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Bditora Maria Cristina Rios Magalhaes Consetho Editorial Prof. Dr. Henriqie Figueiredo Carneird (UNIFOR) Prof. Dr. Paulo Roberto Ceccarelli (PUC-MG) Prof. Dr. Gisallo Cerqueira Filho (UFF) Prof. Dr. Luis Claudio Figueiredo (USP, PUC-SP) Profa. Dra, Elisabeth Roudinesco (Ecole Pratique des Hautes Etudes, FR) Profa. Dra. Ana Maria Rudge (PUC-R)) Jorge Broide Emilia Estivalet Broide Apsicandlise em situagGes sociais criticas: metodologia clinica ¢ intervengdes A transferéncia e o territorio: algumas consideragdes Jorge Broide Introdugao A proposta deste texto é refletir sobre algumas manifes: tages transferenciais que se apresentam no trabalho do psica- nalista em diferentes situagdes sociais criticas. Essa clinica se dé geralmente fora do consultdrio, e multas vezes se encontra encravada nas periferias da cidade, Em consequéncia, é impor- tante avangarmos na compreensio de como se estruturam os lagos sociais no territério ¢ a influéncia que possuem na cons- LUtuigao do sujetto. £ a partir desse entendimento que temos buscado e interagido com diferentes saberes que abordam, de forma contemporsinea e criativa, a vida das grandes cidades.! 1. Ea pattr da prétice de trabalho na Terntorial Esta cansste em um método de pesquisa do terttoro qu entrevisias indvduais © grupais, nas ruas, no comér espagns culirals, ene outtos, © engloba a compreensao do cotdianc local e das diferentes manifestagaes sacais que all ocorrem. implica orga Broide Para abordarmos a questao, apresentaremos duas vinhetas de casos trazidos em supervisdes a uma equipe de uma organizagao nao governamental que trabalha com adolescentes em conflito com a lei, cumprindo medidas socioeducativas em meio aberto. Na cidade de Sao Paulo, todo o trabalho com esses adolescentes é realizado por orga: nizagdes nao governamentais, conveniadas com a prefeitura, no Ambito do Sistema Unico de Assisténcia Social (SUAS). Os adolescentes sdo encaminhados pelo Poder Judiciario. E a esse mesmo poder que as ONGs devem responder através, dos Planos Individuais de Atendimento e relatérios que podem liberd-los, aumentar o tempo das medidas ou solicitar nova internacao para os atendidos. As equipes desenvolvem indimeras atividades que vao do atendimento aos adoles- centes e As familias ao encaminhamento e acompanhamento dos meninos e meninas na precaria rede local (escola, satide etc,), em oficinas profissionalizantes e em outras instituicdes. Pensamos que esses adolescentes, por estarem fortemente enraizados no tecido social, so importantes porta-vozes do territério e dos processos de exclusdo (certamente nao os ‘énicos) das periferias das grandes cidades brasileiras. Sendo assim, as consideragdes que seguem abaixo visam contribuir para o entendimento das relacties entre sujeito e cidade e de como estas se expressam no processo transferencial que se d4 em diferentes ambitos do atendimento, Ccompreender como vivem, moram trabalham as pessoas que circum fem um dado espaco geograiica. Esse conhacimento artcula-se & escula Psicanaitca que abre o caminho para uma reflexao sobre a vida do sujet, © que inclu sua histéria, sua vis80 de presente futuro e seus lagos mais Profundos com a comuniade, Logo, a pluraidade do uriverso socal entra fem cena em cada entrevista reaizada com 3s diferentes pessoas que transtam no espago publica e privado,incluindo-s2, dessa forma, a histria do sujeto &rarratva sobre a tetoric ‘Atransferénca @ o teriério:algumas consideragtes «3 Aigumas considerag6es sobre o territ6rio das periferias das cidades © processo de globalizacso Nao € possivel entender o que ocorre nas periferias das grandes cidades brasileiras sem abordarmos a processo de globalizagao. Por essa razdo, faremos um rapido percurso historico, sem a pretensdo de uma andlise mais aprofundada do tema, visto que isto fugiria do escopo deste texto e exigiria um espaco muito mais amplo e aprofundado. 0 processo de globalizacao nao é algo recente: surge com 0 trabalho coletivo e com a producao da riqueza. Na verdade, esta atrelado ao desenvolvimento da civilizago e determinou, em grande parte, a relagao do Homem com o territério. Como diz Bauman (1999), o ser humano, tanto na luta pela sobrevivencia através da caga e da agricultura de subsisténcia, como depois, enquanto dono dos meios de producao, sempre esteve direta mente ligado ao seu entorno, Mesmo numa relacao de conflito, como ada escravidao e a do trabalho assalariado, o proprietario da terra necessariamente tinha, em fungo do espaco comparti thado, uma relacao direta com a populacdo que trabalhava em suas terras e arredores. Esses lagos foram se complexificando a medida que o fluxo econémico adquiriu maior mobilidade concentragao de capital. Mais tarde, com o processo da industrializacao, o pequeno e médio empresario possuia uma relacao com a populagao local, ainda que muito diferente da anterior, pois jé havia maior mobilidade tanto do capital como do trabalho. Quando o capital se transnacionaliza, 0 foco de decisao se distancia do territ6rio 0 Estado nacional comega a perder soberania, visto que os recursos mobilizados por algumas empresas transnacionais so maiores que o orcamento de varios pafses. 0 compromisso da empresa é cada vex, maior com 0 lucro dos acionistas, em 84 Jorge Broide uma relag3o geralmente andnima, através da bolsa de valores, bairro, a cidade, e 0 Estado nacional ficam cada vez mais distantes. 0 Apice desse processo é 0 capitalismo financetro. Este no tem vinculo algum com 0 territério; migra pelo botao do computador de um pais a outro, em diferentes pontos do planeta em fragdes de segundo. O grande capital ja nao tem ideia de quem vive e como se vive no territério local. Esse processo, no dizer de Sader e Gentile (1995), acompanhado da retirada do Estado dos setores essenciais da sociedade. Nos iiltimos anos, 6 neoliberalismo, ctiado a partir das teorias de Hayek, é implementado inicialmente pelos governos de de Thatcher no Reino Unido e de Reagan nos Estados Unidos e, em seguida, espalha-se pelo mundo. Ao chamado Estado minimo s6 cabe fazer 0 que a iniciativa privada no pode, ou seja, aquilo que nao da luero. Milton Santos (1996), através da geografia humana, mostra-nos os efeitos desse processo histérico. Coloca como essas relagies fazem com que o planeta se estruture por meio de pontos de concentra¢éo econémica nos paises centrais, articulados entre si em rede que penetram 0 territério local ao criarem um mercado para seus produtos. Essa insercao do poder global no local gera, segundo ele, a fragmentacao do territério e descaracteriza a comunicacdo em favor da informagabo. Para Fontenelle (2002), 0s produtos mudaram o seu carter. Sao agora uma experiéncia. Comer um hambirguer é uma experiéneia de inclusao através de uma marca, Estar no McDonald's ¢ estar na estética do mundo globalizado, é sentir o gosto globalizado, a experiéncia da inclusao propiciada pelos paises centrais com suas marcas. Quantas vezes jé nao ouvimos um pai falar orgulhoso que levou o filho no McDonald's? Em seu imaginrio, comer o hambuirguer 6 transmitir a experiéncia de paternidade ao filho. A fungao paterna fica mediada pela marca. Assim, usar um t@nis Nike nao significa simplesmente ter um A transteréncia eo teri: algumas consideractos cy ténis; 6 a possibilidade de sentir-se reconhecido enquanto sujeito. E estar no mundo, é ser alguém. E sair da invisibilidade. ‘Aquele que usa o ténis est tomado pelo imaginario da marca; usé-la, para si, equivale a ser alguém, a ser sujeito. Assim, quando um adolescente rouba um ténis, esta tentando sair de uma experiéncia que 0 toma por inteiro: a da invisibilidade. E essa relagdio com os produtos que, segundo Milton Santos, fragmenta o territério ¢ a relacdo entre as pessoas. 0 que era conhecido nao é mais reconhecido, € a forga do produto, que imaginariamente traz a possibilidade de ser sujeito, afeta o lago social. Esse processo, no entanto, ndo € uniforme: é pleno de contradigies. Por um lado, o territério encontra-se fragmentado e, por outro, estabelece como defesa o espaco da afetividade e da contiguidade, que é onde se dé a solidariedade, o trabalho comunitério, a contrarrede, a rede formada pelo morador, pelas politicas piblicas, pelas ONGs, pela producao cultural realizada nas brechas da cultura da globalizagao, Paderiamos chamar da experiéncia de encontro local, onde esta presente o sujeito, a alteridade, 0 reconheci- mento do outro. Podemos dizer também que 0 processo de globalizacao estabelece novas modalidades de laco social que se expandem e alteram significativamente as relacdes locais. 0 trabalho, no entanto, nao se constitui somente naquilo que vemos. Em cada produto humano, em cada mercadoria, como nos diz, Marx a0 falar do fetichismo da mercadoria, estao presentes e encobertas as relagdes de produgao, as relagoes suciais. Um produto, portanto, traz dentro de si relagdes humanas entre diferentes sujeitos em distintas culturas, Um telefone celular contém ‘matérias-primas, processos produtivos e tecnolégicos de dife- rentes situagdes e paises. S20 as relagdes entre os petroleiras em alto-mar, que por sua vez interagem com os ribeitinhos transformados em operérios na Zona Industrial de Manaus, com todos os fornecedores, com aqueles que comercializam o 66 Jorge Broide telefone no shopping etc. Sao sujeitos e grupos que vao inte- ragindo entre si até o produto final que, por sua vez, entrarao em uma nova cadeia de relagdes sociais, com novos grupos de sujeitos O melhor exemplo disso é um artigo de capa da revista inglesa The Economist que mostra como o telefone celular muda toda a vida no territério, estabelecendo novas relagbes, A matéria exemplifica 0 pescador na Africa que agora, a0 aproximar-se da costa, liga para trés diferentes compradores para saber qual Ihe aga o melhor prego pelo peixe. Eé neste, evidentemente, que ele atraca seu barco. O mesmo ocorre com o pedreiro na periferia das grandes metrépoles, que vende seu trabalho através do telefone celular para alguém em outro lado da cidade. Assim, em um trabalho para a construcéo de algo, existe lum sem niimero de relagdes presentes, mas que nao sao expli citas ou conscientes, Elas emergem no grupo através do latente edo manifesto, através do sintoma, do sonho, do confito etc. E necessario colocé-las o méximo possivel em palavras, no grupo no qual se prope a realizagao da tarefa, Nosso trabalho, enquanto psicanalistas, encontra-se ancorado af, no compromisso com esse sujeito que fala, que est Cindido e alienado no ténis Nike e no hambuirguer. Temos que entender o ténis ¢ 0 hambiirguer como as imagens de sonhos Para onde sao deslocados, condensados e figurados, através de objetos cotidianos e atuais, 0 conffito e o desejo daquilo que ainda nao pode ser dito, ‘Tudo isso nos leva a algumas perguntas: Qual o efeito da retirada do Estado do territorio no processo de implantacao do neoliberalismo? Como isso interfere no cotidiano da vida das pessoas que moram nas periferias? Como se daa luta — de Que nos fala Milton Santos — entre a fragmentaco e dominio. do territério pelos pontos articulados em rede pelos paises centrais_e sua contraposicao pela afetividade e pela contigui- dade? Como se constitui o sujeito nesse territ6rio? transferéncia eo terrério:algumas consideragtes er O proceso de globalizagao © 0 territorio das peniterias brasileiras 0 impacto do processo de globalizagao é muito forte no cotidiano do territorio da periferia, Ele agudiza a situagao de pobreza na medida em que desregulamenta as relacdes de trabalho, diminui a possibilidade de qualificagao profissional e empurra a populacao para 0 trabalho informal. 0 conceito de periferia pode e deve ser utilizado também nas regides centrais da cidade. Trata-se, aqui, de definir esse espago urbano enquanto um lugar sem acesso avs bens sociais e aos ganhos da cultura, pois um condominio fechado com toda a infraestrutura nas regides periféricas da cidade, certamente é um territério central e nao periférico. ; ‘A retirada do Estado da vida das periferias no processo do neoliberalismo teve consequéncias brutais. A auséncia do trabalho formal, associada 4 penetracao do trafico de drogas ¢ ‘outras atividades ilicitas no territério, faz com que se va consti- tuindo uma porosidade cada vez maior entre o mundo formale informal, entre o licito e 0 ilfcto. Como verificaram Vera ‘elles € Daniel Hirata (2007), 0 trabalhador da TV a cabo faz um gato (ligagdo clandestina) para obter uma renda extra; a dona de casa vende CD pirata, ou seja, cada um “se vira” como pode Nos territérios mais conflagrados, dominados pelo trafico de drogas, a populagao ou adere ou encontra-se porta a porta com o mesmo, vivendo uma grande tensao em relagdo ao destino dos filhos e as cenas de violéncia que se dao no cotidiano, Vale aqui um exemplo para ilustrarmos 0 que estamos considerando a porosidade entre o licito e o ilfcito, Em um bairro residencial, universitario e central da cidade de S80 Paulo, hd um farol ao lado de um Banco Itati Personnalité, onde uma mae, acompanhada de dois filhos (um de aproxima- damente 11 anos e outra aparentando 13 anos), vende panos de prato. Ao passar quase todos os dias, as vezes mais de uma 68 Jorge Broide vex pelo local, em virtude de ser préximo 4 minha residéncia, ficava intrigado com os trés. Ao abord; sem chapéu no farol em um di: conversar. Relat: far 0 menino, que estava a de muito sol, comegamos a ‘a que a familia mora na periferia da cidade, ele estuda, a irma também. pal éo senhor que cuida do esta, cionamento dos carros junto 4 porta do banco. Ele ve avental do Itail.Os panos so guardados no estacionamer tem convénio com o banco, a vinte me pelo menos em parte, trabalham juntos, Esse € um bom exemplo de porosidade no territério. Podemos observar que existem aqui diferentes superposigdes O pai esta inserido na legalidade bancéria, ¢ dali observa ¢ Guida da esposa e dos filhos, que estdo expostos a uma situagao de alta vulnerabilidade no farol. Ao mesmo tempo, os filhos estdo na ilegalidade do trabalho infantil violencia da rua, e possivelmente o banco nao sabe que aquele ue euida dos carros de seus clientes configura uma situacao ilegal e possui outra fonte de geracao de renda ali mesmo, Partir de seu trabalho formal. O pessoal do estacionamento a0 lado, solidariamente, também comete uma ilegalidade 20 oferecer abrigo e guardar o material vendido no farol. Os PatrGes, possivelmente, assim como os funciondrios do banco, nao devem saber do fato. Os pals, diferentemente do que ocorre em muitas outras situapBes de abandono, estdo juntos com os filhos, atentos a tudo que ocorre no entorno. Temos fa mesma cena fragmentagao e exposi¢ao a uma situagao de desamparo e, como nos diz Mil Iton Santos, uma rede de vidade e contiguidade, entre a familia e os trabalhadores do estacionamento, Com o tempo, no entanto, o pai saiu do banco € agora também vende panos de prato com a familia, a menina engravidou. As feigdes de todos so cada vez mais duras Aimda no que se refere ao transito no territério, é impor. ‘ante abordar a diferenca que existe entre o periférico des ste um nto que \etros do farol. A situagao, se desvela. Os membros da familia expostos aos perigos e — 6 ‘Atransforénciae o tengo: algumas consideragbes, rogides distantes e das regides centrais da cidade. No pr a caso, deparamo-nos com uma asia de ae e ~ es ciais em que a populacao ainda, em algumas situagbes, pass: Bo rc tr soem anspor eel se Seguros moradia digna etc. As regides centrais da cidade, por outro lado, permitem um transite entre a maa aboot, oa al nento piiblico ou privado — coma circulagao do dinheiro —, areata pole pricks exsanente noi, O mean a menina consumidares de crack no centro da cidade, que se configura também como um territério de profunda exclusao e violéncia, estao ali porque ha uma centralidade, tanto no acesso a0 tipo de droga, como também nas equipes da Secretaria Municipal de Satide e da Assisténcia que os estéo atendendo mo Nocaso da periferia distante do centro fisico da cidade, a auséncia do Estado se radicaliza ainda mais e o contato direto com 0 Estado se da principalmente através da policia, sendo alguns ainda, de uma forma ilegal, por meio da corrupcaio do trafico de drogas, da venda de protecdo, ou mesmo dos grupos de exterminio presentes também no centro da cidade. A diferenca entre as regides centrais e as periféricas longinquas do centro fisico da cidade ¢ que existem menos superposiches de circuitos, menos dferengas nas tiltimas. Essa 6 a razao pela qual a famflia vem de tao longe, onde tudo é igual. Ha pouca tessitura no territério Pensar a psicandlise no territério: algumas reflexes aireto na verti hoje € ron de droges 9 crime oge nizado como um todo, Quania a domino do terrtria pelo tfc, no caso de So Paulo mais especialmente o Pimelro Comando da Capital (PCC) ete &cxatamenteproporional A Es Jorge Bride auséncia do Estado. Quanto menor a presenca deste, maior a Influéncia do PCC. Como dizer a um adolescente que o estudo em uma escola — frequentemente incapaz le representar um conhecimento que permita a operacao em seu mundo — e que © trabalho com parco salario sao melhores do que o trifico de drogas, a venda de produtos ilegais, ou 0 roubo? E importante ressaltar que essas atividades ilicitas no trazem somente um maior ganho em dinheiro. Trazem o que um adolescente mais quer: a adrenalina e a saida da invisihi- lidade. 0 tréfico tem regras rigidas, reconhece um trabalho bbem feito eo saber dos adolescentes, até oferecendo um plano de carreira. Permite acesso aos produtos embleméticos da slobalizacdo como marcas de grife, armas e dinheiro na mao, ue significam 0 acesso & sexualidade, ao status ¢ a0 respeito dos pares, além de capturarem 0 jovem no imaginario da Poténcia. Na verdade, o tréfico de drogas 6, talvez, a empresa que gera a maior mais-valia no mundo contemporaneo, com regras mais rigidas e punigdes mais severas, entre as quals tortura e morte. Essa modalidade de vida, que sustenta 0 mercado do ilfcito, significa importantes ganhos financeiros para os grupos que dominam tas atividades. Estes, no dizer de Feltran (2008), S40 conscientes da importancia dos valores éticos ¢ estéticos ¢ langam com grande eficdcia a uma disputa pela hegemonia cultural do territ6rio, como podemos observar nos costumes ¢ na giria que fazem a apologia do trafico. Essas atividades estdo fortemente arraigadas no territério e abarcam cada vez mais espacos, levando aos habitantes o transita pela porosidade entre o licito eo ilicito E cada vez mais comum nas periferias das cidades o esta- belecimento, pelo trafico de drogas, de tribunais informais (os chamados “debates"), onde os “juizes” so membros do PCC. Ha inclusive a possibilidade de “recurso* dos julgamentos em alguns casos. 0 “tribunal” superior geralmente opera ‘Atransterénca eo terrtéro:algumas corsideragdes n de dentro das prises. Na auséncia de um Poder de iam que regule as relagdes dentro do territério é a essa “Justis que, muitas vezes, a populacao desamparada recorre como tinica e ultima alternativa contra o abuso ea violencia. S40 0 debates ea lei do tréfico que muitas vezes fazem com que caia 0 indice de violénca no territélo, pas que os negdcios io ssjam prejuicados pola ago ca policia para a obtencdo do apoio da populagao. Essa “ordem” vai constituindo regras convivencia e obtendo, junto com o trabalho cultural (risen roupas, gestos, girs), o aval ou conivéncia da populacdo em fungao de ser a tinica fora sreaeaie resent tet ério. Cada vez mais, 08 “irmaos" so chamados para resolver Sofia de acy earn ee 0a eriansas” e outras festas passam a ser organizados pelos “irmaos” com brinquedos, churrascos e miisica para toda comunidade. . (1913), "Psicologia das massas e andlise do ego" (1921) ¢ mmal-estar a civilizasao™ (1930), entre outros, que no iiclo da humanidade, na horda primitiv,o ai poderoso possula (0 monopilio do gozo. A lei surge quando os irmaos quebram esse modelo social, matam o pai e fazem um acordo entre si. Nenhum deles poderd ocupar 0 lugar do pai. & isso que ge um cédigo e uma ética permitindo a miitua convivéncia, Com isso, sto necessérias varias rentincias pressupondo uma orgs nizagdo social que, nos termos atuals, seria a Lei eo Estado. S80 exatamente essas rentincias em nome do coletivo que causam co mal-estar na civillzagao e que esto 0 tempo todo pois enquanto sintomas e ambiguidades nos vinculos e nas relagSes “ee vloléncta sem limite no terstério Fragmentado da periferia tem como uma das consequéncias 2 manutengao do sueito em alerta maximo, Nos teretsrios da exclusio, as relagdes pautadas pelo medo e pelo desamparo conduzirao

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