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10/01/2018 O caminho da convulsão social — CartaCapital

Política
Artigo

O caminho da convulsão social


por Eugênio José Guilherme de Aragão — publicado 10/01/2018 00h16, última modificação 09/01/2018 12h49

Sem uma saída negociada, será este o desfecho da situação criada pelo golpe
Andrei Leonardo Pacher/Xinhua/Zumapress/Fotoarena

Prefeito de Porto Alegre pede Exército para julgamento de Lula

A inocência política subiu no telhado. Em 2017, o golpe parlamentar-judicial-midiático manifestou-se com toda sua perversidade: venda do
País, manobras para inviabilizar a responsabilização de atores políticos, extinção de direitos e desvio sistemático de recursos públicos para a
compra de bancadas inteiras para aprovação de sórdidos projetos de lei e para bloqueio do recebimento de denúncias criminais contra o
traidor Michel Temer.

Para piorar o quadro de deterioração da estatalidade, o Judiciário perdeu a vergonha de escancarar sua seletividade política. Condenou Lula
sem provas, calcado em meras suposições partidariamente inspiradas e anunciou aos quatro ventos que a apelação teria rito processual
sumaríssimo para reexame da sentença condenatória, já qualificada pelo presidente do tribunal como “irretocável”, mesmo sem tê-la lido.
Procuradores tagarelas tornaram pública sua expectativa de ver Lula preso.

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O desespero dos que promoveram o golpe em 2016 é indisfarçável. Passa-se o tempo e a cada dia ficam mais claras as imorais intenções
dos que apearam Dilma Rousseff da Presidência. Com o desmascaramento dos golpistas, a tendência do eleitorado de votar maciçamente
em Lula nas eleições presidenciais vindouras cresce de pesquisa em pesquisa. E a direita, travestida de centro que não é, não consegue
apresentar um único nome minimamente viável e aceitável para o establishment para fazer o contraponto ao preferido perseguido.

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10/01/2018 O caminho da convulsão social — CartaCapital

Os “representantes do povo” festejam o impeachment (Foto: Andressa Anholete/AFP)

É nesse cenário que se descortina 2018. A pressa de tornar Lula inelegível é enorme. O tribunal que apreciará sua apelação da sentença do
juiz partidário marcou o julgamento para dia 24 de janeiro. Diante da elevada probabilidade de se querer, no TRF, confirmar a condenação, a
sociedade se mobiliza. Porto Alegre vai virar o primeiro palco de enfrentamento do golpe, num ambiente claramente hostil.

O ano político será intenso. De um lado, forças democráticas tentarão consolidar seu avanço sobre o eleitorado, incluindo muitos que foram
iludidos com a propaganda de ódio contra os governos populares e, hoje, conscientes do engodo de que foram vítimas, se juntam aos que
nunca aceitaram o golpe. Do lado oposto, os protagonistas do fraudulento impeachment tentarão criar fatos consumados e, na agenda
imediata do entreguismo, estão o desmonte da Previdência Social, a privatização da Eletrobras e a incorporação agressiva da Embraer à
Boeing.

Com o reajuste do salário mínimo abaixo do índice previsto no Orçamento da União, abre-se nova frente contra os direitos dos trabalhadores.
No entanto, em 2018 a massa assalariada vai conhecer a prática dos estragos sobre seus direitos, com demissões dos celetistas estáveis,
para serem trocados por contratados temporários, sem direito a férias, sem 13° salário, sem licença de gravidez, sem FGTS, sem aviso
prévio, sem seguro-desemprego e com precarização previdenciária.

Perceberá que não terá escolha: ou se submete ao novo regime desprovido de direitos ou ficará desempregada. Trata-se da formalização do
subemprego, a se espalhar rapidamente no mercado, sem amparo sindical.

A indecente campanha publicitária governamental, prevista a custar dezenas de milhões de reais para os contribuintes, vai tentar convencer
que tudo ficou melhor e que o desmonte da Previdência favorecerá os trabalhadores. Jogará com a mentirosa culpabilização dos servidores
públicos, apontados como os causadores do suposto déficit insustentável da seguridade social. Chamá-los-á de privilegiados, mas não
mexerá um dedo nos privilégios de juízes, promotores, delegados, auditores e advogados públicos.

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Ao se aumentar a massa dos que pretendem votar em Lula, o roteiro dos golpistas tende a nos aproximar criticamente da convulsão social.
Mesmo com a mídia trabalhando diuturnamente para iludir a chamada “opinião pública”, será inevitável sentir-se na própria pele o colapso da
qualidade de vida de milhões de brasileiros. E isso será água no moinho da candidatura democrática.

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A resposta dos golpistas à disseminação da insatisfação e ao crescimento do eleitorado pró-Lula vai ser policial e judicial, com maior
criminalização de movimentos sociais e inviabilização completa da candidatura de Lula. Haverá ataques maciços a seu partido, o PT. A
resposta do abismo é mais abismo, até o limite do sustentável pela repressão. Abyssus abyssum invocat.

Mas sempre é bom lembrar duas coisas: uma, como já dizia Lafayette, pode-se fazer muitas coisas com baionetas, menos sentar-se em cima
delas; outra, a história é um processo contínuo e sua marcha é inexorável; quanto mais se reprime, mais a resposta será dura. Se não hoje,
amanhã ou depois. Por isso, a saída negociada ainda é a que oferece menos riscos e pode desembocar num cenário de transição mais
suave. Lula é essa saída. Fechá-la é abrir espaço para o descontrole do processo político, que vitimizará, em primeiro lugar, os repressores e
seus instigadores.

O ano de 2018 será inegavelmente um divisor de águas. Ou se conseguirá seguir na restituição da democracia pelo voto livre ou se
aprofundará o esgarçamento do tecido institucional, com a tentação de se usarem vias alternativas para desalojar do poder quem dele vem se
servindo contra os interesses da maioria das brasileiras e dos brasileiros.

A segunda opção não pode ser descartada se as instituições continuarem a ignorar a vontade política da Nação. E, desta vez, não será a
mídia que logrará engambelar as massas para impedir sua marcha pela devolução da dignidade ao Brasil.

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