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A consciência corporal no processo da educação musical

Valéria Carvalho da Silva


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
valeriasilva.c@bol.com.br

Resumo. O presente trabalho refere-se a um estudo sobre a consciência corporal e sua


aplicação na prática da educação musical. Buscamos fundamentar nosso estudo nos
pressupostos educacionais e filosóficos do pedagogo musical Jaques Dalcroze, cuja
essência está na escuta consciente, na eurritmia, que consiste na busca do movimento
musical do corpo humano. Sua metodologia desenvolve-se através de movimentos
corporais conscientes e expressivos. Enfocamos também, o ensino da música enquanto um
contínuo processo voltado para o desenvolvimento dos esquemas de percepção, expressão e
pensamento.
Palavras-chave: música - educação - corporeidade

Esta pesquisa apresenta um estudo sobre a consciência corporal enquanto uma


opção metodológica que permita ao professor de educação musical, ajustar flexivelmente
sua prática conforme o objetivo a ser alcançado.
A minha prática em sala de aula é o ponto de partida para o desenvolvimento deste
trabalho. Professora de Educação Musical há 20 anos e trabalhando com grupos de
diferentes faixas etárias, vinha utilizando propostas metodológicas de Jaques Dalcroze,
Orff, Gainza, entre outros, procurando criar caminhos para desenvolver os processos de
musicalização.
Fui percebendo, entretanto, que em alguns grupos, principalmente com adultos, a
dificuldade surgia quando propunha os exercícios que envolviam movimentos com o corpo.
Mesmo nos mínimos gestos, como, por exemplo, trabalhar as mãos percutidas sobre as
coxas, movimentos simples, eram realizados sob muita tensão por alguns deles. Percebi,
que eram vencidos pela timidez, pela falta de vivência e conhecimento do próprio corpo.
Abordagens expostas por profissionais da área da corporeidade, que têm por
finalidade levar o indivíduo a um autoconhecimento, demonstraram que, através de
exercícios que o conduzam à consciência corporal, este consegue perceber o que está
acontecendo no seu corpo e adquire meios para atingir os objetivos propostos nos processos
pedagógicos, com naturalidade e prazer.
Nas primeiras décadas do século XX, surgem metodologias que objetivam
oportunizar a experiência concreta antes da formação dos conceitos musicais.
Exemplificando esta proposta metodológica, podemos citar Jaques Dalcroze, Carl Orff,
Edgar Willens, Violeta Gainza, Shafer, Csekö, entre outros, que nos trazem a perspectiva
do fazer musical, da exploração sonora, da improvisação, da comunicação de sentimentos,
do escutar e perceber com significado, isto é, de procurar entender o que se está ouvindo
para poder ser expresso.
A questão de estudo aqui desenvolvida foi investigar sobre a aplicação da
consciência corporal no processo ensino - aprendizagem musical, verificando em que
medida na prática da educação musical há um espaço reservado para o desenvolvimento
deste trabalho, como ele se desenvolve, e quais os resultados obtidos.
Dividimos este estudo em quatro capítulos, assim desenvolvidos:
1º - Consciência Corporal, 2º - Pressupostos Educacionais e Filosóficos de Jaques
Dalcroze, 3º - Musicalização e 4º - Estudo de levantamento de dados sobre observações
feitas em duas Instituições de Música, com aulas de Oficina de Linguagem Musical, com
crianças e com adultos.
No primeiro capítulo, estudamos que pesquisadores e especialistas em consciência
corporal afirmam a necessidade do homem ter consciência do que vive com o próprio
corpo. Corpo e movimento constituem uma unidade que opera por energia e é através do
movimento no contexto do tempo e do espaço, que o indivíduo pode adquirir consciência
do que acontece com seu próprio corpo.
Procurando traçar diretrizes para a vivência da música através de uma experiência
concreta, abordamos alguns métodos de consciência corporal cuja prática acreditamos
poder contribuir no desenvolvimento das práticas pedagógicas em educação musical.
Elegemos para estudos a Antiginástica, a Eutonia, a Profilaxia do Movimento e o
Relaxamento.
No segundo capítulo, buscamos nos pressupostos educacionais e filosóficos do
músico, compositor e pedagogo Emílio Jaques Dalcroze, o referencial teórico e prático para
fundamentar a prática da consciência corporal na educação musical. É o criador do método
musical baseado na escuta consciente, a Eurritmia, entendendo-se que esta se dá através da
participação de todo o corpo. Redimensiona a educação musical, concebendo-a como um
preparo que reintegra corpo e mente, pensamento e comportamento, consciente e
subconsciente.
A essência da teoria de Jaques Dalcroze é criar práticas que assegurem ao indivíduo,
a integridade do movimento muscular, levando-o ao conhecimento, domínio e controle dos
próprios impulsos, além de aprender a executar os movimentos com habilidade, sem
esforços e sem tensões.
Jaques Dalcroze nasceu em Viena no ano de 1865, morrendo em Genebra, no ano
de 1950. Viveu numa época onde se acentuava a preocupação com o conhecimento e com o
sentido da existência do homem. Foi um dos primeiros músicos que, no princípio deste
século, abordou a necessidade de reformas pedagógicas e sociológicas no ensino da música.
Em geral, a educação que se fazia na época dava mais importância à leitura e à notação
musical do que o desenvolvimento das acuidades auditivas, rítmicas e artísticas do
indivíduo. Iniciou pela formação do ouvido e descobriu imediatamente que a música não é
sentida apenas pelo ouvido, mas pelo corpo inteiro. Que o corpo, no seu movimento
rítmico, é o primeiro instrumento musical do indivíduo e que, em conseqüência disso, a
educação musical deveria ser uma educação através do movimento corporal.
Baseado no pressuposto de que toda manifestação musical deve se pautar sobre
bases ao mesmo tempo físicas e intelectuais enfatizou a inseparabilidade do corpo e da
mente. Para Jaques Dalcroze (1921), as qualidades do músico não estão somente na
agilidade e força, mas também na diversidade dos toques, no equilíbrio dos efeitos
dinâmicos, nos contrastes bem ordenados. A mente trabalhando junto ao corpo. A
inteligência presente nos movimentos.

“Para executar corporalmente e com precisão um ritmo, não basta sabê-lo


intelectualmente nem sequer possuir um aparato muscular capaz; há que se saber
estabelecer comunicações rápidas entre o cérebro que comanda e o corpo que executa”.
(Dalcroze, 1921, p.50)

No terceiro capitulo, fizemos um estudo sobre a Musicalização e seus conteúdos


pedagógicos, procurando enfocar o ensino da música enquanto um contínuo processo
voltado para o desenvolvimento dos esquemas de percepção, expressão e pensamento.
Procuramos ressaltar que tanto sob o aspecto psicológico quanto sob o aspecto
filosófico, as bases para a musicalização estão nas atividades que acontecem através da
vivência, da experiência, do fazer musical. Daí, procurarmos em paralelo, apontar os
recursos oferecidos pelos especialistas no trabalho com o corpo, que podem dar suporte, ao
trabalho musical.
Musicalizar, portanto, é oferecer ao indivíduo condições para que possa vivenciar os
fenômenos sonoros e rítmicos e, mediante as respostas que dará a esse experienciar, o
educador poderá avaliar como está o seu nível de musicalização. Entendemos que o
indivíduo aprende, através da ação e da organização de suas percepções.
Violeta Gainza, psicopedagoga musical, buscou na Eutonia, uma das técnicas aqui
abordadas, o apoio que sentiu necessário para trabalhar junto aos seus alunos, descrevendo
um programa de atividades musicais para serem vivenciadas corretamente com o corpo.
Enfatiza que a expressão corporal dos ritmos musicais contribui de forma fundamental em
todo o programa de educação musical. Cita a pedagoga (1964), que a educação musical tem
adotado as descobertas e conquistas básicas do método de Jaques Dalcroze, mas lembra
também que nenhum método moderno pode descuidar do aspecto fundamental do seu
trabalho rítmico - corporal, que é a busca do movimento com expressão.
Estudando os métodos pedagógicos de Dalcroze e Gainza, observamos que ambos
enfatizam que a atividade educativa deve ser sempre entendida como uma libertação de
forças e tendências existentes em cada indivíduo, seja criança ou adulto, e por ele mesmo,
trabalhado e exercitado. Seja uma habilidade, seja uma idéia, seja um controle emocional,
uma atitude ou uma apreciação, “só se aprende o que se pratica”.
Podemos concluir, que quando aprendemos algo, estamos criando significados, com
bases em nossas vivências e conceitos. Na aprendizagem há a articulação do novo com o já
existente, envolvendo a criação de um sentido para o aprendido em função do já conhecido.
No quarto capítulo, descrevemos uma série de aulas e entrevista realizada com o
educador musical Luiz Carlos Csekö, professor do Conservatório Brasileiro de Música e da
escola vocacional Seminários de Música Pró Arte aonde ministra a disciplina Oficina de
Linguagem Musical.
A opção em entrevistar e acompanhar o trabalho do professor Csekö, deu-se ao fato
do mesmo, ser um educador e compositor contemporâneo que trabalha ao mesmo tempo
com crianças e com adultos.
Apesar de termos desenvolvido este estudo com a seleção de apenas duas
amostragens, uma com crianças e outra com adultos, podemos perceber que já se demonstra
uma preocupação dentro das Oficinas de Linguagem Musical com o trabalho interativo
entre a consciência corporal e a educação musical.
Podemos concluir ressaltando, que encontramos no desenvolvimento dos métodos
de trabalho de educadores contemporâneos, as premissas apontadas por Jaques Dalcroze,
que foi o pioneiro a experimentar a relação existente entre o ritmo musical e o ritmo natural
do corpo humano na busca pelo movimento expressivo.
O tema desenvolvido neste estudo não está concluído, apenas apontamos caminhos
com base no material estudado, para ampliar as possibilidades do educador musical no
desenvolvimento das suas atividades e reflexões acerca da consciência corporal no processo
da educação musical. Enfatizamos que a criança, se não tiver no seu processo de
desenvolvimento um trabalho contínuo junto ao corpo, poderá se tornar um adulto
comprometido com o seu movimento expressivo.
Procuramos enfocar um paralelo entre as propostas inclusas nos métodos
pedagógicos musicais e as sugestões de especialistas em consciência corporal, buscando o
respaldo para nossas questões, nos pressupostos educacionais e filosóficos de Jaques
Dalcroze. Consideramos a obra deste eminente pedagogo, um imprescindível material de
pesquisa e de estudo para o movimento pedagógico musical contemporâneo. Não mais se
admite que se faça música automaticamente, sem se considerar que, através dela, o aluno
expressa sua emoção, sua afetividade, sua interpretação, chegando ao conhecimento dos
conceitos musicais.

REFERÊNCIAS
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