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Caracterização do Perfil Estratigráfico

Este capítulo possui como objetivo principal caracterizar o perfil


estratigráfico do talude abordando aspectos geotécnicos, hidráulicos, químicos,
mineralógicos, micromorfológicos e relativos à erodibilidade dos solos.
No subitem 3.1. é apresentada uma delimitação para os diferentes materiais
sob o ponto de vista geotécnico, identificados no perfil estratigráfico a partir de
uma análise geral de estruturas e processos sedimentares, conforme no Capítulo II,
e de características pedológicas. Foram identificadas neste sentido cinco
diferentes camadas de solo, que constituem o objeto de estudo das análises
experimentais no decorrer deste capítulo. Esta caracterização será utilizada como
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embasamento para a interpretação dos dados hidrológicos e de erosão dos solos


obtidos mediante técnicas de monitoramento in situ (explicitadas no Capítulo IV)
e seus resultados (Capítulo V).
No subitem 3.2. são descritos os ensaios realizados e as metodologias
adotadas para a caracterização das cinco camadas de solo delimitadas no subitem
3.1. São descritos ensaios de caracterização geotécnica, química, mineralógica,
micromorfológica, determinação de propriedades hidráulicas. Os ensaios
específicos para determinação do potencial de erosão dos solos são descritos em
suas metodologias e resultados por último no subitem 3.4. Por se tratar de um
estudo que também envolve a componente vegetação, alguns ensaios
complementares foram feitos para determinação de aspectos pedológicos relativos
à fertilidade.
No subitem 3.3 são apresentados e discutidos os resultados relativos ao
conjunto de ensaios descritos no subitem 3.2. A apresentação seguiu a mesma
ordem da descrição dos ensaios. Já o subitem 3.4 tem por objetivo apresentar
ensaios visando avaliar o potencial de erosão dos solos e realizar uma análise
conjunta dos dados relativos a todos os ensaios de caracterização, com ênfase no
potencial de erosão das camadas de solo e em seu comportamento hidrológico.
240

3.1. Delimitação Espacial de Diferentes Camadas de Solo

O estudo do perfil estratigráfico exposto na face do talude após as obras foi


realizado com base nas atitudes visíveis após os cortes no terreno, na hipótese de
que estes possibilitam a determinação das formas tridimensionais presentes em
profundidade e a geração de um bloco diagrama para estudos em meios porosos
com precisão aceitável.
Neste subitem é apresentado um modelo 3D para o perfil, a partir do qual as
caracterizações incluindo parâmetros geotécnicos, químicos, mineralógicos,
hidráulicos e relativos à erodibilidade, estão organizadas nos demais subitens. Os
materiais, que foram referidos até o momento como litofácies, são avaliados no
decorrer da tese e a partir deste modelo, como diferentes camadas de solo,
divididas sob o ponto de vista geotécnico.

3.1.1. Seqüência Deposicional e Delimitação de Camadas de Solo


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Visando gerar uma fundamentação geológica para esta divisão de camadas


sob o ponto de vista geotécnico, as litofácies foram avaliadas, tentando-se
correlacionar com os depósitos descritos por Ferrari (2001) em áreas próximas.
Conforme mencionado, os depósitos da Formação Macacu presentes na Área Z se
assemelham muito aos da Associação de Fácies C descritos por Ferrari (op. cit,
2001), de canal fluvial entrelaçado, com afogamentos episódicos de deposição de
sedimentos. Em um raio de 1 km (conforme Figura 3-1) da área de estudos observam-
se três pontos de avaliação onde foram detectados estes materiais, próximos ao
muro de divisa da área patrimonial do aeroporto, nas pesquisas de Ferrari (op. cit).
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Figura 3-1 Localização de afloramentos da Formação Macacu mapeados por Ferrari (2001) na Ilha do Governador, no entorno do Aeroporto Galeão (pontos 22, 23 e 24 em amarelo).
242

No Talude da Área Z, de maneira semelhante ao que ocorre nestes locais,


observa-se que a presença dos lamitos laminados da fácies Llm, assentados sobre
depósitos de canal (Amp), que facilita muito a determinação da seqüência
deposicional, uma vez que a Fácies de sedimentos arenosos aparece bruscamente
sobreposta a de granulação mais fina. A existência de estratificação cruzada tanto
na Fácies Acpb quanto na Aca pôde ser constatada, além da presença de grande
quantidade de seixos de quartzo na Fácies Acpb (formando uma linha de seixos),
também são aspectos similares aos encontrados nos depósitos na Ilha do
Governador descritos por Ferrari (2001).
Uma vez identificado o processo de sedimentação, representado neste caso
por quatro litofácies identificadas, foram avaliadas suas transições e delineada a
seqüência deposicional (Figura 3-2): (1) Amp – (2) Llm – (3) Amp – (4) ACa – (5)
ACpb.
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5 - ACpb
4 - ACa
3 - Amp

2 - Llm

1 - Amp

Figura 3-2 Identificação das litofácies expostas na face do talude. Observa-se a


existência de uma linha de seixos no contato entre a 4ª e a 5ª litofácies.
O estabelecimento da seqüência deposicional exposta anteriormente permite
que seja interpretado, a partir do modelo de assinatura tectônica proposto por
Ferrari (2001), aspectos da gênese do perfil estratigráfico exposto. De acordo com
este autor, como já discutido, a Associação de Fácies C, de canal entrelaçado, se
caracteriza pela alternância da deposição de arenitos/conglomerados feldspáticos,
em planície entrelaçada, com inundação brusca dos canais em caráter não erosivo,
e deposição de lamitos laminados e arenitos finos, preservando as formas de
243

preenchimento dos canais (conforme foi observado no talude). O caráter episódico


dos fenômenos e sua recorrência indicariam de acordo com este modelo um
controle alocíclico1, provavelmente induzido por pulsos tectônicos. Esses pulsos
causariam afogamento e avulsão em locais distintos da bacia, de modo que a
variação no período de recorrência do processo autocíclico2, com retomada dos
canais, que se reflete nos intraclastos mais ou menos litificados. Essa alternância
de fatores alocíclicos e autocíclicos, dentro da sucessão estudada, representaria
deste modo em linhas gerais a assinatura tectônica na sedimentação desses
depósitos eocênicos/oligocênicos.
Uma vez reconhecido o modelo tectono-sedimentar acima discutido como
representativo da situação local, alguns aspectos podem ser evidenciados, como a
forma de leito preservada entre o primeiro e o segundo depósito, ou a retomada do
leito, podendo-se observar a formação de uma crosta laterítica (Figura 3-3). Foi
possível também constatar que a orientação das paleocorrentes que deram origem
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a esta seqüência deposicional parece estar voltada para Oeste-Noroeste (azimute


280°), acompanhando em linhas gerais a orientação da face do talude, coincidindo
com os direcionamentos observados para esta formação nas proximidades (onde
predominam direcionamentos de Sul-Sudeste e Oeste-Noroeste).

1
Alocíclico – de alociclicidade: fenômeno de sedimentação cíclica que resulta de
mudanças cíclicas nos fatores externos à bacia de acumulação, tais como no suprimento
de energia ou material para sedimentação. Envolve mecanismos de soerguimento ou
subsidência crustais, variações climáticas, mudanças de nível relativo do mar etc.
(Suguio, 1998).
2
Autocíclico – de autociclicidade: fenômeno de sedimentação cíclica que não
resulta de mudanças cíclicas de fatores externos à bacia de sedimentação, tais como os
anteriormente descritos como alocíclicos. Envolvem desta forma mecanismos como de
migração de canais fluviais, de barras etc. (op. cit, 1998).
244

5-Acpb

4-ACa
3-Amp

2-Llm
1-Amp

Marca de Raízes
NNW 5-Acpb SSE
Linha de Seixos
Base de Canal
4-ACa
Retomada do Leito

3-Amp
Crosta Laterítica

Forma de Leito Preservada


2-Llm
1-Amp Estratificação Cruzada/ Acanalada

Figura 3-3 Estratigrafia do talude interpretada de acordo com o modelo de assinatura


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tectônica proposto por Ferrari (2001) para a Associação de Fácies C da Formação


Macacu.
As delimitações das litofácies presentes tiveram como propósito único a
determinação de um embasamento a partir do qual foram estipuladas e
delimitadas, sob o ponto de vista geotécnico, diferentes camadas de solo,
objetivando sua caracterização física, análises químicas, mineralógicas,
micromorfológicas, de parâmetros hidráulicos e de erodibilidade, assim como as
avaliações das próprias transições entre camadas.
Visando complementar a delimitação de diferentes camadas presentes, foi
incluída mais uma, referente ao material vermelho escuro subjacente à crosta
laterítica, situada entre os lamitos e arenitos (Figura 3-8). Esta delimitação foi
estipulada dada sua textura mais argilosa que o resto da camada arroxeada
subjacente, além de uma estrutura laminar mais pronunciada, conforme nos
resultados das análises nos subitens a seguir. Este material foi denominado de solo
Vermelho-Escuro (VE).
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Figura 3-4 Material Vermelho Escuro presente abaixo da crosta laterítica, formando
concreções no contato das Fácies Llm de lamitos e Amp de arenitos
Como a Fácies Amp (arenito), esta se mostrou bastante homogênea em
termos texturais e morfológicos nas duas seqüências deposicionais, foi possível
246

enquadrá-la em termos geotécnicos como uma única camada de solo. Deste modo,
as siglas A1 e A2 se referem ao mesmo tipo de material (amarelo), sendo que A1
é o primeiro depósito (mais antigo e, portanto, na posição inferior do perfil), e o
A2 o mais recente.
A partir das delimitações acima estabelecidas o talude foi então dividido em
cinco camadas de solo: A - Amarelo (referente à Fácies Amp), R - Roxo (referente
à Fácies Llm), VE - Vermelho-Escuro (também (referente à Fácies Llm), V -
Vermelho (referente à Fácies Aca), VA - Vermelho-Amarelo (referente à Fácies
ACpb).
As diferentes camadas de solo consideradas, bem como sua delimitação no
talude podem ser visualizadas na Figura 3-8, Figura 3-9, Figura 3-7, Figura 3-8,
Figura 3-9, juntamente com o modelo 2D da face do talude (utilizado na geração
do modelo 3D, conforme discutido no subitem adiante).
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V A2

VA

A2 V
Figura 3-5 Identificação de diferentes tipos de solos em campo (V – VA – A2).
247

A2 R

VE
A1

VE A1
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R
R

R R

Figura 3-6 Identificação de diferentes tipos de solos em campo (R – A1 – A2 - VE).


248

R A2

R
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VE

A1

V
R

Figura 3-7 Identificação de diferentes tipos de solos em campo (VE – R – V – A).


249

A2

VE

R
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VE
VA

A2 A2

Figura 3-8 Identificação de diferentes tipos de solos em campo (VE – R – VA – A).


250

VA
V
A2
VE
R
A1

Figura 3-9 Delimitação espacial dos diferentes tipos de solos presentes no talude.
O Quadro 3.1 a seguir sumariza para as diferentes camadas de solo
delimitadas sob o ponto de vista geotécnico os seguintes aspectos: siglas adotadas
no decorrer da tese; aspecto visual (fotografia); descrição geológica resumida com
- fácies sedimentares, suas estruturas e processos; descrição pedológica -
características morfológicas obtidas através de análise tátil-visual.
No que diz respeito à descrição pedológica, para a classificação da transição
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entre as camadas quanto à sua nitidez/ contraste e espessura, e em relação à sua


topografia, foi utilizado o critério pelo Manual de Descrição e Coleta de Solos em
Campo (SBCS/SNLCS, 1982):
Tabela 3-1 Critério para classificação da transição entre horizontes pedológicos
em termos de nitidez/ contraste e espessura sugerido por SBCS/SNLCS (1982).

Transição Abrupta Quando a faixa de separação é menor que 2.5 cm.

Transição Clara Quando a faixa varia entre 2.5 e 7.5 cm

Transição Gradual Quando a faixa varia entre 7.5 e 12.5 cm.

Transição Difusa Quando a faixa é maior do que 12.5 cm.

Os resultados referentes às avaliações das transições em termos de nitidez


estão relacionados no Quadro 3.1. Em termos de topografia, nestes manuais são
distinguidas as seguintes transições:
251

Tabela 3-2 Transição entre camadas/ horizontes de solos em termos topográficos


segundo SBCS/SNLCS (1982).

Plana ou horizontal Praticamente horizontal; paralela à superfície do solo.

Sinuosa, sendo os desníveis, em relação a um plano


Ondulada ou sinuosa
horizontal, mais largos que profundos.

Faixa de separação dos horizontes apresenta, em relação


Irregular a um plano horizontal, desníveis mais profundos que
largos.

Separação entre os horizontes não é contínua e partes de um


Quebrada ou
horizonte estão parcial ou completamente desconectadas de
descontínua outras.
Todas as transições entre camadas/horizontes no talude apresentaram-se
planares/levemente onduladas. Ainda no que se refere à descrição pedológica, no
que diz respeito à caracterização das cores existentes, para as diferentes camadas
foi utilizada a carta de cores de Munsell3 (1994).
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Observa-se que o seu exame se reveste de grande importância, algumas


informações diretas podem ser obtidas, como por exemplo, no que diz respeito aos
óxidos e hidróxidos de ferro, que são os principais agentes pigmentantes
encontrados nos solos em estudo.
Neste caso a cor vermelha está diretamente associada à presença de óxidos
anidros, especialmente hematita, enquanto a amarela está associada à presença de
óxido-hidróxido, especialmente a goethita. Solos com matiz 7.5 YR ou mais
avermelhada são dominados pela presença de hematita (Fe2O3) e solos com matiz
de 10YR ou mais amarelados são dominados pela presença de goethita (FeOOH)
ou até isentos de hematita (Barreto, 1986). Devido a esta importância, a cor dos
solos ainda constitui uma característica fundamental para a diferenciação de

3
Em pedologia utiliza-se para determinação de cores de solos parte da coleção de
cores do livro Munsell (Munsell book of color). Esta parte do livro, também denominada
Munsell Soil Color Charts, contém somente aquela porção de cores necessária para a
caracterização dos solos (IBGE, 2005).
252

classes de solos em termos pedológicos, como por exemplo, na distinção de


Latossolos no Brasil.
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Quadro 3-1 Aspectos da seqüência deposicional, camadas de solo sob o ponto de vista geotécnico, transições e descrição pedológica.

Sigla adotada Foto Transição Fácies Estruturas Processos Descrição Pedológica


Coloração variegada, composta de
amarelo-avermelhado (7,5YR 8/6),
Acpb Correntes trativas, em
Estratificação cruzada de amarelo (10YR 7/6) e bruno forte
Vermelho- Arenito quartzoso, de regime de fluxo superior,
VA Gradual baixo ângulo e estratificação (7,5YR 4/6); franco-argilo-arenosa;
Amarelo granulação média a
planoparalela
com formação de lençóis de
forte, grande, blocos subangulares;
grossa. areia.
comuns poros muito pequenos e
pequenos; macia, friável, não
Aca Estratificação cruzada Migração de barras de crista Coloração variegada, composta de
Arenito acanalada de médio e sinuosa em regime de fluxo amarelo-avermelhado (5YR 6/6) e
feldspático/caulínico, pequeno porte. Geometria inferior, migração de marcas branco rosado (5YR 8/2); franco-
V Vermelho Gradual conglomerático na de canal. Laminação onduladas. Solapamento de arenosa; forte, grande, blocos
base, com seixos e cruzada e, localmente, margens argilosas por subangulares; comuns poros muito
clastos de lamito e de acamamento de atividade erosiva do canal. pequenos e pequenos; dura, firme,
quartzo. megaôndulas. Intraclastos Formas de leito preservadas friável, não plástica e não pegajosa.
Lamíticos. por suspensão.
Coloração variegada, composta de
Amp Acamamento maciço a Deposição por suspensão e rosado (7YR 7/3), amarelo claro
Concreções Arenito fino com laminação plana incipiente, parcialmente processos de acinzentado (5Y 8/3), branco (5Y
A2 Amarelo
Lateríticas grãos de feldspato estruturas de sobrecarga e liquefação e ajustamento 8/1); franco-arenosa; maciça;
caulinizado. acamamento convoluto. hidroplástico. comuns poros muito pequenos;
macia, friável, plástica e pegajosa.
Coloração variegada, composta de
vermelho (10R 4/8), amarelo-
Vermelho- avermelhado (5YR 6/6) e vermelho-
VE Gradual claro acinzentado (10R 6/2), argila;
Escuro
forte grande laminar/prismática;
Laminação plano-paralela comuns poros muito pequenos;
Llm
bem marcada a incipiente, Deposição por suspensão extremamente dura, solta,
Lamito.
ou com acamamento em áreas de baixa energia. Coloração variegada, composta de
maciço. vermelho-claro acinzentado (2,5YR
6/2), vermelho acinzentado (10R
R Roxo Clara 5/2) e branco (5Y 8/2 e 8/1), franco-
argilosa; maciça/laminar; comuns
poros muito pequenos;
extremamente dura, solta,
Coloração variegada, composta de
Amp Acamamento maciço a Deposição por suspensão e rosado (7YR 7/3), amarelo claro
Arenito fino com laminação plana incipiente, parcialmente processos de acinzentado (5Y 8/3), branco (5Y
A1 Amarelo grãos de feldspato estruturas de sobrecarga e liquefação e ajustamento 8/1); franco-arenosa; maciça;
caulinizado. acamamento convoluto. hidroplástico comuns poros muito pequenos;
macia, friável, plástica e pegajosa.
254

3.1.2. Distribuição das Camadas nos Tratamentos e Parcelas

Estabelecido um modelo bidimensional para as camadas na face do talude


foi possível também obter valores referentes à superfície exposta de cada uma,
identificada ao longo dos diferentes tratamentos e parcelas, e ainda as
porcentagens em relação ao total. A seguir é apresentada a distribuição percentual
das camadas de solo nos tratamentos (Figura 3-10) e parcelas (Figura 3-11), além
da superfície exposta para cada camada ao longo do talude e o longo das parcelas
avaliadas. As camadas A1 e A2 estão diferenciadas somente para facilitar o
entendimento dos gráficos.

VA
V
A2 VE
R
A1

I II III IV
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Talude Talude
30 40
VE R V VA A2 A1 VE R V VA A2 A1 35
24 35
Superfície Exposta (%)

25
Superfície Exposta (%)

30 29
21 30
20 24
25 23
16 21
20 20 19 19
15 14 14 20 18 17
12 15 14 14 14
15 12 12 13
10 11
10
10 8
5
5 3
0
0 0
VE R V VA A2 A1 I II III IV
Camada Tratamento

%
Tratamentos (m²) Tratamentos (%)
Geral
I II III IV I II III IV Talude
VE 27.0 22.0 34.0 31.0 15.0 12.0 19.0 17.0 16.0
R 32.0 21.0 25.0 23.0 18.0 12.0 14.0 13.0 14.0
V 36.0 41.0 53.0 42.0 20.0 23.0 29.0 24.0 24.0
VA 54.0 26.0 5.0 0.0 30.0 14.0 30.0 0.0 12.0
A2 18.0 36.0 25.0 20.0 10.0 20.0 14.0 11.0 14.0
A1 14.0 34.0 38.0 63.0 8.0 19.0 21.0 35.0 21.0
180.0 180.0 180.0 180.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Figura 3-10 Gráficos representando a distribuição percentual das diferentes camadas de
solo ao longo dos diferentes tratamentos conforme na figura acima.
255

VA
VA V
V
V
A2
V
A2
A2 VE

A2
VE
VE R
VE
R A1
R
R

1 2 3 4
35 50
31 44
45
30 41VE R V VA A2 A1
Superfície Exposta (%)

26

Superfície Exposta (%)


40
25 34
35 32 32

20 30
26 25
16 24 23
25 22
15 20 19 19
12 20
10 14
10 15
11
5 10 8
6
5
5
0 0 0 0 0 0 0
0 0
VE R V VA A2 A1 1 2 3 4
Camadas Parcelas
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Parcelas (m²) Parcelas (%) % Geral


1 2 3 4 1 2 3 4 Parcelas
VE 11.0 10.0 11.0 15.0 24.0 22.0 25.0 32.0 26.0
R 0.0 5.0 6.0 11.0 0.0 11.0 14.0 23.0 12.0
V 20.0 15.0 19.0 3.0 44.0 34.0 41.0 6.0 31.0
VA 15.0 4.0 0.0 0.0 32.0 8.0 0.0 0.0 10.0
A2 0.0 12.0 9.0 9.0 0.0 26.0 20.0 19.0 16.0
A1 0.0 0.0 0.0 9.0 0.0 0.0 0.0 19.0 5.0
46.0 46.0 46.0 46.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Figura 3-11 Gráficos representando a distribuição percentual das diferentes camadas de


solo ao longo das diferentes parcelas conforme na figura acima.

3.1.3. Modelo 3D

O passo seguinte na geração de um modelo para simulação de fluxos no


talude foi estabelecer, a partir da estratigrafia observada na parede do talude e
observando a atitude4 das camadas a partir dos taludes secundários, um modelo
3D para as diferentes camadas de solo expostas.

4
Atitude – direção (strike) e mergulho (dip), em camada acamamento, foliação, ou
camadas planares definem a atitude ou a sua posição em relação ao plano horizontal
(Suguio, 1998).
256

A seguir são apresentadas as principais fotos utilizadas nas diferentes etapas


da geração do modelo (Figura 3-12). No que diz respeito às atitudes das camadas
formadas por decantação, observou-se um mergulho médio de 2° Oeste-Sudoeste,
que foi extrapolado para todo o talude. O modelo 3D foi gerado com base no
modelo 2D da face do talude, somado à informação sobre o mergulho da camadas
(2° para todo o modelo conforme na Figura 3-12).

3.1.4. Coleta de Amostras no Talude

A coleta das amostras das diferentes camadas de solo identificadas (VE – R


– V – VA – A) foi realizada em diferentes pontos do talude, sendo coletadas
amostras indeformadas (através de blocos) e amolgadas para a obtenção das
propriedades dos solos e sua variabilidade ao longo de diferentes posições no
talude.
Para tal foram abertos perfis específicos para cada camada, sendo também
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coletadas amostras adicionais (amolgadas e indeformadas) em pontos específicos


do talude: nos diferentes tratamentos (I a IV), terços do talude (superior, médio e
inferior), e profundidades (0-5 cm, 5-10 cm e 10-20 cm). Este segundo padrão de
amostragem visou avaliar as propriedades dos solos nas proximidades dos pontos
onde posteriormente foi instalada a instrumentação para medição de fluxos de
água no solo, além de possibilitar avaliações de fertilidade importantes para
recomendações de adubação, etc., que são aspectos constantemente presentes em
pesquisas sobre técnicas de bioengenharia (Figura 3-13 e Tabela 3-3 e Tabela 3-
4).
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Figura 3-12 Modelo 3D com as diferentes camadas de solo reconhecidas na face do talude.
258

I 4
1 7 10
II 5
2
8 11
III
6 VII
3 IV 9
V 12
VI

Amarelo Vermelho-Escuro Vermelho-Amarelo


Roxo Vermelho

Figura 3-13 Localização dos pontos de coletas de amostras no talude.

Tabela 3-3 Identificação dos perfis para extração de blocos indeformados na face do talude.
Solo Nº. Ponto
VA I 2S
V II 2S
A III 2M
VE IV 1I
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R V 2I
R VI 1I
VE VII 2 I/M
Tratamento/Parcela: 1 a 4;
Terço: I – Inferior; M – Médio; S – Superior;
Profundidade (cm).
Tabela 3-4 Identificação das amostras adicionais em função dos diferentes pontos de
coleta na face do talude.
Nº. Ponto Solo Nº. Ponto Solo Nº. Ponto Solo Nº. Ponto Solo
1.1 1S 0.05 VA 4.1 2S 0.05 VA 7.1 3S 0.05 V 10.1 4S 0.05 V
1.2 1S 0.10 VA 4.2 2S 0.10 VA 7.2 3S 0.10 V 10.2 4S 0.10 V
1.3 1S 0.20 VA 4.3 2S 0.20 VA 7.3 3S 0.20 V 10.3 4S 0.20 V
2.1 1M 0.05 V 5.1 2M 0.05 A 8.1 3M 0.05 A 11.1 4M 0.05 VE
2.2 1M 0.10 V 5.2 2M 0.10 A 8.2 3M 0.10 A 11.2 4M 0.10 VE
2.3 1M 0.20 V 5.3 2M 0.20 A 8.3 3M 0.20 A 11.3 4M 0.20 VE
3.1 1I 0.05 VE 6.1 2I 0.05 VE 9.1 3I 0.05 R 12.1 4I 0.05 A
3.2 1I 0.10 VE 6.2 2I 0.10 VE 9.2 3I 0.10 R 12.2 4I 0.10 A
3.3 1I 0.20 VE 6.3 2I 0.20 VE 9.3 3I 0.20 R 12.3 4I 0.20 A
Tratamento/Parcela: 1 a 4;
Terço: I – Inferior; M – Médio; S – Superior;
Profundidade (cm).

3.2. Ensaios de Realizados e Metodologias Adotadas

Neste subitem são descritos os procedimentos utilizados para caracterização


das cinco camadas de solo envolvendo as atividades de campo e laboratório
realizadas nesta tese. O programa experimental visou à caracterização dos solos e
a identificação de possíveis correlações entre propriedades geotécnicas, químicas,
259

mineralógicas, micromorfológicas e parâmetros hidráulicos, com o potencial de


erosão dos solos. Deste modo, esta descrição foi dividida em cinco partes: 3.2.1.
Caracterização Geotécnica; 3.2.2. Caracterização Química, 3.2.3. Caracterização
Mineralógica, 3.2.4. Parâmetros hidráulicos.
Ressalta-se que os ensaios específicos de erodibilidade encontram-se
descritos em separado no subitem 3.4 dedicado especificamente à avaliação do
potencial de erosão dos solos.

3.2.1. Caracterização Geotécnica

Com o objetivo de determinar as características geotécnicas dos solos e


definir suas classificações pelo sistema SUCS, nas etapas iniciais do estudo foram
determinadas em laboratório as curvas de distribuição granulométrica, os limites
de Atterberg, assim como os índices físicos das cinco camadas de solo delimitadas
no subitem anterior.
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Os procedimentos para execução dos ensaios seguiram as metodologias


preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
 NBR 6457/1986 – Amostras de Solos – Preparação para ensaios de
compactação e caracterização;
 NBR 6457/1986 – Teor de umidade Natural;
 NBR 7181/1984 – Solo – Análise Granulométrica;
 NBR 6508/1984 – Massa Específica Real dos Grãos;
 NBR 6459/1984 – Solo – Determinação do Limite de Liquidez;
 NBR 7180/1984 – Solo – Determinação do Limite de Plasticidade;
Para a determinação da textura (percentual de areia, silte e argila) foram
utilizadas amostras de todos os pontos de coleta no talude. Com o intuito de se
verificar o grau de heterogeneidade dos solos ao longo de diferentes posições no
talude também foram realizadas análises granulométricas complementares dos
solos no laboratório da Embrapa Solos. Tais análises foram efetuadas com as
amostras 1.1 a 12.3, conforme descrito no subitem 3.1.
Ressalta-se que a análise granulométrica realizada pala Embrapa Solos, que
se baseia nos critérios estabelecidos pela SBCS, utilizou amostras de solo passante
na peneira 0.42 mm (#40), não tendo sido fornecidos os valores de pedregulhos.
Além disso, a fração argila é delimitada para materiais menores que 0.002 mm,
260

diferente do critério adotado pela ABNT, onde esta fração é constituída de


materiais menores que 0.005 mm. Devido a estas limitações e às diferenças
evidenciadas nos ensaios optou-se por apresentar estes resultados na forma de
anexo. Ressalta-se que todos os parâmetros referentes à granulometria dos solos
foram deste modo determinados utilizando-se o critério da ABNT.
Visando subsidiar a avaliação do potencial de erosão dos solos foi
observado ainda o comportamento da curva de distribuição granulométrica com e
sem dispersante, sendo ainda possível determinar o Grau de Floculação das
Argilas através da seguinte expressão:

%GF = (AT –AN/AT) * 100 [Equação 3-1]

Onde:
AT = Argila Total;
AN: Argila Naturalmente Dispersa;
%GF = Grau de Floculação.
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Apesar de se tratar de uma determinação bastante utilizada para


caracterização de solos para fins pedológicos, como estas avaliações tiveram
como propósito subsidiar o entendimento do potencial de erosão, os resultados
encontram-se no subitem 3.4.2. dedicado à avaliação da relação entre a
erodibilidade e as propriedades dos solos.
Os índices de Atterberg foram executados utilizando-se as metodologias
contidas nas normas NBR 6459 (ABNT, 1984) e NBR 7180 (ABNT, 1984),
entretanto a preparação das amostras se deu de duas formas. Na primeira foi
utilizada a fração passante na peneira 0.42 mm (#40), previamente seca ao ar,
enquanto que na segunda utilizamos à fração passante na peneira 0.075 mm
(#200), também previamente secas ao ar.
O índice de atividade das argilas (Ia) foi determinado segundo proposta de
Skempton:
Índice.de. plasticidade
Ia = [Equação 3-2]
% < 2µm( fração arg ila )
A partir deste índice é feita a classificação segundo a fração argila presente
no solo:
 Ia < 0,75 inativas
 1,25 > Ia > 0,75 atividade normal
261

 Ia > 1,25 ativa


Observa-se que índice de atividade das argilas é obtido de diferentes
maneiras na geotecnia (que foi a metodologia adotada) e na pedologia. Em
pedologia (segundo o critério adotado pela Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo - SBCS) a atividade da fração argila refere-se à capacidade de troca de
cátions correspondente à fração argila, calculada pela expressão: T x 1000/g.kg-1
de argila.
Neste caso a atividade alta designa valor igual ou superior à 27cmolc/dm³
de argila, sem correção para o carbono, sendo que este critério não se aplica ainda
aos solos que por definição, têm classes texturais areia e areia franca (Embrapa,
2007). A diferença nos dois métodos é o objetivo, sendo que em geotecnia
procura-se com este parâmetro avaliar a influência dos finos argilosos sobre o
comportamento mecânico dos solos, enquanto em pedologia este parâmetro é
utilizado na definição da fertilidade dos solos.
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No que diz respeito à determinação das propriedades índice, esta foi


baseada em resultados de ensaios que utilizaram de amostras indeformadas, sendo
que a umidade inicial foi obtida com uso de material amolgado proveniente do
processo de moldagem dos corpos de prova. O grau de saturação (S) e a umidade
volumétrica (θ) foram determinados indiretamente a partir dos valores de umidade
inicial e massa específica total (ρnat).
O índice de vazios (e), a massa específica seca (ρd), bem como a
porosidade, foram obtidos a partir de correlações encontradas na literatura de
mecânica dos solos, levando-se em consideração tanto as amostras antes dos
ensaios, na umidade natural, quanto após os mesmos, sendo possível avaliar a
variabilidade destes índices de acordo com modificações do teor de umidade
gravimétrico:
 Peso específico real dos grãos (γs), γs = ρs.g. Sendo ρs a massa específica dos
grãos e g a aceleração da gravidade, onde g = 9.81m/s²;
 Peso específico natural (γnat), γnat = ρnat.g. Onde ρnat é a massa específica
natural e g a aceleração da gravidade, onde g = 9.81m/s²;
 Peso específico seco (γd), γd = γnat (1 + wnat). Sendo wnat a umidade natural dos
solos;
 Índice de vazios (e), e = (γs/ γd)-1;
 Porosidade (n), n = e/(1+e);
262

 Grau de saturação (S), obtido segundo a relação: S.e = Gs.w.


Após as análises foram avaliados valores máximos, mínimos, médios,
desvio e coeficientes de variação para cada seqüência de amostras.

3.2.2. Caracterização Química

As análises químicas são realizadas na área geotécnica quando se deseja


conhecer o grau de alteração dos materiais e os reflexos das alterações deste
parâmetro no comportamento mecânico destes materiais. Em engenharia
agronômica ou florestal são realizadas determinações químicas dos solos com o
foco na produtividade vegetal, isto é, nos elementos do solo essenciais ao
crescimento vegetal.
Deste modo, com o objetivo de caracterizar as camadas de solo em relação
aos seus estágios de intemperização, fertilidade e possíveis variáveis relacionadas
ao potencial de erosão dos solos foram efetuadas as seguintes análises:
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pH (em H2O e em KCl): a determinação da acidez do solo foi realizada no Centro


Nacional de Pesquisa de Solos CNPS/EMBRAPA. Esta determinação é de
extrema importância, pois dá idéia da acidez ou alcalinidade e solubilidade de
alguns elementos, e em conseqüência, disponibilidade de nutrientes. O pH
determinado em KCl apresenta valores mais baixos que os determinados em H2O,
salvo no caso de solos extremamente intemperizados. A diferença entre ambos
∆pH (pH KCl - pH H2O) expressa o balanço de cargas elétricas dos colóides do
solo, sendo um indicativo diretamente proporcional à atividade dos solos (Barreto,
1986). Os valores de pH determinados em solução de KCl ou CaCl2 são menos
sujeitos a variações da relação solo/água, visto que sua concentração salina é
suficiente para padronizar eventuais diferenças nos teores de sais entre amostras
(IBGE, 2005).
Análise Química Parcial:
Os ensaios referentes às análises químicas parciais foram todos realizados
no Centro Nacional de Pesquisa de Solos CNPS/EMBRAPA. As análises
realizadas na CNPS/EMBRAPA seguiram as metodologias apresentadas no
Manual de Métodos de Análise de Solo (CNPS/EMBRAPA, 1997). Foram
realizadas as seguintes análises químicas parciais:
263

1) Complexo Sortivo: avaliação da fertilidade dos solos a partir da determinação


dos cátions adsorvidos pelos argilominerais e compostos orgânicos. Com os
resultados das análises de complexo sortivo foram determinados os valores de S
(saturação por bases S = Ca++, Mg++, Na+, K+) e T (capacidade total de troca
catiônica ou CTC: T= S + Al+++ + H+). A CTC, o pH e o teor de P dos solos
constituem os principais parâmetros na utilizados das indicações as necessidades
de adubação e calagem. Com base nos valores de CTC dos solos é possível
determinar também a Superfície Específica (SE) conforme a relação:
SE = 7.8043*T [Equação 3-3]
2) Ataque Sulfúrico: define a percentagem de SiO2, Al2O3 e Fe2O3 dos minerais
secundários (argilominerais, óxidos de ferro e alumínio e compostos amorfos), ou
seja, aspectos da fração ativa do solo. Neste método caracteriza-se a fração argila
e silte (neste caso também constituída por minerais secundários). Os resultados de
ataque sulfúrico possuem grande importância em termos pedológicos, pois
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possibilitam determinar as relações moleculares entre os constituintes de maior


importância dos minerais do solo e assim avaliar o estágio de intemperização.
Dados de Óxidos de Ferro são usados diretamente para distinção de Latossolos em
suas categorias inferiores, e para separação de atributos relacionados a teor de
óxido de ferro (hipo, meso, férrico e perférrico). Portanto, trata-se de
determinação especialmente requisitada para distinção e caracterização de
Latossolos, que é o caso dos solos em estudo (no caso de estudo se tratam de solos
residuais jovens). As principais relações moleculares existentes na literatura são:
Ki (SiO2 / Al2O3), Kr (SiO2 / R2O3) e Al2O3 / Fe2O3. Estas relações são
determinadas por cálculos com base nos resultados obtidos pelo ataque sulfúrico.
Por se tratarem de relações moleculares, as expressões empregadas foram
deduzidas a partir da divisão do percentual de cada um dos óxidos pelo valor de
seu peso molecular. Os valores são obtidos com utilização das seguintes
expressões simplificadas:
Ki = 1,70 * (Si O2 / Al2O3) [Equação 3-4]
Kr = 1,70 * SiO2/[ Al2O3 + (Fe2O3 x 0,6375)] [Equação 3-5]
Al2O3 / Fe2O3 = 1,57 * (Al2O3/ Fe2O3) [Equação 3-6]
O valor do índice Ki, considerado um índice de intemperização, representa o
quociente da divisão entre um elemento de grande mobilidade por um de muito
264

baixa mobilidade no processo de intemperismo. Logo, os menores valores são


indicativos de elevado grau de intemperização.
Os valores de Kr, por sua vez, representam o quociente da divisão entre um
elemento de grande mobilidade (Si) e o somatório de elementos de baixa
mobilidade (Fe e Al), e assim como o Ki, é indicativo do grau de intemperismo
dos solos. Por envolver os teores de ferro, de alumínio e silício, está sendo
empregado para separar solos cauliníticos (Kr > 0,75) de solos oxídicos (Kr <
0,75).
A relação molecular Al2O3 / Fe2O3 expressa presença de ferro em relação a
um elemento de muito baixa mobilidade no processo de intemperismo, em razão
disto tem sido usada na classificação de solos utilizada anteriormente no Brasil
como parâmetro auxiliar para distinguir Latossolos Vermelho-Escuros de
Latossolos Vermelho-Amarelos, quando de textura média. Valores altos (> 3,15)
expressam pequena presença de ferro e distinguem Latossolos Vermelho -
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Amarelos.
3) Fósforo Assimilável: A determinação visou medir no solo a quantidade de
fósforo disponível para as plantas. A química do fósforo no solo é bastante
complexa, o que dificulta a obtenção de métodos de laboratório que sejam
eficazes para avaliar a sua disponibilidade. O fósforo no solo se apresenta nas
formas mineral e orgânica, fazendo parte de compostos com Cálcio, Ferro e
Alumínio, em solução, e adsorvido aos colóides, nas formas trocável e não-
trocável. O laboratório da Embrapa Solos utiliza o método da solução de Mehlich,
que emprega uma solução extratora HCl 0.05 N e H2SO4 0.025 N (Embrapa,
1997).
4) Carbono Orgânico: Oxidação da matéria orgânica pelo Método do Dicromato
de Potássio.

Análise Semiquantitativa: O ensaio de análise química total fornece o teor de cada


elemento do solo, abrangendo tanto os minerais primários como os secundários.
Essas análises foram feitas no Laboratório de Fluorescência e Difração de raios X
do Depto. de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
Deste modo a composição química do material foi obtida ainda a partir de
análise por fluorescência de raios-X, em condição analítica semiquantitativa. O
equipamento utilizado foi um Espectrômetro por Fluorescência de Raios-X
265

PW2400 da Philips, do Depto. de Geologia da UFRJ, que é munido de tubo de Rh


de 3 KW de potência, seis cristais analisadores e dois detectores (selado e fluxo).
O software utilizado para as análises foi o SemiQ, desenvolvido pela Philips e que
acompanha o equipamento. A perda ao fogo foi determinada através da obtenção
do peso da amostra antes e depois da mesma ser levada a 950°C por meia hora.
Os elementos foram detectados a partir da fusão de 1.0 g de pó do material
misturados com 7g de tetraborato de lítio. As condições analíticas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram: detectores selado e de fluxo, cristais
analisadores PET, Ge, PX1, PX3 e LIF200 e potência do tubo 24 KV e 90 mA ou
50 KV e 50 mA, dependendo do elemento químico a ser detectado. Com base em
análises de padrões, o erro analítico relativo estimado é: Si, Al (<1%), Fe, Mg, Ca
(1-2%), Ti, Na, K (3-5%), P e outros elementos traços (≤ 6%). As curvas de
calibração foram obtidas a partir da análise de padrões de óxidos puros dos
elementos.
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3.2.3. Caracterização Mineralógica

Ensaios foram conduzidos para avaliação das frações grossa e de finos (silte
+ argila). A avaliação da mineralogia das areias fornece informações indicativas
da maturidade e do estágio de intemperização dos materiais, que se reflete em
uma maior quantidade de quartzo e minerais neoformados como concreções
ferruginosas nesta fração. Já em solos menos intemperizados podem ser
encontrados minerais primários facilmente intemperizáveis.
No que diz respeito à avaliação da fração fina, esta possui estreita relação
com o comportamento mecânico dos solos, governando propriedades como a
expansibilidade e a plasticidade, sendo de grande importância em estudos sobre
erosão de solos.

Composição Mineralógica das Areias: as avaliações tiveram como objetivo


identificar e descrever os seus componentes. Nestas avaliações foi usado material
retido na peneira #200, que foi analisado com os seguintes equipamentos: lupa
binocular e microscópio petrográfico pertencentes ao Laboratório de Geotecnia e
Meio Ambiente no DEC PUC-Rio. Nestas análises foi feita a identificação dos
componentes minerais, seu grau de alteração, bem como a forma dos grãos.
266

Caracterização Qualitativa dos Materiais Finos (fração silte e argila): os materiais


estudados foram avaliados mediante ensaios de difração de raios-X. Foi utilizado
o difratômetro do modelo Siemens D5000 (anodo de cobre 1.5406 Å, 40 kv, 30
mA, irradiações efetuadas no intervalo entre 2 e 30º na escala 2θ, numa
velocidade de varredura de 0.02°/s) para a execução dos ensaios.
Para os ensaios de raios-X foi utilizado o método do pó (amostra não
orientada e sem tratamento) e das laminas orientadas. Nestas últimas, as amostras
foram dispostas em laminas delgadas e submetidas a tratamentos por aquecimento
e glicolagem. A identificação dos constituintes obedeceu a Lei de Bragg, baseada
nas distâncias interplanares.

3.2.4. Análises Micromorfológicas

Visando estudar o espaço poral das diferentes camadas de solo, que possui
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estreita relação com seu comportamento hidráulico, foram confeccionadas lâminas


delgadas dos solos estudados. As lâminas foram preparadas no Laboratório de
Laminação do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da UFRJ. O
procedimento consistiu no desbaste mecânico de amostras indeformadas
previamente secas e lentamente impregnadas com Araldite e corante azul,
resultando numa espessura final da ordem de 30µm. O corante azul foi utilizado
com o intuito de se visualizar o espaço poral das lâminas.

3.2.5.Parâmetros Hidráulicos

Para a modelagem das condições de fluxo e infiltração de águas em taludes


não saturados é fundamental o conhecimento da sucção e da variabilidade do teor
de umidade do solo e do grau de saturação correspondentes, que constituem a
curva de retenção de umidade, além da permeabilidade saturada. Neste subitem
são evidenciadas as metodologias utilizadas para a determinação da curva de
retenção de umidade e da permeabilidade saturada utilizadas ao longo da
interpretação dos resultados de monitoramento hidrológico no Capítulo V.
267

3.2.5.1. Curva de Retenção de Umidade

A curva de retenção de umidade expressa graficamente a relação entre o teor


de umidade, seja expresso em termos de peso ou volume, com a sucção, ou mais
especificamente, pode-se dizer que a mesma descreve o potencial termodinâmico
relativo da água dos poros com relação à água livre e pura como uma função da
quantidade de água sorvida no solo.
A existência de histerese na curva de retenção constitui aspecto conhecido,
uma vez que sua forma, resultante de um ou mais processos de umedecimento
e/ou secagem, é influenciada pelo fato de que uma quantidade de água maior é
retida nos solos durante os processos de secagem do que a sorvida pelo solo para a
mesma sucção, no processo de umedecimento. Dois fatores são responsáveis pela
forma apresentada pela curva de retenção de umidade: a distribuição dos poros; e
sua compressibilidade no que diz respeito à sucção. Estas características são
conhecidamente afetadas pela mineralogia, estrutura, histórico de tensões e teor de
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umidade inicial dos materiais. Segundo Marinho (2005) a forma da curva varia em
função da distribuição dos poros, podendo apresentar comportamento bimodal
quando da existência de dois tamanhos de poros predominantes no solo, como
vem sendo reportado recentemente para solos residuais jovens em âmbito tropical
(Moncada, 2008; Boszczowski, 2008).
Devido aos aspectos acima comentados, para determinação das curvas de
retenção de umidade para as diferentes camadas de solo estudadas nesta tese, foi
utilizada uma combinação de três métodos: papel filtro, porosimetria por injeção
de mercúrio e ajuste pelo modelo de van Genüchten (1980). As análises pelo
método do papel filtro (que, segundo Marinho (1994) tem mostrado resultados
bastante eficientes) foram o ponto de partida para todas as demais análises, sendo
determinantes nos traçados finais das curvas a partir dos modelos de ajuste.

Método do papel filtro: baseia-se na hipótese de que no estado de equilíbrio, o


potencial de água de uma carta quantidade ou região do solo e o potencial de água
em um papel filtro são os mesmos. Segundo Marinho (1997), quando um solo é
colocado em contato com um material poroso que possua capacidade de absorver
água, a mesma irá passar do solo para o material poroso, até que o equilíbrio seja
alcançado. O estado de equilíbrio do sistema (papel filtro + solo) fornece a mesma
268

sucção no solo e no material poroso, porém com umidades diferentes, sendo o


tempo de equilíbrio fator determinante na obtenção da correta sucção (Brandt,
2005). Este método já foi amplamente estudado (Marinho, 1994; Villar, 2001;
Moncada, 2004 e 2008), sendo que Marinho (1994, 1997) apresenta diversas
técnicas para se obter a curva característica, bem como os procedimentos
utilizados, além de suas respectivas vantagens e desvantagens.
Nos ensaios de sucção pelo método do papel filtro realizados nesta tese
foram utilizados papéis da marca Whatman Nº42 cortados no mesmo diâmetro
dos corpos de prova retirados dos blocos indeformados. Todos os ensaios foram
executados a partir do umedecimento e secagem das amostras na sua umidade
natural.
1) Saturação de Anéis por Imersão: As camadas R e VE apresentaram como
aspecto marcante graus de saturação bastante reduzidos ao longo das três
primeiras séries de ensaios, razão pela qual se optou pela utilização para estes
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materiais de um método alternativo visando o umedecimento das amostras. Para


isso, anéis dos solos VE e R, que apresentaram os maiores problemas de saturação
ao longo dos ensaios, foram confeccionados e colocados em uma bandeja sobre
um papel filtro apoiado em uma pedra porosa, de maneira similar ao efetuado no
ensaio de desagregação. O nível d’água foi mantido a 1 mm acima na base dos
anéis, sendo retirado das bandejas 1 anel para cada solo a cada 4 h, até 12 h. Para
proteção dos anéis os mesmos foram ainda selados na parte inferior com pano fino
(murim).
Tendo sido observado acentuado processo de expansão volumétrica das
amostras quando submetidas ao processo acima descrito (Figura 3-14),
posteriormente à saturação cada anel retirado foi pesado, sendo avaliada a sua
expansão vertical e volumétrica mediante a medição do deslocamento (em mm)
no topo e na base. Após este período, os anéis foram deixados por 24 h para
prosseguimento dos ensaios da mesma maneira, sendo também medida a expansão
dos anéis.
269

Figura 3-14 Anel do solo VE apresentando expansão durante a saturação por imersão.
2) Determinação de Pontos Teóricos: Visando ainda obter os trechos iniciais das
curvas de retenção, para todos os solos foram adotados pontos “teóricos”,
correspondentes à S = 1, onde se teria a sucção nula. Os referidos pontos foram
determinados por meio de cálculos através de relações entre as propriedades
índices.

Métodos de Ajuste: uma vez determinados os pontos experimentais de cada uma


das camadas o próximo passo foi ajustar o traçado final desta mesma. A curva de
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retenção pode ser obtida a partir de diferentes formulações ou modelos propostos


por diferentes autores. Dentre estes, Brooks & Corey (1964) foram um dos
primeiros pesquisadores a propor uma equação para definir a forma da curva de
retenção de umidade, a partir dos quais diversos pesquisadores propuseram
posteriormente equações similares, como van Genüchten (1980) cujo modelo de
ajuste será utilizado nesta tese:
w = ws / [1 + (ψ/a)n]m [Equação 3-7]
Onde a, n e m são parâmetros de ajuste que dependem do tipo de solo, e ws
representa o conteúdo de umidade em peso correspondente a um grau de saturação
de 100%. Alternativamente esta mesma relação pode ser estudada utilizando-se ao
invés da umidade gravimétrica o grau de saturação através da relação S.e = Gs.w:
(S.e / Gs = (Ss.e) / Gs / [1 + (ψ/a)n]m [Equação 3-8]

S = Ss / [1 + (ψ/a)n]m [Equação 3-9]

Como Ss = 1 têm-se:

S = 1 / [1 + (ψ/a)n]m [Equação 3-10]

Determinação do Valor de entrada de ar e Sucção Residual: uma vez traçadas as


curvas de retenção de umidade foram determinados graficamente os valores de
270

entrada de ar (ψar)5 e sucção residual (ψres)6, importantes para análises de fluxos,


utilizando-se o método das tangentes (ver Figura 3-15):
60
θs

Teor de Umidade Volumétrico (%)


50

40

30

θr
20

10
0.1 1 10 100 1000 10000 100000
ψar ψres
Sucção (kPa)

Figura 3-15 Aplicação do método das tangentes para obtenção dos valores de entrada
de ar (ψar), sucção residual (ψres), teor e umidade volumétrico saturado (θs) e residual
(θres).
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Método do Extrator de Richard’s: de forma complementar as metodologias até o


momento descritas, foram ainda conduzidos ensaios de retenção de umidade
através método do extrator de Richard’s, que consiste em submeter as amostras
saturadas à pressões específicas provocando a expulsão da água através de uma
placa porosa situada na base das amostras. O método é tradicionalmente utilizado
em agronomia, sendo que as análises foram realizadas na Embrapa Solos. Para a
sua execução são utilizados anéis de Uhland (que possuem 183 cm³).
Os ensaios partem da saturação, simulando um processo de secamento, o
que não ocorre no método do papel filtro. Deste modo, uma curva de retenção
obtida pelo método do método do papel filtro não deve se assemelhar a uma curva
obtida para o mesmo material através do extrator de Richard’s, como ficou
evidenciado nos resultados destes ensaios. Assim, os resultados destas avaliações
não foram incorporados aos pontos experimentais na determinação das curvas de

5
Valor de entrada de ar (ψar) – constitui o valor de sucção a partir do qual o ar
começa a entrar nos vazios maiores do solo (Moncada, 2008).
6
Sucção residual (ψres) – é o valor de sucção a partir do qual é necessária uma
grande variação para remover mais água do solo, ou, o valor de sucção a partir do qual
aumentos de sucção não produzem variações significativas no conteúdo de umidade.
271

retenção de umidade, tendo sido realizada somente uma análise comparativa entre
os resultados dos demais métodos. Estes resultados constam no Anexo II.

3.2.5.2. Porosimetria por injeção de mercúrio

O ensaio porosimetria por injeção de mercúrio fornece o tamanho e a


distribuição dos espaços porais dos solos, que são informações intimamente
relacionadas ao seu comportamento hidráulico. Os ensaios foram realizados no
Laboratório da Fundação de Apoio à Física e à Química da Universidade de São
Carlos, tendo sido utilizado o porosímetro do modelo Micrometrics PoreSizer
9320. O equipamento possibilita a investigação de poros com diâmetro a partir de
0.0017 mm, a uma pressão de 1.7 MPa, até poros de 60 Å, que corresponde à
pressão de 212 MPa.
Através dos resultados obtidos é possível traçar curvas de porcentagem de
poros em função do diâmetro, a variação incremental dos diâmetros de poros (que
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mostra os tamanhos de poros predominantes no solo) e também, indiretamente,


curvas de retenção umidade. Assim, o objetivo principal quando da execução
destes ensaios foi determinar, a partir da distribuição dos tamanhos de poros, o
tipo de comportamento das curvas de retenção de umidade, isto é, se as mesmas
apresentam-se unimodais ou bimodais.

Classificação dos espaços porais: ainda não há consenso no meio técnico-


científico no que diz respeito a um sistema de classificação. Boszczowski (2008)
revisou três tipos de propostas de classificação (IUPAC, 1982; Martinez, 2003; e
Delage et al, 1996, apud. Martinez, 2003), tendo sido possível obter para os dados
experimentais dos solos estudados neste trabalho melhores distinções entre os
diferentes tipos de poros pelo sistema IUPAC (1982). De acordo com as propostas
metodológicas acima referidas os espaços porais dos solos podem ser
classificados conforme na Tabela 3-5:
272

Tabela 3-5 Propostas para classificação dos espaços porais.

Delage et al. (1996,


IUPAC (1982) Martinez (2003)
apud. Martinez, 2003).
Macroporos Ф > 0.5 µm Ф > 50 µm Ф > 4 µm
Ф > 0.2 µm e
Mesoporos Ф > 0.5 µm e Ф < 50 µm Ф < 4 µm
Ф < 0.5 µm
Microporos Ф < 0.2 µm Ф < 0.5 µm xxx
Obtenção da Curva de Retenção de Umidade: conforme mencionado os resultados
obtidos com este ensaio possibilitam a determinação de curvas de retenção de
umidade indiretamente. De acordo com Moncada (2008), o procedimento da
porosimetria é análogo a um processo de secagem, isto é, a injeção do mercúrio
(fluido não molhante) no material seco (saturado com ar) equivale ao processo de
expulsão da água pelo ar nos poros, sendo possível a partir daí determinar o
diâmetro de poros que corresponde a cada pressão aplicada, considerando a água
como fluido molhante e utilizando-se a equação de Laplace. Sucintamente, têm-se:
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4Tw cosθ w
ua − u w = [Equação 3-11]
D

Em que:
D = diâmetro dos poros;
θw = ângulo de contato = 180°;
Tw = tensão superficial = 72.75E-3 N/m.
Como neste caso o mercúrio é o fluido não molhante o diâmetro de poro que
corresponde a cada pressão é determinado pela equação de Washburn:

4Tnw cos θ nw
p=− [Equação 3-12]
D

Em que para o mercúrio:


θw = 130°;
Tnw = 485 E-3 N/m.
A injeção de um fluido não molhante é equivalente à expulsão de água para
o mesmo diâmetro de poros:

Tw cosθ w
ua − uw = p = 0.233 p [Equação 3-13]
Tnw cosθ nw
273

A partir desta equação é possível calcular a sucção equivalente a cada


pressão (p) de mercúrio aplicada, sendo o grau de saturação equivalente calculado
através da seguinte expressão:
n
Srnw =
n0
[Equação 3-14]
Sr = 1 − Srnw

Em que:
n = porosidade dos poros com mercúrio;
n0 = porosidade total.
Visando considerar o conteúdo de umidade residual Moncada (2008)
recomendou ainda a utilização da expressão proposta por Romero et al. (1999):

Srw
Sr = 1 − Srnw + wr × [Equação 3-15]
ws
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Em que:
wr = umidade higroscópica;
ws = umidade correspondente à saturação.

3.2.5.3. Permeabilidade Saturada (Ksat)

Para a avaliação da permeabilidade saturada dos solos foram executados


ensaios in situ com uso do Permeâmetro de Guelph em campo, ensaios em
laboratório com permeâmetro de carga constante e parede flexível, e ensaios de
condutividade hidráulica saturada, realizados segundo a metodologia preconizada
no Manual de Métodos de Análises de Solos (Embrapa, 1997), conduzidos na
Embrapa Solos.

Permeâmetro de Guelph: é um permeâmetro de carga constante que mede a


condutividade hidráulica saturada ou permeabilidade saturada (ksat) em campo (in
situ) acima do lençol freático. O equipamento é composto de um cilindro de
Mariotte que controla a carga constante de água dentro do furo de sondagem, em
tubo de acrílico com uma régua graduada onde a água é introduzida e um tripé que
permite adaptar o aparelho a terrenos irregulares. O ensaio, amplamente revisado
em trabalhos de pesquisa (Mendes, 2006; Vieira, 2001; Ramidan, 2003 entre
274

muitos outros) consiste em estabelecer um fluxo de água de regime permanente


em solos não saturados, através de furos de trado nos quais uma lâmina d’água,
com pequena altura, é mantida constante.

Permeâmetro de Carga Constante (Parede Flexível): análise executada em células


triaxiais, constitui uma repetição da experiência de Darcy, onde a permeabilidade
é medida através da manutenção de uma carga h, durante certo tempo, sendo a
água percolada colhida e seu volume medido. Conhecidas a vazão e as
características geométricas, o coeficiente de permeabilidade é calculado
diretamente pela Lei de Darcy, onde: k = Q/ i.A. O ensaio é dividido em 4
estágios: montagem da amostra, saturação, adensamento e percolação. A
percolação é feita aplicando-se uma diferença de carga no topo e na base da
amostra e medindo-se a variação do volume da amostra ao longo do tempo.
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Condutividade Hidráulica (Embrapa, 1997): é um tipo de ensaio de carga


constante e (parede rígida), onde a medida da permeabilidade dos solos é obtida
após a percolação de água durante 7 a 8 horas, quando os valores de acordo com o
método chegariam a uma estabilidade. Para o ensaio foram utilizados os mesmos
anéis moldados para as análises de retenção de umidade pelo método do Extrator
de Richard’s e os ensaios foram conduzidos após as análises de retenção (anéis de
Uhland). A carga hidráulica no ensaio é aplicada através da colocação de um
colarinho nos anéis (h =10 mm), mantendo-se o nível d’água no topo durante todo
o ensaio através de um sistema que aplica o princípio do frasco de Mariotte.

3.3. Apresentação e Análise dos Resultados

Este subitem apresenta os resultados experimentais dos ensaios de


caracterização das diferentes camadas de solo delimitadas no talude conforme
descrito no subitem 3.1. São comentados aspectos específicos direcionados ao
subitem 3.4, onde é apresentada uma análise conjunta destas informações com
uma discussão sobre ensaios específicos de erodibilidade e o potencial de erosão
relacionado a propriedades dos solos.
275

3.3.1. Índices Físicos

A Tabela 3-6 apresenta o resumo dos índices físicos das diferentes camadas
avaliadas, determinados a partir de resultados de ensaios onde foram utilizadas
amostras indeformadas.
Os valores de densidade relativa dos grãos dos solos foram determinados
através de uma única série de ensaios, representativa de todos os corpos de prova,
uma vez que este parâmetro depende essencialmente dos constituintes
mineralógicos das partículas.
Nos resultados relativos à massa específica natural foram constatados
maiores valores na camada V (1.84 g/cm³) e VE (1.82 g/cm³). Já em relação à
densidade relativa dos grãos dos solos, observa-se predomínio de material arenoso
e quartzoso (ρs =2.701 g/cm³) e caulinítico (ρs =2.660 g/cm³), exceto para a
camada VE. No que diz respeito ao índice de vazios, seguindo a tendência
evidenciada para a massa específica natural dos materiais presentes, foram
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observados menores valores (0.536) para a camada V (assim como ocorre nos
valores de porosidade).
A camada VE, apesar de ter apresentado elevados ρnat apresentou também um
elevado valor de índice de vazios (0.729). Observou-se ainda um maior
coeficiente de variação no conjunto de ensaios referentes à camada VA (15%), o
que deve estar relacionado ao maior percentual de pedregulhos e areias, conforme
discutido no tópico a seguir.
276

Tabela 3-6 Resumo das propriedades índice dos diferentes solos avaliados.
Dados ρnat Gs ρd wi Si θi
Camada 3 3
e n
Estatísticos (g/cm ) (g/cm³) (g/cm ) (%) (%) (%)
Nº. CP 32 1 66 66 66 32 32 32
Média 1.85 2.728 1.549 0.769 0.432 18.7 68.5 29.1
VE
Desvio 0.11 xxx 0.105 0.127 0.038 3.4 12.0 4.8
CV 6.38 xxx 6.756 16.534 8.889 18.6 17.5 16.4
Nº. CP 38 1 71 71 71 38 38 38
Média 1.85 2.675 1.573 0.707 0.412 4.5 19.0 7.4
R
Desvio 0.12 xxx 0.091 0.101 0.034 1.7 7.1 2.9
CV 6.39 xxx 5.794 14.239 8.270 1.7 7.3 2.9
Nº. CP 32.00 1 62 62 62 32 32 32
Média 1.84 2.653 1.730 0.536 0.348 4.7 22.5 7.8
V
Desvio 0.09 xxx 0.077 0.071 0.030 4.2 18.1 6.8
CV 4.78 xxx 4.478 13.205 8.500 89.8 80.6 86.9

Nº. CP 23.00 1 43 43 43 23 23 23
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Média 1.77 2.651 1.635 0.627 0.383 6.9 29.6 11.2


VA
Desvio 0.09 xxx 0.096 0.097 0.036 2.8 9.7 4.3
CV 5.07 xxx 5.855 15.400 9.435 41.0 32.8 38.6
Nº. CP 34.00 1 64 64 64 34 34 34
Média 1.68 2.654 1.545 0.726 0.418 11.6 36.6 16.6
A
Desvio 0.11 xxx 0.111 0.126 0.042 8.1 25.6 11.6
CV 6.61 xxx 7.161 17.415 9.957 70.1 70.0 69.7

Em relação aos resultados de wi, Si e θi foram constatados maiores valores


nas camadas VE (wi ≈ 18.0%) e R (16.7%), e menores valores nas camadas V
(4.7) e VA (6.9), o que mostra uma tendência a maiores valores diretamente
relacionados às porcentagens de argila e finos. Isto evidencia também aspectos da
relação entre a sucção presente nos solos e o seu conteúdo de umidade
volumétrico e grau de saturação em campo (expressa pela curva de retenção de
umidade) já que estas camadas retêm mais umidade conforme será visto na curva
de retenção.

3.3.2. Análises Granulométricas

Conforme descrito no subitem 3.2 foram realizados ensaios de


granulometria no Laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente do DEC da PUC-
Rio para cada camada de solo estudada. A princípio foram realizados ensaios de
277

sedimentação com o uso de defloculante (hexametafosfato de sódio com


concentração de 45.7 g/L), obtendo-se as curvas granulométricas apresentadas na
Figura 3-16.

14"
18"
5/16"

1 ½"
Peneira No (SUCS)

1/4"

3/8"
1/2"

3/4"
200

100

12"
16"
20"

30"
60
50
40
30

20
16

10

1"

2"

3"
4"
5"
6"
8"
8

6
4
100 0

90 10

80 20

Porcentagem retida (%)


Porcentagem que passa (%)

70 30

60 40

50 50

40 60

30 70

20 80

10 90

0 100
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0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000


Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3-16 Curvas de distribuição granulométrica das camadas de solo estudadas.


As camadas V, VA e A apresentaram curvas granulométricas típicas de
solos lateríticos arenosos finos brasileiros (Sousa Pinto, 2002). Já as curvas
referentes às camadas VE e R assemelham-se às curvas típicas de solos
saprolíticos formados a partir de argilitos (op. cit, 2002). A camada VA
apresentou um comportamento nitidamente distinto das demais, sendo que as
camadas A e V apresentaram uma granulometria semelhante com uma maior
quantidade de finos em ambas quando comparada à camada VA. As camadas R e
VE apresentaram maiores percentuais de finos, especialmente a VE.
A Tabela 3-7 apresenta valores percentuais obtidos nos ensaios de
granulometria conduzidos no laboratório da PUC-Rio, estando presentes ainda os
valores de umidade higroscópica para cada camada avaliada. Estes valores de
umidade higroscópica foram obtidos através da secagem do solo ao ar até
constância de peso anteriormente ao ensaio de granulometria.
Os valores diferem dos valores encontrados no resumo das propriedades
índice, uma vez que os resultados são provenientes de outro tipo de amostras
(amolgadas). A diferença maior em relação a este parâmetro para amostras
278

amolgadas e indeformadas ocorreu na camada VA, que apresentou valores de whig


para as amostras amolgadas mais elevados que nas amostras indeformadas.
Tabela 3-7 Resumo de dados estatísticos referentes aos resultados da Figura 3-17.

Camada Pedregulho Areia Silte Argila whig


VE 0.0 9.0 25.1 65.8 6.53
R 0.0 24.5 28.6 46.9 2.68
V 2.7 50.6 17.3 29.4 1.02
VA 8.8 61.1 9.1 20.9 3.37
A 0.4 53.9 28.8 16.9 0.47
Dos resultados da Tabela 3-7 observa-se a ausência do pedregulho nas
camadas VE e R, estando esta fração presente com maior expressão na camada
VA devido à presença de uma linha de seixos. Tendo sido apresentados os dados
analíticos referentes aos ensaios, a Figura 3-17 mostra um histograma os mesmos
resultados.
80
Pedregulho (%) Areia (%)
70 Silte (%) Argila (%)
65.8
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61.1
60
53.9
50.6
50 46.9

40

28.6 29.4 28.8


30 25.1 24.5
20.9
20 17.3 16.9

9.0 8.8 9.1


10
2.7
0 0 0.4
0
VE R V VA A

Figura 3-17 Histogramas com percentuais de areia, silte e argila para as diferentes
camadas de solo, obtidos através das análises granulométricas.
Observando-se a Figura 3-17, no que diz respeito aos percentuais de areia,
assim como nas curvas granulométricas, constata-se a presença de um material
mais arenoso na camada VA (54.6%), seguida da V (53.2%) e A (51.9%). Já em
relação ao percentual de argila, os maiores valores foram encontrados na camada
VE (60.8%) e R (32.1%).
O percentual de silte foi maior também na camada VE (26.2%), também
seguida pela camada R (19.8%). Conforme já foi discutido, estas semelhanças
entre as camadas VE e R se devem ao fato de que a camada VE é um variante da
camada R que apresenta concreções lateríticas, provavelmente devido a processos
de percolação da água subterrânea, processos diagenéticos e de intemperismo.
279

Concluída a primeira etapa de avaliação da distribuição granulométrica dos


solos, conforme já mencionado no subitem 3.2, foram executados também ensaios
sem a utilização do defloculante, a fim de verificar a influência do meio dispersor
na desagregação dos solos (o material utilizado para confecção dos ensaios com e
sem defloculante foi o mesmo). Como já dito, este parâmetro é de grande
importância em estudos sobre o potencial de erosão dos solos. Foram geradas
deste modo as curvas granulométricas para cada camada de solo com e sem o uso
do defloculante, que são apresentadas no subitem 3.4 juntamente com as outras
avaliações especificamente devotadas ao potencial de erosão dos solos.

3.3.3. Limites de Atterberg

A Tabela 3-8 sintetiza os resultados das análises de Limites de Atterberg


seguindo-se os dois diferentes tipos de metodologia propostos: utilizando material
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passante na peneira 0.42 mm (# 40), e utilizando a fração passante na peneira


0.075 mm (# 200). Analisando a Tabela 3 8 observa-se maiores valores para a
camada VE e menores para a camada A. A camada A apresenta comportamento
típico de solos residuais granítico-gnaissicos (LL entre 45-70% e IP entre 14-
25%). Para todas as camadas de solo, exceto no caso da VE, houve um acréscimo
dos limites de liquidez e plasticidade para ensaios com amostra passante na
peneira #200 quando comparada aos da amostra passante na peneira #40. No caso
da camada VE, o LL reduziu-se consideravelmente de 85.83% para 71.5%, ao
contrário da tendência observada nas demais camadas.
280

Tabela 3-8 Limites de Atterberg com material passante nas peneiras #40 e #200.

Camada Método LL (%) LP (%) IP (%)


#40 85.83 32.55 53.28
VE
#200 71.5 34.5 37.0
#40 55.77 26.12 29.66
R
#200 57.6 33.0 24.6
#40 46.30 22.93 23.37
V
#200 54.0 28.1 25.9
#40 53.37 24.38 28.99
VA
#200 56.1 29.4 26.7
#40 34.07 15.93 18.13
A
#200 48.5 26.8 21.7

Os resultados encontram-se bastante próximos aos citados por Mitchell


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(1993), que indicaram valores de LL para solos com predomínio de minerais do


grupo da caulinita entre 30% e 110% e valores de LP entre 25% e 40%.

3.3.4. Atividade das Argilas e Classificação SUCS

Uma vez conhecidas as granulometrias e os Limites de Atterberg de cada


camada de solo, podem-se obter os valores de índice de atividade das argilas e
determinar a classificação dos mesmos de acordo com o Sistema Unificado de
Classificação de Solos (SUCS).
A Tabela 3-9 apresenta os valores dos índices de atividade das argilas
utilizando-se as duas metodologias propostas pára determinação dos limites de
Atterberg, bem como a classificação das diferentes camadas de solo avaliadas
segundo o SUCS.
281

Tabela 3-9 Atividade das argilas, classificação SUCS e parâmetros de entrada.

Camada Granulometria Limites de Atterberg


IA SUCS
Pedreg. Areia Silte Argila LL LP IP

#40 85.83 32.55 53.28 0.88


VE 0.0 12.6 26.2 60.8 CH
#200 71.50 34.50 37.00 0.61

#40 55.77 26.12 29.66 0.93


R 0.0 47.0 19.8 32.1 CH
#200 57.60 33.00 24.60 0.77

#40 46.30 22.93 23.37 0.84


V 2.7 53.2 18.9 27.7 SP
#200 54.00 28.10 25.90 0.94

#40 53.37 24.38 28.99 1.03


VA 8.8 51.9 14.5 28.2 SP
#200 56.10 29.40 26.70 0.95

#40 34.07 15.93 18.13 0.86


A 0.4 54.6 24.2 21.1 SP
#200 48.50 26.80 21.70 1.03
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Dos resultados da Tabela 3-9 constata-se que o índice de atividade das


argilas foi maior para a camada VA para o material passante na peneira # 40
(1.03) e maior para a camada A para o material passante na peneira # 200 (1.03).
As camadas VE e R podem ser classificadas de acordo com o sistema SUCS como
argilas de alta atividade (CH), apesar de ser constituída de material de baixa
atividade quimicamente. Morfologicamente7 os materiais possuem estrutura
laminar à maciça, consistência extremamente dura, sendo plásticos e ligeiramente
pegajosos. As camadas VA, V e A são areias mal graduadas (SP), e
morfologicamente apresentam estruturas em blocos angulares/subangulares à
maciça, consistência dura, friável, sendo materiais não plásticos a plásticos e
ligeiramente pegajosos a pegajosos.

3.3.5. Análises Químicas

Conforme mencionado no subitem 3.2, as análises químicas das camadas de


solo consistiram nas seguintes determinações:
 pH em H2O e em KCl;

7
Utilizando-se os critérios pedológicos abordados no subitem 3.1, descritos em
SBCS/SNLCS (1982).
282

 Complexo Sortivo;
 Fósforo Assimilável;
 Carbono Orgânico;
 Ataque Sulfúrico;
 Análise Semiquantitativa.
Os valores de pH em H2O e em KCl encontram-se na Tabela 3-10:
Tabela 3-10 Número de ensaios, valor máximo, mínio e valores médios representativos
das análises de pH em H2O e em KCL [entre colchetes], bem como os respectivos ∆ pH
médios para as diferentes camadas de solo.

Camada Nº. Ensaios pH H2O pH KCl ∆ pH


4.7 – 4.8 3.9 – 4.0
VE 4 [+0.85]
[4.78] [3.93]
4.3 – 4.9 4.0 – 4.2
R 13 [+0.53]
[4.62] [4.09]
4.4 – 5.2 3.9 – 4.4
V 13 [+0.56]
[4.67] [4.11]
4.7 – 4.9 4.2 – 4.3
VA 4 [+0.57]
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[4.80] [4.23]
4.4 – 4.9 4.1 – 4.5
A 7 [+0.5]
[4.69] [4.19]
Os resultados de pH em H2O evidenciam que as camadas são todas
fortemente ácidas (segundo critério da Embrapa, 2006), apresentam ∆ pH
positivo, observando-se a ausência de cargas negativas disponíveis.

Em relação a este último parâmetro, maiores valores foram encontrados na


camada VE. Conforme já dito, os valores de ∆ pH constituem indicativos
diretamente proporcionais à atividade dos solos, o que pode indicar também uma
menor erodibilidade, conforme será discutido em maior detalhe no subitem 3.4.
Nas análises de complexo sortivo e ataque sulfúrico apenas os minerais
secundários, como os argilominerais, óxidos cristalinos de ferro e de alumínio,
bem como minerais amorfos, são decompostos. Os resultados das análises de
complexo sortivo encontram-se sintetizados na Tabela 3-11.
Observa-se que não foram fornecidos os valores máximo e mínimo (foi
fornecido somente o número de ensaios efetuados por camada avaliada) devido ao
fato de terem sido encontrados de uma maneira geral valores muito baixos para os
teores de todos os cátions avaliados nesta etapa.
283

Tabela 3-11 Número de ensaios e valores médios representativos das análises de


complexo sortivo para as diferentes camadas de solo. Resultados em cmolc/dm³ para
todos os parâmetros exceto V (expresso em porcentagem).
Camada

Nº. de Valor Valor T Valor


Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Al3+ H+
Ensaios S (CTC) V

VE 4 0.0 0.4 0.02 0.02 0.4 2.1 2.7 5.2 8.0


R 13 0.0 0.3 0.00 0.03 0.4 0.9 1.1 2.4 15.0
V 13 0.1 0.3 0.01 0.05 0.5 0.7 0.9 2.1 21.0
VA 4 0.0 0.4 0.00 0.03 0.4 0.5 0.8 1.8 23.0
A 7 0.0 0.2 0.00 0.02 0.2 0.7 0.6 1.5 16.0

Foram encontrados valores de Ca2+, Mg2+, K+ e Na+ considerados baixos em


termos de análises de fertilidade, com a presença de elevados teores de Al3+. Os
Valores S menores que um em todas as camadas o que indica solo laterítico. Os
Valores T e V também foram bastante reduzidos, indicando solos pobres e
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desprovidos de bases trocáveis como seria de esperar para um solo jovem. O


Valor T sugere também material caulinítico na fração argila (a CTC da caulinita
varia entre 5-10cmolc/dm³).
Com o objetivo de complementar as análises de rotina de fertilidade das
camadas de solo avaliadas foram ainda feitas análises de fósforo assimilável e
carbono orgânico, complementando as análises de macro elementos disponíveis
para o desenvolvimento vegetal. Os resultados destes ensaios encontram-se na
Tabela 3-12. Foram utilizadas unidades diferentes para apresentação destes
resultados.
Os valores de fósforo assimilável encontram-se são expressos em mg/dm³
(facilitando a diferenciação dos materiais) e em cmolc/dm³ (para análises
comparativas entre os demais cátions disponíveis).
O carbono teve seus valores apresentados em g/kg, utilizando desta forma a
unidade do sistema internacional adotada pelo CNPS/Embrapa para esta
determinação, o que também facilita uma avaliação dos solos para fins agrícolas.
284

Tabela 3-12 Número de ensaios e valores médios (entre colchetes) representativos das
análises de Fósforo Assimilável (mg/dm³) e Carbono Orgânico (g/kg).

Camada Nº. Ensaios P (mg/dm³) P (cmolc/dm³) C (%)


0.3 – 0.9 0.09 – 0.17
VE 4 0.002
[0.95] [0.14]
0.1 – 0.4 0.05 – 0.18
R 13 0.000
[0.19] [0.14]
0.1 – 0.6 0.02 – 0.36
V 13 0.001
[0.48] [0.17]
0.4 – 0.6 0.03 – 0.15
VA 4 0.001
[1.70] [0.10]
0.2 – 0.3 0.01 – 0.15
A 7 0.001
[0.87] [0.12]
Tanto os resultados de fósforo assimilável quanto de carbono orgânico
indicaram deficiências nos solos, o que é de se esperar devido ao fato de se tratar
de um subsolo onde a vegetação ainda não conseguiu penetrar.
As análises de ataque sulfúrico tiveram como propósito básico a
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determinação dos índices de intemperismo relacionados no subitem 3.2 (Ki; Kr;


Al2O3 / Fe2O3), e as análise de complexo sortivo objetivaram estudar a capacidade
de troca catiônica visando avaliar aspectos ligados à fertilidade das diferentes
camadas. Os resultados das análises de ataque sulfúrico encontram-se sintetizados
na Tabela 3-13.
Tabela 3-13 Resultados de Análises de ataque sulfúrico.

Ataque Sulfúrico (%)


Camada
SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 Ki Kr Al2O3/Fe2O3

VE 28.8 22.9 7.60 1.20 2.14 1.76 4.73


R 24.4 21.2 4.50 1.05 1.96 1.72 7.40
V 16.0 17.0 1.80 0.57 1.60 1.50 14.83
VA 16.2 16.6 1.70 0.38 1.66 1.55 15.33
A 15.3 15.3 1.80 0.47 1.70 1.58 13.34
Os resultados obtidos pelo ataque sulfúrico mostram concentrações
expressivas de Al2O3 e Fe2O3 nas camadas VE (22.9 e 76 %) e R (21.2 e 4.5 %), o
que condiz com a presença de processo de laterização nestas camadas,
concordando ainda com os dados obtidos no complexo sortivo em relação aos
elevados teores de Al3+ presentes no perfil como um todo.
285

Com base nos resultados das análises de ataque sulfúrico foram também
determinadas as relações moleculares Ki e Kr, bem como Al2O3/Fe2O3, expressas
também na Tabela 3-13. Os valores abaixo de 2.0 para o Ki (à exceção da camada
VE) denotam elevado grau de intemperização e material caulinítico, o que
normalmente está associado à latossolos (classe pedológica de solos predominante
na área). Os maiores valores nos teores de ferro também são evidenciados através
da relação Al2O3/Fe2O3, onde as camadas VE e R apresentaram menores valores.
A Tabela 3-14 apresenta os resultados das análises químicas
semiquantitativas, através da fluorescência de raios-X. Os resultados estão
expressos em porcentagens dos principais elementos sob a forma de óxidos, bem
como a perda ao fogo e os elementos traços.
Tabela 3-14 Resultados das análises de fluorescência de Raios-X (Semiquantitativa).

Composto - Concentração (%)


Camada

LOI Al2O3 SiO2 Fe2O3 K 2O TiO2 ZrO2 Elementos Traços


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VE 12.17 31.720 46.046 8.510 0.252 1.379 0.092 P, S, Co, Sn, Nb


R 10.25 27.709 55.095 5.736 xxx 1.221 0.240 P, S, K, Cr, Mn
V 06.68 17.901 72.885 1.620 xxx 0.614 xxx P, K, Mn, Co, Zn, Yb, Cr
VA 06.68 18.712 72.634 1.674 xxx xxx xxx P, K, Ti, Zr
A 05.64 14.794 77.876 1.329 xxx xxx xxx P, K, Ti

Assim como nas demais análises químicas, os resultados obtidos nas


análises semiquantitativas revelaram uma acentuada tendência das concentrações
de Fe2O3 e Al2O3 na camada VE e, em menor grau, na camada R, além da
lixiviação do SiO2 e bases, conforme também já observado nas análises de
complexo sortivo, caracterizando processo geoquímico de laterização.
As camadas VA, V e A apresentaram valores mais elevados de SiO2
evidenciando possivelmente uma menor alteração intempérica e lixiviação. Os
valores de SiO2 maiores do que os obtidos no ataque sulfúrico ocorrem devido ao
fato de que nesta última determinação só é decomposto o SiO2 pertencente aos
minerais secundários (argilominerais), mais sensíveis a este ataque.
286

3.3.6. Caracterização Mineralógica

A primeira etapa do processo de caracterização mineralógica dos solos foi à


avaliação, mediante lupa binocular, das areias obtidas por peneiramento (#200).
Os resultados destas avaliações, bem como aspectos de seus hábitos, encontram-se
descritos no Erro! Fonte de referência não encontrada. a seguir, sendo que a
Figura 3-18 mostra alguns aspectos mascroscópicos. Os resultados destas
descrições indicaram materiais constituídos predominantemente por quartzo
hialino (ora milonitizados, ora sub-arredondados, alguns corroídos como nas
camadas V e A, ou ainda fragmentos bem angulosos na camada VA), sendo
marcante a presença de 15 a 20% de agregados argilo-ferruginosos na camada VE.
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Figura 3-18 Aspectos macroscópicos da mineralogia das areias e dos cascalhos do perfil
estratigráfico, facilmente identificáveis através de observações de campo.
287

Observando-se as fotos em maior detalhe foi possível constatar também que


as concreções são, apesar de menos freqüentes no solo V, maiores em tamanho.
Além disso, deve-se destacar ainda que as avaliações no solo VA, assim como nos
demais materiais, não levaram em conta a fração pedregulho, o que resulta na
obtenção de cristais de quartzo hialino de menores proporções. Mesmo assim, foi
possível constatar o maior tamanho dos grãos quando comparado às demais
camadas de solo avaliadas.
Uma vez descrita a mineralogia da fração areia, a seguir são apresentados os
resultados referentes caracterização qualitativa dos finos (silte + argila) das
diferentes camadas de solo mediante análises de DRX, efetuadas utilizando-se dos
diferentes métodos expostos no subitem anterior. Os resultados são organizados
por tipo de solo e tratamento (Figura 3-19; Figura 3-20; Figura 3-21; Figura 3-22;
e Figura 3-23). Os difratogramas de todas as amostras mostraram que a caulinita é
o componente principal dos argilominerais. Deve-se ressaltar, contudo, que para a
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camada VA ocorre um pico que pode ser referente a uma argila do grupo 2:1.

VE
d = 3.56

d = 7.13
d = 4.13

EG

540°
d=7.13

Ct

ST

AN
40

35

30

25

20

15

10

CuKα - 2 θ

Figura 3-19 Difratogramas de lâminas orientadas da camada VE e submetidas a


diferentes tratamentos: NA – amostra natural; Lâminas orientadas: ST – sem tratamento,
540° - tratamento por aquecimento à 540°C, EG – tratamento com glicolagem
(etilenoglicol).
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA 288

Quadro 3-2 Descrição da mineralogia das areias para as diferentes camadas de solo estudadas. Na última coluna observa a descrição detalhada da mineralogia da fração areia dos diferentes materiais, sendo estimada
também a percentagem média de cada mineral encontrado.

Camada Visão do Perfil Zoom I Zoom II Descrição da Mineralogia das Areias

Solo Vermelho-Escuro: Predomínio de


quartzo hialino; 15 a 20% de agregados
argilo-ferruginosos; ~1% feldspato
VE caulinizado; traços de mica hidratada,
turmalina, biotita muito alterada e ilmenita
100 µm 100 µm
20 µm (óxido de ferro e titânio).

Solo Roxo: Predomínio de quartzo hialino


(anguloso); 10-15% de concreções argilo-
ferruginosas; 1.5 a 2% de feldspato
R caulinizado; traços de lâminas de mica
branca alterada (hidromica ou mica
100 µm 100 µm 20 µm hidratada), estaurolita.

Solo Vermelho: Predomínio de quartzo


hialino (ora milonitizados, ora
subarredondados, alguns corroídos); em
V torno de 5% de concreções argilo-
ferruginosas; ~1% feldspato caulinizado;
100 µm 100 µm 20 µm traços de hidromica e estaurolita.

Solo Vermelho-Amarelo: Predomínio de


quartzo hialino (fragmentos bem
angulosos) com inclusões de óxido de
ferro hialino (milonitizado, corroído);
VA raros grãos de granada almandita,
turmalina, concreções argilosas (cor
100 µm 100 µm 20 µm creme) e argilo-ferruginosas; traços de
feldspato caulinizado, ilmenita e raras
lâminas de hidromica.

Solo Amarelo: Predomínio de quartzo


hialino (ora milonitizados, ora
subarredondados, alguns corroídos); <1%
A de concreções argilo-ferruginosas; <1%
100 µm feldspato caulinizado; traços de hidromica
100 µm 20 µm e estaurolita.
289

d=7.13
d=3.56
EG

540°

d=7.13
Ct

d=3.56

d=4.13
ST

AN
40

35

30

25

20

15

10

0
CuKα - 2 θ

Figura 3-20 Difratogramas de lâminas orientadas da camada R e submetidas a diferentes


tratamentos: NA – amostra natural; Lâminas orientadas: ST – sem tratamento, 540° -
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tratamento por aquecimento à 540°C, EG – tratamento com glicolagem (etilenoglicol).

V
d = 7.13
d = 3.56
d = 2.35

EG

540°
d = 7.13
d = 3.56

Ct

ST

AN
40

35

30

25

20

15

10

CuKα - 2 θ

Figura 3-21 Difratogramas de lâminas orientadas da camada V e submetidas a diferentes


tratamentos: NA – amostra natural; Lâminas orientadas: ST – sem tratamento, 540° -
tratamento por aquecimento à 540°C, EG – tratamento com glicolagem (etilenoglicol).
290

VA

d = 7.13
d = 3.56

d=13.39
?
d = 2.35

EG

d = 3.56
540°

d = 3.56

d = 7.13
Ct

ST

AN
40

35

30

25

20

15

10

0
CuKα - 2 θ

Figura 3-22 Difratogramas de lâminas orientadas da camada VA e submetidas a


diferentes tratamentos: NA – amostra natural; Lâminas orientadas: ST – sem tratamento,
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aquecimento à 540°C, EG – tratamento com glicolagem (etilenoglicol).

A
d = 3.56

d = 7.13
d = 2.35

EG
d = 3.64

d = 4.13

540°
d = 7.13

ST
d = 4.13

AN
40

35

30

25

20

15

10

CuKα - 2 θ

Figura 3-23 Difratogramas de lâminas orientadas da camada A e submetidas a diferentes


tratamentos: NA – amostra natural; Lâminas orientadas: ST – sem tratamento, 540° -
tratamento por aquecimento à 540°C, EG – tratamento com glicolagem (etilenoglicol).
291

3.3.7. Parâmetros Hidráulicos

Neste subitem são apresentados os parâmetros hidráulicos obtidos através


do conjunto de ensaios descrito no subitem 3.2, determinados visando subsidiar a
modelagem dos fluxos d’água em superfície e em subsuperfície. Primeiramente
são apresentados os resultados de permeabilidade saturada obtidos segundo as
diferentes metodologias, bem como um valor final estipulado para as diferentes
camadas de solo avaliadas.
A curva de retenção de umidade é apresentada posteriormente, sendo
discutidos os resultados das análises pelos métodos do papel filtro, porosimetria
por injeção de mercúrio, bem como e interpretação destes dados por meio de
modelos de ajuste.

3.3.7.1. Determinação da Permeabilidade Saturada [Ksat]


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Conforme já explicado, na determinação da permeabilidade saturada das


diferentes camadas de solo avaliadas foram utilizados basicamente três métodos:
 Permeâmetro de Guelph – em campo;
 Permeâmetro de Carga Constante (Parede Flexível) – em
laboratório;
 Condutividade Hidráulica (Embrapa, 1997) – em laboratório.
Os resultados destes ensaios encontram-se sintetizado na Tabela 3-15 a
seguir:
Tabela 3-15 Valores de Ksat obtidos a partir de diferentes ensaios de permeabilidade para
as camadas de solo avaliadas (valores em cm/s).

Camada Ksat Ksat Carga “B” Ksat


Guelph Constante (%) EMBRAPA
VE 1.467E-5 6.600E-08 96 1.00E-05

R 6.126E-6 2.700E-07 98 xxx

V 5.725E-4 6.800E-05 98 xxx

VA 1.141E-5 5.400E-05 100 1.93E-04

A 4.897E-5 1.200E-04 97 5.67E-04

Observa-se com base nos resultados da tabela acima que a metodologia


adotada pela EMBRAPA para determinação de Ksat, através da imposição de uma
292

carga hidráulica constante de 1.0 cm, conforme já descrito no subitem 3.2, não é
aplicável em análises destes tipos de materiais, uma vez que não foi possível
determinar a permeabilidade nas camadas R e V. Os resultados semelhantes
obtidos nos ensaios de Guelph e nos da EMBRAPA para o solo VE indicam certa
concordância entre os resultados, o que não ocorreu, entretanto para as camadas
VA e A.

O comportamento do solo VE quando submetido ao ensaio de carga


constante, com um Ksat três ordens de grandeza abaixo dos valores estimados
através dos demais métodos, indica que neste material ocorra possíveis efeitos de
borda (no caso dos anéis de Uhland utilizados nos ensaios pelo método da
EMBRAPA) e também de planos de infiltração preferenciais na macroestrutura
laminar (principalmente no caso do ensaio de Guelph), interferindo na obtenção
da permeabilidade.
O menor valor de permeabilidade encontrado para a camada R em relação
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à camada VE é ainda uma incógnita que deve ser investigada mediante um maior
número de ensaios de campo e laboratório, uma vez que os resultados dos ensaios
obtidos até o momento não permitem avançar no assunto.

3.3.7.2. Curva de Retenção de Umidade

A seguir são apresentados os dados obtidos com os resultados das


avaliações da retenção de umidade dos solos pelo método do papel filtro. Para as
camadas VE e R foram realizadas quatro séries, sendo as três primeiras compostas
por 10 anéis e a quarta por quatro anéis. Para as camadas V e A foram realizadas
três séries de 10 anéis cada, sendo que no solo V uma destas foi desconsiderada
tendo em vista a inconsistência dos dados. Para o solo VA foram realizadas duas
séries de ensaios compostas de 10 anéis cada uma.
Conforme já mencionado, devido ao fato de que, principalmente para as
camadas VE e R, não possível atingir níveis de saturação elevada nos corpos de
prova utilizando-se a metodologia padrão de adição de água por gotejamento, foi
também utilizada uma metodologia visando uma maior saturação das amostras,
mediante um processo de imersão explicado no subitem 3.2..
Os resultados destas análises foram incluídos em todo o conjunto de dados
referentes às análises de papel filtro apresentados até o momento, porém, visando
293

complementar estas avaliações, a Tabela 3-16 apresenta os valores obtidos para a


deformação vertical (εv) dos corpos de prova, medida conforme explicado
anteriormente.
Tabela 3-16 Deformações verticais ocorridas nos anéis submetidos à saturação pelo
método de imersão e seus respectivos índices físicos antes e depois dos ensaios.

Vol. (cm3)

ρd (g/cm3)
ρt (g/cm3)
Camada

S w
Estágio

θ
Ф (cm)

εv (%)
h (cm)
t (h)

e n
(%) (%) (%)

0 4.74 2.04 35.98 0.0 2.00 1.633 0.671 0.402 36.6 91.2 22.4
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.99 1.643 0.661 0.398 34.8 87.4 21.1
Antes

0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.94 1.594 0.712 0.416 34.9 84.1 21.9
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.89 1.548 0.763 0.433 33.9 78.5 21.9
VE
4 4.74 2.39 42.17 17.2 1.79 1.340 1.036 0.509 44.7 88.0 33.4
Depois

8 4.74 2.39 42.17 17.2 1.83 1.355 1.013 0.503 47.0 93.4 34.6
12 4.74 2.44 43.06 19.6 1.75 1.316 1.073 0.518 43.5 84.1 33.0
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24 4.74 2.44 43.06 19.7 1.71 1.279 1.134 0.531 43.2 81.4 33.8
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.99 1.663 0.609 0.378 32.6 86.2 19.6
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.93 1.625 0.646 0.392 30.4 77.6 18.7
Antes

0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.93 1.546 0.730 0.422 38.5 91.2 24.9
0 4.74 2.04 35.98 0.0 1.95 1.744 0.534 0.348 20.0 57.7 11.5
R
4 4.74 2.34 41.27 14.7 1.89 1.440 0.857 0.462 44.6 96.8 31.0
Depois

8 4.74 2.34 41.27 14.7 1.87 1.425 0.877 0.467 44.5 95.2 31.2
12 4.74 2.44 43.03 19.6 1.81 1.329 1.013 0.503 47.9 95.2 36.0
24 4.74 2.59 45.68 30.0 1.72 1.320 1.027 0.507 39.6 78.2 30.0

Apesar dos resultados referentes à expansão vertical das amostras, obtidos


nestas avaliações, possivelmente indicarem a existência de material expansivo
(com argilominerais do grupo 2:1), sua presença ainda não foi confirmada nestes
materiais conforme já foi discutido.
Independentemente, estes resultados serviram como uma boa base para
determinação do ramo mais saturado da curva de retenção, referente aos menores
valores de sucção dos solos.
No que diz respeito às curvas de retenção de umidade, as Figura 3-24 e
Figura 3-25 apresentam os resultados referentes aos ensaios pelo método do papel
filtro para os diferentes materiais ensaiados.
294

VE R
100 100

90 90

80 80
Grau de Saturação (%)

Grau de Saturação (%)


70 70

60 60

50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0
0
1 10 100 1000 10000 100000
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

V VA
100 100
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)

Grau de Saturação (%)


70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

A 100.00
100
90.00
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90
Grau de Saturação (%)

80.00
80
Grau de Saturação (%)

70.00
70
60.00
60
50.00
50
40.00
40
30 30.00

20 20.00

10 10.00

0 0.00
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

Figura 3-24 Pontos experimentais relacionando a sucção dos solos com os graus de
saturação para as diferentes camadas, obtidos pelo método do papel filtro.
Observando-se os gráficos acima é possível constatar que para as camadas
VE e R foi possível atingir uma maior grau de saturação, próximo a 100%, o que
não foi possível nos outros materiais provavelmente devido ao fato de não ter sido
utilizado para os mesmos a metodologia alternativa proposta para saturação destes
materiais por imersão em água. Nota-se ainda que nas camadas V e A foi possível
atingir um grau de saturação em torno de 90%, e na camada VA atingiu-se um
máximo de 70%.
295

VE R
45 50

Umidade Volumétrica (%) 40 45


40

Umidade Volumétrica (%)


35
35
30
30
25
25
20
20
15
15
10 10
5 5
0 0
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

V VA
40 30

35
25
Umidade Volumétrica (%)

Umidade Volumétrica (%)


30
20
25

20 15

15
10
10
5
5

0 0
0 1 10 100 1000 10000 100000 0 1 10 100 1000 10000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

A 50
40
45
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Umidade Volumétrica (%)

35
40
Umidade Volumétrica (%)

30 35

25 30

25
20
20
15
15
10
10
5 5

0 0
0 1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

Figura 3-25 Pontos experimentais relacionando a sucção dos solos com os teores de
umidade volumétricos para as diferentes camadas, obtidos pelo método do papel filtro.
Os maiores valores de teores de umidade volumétrica para S = 1 (θs) foram
encontrados para a camada R (45%), seguida de VE (40%), V e A (≈ 37.5%) e
VA (28%). Observa-se que os resultados proporcionados pela Figura 3-24
mostraram uma melhor visualização do fenômeno descrito pela curva de retenção
de umidade. Por isso, a partir destes gráficos os resultados de retenção são todos
discutidos em termos de grau de saturação, exceto na Figura 3-26 a seguir, onde
visando avaliar as variações ocorridas no índice de vazios dos corpos de prova
durante os ensaios, foram também gerados gráficos com a sua variabilidade em
função do teor de umidade gravimétrico.
296

1.05 0.90
1.00
0.85
0.95
0.80
0.90
0.85 0.75
Índice de Vazios

Índice de Vazios
0.80 0.70
0.75
0.65
0.70
0.65 0.60
0.60 0.55
0.55
0.50
0.50
0.45 0.45
0.40 0.40
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Teor de Umidade (%) Teor de Umidade (%)

0.75 0.90
0.85
0.70
0.80
0.65
0.75
Índice de Vazios

Índice de Vazios
0.60 0.70
0.65
0.55
0.60
0.50
0.55
0.45 0.50
0.45
0.40
0.40
0.35
0.35
0.30 0.30
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Teor de Umidade (%) Teor de Umidade (%)

1.10 1.10
1.05
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1.00 1.00
0.95
0.90 0.90
0.85
Índice de Vazios

Índice de Vazios

0.80 0.80
0.75
0.70 0.70
0.65
0.60 0.60
0.55
0.50 0.50
0.45
0.40 0.40
0.35
0.30 0.30
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Teor de Umidade (%) Teor de Umidade (%)

Figura 3-26 Variabilidade dos índices de vazios em função dos teores de umidade
gravimétricos obtidos durante os ensaios pelo método do papel filtro para as diferentes
camadas de solo.
Os resultados mostraram uma tendência à diminuição dos índices de vazios
para os menores valores de umidade gravimétrica e maiores sucções, apesar de se
observar uma grande dispersão nos resultados não permitindo a definição de um
limite de contração para estes materiais. Resultados similares foram encontrados
por Boszczowski (2008) estudando um perfil de alteração de granito-gnaisse em
Curitiba. Observa-se que este comportamento pode ser resultado de dificuldades
de determinação exata das dimensões dos corpos de prova, possivelmente em
função de heterogeneidades nos mesmos, o que parece ainda mais provável
observando-se o fato de que os maiores valores de dispersão dos resultados foram
obtidos para a camada VA, que apresenta justamente um percentual maior de areia
grossa e pedregulhos em relação às demais camadas. Além disso, a própria
dimensão reduzida dos corpos induz a estes tipos de problemas.
297

3.3.7.2.1. Porosimetria por Injeção de Mercúrio

Tendo sido apresentados os dados experimentais referentes aos resultados


das análises pelo método do papel filtro, a seguir são apresentados os resultados
das análises dos espaços porais dos solos mediante os ensaios de porosimetria por
injeção de mercúrio.
Primeiramente, na Figura 3-27 e na Tabela 3-17, são apresentados dados
referentes à distribuição dos diâmetros de poros em termos percentuais, bem como
a classificação da sua distribuição mediante as três metodologias comentadas no
subitem 3.2. (IUPAC, 1982, Delage et al, 1996; Martinez, 2003).

100

90
A R VE V VA

80

70
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Porcentagem (%)

60

50

40

30

20

10

0
0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro do Poro (µm)

Figura 3-27 Distribuição acumulativa dos diâmetros de poros para as diferentes camadas
de solo avaliadas.
298

Tabela 3-17 Distribuição percentual das classes de diâmetros de poros de acordo com
diferentes propostas de classificação.

Delage et al.
Tamanho Martinez IUPAC
Camada (1996, apud.
do Poro (2003) (1982)
Martinez, 2003).
Macroporos 2.2 0.5 21.0
VE Mesoporos 4.1 0.5 xxx
Microporos 93.8 99.0 79.0
Macroporos 1.7 0.4 0.8
R Mesoporos 3.4 0.3 xxx
Microporos 94.8 99.2 99.2
Macroporos 13.1 2.0 10.3
V Mesoporos 3.6 87.3 xxx
Microporos 83.3 89.8 89.7
Macroporos 35.3 13.8 32.4
VA Mesoporos 1.3 21.5 xxx
Microporos 63.3 64.7 67.6
Macroporos 37.6 3.9 21.7
A Mesoporos 18.7 33.7 xxx
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Microporos 43.7 62.4 78.3


Os dados mostram que da IUPAC (1982) é a melhor opção tendo em vista que
este é o sistema de classificação onde se propõe os menores tamanhos para a
classe de microporos (Ф < 0.2 µm). Para visualizar melhor estes resultados é
apresentado um histograma com as freqüências de cada uma das classes de poros,
segundo o critério adotado por IUPAC, para as diferentes camadas de solo
avaliadas (Figura 3-28).

Macroporos (%)
100 93.76 94.82
Mesoporos (%)
83.33 Microporos (%)
80
Porcentagem (%)

63.33
60

43.66
37.62
40 35.32

18.72
20 13.08

2.19 4.05 1.74 3.44 3.58 1.35


0
VE R VE VA A

Figura 3-28 Histograma com a distribuição percentual das diferentes classes de


poros segundo IUPAC (1982) para as diferentes camadas de solo.
299

Observa-se no histograma que os microporos são predominantes em todas


as camadas, exceto em A, onde as porcentagens são mais bem distribuídas
havendo um maior percentual de macroporos em relação aos demais. O percentual
de macroporos tendeu a aumentar seguindo a seguinte tendência: VE – R – V –
VA – A. Em VA apesar de existir mais ou menos a mesma proporção de
macroporos, o percentual referente aos mesoporos é bem menor que em A. Nas
demais camadas a classe dos microporos domina o espaço poral, ocorrendo
quantidades insignificantes relativas aos demais tamanhos.
Tendo sido avaliada a questão dos percentuais referentes às diferentes
classes de poros partiu-se para uma avaliação da distribuição dos tamanhos de
poros objetivando avaliar os tamanhos de poros predominantes em cada camada.
Os resultados, referentes a esta distribuição, encontram-se dispostos em gráficos
dv/dlogD x diâmetro dos poros na Figura 3-29.
Nas camadas VE e R constatam-se a presença de um pico bem definido,
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correspondente à microporos com em torno de 0.05 µm. Nos demais solos


constatam-se a existência de dois picos bem definidos: em V o primeiro pico
ocorre para poros de 0.1 µm, e nos 11 µm; em VA o primeiro pico ocorre em 0.5
µm e o segundo entre 20 e 98 µm; em A ocorrem picos nos 0.1 µm e 30 µm.
Observa-se assim a presença de dois tipos de comportamentos nitidamente
diferentes nos materiais do talude: as camadas VE e R apresentam um
comportamento unimodal enquanto as demais parecem possuir comportamentos
bimodais, o que é constatado observando-se a ocorrência de predomínio de dois
tamanhos de diâmetros de poros diferentes predominando na estrutura dos solos.
300

VE R
0.50 0.45
0.45 0.40
0.40 0.35
0.35
0.30
dV/dlogD

dV/dlogD
0.30
0.25
0.25
0.20
0.20
0.15
0.15
0.10 0.10

0.05 0.05
0.00 0.00
0.00

0.01

0.10

1.00

10.00

100.00

1000.00

0.00

0.01

0.10

1.00

10.00

100.00

1000.00
Diâmetro do Poro Diâmetro do Poro

V VA
0.30 0.25

0.25
0.20

0.20
dV/dlogD

dV/dlogD
0.15
0.15
0.10
0.10

0.05
0.05

0.00 0.00
0.00

0.01

0.10

1.00

10.00

100.00

1000.00

0.00

0.01

0.10

1.00

10.00

100.00

1000.00
Diâmetro do Poro Diâmetro do Poro

A
0.14
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0.12

0.10
dV/dlogD

0.08

0.06

0.04

0.02

0.00
0.00

0.01

0.10

1.00

10.00

100.00

1000.00

Diâmetro do Poro

Figura 3-29 distribuição dos diâmetros dos poros para as diferentes camadas de solo
avaliadas.

A seguir, a Figura 3-30 mostra as curvas de retenção de umidade para as


diferentes camadas de solo, ajustadas através de ensaios de porosimetria por
injeção de mercúrio, confrontadas com pontos experimentais obtidos pelo método
do papel filtro. O último quadro mostra uma análise comparativa de todas as
curvas de retenção ajustadas por porosimetria.
301

VE R
100 100
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)

Grau de Saturação (%)


70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

V VA
100 100
90 90
80 80
Grau de Saturação (%)

Grau de Saturação (%)


70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

A
100
90
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80
Grau de Saturação (%)

70
60
50
40
30
20
10
0
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)

Figura 3-30 Curvas de retenção de umidade ajustadas através de ensaios de


porosimetria por injeção de mercúrio e pontos experimentais pelo método do papel filtro.
Observando-se os gráficos pode-se notar um comportamento unimodal
para as curvas referentes às camadas VE e R e bimodal para as demais camadas.
Especificamente em V observa-se um comportamento perto do unimodal, porém o
valor de S parece sofrer uma primeira rápida queda, referente provavelmente a um
primeiro valor de entrada de ar, seguido por um segundo aos 2000 kPa.
Se analisados comparativamente em relação aos dados do papel filtro,
observa-se que as curvas obtidas nos ensaios por porosimetria aparecem um pouco
deslocadas para a direita em relação aos pontos experimentais. Moncada (2008)
encontrou comportamento semelhante estudando solos residuais de filito, e
considerou como justifica provável para tal a necessidade de secamento das
amostras de solo em estufa previamente à execução dos ensaios por porosimetria,
podendo induzir a uma redução dos tamanhos dos poros (sem, entretanto, alterar a
forma e distribuição dos mesmos).
302

3.3.7.2.2. Ajustes pelo Modelo de Van Genüchten

Tendo sido determinado o comportamento geral de cada uma das camadas


de solo através dos ensaios de papel filtro e porosimetria por injeção de mercúrio,
foi possível estabelecer uma referência para o ajuste das curvas de retenção de
umidade mediante a utilização do modelo proposto por van Genüchten (1980),
conforme abordado no subitem 3.2.. Assim, na Figura 3-31 são apresentados os
ajustes obtido para as camadas VE e R, sendo que os parâmetros referentes à
equação de van Genüchten são apresentados na Tabela 3-18 a seguir.
VE R
100 100

90 90
Grau de Saturação (%)

80 80

Grau de Saturação (%)


70 70

60 60

50 50

40 40

30 30

20 20

10 10

0 0
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA

1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000


Sucção (kPa) Sucção (kPa)

Figura 3-31 Curvas de retenção de umidade [unimodal] das camadas VE e R ajustadas


através do modelo de van Genüchten (1980).
Para a apresentação dos parâmetros de ajuste são mostrados os parâmetros
relacionados na Equação 3-10 (a, m, n). O parâmetro a representa o valor de
entrada de ar (em kPa), sendo o parâmetro m relacionado ao grau de saturação
residual e o parâmetro n relacionado à inclinação da curva. Estes valores são
seguidos na tabela pelos valores grau de saturação e umidade volumétrica
correspondentes ao valor de entrada de ar e a sucção residual, assim como os
valores de grau de saturação e umidades volumétricas correspondentes.
Tabela 3-18 Parâmetros de ajuste referentes à equação de van Genüchten para as
curvas de retenção das camadas VE e R.

R² a [ψar (kPa)] m n S ar θ ar Ψres (kPa) S res θ res


VE 0.64 3000 0.10 12 0.90 0.39 27000 0.10 0.04
R 0.63 3000 0.10 13 0.97 0.40 30000 0.10 0.04
Os resultados mostram que as duas curvas são bastante semelhantes,
diferindo somente nos valores de ψar, um pouco menores para a camada VE. As
correlações obtidas nestes ajustes foram muito baixas, o que se relaciona à grande
dispersão dos resultados das análises pelo método do papel filtro obtidos para
estes materiais. Independente dos coeficientes de correlação inadequados em
303

termos de ajustes observa-se que as curvas parecem expressar de forma geral


corretamente o fenômeno que se pretende descrever.
A seguir são apresentados os ajustes obtidos para a camada V. Devido ao
comportamento possivelmente bimodal, conforme indicado nas análises de
porosimetria por injeção de mercúrio, são apresentadas duas curvas de retenção,
uma bimodal e outra unimodal na Figura 3-32.
V V
100 100

90 90

80 80
Grau de Saturação (%)

Grau de Saturação (%)


70 70

60 60

50 50

40 40

30 30

20 20
10 10
0 0
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

Figura 3-32 Ajustes para curvas de retenção unimodais e bimodais para a camada V
pelo modelo de van Genüchten.
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Uma vez que se optou pela curva bimodal para caracterização desta camada,
os parâmetros de ajuste, referentes à equação de van Genüchten são também
apresentados na Tabela 3-19.
Tabela 3-19 Parâmetros de ajuste referentes à equação de van Genüchten para a curva
de retenção bimodal da camada V.

a [ψar Ψres
V R² m n S ar θ ar S res θ res
(kPa)] (kPa)
< 250 kPa 25 0.02 28 0.90 0.31 200 0.70 0.24
0.42
≥ 250 kPa 1500 0.09 12 0.70 0.24 20000 0.03 0.01
Com o ajuste bimodal, têm-se para esta curva de retenção um primeiro valor
de entrada de ar aos 200 kPa e outro aos 20000 kPa. O coeficiente de correlação
obtido para este ajuste como um todo foi muito baixo (R² = 0.42) devido à
existência de grande dispersão nos resultados experimentais pelo método do papel
filtro. O valor de n utilizado no ajuste para o primeiro trecho (28) pode ser
considerado bastante elevado, o que foi necessário para que a geometria da curva
apontasse para valores de sucção residual adequados. Deve-se enfatizar que
durante os ajustes, dependendo dos resultados experimentais, estes parâmetros
podem perder seu “sentido físico”, passando somente a simples variáveis de
ajuste.
A seguir são apresentados na Figura 3-33 as curvas de retenção obtidas
através dos ajustes pelo modelo de van Genüchten para a camada A. Devido ao
304

comportamento também possivelmente bimodal, conforme indicado nas análises


de porosimetria por injeção de mercúrio, são apresentadas duas curvas de
retenção, uma bimodal e outra unimodal.
A A
100 100

90 90

80 80

Grau de Saturação (%)


Grau de Saturação (%)

70 70

60 60

50 50

40 40

30 30

20 20

10 10

0 0
1 10 100 1000 10000 100000 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa) Sucção (kPa)

Figura 3-33 Curvas de retenção de umidade [unimodal e bimodal] da camada A de


ajustadas através do modelo de van Genüchten (1980).

Ambos os ajustes parecem representar de forma razoável a curva de


retenção para os pontos experimentais existentes, entretanto, uma vez que os
resultados da porosimetria apontaram para um comportamento bimodal para este
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material, os parâmetros de ajuste da curva bimodal, que foi selecionada com


representativa deste material para os estudos de modelagem, são apresentados na
Tabela 3-20 para os dois ramos da curva de retenção. É apresentado o coeficiente
de correlação por trecho na tabela. O ajuste como um todo apresentou um
coeficiente de correlação de 70.24%, que pode ser considerado de precisão
questionável, o que também aconteceu devido à dispersão dos resultados
experimentais.
Tabela 3-20 Parâmetros de ajuste referentes à equação de van Genüchten para a curva
de retenção bimodal da camada A.

A
a [ψar (kPa)] m R²
n S ar θ ar Ψres (kPa) S res θ res
< 75 kPa 200 2.40 1.50 0.92 0.38 75.8 0.56 0.23
0.70
≥ 75 kPa 2800 0.80 1.50 0.56 0.23 30000 0.04 0.02
Analisando os coeficientes de correlação referentes a cada um dos trechos
da curva observa-se que no primeiro trecho, próximo à saturação, foi obtido um
coeficiente de correlação mais razoável (95.98%). Também se observa que o
valor de m encontrado no primeiro trecho foi muito elevado (2.40). Na Figura 3-34
é apresentado o ajuste obtido para a camada VA:
305

VA
100

90

80

Grau de Saturação (%)


70

60

50

40

30

20

10

0
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)

Figura 3-34 Curvas de retenção de umidade [bimodal] da camada VA ajustada através


do modelo de van Genüchten (1980) utilizando-se dois conjuntos de parâmetros de
ajuste.
O coeficiente de correlação encontrado para este ajuste foi de 82.45%, que é
um dos melhores obtidos para os resultados experimentais ajustados para as
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diferentes camadas de solo. Os parâmetros referentes à equação de van Genüchten


são apresentados na Tabela 3-21, estando apresentados para cada um dos trechos
da curva de retenção considerada.
Tabela 3-21 Parâmetros de ajuste referentes à equação de van Genüchten para a curva
de retenção bimodal da camada VA.

VA R² a [ψar (kPa)] m n S ar θ ar Ψres (kPa) S res θ res


< 100 kPa 20 1.90E-2 15 0.68 0.26 42.98 0.45 0.17
0.82
≥ 100 kPa 3000 0.16 6 0.45 0.17 16000 0.15 0.06
Os resultados indicam uma primeira entrada de ar próximo aos 20 kPa e
outra somente aos 3000 kPa, sendo que o ajuste obtido para o trecho mais úmido
pode ser considerado insuficiente para o ajuste dos pontos experimentais.
Assim, de uma maneira geral, observando-se os ajustes obtidos pelo
modelo de van Genüchten, tanto para os casos de curvas unimodais quanto
bimodais, mostraram que a dispersão dos resultados experimentais foi o principal
obstáculo ao ajuste dos dados. Para as curvas unimodais os coeficientes de
correlação foram muito baixos, enquanto em alguns casos os resultados finais
obtidos para os ajustes bimodais apresentaram maiores coeficiente de correlação,
como no caso da camada VA, onde este valor foi de 82.45% e no primeiro trecho
da camada A (que apresentou R² = 95.98%).
Os parâmetros de ajuste utilizados, relacionados aos valores de entrada de
ar, umidade residual e saturada, além da inclinação da curva, em alguns casos,
306

perderam significado físico no decorrer das interações entre os dados, passando à


simples termos de ajuste. Isto ocorreu principalmente para os ajustes bimodais,
quando se procura ajustar os maiores valores de grau de saturação no primeiro
trecho da curva de retenção.

3.3.7.3. Sumário de Parâmetros Hidráulicos

Visando facilitar a interpretação dos resultados, a Tabela 3-22 a seguir


sumariza todos os parâmetros hidráulicos determinados nesta tese para as
diferentes camadas de solo avaliadas, sendo apresentados os dados de índices de
vazios e porosidade, Ksat, curva de retenção de umidade, parâmetros de ajuste e
valores de entrada de ar e sucção residual.
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Tabela 3-22 Sumário de parâmetros hidráulicos das diferentes camadas de solo avaliadas importantes para modelagem de fluxos em meios porosos.

Resumo de Parâmetros Hidráulicos


Camada

Curva de Retenção de Umidade


(n) Ksat
Parâmetros de Ajuste do Modelo de van Genüchten (1980)

Sucção a Ψres
Guelph Carga Cte [Ksat] R² m n S ar θ ar S res θ res
(kPa) [ψar (kPa)] (kPa)

VE 0.43 1.467E-5 6.600E-08 1.0E-7 xxx 0.64 3000 0.10 12.00 0.90 0.39 27000 0.10 0.04

R 0.41 6.126E-6 2.700E-07 2.7E-7 xxx 0.63 3000 0.10 13.00 0.97 0.40 30000 0.10 0.04
< 250 25 0.02 28.00 0.90 0.31 200 0.70 0.24
V 0.34 5.725E-4 6.800E-05 6.0E-5 0.42
≥ 250 1500 0.09 12.00 0.70 0.24 20000 0.03 0.01
< 100 20 1.90E-2 15.00 0.68 0.26 42.98 0.45 0.17
VA 0.38 1.141E-5 5.400E-05 3.0E-5 0.82
≥ 100 3000 0.16 6.00 0.45 0.17 16000 0.15 0.06
< 75 200 2.40 1.50 0.92 0.38 75.8 0.56 0.23
A 0.41 4.897E-5 1.200E-04 4.0E-5 0.70
≥ 75 2800 0.80 1.50 0.56 0.23 30000 0.04 0.02
308

3.4. Avaliação do Potencial de Erosão

Ao longo dos anos diversas propostas para avaliar o potencial de erosão dos
solos8 foram apresentadas: algumas buscando previsões para taludes através de
ensaios com parcelas de erosão, ou com ensaios de desagregação (Volk, 1937),
dispersividade (Emerson, 1967), Inderbitzen, Pinhole, (Sherard et al, 1976) etc.
Em outros casos, avaliações da erodibilidade9 foram efetuadas por meio de
correlações entre características dos solos, uma vez que a mesma é expressão de
seus atributos mineralógicos, químicos, morfológicos e físicos como um todo
dentro de uma interação bastante complexa.
A estimativa de valores de erodibilidade, assim como a determinação do
peso deste parâmetro no conjunto do fenômeno erosivo, no tempo e no espaço, em
processos laminares ou de escoamento concentrado, pode ser considerada neste
contexto atualmente um dos maiores desafios em relação ao entendimento dos
mecanismos de erosão dos solos em taludes e encostas.
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De acordo com Bryan et al (1989), atualmente o problema maior é a


aplicabilidade deste termo no contexto dos problemas e modelos atualmente
utilizados para avaliação de processos erosivos. Um caso típico é o WEPP, que
conforme já dito no Capítulo II é bastante utilizado atualmente, onde que as a
taxas de erosão estão subdivididas em processos entressulcos e em sucos, fazendo
com que no modelo tenha sido necessária a determinação de dois parâmetros de
erodibilidade, um representativo da erosão entressulcos e outro referente à erosão
em sulcos, conforme proposto pela equação de Albert’s et al (1995).
Devido à grande heterogeneidade de comportamento dos solos tropicais em
face ao processo erosivo, mesmo modelos propostos para solos tropicais
existentes na literatura internacional não se mostraram satisfatórios para solos

8
Ao longo desta tese o termo potencial de erosão dos solos será utilizado para
referir-se à resistência dos solos à erosão (erodibilidade) dos mesmos em um sentido
amplo, isto é desconsiderando as limitações conceituais impostas pela adoção do termo
“erodibilidade”. Tal abordagem foi também utilizada por Araújo (2000) para o estudo de
solos da Formação Barreiras.
9
Erodibilidade: suscetibilidade de um solo à erosão (Araújo e Guerra, 2008); é
uma expressão da resistência dos solos à erosão hídrica, reflexo de atributos
mineralógicos, micromorfológicos, químicos, físicos, hidromecânicos e biológicos. Não
existe um índice universalmente aceito.
309

brasileiros (Naves Silva, 1997). A hierarquia de erodibilidade baseada no Sistema


Unificado de Classificação Integrado de Solos – SUCS é bastante simples (do
mais erodível para o menos) (Gray & Leiser, 1982):
ML > SM > SC > MH > OL > CL > CH > GM > SW > GP > GW
De acordo com a hierarquia proposta acima teríamos em ordem a
erodibilidade das camadas de solo presentes no perfil estratigráfico do talude (do
mais erodível para o menos):
A = VA = V > VE = R
A hierarquia proposta é prática, porém deve-se frisar que esta é uma grande
simplificação. No caso do perfil estratigráfico avaliado não retrata de forma
adequada a erodibilidade dos solos, conforme fica claro em observações de
campo, como mostra a Figura 3-35 e Figura 3-36.

VA
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VE
R
Figura 3-35 Detalhes de processos erosivos atuantes em diferentes camadas do perfil.
310

A
R
R VE
A
V

VA
V

VE
R
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Figura 3-36 Detalhes dos processos erosivos atuantes nas diferentes camadas do perfil.
Observa-se que as camadas que aparentam possuir maior erodibilidade são
justamente as mais argilosas, ao contrário do encontrado em diversas propostas de
classificação de solos como a baseada no sistema SUCS comentada acima.
Isto ocorre provavelmente, pois, assim como no sistema SUCS, esta
classificação é feita com base no Limites de Atterberg, obtidos em ensaios com
amostras amolgadas, isto é, não se analisa o comportamento do solo no estado
indeformado, onde todo um conjunto de variáveis interage em relação à
erodibilidade.
Uma vez que foram conduzidos ensaios específicos de erodibilidade
(desagregabilidade e dispersividade), estes foram utilizados como ponto de partida
para as demais avaliações.
311

3.4.1. Ensaios de Erodibilidade

Em termos de métodos diretos para avaliação da erodibilidade dos solos


foram conduzidos dois ensaios tipos de ensaios: ensaio de dispersividade (crumb
test) e ensaio de desagregação. As metodologias destes ensaios seguidas de seus
resultados são descritas nos subitens a seguir:

3.4.1.1. Desagregação

No ensaio de desagregação a erodibilidade de um solo é medida a partir de


observações do seu comportamento em contato com a água. O método tem sido
utilizado em pesquisas no DEC da PUC-Rio envolvendo a caracterização de
propriedades mecânicas e do potencial de erosão de solos (Oliveira, 2006; Brandt,
2005; Ramidan, 2003; Araújo, 2000, entre outros)
Para a realização do ensaio os corpos de prova (moldados com 6 cm de
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lado conforme Figura 3-37) foram colocados sobre papel filtro, com pedra porosa
em uma bandeja plástica nivelada com capacidade volumétrica de
aproximadamente 7litros.

Figura 3-37 Gabarito utilizado para a montagem dos corpos de prova, pedra porosa e
amostra confeccionada.
Em seguida colocou-se água até o nível da altura das bases das amostras por
um período de 30 minutos (Primeira fase). A seguir, o nível da água foi aumentado
sucessivamente para 1/3 (Segunda fase), 2/3 (Terceira fase), até a submersão total
das amostras, mantendo-se entre cada uma destas fases um intervalo de 15
minutos. Após a submersão total, o ensaio prosseguiu por um período de 24 horas
(Quarta fase).
O ensaio foi realizado para as cinco diferentes camadas de solo
simultaneamente, conforme descrito acima, sendo que para cada estágio de
imersão foram anotadas observações para um melhor entendimento de como as
312

amostras se comportavam quando submetidas a um determinado nível d’água


estático.
O conjunto de fotografias obtidas durante os diferentes estágios para os
cinco tipos de solos encontra-se sumarizado no Quadro 3-3 e na Figura 3-38. As
descrições pormenorizadas das observações realizadas simultaneamente para os
diferentes níveis d’água encontram-se nos parágrafos posteriores.

Antes 24 h Depois
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Figura 3-38 Corpos de prova anteriormente e 24 h após o ensaio de desagregação.


Com o nível d’água na base das amostras (primeira fase):
 VE – começou a se desagregar levemente após 10 min em uma aresta;
 R – rachou após 10 min, começando a se desagregar;
 V – permaneceu intacto;
 VA - permaneceu intacto;
 A - permaneceu intacto.
Com o nível d’água à 1/3 da altura das amostras (segunda fase):
 VE – começa a se desagregar comente na base;
313

 R – o corpo de prova se parte em dois pedaços, apresentando ainda forte


processo de desagregação;
 V – desagregação quase nula;
 VA – começa a se desagregar na base, porém mais que as camadas V e A;
 A - desagregação incipiente somente na base.
Com o nível d’água à 2/3 da altura das amostras (terceira fase):
 VE – desagregação intensa até 2/3 da altura do corpo de prova;
 R – forte processo de desagregação nos dois fragmentos restantes;
 V – começa a se desagregar;
 VA – desagregação intensa;
 A – desagregação semelhante à camada VA em uma aresta.
Com o nível d’água na altura das amostras e decorrida uma hora (quarta fase):
 VE – desagregação quase completa;
 R – desagregação quase completa;
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 V – desagregação nas arestas;


 VA – desagregação intensa ao longo de todo o corpo de prova;
 A – desagregação intensa ao longo de todo o corpo de prova.
Com o nível d’água na altura das amostras e decorridas 24 horas:
 VE – desagregação completa;
 R – desagregação completa;
 V – desagregação quase completa;
 VA – desagregação completa;
 A – desagregação quase completa.
O solo VE se apresentou processo avançado de laterização marcado pela
presença da canga, o que deve ter sido o responsável por uma forte cimentação
apresentada pelo mesmo, e em decorrência uma menor desagregabilidade em
relação à camada R.
Por fim, observa-se que os resultados dos ensaios de desagregação
mostram grande concordância com as observações dos fenômenos erosivos em
campo, conforme fica claro na Figura 3-39 onde são confrontadas ambas as
informações.
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Quadro 3-3 Resultados do ensaio de desagregação.

0 min. (água na base dos 30 min (água até o primeiro 45 min. (água até o segundo
Camada 10 min. 25 min. 60 min. (água até o topo). 24 horas.
corpos de prova). terço dos corpos de prova ). terço dos corpos de prova ).

VE

VA

A
315

VE

VE

R
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VA VA

Figura 3-39 Resultados dos ensaios de desagregação comparados com as observações


de feições erosivas em campo.

3.4.1.2. Dispersividade

Para a execução do ensaio de dispersividade (Crumb Test) foi utilizada a


metodologia revisada por Ramidan (2003). De acordo com o autor, este ensaio,
originalmente proposto por Rallings (1966, apud. Sherard et al., 1976), e
modificado por Sherard et al (1976), proporciona uma forma muito simples de
identificação de solos argilosos dispersivos sem a necessidade de requerer um
316

equipamento especial, partindo-se da premissa que argilas dispersivas possuem


preponderância de cátions de sódio dissolvidos na água intersticial, enquanto
argilas resistentes à dispersão possuem comumente cátions de cálcio e magnésio.
No ensaio utilizou-se uma solução de hidróxido de sódio (NaOH), na
concentração de 1 mili-equivalente por litro de solução (isto é 0.01 normal), ou
seja, para 1 litro de solução, foram dissolvidos 0.04 grama de hidróxido de sódio
anidro em um Becker com capacidade para 1000 mL. Após essa fase, foram
colocadas no Becker, amostras dos solos estudados na umidade natural e em
forma de torrões, com diâmetro efetivo entre 6 e 10 mm, durante um intervalo de
tempo de 5 min.
Foram tiradas fotos antes da execução dos ensaios com os torrões intactos,
logo após a imersão e após cinco minutos no Becker. Após a observação das
reações das amostras, verifica-se o resultado obtido de acordo com a interpretação
proposta por Sherard et al. (1976), conforme tabela a seguir:
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Tabela 3-23 Graus de dispersividade segundo (op. cit, 1976).

Os fragmentos poderão se desmanchar,


Nenhuma espalhando-se suavemente pelo fundo do Becker,
GRAU I
Reação sem, no entanto apresentar sinal de turbidez,
causada por partículas coloidais, na suspensão.
Turbidez incipiente ou inexpressiva na solução, na
GRAU II Reação Fraca superfície dos fragmentos. Se a turbidez for
facilmente visível considerar como GRAU III.
Nuvem de colóides (turbidez) facilmente
Reação reconhecível na suspensão, normalmente
GRAU III
Moderada espalhando-se em camadas tênues pelo fundo do
Becker.
A nuvem de colóides cobre quase todo o fundo do
Becker, normalmente como uma fina película. Em
GRAU IV Reação Forte
casos extremos toda a solução do copo se torna
turva.

Os resultados deste ensaio encontram-se sintetizados no Quadro 3-4. Foi


possível observar que as camadas VE e R puderam ser classificadas no Grau I,
não tendo apresentado nenhuma reação, a não ser a concentração de alguns
fragmentos no fundo do Becker, sem, no entanto apresentar qualquer sinal de
turbidez, causada por partículas coloidais, na suspensão. A camada V foi
classificada como Grau III, tendo sido possível observar uma reação moderada,
com a formação de uma nuvem de colóides (turbidez) facilmente reconhecível na
317

suspensão e espalhando-se em camadas tênues pelo fundo do Becker. As camadas


VA e A foram classificadas como Grau IV, apresentando reação forte com a
formação de uma nuvem de colóides cobrindo todo o fundo do Becker e tornando
a solução do copo bastante turva.
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PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421305/CA 318

Quadro 3-4 Resultados dos ensaios de dispersividade.

Solo Grau Fotos

Amostra Antes Depois

VE I

R I

V III

VA IV

A IV
319

3.4.2. Relações entre Erodibilidade e Propriedades dos Solos

Visando simplificar esta apresentação as discussões foram organizadas de


acordo com os diferentes parâmetros avaliados nesta tese, porém ressalta-se que
as análises isoladas não são suficientes para o entendimento dos processos
envolvidos, sendo necessário uma abordagem em conjunto com as outras
propriedades:

Granulometria: A granulometria dos solos tem sido utilizada como um parâmetro


para determinação de sua erodibilidade dentro de diversas vertentes de pesquisa.
No âmbito da geotecnia, estudos realizados por Santos (1953) e Santos e Castro
(1966) levaram à seguinte proposta para um critério de avaliação (Rego, 1978):
Solos de comportamento regular ou bom:
49 % ≤ % que passa # 40 ≤ 96 %;
Ou ainda:
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0.52 < a < 0.92;


Onde:
a = ∑Y/(100*n)
Em que:
Y = porcentagem de grãos que passam nas peneiras 7, 14, 25, 50, 100, 200
(ou correspondentes).
n = número de peneiras (seis)
Na Tabela 3-24 é apresentada a porcentagem que passa na peneira #40 e do
parâmetro “a” para cada um dos solos.
Tabela 3-24 Porcentagem de dispersão das diferentes camadas de solos avaliadas.

Camada % que passa #40 Parâmetro “a”


VE 99.67 0.97
R 99.67 0.97
V 68.52 0.75
VA 36.83 0.51
A 81.61 0.75
Os resultados da avaliação do material passante na peneira #40 indicariam
comportamento bom somente para as camadas VE e R, enquanto o resultado do
parâmetro “a” indicaria maus comportamentos justamente para estas camadas.
320

Assim constata-se que os parâmetros parecem contraditórios,


semelhantemente aos resultados obtidos por Araújo (2000) avaliando solos da
Formação Barreiras no Estado do Rio de Janeiro.
As porcentagens de argila, silte a areia presentes em solos podem ser
também analisadas mediante triângulos texturais, muito difundidos em estudos
pedológicos. Na Figura 3-40 são apresentados os solos em estudo, junto a outros
solos relatados na literatura (Fonseca e Ferreira, 1981; Fácio, 1991; Santos, 1997;
Lima, 1999; Araújo, 2000), estes últimos relacionados às condições de erosão
descritas pelos respectivos autores.

100 0

80 20
%)

Sil
60 40
a(

te
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gil

(%
Ar

)
40 60

20 80

0 100

100 80 60 40 20 0
Areia (%)

VE

R Separação proposta por Lima (1999).

VA
Separação proposta por Araújo (2000).
A

Solos muito erodíveis (Fonseca e Ferreira, 1981; Fácio, 1991; Lima, 1999).
Solos pouco erodíveis (Fonseca e Ferreira, 1981; Fácio, 1991; Lima, 1999).
Solos da Formação Barreiras – muito erodíveis (Araújo, 2000).
Solos da Formação Barreiras – pouco erodíveis (Araújo, 2000).
Figura 3-40 Triângulo textural mostrando as camadas de solo estudadas comparadas a
outros dados da literatura referentes à erodibilidade dos solos.
321

Os resultados na literatura parecem indicar uma tendência de concentração


dos solos mais erodíveis na região de mais de 50% de areias e menos de 50% de
argilas, o que não aconteceu para as camadas de solo avaliadas, onda o
comportamento foi praticamente o oposto, com as camadas menos erodíveis
apresentando valores de argila abaixo de 50%.

Grau de Floculação: tem sido considerado parâmetro de grande importância sendo


indicativo do grau de desenvolvimento da estruturação do solo. Assim, tendo sido
concluída a primeira etapa de avaliação da distribuição granulométrica dos solos,
conforme já mencionado no subitem 3.2, foram executados também ensaios sem a
utilização do defloculante, a fim de verificar a influência do meio dispersor na
desagregação dos solos (o material utilizado para confecção dos ensaios com e
sem defloculante foi o mesmo).
Como já dito, este parâmetro é de grande importância em estudos sobre o
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potencial de erosão dos solos. Foram geradas deste modo as curvas


granulométricas para cada camada de solo com e sem o uso do defloculante, que
são apresentadas na Figura 3-41, Figura 3-42, Figura 3-43, Figura 3-44, Figura 3-45 a
seguir.

100
VE 0

90 10

80 20
Porcentagem que passa (%)

Porcentagem retida (%)

70 30

60 40

50 50

40 60

30 70

20 80

10 90

0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3-41 Curvas de distribuição granulométrica obtidas com e sem o uso de


dispersante, para a camada VE.
322

100
R 0

90 10

80 20
Porcentagem que passa (%)

Porcentagem retida (%)


70 30

60 40

50 50

40 60

30 70

20 80

10 90

0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3-42 Curvas de distribuição granulométrica obtidas com e sem o uso de


dispersante, para a camada R.
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100
V 0

90 10

80 20
Porcentagem que passa (%)

Porcentagem retida (%)


70 30

60 40

50 50

40 60

30 70

20 80

10 90

0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3-43 Curvas de distribuição granulométrica obtidas com e sem o uso de


dispersante, para a camada V.
323

100
VA 0

90 10

80 20
Porcentagem que passa (%)

Porcentagem retida (%)


70 30

60 40

50 50

40 60

30 70

20 80

10 90

0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3-44 Curvas de distribuição granulométrica obtidas com e sem o uso de


dispersante, para a camada VA.

100
A 0
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90 10

80 20
Porcentagem que passa (%)

Porcentagem retida (%)


70 30

60 40

50 50

40 60

30 70

20 80

10 90

0 100
0.0001 0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3-45 Curvas de distribuição granulométrica obtidas com e sem o uso de


dispersante, para a camada A.
Observa-se nas curvas granulométricas acima que há uma sensível redução
da fração argila, com consequentemente aumento da fração silte. No solo VE estas
mudanças começam a ocorrer a partir da fração 0.5 mm, no solo R principalmente
a partir da fração 0.1 mm, sendo que nos demais solos as mudanças só começam a
ser percebidas a partir dos 0.01 mm. Além das mudanças ocorridas na fração fina
(silte+argila) existem diferenças marcantes nos resultados das granulometrias das
areias.
324

Visando facilitar a interpretação dos resultados expressos graficamente por


meio de valores percentuais para as frações de solo (inclusive pedregulhos, areia
grossa, média, fina, total, total de finos e whig), a Tabela 3-25 relaciona estes
resultados.
Tabela 3-25 Resultados de análises granulométricas com e sem uso de defloculante.

Areia
Pedregulho
Camada

Total de
Defloc.?

Finos
Silte Argila whig
Grossa Média Fina Total

Com 0.0 0.4 2.9 5.7 9.0 25.1 65.8 90.9 6.53
VE
Sem 0.0 0.4 11.4 8.0 19.8 75.6 4.5 80.1 1.47
Com 0.0 0.8 7.8 16.6 25.2 28.6 46.9 75.5 2.68
R
Sem 0.0 0.2 10.6 19.5 30.3 64.8 4.9 69.7 0.26
Com 2.7 22.5 17.5 10.6 50.6 17.3 29.4 46.7 1.02
V
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Sem 2.7 22.5 15.6 11.0 49.1 44.9 3.4 48.3 0.58
Com 8.8 46.6 11.7 2.8 61.1 9.1 20.9 30.0 3.37
VA
Sem 9.0 47.5 11.9 3.7 63.1 25.9 1.9 27.8 9.41
Com 0.4 10.7 32.5 10.7 53.9 28.8 16.9 45.7 0.47
A
Sem 0.4 10.7 29.1 11.3 51.1 44.5 4.0 48.5 0.20

Verifica-se com base nos resultados expostos nos gráficos acima que a
fração silte sofreu grande alteração (aumento dos percentuais) sem uso de
defloculante, tendo o percentual de argila sido reduzido drasticamente para todas
as camadas (chegando a 61.3% na VE). Como um todo, houve uma manutenção
do percentual referente à fração fina.
Conforme descrito no subitem 3.2, com base nos resultados de análises
granulométricas com e sem a utilização do defloculante foi possível também
determinar o grau de floculação (GF) das argilas nas diferentes camadas, que,
conforme será discutido em maior detalhe no subitem 3.4, possui estreita relação
com o potencial de erosão dos solos. Os valores de grau de floculação de argilas
obtidos para as diferentes camadas de solo estudadas encontram-se na Tabela
3-26:
325

Tabela 3-26 Grau de Floculação das Argilas das diferentes camadas avaliadas.

Camada GF (%)
VE 65.7
R 46.8
V 29.3
VA 20.8
A 16.7

Observa-se que os resultados estão apresentados em ordem decrescente de


cima para baixo, de VE para A. O maior valor de grau de floculação foi
encontrado na camada VE (65.7%) e o menor na camada A (16.7%).
Estes resultados serão confrontados com dados da literatura e ensaios de
erodibilidade destas camadas objetivando estudar aspectos relacionados aos seus
potenciais de erosão no subitem 3.4, uma vez que se considera este parâmetro um
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dos mais importantes na definição da erodibilidade dos solos.


Um parâmetro também relacionado é a Porcentagem de Dispersão, que é
dada por: Porcentagem de Dispersão = % Argila sem Dispersante/ % Argila com
Dispersante. Para este parâmetro a proposta de avaliação de erodibilidade é:
Porcentagem de Dispersão < 20%: Erodibilidade Baixa
20% < Porcentagem de Dispersão < 25%: Erodibilidade Média
25% < Porcentagem de Dispersão < 50%: Erodibilidade Alta
50% < Porcentagem de Dispersão: Erodibilidade Muito Alta
Os valores deste parâmetro, para as diferentes camadas de solo, encontram-
se na Tabela 3-27.
Tabela 3-27 Porcentagem de dispersão das diferentes camadas de solo avaliadas.

% sem % com Porcentagem


Camada
defloc. defloc. de Dispersão
VE 4.5 65.8 6.8
R 4.9 46.9 10.4
V 3.4 29.4 11.6
VA 1.9 20.9 9.1

A 4.0 16.9 23.7

Segundo estes resultados as porcentagens de dispersão para todas as


camadas de solo indicam materiais de baixa erodibilidade, exceto no caso da
326

camada A, que possuiria erodibilidade média, o que não está de acordo com as
observações de campo ou com os resultados de ensaios de erodibilidade
específicos. Resultados semelhantes foram obtidos nas pesquisas efetuadas por
Araújo (2000) também na tentativa de identificar correlações entre a porcentagem
de dispersão de solos da Formação Barreiras e sua erodibilidade. Deste modo,
ambas as pesquisas apontam para o fato de que não se deve levar em conta
somente a dispersividade dos materiais para avaliação de sua erodibilidade.

Limites de Atterberg: de acordo com Bryan (2000), atualmente os índices de


Atterberg podem ser considerados dentre os parâmetros mais representativos da
dinâmica da erodibilidade dos solos, uma vez que estes são índices empíricos que
relacionam o comportamento dos solos como função de seu teor de umidade.
Alguns autores dentro do campo da engenharia geotécnica já estabeleceram
observações entre os limites de Atterberg e aspectos do potencial de erosão dos
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solos. De acordo com os critérios propostos por Santos e Castro (1966), solos com
bom comportamento apresentam LP ≤ 32 % e IP ≤ 17%. Segundo esta
sistematização, das camadas de solo existentes no perfil estratigráfico, todas
apresentam um LP típico de solos de bom comportamento, porém no que diz
respeito aos índices de plasticidade (IP) os valores estão todos bem acima de 20,
exceto para a camada A.
Este índice parece expressar de forma adequada o comportamento das
diferentes camadas de solo constituintes do perfil estratigráfico avaliado, uma vez
que, conforme já relatado anteriormente, tanto nas observações de campo, quanto
nos ensaios de desagregação, esta camada de solo parece menos erodível em
relação às demais.

∆ pH: De acordo com Naves Silva (1997, p. 72), o ∆ pH (que representa a


diferença entre o pH em água e em KCl) corresponde ao sinal e magnitude da
carga superficial do solo, de modo que ∆ pH pequenos encontrados nas diferentes
camadas de solo indicam um solo dominado por minerais com carga variável.
Angulo (apud. Naves Silva, 1997, p.72) observou uma correlação entre o ∆ pH e a
agregação do solo.
327

Cátions: em um estudo sobre os fatores físicos e químicos relacionados com a


agregação de um Latossolo roxo distrófico, Roth et al. (1991) destacaram dentre
parâmetros químicos além do conteúdo de matéria orgânica o teor de Al e Ca
trocável. As camadas que apresentam os maiores teores destes elementos são a VE
e a V, respectivamente (no caso da camada vermelha, a existência de cálcio
coincide com uma menor erodibilidade desta camada relativamente no contexto
do perfil estratigráfico). De acordo com Oades (1984) os cátions normalmente
considerados são: Ca, Mg, Al, e Fe, apesar da ocorrência de outros, em menores
quantidades, como Mn, Zn e Cu. Tomé Jr. (1997) reforça o papel do cátion H. Lal
(1990) afirma que solos com predomínio de cátions divalentes (Ca, Mg++)
possuem uma estrutura mais estável, se comparados a solos com predomínio de
cátions monovalentes (Na+, K+). Para Silva e Mielniczuk (1998), os óxidos de
ferro e manganês são agentes cimentantes de elevada importância na estabilização
de agregados de solos, constituindo deste modo fatores chave no contexto da
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erodibilidade. Deve-se observar que estas considerações são genéricas, e se


referem às classes de solos como um todo, pois o assunto é objeto essencialmente
de investigações no contexto da pedologia. A observação da erodibilidade de
solos em situações específicas demanda a coleta de um grande número de
variáveis, o que faz desta mesma, como já dito, uma propriedade de difícil
estabelecimento e conceituação.

Matéria Orgânica: um dos principais agentes envolvidos no potencial de erosão


dos solos é o conteúdo de matéria orgânica. Em conjunto com os óxidos de ferro e
alumínio (amorfos) a matéria orgânica exerce influência marcante na formação
dos microagregados (principalmente em solos ricos nestes óxidos, como
Latossolos). O mecanismo de combinação dos óxidos de ferro e alumínio com a
matéria orgânica e argilominerais para a formação de microagregados, proposto
por Edwards & Bremner (apud Barreto, 1986) pode ser expresso pela seguinte
fórmula: MA = A – MP – MO (onde MA é o microagregado, formado a partir do
mineral de argila (A), do metal polivalente (ferro ou alumínio amorfo – MP) e da
matéria orgânica (MO)).
Em ciências do solo têm-se estudado a qualidade dos materiais orgânicos
em relação à erodibilidade, principalmente através de análises de estabilidade de
agregados (tradicionalmente com Oades, 1984; recentemente em podem ser
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citados Roth et al, 1991; Grillo et. al, 2001 entre muitos outros) e sobre o papel da
fração leve da matéria orgânica como indicador mais sensível do estado de
degradação dos solos (Madari, 2000).
O percentual de matéria orgânico de um solo pode ser determinado à partir
dos valores de Carbono Orgânico obtidos por análise química. Alternativamente
estes valores podem ser obtidos através de ensaios por perda ao fogo.
Nesta tese, os valores de matéria orgânica das diferentes camadas de solo,
foram todos menores que 1% podendo estes ser desconsiderados anteriormente à
implantação das técnicas de bioengenharia.

3.4.3. Determinação do Parâmetro K da Equação USLE

Conforme já abordado no Capítulo II, uma alternativa para obtenção do


fator de erodibilidade amplamente difundida é a utilização do nomograma de
Wishmeier et al. (1958). O método foi desenvolvido para climas temperados, não
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sendo, portanto, recomendável sua utilização irrestrita para solos tropicais. Assim,
a partir dos resultados da caracterização das diferentes camadas de solo, e a partir
das propostas de determinação do parâmetro K referente à USLE, conforme
descrito no Capítulo II na Tabela 2-26, os parâmetros referentes ao perfil
estratigráfico do talude podem ser sumarizados conforme na Tabela 3-28 a seguir:
Tabela 3-28 Determinação do Fator K da USLE (Wishmeier & Smith, 1958).
% % %
Camada a b c M K
(0.1-0.002 mm) (0.1-0.05 mm) Argila
VE 0 4 5 37.13 11.48 60.8 1.240 0.12
R 0 4 5 19.39 5.51 32.1 0.367 0.12
VE 0 4 4 9.91 1.66 27.7 0.160 0.09
VA 0 4 4 49.76 6.44 28.2 0.783 0.09
A 0 4 4 27.98 3.31 21.1 0.396 0.09
Os resultados acima concordam com os ensaios de desagregação e também
com as observações em campo, mostrando uma maior erodibilidade para as
camadas VE e R em detrimentos das camadas V, VA e A. Isto mostra certa
coerência nos critérios para determinação deste fator, e indica uma boa seleção de
parâmetros na determinação de K (a, b, c e M, conforme explicado na Tabela 2-26
no Capítulo II). Este parâmetro será ainda utilizado no Capítulo V durante as
análises dos resultados de monitoramento, juntamente com os fatores L.S, C e P
que serão estimados para as diversas condições experimentais avaliadas no
decorrer do desenvolvimento da vegetação.

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