Вы находитесь на странице: 1из 183

MATERIAL TEÓRICO

Direito Eleitoral
João Paulo

DA SOBERANIA POPULAR Surge, pois, com a soberania popular, os


chamados direitos políticos.
O Estado Democrático de Direito é
contraponto do Estado Absolutista. Ora, nesse DIREITOS POLÍTICOS
entendia-se que o Soberano era proprietário de
Segundo os professores Luiz Alberto
todas as coisas. É desse período alguns
David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior: “Os
institutos que até hoje são estudados para efeitos
direitos políticos, ou de cidadania, resumem o
históricos. Exemplo desses institutos
conjunto de direitos que regulam a forma de
encontramos no brocardo the king can do no
intervenção popular no governo. Em outras
wrong, segundo o qual a Administração Pública
palavras, são aqueles formados pelo conjunto
não poderia ser responsabilizada por seus atos,
de preceitos constitucionais que
em virtude do soberano não se submeter à Lei.
proporcionam ao cidadão sua participação
Assim, no século XVIII, principalmente vida pública do país, (...).”2
com a revolução francesa, surge o chamado
Segundo dispõe a Constituição Federal,
Estado Democrático de Direito e com ele a
em seu art. 14 que:
soberania popular. Segundo o parágrafo único do
art. 1º da Constituição Federal: “todo o poder “A soberania popular será exercida pelo
emana do povo, que o exerce por meio de sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
representantes eleitos ou diretamente nos com valor igual para todos e, nos termos da
termos desta Constituição.” lei, mediante:

Desta forma, torna-se claro que conforme I – plebiscito;


ensina o professor Celso Antonio Bandeira de
II – referendo;
Melo1, desaparece a figura do súdito e surge a do
administrado. Por isso, a coisa pública não III – iniciativa popular.”
pertence mais ao soberano e sim ao povo. O
Ora, o direito ao sufrágio, que deve ser
administrador passa a ser visto apenas como um
universal, ou seja, não está limitado a certas
gestor de coisa alheia. Assim, os interesses
camadas da população, como já ocorreu em
coletivos são indisponíveis pelo Estado, uma vez
outras épocas no próprio Estado Brasileiro, diz
que titularizados pelo povo.
respeito ao direito de escolha dos governantes.

1 2
MELO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito ARAÚJO, Luiz Alberto David e NUNES JÚNIOR, Vidal
administrativo. 14 ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p Serrano. Curso de direito constitucional. 10 ed. São
46. Paulo: Saraiva, 2006, p. 239.

1
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Leciona o professor Pedro Roberto Com isso, o professor Roberto Moreira de


Decomain que: “Sendo inerente à República a Almeida define o direito eleitoral da seguinte
alternância no poder dos ocupantes de forma: “Conceituamos o Direito Eleitoral como
determinados cargos e exercentes de o ramo do Direito Público constituído por
determinadas funções (embora isso não seja normas e princípios disciplinadores do
estranho às Monarquias modernas, em que alistamento, do registro de candidatos, da
apenas a Chefia do Estado tem cunho propaganda política, da votação, da apuração
vitalício, ao passo que as demais funções do e da diplomação dos eleitos, bem como das
Estado – eventualmente até mesmo as do ações, medidas e demais garantias
Poder Judiciário – são exercidas por pessoas relacionadas ao exercício do sufrágio
eleitas periodicamente), e devendo os popular.”4
responsáveis pelo exercício desse poder ser
Observa-se, assim, que o Direito Eleitoral
escolhidos pela população, necessária
não tem como objeto de estudo todos os direitos
mostra-se a definição de regras para não
políticos, uma vez que se tem excluído a
apenas escolher quem escolhe as pessoas
iniciativa popular dos objetos do Direito Eleitoral.
que irão ocupar tais cargos e exercer tais
funções, como também regras definindo as
condições que os candidatos a elas devem
DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM
necessariamente preencher, assim como
MATÉRIA ELEITORAL.
outras tantas regras, definindo circunstancias
nas quais determinadas pessoas possam A competência legislativa para produção
estar temporária ou permanentemente de normas de Direito Eleitoral pertence à União,
3
impedidas de pleitearem mandatos eletivos.” conforme determinado pelo art. 22, I, da
Constituição Federal que dispõe:
Nessa esteira surge o direito eleitoral, que
tem como objeto o exercício do sufrágio, bem “Compete privativamente à União legislar
como seus atos preparatórios e protetores da sobre:
manifestação legítima da vontade popular.
I – direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho.”
DIREITO ELEITORAL.

3 4
DECOMAIN, Pedro Roberto. Elegibildiade e ALMEIDA, Roberto Moreira de. Direito eleitoral. 2 ed.
inelegibilidades. 2 ed. São Paulo: Dialética, 2004, p. 9. Salvador: Juspodivm. 2009, p. 33.

2
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

DAS FONTES DO DIREITO ELEITORAL. IV – recusa de cumprir obrigação a todos


imposta ou prestação alternativa, nos termos
A fonte primordial de direito eleitoral é a
do art. 5º, VIII;
Constituição Federal, sendo a mesma
complementada por Leis Complementares, V – improbidade administrativa, nos termos
Ordinárias e ainda por resoluções editadas pelo do art. 37, § 4º.”
Tribunal Superior Eleitoral, como será visto mais
A perda dos direitos políticos se diferencia
adiante.
de sua suspensão, em virtude da definitividade
DA SUSPENSÃO E PERDA DOS DIREITOS da primeira e da temporariedade da segunda.
POLÍTICOS. Tem-se apontado como causa de perda o
cancelamento da naturalização por sentença
Os direitos políticos, apesar de sua
judicial transitada em julgado e como causa de
importância, pois são direitos fundamentais,
suspensão todas as outras.
segundo afirma a doutrina mais autorizada5, não
significa que sejam absolutos. Por conta disso, a Sobre o assunto, leciona o professor José
Constituição Federal veda que sejam cassados, Jairo Gomes que: “A perda ou a suspensão de
mas admite a sua suspensão e perda nos casos direitos políticos acarretam várias
apontados pelo art. 15 da Carta Magna que conseqüências jurídicas, como o
estabelece: cancelamento do alistamento e a exclusão do
corpo de eleitores (CE, art. 71, II), o
“É vedada a cassação de direitos políticos,
cancelamento da filiação partidária (LOPP, art.
cuja perda ou suspensão só se dará nos
22, II), a perda de mandato eletivo (CF, art. 55,
seguintes casos:
IV, § 3º), a perda de cargo ou função pública
I – cancelamento da naturalização por (CF, art. 37, I, c.c. Lei n. 8.112/90, art. 5º, II e
sentença transitada em julgado; III), a impossibilidade de se ajuizar ação
popular (CF, art. 5º, LXXIII), o impedimento
II – incapacidade civil absoluta;
para votar ou ser votado (CF, art. 14, § 3º, II) e
III – condenação criminal transitada em para exercer a iniciativa popular (CF, art. 61, §
julgado, enquanto durarem seus efeitos; 2º).”6

5
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 3 ed. Belo
6
Horizonte: Del Rey Editora, 2008, p. 6. Op. cit. pp 8/9.

3
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

DA PERDA DE DIREITOS POLÍTICOS POR apenas residência por um ano ininterrupto e


CANCELAMENTO DE NATURALIZAÇÃO POR idoneidade moral;
SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade
JULGADO.
residentes na República Federativa do Brasil
A nacionalidade é vínculo que liga a há mais de quinze anos ininterruptos e sem
pessoa a um Estado. A nacionalidade pode ser condenação penal, desde que requeiram a
adquirida ou originária. Dispõe o art. 12 da nacionalidade brasileira.”
Constituição Federal que:
A nacionalidade brasileira é adquirida
“São brasileiros: através de ato do Poder Executivo. Deve-se
observar que a Constituição Federal adotou um
I – natos:
critério de reciprocidade com Portugal, nos
a) os nascidos na República Federativa do termos do parágrafo primeiro do art. 12 da
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde Constituição Federal.
que estes não estejam a serviço do seu país;
No entanto, aquele que adquirir direitos
b) os nascidos no estrangeiro, de pai políticos em Portugal terá a suspensão desses
brasileiro ou mãe brasileira, desde que mesmos direitos do Brasil, conforme se observa
qualquer deles esteja a serviço da República do art. 51, § 4º, da Resolução 21.538 do TSE.
Fderativa do Brasil;
A perda dos direitos políticos ocorrerá nos
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro seguintes casos, apontados pelo art. 12, § 4º da
ou de mãe brasileira, desde que sejam Constituição Federal, nos seguintes termos:
registrados em repartição brasileira
“Será declarada a perda da nacionalidade do
competente ou venham a residir na República
brasileiro que:
Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela I – tiver cancelada sua naturalização, por
nacionalidade brasileira. sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;

II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos


II – naturalizados:
casos:
a) os que, na forma da lei, adquiram a
a) de reconhecimento de nacionalidade
nacionalidade brasileira, exigidas aos
originária pela lei estrangeira;
originários de países de língua portuguesa

4
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

b) de imposição de naturalização, pela norma III – os que, mesmo que por causa transitória,
estrangeira, ao brasileiro residente em estado não puderem exprimir sua vontade.”
estrangeiro, como condição para permanência
OBS: PARA NÃO CONFUNDIR, O QUE
em seu território ou para o exercício de
CARACTERIZA A SUSPENSÃO DOS
direitos civis.”
DIREITOS POLÍTICOS É A INCAPACIDADE
Ensina, ainda, José Jairo Gomes que: “É ABSOLUTA E NÃO A RELATIVA.
da Justiça Federal a competência para as
causas referentes à nacionalidade e à
naturalização (CF, art. 109, X). Ademais, o DA SUSPENSÃO POR CONDENAÇÃO
Ministério Público Federal tem legitimidade CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO.
para “promover ação visando ao
É aplicação do Princípio do Estado de
cancelamento de naturalização , em virtude de
Inocência a suspensão dos direitos políticos por
atividade nociva ao interesse nacional. Como
sentença criminal transitada em julgado. Dessa
conseqüência, reassume o sentenciado o
forma, a decisão condenatória criminal da qual
status de estrangeiro.”7
ainda caiba recurso não será caso de suspensão
DA SUSPENSÃO POR INCAPACIDADE de direitos políticos.
ABSOLUTA
Uma vez que se trata de suspensão,
A incapacidade civil absoluta significa a assim que ocorrer o cumprimento da pena, o
impossibilidade de determinada pessoa exercer condenado terá novamente os direitos políticos.
por si mesma os atos da vida civil. A Por conta disso, enuncia a Súmula 09 do TSE
incapacidade civil absoluta encontra-se tratada que: “A suspensão de direitos políticos
no art. 3º do Código Civil, que dispõe o que se decorrente de condenação criminal transitada
segue: em julgado cessa com o cumprimento ou a
extinção da pena, independendo de
“São absolutamente incapazes de exercer
reabilitação ou prova de reparação de danos.”
pessoalmente os atos da vida civil:
Por fim, vale trazer, mais uma vez, a lição
I – os menores de dezesseis anos;
do professor José Jairo Gomes, no seguinte
II – os que, por enfermidade ou deficiência sentido: “Não importa a natureza da pena
mental, não tiverem o necessário aplicada, pois, em qualquer caso, ficarão
discernimento para a prática desses atos; suspensos os direitos políticos. Logo, é
irrelevante: 1) que a pena aplicada seja
7
Op. cit. p. 9.

5
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

restritiva de direitos; 2) que seja somente Segundo José Jairo Gomes: “Em seu art.
pecuniária; 3) que o réu seja beneficiado com 143, § 1º, a Lei Maior impera que “o serviço
sursis (CP, art. 77); 4) que tenha logrado militar é obrigatório nos termos da lei”,
livramento condicional (CP, art. 83); 5) que a competindo às Forças Armadas “atribuir
pena seja cumprida no regime de prisão serviço alternativo aos que, em tempo de paz,
aberta, albergue ou domiciliar. Igualmente, após alistados, alegarem imperativo de
irrelevante é perquirir quanto ao elemento consciência, entendendo-se como tal o
subjetivo do tipo penal, havendo a suspensão decorrente de crença religiosa e de convicção
de direitos políticos na condenação tanto por filosófica ou política, para se eximirem de
8
ilícito doloso quanto por culposo.” atividades de caráter essencial militar”. A Lei
n. 8.239/91 regulamenta o tema . A obrigação
Por outro lado, a condenação por
para com o serviço militar começa no dia 1º
contravenção penal transitada em julgado
de janeiro do ano em que a pessoa completar
também é causa para a suspensão dos direitos
18 anos de idade.”9
políticos.

DA SUSPENSÃO POR IMPROBIDADE


DA SUSPENSÃO POR RECUSA DE CUMPRIR
ADMINISTRATIVA
OBRIGAÇÃO A TODOS IMPOSTA
Improbidade Administrativa é termo que
Dispõe o art. 5º, VIII, da Constituição
visa designar atos produzidos por agentes
Federal que: “ninguém será privado de direitos
públicos contrários à moralidade administrativa.
por motivo de crença religiosa ou de
Acaba por impor a esses maus servidores
convicção filosófica ou política, salvo se as
sanções, sendo uma delas a de suspensão de
invocar para eximir-se de obrigação legal a
direitos políticos, cujo prazo irá variar de acordo
todos imposta e recusar-se a cumprir
com o ato praticado, nos termos do art. 12 da Lei
prestação alternativa.”
8.429/1992.
Exemplo de obrigação a todos impostas
Leciona o professor Marcelo Figueiredo
tem-se no alistamento militar para pessoas do
que: “Do latim improbitate. Desonestidade. No
sexo masculino a partir do dia 1º de janeiro do
âmbito do Direito o termo vem associado à
ano em que completar 18 anos.
conduta do administrador amplamente
considerado. Há sensível dificuldade

8 9
Op. cit, p. 12. Op. cit. p. 13.

6
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

doutrinária em fixar-se os limites do conceito pode realizar-se pela manifestação dos


de “improbidade”. Assim, genericamente, cidadãos na vida do Estado. Bem por isso, o
comete maus-tratos à probidade o agente sufrágio constitui simultaneamente um direito
público ou o particular que infringe a e um dever.”12
moralidade administrativa.”10
Por conta disso, o alistamento é
Complementa, ainda, o referido professor, obrigatório para os maiores de 18 anos e
a lição, afirmando que: “Parece ter circunscrito menores de 70 anos, sendo que os analfabetos
a punição aos atos e condutas lá têm o alistamento eleitoral facultativo.
estabelecidos. Então, associa as figuras do
Ocorre, no entanto, que o direito de
enriquecimento ilícito, do prejuízo ao erário e
sufrágio não se confunde com o voto. Isso
da infringência aos princípios constitucionais,
porque o sufrágio é o direito em sua concepção
que enumera, como causas suficientes à
genérica, enquanto que o voto é o exercício
tipificação das condutas tidas por atentatórias
deste direito. Ou seja, nem todo exercício de
à probidade.”11
sufrágio se dá mediante voto, mas todo voto é
A suspensão dos direitos políticos em exercício de sufrágio.
caso de improbidade, só poderá ocorrer com
Dessa forma, como afirma a Constituição
sentença transitada em julgado.
Federal, o sufrágio, além do voto, pode ser
exercido através de iniciativa popular, referendo e
plebiscito.
SUFRÁGIO
Por conta disso, em virtude do regime
Apesar de ser conhecido como “direito”, o
democrático adotado no Brasil, a principal
sufrágio, em verdade, é um poder-dever.
característica do sufrágio é a sua universalidade.
Lecionam os professores Luiz Alberto David
A universalidade do sufrágio significa que o seu
Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior que: “O
exercício tem igual peso, independentemente
direito de sufrágio não é mero direito
daquele que exerce.
individual, pois seu conteúdo, que predica o
cidadão a participar da vida política do Estado
transforma-o em um verdadeiro instrumento
DO VOTO
do regime democrático, que, por princípio, só
10
FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade administrativa:
comentários à Lei 8.429/92 e legislação complementar.
São Paulo: Malheiros Editores, 2004, p. 41.
11 12
Idem. Op. cit. p. 239.

7
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Assim, o cidadão tem o direito de votar e I – uso de cédulas oficiais em todas as


ser votado. Como já visto, a cidadania tem o seu eleições, de acordo com modelo aprovado
termo inicial no alistamento eleitoral, sendo esse pelo Tribunal Superior;
a sua condição objetiva.
II – isolamento do eleitor em cabina
CARACTERÍSTICAS DO VOTO indevassável para o só efeito de assinalar na
cédula o candidato de sua escolha;
O voto, para que seja plenamente válido e
aproveite à democracia, deverá ser: livre, direto, III – verificação da autenticidade da cédula
secreto e personalíssimo. Livre porque o eleitor oficial à vista das rubricas;
poderá escolher dentre todos os candidatos ao
IV – emprego de urna que assegure a
pleito, bem como poderá votar em branco ou até
inviolabilidade do sufrágio e seja
mesmo anular o seu voto.
suficientemente ampla para que não se
Direto porque no Brasil, pelo regime acumulem as cédulas na ordem em que forem
escolhido na constituição Federal, o eleitor vota introduzidas.”
diretamente (portanto, sem intermediários) no
Por fim, o voto é personalíssimo o que
candidato de sua preferência. Assim, não ocorre
significa que apenas o eleitor pode exercer o seu
mais como na Constituição anterior em que se
direito de voto, sendo impossível, por isso, o voto
votava em um colégio eleitoral e esse era
por procuração ou por outros meios que não o
responsável pela eleição para alguns cargos
comparecimento pessoal do eleitor no dia das
eletivos.
eleições.
Secreto é voto que não necessita ser
externado pelo eleitor. É lógico que qualquer
tentativa de desnudar o voto do eleitor anulara o DO PRINCÍPIO DA ANUALIDADE.
mesmo, em virtude desse ficar passível a sofrer
Para que não ocorram surpresas no pleito
ameaça e, assim, não manifestar livremente a
eleitoral, o que acabaria por inviabilizar a
sua vontade.
candidatura de muitos cidadãos, bem como
Dispõe o art. 103 do Código Eleitoral que: abuso de poder e estratégias inidôneas para
diminuir o número de candidatos nas eleições,
estipula a Constituição Federal, em seu art. 16
“O sigilo do voto é assegurado mediante as que:
seguintes providências:

8
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

“A lei que alterar o processo eleitoral entrará “Cumpre, portanto, à Justiça Eleitoral a nobre
em vigor na data de sua publicação, não se missão de resguardar a democracia e o
aplicando à eleição que ocorra até um ano da Estado Democrático, nos moldes do disposto
data de sua vigência.” no art. 1° e incisos da Constituição federal,
efetivando, praticamente, a soberania popular,
Com isso, deve-se observar que a Lei
a cidadania e o pluralismo político como
entra em vigor imediatamente. Mas, no entanto,
princípios fundamentais trilhados pelo
não se aplica à eleição que ocorra até um ano da
legislador constituinte.”13
data de sua vigência. Esse princípio aplica-se
inclusive para as Emendas Constitucionais. O Poder Judiciário Eleitoral possui uma
curiosidade, nele inexiste a carreira de Juiz
O princípio da anualidade aplica-se,
Eleitoral. Este, no TSE e nos Tribunais Regionais
inclusive, para aquelas Resoluções do Tribunal
Eleitorais é escolhido dentre magistrados de
Superior Eleitoral que modificam o processo
outros Tribunais e Advogados, enquanto que os
eleitoral.
Juízes Eleitorais de Primeira Instância são
escolhidos entre os Juizes de Direito, nos termos
dispostos pelo Ordenamento Jurídico.
ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL.
Esse fato tem suscitado aplausos e
O Direito Eleitoral surgiu como forma de
críticas. Alguns entendem que a estrutura fica
regulamentar e fiscalizar o processo eleitoral, ou
comprometida por não ter profissionais
seja, o processo de escolha democrática
especializados para exercer a magistratura.
daqueles que irão ocupar cargos de gestão de
Outros afirmam que, por outro lado, isso faz da
interesses públicos.
Justiça Eleitoral um Órgão mais respeitado ao
Para cumprir este papel, desde algum não permitir que haja um engessamento da
tempo têm as Constituições Federais traçado estrutura, com a atuação de pessoas com novas
uma estrutura dentro do Poder Judiciário para idéias.
organizar e fiscalizar o processo eleitoral. É o que
Surge, então, o Princípio da periodicidade
se conhece por Poder Judiciário Eleitoral.
da investidura das funções eleitorais. Sobre o
Aquele Órgão encontra-se organizado aludido princípio, leciona o professor Francisco
pela Constituição Federal, pelo Código Eleitoral e Dirceu Barros afirmando que: “Os órgãos da
pelos Regimentos Internos de cada Tribunal. Justiça Eleitoral se submetem ao princípio da
Sobre o assunto, ensina o professor Marcos
13
RAMAYANA, Marcos. Direito eleitoral. 4 ed. Rio de
Ramayana que: Janeiro: Impetus, 2006, p. 44.

9
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

periodicidade da investidura das funções Pode-se estranhar o fato da competência


eleitorais, segundo o qual não h;a e organização daqueles Tribunais serem
magistrados ou promotores permanentemente dispostas pelo Código Eleitoral, que é, em
investidos nas funções eleitorais, sendo elas verdade, Lei Ordinária. No entanto, o STF tem
14
exercidas temporariamente.” entendido que nessa parte (da competência e da
organização dos Tribunais) o aludido Código tem
De qualquer forma, assim está estruturada
natureza de Lei Complementar, podendo ser
a Justiça Eleitoral, nos termos do art. 118 da
modificado apenas por outra Lei Complementar.
Constituição Federal:
Tal fato, no entanto, não é isolado no
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: Ordenamento Jurídico Brasileiro, ocorrendo o
mesmo em relação ao CTN.
I - o Tribunal Superior Eleitoral;
Desta forma, estabelece a Constituição
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
Federal que:
III - os Juízes Eleitorais;
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a
IV - as Juntas Eleitorais. organização e competência dos tribunais, dos
juízes de direito e das juntas eleitorais.

§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de


OBS: O Ministério Público Eleitoral,
direito e os integrantes das juntas eleitorais,
embora seja órgão que exerce função
no exercício de suas funções, e no que lhes
essencial à Justiça, não faz parte da
for aplicável, gozarão de plenas garantias e
organização da Justiça Eleitoral.
serão inamovíveis.
Interessante é o fato que Constituição
Vale ressaltar que os Juízes dos Tribunais
Federal estabeleceu a formação dos Tribunais no
Eleitorais devem servir por 2 anos, no mínimo, e
que tange à magistratura, no entanto deixou para
por 4 anos consecutivos no máximo. Inicialmente,
Lei Complementar a tarefa de definir
deve-se destacar que o Dispositivo Constitucional
competência e organização dos Tribunais
pronuncia-se apenas sobre os Juízes que atuam
Eleitorais.
perante os tribunais eleitorais (TSE e TRE) e não
sobre os Juízes Eleitorais (juízes que atuam na
primeira instância da Justiça Eleitoral), que
acabam por estar submetidos a um regime
14
BARROS, Francisco Dirceu. Direito eleitoral. 05 ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 39.

10
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

jurídico um pouco diferente em relação aos Sepúlveda Pertence, julgamento em 19-12-


magistrados dos Tribunais. 2006, Plenário, DJ de 23-3-2007.

ATENÇÃO: A PROIBIÇÃO ESTÁ Dispõe, assim, o § 2º do art. 121 da


RELACIONADA A SE EXERCER POR MAIS DE Constituição Federal:
2 BIÊNIOS CONSECUTIVOS A FUNÇÃO DE
JUIZ DE TRIBUNAL ELEITORAL. NADA § 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo

IMPEDE QUE, TENDO EXERCIDO POR 4 motivo justificado, servirão por dois anos, no

ANOS CONSECUTIVO A FUNÇÃO CITADA, mínimo, e nunca por mais de dois biênios

DETERMINADO CIDADÃO, APÓS UM consecutivos, sendo os substitutos

PERÍODO FORA DO TRIBUNAL ELEITORAL, escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo

POSSA NOVAMENTE VOLTAR A EXERCÊ-LA. processo, em número igual para cada


categoria.
Neste mesmo entendimento, posiciona-se
o Supremo Tribunal Federal, no seguinte Sobre a competência do Judiciário

sentido: Eleitoral, o professor Marcos Ramayana ainda


afirma que: “A competência da Justiça
“O parágrafo único do art. 5º da Resolução Eleitoral está cingida dentro das fases
615/2002, do TRE/MG, estabelece que nenhum elencadas pela doutrina. A doutrina
juiz poderá voltar a integrar o Tribunal na majoritária entende que à justiça Eleitoral
mesma classe ou em classe diversa, por dois competente processar e julgar causas que
biênios consecutivos. Inconstitucionalidade: a estejam compreendidas entre o alistamento e
norma proíbe quando a Constituição faculta a diplomação dos candidatos eleitos, e, por
ao juiz servir por dois biênios consecutivos. forca de ação de natureza constitucional, que
CF, art. 121, § 2º. Ademais, não cabe ao TRE a é a ação de impugnação ao mandato eletivo
escolha dos seus juízes. Essa escolha cabe (art. 14, parágrafo 10), ainda possui
ao Tribunal de Justiça, mediante eleição, pelo competência para decidir essas ações que
voto secreto: CF, art. 120, § 1º, I, a e b, II e III. são ajuizados no prazo decadencial de quinze
A norma regimental do TRE condiciona, pois, dias, contados da diplomação. Fora desse
ao tribunal incumbido da escolha, certo que a prazo legal, não haverá mais competência da
Constituição não confere à Corte que expediu Justiça Eleitoral, devendo as questões ser
a resolução proibitória tal atribuição.” (ADI dirimidas pela Justiça Comum.”15
2.993, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em
10-12-2003, Plenário, DJ de 12-3-2004.) No
15
mesmo sentido: Rcl 4.587, Rel. Min. Op cit, p. 53.

11
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. É interessante observar que Membros do


Ministério Público não podem ser Juízes
É a máxima instância da Justiça Eleitoral.
Eleitorais. Mesmo em se tratando de TSE, a
Por conta disso, estatui o art. 121, parágrafo 3°
denominação que a Constituição e o Código
da Constituição:
Eleitoral dão aos seus membros é de Juízes.
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Apenas a Lei Complementar 35, art. 34 é que os
Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que denomina de Ministros.
contrariarem esta Constituição e as
A Constituição Federal, ainda, afirma que
denegatórias de "habeas-corpus" ou
o número de Juízes do TSE é de, no mínimo,
mandado de segurança.
sete. Isso significa que o número de Juízes do
Desta forma, o Tribunal Superior Eleitoral TSE pode ser aumentado, nunca reduzido. Para
é composto da seguinte forma, nos termos do art. que ocorra aumento, faz-se necessária Lei
119 da Constituição Federal: Complementar de iniciativa do TSE.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor- Dispõe, ainda, o Código Eleitoral da
se-á, no mínimo, de sete membros, seguinte forma:
escolhidos:
§ 1º Não podem fazer parte do Tribunal
I - mediante eleição, pelo voto secreto: Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre
si parentesco, ainda que por afinidade, até o
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo
4º (quarto) grau, seja o vínculo legítimo ou
Tribunal Federal;
ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior sido escolhido por último.
Tribunal de Justiça;
§ 2º A nomeação que trata o inciso II deste
II - por nomeação do Presidente da República, artigo não poderá recair em cidadão que
dois juízes dentre seis advogados de notável ocupe cargo público de que seja demissível
saber jurídico e idoneidade moral, indicados ad nutum; que seja diretor, proprietário ou
pelo Supremo Tribunal Federal. sócio de empresa beneficiada com
subvenção, privilégio, isenção ou favor em
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral
virtude de contrato com a administração
elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente
pública; ou que exerça mandato de caráter
dentre os Ministros do Supremo Tribunal
político, federal, estadual ou municipal.
Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os
Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

12
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

(art. 17) § 1º As atribuições do Corregedor Deve-se observar que as decisões


Geral serão fixadas pelo Tribunal Superior deverão ser tomadas em sessão pública com a
Eleitoral. maioria de seus membros presentes. Isso porque
os órgãos judiciais eleitorais não podem dividir-se
§ 2º No desempenho de suas atribuições o
em turmas ou seções em virtude de ausência de
Corregedor Geral se locomoverá para os
permissão constitucional. Estatui, portanto, o
Estados e Territórios nos seguintes casos:
Código Eleitoral que:

Art. 19. O Tribunal Superior delibera por


I - por determinação do Tribunal Superior maioria de votos, em sessão pública, com a
Eleitoral; presença da maioria de seus membros.

II - a pedido dos Tribunais Regionais Parágrafo único. As decisões do Tribunal


Eleitorais; Superior, assim na interpretação do Código
Eleitoral em face da Constituição e cassação
III - a requerimento de Partido deferido pelo
de registro de partidos políticos, como sobre
Tribunal Superior Eleitoral;
quaisquer recursos que importem anulação
IV - sempre que entender necessário. geral de eleições ou perda de diplomas, só
poderão ser tomadas com a presença de
§ 3º Os provimentos emanados da
todos os seus membros. Se ocorrer
Corregedoria Geral vinculam os Corregedores
impedimento de algum juiz, será convocado o
Regionais, que lhes devem dar imediato e
substituto ou o respectivo suplente.
preciso cumprimento.
No caso do parágrafo único retrocitado, se
É óbvio que o TSE, como órgão do Poder
houver um impedimento de algum juiz, será
Judiciário deverá sempre realizar as suas
convocado o substituto ou o respectivo suplente.
funções pautado em critérios de impessoalidade.
O TSE tem entendido que há apenas uma
Se por acaso for descoberto a informação de
hipótese de julgamento com quorum incompleto,
existir alguma associação entre os membros do
em caso de suspeição ou impedimento do juiz
TSE e algum envolvido nas causas ali julgadas o
titular da classe de advogado e impossibilidade
aludido membro do Tribunal não poderá votar
jurídica de convocação de juiz substituto.
naquele processo.
Art. 20. Perante o Tribunal Superior, qualquer
interessado poderá argüir a suspeição ou
impedimento dos seus membros, do

13
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Procurador Geral ou de funcionários de sua a) o registro e a cassação de registro de


Secretaria, nos casos previstos na lei partidos políticos, dos seus diretórios
processual civil ou penal e por motivo de nacionais e de candidatos à Presidência e
parcialidade partidária, mediante o processo vice-presidência da República;
previsto em regimento.
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais
Parágrafo único. Será ilegítima a suspeição Regionais e juizes eleitorais de Estados
quando o excipiente a provocar ou, depois de diferentes;
manifestada a causa, praticar ato que importe
c) a suspeição ou impedimento aos seus
aceitação do argüido.
membros, ao Procurador Geral e aos
Art. 21 Os Tribunais e juizes inferiores devem funcionários da sua Secretaria;
dar imediato cumprimento às decisões,
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes
mandados, instruções e outros atos
forem conexos cometidos pelos seus próprios
emanados do Tribunal Superior Eleitoral.
juizes e pelos juizes dos Tribunais Regionais;
(tem-se entendido que, pelo que dispõe a
Constituição Federal a competência para julgar
COMPETÊNCIA DO TSE.
Juízes do TSE, mesmo que pelo cometimento de
Infelizmente, até mesmo pela época de crimes eleitorais, pertence ao Supremo Tribunal
criação do Código Eleitoral, alguns dispositivos Federal e os crimes cometidos pelos Juízes dos
não foram recepcionados pela Constituição de Tribunais Regionais Eleitorais, mesmo que
1988, o que exige bastante atenção do eleitorais, serão julgados pelo Superior Tribunal
profissional que milita na área, bem como do de Justiça).
candidato a concurso público, uma vez que as
e) o habeas corpus ou mandado de
disposições, apenas de em desacordo com a
segurança, em matéria eleitoral, relativos a
Constituição Federal, continuam escritas, o que
atos do Presidente da República, dos
causa bastante confusão.
Ministros de Estado e dos Tribunais
É competente o Tribunal Superior Regionais; ou, ainda, o habeas corpus,
Eleitoral, nos termos do Código Eleitoral: quando houver perigo de se consumar a
violência antes que o juiz competente possa
Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:
prover sobre a impetração; (Em relação à
I - Processar e julgar originariamente: competência supra citada, observa o Supremo
Tribunal Federal que a expressão “mandado de

14
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

segurança” deve ser entendida com cuidado. Isso j) a ação rescisória, nos casos de
porque o órgão competente para julgar mandado inelegibilidade, desde que intentada dentro de
de segurança contra ato do Presidente da cento e vinte dias de decisão irrecorrível,
República é o STF. Assim, a competência da possibilitando-se o exercício do mandato
Justiça Eleitoral para decidir Mandado de eletivo até o seu trânsito em julgado. (O
Segurança deve respeitar o quanto determinado supremo Tribunal Federal julgou procedente a
na Constituição Federal, não tendo essa Ação Direta e Inconstitucionalidade de número
competência o TSE apenas pelo fato do 1.459 para excluir do dispositivo citado a
mandado de segurança contra ato do Presidente expressão “possibilitando-se o exercício do
da República, ser de matéria eleitoral. Por outro mandato eletivo até seu trânsito em julgado”.)
lado, a competência para julgar mandado de Vale ressaltar que a ação rescisória só é
segurança contra ato de Ministro de Estado é do cabível contra decisões do TSE.
Superior Tribunal de Justiça. O restante do
II - julgar os recursos interpostos das
dispositivo continua plenamente válido).
decisões dos Tribunais Regionais nos termos
f) as reclamações relativas a obrigações do Art. 276 inclusive os que versarem matéria
impostas por lei aos partidos políticos, quanto administrativa. (em relação ao recurso
à sua contabilidade e à apuração da origem interposto das decisões dos Tribunal Regionais
dos seus recursos; Eleitorais que versem sobre matéria
administrativa, já decidiu o TSE, no acórdão
g) as impugnações á apuração do resultado
11.405/1996 no seguinte sentido: “Não cabe ao
geral, proclamação dos eleitos e expedição de
Tribunal Superior Eleitoral apreciar recurso
diploma na eleição de Presidente e Vice-
especial contra decisão de natureza
Presidente da República;
estritamente administrativa.” Por decisão
h) os pedidos de desaforamento dos feitos estritamente administrativa, entende-se aquela
não decididos nos Tribunais Regionais dentro decisão como sendo a administrativa não
de trinta dias da conclusão ao relator, eleitoral.
formulados por partido, candidato, Ministério
Parágrafo único. As decisões do Tribunal
Público ou parte legitimamente interessada.
Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do
i) as reclamações contra os seus próprios Art. 281.
juizes que, no prazo de trinta dias a contar da
conclusão, não houverem julgado os feitos a
eles distribuídos.

15
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

O parágrafo único do art. 22 do Cód. VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do


Eleitoral hoje está tratado pelo art. 121, § 3º, da número dos juizes de qualquer Tribunal
Constituição Federal, já visto, que determina: Eleitoral, indicando a forma desse aumento;

“São irrecorríveis as decisões do Tribunal VII - fixar as datas para as eleições de


Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem Presidente e Vice-Presidente da República,
esta Constituição e as denegatórias de senadores e deputados federais, quando não
"habeas-corpus" ou mandado de segurança.” o tiverem sido por lei: (hoje as datas já se
encontram fixadas, sendo o primeiro domingo de
O art. 23 do Código Eleitoral dispõe
outubro para primeiro turno, e o último domingo
acerca da competência administrativa do Tribunal
de outubro para o segundo turno, quando
Superior Eleitoral, dentre as quais encontram-se
couber).
as competências normativa, ou regulamentar, e
consultiva, conforme mais adiante explicado. VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas
eleitorais ou a criação de novas zonas;
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao
Tribunal Superior, IX - expedir as instruções que julgar
convenientes à execução deste Código;
I - elaborar o seu regimento interno;
X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria
Corregedores Regionais e auxiliares em
Geral, propondo ao Congresso Nacional a
diligência fora da sede;
criação ou extinção dos cargos
administrativos e a fixação dos respectivos XI - enviar ao Presidente da República a lista
vencimentos, provendo-os na forma da lei; tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça
nos termos do ar. 25;
III - conceder aos seus membros licença e
férias assim como afastamento do exercício XII - responder, sobre matéria eleitoral, às
dos cargos efetivos; consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição, federal ou ]órgão
IV - aprovar o afastamento do exercício dos
nacional de partido político;
cargos efetivos dos juizes dos Tribunais
Regionais Eleitorais; XIII - autorizar a contagem dos votos pelas
mesas receptoras nos Estados em que essa
V - propor a criação de Tribunal Regional na
providência for solicitada pelo Tribunal
sede de qualquer dos Territórios;
Regional respectivo;

16
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

XIV - requisitar a força federal necessária ao As instruções, em verdade, são atos


cumprimento da lei, de suas próprias emanados da Justiça Eleitoral, tendo a forma de
decisões ou das decisões dos Tribunais resoluções, para complementar a Legislação
Regionais que o solicitarem, e para garantir a Eleitoral, permitindo a sua execução. Bem como
votação e a apuração; promover a interpretação dessa mesma
legislação.
XV - organizar e divulgar a Súmula de sua
jurisprudência; Isso ocorre em virtude das inúmeras
omissões encontradas na legislação eleitoral.
XVI - requisitar funcionários da União e do
Assim, tem-se a necessidade de regulamentá-la,
Distrito Federal quando o exigir o acúmulo
para que seus dispositivos sejam aplicados de
ocasional do serviço de sua Secretaria;
forma eficaz. Como exemplo, tem-se a resolução
XVII - publicar um boletim eleitoral; (o boletim 21.538 de 2003, editada pelo TSE que tem como
eleitoral foi substituído pela revista meta a regulamentação dos procedimentos de
“Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral” alistamento e transferência eleitoral.
pela Resolução TSE 16.584/1990).
Se a instrução cria algo novo, é chamada
XVIII - tomar quaisquer outras providências de ato normativo primário e, se modificar o
que julgar convenientes à execução da processo eleitoral, só poderá ser editada faltando
legislação eleitoral. no máximo um ano para as eleições. Dessa
forma, as instruções primárias que modifiquem o
Competências interessantes do TSE são
processo eleitoral obedecem ao princípio da
as consultivas e as regulamentares. Essas
anualidade, nos termos do art. 16 da Constituição
últimas são dispostas através de resoluções
Federal.
editadas por aquele Tribunal, constituindo-se em
normas regulamentadoras em matéria eleitoral. Por outro lado, se a instrução apenas
interpreta legislação eleitoral é conhecida como
Exclui a correspondente reserva de
ato normativo secundário, podendo ser editada
competência do Presidente da República,
até 05 de março do ano das eleições, não se
polarizando-se no TSE, sem transbordar os
aplicando, em verdade, o princípio da anualidade.
limites da respectiva lei eleitoral. Os Tribunais
Regionais Eleitorais tem competência para A lei 12.034/2009 deu nova redação ao
expedir resoluções, no que tange a plebiscitos art. 105 da Lei 9.504/1997, que passou a vigorar
para criação de municípios. da seguinte forma: “Até o dia 5 de março do
ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral,

17
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

atendendo ao caráter regulamentar e sem tribunal que a respondeu. Os juízes eleitorais não
restringir direitos ou estabelecer sanções têm competência para responder a consultas.
distintas das previstas nesta Lei, poderá
Podem formular consultas a autoridade
expedir todas as instruções necessárias para
federal ou órgão nacional do partido político ao
sua fiel execução, ouvidos, previamente, em
TSE e ao TRE a autoridade pública ou partido
audiência pública, os delegados ou
político. Daí se extrai que o simples candidato
representantes dos partidos políticos.”
não pode ser consulente.
Assim, para que as instruções sejam
Os vereadores podem ser consulentes em
produzidas, faz-se necessário a oitiva prévia dos
virtude da similitude com os outros membros do
delegados e representantes de partido, o que,
poder legislativo, nos termos do art. 29, IX, da
por óbvio, diminuiu a discricionariedade do TSE
CF. Os partidos políticos, através do diretório
para editar instruções.
nacional podem consultar o TSE e através do
Vale, ainda, ressaltar que as instruções diretório regional o TRE.
têm força de lei, o que, por óbvio, não significa
O TRE pode consultar o TSE, mas
que são leis, mas apenas que são obrigatórias.
somente através de seu órgão colegiado, seu
Como são leis, apenas possuem força de lei, não
presidente ou corregedor. Um juiz sozinho do
podem contrariar lei alguma, sob pena de
TRE não pode oferecer consulta.
invalidação.
São objetos da consulta os atos em
Também expedem resoluções o TSE e os
matéria eleitoral, portanto, não cabe consulta em
TREs quanto à normatização de suas
relação a plebiscitos, referendos e iniciativa
administrações. Além disso, tem competência o
popular, pois as consultas são exclusivas em
TSE de responder a consultas. A justiça
matéria eleitoral.
eleitoral tem competência para responder a
consultas hipotéticas, nunca em casos A consulta não pode envolver caso
concretos, emanadas de autoridades públicas concreto, pois diz respeito à generalidade dos
ou partidos políticos. Têm competência para casos que ocorrerão no futuro. A consulta tem
responder as consultas tanto os TRE quanto o eficácia erga omnes, alcançando a parte
TSE. consulente e todas as outras que estiverem em
igualdade de condições.
A resposta dada à consulta tem eficácia
espacial ou territorial determinada pelo âmbito do

18
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Sobre a impossibilidade da consulta tratar interpretação de lei entre dois ou mais tribunais
sobre caso concreto, já decidiu o Tribunal eleitorais.
Superior Eleitoral que:

“Consulta. Período eleitoral. Pronunciamento


TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS.
sobre o caso concreto. Impossibilidade. Após
o início do prazo para a realização das Existirá um Tribunal Regional Eleitoral
convenções partidárias, o conhecimento da para cada Estado da Federação, bem como para
consulta poderá resultar em pronunciamento o Distrito Federal. Sobre os TREs, inclusive
sobre caso concreto. Consulta não conhecida. acerca de sua constituição, estabelece a
(Res. 20.674, de 29.6.00, do TSE, DJ de Constituição Federal que:
24.10.00).”
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional
A consulta, no entanto, não tem eficácia Eleitoral na Capital de cada Estado e no
vinculante ou obrigatória. A consulta não detém a Distrito Federal.
imutabilidade de coisa julgada. Não cabe recurso
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais
da resposta dada à consulta, por não ter natureza
compor-se-ão:
jurisdicional
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
Entende a doutrina, no entanto, que é
possível a interposição de embargos de a) de dois juízes dentre os desembargadores
declaração, nos termos do art. 275 do CE. No do Tribunal de Justiça;
entanto, a professora Vera Maria Nunes Michels
b) de dois juízes, dentre juízes de direito,
entende que seria possível recurso extraordinário
escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
perante o STF (art 121, § 3 CF), obviamente no
caso de ofensa à Constituição Federal. II - de um juiz do Tribunal Regional Federal
com sede na Capital do Estado ou no Distrito
Também quando a consulta não é
Federal, ou, não havendo, de juiz federal,
respondida, ou por se entender que a parte não
escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
era legítima ou não se tratar de matéria de
Regional Federal respectivo;
consulta, é possível o recurso das consultas
formuladas perante o TRE e não o TSE, se a III - por nomeação, pelo Presidente da
decisão for proferida contra disposição expressa República, de dois juízes dentre seis
de lei, ou quando ocorrer divergência na advogados de notável saber jurídico e

19
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de § 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais
Justiça. Eleitorais somente caberá recurso quando:

§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu I - forem proferidas contra disposição


Presidente e o Vice-Presidente- dentre os expressa desta Constituição ou de lei;
desembargadores.
II - ocorrer divergência na interpretação de lei
Os Juízes advogados são nomeados pelo entre dois ou mais tribunais eleitorais;
presidente da República, após lista sêxtupla
III - versarem sobre inelegibilidade ou
elaborada pelo Tribunal de Justiça do Estado.
expedição de diplomas nas eleições federais
Para que seja juiz, o advogado, nos termos
ou estaduais;
preconizados na Constituição Federal, deve ter
notável saber jurídico e idoneidade moral. Para o IV - anularem diplomas ou decretarem a perda
TSE, nos termos da resolução 9.177/72, faz-se de mandatos eletivos federais ou estaduais;
exigência para o advogado que deseja ser juiz do
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de
TRE de 10 anos de prática profissional,
segurança, "habeas-data" ou mandado de
dispensada tal comprovação de o mesmo já tiver
injunção.
sido juiz eleitoral.
Na parte de composição dos Tribunais
Os Juízes advogados são nomeados pelo
Regionais Eleitorais, não foi o Cód. Eleitoral, em
presidente da República, após lista sêxtupla
seu art. 25, caput, recepcionado pela
elaborada pelo Tribunal de Justiça do Estado.
Constituição Federal. Vale ressaltar que os
Para que seja juiz, o advogado, nos termos
parágrafos do aludido dispositivo ainda se
preconizados na Constituição Federal, deve ter
encontram válidos, nos termos seguintes:
notável saber jurídico e idoneidade moral. Para o
TSE, nos termos da resolução 9.177/72, faz-se (art. 25)
exigência para o advogado que deseja ser juiz do
§ 1º A lista tríplice organizada pelo Tribunal de
TRE de 10 anos de prática profissional,
Justiça será enviada ao Tribunal Superior
dispensada tal comprovação de o mesmo já tiver
Eleitoral.
sido juiz eleitoral.
§ 2º A lista não poderá conter nome de
Apesar da competência dos Tribunais
magistrado aposentado ou de membro do
Regionais Eleitorais ser feita pelo Código
Ministério Público.
Eleitoral, a Carta Magna enuncia que:

20
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 3º Recebidas as indicações o Tribunal dispõe que são dois os Desembargadores dos


Superior divulgará a lista através de edital, Tribunais de Justiça que deverão integrar os
podendo os partidos, no prazo de cinco dias, Tribunais Regionais Eleitorais. Assim, o
impugná-la com fundamento em corregedor é escolhido de acordo com o
incompatibilidade. estatuído no Regimento Interno do Tribunal
Regional Eleitoral do Espírito Santos, que
§ 4º Se a impugnação for julgada procedente
determina que a função de Corregedor Regional
quanto a qualquer dos indicados, a lista será
Eleitoral será exercida pelo Vice Presidente do
devolvida ao Tribunal de origem para
TRE.
complementação.
§ 1º As atribuições do Corregedor Regional
§ 5º Não havendo impugnação, ou desprezada
serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral
esta, o Tribunal Superior encaminhará a lista
e, em caráter supletivo ou complementar, pelo
ao Poder Executivo para a nomeação.
Tribunal Regional Eleitoral perante o qual
§ 6º Não podem fazer parte do Tribunal servir.
Regional pessoas que tenham entre si
§ 2º No desempenho de suas atribuições o
parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º
Corregedor Regional se locomoverá para as
grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo,
zonas eleitorais nos seguintes casos:
excluindo-se neste caso a que tiver sido
escolhida por último. I - por determinação do Tribunal Superior
Eleitoral ou do Tribunal Regional Eleitoral;
§ 7º A nomeação de que trata o nº II deste
artigo não poderá recair em cidadão que II - a pedido dos juizes eleitorais;
tenha qualquer das incompatibilidades
III - a requerimento de Partido, deferido pelo
mencionadas no art. 16, § 4º.
Tribunal Regional;
Art. 26. O Presidente e o Vice-Presidente do
IV - sempre que entender necessário.
Tribunal Regional serão eleitos por este
dentre os três desembargadores do Tribunal Ainda, conforme se estabelece também
de Justiça; o terceiro desembargador será o para o TSE, é possível a argüição de suspeição
Corregedor Regional da Justiça Eleitoral. dos membros dos Tribunais Eleitorais. De
qualquer forma há certa similitude em relação ao
quanto se estatui para o TSE, conforme se
ATENÇÃO: Esse dispositivo não foi observa das seguintes disposições:
recepcionado pela Constituição Federal, que

21
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por do Congresso Nacional e das Assembléias
maioria de votos, em sessão pública, com a Legislativas;
presença da maioria de seus membros.
b) os conflitos de jurisdição entre juizes
§ 1º No caso de impedimento e não existindo eleitorais do respectivo Estado;
quorum, será o membro do Tribunal
c) a suspeição ou impedimentos aos seus
substituído por outro da mesma categoria,
membros ao Procurador Regional e aos
designado na forma prevista na Constituição.
funcionários da sua Secretaria assim como
§ 2º Perante o Tribunal Regional, e com aos juizes e escrivães eleitorais;
recurso voluntário para o Tribunal Superior
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juizes
qualquer interessado poderá argüir a
eleitorais;
suspeição dos seus membros, do Procurador
Regional, ou de funcionários da sua e) o habeas corpus ou mandado de
Secretaria, assim como dos juizes e escrivães segurança, em matéria eleitoral, contra ato de
eleitorais, nos casos previstos na lei autoridades que respondam perante os
processual civil e por motivo de parcialidade Tribunais de Justiça por crime de
partidária, mediante o processo previsto em responsabilidade e, em grau de recurso, os
regimento. denegados ou concedidos pelos juizes
eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando
§ 3º No caso previsto no parágrafo anterior
houver perigo de se consumar a violência
será observado o disposto no parágrafo único
antes que o juiz competente possa prover
do art. 20.
sobre a impetração;
Sobre a competência dos Tribunais
f) as reclamações relativas a obrigações
Regionais Eleitorais, o Código Eleitoral estatui o
impostas por lei aos partidos políticos, quanto
que se segue:
a sua contabilidade e à apuração da origem
Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais: dos seus recursos;

I - processar e julgar originariamente: g) os pedidos de desaforamento dos feitos


não decididos pelos juizes eleitorais em trinta
a) o registro e o cancelamento do registro dos
dias da sua conclusão para julgamento,
diretórios estaduais e municipais de partidos
formulados por partido, candidato, Ministério
políticos, bem como de candidatos a
Público ou parte legitimamente interessada
Governador, Vice-Governadores, e membro

22
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

sem prejuízo das sanções decorrentes do disposição constitucional ou legal; Tais datas
excesso de prazo. são fixadas hoje em Lei, não existindo mais essa
competência para os Tribunais Regionais
II - julgar os recursos interpostos:
Eleitorais. Mas, mesmo assim, alguns concursos
a) dos atos e das decisões proferidas pelos tem cobrado esse dispositivo como se fosse
juizes e juntas eleitorais. verdadeiro, conforme se observa da seguinte
questão elaborada no concurso para analista do
b) das decisões dos juizes eleitorais que
TRE/MG, no ano de 2009:
concederem ou denegarem habeas corpus ou
mandado de segurança. No que se refere às atribuições dos TREs,
julgue os itens que se seguem.
Parágrafo único. As decisões dos Tribunais
Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos I Dos atos e decisões proferidos pelos juízes e
do Art. 276. juntas eleitorais cabe recurso ao respectivo
TRE.
Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos
Tribunais Regionais: II É competência privativa dos TREs fixar a
data das eleições de governador, deputados
I - elaborar o seu regimento interno;
estaduais, prefeitos e vereadores, quando não
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria determinada por disposição constitucional.
Regional provendo-lhes os cargos na forma
III Para o aprimoramento de suas funções,
da lei, e propor ao Congresso Nacional, por
cabe aos TRÊS propor diretamente ao
intermédio do Tribunal Superior a criação ou
Congresso Nacional a criação ou supressão
supressão de cargos e a fixação dos
de cargos e a fixação dos respectivos
respectivos vencimentos;
vencimentos.
III - conceder aos seus membros e aos juizes
IV Além de aprovar a divisão dos estados em
eleitorais licença e férias, assim como
zonas eleitorais, os TREs podem, por
afastamento do exercício dos cargos efetivos
necessidade imperiosa e inadiável, decidir
submetendo, quanto aqueles, a decisão à
pela criação de novas zonas.
aprovação do Tribunal Superior Eleitoral;
V Cabe ao TRE de cada estado da Federação
IV - fixar a data das eleições de Governador e
ordenar o registro e o cancelamento do
Vice-Governador, deputados estaduais,
registro dos candidatos aos cargos eletivos
prefeitos, vice-prefeitos , vereadores e juizes
municipais e estaduais.
de paz, quando não determinada por

23
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Estão certos apenas os itens X - aprovar a designação do Ofício de Justiça


que deva responder pela escrivania eleitoral
A) I e II.
durante o biênio;
B) I e III.
XII - requisitar a força necessária ao
C) II e V. cumprimento de suas decisões solicitar ao
Tribunal Superior a requisição de força
D) III e IV.
federal;
E) IV e V
XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas
A questão correta, pelo gabarito foi a letra “A”. capitais dos Estados, ao seu presidente e, no
interior, aos juizes eleitorais, a requisição de
V - constituir as juntas eleitorais e designar a
funcionários federais, estaduais ou
respectiva sede e jurisdição;
municipais para auxiliarem os escrivães
VI - indicar ao tribunal Superior as zonas eleitorais, quando o exigir o acúmulo
eleitorais ou seções em que a contagem dos ocasional do serviço;
votos deva ser feita pela mesa receptora;
XIV - requisitar funcionários da União e, ainda,
VII - apurar com os resultados parciais no Distrito Federal e em cada Estado ou

enviados pelas juntas eleitorais, os resultados Território, funcionários dos respectivos


finais das eleições de Governador e Vice- quadros administrativos, no caso de acúmulo
Governador de membros do Congresso ocasional de serviço de suas Secretarias;
Nacional e expedir os respectivos diplomas,
XV - aplicar as penas disciplinares de
remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias
advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias
após a diplomação, ao Tribunal Superior,
aos juizes eleitorais;
cópia das atas de seus trabalhos;
XVI - cumprir e fazer cumprir as decisões e
VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às
instruções do Tribunal Superior;
consultas que lhe forem feitas, em tese, por
autoridade pública ou partido político; XVII - determinar, em caso de urgência,
providências para a execução da lei na
IX - dividir a respectiva circunscrição em
respectiva circunscrição;
zonas eleitorais, submetendo essa divisão,
assim como a criação de novas zonas, à XVIII - organizar o fichário dos eleitores do
aprovação do Tribunal Superior; Estado.

24
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

XIX - suprimir os mapas parciais de apuração


mandando utilizar apenas os boletins e os
DOS JUÍZES ELEITORAIS.
mapas totalizadores, desde que o menor
número de candidatos às eleições O exercício do primeiro grau de jurisdição
proporcionais justifique a supressão, cabe aos Juízes Eleitorais. Essas são escolhidos
observadas as seguintes normas: dentre os Juízes de Direito atuantes nas
Comarcas que se constituem ou fazem parte de
a) qualquer candidato ou partido poderá
uma Zona Eleitoral.
requerer ao Tribunal Regional que suprima a
exigência dos mapas parciais de apuração; Só pode ser juiz eleitoral quem é juiz de
direito. Os juizes federais podem ser até mesmo
b) da decisão do Tribunal Regional qualquer
juízes (ou como alguns denominam
candidato ou partido poderá, no prazo de três
desembargadores) dos Tribunais Eleitorais, mas
dias, recorrer para o Tribunal Superior, que
jamais juízes eleitorais de primeira instância. Se a
decidirá em cinco dias;
comarca a que corresponde a zona eleitoral for
c) a supressão dos mapas parciais de composta por vara única, o juiz de direito
apuração só será admitida até seis meses exercerá as funções de juiz eleitoral. Se for, no
antes da data da eleição; entanto, composta por mais de uma vara, o juiz
eleitoral será escolhido, nos termos da lei de
d) os boletins e mapas de apuração serão
organização judiciária local.
impressos pelos Tribunais Regionais, depois
de aprovados pelo Tribunal Superior; Aos Juízes eleitorais são dadas as
mesmas garantias que têm os magistrados em
e) o Tribunal Regional ouvira os partidos na
geral, para que se permita o exercício do múnus
elaboração dos modelos dos boletins e mapas
público com imparcialidade. Ocorre, no entanto,
de apuração a fim de que estes atendam às
que tais garantias não são vitalícias, pois duram
peculiaridade locais, encaminhando os
apenas em relação ao exercício da função de
modelos que aprovar, acompanhados das
magistrado eleitoral.
sugestões ou impugnações formuladas pelos
partidos, à decisão do Tribunal Superior. Leciona o professor Francisco Dirceu
Barros que: “O afastamento do juiz a quem
Art. 31. Faltando num Território o Tribunal
foram confiadas as funções eleitorais poderá
Regional, ficará a respectiva circunscrição
fazer-se quando fundado em critérios
eleitoral sob a jurisdição do Tribunal Regional
objetivos, a todos aplicáveis. E quando vise a
que o Tribunal Superior designar.
atender ao interesse público, devidamente

25
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

justificadas as razões. Na se trata, entretanto, prevista pela lei de organização judiciária


de função de confiança de que possa o local.
magistrado ser demitido ad nuttum. Se lhe
O escrivão eleitoral não necessita ser
são imputadas faltas, haverão de ser
escrivão da Justiça comum, ou mesmo servidor
apuradas em procedimento regular.”16
público. Basta apenas ser cidadão e não possuir
De qualquer forma, acerca da os impedimentos apontados pelo parágrafo
competência dos Juizes Eleitorais, estabelece o primeiro do art. 33.
Código Eleitoral que:
Art. 34. Os juizes despacharão todos os dias
Art. 32. Cabe a jurisdição de cada uma das na sede da sua zona eleitoral.
zonas eleitorais a um juiz de direito em efetivo
exercício e, na falta deste, ao seu substituto
legal que goze das prerrogativas do Art. 95 da Art. 35. Compete aos juizes:
Constituição.
I - cumprir e fazer cumprir as decisões e
Parágrafo único. Onde houver mais de uma determinações do Tribunal Superior e do
vara o Tribunal Regional designara aquela ou Regional;
aquelas, a que incumbe o serviço eleitoral.
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os
Art. 33. Nas zonas eleitorais onde houver mais comuns que lhe forem conexos, ressalvada a
de uma serventia de justiça, o juiz indicará ao competência originária do Tribunal Superior e
Tribunal Regional a que deve ter o anexo da dos Tribunais Regionais;
escrivania eleitoral pelo prazo de dois anos.
III - decidir habeas corpus e mandado de
segurança, em matéria eleitoral, desde que
essa competência não esteja atribuída
§ 1º Não poderá servir como escrivão
privativamente a instância superior.
eleitoral, sob pena de demissão, o membro de
diretório de partido político, nem o candidato IV - fazer as diligências que julgar necessárias
a cargo eletivo, seu cônjuge e parente a ordem e presteza do serviço eleitoral;
consangüíneo ou afim até o segundo grau.
V - tomar conhecimento das reclamações que
§ 2º O escrivão eleitoral, em suas faltas e lhe forem feitas verbalmente ou por escrito,
impedimentos, será substituído na forma reduzindo-as a termo, e determinando as
providências que cada caso exigir;
16
OP cit. p. 53.

26
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

VI - indicar, para aprovação do Tribunal XVI - providenciar para a solução das


Regional, a serventia de justiça que deve ter o ocorrências que se verificarem nas mesas
anexo da escrivania eleitoral; receptoras;

VIII - dirigir os processos eleitorais e XVII - tomar todas as providências ao seu


determinar a inscrição e a exclusão de alcance para evitar os atos viciosos das
eleitores; eleições;

IX- expedir títulos eleitorais e conceder XVIII -fornecer aos que não votaram por
transferência de eleitor; motivo justificado e aos não alistados, por
dispensados do alistamento, um certificado
X - dividir a zona em seções eleitorais;
que os isente das sanções legais;
XI mandar organizar, em ordem alfabética,
XIX - comunicar, até às 12 horas do dia
relação dos eleitores de cada seção, para
seguinte a realização da eleição, ao Tribunal
remessa a mesa receptora, juntamente com a
Regional e aos delegados de partidos
pasta das folhas individuais de votação; (A Lei
credenciados, o número de eleitores que
6.996/82, em seu art. 12, substituiu a folha de
votarem em cada uma das seções da zona
votação individual por listas de eleitores emitida
sob sua jurisdição, bem como o total de
por computador no processamento eletrônico de
votantes da zona.
dados.)

XII - ordenar o registro e cassação do registro


dos candidatos aos cargos eletivos JUNTAS ELEITORAIS
municipais e comunicá-los ao Tribunal
- Os juizes eleitorais serão presidentes de
Regional;
órgãos denominados Juntas Eleitorais. Sobre o
XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes assunto, ensina o professor Joel Cândido, no
das eleições os locais das seções; seguinte sentido:

XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da “As Juntas Eleitoral são compostas por dois
eleição, em audiência pública anunciada com ou quatro membros, mais seu Presidente, que
pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os é Juiz de Direito, o que forma um colegiado de
membros das mesas receptoras; três ou cinco membros no total. Não há razão
para a existência Junta de cinco membros e,
XV - instruir os membros das mesas
receptoras sobre as suas funções;

27
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

na prática, essa composição não tem deverá atuar com imparcialidade em suas
17
apresentado vantagem.” decisões. Por conta disso, existem uma série de
impedimentos para que alguém possa ocupar o
Aquele mesmo Autor ainda esclarece que:
múnus de integrante de uma Junta Eleitoral.
“Os demais membros das Juntas, com
Assim, explica o professor Joel Cândido que:
exceção de seu Presidente, que será sempre
Juiz de Direito com as garantias “Nos impedimentos, a enumeração do art. 36,
constitucionais, poderão ser leigos, vale dizer, § 3°, do Código Eleitoral, evidentemente, não
não ter formação jurídica.”18 é exaustiva, mas meramente exemplificativa.
Mesmo assim, a lei deveria punir
Sobre o referido órgão colegiado, o
criminalmente a omissão, de parte do membro
Código Eleitoral determina que:
da Junta (inclusive dos escrutinadores e
Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de auxiliares) na auto-declaração de
um juiz de direito, que será o presidente, e de impedimentos óbvios para a sua investidura,
2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória não nos parecendo de muita lógica tenha isso
idoneidade. sido omitido quando dos mesários isso se
exigiu (CE, art. 120, § 5°). A boa formação da
§ 1º Os membros das juntas eleitorais serão
Junta Eleitoral, quer pela qualidade
nomeados 60 (sessenta) dia antes da eleição,
profissional; de seus juizes, quer pela
depois de aprovação do Tribunal Regional,
correção do processo de suas nomeações, é
pelo presidente deste, a quem cumpre
caminho seguro para o sucesso do pleito e
também designar-lhes a sede.
para a normalidade do funcionamento das
§ 2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação os instituições eleitorais.”19
nomes das pessoas indicadas para compor as
Estabelece, assim, o Código Eleitoral que:
juntas serão publicados no órgão oficial do
Estado, podendo qualquer partido, no prazo § 3º Não podem ser nomeados membros das
de 3 (três) dias, em petição fundamentada, Juntas, escrutinadores ou auxiliares:
impugnar as indicações.
I - os candidatos e seus parentes, ainda que
Apesar de ser formada também por leigos, por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e
a Junta Eleitoral por ser órgão da Justiça Eleitoral bem assim o cônjuge;

17
CÂNDIDO, Joel J. Direito eleitoral brasileiro. 11 ed.
Bauru: Edipro, 2005, p. 51.
18 19
Idem. Op cit, p. 52.

28
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

II - os membros de diretorias de partidos Art. 38. Ao presidente da Junta é facultado


políticos devidamente registrados e cujos nomear, dentre cidadãos de notória
nomes tenham sido oficialmente publicados; idoneidade, escrutinadores e auxiliares em
número capaz de atender a boa marcha dos
III - as autoridades e agentes policiais, bem
trabalhos.
como os funcionários no desempenho de
cargos de confiança do Executivo;

IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral. § 1º É obrigatória essa nomeação sempre que


houver mais de dez urnas a apurar.
Determina, ainda, a Lei 9.504/97, em seu
art. 64 que: “É vedada a participação de § 2º Na hipótese do desdobramento da Junta
parentes em qualquer grau onde servidores em Turmas, o respectivo presidente nomeará
da mesma repartição pública ou empresa um escrutinador para servir como secretário
privada na mesma mesa, turma ou junta em cada turma.
eleitoral.”
§ 3º Além dos secretários a que se refere o
Ainda estabelece o Código Eleitoral que: parágrafo anterior, será designado pelo
presidente da Junta um escrutinador para
Art. 37. Poderão ser organizadas tantas
secretário-geral competindo-lhe;
Juntas quantas permitir o número de juizes de
direito que gozem das garantias do Art. 95 da I - lavrar as atas;
Constituição, mesmo que não sejam juizes
II - tomar por termo ou protocolar os recursos,
eleitorais.
neles funcionando como escrivão;
Parágrafo único. Nas zonas em que houver de
III - totalizar os votos apurados.
ser organizada mais de uma Junta, ou quando
estiver vago o cargo de juiz eleitoral ou Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o
estiver este impedido, o presidente do presidente da Junta comunicará ao Presidente
Tribunal Regional, com a aprovação deste, do Tribunal Regional as nomeações que
designará juizes de direito da mesma ou de houver feito e divulgará a composição do
outras comarcas, para presidirem as juntas órgão por edital publicado ou afixado,
eleitorais. podendo qualquer partido oferecer
impugnação motivada no prazo de 3 (três)
Deve-se observar, portanto, que o
dias.
Presidente da Junta Eleitoral será Juiz de Direito,
mas não necessariamente Juiz Eleitoral.

29
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 40. Compete à Junta Eleitoral; necessidade de que seja acompanhado por pelo
Parquet.
I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as
eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a É interessante observar que apesar da
sua jurisdição; própria legislação eleitoral por muitas vezes se
referir a Ministério Público Eleitoral, como o faz o
II - resolver as impugnações e demais
art. 24 do Código Eleitoral, por exemplo, em
incidentes verificados durante os trabalhos da
verdade, tal órgão não existe dentro do Ministério
contagem e da apuração;
Público como órgão autônomo.
III - expedir os boletins de apuração
Determina a Constituição no art. 128, I, que:
mencionados no Art. 178;

“Art. 128. O Ministério Público abrange:


IV - expedir diploma aos eleitos para cargos
municipais.
I - o Ministério Público da União, que
Parágrafo único. Nos municípios onde houver compreende:
mais de uma junta eleitoral a expedição dos
a) o Ministério Público Federal;
diplomas será feita pelo que for presidida pelo
juiz eleitoral mais antigo, à qual as demais
b) o Ministério Público do Trabalho;
enviarão os documentos da eleição.
c) o Ministério Público Militar;
Art. 41. Nas zonas eleitorais em que for
autorizada a contagem prévia dos votos pelas
d) o Ministério Público do Distrito Federal e
mesas receptoras, compete à Junta Eleitoral
Territórios;”
tomar as providências mencionadas no Art.
195. Assim, as funções de Ministério Público
Eleitoral são realizadas pelo Ministério Público
Federal. Isto é o que se verifica do art. 72 da Lei
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL Complementar 75/93, que dispõe: “Compete ao
Ministério Público Federal exercer, no que
O Ministério Público é instituição
couber, junto à Justiça Eleitoral, as funções
permanente em defesa dos interesses da
do Ministério Público, atuando em todas as
sociedade, conforme determina a Constituição
fases e instâncias do processo eleitoral.”
Federal. Como o processo eleitoral
indiscutivelmente é de interesse público, há a

30
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Por outro lado, o Ministério Público dos Público, nomeado pelo Presidente da República
Estado, através dos Promotores de Justiça, com a aprovação do Senado Federal, exercerá
deverá atuar perante a Justiça Eleitoral de as funções eleitorais.
primeiro grau, em todos os processos que sejam
Cabe ao Procurador Geral Eleitoral atuar
da competência daquele órgão do Poder
perante o Tribunal Superior Eleitoral, sendo
Judiciário.
substituído por suas faltas e impedimentos pela
20
O professor Francisco Dirceu Barros , autoridade indicada na Lei. Pode, ainda, havendo
exatamente por isso, leciona acerca dos necessidade, ter auxiliares, nomeados dentre os
Princípios da Federalização e da Delegação. membros do Ministério Público Federal com
atuação na Capital Federal. Vale, no entanto,
De acordo com o Princípio da
ressaltar que tais auxiliares não terão assento
Federalização, as atribuições eleitorais do
nas sessões.
Ministério Público deverão ser exercidas pelo
Ministério Público Federal, como visto, sendo o As atribuições do Procurador Geral
Chefe do Ministério Público da União, como será Eleitoral estão previstas no art. 24 do Código
visto adiante, o Procurador Geral Eleitoral. Eleitoral assim redigido:

Por outro lado, essa atribuição eleitoral do “Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como
Ministério Público Federal é delegada por Lei ao Chefe do Ministério Público Eleitoral;
Ministério Público dos Estados para que atuem
junto à Justiça Eleitoral de Primeiro Grau. É o I - assistir às sessões do Tribunal
que se denomina Princípio da Delegação. Superior e tomar parte nas discussões;

II - exercer a ação pública e promovê-la


até final, em todos os feitos de competência
PROCURADOR GERAL ELEITORAL
originária do Tribunal;
O Procurador Geral Eleitoral é o Chefe do
Ministério Público Eleitoral, atividade, como vista, III - oficiar em todos os recursos

exercida pelo Ministério Público Federal. Será encaminhados ao Tribunal;

Procurador Geral Eleitoral o Procurador Geral da


IV - manifestar-se, por escrito ou
República. Enquanto na função de Procurador
oralmente, em todos os assuntos submetidos
Geral da República, o membro do Ministério
à deliberação do Tribunal, quando solicitada
sua audiência por qualquer dos juizes, ou por
20
BARROS, Francisco Dirceu. Direito eleitoral. 5 ed.
Rio de Janeiro, Elsevier, 2007, p. 107. iniciativa sua, se entender necessário;

31
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

V - defender a jurisdição do Tribunal; O Procurador Regional Eleitoral poderá ter


auxiliares, em caso de necessidade, que, no
VI - representar ao Tribunal sobre a fiel entanto, não poderão ter assento nas sessões.
observância das leis eleitorais, especialmente Para que tais auxiliares sejam nomeados, é
quanto à sua aplicação uniforme em todo o essencial a autorização do Procurador Geral
País; Eleitoral. Acerca das atribuições do Procurador
Regional Eleitoral, o Código Eleitoral foi bem
VII - requisitar diligências, certidões e
sucinto, ao enunciar, em seu § 3º do art. 27, que
esclarecimentos necessários ao desempenho
determina:
de suas atribuições;
“Compete aos Procuradores Regionais
VIII - expedir instruções aos órgãos do
exercer, perante os Tribunais junto aos quais
Ministério Público junto aos Tribunais
servirem, as atribuições do Procurador
Regionais;
Geral.”

IX - acompanhar, quando solicitado, o


Corregedor Geral, pessoalmente ou por
PROMOTORES ELEITORAIS.
intermédio de Procurador que designe, nas
diligências a serem realizadas.” Cabe aos Promotores Eleitorais exercer a
atividade inerente ao Ministério Público frentes
aos Juízes e Juntas Eleitorais, atuando na sede
PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL da Zona Eleitoral. O Promotor Eleitoral é membro
do Ministério Público do respectivo Estado.
O Procurador Regional Eleitoral é o
Geralmente, é o Promotor de Justiça que atua na
membro do Ministério Público com atuação
Comarca, sede da Zona, e onde houver mais de
perante o Tribunal Regional Eleitoral. Será o
um, será aquele designado pelo Procurador
Procurador Regional Eleitoral o Procurador da
Regional Eleitoral após indicação do Procurador
República com atuação no Estado de
Geral de Justiça daquele Estado.
competência do respectivo TRE e onde houver
mais de um membro do Ministério Público Havendo mais de um Promotor de Justiça
Federal, será aquele nomeado pelo Procurador na Comarca, também deverá ser realizado, assim
Geral Eleitoral. como ocorre com os Juízes Eleitorais, o sistema
de rodízio, permanecendo o Promotor de Justiça
na função Eleitoral durante 2 anos. Vale ressaltar
que se na Zona Eleitoral só houver um único

32
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Promotor de Justiça, este exercerá as funções conduzirão a chefia do Governo ou integrarão


eleitorais pelo tempo que se fizer necessário. o Poder Legislativo.”21

Ao Promotor Eleitoral cabe o exercício de Prossegue, ainda, a lição aquele mestre,


suas atribuições perante todos os processos e dispondo que: “A capacidade eleitoral passiva
ações eleitorais perante o Juiz e a Junta Eleitoral, consiste no direito de ser votado (jus
seja atuando como autor, seja, ainda, atuando honorum). Traduz-se na prerrogativa de o
como custos legis. cidadão submeter seu nome à avaliação do
eleitorado por ocasião da escolha, através do
Acerca de tal atuação, vale apenas
processo eleitoral, daqueles que devem
destacar, que não cabe mais ao Ministério
exercer funções eletivas.”22
Público a execução de multas eleitorais, uma
vez que tal atribuição pertence à Procuradoria Sabe-se que o alistamento eleitoral é
da Fazenda Nacional, nos termos previstos requisito para as capacidades ativa e passiva. No
pelo Ordenamento Jurídico Pátrio. entanto, a capacidade eleitoral ativa é adquirida
meramente com o alistamento, enquanto que
para a capacidade passiva, verifica-se a
ALISTAMENTO ELEITORAL presença de outros requisitos.

Para que se possa entender a importância Desta forma, de acordo com o professor
do alistamento eleitoral, mister se faz o Djalma Pinto, o alistamento eleitoral é “o
entendimento do que seja capacidade eleitoral. E processo através do qual o indivíduo é
essa pode ser definida com a aptidão para introduzido no corpo eleitoral. Consiste na
adquirir direitos políticos. inscrição do interessado no rol dos eleitores.
Trata-se, por assim dizer, do mecanismo de
Os direitos políticos de maior expressão
aquisição da cidadania. Por ele se adquire a
são o direito de votar e ser votado, daí se falar
aptidão para participar da condução dos
em capacidade eleitoral ativa e capacidade
negócios públicos.”
eleitoral passiva. Neste ponto é importante se
consultar as lições do professor Djalma Pinto, nos Ora, se cidadania significa juridicamente a
seguinte sentido: “A capacidade eleitoral ativa capacidade de votar e de ser votado, o
consiste na prerrogativa assegurada a cada alistamento eleitoral é o termo inicial da
cidadão de escolher, através do voto, os
representantes que, durante certo período, 21
PINTO, Djalma. Direito eleitoral. 2 ed. São Paulo:
Atlas, 2005, p. 142.
22
Idem.

33
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

cidadania. Só pode ser considerado cidadão VEDAÇÃO AO ALISTAMENTO ELEITORAL.


aquele que se encontra alistado eleitoralmente.
Não podem alistar-se com eleitores os
estrangeiros, os conscritos, durante o período
do serviço militar obrigatório, os loucos de
REQUISITOS.
todo o gênero, os surdos mudos que não
São requisitos para o alistamento eleitoral: puderem exprimir-se, os condenados por
a nacionalidade brasileira, originária ou adquirida decisão penal transitada em julgado,
e a idade mínima de 16 anos. Deve-se lembrar enquanto durarem seus efeitos, e os menores
que o analfabeto poderá pleitear o seu de 16 anos, que não completarem essa idade,
alistamento eleitoral e votar nas eleições. O em ano de eleição, até a data do pleito (Res.
analfabeto é proibido apenas de concorrer a 20.132/98 - TSE).
cargo eletivo, ou seja, o analfabeto tem
Se, no entanto, o conscrito em serviço
capacidade ativa, mas não passiva.
militar obrigatório já for inscrito eleitoralmente, no
período da prestação de serviço militar a
inscrição ficará suspensa. Assim, não haverá
FASES.
causa, nessa hipótese de cancelamento ou
O alistamento como procedimento que é exclusão de inscrição eleitoral.
ocorrerá em duas fases: a qualificação e a
É facultativo o alistamento e o voto para as
inscrição. Na qualificação o interessado faz a
pessoas maiores de 70 anos.
comprovação, perante a Justiça Eleitoral, dos
dados que o habilitam a integrar o corpo eleitoral.
A inscrição, por sua vez, é a introdução de seu
DO ALISTAMENTO FACULTATIVO
nome no rol dos eleitores.
São alistados facultativamente os
Nestes termos, estatui o Código Eleitoral que:
analfabetos e os maiores de 16 e menores de 18
“Art. 42. O alistamento se faz mediante a anos. Se o alistamento é facultativo, o voto
qualificação e inscrição do eleitor. também o será. Se assim o é, não é porque o
sujeito decide alistar-se, quando esse direito
Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é
fosse facultativo, que a partir da inscrição
domicílio eleitoral o lugar de residência ou
eleitoral (sinônimo utilizado para alistamento
moradia do requerente, e, verificado ter o
eleitoral) será obrigado a votar.
alistando mais de uma, considerar-se-á
domicílio qualquer delas.”

34
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Por óbvio, tal faculdade irá até iniciar-se o feita no próprio dia da eleição, perante as mesas
dever de votar, o que ocorre aos alfabetizados receptoras, ou mesas nomeadas apenas para
maiores de 18 e menores de 70 anos de idade. recebimento de justificativas.

OBS: O TSE, na Resolução 21.538, passou a Se o eleitor, no entanto, encontrava-se no


permitir que a pessoa de 15 anos de idade possa exterior, tal justificativa poderá ser feita até 30
requerer o seu alistamento se for completar 16 dias após o retorno do eleitor do país em que
anos até o dia da votação, inclusive. Este último estava. Dessa forma, dispõe o art. 80 da
sempre é considerado como o dia em que ocorrer Resolução 21.538 que:
o primeiro turno. Vale ressaltar, no entanto, que
“O eleitor que deixar de votar e não se
essa permissão é feita unicamente para se evitar
justificar perante o juiz eleitoral até 60 dias
o período dentro do qual o alistamento é vedado.
após a realização da eleição incorrerá em
O que ocorre nos 150 dias anteriores às eleições.
multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na
Assim, em verdade, o alistamento surte efeitos
forma prevista nos arts. 7º e 367 do Código
apenas a partir do dia em que completa 16 anos,
Eleitoral, no que couber, e 85 desta
ou, nos termos da Resolução 21.538 do TSE,
Resolução.
com o implemento da idade.
§ 1º. Para o eleitor que se encontrar no
exterior na data do pleito, o prazo de que trata
ALISTAMENTO E VOTO OBRIGATÓRIOS o caput será de 30 dias, contados de seu
retorno ao país.”
Assim, em regra, o alistamento e o voto
são obrigatórios para os maiores de 18 e Essa penalidade pelo não alistamento
menores de 70 anos, ressalvados os analfabetos sofre um abrandamento da própria resolução
e os casos de alistamento vedado. 21.538 que dispõe o que se segue:

Dessa forma, quem alcançar a idade Art. 15. O brasileiro nato que não se alistar até
informada estará obrigado a se alistar e a votar. os 19 anos ou o naturalizado que não se
Se não o fizer, ficará sujeito a imposição de alistar até um ano depois de adquirida a
multa, a ser fixada pelo juiz eleitoral. Poderá, nacionalidade brasileira incorrerá em multa
para que não seja punido com multa, justificar a imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da
sua ausência ao pleito. Essa justificativa poderá inscrição.
ser entregue ao Juiz Eleitoral até 60 dias após as
eleições. Vale, ainda, ressaltar que, como já é de
conhecimento de todos, a justificativa poderá ser

35
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Parágrafo único. Não se aplicará a pena ao O RAE só poderá ser preenchido por
não-alistado que requerer sua inscrição servidor da Justiça Eleitoral, conforme dispõe o
eleitoral até o centésimo qüinquagésimo art. 9° da resolução 21.538/2003, sendo que o
primeiro dia anterior à eleição subseqüente à eleitor deverá estar presente no momento do
data em que completar 19 anos (Código preenchimento. Os analfabetos poderão apor a
Eleitoral, art. 8º c.c. a Lei nº 9.504/97, art. 91). sua impressão digital.

É facultado ao eleitor exercer uma


preferência sobre o local de votação com
Art. 16. O alistamento eleitoral do analfabeto é
consulta e informação da relação de todas as
facultativo (Constituição Federal, art. 14, § 1º,
seções que pertencem à zona eleitoral.
II, a).
Como já afirmado, apesar do voto ser
Parágrafo único. Se o analfabeto deixar de sê-
permitido apenas em relação àqueles com pelo
lo, deverá requerer sua inscrição eleitoral, não
menos 16 anos de idade, a jurisprudência e o art.
ficando sujeito à multa prevista no art. 15
14 da Resolução 21.538/2003 permitem que
(Código Eleitoral, art. 8º).
aquele que com apenas 15 anos possa, requerer
o alistamento, desde que tenha 16 na data das
eleições. Se estas forem realizados em 2 turnos,
DO PROCEDIMENTO DO ALISTAMENTO
o requerente deverá comprovar que terá 16 anos
ELEITORAL.
na ocorrência do primeiro turno.
Preenchidos os requisitos, a pessoa
Sobre o assunto, dispõe a Resolução
deverá se dirigir a um dos Cartórios Eleitorais e
21.538 do TSE que:
iniciar o processo de alistamento eleitoral,
adquirindo, assim, a sua condição de cidadão. De Art. 1º O alistamento eleitoral, mediante
qualquer forma, o aludido procedimento se inicia processamento eletrônico de dados, implantado
através do preenchimento do Requerimento de nos termos da Lei nº 7.444/85, será efetuado, em
Alistamento Eleitoral - RAE. todo o território nacional, na conformidade do
referido diploma legal e desta resolução.
O aludido requerimento serve para a
entrada de dados do eleitor em uma determinada Parágrafo único. Os tribunais regionais eleitorais
zona eleitoral. Esta pode ser conceituada como a adotarão o sistema de alistamento desenvolvido
menor fração territorial dentro de uma pelo Tribunal Superior Eleitoral.
circunscrição eleitoral.

36
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

DO ALISTAMENTO Parágrafo único. Para efeito de preenchimento do


requerimento ou de digitação no sistema, será
Art. 9º No cartório eleitoral ou no posto de
mantida em cada zona eleitoral relação de
alistamento, o servidor da Justiça Eleitoral
servidores, identificados pelo número do título
preencherá o RAE ou digitará as informações no
eleitoral, habilitados a praticar os atos reservados
sistema de acordo com os dados constantes do
ao cartório.
documento apresentado pelo eleitor,
complementados com suas informações Art. 11. Atribuído número de inscrição, o servidor,
pessoais, de conformidade com as exigências do após assinar o formulário, destacará o protocolo
processamento de dados, destas instruções e de solicitação, numerado de idêntica forma, e o
das orientações específicas. entregará ao requerente, caso a emissão do título
não seja imediata.
§ 1º O RAE deverá ser preenchido ou digitado e
impresso na presença do requerente. Art. 12. Os tribunais regionais eleitorais farão
distribuir, observada a seqüência numérica
§ 2º No momento da formalização do pedido, o
fornecida pela Secretaria de Informática, às
requerente manifestará sua preferência sobre
zonas eleitorais da respectiva circunscrição,
local de votação, entre os estabelecidos para a
séries de números de inscrição eleitoral, a serem
zona eleitoral.
utilizados na forma deste artigo.
§ 3º Para os fins do § 2º deste artigo, será
Parágrafo único. O número de inscrição compor-
colocada à disposição, no cartório ou posto de
se-á de até 12 algarismos, por unidade da
alistamento, a relação de todos os locais de
Federação, assim discriminados:
votação da zona, com os respectivos endereços.
a) os oito primeiros algarismos serão
§ 4º A assinatura do requerimento ou a aposição
seqüenciados, desprezando-se, na emissão, os
da impressão digital do polegar será feita na
zeros à esquerda;
presença do servidor da Justiça Eleitoral, que
deverá atestar, de imediato, a satisfação dessa b) os dois algarismos seguintes serão
exigência. representativos da unidade da Federação de
origem da inscrição, conforme códigos
Art. 10. Antes de submeter o pedido a despacho
constantes da seguinte tabela:
do juiz eleitoral, o servidor providenciará o
preenchimento ou a digitação no sistema dos 01 - São Paulo
espaços que lhe são reservados no RAE.
02 - Minas Gerais

37
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

03 - Rio de Janeiro 25 - Amapá

04 - Rio Grande do Sul 26 - Roraima

05 - Bahia 27 - Tocantins

06 - Paraná 28 - Exterior (ZZ)

07 - Ceará c) os dois últimos algarismos constituirão dígitos


verificadores, determinados com base no módulo
08 - Pernambuco
11, sendo o primeiro calculado sobre o número
09 - Santa Catarina seqüencial e o último sobre o código da unidade
da Federação seguido do primeiro dígito
10 - Goiás
verificador.
11 - Maranhão
Art. 13. Para o alistamento, o requerente
12 - Paraíba apresentará um dos seguintes documentos do
qual se infira a nacionalidade brasileira (Lei nº
13 - Pará
7.444/85, art. 5º, § 2º):
14 - Espírito Santo
a) carteira de identidade ou carteira emitida pelos
15 - Piauí órgãos criados por lei federal, controladores do
exercício profissional;
16 - Rio Grande do Norte
b) certificado de quitação do serviço militar;
17 - Alagoas
c) certidão de nascimento ou casamento,
18 - Mato Grosso
extraída do Registro Civil;

19 - Mato Grosso do Sul


d) instrumento público do qual se infira, por

20 - Distrito Federal direito, ter o requerente a idade mínima de 16


anos e do qual constem, também, os demais
21 - Sergipe elementos necessários à sua qualificação.

22 - Amazonas Parágrafo único. A apresentação do documento a

23 - Rondônia que se refere a alínea b é obrigatória para


maiores de 18 anos, do sexo masculino.
24 - Acre

38
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 17. Despachado o requerimento de inscrição eleitoral, serão fornecidas gratuitamente,


pelo juiz eleitoral e processado pelo cartório, o segundo a ordem dos pedidos apresentados
setor da Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral em cartório pelos alistandos ou delegados de
responsável pelos serviços de processamento partido.
eletrônico de dados enviará ao cartório eleitoral,
§1º Os cartórios de Registro Civil farão, ainda,
que as colocará à disposição dos partidos
gratuitamente, o registro de nascimento
políticos, relações de inscrições incluídas no
visando ao fornecimento de certidão aos
cadastro, com os respectivos endereços.
alistandos, desde que provem carência de
§ 1º Do despacho que indeferir o requerimento de recursos, ou aos Delegados de Partido, para
inscrição, caberá recurso interposto pelo fins eleitorais.
alistando no prazo de cinco dias e, do que o
§ 2º Em cada Cartório de Registro Civil haverá
deferir, poderá recorrer qualquer delegado de
um livro especial aberto e rubricado pelo Juiz
partido político no prazo de dez dias, contados da
Eleitoral, onde o cidadão ou o delegado de
colocação da respectiva listagem à disposição
partido deixará expresso o pedido de certidão
dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e
para fins eleitorais, datando-o.
15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte,
ainda que tenham sido exibidas ao alistando § 3º O escrivão, dentro de quinze dias da data
antes dessas datas e mesmo que os partidos não do pedido, concederá a certidão, ou
as consultem (Lei nº 6.996/82, art. 7º). justificará, perante o Juiz Eleitoral por que
deixa de fazê-lo.
§ 2º O cartório eleitoral providenciará, para o fim
do disposto no § 1º, relações contendo os Art. 48. O empregado mediante comunicação
pedidos indeferidos. com 48 (quarenta e oito) horas de
antecedência, poderá deixar de comparecer
Dispõe, ainda, o art. 45 do Código Eleitoral que:
ao serviço, sem prejuízo do salário e por
§ 8º Os recursos referidos no parágrafo tempo não excedente a 2 (dois) dias, para o
anterior serão julgados pelo Tribunal Regional fim de se alistar eleitor ou requerer
Eleitoral dentro de 5 (cinco) dias. transferência.

Vale, também, ressaltar que o Código Eleitoral Art. 49. Os cegos alfabetizados pelo sistema
ainda dispõe que: "Braille", que reunirem as demais condições
de alistamento, podem qualificar-se mediante
Art. 47. As certidões de nascimento ou
o preenchimento da fórmula impressa e a
casamento, quando destinadas ao alistamento

39
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

aposição do nome com as letras do referido TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO ELEITORAL.


alfabeto.
O domicílio eleitoral tem um aspecto mais
§ 1º De forma idêntica serão assinadas a folha amplo do de que o domicílio civil. Isso porque o
individual de votação e as vias do título. segundo necessita de dois requisitos para existir:
um objetivo, que é o local de moradia ou
§ 2º Esses atos serão feitos na presença
habitação da pessoa, e outro subjetivo, que é o
também de funcionários de estabelecimento
ânimo de permenecer naquele local.
especializado de amparo e proteção de cegos,
conhecedor do sistema "Braille", que Já o domicílio eleitoral necessita apenas
subscreverá, com o Escrivão ou funcionário do local de habitação ou moradia, ou seja,
designado, o seguinte declaração a ser necessita apenas do aspecto objetivo e não do
lançada no modelo de requerimento; subjetivo. Por conta disso, tem entendido o TSE
"Atestamos que a presente fórmula bem como que basta que se tenha um vínculo patrimonial,
a folha individual de votação e vias do título profissional ou comunitário para que se qualifique
foram subscritas pelo próprio, em nossa determinado lugar como domicílio eleitoral, o que
presença". tem feito surgir diversas formas de fraude.

Algumas vezes, o eleitor depois de


alistado necessitará transferir seu título para
Art. 50. O juiz eleitoral providenciará para que
outro domicílio eleitoral. Este fato tem ensejado
se proceda ao alistamento nas próprias sedes
por diversas vezes fraudes, onde eleitores são
dos estabelecimentos de proteção aos cegos,
transferidos para outros domicílios sem, sequer,
marcando previamente, dia e hora para tal fim,
ter qualquer relação com aquele local.
podendo se inscrever na zona eleitoral
correspondente todos os cegos do município. Por conta disso, tem-se tentado
sistematicamente barrar esse tipo de fraude.
§ 1º Os eleitores inscritos em tais condições
Dessa forma, a Resolução 21.538/2003 estatui
deverão ser localizados em uma mesma
que:
seção da respectiva zona.
Art. 18. A transferência do eleitor só será
§ 2º Se no alistamento realizado pela forma
admitida se satisfeitas as seguintes
prevista nos artigos anteriores, o número de
exigências:
eleitores não alcançar o mínimo exigido, este
se completará com a inclusão de outros ainda
que não sejam cegos.

40
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

I - recebimento do pedido no cartório eleitoral ao cartório eleitoral, que as colocará à


do novo domicílio no prazo estabelecido pela disposição dos partidos políticos, relações de
legislação vigente; inscrições atualizadas no cadastro, com os
respectivos endereços.
II - transcurso de, pelo menos, um ano do
alistamento ou da última transferência; § 5º Do despacho que indeferir o
requerimento de transferência, caberá recurso
III - residência mínima de três meses no novo
interposto pelo eleitor no prazo de cinco dias
domicílio, declarada, sob as penas da lei, pelo
e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer
próprio eleitor (Lei nº 6.996/82, art. 8º);
delegado de partido político no prazo de dez
IV - prova de quitação com a Justiça Eleitoral. dias, contados da colocação da respectiva
listagem à disposição dos partidos, o que
deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada mês,
§ 1º O disposto nos incisos II e III não se ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que
aplica à transferência de título eleitoral de tenham sido exibidas ao requerente antes
servidor público civil, militar, autárquico, ou dessas datas e mesmo que os partidos não as
de membro de sua família, por motivo de consultem (Lei nº 6.996/82, art. 8º).
remoção ou transferência (Lei nº 6.996/82, art.
§ 6º O cartório eleitoral providenciará, para o
8º, parágrafo único).
fim do disposto no § 5º, relações contendo os
§ 2º Ao requerer a transferência, o eleitor pedidos indeferidos.
entregará ao servidor do cartório o título
DA SEGUNDA VIA DO TÍTULO DE ELEITOR.
eleitoral e a prova de quitação com a Justiça
Eleitoral. Pode o eleitor requerer a segunda via de
seu título, conforme se verifica nas seguintes
§ 3º Não comprovada a condição de eleitor ou
hipóteses, previstas no Código Eleitoral, no
a quitação para com a Justiça Eleitoral, o juiz
seguinte sentido:
eleitoral arbitrará, desde logo, o valor da
multa a ser paga. Art. 52. No caso de perda ou extravio de seu
título, requererá o eleitor ao juiz do seu
§ 4º Despachado o requerimento de
domicílio eleitoral, até 10 (dez) dias antes da
transferência pelo juiz eleitoral e processado
eleição, que lhe expeça segunda via.
pelo cartório, o setor da Secretaria do
Tribunal Regional Eleitoral responsável pelos
serviços de processamento de dados enviará

41
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 1º O pedido de segunda via será § 3º Deferido o pedido, o título será enviado


apresentado em cartório, pessoalmente, pelo ao juiz da Zona que remeteu o requerimento,
eleitor, instruído o requerimento, no caso de caso o eleitor haja solicitado essa
inutilização ou dilaceração, com a primeira via providência, ou ficará em cartório aguardando
do título. que o interessado o procure.

§ 2º No caso de perda ou extravio do título, o § 4º O pedido de segunda-via formulado nos


juiz, após receber o requerimento de segunda termos deste artigo só poderá ser recebido
via, fará publicar, pelo prazo de 5 (cinco) dias, até 60 (sessenta) dias antes do pleito.
pela imprensa, onde houver, ou por editais, a
Simplificando a questão, estabeleceu a
notícia do extravio ou perda e do
Resolução 21.538/2003 que:
requerimento de segunda via, deferindo o
pedido, findo este prazo, se não houver Art. 19. No caso de perda ou extravio do título,
impugnação. bem assim de sua inutilização ou dilaceração,
o eleitor deverá requerer pessoalmente ao juiz
de seu domicílio eleitoral que lhe expeça
Art. 53. Se o eleitor estiver fora do seu segunda via.
domicílio eleitoral poderá requerer a segunda
§ 1º Na hipótese de inutilização ou
via ao juiz da zona em que se encontrar,
dilaceração, o requerimento será instruído
esclarecendo se vai recebê-la na sua zona ou
com a primeira via do título.
na em que requereu.
§ 2º Em qualquer hipótese, no pedido de
§ 1º O requerimento, acompanhado de um
segunda via, o eleitor deverá apor a
novo título assinado pelo eleitor na presença
assinatura ou a impressão digital do polegar,
do escrivão ou de funcionário designado e de
se não souber assinar, na presença do
uma fotografia, será encaminhado ao juiz da
servidor da Justiça Eleitoral, que deverá
zona do eleitor.
atestar a satisfação dessa exigência, após
§ 2º Antes de processar o pedido, na forma comprovada a identidade do eleitor.
prevista no artigo anterior, o juiz determinará
que se confira a assinatura constante do novo
título com a da folha individual de votação ou TÍTULO DE ELEITOR.
do requerimento de inscrição.
Título de eleitor é o documento solene e
formal que expressa a cidadania brasileira, sendo

42
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

impresso nas cores preto e verde com marca impressão digital de seu polegar, bem como a
d’água, constando ao fundo as Armas da expressão "segunda via", quando for o caso.
República sendo contornado por serrilha.

A emissão do título deve ser feita por


§ 1º Os tribunais regionais poderão autorizar,
computador, obrigatoriamente, sendo assinado
na emissão on-line de títulos eleitorais e em
pelo juiz eleitoral, contendo a assinatura do
situações excepcionais, a exemplo de revisão
eleitor para fins de conferencia na folha de
de eleitorado, recadastramento ou
votação que fica no dia da eleição nas seções
rezoneamento, o uso, mediante rígido
eleitorais.
controle, de impressão da assinatura
A entrega do título é sempre pessoal, (chancela) do presidente do Tribunal Regional
através de comprovação de documento oficial de Eleitoral respectivo, em exercício na data da
identidade. Assim, nos termos da Resolução autorização, em substituição à assinatura do
21.538/2003: juiz eleitoral da zona, nos títulos eleitorais.

Art. 22. O título eleitoral será confeccionado § 2º Nas hipóteses de alistamento,


com características, formas e especificações transferência, revisão e segunda via, a data da
constantes do modelo Anexo II. emissão do título será a de preenchimento do
requerimento.
Parágrafo único. O título eleitoral terá as
dimensões de 9,5 x 6,0 cm, será Art. 24. Juntamente com o título eleitoral, será
confeccionado em papel com marca d'água e emitido Protocolo de Entrega do Título
peso de 120 g/m2, impresso nas cores preto e Eleitoral - PETE (canhoto), que conterá o
verde, em frente e verso, tendo como fundo as número de inscrição, o nome do eleitor e de
Armas da República, e será contornado por sua mãe e a data de nascimento, com
serrilha. espaços, no verso, destinados à assinatura do
eleitor ou aposição da impressão digital de
Art. 23. O título eleitoral será emitido,
seu polegar, se não souber assinar, à
obrigatoriamente, por computador e dele
assinatura do servidor do cartório
constarão, em espaços próprios, o nome do
responsável pela entrega e o número de sua
eleitor, a data de nascimento, a unidade da
inscrição eleitoral, bem como à data de
Federação, o município, a zona e a seção
recebimento.
eleitoral onde vota, o número da inscrição
eleitoral, a data de emissão, a assinatura do
juiz eleitoral, a assinatura do eleitor ou a

43
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 1º O título será entregue, no cartório ou no poderá ser controlado pelos partidos políticos,
posto de alistamento, pessoalmente ao que também serão responsáveis pela lisura das
eleitor, vedada a interferência de pessoas eleições.
estranhas à Justiça Eleitoral.
Por isso, estabelece a Resolução 21.538 do TSE:
§ 2º Antes de efetuar a entrega do título,
Art. 27. Os partidos políticos, por seus
comprovada a identidade do eleitor e a
delegados, poderão:
exatidão dos dados inseridos no documento,
o servidor destacará o título eleitoral e colherá I - acompanhar os pedidos de alistamento,
a assinatura ou a impressão digital do polegar transferência, revisão, segunda via e
do eleitor, se não souber assinar, no espaço quaisquer outros, até mesmo emissão e
próprio constante do canhoto. entrega de títulos eleitorais, previstos nesta
resolução;

II - requerer a exclusão de qualquer eleitor


Art. 25. No período de suspensão do
inscrito ilegalmente e assumir a defesa do
alistamento, não serão recebidos
eleitor cuja exclusão esteja sendo promovida;
requerimentos de alistamento ou
transferência (Lei nº 9.504/97, art. 91, caput). III - examinar, sem perturbação dos serviços e
na presença dos servidores designados, os
Parágrafo único. O processamento reabrir-se-
documentos relativos aos pedidos de
á em cada zona logo que estejam concluídos
alistamento, transferência, revisão, segunda
os trabalhos de apuração em âmbito nacional
via e revisão de eleitorado, deles podendo
(Código Eleitoral, art. 70).
requerer, de forma fundamentada, cópia, sem
Art. 26. O título eleitoral prova a quitação do ônus para a Justiça Eleitoral.
eleitor para com a Justiça Eleitoral até a data
Parágrafo único. Qualquer irregularidade
de sua emissão.
determinante de cancelamento de inscrição
deverá ser comunicada por escrito ao juiz
eleitoral, que observará o procedimento
FISCALIZAÇÃO.
estabelecido nos arts. 77 a 80 do Código
Todo o processo eleitoral, incluindo, por Eleitoral.
óbvio, o alistamento, deve ser fiscalizado pelo
Art. 28. Para os fins do art. 27, os partidos
Ministério Público Eleitoral. Outrossim, e a isso a
políticos poderão manter até dois delegados
Legislação dá bastante destaque, o alistamento
perante o Tribunal Regional Eleitoral e até três

44
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

delegados em cada zona eleitoral, que se § 2º Consideram-se, para os efeitos deste artigo,
revezarão, não sendo permitida a atuação como informações personalizadas, relações de
simultânea de mais de um delegado de cada eleitores acompanhadas de dados pessoais
partido. (filiação, data de nascimento, profissão, estado
civil, escolaridade, telefone e endereço).

§ 3º Excluem-se da proibição de que cuida o § 1º


§ 1º Na zona eleitoral, os delegados serão
os pedidos relativos a procedimento previsto na
credenciados pelo juiz eleitoral.
legislação eleitoral e os formulados:
§ 2º Os delegados credenciados no Tribunal
a) pelo eleitor sobre seus dados pessoais;
Regional Eleitoral poderão representar o
partido, na circunscrição, perante qualquer b) por autoridade judicial e pelo Ministério
juízo eleitoral. Público, vinculada a utilização das informações
obtidas, exclusivamente, às respectivas
atividades funcionais;
DO CADASTRO DE ELEITORES
c) por entidades autorizadas pelo Tribunal
Como visto, o alistamento significa
Superior Eleitoral, desde que exista reciprocidade
qualificação e inscrição. Por conta disso,
de interesses (Lei nº 7.444/85, art. 4º).
evidencia-se a toda sorte que a Justiça Eleitoral
possui um cadastro com os eleitores Art. 30. Os tribunais e juízes eleitorais poderão,
devidamente inscritos. O acesso a esse cadastro no âmbito de suas jurisdições, autorizar o
é regulamentado pela Resolução 21.538, nos fornecimento a interessados, desde que sem
seguintes termos: ônus para a Justiça Eleitoral e disponíveis em
meio magnético, dos dados de natureza
DO ACESSO ÀS INFORMAÇÕES
estatística levantados com base no cadastro
CONSTANTES DO CADASTRO
eleitoral, relativos ao eleitorado ou ao resultado
Art. 29. As informações constantes do cadastro de pleito eleitoral, salvo quando lhes for atribuído
eleitoral serão acessíveis às instituições públicas caráter reservado.
e privadas e às pessoas físicas, nos termos desta
Art. 31. Os juízes e os tribunais eleitorais não
resolução (Lei nº 7.444/85, art. 9º, I).
fornecerão dados do cadastro de eleitores não
§ 1º Em resguardo da privacidade do cidadão, pertencentes a sua jurisdição, salvo na hipótese
não se fornecerão informações de caráter do art. 82 desta resolução.
personalizado constantes do cadastro eleitoral.

45
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 32. O uso dos dados de natureza estatística As hipóteses de cancelamento e exclusão
do eleitorado ou de pleito eleitoral obriga a quem de eleitores encontra-se perfeitamente delineada
os tenha adquirido a citar a fonte e a assumir no art. 71 do Código Eleitoral que determina:
responsabilidade pela manipulação inadequada
ou extrapolada das informações obtidas.
Art. 71. São causas de cancelamento:

DO CANCELAMENTO E EXCLUSÃO DE I - a infração dos artigos. 5º e 42;


ELEITORES
II - a suspensão ou perda dos direitos
Leciona o professor José Jairo Gomes políticos;
que: “O alistamento e a organização do
eleitorado consubstanciam-se em atividades III - a pluralidade de inscrição;
eminentemente administrativas. Entretanto,
IV - o falecimento do eleitor;
uma vez acertado o corpo, não se pode
pretender que permaneça estático, imutável.
V - deixar de votar em 3 (três) eleições
O dinamismo é próprio dessa estrutura, sendo
consecutivas.
contínuas as mudanças que nela se operam.
Ora é um eleitor que perde seus direitos A) infração ao art. 5º do Código Eleitoral ocorre
políticos ou os tem suspensos, ora é outro quando se alista aquele que segundo o
que falece e, pois, perde a condição de Ordenamento Jurídico estaria proibido de se
pessoa e de cidadão. Assim, diante das alistar. Vale ressaltar que o art. 5º, I, do Código
inevitáveis mudanças, impõe-se que a própria Eleitoral não foi recepcionado pela Constituição
Administração Eleitoral reveja seus Federal, uma vez que os analfabetos, segundo o
assentamentos, alterando informações Ordenamento Constitucional, são alistáveis,
constantes dos registros e mesmo apesar do alistamento ser facultativo.
cancelando inscrições e promovendo
exclusões, tudo com o fito de preservar a Por isso, a interpretação que deve ser feita
idoneidade do corpo eleitoral. Impera nessa acerca do art. 71, I, do Código Eleitoral é que
seara o princípio da legalidade, pelo que a será causa de cancelamento de inscrição o fato
Administração deve sempre seguir o de haver alguém se alistado apesar de proibido o
estabelecido em lei.”23 alistamento eleitoral (o que ocorre com os
estrangeiros e os conscritos, durante o período
23 do serviço militar obrigatório).
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 3 ed. Belo
Horizonte: Del Rey Editora, 2008, p. 118.

46
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

B) infração ao art. 42 do Código Eleitoral ocorre realizado em nível nacional pelo TSE. Sobre o
quando há um alistamento em domicílio eleitoral assunto, dispõe a Resolução 21.538 que:
diverso do que deveria corresponder a inscrição
de certo eleitor. Art. 33. O batimento ou cruzamento das
informações constantes do cadastro eleitoral
C) falecimento do eleitor, evidentemente, é causa terá como objetivos expurgar possíveis
de cancelamento de inscrição. É obrigatório o duplicidades ou pluralidades de inscrições
envio de informações dos cartórios de Registro eleitorais e identificar situações que exijam
de Pessoas Civis para a Justiça Eleitoral, no dia averiguação e será realizado pelo Tribunal
15 de cada mês, dos óbitos ocorridos no mês Superior Eleitoral, em âmbito nacional.
anterior de pessoas alistáveis.

Por isso, dispõe o art. 71, § 3º, do Código


§ 1º As operações de alistamento,
Eleitoral que: “Os oficiais de Registro Civil, sob
transferência e revisão somente serão
as penas do art. 293, enviarão, até o dia
incluídas no cadastro ou efetivadas após
quinze de cada mês, ao juiz eleitoral da zona
submetidas a batimento.
em que oficiarem, comunicarão dos óbitos de
cidadãos alistáveis, ocorridos no mês § 2º Inscrição agrupada em duplicidade ou
anterior, para cancelamentos das inscrições.” pluralidade ficará sujeita a apreciação e
decisão de autoridade judiciária.
D) Pluralidade de inscrições é proibida, em
§ 3º Em um mesmo grupo, serão sempre
virtude da universalidade do sufrágio que
consideradas não liberadas as inscrições
determina que para cada homem é assegurado
mais recentes, excetuadas as inscrições
apenas 1 voto, para que todos os cidadãos
atribuídas a gêmeos, que serão identificadas
tenham o mesmo peso nos votos dados. Como
em situação liberada.
afirma o brocardo inglês one man, one vote.
§ 4º Em caso de agrupamento de inscrição de
Por isso é permitida apenas uma inscrição
gêmeo com inscrição para a qual não foi
eleitoral por cidadão. A existência de pluralidade
indicada aquela condição, essa última será
de inscrições é causa de cancelamento de
considerada não liberada.
inscrição eleitoral. Para que seja encontrada a
pluralidade, é realizado um sistema eletrônico
denominado de batimento. O batimento é

47
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

DOS DOCUMENTOS EMITIDOS PELO o desejar, requerer regularização de sua


SISTEMA NO BATIMENTO situação eleitoral, no prazo de 20 dias,
contados da data de realização do batimento.

Art. 37. Recebida a comunicação da


Art. 34. Será colocada à disposição de todas
coincidência, a autoridade judiciária deverá,
as zonas eleitorais, após a realização de
de ofício e imediatamente:
batimento:
I - determinar sua autuação;
I - RELAÇÃO DE ELEITORES AGRUPADOS
(envolvidos em duplicidade ou pluralidade) II - determinar a regularização da situação da
emitida por ordem de número de grupo, inscrição do eleitor que não possuir outra
contendo todos os eleitores agrupados inscrição liberada, independentemente de
inscritos na zona, com dados necessários a requerimento, desde que constatado que o
sua individualização, juntamente com índice grupo é formado por pessoas distintas;
em ordem alfabética;
III - determinar as diligências cabíveis quando
II - COMUNICAÇÃO dirigida à autoridade não for possível identificar de pronto se a
judiciária incumbida da apreciação do caso, inscrição pertence ou não a um mesmo
noticiando o agrupamento de inscrição em eleitor;
duplicidade ou pluralidade, para as
IV - aguardar, sendo o caso, o
providências estabelecidas nesta resolução.
comparecimento do eleitor ao cartório durante
Parágrafo único. Será expedida NOTIFICAÇÃO os 20 dias que lhe são facultados para
dirigida ao eleitor cuja inscrição foi requerer regularização de situação eleitoral;
considerada não liberada pelo batimento.
V - comparecendo o eleitor ao cartório,
orientá-lo, conforme o caso, a preencher o
Requerimento para Regularização de
Art. 35. Colocada à disposição a relação de
Inscrição - RRI, ou a requerer, oportunamente,
eleitores agrupados, o juiz eleitoral fará
transferência, revisão ou segunda via;
publicar edital, pelo prazo de três dias, para
conhecimento dos interessados. VI - determinar o cancelamento da(s)
inscrição(ões) que comprovadamente
Art. 36. Todo eleitor que tiver sua inscrição
pertença(m) a um mesmo eleitor, assegurando
não liberada em decorrência do cruzamento
a cada eleitor apenas uma inscrição;
de informações deverá ser notificado para, se

48
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

VII - dar publicidade à decisão; b) ao corregedor regional eleitoral, quando


envolver inscrições efetuadas entre zonas
VIII - promover a digitação da decisão;
eleitorais de uma mesma circunscrição (Tipo
IX - adotar demais medidas cabíveis. 2 P);

c) ao corregedor-geral, quando envolver


inscrições efetuadas em zonas eleitorais de
Art. 38. Não poderá ser objeto de
circunscrições diversas (Tipo 3 P).
transferência, revisão ou segunda via,
inscrição agrupada em duplicidade ou
pluralidade.
§ 1º As decisões de situação relativa a pessoa
Art. 39. Encerrado o prazo para exame e que perdeu seus direitos políticos (Tipo 3 D) e
decisão dos casos de duplicidade ou de pluralidades decorrentes do agrupamento
pluralidade, não existindo decisão de de uma ou mais inscrições, requeridas em
autoridade judiciária, a inscrição liberada circunscrições distintas, com um ou mais
passará a figurar como regular e a não- registros de suspensão da Base de Perda e
liberada como cancelada, caso exista no Suspensão de Direitos Políticos (Tipo 3 P)
cadastro. serão da competência do corregedor-geral.

Art. 41. A decisão das duplicidades e § 2º As decisões das duplicidades envolvendo


pluralidades de inscrições, agrupadas ou não inscrição e registro de suspensão da Base de
pelo batimento, inclusive quanto às inscrições Perda e Suspensão de Direitos Políticos (Tipo
de pessoas que estão com seus direitos 2 D) e das pluralidades decorrentes do
políticos suspensos, na esfera administrativa, agrupamento de uma ou mais inscrições,
caberá: requeridas na mesma circunscrição, com um
ou mais registros de suspensão da referida
I - No tocante às duplicidades, ao juiz da zona
base (Tipo 2 P) serão da competência do
eleitoral onde foi efetuada a inscrição mais
corregedor regional eleitoral.
recente (Tipo 1 D), ressalvadas as hipóteses
previstas nos §§ 1º a 3º deste artigo; § 3º Na hipótese de duplicidade envolvendo
inscrições atribuídas a gêmeos ou
II - No tocante às pluralidades:
homônimos comprovados, existindo inscrição
a) ao juiz da zona eleitoral, quando envolver não liberada no grupo, a competência para
inscrições efetuadas em uma mesma zona decisão será do juiz da zona eleitoral a ela
eleitoral (Tipo 1 P); correspondente.

49
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 4º Em grau de recurso, no prazo de três regular, ou da necessidade de regularização


dias, caberá: de inscrição não liberada, cancelada ou
suspensa, efetuada em zona eleitoral diferente
a) ao corregedor regional a apreciação de
daquela em que tem jurisdição, deverá
situações que motivaram decisão de juiz
comunicá-lo à autoridade judiciária
eleitoral de sua circunscrição;
competente, para medidas cabíveis, por
b) ao corregedor-geral a apreciação de intermédio da correspondente corregedoria
situações que ensejaram decisão de regional.
corregedor regional.

Art. 43. Nas duplicidades e pluralidades de


§ 5º Havendo decisões conflitantes em sua competência, o corregedor-geral ou o
processo de regularização de situação de corregedor regional poderão se pronunciar
eleitor, proferidas por autoridades judiciárias quanto a qualquer inscrição agrupada.
distintas, envolvendo inscrições atribuídas a
uma mesma pessoa, o conflito será decidido:
Art. 44. A competência para decidir a respeito
a) pelo corregedor regional eleitoral, quando
das duplicidades e pluralidades, na esfera
se tratar de decisões proferidas por juízes de
penal, será sempre do juiz eleitoral da zona
zonas eleitorais de uma mesma circunscrição;
onde foi efetuada a inscrição mais recente.
b) pelo corregedor-geral, quando se tratar de
decisões proferidas por juízes eleitorais de
circunscrições diversas ou pelos Art. 45. Examinada e decidida a duplicidade
corregedores regionais. ou a pluralidade, a decisão tomada pela
autoridade judiciária será processada,
conforme o caso:
Art. 42. O juiz eleitoral só poderá determinar a
I - pela própria zona eleitoral e, na
regularização, o cancelamento ou a
impossibilidade, encaminhada à respectiva
suspensão de inscrição que pertença à sua
secretaria regional de informática, por
jurisdição.
intermédio das corregedorias regionais;
Parágrafo único. A autoridade judiciária que
tomar conhecimento de fato ensejador do
cancelamento de inscrição liberada ou

50
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

II - pelas corregedorias regionais, com o apoio judiciária no prazo especificado no caput,


das secretarias regionais de informática, no decorridos dez dias, será automaticamente
que não lhes for possível proceder; cancelada pelo sistema.

III - pela própria Corregedoria-Geral. § 3º Após o transcurso de seis anos, contados


do processamento do código FASE próprio,
as inscrições canceladas serão excluídas do
Art. 46. As informações necessárias ao exame cadastro.
e decisão das duplicidades e pluralidades
Não se pode, no entanto, confundir a
deverão ser prestadas no prazo de dez dias,
competência para cancelamento de inscrição em
contados do recebimento da requisição, por
virtude de pluralidade com a competência para
intermédio do ofício INFORMAÇÕES
julgamento penal em virtude do fato, uma vez
PRESTADAS PELA AUTORIDADE
que a pluralidade de inscrições pode também
JUDICIÁRIA.
constituir conduta criminal. A competência para a
Parágrafo único. Ainda que o eleitor não tenha ação penal será do Juiz Eleitoral da zona eleitoral
sido encontrado, o ofício de que trata o caput em que ocorreu a inscrição mais recente.
deverá ser preenchido, assinado, instruído e
enviado, no prazo estipulado, à autoridade Assim, determina a Resolução 21.538 que:
judiciária competente para decisão.
Art. 48. Decidida a duplicidade ou pluralidade
Art. 47. A autoridade judiciária competente e tomadas as providências de praxe, se duas
deverá se pronunciar quanto às situações de ou mais inscrições em cada grupo forem
duplicidade e pluralidade detectadas pelo atribuídas a um mesmo eleitor, excetuados os
batimento em até 40 dias contados da data de casos de evidente falha dos serviços
realização do respectivo batimento. eleitorais, os autos deverão ser remetidos ao
Ministério Público Eleitoral.

§ 1º Processada a decisão de que trata o


caput, a situação da inscrição será § 1º Manifestando-se o Ministério Público pela
automaticamente atualizada no cadastro. existência de indício de ilícito penal eleitoral a
ser apurado, o processo deverá ser remetido,
§ 2º Inscrição agrupada em duplicidade ou
pela autoridade judiciária competente, à
pluralidade, com situação não liberada, que
Polícia Federal para instauração de inquérito
não for objeto de decisão da autoridade
policial.

51
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 2º Inexistindo unidade regional do apuração de responsabilidade de qualquer


Departamento de Polícia Federal na localidade ordem, seja de eleitor, de servidor da Justiça
onde tiver jurisdição o juiz eleitoral a quem Eleitoral ou de terceiros, por inscrição
couber decisão a respeito, a remessa das fraudulenta ou irregular.
peças informativas poderá ser feita por
Parágrafo único. Qualquer eleitor, partido
intermédio das respectivas corregedorias
político ou Ministério Público poderá se dirigir
regionais eleitorais.
formalmente ao juiz eleitoral, corregedor
§ 3º Concluído o apuratório ou no caso de regional ou geral, no âmbito de suas
pedido de dilação de prazo, o inquérito respectivas competências, relatando fatos e
policial a que faz alusão o § 1º deverá ser indicando provas para pedir abertura de
encaminhado, pela autoridade policial que o investigação com o fim de apurar
presidir, ao juiz eleitoral a quem couber irregularidade no alistamento eleitoral.
decisão a respeito na esfera penal.
Ainda, havendo pluralidade não necessariamente
§ 4º Arquivado o inquérito ou julgada a ação serão canceladas todas as inscrições nessa
penal, o juiz eleitoral comunicará, sendo o situação. Por isso, dispõe a Resolução 21.538 do
caso, a decisão tomada à autoridade judiciária TSE acerca da preferência para cancelamento
que determinou sua instauração, com a quando for o caso de inscrições em pluralidade,
finalidade de tornar possível a adoção de nos seguintes termos:
medidas cabíveis na esfera administrativa.
Art. 40. Identificada situação em que um
§ 5º A espécie, no que lhe for aplicável, será
mesmo eleitor possua duas ou mais
regida pelas disposições do Código Eleitoral
inscrições liberadas ou regulares, agrupadas
e, subsidiariamente, pelas normas do Código
ou não pelo batimento, o cancelamento de
de Processo Penal.
uma ou mais delas deverá, preferencialmente,
§ 6º Não sendo cogitada a ocorrência de ilícito recair:
penal eleitoral a ser apurado, os autos
I - na inscrição mais recente, efetuada
deverão ser arquivados na zona eleitoral onde
contrariamente às instruções em vigor;
o eleitor possuir inscrição regular.
II - na inscrição que não corresponda ao
domicílio eleitoral do eleitor;
Art. 49. Os procedimentos a que se refere esta
III - naquela cujo título não haja sido entregue
resolução serão adotados sem prejuízo da
ao eleitor;

52
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

IV - naquela cujo título não haja sido utilizado corregedorias regionais, à zona eleitoral a que
para o exercício do voto na última eleição; pertencer a inscrição.

V - na mais antiga. § 2º Quando se tratar de pessoa não inscrita


perante a Justiça Eleitoral ou com inscrição
§ 1º Comprovado que as inscrições
cancelada no cadastro, o registro será feito
identificadas pertencem a gêmeos ou
diretamente na Base de Perda e Suspensão de
homônimos, deverá ser comandado o
Direitos Políticos pela Corregedoria Regional
respectivo código FASE.
Eleitoral que primeiro tomar conhecimento do
§ 2º Constatada a inexatidão de qualquer dado fato.
constante do cadastro eleitoral, deverá ser
§ 3º Comunicada a perda de direitos políticos
providenciada a necessária alteração,
pelo Ministério da Justiça, a Corregedoria-
mediante preenchimento ou digitação de RAE
Geral providenciará a imediata atualização da
(Operação 5 - Revisão), observadas as
situação das inscrições no cadastro e na Base
formalidades para seu deferimento.
de Perda e Suspensão de Direitos Políticos.

E) a perda e suspensão dos direitos políticos § 4º A outorga a brasileiros do gozo dos


também são causas de cancelamento de direitos políticos em Portugal, devidamente
inscrição. Dessa maneira, existindo alguma comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral,
causa de perda ou suspensão deverá ser iniciado importará suspensão desses mesmos direitos
o procedimento de cancelamento de inscrição. no Brasil (Decreto nº 70.391, de 12.4.72).
Por isso, determina a Resolução 21.538 do TSE
que: Resolução 21.538 do TSE:

Art. 52. A regularização de situação eleitoral de


Art. 51. Tomando conhecimento de fato
pessoa com restrição de direitos políticos
ensejador de inelegibilidade ou de suspensão
somente será possível mediante comprovação de
de inscrição por motivo de suspensão de
haver cessado o impedimento.
direitos políticos ou de impedimento ao
exercício do voto, a autoridade judiciária § 1º Para regularização de inscrição envolvida
determinará a inclusão dos dados no sistema em coincidência com outra de pessoa que perdeu
mediante comando de FASE. ou está com seus direitos políticos suspensos,
será necessária a comprovação de tratar-se de
§ 1º Não se tratando de eleitor de sua zona
eleitor diverso.
eleitoral, o juiz eleitoral comunicará o fato, por
intermédio das correspondentes

53
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 2º Na hipótese do artigo, o interessado deverá c) para beneficiários do Estatuto da Igualdade:


preencher requerimento e instruir o pedido com comunicação do Ministério da Justiça ou de
Declaração de Situação de Direitos Políticos e repartição consular ou missão diplomática
documentação comprobatória de sua alegação. competente, a respeito da cessação do gozo de
direitos políticos em Portugal, na forma da lei.
§ 3º Comprovada a cessação do impedimento,
será comandado o código FASE próprio e/ou III - Nos casos de inelegibilidade: certidão ou
inativado(s), quando for o caso, o(s) registro(s) outro documento.
correspondente(s) na Base de Perda e
F) Por fim, é causa de cancelamento de inscrição
Suspensão de Direitos Políticos.
deixar o eleitor de votar em 3 eleições
Art. 53. São considerados documentos consecutivas. Vale ressaltar que o cancelamento
comprobatórios de reaquisição ou não será aplicado se houver justificação pelo
restabelecimento de direitos políticos: eleitor ou pagamento de multa. A legislação
eleitoral não limita o número de vezes que o
I - Nos casos de perda:
eleitor paga a multa ou se justifica perante a
a) decreto ou portaria; Justiça Eleitoral.

b) comunicação do Ministério da Justiça. Para que ocorra o cancelamento, é necessário


que após a última eleição na qual não se cumpriu
II - Nos casos de suspensão:
a obrigação eleitoral aguarde-se, ainda, 6 meses
a) para interditos ou condenados: sentença para o cancelamento, período no qual poderá o
judicial, certidão do juízo competente ou outro eleitor pagar a multa devida ou se justificar
documento; perante a Justiça Eleitoral.

b) para conscritos ou pessoas que se recusaram É o que estabelece o § 3º do art. 7º do Código


à prestação do serviço militar obrigatório: Eleitoral que: “Realizado o alistamento eleitoral
Certificado de Reservista, Certificado de Isenção, pelo processo eletrônico de dados, será
Certificado de Dispensa de Incorporação, cancelada a inscrição do eleitor que não votar
Certificado do Cumprimento de Prestação em três eleições consecutivas, não pagar a
Alternativa ao Serviço Militar Obrigatório, multa ou não se justificar no prazo de seis
Certificado de Conclusão do Curso de Formação meses, a contar da data da última eleição a
de Sargentos, Certificado de Conclusão de Curso que deveria ter comparecido.”
em Órgão de Formação da Reserva ou similares;

54
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Sobre o cancelamento por ausência de § 5º A justificação da falta ou o pagamento da


cumprimento de obrigação eleitoral, dispõe a multa serão anotados no cadastro.
Resolução 21.538 do TSE que:
§ 6º Será cancelada a inscrição do eleitor que
Art. 80. O eleitor que deixar de votar e não se se abstiver de votar em três eleições
justificar perante o juiz eleitoral até 60 dias consecutivas, salvo se houver apresentado
após a realização da eleição incorrerá em justificativa para a falta ou efetuado o
multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na pagamento de multa, ficando excluídos do
forma prevista nos arts. 7º e 367 do Código cancelamento os eleitores que, por
Eleitoral, no que couber, e 85 desta resolução. prerrogativa constitucional, não estejam
obrigados ao exercício do voto. (redação dada
§ 1º Para eleitor que se encontrar no exterior
pelo Acórdão 649 do TSE).
na data do pleito, o prazo de que trata o caput
será de 30 dias, contados do seu retorno ao § 7º Para o cancelamento a que se refere o §
país. 6º, a Secretaria de Informática colocará à
disposição do juiz eleitoral do respectivo
§ 2º O pedido de justificação será sempre
domicílio, em meio magnético ou outro
dirigido ao juiz eleitoral da zona de inscrição,
acessível aos cartórios eleitorais, relação dos
podendo ser formulado na zona eleitoral em
eleitores cujas inscrições são passíveis de
que se encontrar o eleitor, a qual
cancelamento, devendo ser afixado edital no
providenciará sua remessa ao juízo
cartório eleitoral.
competente.
§ 8º Decorridos 60 dias da data do batimento
§ 3º Indeferido o requerimento de justificação
que identificar as inscrições sujeitas a
ou decorridos os prazos de que cuidam o
cancelamento, mencionadas no § 7º,
caput e os §§ 1º e 2º, deverá ser aplicada
inexistindo comando de quaisquer dos
multa ao eleitor, podendo, após o pagamento,
códigos FASE "078 - Quitação mediante
ser-lhe fornecida certidão de quitação.
multa", "108 - Votou em separado", "159 -
§ 4º A fixação do valor da multa pelo não- Votou fora da seção" ou "167 - Justificou
exercício do voto observará o que dispõe o ausência às urnas", ou processamento das
art. 85 desta resolução e a variação entre o operações de transferência, revisão ou
mínimo de 3% e o máximo de 10% do valor segunda via, a inscrição será
utilizado como base de cálculo. automaticamente cancelada pelo sistema,
mediante código FASE "035 - Deixou de votar

55
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

em três eleições consecutivas", observada a Superior Eleitoral aprovar para o respectivo


exceção contida no § 6º. pleito.

Art. 81. O documento de justificação Art. 82. O eleitor que não votar e não pagar a
formalizado perante a Justiça Eleitoral, no dia multa, caso se encontre fora de sua zona e
da eleição, prova a ausência do eleitor do seu necessite prova de quitação com a Justiça
domicílio eleitoral. Eleitoral, poderá efetuar o pagamento perante
o juízo da zona em que estiver (Código
§ 1º A justificação será formalizada em
Eleitoral, art. 11).
impresso próprio fornecido pela Justiça
Eleitoral ou, na falta do impresso, digitado ou § 1º A multa será cobrada no máximo
manuscrito. previsto, salvo se o eleitor quiser aguardar
que o juiz da zona em que se encontrar
§ 2º O encarregado do atendimento entregará
solicite informações sobre o arbitramento ao
ao eleitor o comprovante, que valerá como
juízo da inscrição.
prova da justificação, para todos os efeitos
legais (Lei nº 6.091/74, art. 16 e parágrafos). § 2º Efetuado o pagamento, o juiz que
recolheu a multa fornecerá certidão de
§ 3º Os documentos de justificação entregues
quitação e determinará o registro da
em missão diplomática ou repartição consular
informação no cadastro.
brasileira serão encaminhados ao Ministério
das Relações Exteriores, que deles fará § 3º O alistando ou o eleitor que comprovar,
entrega ao Tribunal Regional Eleitoral do na forma da lei, seu estado de pobreza,
Distrito Federal para processamento. perante qualquer juízo eleitoral, ficará isento
do pagamento da multa (Código Eleitoral, art.
§ 4º Os documentos de justificação
367, § 3º).
preenchidos com dados insuficientes ou
inexatos, que impossibilitem a identificação § 4º O eleitor que estiver quite com suas
do eleitor no cadastro eleitoral, terão seu obrigações eleitorais poderá requerer a
processamento rejeitado pelo sistema, o que expedição de certidão de quitação em zona
importará débito para com a Justiça Eleitoral. eleitoral diversa daquela em que é inscrito
(Res./TSE nº 20.497, de 21.10.99).
§ 5º Os procedimentos estipulados neste
artigo serão observados sem prejuízo de
orientações específicas que o Tribunal
PROCEDIMENTO PARA CANCELAMENTO DA
INSCRIÇÃO ELEITORAL.

56
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

O processo de exclusão pode ser iniciado Dispõe, sobre o assunto, o Código Eleitoral,
de ofício pelo juiz, bem como por manifestação seguinte sentido:
de delegado de partido político, pelo Ministério
Público ou por qualquer cidadão (lembrando “Art. 77. O juiz eleitoral processará a exclusão

nesse último caso que se faz necessário a pela forma seguinte:

comprovação pelo requerente da qualidade de


I - mandará autuar a petição ou representação
cidadão, o que ocorre pela demonstração do
com os documentos que a instruírem:
alistamento eleitoral).

II - fará publicar edital com prazo de 10 (dez)


Uma vez iniciado o procedimento, o juiz
dias para ciência dos interessados, que
mandará autuar a representação, a denúncia ou
poderão contestar dentro de 5 (cinco) dias;
a portaria (esse último caso quando o
procedimento se iniciar de ofício), com os
III - concederá dilação probatória de 5 (cinco)
documentos que a instruem. Após fará publicar
a 10 (dez) dias, se requerida;
edital, com prazo de 10 dias para ciência dos
interessados, tendo o prazo de 5 dias para IV - decidirá no prazo de 5 (cinco) dias.
defesa.
Art. 78. Determinado, por sentença, o
A defesa escrita poderá ser feita pelo
cancelamento, o cartório tomará as seguintes
interessado, por outro eleitor ou por delegado de
providências:
partido. A teor do art. 73 do Código Eleitoral, nos
seguintes termos: I - retirará, da respectiva pasta, a fôlha de
votação, registrará a ocorrência no local
próprio para "Anotações"e juntá-la-á ao
“No caso de exclusão, a defesa pode ser feita processo de cancelamento;
pelo interessado, por outro eleitor ou por
delegado de partido.” II - registrará a ocorrência na coluna de
"observações" do livro de inscrição;
Após, será concedido um prazo de 5 a 10
dias para produção de provas. O Juiz, então, III - excluirá dos fichários as respectivas
decidirá no prazo de 5 dias. Da decisão, cabe fichas, colecionando-as à parte;
recurso para TRE no prazo de 3 dias. Esse
recurso poderá ser interposto no caso de IV - anotará, de forma sistemática, os claros

deferimento ou de indeferimento da exclusão. abertos na pasta de votação para o oportuno


preenchimento dos mesmos;

57
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

V - comunicará o cancelamento ao Tribunal Vale ressaltar que durante o processo de


Regional para anotação no seu fichário.” exclusão, o eleitor poderá votar normalmente,
conforme enuncia o art. 72 do Código de
Eleitoral, nos seguintes termos:

“Art. 80. Da decisão do juiz eleitoral caberá


“Durante o processo e até a exclusão pode o
recurso no prazo de 3 (três) dias, para o
eleitor votar validamente.
Tribunal Regional, interposto pelo excluendo
ou por delegado de partido.” Parágrafo único. Tratando-se de inscrições
contra as quais hajam sido interpostos
Como informa o art. 80 do Código Eleitoral, vista
recursos das decisões que as deferiram,
acima, da decisão no processo de cancelamento,
desde que tais recursos venham a ser
caberá recurso para o TRE, interposto pelo
providos pelo Tribunal Regional ou Tribunal
excluendo ou por delegado de partido político. A
Superior, serão nulos os votos se o seu
legitimidade para recorrer dessas decisões não é
número fôr suficiente para alterar qualquer
conferida para qualquer eleitor. Apesar da norma
representação partidária ou classificação de
jurídica citada não ser explícita, tem-se entendido
candidato eleito pelo princípio majoritário.”
que o Ministério Público também é legitimado
para recorrer. Neste sentido, encontra-se
DA REVISÃO DO ELEITORADO.
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral:
Revisão do eleitorado é procedimento que visa
estabelecer a legitimidade do cadastro de
“Recurso especial. Cabimento de recurso eleitores, em havendo uma fraude
contra decisão do juiz eleitoral. Arts. 29, II, a, e comprometedora. O aludido procedimento é tido
80 do Código Eleitoral. Apelo provido. como causa geral de cancelamento de inscrição,
enquanto que nas hipóteses apontadas pelo art.
I – ao delegado de partido é facultado recorrer
71 do Código Eleitoral estar-se diante de causas
não só da sentença de exclusão, mas ainda da
individuais de cancelamento.
que matem a inscrição eleitoral (art. 80 c.c. o
art. 29, II, a, do Código Eleitoral). II – O Isso porque na revisão do eleitorado todas as
Ministério Público Eleitoral é parte legítima inscrições eleitorais de pessoas que não
para interpor o recurso de que trata o art. 80 comparecerem à revisão serão canceladas em
do Código Eleitoral.” (ag. No 4.459/SP, rel. Min. um mesmo procedimento. Por outro lado, nos
Luiz Carlos Madeira, DJ de 21.6.2004). casos apontados no art. 71 do Código Eleitoral é

58
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

necessário um procedimento para cada Lei 9.504/97, reproduzido no art. 58 da


cancelamento a ser realizado. Resolução 21.538 do TSE, no seguinte sentido:

Por isso, sobre as fraudes ocorridas em cartório, Art. 58. Quando houver denúncia
dispõe a Resolução 21.538 que: fundamentada de fraude no alistamento de
uma zona ou município, o Tribunal Regional
Art. 56. O corregedor-geral ou regional, no
Eleitoral poderá determinar a realização de
âmbito de sua jurisdição, sempre que
correição e, provada a fraude em proporção
entender necessário ou que tomar
comprometedora, ordenará, comunicando a
conhecimento da ocorrência de indícios de
decisão ao Tribunal Superior Eleitoral, a
irregularidades na prestação dos serviços
revisão do eleitorado, obedecidas as
eleitorais, pessoalmente ou por intermédio de
instruções contidas nesta resolução e as
comissão de servidores especialmente por ele
recomendações que subsidiariamente baixar,
designada, como providência preliminar à
com o cancelamento de ofício das inscrições
correição, inspecionará os serviços eleitorais
correspondentes aos títulos que não forem
da circunscrição, visando identificar
apresentados à revisão (Código Eleitoral, art.
eventuais irregularidades.
71, § 4º).
Parágrafo único. A comissão apresentará
§ 1º O Tribunal Superior Eleitoral determinará,
relatório circunstanciado da inspeção ao
de ofício, a revisão ou correição das zonas
corregedor, que determinará providências
eleitorais sempre que:
pertinentes, objetivando a regularização dos
procedimentos ou a abertura de correição. I - o total de transferências de eleitores
ocorridas no ano em curso seja dez por cento
Art. 57. O corregedor regional realizará
superior ao do ano anterior;
correição ordinária anual na circunscrição e
extraordinária, sempre que entender II - o eleitorado for superior ao dobro da
necessário ou ante a existência de indícios de população entre dez e quinze anos, somada à
irregularidades que a justifique, observadas de idade superior a setenta anos do território
as instruções específicas do Tribunal daquele município;
Superior Eleitoral e as que subsidiariamente
III - o eleitorado for superior a sessenta e
baixar a Corregedoria Regional Eleitoral.
cinco por cento da população projetada para
Quando a fraude for em nível comprometedor, aquele ano pelo Instituto Brasileiro de
será realizada a revisão do eleitorado, a fraude Geografia e Estatística - IBGE (Lei nº 9.504/97,
comprometedora tem as suas bases no art. 92 da art. 92).

59
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

geral e o caderno de revisão deverão ser


devidamente guardados em local seguro e
§ 2º Não será realizada revisão de eleitorado
previamente determinado pelo juiz eleitoral.
em ano eleitoral, salvo em situações
excepcionais, quando autorizada pelo § 3º Os serviços de revisão encerrar-se-ão até
Tribunal Superior Eleitoral. as 18 horas da data especificada no edital de
que trata o art. 63 desta resolução.
§ 3º Caberá à Secretaria de Informática
apresentar, anualmente, até o mês de outubro, § 4º Existindo, na ocasião do encerramento
à Presidência do Tribunal Superior Eleitoral, dos trabalhos, eleitores aguardando
estudo comparativo que permita a adoção das atendimento, serão distribuídas senhas aos
medidas concernentes ao cumprimento da presentes, que serão convidados a entregar
providência prevista no § 1º. ao juiz eleitoral seus títulos eleitorais para que
sejam admitidos à revisão, que continuará se
O procedimento da revisão também está tratado
processando em ordem numérica das senhas
pela aludida Resolução no seguinte sentido:
até que todos sejam atendidos, sem
Art. 59. O Tribunal Regional Eleitoral, por interrupção dos trabalhos.
intermédio da corregedoria regional,
inspecionará os serviços de revisão (Res./TSE
nº 7.651/65, art. 8º). Art. 61. Aprovada a revisão de eleitorado, a
Secretaria de Informática, ou órgão regional
Art. 60. O juiz eleitoral poderá determinar a
por ela indicado, emitirá ou colocará à
criação de postos de revisão, que funcionarão
disposição, em meio magnético, listagem
em datas fixadas no edital a que se refere o
geral do cadastro, contendo relação completa
art. 63 e em período não inferior a seis horas,
dos eleitores regulares inscritos e/ou
sem intervalo, inclusive aos sábados e, se
transferidos no período abrangido pela
necessário, aos domingos e feriados.
revisão no(s) município(s) ou zona(s) a ela
§ 1º Nas datas em que os trabalhos sujeito(s), bem como o correspondente
revisionais estiverem sendo realizados nos caderno de revisão, do qual constará
postos de revisão, o cartório sede da zona comprovante destacável de comparecimento
poderá, se houver viabilidade, permanecer (canhoto).
com os serviços eleitorais de rotina.
Parágrafo único. A listagem geral e o caderno
§ 2º Após o encerramento diário do de revisão serão emitidos em única via,
expediente nos postos de revisão, a listagem englobarão todas as seções eleitorais

60
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

referentes à zona ou município objeto da conhecimento da revisão aos eleitores


revisão e serão encaminhados, por intermédio cadastrados no(s) município(s) ou zona(s),
da respectiva corregedoria regional, ao juiz convocando-os a se apresentarem,
eleitoral da zona onde estiver sendo realizada pessoalmente, no cartório ou nos postos
a revisão. criados, em datas previamente especificadas,
atendendo ao disposto no art. 62, a fim de
Art. 62. A revisão do eleitorado deverá ser
procederem às revisões de suas inscrições.
sempre presidida pelo juiz eleitoral da zona
submetida à revisão. Parágrafo único. O edital de que trata o caput
deverá:
§ 1º O juiz eleitoral dará início aos
procedimentos revisionais no prazo máximo I - dar ciência aos eleitores de que:
de 30 dias, contados da aprovação da revisão
a) estarão obrigados a comparecer à revisão a
pelo tribunal competente.
fim de confirmarem seu domicílio, sob pena
§ 2º A revisão deverá ser precedida de ampla de cancelamento da inscrição, sem prejuízo
divulgação, destinada a orientar o eleitor das sanções cabíveis, se constatada
quanto aos locais e horários em que deverá irregularidade;
se apresentar, e processada em período
b) deverão se apresentar munidos de
estipulado pelo Tribunal Regional Eleitoral,
documento de identidade, comprovante de
não inferior a 30 dias (Lei nº 7.444/85, art. 3º, §
domicílio e título eleitoral ou documento
1º).
comprobatório da condição de eleitor ou de
§ 3º A prorrogação do prazo estabelecido no terem requerido inscrição ou transferência
edital para a realização da revisão, se para o município ou zona (Código Eleitoral,
necessária, deverá ser requerida pelo juiz art. 45).
eleitoral, em ofício fundamentado, dirigido à
II - estabelecer a data do início e do término
Presidência do Tribunal Regional Eleitoral,
da revisão, o período e a área abrangidos, e
com antecedência mínima de cinco dias da
dias e locais onde serão instalados os postos
data do encerramento do período estipulado
de revisão;
no edital.
III - ser disponibilizado no fórum da comarca,
Art. 63. De posse da listagem e do caderno de
nos cartórios eleitorais, repartições públicas e
revisão, o juiz eleitoral deverá fazer publicar,
locais de acesso ao público em geral, dele se
com antecedência mínima de cinco dias do
fazendo ampla divulgação, por um mínimo de
início do processo revisional, edital para dar

61
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

três dias consecutivos, por meio da imprensa § 3º O juiz eleitoral poderá, se julgar
escrita, falada e televisada, se houver, e por necessário, exigir o reforço, por outros meios
quaisquer outros meios que possibilitem seu de convencimento, da prova de domicílio
pleno conhecimento por todos os quando produzida pelos documentos
interessados, o que deverá ser feito sem ônus elencados nos §§ 1º e 2º.
para a Justiça Eleitoral.
§ 4º Subsistindo dúvida quanto à idoneidade
do comprovante de domicílio apresentado ou
ocorrendo a impossibilidade de apresentação
Art. 64. A prova de identidade só será
de documento que indique o domicílio do
admitida se feita pelo próprio eleitor mediante
eleitor, declarando este, sob as penas da lei,
apresentação de um ou mais dos documentos
que tem domicílio no município, o juiz
especificados no art. 13 desta resolução.
eleitoral decidirá de plano ou determinará as
providências necessárias à obtenção da
prova, inclusive por meio de verificação in
Art. 65. A comprovação de domicílio poderá
loco.
ser feita mediante um ou mais documentos
dos quais se infira ser o eleitor residente ou
ter vínculo profissional, patrimonial ou
Art. 66. A revisão de eleitorado ficará
comunitário no município a abonar a
submetida ao direto controle do juiz eleitoral e
residência exigida.
à fiscalização do representante do Ministério
Público que oficiar perante o juízo.

§ 1º Na hipótese de ser a prova de domicílio


feita mediante apresentação de contas de luz,
Art. 67. O juiz eleitoral deverá dar
água ou telefone, nota fiscal ou envelopes de
conhecimento aos partidos políticos da
correspondência, estes deverão ter sido,
realização da revisão, facultando-lhes, na
respectivamente, emitidos ou expedidos no
forma prevista nos arts. 27 e 28 desta
período compreendido entre os 12 e 3 meses
resolução, acompanhamento e fiscalização de
anteriores ao início do processo revisional.
todo o trabalho.
§ 2º Na hipótese de ser a prova de domicílio
feita mediante apresentação de cheque
bancário, este só poderá ser aceito se dele Art. 68. O juiz eleitoral poderá requisitar
constar o endereço do correntista. diretamente às repartições públicas locais,

62
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

observados os impedimentos legais, tantos e) o eleitor que não comprovar sua identidade
auxiliares quantos bastem para o ou domicílio não assinará o caderno de
desempenho dos trabalhos, bem como a revisão nem receberá o comprovante
utilização de instalações de prédios públicos. revisional;

f) o eleitor que não constar do caderno de


revisão, cuja inscrição pertença ao período
Art. 69. O juiz eleitoral determinará o registro,
abrangido pela revisão, deverá ser orientado a
no caderno de revisão, da regularidade ou não
procurar o cartório eleitoral para regularizar
da inscrição do eleitor, observados os
sua situação eleitoral, na forma estabelecida
seguintes procedimentos:
nesta resolução.
a) o servidor designado pelo juiz eleitoral
procederá à conferência dos dados contidos
no caderno de revisão com os documentos Art. 70. Na revisão mediante sistema
apresentados pelo eleitor; informatizado, observar-se-ão, no que couber,
os procedimentos previstos no art. 69.
b) comprovados a identidade e o domicílio
eleitoral, o servidor exigirá do eleitor que Parágrafo único. Nas situações descritas nas
aponha sua assinatura ou a impressão digital alíneas d e f do art. 69, o eleitor poderá
de seu polegar no caderno de revisão, e requerer, desde que viável, regularização de
entregar-lhe-á o comprovante de sua situação eleitoral no próprio posto de
comparecimento à revisão (canhoto); revisão.

c) o eleitor que não apresentar o título


eleitoral deverá ser considerado como
Art. 71. Se o eleitor possuir mais de uma
revisado, desde que atendidas as exigências
inscrição liberada ou regular no caderno de
dos arts. 64 e 65 desta resolução e que seu
revisão, apenas uma delas poderá ser
nome conste do caderno de revisão;
considerada revisada.
d) constatada incorreção de dado
Parágrafo único. Na hipótese do caput,
identificador do eleitor constante do cadastro
deverá(ão) ser formalmente recolhido(s) e
eleitoral, se atendidas as exigências dos arts.
inutilizado(s) o(s) título(s) encontrado(s) em
64 e 65 desta resolução, o eleitor deverá ser
poder do eleitor referente(s) à(s)
considerado revisado e orientado a procurar o
inscrição(ões) que exigir(em) cancelamento.
cartório eleitoral para a necessária retificação;

63
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 72. Compete ao Tribunal Regional § 1º A sentença de que trata o caput deverá:
Eleitoral autorizar, excetuadas as hipóteses
I - relacionar todas as inscrições que serão
previstas no § 1º do art. 58 desta resolução, a
canceladas no município;
alteração do período e/ou da área abrangidos
pela revisão, comunicando a decisão ao II - ser publicada a fim de que os interessados
Tribunal Superior Eleitoral. e, em especial, os eleitores cancelados,
exercendo a ampla defesa, possam recorrer
da decisão.
Art. 73. Concluídos os trabalhos de revisão,
ouvido o Ministério Público, o juiz eleitoral
deverá determinar o cancelamento das § 2º Contra a sentença a que se refere este
inscrições irregulares e daquelas cujos artigo, caberá, no prazo de três dias, contados
eleitores não tenham comparecido, adotando da publicidade, o recurso previsto no art. 80
as medidas legais cabíveis, em especial do Código Eleitoral e serão aplicáveis as
quanto às inscrições consideradas disposições do art. 257 do mesmo diploma
irregulares, situações de duplicidade ou legal.
pluralidade e indícios de ilícito penal a exigir
§ 3º No recurso contra a sentença a que se
apuração.
refere este artigo, os interessados deverão
Parágrafo único. O cancelamento das especificar a inscrição questionada, relatando
inscrições de que trata o caput somente fatos e fornecendo provas, indícios e
deverá ser efetivado no sistema após a circunstâncias ensejadoras da alteração
homologação da revisão pelo Tribunal pretendida.
Regional Eleitoral.

Art. 75. Transcorrido o prazo recursal, o juiz


Art. 74. A sentença de cancelamento deverá eleitoral fará minucioso relatório dos
ser específica para cada município abrangido trabalhos desenvolvidos, que encaminhará,
pela revisão e prolatada no prazo máximo de com os autos do processo de revisão, à
dez dias contados da data do retorno dos Corregedoria Regional Eleitoral.
autos do Ministério Público, podendo o
Tribunal Regional Eleitoral fixar prazo inferior.

64
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Parágrafo único. Os recursos interpostos b) conter dados individualizadores de cada


deverão ser remetidos, em autos apartados, à eleitor, como garantia de sua identificação no
presidência do Tribunal Regional Eleitoral. ato de votar;

c) ser emitida em ordem alfabética de nome


de eleitor, encadernada e embalada por seção
Art. 76. Apreciado o relatório e ouvido o
eleitoral.
Ministério Público, o corregedor regional
eleitoral: § 2º O comprovante de comparecimento
(canhoto) conterá o nome completo do eleitor,
I - indicará providências a serem tomadas, se
o número de sua inscrição eleitoral e
verificar a ocorrência de vícios
referência à data da eleição.
comprometedores à validade ou à eficácia dos
trabalhos;

II - submetê-lo-á ao Tribunal Regional, para A resolução 21.538 ainda revela por quanto
homologação, se entender pela regularidade tempo os documentos devem permanecer
dos trabalhos revisionais. guardados na Justiça Eleitoral, nos seguintes
termos:

Art. 55. Os formulários utilizados pelos


OUTROS DISPOSITIVOS DA RESOLUÇÃO
cartórios e tribunais eleitorais, em pleitos
21.538 DO TSE.
anteriores à data desta resolução e nos que
Dispõe, ainda, a Resolução 21.538 do TSE que: lhe seguirem, deverão ser conservados em
cartório, observado o seguinte:
Art. 54. A folha de votação, da qual constarão
apenas os eleitores regulares ou liberados, e I - os Protocolos de Entrega do Título Eleitoral
o comprovante de comparecimento serão - PETE assinados pelo eleitor e os formulários
emitidos por computador. (Formulário de Alistamento Eleitoral - FAE ou
Requerimento de Alistamento Eleitoral - RAE)
§ 1º A folha de votação, obrigatoriamente,
relativos a alistamento, transferência, revisão
deverá :
ou segunda via, por, no mínimo, cinco anos;
a) identificar as eleições, a data de sua
realização e o turno;

65
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

II - as folhas de votação, por oito anos, ELEGIBILIDADE


descartando-se a mais antiga somente após
Elegibilidade é o conjunto de requisitos
retornar das seções eleitorais a mais recente;
previstos na Constituição Federal ou em
III - os Formulários de Atualização da Situação Legislação Infraconstitucional que permitem o
do Eleitor - FASE e os comprovantes de exercício da capacidade eleitoral passiva ou jus
comparecimento à eleição (canhotos) que honorum, como afirma a doutrina.
permanecerem junto à folha de votação
O alistamento eleitoral é uma das
poderão ser descartados depois de
condições necessárias para a elegibilidade, mas
processados e armazenados em meio
aquele ato, por si só, não é suficiente para
magnético;
permitir a candidatura de cidadão para cargo
IV - os cadernos de revisão utilizados durante eletivo, o que só acontecerá se além do
os serviços pertinentes, por quatro anos, alistamento eleitoral forem comprovados os
contados do encerramento do período requisitos de elegibilidade.
revisional;
Vale, ainda, ressaltar que a elegibilidade
V - os boletins de urna, por quatro anos, pode ser trazida pela própria Constituição
contados da data de realização do pleito Federal, como ocorre com o seu art. 14, § 3º,
correspondente; dentre outros, bem como por lei ordinária e até
mesmo através de Resolução do TSE.
VI - as relações de eleitores agrupados, até o
encerramento do prazo para atualização das Sobre o assunto, leciona o professor
decisões nas duplicidades e pluralidades; Pedro Roberto Decomain que: “Existem certas
circunstâncias, cuja presença é exigida pela
VII - os títulos eleitorais não procurados pelo
Constituição Federal ou por outras leis, para
eleitor, os respectivos protocolos de entrega e
que alguém possa ser candidato. Tais
as justificativas eleitorais, até o pleito
circunstâncias são denominadas de
subseqüente ou, relativamente a estas,
condições de elegibilidade . São fatos
durante o período estabelecido nas instruções
positivos , isto é, sua presença é necessária,
específicas para o respectivo pleito;
para que a pessoa possa revestir a condição
VIII - as relações de filiados encaminhadas de candidato.”24
pelos partidos políticos, por dois anos.

24
DECOMAIN, Pedro Roberto. Elegibilidade e
inelegibilidades. 2 ed. São Paulo: Dialética, 2004, pp
09/10.

66
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

As condições de elegibilidade são ATENÇÃO: Os magistrados, os membros do


classificadas pela doutrina como próprias e Ministério Público e dos Tribunais de Contas
impróprias. só podem filiar-se a partido político no prazo
de desincompatibilização, como será visto
As condições de elegibilidade próprias são
mais adiante.
previstas diretamente pela Constituição Federal
que determina no § 3º do art. 14 que: É, ainda, condição de elegibilidade, a prevista no
§ 8º do art. 14 da Carta Magna, que enuncia:

“O militar alistável é elegível, atendidas as


“são condições de elegibilidade, na forma da
seguintes condições:
lei:
I – se contar menos de dez anos de serviço,
I – a nacionalidade brasileira;
deverá afastar-se da atividade;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
II – se contar com mais de dez anos de
III – o alistamento eleitoral; serviço, será agregado pela autoridade
superior e, se eleito, passará
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
automaticamente, no ato da diplomação, para
V – a filiação partidária; inatividades.”

VI – a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para presidente e ice- ATENÇÃO: Se o militar tiver menos de 10
presidente da República e senador; anos de serviço, deve se afastar
definitivamente da atividade. O TSE tem
b) trinta anos para governador e vice-
entendido que só há necessidade de
governador de estado e do Distrito Federal;
afastamento do serviço militar quando o

c) vinte e um anos para deputado federal, candidato nessas circunstâncias for aceito

deputado estadual ou distrital, prefeito, vice- pela convenção partidária. Somente após

prefeito e juiz de paz; essa aceitação é que o mesmo deverá se filiar


a partido político, uma vez que o militar na
d) dezoito anos para vereador.”
ativa não pode se filiar a partido político.

A idade mínima prevista na Constituição Federal Assim, a filiação desses candidatos ocorre

deve levar em conta a data da posse e não da somente com o pedido de candidatura, o que

realização da eleição.

67
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

ocorre até o dia 5 de julho do ano das DAS INELEGIBILIDADES.


eleições.
Segundo o professor Marcos Ramayana:
“Os direitos políticos integram o núcleo de
proteção fundamental do Jus civitatis,
ATENÇÃO: Por outro lado, o militar com mais
possibilitando ao cidadão participar na vida
de 10 anos de serviço fica agregado pela
política com o exercício do direito de votar e
autoridade superior, o que significa que ainda
ser votado. Assim, é indubitável que as
mantém o vínculo com as Forças Armadas,
inelegibilidades surgem como exceções
com as Polícias ou bombeiros militares. Em
constitucionais e infraconstitucionais, dentro
assim sendo, nesse caso, o candidato apenas
do contexto normativo vigente. A exceção
se filia a partido político, se eleito, quando
merece tratamento exegético restritivo,
passa automaticamente à inatividade com a
conforme diversos entendimentos
diplomação. Dessa forma, ocorre uma
doutrinários e jurisprudenciais (TSE e STF)
exceção a sistema brasileiro, uma vez que o
sobre o assunto.”25
candidato em comento participará de eleição,
através de partido político, sem estar filiado Assim, as inelegibilidades são
ao mesmo. impedimentos trazidos pela Constituição ou por
Lei Complementar que impedem o exercício dos
As condições de elegibilidade impróprias
direitos políticos passivos, ou seja, o direito de
são as previstas na legislação infraconstitucional,
ser votado. Como impedem apenas o direito de
como a indicação em convenção partidária e a
ser votado, a declaração de inelegibilidade,
desincompatibilização.
em regra, não impede o exercício dos direitos
Em relação ao domicílio eleitoral, a Lei políticos ativos.
9.504/97, no art. 9º, determina que o tempo
Deve-se observar, ainda, que as
mínimo de residência será de um ano para que o
inelegibilidades só podem ser estabelecidas pela
cidadão possa concorrer como candidato. Assim
própria Constituição Federal ou por Lei
também ocorre com a filiação partidária, que
Complementar, não sendo possível a imposição
deve se dar até um ano antes das eleições.
de inelegibilidade através de Lei Ordinária ou
Ainda segundo a Lei das Eleições, as Medida Provisória.
convenções partidárias que apontam os
candidatos dos partidos, devem ocorrer entre os
dias 10 e 30 de junho do ano das eleições.
25
RAMAYANA, Marcos. Direito eleitoral. 4 ed. Niterói:
Impetus, 2005, p. 104.

68
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Dessa forma, as elegibilidades, como já b) só podem ser originadas através de lei


visto, são condições para que se concorra a complementar;
cargo eletivo. Assim, as condições de
c) Resolução do TSE não pode tratar de
elegibilidade podem ser trazidas por Lei
condições de inelegibilidades.
Ordinária. As inelegibilidades são imepdimentos
ao exercício dos direitos políticos passivos. Só
podem ser trazidas pela própria Constituição ou
CLASSIFICAÇÃO.
por Lei complementar. A Lei Complementar que
trata das inelegibilidades no Brasil é a LC Dessa forma, classificam-se as inelegibilidades
64/1990. em absolutas e relativas.

Segundo jurisprudência dominante do Nas absolutas, a inelegibilidade vale para


26
Tribunal Superior Eleitoral , as características da qualquer cargo. As relativas, por sua vez,
elegibilidade são: referem-se a determinados mandatos. Exemplo
de absolutas: o analfabetismo. De relativas: a
a) decorrem de ato lícito;
inelegibilidade de Presidente da República
b) podem ser originadas através de lei ordinária; reeleito de concorrer pela 3ª vez consecutiva ao
mesmo cargo.
c) Resolução do TSE pode tratar das condições
de elegibilidades. Pode-se, ainda, classificar as inelegibilidades em
diretas e reflexas. Sendo que nas primeiras, a
Enquanto que, para aquele Tribunal, as
causa da inelegibilidade está no próprio inelegível
características das inelegibilidades são:
e na segunda em parente seu. Por isso a
a) decorrem de um ato ilícito ou de uma inelegibilidade reflexa também é chamada de
incompatibilidade; inelegibilidade por parentesco.

Por fim, pode-se classificar as inelegibilidades


em: inata e cominada. A inata é a inelegibilidade
26
O professor Francisco Dirceu Barros explicita que a estabelecida em razão da situaç ão do
maioria da doutrina segue a proposta classificatória de
Adriano Soares da Costa, que entende que a inelegível. Enquanto que a cominada é a
inelegibilidade deve ser classificada entre inelegibilidade que tem por fundamento a
inelegibilidade inata (falta das condições de
elegibilidade) e inelegibilidade cominada (deriva da aplicação de uma penalidade.
ocorrência de uma transgressão eleitoral). No entanto,
tal classificação não é aceita pela jurisprudência por
misturar causas de elegibilidade com inelegibilidade.
No concurso a jurisprudência tem uma maior
aceitabilidade, em direito eleitoral, do que a doutrina.

69
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

DA REELEIÇÃO. “Consulta. Poder Executivo. Município.


Titularidade. Mandato eletivo. Exercício.
Caracterização. Reeleição. Ocorrência.
A Constituição Federal determina no § 5º do art. Seja qual for a circunstância que conduza à
14 que: “O presidente da República, os assunção da titularidade do Poder Executivo,
governadores de estado e do Distrito Federal, por qualquer lapso temporal, estará
os prefeitos e que os houver sucedido ou configurado o exercício de mandato. Nesse
substituído no curso dos mandatos poderão sentido, em caso de eleição subsequente para
ser reeleitos para um único período este cargo haverá a caracterização do
subseqüente.” instituto da reeleição. Nesse entendimento, o
Tribunal respondeu positivamente a primeira
Dessa forma, tem-se que só se pode concorrer
e a segunda indagações e não conheceu da
para o cargo eletivo de chefe dos poderes
terceira. Unânime.”
executivos por no máximo duas vezes
Consulta no 1.538/DF, rel. em substituição
consecutivas. Isso porque só se permite uma
Min. Ricardo Lewandowski, em 5.5.2009.
única reeleição para o período seguinte. Da
mesma forma em que se permite a reeleição para
a chefia do Executivo por apenas uma vez
Assim, qualquer pessoa que substitua ou suceda
consecutiva, essa mesma regra é aplicada aos
o Chefe do Executivo, independentemente da
seus respectivos vices.
época e do tempo, se concorrer para o período
posterior ao mandato de Chefe do Executivo,
será considerado como se estivesse concorrendo
OBS: Os mandatos de vereadores, deputados
para sua reeleição.
estaduais ou distritais, deputados federais e
senadores não possuem limite de reeleição. Mesmo assim, o TSE tem entendido atualmente
que o efeito citado só ocorrerá se a sucessão ou
substituição ocorrer nos últimos 6 meses do
O Dispositivo Constitucional determina que o mandato.
limite da reeleição deve ser aplicado para os
Por isso, o vice reeleito, que substituiu o Chefe
Chefes dos Poderes Executivos e quem os
do Executivo nos 2 mandatos, não poderá correr
houver sucedido ou substituído ao longo de seus
para o mandato subseqüente, pois seria
mandatos. Por isso, já definiu o TSE que:
considerado como se estivesse concorrendo para
o terceiro mandato consecutivo de Chefe do

70
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Executivo, uma vez que o substituiu nos 2 Esse período de afastamento prévio é o
mandatos anteriores. que se chama de desincompatibilização. Esse
instituto assegura a igualdade entre os
Por outro lado, para evitar qualquer fraude ao
candidatos, ao evitar que a máquina estatal seja
Sistema Eleitoral Brasileiro, o Chefe do Executivo
utilizada por quem se encontra hodiernamente no
reeleito não poderá concorrer, no período
poder.
subseqüente, ao mandato de vice da chefia que
exerce. Dessa forma, se o Presidente da Marcos Ramayana leciona, sobre o
República foi reeleito, não poderá o mesmo assunto, que: “As desincompatibilizações ou
concorrer na eleição subseqüente ao mandato de afastamentos podem ser basicamente de duas
Vice-presidente. espécies: definitivas ou temporárias. A forma
definitiva ocorre por renúncia ao mandato
O Prefeito reeleito de um município não poderá
eletivo, pedido de exoneração dos que
ser candidato a prefeitura de outro município para
ocupam funções de confiança, ou , ainda, a
o período subseqüente, uma vez que o TSE
aposentadoria.”28
considera como sendo o mandato de prefeito,
mesmo que de outro município, o mesmo cargo Estabelece o art. 14, § 5º, da Constituição
eletivo.27 Federal que: “Para concorrerem a outros
cargos, o presidente da República, os
governadores de estado e do Distrito Federal
DA DESINCOMPATIBILIZAÇÃO e os prefeitos devem renunciar aos
respectivos mandatos até seis meses antes
Dá-se o nome de incompatibilidade a
do pleito.”
inelegibilidade imposta em razão do exercício de
cargo ou função, público ou privado que possa Por esse dispositivo, devem se
colocar em risco a lisura das eleições, pela desincompatibilizar o Presidente da República, o
facilitação do abuso do poder político ou Governador de Estado e do Distrito Federal e o
econômico. Prefeito. Como a inelegibilidade limita o exercício
da capacidade passiva, que é direito político,
Para que a incompatibilidade não seja
deve ser interpretado restritivamente. Por isso, o
declarada, é necessário o afastamento do cargo
Vice-presidente, o Vice-governador e o Vice-
ou função, conforme determinado pelo
prefeito não necessitam se desincompatibilizar
Ordenamento Jurídico.
quando forem concorrer a outros cargos. No

28
Op cit., p. 106.
27
Ac. 32.539, de 17.12.08, do TSE.

71
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

entanto, se concorrem a outros cargos, ficam a) até 6 (seis) meses depois de afastados
impossibilitados, sob pena de incidir em definitivamente de seus cargos e funções:
inelegibilidade, de suceder ou substituir o Chefe
do Executivo nos seis meses anteriores ao pleito 1. os Ministros de Estado:

eleitoral. Por isso, enuncia o § 2º do art. 1º da Lei


2. os chefes dos órgãos de assessoramento
Complementar 64/90 que: “O Vice-Presidente,
direto, civil e militar, da Presidência da
o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão
República;
candidatar-se a outros cargos, preservando
os seus mandatos respectivos, desde que, 3. o chefe do órgão de assessoramento de
nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao informações da Presidência da República;
pleito, não tenham sucedido ou substituído o
titular.” 4. o chefe do Estado-Maior das Forças
Armadas;
A desincompatibilização prevista na
Constituição Federal é obrigatória apenas 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-
quando o Presidente, o Governador e o Prefeito Geral da República;
quiserem disputar outros mandatos eletivos.
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica;
ATENÇÃO: Para concorrer à reeleição, não é
7. os Comandantes do Exército, Marinha e
necessária a desincompatibilização.
Aeronáutica;
Ocorre, no entanto, que a
desincompatibilização prevista na Constituição é 8. os Magistrados;

complementada por outros casos previstos na Lei


9. os Presidentes, Diretores e
Complementar 64/90, chamada de Lei das
Superintendentes de autarquias, empresas
Inelegibilidades. Assim, estabelece o art. 1º,
públicas, sociedades de economia mista e
incisos II, III e IV que:
fundações públicas e as mantidas pelo poder

Art. 1º - São inelegíveis: público;

II - para Presidente e Vice-Presidente da 10. os Governadores de Estado, do Distrito

República: Federal e de Territórios;

11. os Interventores Federais;

72
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

12, os Secretários de Estado; empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei


n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando,
13. os Prefeitos Municipais; pelo âmbito e natureza de suas atividades,
possam tais empresas influir na economia
14. os membros do Tribunal de Contas da
nacional;
União, dos Estados e do Distrito Federal;

f) os que, detendo o controle de empresas ou


15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia
grupo de empresas que atuem no Brasil, nas
Federal;
condições monopolísticas previstas no

16. os Secretários-Gerais, os Secretários- parágrafo único do art. 5° da lei citada na

Executivos, os Secretários Nacionais, os alínea anterior, não apresentarem à Justiça

Secretários Federais dos Ministérios e as Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do pleito, a

pessoas que ocupem cargos equivalentes; prova de que fizeram cessar o abuso apurado,
do poder econômico, ou de que transferiram,
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses por força regular, o controle de referidas
anteriores à eleição, nos Estados, no Distrito empresas ou grupo de empresas;
Federal, Territórios e em qualquer dos
poderes da União, cargo ou função, de g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro)

nomeação pelo Presidente da República, meses anteriores ao pleito, ocupado cargo ou

sujeito à aprovação prévia do Senado Federal; função de direção, administração ou


representação em entidades representativas
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, de classe, mantidas, total ou parcialmente,
tiverem competência ou interesse, direta, por contribuições impostas pelo poder
indireta ou eventual, no lançamento, Público ou com recursos arrecadados e
arrecadação ou fiscalização de impostos, repassados pela Previdência Social; (entram
taxas e contribuições de caráter obrigatório, nessa proibição os dirigentes sindicais, desde
inclusive parafiscais, ou para aplicar multas que haja recebimento de valores pelo Poder
relacionadas com essas atividades; (entram Públicos, bem como os dirigente de órgãos
nessa proibição os auditores e fiscais de tributos fiscalizadores de classe, como a OAB, por
de todas as esferas). exemplo)

e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, h) os que, até 6 (seis) meses depois de
tenham exercido cargo ou função de direção, afastados das funções, tenham exercido
administração ou representação nas cargo de Presidente, Diretor ou

73
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Superintendente de sociedades com objetivos entanto, se for servidor ocupante apenas de


exclusivos de operações financeiras e façam cargo em comissão, o afastamento será
publicamente apelo à poupança e ao crédito, definitivo).
inclusive através de cooperativas e da
empresa ou estabelecimentos que gozem, sob III - para Governador e Vice-Governador de

qualquer forma, de vantagens asseguradas Estado e do Distrito Federal;

pelo poder público, salvo se decorrentes de


a) os inelegíveis para os cargos de Presidente
contratos que obedeçam a cláusulas
e Vice-Presidente da República especificados
uniformes;
na alínea a do inciso II deste artigo e, no

i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores tocante às demais alíneas, quando se tratar de

ao pleito, hajam exercido cargo ou função de repartição pública, associação ou empresas

direção, administração ou representação em que operem no território do Estado ou do

pessoa jurídica ou em empresa que mantenha Distrito Federal, observados os mesmos

contrato de execução de obras, de prestação prazos;

de serviços ou de fornecimento de bens com


b) até 6 (seis) meses depois de afastados
órgão do Poder Público ou sob seu controle,
definitivamente de seus cargos ou funções:
salvo no caso de contrato que obedeça a
cláusulas uniformes; 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do
Governador do Estado ou do Distrito Federal;
j) os que, membros do Ministério Público, não
se tenham afastado das suas funções até 6 2. os comandantes do Distrito Naval, Região
(seis)) meses anteriores ao pleito; Militar e Zona Aérea;

I) os que, servidores públicos, estatutários ou 3. os diretores de órgãos estaduais ou


não,»dos órgãos ou entidades da sociedades de assistência aos Municípios;
Administração direta ou indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e 4. os secretários da administração municipal
dos Territórios, inclusive das fundações ou membros de órgãos congêneres;
mantidas pelo Poder Público, não se
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
pleito, garantido o direito à percepção dos
a) no que lhes for aplicável, por identidade de
seus vencimentos integrais; (Em regra o
situações, os inelegíveis para os cargos de
servidor deve se afastar temporariamente. No
Presidente e Vice-Presidente da República,

74
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Governador e Vice-Governador de Estado e estabelecidas, observados os mesmos


do Distrito Federal, observado o prazo de 4 prazos;
(quatro) meses para a desincompatibilização;
VII - para a Câmara Municipal:
b) os membros do Ministério Público e
Defensoria Pública em exercício na Comarca, a) no que lhes for aplicável, por identidade de

nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, sem situações, os inelegíveis para o Senado

prejuízo dos vencimentos integrais; Federal e para a Câmara dos Deputados,


observado o prazo de 6 (seis) meses para a
c) as autoridades policiais, civis ou militares, desincompatibilização;
com exercício no Município, nos 4 (quatro)
meses anteriores ao pleito; b) em cada Município, os inelegíveis para os
cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, observado
V - para o Senado Federal: o prazo de 6 (seis) meses para a
desincompatibilização.
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente
e Vice-Presidente da República especificados DO PARENTESCO.
na alínea a do inciso II deste artigo e, no
A Constituição ainda traz como
tocante às demais alíneas, quando se tratar de
inelegibilidade o disposto no art. 14, § 7º, que
repartição pública, associação ou empresa
estatui: “são inelegíveis, no território de
que opere no território do Estado, observados
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
os mesmos prazos;
consangüíneos ou afins, até o segundo grau

b) em cada Estado e no Distrito Federal, os ou por adoção, do presidente da República,

inelegíveis para os cargos de Governador e de governador de estado ou território, do

Vice-Governador, nas mesmas condições Distrito Federal, de prefeito ou de quem os

estabelecidas, observados os mesmos haja substituído dentro dos seis meses

prazos; anteriores ao pleito, salvo se já titular de


mandato eletivo e candidato à reeleição.”
VI - para a Câmara dos Deputados,
É necessário ter cuidado com a
Assembléia Legislativa e Câmara Legislativa,
interpretação. Em verdade, o cônjuge e os
no que lhes for aplicável, por identidade de
parentes consangüíneos ou afins das autoridades
situações, os inelegíveis para o Senado
ali indicadas, só poderão concorrer a cargos
Federal, nas mesmas condições
eletivos dentro de sua jurisdição, se o Presidente

75
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

da República, o Governador de Estado ou do Resposta: a candidatura da esposa de Tício é


Distrito Federal, ou o prefeito não sejam possível em virtude desse ter renunciado ao
inelegíveis para o próximo período. Isso significa cargo eletivo, cujo prazo deve ser de seis meses.
que, se aquelas autoridades já foram reeleitas, Prestem atenção que a candidatura do cônjuge
seus parentes próximos serão inelegíveis no só é possível em virtude de ainda caber reeleição
pleito seguinte, mesmo que os ocupantes de do titular do cargo (Tício). Se a reeleição não
cargos eletivos deles renunciem sés meses antes fosse possível, a esposa não poderia se
das eleições. candidatar. Estaria, assim, inelegível.

Essa medida visa afastar a continuidade II – Tício era Governador do Estado “x”. Tício
da permanência de uma mesma família no poder. queria ser candidato a Presidente da República e
Exatamente nesses termos, encontra-se preciosa renunciou ao governo do Estado “x”, poruqe seu
lição de Francisco Dirceu Barros que afirma: “A cunhado queria ser candidato ao governo do
finalidade é evitar a casta hereditária, ou seja, Estado “x”. Aponte a solução jurídica,
o art. 14, § 7º, da Constituição Federal visa a considerando que Tício estava no segundo
evitar a perpetuação de uma mesma família no mandato , portanto, não poderia ser candidato à
poder e o uso da máquina administrativa em reeleição ao governo do Estado “x”.
favor do candidato parente, proporcionando,
Resposta: nesse caso, o cunhado de Tício não
assim, uma maior igualdade no processo
poderia concorrer ao Governo do Estado, em
eleitoral.”29
virtude de não caber mais reeleição. Mesmo com
Ainda para facilitar o entendimento, a renúncia o cunhado Tício ainda continuaria
seguem dois exemplos práticos citados pelo inelegível para cargo eletivos na jurisdição do
professor Francisco Dirceu Barros: Estado “X”.

A jurisprudência do Tribunal Superior


Eleitoral tem se pronunciado da seguinte forma:
I – Tício era Governador do Estado “x”. Tício
“No território da jurisdição do titular dos
queria ser candidato a Presidente da República e
cargos a que se refere o § 7º do art. 14 da CF,
renunciou ao governo do Estado “x”, porque sua
o seu cônjuge e os parentes consangüíneos
esposa queria ser candidata ao governo ao
ou afins, até o segundo grau ou por adoção,
governo do Estado “x”. Tício poderia ser
somente são elegíveis para o mesmo cargo se
candidato à reeleição do Estado “x”.
aquele também o for. (Res. TSE nº
21.099/2002, rel. Min. Ellen Gracie, DJ de
29
BARROS, Francisco Dirceu. Direito eleitoral. 5 ed.
20.6.2002, e Res. TSE nº 21.406/2003, rel. Min.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 261.

76
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Francisco Peçanha Martins, DJ de 1º.7.2003). DA LEI DAS INELEGIBILIDADES.


...O cônjuge do prefeito reeleito é inelegível
Como já afirmado, as inelegibilidades
tanto para prefeito como para vice-prefeito,
também podem ser dispostas através de
tenha ou não lhe sucedido no curso do
Legislação Infraconstitucional, contanto que seja
mandato. É a Constituição da República que
através de Lei Complementar. Dispõe a
veda tornar-se perene o poder de membros da
Constituição em seu art. 14, § 9º que: “Lei
mesma família, conforme expresso no § 7º do
complementar estabelecerá outros casos de
seu art. 14, do que resulta a jurisprudência do
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
TSE. (Res. 21.645, de 2.3.04, do TSE, DJ de
fim de proteger a probidade administrativa, a
16.3.04).”
moralidade para o exercício do mandato,
Por outro lado, o ex-cônjuge continua considerada a vida pregressa do candidato, e
inelegível para o período posterior ao término do a normalidade e legitimidade das eleições
mandato do Presidente, Governador ou Prefeito, contra a influência no poder econômico ou o
com quem tinha relacionamento matrimonial ou abuso do exercício de função, cargo ou
de união estável. Assim, por exemplo, se o emprego na administração direta ou indireta.”
relacionamento chegou ao fim no curso do
A Lei Complementar 64/90, assim, foi
mandato, o ex-cônjuge ficaria inelegível (junto
editada e trouxe em seu art. 1º, I, os casos de
com os seus parentes) para disputar um mandato
inelegibilidade para qualquer cargo. Em sua
eletivo para o período consecutivo. Neste caso,
alínea a contempla os inalistáveis e os
se o ex-cônjuge não fosse titular de um mandato
analfabetos.
eletivo e concorrendo à reeleição só poderia se
candidatar para mandato eletivo se o Presidente, Em relação aos inalistáveis, a situação é
Governador ou Prefeito renunciassem a seus bem clara, uma vez que como alistamento
mandatos 6 meses antes da eleição, mesmo que eleitoral é condição para elegibilidade, não
o vínculo matrimonial não mais subsistisse. Se a havendo possibilidade de alistamento, também é
intenção do ex-cônjuge for a de suceder o inviável o exercício da capacidade eleitoral
Presidente, o Governador ou o Prefeito, e esses passiva.
já estivessem no segundo mandato consecutivo,
Por outro lado, em relação aos
a sucessão não seria possível, ainda que
analfabetos, deve-se ter em mente que os
houvesse renúncia por parte do Chefe do
mesmos possuem a capacidade eleitoral ativa,
Executivo 6 meses antes das eleições.
mas não a capacidade passiva. Por outro lado,

77
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

as alíneas b e seguintes trazem as chamadas a) os inalistáveis e os analfabetos;


inelegibilidades cominadas.
b) os membros do Congresso Nacional,
Inelegibilidade cominada, como já visto, é das Assembléias Legislativas, da Câmara
aquela que advém de imposição de penalidade. Legislativa e das Câmaras Municipais, que
Esses dispositivos foram bastante modificados hajam perdido os respectivos mandatos por
pela Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha infringência do disposto nos incisos I e II do
Limpa), que aumentou os prazos de art. 55 da Constituição Federal, dos
inelegibilidade, além de criar outros casos de dispositivos equivalentes sobre perda de
inelegibilidade cominada. Trouxe, ainda, em mandato das Constituições Estaduais e Leis
algumas hipóteses, a desnecessidade da decisão Orgânicas dos Municípios e do Distrito
ter transitado em julgado para que a Federal, para as eleições que se realizarem
inelegibilidade seja aplicada. durante o período remanescente do mandato
para o qual foram eleitos e nos oito anos
Apesar do entendimento inicial do TSE ter
subseqüentes ao término da legislatura;
sido a da inaplicabilidade do art. 16 da
(Redação dada pela LCP 81, de 13/04/94)
Constituição Federal em relação à Lei
Complementar 135/2010, permitindo a sua
c) o Governador e o Vice-Governador de
aplicação nas eleições de 2010, o Supremo
Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o
Tribunal Federal terminou por modificar este
Vice-Prefeito que perderem seus cargos
entendimento para enquadrar as disposições da
eletivos por infringência a dispositivo da
Lei Complementar retrocitada no Princípio da
Constituição Estadual, da Lei Orgânica do
anualidade. Por isso, a Lei Complementar
Distrito Federal ou da Lei Orgânica do
135/2010 não teve aplicação nas eleições de
Município, para as eleições que se realizarem
2010. Esse entendimento foi recente esposado
durante o período remanescente e nos 8 (oito)
pelo STF no RE 633703. Assim, a chamada “Lei
anos subsequentes ao término do mandato
da Ficha Limpa” só será aplicada a partir das
para o qual tenham sido eleitos; (Redação
eleições de 2012.
dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
De qualquer maneira, dispõe o art. 1º, I,
da Lei Complementar que: d) os que tenham contra sua pessoa
representação julgada procedente pela
Art. 1º São inelegíveis: Justiça Eleitoral, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão colegiado, em
I - para qualquer cargo: processo de apuração de abuso do poder

78
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

econômico ou político, para a eleição na qual ou à inabilitação para o exercício de função


concorrem ou tenham sido diplomados, bem pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
como para as que se realizarem nos 8 (oito) 135, de 2010)
anos seguintes; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 135, de 2010) 6. de lavagem ou ocultação de bens,
direitos e valores; (Incluído pela Lei
e) os que forem condenados, em Complementar nº 135, de 2010)
decisão transitada em julgado ou proferida
por órgão judicial colegiado, desde a 7. de tráfico de entorpecentes e drogas

condenação até o transcurso do prazo de 8 afins, racismo, tortura, terrorismo e

(oito) anos após o cumprimento da pena, hediondos; (Incluído pela Lei Complementar

pelos crimes: (Redação dada pela Lei nº 135, de 2010)

Complementar nº 135, de 2010)


8. de redução à condição análoga à de

1. contra a economia popular, a fé escravo; (Incluído pela Lei Complementar nº

pública, a administração pública e o 135, de 2010)

patrimônio público; (Incluído pela Lei


9. contra a vida e a dignidade sexual;
Complementar nº 135, de 2010)
e (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de

2. contra o patrimônio privado, o 2010)

sistema financeiro, o mercado de capitais e os


10. praticados por organização
previstos na lei que regula a
criminosa, quadrilha ou bando; (Incluído pela
falência; (Incluído pela Lei Complementar nº
Lei Complementar nº 135, de 2010)
135, de 2010)

f) os que forem declarados indignos do


3. contra o meio ambiente e a saúde
oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo
pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
prazo de 8 (oito) anos; (Redação dada pela
135, de 2010)
Lei Complementar nº 135, de 2010)

4. eleitorais, para os quais a lei comine


g) os que tiverem suas contas relativas
pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei
ao exercício de cargos ou funções públicas
Complementar nº 135, de 2010)
rejeitadas por irregularidade insanável que

5. de abuso de autoridade, nos casos configure ato doloso de improbidade

em que houver condenação à perda do cargo administrativa, e por decisão irrecorrível do

79
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

órgão competente, salvo se esta houver sido j) os que forem condenados, em decisão
suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, transitada em julgado ou proferida por órgão
para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção
anos seguintes, contados a partir da data da eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
decisão, aplicando-se o disposto no inciso II doação, captação ou gastos ilícitos de
do art. 71 da Constituição Federal, a todos os recursos de campanha ou por conduta vedada
ordenadores de despesa, sem exclusão de aos agentes públicos em campanhas
mandatários que houverem agido nessa eleitorais que impliquem cassação do registro
condição; (Redação dada pela Lei ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a
Complementar nº 135, de 2010) contar da eleição; (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010)
h) os detentores de cargo na
administração pública direta, indireta ou k) o Presidente da República, o
fundacional, que beneficiarem a si ou a Governador de Estado e do Distrito Federal, o
terceiros, pelo abuso do poder econômico ou Prefeito, os membros do Congresso Nacional,
político, que forem condenados em decisão das Assembleias Legislativas, da Câmara
transitada em julgado ou proferida por órgão Legislativa, das Câmaras Municipais, que
judicial colegiado, para a eleição na qual renunciarem a seus mandatos desde o
concorrem ou tenham sido diplomados, bem oferecimento de representação ou petição
como para as que se realizarem nos 8 (oito) capaz de autorizar a abertura de processo por
anos seguintes; (Redação dada pela Lei infringência a dispositivo da Constituição
Complementar nº 135, de 2010) Federal, da Constituição Estadual, da Lei
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei
i) os que, em estabelecimentos de Orgânica do Município, para as eleições que
crédito, financiamento ou seguro, que tenham se realizarem durante o período remanescente
sido ou estejam sendo objeto de processo de do mandato para o qual foram eleitos e nos 8
liquidação judicial ou extrajudicial, hajam (oito) anos subsequentes ao término da
exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à legislatura; (Incluído pela Lei Complementar
respectiva decretação, cargo ou função de nº 135, de 2010)
direção, administração ou representação,
enquanto não forem exonerados de qualquer l) os que forem condenados à
responsabilidade; suspensão dos direitos políticos, em decisão
transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, por ato doloso de

80
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

improbidade administrativa que importe lesão p) a pessoa física e os dirigentes de


ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, pessoas jurídicas responsáveis por doações
desde a condenação ou o trânsito em julgado eleitorais tidas por ilegais por decisão
até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos transitada em julgado ou proferida por órgão
após o cumprimento da pena; (Incluído pela colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8
Lei Complementar nº 135, de 2010) (oito) anos após a decisão, observando-se o
procedimento previsto no art. 22; (Incluído
m) os que forem excluídos do exercício pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
da profissão, por decisão sancionatória do
órgão profissional competente, em q) os magistrados e os membros do Ministério
decorrência de infração ético-profissional, Público que forem aposentados
pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato compulsoriamente por decisão sancionatória,
houver sido anulado ou suspenso pelo Poder que tenham perdido o cargo por sentença ou
Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar que tenham pedido exoneração ou
nº 135, de 2010) aposentadoria voluntária na pendência de
processo administrativo disciplinar, pelo
n) os que forem condenados, em prazo de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei
decisão transitada em julgado ou proferida Complementar nº 135, de 2010).
por órgão judicial colegiado, em razão de
terem desfeito ou simulado desfazer vínculo
conjugal ou de união estável para evitar SISTEMAS ELEITORAIS.
caracterização de inelegibilidade, pelo prazo
de 8 (oito) anos após a decisão que
reconhecer a fraude; (Incluído pela Lei
Dá-se o nome de sistema eleitoral o conjunto de
Complementar nº 135, de 2010)
regras que demonstram quais os critérios
utilizados para que determinado candidato seja
o) os que forem demitidos do serviço
considerado eleito no Direito Brasileiro. No
público em decorrência de processo
Ordenamento Jurídico Pátrio são adotados 2
administrativo ou judicial, pelo prazo de 8
sistemas eleitorais: o majoritário e proporcional.
(oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato
houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Vale ressaltar que em ambos não serão contados
Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar os votos nulos e os em branco. No sistema
nº 135, de 2010) majoritário, são válidos apenas os votos
nominais, ou seja, aqueles dados a candidatos

81
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

inscritos. E no proporcional, são válidos os votos um eleitor a mais do que a metade do votos
nominais e os votos de legenda. Esses últimos válidos
são dados ao partido ou coligação, e servirão
Se não houver a maioria absoluta no primeiro
para ajudar a definir o quociente partidário.
turno, o candidato eleito será aquele que obtiver
a maior soma de votos no segundo turno

ESPÉCIES Se houver morte, desistência ou impedimento


legal de um dos candidatos no primeiro turno,
Sistema majoritário
será chamado o que tiver obtido mais votos para
A vitória será do candidato que obtiver o maior disputar com o outro candidato da disputa
número de votos
Se o candidato desiste ou falece antes do
O sistema majoritário compreende duas primeiro turno, o partido poderá substituí-lo
modalidades: relativo ou absoluto
Se o vice desistir antes do segundo turno, a
Será relativo quando o candidato só precisar da chapa toda não poderá participar da eleição,
maioria simples para ser eleito chamando-se a chapa que, depois da desistente,
obteve o maior número de votos
O sistema majoritário relativo ocorre nas eleições
para prefeitos nas cidades que têm menos de Por outro lado, uma vez eleita a chapa, a morte
200.000 eleitores e para as eleições de do vice não acarretará a perda do mandato ou a
Senadores necessidade de sua substituição

No sistema proporcional, que é o adequado para


a escolha dos vereadores, deputados estaduais e
Art. 29, II, CF
deputados federais, é assegurado aos diferentes
partidos políticos no Parlamento uma
representação correspondente à força numérica
O sistema majoritário por maioria absoluta
de cada um
ocorrerá nas eleições para prefeitos nas cidades
com mais de 200.000 eleitores e nas eleições Os votos válidos são votos da legenda partidária
para governadores e presidente da república e de todos os candidatos, os votos brancos e
nulos não entram na contagem
Nesse sistema, o candidato necessitará da
maioria absoluta de votos, ou seja, pelo menos

82
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Assim, o art. 106 não foi em parte recepcionado candidatos que tiverem mais votos até serem
0
pela Constituição Federal, em seu art. 77, § 2 preenchidos todos os cargos

Marcos Ramayana entende que tal dispositivo é


inconstitucional por tratar de forma majoritária
QUOCIENTE ELEITORAL
uma eleição que deveria ser proporcional
Art. 106 CE
Dentro de cada partido ou coligação, observa-se
É um mecanismo de cálculo determinado pela a ordem de votação recebida individualmente por
divisão do número total de votos válidos pelo cada candidato específico para a ocupação da
número de lugares do parlamento vaga

Assim se houverem 100.000 votos válidos e 10


cadeiras no parlamento, serão necessários aos
Art. 109, § 1, CE
partidos que obtenham 10.000 votos para que
consiga uma vaga na câmara dos vereadores,
assembléias legislativas e câmara dos deputados
O partido que não atingir o quociente eleitoral
federais
não poderá eleger candidato algum no sistema
partidário

QUOCIENTE PARTIDÁRIO Se isso ocorrer, o sistema utilizado passará a ser


o majoritário
Art. 107 CE
Os restos ou sobras são atribuídos em razão da
É o percentual obtido por cada partido ou
técnica matemática incorporada ao art. 109, I e II,
coligação, através da divisão do número de votos
do CE, trata-se do sistema da maior ou média
alcançados pela legenda pelo quociente eleitoral
ideal
Os votos dos candidatos do partido contam para
Os votos dos partidos ou coligações que
a legenda
atingirem o quociente eleitoral serão divididos
Assim, o quociente eleitoral é de 10.000, se o pelo número de vagas ou cadeiras, sendo
partido teve 90.000 votos deverá dividir este pelo acrescidos de mais 1, quando alcança uma
quociente eleitoral obtendo, então 9 vagas média para cada um dos mesmos

Pode ocorrer, no entanto, a falta de quociente Assim, em determinado município há 11 cadeiras


eleitoral, nesses casos serão eleitos aqueles para vereador

83
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Ocorreram 111.000 votos validos O partido que obteve a melhor média depois
dessa nova divisão obterá mais uma cadeira
O quociente eleitoral é de 11.000
Apo’s repete-se a operação, sempre
Participaram da eleição 4 partidos e 2 coligações
acrescentando mais 1 ao número de cadeiras
O partido A obteve 65.000, que divididos pelo obtidas
quociente eleitoral, resulta em 5.909, ou seja, o
E assim se sucederá até que todas as cadeiras
partido terá 5 cadeiras
tenham sido obtidas
O partido B obteve 18.000 votos que divididos
Os suplentes são aqueles candidatados que,
pelo quociente eleitoral resultará em 1.636,
entre os que não conseguiram as vagas, foram
sendo que o partido terá direito a 1 vaga na
os mais votados
câmara de vereadores
Não há perda de mandato para o candidato eleito
A coligação C/D obteve 16.000 votos, que
e o suplente que deixarem seus partidos, ou
divididos pelo quociente eleitoral, resultará em
cometerem alguma espécie de infidelidade
1.454, e terá direito a 1 cadeira
partidária
O partido E e a coligação F/G não atingiram o
Se o suplente desfiliar-se, mesmo assim terá
quociente eleitoral, não tendo, pois, cadeira na
direito à suplência na posição originária na lista
câmara dos vereadores
do partido em que concorreu
Nos primeiros cálculos foram preenchidas apenas
É possível o candidato que não tenha recebido
7 vagas, faltando ainda 4 vagas para serem
votos ser eleito nos termos do quociente
ocupadas na câmara
partidário, nos termos da resolução 20.731 do
As sobras ou restos são as cadeiras faltantes TSE

Só poderão participar da divisão do resto aqueles DA LEI DAS ELEIÇÕES.


partidos e coligações que tiveram o quociente
eleitoral
PARTE GERAL
Adotando-se o critério da maior média, segue-se
outro cálculo A Lei das Eleições, Lei 9.504/1997, já
vista parcialmente neste curso, teve por intento
O número de votos dos partidos serão divididos
modernizar os procedimentos necessários à
pelo número de cadeiras conseguidas acrescida
candidaturas, coligações partidárias, propaganda
de mais 1

84
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

eleitoral e votação, atualizando alguns regras que havendo lei federal que o indique, e Lei
ainda eram ligadas ao modelo antigo de votação, Orgânica do Município e até resolução do TSE
que era feito através de cédulas. poderão ser solução para o impasse.”30

A sua parte geral dispõe acerca das Assim, determina a Lei das Eleições que:
eleições, dispondo como dia para ocorrer o pleito,
em concordância, como é óbvio, com a “Art 1º As eleições para Presidente e Vice-

constituição Federal para prescrever que a Presidente da República, Governador e Vice-

votação ocorrerá no primeiro domingo do mês de Governador de Estado e do Distrito Federal,

outubro do ano da eleição, e o segundo turno, se Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado

houver, no último domingo deste mesmo mês. Federal, Deputado Estadual, Deputado
Distrital e Vereador dar-se-ão, em todo o País,
Segundo escreve Joel J. Candido: no primeiro domingo de outubro do ano
respectivo.

“A posse dos eleitos será nas seguintes Parágrafo único. Serão realizadas
datas: Presidente, Vice-Presidente da simultaneamente as eleições:
República, Governador, Vice-Governador de
I - para Presidente e Vice-Presidente da
Estado e do Distrito Federal, no dia 1º de
República, Governador e Vice-Governador de
janeiro (CF, arts. 82 e 28) e Senadores e
Estado e do Distrito Federal, Senador,
Deputados Federais, no dia 1º de fevereiro
Deputado Federal, Deputado Estadual e
(CF, art. 57, § 4º). Os Deputados Estaduais e
Deputado Distrital;
Distritais terão sua posse no dia indicado nas
respectivas Constituições e Lei Orgânica,
II - para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.”
enquanto que a dos Prefeitos e Vice-Prefeitos
Municipais será no dia 1º de janeiro (CF, art. Por outro lado, o art. 2º da Lei das
29, III). Já os Vereadores tomarão posse no Eleições vem esclarecer que, uma vez ocorrendo
dia indicado em lei, normalmente ocorrendo segundo turno, se houver falecimento de
na mesma data da posse do Prefeito e Vice- candidato antes de realizada a eleição, será
Prefeito. Como, pelo art. 4º, § 4º, do ADCT, a convocado dentre os remanescentes o de maior
posse dos vereadores eleitos em 1988 e deu votação.
em 1º de janeiro de 1989, nesse dia e mês de
cada ano subseqüente às eleições municipais
deverá ser a data da posse da edilidade. Não 30
CÂNDIDO, Joel J. Direito eleitoral brasileiro. 11 ed.
São Paulo: Edipro, 2005, pp 366/367.

85
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Deve-se lembrar que antes de finalizada a § 3º Se, na hipótese dos parágrafos


eleição, como a disputa para as eleições anteriores, remanescer em segundo lugar
majoritária é realizada com uma chapa contendo mais de um candidato com a mesma votação,
o candidato e seu vice (no caso dos senadores, qualificar-se-á o mais idoso.
com seus suplentes), o falecimento do candidato
inviabiliza a competição no segundo turno, pois § 4º A eleição do Presidente importará a do

não se faz mais possível substituição. Dessa candidato a Vice-Presidente com ele

forma, em caso de falecimento, convoca-se o registrado, o mesmo se aplicando à eleição de

outro candidato dentre os mais votados. Governador.”

O art. 3º da Lei apenas expõe as regras já


Se ainda assim, ocorrer empate entre os
faladas neste curso, segundo as quais a eleição
segundos colocados, situação bem difícil de
de prefeito e vice-prefeito é majoritária, só
ocorrer, qualificar-se-á o candidato mais idoso
havendo necessidade de segundo turno nos
para o segundo turno.
municípios que tenham mais do que 200.000
(duzentos mil) eleitores.
Dessa forma, determina a Lei 9.504/1997 que:

“Art. 2º Será considerado eleito o candidato a Determina, pois, a Lei das Eleições que:

Presidente ou a Governador que obtiver a


“Art. 3º Será considerado eleito Prefeito o
maioria absoluta de votos, não computados
candidato que obtiver a maioria dos votos,
os em branco e os nulos.
não computados os em branco e os nulos.

§ 1º Se nenhum candidato alcançar maioria


§ 1º A eleição do Prefeito importará a do
absoluta na primeira votação, far-se-á nova
candidato a Vice-Prefeito com ele registrado.
eleição no último domingo de outubro,
concorrendo os dois candidatos mais § 2º Nos Municípios com mais de duzentos mil
votados, e considerando-se eleito o que eleitores, aplicar-se-ão as regras
obtiver a maioria dos votos válidos. estabelecidas nos §§ 1º a 3º do artigo
anterior.”
§ 2º Se, antes de realizado o segundo turno,
ocorrer morte, desistência ou impedimento
legal de candidato, convocar-se-á, dentre os Por outro lado, também só poderá
remanescentes, o de maior votação. participar das eleições o partido que tenha
registrado seus estatutos no TSE há pelo menos

86
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

um ano do pleito eleitoral, bem como até a data Por seu turno, o art. 5º estabelece que
da convenção, tenha órgão de direção são considerados válidos apenas os votos dados
constituído na circunscrição , de acordo com o a candidatos e legendas, enterrando uma vez por
respectivo estatuto. todas o anterior sistema, previsto no art. 106 do
Código Eleitoral que dava algum valor para o
Segundo Joel Cândido: voto em branco nas eleições proporcionais.

Estabelece a Lei das Eleições que:


“Aqui, a norma é ampla e genérica e
inviabiliza, de modo absoluto, a presença da “Art. 5º Nas eleições proporcionais, contam-
sigla nos pleitos. Cabe ao TSE, recebendo as se como válidos apenas os votos dados a
listagens dos TRE relativas aos partidos candidatos regularmente inscritos e às
constituídos nas respectivas circunscrições, legendas partidárias.”
publicar, em resolução adequada – ou em
anexo a ela – a lista dos partidos que poderão
participar das eleições em caráter nacional,
DAS COLIGAÇÕES
obedecendo o prazo dado pelo artigo ora
comentado. Aos TRE, por seu turno, caberá
publicar, do mesmo modo, também município
As coligações se constituem como uma
por município, a lista dos partidos às eleições
união de partidos políticos que, na época das
municipais. Ambos deverão fazê-lo tão logo
eleições é formado, sendo tratado, a partir daí
finde essa data-limite e o permitam a
como um partido único para o fim de indicar
organização de seus registros.”31
candidatos às eleições majoritárias e
proporcionais.
Determina, pois, a Lei das Eleições que:
Anteriormente, exigia-se a verticalização
“Art 4º Poderá participar das eleições o
das coligações, regra através da qual não se
partido que, até um ano antes do pleito, tenha
poderiam formar alianças políticas em níveis
registrado seu estatuto no Tribunal Superior
inferiores, de forma diversa das ocorridas no
Eleitoral, conforme o disposto em lei, e tenha,
cenário nacional. Ocorre, no entanto, que a
até a data da convenção, órgão de direção
verticalização deixou de ser regra aplicável às
constituído na circunscrição, de acordo com o
eleições brasileiras, por conta do quanto disposto
respectivo estatuto.”
na Emenda Constitucional de número 52/06.

31
Op. cit. p. 370.

87
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Por conta disso, a verticalização não é Eleitoral e no trato dos interesses


mais exigida dos partidos políticos, determinação interpartidários.
constitucional essa que nos parece, data vênia,
mais consentânea com a autonomia dos partidos § 1o-A. A denominação da coligação não

políticos. poderá coincidir, incluir ou fazer referência a


nome ou número de candidato, nem conter
Ainda, quando o partido político integra pedido de voto para partido político. (Incluído
uma coligação, acaba perdendo a legitimidade pela Lei nº 12.034, de 2009)
para atuar isoladamente. Assim, no ajuizamento
de ações eleitorais, por exemplo, o partido § 2º Na propaganda para eleição majoritária, a
coligado não poderá em nome próprio ajuizar tal coligação usará, obrigatoriamente, sob sua
ação, só podendo fazê-lo quando estiver denominação, as legendas de todos os
discutindo, perante o Juízo Eleitoral, a validade partidos que a integram; na propaganda para
da própria coligação, até o dia para registro de eleição proporcional, cada partido usará
candidaturas, o que ocorre até o dia 5 de julho do apenas sua legenda sob o nome da coligação.
ano das eleições.
§ 3º Na formação de coligações, devem ser
Sobre o assunto, determina o art. 6º da Lei observadas, ainda, as seguintes normas:
Eleitoral que:
I - na chapa da coligação, podem inscrever-se
“É facultado aos partidos políticos, dentro da candidatos filiados a qualquer partido político
mesma circunscrição, celebrar coligações dela integrante;
para eleição majoritária, proporcional, ou para
ambas, podendo, neste último caso, formar-se II - o pedido de registro dos candidatos deve
mais de uma coligação para a eleição ser subscrito pelos presidentes dos partidos
proporcional dentre os partidos que integram coligados, por seus delegados, pela maioria
a coligação para o pleito majoritário. dos membros dos respectivos órgãos
executivos de direção ou por representante da
§ lº A coligação terá denominação própria, coligação, na forma do inciso III;
que poderá ser a junção de todas as siglas
dos partidos que a integram, sendo a ela III - os partidos integrantes da coligação
atribuídas as prerrogativas e obrigações de devem designar um representante, que terá
partido político no que se refere ao processo atribuições equivalentes às de presidente de
eleitoral, e devendo funcionar como um só partido político, no trato dos interesses e na
partido no relacionamento com a Justiça

88
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

representação da coligação, no que se refere Por conta disso, determina o art. 7º da Lei
ao processo eleitoral; das Eleições que:

IV - a coligação será representada perante a “As normas para a escolha e substituição dos
Justiça Eleitoral pela pessoa designada na candidatos e para a formação de coligações
forma do inciso III ou por delegados indicados serão estabelecidas no estatuto do partido,
pelos partidos que a compõem, podendo observadas as disposições desta Lei.
nomear até:
§ 1º Em caso de omissão do estatuto, caberá
a) três delegados perante o Juízo Eleitoral; ao órgão de direção nacional do partido
estabelecer as normas a que se refere este
b) quatro delegados perante o Tribunal artigo, publicando-as no Diário Oficial da
Regional Eleitoral; União até cento e oitenta dias antes das
eleições.
c) cinco delegados perante o Tribunal
Superior Eleitoral. § 2o Se a convenção partidária de nível
inferior se opuser, na deliberação sobre
coligações, às diretrizes legitimamente
o
§ 4 O partido político coligado somente estabelecidas pelo órgão de direção nacional,
possui legitimidade para atuar de forma nos termos do respectivo estatuto, poderá
isolada no processo eleitoral quando esse órgão anular a deliberação e os atos dela
questionar a validade da própria coligação, decorrentes. (Redação dada pela Lei nº
durante o período compreendido entre a data 12.034, de 2009)
da convenção e o termo final do prazo para a
impugnação do registro de candidatos. § 3o As anulações de deliberações dos atos

(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009).” decorrentes de convenção partidária, na


condição acima estabelecida, deverão ser
Obviamente a decisão para formação da comunicadas à Justiça Eleitoral no prazo de
coligação parte dos partidos políticos evolvidos. 30 (trinta) dias após a data limite para o
Como se está diante da autonomia partidária, as registro de candidatos. (Redação dada pela
normas para formação de coligações, bem como Lei nº 12.034, de 2009)
de escolha e substituição de candidatos são
definidas nos estatutos dos partidos envolvidos. § 4o Se, da anulação, decorrer a necessidade
de escolha de novos candidatos, o pedido de
registro deverá ser apresentado à Justiça

89
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Eleitoral nos 10 (dez) dias seguintes à Parágrafo único. Havendo fusão ou


deliberação, observado o disposto no art. 13. incorporação de partidos após o prazo
(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) estipulado no caput, será considerada, para
efeito de filiação partidária, a data de filiação
Por outro lado, determina a Lei das do candidato ao partido de origem.”
Eleições, em seu art. 8º, que:
Do Registro de Candidatos
“Art. 8º A escolha dos candidatos pelos
partidos e a deliberação sobre coligações Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos
deverão ser feitas no período de 10 a 30 de para a Câmara dos Deputados, Câmara
junho do ano em que se realizarem as Legislativa, Assembléias Legislativas e Câmaras
eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro Municipais, até cento e cinqüenta por cento do
aberto e rubricado pela Justiça Eleitoral. número de lugares a preencher.

§ 1º Aos detentores de mandato de Deputado


§ 1º No caso de coligação para as eleições
Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador,
proporcionais, independentemente do número de
e aos que tenham exercido esses cargos em
partidos que a integrem, poderão ser registrados
qualquer período da legislatura que estiver em
candidatos até o dobro do número de lugares a
curso, é assegurado o registro de candidatura
preencher.
para o mesmo cargo pelo partido a que
estejam filiados.
§ 2º Nas unidades da Federação em que o

§ 2º Para a realização das convenções de número de lugares a preencher para a Câmara

escolha de candidatos, os partidos políticos dos Deputados não exceder de vinte, cada

poderão usar gratuitamente prédios públicos, partido poderá registrar candidatos a Deputado

responsabilizando-se por danos causados Federal e a Deputado Estadual ou Distrital até o

com a realização do evento. dobro das respectivas vagas; havendo coligação,


estes números poderão ser acrescidos de até
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato mais cinqüenta por cento.
deverá possuir domicílio eleitoral na
respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo § 3o Do número de vagas resultante das regras
menos, um ano antes do pleito e estar com a previstas neste artigo, cada partido ou coligação
filiação deferida pelo partido no mesmo prazo. preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e
o máximo de 70% (setenta por cento) para

90
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

candidaturas de cada sexo. (Redação dada pela VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos
Lei nº 12.034, de 2009) de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e
Estadual;
§ 4º Em todos os cálculos, será sempre VIII - fotografia do candidato, nas dimensões
desprezada a fração, se inferior a meio, e estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral,
igualada a um, se igual ou superior. para efeito do disposto no § 1º do art. 59.
IX - propostas defendidas pelo candidato a
§ 5º No caso de as convenções para a escolha Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente
de candidatos não indicarem o número máximo da República. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
de candidatos previsto no caput e nos §§ 1º e 2º 2009)
deste artigo, os órgãos de direção dos partidos
respectivos poderão preencher as vagas § 2º A idade mínima constitucionalmente
remanescentes até sessenta dias antes do pleito. estabelecida como condição de elegibilidade é
verificada tendo por referência a data da posse.
Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à
Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até § 3º Caso entenda necessário, o Juiz abrirá prazo
as dezenove horas do dia 5 de julho do ano em de setenta e duas horas para diligências.
que se realizarem as eleições.
Aliás, sobre este dispositivo, encontra-se
§ 1º O pedido de registro deve ser instruído com interessante jurisprudência do Tribunal Superior
os seguintes documentos: Eleitoral, no seguinte sentido:
I - cópia da ata a que se refere o art. 8º;
II - autorização do candidato, por escrito; “Agavo regimental. Recurso especial. Pedido
III - prova de filiação partidária; de registro de candidatura. Negativa de
IV - declaração de bens, assinada pelo prestação jurisdicional. Ausência de omissão,
candidato; contradição ou obscuridade. Quitação
V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida Eleitoral. Ausência às urnas. Multa. Ausência
pelo cartório eleitoral, de que o candidato é de intimação. Subsistência. Pagamento de
eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição multa após o pedido de registro. Suprimento
ou transferência de domicílio no prazo previsto no posterior de falhas do pedido. Não-
art. 9º; provimento.
VI - certidão de quitação eleitoral; (...) 4. A norma do art. 11, § 3º, da Lei 9.504, de
1997, que visa ao suprimento de falhas no

91
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

período do registro, dá oportunidade ao apresentados para os fins do disposto no §


requerente para comprovar que, na respectiva 1o. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
data, preenchia os requisitos previstos em lei;
não serve para abrir prazo para que o § 7o A certidão de quitação eleitoral abrangerá
inadimplente com as obrigações eleitorais exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos
faça por cumpri-las extemporaneamente políticos, o regular exercício do voto, o
(Respe n. 28.941, Rel. Min. Ari Pargendler, atendimento a convocações da Justiça Eleitoral
publicado na sessão de 12.8.2008. Ac. 31.279, para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a
de 1º.10.08). inexistência de multas aplicadas, em caráter
definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e
a apresentação de contas de campanha
§ 4o Na hipótese de o partido ou coligação não eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
requerer o registro de seus candidatos, estes
poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, § 8o Para fins de expedição da certidão de que
observado o prazo máximo de quarenta e oito trata o § 7o, considerar-se-ão quites aqueles
horas seguintes à publicação da lista dos que: (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
candidatos pela Justiça Eleitoral. (Redação dada I - condenados ao pagamento de multa, tenham,
pela Lei nº 12.034, de 2009) até a data da formalização do seu pedido de
registro de candidatura, comprovado o
§ 5º Até a data a que se refere este artigo, os pagamento ou o parcelamento da dívida
Tribunais e Conselhos de Contas deverão tornar regularmente cumprido; (Incluído pela Lei nº
disponíveis à Justiça Eleitoral relação dos que 12.034, de 2009)
tiveram suas contas relativas ao exercício de II - pagarem a multa que lhes couber
cargos ou funções públicas rejeitadas por individualmente, excluindo-se qualquer
irregularidade insanável e por decisão irrecorrível modalidade de responsabilidade solidária,
do órgão competente, ressalvados os casos em mesmo quando imposta concomitantemente com
que a questão estiver sendo submetida à outros candidatos e em razão do mesmo
apreciação do Poder Judiciário, ou que haja fato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
sentença judicial favorável ao interessado.
§ 9o A Justiça Eleitoral enviará aos partidos
§ 6o A Justiça Eleitoral possibilitará aos políticos, na respectiva circunscrição, até o dia 5
interessados acesso aos documentos de junho do ano da eleição, a relação de todos os
devedores de multa eleitoral, a qual embasará a

92
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

expedição das certidões de quitação I - havendo dúvida, poderá exigir do candidato


eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) prova de que é conhecido por dada opção de
nome, indicada no pedido de registro;
§ 10. As condições de elegibilidade e as causas II - ao candidato que, na data máxima prevista
de inelegibilidade devem ser aferidas no para o registro, esteja exercendo mandato eletivo
momento da formalização do pedido de registro ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou
da candidatura, ressalvadas as alterações, que nesse mesmo prazo se tenha candidatado
fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro com um dos nomes que indicou, será deferido o
que afastem a inelegibilidade. seu uso no registro, ficando outros candidatos
impedidos de fazer propaganda com esse
§ 11. A Justiça Eleitoral observará, no mesmo nome;
parcelamento a que se refere o § 8o deste artigo, III - ao candidato que, pela sua vida política,
as regras de parcelamento previstas na social ou profissional, seja identificado por um
legislação tributária federal. (Incluído pela Lei nº dado nome que tenha indicado, será deferido o
12.034, de 2009) registro com esse nome, observado o disposto na
parte final do inciso anterior;
Art. 12. O candidato às eleições proporcionais IV - tratando-se de candidatos cuja homonímia
indicará, no pedido de registro, além de seu não se resolva pelas regras dos dois incisos
nome completo, as variações nominais com que anteriores, a Justiça Eleitoral deverá notificá-los
deseja ser registrado, até o máximo de três para que, em dois dias, cheguem a acordo sobre
opções, que poderão ser o prenome, sobrenome, os respectivos nomes a serem usados;
cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo V - não havendo acordo no caso do inciso
qual é mais conhecido, desde que não se anterior, a Justiça Eleitoral registrará cada
estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não candidato com o nome e sobrenome constantes
atente contra o pudor e não seja ridículo ou do pedido de registro, observada a ordem de
irreverente, mencionando em que ordem de preferência ali definida.
preferência deseja registrar-se.
Não havendo acordo quanto a utilização
§ 1º Verificada a ocorrência de homonímia, a da variação nominal preferida, deve-se aplicar a
Justiça Eleitoral procederá atendendo ao Súmula 4 do TSE, no seguinte sentido: “Não
seguinte: havendo preferência entre candidatos que
pretendam o registro da mesma variação

93
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

nominal, defere-se o do que primeiro o tenha SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATOS.


requerido.”
Art. 13. É facultado ao partido ou coligação

§ 2º A Justiça Eleitoral poderá exigir do candidato substituir candidato que for considerado

prova de que é conhecido por determinada opção inelegível, renunciar ou falecer após o termo final

de nome por ele indicado, quando seu uso puder do prazo do registro ou, ainda, tiver seu registro

confundir o eleitor. indeferido ou cancelado.

§ 1o A escolha do substituto far-se-á na


§ 3º A Justiça Eleitoral indeferirá todo pedido de
forma estabelecida no estatuto do partido a que
variação de nome coincidente com nome de
pertencer o substituído, e o registro deverá ser
candidato a eleição majoritária, salvo para
requerido até 10 (dez) dias contados do fato ou
candidato que esteja exercendo mandato eletivo
da notificação do partido da decisão judicial que
ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou
deu origem à substituição. (Redação dada pela
que, nesse mesmo prazo, tenha concorrido em
Lei nº 12.034, de 2009)
eleição com o nome coincidente.

§ 2º Nas eleições majoritárias, se o


§ 4º Ao decidir sobre os pedidos de registro, a candidato for de coligação, a substituição deverá
Justiça Eleitoral publicará as variações de nome fazer-se por decisão da maioria absoluta dos
deferidas aos candidatos. órgãos executivos de direção dos partidos
coligados, podendo o substituto ser filiado a
§ 5º A Justiça Eleitoral organizará e publicará, até qualquer partido dela integrante, desde que o
trinta dias antes da eleição, as seguintes partido ao qual pertencia o substituído renuncie
relações, para uso na votação e apuração: ao direito de preferência.
I - a primeira, ordenada por partidos, com a lista
dos respectivos candidatos em ordem numérica, § 3º Nas eleições proporcionais, a
com as três variações de nome correspondentes substituição só se efetivará se o novo pedido for
a cada um, na ordem escolhida pelo candidato; apresentado até sessenta dias antes do pleito.
II - a segunda, com o índice onomástico e
Art. 14. Estão sujeitos ao cancelamento do
organizada em ordem alfabética, nela constando
registro os candidatos que, até a data da eleição,
o nome completo de cada candidato e cada
forem expulsos do partido, em processo no qual
variação de nome, também em ordem alfabética,
seja assegurada ampla defesa e sejam
seguidos da respectiva legenda e número.
observadas as normas estatutárias.

94
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Parágrafo único. O cancelamento do registro órgão de direção de seu partido,


do candidato será decretado pela Justiça independentemente do sorteio a que se refere o
Eleitoral, após solicitação do partido. § 2º do art. 100 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de
1965 - Código Eleitoral.
Art. 15. A identificação numérica dos
candidatos se dará mediante a observação dos § 3º Os candidatos de coligações, nas
seguintes critérios: eleições majoritárias, serão registrados com o
número de legenda do respectivo partido e, nas
I - os candidatos aos cargos majoritários eleições proporcionais, com o número de legenda
concorrerão com o número identificador do do respectivo partido acrescido do número que
partido ao qual estiverem filiados; lhes couber, observado o disposto no parágrafo
anterior.
II - os candidatos à Câmara dos Deputados
concorrerão com o número do partido ao qual Art. 16. Até quarenta e cinco dias antes da
estiverem filiados, acrescido de dois algarismos à data das eleições, os Tribunais Regionais
direita; Eleitorais enviarão ao Tribunal Superior Eleitoral,
para fins de centralização e divulgação de dados,
III - os candidatos às Assembléias
a relação dos candidatos às eleições majoritárias
Legislativas e à Câmara Distrital concorrerão com
e proporcionais, da qual constará
o número do partido ao qual estiverem filiados
obrigatoriamente a referência ao sexo e ao cargo
acrescido de três algarismos à direita;
a que concorrem.

IV - o Tribunal Superior Eleitoral baixará


§ 1o Até a data prevista no caput, todos os
resolução sobre a numeração dos candidatos
pedidos de registro de candidatos, inclusive os
concorrentes às eleições municipais.
impugnados, e os respectivos recursos, devem

§ lº Aos partidos fica assegurado o direito de estar julgados em todas as instâncias, e

manter os números atribuídos à sua legenda na publicadas as decisões a eles relativas. (Incluído

eleição anterior, e aos candidatos, nesta pela Lei nº 12.034, de 2009)

hipótese, o direito de manter os números que


§ 2o Os processos de registro de
lhes foram atribuídos na eleição anterior para o
candidaturas terão prioridade sobre quaisquer
mesmo cargo.
outros, devendo a Justiça Eleitoral adotar as

§ 2º Aos candidatos a que se refere o § 1º providências necessárias para o cumprimento do

do art. 8º, é permitido requerer novo número ao prazo previsto no § 1o, inclusive com a realização

95
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

de sessões extraordinárias e a convocação dos § 1º A votação eletrônica será feita no


juízes suplentes pelos Tribunais, sem prejuízo da número do candidato ou da legenda partidária,
eventual aplicação do disposto no art. 97 e de devendo o nome e fotografia do candidato e o
representação ao Conselho Nacional de Justiça. nome do partido ou a legenda partidária aparecer
(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) no painel da urna eletrônica, com a expressão
designadora do cargo disputado no masculino ou
Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja feminino, conforme o caso.
sub judice poderá efetuar todos os atos relativos
à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário § 2º Na votação para as eleições
eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu proporcionais, serão computados para a legenda
nome mantido na urna eletrônica enquanto partidária os votos em que não seja possível a
estiver sob essa condição, ficando a validade dos identificação do candidato, desde que o número
votos a ele atribuídos condicionada ao identificador do partido seja digitado de forma
deferimento de seu registro por instância correta.
superior. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 3º A urna eletrônica exibirá para o eleitor,
Parágrafo único. O cômputo, para o primeiramente, os painéis referentes às eleições
respectivo partido ou coligação, dos votos proporcionais e, em seguida, os referentes às
atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub eleições majoritárias.
judice no dia da eleição fica condicionado ao
deferimento do registro do candidato. (Incluído § 4o A urna eletrônica disporá de recursos

pela Lei nº 12.034, de 2009). que, mediante assinatura digital, permitam o


registro digital de cada voto e a identificação da
DO SISTEMA ELETRÔNICO DE VOTAÇÃO E urna em que foi registrado, resguardado o
APURAÇÃO. anonimato do eleitor. (Redação dada pela Lei nº
10.740, de 1º.10.2003)
Do Sistema Eletrônico de Votação e da
Totalização dos Votos § 5o Caberá à Justiça Eleitoral definir a
chave de segurança e a identificação da urna
Art. 59. A votação e a totalização dos votos eletrônica de que trata o § 4o. (Redação dada
serão feitas por sistema eletrônico, podendo o pela Lei nº 10.740, de 1º.10.2003)
Tribunal Superior Eleitoral autorizar, em caráter
excepcional, a aplicação das regras fixadas nos § 6o Ao final da eleição, a urna eletrônica
arts. 83 a 89. procederá à assinatura digital do arquivo de
votos, com aplicação do registro de horário e do

96
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

arquivo do boletim de urna, de maneira a impedir Parágrafo único. O Tribunal Superior


a substituição de votos e a alteração dos Eleitoral disciplinará a hipótese de falha na urna
registros dos termos de início e término da eletrônica que prejudique o regular processo de
votação. (Redação dada pela Lei nº 10.740, de votação.
1º.10.2003)

§ 7o O Tribunal Superior Eleitoral colocará à


DAS GARANTIAS ELEITORAIS.
disposição dos eleitores urnas eletrônicas
destinadas a treinamento. (Redação dada pela O sufrágio é garantido pela Constituição
Lei nº 10.740, de 1º.10.2003) Federal, conforme se infirma em seu art. 14, no
seguinte sentido:
§ 8o O Tribunal Superior Eleitoral colocará à
disposição dos eleitores urnas eletrônicas Art. 14. A soberania popular será exercida

destinadas a treinamento.(Parágrafo incluído pela pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
Lei nº 10.408, de 10.1.2002) secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante (...).
Art. 60. No sistema eletrônico de votação
O sufrágio é direito de participar das
considerar-se-á voto de legenda quando o eleitor
decisões da Nação, até mesmo porque todo o
assinalar o número do partido no momento de
poder emana do povo que o exerce através de
votar para determinado cargo e somente para
representantes ou diretamente nos termos da
este será computado.
Constituição Federal. Aquele direito é exercido
Art 61. A urna eletrônica contabilizará cada através do voto, que deverá ser direto e secreto.
voto, assegurando-lhe o sigilo e inviolabilidade, Sem o exercício do sufrágio da maneira imposta
garantida aos partidos políticos, coligações e pela Constituição Federal, fica desatendida a
candidatos ampla fiscalização. democracia.

De qualquer forma, estatui o Código Eleitoral


Art. 62. Nas Seções em que for adotada a
que:
urna eletrônica, somente poderão votar eleitores
cujos nomes estiverem nas respectivas folhas de Art. 234. Ninguém poderá impedir ou
votação, não se aplicando a ressalva a que se embaraçar o exercício do sufrágio.
refere o art. 148, § 1º, da Lei nº 4.737, de 15 de
julho de 1965 - Código Eleitoral. Sendo que o impedimento ou embaraço
do sufrágio está capitulado como crime, nos
termos do art. 297 do próprio Código Eleitoral,

97
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

cominando pena de detenção de até seis somada § 2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será
a multa entre 60 e 100 dias multa. imediatamente conduzido à presença do juiz
competente que, se verificar a ilegalidade da
Ainda, mais, visando o exercício daquele
detenção, a relaxará e promoverá a
direito, o CE ainda estabelece que:
responsabilidade do coator.

Os direitos constitucionais nada seriam se


Art. 235. O juiz eleitoral, ou o presidente da não houvessem normas a garantir a sua eficácia.
mesa receptora, pode expedir salvo-conduto Dentre essas normas, estão as disposições que
com a cominação de prisão por proíbem e punem a interferência do poder
desobediência até 5 (cinco) dias, em favor do econômico e o desvio e abuso de poder de
eleitor que sofrer violência, moral ou física, na autoridade, que possa afetar de qualquer
sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver maneira a liberdade do voto.
votado.
Com relação ao Código Eleitoral existe a
Parágrafo único. A medida será válida para o seguinte determinação:
período compreendido entre 72 (setenta e
Art. 237. A interferência do poder econômico e
duas) horas antes até 48 (quarenta e oito)
o desvio ou abuso do poder de autoridade, em
horas depois do pleito.
desfavor da liberdade do voto, serão coibidos
Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 e punidos.
(cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito)
horas depois do encerramento da eleição,
prender ou deter qualquer eleitor, salvo em § 1º O eleitor é parte legítima para denunciar
flagrante delito ou em virtude de sentença os culpados e promover-lhes a
criminal condenatória por crime inafiançável, responsabilidade, e a nenhum servidor
ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. público. Inclusive de autarquia, de entidade
paraestatal e de sociedade de economia
§ 1º Os membros das mesas receptoras e os
mista, será lícito negar ou retardar ato de
fiscais de partido, durante o exercício de suas
ofício tendente a esse fim.
funções, não poderão ser detidos ou presos,
salvo o caso de flagrante delito; da mesma § 2º Qualquer eleitor ou partido político
garantia gozarão os candidatos desde 15 poderá se dirigir ao Corregedor Geral ou
(quinze) dias antes da eleição. Regional, relatando fatos e indicando provas,
e pedir abertura de investigação para apurar

98
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

uso indevido do poder econômico, desvio ou serviços de transporte e alimentação de eleitores


abuso do poder de autoridade, em benefício previstos nesta Lei.
de candidato ou de partido político.
Art. 2º - Se a utilização de veículos pertencentes
§ 3º O Corregedor, verificada a seriedade da às entidades previstas no Art. 1º não for
denúncia procederá ou mandará proceder a suficiente para atender ao disposto nesta Lei, a
investigações, regendo-se estas, no que lhes Justiça Eleitoral requisitará veículos e
fôr aplicável, pela Lei nº 1579 de 18/03/1952. (A embarcações a particulares, de preferência os de
Lei 1.579/1952 estabelece as normas acerca das aluguel.
Comissões Parlamentares de Inquérito).
Parágrafo único. Os serviços requisitados serão
LEI 6.091/74. DO TRANSPORTE E
pagos, até trinta dias depois do pleito, a preços
ALIMENTAÇÃO DE ELEITORES DA ZONA
que correspondam aos critérios da localidade. A
RURAL.
despesa correrá por conta do Fundo Partidário.

Art. 1º - Os veículos e embarcações,


Art. 3º - Até cinqüenta dias antes da data do
devidamente abastecidos e tripulados,
pleito, os responsáveis por todas as repartições,
pertencentes à União, Estados, Territórios e
órgãos e unidades do serviço público federal,
Municípios e suas respectivas autarquias e
estadual e municipal oficiarão à Justiça Eleitoral,
sociedades de economia mista, excluídos os de
informando o número, a espécie e lotação dos
uso militar, ficarão à disposição da Justiça
veículos e embarcações de sua propriedade, e
Eleitoral para o transporte gratuito de eleitores
justificando, se for o caso, a ocorrência da
em zonas rurais, em dias de eleição.
exceção prevista no § 1º do Art. 1º desta Lei.

§ 1º - Excetuam-se do disposto neste artigo os


§ 1º - Os veículos e embarcações à disposição
veículos e embarcações em número
da Justiça Eleitoral deverão, mediante
justificadamente indispensável ao funcionamento
comunicação expressa de seus proprietários,
de serviço público insusceptível de interrupção.
estar em condições de ser utilizados, pelo
menos, vinte e quatro horas antes das eleições e
§ 2º - Até quinze dias antes das eleições, a
circularão exibindo de modo bem visível, dístico
Justiça Eleitoral requisitará dos órgãos da
em letras garrafais, com a frase: "A serviço da
administração direta ou indireta da União, dos
Justiça Eleitoral".
Estados, Territórios, Distrito Federal e Municípios
os funcionários e as instalações de que
§ 2º - A Justiça Eleitoral, à vista das informações
necessitar para possibilitar a execução dos
recebidas, planejará a execução do serviço de

99
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

transporte de eleitores e requisitará aos II - coletivos de linhas regulares e não fretados;


responsáveis pelas repartições, órgãos ou
unidades, até trinta dias antes do pleito, os III - de uso individual do proprietário, para o

veículos e embarcações necessários. exercício do próprio voto e dos membros da sua


família;
Art. 4º - Quinze dias antes do pleito, a Justiça
Eleitoral divulgará, pelo órgão competente, o IV - o serviço normal, sem finalidade eleitoral, de

quadro geral de percursos e horários veículos de aluguel não atingidos pela requisição

programados para o transporte de eleitores, dele de que trata o Art. 2.

fornecendo cópias aos partidos políticos.


Art. 6º - A indisponibilidade ou as deficiências do

§ 1º - O transporte de eleitores somente será feito transporte de que trata esta Lei não eximem o

dentro dos limites territoriais do respectivo eleitor do dever de votar.

município e quando das zonas rurais para as


Parágrafo único. Verificada a inexistência ou
mesas receptoras distar pelo menos dois
deficiência de embarcações e veículos, poderão
quilômetros.
os órgãos partidários ou os candidatos indicar à

§ 2º - Os partidos políticos, os candidatos, ou Justiça Eleitoral onde há disponibilidade para que

eleitores em número de vinte, pelo menos, seja feita a competente requisição.

poderão oferecer reclamações em três dias


Art. 7º - O eleitor que deixar de votar e não se
contados da divulgação do quadro.
justificar perante o Juíz Eleitoral até sessenta

§ 3º - As reclamações serão apreciadas nos três dias após a realização da eleição incorrerá na

dias subseqüentes, delas cabendo recurso sem multa de três a dez por cento sobre o salário

efeito suspensivo. mínimo da região, imposta pelo Juiz Eleitoral e


cobrada na forma prevista no Art. 367, da Lei nº
§ 4º - Decididas as reclamações, a Justiça 4.737, de 15 de julho de 1965.
Eleitoral divulgará, pelos meios disponíveis, o
quadro definitivo. Art. 8º - Somente a Justiça Eleitoral poderá,
quando imprescindível, em face da absoluta
Art. 5º - Nenhum veículo ou embarcação poderá carência de recursos de eleitores da zona rural,
fazer transporte de eleitores desde o dia anterior fornecer-lhes refeições, correndo, nesta hipótese,
até o posterior à eleição, salvo: as despesas por conta do Fundo Partidário.

I - a serviço da Justiça Eleitoral;

100
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 9º - É facultado aos Partidos exercer V - utilizar em campanha eleitoral, no decurso


fiscalização nos locais onde houver transporte e dos 90 (noventa) dias que antecedem o pleito,
fornecimento de refeições a eleitores. veículos e embarcações pertencentes à União,
Estados, Territórios, Municípios e respectivas
Art. 10 - É vedado aos candidatos ou órgãos autarquias e sociedades de economia mista:
partidários, ou a qualquer pessoa, o fornecimento
de transporte ou refeições aos eleitores da zona Pena - cancelamento do registro do candidato ou
urbana. de seu diploma, se já houver sido proclamado
eleito.
Art. 11 - Constitui crime eleitoral:
Parágrafo único. O responsável, pela guarda do
I - descumprir, o responsável por órgão, veículo ou da embarcação, será punido com a
repartição ou unidade do serviço público, o dever pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis)
imposto no Art. 3, ou prestar informação inexata meses, e pagamento de 60 (sessenta) a 100
que vise a elidir, total ou parcialmente, a (cem) dias-multa.
contribuição de que ele trata:

Pena - detenção de quinze dias a seis meses e


pagamento de 60 a 100 dias-multa; PROPAGANDA POLÍTICO PARTIDÁRIA

A propaganda político-partidária é fase


II - desatender à requisição de que trata o Art. 2:
essencial do processo eleitoral, através do qual
Pena - pagamento de 200 a 300 dias-multa, além partidos políticos e candidatos informam ao
da apreensão do veículo para o fim previsto; público seus ideais políticos e propostas de
governo, de forma lícita, buscando dentre os
III - descumprir a proibição dos artigos 5, 8 e 10: cidadãos, encontrar apoio para seus ideais.

Pena - reclusão de quatro a seis anos e Por conta disso, a propaganda deve
pagamento de 200 a 300 dias multa (Art. 302 do ocorrer nos termos previstos no Ordenamento
Código Eleitoral); Jurídico para que não se permita o desequilíbrio
do pleito eleitoral.
IV - obstar, por qualquer forma, a prestação dos
Sobre o assunto, leciona o professor Joel
serviços previstos nos artigos 4 e 8 desta Lei,
Cândido, no seguinte sentido: “Propaganda
atribuídos à Justiça Eleitoral:
Política é gênero; propaganda eleitoral,
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos; propaganda intrapartidária e propaganda

101
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

partidária são espécies desse gênero. ATENÇÃO: Com o direito de antena, acaba-se
Propaganda Eleitoral ou Propaganda Político por proibir a propaganda partidária paga, seja
Eleitoral é uma forma de capacitação de votos através de outdoor ou pela imprensa escrita,
usada pelos partidos políticos, coligações ou televisionada ou falada.
candidatos, em época determinada por lei,
Bem, como a propaganda política é
através da divulgação de suas propostas,
realizada pelo acesso gratuito ao rádio e à
visando à eleição a cargos eletivos.”32
televisão, a Lei dos Partidos Políticos prevê que a
A propaganda político-partidária é regida propaganda, nesse caso, pode ocorrer em cadeia
pelo princípio da legalidade. Segundo esse ou através de inserções.
princípio, a propaganda realizada por candidatos
A propaganda em cadeia deve ser
e partidos deve seguir o previsto no
requerida ao Tribunal Superior Eleitoral até o dia
Ordenamento Jurídico, até mesmo porque, tem-
1º de Dezembro do ano anterior à veiculação da
se afirmado que a propaganda sem limites é
propaganda. Vale ressaltar que tal prazo é
utopia33, pois os bens mais importantes para a
decadencial, o que significa que se não for
sociedade devem ser preservados, dentre eles a
requerido até a data indicada (1º de dezembro do
democracia e a soberania nacional.
ano anterior à veiculação da propaganda) a
propaganda em cadeia não será veiculada no
ano posterior. Assim, terá perdido o partido o
PROPAGANDA PARTIDÁRIA.
direito a essa forma de propaganda.
A propaganda partidária visa a divulgação
A cadeia se forma às quintas feiras, como
dos ideais partidários, bem como qual é a
é comum, mas a lei permite que pode ser
posição dos partidos políticos frente a tema
autorizada a veiculação em outro dia da semana.
importantes para a sociedade. A presente
A cadeia tem por característica suspender a
espécie da propaganda tem como fundamento o
programação normal do rádio e da televisão
chamado direito de antena, previsto no art. 17, §
enquanto é transmitida.
3º da Constituição Federal, segundo o qual: “Os
partidos políticos têm direito a recursos do Por outro lado, as inserções ocorrem com
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à propagandas curtas, realizadas no intervalo da
televisão, na forma da lei.” programação transmitida pelo rádio e pela
televisão, não havendo, pois, simultaneidade
entre todos as emissoras e rádio e televisão, ao
32
CÂNDIDO, Joel J. Direito eleitoral brasileiro. 11 ed.
Bauru: Edipro, 2005, p. 149. contrário da propaganda em cadeia. As inserções
33
CÂNDIDO, Joel J. Op cit. p. 150.

102
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

devem ir ao ar às terças e quintas-feiras a ainda O horário da propaganda partidária é


aos sábados. considerado nobre. Vai das 19:30 até as 22:00.

Da mesma forma que a propaganda em


cadeia, as inserções devem ser requeridas até o
ATENÇÃO: A propaganda em cadeia é
dia 1º de dezembro do ano anterior à veiculação
realizada por até 20 minutos, enquanto que as
da propaganda. No requerimento dirigido ao
inserções são feitas o máximo de 10
Tribunal Superior Eleitoral, devem constar as
inserções de 30 segundos cada ou 5 de 1
datas em a propaganda partidária será realizada.
minuto, nos dias especificados para a sua
Havendo coincidência, terá prioridade o partido
divulgação. Esse tempo varia em razão da
que apresentou em primeiro lugar o
representação partidária parlamentar. Quanto
requerimento.
maior o número de votos obtidos na eleição
Leciona o professor José Jairo Gomes para Câmara dos Deputados, maior será o
que: “Ademais, é necessário que conste do tempo disponibilizado.
requerimento a indicação das emissoras
A Lei 9.096/95, para viabilizar a
geradoras e a prova do direito à transmissão.
propaganda eleitoral estipula que as mídias
Esta prova é feita mediante certidão expedida
contendo as inserções devem ser entregues às
pela Mesa da Câmara dos Deputados,
emissoras para transmissão até 12 horas antes
comprobatória da bancada eleita naquela
de seu início. Vale ressaltar que o Tribunal
Casa. Uma vez deferido, o Tribunal Superior
Superior Eleitoral, através da Resolução
Eleitoral comunicará, com antecedência
20.034/1997 aumentou o lapso temporal para 24
mínima de 15 dias do início da veiculação
horas antes do início da transmissão.
(Res. N. 20.034/97, art. 6º): o partido
requerente, as emissoras gerados, os A propaganda partidária pode ser feita em
Tribunais Regionais Eleitorais, a Empresa estúdio ou ao ar livre. Gravada ou ao vivo. A
Brasileira de Comunicação S/A – Sistema requisição das transmissões deve ser feita com
Radiobrás, a Associação Brasileira de até 15 dias de antecedência para as emissoras
Emissoras de Rádio e Televisão – Abert, a responsáveis pela transmissão que, por óbvio,
Empresa Brasileira de Telecomunicações – serão obrigatórias.
Embratel e o órgão de fiscalização do
FINALIDADES E PROIBIÇÕES DA
Ministério da Comunicações.”34
PROPAGANDA PARTIDÁRIA.

34
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 3 ed. Belo
Horizonte: Del Rey Editora, 2008, PP 282/283.

103
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

A finalidade da propaganda partidária princípios, dentre os quais encontra-se o da


encontra-se prevista no art. 45 da Lei 9.096/95, legalidade, segundo o qual a propaganda deve
no seguinte sentido: ser feita tendo por base o quanto disposto no
Ordenamento Jurídico.

Em assim sendo, por óbvio, a propaganda


“Art. 45. A propaganda partidária gratuita, contrária ao previsto na legislação é proibida, nos
gravada ou ao vivo, efetuada mediante termos da Lei 9.096/95. Dispõe o parágrafo
transmissão por rádio e televisão será primeiro do art. 45 da Lei dos Partidos Políticos
realizada entre as dezenove horas e trinta que:
minutos e as vinte e duas horas para, com
exclusividade:

I - difundir os programas partidários; “§ 1º Fica vedada, nos programas de que trata


este Título:
II - transmitir mensagens aos filiados sobre a
execução do programa partidário, dos I - a participação de pessoa filiada a partido

eventos com este relacionados e das que não o responsável pelo programa;

atividades congressuais do partido;


II - a divulgação de propaganda de candidatos

III - divulgar a posição do partido em relação a a cargos eletivos e a defesa de interesses

temas político-comunitários; pessoais ou de outros partidos;

IV - promover e difundir a participação política III - a utilização de imagens ou cenas

feminina, dedicando às mulheres o tempo que incorretas ou incompletas, efeitos ou

será fixado pelo órgão nacional de direção quaisquer outros recursos que distorçam ou

partidária, observado o mínimo de 10% (dez falseiem os fatos ou a sua comunicação.”

por cento). (Incluído pela Lei nº 12.034, de


2009).” Não se permite, ainda, a utilização
comercial da propaganda partidária, considerada
Ora, da mesma forma que a Lei prevê essa a que vise promoção de marca ou produto.
finalidades a serem seguidas pelos partidos Ademais, deve-se respeitar o direito do autor.35
políticos para seu programa, prevê, ainda,
proibições. Isso porque, como já se viu, a
propaganda partidária está submetida a alguns
35
GOMES, José Jairo. Op. cit. p. 283.

104
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

A propaganda partidária como se vinculado divulgando propaganda eleitoral


percebe, diferencia-se da propaganda eleitoral antecipada.
gratuita. Essa visa divulgar os projetos dos
Dispõe a Lei dos Partidos Políticos sobre
candidatos a cargos eletivos enquanto que
o assunto que:
aquela visa principalmente divulgar os
programas dos partidos políticos. Por isso, é § 2o O partido que contrariar o disposto neste
vedado através da propaganda partidária a artigo será punido: (Redação dada pela Lei nº
antecipação da propaganda eleitoral. 12.034, de 2009)

I - quando a infração ocorrer nas


A propaganda partidária utilizada nos
transmissões em bloco, com a cassação do
termos proibidos enseja o partido político à
direito de transmissão no semestre seguinte;
punição de perda do direito à propaganda
(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
partidária, que deve ocorrer no semestre
posterior ao trânsito em julgado da decisão de II - quando a infração ocorrer nas
imposição da sanção precitada. transmissões em inserções, com a cassação
de tempo equivalente a 5 (cinco) vezes ao da
Por outro lado, existe uma limitação
inserção ilícita, no semestre
temporal para requerer a imposição da
seguinte. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
penalidade afirmada. Assim, o requerimento
para cassação do direito de propaganda
§ 3o A representação, que somente poderá
partidária deve ocorrer até o semestre
ser oferecida por partido político, será julgada
posterior à realização da propaganda ilegal.
pelo Tribunal Superior Eleitoral quando se
Esse prazo é decadencial.
tratar de programa em bloco ou inserções
Tem-se entendido que se a infração for nacionais e pelos Tribunais Regionais
grave, o direito à propaganda partidária deve ser Eleitorais quando se tratar de programas em
integralmente suprimido do semestre seguinte ao bloco ou inserções transmitidos nos Estados
trânsito em julgado da decisão que impuser a correspondentes. (Redação dada pela Lei nº
condenação. 12.034, de 2009)

Exemplo de infração grave ocorre quando § 4o O prazo para o oferecimento da


filiado a outro partido comparece a propaganda representação encerra-se no último dia do
eleitoral de partido diverso a que se encontra semestre em que for veiculado o programa
impugnado, ou se este tiver sido transmitido

105
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

nos últimos 30 (trinta) dias desse período, até Assim, dispõe a Lei dos Partidos Políticos,
o
o 15 (décimo quinto) dia do semestre sobre o assunto visto que:
seguinte. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
Art. 46. As emissoras de rádio e de televisão
o
§ 5 Das decisões dos Tribunais Regionais ficam obrigadas a realizar, para os partidos
Eleitorais que julgarem procedente políticos, na forma desta Lei, transmissões
representação, cassando o direito de gratuitas em âmbito nacional e estadual, por
transmissão de propaganda partidária, caberá iniciativa e sob a responsabilidade dos
recurso para o Tribunal Superior Eleitoral, que respectivos órgãos de direção.
será recebido com efeito suspensivo.
(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 1º As transmissões serão em bloco, em
cadeia nacional ou estadual, e em inserções
§ 6o A propaganda partidária, no rádio e na de trinta segundos e um minuto, no intervalo
televisão, fica restrita aos horários gratuitos da programação normal das emissoras.
disciplinados nesta Lei, com proibição de
propaganda paga. (Incluído pela Lei nº 12.034, § 2º A formação das cadeias, tanto nacional

de 2009) quanto estaduais, será autorizada pelo


Tribunal Superior Eleitoral, que fará a
ATENÇÃO: Além da cassação do tempo da necessária requisição dos horários às
propaganda partidária, o partido infrator, bem emissoras de rádio e de televisão, mediante
como os beneficiários da medida ainda requerimento dos órgãos nacionais dos
estarão sujeitos à pena de multa que varia partidos, com antecedência mínima de quinze
entre 20 mil e 50 mil UFIR, ou no valor da dias.
propaganda realizada, se este for maior, nos
termos do § 3º do art. 36 da Lei 9.504/97. § 3º No requerimento a que se refere o
parágrafo anterior, o órgão partidário
A punição nesse caso é dupla e uma solicitará conjuntamente a fixação das datas
penalidade não exclui a outra, podendo as duas de formação das cadeias, nacional e
serem aplicadas cumulativamente. estaduais.

Não se deve esquecer que no segundo


§ 4º O Tribunal Superior Eleitoral,
semestre do ano em que forem realizadas
independentemente do âmbito nacional ou
eleições é proibida a veiculação de
estadual da transmissão, havendo
propaganda partidária.
coincidência de data, dará prioridade ao

106
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

partido que apresentou o requerimento em no art. 13 tem assegurada a realização de um


primeiro lugar. programa em cadeia nacional, em cada
semestre, com a duração de dois minutos.
§ 5º As fitas magnéticas com as gravações (Vide Adins nºs 1.351-3 e 1.354-8). Esse
dos programas em bloco ou em inserções dispositivo foi considerado em parte
serão entregues às emissoras com a inconstitucional pelas Ações Direitas de
antecedência mínima de doze horas da Inconstitucionalidade citadas, em virtude de
transmissão. limitar o direito a acesso do rádio e televisão.

§ 6º As inserções a serem feitas na Art. 49. O partido que atenda ao disposto no


programação das emissoras serão art. 13 tem assegurado: (Vide Adins nºs 1.351-
determinadas: 3 e 1.354-8) (Vide Lei nº 9.259, de 1996).
Dispositivo julgado inconstitucional pelo STF,
I - pelo Tribunal Superior Eleitoral, quando
apenas em seu caput, devendo-se extrair do
solicitadas por órgão de direção nacional de
mesmo a referência ao art. 13 da Lei 9.096/95.
partido;

I - a realização de um programa, em cadeia


II - pelo Tribunal Regional Eleitoral, quando
nacional e de um programa, em cadeia
solicitadas por órgão de direção estadual de
estadual em cada semestre, com a duração de
partido.
vinte minutos cada;

§ 7º Em cada rede somente serão autorizadas


II - a utilização do tempo total de quarenta
até dez inserções de trinta segundos ou cinco
minutos, por semestre, para inserções de
de um minuto por dia.
trinta segundos ou um minuto, nas redes

Art. 47. Para agilizar os procedimentos, nacionais, e de igual tempo nas emissoras

condições especiais podem ser pactuadas estaduais.

diretamente entre as emissoras de rádio e de


televisão e os órgãos de direção do partido, PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA.

obedecidos os limites estabelecidos nesta


Lei, dando-se conhecimento ao Tribunal Uma das condições de elegibilidade

Eleitoral da respectiva jurisdição. previstas na Lei das Eleições (Lei 9.504/97) é a


aprovação em convenção partidária. Segunda tal
Art. 48. O partido registrado no Tribunal condição, é necessário que o cidadão passe seja
Superior Eleitoral que não atenda ao disposto confirmado como candidato na convenção

107
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

partidária, que deve ser realizada entre os dias pecuniária de 20 mil a 50 mil UFIR, ou no valor
10 e 30 de junho do ano das eleições, para que da propaganda, se esse for maior, por se tratar
possa ser inscrito como candidato. de propaganda eleitoral extemporânea, nos
termos previstos no § 3º do art. 36 da Lei das
Antes da convenção, não se pode falar Eleições.
em candidato, mas apenas de candidato a
candidato. Por conta disso, permite-se que o Assim, estabelece o § 1º do art. 36 da Lei
cidadão, que queira candidatar-se a cargo eletivo das Eleições que: “Ao postulante a candidatura
realize propaganda prévia à convenção a cargo eletivo é permitida a realização, na
partidária. Essa propaganda, no entanto, não quinzena anterior à escolha pelo partido, de
pode ser ostensiva, pois só poderá atingir os propaganda intrapartidária com vista à
filiados ao partido político pelo qual se pretende indicação de seu nome, vedado o uso de
candidatar. Essa propaganda é que se chama de rádio, televisão e outdoor.”
propaganda intrapartidária.
Geralmente, a propaganda intrapartidária
Assim, a propaganda intrapartidária é a é feita enviando-se as conhecidas malas diretas
realizada pelos candidatos a candidatos no aos filiados a partidos políticos.
período anterior à convenção que visa convencer
os convencionais (filiados a partidos políticos que PROPAGANDA ELEITORAL.
compõem a convenção partidária) de que são
pessoas capacitadas a concorrer a cargo eletivo A propaganda eleitoral visa divulgar as
através daquele partido político. propostas dos candidatos a cargo eletivos. É
vedada a propaganda eleitoral extemporânea,
ATENÇÃO: Por serem dirigidas a filiados de assim reconhecida como aquela que ocorre antes
partidos políticos apenas veda-se a do dia 5 de julho do ano das eleições. A
propaganda intrapartidária através de rádio, propaganda eleitoral só pode ocorrer após o dia 5
televisão e outdoors. Essa propaganda só de julho, por ser este o último dia para registro de
pode ser realizada nos 15 dias que antecedem candidatos.
a convenção partidária.
Essa propaganda é essencial à
A utilização de propaganda intrapartidária democracia por permitir ao eleitorado o
para veicular a terceiros, que não filiados daquele conhecimento das propostas dos candidatos a
partido político, enseja aplicação de penalidade cargos eletivos. Mas, por óbvio, como já afirmado

108
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

em relação às outras formas de propaganda ano das eleições. A segunda, no entanto, ocorre
política, a propaganda eleitoral segue os ditames nos termos enunciados nas Leis pertinentes.
previstos pelo Ordenamento Jurídico.
DA PROPAGANDA PROIBIDA.
Assim, a propaganda deve cingir-se ao
quanto previsto na Lei. Com isso, o Código A propaganda eleitoral deve seguir o
Eleitoral, em seu art. 242, preceitua que: “A quanto afirmado no Ordenamento Jurídico.
propaganda, qualquer que seja a sua forma ou Assim, o desatendimento torna-a proibida. Essas
modalidade, mencionará sempre a legenda proibições estão previstas tanto no Código
partidária e só poderá ser feita em língua Eleitoral, quanto na Lei das Eleições (Lei
nacional, não devendo empregar meios 9.504/97).
publicitários destinados a criar,
artificialmente, na opinião pública, estados Enquanto que a propaganda proibida
mentais, emocionais ou passionais.” deve ser rechaçada pela Justiça Eleitoral, a
propaganda eleitoral lícita não pode ser
Como a propaganda eleitoral está impedida. Sobre o assunto, leciona o professor
submetida à Lei, é necessário que sobre a José Jairo Gomes, no seguinte sentido:
mesma exista controle de legalidade, realizada,
no presente caso, pela Justiça Eleitoral. O “Desde que exercida em harmonia com a
Código Eleitoral, no parágrafo único do art. 242, legislação eleitoral não pode a propagada ser
estabelece o controle, ao afirmar que: “Sem coibida por autoridade pública, tampouco por
prejuízo do processo e das penas cominadas, particular. Tanto é assim que o Código
a Justiça Eleitoral adotará medidas para fazer Eleitoral prevê como crime a conduta de
impedir ou cessar imediatamente a “inutilizar, alterar ou perturbar meio de
propaganda realizada com infração do propaganda devidamente empregado” (art.
disposto neste artigo.” 331). Também tipificou o “impedir o exercício
da propaganda”.”36
Se a propaganda não seguir o previsto
nas Normas Jurídicas, será considerada ilícita. Sobre a propaganda eleitoral proibida, o
Existem, basicamente, 2 tipos de propagandas Código Eleitoral sobre uma série de restrições
ilícitas: a propaganda eleitoral extemporânea e a sobre a propaganda visando a preservação da
propaganda eleitoral proibida. A primeira a
acontece quando é feita antes de 5 de julho do
36
Op. cit. p. 289.

109
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

ordem pública. Tais restrições encontram-se no terá seus responsáveis punidos na forma da lei,
art. 243 do Código Eleitoral, no seguinte sentido: como bem enuncia o Código Eleitoral, no § 1º do
art. 243: “O ofendido por calúnia, difamação
ou injúria, sem prejuízo e independentemente
“Não será tolerada propaganda: da ação penal competente, poderá demandar,
I - de guerra, de processos violentos para no Juízo Civil a reparação do dano moral
subverter o regime, a ordem política e social respondendo por êste o ofensor e,
ou de preconceitos de raça ou de classes; solidariamente, o partido político dêste,
II - que provoque animosidade entre as forças quando responsável por ação ou omissão a
armadas ou contra elas, ou delas contra as quem que favorecido pelo crime, haja de
classes e instituições civis; qualquer modo contribuído para êle.”
III - de incitamento de atentado contra pessoa
Além da responsabilização dos ofensores,
ou bens;
o Código Eleitoral garante, ainda, o direito de
IV - de instigação à desobediência coletiva ao
resposta para ofendido, nos exatos termos do §
cumprimento da lei de ordem pública;
2º do art. 243: “É assegurado o direito de
V - que implique em oferecimento, promessa
resposta a quem fôr, injuriado difamado ou
ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio
caluniado através da imprensa rádio,
ou vantagem de qualquer natureza;
televisão, ou alto-falante, aplicando-se, no que
VI - que perturbe o sossego público, com
couber, os artigos. 90 e 96 da Lei nº 4117, de
algazarra ou abusos de instrumentos sonoros
27/08/1962.”
ou sinais acústicos;
VII - por meio de impressos ou de objeto que A Lei das Eleições (Lei 9.504/97) veda,
pessoa inexperiente ou rústica possa ainda, a propaganda realizada em bens públicos
confundir com moeda; e nos que dependam de autorização ou
VIII - que prejudique a higiene e a estética concessão do Poder Público. Estipula o art. 37 da
urbana ou contravenha a posturas municiais Lei 9.504/97 que: “Nos bens cujo uso dependa
ou a outra qualquer restrição de direito; de cessão ou permissão do Poder Público, ou
IX - que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer que a ele pertençam, e nos de uso comum,
pessoas, bem como órgãos ou entidades que inclusive postes de iluminação pública e
exerçam autoridade pública.” sinalização de tráfego, viadutos, passarelas,
pontes, paradas de ônibus e outros
equipamentos urbanos, é vedada a veiculação
É lógico que qualquer tipo de propaganda,
de propaganda de qualquer natureza,
eleitoral ou não, que contiver ofensa a terceiros

110
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação bonecos e cavaletes ao longo de via pública,
de placas, estandartes, faixas e desde que esses sejam móveis.
assemelhados.”
Também, como visto, proíbe-se a
Bem público é definido pelo professor propaganda em bem que dependa de
Diógenes Gasparini como sendo: “todas as autorização, cessão ou permissão do Poder
coisas materiais ou imateriais pertencentes às Público. São exemplos de tais bens: as bancas
pessoas jurídicas de direito público e as de revistas e jornais, veículos de transporte
pertencentes a terceiros quando vinculadas à coletivo e veículos prestadores de serviços
prestação de serviço público.” públicos. Por outro lado, também se proíbe a
propaganda em taxis e aviões.
Ocorre, no entanto, que para fins
eleitorais, os bens públicos possuem um conceito ATENÇÃO: Vale ressaltar que não existe
mais extenso, querendo significar todos os bens proibição para propaganda eleitoral em
que tenham acesso público. Assim, são veículos particulares, desde que este não seja
considerados como públicos não apenas os bens utilizado pela Administração Pública (através
pertencentes à Administração Pública, como os de aluguel) ou sirva para transporte coletivo
bens de uso comum (ex. praias) e bens de ou serviço. A propaganda eleitoral em veículo
particulares, mas que tenham acesso do público pertencente a particular que não ostente as
(como shopping centers, bares, estádios características permitidas faz parte da
particulares de clubes de futebol, cinemas, liberdade de expressão consagrada
teatros etc.). constitucionalmente.

Assim, é proibida a propaganda eleitoral A propaganda ainda pode ser colocada


em parques, praças, árvores e jardins localizados em muros pertencentes a particulares, desde que
em áreas públicas, postes de iluminação, postes autorizado pelo proprietário. Uma vez existindo a
com transformador de energia e postes de autorização do particular proprietário do bem, não
sinalização de trânsito, muro e fachada de bem se exige qualquer outro ato da Administração
público. Tem-se proibido, ainda, a distribuição de Pública.
folhetos em escola pública, bem como é vedada
A propaganda em outdoors é proibida. Por
a propaganda em tapume de obra pública.
conta disso, a Justiça Eleitoral tem proibido que a
A jurisprudência, no entanto, tem propaganda eleitoral em bem particular não
admitido a propaganda realizada através de poderá ser maior do que 4 metros quadros, pois,

111
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

caso contrário, o efeito visual seria idêntico ao de aviso, o direito contra quem tencione usar o
outdoor, o que se deseja evitar. local no mesmo dia e horário.

Sobre a proibição precitada, estabelece o § 2º A autoridade policial tomará as


§ 8º do art. 39 da Lei das Eleições que: “É providências necessárias à garantia da
vedada a propaganda eleitoral mediante realização do ato e ao funcionamento do
outdoors, sujeitando-se a empresa tráfego e dos serviços públicos que o evento
responsável, os partidos, coligações e possa afetar.
candidatos à imediata retirada da propaganda
irregular e ao pagamento de multa no valor de § 3º O funcionamento de alto-falantes ou
5.000 (cinco mil) a 15.000 (quinze mil) UFIRs.” amplificadores de som, ressalvada a hipótese
contemplada no parágrafo seguinte, somente
é permitido entre as oito e as vinte e duas
ATENÇÃO: A propaganda eleitoral, nas horas, sendo vedados a instalação e o uso
dependências do Poder Legislativo, fica a daqueles equipamentos em distância inferior
critério da Mesa Diretora da casa Legislativo a duzentos metros:
respectiva. Assim, em regra, a Lei das
I - das sedes dos Poderes Executivo e
Eleições não proíbe a propaganda em recinto
Legislativo da União, dos Estados, do Distrito
do Poder Legislativo, deixando a decisão para
Federal e dos Municípios, das sedes dos
a sua mesa diretora.
Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros
Estabelece o art. 39 da Lei 9.504;1997, estabelecimentos militares;
com a redação dada pela 12.034/2009 que:
II - dos hospitais e casas de saúde;
Art. 39. A realização de qualquer ato de
propaganda partidária ou eleitoral, em recinto III - das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e
aberto ou fechado, não depende de licença da teatros, quando em funcionamento.
polícia.
§ 4o A realização de comícios e a utilização de
§ 1º O candidato, partido ou coligação aparelhagem de sonorização fixa são
promotora do ato fará a devida comunicação à permitidas no horário compreendido entre as
autoridade policial em, no mínimo, vinte e 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) horas.
quatro horas antes de sua realização, a fim de (Redação dada pela Lei nº 11.300, de 2006)

que esta lhe garanta, segundo a prioridade do

112
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, § 8o É vedada a propaganda eleitoral


puníveis com detenção, de seis meses a um mediante outdoors, sujeitando-se a empresa
ano, com a alternativa de prestação de responsável, os partidos, coligações e
serviços à comunidade pelo mesmo período, candidatos à imediata retirada da propaganda
e multa no valor de cinco mil a quinze mil irregular e ao pagamento de multa no valor de
UFIR: 5.000 (cinco mil) a 15.000 (quinze mil) UFIRs.
(Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)
I - o uso de alto-falantes e amplificadores de
som ou a promoção de comício ou carreata; § 9o Até as vinte e duas horas do dia que
antecede a eleição, serão permitidos
II - a arregimentação de eleitor ou a distribuição de material gráfico, caminhada,
propaganda de boca de urna; (Redação dada carreata, passeata ou carro de som que
pela Lei nº 11.300, de 2006) transite pela cidade divulgando jingles ou
mensagens de candidatos. (Incluído pela Lei
III - a divulgação de qualquer espécie de
nº 12.034, de 2009)
propaganda de partidos políticos ou de seus
candidatos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, § 10. Fica vedada a utilização de trios
de 2009) elétricos em campanhas eleitorais, exceto
para a sonorização de comícios. (Incluído pela
§ 6o É vedada na campanha eleitoral a
Lei nº 12.034, de 2009).
confecção, utilização, distribuição por comitê,
candidato, ou com a sua autorização, de Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a
camisetas, chaveiros, bonés, canetas, manifestação individual e silenciosa da
brindes, cestas básicas ou quaisquer outros preferência do eleitor por partido político,
bens ou materiais que possam proporcionar coligação ou candidato, revelada
vantagem ao eleitor. (Incluído pela Lei nº exclusivamente pelo uso de bandeiras,
11.300, de 2006) broches, dísticos e adesivos. (Incluído pela
Lei nº 12.034, de 2009)
§ 7o É proibida a realização de showmício e
de evento assemelhado para promoção de § 1o É vedada, no dia do pleito, até o término
candidatos, bem como a apresentação, do horário de votação, a aglomeração de
remunerada ou não, de artistas com a pessoas portando vestuário padronizado, bem
finalidade de animar comício e reunião como os instrumentos de propaganda
eleitoral. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006) referidos no caput, de modo a caracterizar

113
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

manifestação coletiva, com ou sem utilização Obviamente, tais bens distribuídos


de veículos. (Incluído pela Lei nº 12.034, de encareciam sobremaneira a propaganda
2009) realizada pelos candidatos, o que acabava por
criar um abismo de elevadas proporções entre as
§ 2o No recinto das seções eleitorais e juntas candidaturas com maiores investimentos e
apuradoras, é proibido aos servidores da aquelas realizadas de modo mais humilde.
Justiça Eleitoral, aos mesários e aos
escrutinadores o uso de vestuário ou objeto Assim, a Lei das Eleições, acabou por

que contenha qualquer propaganda de partido estabelecer em seu art. 39, § 6º que: “É vedada

político, de coligação ou de na campanha eleitoral a confecção, utilização,

candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de distribuição por comitê, candidato, ou com a

2009) sua autorização, de camisetas, chaveiros,


bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou
§ 3o Aos fiscais partidários, nos trabalhos de quaisquer outros bens ou materiais que
votação, só é permitido que, em seus crachás, possam proporcionar vantagem ao eleitor.”
constem o nome e a sigla do partido político
Deve-se atentar que o objetivo da Lei é
ou coligação a que sirvam, vedada a
que o eleitor não seja atraído ao candidato pelas
padronização do vestuário. (Incluído pela Lei
vantagens que possa receber do mesmo, mas
nº 12.034, de 2009)
sim pelos ideais políticos expostos pelo mesmo.
§ 4o No dia do pleito, serão afixadas cópias Assim, se o candidato distribui certos materiais
deste artigo em lugares visíveis nas partes que não importem em vantagem, como por
interna e externa das seções eleitorais. exemplo, a distribuição de “santinhos”, não há
(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) qualquer ilicitude a ser declarada.

ATENÇÃO: Pelo princípio da liberdade de


expressão, assegurado constitucionalmente,
PROPAGANDA MEDIANTE DISTRIBUIÇÃO DE é possível que o eleitor faça, por conta
BENS OU VANTAGENS. própria, para seu uso pessoal, bens com
propaganda eleitoral, como por exemplo
Antigamente era comum a distribuição de
camisas e bonés. A Lei das Eleições permite
brindes por parte dos candidatos como camisas,
que o gasto com esse tipo de propaganda
porta títulos, bonés, dentre muitos outros, que
realizada por simpatizante vá até um mil UFIR,
iam se diversificando à medida que as eleições
desde que não sejam reembolsados, nos
iam se sucedendo.

114
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

exatos termos do art. 27 da aludida norma Tem decidido o Tribunal Superior Eleitoral
jurídica. que: “1. O uso de outdoor, por si só, já
caracteriza propaganda ostensiva, pois
É permitido, ainda, a venda de material
exposta em local público de intenso fluxo e
institucional, durante a campanha, desde que não
com forte e imediato apelo visual. Constitui
haja divulgação de nome e número de candidato.
mecanismo de propaganda de importante
Assim, não é possível a propaganda eleitoral
aproximação do pré-candidato ao eleitor. 2.
através da venda desses materiais, mas apenas
MP período pré-eleitoral, a veiculação de
a propaganda político-partidária.
propaganda guarda, no mínimo, forte
propósito de o parlamentar ter seu nome
lembrado. Afasta-se, assim, a tese de mera
DIVULGAÇÃO DE ATUAÇÃO PARLAMENTAR E
promoção pessoal. Evidencia, portanto,
MENSAGENS DE FELICITAÇÃO.
propaganda extemporânea, a incidir a sanção
O parlamentar é agente político, e como do § 3º do art. 36 da Lei 9.504/97. 3. Agravo
tal tem o dever de prestar contas à sociedade, regimental desprovido.” (TSE – AREspe n.
principalmente a seus eleitores. Não se impede 26.235/MG – DJ 03/06/2008).
que o parlamentar, através de informativos. Esse
tipo de prestação de contas não é proibido, mas
não pode, por óbvio, ser utilizado para servir de PROPAGANDA NA IMPRENSA ESCRITA.
plataforma eleitoral, pois equivaleria a verdadeira
Atualmente, tem permitido o Tribunal
propaganda eleitoral, principalmente se ocorre
Superior Eleitoral que sejam realizadas
em período vedado pela lei.
entrevistas com candidatos e pré-candidatos,
Por outro lado, é comum, principalmente inclusive com a informação da plataforma política
em eventos comemorativos como aniversários de de cada um. Esse entendimento encontra-se
cidades, serem fixados diversas mídias, consubstanciado na Resolução TSE 22.718, em
principalmente outdoors e faixas desejam seu art. 16-A que enuncia: “Os pré-candidatos e
felicitações pela passagem da data a ser candidatos poderão participar de entrevistas,
comemoradas. O TSE não tem visto com bons debates e encontros antes de 6 de julho de
olhos tal tipo de truque, por entender que se trata 2008, inclusive com a exposição de
de propaganda subliminar eleitoral, determinando plataformas e projetos políticos, observado,
a aplicação da multa prevista do § 3º do art. 39 pelas emissoras de rádio e televisão, o dever
da Lei das Eleições. de conferir tratamento isonômico aos que se
encontrarem em situação semelhante.” Este

115
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

entendimento agora é respaldado não só pela São permitidas, até a antevéspera das
jurisprudência quanto pela própria Lei. eleições, a divulgação paga, na imprensa
escrita, e a reprodução na internet do jornal
É possível que o meio de comunicação
impresso, de até 10 (dez) anúncios de
impresso, através de seus colunistas e do próprio
propaganda eleitoral, por veículo, em datas
editorial manifestem opiniões acerca de
diversas, para cada candidato, no espaço
candidatos, desde que não seja feita como forma
máximo, por edição, de 1/8 (um oitavo) de
de denegrir a imagem e nem de alavancar a
página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto)
candidatura de nenhum concorrente ao pleito
de página de revista ou tabloide. (Redação
eleitoral, desde que tal matéria não tenha sido
dada pela Lei nº 12.034, de 2009)
paga.

§ 1o Deverá constar do anúncio, de forma


Sobre o assunto, recentemente decidiu o
visível, o valor pago pela inserção. (Incluído
Tribunal Superior Eleitoral que:
pela Lei nº 12.034, de 2009)
“Eleições 2006. Recurso ordinário.
Candidatura. Jornal. Opinião. Divulgação. § 2o A inobservância do disposto neste artigo
Possibilidade. Excesso. Apuração. sujeita os responsáveis pelos veículos de
Necessidade. divulgação e os partidos, coligações ou
candidatos beneficiados a multa no valor de
A jurisprudência desta Corte admite que os
R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil
jornais e demais meios impressos de
reais) ou equivalente ao da divulgação da
comunicação possam assumir posição em
propaganda paga, se este for maior.
relação à determinada candidatura, devendo
(renumerado do parágrafo único pela Lei nº
ser apurados e punidos os excessos
12.034, de 2009)
praticados. Nesse entendimento, o Tribunal
negou provimento ao recurso. Unânime.”

Recurso Ordinário no 2.356/SP, rel. Min. Marcelo DO PODER DE POLÍCIA NA PROPAGANDA


Ribeiro, em 20.8.2009. ELEITORAL.

Poder de Polícia significa controle de


Vale ressaltar que durante o período
atividades que tenham uma conseqüência
eleitoral é permitida a propaganda paga na
importante ao interesse público. No presente
imprensa escrita. Estabelece o art. 43 da Lei
caso, a atividade de propaganda eleitoral feita de
9.504/97 que:

116
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

forma equivocada acaba por atingir a própria gratuito definido nesta Lei, vedada a
democracia. veiculação de propaganda paga.”

Cabe à Justiça Eleitoral o poder de polícia A Lei 12.034/2009, ainda introduziu alguns
sobre a propaganda eleitoral. Vale ressaltar que parágrafos no dispositivo citado, com a seguinte
para suspender o ato ilegal de propaganda o juiz redação:
pode atuar de ofício. Ou seja, sem provocação.
§ 1o A propaganda eleitoral gratuita na
Por outro lado, para que seja aplicada televisão deverá utilizar a Linguagem
penalidade por conta da propaganda irregular, é Brasileira de Sinais - LIBRAS ou o recurso de
necessário que seja feito pedido à Justiça legenda, que deverão constar
Eleitoral que, portanto, não poderá atuar de obrigatoriamente do material entregue às
ofício. emissoras. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009)
Essa teoria encontra-se na súmula 18 do
Tribunal Superior Eleitoral que dispõe:
§ 2o No horário reservado para a propaganda
“Conquanto investido de poder de polícia, não
eleitoral, não se permitirá utilização comercial
tem legitimidade o juiz eleitoral para, de ofício,
ou propaganda realizada com a intenção,
instaurar procedimento com a finalidade de
ainda que disfarçada ou subliminar, de
impor multa pela veiculação de propaganda
promover marca ou produto. (Incluído pela Lei
eleitoral em desacordo com a Lei n.º
nº 12.034, de 2009)
9.504/97.”
§ 3o Será punida, nos termos do § 1o do art.
37, a emissora que, não autorizada a
DA PROPAGANDA NO RÁDIO E NA funcionar pelo poder competente, veicular
TELEVISÃO. propaganda eleitoral. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009)
A propaganda no radio e na televisão é a
que mais inspira cuidados pelo alcance da mídia. Pela sua importância, a propaganda no
Inicialmente, cabe ressaltar, não é permitida a rádio e na televisão ainda segue outras
propaganda eleitoral paga pelo rádio e televisão. proibições, como as que são estão dispostas no
art. 45 da Lei das Eleições:
Sobre o assunto, dispõe o art. 44 da Lei
das Eleições que: “A propaganda eleitoral no
rádio e na televisão restringe-se ao horário

117
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

“A partir de 1º de julho do ano da eleição, é proibida a sua divulgação, sob pena de


vedado às emissoras de rádio e televisão, em cancelamento do respectivo registro.”
sua programação normal e noticiário:
I - transmitir, ainda que sob a forma de ATENÇÃO: Os candidatos que são
entrevista jornalística, imagens de realização apresentadores de programas de televisão ou
de pesquisa ou qualquer outro tipo de de radio, a partir de sua escolhe na
consulta popular de natureza eleitoral em que convenção partidária, não poderão ter seus
seja possível identificar o entrevistado ou em programas divulgados no período da eleição,
que haja manipulação de dados; conforme bem determina o § 1º do art. 45 da
II - usar trucagem, montagem ou outro Lei das Eleições.”
recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer
forma, degradem ou ridicularizem candidato, A infração das regras transcritas
partido ou coligação, ou produzir ou veicular acima ensejam penalidade, nos exatos termos do
programa com esse efeito; § 2º do art. 45: “Sem prejuízo do disposto no
III - veicular propaganda política ou difundir parágrafo único do art. 55, a inobservância do
opinião favorável ou contrária a candidato, disposto neste artigo sujeita a emissora ao
partido, coligação, a seus órgãos ou pagamento de multa no valor de vinte mil a
representantes; cem mil UFIR, duplicada em caso de
IV - dar tratamento privilegiado a candidato, reincidência.”
partido ou coligação;
V - veicular ou divulgar filmes, novelas, Dispõe a Lei 12.034, que acabou por
minisséries ou qualquer outro programa com acrescentar à norma citada as seguintes regras:
alusão ou crítica a candidato ou partido
político, mesmo que dissimuladamente, § 4o Entende-se por trucagem todo e qualquer

exceto programas jornalísticos ou debates efeito realizado em áudio ou vídeo que

políticos; degradar ou ridicularizar candidato, partido

VI - divulgar nome de programa que se refira a político ou coligação, ou que desvirtuar a

candidato escolhido em convenção, ainda realidade e beneficiar ou prejudicar qualquer

quando preexistente, inclusive se coincidente candidato, partido político ou

com o nome do candidato ou com a variação coligação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de

nominal por ele adotada. Sendo o nome do 2009)

programa o mesmo que o do candidato, fica


§ 5o Entende-se por montagem toda e
qualquer junção de registros de áudio ou

118
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

vídeo que degradar ou ridicularizar candidato, a) em conjunto, estando presentes todos os


partido político ou coligação, ou que candidatos a um mesmo cargo eletivo;
desvirtuar a realidade e beneficiar ou
prejudicar qualquer candidato, partido político b) em grupos, estando presentes, no mínimo,
ou coligação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de três candidatos;
2009)
II - nas eleições proporcionais, os debates
o
§6 É permitido ao partido político utilizar na deverão ser organizados de modo que
propaganda eleitoral de seus candidatos em assegurem a presença de número equivalente
âmbito regional, inclusive no horário eleitoral de candidatos de todos os partidos e
gratuito, a imagem e a voz de candidato ou coligações a um mesmo cargo eletivo,
militante de partido político que integre a sua podendo desdobrar-se em mais de um dia;
coligação em âmbito nacional. (Incluído pela
Lei nº 12.034, de 2009) III - os debates deverão ser parte de
programação previamente estabelecida e
Assim, determina a Lei das Eleições
divulgada pela emissora, fazendo-se mediante
acerca da propaganda eleitoral no rádio e na
sorteio a escolha do dia e da ordem de fala de
televisão que:
cada candidato, salvo se celebrado acordo em
outro sentido entre os partidos e coligações
“Art 46. Independentemente da veiculação de
interessados.
propaganda eleitoral gratuita no horário
definido nesta Lei, é facultada a transmissão,
§ 1º Será admitida a realização de debate sem
por emissora de rádio ou televisão, de
a presença de candidato de algum partido,
debates sobre as eleições majoritária ou
desde que o veículo de comunicação
proporcional, sendo assegurada a
responsável comprove havê-lo convidado
participação de candidatos dos partidos com
com a antecedência mínima de setenta e duas
representação na Câmara dos Deputados, e
horas da realização do debate.
facultada a dos demais, observado o
seguinte:
§ 2º É vedada a presença de um mesmo
candidato a eleição proporcional em mais de
I - nas eleições majoritárias, a apresentação
um debate da mesma emissora.
dos debates poderá ser feita:

119
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 3º O descumprimento do disposto neste a) das sete horas às sete horas e vinte e cinco
artigo sujeita a empresa infratora às minutos e das doze horas às doze horas e
penalidades previstas no art. 56. vinte e cinco minutos, no rádio;
b) das treze horas às treze horas e vinte e
§ 4o O debate será realizado segundo as cinco minutos e das vinte horas e trinta
regras estabelecidas em acordo celebrado minutos às vinte horas e cinqüenta e cinco
entre os partidos políticos e a pessoa jurídica minutos, na televisão;
interessada na realização do evento, dando-se
ciência à Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº II - nas eleições para Deputado Federal, às
12.034, de 2009) terças e quintas-feiras e aos sábados:

§ 5o Para os debates que se realizarem no


a) das sete horas e vinte e cinco minutos às
primeiro turno das eleições, serão
sete horas e cinqüenta minutos e das doze
consideradas aprovadas as regras que
horas e vinte e cinco minutos às doze horas e
obtiverem a concordância de pelo menos 2/3
cinqüenta minutos, no rádio;
(dois terços) dos candidatos aptos no caso de
eleição majoritária, e de pelo menos 2/3 (dois
b) das treze horas e vinte e cinco minutos às
terços) dos partidos ou coligações com
treze horas e cinqüenta minutos e das vinte
candidatos aptos, no caso de eleição
horas e cinqüenta e cinco minutos às vinte e
proporcional. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
uma horas e vinte minutos, na televisão;
2009)

III - nas eleições para Governador de Estado e

Art. 47. As emissoras de rádio e de televisão e do Distrito Federal, às segundas, quartas e

os canais de televisão por assinatura sextas-feiras:

mencionados no art. 57 reservarão, nos


a) das sete horas às sete horas e vinte
quarenta e cinco dias anteriores à
minutos e das doze horas às doze horas e
antevéspera das eleições, horário destinado à
vinte minutos, no rádio, nos anos em que a
divulgação, em rede, da propaganda eleitoral
renovação do Senado Federal se der por 1/3
gratuita, na forma estabelecida neste artigo.
(um terço); (Redação dada pela Lei nº 12.034,
de 2009)
§ 1º A propaganda será feita:
I - na eleição para Presidente da República, às b) das treze horas às treze horas e vinte
terças e quintas-feiras e aos sábados: minutos e das vinte horas e trinta minutos às

120
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

vinte horas e cinquenta minutos, na televisão, renovação do Senado Federal se der por 1/3
nos anos em que a renovação do Senado (um terço); (Redação dada pela Lei nº 12.034,
Federal se der por 1/3 (um terço); (Redação de 2009)
dada pela Lei nº 12.034, de 2009)
c) das sete horas e dezoito minutos às sete
c) das sete horas às sete horas e dezoito horas e trinta e cinco minutos e das doze
minutos e das doze horas às doze horas e horas e dezoito minutos às doze horas e trinta
dezoito minutos, no rádio, nos anos em que a e cinco minutos, no rádio, nos anos em que a
renovação do Senado Federal se der por 2/3 renovação do Senado Federal se der por 2/3
(dois terços); (Incluído pela Lei nº 12.034, de (dois terços); (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009) 2009)

d) das treze horas às treze horas e dezoito d) das treze horas e dezoito minutos às treze
minutos e das vinte horas e trinta minutos às horas e trinta e cinco minutos e das vinte
vinte horas e quarenta e oito minutos, na horas e quarenta e oito minutos às vinte e
televisão, nos anos em que a renovação do uma horas e cinco minutos, na televisão, nos
Senado Federal se der por 2/3 (dois anos em que a renovação do Senado Federal
terços); (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) se der por 2/3 (dois terços); (Incluído pela Lei
nº 12.034, de 2009)
IV - nas eleições para Deputado Estadual e
Deputado Distrital, às segundas, quartas e V - na eleição para Senador, às segundas,
sextas-feiras: quartas e sextas-feiras:

a) das sete horas e vinte minutos às sete a) das sete horas e quarenta minutos às sete
horas e quarenta minutos e das doze horas e horas e cinquenta minutos e das doze horas e
vinte minutos às doze horas e quarenta quarenta minutos às doze horas e cinquenta
minutos, no rádio, nos anos em que a minutos, no rádio, nos anos em que a
renovação do Senado Federal se der por 1/3 renovação do Senado Federal se der por 1/3
(um terço); (Redação dada pela Lei nº 12.034, (um terço); (Redação dada pela Lei nº 12.034,
de 2009) de 2009)

b) das treze horas e vinte minutos às treze b) das treze horas e quarenta minutos às treze
horas e quarenta minutos e das vinte horas e horas e cinquenta minutos e das vinte e uma
cinquenta minutos às vinte e uma horas e dez horas e dez minutos às vinte e uma horas e
minutos, na televisão, nos anos em que a vinte minutos, na televisão, nos anos em que

121
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

a renovação do Senado Federal se der por 1/3 § 2º Os horários reservados à propaganda de


(um terço); (Redação dada pela Lei nº 12.034, cada eleição, nos termos do parágrafo
de 2009) anterior, serão distribuídos entre todos os
partidos e coligações que tenham candidato e
c) das sete horas e trinta e cinco minutos às representação na Câmara dos Deputados,
sete horas e cinquenta minutos e das doze observados os seguintes critérios :
horas e trinta e cinco minutos às doze horas e
cinquenta minutos, no rádio, nos anos em que I - um terço, igualitariamente;
a renovação do Senado Federal se der por 2/3
(dois terços); (Incluído pela Lei nº 12.034, de II - dois terços, proporcionalmente ao número

2009) de representantes na Câmara dos Deputados,


considerado, no caso de coligação, o
d) das treze horas e trinta e cinco minutos às resultado da soma do número de
treze horas e cinquenta minutos e das vinte e representantes de todos os partidos que a
uma horas e cinco minutos às vinte e uma integram.
horas e vinte minutos, na televisão, nos anos
em que a renovação do Senado Federal se der § 3o Para efeito do disposto neste artigo, a

por 2/3 (dois terços); (Incluído pela Lei nº representação de cada partido na Câmara dos

12.034, de 2009) Deputados é a resultante da eleição. (Redação


dada pela Lei nº 11.300, de 2006)
VI - nas eleições para Prefeito e Vice-Prefeito,
às segundas, quartas e sextas-feiras: § 4º O número de representantes de partido
que tenha resultado de fusão ou a que se
a) das sete horas às sete horas e trinta tenha incorporado outro corresponderá à
minutos e das doze horas às doze horas e soma dos representantes que os partidos de
trinta minutos, no rádio; origem possuíam na data mencionada no
parágrafo anterior.
b) das treze horas às treze horas e trinta
minutos e das vinte horas e trinta minutos às § 5º Se o candidato a Presidente ou a
vinte e uma horas, na televisão; Governador deixar de concorrer, em qualquer
etapa do pleito, e não havendo a substituição
VII - nas eleições para Vereador, às terças e prevista no art. 13 desta Lei, far-se-á nova
quintas-feiras e aos sábados, nos mesmos distribuição do tempo entre os candidatos
horários previstos no inciso anterior. remanescentes.

122
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 6º Aos partidos e coligações que, após a eleitoral gratuita, dividido em dois períodos
aplicação dos critérios de distribuição diários de vinte minutos para cada eleição,
referidos no caput, obtiverem direito a parcela iniciando-se às sete e às doze horas, no rádio,
do horário eleitoral inferior a trinta segundos, e às treze e às vinte horas e trinta minutos, na
será assegurado o direito de acumulá-lo para televisão.
uso em tempo equivalente.
§ 1º Em circunscrição onde houver segundo
Art. 48. Nas eleições para Prefeitos e turno para Presidente e Governador, o horário
Vereadores, nos Municípios em que não haja reservado à propaganda deste iniciar-se-á
emissora de rádio e televisão, a Justiça imediatamente após o término do horário
Eleitoral garantirá aos Partidos Políticos reservado ao primeiro.
participantes do pleito a veiculação de
propaganda eleitoral gratuita nas localidades § 2º O tempo de cada período diário será
aptas à realização de segundo turno de dividido igualitariamente entre os candidatos.
eleições e nas quais seja operacionalmente
viável realizar a retransmissão. (Redação Art. 50. A Justiça Eleitoral efetuará sorteio
dada pela Lei nº 12.034, de 2009) para a escolha da ordem de veiculação da
propaganda de cada partido ou coligação no
§ 1o A Justiça Eleitoral regulamentará o
primeiro dia do horário eleitoral gratuito; a
disposto neste artigo, de forma que o número
cada dia que se seguir, a propaganda
máximo de Municípios a serem atendidos seja
veiculada por último, na véspera, será a
igual ao de emissoras geradoras disponíveis.
primeira, apresentando-se as demais na
(Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)
ordem do sorteio.

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às Art. 51. Durante os períodos previstos nos

emissoras de rádio, nas mesmas condições. arts. 47 e 49, as emissoras de rádio e


televisão e os canais por assinatura

Art. 49. Se houver segundo turno, as mencionados no art. 57 reservarão, ainda,

emissoras de rádio e televisão reservarão, a trinta minutos diários para a propaganda

partir de quarenta e oito horas da eleitoral gratuita, a serem usados em

proclamação dos resultados do primeiro turno inserções de até sessenta segundos, a critério

e até a antevéspera da eleição, horário do respectivo partido ou coligação, assinadas

destinado à divulgação da propaganda obrigatoriamente pelo partido ou coligação, e

123
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

distribuídas, ao longo da programação termos do artigo anterior, para o uso da


veiculada entre as oito e as vinte e quatro parcela do horário eleitoral gratuito a que
horas, nos termos do § 2º do art. 47, tenham direito, garantida a todos participação
obedecido o seguinte: nos horários de maior e menor audiência.

I - o tempo será dividido em partes iguais para Art. 53. Não serão admitidos cortes
a utilização nas campanhas dos candidatos às instantâneos ou qualquer tipo de censura
eleições majoritárias e proporcionais, bem prévia nos programas eleitorais gratuitos.
como de suas legendas partidárias ou das
que componham a coligação, quando for o § 1º É vedada a veiculação de propaganda que
caso; possa degradar ou ridicularizar candidatos,
sujeitando-se o partido ou coligação
II - destinação exclusiva do tempo para a infratores à perda do direito à veiculação de
campanha dos candidatos a Prefeito e Vice- propaganda no horário eleitoral gratuito do
Prefeito, no caso de eleições municipais; dia seguinte.

III - a distribuição levará em conta os blocos § 2º Sem prejuízo do disposto no parágrafo


de audiência entre as oito e as doze horas, as anterior, a requerimento de partido, coligação
doze e as dezoito horas, as dezoito e as vinte ou candidato, a Justiça Eleitoral impedirá a
e uma horas, as vinte e uma e as vinte e reapresentação de propaganda ofensiva à
quatro horas; honra de candidato, à moral e aos bons
costumes.
IV - na veiculação das inserções é vedada a
utilização de gravações externas, montagens Art. 53-A. É vedado aos partidos políticos e

ou trucagens, computação gráfica, desenhos às coligações incluir no horário destinado aos

animados e efeitos especiais, e a veiculação candidatos às eleições proporcionais

de mensagens que possam degradar ou propaganda das candidaturas a eleições

ridicularizar candidato, partido ou coligação. majoritárias, ou vice-versa, ressalvada a


utilização, durante a exibição do programa, de

Art. 52. A partir do dia 8 de julho do ano da legendas com referência aos candidatos

eleição, a Justiça Eleitoral convocará os majoritários, ou, ao fundo, de cartazes ou

partidos e a representação das emissoras de fotografias desses candidatos. (Incluído pela

televisão para elaborarem plano de mídia, nos Lei nº 12.034, de 2009)

124
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 1o É facultada a inserção de depoimento de Parágrafo único. No segundo turno das


candidatos a eleições proporcionais no eleições não será permitida, nos programas
horário da propaganda das candidaturas de que trata este artigo, a participação de
majoritárias e vice-versa, registrados sob o filiados a partidos que tenham formalizado o
mesmo partido ou coligação, desde que o apoio a outros candidatos.
depoimento consista exclusivamente em
pedido de voto ao candidato que cedeu o Art. 55. Na propaganda eleitoral no horário
tempo. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) gratuito, são aplicáveis ao partido, coligação
ou candidato as vedações indicadas nos
§ 2o Fica vedada a utilização da propaganda incisos I e II do art. 45.
de candidaturas proporcionais como
propaganda de candidaturas majoritárias e Parágrafo único. A inobservância do disposto
vice-versa. (Incluído pela Lei nº 12.034, de neste artigo sujeita o partido ou coligação à
2009) perda de tempo equivalente ao dobro do
usado na prática do ilícito, no período do
§ 3o O partido político ou a coligação que não
horário gratuito subseqüente, dobrada a cada
observar a regra contida neste artigo perderá,
reincidência, devendo, no mesmo período,
em seu horário de propaganda gratuita, tempo
exibir-se a informação de que a não-
equivalente no horário reservado à
veiculação do programa resulta de infração da
propaganda da eleição disputada pelo
lei eleitoral.
candidato beneficiado. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009)
Art. 56. A requerimento de partido, coligação
ou candidato, a Justiça Eleitoral poderá

Art. 54. Dos programas de rádio e televisão determinar a suspensão, por vinte e quatro

destinados à propaganda eleitoral gratuita de horas, da programação normal de emissora

cada partido ou coligação poderá participar, que deixar de cumprir as disposições desta

em apoio aos candidatos desta ou daquele, Lei sobre propaganda.

qualquer cidadão não filiado a outra


agremiação partidária ou a partido integrante § 1º No período de suspensão a que se refere

de outra coligação, sendo vedada a este artigo, a emissora transmitirá a cada

participação de qualquer pessoa mediante quinze minutos a informação de que se

remuneração. encontra fora do ar por ter desobedecido à lei


eleitoral.

125
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 2º Em cada reiteração de conduta, o período internet estabelecido no País; (Incluído pela


de suspensão será duplicado. Lei nº 12.034, de 2009)

Art. 57. As disposições desta Lei aplicam-se III - por meio de mensagem eletrônica para

às emissoras de televisão que operam em endereços cadastrados gratuitamente pelo

VHF e UHF e os canais de televisão por candidato, partido ou coligação; (Incluído pela

assinatura sob a responsabilidade do Senado Lei nº 12.034, de 2009)

Federal, da Câmara dos Deputados, das


IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de
Assembléias Legislativas, da Câmara
mensagens instantâneas e assemelhados,
Legislativa do Distrito Federal ou das
cujo conteúdo seja gerado ou editado por
Câmaras Municipais.”
candidatos, partidos ou coligações ou de
iniciativa de qualquer pessoa natural.

Art. 57-A. É permitida a propaganda eleitoral (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

na internet, nos termos desta Lei, após o dia 5


Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação
de julho do ano da eleição. (Incluído pela Lei
de qualquer tipo de propaganda eleitoral
nº 12.034, de 2009)
paga. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet


§ 1o É vedada, ainda que gratuitamente, a
poderá ser realizada nas seguintes
veiculação de propaganda eleitoral na
formas: (Incluído pela Lei nº 12.034, de
internet, em sítios: (Incluído pela Lei nº
2009) (Vide Lei nº 12.034, de 2009)
12.034, de 2009)

I - em sítio do candidato, com endereço


I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins
eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e
lucrativos; (Incluído pela Lei nº 12.034, de
hospedado, direta ou indiretamente, em
2009)
provedor de serviço de internet estabelecido
no País; (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) II - oficiais ou hospedados por órgãos ou
entidades da administração pública direta ou
II - em sítio do partido ou da coligação, com
indireta da União, dos Estados, do Distrito
endereço eletrônico comunicado à Justiça
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Lei nº
Eleitoral e hospedado, direta ou
12.034, de 2009)
indiretamente, em provedor de serviço de

126
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 2o A violação do disposto neste artigo coligações. (Incluído pela Lei nº 12.034, de


sujeita o responsável pela divulgação da 2009)
propaganda e, quando comprovado seu
prévio conhecimento, o beneficiário à multa § 1o É proibida a venda de cadastro de

no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ endereços eletrônicos. (Incluído pela Lei nº

30.000,00 (trinta mil reais). (Incluído pela Lei 12.034, de 2009)

nº 12.034, de 2009)
§ 2o A violação do disposto neste artigo

Art. 57-D. É livre a manifestação do sujeita o responsável pela divulgação da

pensamento, vedado o anonimato durante a propaganda e, quando comprovado seu

campanha eleitoral, por meio da rede mundial prévio conhecimento, o beneficiário à multa

de computadores - internet, assegurado o no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$

direito de resposta, nos termos das alíneas a, 30.000,00 (trinta mil reais). (Incluído pela Lei

b e c do inciso IV do § 3o do art. 58 e do 58-A, nº 12.034, de 2009)

e por outros meios de comunicação


Art. 57-F. Aplicam-se ao provedor de
interpessoal mediante mensagem
conteúdo e de serviços multimídia que
eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
hospeda a divulgação da propaganda eleitoral
2009)
de candidato, de partido ou de coligação as

§ 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.034, de penalidades previstas nesta Lei, se, no prazo

2009) determinado pela Justiça Eleitoral, contado a


partir da notificação de decisão sobre a
o
§ 2 A violação do disposto neste artigo existência de propaganda irregular, não tomar
sujeitará o responsável pela divulgação da providências para a cessação dessa
propaganda e, quando comprovado seu divulgação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
prévio conhecimento, o beneficiário à multa 2009)
no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$
30.000,00 (trinta mil reais). (Incluído pela Lei Parágrafo único. O provedor de conteúdo ou

nº 12.034, de 2009) de serviços multimídia só será considerado


responsável pela divulgação da propaganda
Art. 57-E. São vedadas às pessoas se a publicação do material for
relacionadas no art. 24 a utilização, doação ou comprovadamente de seu prévio
cessão de cadastro eletrônico de seus conhecimento. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
clientes, em favor de candidatos, partidos ou 2009)

127
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 57-G. As mensagens eletrônicas § 1o A cada reiteração de conduta, será


enviadas por candidato, partido ou coligação, duplicado o período de suspensão. (Incluído
por qualquer meio, deverão dispor de pela Lei nº 12.034, de 2009)
mecanismo que permita seu
descadastramento pelo destinatário, obrigado § 2o No período de suspensão a que se refere

o remetente a providenciá-lo no prazo de este artigo, a empresa informará, a todos os

quarenta e oito horas. (Incluído pela Lei nº usuários que tentarem acessar seus serviços,

12.034, de 2009) que se encontra temporariamente inoperante


por desobediência à legislação eleitoral.
Parágrafo único. Mensagens eletrônicas (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
enviadas após o término do prazo previsto no
caput sujeitam os responsáveis ao pagamento
de multa no valor de R$ 100,00 (cem reais), DO DIREITO DE RESPOSTA

por mensagem. (Incluído pela Lei nº 12.034, de


2009) O direito de resposta cabe ao ofendido por
propaganda eleitoral que ultrapassa os limites do
Art. 57-H. Sem prejuízo das demais sanções bom senso, acabando por interferir na esfera
legais cabíveis, será punido, com multa de R$ jurídica de alguém. O direito de resposta cabe ser
5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta concedido pela Justiça Eleitoral após provocação
mil reais), quem realizar propaganda eleitoral do interessado. Acerca do tema, dispõe a Lei das
na internet, atribuindo indevidamente sua Eleições que:
autoria a terceiro, inclusive a candidato,
partido ou coligação. (Incluído pela Lei nº Art. 58. A partir da escolha de candidatos em

12.034, de 2009) convenção, é assegurado o direito de


resposta a candidato, partido ou coligação
Art. 57-I. A requerimento de candidato, atingidos, ainda que de forma indireta, por
partido ou coligação, observado o rito conceito, imagem ou afirmação caluniosa,
previsto no art. 96, a Justiça Eleitoral poderá difamatória, injuriosa ou sabidamente
determinar a suspensão, por vinte e quatro inverídica, difundidos por qualquer veículo de
horas, do acesso a todo conteúdo informativo comunicação social.
dos sítios da internet que deixarem de
cumprir as disposições desta Lei. (Incluído § 1º O ofendido, ou seu representante legal,

pela Lei nº 12.034, de 2009) poderá pedir o exercício do direito de


resposta à Justiça Eleitoral nos seguintes

128
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

prazos, contados a partir da veiculação da tratando-se de veículo com periodicidade de


ofensa: circulação maior que quarenta e oito horas, na
primeira vez em que circular;
I - vinte e quatro horas, quando se tratar do
horário eleitoral gratuito; c) por solicitação do ofendido, a divulgação
da resposta será feita no mesmo dia da
II - quarenta e oito horas, quando se tratar da semana em que a ofensa foi divulgada, ainda
programação normal das emissoras de rádio e que fora do prazo de quarenta e oito horas;
televisão;
d) se a ofensa for produzida em dia e hora que
III - setenta e duas horas, quando se tratar de inviabilizem sua reparação dentro dos prazos
órgão da imprensa escrita. estabelecidos nas alíneas anteriores, a
Justiça Eleitoral determinará a imediata
§ 2º Recebido o pedido, a Justiça Eleitoral
divulgação da resposta;
notificará imediatamente o ofensor para que
se defenda em vinte e quatro horas, devendo e) o ofensor deverá comprovar nos autos o
a decisão ser prolatada no prazo máximo de cumprimento da decisão, mediante dados
setenta e duas horas da data da formulação sobre a regular distribuição dos exemplares, a
do pedido. quantidade impressa e o raio de abrangência
na distribuição;
§ 3º Observar-se-ão, ainda, as seguintes
regras no caso de pedido de resposta relativo II - em programação normal das emissoras de
a ofensa veiculada: rádio e de televisão:

I - em órgão da imprensa escrita: a) a Justiça Eleitoral, à vista do pedido, deverá


notificar imediatamente o responsável pela
a) o pedido deverá ser instruído com um
emissora que realizou o programa para que
exemplar da publicação e o texto para
entregue em vinte e quatro horas, sob as
resposta;
penas do art. 347 da Lei nº 4.737, de 15 de

b) deferido o pedido, a divulgação da resposta julho de 1965 - Código Eleitoral, cópia da fita

dar-se-á no mesmo veículo, espaço, local, da transmissão, que será devolvida após a

página, tamanho, caracteres e outros decisão;

elementos de realce usados na ofensa, em até


b) o responsável pela emissora, ao ser
quarenta e oito horas após a decisão ou,
notificado pela Justiça Eleitoral ou informado

129
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

pelo reclamante ou representante, por cópia deverá ter lugar no início do programa do
protocolada do pedido de resposta, partido ou coligação;
preservará a gravação até a decisão final do
processo; e) o meio magnético com a resposta deverá
ser entregue à emissora geradora, até trinta e
c) deferido o pedido, a resposta será dada em seis horas após a ciência da decisão, para
até quarenta e oito horas após a decisão, em veiculação no programa subseqüente do
tempo igual ao da ofensa, porém nunca partido ou coligação em cujo horário se
inferior a um minuto; praticou a ofensa;

III - no horário eleitoral gratuito: f) se o ofendido for candidato, partido ou


coligação que tenha usado o tempo
a) o ofendido usará, para a resposta, tempo concedido sem responder aos fatos
igual ao da ofensa, nunca inferior, porém, a veiculados na ofensa, terá subtraído tempo
um minuto; idêntico do respectivo programa eleitoral;
tratando-se de terceiros, ficarão sujeitos à
b) a resposta será veiculada no horário
suspensão de igual tempo em eventuais
destinado ao partido ou coligação
novos pedidos de resposta e à multa no valor
responsável pela ofensa, devendo
de duas mil a cinco mil UFIR.
necessariamente dirigir-se aos fatos nela
veiculados; IV - em propaganda eleitoral na
internet: (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
c) se o tempo reservado ao partido ou
coligação responsável pela ofensa for inferior a) deferido o pedido, a divulgação da resposta
a um minuto, a resposta será levada ao ar dar-se-á no mesmo veículo, espaço, local,
tantas vezes quantas sejam necessárias para horário, página eletrônica, tamanho,
a sua complementação; caracteres e outros elementos de realce
usados na ofensa, em até quarenta e oito
d) deferido o pedido para resposta, a
horas após a entrega da mídia física com a
emissora geradora e o partido ou coligação
resposta do ofendido; (Incluído pela Lei nº
atingidos deverão ser notificados
12.034, de 2009)
imediatamente da decisão, na qual deverão
estar indicados quais os períodos, diurno ou b) a resposta ficará disponível para acesso
noturno, para a veiculação da resposta, que pelos usuários do serviço de internet por
tempo não inferior ao dobro em que esteve

130
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

disponível a mensagem considerada nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código


ofensiva; (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) Eleitoral.

c) os custos de veiculação da resposta § 8º O não-cumprimento integral ou em parte


correrão por conta do responsável pela da decisão que conceder a resposta sujeitará
propaganda original. (Incluído pela Lei nº o infrator ao pagamento de multa no valor de
12.034, de 2009) cinco mil a quinze mil UFIR, duplicada em
caso de reiteração de conduta, sem prejuízo
§ 4º Se a ofensa ocorrer em dia e hora que do disposto no art. 347 da Lei nº 4.737, de 15
inviabilizem sua reparação dentro dos prazos de julho de 1965 - Código Eleitoral.
estabelecidos nos parágrafos anteriores, a
resposta será divulgada nos horários que a Art. 58-A. Os pedidos de direito de resposta e
Justiça Eleitoral determinar, ainda que nas as representações por propaganda eleitoral
quarenta e oito horas anteriores ao pleito, em irregular em rádio, televisão e internet
termos e forma previamente aprovados, de tramitarão preferencialmente em relação aos
modo a não ensejar tréplica. demais processos em curso na Justiça
Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 5º Da decisão sobre o exercício do direito de
resposta cabe recurso às instâncias
CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES
superiores, em vinte e quatro horas da data de
PÚBLICOS EM CAMPANHA
sua publicação em cartório ou sessão,
assegurado ao recorrido oferecer contra-
razões em igual prazo, a contar da sua As normas sobre as condutas vedadas
aos agentes públicos em campanha visam
notificação.
estabelecer uma igualdade entre os candidatos
aos pleitos eleitorais. Como se sabe, o agente
§ 6º A Justiça Eleitoral deve proferir suas público acaba por manejar poderes e atribuições
decisões no prazo máximo de vinte e quatro próprios da Administração Pública, que devem
horas, observando-se o disposto nas alíneas ser utilizados para o benefício da coletividade.

d e e do inciso III do § 3º para a restituição do A utilização de prerrogativas próprias do


tempo em caso de provimento de recurso. Estado para a campanha de determinado
candidato se constitui em ilícito grave, pois
ofende o Princípio da Impessoalidade, insculpido
§ 7º A inobservância do prazo previsto no
no art. 37, caput, da Constituição Federal.
parágrafo anterior sujeita a autoridade
judiciária às penas previstas no art. 345 da Lei
Dessa forma, determina a Lei 9.504/97 que:

131
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 73. São proibidas aos agentes a) a nomeação ou exoneração de cargos


públicos, servidores ou não, as seguintes em comissão e designação ou dispensa de
condutas tendentes a afetar a igualdade de funções de confiança;
oportunidades entre candidatos nos pleitos
eleitorais: b) a nomeação para cargos do Poder
Judiciário, do Ministério Público, dos
I - ceder ou usar, em benefício de Tribunais ou Conselhos de Contas e dos
candidato, partido político ou coligação, bens órgãos da Presidência da República;
móveis ou imóveis pertencentes à
administração direta ou indireta da União, dos c) a nomeação dos aprovados em
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e concursos públicos homologados até o início
dos Municípios, ressalvada a realização de daquele prazo;
convenção partidária;
d) a nomeação ou contratação necessária
II - usar materiais ou serviços, à instalação ou ao funcionamento inadiável de
custeados pelos Governos ou Casas serviços públicos essenciais, com prévia e
Legislativas, que excedam as prerrogativas expressa autorização do Chefe do Poder
consignadas nos regimentos e normas dos Executivo;
órgãos que integram;
e) a transferência ou remoção ex officio
III - ceder servidor público ou de militares, policiais civis e de agentes
empregado da administração direta ou penitenciários;
indireta federal, estadual ou municipal do
Poder Executivo, ou usar de seus serviços, VI - nos três meses que antecedem o
para comitês de campanha eleitoral de pleito:
candidato, partido político ou coligação,
durante o horário de expediente normal, salvo a) realizar transferência voluntária de
se o servidor ou empregado estiver recursos da União aos Estados e Municípios,
licenciado; e dos Estados aos Municípios, sob pena de
nulidade de pleno direito, ressalvados os
IV - fazer ou permitir uso promocional recursos destinados a cumprir obrigação
em favor de candidato, partido político ou formal preexistente para execução de obra ou
coligação, de distribuição gratuita de bens e serviço em andamento e com cronograma
serviços de caráter social custeados ou prefixado, e os destinados a atender
subvencionados pelo Poder Público; situações de emergência e de calamidade
pública;
V - nomear, contratar ou de qualquer
forma admitir, demitir sem justa causa, b) com exceção da propaganda de
suprimir ou readaptar vantagens ou por produtos e serviços que tenham concorrência
outros meios dificultar ou impedir o exercício no mercado, autorizar publicidade
funcional e, ainda, ex officio, remover, institucional dos atos, programas, obras,
transferir ou exonerar servidor público, na serviços e campanhas dos órgãos públicos
circunscrição do pleito, nos três meses que o federais, estaduais ou municipais, ou das
antecedem e até a posse dos eleitos, sob respectivas entidades da administração
pena de nulidade de pleno direito, indireta, salvo em caso de grave e urgente
ressalvados: necessidade pública, assim reconhecida pela
Justiça Eleitoral;

132
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

c) fazer pronunciamento em cadeia de públicos das esferas administrativas cujos


rádio e televisão, fora do horário eleitoral cargos estejam em disputa na eleição.
gratuito, salvo quando, a critério da Justiça
Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, § 4º O descumprimento do disposto
relevante e característica das funções de neste artigo acarretará a suspensão imediata
governo; da conduta vedada, quando for o caso, e
sujeitará os responsáveis a multa no valor de
VII - realizar, em ano de eleição, antes do cinco a cem mil UFIR.
prazo fixado no inciso anterior, despesas com
publicidade dos órgãos públicos federais, § 5o Nos casos de descumprimento do
estaduais ou municipais, ou das respectivas disposto nos incisos do caput e no § 10, sem
entidades da administração indireta, que prejuízo do disposto no § 4o, o candidato
excedam a média dos gastos nos três últimos beneficiado, agente público ou não, ficará
anos que antecedem o pleito ou do último ano sujeito à cassação do registro ou do diploma.
imediatamente anterior à eleição. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

VIII - fazer, na circunscrição do pleito, § 6º As multas de que trata este artigo


revisão geral da remuneração dos servidores serão duplicadas a cada reincidência.
públicos que exceda a recomposição da perda
de seu poder aquisitivo ao longo do ano da § 7º As condutas enumeradas no caput
eleição, a partir do início do prazo caracterizam, ainda, atos de improbidade
estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse administrativa, a que se refere o art. 11, inciso
dos eleitos. I, da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e
sujeitam-se às disposições daquele diploma
§ 1º Reputa-se agente público, para os legal, em especial às cominações do art. 12,
efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que inciso III.
transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação § 8º Aplicam-se as sanções do § 4º aos
ou qualquer outra forma de investidura ou agentes públicos responsáveis pelas
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função condutas vedadas e aos partidos, coligações
nos órgãos ou entidades da administração e candidatos que delas se beneficiarem.
pública direta, indireta, ou fundacional.
§ 9º Na distribuição dos recursos do
§ 2º A vedação do inciso I do caput não Fundo Partidário (Lei nº 9.096, de 19 de
se aplica ao uso, em campanha, de transporte setembro de 1995) oriundos da aplicação do
oficial pelo Presidente da República, disposto no § 4º, deverão ser excluídos os
obedecido o disposto no art. 76, nem ao uso, partidos beneficiados pelos atos que
em campanha, pelos candidatos a reeleição originaram as multas.
de Presidente e Vice-Presidente da República,
Governador e Vice-Governador de Estado e § 10. No ano em que se realizar eleição,
do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de fica proibida a distribuição gratuita de bens,
suas residências oficiais para realização de valores ou benefícios por parte da
contatos, encontros e reuniões pertinentes à Administração Pública, exceto nos casos de
própria campanha, desde que não tenham calamidade pública, de estado de emergência
caráter de ato público. ou de programas sociais autorizados em lei e
já em execução orçamentária no exercício
§ 3º As vedações do inciso VI do caput, anterior, casos em que o Ministério Público
alíneas b e c, aplicam-se apenas aos agentes poderá promover o acompanhamento de sua

133
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

execução financeira e administrativa. (Incluído do partido político ou coligação a que esteja


pela Lei nº 11.300, de 2006) vinculado.

§ 11. Nos anos eleitorais, os programas § 1º O ressarcimento de que trata este


sociais de que trata o § 10 não poderão ser artigo terá por base o tipo de transporte
executados por entidade nominalmente usado e a respectiva tarifa de mercado
vinculada a candidato ou por esse cobrada no trecho correspondente,
mantida. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) ressalvado o uso do avião presidencial, cujo
ressarcimento corresponderá ao aluguel de
§ 12. A representação contra a não uma aeronave de propulsão a jato do tipo táxi
observância do disposto neste artigo aéreo.
observará o rito do art. 22 da Lei
Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, e § 2º No prazo de dez dias úteis da
poderá ser ajuizada até a data da realização do pleito, em primeiro turno, ou
diplomação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de segundo, se houver, o órgão competente de
2009) controle interno procederá ex officio à
cobrança dos valores devidos nos termos dos
§ 13. O prazo de recurso contra decisões parágrafos anteriores.
proferidas com base neste artigo será de 3
(três) dias, a contar da data da publicação do § 3º A falta do ressarcimento, no prazo
julgamento no Diário Oficial. (Incluído pela Lei estipulado, implicará a comunicação do fato
nº 12.034, de 2009) ao Ministério Público Eleitoral, pelo órgão de
controle interno.
Art. 74. Configura abuso de autoridade,
para os fins do disposto no art. 22 da Lei § 4º Recebida a denúncia do Ministério
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, a Público, a Justiça Eleitoral apreciará o feito no
infringência do disposto no § 1º do art. 37 da prazo de trinta dias, aplicando aos infratores
Constituição Federal, ficando o responsável, pena de multa correspondente ao dobro das
se candidato, sujeito ao cancelamento do despesas, duplicada a cada reiteração de
registro ou do diploma. (Redação dada pela conduta.
Lei nº 12.034, de 2009)
Art. 77. É proibido a qualquer candidato
Art. 75. Nos três meses que antecederem comparecer, nos 3 (três) meses que precedem
as eleições, na realização de inaugurações é o pleito, a inaugurações de obras
vedada a contratação de shows artísticos públicas. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de
pagos com recursos públicos. 2009)

Parágrafo único. Nos casos de Parágrafo único. A inobservância do


descumprimento do disposto neste artigo, disposto neste artigo sujeita o infrator à
sem prejuízo da suspensão imediata da cassação do registro ou do diploma. (Redação
conduta, o candidato beneficiado, agente dada pela Lei nº 12.034, de 2009)
público ou não, ficará sujeito à cassação do
registro ou do diploma. (Incluído pela Lei nº Art. 78. A aplicação das sanções
12.034, de 2009) cominadas no art. 73, §§ 4º e 5º, dar-se-á sem
prejuízo de outras de caráter constitucional,
Art. 76. O ressarcimento das despesas administrativo ou disciplinar fixadas pelas
com o uso de transporte oficial pelo demais leis vigentes.
Presidente da República e sua comitiva em
campanha eleitoral será de responsabilidade

134
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

DOS DIPLOMAS resultados, que é seu pressuposto


fundamental, ela não ;e ato individual, se
A diplomação é ato deveras importante.
referindo a um ou a outro candidato, mas a
Os concursos, em geral têm cobrado acerca de
toda a eleição e seus resultados.
sua natureza jurídica. Para isso, deve-se
Regularmente convocada e realizada, ela vale,
perceber que a diplomação não serve para eleger
para todos os efeitos, mesmo que nenhum
o candidato, mas apenas para confirmar a
diplomando a ela compareça.”37
eleição ocorrida, pelo que se afirma que a
diplomação tem natureza declaratória e não Entendido o significado a diplomação,
constitutiva. passemos ao que estatui o Código Eleitoral sobre
ela.
Sobre o assunto, a jurisprudência da
Justiça Eleitoral tem afirmado que: Art. 215. Os candidatos eleitos, assim como
os suplentes, receberão diploma assinado
“Ementa. Recurso especial. Pelito majoritário.
pelo Presidente do Tribunal Regional ou da
Expedição de diploma. Falecimento do
Junta Eleitoral, conforme o caso.
candidato eleito.
Parágrafo único. Do diploma deverá constar o
1. Os efeitos da diplomação do candidato pela
nome do candidato, a indicação da legenda
Justiça Eleitoral são meramente declaratórios,
sob a qual concorreu, o cargo para o qual foi
já que os constitutivos evidenciam-se com o
eleito ou a sua classificação como suplente, e,
resultado favorável das urnas. 2. O
facultativamente, outros dados a critério do
falecimento de candidato eleito ao cargo de
juiz ou do Tribunal.
prefeito, ainda que antes da expedição de
diploma, transfere ao vice-prefeito o direito
subjetivo ao mandato como titular. 3. Recurso
Art. 216. Enquanto o Tribunal Superior não
não conhecido”. (Ac. 15.609, de 25.9.97, do
decidir o recurso interposto contra a
TSE, RJTSE v. 9, t. 4)
expedição do diploma, poderá o diplomado
Ainda, leciona o professor Joel Cândido exercer o mandato em toda a sua plenitude.
que; “O que se atesta, com a diplomação, é a
existência de uma eleição válida e seus
resultados, já divulgados, habilitando-se os Art. 217. Apuradas as eleições suplementares
eleitos, com o diploma, a exercerem seus o juiz ou o Tribunal reverá a apuração
respectivos cargos. À medida em que a
diplomação consagra a publicação dos 37
Op cit., p. 220.

135
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

anterior, confirmando ou invalidando os adota-se a dicotomia que dividi os atos ilegais em


diplomas que houver expedido. atos nulos e anuláveis, sendo que os primeiros
podem ser declarados de ofício ou a pedido e os
Parágrafo único. No caso de provimento, após
últimos somente a pedido.
a diplomação, de recurso contra o registro de
candidato ou de recurso parcial, será também Estabelece, nesse sentido, o Código
revista a apuração anterior, para confirmação Eleitoral que:
ou invalidação de diplomas, observado o
Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz
disposto no § 3º do Art. 261.
atenderá sempre aos fins e resultados a que
ela se dirige, abstendo-se de pronunciar
nulidades sem demonstração de prejuízo.
Art. 218. O presidente de Junta ou de Tribunal
que diplomar militar candidato a cargo eletivo, Parágrafo único. A declaração de nulidade
comunicará imediatamente a diplomação à não poderá ser requerida pela parte que lhe
autoridade a que o mesmo estiver deu causa nem a ela aproveitar.
subordinado, para os fins do Art. 98.

Art. 220. É nula a votação:

DAS NULIDADES DA VOTAÇÃO I - quando feita perante mesa não nomeada


pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à
Segundo o princípio da Lisura das
letra da lei;
eleições, essas devem se dar de forma válida em
respeito à democracia. Não pode conviver o II - quando efetuada em folhas de votação
Direito Eleitoral com as mazelas perpetradas falsas;
pelos candidatos, em prejuízo do verdadeiro
III - quando realizada em dia, hora, ou local
anseio da comunidade em eleger os seus
diferentes do designado ou encerrada antes
representantes.
das 17 horas;
No Direito Eleitoral, as nulidades seguem
IV - quando preterida formalidade essencial
o velho princípio geral do Direito segundo o qual
do sigilo dos sufrágios.
não há de se declarar nulidade sem
comprovação de prejuízo. De igual sorte, a V - quando a seção eleitoral tiver sido
nulidade não poderá ser requerida pela parte que localizada com infração do disposto nos §§ 4º
a provocou. Por outro lado, no Direito Eleitoral

136
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

e 5º do art. 135. (Incluído pela Lei nº 4.961, de c) alguém com falsa identidade em lugar do
4.5.1966) eleitor chamado.

Parágrafo único. A nulidade será pronunciada


quando o órgão apurador conhecer do ato ou
Art. 222. É também anulável a votação,
dos seus efeitos e o encontrar provada, não
quando viciada de falsidade, fraude, coação,
lhe sendo lícito supri-la, ainda que haja
uso de meios de que trata o Art. 237, ou
consenso das partes.
emprego de processo de propaganda ou
captação de sufrágios vedado por lei.

Art. 221. É anulável a votação: Com relação à preclusão do poder-dever


de anular o ato, é necessário que seja requerida
I - quando houver extravio de documento
a sua anulação, ou realizada de ofício, caso se
reputado essencial; (Inciso II renumerado pela
trate de ato nulo, no momento da prática do ato,
Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
pois, caso contrário, não será possível anular-se
II - quando fôr negado ou sofrer restrição o o ato. A ausência de argüição da nulidade no
direito de fiscalizar, e o fato constar da ata ou momento da prática do ato trará a preclusão do
de protesto interposto, por escrito, no poder-dever de anular.
momento: (Inciso III renumerado pela Lei nº
A preclusão só não irá acontecer em se
4.961, de 4.5.1966)
tratando de vícios de origem constitucional ou
III - quando votar, sem as cautelas do Art. 147, ainda de vícios supervenientes. No primeiro caso,
§ 2º. (Inciso IV renumerado pela Lei nº 4.961, se for perdida a oportunidade de argüição da
de 4.5.1966) nulidade no momento correto, apenas em outra
fase do procedimento que ocorra, poderá a
nulidade ser argüida. Em relação à nulidade
a) eleitor excluído por sentença não cumprida superveniente, é necessário que seja argüida no
por ocasião da remessa das folhas individuais primeiro momento possível dentro do
de votação à mesa, desde que haja oportuna procedimento eleitoral após o cometimento da
reclamação de partido; irregularidade.

b) eleitor de outra seção, salvo a hipótese do


Art. 145;
Art. 223. A nulidade de qualquer ato, não
decretada de ofício pela Junta, só poderá ser

137
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

argüida quando de sua prática, não mais § 1º Se o Tribunal Regional na área de sua
podendo ser alegada, salvo se a argüição se competência, deixar de cumprir o disposto
basear em motivo superveniente ou de ordem neste artigo, o Procurador Regional levará o
constitucional. fato ao conhecimento do Procurador Geral,
que providenciará junto ao Tribunal Superior
para que seja marcada imediatamente nova
§ 1º Se a nulidade ocorrer em fase na qual não eleição.
possa ser alegada no ato, poderá ser argüida
§ 2º Ocorrendo qualquer dos casos previstos
na primeira oportunidade que para tanto se
neste capítulo o Ministério Público
apresente.
promoverá, imediatamente a punição dos
§ 2º Se se basear em motivo superveniente culpados.
deverá ser alegada imediatamente, assim que
se tornar conhecida, podendo as razões do
recurso ser aditadas no prazo de 2 (dois) dias. AÇÕES ELEITORAIS.

§ 3º A nulidade de qualquer ato, baseada em


motivo de ordem constitucional, não poderá As ações eleitorais mais conhecidas e
ser conhecida em recurso interposto fora do cobradas são 4 (quatro). Vale ressaltar que é
muito comum que os concursos cobrem as siglas
prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só
dessas ações. São elas:
em outra que se apresentar poderá ser
argüida.(Redação dada pela Lei nº 4.961, de
4.5.1966) AIRC – Ação de Impugnação ao Registro de
Candidatura;

AIJE – Ação de Investigação Judicial Eleitoral;


Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de AIME – Ação de Impugnação ao Mandato Eletivo;
metade dos votos do país nas eleições
RCED – Recurso contra Expedição de Diploma.
presidenciais, do Estado nas eleições federais
e estaduais ou do município nas eleições
municipais, julgar-se-ão prejudicadas as DA LEGITIMIDADE.
demais votações e o Tribunal marcará dia
para nova eleição dentro do prazo de 20
(vinte) a 40 (quarenta) dias. Em todas as ações citadas são
legitimados ativos:

138
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

1 – o candidato; A competência da ação será o órgão


jurisdicional competente para o registro. Assim a
2 – o partido político; competência será dividida da seguinte maneira:
3 – a coligação partidária; A – em relação às eleições presidenciais – TSE;
4 – o Ministério Público. B – em relação às eleições federais e estaduais –
TRE;

Em verdade, o candidato poderá ajuizar C – em relação às eleições municipais – Juiz


as ações citadas, sem necessidade de ter Eleitoral.
concorrido para o mesmo cargo do Réu na ação
eleitoral. Dessa forma, as ações, por exemplo,
podem ser ajuizadas por um candidato a Deve a ação ser ajuizada até 5 dias
Deputado Federal, tendo como Réu um contados da listagem de pedidos de registro de
candidato a governador. candidaturas realizado perante a Justiça Eleitoral.
Esse prazo é decadencial. Não se tem permitido
Por outro lado, o partido político que tiver em nenhuma das ações eleitorais a reconvenção,
ingressado em uma coligação não poderá ajuizar sob o argumento de que, se essa fosse permitida
qualquer das ações isoladamente. Dessa forma, estar-se-ia ajuizando uma AIRC além do prazo
a coligação é que será legitimada. Sendo a ação decadencial disposto em lei. O membro do
ajuizada pelo partido coligado, deverá a ação ser Ministério Público que tenha realizado atividade
extinta sem julgamento de mérito por ausência de político partidária nos últimos 4 anos não poderá
legitimidade ativa. ajuizar a presente ação.
Outro ponto bem interessante para a Em se tratando de eleições majoritárias, é
prova é que o TSE entende que as ações não essencial, segundo o novo entendimento do TSE,
fazem litispendência entre si, ainda que versem a citação de todos os componentes da chapa.
sobre os mesmos fatos, uma vez que cada uma Nas eleições proporcionais, não é necessária a
delas acaba por possuir uma finalidade distinta citação do partido ou coligação, embora esses
da outra. possam também oferecer a resposta. Se o
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE partido não tiver ajuizada a AIRC não poderá
CANDIDATURA. recorrer do deferimento do registro de
candidatura de cidadão, salvo se se tratar de
causa constitucional, nos termos da Súmula 11
do TSE.
A referida ação tem por finalidade impedir
que determinado cidadão tenha seu registro de A AIRC tem o rito desenhado na Lei
candidatura deferida tendo alguma causa de Complementar 64/90, arts. 3º e seguintes, que
inelegibilidade ou não tendo algum dos requisitos dispõem o que se segue:
de elegibilidade. Não serve a ação para impor
inelegibilidade, se esta já não estiver previamente Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a
declarada pela Lei ou pelo Judiciário. partido político, coligação ou ao Ministério
Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados
da publicação do pedido de registro do

139
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

candidato, impugná-lo em petição § 1° As testemunhas do impugnante e do


fundamentada. impugnado serão ouvidas em uma só
assentada.
§ 1° A impugnação, por parte do
candidato, partido político ou coligação, não § 2° Nos 5 (cinco) dias subseqüentes, o
impede a ação do Ministério Público no Juiz, ou o Relator, procederá a todas as
mesmo sentido. diligências que determinar, de ofício ou a
requerimento das partes.
§ 2° Não poderá impugnar o registro de
candidato o representante do Ministério § 3° No prazo do parágrafo anterior, o
Público que, nos 4 (quatro) anos anteriores, Juiz, ou o Relator, poderá ouvir terceiros,
tenha disputado cargo eletivo, integrado referidos pelas partes, ou testemunhas, como
diretório de partido ou exercido atividade conhecedores dos fatos e circunstâncias que
político-partidária. possam influir na decisão da causa.

§ 3° O impugnante especificará, desde § 4° Quando qualquer documento


logo, os meios de prova com que pretende necessário à formação da prova se achar em
demonstrar a veracidade do alegado, poder de terceiro, o Juiz, ou o Relator, poderá
arrolando testemunhas, se for o caso, no ainda, no mesmo prazo, ordenar o respectivo
máximo de 6 (seis). depósito.

Art. 4° A partir da data em que terminar o § 5° Se o terceiro, sem justa causa, não
prazo para impugnação, passará a correr, exibir o documento, ou não comparecer a
após devida notificação, o prazo de 7 (sete) juízo, poderá o Juiz contra ele expedir
dias para que o candidato, partido político ou mandado de prisão e instaurar processo por
coligação possa contestá-la, juntar crime de desobediência.
documentos, indicar rol de testemunhas e
requerer a produção de outras provas, Art. 6° Encerrado o prazo da dilação
inclusive documentais, que se encontrarem probatória, nos termos do artigo anterior, as
em poder de terceiros, de repartições públicas partes, inclusive o Ministério Público, poderão
ou em procedimentos judiciais, ou apresentar alegações no prazo comum de 5
administrativos, salvo os processos em (cinco) dias.
tramitação em segredo de justiça.
Art. 7° Encerrado o prazo para alegações,
Art. 5° Decorrido o prazo para os autos serão conclusos ao Juiz, ou ao
contestação, se não se tratar apenas de Relator, no dia imediato, para sentença ou
matéria de direito e a prova protestada for julgamento pelo Tribunal.
relevante, serão designados os 4 (quatro) dias
seguintes para inquirição das testemunhas do Parágrafo único. O Juiz, ou Tribunal,
impugnante e do impugnado, as quais formará sua convicção pela livre apreciação
comparecerão por iniciativa das partes que as da prova, atendendo aos fatos e às
tiverem arrolado, com notificação judicial. circunstâncias constantes dos autos, ainda
que não alegados pelas partes, mencionando,

140
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

na decisão, os que motivaram seu Parágrafo único. Findo o prazo, com ou


convencimento. sem parecer, os autos serão enviados ao
Relator, que os apresentará em mesa para
Art. 8° Nos pedidos de registro de julgamento em 3 (três) dias,
candidatos a eleições municipais, o Juiz independentemente de publicação em pauta.
Eleitoral apresentará a sentença em cartório 3
(três) dias após a conclusão dos autos, Art. 11. Na sessão do julgamento, que
passando a correr deste momento o prazo de poderá se realizar em até 2 (duas) reuniões
3 (três) dias para a interposição de recurso seguidas, feito o relatório, facultada a palavra
para o Tribunal Regional Eleitoral. às partes e ouvido o Procurador Regional,
proferirá o Relator o seu voto e serão
§ 1° A partir da data em que for tomados os dos demais Juízes.
protocolizada a petição de recurso, passará a
correr o prazo de 3 (três) dias para a § 1° Proclamado o resultado, o Tribunal
apresentação de contra-razões. se reunirá para lavratura do acórdão, no qual
serão indicados o direito, os fatos e as
§ 2° Apresentadas as contra-razões, circunstâncias com base nos fundamentos do
serão os autos imediatamente remetidos ao Relator ou do voto vencedor.
Tribunal Regional Eleitoral, inclusive por
portador, se houver necessidade, decorrente § 2° Terminada a sessão, far-se-á a leitura
da exigüidade de prazo, correndo as despesas e a publicação do acórdão, passando a correr
do transporte por conta do recorrente, se tiver dessa data o prazo de 3 (três) dias, para a
condições de pagá-las. interposição de recurso para o Tribunal
Superior Eleitoral, em petição fundamentada.
Art. 9° Se o Juiz Eleitoral não apresentar
a sentença no prazo do artigo anterior, o Art. 12. Havendo recurso para o Tribunal
prazo para recurso só começará a correr após Superior Eleitoral, a partir da data em que for
a publicação da mesma por edital, em protocolizada a petição passará a correr o
cartório. prazo de 3 (três) dias para a apresentação de
contra-razões, notificado por telegrama o
Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese recorrido.
prevista neste artigo, o Corregedor Regional,
de ofício, apurará o motivo do retardamento e Parágrafo único. Apresentadas as contra-
proporá ao Tribunal Regional Eleitoral, se for razões, serão os autos imediatamente
o caso, a aplicação da penalidade cabível. remetidos ao Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 10. Recebidos os autos na Secretaria Art. 13. Tratando-se de registro a ser
do Tribunal Regional Eleitoral, estes serão julgado originariamente por Tribunal Regional
autuados e apresentados no mesmo dia ao Eleitoral, observado o disposto no art. 6°
Presidente, que, também na mesma data, os desta lei complementar, o pedido de registro,
distribuirá a um Relator e mandará abrir vistas com ou sem impugnação, será julgado em 3
ao Procurador Regional pelo prazo de 2 (dois) (três) dias, independentemente de publicação
dias. em pauta.

141
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Parágrafo único. Proceder-se-á ao Art. 22. Qualquer partido político,


julgamento na forma estabelecida no art. 11 coligação, candidato ou Ministério Público
desta lei complementar e, havendo recurso Eleitoral poderá representar à Justiça
para o Tribunal Superior Eleitoral, observar- Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou
se-á o disposto no artigo anterior. Regional, relatando fatos e indicando provas,
indícios e circunstâncias e pedir abertura de
Art. 14. No Tribunal Superior Eleitoral, os investigação judicial para apurar uso
recursos sobre registro de candidatos serão indevido, desvio ou abuso do poder
processados e julgados na forma prevista nos econômico ou do poder de autoridade, ou
arts. 10 e 11 desta lei complementar. utilização indevida de veículos ou meios de
comunicação social, em benefício de
candidato ou de partido político, obedecido o
seguinte rito:
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL
ELEITORAL - AIJE. I - o Corregedor, que terá as mesmas
atribuições do Relator em processos judiciais,
ao despachar a inicial, adotará as seguintes
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral providências:
tem por finalidade declarar a inelegibilidade por
apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder a) ordenará que se notifique o
econômico ou do poder de autoridade, ou representado do conteúdo da petição,
utilização indevida de veículos ou meios de entregando-se-lhe a segunda via apresentada
comunicação social, em benefício de candidato pelo representante com as cópias dos
ou de partido político. documentos, a fim de que, no prazo de 5
(cinco) dias, ofereça ampla defesa, juntada de
A AIJE deve ser ajuizada a partir do documentos e rol de testemunhas, se cabível;
momento em que a candidatura do Réu foi
deferida, uma vez que é ajuizada em face de b) determinará que se suspenda o ato
candidato, até a diplomação. É possível ajuizar que deu motivo à representação, quando for
tal ação em face de terceiros, que acabaram relevante o fundamento e do ato impugnado
colaborando com o abuso apurado contra a lisura puder resultar a ineficiência da medida, caso
das eleições. Pessoa Jurídica não pode participar seja julgada procedente;
do pólo passivo da ação.
c) indeferirá desde logo a inicial, quando
O termo ad quem para ajuizamento da
não for caso de representação ou lhe faltar
referida ação é a data da diplomação.
algum requisito desta lei complementar;
Enquanto a AIRC é tida como o rito
ordinário eleitoral, a AIJE possui o rito II - no caso do Corregedor indeferir a
sumaríssimo, nos termos do quanto determinado reclamação ou representação, ou retardar-lhe
no art. 22 da Lei Complementar 64/90. O rito a solução, poderá o interessado renová-la
determinado na Lei é o seguinte: perante o Tribunal, que resolverá dentro de 24
(vinte e quatro) horas;

142
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

III - o interessado, quando for atendido ou X - encerrado o prazo da dilação


ocorrer demora, poderá levar o fato ao probatória, as partes, inclusive o Ministério
conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral, Público, poderão apresentar alegações no
a fim de que sejam tomadas as providências prazo comum de 2 (dois) dias;
necessárias;
XI - terminado o prazo para alegações, os
IV - feita a notificação, a Secretaria do autos serão conclusos ao Corregedor, no dia
Tribunal juntará aos autos cópia autêntica do imediato, para apresentação de relatório
ofício endereçado ao representado, bem como conclusivo sobre o que houver sido apurado;
a prova da entrega ou da sua recusa em
aceitá-la ou dar recibo; XII - o relatório do Corregedor, que será
assentado em 3 (três) dias, e os autos da
V - findo o prazo da notificação, com ou representação serão encaminhados ao
sem defesa, abrir-se-á prazo de 5 (cinco) dias Tribunal competente, no dia imediato, com
para inquirição, em uma só assentada, de pedido de inclusão incontinenti do feito em
testemunhas arroladas pelo representante e pauta, para julgamento na primeira sessão
pelo representado, até o máximo de 6 (seis) subseqüente;
para cada um, as quais comparecerão
independentemente de intimação; XIII - no Tribunal, o Procurador-Geral ou
Regional Eleitoral terá vista dos autos por 48
VI - nos 3 (três) dias subseqüentes, o (quarenta e oito) horas, para se pronunciar
Corregedor procederá a todas as diligências sobre as imputações e conclusões do
que determinar, ex officio ou a requerimento Relatório;
das partes;
XIV – julgada procedente a
VII - no prazo da alínea anterior, o representação, ainda que após a proclamação
Corregedor poderá ouvir terceiros, referidos dos eleitos, o Tribunal declarará a
pelas partes, ou testemunhas, como inelegibilidade do representado e de quantos
conhecedores dos fatos e circunstâncias que hajam contribuído para a prática do ato,
possam influir na decisão do feito; cominando-lhes sanção de inelegibilidade
para as eleições a se realizarem nos 8 (oito)
VIII - quando qualquer documento anos subsequentes à eleição em que se
necessário à formação da prova se achar em verificou, além da cassação do registro ou
poder de terceiro, inclusive estabelecimento diploma do candidato diretamente beneficiado
de crédito, oficial ou privado, o Corregedor pela interferência do poder econômico ou
poderá, ainda, no mesmo prazo, ordenar o pelo desvio ou abuso do poder de autoridade
respectivo depósito ou requisitar cópias; ou dos meios de comunicação, determinando
a remessa dos autos ao Ministério Público
IX - se o terceiro, sem justa causa, não Eleitoral, para instauração de processo
exibir o documento, ou não comparecer a disciplinar, se for o caso, e de ação penal,
juízo, o Juiz poderá expedir contra ele ordenando quaisquer outras providências que
mandado de prisão e instaurar processo s por a espécie comportar; (Redação dada pela Lei
crime de desobediência; Complementar nº 135, de 2010)

143
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

XVI – para a configuração do ato abusivo, arrecadação e gastos de recursos. (Redação


não será considerada a potencialidade de o dada pela Lei nº 12.034, de 2009)
fato alterar o resultado da eleição, mas
apenas a gravidade das circunstâncias que o § 1o Na apuração de que trata este artigo,
aplicar-se-á o procedimento previsto no art.
caracterizam. (Incluído pela Lei Complementar
22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio
nº 135, de 2010) de 1990, no que couber. (Incluído pela Lei nº
11.300, de 2006)
Parágrafo único. O recurso contra a
diplomação, interposto pelo representante, § 2o Comprovados captação ou gastos
não impede a atuação do Ministério Público ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será
no mesmo sentido. negado diploma ao candidato, ou cassado, se
já houver sido outorgado. (Incluído pela Lei nº
11.300, de 2006)
Art. 23. O Tribunal formará sua convicção
pela livre apreciação dos fatos públicos e
§ 3o O prazo de recurso contra decisões
notórios, dos indícios e presunções e prova proferidas em representações propostas com
produzida, atentando para circunstâncias ou base neste artigo será de 3 (três) dias, a
fatos, ainda que não indicados ou alegados contar da data da publicação do julgamento
pelas partes, mas que preservem o interesse no Diário Oficial. (Incluído pela Lei nº 12.034,
público de lisura eleitoral. de 2009)

A segunda está prevista no art. 41-A da


DAS REPRESENTAÇÕES QUE ADOTAM O
RITO DA AIJE. Lei 9.504/97 e diz respeito à captação ilícita de
sufrágio. Para que essa ilicitude se verifique, é
necessário que o candidato, mesmo que por via
indireta, mas sempre com a atuação dolosa, doe,
Algumas representações prevista na Lei ofereça, prometa ou entregue bem ou vantagem
9.504/97 adotam o rito da AIJE, previsto no art. de natureza pessoal.
22 da Lei Complementar 64/90, mas com ela não
se confudem. Isso significa que se a vantagem não é
pessoal, mas a um grupo ou coletividade, como
A primeira está relacionada com o ilícito praticado por exemplo a promessa da construção de um
na arrecadação e gasto de valores com a posto de saúde, caso eleito, vai constituir-se em
campanha eleitoral, nos termos do art. 30-A da promessa lícita de campanha.
Lei 9.504/97. Essa representação pode ser
ajuizada até 15 dias após a diplomação. Sobre o Sobre o assunto, dispõe o art. 41-A da Lei que:
assunto, dispõe a Lei 9.504/97 que:
Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e
seus incisos, constitui captação de sufrágio,
vedada por esta Lei, o candidato doar,
Art. 30-A. Qualquer partido político ou oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor,
coligação poderá representar à Justiça com o fim de obter-lhe o voto, bem ou
Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da vantagem pessoal de qualquer natureza,
diplomação, relatando fatos e indicando inclusive emprego ou função pública, desde o
provas, e pedir a abertura de investigação registro da candidatura até o dia da eleição,
judicial para apurar condutas em desacordo inclusive, sob pena de multa de mil a
com as normas desta Lei, relativas à cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou

144
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

do diploma, observado o procedimento diplomação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de


previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, 2009)
de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº
9.840, de 28.9.1999) § 13. O prazo de recurso contra decisões
proferidas com base neste artigo será de 3
§ 1o Para a caracterização da conduta (três) dias, a contar da data da publicação do
ilícita, é desnecessário o pedido explícito de julgamento no Diário Oficial. (Incluído pela Lei
votos, bastando a evidência do dolo, nº 12.034, de 2009)
consistente no especial fim de agir. (Incluído
pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 2o As sanções previstas no caput AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO MANDATO


aplicam-se contra quem praticar atos de ELETIVO.
violência ou grave ameaça a pessoa, com o
fim de obter-lhe o voto. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009)
A Ação de Impugnação ao Mandato
§ 3o A representação contra as condutas Eletivo está prevista pelo § 10 do art. 14 da
vedadas no caput poderá ser ajuizada até a Constituição Federal que determina a sua
data da diplomação. (Incluído pela Lei nº utilização em se tratando de abuso do poder
12.034, de 2009) econômico, corrupção e fraude contra a lisura do
pleito eleitoral. Apesar de trazida pela
§ 4o O prazo de recurso contra decisões Constituição Federal, a mesma não se
proferidas com base neste artigo será de 3 encarregou de determinar o rito a ser seguido na
(três) dias, a contar da data da publicação do referida ação. O posicionamento atual do TSE é
julgamento no Diário Oficial. (Incluído pela Lei que o rito é o da AIRC, já citado no presente
nº 12.034, de 2009) trabalho, por ser esse o rito ordinário eleitoral.
Pode ser ajuizada até 15 dias após a diplomação.
Prazo decadencial, mas o TSE tem entendido
que se recair em fim de semana ou feriado, ficará
Em terceiro, aplica-se também o rito do prorrogado até o primeiro dia útil posterior.
art. 22 da Lei Complementar 64/90 à
representação contra ato ilícito de agente público Tem-se entendido também que a
em campanha, como forma, evidentemente, de corrupção e a fraude são espécies do gênero
manter o equilíbrio do pleito eleitoral. abuso de poder, por isso, a AIME também pode
ter por finalidade, além da cassação da
diplomação, a imposição de inelegibilidade.

Assim, dispõe os §§ 12 e 13 do art. 73 da Essa ação corre em segredo de justiça, e


Lei 9.504/97 que: se manejada por má-fé poderá levar o seu Autor
às penas definidas na Lei.

§ 12. A representação contra a não


observância do disposto neste artigo RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE
observará o rito do art. 22 da Lei DIPLOMA.
Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, e
poderá ser ajuizada até a data da

145
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Apesar do nome, trata-se, em verdade, de Art. 266. O recurso independerá de têrmo e


ação judicial e não de recurso. O prazo para será interposto por petição devidamente
ajuizá-la é decadencial de 3 dias após a fundamentada, dirigida ao juiz eleitoral e
diplomação. Da mesma forma que acontece com acompanhada, se o entender o recorrente, de
a AIME, o TSE tem entendido que apesar de novos documentos.
decadência, aplica-se a norma de contagem de
prazos processuais, prorrogando-se para o Parágrafo único. Se o recorrente se reportar a
primeiro dia útil subseqüente se o termo ad quem coação, fraude, uso de meios de que trata o
recair em feriado ou fim de semana. art. 237 ou emprego de processo de
propaganda ou captação de sufrágios vedado
O RCED pode ser ajuizado nas hipóteses por lei, dependentes de prova a ser
definidas no art. 262 do Código de Eleitoral, nos determinada pelo Tribunal, bastar-lhe-á
seguintes casos: indicar os meios a elas conducentes. (Incluído
pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
Art. 262. O recurso contra expedição de
diploma caberá somente nos seguintes casos: Art. 270. Se o recurso versar sôbre coação,
fraude, uso de meios de que trata o Art. 237,
I - inelegibilidade ou incompatibilidade de ou emprego de processo de propaganda ou
candidato; captação de sufrágios vedado por lei
dependente de prova indicada pelas partes ao
II - errônea interpretação da lei quanto à interpô-lo ou ao impugná-lo, o relator no
aplicação do sistema de representação Tribunal Regional deferi-la-á em vinte e quatro
proporcional; horas da conclusão, realizado-se ela no prazo
improrrogável de cinco dias. (Redação dada
III - erro de direito ou de fato na apuração pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
final, quanto à determinação do quociente
eleitoral ou partidário, contagem de votos e § 1º Admitir-se-ão como meios de prova
classificação de candidato, ou a sua para apreciação pelo Tribunal as justificações
contemplação sob determinada legenda; e as perícias processadas perante o juiz
eleitoral da zona, com citação dos partidos
IV - concessão ou denegação do diploma que concorreram ao pleito e do representante
em manifesta contradição com a prova dos do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
autos, nas hipóteses do art. 222 desta Lei, e 4.961, de 4.5.1966)
do art. 41-A da Lei no 9.504, de 30 de setembro
de 1997. (Redação dada pela Lei n 9.840, de § 2º Indeferindo o relator a prova , serão
28.9.1999) os autos, a requerimento do interessado, nas
vinte e quatro horas seguintes, presentes à
Vale ressaltar que só podem ser argüidas primeira sessão do Tribunal, que deliberará a
em RCED as inelegibilidades inconstitucionais e respeito. (Incluído pela Lei nº 4.961, de
as supervenientes, pois, caso contrário, o direito 4.5.1966)
de argüir inelegibilidade estará precluso com o
não ajuizamento da AIRC no prazo indicado no § 3º Protocoladas as diligências
Ordenamento Jurídico. probatórias, ou com a juntada das
justificações ou diligências, a Secretaria do
Em regra, o RCED necessita de prova Tribunal abrirá, sem demora, vista dos autos,
pré-constituída, salvo no caso do art. 262, IV, no por vinte e quatro horas, seguidamente, ao
qual o Código Eleitoral permite a produção de recorrente e ao recorrido para dizerem a
provas, nos seguintes termos: respeito. (Incluído pela Lei nº 4.961, de
4.5.1966)

146
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 4º Findo o prazo acima, serão os autos pelo TSE, nos termos do art. 216 do Código
conclusos ao relator. (Incluído pela Lei nº Eleitoral;
4.961, de 4.5.1966)
B – o efeito suspensivo pode ser concedido em
O RCED de eleição eleitoral é conhecido AIJE, caso o Tribunal Eleitoral decida por sua
pelo Juiz Eleitoral e julgado pelo TRE. Das aplicação para não causar prejuízo de impossível
eleições federais e estaduais é conhecido pelo ou difícil reparação, nos termos do art. 26-C da
TRE e julgado pelo TSE. E em relação às Lei Complementar 64/90;
eleições presidenciais não caberá RCED por
ausência de previsão constitucional. C – o recurso contra indeferimento de registro de
candidatura, uma vez que o cidadão pode
O RCED julgado pelo Tribunal terá um praticar todos os atos da campanha eleitoral,
revisor, coisa que não ocorre em nenhum inclusive ter seu nome na urna, enquanto o
recurso, apenas na ação aqui tratada. Por outro recurso contra aquela decisão não for julgado.
lado, no julgamento, o prazo para manifestação
oral será de 20 minutos para as partes (enquanto Exatamente por não ter efeito suspensivo,
que no recurso eleitoral em sentido estrito, o tem-se permitido, quando há fumus boni iuris e
prazo para sustentação oral será de 10 minutos). periculum in mora, o ajuizamento de ação
cautelar, perante a Justiça Eleitora, com o fito de
Vale ressaltar que o RCED serve para suspender os efeitos das decisões recorridas,
cassar a diplomação realizada. Mas, o Réu enquanto o recurso não é julgado.
continuará no cargo até que o TSE decida sobre
o recurso intentado contra a decisão do TRE, ou Nos recursos eleitorais, o órgão
quando é o TSE que decide originariamente o jurisdicional prolator da decisão poderá
RCED. reconsiderá-la, mas, ao contrário do que
normalmente se verifica no Direito Processual
O rito dos recursos que vai ser seguido Civil, não poderá, em regra, o órgão prolator da
pela RCED vai ser tratado no seguinte tópico decisão fazer a análise do seguimento, ou não,
com as observações que foram feitas acima. do recurso, mesmo que este não tenha os
requisitos exigidos na Lei.
RECURSOS ELEITORAIS.
Sobre o rito dos recursos, estabelece o
Como se sabe, o recurso é um Código Eleitoral que:
inconformismo dirigido ao Poder Judiciário, em
virtude de uma decisão judicial prolatada contra Art. 257. Os recursos eleitorais não
os interesses do recorrente. terão efeito suspensivo.

O recurso eleitoral está previsto no Código Parágrafo único. A execução de qualquer


Eleitoral. O prazo para a sua interposição é, em acórdão será feita imediatamente, através de
regra, de 3 dias, salvo disposição legal em comunicação por ofício, telegrama, ou, em
contrário. O prazo para contrarrazões é igual ao casos especiais, a critério do presidente do
prazo para a interposição. Tribunal, através de cópia do acórdão.

Em regra, o recurso não possui efeito Art. 258. Sempre que a lei não fixar prazo
suspensivo. Este só é concedido nos seguintes especial, o recurso deverá ser interposto em
casos: três dias da publicação do ato, resolução ou
despacho.
A – o recurso interposto em ação de RCED,
continuando o Réu no cargo eletivo até decisão

147
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 258. Sempre que a lei não fixar Art. 266. O recurso independerá de
prazo especial, o recurso deverá ser têrmo e será interposto por petição
interposto em três dias da publicação do art. devidamente fundamentada, dirigida ao juiz
Resolução ou despacho. eleitoral e acompanhada, se o entender o
recorrente, de novos documentos.
Art. 259. São preclusivos os prazos
para interposição de recurso, salvo quando Parágrafo único. Se o recorrente se
neste se discutir matéria constitucional. reportar a coação, fraude, uso de meios de
que trata o art. 237 ou emprego de processo
Parágrafo único. O recurso em que se de propaganda ou captação de sufrágios
discutir matéria constitucional não poderá ser vedado por lei, dependentes de prova a ser
interposto fora do prazo. Perdido o prazo determinada pelo Tribunal, bastar-lhe-á
numa fase própria, só em outra que se indicar os meios a elas conducentes. (Incluído
apresentar poderá ser interposto. pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)

As decisões interlocutórias, salvo as que Art. 267. Recebida a petição, mandará o


negam seguimento a recurso especial ou juiz intimar o recorrido para ciência do
extraordinário, são irrecorríveis. Por isso, contra recurso, abrindo-se-lhe vista dos autos a fim
decisões interlocutórias, tem permitido o TSE a de, em prazo igual ao estabelecido para a sua
impetração de mandado de segurança, por falta interposição, oferecer razões, acompanhadas
recurso específico para combatê-las. ou não de novos documentos.

Ainda sobre o rito de julgamento dos § 1º A intimação se fará pela


recursos, dispõe o Código Eleitoral: publicação da notícia da vista no jornal que
publicar o expediente da Justiça Eleitoral,
Art. 263. No julgamento de um mesmo onde houver, e nos demais lugares,
pleito eleitoral, as decisões anteriores sôbre pessoalmente pelo escrivão, independente de
questões de direito constituem prejulgados iniciativa do recorrente.
para os demais casos, salvo se contra a tese
votarem dois terços dos membros do § 2º Onde houver jornal oficial, se a
Tribunal. publicação não ocorrer no prazo de 3 (três)
dias, a intimação se fará pessoalmente ou na
Art. 264. Para os Tribunais Regionais e forma prevista no parágrafo seguinte.
para o Tribunal Superior caberá, dentro de 3
(três) dias, recurso dos atos, resoluções ou § 3º Nas zonas em que se fizer
despachos dos respectivos presidentes. intimação pessoal, se não fôr encontrado o
recorrido dentro de 48 (quarenta e oito) horas,
DOS RECURSOS PERANTE AS JUNTAS E a intimação se fará por edital afixado no
JUÍZOS ELEITORAIS fórum, no local de costume.

Art. 265. Dos atos, resoluções ou § 4º Todas as citações e intimações


despachos dos juízes ou juntas eleitorais serão feitas na forma estabelecida neste
caberá recurso para o Tribunal Regional. artigo.

Parágrafo único. Os recursos das § 5º Se o recorrido juntar novos


decisões das Juntas serão processados na documentos, terá o recorrente vista dos autos
forma estabelecida pelos artigos. 169 e por 48 (quarenta e oito) horas para falar sôbre
seguintes. os mesmos, contado o prazo na forma dêste
artigo.

148
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 6º Findos os prazos a que se referem relator no Tribunal Regional deferi-la-á em


os parágrafos anteriores, o juiz eleitoral fará, vinte e quatro horas da conclusão, realizado-
dentro de 48 (quarenta e oito) horas, subir os se ela no prazo improrrogável de cinco dias.
autos ao Tribunal Regional com a sua (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
resposta e os documentos em que se fundar,
sujeito à multa de dez por cento do salário- § 1º Admitir-se-ão como meios de prova
mínimo regional por dia de retardamento, para apreciação pelo Tribunal as justificações
salvo se entender de reformar a sua decisão. e as perícias processadas perante o juiz
(Redação dada pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966) eleitoral da zona, com citação dos partidos
que concorreram ao pleito e do representante
§ 7º Se o juiz reformar a decisão do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
recorrida, poderá o recorrido, dentro de 3 4.961, de 4.5.1966)
(três) dias, requerer suba o recurso como se
por êle interposto. § 2º Indeferindo o relator a prova , serão
os autos, a requerimento do interessado, nas
CAPÍTULO III vinte e quatro horas seguintes, presentes à
primeira sessão do Tribunal, que deliberará a
DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS REGIONAIS respeito. (Incluído pela Lei nº 4.961, de
4.5.1966)
Art. 268. No Tribunal Regional nenhuma
alegação escrita ou nenhum documento § 3º Protocoladas as diligências
poderá ser oferecido por qualquer das partes, probatórias, ou com a juntada das
salvo o disposto no art. 270. (Redação dada justificações ou diligências, a Secretaria do
pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966) Tribunal abrirá, sem demora, vista dos autos,
por vinte e quatro horas, seguidamente, ao
Art. 269. Os recursos serão distribuídos a recorrente e ao recorrido para dizerem a
um relator em 24 (vinte e quatro) horas e na respeito. (Incluído pela Lei nº 4.961, de
ordem rigorosa da antigüidade dos 4.5.1966)
respectivos membros, esta última exigência
sob pena de nulidade de qualquer ato ou § 4º Findo o prazo acima, serão os autos
decisão do relator ou do Tribunal. conclusos ao relator. (Incluído pela Lei nº
4.961, de 4.5.1966)
§ 1º Feita a distribuição, a Secretaria do
Tribunal abrirá vista dos autos à Procuradoria Art. 271. O relator devolverá os autos à
Regional, que deverá emitir parecer no prazo Secretaria no prazo improrrogável de 8 (oito)
de 5 (cinco) dias. dias para, nas 24 (vinte e quatro) horas
seguintes, ser o caso incluído na pauta de
§ 2º Se a Procuradoria não emitir parecer julgamento do Tribunal.
no prazo fixado, poderá a parte interessada
requerer a inclusão do processo na pauta, § 1º Tratando-se de recurso contra a
devendo o Procurador, nesse caso, proferir expedição de diploma, os autos, uma vez
parecer oral na assentada do julgamento. devolvidos pelo relator, serão conclusos ao
juiz imediato em antigüidade como revisor, o
Art. 270. Se o recurso versar sôbre qual deverá devolvê-los em 4 (quatro) dias.
coação, fraude, uso de meios de que trata o
Art. 237, ou emprego de processo de § 2º As pautas serão organizadas com
propaganda ou captação de sufrágios vedado um número de processos que possam ser
por lei dependente de prova indicada pelas realmente julgados, obedecendo-se
partes ao interpô-lo ou ao impugná-lo, o rigorosamente a ordem da devolução dos

149
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

mesmos à Secretaria pelo Relator, ou Revisor, Código Eleitoral, os embargos interrompem e


nos recursos contra a expedição de diploma, não suspendem o prazo para o recurso posterior.
ressalvadas as preferências determinadas
pelo regimento do Tribunal. Essa interrupção, no entanto, não irá
ocorrer se os embargos forem meramente
Art. 272. Na sessão do julgamento, uma protelatórios. Além de não trazer o efeito de
vez feito o relatório pelo relator, cada uma das interromper o prazo para a interposição de outros
partes poderá, no prazo improrrogável de dez recursos, o TSE ainda entende ser possível a
minutos , sustentar oralmente as suas imposição da multa por embargos protelatórios,
conclusões. nos termos estabelecidos no Código de Processo
Civil.
Parágrafo único. Quando se tratar de
julgamento de recursos contra a expedição de Art. 275. São admissíveis embargos de
diploma, cada parte terá vinte minutos para declaração:
sustentação oral.
I - quando há no acórdão obscuridade,
Art. 273. Realizado o julgamento, o dúvida ou contradição;
relator, se vitorioso, ou o relator designado
para redigir o acórdão, apresentará a redação II - quando fôr omitido ponto sôbre que
dêste, o mais tardar, dentro em 5 (cinco) dias. devia pronunciar-se o Tribunal.

§ 1º O acórdão conterá uma síntese das § 1º Os embargos serão opostos dentro


questões debatidas e decididas. em 3 (três) dias da data da publicação do
acórdão, em petição dirigida ao relator, na
§ 2º Sem prejuízo do disposto no qual será indicado o ponto obscuro,
parágrafo anterior, se o Tribunal dispuser de duvidoso, contraditório ou omisso.
serviço taquigráfico, serão juntas ao processo
as notas respectivas. § 2º O relator porá os embargos em mesa
para julgamento, na primeira sessão seguinte
Art. 274. O acórdão, devidamente proferindo o seu voto.
assinado, será publicado, valendo como tal a
inserção da sua conclusão no órgão oficial. § 3º Vencido o relator, outro será
designado para lavrar o acórdão.
§1º Se o órgão oficial não publicar o
acórdão no prazo de 3 (três) dias, as partes § 4º Os embargos de declaração
serão intimadas pessoalmente e, se não forem suspendem o prazo para a interposição de
encontradas no prazo de 48 (quarenta e oito) outros recursos, salvo se manifestamente
horas, a intimação se fará por edital afixado protelatórios e assim declarados na decisão
no Tribunal, no local de costume. que os rejeitar.

§ 2º O disposto no parágrafo anterior Art. 276. As decisões dos Tribunais


aplicar-se-á a todos os casos de citação ou Regionais são terminativas, salvo os casos
intimação. seguintes em que cabe recurso para o
Tribunal Superior:
No Direito Eleitoral, os embargos de
declaração podem ser interpostos apenas em I - especial:
relação aos Tribunais Eleitorais (TRE e TSE) e
não de decisões de Juízes e Juntas Eleitorais. a) quando forem proferidas contra
Apesar do quanto afirmado no § 4º do art. 275 do expressa disposição de lei;

150
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

b) quando ocorrer divergência na Art. 278. Interposto recurso especial


interpretação de lei entre dois ou mais contra decisão do Tribunal Regional, a petição
tribunais eleitorais. será juntada nas 48 (quarenta e oito) horas
seguintes e os autos conclusos ao presidente
II - ordinário: dentro de 24 (vinte e quatro) horas.

a) quando versarem sôbre expedição de § 1º O presidente, dentro em 48 (quarenta


diplomas nas eleições federais e estaduais; e oito) horas do recebimento dos autos
conclusos, proferirá despacho fundamentado,
b) quando denegarem habeas corpus ou admitindo ou não o recurso.
mandado de segurança.
§ 2º Admitido o recurso, será aberta vista
Em relação ao recurso ordinário, o § 4o do dos autos ao recorrido para que, no mesmo
art. 121 da Constituição Federal ainda permite a prazo, apresente as suas razões.
interposição de decisão do TRE quando se tratar
de anulação e diplomas e cassação de mandatos § 3º Em seguida serão os autos
eletivos federais e estaduais e ainda quando se conclusos ao presidente, que mandará
tratar de decisão denegatória de mandado de remetê-los ao Tribunal Superior.
injunção e habeas data pelo TRE.
Art. 279. Denegado o recurso especial, o
No recurso especial é necessário o recorrente poderá interpor, dentro em 3 (três)
prequestionamento, o que não ocorre no recurso dias, agravo de instrumento.
ordinário interposto das decisões do TRE.
§ 1º O agravo de instrumento será
§ 1º É de 3 (três) dias o prazo para a interposto por petiçao que conterá:
interposição do recurso, contado da
publicação da decisão nos casos dos nº I, I - a exposição do fato e do direito;
letras a e b e II, letra b e da sessão da
diplomação no caso do nº II, letra a. II - as razões do pedido de reforma da
decisão;
§ 2º Sempre que o Tribunal Regional
determinar a realização de novas eleições, o III - a indicação das peças do processo
prazo para a interposição dos recursos, no que devem ser trasladadas.
caso do nº II, a, contar-se-á da sessão em que,
feita a apuração das sessões renovadas, fôr § 2º Serão obrigatoriamente trasladadas a
proclamado o resultado das eleições decisão recorrida e a certidão da intimação.
suplementares.
§ 3º Deferida a formação do agravo, será
Art. 277. Interposto recurso ordinário intimado o recorrido para, no prazo de 3 (três)
contra decisão do Tribunal Regional, o dias, apresentar as suas razões e indicar as
presidente poderá, na própria petição, mandar peças dos autos que serão também
abrir vista ao recorrido para que, no mesmo trasladadas.
prazo, ofereça as suas razões.
§ 4º Concluída a formação do
Parágrafo único. Juntadas as razões do instrumento o presidente do Tribunal
recorrido, serão os autos remetidos ao determinará a remessa dos autos ao Tribunal
Tribunal Superior. Superior, podendo, ainda, ordenar a extração
e a juntada de peças não indicadas pelas
partes.

151
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 5º O presidente do Tribunal não poderá agravo de instrumento, observado o disposto


negar seguimento ao agravo, ainda que no Art. 279 e seus parágrafos, aplicada a
interposto fora do prazo legal. multa a que se refere o § 6º pelo Supremo
Tribunal Federal.
§ 6º Se o agravo de instrumento não fôr
conhecido, porque interposto fora do prazo
legal, o Tribunal Superior imporá ao
recorrente multa correspondente a valor do PARTIDOS POLÍTICOS
maior salário-mínimo vigente no país, multa
essa que será inscrita e cobrada na forma
prevista no art. 367.
CONCEITO
§ 7º Se o Tribunal Regional dispuser de
aparelhamento próprio, o instrumento deverá Os partidos políticos são figuras
ser formado com fotocópias ou processos
essenciais ao processo eleitoral brasileiro.
semelhantes, pagas as despesas, pelo preço
do custo, pelas partes, em relação às peças Constituem-se em pessoas jurídicas criadas e
que indicarem.
comandadas por eleitores que compartilham de
DOS RECURSOS NO TRIBUNAL SUPERIOR pontos de vista política semelhantes e que tem,
como intenção, a busca por assumir cargos
Art. 280. Aplicam-se ao Tribunal Superior
as disposições dos artigos. 268, 269, 270, 271 eletivos, segundo procedimento Constitucional.
(caput), 272, 273, 274 e 275.
O Brasil, como se sabe, se constitui em
Art. 281. São irrecorríveis as decisões do
Estado Democrático de Direito. Por conta disso,
Tribunal Superior, salvo as que declararem a
invalidade de lei ou ato contrário à os partidos políticos acabam por receber
Constituição Federal e as denegatórias de
tratamento privilegiado pela Constituição Federal,
"habeas corpus"ou mandado de segurança,
das quais caberá recurso ordinário para o por serem instrumentos democráticos e de
Supremo Tribunal Federal, interposto no
cidadania, não se permitindo sobre tais entes
prazo de 3 (três) dias.
ingerências estatais que terminem por diminuir a
§ 1º Juntada a petição nas 48 (quarenta e liberdade de sua criação, instituição de programa
oito) horas seguintes, os autos serão
conclusos ao presidente do Tribunal, que, no partidário ou atuação.
mesmo prazo, proferirá despacho
fundamentado, admitindo ou não o recurso. O professor José Jairo Gomes acaba por
definir os partidos políticos como sendo: “a
§ 2º Admitido o recurso será aberta vista
dos autos ao recorrido para que, dentro de 3 entidade formada pela livre associação de
(três) dias, apresente as suas razões.
pessoas, cujas finalidades são assegurar no
§ 3º Findo esse prazo os autos serão interesse do regime democrático, a
remetidos ao Supremo Tribunal Federal.
autenticidade do sistema representativo, e
Art. 282. Denegado recurso, o recorrente
poderá interpor, dentro de 3 (três) dias,

152
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

defender os direitos humanos Código Civil que determina: “Começa a


38
fundamentais.” existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida
DA PERSONALIDADE JURÍDICA. quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se
Como já visto, possuem os partidos
no registro todas as alterações porque passar
políticos personalidade jurídica, sendo, pois,
o ato constitutivo.”
sujeitos de direitos e obrigações, conforme
determinado pela Constituição Federal que Então para a lei civil, o início da existência
dispõe no art. 17, § 2º, que: “Os partidos de uma pessoa jurídica é o registro de seus atos
políticos, após adquirirem personalidade constitutivo no cartório competente. No caso dos
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus partidos políticos, é proibida ingerência do Poder
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.” Executivo, não necessitando para a sua criação
de autorização ou aprovação daquele Poder.
A Constituição ao afirmar que os partidos
políticos adquirem personalidade jurídica nos A desnecessidade de ato do Poder
termos da Lei Civil, levou a doutrina a afirmar que Executivo na criação dos partidos políticos
a personalidade jurídica dos partidos políticos é encontra amparo no art. 17, caput, da
de direito privado, o que foi confirmado pelo art. Constituição Federal e no art. 2º da Lei 9.096/95
1º da Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/1995) (Lei dos Partidos Políticos), que possuem
que estatui: redação idêntica, no seguinte sentido:

“O partido político, pessoa jurídica de direito


privado, destina-se a assegurar, no interesse
“É livre a criação, fusão, incorporação e
do regime democrático, a autenticidade do
extinção de partidos políticos cujos
sistema representativo e a defender os
programas respeitem a soberania nacional, o
direitos fundamentais definidos na
regime democrático, o pluripartidarismo e os
Constituição Federal.”
direitos fundamentais da pessoa humana.”
Dessa forma, em sendo o partido político (art. 2º da Lei 9.096/1995).
pessoa jurídica de direito privado, a sua
Vale ressaltar que os partidos políticos
constituição ocorre nos termos definidos no
possuem alcance nacional, devendo, portanto,
serem registrados no Cartório de Registro Civil
38
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 3 ed. Belo
Horizonte: Del Rey Editora, 2008, p. 77.

153
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

das pessoas jurídicas da Capital Federal, II - exemplares do Diário Oficial que


conforme enuncia o art. 8º da Lei 9.096/1995. publicou, no seu inteiro teor, o programa e o
estatuto;
O fato dos partidos terem autonomia de
atuação, consagrada pelo Ordenamento Jurídico, III - relação de todos os fundadores com
não significa que estejam libertos das o nome completo, naturalidade, número do
disposições legais pertinentes à sua criação. título eleitoral com a Zona, Seção, Município e
Estado, profissão e endereço da residência.
Por conta disso, determina a Lei dos
Partidos Políticos que para registro de seus
§ 1º O requerimento indicará o nome e
atos constitutivos no cartório precitado a
função dos dirigentes provisórios e o
necessidade do requerimento de inscrição ser
endereço da sede do partido na Capital
subscrito por seus fundadores, em número
Federal.
nunca inferior a cento e um, com domicílio
eleitoral em, no mínimo, um terço dos § 2º Satisfeitas as exigências deste
estados. artigo, o Oficial do Registro Civil efetua o
registro no livro correspondente, expedindo
Dessa forma, a Lei dos Partidos Políticos
certidão de inteiro teor.
(Lei 9.096/1995) consagra qual o procedimento a
ser adotado na criação dos partidos, em seu art.
§ 3º Adquirida a personalidade jurídica na
8º, nos seguintes termos:
forma deste artigo, o partido promove a
obtenção do apoiamento mínimo de eleitores
Art. 8º O requerimento do registro de partido
a que se refere o § 1º do art. 7º e realiza os
político, dirigido ao cartório competente do
atos necessários para a constituição definitiva
Registro Civil das Pessoas Jurídicas, da
de seus órgãos e designação dos dirigentes,
Capital Federal, deve ser subscrito pelos seus
na forma do seu estatuto.
fundadores, em número nunca inferior a cento
e um, com domicílio eleitoral em, no mínimo,
Ora, nos termos da Lei Civil, o partido
um terço dos Estados, e será acompanhado
político, como visto, é criado a partir do registro
de:
de seus atos constitutivos no cartório
competente. Ocorre, no entanto, que para poder
I - cópia autêntica da ata da reunião de
participar do processo eleitoral, faz-se necessário
fundação do partido;
o registro do estatuto perante o Tribunal Superior
Eleitoral. Sobre o assunto, leciona o professor
José Jairo Gomes que: “O registro no TSE não

154
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

significa interferência do Estado na Dispõe o art. 7º da Lei 9.096/1995 que:


organização e no funcionamento do partido.
Já faz parte da história o tempo em que essas Art. 7º O partido político, após adquirir

entidades eram convenientemente mantidas personalidade jurídica na forma da lei civil,

como apêndices do Estado. É esse registro registra seu estatuto no Tribunal Superior

que permite, por exemplo, que o partido Eleitoral.

participe do processo eleitoral, receba


§ 1º Só é admitido o registro do estatuto de
recursos do Fundo Partidário, tenha acesso
partido político que tenha caráter nacional,
gratuito ao rádio e à televisão. É também ele
considerando-se como tal aquele que
que assegura a exclusividade de sua
comprove o apoiamento de eleitores
denominação e sigla e de seus símbolos,
correspondente a, pelo menos, meio por
vedando a utilização, por outras agremiações,
cento dos votos dados na última eleição geral
de variações que venham a induzir a erro ou
para a Câmara dos Deputados, não
confusão. Outrossim, só o partido registrado
computados os votos em branco e os nulos,
no TSE pode credenciar delegados perante os
distribuídos por um terço, ou mais, dos
órgãos da Justice Eleitoral (LOPP art. 7º, §§ 2º
Estados, com um mínimo de um décimo por
e 3º, e art. 11).”39
cento do eleitorado que haja votado em cada
Para que ocorra o registro de seus um deles.
estatutos perante o TSE, é necessário que ocorra
§ 2º Só o partido que tenha registrado seu
o chamado apoiamento mínimo, que significa
estatuto no Tribunal Superior Eleitoral pode
uma série de assinaturas de eleitores na
participar do processo eleitoral, receber
quantidade mínima referida na lei. Segundo o
recursos do Fundo Partidário e ter acesso
parágrafo primeiro do art. 7º da Lei dos
gratuito ao rádio e à televisão, nos termos
Partidos Políticos, esse apoiamento deverá
fixados nesta Lei.
ser de no mínimo 0,5% dos votos dados na
última eleição geral para a Câmara dos
§ 3º Somente o registro do estatuto do partido
Deputados, não computados os votos em
no Tribunal Superior Eleitoral assegura a
branco e os nulos, distribuídos por um terço,
exclusividade da sua denominação, sigla e
ou mais, dos estados, com um mínimo de
símbolos, vedada a utilização, por outros
0,1% do eleitorado que haja votado em cada
partidos, de variações que venham a induzir a
um deles.
erro ou confusão.

39
Op. cit., p. 78.

155
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

O procedimento do registro dos de quinze dias, lavra o seu atestado,


estatutos perante a Justiça Eleitoral, por outro devolvendo-a ao interessado.
lado, está descrito no art. 9º, da Lei dos Partidos
Políticos, da seguinte forma: § 3º Protocolado o pedido de registro no
Tribunal Superior Eleitoral, o processo
Art. 9º Feita a constituição e designação, respectivo, no prazo de quarenta e oito horas,
referidas no § 3º do artigo anterior, os é distribuído a um Relator, que, ouvida a
dirigentes nacionais promoverão o registro do Procuradoria-Geral, em dez dias, determina,
estatuto do partido junto ao Tribunal Superior em igual prazo, diligências para sanar
Eleitoral, através de requerimento eventuais falhas do processo.
acompanhado de:
§ 4º Se não houver diligências a determinar,
I - exemplar autenticado do inteiro teor do ou após o seu atendimento, o Tribunal
programa e do estatuto partidários, inscritos Superior Eleitoral registra o estatuto do
no Registro Civil; partido, no prazo de trinta dias.

II - certidão do registro civil da pessoa ATENÇÃO: Como já visto, o analfabeto possui


jurídica, a que se refere o § 2º do artigo cidadania ativa, podendo-se participar do
anterior; processo eleitoral como eleitor, mas não como
candidato. O partido político para o registro de
III - certidões dos cartórios eleitorais que seu estatuto perante o TSE necessita do
comprovem ter o partido obtido o apoiamento apoiamento mínimo de eleitores, conforme já
mínimo de eleitores a que se refere o § 1º do afirmado. Por conta disso, o TSE tem permitido
art. 7º. que o analfabeto participe da lista de apoiamento
mínimo, apondo, se não souber assinar, a sua
§ 1º A prova do apoiamento mínimo de
impressão digital, desde que identificado pelo
eleitores é feita por meio de suas assinaturas,
nome, números de inscrição, zona e seção,
com menção ao número do respectivo título
município, unidade da federação e data de
eleitoral, em listas organizadas para cada
emissão do título eleitoral; e possibilidade de
Zona, sendo a veracidade das respectivas
conter campos para endereço e telefone.
assinaturas e o número dos títulos atestados
pelo Escrivão Eleitoral.

§ 2º O Escrivão Eleitoral dá imediato recibo de Para facilitar o acesso ao


cada lista que lhe for apresentada e, no prazo apoiamento mínimo, o TSE entende que o partido

156
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

político em processo de registro na Justiça Art. 11. O partido com registro no Tribunal
Eleitoral tem o direito de obter lista de eleitores, Superior Eleitoral pode credenciar,
com os respectivos números de títulos e zona respectivamente:
eleitoral.
I - delegados perante o Juiz Eleitoral;
Se ocorrer alguma modificação no
programa ou no estatuto do partido político, tal II - delegados perante o Tribunal Regional
alteração deverá ser registrada no Ofício Civil Eleitoral;
competente (cartório de registro de pessoas
III - delegados perante o Tribunal Superior
jurídicas da Capital Federal) e somente após,
Eleitoral.
encaminhadas para registro no TSE.

O Tribunal Superior Eleitoral já decidiu Parágrafo único. Os delegados credenciados


que não se faz possível o registro de alteração de pelo órgão de direção nacional representam o
programa ou estatuto perante a Justiça Eleitoral, partido perante quaisquer Tribunais ou Juízes
antes de ocorrido o registro no cartório civil Eleitorais; os credenciados pelos órgãos
competente. Nesse sentido, verifica-se a seguinte estaduais, somente perante o Tribunal
decisão: Regional Eleitoral e os Juízes Eleitorais do
respectivo Estado, do Distrito Federal ou
“Partido político. Alterações estatutárias não
Território Federal; e os credenciados pelo
registradas no ofício civil competente.
órgão municipal, perante o Juiz Eleitoral da
Descumprimento do art. 10 da Lei 9.096/95.
respectiva jurisdição.
Pedido indeferido. Nos termos do art. 10 da
Lei 9.096/95, o registro das alterações Sobre o assunto, o TSE defende a
promovidas nos estatutos dos partidos manutenção de 2 delegados perante o TRE e de
políticos pressupõe o seu registro no Ofício até 3 delegados em cada zona eleitoral.
Civil competente. Pedido que se indefere.
Atenção: Os partidos políticos são
(Res. 21.368, de 25.3.03, do TSE, DJ de
pessoas jurídicas de direito privado. Por conta
3.6.03).”
disso, ensina José Jairo Gomes que: “Assim,
O partido político registrado perante o não cabe mandado de segurança contra ato
TSE poderá credenciar delegados perante o Juiz de dirigente partidário, haja vista que o
Eleitoral, o Tribunal Regional Eleitoral e o mandamus tem como pressuposto ato de
Tribunal Superior Eleitoral. Por conta disso, autoridade pública ou agente de pessoa
dispõe o art. 11 da Lei dos Partidos Políticos que: jurídica no exercício de atribuições do Poder

157
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Público, o que não é o caso do partido ESTRUTURA INTERNA DOS PARTIDOS


político. Pela mesma razão, eventuais POLÍTICOS.
querelas existentes entre um partido e uma
Estabelece o parágrafo primeiro do art. 17
pessoa natural ou jurídica, entre dois
da Constituição Federal que: “É assegurada aos
partidos, entre órgãos do mesmo partido ou
partidos políticos autonomia para definir sua
entre partido e seus filiados devem ser
estrutura interna, organização e
ajuizados na Justiça Comum Estadual, não
funcionamento e para adotar os critérios de
sendo competente a Justiça Eleitoral, exceto
escolha e o regime de suas coligações
se a controvérsia provocar relevante
eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação
influencia em processo eleitoral já em curso,
entre as candidaturas em âmbito nacional,
caso em que os interesses maiores da
estadual, distrital ou municipal, devendo seus
democracia e da regularidade do processo
estatutos estabelecer normas de disciplina e
eleitoral justificam a atração da competência
fidelidade partidária.”
da Justiça Eleitoral.”40
Estabelece-se, assim, o princípio da
O próprio TSE já teve oportunidade de
autonomia partidária que impõe, em benefício da
afirmar da incompetência da Justiça Eleitoral
democracia, que os partidos políticos não
para querelas entre órgãos partidários, conforme
recebam qualquer tipo de ingerência do Poder
se depreende da seguinte decisão:
Público. Tendo em vista a proclamada
“Medida cautelar inominada. Arts. 17, § 1º, da autonomia, tem liberdade o partido político para
CF, e 3º da Lei nº 9.096/95. Pretensão de definir o seu programa e o seu estatuto. Deve-se
declaração de nulidade de ato interventivo em lembrar que no direito, tendo em vista a
diretório municipal de partido político. convivência social, nenhuma liberdade é
Preliminar de falta de interesse processual absoluta, possuindo os partidos alguns
acolhida pela decisão regional para extinção regramentos constitucionais e legais.
do feito. Não compete à Justiça Eleitoral o
Mas, dentro da esfera permitida pelo
julgamento de ação anulatória de ato de
Ordenamento, não podem ocorrer limitações aos
intervenção entre órgãos do mesmo partido.
partidos na definição de sua estrutura interna,
Recurso especial não conhecido. (Ac. 16.413,
seu programa ou seu estatuto. Francisco Dirceu
de 16.8.01, do TSE, DJ de 5.10.01).
Barros leciona, sobre o assunto que: “A
Constituição Federal, ao proclamar os
postulados básicos que informam o regime
40 democrático, consagrou, em seu texto, o
Op. cit. p. 77.

158
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

estatuto jurídico dos partidos políticos. O estatais além daquelas estabelecidas pelo
princípio constitucional da autonomia Ordenamento Jurídico.
partidária – além de repelir qualquer
O programa do partido contém os seus
possibilidade de controle ideológico do
objetivos políticos (que infelizmente no Brasil,
Estado sobre os partidos políticos – cria, em
pela cultura política quase nula, na prática não
favor desses corpos intermediários, sempre
possuem qualquer tipo de valor), enquanto que o
que se trata da definição de sua estrutura, de
estatuto contém as normas internas, inclusive a
sua organização ou de seu interno
organização, dos partidos políticos.
funcionamento, uma área de reserva
estatutária absolutamente indevassável pela A Lei 9.096/95 estabelece que:
ação normativa do Poder Público, vedando,
nesse domínio jurídico, qualquer ensaio de
ingerência legislativa do aparelho estatal.
Art. 14. Observadas as disposições
Ofende o princípio consagrado pelo art. 17, §
constitucionais e as desta Lei, o partido é livre
1º, a Constituição a regra legal que,
para fixar, em seu programa, seus objetivos
interferindo na esfera de autonomia partidária,
políticos e para estabelecer, em seu estatuto,
estabelece, mediante específica designação, o
a sua estrutura interna, organização e
órgão do partido político competente para
funcionamento.
recusar as candidaturas parlamentares
natas.”41 Art. 15. O Estatuto do partido deve conter,
entre outras, normas sobre:
A regra da autonomia partidária se
encontra escrita no art. 3º da LOPP, que dispõe: I - nome, denominação abreviada e o
“É assegurada, ao partido político, autonomia estabelecimento da sede na Capital Federal;
para definir sua estrutura interna, organização
e funcionamento.” II - filiação e desligamento de seus membros;

Para o seu funcionamento, o partido III - direitos e deveres dos filiados;


político necessita de programa e estatuto, sem os
quais seria impossível a sua atuação. A IV - modo como se organiza e administra, com
autonomia partidária impõe que o programa e o a definição de sua estrutura geral e
estatuto do partido não sofram intervenções identificação, composição e competências
dos órgãos partidários nos níveis municipal,
41
BARROS, Francisco Dirceu. Direito eleitoral. 5 ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, PP 362/363.

159
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

estadual e nacional, duração dos mandatos e situadas em patamares hierárquicos bastante


processo de eleição dos seus membros; definidos.”42

V - fidelidade e disciplina partidárias, Para o aludido professor, então, são

processo para apuração das infrações e assim classificados os principais órgãos dos

aplicação das penalidades, assegurado amplo partidos políticos:

direito de defesa;
a) de deliberação: as convenções municipais,
regionais e nacionais;
VI - condições e forma de escolha de seus
candidatos a cargos e funções eletivas; b) de direção e de ação: os diretórios distritais,
municipais, regionais e nacionais;
VII - finanças e contabilidade, estabelecendo,
inclusive, normas que os habilitem a apurar c) de ação parlamentar: as bancadas; e
as quantias que os seus candidatos possam
d) de cooperação: os conselhos de ética
despender com a própria eleição, que fixem
partidária, os conselhos fiscais e consultivos, os
os limites das contribuições dos filiados e
departamentos trabalhistas, estudantis, femininos
definam as diversas fontes de receita do
e outros com a mesma finalidade.
partido, além daquelas previstas nesta Lei;
Segundo entende o TSE, a questão
VIII - critérios de distribuição dos recursos do relativa ao funcionamento dos partidos não é
Fundo Partidário entre os órgãos de nível matéria eleitoral. Por conta disso, como já
municipal, estadual e nacional que compõem afirmado, as querelas entre órgãos partidários
o partido; não é de competência da Justiça Eleitoral.

IX - procedimento de reforma do programa e


do estatuto.
Resolução 23.282 TSE
Mesmo tendo autonomia para criar seus
órgãos internos, a doutrina tem trazido uma
DO APOIAMENTO DE ELEITORES
classificação para apresentar os órgãos dos
partidos políticos. Segundo Francisco Dirceu Art. 10. Adquirida a personalidade jurídica na
forma do artigo anterior, o partido político em
Barros: “O partido político é uma pessoa
formação promoverá a obtenção do apoiamento
jurídica complexa, se assim pudermos dizer. mínimo de eleitores a que se refere o § 1º do art.
Isto em razão de ser integrada por órgãos 7º desta resolução (Lei nº 9.096/95, art. 8º, § 3º).
diversos, com atividades também diversas e
42
Op. cit. p. 369.

160
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 1º O apoiamento de eleitores será obtido eleitoral (Lei nº 9.096/95, art. 9º, § 2º c.c. o art. 4º
mediante a assinatura do eleitor em listas ou da Lei nº 10.842/2004).
formulários organizados pelo partido político em
formação, para cada zona eleitoral, encimados § 3º No caso de dúvida acerca da autenticidade
pela denominação da sigla partidária e o fim a das assinaturas ou da sua correspondência com
que se destina a adesão do eleitor, devendo os números dos títulos eleitorais informados, o
deles constar, ainda, o nome completo do eleitor chefe de cartório determinará diligência para a
e o número do respectivo título eleitoral. sua regularização.

§ 2º O eleitor analfabeto manifestará seu apoio § 4º O chefe de cartório dará publicidade à lista
mediante aposição da impressão digital, devendo ou aos formulários de apoiamento mínimo,
constar das listas ou formulários a identificação publicando-os em cartório.
pelo nome, número de inscrição, zona e seção, § 5º Os dados constantes nas listas ou
município, unidade da Federação e data de formulários publicados em cartório poderão ser
emissão do título eleitoral (Res.-TSE nº impugnados por qualquer interessado, em
21.853/2004). petição fundamentada, no prazo de 5 (cinco) dias
§ 3º A assinatura ou impressão digital aposta contados da publicação.
pelo eleitor nas listas ou formulários de Art. 12. Obtido o apoiamento mínimo de eleitores
apoiamento a partido político em formação não no estado, o partido político em formação
implica filiação partidária (Res.- TSE nº
constituirá, definitivamente, na forma de seu
21.853/2004). estatuto, órgãos de direção regional e municipais,
Art. 11. O partido político em formação, por meio designando os seus dirigentes, organizados em,
de seu representante legal, em requerimento no mínimo, um terço dos estados, e constituirá,
acompanhado de certidão do Registro Civil das também definitivamente, o seu órgão de direção
Pessoas Jurídicas, da Capital Federal, informará nacional (Lei nº 9.096/95, art. 8º, § 3º).
aos tribunais regionais eleitorais a comissão DO REGISTRO DOS ÓRGÃOS PARTIDÁRIOS
provisória ou pessoas responsáveis para a NOS TRIBUNAIS REGIONAIS
apresentação das listas ou formulários de
assinaturas e solicitação de certidão de ELEITORAIS
apoiamento perante os cartórios.
Art. 13. Feita a constituição definitiva e
§ 1º Os tribunais regionais eleitorais designação dos órgãos de direção regional e
encaminharão aos cartórios eleitorais as municipais, o presidente regional do partido
informações prestadas na forma do caput. político em formação solicitará o registro no
respectivo tribunal regional eleitoral, por meio de
§ 2º O chefe de cartório dará imediato recibo de requerimento acompanhado de:
cada lista ou formulário que lhe for apresentado
e, no prazo de 15 (quinze) dias, após conferir as I – exemplar autenticado do inteiro teor do
assinaturas e os números dos títulos eleitorais, programa e do estatuto partidários, inscritos no
lavrará o seu atestado na própria lista ou registro civil;
formulário, devolvendo-o ao interessado,
permanecendo cópia em poder do cartório

161
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

II – certidão do cartório do registro civil da pessoa apresentará em Mesa para julgamento,


jurídica a que se refere o § 2º do art. 9º desta independentemente de publicação de pauta.
resolução;
Art. 18. Não havendo impugnação, os autos
III – certidões fornecidas pelos cartórios eleitorais serão imediatamente conclusos ao relator, para
que comprovem ter o partido político em julgamento, observado o disposto no artigo
formação obtido, no estado, o apoiamento anterior.
mínimo de eleitores a que se refere o § 1º do art.
7º desta resolução;

IV – prova da constituição definitiva dos órgãos SEÇÃO V


de direção regional e municipais, com a DO REGISTRO DO ESTATUTO E DO ÓRGÃO
designação de seus dirigentes, na forma do DE DIREÇÃO NACIONAL NO TRIBUNAL
respectivo estatuto, autenticada por tabelião de SUPERIOR ELEITORAL
notas, quando se tratar de cópia.
Art. 19. Registrados os órgãos de direção
Parágrafo único. Da certidão a que se refere o regional em, pelo menos, um terço dos estados,
inciso III deste artigo deverá constar, unicamente, o presidente do partido político em formação
o número de eleitores que apoiaram o partido solicitará o registro do estatuto e do respectivo
político em formação até a data de sua órgão de direção nacional no Tribunal Superior
expedição, certificado pelo chefe de cartório da Eleitoral, por meio de requerimento
respectiva zona eleitoral, com base nas listas ou
acompanhado de:
formulários conferidos ou publicados na forma
prevista, respectivamente, nos § 2º e § 3º do art. I – exemplar autenticado do inteiro teor do
11 desta resolução. programa e do estatuto partidários, inscritos no
cartório competente do Registro Civil das
Art. 14. Protocolizado o pedido de registro, será Pessoas Jurídicas, da Capital Federal;
autuado e distribuído, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas a um relator, devendo a Secretaria do II – certidão do cartório do registro civil da pessoa
Tribunal publicar, imediatamente, na imprensa jurídica, a que se refere o § 2º do art. 9º desta
oficial, edital para ciência dos interessados. resolução;

Art. 15. Caberá a qualquer interessado impugnar, III – certidões expedidas pelos tribunais regionais
no prazo de 3 (três) dias, contados da publicação eleitorais que comprovem ter o partido político em
do edital, em petição fundamentada, o pedido de formação obtido, nos respectivos estados, o
registro. apoiamento mínimo de eleitores a que se refere o
§ 1º do art. 7º desta resolução (Lei nº 9.096/95,
Art. 16. Havendo impugnação, será aberta vista art. 9º, I a III);
ao requerente do registro, para contestação, pelo
mesmo prazo. IV – prova da constituição definitiva do órgão de
direção nacional, com a designação de seus
Art. 17. Em seguida, será ouvida a Procuradoria dirigentes, autenticada por tabelião de notas,
Regional Eleitoral, que se manifestará em 3 (três) quando se tratar de cópia.
dias; devolvidos os autos, serão imediatamente
conclusos ao relator que, no mesmo prazo, os § 1º Das certidões a que se refere o inciso III
deverão constar, unicamente, o número de

162
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

eleitores que apoiaram o partido político no Art. 25. Após o deferimento do registro do
estado e o número de votos dados na última estatuto, o partido político deverá informar ao
eleição geral para a Câmara dos Deputados, não Tribunal Superior Eleitoral o número da inscrição
computados os votos em branco e os nulos. no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ), para anotação.
§ 2º O partido político em formação deve indicar,
no pedido de registro, o número da legenda. Art. 26. Ficarão automaticamente sem efeito,
independentemente de decisão de qualquer
Art. 20. Protocolizado o pedido de registro, será órgão da Justiça Eleitoral, os registros dos
autuado e distribuído, no prazo de 48 (quarenta e órgãos de direção municipais e regionais, se
oito) horas, a um relator, devendo a Secretaria indeferido o pedido de registro do estatuto e do
publicar, imediatamente, na imprensa oficial, órgão de direção nacional.
edital para ciência dos interessados (Lei nº
9.096/95, art. 9º, § 3º).

Art. 21. Caberá a qualquer interessado impugnar, CAPÍTULO II DA ANOTAÇÃO DOS ÓRGÃOS
no prazo de 3 (três) dias, contados da publicação DIRETIVOS PARTIDÁRIOS E DOS
do edital, em petição fundamentada, o pedido de DELEGADOS
registro.
SEÇÃO I DA ANOTAÇÃO DOS ÓRGÃOS
Art. 22. Havendo impugnação, será aberta vista PARTIDÁRIOS NOS TRIBUNAIS REGIONAIS
ao requerente do registro, para contestação, pelo ELEITORAIS
mesmo prazo.
Art. 27. O órgão de direção regional comunicará
Art. 23. Em seguida, será ouvida a Procuradoria- ao respectivo tribunal regional eleitoral,
Geral Eleitoral, em 10 (dez) dias; havendo falhas, imediatamente, por meio de sistema específico
o relator baixará o processo em diligência, a fim disponibilizado pela Justiça Eleitoral, a
de que o partido político possa saná-las, em igual constituição de seus órgãos de direção partidária
prazo (Lei nº 9.096/95, art. 9º, § 3º). regional e municipais, seu início e fim de
vigência, os nomes, números de inscrição no
§ 1º Se não houver diligências a determinar, ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e do título de
após o seu atendimento, o relator apresentará os eleitor dos respectivos integrantes, bem como as
autos em Mesa para julgamento, no prazo de 30 alterações que forem promovidas, para anotação
(trinta) dias, independentemente de publicação (Res.- TSE nº 23.093/2009).
de pauta (Lei nº 9.096/95, art. 9º, § 4º).
§ 1º Deverão ser informados, além dos dados
§ 2º Na sessão de julgamento, após o relatório, exigidos no caput, os números de telefone, fac-
as partes, inclusive o procurador geral eleitoral, símile e endereço residencial atualizado dos
poderão sustentar oralmente suas razões, no membros da comissão provisória, comissão
prazo improrrogável de 20 (vinte) minutos cada. executiva ou órgão equivalente (Res.-TSE nº
Art. 24. Deferido ou não o registro do estatuto e 23.093/2009).
do órgão de direção nacional, o Tribunal fará § 2º Apenas no Distrito Federal será autorizada a
imediata comunicação aos tribunais regionais anotação de órgãos de direção zonais, que
eleitorais, e estes, da mesma forma, aos juízos corresponderão aos órgãos de direção
eleitorais. municipais para fins de aplicação das normas

163
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

estabelecidas nesta resolução (Lei nº 9.096/95, números de inscrição no Cadastro de Pessoas


art. 54 c. c. o art. 1º da Lei nº 9.259/96). Físicas (CPF) e do título de eleitor dos
respectivos integrantes, bem como as alterações
§ 3º Nos demais tribunais regionais eleitorais, as que forem promovidas, para anotação (Res.-TSE
anotações restringir-se-ão exclusivamente aos nº 23.093/2009).
órgãos de direção regionais e municipais.
§ 1º Deverão ser informados, além dos dados
§ 4º Os tribunais regionais eleitorais poderão exigidos no caput, os números de telefone, fac-
solicitar que o órgão nacional do partido político símile e endereço residencial atualizado dos
comunique diretamente ou ratifique a anotação membros da comissão executiva ou órgão
de órgão regional. equivalente (Res.-TSE nº 23.093/2009).
§ 5º Protocolizado o pedido, o presidente do § 2º Protocolizado o pedido, o presidente do
tribunal regional eleitoral determinará à secretaria Tribunal determinará à secretaria que proceda à
que proceda à anotação. anotação.
Art. 28. Anotada a composição de órgão de Art. 31. O órgão de direção nacional deverá
direção municipal e eventuais alterações, os manter atualizado perante a Justiça Eleitoral o
dados estarão disponíveis para consulta na seu endereço, telefone, fac-símile e e-mail, bem
intranet do Tribunal Superior Eleitoral e em seu como dos integrantes de sua comissão executiva
endereço eletrônico na internet, considerando-se ou órgão equivalente.
efetivada a comunicação aos juízes eleitorais,
independentemente de qualquer outro expediente § 1º Os dados a que se refere o caput deste
ou aviso (Res.-TSE nº 23.093/2009). artigo serão anotados pela Secretaria Judiciária
do Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 29. Os órgãos de direção regional e
municipais deverão manter atualizados perante a § 2º A sede nacional dos partidos políticos será
Justiça Eleitoral o seu endereço, telefone, fac- sempre na Capital Federal (Res.- TSE nº
símile e e-mail, bem como dos integrantes de sua 22.316/2006).
comissão provisória, comissão executiva ou
órgão equivalente. SEÇÃO III

Parágrafo único. Os dados a que se refere o DOS DELEGADOS


caput deste artigo serão anotados pela secretaria Art. 32. O partido político com registro no Tribunal
judiciária do respectivo tribunal regional eleitoral. Superior Eleitoral poderá credenciar,
SEÇÃO II respectivamente (Lei nº 9.096/95, art. 11, caput, I
a III):
DA ANOTAÇÃO DOS ÓRGÃOS PARTIDÁRIOS
NO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL I – três delegados perante o juízo eleitoral;

Art. 30. O órgão de direção nacional comunicará II – quatro delegados perante o tribunal regional
ao Tribunal Superior Eleitoral, imediatamente, por eleitoral;
meio de sistema específico disponibilizado pela III – cinco delegados perante o Tribunal Superior
Justiça Eleitoral, a constituição de seu órgão de Eleitoral.
direção, seu início e fim de vigência, os nomes,

164
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 1º Os delegados serão credenciados no órgão § 1º Transitada em julgado a decisão de que trata


competente da Justiça Eleitoral, a requerimento o caput deste artigo, as agremiações partidárias
do presidente do respectivo órgão de direção extintas, incorporadas ou fundidas deverão, no
partidária. prazo de 30 (trinta) dias, apresentar no Tribunal
Superior Eleitoral comprovação do pedido de
§ 2º Quando o município abarcar mais de uma cancelamento de contas bancárias e da inscrição
zona eleitoral, o tribunal regional eleitoral no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
designará uma delas para o credenciamento dos (CNPJ), na Secretaria da Receita Federal.
delegados; quando uma zona eleitoral abranger
mais de um município, o credenciamento deverá § 2º O não cumprimento do disposto no parágrafo
ser realizado naquele juízo separadamente, por anterior poderá ensejar a desaprovação das
município. contas dos partidos políticos extintos ou
originários da fusão ou incorporação.
§ 3º Protocolizado o pedido, que deverá conter os
nomes, endereços, números dos títulos de eleitor
e telefones dos delegados, e, se houver, o
número de inscrição na Ordem dos Advogados Art. 40. Os partidos políticos deverão encaminhar
do Brasil (OAB), o presidente do tribunal ou o juiz ao Tribunal Superior Eleitoral, para anotação, o
eleitoral determinará, conforme o caso, à nome da fundação de pesquisa, doutrinação e
secretaria ou ao cartório eleitoral que proceda à educação política de que trata o inciso IV do art.
anotação. 44 da Lei nº 9.096/95, a indicação do seu
representante legal, número de inscrição no
§ 4º Os delegados credenciados pelo órgão de CNPJ, endereço da sede, telefone, email e fac-
direção nacional representam o partido político símile.
perante quaisquer tribunais ou juízes eleitorais;
os credenciados pelos órgãos estaduais, A Lei 11.964/2008, acrescentou um art.
somente perante o tribunal regional eleitoral e os 15-A à Lei dos Partidos Políticos, que se
juízes eleitorais do respectivo estado, do Distrito encontra assim redigido:
Federal ou território federal; e os credenciados
pelo órgão municipal, perante o juiz eleitoral do
respectivo município (Lei nº 9.096/95, art. 11,
parágrafo único). Art. 15-A. A responsabilidade, inclusive civil,
cabe exclusivamente ao órgão partidário
municipal, estadual ou nacional que tiver
Art. 39. O Tribunal Superior Eleitoral fará imediata
comunicação do trânsito em julgado da decisão dado causa ao não cumprimento da
que determinar registro, cancelamento de obrigação, à violação de direito, a dano a
registro, incorporação e fusão de partido político,
outrem ou a qualquer ato ilícito, excluída a
bem como alteração de denominação e sigla
partidárias à Câmara dos Deputados, ao Senado solidariedade de outros órgãos de direção
Federal, ao cartório competente do Registro Civil partidária. (Incluído pela Lei nº 11.694, de
das Pessoas Jurídicas e aos tribunais regionais 2008).
eleitorais, e estes, da mesma forma, aos juízos
eleitorais.

165
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Os órgãos de direção regionais e eleições municipais diretórios municipais. Por


municipais devem ser comunicados e registrados conta disso, a resolução 19.406/1995 do TSE
no TRE, nos termos do quanto previsto na Lei trata dos diretórios zonais. Dessa forma, a
9.096/1995 e na resolução 19.406/1995, com esses diretórios cabe a competência própria
suas alterações, do TSE. dos diretórios municipais.

Dispõe assim o parágrafo único do art. 10 da


LOPP que: DA CLÁUSULA DE BARREIRA.

Os arts. 12 e 13 da LOPP traz a chamada


Parágrafo único. O Partido comunica à Justiça cláusula de barreira, segundo a qual, o partido
Eleitoral a constituição de seus órgãos de político tem direito a constituir bancada nas casas
direção e os nomes dos respectivos legislativas nas quais tenha eleito representantes,
integrantes, bem como as alterações que desde para a eleição da Câmara dos Deputados,
forem promovidas, para anotação: (Parágrafo tenha obtido apoiamento mínimo de 5% dos
incluído pela Lei nº 9.259, de 9.1.1996) votos apurados, não computados os em branco e
os nulos, distribuídos em, pelo menos um terço
I - no Tribunal Superior Eleitoral, dos dos estados, como o mínimo de 2% o total de
integrantes dos órgãos de âmbito nacional; cada um deles.
(Inciso incluído pela Lei nº 9.259, de 9.1.1996)

Dessa forma, estatui a Lei 9.096/1995 que:


II - nos Tribunais Regionais Eleitorais, dos
integrantes dos órgãos de âmbito estadual,
municipal ou zonal." (Inciso incluído pela Lei Art. 12. O partido político funciona, nas Casas
nº 9.259, de 9.1.1996). Legislativas, por intermédio de uma bancada,
que deve constituir suas lideranças de acordo
O registro dos
com o estatuto do partido, as disposições
diretórios regionais e municipais é realizado
regimentais das respectivas Casas e as
perante os Tribunais Regionais Eleitorais.
normas desta Lei.

Art. 13. Tem direito a funcionamento

ATENÇÃO: Como o Distrito parlamentar, em todas as Casas Legislativas

Federal é proibido de se subdividir em para as quais tenha elegido representante, o

municípios, obviamente não existe nas partido que, em cada eleição para a Câmara

166
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

dos Deputados obtenha o apoio de, no partidos políticos também se submetem a


mínimo, cinco por cento dos votos apurados, vedações.
não computados os brancos e os nulos,
Dispõe a Constituição Federal, em seu art.
distribuídos em, pelo menos, um terço dos
17, § 4º, que: “É vedada a utilização pelos
Estados, com um mínimo de dois por cento
partidos políticos de organização paramilitar.”
do total de cada um deles.
Por outro lado, a Lei dos Partidos
Ocorre, no entanto, que o Supremo Políticos, em seu art. 6º, dispõe que: “É vedado
Tribunal Federal, através das Ações Diretas de ao partido político ministrar instrução militar
Inconstitucionalidade de números 1351-3 e 1354- ou paramilitar, utilizar-se de organização da
8 acabou por declarar inconstitucional, em parte, mesma natureza e adotar uniforme para seus
o art. 13 da Lei dos Partidos Políticos. membros.”

Sobre o assunto, leciona o professor José


Segundo Francisco Dirceu Barros, “Os
Jairo Gomes que: “Ademais, é vedado à
partidos sustentaram, com base no princípio
agremiação em tela receber recursos
da liberdade e da autonomia partidária, que
financeiros de entidade ou governo
uma lei ordinária não pode estabelecer tais
estrangeiros ou subordinar-se a eles. Não
limites ou condições restritivas, submetendo
pode, ainda, empregar organização
os partidos a um tratamento desigual.
paramilitar, ministrar instrução militar ou
Alegam, em síntese, que a submissão do
paramilitar e adotar uniforme para seus
funcionamento parlamentar ao desempenho
membros (CF, art. 17, II, § 4º). Um partido com
de seu partido no período eleitoral viola o art.
tal desenho representaria evidente ameaça ao
17, caput, e parágrafo 1º, da Constituição
regime democrático, pois levantaria
Federal.”43
perigosamente a bandeira de regimes
totalitários.”
DAS VEDAÇÕES AOS PARTIDOS POLÍTICOS.
Por fim, vale, ainda, arrematar esse tópico
Como já afirmado, os partidos políticos
com a lição do professor Francisco Dirceu Barros,
possuem autonomia para atuar, em respeito ao
no seguinte sentido:
princípio da democracia. No entanto, no Estado
Democrático de Direito não existem liberdades e “É vedado a partido e candidato receber direta
autonomias absolutas. Por conta disso, os ou indiretamente, doação em dinheiro ou
estimável em dinheiro, inclusive por meio de
43
Op. cit. p. 368.

167
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

publicidade de qualquer espécie procedente Os partidos políticos detêm o monopólio


de: da candidatura política no sistema eleitoral
brasileiro. Isso significa que somente podem
I – entidade ou governo estrangeiro;
candidatar-se eleitores que estejam filiados a
II – órgão da administração direta e indireta ou partidos políticos há pelo menos 1 ano, contado
fundação mantida com recursos provenientes da data do pleito.
do Poder Público;
Por conta disso, revela-se tamanha a
III – concessionário ou permissionário de importância do estudo da filiação em partido
serviços públicos; político. Por óbvio, só podem filiar-se a partidos
políticos aqueles que estejam no gozo de seus
IV – entidade de direito privado que receba, na
direitos políticos.
condição de beneficiária, contribuição
compulsória em virtude de disposição legal; Dispõe, então, o art. 16 da LOPP que:
“Só pode filiar-se a partido o eleitor que
V – entidade de utilidade pública;
estiver no pleno gozo de seus direitos
VI – entidade de classe ou sindical; políticos.”

VII – pessoa jurídica sem fins lucrativos que Evidentemente, tem decidido o TSE que:
receba recursos do exterior; “Filiação partidária. Pedido de registro. Não
pode filiar-se a partido político quem esteja
VIII – entidades beneficentes e religiosas;
com os direitos políticos suspensos. Matéria
IX – entidades esportivas que recebam suscetível de exame em pedido de registro.
recursos públicos; Ainda não se declarasse a nulidade da
filiação, nessa sede, não haveria como
X – organizações não governamentais que
reconhecer eficácia da filiação, para atender
recebam recursos públicos;
ao requisito da anterioridade de um ano em

XI – organizações da sociedade civil de relação ao pleito, durante o período em que

interesse público.”44 perdurou a suspensão dos direitos.” (Ac.


15.395/98 do TSE, psess de 9.9.98).

Assim, a filiação partidária ocorrerá,


DA FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. basicamente, de acordo com o quanto traçado no
estatuto do partido político, em virtude da
autonomia partidária já tratada neste curso.
44
Op. cit. p. 372.

168
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Dessa forma, dispõe a LOPP que: § 2º Os prejudicados por desídia ou má-fé


poderão requerer, diretamente à Justiça
Art. 17. Considera-se deferida, para todos os Eleitoral, a observância do que prescreve o
efeitos, a filiação partidária, com o caput deste artigo.
atendimento das regras estatutárias do
partido. Art. 20. É facultado ao partido político
estabelecer, em seu estatuto, prazos de
Parágrafo único. Deferida a filiação do eleitor, filiação partidária superiores aos previstos
será entregue comprovante ao interessado, nesta Lei, com vistas a candidatura a cargos
no modelo adotado pelo partido. eletivos.

Art. 18. Para concorrer a cargo eletivo, o Parágrafo único. Os prazos de filiação
eleitor deverá estar filiado ao respectivo partidária, fixados no estatuto do partido, com
partido pelo menos um ano antes da data vistas a candidatura a cargos eletivos, não
fixada para as eleições, majoritárias ou podem ser alterados no ano da eleição.
proporcionais.
Para candidatura, faz-se necessário que o
Art. 19. Na segunda semana dos meses de candidato esteja filiado a partido político há pelo
abril e outubro de cada ano, o partido, por menos um ano. É o princípio da anualidade
seus órgãos de direção municipais, regionais aplicado às candidaturas a cargos eletivos.
ou nacional, deverá remeter, aos juízes Ocorre, no entanto, que é possível que o estatuto
eleitorais, para arquivamento, publicação e do partido exija um prazo maior de filiação para
cumprimento dos prazos de filiação partidária concorrer a cargos eletivos. Obviamente, não se
para efeito de candidatura a cargos eletivos, a permite a fixação de um prazo menor.
relação dos nomes de todos os seus filiados,
da qual constará a data de filiação, o número ATENÇÃO. A declaração de inelegibilidade

dos títulos eleitorais e das seções em que não impede a filiação em partido político. O

estão inscritos. impedimento só irá ocorrer quando além da


inelegibilidade, for decretada a perda ou
§ 1º Se a relação não é remetida nos prazos suspensão dos direitos políticos do
mencionados neste artigo, permanece requerente.
inalterada a filiação de todos os eleitores,
Resolução 23.282 do TSE:
constante da relação remetida anteriormente.

169
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

DA PERDA DE FILIAÇÃO. parágrafo único, da Lei nº 9.096/95, não impõe


àquele que pretende desfiliar-se de um partido
Para que ocorra desfiliação partidária, é
a observância do interregno de 2 (dois) dias
necessário que o filiado faça uma comunicação
para filiar-se a outra agremiação partidária.
escrita ao órgão de direção municipal e ao juiz
Impõe, isto sim, que, para se desfiliar do
eleitoral da zona em que for inscrito. O
primeiro partido, deve ser feita a comunicação
procedimento é bem simples, pois, após 2 dias
escrita a esse e ao juiz eleitoral da zona em
da comunicação realizada para os dois
que for inscrito o candidato. Agravo
destinatários indicados (órgão de direção
regimental desprovido.” (AC. 17.369, de
municipal e ao juiz eleitoral), ocorrerá a
21.11.00, do TSE, RJTSE v. 12, t. 3).
desfiliação em 2 dias.
A precitada decisão faz sentido
A ausência de tal procedimento poderá
juntamente com a análise do parágrafo único do
inviabilizar a candidatura do requerente, uma vez
art. 22 da Lei 9.096/95, que estabelece:
que pode ser entendida como dupla filiação no
caso em que decida de candidatar por outro
partido político.
Quem se filia a outro partido deve fazer
comunicação ao partido e ao juiz de sua
respectiva Zona Eleitoral, para cancelar sua
Dispõe o art. 20 da LOPP que:
filiação; se não o fizer no dia imediato ao da

Art. 21. Para desligar-se do partido, o filiado nova filiação, fica configurada dupla filiação,

faz comunicação escrita ao órgão de direção sendo ambas consideradas nulas para todos

municipal e ao Juiz Eleitoral da Zona em que os efeitos

for inscrito. Dessa forma, é possível a imediata


adesão a outro partido político. Não há
Parágrafo único. Decorridos dois dias da data
necessidade de se aguardar os dois dias após a
da entrega da comunicação, o vínculo torna-
comunicação. Em verdade, pode ocorrer a
se extinto, para todos os efeitos.
filiação a um novo partido político sem a anterior
Sobre o assunto, encontra-se interessante desfiliação do outro partido, desde que, no dia
decisão do TSE, no seguinte sentido: “Recurso seguinte à nova filiação sejam comunicados o
especial. Agravo regimental. Registro de anterior partido político e o Juiz eleitoral da zona
candidatura. Filiação partidária. Duplicidade. correspondente à filiação do requerente.
Não-ocorrência. O disposto no art. 21,

170
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Na dupla filiação, ambas as filiações são ano da eleição (Lei n° 9.096/95, art. 20, caput e
declaradas nulas. parágrafo único).

§ 2º Os militares, magistrados, membros dos


Por fim, estabelece, ainda, os casos de
tribunais de contas e do Ministério Público devem
desfiliação partidária em seus art. 22, no seguinte observar as disposições legais próprias sobre
sentido: prazos de filiação.

Art. 3º São hipóteses de cancelamento imediato


O cancelamento imediato da filiação partidária da filiação partidária:
verifica-se nos casos de:
I – morte;
I - morte;
II – perda dos direitos políticos;
II - perda dos direitos políticos;
III – expulsão;
III - expulsão;
IV – outras formas previstas no estatuto, com
IV - outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo de
comunicação obrigatória ao atingido no prazo quarenta e oito horas da decisão (Lei nº 9.096/95,
de quarenta e oito horas da decisão. art. 22, I a IV).

Art. 4º Na segunda semana dos meses de abril e


outubro de cada ano, o partido, por seus órgãos
RESOLUÇÃO 23.117 TSE de direção municipais, regionais ou nacional,
enviará à Justiça Eleitoral para arquivamento,
CAPÍTULO I publicação e cumprimento dos prazos de filiação
para efeito de candidatura, a relação atualizada
Das Disposições Gerais
dos nomes de todos os seus filiados na
Art. 1º Somente poderá filiar-se a partido o eleitor respectiva zona eleitoral, da qual constará,
que estiver no pleno gozo de seus direitos também, o número dos títulos eleitorais e das
políticos (Lei nº 9.096/95, art. 16), ressalvada a seções em que estão inscritos e a data do
possibilidade de filiação do eleitor considerado deferimento das respectivas filiações (Lei nº
inelegível (Ac.-TSE nos 12.371, de 27 de agosto 9.096/95, art. 19, caput).
de 1992, 23.351, de 23 de setembro de 2004 e
§ 1º Se a relação não for submetida nos prazos
22.014, de 18 de outubro de 2004).
mencionados neste artigo, será considerada a
Art. 2º Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor última relação apresentada pelo partido.
deverá estar filiado ao respectivo partido pelo
§ 2º Os prejudicados por desídia ou má-fé
prazo mínimo definido em lei antes da data fixada
poderão requerer, diretamente ao juiz da zona
para as eleições majoritárias ou proporcionais.
eleitoral, a intimação do partido para que cumpra,
§ 1º O partido político pode estabelecer, em seu no prazo que fixar, não superior a 10 (dez) dias, o
estatuto, prazos de filiação partidária superiores que prescreve o caput deste artigo, sob pena de
ao definido em lei, para a candidatura a cargos desobediência.
eletivos, os quais não poderão ser alterados no

171
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 5º As filiações efetuadas perante órgãos de § 4º Expirado o prazo de validade do órgão de


direção nacional ou estadual, quando admitidas direção partidária, será cancelada
pelo estatuto do partido, deverão ser informadas automaticamente a habilitação de todos os
aos diretórios municipais correspondentes à zona usuários a ele vinculados.
de inscrição do eleitor, com a finalidade de
comunicação à Justiça Eleitoral nos períodos § 5º Estabelecido internamente pelo partido que a
previstos em lei. entrega da relação de filiados de uma ou mais
zonas eleitorais será feita por órgão de direção
CAPÍTULO II diverso do municipal, o representante legal
respectivo deverá requerer sua habilitação para
Do Sistema de Filiação Partidária uso do Filiaweb perante a Corregedoria-Geral ou
Art. 6º O sistema de filiação partidária as corregedorias regionais eleitorais, conforme a
desenvolvido pela Secretaria de Tecnologia da instância partidária, observadas as regras
Informação do Tribunal Superior Eleitoral será definidas nos parágrafos deste artigo, hipótese
utilizado em todo o território nacional, para na qual será cancelada a habilitação de todos os
anotação das filiações partidárias a que se refere usuários de nível municipal ou zonal
correspondentes.
o art. 19 da Lei nº 9.096/95.

Art. 7º Para utilização do Filiaweb, o usuário Art. 8º As relações de que trata o art. 4º desta
deverá estar habilitado perante a Justiça resolução deverão ser elaboradas pelo partido
em aplicação específica do sistema de filiação,
Eleitoral, mediante obtenção de senha.
intitulada Filiaweb, e submetidas à Justiça
§ 1º O representante legal do diretório municipal Eleitoral pela rede mundial de computadores, em
ou zonal, comprovada sua legitimidade para o ambiente próprio do sítio do Tribunal Superior
ato, terá seu número de inscrição eleitoral Eleitoral reservado aos partidos políticos.
cadastrado pelo cartório eleitoral como
administrador do respectivo órgão de direção Parágrafo único. Para efeito do disposto nesta
partidária e obterá a senha provisória para uso do resolução, adotar-se-á a seguinte nomenclatura:
sistema, a ser alterada no primeiro acesso, a qual I – relação interna - conjunto de dados de
ficará sob sua exclusiva responsabilidade. eleitores filiados a partido político, relativos a um
§ 2º O usuário habilitado na forma do § 1º deste município e zona eleitoral, destinada ao
artigo poderá fazer o cadastramento, em gerenciamento pelo órgão partidário responsável
ambiente específico do Filiaweb, de outros por seu fornecimento à Justiça Eleitoral;
administradores e operadores do sistema. II – relação submetida - relação interna liberada
§ 3º O sistema de filiação fará o controle do pelo órgão partidário para processamento pela
período de validade da composição do diretório Justiça Eleitoral;
partidário, de acordo com a documentação III – relação fechada - situação da relação
apresentada perante o cartório ou, desde que submetida pelo órgão partidário após o
haja viabilidade técnica, a partir de banco de encerramento do prazo legal para fornecimento
dados de gerenciamento de informações dos dados à Justiça Eleitoral;
partidárias, na forma estabelecida em instruções
específicas do Tribunal Superior Eleitoral. IV – relação oficial - relação fechada que,
desconsiderados eventuais erros pelo

172
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

processamento, será publicada pela Justiça Parágrafo único. Desconsiderados pelo


Eleitoral e cujos dados servirão de base para o processamento os erros constantes da relação
cumprimento das finalidades legais; fechada, o sistema a converterá em relação
oficial.
V – relação ordinária - relação cujos dados serão
fornecidos pelos partidos políticos nos meses de Art. 11. No processamento levado a efeito pela
abril e outubro de cada ano; Justiça Eleitoral nos meses de abril e outubro de
cada ano será verificada novamente a existência
VI – relação especial - relação cujos dados serão de erros nos registros, bem assim a ocorrência
fornecidos pelos partidos políticos em de duplicidades de filiação.
cumprimento a determinação judicial, nos termos
do § 2º do art. 4º desta resolução. CAPÍTULO III

Art. 9º No momento da elaboração das relações Da Duplicidade de Filiação Partidária


será informada pelo sistema a ocorrência de
eventual erro no registro de dados cadastrais do Art. 12. Detectada duplicidade de filiação, serão
filiado, o que impedirá sua inclusão na relação expedidas, pelo Tribunal Superior Eleitoral,
oficial até que providenciada a correção pelo notificações ao filiado e aos partidos envolvidos.
partido. (artigo alterado pela Resolução nº 23.198, de
16.12.2009.)
§ 1º A submissão de relações ordinárias de
filiados poderá ocorrer a qualquer tempo até o fim § 1º As notificações de que trata o caput serão
do prazo para entrega das relações a que se expedidas por via postal ao endereço constante
refere o art. 19 da Lei nº 9.096/95, a partir do qual do cadastro eleitoral, quando dirigidas a eleitor
será processada a última relação elaborada pelo filiado, e pela rede mundial de computadores, no
partido. espaço destinado à manutenção de relações de
filiados pelos partidos, quando dirigidas aos
§ 2º No último dia do prazo fixado, a submissão diretórios partidários.
de relações de filiados dos partidos políticos pela
Internet dar-se-á até as 19 horas, observado o § 2º A competência para processo e julgamento
horário de Brasília. da duplicidade identificada será do juízo eleitoral
em cuja circunscrição tiver ocorrido a filiação
§ 3º Ultrapassado o prazo estabelecido no § 2º mais recente, considerando-se a data de
deste artigo, a submissão de relações somente ingresso no partido indicada na respectiva
será possível a partir do dia imediato, relação.
considerando-se os respectivos dados apenas
para o processamento subsequente. § 3º As partes envolvidas terão o prazo de 20
(vinte) dias para apresentar resposta, contados
Art. 10. Expirado o prazo legal destinado à da realização do processamento das
entrega dos dados, a relação interna submetida informações.
pelo partido terá sua situação modificada para
fechada, a partir da qual o sistema gerará nova § 4º Expirado o prazo de que trata o § 3º deste
relação interna, de idêntico conteúdo, para artigo, nos 10 (dez) dias subsequentes, o juiz
posteriores alterações pelo órgão partidário eleitoral declarará a nulidade de ambas as
responsável. filiações, caso não haja comprovação da
inexistência da filiação ou de regular desfiliação.

173
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

§ 5º Não havendo registro de decisão no Filiaweb prevista no caput deste artigo apenas ao juiz da
até o décimo dia posterior ao prazo estabelecido zona eleitoral em que for inscrito.
no § 4º deste artigo, a situação das filiações será
automaticamente atualizada, passando ambas a § 6º Quando a comunicação de que trata o § 4º
figurar como canceladas, consoante prevê o deste artigo for recebida no cartório após o dia
parágrafo único do art. 22 da Lei nº 9.096/95. imediato ao da nova filiação, o sistema alterará a
situação das filiações anotadas para os partidos
§ 6º Para os fins do disposto no § 1º deste artigo, envolvidos, que passarão a figurar como sub
incumbirá aos partidos políticos orientar seus judice, e gerará ocorrência relativa à duplicidade
filiados a manterem atualizados seus dados de filiações, nos termos da lei, a ser examinada e
cadastrais perante a Justiça Eleitoral. decidida pelo juiz eleitoral competente, na forma
desta resolução.
CAPÍTULO IV
Art. 14. As funcionalidades de reversão de
Da Desfiliação cancelamento e de reversão de exclusão de
Art. 13. Para desligar-se do partido, o filiado fará registro de filiação estarão disponíveis no
Sistema de Filiação Partidária exclusivamente
comunicação escrita ao órgão de direção
municipal ou zonal e ao juiz eleitoral da zona em para cumprimento de determinações judiciais,
que for inscrito. sendo necessária, para utilizá-las, a identificação
do processo em que determinada a providência.
§ 1º A desfiliação comunicada pelo eleitor, (artigo alterado pela Resolução nº 23.198, de
consoante prevê o art. 21 da Lei nº 9.096/95, 16.12.2009.)
deverá ser registrada na relação correspondente
CAPÍTULO V
no sistema de filiação partidária.
Da Disponibilidade das Informações
§ 2º Decorridos dois dias da data da entrega da
comunicação no cartório eleitoral, o vínculo torna- Art. 15. A publicação das relações oficiais de que
se extinto para todos os efeitos. cuida o parágrafo único do art. 10 desta norma se
fará no sítio do Tribunal Superior Eleitoral na
§ 3º Não comunicada a desfiliação à Justiça
Eleitoral, o registro de filiação ainda será Internet, permanecendo os dados disponíveis
considerado, inclusive para o fim de identificação para consulta por qualquer interessado,
de dupla filiação. (parágrafo alterado pela juntamente com serviço de emissão de certidão
Resolução nº 23.198, de 16.12.2009.) de filiação partidária.

§ 4º Quem se filia a outro partido terá até o dia Parágrafo único. O serviço de que cuida o caput
deste artigo estará disponível no sítio do Tribunal
seguinte ao da nova filiação para fazer a
Superior Eleitoral na Internet, ficando autorizada
comunicação, à Justiça Eleitoral, da desfiliação a criação de link de acesso nas páginas dos
ao partido anterior. tribunais regionais eleitorais.

§ 5º Na hipótese de inexistência de órgão Art. 16. A validação da certidão de filiação


municipal ou zonal partidário ou de comprovada partidária emitida na forma do art. 15 desta
impossibilidade de localização de quem o norma será feita com emprego de código de
represente, o filiado poderá fazer a comunicação assinatura digital, baseada em rotina de
autenticação desenvolvida pela Justiça Eleitoral.

174
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 17. No ato da conferência de validade, ou ao serviço judiciário, implicará


deverão ser informados o número de inscrição, a responsabilidade civil e criminal e imediato
data e o horário de emissão e o código descredenciamento dos usuários, além das
alfanumérico constantes da certidão emitida. sanções cabíveis.

Parágrafo único. O sistema de validação efetuará Art. 28. A adequada e tempestiva submissão das
o cotejo entre as informações fornecidas pelo relações de filiados pelo sistema eletrônico será
usuário e as constantes da assinatura digital de inteira responsabilidade do órgão partidário.
geradas pela página e arquivada na base de (artigo alterado pela Resolução nº 23.198, de
dados da Justiça Eleitoral. 16.12.2009.)

Art. 23. Em caso de fusão ou incorporação, a Art. 29. A Corregedoria-Geral e as corregedorias


Secretaria de Tecnologia da Informação do regionais eleitorais exercerão supervisão,
Tribunal Superior Eleitoral providenciará a orientação e fiscalização direta do exato
conversão, no Filiaweb, de todas as anotações cumprimento das instruções contidas nesta
de filiação dos partidos políticos envolvidos. resolução.

Parágrafo único. A Corregedoria-Geral Art. 30. A Corregedoria-Geral expedirá


comunicará às corregedorias regionais eleitorais provimentos destinados a regulamentar esta
a providência de que trata o caput deste artigo, resolução, para sua fiel execução.
para idêntica medida em relação aos juízos
eleitorais.

Art. 24. Ocorrendo transferência de domicílio do DA FIDELIDADE E DISCIPLINA PARTIDÁRIAS.


eleitor filiado, o Filiaweb a informará aos
diretórios partidários dos municípios de origem e Para que seja mantido um mínimo de
de destino. coerência. Os estatutos partidários e a Lei dos
Parágrafo único. O filiado somente passará a Partidos Políticos determinam que seja
compor a relação interna de filiados do novo observada a fidelidade partidária, tentando, pois,
município a partir da confirmação realizada pelo
acaba com as intermináveis trocas de partidos,
diretório correspondente no sistema.
considerada pelos mais estudiosos como um
Art. 25. Ocorrendo movimentação de ofício de
ultraje à confiança do eleitorado.
eleitores filiados em decorrência de
desmembramento de zona, o sistema promoverá
Ocorre, no entanto, que em virtude de
as atualizações necessárias nas relações dos
partidos envolvidos. infidelidade partidária, as regras da LOPP
trouxeram apenas punições administrativas, com
Art. 26. Caberá à Corregedoria-Geral o
gerenciamento do Filiaweb, com o apoio da a perda de funções e cargos ocupados pelo
Secretaria de Tecnologia da Informação/TSE. exercente do mandato e que pertencem ao
partido pelo sistema de proporção partidária.
Art. 27. O uso inadequado dos procedimentos
estabelecidos nesta resolução, com a intenção
de causar prejuízo ou lesão ao direito das partes

175
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Além disso, o exercente do cargo só exerça em decorrência da representação e da


poderia sofrer qualquer tipo de sanção se a proporção partidária, na respectiva Casa
infração estiver capitulada como tal no estatuto Legislativa, ao parlamentar que se opuser,
do partido político. Nesses termos, dispõe a Lei pela atitude ou pelo voto, às diretrizes
9.096/95 que: legitimamente estabelecidas pelos órgãos
partidários.

Art. 26. Perde automaticamente a função ou


Art. 23. A responsabilidade por violação dos
cargo que exerça, na respectiva Casa
deveres partidários deve ser apurada e punida
Legislativa, em virtude da proporção
pelo competente órgão, na conformidade do
partidária, o parlamentar que deixar o partido
que disponha o estatuto de cada partido.
sob cuja legenda tenha sido eleito.

§ 1º Filiado algum pode sofrer medida


O TSE, ao responder a consulta de
disciplinar ou punição por conduta que não
número 1.398/2007, realizada pelo então Partido
esteja tipificada no estatuto do partido
da Frente Liberal (PFL), hoje sob o nome de
político.
Democratas (DEM), acabou por entender que,

§ 2º Ao acusado é assegurado amplo direito em verdade, o mandato eletivo pertence ao

de defesa. partido e não ao candidato. Isso significa que


aqueles que não foram fieis à sigla sob a qual
Art. 24. Na Casa Legislativa, o integrante da foram eleitos, terão decretada a perda de seu
bancada de partido deve subordinar sua ação mandato.
parlamentar aos princípios doutrinários e
Sobre o assunto, entende o professor
programáticos e às diretrizes estabelecidas
José Jairo Gomes que: “O caráter ordenador e
pelos órgãos de direção partidários, na forma
moralizante da solução adotada pelo TSE é
do estatuto.
indisfarçável. Para além de frustrar a vontade

Art. 25. O estatuto do partido poderá do eleitor, a intensa mudança de legenda por

estabelecer, além das medidas disciplinares parte dos eleitos falseia a representação

básicas de caráter partidário, normas sobre política e desarticula o quadro partidário,

penalidades, inclusive com desligamento tornando-o ainda mais instável e confuso.”45

temporário da bancada, suspensão do direito


de voto nas reuniões internas ou perda de
todas as prerrogativas, cargos e funções que
45
Op. cit. p. 82.

176
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Vale ressaltar que o Supremo Tribunal TEMPORAL FIXADO EM 27.3.2007. MANDADO


DE SEGURANÇA CONHECIDO E
Federal passou a ter o mesmo entendimento do
PARCIALMENTE CONCEDIDO. 1. Mandado de
TSE, argumentando que pelo princípio da segurança contra ato do Presidente da
Câmara dos Deputados. Vacância dos cargos
soberania popular, o cargo eletivo não pertence
de Deputado Federal dos litisconsortes
ao candidato, mas sim ao partido pelo qual foi passivos, Deputados Federais eleitos pelo
partido Impetrante, e transferidos, por
eleito, como uma medida de garantir a coerência
vontade própria, para outra agremiação no
em sua atuação, nos termos do programa do curso do mandato. 2. Preliminares de carência
de interesse de agir, de legitimidade ativa do
partido pelo qual foi eleito.
Impetrante e de ilegitimidade passiva do
Partido do Movimento Democrático Brasileiro
Dessa forma, vale a pena a leitura da - PMDB: rejeição. 3. Resposta do TSE a
seguinte decisão do Supremo Tribunal Federal consulta eleitoral não tem natureza
jurisdicional nem efeito vinculante. Mandado
sobre fidelidade partidária: de segurança impetrado contra ato concreto
praticado pelo Presidente da Câmara dos
Deputados, sem relação de dependência
necessária com a resposta à Consulta n. 1.398
EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E do TSE. 4. O Código Eleitoral, recepcionado
ELEITORAL. MANDADO DE SEGURANÇA como lei material complementar na parte que
IMPETRADO PELO PARTIDO DOS disciplina a organização e a competência da
DEMOCRATAS - DEM CONTRA ATO DO Justiça Eleitoral (art. 121 da Constituição de
PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. 1988), estabelece, no inciso XII do art. 23,
NATUREZA JURÍDICA E EFEITOS DA entre as competências privativas do Tribunal
DECISÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR Superior Eleitoral - TSE "responder, sobre
ELEITORAL - TSE NA CONSULTA N. matéria eleitoral, às consultas que lhe forem
1.398/2007. NATUREZA E TITULARIDADE DO feitas em tese por autoridade com jurisdição
MANDATO LEGISLATIVO. OS PARTIDOS federal ou órgão nacional de partido político".
POLÍTICOS E OS ELEITOS NO SISTEMA A expressão "matéria eleitoral" garante ao
REPRESENTATIVO PROPORCIONAL. TSE a titularidade da competência para se
FIDELIDADE PARTIDÁRIA. EFEITOS DA manifestar em todas as consultas que tenham
DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA PELO ELEITO: como fundamento matéria eleitoral,
PERDA DO DIREITO DE CONTINUAR A independente do instrumento normativo no
EXERCER O MANDATO ELETIVO. DISTINÇÃO qual esteja incluído. 5. No Brasil, a eleição de
ENTRE SANÇÃO POR ILÍCITO E SACRIFÍCIO deputados faz-se pelo sistema da
DO DIREITO POR PRÁTICA LÍCITA E representação proporcional, por lista aberta,
JURIDICAMENTE CONSEQÜENTE. uninominal. No sistema que acolhe - como se
IMPERTINÊNCIA DA INVOCAÇÃO DO ART. 55 dá no Brasil desde a Constituição de 1934 - a
DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DIREITO representação proporcional para a eleição de
DO IMPETRANTE DE MANTER O NÚMERO DE deputados e vereadores, o eleitor exerce a
CADEIRAS OBTIDAS NA CÂMARA DOS sua liberdade de escolha apenas entre os
DEPUTADOS NAS ELEIÇÕES. DIREITO À candidatos registrados pelo partido político,
AMPLA DEFESA DO PARLAMENTAR QUE SE sendo eles, portanto, seguidores necessários
DESFILIE DO PARTIDO POLÍTICO. PRINCÍPIO do programa partidário de sua opção. O
DA SEGURANÇA JURÍDICA E MODULAÇÃO destinatário do voto é o partido político
DOS EFEITOS DA MUDANÇA DE viabilizador da candidatura por ele oferecida.
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL: MARCO O eleito vincula-se, necessariamente, a
determinado partido político e tem em seu

177
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

programa e ideário o norte de sua atuação, a Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA.


ele se subordinando por força de lei (art. 24, Julgamento: 04/10/2007. Órgão Julgador:
da Lei n. 9.096/95). Não pode, então, o eleito Tribunal Pleno, DIVULG 02-10-2008 PUBLIC
afastar-se do que suposto pelo mandante - o 03-10-2008, EMENT VOL-02335-02 PP-00135).
eleitor -, com base na legislação vigente que
determina ser exclusivamente partidária a
escolha por ele feita. Injurídico é o Por conta do decidido, valendo ressaltar
descompromisso do eleito com o partido - o
que para o Supremo Tribunal Federal, a perda
que se estende ao eleitor - pela ruptura da
equação político-jurídica estabelecida. 6. A não se dá por penalidade, mas sim pelo ônus de
fidelidade partidária é corolário lógico-jurídico trocar de partido sem motivação.
necessário do sistema constitucional vigente,
sem necessidade de sua expressão literal.
Sem ela não há atenção aos princípios Da Fusão, Incorporação e Extinção dos
obrigatórios que informam o ordenamento Partidos Políticos
constitucional. 7. A desfiliação partidária
como causa do afastamento do parlamentar Art. 27. Fica cancelado, junto ao Ofício
do cargo no qual se investira não configura, Civil e ao Tribunal Superior Eleitoral, o registro do
expressamente, pela Constituição, hipótese partido que, na forma de seu estatuto, se
de cassação de mandato. O desligamento do dissolva, se incorpore ou venha a se fundir a
parlamentar do mandato, em razão da ruptura, outro.
imotivada e assumida no exercício de sua
liberdade pessoal, do vínculo partidário que Art. 28. O Tribunal Superior Eleitoral, após
assumira, no sistema de representação trânsito em julgado de decisão, determina o
política proporcional, provoca o cancelamento do registro civil e do estatuto do
desprovimento automático do cargo. A partido contra o qual fique provado:
licitude da desfiliação não é juridicamente
inconseqüente, importando em sacrifício do I - ter recebido ou estar recebendo
direito pelo eleito, não sanção por ilícito, que recursos financeiros de procedência estrangeira;
não se dá na espécie. 8. É direito do partido
político manter o número de cadeiras obtidas
II - estar subordinado a entidade ou
nas eleições proporcionais. 9. É garantido o
governo estrangeiros;
direito à ampla defesa do parlamentar que se
desfilie de partido político. 10. Razões de
segurança jurídica, e que se impõem também III - não ter prestado, nos termos desta
na evolução jurisprudencial, determinam seja Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral;
o cuidado novo sobre tema antigo pela
jurisdição concebido como forma de certeza e IV - que mantém organização paramilitar.
não causa de sobressaltos para os cidadãos.
Não tendo havido mudanças na legislação § 1º A decisão judicial a que se refere este
sobre o tema, tem-se reconhecido o direito de artigo deve ser precedida de processo regular,
o Impetrante titularizar os mandatos por ele que assegure ampla defesa.
obtidos nas eleições de 2006, mas com
modulação dos efeitos dessa decisão para § 2º O processo de cancelamento é
que se produzam eles a partir da data da iniciado pelo Tribunal à vista de denúncia de
resposta do Tribunal Superior Eleitoral à qualquer eleitor, de representante de partido, ou
Consulta n. 1.398/2007. 11. Mandado de de representação do Procurador-Geral Eleitoral.
segurança conhecido e parcialmente
concedido. (MS 26604 / DF - DISTRITO § 3º O partido político, em nível nacional,
FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA. não sofrerá a suspensão das cotas do Fundo

178
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Partidário, nem qualquer outra punição como § 2º No caso de incorporação, observada a


conseqüência de atos praticados por órgãos lei civil, caberá ao partido incorporando deliberar
regionais ou municipais. (Parágrafo incluído pela por maioria absoluta de votos, em seu órgão
Lei nº 9.693, de 27.7.98) nacional de deliberação, sobre a adoção do
estatuto e do programa de outra agremiação.
§ 4o Despesas realizadas por órgãos
partidários municipais ou estaduais ou por § 3º Adotados o estatuto e o programa do
candidatos majoritários nas respectivas partido incorporador, realizar-se-á, em reunião
circunscrições devem ser assumidas e pagas conjunta dos órgãos nacionais de deliberação, a
exclusivamente pela esfera partidária eleição do novo órgão de direção nacional.
correspondente, salvo acordo expresso com
órgão de outra esfera partidária. (Incluído pela § 4º Na hipótese de fusão, a existência legal
Lei nº 12.034, de 2009) do novo partido tem início com o registro, no
Ofício Civil competente da Capital Federal, do
§ 5o Em caso de não pagamento, as estatuto e do programa, cujo requerimento deve
despesas não poderão ser cobradas ser acompanhado das atas das decisões dos
judicialmente dos órgãos superiores dos partidos órgãos competentes.
políticos, recaindo eventual penhora
exclusivamente sobre o órgão partidário que § 5º No caso de incorporação, o instrumento
contraiu a dívida executada. (Incluído pela Lei nº respectivo deve ser levado ao Ofício Civil
12.034, de 2009) competente, que deve, então, cancelar o registro
do partido incorporado a outro.
§ 6o O disposto no inciso III do caput
refere-se apenas aos órgãos nacionais dos § 6º Havendo fusão ou incorporação de
partidos políticos que deixarem de prestar contas partidos, os votos obtidos por eles, na última
ao Tribunal Superior Eleitoral, não ocorrendo o eleição geral para a Câmara dos Deputados,
cancelamento do registro civil e do estatuto do devem ser somados para efeito do
partido quando a omissão for dos órgãos funcionamento parlamentar, nos termos do art.
partidários regionais ou municipais. (Incluído pela 13, da distribuição dos recursos do Fundo
Lei nº 12.034, de 2009) Partidário e do acesso gratuito ao rádio e à
televisão.
Art. 29. Por decisão de seus órgãos
nacionais de deliberação, dois ou mais partidos § 7º O novo estatuto ou instrumento de
poderão fundir-se num só ou incorporar-se um ao incorporação deve ser levado a registro e
outro. averbado, respectivamente, no Ofício Civil e no
Tribunal Superior Eleitoral.
§ 1º No primeiro caso, observar-se-ão as
seguintes normas: Da Prestação de Contas

I - os órgãos de direção dos partidos Art. 30. O partido político, através de seus
elaborarão projetos comuns de estatuto e órgãos nacionais, regionais e municipais, deve
programa; manter escrituração contábil, de forma a permitir
o conhecimento da origem de suas receitas e a
II - os órgãos nacionais de deliberação dos destinação de suas despesas.
partidos em processo de fusão votarão em
reunião conjunta, por maioria absoluta, os Art. 31. É vedado ao partido receber, direta
projetos, e elegerão o órgão de direção nacional ou indiretamente, sob qualquer forma ou
que promoverá o registro do novo partido. pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou

179
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

estimável em dinheiro, inclusive através de propaganda, publicações, comícios, e demais


publicidade de qualquer espécie, procedente de: atividades de campanha;

I - entidade ou governo estrangeiros; IV - discriminação detalhada das receitas e


despesas.
II - autoridade ou órgãos públicos,
ressalvadas as dotações referidas no art. 38; Art. 34. A Justiça Eleitoral exerce a
fiscalização sobre a escrituração contábil e a
III - autarquias, empresas públicas ou prestação de contas do partido e das despesas
concessionárias de serviços públicos, sociedades de campanha eleitoral, devendo atestar se elas
de economia mista e fundações instituídas em refletem adequadamente a real movimentação
virtude de lei e para cujos recursos concorram financeira, os dispêndios e recursos aplicados
órgãos ou entidades governamentais; nas campanhas eleitorais, exigindo a observação
das seguintes normas:
IV - entidade de classe ou sindical.
I - obrigatoriedade de constituição de
Art. 32. O partido está obrigado a enviar, comitês e designação de dirigentes partidários
anualmente, à Justiça Eleitoral, o balanço específicos, para movimentar recursos
contábil do exercício findo, até o dia 30 de abril financeiros nas campanhas eleitorais;
do ano seguinte.
II - caracterização da responsabilidade dos
§ 1º O balanço contábil do órgão nacional dirigentes do partido e comitês, inclusive do
será enviado ao Tribunal Superior Eleitoral, o dos tesoureiro, que responderão, civil e
órgãos estaduais aos Tribunais Regionais criminalmente, por quaisquer irregularidades;
Eleitorais e o dos órgãos municipais aos Juízes
Eleitorais. III - escrituração contábil, com
documentação que comprove a entrada e saída
§ 2º A Justiça Eleitoral determina, de dinheiro ou de bens recebidos e aplicados;
imediatamente, a publicação dos balanços na
imprensa oficial, e, onde ela não exista, procede IV - obrigatoriedade de ser conservada pelo
à afixação dos mesmos no Cartório Eleitoral. partido a documentação comprobatória de suas
prestações de contas, por prazo não inferior a
§ 3º No ano em que ocorrem eleições, o cinco anos;
partido deve enviar balancetes mensais à Justiça
Eleitoral, durante os quatro meses anteriores e os V - obrigatoriedade de prestação de contas,
dois meses posteriores ao pleito. pelo partido político, seus comitês e candidatos,
no encerramento da campanha eleitoral, com o
Art. 33. Os balanços devem conter, entre recolhimento imediato à tesouraria do partido dos
outros, os seguintes itens: saldos financeiros eventualmente apurados.

I - discriminação dos valores e destinação Parágrafo único. Para efetuar os exames


dos recursos oriundos do fundo partidário; necessários ao atendimento do disposto no
caput, a Justiça Eleitoral pode requisitar técnicos
II - origem e valor das contribuições e do Tribunal de Contas da União ou dos Estados,
doações; pelo tempo que for necessário.

III - despesas de caráter eleitoral, com a Art. 35. O Tribunal Superior Eleitoral e os
especificação e comprovação dos gastos com Tribunais Regionais Eleitorais, à vista de
programas no rádio e televisão, comitês, denúncia fundamentada de filiado ou delegado

180
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

de partido, de representação do Procurador- § 1º. A Justiça Eleitoral pode determinar


Geral ou Regional ou de iniciativa do Corregedor, diligências necessárias à complementação de
determinarão o exame da escrituração do partido informações ou ao saneamento de
e a apuração de qualquer ato que viole as irregularidades encontradas nas contas dos
prescrições legais ou estatutárias a que, em órgãos de direção partidária ou de candidatos.
matéria financeira, aquele ou seus filiados (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.693, de
estejam sujeitos, podendo, inclusive, determinar 27.7.98)
a quebra de sigilo bancário das contas dos
partidos para o esclarecimento ou apuração de § 2º A sanção a que se refere o caput será
fatos vinculados à denúncia. aplicada exclusivamente à esfera partidária
responsável pela irregularidade. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. O partido pode examinar, nº 9.693, de 27.7.98)
na Justiça Eleitoral, as prestações de contas
mensais ou anuais dos demais partidos, quinze § 3o A sanção de suspensão do repasse
dias após a publicação dos balanços financeiros, de novas quotas do Fundo Partidário, por
aberto o prazo de cinco dias para impugná-las, desaprovação total ou parcial da prestação de
podendo, ainda, relatar fatos, indicar provas e contas de partido, deverá ser aplicada de forma
pedir abertura de investigação para apurar proporcional e razoável, pelo período de 1 (um)
qualquer ato que viole as prescrições legais ou mês a 12 (doze) meses, ou por meio do
estatutárias a que, em matéria financeira, os desconto, do valor a ser repassado, da
partidos e seus filiados estejam sujeitos. importância apontada como irregular, não
podendo ser aplicada a sanção de suspensão,
Art. 36. Constatada a violação de normas caso a prestação de contas não seja julgada,
legais ou estatutárias, ficará o partido sujeito às pelo juízo ou tribunal competente, após 5 (cinco)
seguintes sanções: anos de sua apresentação. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009)
I - no caso de recursos de origem não
mencionada ou esclarecida, fica suspenso o § 4o Da decisão que desaprovar total ou
recebimento das quotas do fundo partidário até parcialmente a prestação de contas dos órgãos
que o esclarecimento seja aceito pela Justiça partidários caberá recurso para os Tribunais
Eleitoral; Regionais Eleitorais ou para o Tribunal Superior
Eleitoral, conforme o caso, o qual deverá ser
II - no caso de recebimento de recursos recebido com efeito suspensivo. (Incluído pela
mencionados no art. 31, fica suspensa a Lei nº 12.034, de 2009)
participação no fundo partidário por um ano;
§ 5o As prestações de contas
III - no caso de recebimento de doações desaprovadas pelos Tribunais Regionais e pelo
cujo valor ultrapasse os limites previstos no art. Tribunal Superior poderão ser revistas para fins
39, § 4º, fica suspensa por dois anos a de aplicação proporcional da sanção aplicada,
participação no fundo partidário e será aplicada mediante requerimento ofertado nos autos da
ao partido multa correspondente ao valor que prestação de contas. (Incluído pela Lei nº
exceder aos limites fixados. 12.034, de 2009)

Art. 37. A falta de prestação de contas ou § 6o O exame da prestação de contas dos


sua desaprovação total ou parcial implica a órgãos partidários tem caráter jurisdicional.
suspensão de novas cotas do Fundo Partidário e (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
sujeita os responsáveis ás penas da lei.
(Redação dada pela Lei nº 9.693, de 27.7.98)

181
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Do Fundo Partidário § 5o Em ano eleitoral, os partidos


políticos poderão aplicar ou distribuir pelas
Art. 38. O Fundo Especial de Assistência diversas eleições os recursos financeiros
Financeira aos Partidos Políticos (Fundo recebidos de pessoas físicas e jurídicas,
Partidário) é constituído por: observando-se o disposto no § 1º do art. 23, no
art. 24 e no § 1o do art. 81 da Lei no 9.504, de 30
I - multas e penalidades pecuniárias de setembro de 1997, e os critérios definidos
aplicadas nos termos do Código Eleitoral e leis pelos respectivos órgãos de direção e pelas
conexas; normas estatutárias. (Incluído pela Lei nº 12.034,
de 2009)
II - recursos financeiros que lhe forem
destinados por lei, em caráter permanente ou Art. 40. A previsão orçamentária de recursos
eventual; para o Fundo Partidário deve ser consignada, no
Anexo do Poder Judiciário, ao Tribunal Superior
III - doações de pessoa física ou jurídica, Eleitoral.
efetuadas por intermédio de depósitos bancários
diretamente na conta do Fundo Partidário; § 1º O Tesouro Nacional depositará,
mensalmente, os duodécimos no Banco do
IV - dotações orçamentárias da União em Brasil, em conta especial à disposição do
valor nunca inferior, cada ano, ao número de Tribunal Superior Eleitoral.
eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano
anterior ao da proposta orçamentária, § 2º Na mesma conta especial serão
multiplicados por trinta e cinco centavos de real, depositadas as quantias arrecadadas pela
em valores de agosto de 1995. aplicação de multas e outras penalidades
pecuniárias, previstas na Legislação Eleitoral.
Art. 39. Ressalvado o disposto no art. 31, o
partido político pode receber doações de pessoas Art. 41-A. 5% (cinco por cento) do total
físicas e jurídicas para constituição de seus do Fundo Partidário serão destacados para
fundos. entrega, em partes iguais, a todos os partidos
que tenham seus estatutos registrados no
§ 1º As doações de que trata este artigo Tribunal Superior Eleitoral e 95% (noventa e
podem ser feitas diretamente aos órgãos de cinco por cento) do total do Fundo Partidário
direção nacional, estadual e municipal, que serão distribuídos a eles na proporção dos votos
remeterão, à Justiça Eleitoral e aos órgãos obtidos na última eleição geral para a Câmara
hierarquicamente superiores do partido, o dos Deputados. (Incluído pela Lei nº 11.459, de
demonstrativo de seu recebimento e respectiva 2007)
destinação, juntamente com o balanço contábil.
Art. 42. Em caso de cancelamento ou
§ 2º Outras doações, quaisquer que sejam, caducidade do órgão de direção nacional do
devem ser lançadas na contabilidade do partido, partido, reverterá ao Fundo Partidário a quota
definidos seus valores em moeda corrente. que a este caberia.

§ 3º As doações em recursos financeiros Art. 43. Os depósitos e movimentações dos


devem ser, obrigatoriamente, efetuadas por recursos oriundos do Fundo Partidário serão
cheque cruzado em nome do partido político ou feitos em estabelecimentos bancários
por depósito bancário diretamente na conta do controlados pelo Poder Público Federal, pelo
partido político. Poder Público Estadual ou, inexistindo estes, no
banco escolhido pelo órgão diretivo do partido.

182
MATERIAL TEÓRICO
Direito Eleitoral
João Paulo

Art. 44. Os recursos oriundos do Fundo § 5o O partido que não cumprir o disposto
Partidário serão aplicados: no inciso V do caput deste artigo deverá, no ano
subsequente, acrescer o percentual de 2,5%
I - na manutenção das sedes e serviços (dois inteiros e cinco décimos por cento) do
do partido, permitido o pagamento de pessoal, a Fundo Partidário para essa destinação, ficando
qualquer título, observado neste último caso o impedido de utilizá-lo para finalidade diversa.
limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
total recebido; (Redação dada pela Lei nº 12.034,
de 2009)

II - na propaganda doutrinária e política;

III - no alistamento e campanhas eleitorais;

IV - na criação e manutenção de instituto ou


fundação de pesquisa e de doutrinação e
educação política, sendo esta aplicação de, no
mínimo, vinte por cento do total recebido.

V - na criação e manutenção de programas


de promoção e difusão da participação política
das mulheres conforme percentual que será
fixado pelo órgão nacional de direção partidária,
observado o mínimo de 5% (cinco por cento) do
total. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 1º Na prestação de contas dos órgãos de


direção partidária de qualquer nível devem ser
discriminadas as despesas realizadas com
recursos do Fundo Partidário, de modo a permitir
o controle da Justiça Eleitoral sobre o
cumprimento do disposto nos incisos I e IV deste
artigo.

§ 2º A Justiça Eleitoral pode, a qualquer


tempo, investigar sobre a aplicação de recursos
oriundos do Fundo Partidário.

§ 3º Os recursos de que trata este artigo não


estão sujeitos ao regime da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993. (Parágrafo incluído pela Lei nº
9.504, de 30.9.1997)

§ 4o Não se incluem no cômputo do


percentual previsto no inciso I deste artigo
encargos e tributos de qualquer
natureza. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

183

Вам также может понравиться