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O propósito deste artigo é delinear os significados e interpretações dos espaços, com maior
enfoque naqueles destinados ao uso comum do conjunto na visão dos moradores do Conjunto Ismael
Silva – Zé Keti do Programa Minha Casa Minha Vida construído na Rua Frei Caneca, no bairro
Estácio, zona central do Rio de Janeiro, inaugurado em 2014. Neste conjunto, tal como em outros
empreendimentos do PMCMV, vivem moradores provenientes de diversas partes da cidade,
contemplados por terem sido removidos de suas antigas moradias ou porque se inscreveram no
Programa. Embora este conjunto esteja inserido em um bairro no centro da cidade, foram
identificados aspectos semelhantes a conjuntos construídos em áreas periféricas, que não contam
com essa mesma infraestrutura urbana, tais como a conversão de parte de unidades habitacionais
em local de trabalho (comércio e prestação de serviços), e a sensação de segregação por parte de
alguns moradores. Tomando o conjunto Ismael Silva – zé Keti como estudo de caso, pretendo
evidenciar conceitos teóricos como a apropriação do espaço, o lugar e o habitar articulando-os com a
pesquisa de campo realizada no conjunto, a partir dos relatos dos moradores e da observação de
como os espaços do conjunto são de fato apropriados.
O Programa Minha Casa Minha Vida surge como uma resposta em larga escala para
a questão do déficit habitacional, tema recorrente nas políticas públicas do país. Apesar de
contar com um volume de investimento nunca antes concedido para tais fins, muitos
pesquisadores (Andrade, 2013; Leitão, 2007; Benetti, 2012) consideram que os resultados
urbanísticos e arquitetônicos desta proposta representam, na verdade um retrocesso em
relação a outras políticas habitacionais, como as dos IAPs (Institutos de Aposentadoria e
Pensão) e alguns exemplos de conjuntos construídos, como o do Cafunda e o
Pedregulho.Tais exemplares, anteriores ao PMCMV,buscavam a implantação próxima aos
locais de trabalho, bem como a qualidade espacial e construtiva.Por outro lado, não foram
capazes de alcançar os números (relativos a unidades habitacionais) que o Minha Casa
Minha Vida alcança hoje. (cf. BENETTI, 2012).
Apesar dos impactos negativos, que vão desde aspectos urbanísticos, pela
implantação em áreas periféricas e sem infraestrutura, à qualidade arquitetônica dos
edifícios e apartamentosfrequentemente comentados por estes autores, entendo que por se
tratar de uma espécie de tábula rasa, uma construção feita do zero que ignora os aspectos
físicos, simbólicos e históricos do seu entorno, com fraca regulação por parte do governo (cf.
ANDRADE e LEITÃO, 2007) e com relações sociais ainda por se consolidarem, as
apropriações do espaço ocorrem de maneira mais livre, experimental e sem tantas amarras.
Além disso, os próprios moradores trazem consigo um modo próprio de habitar, uma
relação com o espaço público e com a casa que se mescla, reage e se transforma tanto com
o ideal de moradia que surge do fato de estarem se mudando para um condomínio quanto
com os modos de morar dos outros. A casa, para as camadas populares, não é
simplesmente abrigo, mas a “possibilidade de reprodução e inserção social” (BENETTI,
2012, p.87). A moradia é o lugar que pode expandir, no caso do crescimento da família, e
que tem papel econômico, no sentido de abrigar atividades comerciais e de serviços, bem
como pela possibilidade de se expandir, criando cômodos para aluguel. O uso do espaço
público, da rua, como área de lazer e de convivência entre os vizinhos é um exemplo do que
se mantém, bem como o uso da habitação como forma de complementação de renda.
O conjunto Ismael Silva – Zé Keti, inaugurado em 2014, foi construído no lugar do
Complexo Penitenciário Frei Caneca, no bairro Estácio, zona central da cidade do Rio de
Janeiro, conta com 998 unidades habitacionais com apartamentos de 47m². Este conjunto,
que mantém ainda parte do muro e o grande portão do antigo presídio, é formado por dois
condomínios, separados entre si por uma clínica da família e uma praça central, um espaço
gramado com caminhos de concreto por onde por onde todos os moradores entram ou
saem de seus respectivos condomínios. Nos condomínios vivem famílias que perderam
suas casas nas chuvas de 2010 nos morros dos Prazeres, na Rocinha, no Turano e no São
Carlos, bem como os índios da Aldeia Maracanã (ocupação do antigo museu do índio, no
Maracanã) e famílias que ocupavam ilegalmente edifícios públicos abandonados
(OLIVEIRA, 2014).
Embora este conjunto esteja inserido em um bairro na zona central da cidade, foram
identificados aspectos semelhantes a conjuntos construídos em áreas periféricas, que não
contam com essa mesma infraestrutura urbana, tais como a conversão de parte de unidades
habitacionais em local de trabalho (comércio e prestação de serviços), e a sensação de
segregação por parte de alguns moradores. É possível observar neste conjunto formas de
apropriação do espaço por parte dos moradores que, apesar de não acontecerem de forma
radical como a construção de puxadinhos observada em outros conjuntos habitacionais,
aparecem na forma de cuidado e do uso feitos pelos moradores nas áreas de uso comum
do condomínio.
Apropriação do espaço
Em Quando a rua vira casa [1980 (2017)], bem como nos estudos originados deste
trabalho, Marco Mello e Arno Vogel colocaram como foco de sua observação a apropriação
dos espaços livres, principalmente aqueles que serviriam como espaços de lazer, no bairro
do Catumbi, zona central do Rio de Janeiro e em um caso de controle, o conjunto Selva de
Pedra, no Leblon, zona sul do Rio. Neste estudo os autores afirmam que, para que haja
apropriação de um espaço, é necessário antes que ele faça sentido às pessoas, ou seja,
que elas possam antes dar-lhes significado. Este dar significado vem de um conjunto de
convenções, valores e “códigos próprios de leitura” que cada sociedade teria e que
“determinariam o aproveitamento dos lugares, definindo pertinências e impertinências.
Assim, se constituiria uma prática que seria, ao mesmo tempo, estruturada em função de e
estruturante com relação a certos valores vigentes na ‘comunidade’.” (MELLO, VOGEL,
2015, p. 295).
Ao sistema de valores atribuídos aos espaços, que “dizem” como estes devem ou
não ser usados, Mello e Vogel incluem o componente das atividades cotidianas, ou seja,
ações que acontecem em determinados espaços, sendo moldadas por eles e, ao mesmo
tempo mondando-os de volta. O componente verbal dessa sintaxe – que teria os lugares
como substantivos que são dotados de valores, os adjetivos –, é fundamental para que
determinados espaços mantenham ou mesmo mudem seu significado. A apropriação do
espaço é um fenômeno que se dá na passagem do tempo, através destas atividades, as
quais “como que ‘escolhem’ seus espaços, apropriando-se deles, conformando-os, e sendo
conformadas de volta”. (MELLO, VOGEL, 2015, p. 303).
De acordo com Pol, a forma como nos apropriamos do espaço é também uma forma
de mostrarmos nossa identidade, perante os outros e a nós mesmos. Esse tipo de
apropriação se dá não somente na forma como o espaço é usado, mas nas marcas e
transformações ali feitas, que no fim, além de espelharem a personalidade, o modo de vida
de seus habitantes, também fixam estas mesmas características, como uma reafirmação da
identidade daquelas pessoas. Espaço e sujeito se influenciam mutuamente.
Lugar
Para explicar a forma como uma localidade se torna um lugar, Relph define algumas
características e condições, que ele chama de aspectos de lugar. Dentre eles a condição de
ter um nome e de reunir, não só pessoas, mas também “qualidades, experiências e
significados em nossa experiência imediata” (RELPH, 2012, p. 22). Outroaspecto que
pretendo ressaltar neste trabalho é a ideia de construção de lugar, que pode, contudo,
permanecer como uma intenção que nunca conseguiu se materializar.
Para além destes aspectos, que dizem respeito a uma relação física, psicológica e
afetiva com o mundo, Relph aponta uma dimensão existencial do lugar:
Todas as nossas experiências têm lugar no mundo. O lugar é não apenas um espaço
diferenciado, dotado de significado em que acontecem nossas experiências, mas também
onde podemos revisita-las, um “onde” realizado e localizado, onde nos encontramos com o
outro e com nós mesmos.
Habitar
É através dessa relação com o mundo que o arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa
fala sobre o habitar. Para este autor, uma arquitetura que não reflete um modo de vida, uma
imagem de vida, representando principalmente valores de eficiência, buscando menores
custos de produção e de materiais nos afasta de uma relação direta com o mundo; são
casas que “satisfazem, quem sabe, a maior parte de nossas necessidades físicas, mas que
não conseguem abrigar nossa identidade”. (PALLASMAA, 2017, p. 12). Para este arquiteto
tais construções e o estilo de vida do mundo moderno nos levam a um “desalojamento
metafísico” (PALLASMAA, 2017, p. 13).
O habitar envolve as relações de troca e de familiaridade quetambém se fazem
presentes no processo de apropriação do espaço pelas pessoas. Do mesmo modo, faz
parte do habitar o componente temporal, e nossas atividades e experiências no mundo:
No conjunto Ismael Silva – Zé Keti, dois aspectos chamaram nossa atenção logo nas
primeiras idas a campo. Em primeiro lugar, os blocos de apartamentos não foram todos
implantados no terreno lado a lado, alinhados de forma quase que perfeitamente regular
com as ruas internas e estacionamentos, como no caso de outros conjuntos do PMCMV,
como os de Triagem, Santa Cruz e Duque de Caxias. Nestes casos, os conjuntos são
divididos em condomínios cercados, cada um com seu portão de entrada. Os moradores, a
pé ou em veículos, acessam seus respectivos blocos de apartamentos por uma rua-
estacionamento, retilínea e tão extensa quanto necessário para que se alcance a entrada de
todos os blocos, dispostos lado a lado ao longo desta via. Nem todos os blocos de
apartamentos têm acesso direto por esta via, mas permanecem sempre dentro da mesma
lógica regular de implantação que reina em absoluto nestes casos. Os espaços entre os
edifícios destes conjuntos, que exemplificam a maioria dos casos do PMCMV, são a sobra
mínima de uma ocupação que visa uma eficiência máxima em colocar o maior número de
unidades habitacionais por metragem quadrada de espaço livre.
No conjunto da Frei Caneca, nosso estudo de caso,existe também a divisão em dois
condomínios cercados, e onde também se faz presente a rua-estacionamento. Contudo,
alguns blocos se voltam uns para os outros, não mais de forma perfeitamente ortogonal,
mas mais soltos, criando percursos tortuosos e espaços residuais de tamanhos e formas
variáveis. Alguns destes espaços residuais se conformam o que poderiam ser chamados
espaços intermediários. São áreas de interseção entre público e privado, que amenizam a
força de cada um: não são espaços privados, mas pelo menor grau de visibilidade e de
acesso, perdem também parte do aspecto de público.
A primeira vez que percebemos estes espaços não foi através de uma análise da
implantação e da forma dos espaços vistos de cima, em planta. Foi ao caminhar por eles,
percebendo que existe de fato uma diferença com relação ao caminhar nas ruas-
estacionamento, áridas, fustigadas pelo sol. É nestes caminhos, feitos para pessoas, com
saliências e reentrâncias, sombreados e bem ventilados que encontramos o maior número
de pessoas usando o espaço comum entre os blocos de edifícios. Vimos crianças
brincando, pessoas com cadeiras de plástico conversando, pessoas fazendo churrasco, e
até mesmo vizinhos conversando, em pé, pela janela com um morador do térreo, enquanto
comiam e bebiam.
Nos condomínios Ismael Silva e Zé Keti, como em cada unidade condominial dos
conjuntos do PMCMV, há um salão de festas, uma quadra gramada com alambrado e um
parquinho infantil. Estas duas últimas áreas designadas para o lazer foram, de acordo com
os moradores, destruídas por outros moradores – em sua maioria adolescentes, de acordo
com relatos de moradores – logo nos primeiros anos após a inauguração do conjunto. O
parquinho infantil foi, por isso, removido, enquanto que as quadras, agora sem o alambrado,
permanecem como um retângulo de terra em meio aos condomínios, uma área degradada
na visão dos moradores, que guarda a promessa de que o Estado ou a administração do
condomínio, o síndico, irá intervir, arrumando este espaço.
Um grupo de moradores do condomínio Zé Keti explicou que vale mais a pena, até
mesmo financeiramente falando, fazer o churrasco nos fundos do condomínio, o que, de
qualquer forma inclui pedir permissão para o síndico. No condomínio Ismael Silva vimos
esse tipo de reunião mais íntima dos moradores acontecer na entrada de um dos blocos de
apartamentos, nesta área que não se volta diretamente para a rua-estacionamento. Estes
moradores reclamaram também do alto custo da reserva do salão de festas, apontando que
ali, onde eles faziam o churrasco, era “o lugar dos vizinhos”. De fato, enquanto
conversávamos com estes moradores, vimos outros entrando e saindo do edifício, parando
para conversar neste ponto com os anfitriões e, eventualmente, entregando ferramentas ou
mais carne para o churrasco, ou pegando um pouco do que já estava pronto para ser
comido.
Estes moradores nos informaram que essa prática era comum, que outros
moradores também costumam fazer churrascos ou colocar cadeiras em frente à entrada de
seus respectivos edifícios. Vimos isso realmente acontecer, em outras entradas e nos
espaços entre os edifícios, mas até o momento, nesta pesquisa, ainda não vimos o mesmo
acontecer no caso dos blocos que dão diretamente para a rua-estacionamento, exceto
quando existe por ali algum atrativo fixo, como os dois pontos de vendas de bebidas e
artigos de merceariamantidos por moradores de apartamentos térreos. Nestes pontos, é
comum que as pessoas se agrupem para beber e conversar entre si ou mesmo para uma
conversa rápida com o dono de um destes pontos.
Outro aspecto deste conjunto que chamou nossa atenção foram as jardineiras,
pequenos cercados dos mais variados tipos (desde os mais elaborados, usando bambu, aos
mais simples e improvisados, feitos com pequenas estacas de madeira fincadas no chão)
protegendo pequenas áreas ajardinadas junto aos blocos de apartamentos. Elas aparecem
principalmente junto à entrada dos edifícios, muitas vezes se estendendo por suas laterais,
ou até mesmo pelos espaços residuais entre os edifícios (laterais ou fundos).
Apesar de ser alvo de críticas por ser uma forma altamente replicada em conjuntos
habitacionais, criando cenários monótonos, a forma do edifício em “H” proporciona este
pequeno espaço de reentrância que pode ser lido pelos moradores como uma espécie de
soleira, em outras palavras, constitui uma área que se diferencia do resto do espaço público
e que, ao mesmo tempo, não pertence inteiramente aos moradores daquele bloco, como os
corredores internos do edifício ou os interiores dos apartamentos que só podem ser
acessados pelos moradores, que possuem a chave.Tanto estes como o espaço entre os
edifícios descrito anteriormente como espaço intermediário possuem a qualidade de
Intervalo. De acordo com Hertzberger, “esta dualidade existe graças à qualidade espacial da
soleira [o intervalo] como um lugar em que os dois mundos se superpõem em vez de
estarem rigidamente demarcados” (HERTZBERGER, 1999, p. 32).
Este tipo de cuidado para com o espaço externo, uma marca do domínio privado no
espaço público, que pode ser visto na maioria dos edifícios, mesmo aqueles voltados para a
rua-estacionamento, deve-se, em grande parte à forma dos edifícios. Mesmo de forma sutil
e provavelmente não imaginada por quem os projetou, foi “o bastante para estimular a
expansão da esfera de influência pessoal, e, deste modo, a qualidade do espaço público
será consideravelmente aprimorada no interesse comum” (HERTZBERGER, 1999, p. 41).
Além disso, continua Hertzberger, “É aqui que cada morador desempenha o papel que
revela o tipo de pessoa que quer ser e, por conseguinte, como deseja que os outros o
vejam. Aqui se decide também o que o indivíduo e a coletividade podem oferecer um ao
outro.” (ibidem, p. 41).
Uma moradora, por exemplo, não tinha dúvidas de que aquela reentrância
conformada pela forma do edifício pertencia aos moradores daquele bloco, e falou do jardim
da entrada como uma resposta quase que óbvia para o que deveria ser feito daquele
espaço: “é o cartão postal do edifício”. Para outra moradora, o espaço ao redor do edifício
atraía a presença indesejada e demasiadamente próxima de sua janela de outros
moradores que usavam o espaço para sentar e conversar. O plantio obstruindo o acesso
aos locais próximos à sua janela foi a solução para este problema. Para outros moradores,
este é um espaço de convivência, então é conveniente que, ao menos em parte, seja
concretado para abrigar cadeiras, mesas e uma churrasqueira.
Este pequeno exemplo das diferentes formas de tratamento dadas pelos moradores
ao entorno imediato de seus edifícios torna visível também as ideias de competência e
desempenho descritas por Hertzberger. Aqui vemos como uma determinada forma pode
conter em si diferentes possibilidades de apropriação e de uso, e como estas se fazem
presentes através da interpretação e da atribuição de significados feitas por aqueles que ali
vivem. São também fruto visível da relação entre os vizinhos e um aspecto que gera
questionamentos, por se tratar de um pequeno espaço que recebe enorme cuidado e
atenção dos moradores em um lugar em que a maioria dos espaços foi depredada ou
recebe o mínimo de manutenção (serviço de limpeza).
Considerações finais
O conjunto habitacional se ergue por sobre um passado demolido. Sabe-se que ali
era a antiga Penitenciária Frei Caneca; restam ainda parte do muro e o portão como
testemunhas do que se foi, mas os edifícios, os gramados, as áreas de lazer, quando
entregues aos moradores, vieram do zero, vieram como espaços ainda não vividos. Enric
Pol (1996) afirma que a apropriação do espaço é tornar um espaço vazio em um lugar com
sentido, um processo construído ao longo do tempo e que “faz parte da dimensão do vivido,
da experiência cotidiana” (MELLO, VOGEL, 2015 p. 294). É através desta vivência que as
pessoas se acomodam no espaço e este, ao mesmo tempo, se acomoda na consciência
destas pessoas, que habitam o conjunto.
Cabe aos moradores a interpretação e o uso dos espaços, mas importa também a
forma destes espaços, que pode convidar ou inibir. Estudar de que forma as pessoas
interpretam e dotam de significados o ambiente a sua volta, e como esse mesmo ambiente é
capaz ou não de absorver essas interpretações e significados, nos aproxima da
compreensão de como os lugares são construídos pelas pessoas ao longo do tempo,
através de suas experiências vividas. Assim, do mesmo modo que a forma construída é
capaz de propiciar ou não a apropriação do espaço, pode estimular ou inibir a criação de
lugares:
“os lugares só podem feitos por quem vive e trabalha neles, pois são tais
pessoas que conseguem entender de forma conjunta as construções,
atividades e significados. (...). Planejadores e arquitetos não podem fazer
lugar, mas se forem sensíveis às condições locais, podem prover de
infraestrutura e construir ambientes que facilitem a criação de lugares por
aqueles que vivem neles” (RELPH, 2012 p.26).
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Leticia de Luna. Pensando o Rio – políticas públicas, conflitos urbanos e modos de habitar.
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