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FL/GSI/18

BELÉM-PA/BRASIL/1997

GRUPO XI
SOBRETENSÕES, COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO E INTERFERÊNCIAS (GSI)

INVESTIGAÇÃO DE CONFIGURAÇÕES OTIMIZADAS PARA O ATERRAMENTO


DAS TORRES DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO DA CEMIG PARA MELHORIA DE
DESEMPENHO FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
Amilton Soares Júnior Silvério Visacro Filho* Luiz Carlos Leal Cherchiglia André Martins Carvalho
LATER - Laboratório de Aterramentos Elétricos CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO
de ocorrência e duração das interrupções no fornecimento de
Este trabalho apresenta resultados de uma investigação para energia elétrica. As descargas atmosféricas constituem-se na
avaliação do comportamento de aterramentos elétricos típicos principal fonte dessas interrupções e são usualmente
de linhas de transmissão, quando submetidos a correntes consideradas o principal fator de condicionamento do
associadas a descargas atmosféricas. Tal investigação isolamento das linhas, para níveis de tensão de até 345 kV.
constitui-se em parte de um projeto cooperativo
desenvolvido entre o LATER (Laboratório de Aterramentos No caso brasileiro, devido aos elevados valores de
Elétricos da UFMG) e a CEMIG. Através da utilização de resistividade do solo, esse limite é estendido até as linhas de
um apurado modelo computacional de aterramentos, foram 500kV.
analisadas as configurações reais de aterramentos do sistema
de transmissão da empresa, na faixa usual de valores de No Brasil, as práticas adotadas para a minimização dos
resistividade do solo, nas condições brasileiras. Para cada efeitos das descargas atmosféricas nas LT's normalmente se
configuração investigada (dos níveis de tensão de baseiam na instalação de cabos pára-raios conectados
transmissão de 69 a 500kV), foram gerados resultados metalicamente com o aterramento da torre, constituído de
aplicados relativos à impedância de aterramento e cabos contrapeso. Mais recentemente, avalia-se a utilização
comprimento efetivo dos cabos contrapeso, traduzidos na de dispositivos pára-raios para tal finalidade.
forma de ábacos e tabelas. Em cada caso, foram propostas
configurações aprimoradas dos aterramentos, para melhoria 2.0 - INFLUÊNCIA DO ATERRAMENTO NA SOBRE-
do desempenho das linhas frente a descargas atmosféricas. TENSÃO RESULTANTE NOS ISOLADORES

PALAVRAS-CHAVE A seguir, procede-se a uma análise de natureza qualitativa da


influência do aterramento no estabelecimento da sobretensão
Aterramentos de Linhas de Transmissão - Desempenho de na cadeia de isoladores, localizada na parte superior da torre.
Linhas frente a Descargas - Impedância de Aterramento. Para tal, aproxima-se a torre por uma linha de impedância de
onda igual a 150W. Apesar dessa aproximação não ser
1.0 - INTRODUÇÃO rigorosa, esta não compromete o teor qualitativo dos
resultados da análise.
O desempenho de uma LT pode ser medido pela freqüência
O atingimento do sistema de transmissão por uma descarga
atmosférica é seguido da propagação de uma série de ondas
viajantes de tensão e corrente, que se distribuem entre os
componentes do sistema, segundo suas respectivas
impedâncias de onda. Uma parcela significativa dessa
corrente acaba por percorrer a torre mais próxima, em
direção ao seu aterramento. Considera-se, neste item, uma
onda de corrente incidente triangular de 1/50ms, com valor de
pico de 10 kA. Essa onda trafegando numa linha de
impedância de onda de 150W corresponde ao tráfego na torre

*Rua Expedicionário Alício, 462 - Mangabeiras - Belo Horizonte - MG - CEP 30315-220


Tel: (031) 227-9864 - Fax: (031) 499-5480 - e-mail: visacro@novell.cpdee.ufmg.br
-2-
de uma onda de tensão de 1500kV. Essa caracterização qualitativa mostra a possibilidade de
atenuação da sobretensão na cadeia de isoladores atuando-se
Uma vez que a onda de corrente atinge a base da torre, onde diretamente no aterramento. Pela atuação junto à grelha, na
está colocado o seu aterramento, originam-se aí duas novas parte concentrada do aterramento, é possível reduzir a sua
ondas, correspondentes aos fenômenos de reflexão e impedância, vista pela onda incidente. A atuação no
refração. Com relação à onda refletida, esta tem direção comprimento dos cabos contrapeso pode proporcionar não só
ascendente na torre e apresenta usualmente valor negativo, a redução de sua impedância, como também uma maior
pois a impedância de aterramento (vista pela onda de atenuação da onda que nele trafega.
corrente incidente) tem valor inferior à impedância da torre. 3.0 - MODELO COMPUTACIONAL
A mesma trafega na torre, atingindo sua parte superior, onde,
após o tempo de tráfego correspondente, superpõe-se à onda Para análise do comportamento dos aterramentos
de tensão incidente, gerando uma significativa redução da investigados frente a correntes associadas a descargas
amplitude da onda resultante. A Figura 1 ilustra tal onda e a atmosféricas, foi utilizado um apurado modelo
composição da mesma com a onda incidente na parte computacional desenvolvido anteriormente pelos
superior da torre, para o caso específico de uma impedância pesquisadores do LATER. Este programa, cujos detalhes
de aterramento de 30W. Quanto menor o valor dessa foram apresentados no XII SNPTEE (2), é baseado na teoria
impedância, maior é a amplitude da onda refletida negativa. de campo eletromagnético e em considerações de ordem
1500
experimental, o que lhe confere consistência e generalidade
Onda de tensão inicial
de aplicação.
1200 Onda resultante: onda inicial
+ refletida negativa
900 + refletida positiva O modelo computa todos os efeitos fundamentais que
600 Reflexão positiva influenciam o comportamento do aterramento: a propagação
Tensão (kV)

(contrapeso de 50m)
300 da onda eletromagnética no solo, a dependência dos
Onda incidente + refletida
0
parâmetros do solo com a frequência, a composição da
0 1 2 3 4 5 6 7 8 corrente, a eventual ionização do solo associada a altas
-300
densidades de corrente, o acoplamento eletromagnético entre
-600
as partes do aterramento.
-900
Reflexão negativa
-1200 4.0 - RESULTADOS E ANÁLISES
Tempo (ms)
FIGURA 1 - Reflexões negativa e positiva na parte superior da torre 4.1 Introdução

A onda referente à refração da onda de corrente incide no A adoção de critérios que estabelecem um valor máximo
aterramento. Este pode ser considerado através de dois admissível para a resistência de baixa frequência do
componentes. O primeiro refere-se à própria estrutura aterramento das linhas de transmissão é uma estratégia
metálica da torre enterrada no solo (grelha) e possui comum entre as concessionárias de energia elétrica
características de aterramento concentrado. O campo na brasileiras. Tal prática objetiva limitar, de modo indireto, o
região tem configuração basicamente divergente, sendo valor da impedância de aterramento e, dessa forma, assegurar
desprezíveis os fenômenos de propagação de onda. O um nível determinado de redução da sobretensão na cadeia
segundo componente é representado pelos cabos contrapeso, de isoladores, com a consequente melhoria do desempenho
que se originam nas grelhas e partem em direção radial e da linha. No caso específico da CEMIG, adota-se um valor
posteriormente longitudinal, seguindo a faixa de passagem da máximo de 30W para a resistência de aterramento a baixa
linha (Figura 3). frequência.
Quando a onda de corrente atinge o aterramento, parte da 4.2 Configurações analisadas
corrente é dissipada no campo divergente, junto às grelhas. A
parcela restante se propaga através dos cabos contrapeso num Foram investigados os aterramentos das torres de madeira
comportamento tipo onda, até atingir a extremidade dos das linhas de 69kV, das torres metálicas autoportantes das
mesmos, num processo em que os fenômenos de atenuação e linhas de 69, 138, 230 e 345 kV, e das torres metálicas
distorção de onda podem ser acentuados. Uma vez que a estaiadas das linhas de 500kV, cujas configurações estão
onda de tensão atinge a extremidade do cabo contrapeso, ali representadas nas Figuras 2, 3 e 4, e na Tabela 1.
ocorre uma reflexão positiva (linha aberta) e a onda tem,
assim, seu valor dobrado. A onda trafega de volta nos cabos Analisou-se neste trabalho o comportamento transitório das
contrapeso sofrendo nova atenuação e distorção, até atingir a configurações típicas de aterramento do sistema de
grelha. Ali a onda é parcialmente dissipada e tem uma transmissão da empresa, variando-se os valores de
parcela transmitida para a torre. Essa última, após resistividade do solo (100, 250, 500, 1000, 2000, 5000,
correspondente tempo de trânsito, alcança a parte superior da 10000 e 20000 W.m) e do comprimento do cabo contrapeso
torre, onde se soma às ondas lá existentes. A Figura 1 ilustra (0, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 e 90m).
a onda refletida positiva e sua soma às ondas incidente e
refletida negativa no topo da torre (negrito), para um cabo Para as configurações dos aterramentos em análise,
contrapeso de 50m. Não se considera, na figura, os efeitos de considerando trabalhos anteriores referentes ao assunto (3),
dispersão da grelha e de atenuação da onda nos cabos constatou-se que o efeito de ionização do solo associado a
contrapeso. Caso tais parâmetros fossem considerados, a altas densidades de corrente não é significativo, sendo
onda resultante teria sua amplitude reduzida e um formato razoável desconsiderá-lo. Nessa etapa do trabalho, não foi
mais suave. considerada a estratificação do solo. Embora contemplada
pela modelagem, a sua consideração resultaria num volume
-3-
extremamente amplo de parâmetros, o que dificultaria as impedância de aterramento e a resistividade a baixa
análises. frequência com a resistividade do solo.
L1
Foram também simuladas, em cada caso, variações de
13m
L2 configuração para obtenção de estruturas otimizadas. Como
L2=6,4m 4m decorrência da análise de resultados, para cada caso foi
15m
L=L1+L2 indicada uma configuração aprimorada de aterramento na
perspectiva de redução da impedância de aterramento.
Solo 1m
4.4 Resultados para os aterramentos das torres de 138kV
FIGURA 2 - Torre de madeira e seu aterramento - 69kV
Para ilustrar os resultados obtidos e as análises associadas,
L1 são apresentados os resultados referentes ao aterramento das
torres com grelhas das linhas de 138kV, que compõem a
L2 maior parte do sistema de transmissão da CEMIG.
D
5m
L=L1+L2 O resultado primário das simulações corresponde a
diagramas de impedância no domínio da frequência, como
Solo 1m aqueles apresentados na Figura 5. Através de diagramas
dessa natureza é possível interpretar a influência dos diversos
FIGURA 3 - Torre metálica autoportante e seu aterramento - aspectos que determinam o comportamento do aterramento.
69, 138, 230 e 345kV Nessa figura estão colocadas curvas correspondentes ao
comportamento da grelha, para um cabo contrapeso de 20m,
TABELA 1 - Faixa de passagem dos sistemas que e para a associação da grelha com cabos contrapesos de 20,
utilizam torres metálicas autoportantes
40 e 80m.
Tensão da Faixa de L2 (m)
120
Linha (kV) passagem - D (m) Grelha
69 23 11,2 Grelha + 20m contrapeso
Módulo da Impedância (W)

100
138 23 11,2 Grelha + 40m contrapeso
Grelha + 80m contrapeso
230 38 21,8 80

345 50 30,3
60 Contrapeso 20m

L1 1m 40
L2
20

L=L1+L2
30m 0
L2=19,8m 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
· · ·
58m Frequência (Hz)
30m
FIGURA 5 - Impedância de aterramento
Estai para a grelha e cabos contrapeso
58m

FIGURA 4 - Torre metálica estaiada e seu aterramento- 500 kV Um mesmo comportamento típico foi verificado para as
configurações analisadas. No início do espectro, a
4.3 Resultados impedância de aterramento se aproxima do valor da
resistência a baixa frequência. À medida que se avança no
Para cada uma das cinco configurações de aterramentos espectro, o valor da impedância cai, até atingir um valor
investigadas (uma para a torre de madeira, três para as torres mínimo. Esse decaimento ocorre por influência de dois
com grelha e uma para as torres estaiadas), foi efetuada fatores: a dependência da resistividade e permissividade do
simulação sistemática do comportamento dos aterramentos solo com a frequência e o aumento da corrente capacitiva,
quando submetidos a correntes tipicamente associadas a associado ao aumento da frequência. Quando se considera
descargas atmosféricas, considerando oito valores de separadamente o comportamento do cabo contrapeso e da
resistividade do solo e dez valores de comprimento do cabo grelha, percebe-se que a partir de uma faixa intermediária de
contrapeso. Para cada caso, foram construídos diagramas de frequência, o contrapeso apresenta um aumento do módulo
impedância no domínio da frequência e curvas relacionando da impedância, devido aos efeitos indutivos e de propagação.
as ondas de tensão e corrente no domínio do tempo. Já no caso da grelha isso não ocorre. Em função do forte
caráter divergente do campo na região da grelha, a
Para análise do enorme volume de dados resultantes, foram correspondente impedância continua diminuindo com o
construídos gráficos e tabelas relacionando os parâmetros de aumento da frequência. As curvas da Figura 5 representam o
interesse com as variáveis em jogo. São de particular comportamento desses componentes. Em baixa frequência a
interesse aplicado os ábacos que relacionam a impedância de impedância de aterramento tende a seguir a curva do cabo
aterramento com a resistividade do solo e comprimento do contrapeso, por este possuir menor impedância. Atinge um
cabo contrapeso, as tabelas que expressam o comprimento valor mínimo, seguido por um máximo e, em seguida, a
efetivo do aterramento para cada configuração e resistividade curva volta a descer. Neste ponto predomina o efeito de
e, finalmente, as curvas que consideram a relação entre a paralelismo da grelha, que possui menor impedância nessa
-4-
faixa. Verifica-se, assim, a importância da grelha para a A partir de curvas semelhantes, foram construídos gráficos
redução da impedância, justamente na faixa das frequências relacionando a Impedância Impulsiva (Zp) com outros
que são representativas das componentes da frente de onda. parâmetros em análise: a resistividade do solo (r) na Figura
7, e o comprimento L do cabo contrapeso na Figura 8.
Construídos os diagramas de impedância da configuração, 50
para uma determinada solicitação é possível construir 45
gráficos de tensão resultante no aterramento em função do 40
tempo, através da aplicação da transformada de Fourrier. No 35
caso, a solicitação considerada correspondeu a uma onda de 30
5000 W.m

Zp (W)
corrente impulsiva dupla exponencial de 1,2/50ms e de 10 kA 25 100 W.m
de pico. Estudos anteriores (1) realizados no LATER 20
indicaram que a variação dos tempos da onda (dentro de 15
limites de interesse prático) não altera os resultados de forma 10
significativa. A Figura 6 apresenta curvas da tensão no 5
aterramento em função do tempo para um solo de 0
resistividade de 1000 W.m, variando-se o comprimento do 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Contrapeso (m)
cabo contrapeso.
FIGURA 7 - Zp em função do comprimento do cabo contrapeso
25

No primeiro tipo de gráfico, a identificação do valor do


20 comprimento efetivo do aterramento para uma dada
resistividade é imediata. Corresponde ao valor da abcissa
onde a curva atinge o patamar. Pode-se notar, por exemplo,
Tensão (kV)

15
10 m
que o comprimento efetivo do contrapeso para uma
resistividade de 5000 W.m é 80m.
10

50

45
5
10 m
40
90 m 35
0
30
Zp (W)

0 0,00002 0,00004 0,00006 0,00008 0,0001


25
Tempo (s) 90 m
20
FIGURA 6 - Onda de tensão para um resistividade de 1000W.m
15

10
Para cada configuração e cada resistividade do solo foram 5
construídos diagramas no domínio da frequência e do tempo, 0
como os das Figuras 5 e 6. Através de curvas como a anterior 100 1000 10000
é possível estabelecer relações entre alguns parâmetros de Resistividade (W.m)
interesse aplicado. Para uma dada resistividade e FIGURA 8 - Zp em função da resistividade do solo
determinado comprimento do cabo contrapeso, identificou-se
na curva o valor de pico da tensão resultante no aterramento. Nas curvas da Figura 8 é possível estimar-se o comprimento
E, ainda, para uma dada resistividade do solo é possível do cabo contrapeso necessário para se alcançar uma
identificar qual o comprimento do cabo contrapeso, além do determinada impedância impulsiva, para uma dada
qual o aumento da extensão do condutor não contribui para a resistividade do solo. Por exemplo, para se obter uma
redução do valor de pico na tensão no aterramento. Tal impedância impulsiva de aterramento de 15W num solo de
comprimento é designado comprimento efetivo do 1000 W.m, é necessário 20m de comprimento do cabo
aterramento. Por exemplo, na Figura 6 (r=1000W.m), contrapeso.
verifica-se a redução do valor de pico ao aumentar-se o
comprimento do contrapeso até 40m. A partir daí, o aumento Um parâmetro que mostrou particular interesse prático
do comprimento não influencia o valor de pico da tensão. refere-se à relação entre a impedância impulsiva e a
resistência de baixa frequência (Zp/R), cujo comportamento é
Na perspectiva de busca de formas simplificadas para a indicado na Figura 9.
representação do comportamento do aterramento da linha,
quando percorrido por correntes impulsivas associadas a
descargas atmosféricas, definiu-se como um parâmetro de
interesse a Impedância Impulsiva de Aterramento (Zp). Tal
impedância é definida pela relação entre os valores de pico
das ondas de tensão e corrente (Zp=Vp/Ip). Apesar de sua
simplicidade, esse parâmetro traduz considerável significação
física e consistência do ponto de vista de aplicação, pois dele
pode-se derivar prontamente uma estimativa do valor de
sobretensão resultante para um dado valor de pico de onda de
corrente injetada no aterramento, independente da possível
não simultaneidade entre os instantes em que esses picos
ocorrem.
-5-

contrapeso (LRbf) e impedância impulsiva (Zp) utilizando-se


2,5
o critério dos 30W, o comprimento efetivo do aterramento
(Lefetivo) e a impedância impulsiva relacionada à utilização
2 90 m deste (Zpmin), e a impedância impulsiva utilizando-se a
configuração aprimorada (Zpmel).
1,5
Zp/R

TABELA 2 - Resumo dos resultados para o aterramento


1 das linhas 138 kV metálicas autoportantes
r RBF (W) LRbf Zp Lefetiv Zpmín Zpmel
0,5 (m)
(kW.m) (W) o (m) (W) (W)
10 m
0,10 3,51 10 2,18 20 1,89 1,67
0 0,25 8,80 10 5,67 20 4,07 3,49
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
0,50 17,63 10 11,51 30 6,79 5,72
Resistividade (W.m)
1,00 24,60 20 15,82 40 10,99 9,12
FIGURA 9 - Relação Zp/R em função da resistividade do solo 2,00 30,97 40 19,39 50 16,87 14,53
5,00 41,93 90 28,17 80 27,82 24,89
Para todas as configurações analisadas, verificou-se que as 10,00 83,91 90 49,10 90 49,10 44,46
curvas apresentam um comportamento semelhante ao da 20,00 167,72 90 94,11 90 94,11 85,31
Figura 9, correspondendo a assíntotas que atingem um
patamar de valor aproximado 0,65. Verificou-se, também, 4.5 Resultados para as outras configurações
que nas condições de aplicação, ao adotar-se o critério de
30W, ou mesmo escolhendo-se o comprimento efetivo do O mesmo tipo de resultados e análises foram desenvolvidos
aterramento, para uma dada resistividade, o ponto da curva para as demais configurações de aterramento em
sempre se localiza nesse patamar. Esse fato sugere uma investigação. No caso em específico do aterramento das
maneira simples de se estimar o valor da impedância torres de madeira do sistema de 69kV, a configuração
impulsiva de aterramento, como sendo aproximadamente aprimorada é apresentada na Figura 11. Esta representou uma
65% do valor da resistência medida a baixa frequência (RLF). redução, dependendo da resistividade, de 8 a 53% no valor
Esse tipo de abordagem apresenta interesse aplicado, uma de Zp em relação ao valor encontrado utilizando-se o critério
vez que a impedância impulsiva de aterramento não é um dos 30W
parâmetro passível de medição em campo.
L1
Concluindo a análise, para cada nível de tensão, procedeu-se L2
13m
à investigação de aprimoramentos na configuração, com o 0,6 L
objetivo de minimização de Zp. Para os aterramentos das 15m
L=L1+L2
torres de 138 kV, isto implicou a adoção de comprimentos
dos cabos contrapeso com extensão igual ao comprimento 1m
efetivo e acréscimos na configuração básica adotada pela
empresa. A configuração aprimorada é indicada na Figura 10. FIGURA 11 - Configuração aprimorada para o aterramento
Constitui-se de um anel de equalização ligando os quatro das torres de madeira do sistema de 69 kV
pontos de injeção de corrente, e de eletrodos em direção
transversal e longitudinal em relação à faixa de passagem da O aprimoramento das torres autoportantes dos sistemas de
linha. 69, 230 e 345 kV é idêntico àquele das torres de 138kV. A
otimização da configuração do aterramento e torres estaiadas
L1 do sistema de 500 kV seguiram também o mesmo padrão,
constituindo-se da colocação de um anel de equalização
L2 unindo os pontos de injeção de corrente no aterramento
0,6 L (estais) e de eletrodos adicionais colocados em direção
longitudinal e transversal à direção da faixa de passagem.
L=L1+L2

A Figura 12 mostra as ondas de tensão resultantes no


1m aterramento das torres de 500kV (solo de 2000 W.m). A
curva superior refere-se à configuração básica, dimensionada
FIGURA 10 - Configuração aprimorada para o aterramento
segundo o critério de 30W. A curva seguinte corresponde à
das torres de 69 e 138 kV
modificação da configuração adotando-se comprimento
efetivo para o cabo contrapeso. A terceira curva foi
Para o aterramento das torres de 138kV, a utilização de cabos
construída a partir desta última configuração, com a inclusão
contrapeso com comprimento efetivo significou a redução da
de um anel de equalização entre os pontos de injeção de
Impedância Impulsiva de aterramento em até 41% com
corrente no solo (condutor enterrado a 0,5m de
relação ao valor obtido quando da aplicação do critério de
profundidade). A última curva refere-se à alteração para
30W. Já a utilização da configuração aprimorada apresentou
inclusão dos condutores adicionais como aqueles indicados
resultados ainda melhores. Atingiu-se reduções de até 50%
na Figura 10, em acréscimo às configurações anteriores.
em alguns casos, sendo que na média a redução foi entre 10 e
Percebe-se uma sensível redução no valor de pico da
40%, conforme a resistividade do solo.
sobretensão resultante no aterramento, a partir do
A Tabela 2 indica para as linhas de 138kV, os parâmetros
aprimoramento da configuração.
resistência a baixa frequência (RBF), comprimento do cabo
-6-

trechos, incluindo o aprimoramento na configuração dos


18 aterramentos, é recomendável para minimização do número de
Critério 30 ohms (40 m contrapeso)
16
Comprimento efetivo (50 m contrapeso) desligamentos. No caso de resistividades superiores a 5 kW.m, a
14 adoção de práticas mais específicas para redução da impedância de
12
aterramento, inclusive procedimentos alternativos, como o
Tensão (kV)

tratamento com betonita e, eventualmente, a instalação de


10
dispositivos pára-raios pode ser uma solução.
8

6 A continuidade deste trabalho deve ser realizada, contemplando


4 alguns itens de investigação complementar, como a análise do efeito
2
Anel de Equalização da estratificação do solo e a pesquisa mais específica de técnicas
Aprimoramento final alternativas para minimização da impedância de aterramento (como
0
0 0,00002 0,00004 0,00006 0,00008 0,0001 o uso de hastes profundas e de betonita).
Tempo (s)
FIGURA 12 - Onda de tensão resultante no aterramento de torre de 6.0 - BIBLIOGRAFIA
500kV para diferentes configurações do aterramento
(1) VISACRO, S. F., SOARES, A. J., “Representação Simplificada
5.0 - CONCLUSÕES da Impedância de Pé de Torre de Linhas de Transmissão na
Avaliação de Transitórios Associados a Descargas Atmosféricas”,
Neste trabalho foi investigado o comportamento dos aterramentos Anais do XIII SNPTEE, Camboriu, Out. 1995.
das torres das linhas de 69, 138, 230, 345 e 500 kV do sistema de
transmissão da CEMIG. A partir dos resultados de simulação (2) VISACRO, S. F., PORTELA, C. M., “Modelagem de
sistemática, foram desenvolvidas análises físicas para compreensão Aterramentos Elétricos para Fenômenos Rápidos”. Anais do
do comportamento do aterramento e foram gerados resultados de XII SNPTEE, Recife, PE, Brasil, Outubro de 1993.
interesse prático, no que concerne à limitação da sobretensão
resultante nos isoladores da linha, quando da passagem de correntes (3) VISACRO, S. F., SOARES, A. J., “Análise do Efeito da
associadas a descargas atmosféricas pela torre. Foram identificadas Intensidade de Corrente de Descarga no Comportamento
e quantificadas ações, relativas ao aterramento, necessárias para Transitório de Aterramentos Elétricos”, Anais do XIII SNPTEE,
minimização dessa sobretensão, que podem ser sintetizadas na Camboriu, Brasil, Outubro de 1995.
busca do valor mínimo para a impedância de aterramento.
(4) VISACRO, S. F., SOARES A. J., “Simplified Models for
Verificou-se a adequação de representação simplificada do Tower Footing Grounding of Transmission Lines for
aterramento nos estudos de desempenho da linha frente a descargas Evaluation of Lightning Performance”, Anais do 23o ICLP,
atmosféricas através da Impedância Impulsiva de Aterramento. Esta Florença, Itália, Setembro de 1996.
foi quantificada para as configurações de linhas de transmissão em
análise, considerando-se valores de resistividade de solo entre 100 e (5) SOARES, A. J., “Investigação do Comportamento dos
Aterramentos Típicos de Linhas de Transmissão Frente a
20.000 W.m e comprimentos do cabo contrapeso entre 10 e 90m.
Descargas Atmosféricas”, Tese de Mestrado, PPGEE -
Foram gerados, para cada tipo de configuração, recursos práticos
UFMG, Orientador: Prof. Silvério Visacro F., Belo
(gráficos e tabelas) relacionando o valor da impedância de
Horizonte, Dezembro de 1996.
aterramento com a resistividade do solo, o comprimento efetivo do
cabo contrapeso e a resistência de baixa frequência. Isso permite
(6) VISACRO,S.F., SOARES,A.J. CHERCHIGLIA, L.C.L.,
que cada parâmetro possa ser estimado a partir dos demais.
CARVALHO,A., ”Avaliação da Configuração do
Aterramento das Torres do Sistema de Transmissão de
Um dos resultados práticos de interesse foi a obtenção de um valor
500kV da CEMIG para Melhoria de Desempenho Frente a
aproximadamente constante para a relação entre a impedância
Descargas Atmosféricas”, Anais do Congresso Brasileiro de
impulsiva e a resistência de baixa frequência do aterramento
Eletromagnetismo Aplicado, Ouro Preto, Nov. 1996.
(Z /R »0,65). Para cada configuração, foram, também, propostas
P BF
estruturas aprimoradas, objetivando a minimização da impedância (7) SOARES,A.J., VISACRO,S.F., “Avaliação da
de aterramento. Configuração do Aterramento das Torres do Sistema de
Transmissão de 69kV da CEMIG para Melhoria de
A experiência das empresas concessionárias tem mostrado que a Desempenho Frente a Descargas Atmosféricas”, Anais do
adoção do “critério de 30W” não é satisfatória. A análise do critério ERLAC’97, Puerto Iguazu, Argentina, 1997.
revelou a possibilidade de obter melhores resultados, na maioria das
aplicações, com o estabelecimento de um valor limite da (8) VISACRO,S.F., SOARES,A.J. CHERCHIGLIA, L.C.L.,
impedância de aterramento em torno de 15W. Isto implicaria um CARVALHO,A, “Aspectos de Aterramentos de Linhas de
valor limite da ordem de 22W para a resistência a baixa frequência. Transmissão”, Seminário Avançado de Linhas de
Entretanto, para resistências superiores a 5kW.m, embora seja Transmissão, Outubro de 1996.
possível diminuir a impedância de aterramento, não se consegue
alcançar com os aprimoramentos geométricos valores inferiores a
30W para a resistência.
Por outro lado, verifica-se que a maior parte dos desligamentos da
linha estão associados a trechos críticos (no que concerne aos
valores elevados de resistividade do solo e aos altos índices
ceráunicos). O tratamento localizado e mais cuidadoso desses

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