Exposta (%)
26
20 30
26 25
16 24 23
25 22
15 20 19 19
12 20
10 14
10 15
11
5 10 8
6
5
5
0 0 0 0 0 0 0
0 0
VE R V VA A2 A1 1 2 3 4
Camadas Parcelas
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3.1.3. Modelo 3D
4
Atitude – direção (strike) e mergulho (dip), em camada acamamento, foliação, ou
camadas planares definem a atitude ou a sua posição em relação ao plano horizontal
(Suguio, 1998).
256
Figura 3-12 Modelo 3D com as diferentes camadas de solo reconhecidas na face do talude.
258
I 4
1 7 10
II 5
2
8 11
III
6 VII
3 IV 9
V 12
VI
Tabela 3-3 Identificação dos perfis para extração de blocos indeformados na face do talude.
Solo Nº. Ponto
VA I 2S
V II 2S
A III 2M
VE IV 1I
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R V 2I
R VI 1I
VE VII 2 I/M
Tratamento/Parcela: 1 a 4;
Terço: I – Inferior; M – Médio; S – Superior;
Profundidade (cm).
Tabela 3-4 Identificação das amostras adicionais em função dos diferentes pontos de
coleta na face do talude.
Nº. Ponto Solo Nº. Ponto Solo Nº. Ponto Solo Nº. Ponto Solo
1.1 1S 0.05 VA 4.1 2S 0.05 VA 7.1 3S 0.05 V 10.1 4S 0.05 V
1.2 1S 0.10 VA 4.2 2S 0.10 VA 7.2 3S 0.10 V 10.2 4S 0.10 V
1.3 1S 0.20 VA 4.3 2S 0.20 VA 7.3 3S 0.20 V 10.3 4S 0.20 V
2.1 1M 0.05 V 5.1 2M 0.05 A 8.1 3M 0.05 A 11.1 4M 0.05 VE
2.2 1M 0.10 V 5.2 2M 0.10 A 8.2 3M 0.10 A 11.2 4M 0.10 VE
2.3 1M 0.20 V 5.3 2M 0.20 A 8.3 3M 0.20 A 11.3 4M 0.20 VE
3.1 1I 0.05 VE 6.1 2I 0.05 VE 9.1 3I 0.05 R 12.1 4I 0.05 A
3.2 1I 0.10 VE 6.2 2I 0.10 VE 9.2 3I 0.10 R 12.2 4I 0.10 A
3.3 1I 0.20 VE 6.3 2I 0.20 VE 9.3 3I 0.20 R 12.3 4I 0.20 A
Tratamento/Parcela: 1 a 4;
Terço: I – Inferior; M – Médio; S – Superior;
Profundidade (cm).
Onde:
AT = Argila Total;
AN: Argila Naturalmente Dispersa;
%GF = Grau de Floculação.
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Amarelos.
3) Fósforo Assimilável: A determinação visou medir no solo a quantidade de
fósforo disponível para as plantas. A química do fósforo no solo é bastante
complexa, o que dificulta a obtenção de métodos de laboratório que sejam
eficazes para avaliar a sua disponibilidade. O fósforo no solo se apresenta nas
formas mineral e orgânica, fazendo parte de compostos com Cálcio, Ferro e
Alumínio, em solução, e adsorvido aos colóides, nas formas trocável e não-
trocável. O laboratório da Embrapa Solos utiliza o método da solução de Mehlich,
que emprega uma solução extratora HCl 0.05 N e H2SO4 0.025 N (Embrapa,
1997).
4) Carbono Orgânico: Oxidação da matéria orgânica pelo Método do Dicromato
de Potássio.
Ensaios foram conduzidos para avaliação das frações grossa e de finos (silte
+ argila). A avaliação da mineralogia das areias fornece informações indicativas
da maturidade e do estágio de intemperização dos materiais, que se reflete em
uma maior quantidade de quartzo e minerais neoformados como concreções
ferruginosas nesta fração. Já em solos menos intemperizados podem ser
encontrados minerais primários facilmente intemperizáveis.
No que diz respeito à avaliação da fração fina, esta possui estreita relação
com o comportamento mecânico dos solos, governando propriedades como a
expansibilidade e a plasticidade, sendo de grande importância em estudos sobre
erosão de solos.
Visando estudar o espaço poral das diferentes camadas de solo, que possui
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3.2.5.Parâmetros Hidráulicos
umidade inicial dos materiais. Segundo Marinho (2005) a forma da curva varia em
função da distribuição dos poros, podendo apresentar comportamento bimodal
quando da existência de dois tamanhos de poros predominantes no solo, como
vem sendo reportado recentemente para solos residuais jovens em âmbito tropical
(Moncada, 2008; Boszczowski, 2008).
Devido aos aspectos acima comentados, para determinação das curvas de
retenção de umidade para as diferentes camadas de solo estudadas nesta tese, foi
utilizada uma combinação de três métodos: papel filtro, porosimetria por injeção
de mercúrio e ajuste pelo modelo de van Genüchten (1980). As análises pelo
método do papel filtro (que, segundo Marinho (1994) tem mostrado resultados
bastante eficientes) foram o ponto de partida para todas as demais análises, sendo
determinantes nos traçados finais das curvas a partir dos modelos de ajuste.
Figura 3-14 Anel do solo VE apresentando expansão durante a saturação por imersão.
2) Determinação de Pontos Teóricos: Visando ainda obter os trechos iniciais das
curvas de retenção, para todos os solos foram adotados pontos “teóricos”,
correspondentes à S = 1, onde se teria a sucção nula. Os referidos pontos foram
determinados por meio de cálculos através de relações entre as propriedades
índices.
Como Ss = 1 têm-se:
40
30
θr
20
10
0.1 1 10 100 1000 10000 100000
ψar ψres
Sucção (kPa)
Figura 3-15 Aplicação do método das tangentes para obtenção dos valores de entrada
de ar (ψar), sucção residual (ψres), teor e umidade volumétrico saturado (θs) e residual
(θres).
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5
Valor de entrada de ar (ψar) – constitui o valor de sucção a partir do qual o ar
começa a entrar nos vazios maiores do solo (Moncada, 2008).
6
Sucção residual (ψres) – é o valor de sucção a partir do qual é necessária uma
grande variação para remover mais água do solo, ou, o valor de sucção a partir do qual
aumentos de sucção não produzem variações significativas no conteúdo de umidade.
271
retenção de umidade, tendo sido realizada somente uma análise comparativa entre
os resultados dos demais métodos. Estes resultados constam no Anexo II.
4Tw cosθ w
ua − u w = [Equação 3-11]
D
Em que:
D = diâmetro dos poros;
θw = ângulo de contato = 180°;
Tw = tensão superficial = 72.75E-3 N/m.
Como neste caso o mercúrio é o fluido não molhante o diâmetro de poro que
corresponde a cada pressão é determinado pela equação de Washburn:
4Tnw cos θ nw
p=− [Equação 3-12]
D
Tw cosθ w
ua − uw = p = 0.233 p [Equação 3-13]
Tnw cosθ nw
273
Em que:
n = porosidade dos poros com mercúrio;
n0 = porosidade total.
Visando considerar o conteúdo de umidade residual Moncada (2008)
recomendou ainda a utilização da expressão proposta por Romero et al. (1999):
Srw
Sr = 1 − Srnw + wr × [Equação 3-15]
ws
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Em que:
wr = umidade higroscópica;
ws = umidade correspondente à saturação.
A Tabela 3-6 apresenta o resumo dos índices físicos das diferentes camadas
avaliadas, determinados a partir de resultados de ensaios onde foram utilizadas
amostras indeformadas.
Os valores de densidade relativa dos grãos dos solos foram determinados
através de uma única série de ensaios, representativa de todos os corpos de prova,
uma vez que este parâmetro depende essencialmente dos constituintes
mineralógicos das partículas.
Nos resultados relativos à massa específica natural foram constatados
maiores valores na camada V (1.84 g/cm³) e VE (1.82 g/cm³). Já em relação à
densidade relativa dos grãos dos solos, observa-se predomínio de material arenoso
e quartzoso (ρs =2.701 g/cm³) e caulinítico (ρs =2.660 g/cm³), exceto para a
camada VE. No que diz respeito ao índice de vazios, seguindo a tendência
evidenciada para a massa específica natural dos materiais presentes, foram
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observados menores valores (0.536) para a camada V (assim como ocorre nos
valores de porosidade).
A camada VE, apesar de ter apresentado elevados ρnat apresentou também um
elevado valor de índice de vazios (0.729). Observou-se ainda um maior
coeficiente de variação no conjunto de ensaios referentes à camada VA (15%), o
que deve estar relacionado ao maior percentual de pedregulhos e areias, conforme
discutido no tópico a seguir.
276
Tabela 3-6 Resumo das propriedades índice dos diferentes solos avaliados.
Dados ρnat Gs ρd wi Si θi
Camada 3 3
e n
Estatísticos (g/cm ) (g/cm³) (g/cm ) (%) (%) (%)
Nº. CP 32 1 66 66 66 32 32 32
Média 1.85 2.728 1.549 0.769 0.432 18.7 68.5 29.1
VE
Desvio 0.11 xxx 0.105 0.127 0.038 3.4 12.0 4.8
CV 6.38 xxx 6.756 16.534 8.889 18.6 17.5 16.4
Nº. CP 38 1 71 71 71 38 38 38
Média 1.85 2.675 1.573 0.707 0.412 4.5 19.0 7.4
R
Desvio 0.12 xxx 0.091 0.101 0.034 1.7 7.1 2.9
CV 6.39 xxx 5.794 14.239 8.270 1.7 7.3 2.9
Nº. CP 32.00 1 62 62 62 32 32 32
Média 1.84 2.653 1.730 0.536 0.348 4.7 22.5 7.8
V
Desvio 0.09 xxx 0.077 0.071 0.030 4.2 18.1 6.8
CV 4.78 xxx 4.478 13.205 8.500 89.8 80.6 86.9
Nº. CP 23.00 1 43 43 43 23 23 23
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14"
18"
5/16"
1 ½"
Peneira No (SUCS)
1/4"
3/8"
1/2"
3/4"
200
100
12"
16"
20"
30"
60
50
40
30
20
16
10
1"
2"
3"
4"
5"
6"
8"
8
6
4
100 0
90 10
80 20
70 30
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
10 90
0 100
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61.1
60
53.9
50.6
50 46.9
40
Figura 3-17 Histogramas com percentuais de areia, silte e argila para as diferentes
camadas de solo, obtidos através das análises granulométricas.
Observando-se a Figura 3-17, no que diz respeito aos percentuais de areia,
assim como nas curvas granulométricas, constata-se a presença de um material
mais arenoso na camada VA (54.6%), seguida da V (53.2%) e A (51.9%). Já em
relação ao percentual de argila, os maiores valores foram encontrados na camada
VE (60.8%) e R (32.1%).
O percentual de silte foi maior também na camada VE (26.2%), também
seguida pela camada R (19.8%). Conforme já foi discutido, estas semelhanças
entre as camadas VE e R se devem ao fato de que a camada VE é um variante da
camada R que apresenta concreções lateríticas, provavelmente devido a processos
de percolação da água subterrânea, processos diagenéticos e de intemperismo.
279
Tabela 3-8 Limites de Atterberg com material passante nas peneiras #40 e #200.
7
Utilizando-se os critérios pedológicos abordados no subitem 3.1, descritos em
SBCS/SNLCS (1982).
282
Complexo Sortivo;
Fósforo Assimilável;
Carbono Orgânico;
Ataque Sulfúrico;
Análise Semiquantitativa.
Os valores de pH em H2O e em KCl encontram-se na Tabela 3-10:
Tabela 3-10 Número de ensaios, valor máximo, mínio e valores médios representativos
das análises de pH em H2O e em KCL [entre colchetes], bem como os respectivos ∆ pH
médios para as diferentes camadas de solo.
[4.80] [4.23]
4.4 – 4.9 4.1 – 4.5
A 7 [+0.5]
[4.69] [4.19]
Os resultados de pH em H2O evidenciam que as camadas são todas
fortemente ácidas (segundo critério da Embrapa, 2006), apresentam ∆ pH
positivo, observando-se a ausência de cargas negativas disponíveis.
Tabela 3-12 Número de ensaios e valores médios (entre colchetes) representativos das
análises de Fósforo Assimilável (mg/dm³) e Carbono Orgânico (g/kg).
Com base nos resultados das análises de ataque sulfúrico foram também
determinadas as relações moleculares Ki e Kr, bem como Al2O3/Fe2O3, expressas
também na Tabela 3-13. Os valores abaixo de 2.0 para o Ki (à exceção da camada
VE) denotam elevado grau de intemperização e material caulinítico, o que
normalmente está associado à latossolos (classe pedológica de solos predominante
na área). Os maiores valores nos teores de ferro também são evidenciados através
da relação Al2O3/Fe2O3, onde as camadas VE e R apresentaram menores valores.
A Tabela 3-14 apresenta os resultados das análises químicas
semiquantitativas, através da fluorescência de raios-X. Os resultados estão
expressos em porcentagens dos principais elementos sob a forma de óxidos, bem
como a perda ao fogo e os elementos traços.
Tabela 3-14 Resultados das análises de fluorescência de Raios-X (Semiquantitativa).
Figura 3-18 Aspectos macroscópicos da mineralogia das areias e dos cascalhos do perfil
estratigráfico, facilmente identificáveis através de observações de campo.
287
camada VA ocorre um pico que pode ser referente a uma argila do grupo 2:1.
VE
d = 3.56
d = 7.13
d = 4.13
EG
540°
d=7.13
Ct
ST
AN
40
35
30
25
20
15
10
CuKα - 2 θ
Quadro 3-2 Descrição da mineralogia das areias para as diferentes camadas de solo estudadas. Na última coluna observa a descrição detalhada da mineralogia da fração areia dos diferentes materiais, sendo estimada
também a percentagem média de cada mineral encontrado.
d=7.13
d=3.56
EG
540°
d=7.13
Ct
d=3.56
d=4.13
ST
AN
40
35
30
25
20
15
10
0
CuKα - 2 θ
V
d = 7.13
d = 3.56
d = 2.35
EG
540°
d = 7.13
d = 3.56
Ct
ST
AN
40
35
30
25
20
15
10
CuKα - 2 θ
VA
d = 7.13
d = 3.56
d=13.39
?
d = 2.35
EG
d = 3.56
540°
d = 3.56
d = 7.13
Ct
ST
AN
40
35
30
25
20
15
10
0
CuKα - 2 θ
A
d = 3.56
d = 7.13
d = 2.35
EG
d = 3.64
d = 4.13
540°
d = 7.13
ST
d = 4.13
AN
40
35
30
25
20
15
10
CuKα - 2 θ
carga hidráulica constante de 1.0 cm, conforme já descrito no subitem 3.2, não é
aplicável em análises destes tipos de materiais, uma vez que não foi possível
determinar a permeabilidade nas camadas R e V. Os resultados semelhantes
obtidos nos ensaios de Guelph e nos da EMBRAPA para o solo VE indicam certa
concordância entre os resultados, o que não ocorreu, entretanto para as camadas
VA e A.
à camada VE é ainda uma incógnita que deve ser investigada mediante um maior
número de ensaios de campo e laboratório, uma vez que os resultados dos ensaios
obtidos até o momento não permitem avançar no assunto.
Vol. (cm3)
ρd (g/cm3)
ρt (g/cm3)
Camada
S w
Estágio
θ
Ф (cm)
εv (%)
h (cm)
t (h)
e n
(%) (%) (%)
0 4.74 2.04 35.98 0.0 2.00 1.633 0.671 0.402 36.6 91.2 22.4
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.99 1.643 0.661 0.398 34.8 87.4 21.1
Antes
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.94 1.594 0.712 0.416 34.9 84.1 21.9
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.89 1.548 0.763 0.433 33.9 78.5 21.9
VE
4 4.74 2.39 42.17 17.2 1.79 1.340 1.036 0.509 44.7 88.0 33.4
Depois
8 4.74 2.39 42.17 17.2 1.83 1.355 1.013 0.503 47.0 93.4 34.6
12 4.74 2.44 43.06 19.6 1.75 1.316 1.073 0.518 43.5 84.1 33.0
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
24 4.74 2.44 43.06 19.7 1.71 1.279 1.134 0.531 43.2 81.4 33.8
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.99 1.663 0.609 0.378 32.6 86.2 19.6
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.93 1.625 0.646 0.392 30.4 77.6 18.7
Antes
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.93 1.546 0.730 0.422 38.5 91.2 24.9
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.95 1.744 0.534 0.348 20.0 57.7 11.5
R
4 4.74 2.34 41.27 14.7 1.89 1.440 0.857 0.462 44.6 96.8 31.0
Depois
8 4.74 2.34 41.27 14.7 1.87 1.425 0.877 0.467 44.5 95.2 31.2
12 4.74 2.44 43.03 19.6 1.81 1.329 1.013 0.503 47.9 95.2 36.0
24 4.74 2.59 45.68 30.0 1.72 1.320 1.027 0.507 39.6 78.2 30.0
VE R
100 100
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0
0
1 10 100 1000 10000 100000
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)
V VA
100 100
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)
A 100.00
100
90.00
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
90
Grau de Saturação (%)
80.00
80
Grau de Saturação (%)
70.00
70
60.00
60
50.00
50
40.00
40
30 30.00
20 20.00
10 10.00
0 0.00
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)
Figura 3-24 Pontos experimentais relacionando a sucção dos solos com os graus de
saturação para as diferentes camadas, obtidos pelo método do papel filtro.
Observando-se os gráficos acima é possível constatar que para as camadas
VE e R foi possível atingir uma maior grau de saturação, próximo a 100%, o que
não foi possível nos outros materiais provavelmente devido ao fato de não ter sido
utilizado para os mesmos a metodologia alternativa proposta para saturação destes
materiais por imersão em água. Nota-se ainda que nas camadas V e A foi possível
atingir um grau de saturação em torno de 90%, e na camada VA atingiu-se um
máximo de 70%.
295
VE R
45 50
V VA
40 30
35
25
Umidade Volumétrica (%)
20 15
15
10
10
5
5
0 0
0 1 10 100 1000 10000 100000 0 1 10 100 1000 10000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)
A 50
40
45
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
35
40
Umidade Volumétrica (%)
30 35
25 30
25
20
20
15
15
10
10
5 5
0 0
0 1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)
Figura 3-25 Pontos experimentais relacionando a sucção dos solos com os teores de
umidade volumétricos para as diferentes camadas, obtidos pelo método do papel filtro.
Os maiores valores de teores de umidade volumétrica para S = 1 (θs) foram
encontrados para a camada R (45%), seguida de VE (40%), V e A (≈ 37.5%) e
VA (28%). Observa-se que os resultados proporcionados pela Figura 3-24
mostraram uma melhor visualização do fenômeno descrito pela curva de retenção
de umidade. Por isso, a partir destes gráficos os resultados de retenção são todos
discutidos em termos de grau de saturação, exceto na Figura 3-26 a seguir, onde
visando avaliar as variações ocorridas no índice de vazios dos corpos de prova
durante os ensaios, foram também gerados gráficos com a sua variabilidade em
função do teor de umidade gravimétrico.
296
1.05 0.90
1.00
0.85
0.95
0.80
0.90
0.85 0.75
Índice de Vazios
Índice de Vazios
0.80 0.70
0.75
0.65
0.70
0.65 0.60
0.60 0.55
0.55
0.50
0.50
0.45 0.45
0.40 0.40
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Teor de Umidade (%) Teor de Umidade (%)
0.75 0.90
0.85
0.70
0.80
0.65
0.75
Índice de Vazios
Índice de Vazios
0.60 0.70
0.65
0.55
0.60
0.50
0.55
0.45 0.50
0.45
0.40
0.40
0.35
0.35
0.30 0.30
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Teor de Umidade (%) Teor de Umidade (%)
1.10 1.10
1.05
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
1.00 1.00
0.95
0.90 0.90
0.85
Índice de Vazios
Índice de Vazios
0.80 0.80
0.75
0.70 0.70
0.65
0.60 0.60
0.55
0.50 0.50
0.45
0.40 0.40
0.35
0.30 0.30
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Teor de Umidade (%) Teor de Umidade (%)
Figura 3-26 Variabilidade dos índices de vazios em função dos teores de umidade
gravimétricos obtidos durante os ensaios pelo método do papel filtro para as diferentes
camadas de solo.
Os resultados mostraram uma tendência à diminuição dos índices de vazios
para os menores valores de umidade gravimétrica e maiores sucções, apesar de se
observar uma grande dispersão nos resultados não permitindo a definição de um
limite de contração para estes materiais. Resultados similares foram encontrados
por Boszczowski (2008) estudando um perfil de alteração de granito-gnaisse em
Curitiba. Observa-se que este comportamento pode ser resultado de dificuldades
de determinação exata das dimensões dos corpos de prova, possivelmente em
função de heterogeneidades nos mesmos, o que parece ainda mais provável
observando-se o fato de que os maiores valores de dispersão dos resultados foram
obtidos para a camada VA, que apresenta justamente um percentual maior de areia
grossa e pedregulhos em relação às demais camadas. Além disso, a própria
dimensão reduzida dos corpos induz a estes tipos de problemas.
297
100
90
A R VE V VA
80
70
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
Porcentagem (%)
60
50
40
30
20
10
0
0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro do Poro (µm)
Figura 3-27 Distribuição acumulativa dos diâmetros de poros para as diferentes camadas
de solo avaliadas.
298
Tabela 3-17 Distribuição percentual das classes de diâmetros de poros de acordo com
diferentes propostas de classificação.
Delage et al.
Tamanho Martinez IUPAC
Camada (1996, apud.
do Poro (2003) (1982)
Martinez, 2003).
Macroporos 2.2 0.5 21.0
VE Mesoporos 4.1 0.5 xxx
Microporos 93.8 99.0 79.0
Macroporos 1.7 0.4 0.8
R Mesoporos 3.4 0.3 xxx
Microporos 94.8 99.2 99.2
Macroporos 13.1 2.0 10.3
V Mesoporos 3.6 87.3 xxx
Microporos 83.3 89.8 89.7
Macroporos 35.3 13.8 32.4
VA Mesoporos 1.3 21.5 xxx
Microporos 63.3 64.7 67.6
Macroporos 37.6 3.9 21.7
A Mesoporos 18.7 33.7 xxx
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
Macroporos (%)
100 93.76 94.82
Mesoporos (%)
83.33 Microporos (%)
80
Porcentagem (%)
63.33
60
43.66
37.62
40 35.32
18.72
20 13.08
VE R
0.50 0.45
0.45 0.40
0.40 0.35
0.35
0.30
dV/dlogD
dV/dlogD
0.30
0.25
0.25
0.20
0.20
0.15
0.15
0.10 0.10
0.05 0.05
0.00 0.00
0.00
0.01
0.10
1.00
10.00
100.00
1000.00
0.00
0.01
0.10
1.00
10.00
100.00
1000.00
Diâmetro do Poro Diâmetro do Poro
V VA
0.30 0.25
0.25
0.20
0.20
dV/dlogD
dV/dlogD
0.15
0.15
0.10
0.10
0.05
0.05
0.00 0.00
0.00
0.01
0.10
1.00
10.00
100.00
1000.00
0.00
0.01
0.10
1.00
10.00
100.00
1000.00
Diâmetro do Poro Diâmetro do Poro
A
0.14
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
0.12
0.10
dV/dlogD
0.08
0.06
0.04
0.02
0.00
0.00
0.01
0.10
1.00
10.00
100.00
1000.00
Diâmetro do Poro
Figura 3-29 distribuição dos diâmetros dos poros para as diferentes camadas de solo
avaliadas.
VE R
100 100
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)
V VA
100 100
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)
A
100
90
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
80
Grau de Saturação (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
90 90
Grau de Saturação (%)
80 80
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)
Figura 3-32 Ajustes para curvas de retenção unimodais e bimodais para a camada V
pelo modelo de van Genüchten.
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Uma vez que se optou pela curva bimodal para caracterização desta camada,
os parâmetros de ajuste, referentes à equação de van Genüchten são também
apresentados na Tabela 3-19.
Tabela 3-19 Parâmetros de ajuste referentes à equação de van Genüchten para a curva
de retenção bimodal da camada V.
a [ψar Ψres
V R² m n S ar θ ar S res θ res
(kPa)] (kPa)
< 250 kPa 25 0.02 28 0.90 0.31 200 0.70 0.24
0.42
≥ 250 kPa 1500 0.09 12 0.70 0.24 20000 0.03 0.01
Com o ajuste bimodal, têm-se para esta curva de retenção um primeiro valor
de entrada de ar aos 200 kPa e outro aos 20000 kPa. O coeficiente de correlação
obtido para este ajuste como um todo foi muito baixo (R² = 0.42) devido à
existência de grande dispersão nos resultados experimentais pelo método do papel
filtro. O valor de n utilizado no ajuste para o primeiro trecho (28) pode ser
considerado bastante elevado, o que foi necessário para que a geometria da curva
apontasse para valores de sucção residual adequados. Deve-se enfatizar que
durante os ajustes, dependendo dos resultados experimentais, estes parâmetros
podem perder seu “sentido físico”, passando somente a simples variáveis de
ajuste.
A seguir são apresentados na Figura 3-33 as curvas de retenção obtidas
através dos ajustes pelo modelo de van Genüchten para a camada A. Devido ao
304
90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)
A
a [ψar (kPa)] m R²
n S ar θ ar Ψres (kPa) S res θ res
< 75 kPa 200 2.40 1.50 0.92 0.38 75.8 0.56 0.23
0.70
≥ 75 kPa 2800 0.80 1.50 0.56 0.23 30000 0.04 0.02
Analisando os coeficientes de correlação referentes a cada um dos trechos
da curva observa-se que no primeiro trecho, próximo à saturação, foi obtido um
coeficiente de correlação mais razoável (95.98%). Também se observa que o
valor de m encontrado no primeiro trecho foi muito elevado (2.40). Na Figura 3-34
é apresentado o ajuste obtido para a camada VA:
305
VA
100
90
80
60
50
40
30
20
10
0
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
Tabela 3-22 Sumário de parâmetros hidráulicos das diferentes camadas de solo avaliadas importantes para modelagem de fluxos em meios porosos.
Sucção a Ψres
Guelph Carga Cte [Ksat] R² m n S ar θ ar S res θ res
(kPa) [ψar (kPa)] (kPa)
VE 0.43 1.467E-5 6.600E-08 1.0E-7 xxx 0.64 3000 0.10 12.00 0.90 0.39 27000 0.10 0.04
R 0.41 6.126E-6 2.700E-07 2.7E-7 xxx 0.63 3000 0.10 13.00 0.97 0.40 30000 0.10 0.04
< 250 25 0.02 28.00 0.90 0.31 200 0.70 0.24
V 0.34 5.725E-4 6.800E-05 6.0E-5 0.42
≥ 250 1500 0.09 12.00 0.70 0.24 20000 0.03 0.01
< 100 20 1.90E-2 15.00 0.68 0.26 42.98 0.45 0.17
VA 0.38 1.141E-5 5.400E-05 3.0E-5 0.82
≥ 100 3000 0.16 6.00 0.45 0.17 16000 0.15 0.06
< 75 200 2.40 1.50 0.92 0.38 75.8 0.56 0.23
A 0.41 4.897E-5 1.200E-04 4.0E-5 0.70
≥ 75 2800 0.80 1.50 0.56 0.23 30000 0.04 0.02
308
Ao longo dos anos diversas propostas para avaliar o potencial de erosão dos
solos8 foram apresentadas: algumas buscando previsões para taludes através de
ensaios com parcelas de erosão, ou com ensaios de desagregação (Volk, 1937),
dispersividade (Emerson, 1967), Inderbitzen, Pinhole, (Sherard et al, 1976) etc.
Em outros casos, avaliações da erodibilidade9 foram efetuadas por meio de
correlações entre características dos solos, uma vez que a mesma é expressão de
seus atributos mineralógicos, químicos, morfológicos e físicos como um todo
dentro de uma interação bastante complexa.
A estimativa de valores de erodibilidade, assim como a determinação do
peso deste parâmetro no conjunto do fenômeno erosivo, no tempo e no espaço, em
processos laminares ou de escoamento concentrado, pode ser considerada neste
contexto atualmente um dos maiores desafios em relação ao entendimento dos
mecanismos de erosão dos solos em taludes e encostas.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
8
Ao longo desta tese o termo potencial de erosão dos solos será utilizado para
referir-se à resistência dos solos à erosão (erodibilidade) dos mesmos em um sentido
amplo, isto é desconsiderando as limitações conceituais impostas pela adoção do termo
“erodibilidade”. Tal abordagem foi também utilizada por Araújo (2000) para o estudo de
solos da Formação Barreiras.
9
Erodibilidade: suscetibilidade de um solo à erosão (Araújo e Guerra, 2008); é
uma expressão da resistência dos solos à erosão hídrica, reflexo de atributos
mineralógicos, micromorfológicos, químicos, físicos, hidromecânicos e biológicos. Não
existe um índice universalmente aceito.
309
VA
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
VE
R
Figura 3-35 Detalhes de processos erosivos atuantes em diferentes camadas do perfil.
310
A
R
R VE
A
V
VA
V
VE
R
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Figura 3-36 Detalhes dos processos erosivos atuantes nas diferentes camadas do perfil.
Observa-se que as camadas que aparentam possuir maior erodibilidade são
justamente as mais argilosas, ao contrário do encontrado em diversas propostas de
classificação de solos como a baseada no sistema SUCS comentada acima.
Isto ocorre provavelmente, pois, assim como no sistema SUCS, esta
classificação é feita com base no Limites de Atterberg, obtidos em ensaios com
amostras amolgadas, isto é, não se analisa o comportamento do solo no estado
indeformado, onde todo um conjunto de variáveis interage em relação à
erodibilidade.
Uma vez que foram conduzidos ensaios específicos de erodibilidade
(desagregabilidade e dispersividade), estes foram utilizados como ponto de partida
para as demais avaliações.
311
3.4.1.1. Desagregação
lado conforme Figura 3-37) foram colocados sobre papel filtro, com pedra porosa
em uma bandeja plástica nivelada com capacidade volumétrica de
aproximadamente 7litros.
Figura 3-37 Gabarito utilizado para a montagem dos corpos de prova, pedra porosa e
amostra confeccionada.
Em seguida colocou-se água até o nível da altura das bases das amostras por
um período de 30 minutos (Primeira fase). A seguir, o nível da água foi aumentado
sucessivamente para 1/3 (Segunda fase), 2/3 (Terceira fase), até a submersão total
das amostras, mantendo-se entre cada uma destas fases um intervalo de 15
minutos. Após a submersão total, o ensaio prosseguiu por um período de 24 horas
(Quarta fase).
O ensaio foi realizado para as cinco diferentes camadas de solo
simultaneamente, conforme descrito acima, sendo que para cada estágio de
imersão foram anotadas observações para um melhor entendimento de como as
312
Antes 24 h Depois
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0 min. (água na base dos 30 min (água até o primeiro 45 min. (água até o segundo
Camada 10 min. 25 min. 60 min. (água até o topo). 24 horas.
corpos de prova). terço dos corpos de prova ). terço dos corpos de prova ).
VE
VA
A
315
VE
VE
R
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VA VA
3.4.1.2. Dispersividade
VE I
R I
V III
VA IV
A IV
319
100 0
80 20
%)
Sil
60 40
a(
te
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gil
(%
Ar
)
40 60
20 80
0 100
100 80 60 40 20 0
Areia (%)
VE
VA
Separação proposta por Araújo (2000).
A
Solos muito erodíveis (Fonseca e Ferreira, 1981; Fácio, 1991; Lima, 1999).
Solos pouco erodíveis (Fonseca e Ferreira, 1981; Fácio, 1991; Lima, 1999).
Solos da Formação Barreiras – muito erodíveis (Araújo, 2000).
Solos da Formação Barreiras – pouco erodíveis (Araújo, 2000).
Figura 3-40 Triângulo textural mostrando as camadas de solo estudadas comparadas a
outros dados da literatura referentes à erodibilidade dos solos.
321
100
VE 0
90 10
80 20
Porcentagem que passa (%)
70 30
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
10 90
0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)
100
R 0
90 10
80 20
Porcentagem que passa (%)
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
10 90
0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)
100
V 0
90 10
80 20
Porcentagem que passa (%)
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
10 90
0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)
100
VA 0
90 10
80 20
Porcentagem que passa (%)
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
10 90
0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)
100
A 0
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
90 10
80 20
Porcentagem que passa (%)
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
10 90
0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)
Areia
Pedregulho
Camada
Total de
Defloc.?
Finos
Silte Argila whig
Grossa Média Fina Total
Com 0.0 0.4 2.9 5.7 9.0 25.1 65.8 90.9 6.53
VE
Sem 0.0 0.4 11.4 8.0 19.8 75.6 4.5 80.1 1.47
Com 0.0 0.8 7.8 16.6 25.2 28.6 46.9 75.5 2.68
R
Sem 0.0 0.2 10.6 19.5 30.3 64.8 4.9 69.7 0.26
Com 2.7 22.5 17.5 10.6 50.6 17.3 29.4 46.7 1.02
V
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA
Sem 2.7 22.5 15.6 11.0 49.1 44.9 3.4 48.3 0.58
Com 8.8 46.6 11.7 2.8 61.1 9.1 20.9 30.0 3.37
VA
Sem 9.0 47.5 11.9 3.7 63.1 25.9 1.9 27.8 9.41
Com 0.4 10.7 32.5 10.7 53.9 28.8 16.9 45.7 0.47
A
Sem 0.4 10.7 29.1 11.3 51.1 44.5 4.0 48.5 0.20
Verifica-se com base nos resultados expostos nos gráficos acima que a
fração silte sofreu grande alteração (aumento dos percentuais) sem uso de
defloculante, tendo o percentual de argila sido reduzido drasticamente para todas
as camadas (chegando a 61.3% na VE). Como um todo, houve uma manutenção
do percentual referente à fração fina.
Conforme descrito no subitem 3.2, com base nos resultados de análises
granulométricas com e sem a utilização do defloculante foi possível também
determinar o grau de floculação (GF) das argilas nas diferentes camadas, que,
conforme será discutido em maior detalhe no subitem 3.4, possui estreita relação
com o potencial de erosão dos solos. Os valores de grau de floculação de argilas
obtidos para as diferentes camadas de solo estudadas encontram-se na Tabela
3-26:
325
Tabela 3-26 Grau de Floculação das Argilas das diferentes camadas avaliadas.
Camada GF (%)
VE 65.7
R 46.8
V 29.3
VA 20.8
A 16.7
camada A, que possuiria erodibilidade média, o que não está de acordo com as
observações de campo ou com os resultados de ensaios de erodibilidade
específicos. Resultados semelhantes foram obtidos nas pesquisas efetuadas por
Araújo (2000) também na tentativa de identificar correlações entre a porcentagem
de dispersão de solos da Formação Barreiras e sua erodibilidade. Deste modo,
ambas as pesquisas apontam para o fato de que não se deve levar em conta
somente a dispersividade dos materiais para avaliação de sua erodibilidade.
solos. De acordo com os critérios propostos por Santos e Castro (1966), solos com
bom comportamento apresentam LP ≤ 32 % e IP ≤ 17%. Segundo esta
sistematização, das camadas de solo existentes no perfil estratigráfico, todas
apresentam um LP típico de solos de bom comportamento, porém no que diz
respeito aos índices de plasticidade (IP) os valores estão todos bem acima de 20,
exceto para a camada A.
Este índice parece expressar de forma adequada o comportamento das
diferentes camadas de solo constituintes do perfil estratigráfico avaliado, uma vez
que, conforme já relatado anteriormente, tanto nas observações de campo, quanto
nos ensaios de desagregação, esta camada de solo parece menos erodível em
relação às demais.
citados Roth et al, 1991; Grillo et. al, 2001 entre muitos outros) e sobre o papel da
fração leve da matéria orgânica como indicador mais sensível do estado de
degradação dos solos (Madari, 2000).
O percentual de matéria orgânico de um solo pode ser determinado à partir
dos valores de Carbono Orgânico obtidos por análise química. Alternativamente
estes valores podem ser obtidos através de ensaios por perda ao fogo.
Nesta tese, os valores de matéria orgânica das diferentes camadas de solo,
foram todos menores que 1% podendo estes ser desconsiderados anteriormente à
implantação das técnicas de bioengenharia.
sendo, portanto, recomendável sua utilização irrestrita para solos tropicais. Assim,
a partir dos resultados da caracterização das diferentes camadas de solo, e a partir
das propostas de determinação do parâmetro K referente à USLE, conforme
descrito no Capítulo II na Tabela 2-26, os parâmetros referentes ao perfil
estratigráfico do talude podem ser sumarizados conforme na Tabela 3-28 a seguir:
Tabela 3-28 Determinação do Fator K da USLE (Wishmeier & Smith, 1958).
% % %
Camada a b c M K
(0.1-0.002 mm) (0.1-0.05 mm) Argila
VE 0 4 5 37.13 11.48 60.8 1.240 0.12
R 0 4 5 19.39 5.51 32.1 0.367 0.12
VE 0 4 4 9.91 1.66 27.7 0.160 0.09
VA 0 4 4 49.76 6.44 28.2 0.783 0.09
A 0 4 4 27.98 3.31 21.1 0.396 0.09
Os resultados acima concordam com os ensaios de desagregação e também
com as observações em campo, mostrando uma maior erodibilidade para as
camadas VE e R em detrimentos das camadas V, VA e A. Isto mostra certa
coerência nos critérios para determinação deste fator, e indica uma boa seleção de
parâmetros na determinação de K (a, b, c e M, conforme explicado na Tabela 2-26
no Capítulo II). Este parâmetro será ainda utilizado no Capítulo V durante as
análises dos resultados de monitoramento, juntamente com os fatores L.S, C e P
que serão estimados para as diversas condições experimentais avaliadas no
decorrer do desenvolvimento da vegetação.