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LUISA FONSECA TAPIOCA

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


SEMESTRE 2013.1
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – MARIO JORGE

Aula 16/05/2013

SOCIEDADE INTERNACIONAL

Vamos tratar do meio social no qual o Direito internacional público se desenvolve. Temos que lembrar
que o direito é um fenômeno humano, ou seja, é uma expressão cultural da atividade humana. Logo,
para existir direito, é preciso que haja uma comunidade humana, uma sociedade. Isso nos faz retornar
ao brocardo romano que dizia: ubi societas, ubi jus (onde está a sociedade, está o direito). No entanto, o
Direito internacional público é um sistema diferente, não é um sistema de direito próprio como aquele
que somos acostumados a observar, um produto social direto. O sistema de direito internacional é
produzido a partir de normas de conduta que as sociedades humanas, consolidadas numa unicidade,
comunidades humanas autônomas, fazem para regular seus próprios interesses, suas próprias
coexistências, por isso ele é diferente. E onde há um direito há uma sociedade? Em verdade, no que diz
respeito ao direito internacional, olhando de maneira mais severa, não. Porque o Direito internacional
existe, como nós conhecemos, desde o século XVII/XVIII e o fenômeno da sociedade internacional só se
pode considerar efetivamente implementado a partir do século XX, com a criação da ONU. Ele é ainda
hoje, todavia, um fenômeno não efetivamente consolidado. Mas usamos como inspiração de sociedade
internacional, do século XVI para cá, uma representação de um conjunto de potências autônomas
humanas. É esse meio social como fenômeno humano que gera o Direito Internacional que vamos falar
hoje. Primeira coisa que temos que destacar é que tudo que vamos contar aqui exige uma análise com
algumas ressalvas, considerando as diferenças culturais. Houve um tempo em que se podia falar da
história somente a partir da perspectiva do ocidente, mas hoje já não é mais assim. Culturas milenares,
como a hindu ou a chinesa, se desenvolveram sem que se impregnassem termos como democracia,
república, cidadão; tudo isso é o ocidente, a maneira como fomos educados. Mas é perfeitamente
possível o ser humano viver sem saber nada disso. Podemos cair no risco de preconceitos, empregando
o dogma negativo, tido por Rousseau como a intolerância. Quando você se acostuma a utilizar
pensamentos discriminativos, está praticando a intolerância. Estou falando isso para vocês entenderem
que tudo que vamos falar, a pretexto de ser história da humanidade, não é senão a história de um
padrão cultural da humanidade, que, por impor sua hegemonia aos demais, em verdade, ele se diz como
a realidade inexorável do ser humano, ou seja, o ser humano tem que ser democrata, republicano. No
entanto, um hindu tem todo direito de passar a vida toda sem saber tudo isso. Isso que faz com que os
padrões culturais de hoje sejam hegemônicos, fazendo com que nós, ocidentais, fiquemos traídos pelo
pensamento de que somos os donos das verdades humanas, que essas verdades que construímos aqui
são a única maneira de ser válida para o ser humano. Esse pretensiosismo da cultura ocidental é o
calcanhar de Aquiles.

1. OCIDENTE:
a) Eurocentrismo: tudo o que falamos aqui é um Direito internacional criado a partir da Europa.
Por isso, tudo está bastante impregnado de eurocentrismo, a ideia da Europa como centro do
planeta Terra, e talvez até do universo. A cultura ocidental é aquela que surge na Europa e se
expande para os outros mundos, com maior força para as Américas, onde as culturas locais foram

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dizimadas. Tal cultura se expandiu pra outras áreas como a África, com efeitos bastante gravosos,
e Ásia; mas há de se entender que pras Américas foram ainda piores. Os europeus até
encontraram tribos mais desenvolvidas no oeste da América, porém essas culturas também foram
dizimadas. O que se vive na América hoje é um transplante cultural europeu. * A única razão para
chamar a América “não anglo-saxônica” de latina é porque a colonização se deu por Portugal,
Espanha e Igreja (remanescente sobrevivente do império romano – latino).
b) Matriz cultural: a matriz cultural desse ocidente é greco-judaica, mais perceptível através das
projeções dos precedentes pródigos dessas duas culturas em outras. A cultura grega influenciou
muito a cultura romana (quem funda a civilização, assim como nós a conhecemos, são os romanos
cristãos). Os romanos beberam da cultura grega, como se pode ver com os nomes dos deuses.
Então, os romanos, como civilização organizada, são descendentes dos gregos. Já o cristianismo,
que afeta dominantemente o mundo ocidental, é uma dissidência do judaísmo clássico. Isso
porque o cristianismo não explica a si mesmo, senão com fundamento judaico. Todo novo
testamento se justifica no velho testamento, que remete a cultura judaica. Há duas versões de
porque essa matriz foi seguida: uma porque é a melhor, tendo direito de se impor aos outros
como quiser, pois está trazendo a civilização; outra porque há uma violência impositiva da cultura
ocidental sobre as demais.

2. ANTIGUIDADE: as primeiras referências de relações entre comunidades autônomas são


encontradas nos egípcios.
a) Ramsés II, Sumérios: na Antiguidade, já havia normas jurídicas entre comunidades autônomas,
a exemplo de um compromisso firmado entre Ramsés II e os povos Hititas. Todavia, os tratados
existentes nessa época não são manifestações do direito internacional, posto que não havia uma
sociedade internacional; o fenômeno cultural internacional passa a existir, como conhecemos, a
partir de um determinado momento histórico – Europa histórica, séculos XV e XVI, quando se
formam os estados nacionais, que são expressão organizativa e política de uma comunidade
humana, é um padrão cultural. E depois, nos séculos XVII e XVIII, são formados os Estados liberais.
Há o chamado mito do estado nação. Estou falando nisso porque você chamar uma comunidade
humana autônoma de tribo é válido, mas hoje chamamos de Estado. Essa denominação vem
cunhada por um personagem chamado Maquiavel. Estado era a expressão formal justificada na
nação. É um mito cultural tão abstrato e imaginário quanto a Virgem Maria. Ninguém nunca viu
um Estado. Estado nasce da própria concepção do homem sobre si mesmo coletivamente. Então,
quando falo de Direito internacional estou tendo uma ideia a partir da projeção de nações.
Quando se fala Direito internacional está se atraindo em si a percepção cultural. Esse mito se
justifica de uma maneira transcendental. Num primeiro momento, isso cria o Estado absolutista,
aquele que nos lidera por uma determinação transcendental, por razões que não podemos
indicar, mas às quais aderimos; ele nos lidera. E o que significou o Estado liberal na época do seu
surgimento? Uma ruptura com o Estado medieval. No Estado medieval, o dono da terra é dono de
tudo que há sobre ela, projetando-se até sobre os humanos. Quando vem o fenômeno cultural de
transformação desse pensamento, as pessoas não são mais parte da terra, são partes de uma
nação. Assim, deve-se compreender o que é estado como projeção cultural, porque na
Antiguidade as projeções que mais se aproximavam do Estado Moderno, embora não fossem
propriamente estados, eram: a cidade-estado e o imperius, que poderiam ser vistos como
fisicamente iguais aos estados de hoje, mas não eram senão uma expansão dessas cidades, com

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uma cultura subjugando todas as outras e com uma administração centralizada; havia um povo
dominante e outro submisso. Na nação são todos iguais.

b) Romanos: os romanos praticavam relações com seus conviventes, demais comunidades da


época, eles sacralizavam-se, havia cerimônias religiosas celebrando a paz, a guerra.
b.1) Jus feciale: a expansão do Império Romano permitiria a expansão da sua própria cultura,
numa forma de subjugar outros povos. As relações internacionais romanas eram feitas pelo Jus
Feciale, vinculado a atos religiosos. Os bárbaros eram aqueles com quem não se realizavam
tais relações.
b.2) Pax romana: quando eles subjugavam, ofereciam o domínio e a proteção romana. Mas os
romanos eram diferentes de nós, eles viviam bons direito. É importante mostrar isso pra
entender a diferença disso para o estado nação. Na nação, há direito pra todos. E no império
não.
b.3) Jus civile X Jus gentium: jus civile era o direito dos dominantes; e o jus gentium era o
direito dos outros humanos, que não eram da etnia valorizada. Não somos acostumados a
pensar dessa forma; pensamos que somos todos iguais. Já os romanos entendiam que uns
eram melhores que os outros, assim como na natureza. Isso não é invenção só dos romanos,
mas dos gregos também; bárbaros. Os iguais eram a elite ateniense cidadã.

3. IDADE MÉDIA: ainda não há aqui estados nacionais. Há aqui um conglomerado territorial vasto,
tutelado pela igreja.
a) Tutela da Igreja: era quem fazia a guerra e a paz, segundo seus interesses. Os mais amigos da
igreja eram estimulados a nações guerreiras.
b) Paz de Deus: a Igreja, quando “fazia a paz”, sacralizava a paz dentro de uma maneira
transcendental, a paz de deus.
c) Paz de Augsburg: criou-se, entretanto, o protestantismo: doutrina religiosa que se
contrapunha ao catolicismo, levando a uma divisão do poder da Igreja. Então, esse poder
terminou na briga entre católicos e protestantes, descrita como sendo uma guerra das mais
sanguinárias da Europa e que gerou, antes das “pazes” seculares, uma paz religiosa, a paz de
Augsburg. Cada região territorial teria um príncipe católico ou protestante, com poder de
determinar aos seus súditos a religião do seu próprio príncipe. Quem era católico e estivesse em
território protestante deveria ir pra outro; e vice-versa. Tal doutrina também permitiu o
desenvolvimento do iluminismo.

4. PAZ DE WESTFALIA
a) Guerra dos 30 anos – 1648: vem a ser talvez a última das guerras de matriz também religiosa
no ambiente europeu. Exauriu a potência econômica europeia. Da exaustão e da impotência,
nasceu a luz. Um cardeal protestante e outro da igreja lideraram a formação de um tratado que
encerrasse a guerra, um em território católico e outro em território cristão.
b) Ordem de estados para estados: estava declarado que as potências ali se entenderiam como
uma ordem de estado para estados. A ideia de estado, como surge na Europa, surge pela
formação espontânea de alguns estados nacionais (Portugal, Espanha, França), que já estavam
com uma ideia consolidada.
c) Concerto europeu: é como se houvesse uma chancela formal: somos uma ordem de estados
para estados, devemos agir não de acordo com nossas visões individualistas, mas entender o

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direito como uma ordem de potências que devem agir concatenadamente, o concerto europeu.
As potências não tinham mais como se desenvolverem sem levar em conta os interesses das
demais. Como efeito disso, vai caindo por terra o poder da igreja de influenciar nas razões pelas
quais os estados se conduzem.
d) Novos estados – Suíça (surge por razões financeiras), Países baixos (surgem por razões de
autonomia comercial)

- Assim, a paz de Westfalia foram basicamente dois tratados assinados entre a França e o imperador
austríaco-germânico. Determinava que se devesse atribuir a uma potência e a outra um grau de
equivalência (de Estados para Estados).

5. PAZ DE URECHT (1713): consolidação de Westfalia, ratificando o equilíbrio europeu e a declaração


de que não deveria haver hegemonia entre os estados ali conviventes.
a) Equilíbrio europeu
b) Não hegemonia

6. CONGRESSO DE VIENA: apesar dessas “pazes” feitas diante da exaustão, a Europa encontrou
fôlego para novas guerras e, após a revolução francesa, estabeleceu-se nova disputa do regime
liberal francês, ameaçador das potências absolutistas da Europa e a possibilidade de sufocamento
desse novo regime pelos circunvizinhos absolutistas. Isso gerou um choque e acabou havendo o
surgimento de Napoleão que transformou revolucionários em soldados e marchou pela Europa toda.
A revolução francesa veio substituir o estado de Luiz XIV, que dizia “O estado sou eu”, mas terminou
com a mesma frase.
a) Pós Napoleão: Feita a carnificina, a Europa precisou se reorganizar. No congresso de Viena,
produziram-se várias outras organizações territoriais na Europa, permitindo a reelaboração das
fronteiras políticas europeias.
b) Novos estados – Noruega (fazia parte de um conglomerado da Europa), Bélgica, Holanda
c) Santa Aliança (Prússia, Rússia, Áustria - originariamente): tratado de múltipla proteção contra
uma eventual agressão francesa, que era a potência dominante. Consolidou-se porque logo em
seguida a Inglaterra aderiu e até a França, contraditoriamente. Inicialmente, a Santa Aliança
configurava uma aliança de defesa mútua contra a França e depois contra ameaças externas aos
Estados. Tratou-se de um embrião de uma entidade de colegiado de Estados (Sociedade
Internacional), mas não ainda como uma comunidade internacional, que surgiriam com a Liga das
Nações (sendo esta permanente e não organizada apenas no caso de ameaças).
d) Doutrina Monroe (1783): a Rússia exigiu uma indenização de guerra pra França, que lhe deu a
Luisiana como indenização. Assim também ocorria com as Américas com relação a Europa – os
países europeus distribuíam territórios americanos entre si como se fossem donos deles. A
doutrina Monroe veio no sentido de afirmar que não era mais pra os europeus interferirem nas
Américas. Doutrina Monroe – “América para os americanos”, forma dos EUA de manterem a sua
hegemonia sob o continente, hoje através da OEA.

7. 1ª GUERRA: o século XIX foi conturbado pelo socialismo e pela formação nacionalista de dois
estados, a Itália e o Império alemão.

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a) Império alemão: veio a ser o fator principal do surgimento da primeira guerra, a disputa da
hegemonia continental na Europa. * A Alemanha de hoje é mais nova que o brasil. A Alemanha
era liderada pelo império austríaco, que declinou, e o mundo germânico se organizou em torno da
Prússia, um estado mais agressivo. Isso se tornou uma ameaça à hegemonia francesa. O império
alemão gerou a guerra, saiu humilhado, reconstruiu-se com Hitler e fez uma outra guerra, da qual
saíram divididos, e, em 1991, foram reunidos na Alemanha de hoje, que significa a hegemonia do
continente europeu. Quem está dando as regras dentro da Europa? A Alemanha. Era isso que a
França temia. O resultado da Europa: ou vira uma união europeia, com a Alemanha dominante,
ou desfaz a união europeia, com liderança da Alemanha.
b) Liga das nações – CPIJ (Corte Permanente Internacional de Justiça): depois da primeira guerra,
a Europa, mais uma vez exausta, implanta a liga das nações como entidade colegiada destinada a
manter uma paz constante no mundo – pretensões universalistas, mas o que se via naquele
momento era a Europa. E fizeram a corte permanente da justiça
c) URSS: grande protagonista do século XX, segundo Hobsbawn. É uma ideia construída no século
XIX e se consolida e termina no século XX.

8. 2ª GUERRA: os europeus, não satisfeitos com o resultado da primeira guerra, resolveram fazer
outra.
a) ONU – colegialidade, CIJ: entidade definitiva, restauração da liga da nações, com mais
pretensões, porque a guerra envolveu quase o mundo todo. Ela precisa atrair todos.
b) Israel, Índia, China
c) Sociedade internacional: exercício de uma interação interestatal colegiada permanente,
restaurada a corte internacional de justiça. A ONU vive hoje muito criticada

9. GUERRA FRIA
a) 45 a 91 – equilíbrio do terror (dos arsenais nucleares): quando acabou a segunda guerra, o
continente europeu percebeu que aquelas guerras já não eram mais vantajosas. Considerando
que a guerra mostrou-se algo perigoso, as potências então implementadas pensaram: como
continuar a guerra sem perder? Vamos periferizá-la – guerra apenas no papel e em países
periféricos
b) Zonas de influência: As guerras acabaram entrando numa lógica de zonas de influência
comunista e liberais onde diversas guerras aconteceram e acontecem até hoje. Hoje, essa briga
por zonas de influências está se dando por motivos econômicos entre a China e a hegemonia
ocidental.

10. ATUAL:
a) Terrorismo: mudança de ideologia terrorista, que antes existia orientada pelo anarquismo e
pelo marxismo.
b) Islamismo radical: o terrorismo atual é o islâmico. O anarquismo e o comunismo são uma
divergência do ocidente. E o islã remete a Allah, que leva a ser mais radical. Não podemos olhar
para o Islã com preconceito, pois no mundo cristão também ocorrem coisas assim.
c) Doutrina Bush:
c.1) Coalizão: de estados de fora da hegemonia europeia, da hegemonia da ONU
c.2) Ataques preventivos: não se espera estar em perigo para se atacar (BUSH – IRAQUE).

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d) Países fora da lei: doutrina de John Halls. O que é um país fora da lei? Aquele que não é
democrata, não é confiável. Segundo ele, dois países democratas não entram em guerra. Logo, se
você disseminar a democracia em todos os países, estaremos seguros. Democracia é uma
específica maneira de pensar no ocidente e a pretensão dela de ser implementada em todo
mundo deve ser olhada com desconfiança. O calcanhar de Aquiles dessa teoria é a contradição
vivida pela grande democracia, os EUA.
e) Iran, Coreia, Cuba, não organizados
f) Discussão sobre o conselho de segurança

11. FUTURO:

Aula 21/05/2013

ufbadip@gmail.com
senha: ufba2013

Filmes: Abstar, Senhor das Armas, Razões para guerra, Trabalho interno (inside job), A corporação (The
Corporation)

Na aula anterior, falamos sobre uma pretensa sociedade internacional que sustentaria o direito interno
público. Estou dizendo pretensa, mas, sobretudo, desejada. Por isso, é valioso buscar encontrá-la nas
estruturas normativas construídas desde o século XVII. Estávamos explicando o substrato humano de
onde surge o fenômeno do DIP, que, em verdade, devem ser as normas produzidas nas relações
internacionais. Trataremos hoje de como surge esse DIP como conhecemos hoje. Já relembrando o que
falamos na aula passada, como se denomina um determinado conjunto de conhecimentos com isso
direito internacional, você já está tirando nessa nomenclatura o que se deve entender como substrato
para essas normas, direito entre nações, internacional, não intertribal ou interpoval. Internacional está
dizendo que é um direito entre nações e eu falei o que significa a construção imaginária do mito do
Estado nação, da concepção das comunidades humanas autônomas como sendo Estados. Então, quando
você diz direito interno, é o direito das comunidades humanas tal como concebidas na condição de
estado como são hoje, e não podemos imaginar de outra forma, embora seja bastante especulado.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO


1. HISTÓRICO:
a) Jus gentium: quando surge o direito internacional, ele não surge com esse nome. Ele surge no
século XVII, logo em seguida àquele fenômeno que eu falei pra vocês (...). O direito internacional
passa a ter interesse no que diz respeito às relações que as potências faziam entre si, despertando
alguns eruditos do seu estudo. No começo, não chamavam esse direito que se fazia entre as
potências de direito internacional, eles chamavam isso como direito das gentes, aproveitando
uma expressão latina do direito romano, que não dizia respeito a direito de humanos em geral
dentro do império romano, que na verdade não era de todo humano, era preciso ter etnia
romana. O jus gentium era o direito atribuído a outros tantos que não eram romanos, que não
viviam sob o domínio do império romano. Então, essa expressão foi aproveitada por esses
eruditos na Idade Média. Lembrem-se de que, para essas classes eruditas medievais, o
instrumento jurídico era altamente impregnado e fundamentado no direito romano, que tinha
sido recuperado a partir da igreja católica; eles eram romanistas e conhecer o latim era uma
característica daquelas classes eruditas. Esses eruditos sabiam latim, como característica de elite
que eles eram, do mesmo jeito que hoje quem quiser fazer parte de uma elite deve falar inglês.

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Existe uma tentativa de produzir uma língua coletiva, comunitária. Então, esse pessoal começou
chamando esse direito que se fazia entre as potências de direito das gentes.
b) International Law: só no final do século XVII que vem essa denominação, produzida numa obra
de Bentham, um filósofo anglo saxão que passou a usar essa expressão para diferenciá-la do local
law, a lei do estado inglês. E essa expressão se consolida, traduzindo ela uma característica que
diz respeito aos sujeitos, aos estados, considerados como a formalização, consagração da nação
(mito do estado nação – duas faces da mesma moeda). No futuro, a expressão talvez venha a ser
direito dos povos. Esse é o título de um livro do John Halls, bastante atual no que diz respeito aos
países fora da lei e à democracia como valor máximo. Nessa expressão é preciso tomar cuidado,
porque embora a pretensão dela seja enxergar as comunidades humanas por trás das
formalidades do estado, talvez ela até se imponha como termo, como título, mas precisa saber se
ela de fato vai significar o que ela pretende – superar o mundo organizado dos Estados no qual
vivemos hoje. Está certa a expressão direito internacional? Ela continua insuperada. Já se fala há
muitos anos, pelo menos desde a década de 90, na questão do fim do Estado, na questão de que
ele não funciona mais. Tudo isso preenche livros e mais livros. Na prática, o mundo continua
sendo organizado em Estados, não há ainda um meio para superá-lo. As comunidades humanas
não organizadas em Estados ainda não são melhores do que o mundo organizado em Estados.
Está superado dizer que as relações internacionais não são entre nações? A questão do fim das
competências do Estado está voltada, para mim, a uma questão fundamental: Estado,
politicamente, significa o monopólio da violência; todo mundo tem que se entender sem a
violência; quando surge a violência, é preciso que alguém a monopolize, isso só pode ser feito
pelo Estado. A violência é usada porque ela funciona. Ela não é desejada, mas, se não houver um
meio legítimo de impor uma violência maior a quem se utiliza de violência, não se dá pra viver. É
difícil pensar que a sociedade humana consegue viver sem uma ordem legítima que aplaque a
violência. É mais sensato imaginar que a violência vai existir e que vai ter que ter um meio de ser
contida. Problema da moeda – o Estado é um meio de garantir a moeda. Sem essa acumulação
de riquezas, que mundo outro vai se construir para que haja o que sempre existiu na humanidade
– uma hierarquia? Então, o direito dos povos antevê um mundo futuro em que os povos
indígenas, das ONGs (...). Então, um mundo organizado em Estados ainda é mais vantajoso.

2. FUNDADORES
a) Grotius – direito internacional, vontade altera: não é o primeiro a escrever sobre isso, existem
autores contemporâneos e considerados pelo Grotius, mas que não são considerados
sistematizadores (Vitória, Soares, Gentili). É Grotius que começa a procurar uma lógica, aplicar um
método, buscar uma racionalidade na produção das normas internacionais. Ele escreve dois livros
que tratam de assuntos muito relevantes para o direito internacional: um é “Da guerra e da paz”
(das normas que são feitas pra conduzir a guerra e das normas que são feitas pra manter a paz) e
outro é “Da liberdade aos mares” (o mundo era terra de ninguém e ele buscava encontrar uma
justificativa para que os países perseguissem seus interesses em alto mar). Grotius, na sua
tentativa de compreender uma racionalidade dentro das normas de direito internacional, ele
entendia que o direito internacional era fundado no direito natural (jus gentium), que era a base
jurídica fundamental do direito internacional. O direito natural pode ser alterado pela vontade
dos estados, mas prevalece.
b) Puffendorf – direito natural: mais reducionista; considera que a vontade dos estados não
altera o direito natural.

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c) Bynkershoek – direito positivo, mar territorial: muda o enfoque da fundamentação do direito
internacional, mas considera que o direito interno é um direito positivo, ou seja, o que os estados
estabelecem conforme seus interesses e vontades como regra. Mar territorial: defende o ponto
de vista de que uma potência costeira tem direito a um pedaço de mar como sendo do seu
território, um mar territorial, que ele considera que deve ser da largura de um tiro de canhão em
terra. O que ele fazia era o que já havia sendo feito, por direito que o estado tinha de proteger
seu território terrestre.
d) Wolff/Devattel: lançam em definitivo a ideia de que o direito positivo é, de fato, o
fundamento do direito internacional, ou seja, a escola do positivismo prevalece.
d.1) Sociedade natural: Eles entendem que há uma escola natural, uma relação entre estados
que representam uma sociedade natural, porque não estão submetidas a nenhum poder
superior.
d.2) Direito positivo prevalece: Mas as normas que lá são feitas de direito positivo prevalecem
sobre as normas de direito natural.
e) Von Martens: síntese mais completa de uma abordagem doutrinária para o direito
internacional público.
e.1) Direito natural subsidiário: Ele diz que o direito positivo prevalece, mas o direito natural
também atua, ele existe como subsidiário do direito positivo. Introduz a inexorabilidade do uso
da historicidade para compreensão do direito internacional público. A historicidade se firma
nas ciências humanas com Hegel, mais ou menos no século XVII. Ela é fundamental para o
conhecimento das ciências, mesmo nas ciências naturais.
e.2) Historicidade: é fundamental pra entender o direito internacional público. Através dela,
compreende-se a razão da existência das normas.

3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO X DIREITO(s) INTERNO(s): a doutrina internacionalista avança


nessas abordagens, detalhando todas as questões que esses eruditos lançam e é possível encontrar
isso no livro de Celso de Melo. Dentre essas teorias, existe uma muito importante que é a relação
entre o direito internacional público e o direito interno brasileiro, que não pode ser abordada se não
se entende como surge a questão no âmbito desses eruditos. A primeira discussão é se é ou não um
sistema jurídico de fato. Alguns entendem que o direito internacional público é na verdade apenas
uma relação de força, não é direito.
a) Dualismo X Monismo: Todavia, uma vez que estudamos como um direito, como ele se
relacionaria com o direito interno? A primeira coisa que se deve observar é que, na verdade, essa
relação se dá entre o direito internacional público e os direitos internos, e não um direito interno
só. O que acontece é que o direito internacional público tem que ser visto nas suas relações com
os direitos internos, e, portanto, é sensato entender que o DIP estabelece uma relação peculiar
com cada direito interno, ressalvadas as padronizações culturais que existem, sobretudo no
ocidente.
b) Dualismo – não vínculo: A partir disso, no Ocidente, Von Fieper, passou pela primeira
proposta – como se relacionam? Ele disse que são dois sistemas, mas não se misturam. Ou seja,
ele lança a ideia de um sistema dualista. Para as normas internacionais valerem dentro do estado,
é preciso que o estado produza uma norma de processo interno com o mesmo conteúdo. Ou seja,
não se misturam, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
c) Monismo: Outros entenderam que são dois sistemas que estão vinculados (sistema monista).
Aí surge a questão de qual deve predominar, como se dá a vinculação?

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c.1) Internacionalista: Os monistas internacionalistas dizem que a norma internacional
prevalece.
c.2) Nacionalista: Já os monistas nacionalistas, dizem que a norma nacional deve prevalecer,
em nome do interesse da produção da norma pelo próprio povo e de que a norma
internacional é apenas uma parte do sistema nacional e deve ceder a ele (Hellinek). Os regimes
marxistas usam, pelo menos teoricamente, uma ideia de monismo nacionalista (eles fazem
normas internacionais, mas internamente a Constituição diz que nenhuma norma deve
prevalecer se não for dirigida a cumprir a diretriz social do país). Quando surgem essas teorias
extremistas, elas não concordam até surgir uma terceira via.

4. PRÁTICA: elas encontraram uma solução prática. Entende-se que o que se aplica hoje são
versões mitigadas das teorias extremas
a) Monismo moderado/ Dualismo moderado: a tendência é um monismo internacionalista. Mas
a doutrina entende que os países alternam o monismo moderado e o dualismo moderado, de
forma que não se pode avançar na lei da teoria pura se não olhando caso a caso.
b) Inglaterra: quando Von Friepel escreveu sua teoria, ela era exemplificada como dualista por
excelência. Criaram uma cultura de que rei não governa, só é chefe de estado. Uma norma
internacional é assinada pelo rei, mas, se o parlamento não aprova, ela simplesmente não vale.
Por isso, a Inglaterra era vista como dualista. Mas hoje, na prática, se observa que é uma dualista
moderada. De fato, ninguém assina um tratado com a Inglaterra apenas com o rei, ele assina só
no final; quem negocia um tratado com a Inglaterra negocia com o primeiro ministro. Mas quando
ele aprova isso, ele não é alguém que precisa fazer uma lei, ele já é a maioria. Então, na prática,
quem negocia os tratados e assina em primeira mão é o primeiro ministro, que já é a encarnação
da maioria. Ela absorve a norma internacional por um procedimento especial que a vincula com o
seu sistema interno, sem precisar de procedimento interno para validar a norma; o que existe é
uma aproximação entre a maneira como se absorvem as leis internas e externas.
c) França: monista moderada (o tratado entra, não prevalece sobre a Constituição, prevalece
sobre a lei anterior e a lei posterior não altera o tratado).
d) EUA: monista moderado. Isso porque enfrentaram um problema prático quando fizeram sua
federação. Os estados federados, para se tornarem federação, foram submetidos à campanha
política de imprensa. Para impedir que o presidente assinasse uma norma internacional e um
daqueles membros resolvesse não se submeter, eles colocaram na Constituição que o tratado
internacional aprovado pelo presidente e pela maioria do Senado vale para todos, usou o sistema
federativo.
e) Holanda: recentemente, ela assumiu que a norma internacional deve prevalecer inclusive
sobre sua Constituição, levando a admitir que ela está assumindo um monismo internacionalista
pleno. Mas isso tem que ser entendido com reservas, porque ela fez isso visualizando o direito
comunitário europeu, que tende a esse sentido. É bastante pretensioso admitir que a Holanda,
produzindo uma norma dessa com o objetivo de melhor se adequar ao direito comunitário
europeu, venha a se relacionar assim com o Brasil.
f) Brasil: dualismo moderado

Aula 23/05/2013

FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

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1. O PROBLEMA: o DIP é um sistema jurídico. É apenas um sistema jurídico na sua vinculação com os
demais direitos modernos ou é um direito a parte (discussão sobre dualismo e monismo)? Como
estamos falando de um sistema jurídico a parte, temos que lembrar algumas coisas. Esse tipo de
sistema jurídico se instala a partir do momento em que se cria o imaginário cultural para as
comunidades humanas autônomas que se chama estado, estado nação, o mito do estado nação. Há
de se lembrar que as normas do DIP são, de fato, normas instituídas a partir do estado, considerado
como indivíduo por excelência essencial para a construção dos sistemas jurídicos, sobretudo no
Ocidente. No entanto, essas normas são produzidas de forma diferente e os órgãos que as produzem
não são os mesmo órgãos que produzem as normas internas. Ou seja, a produção e a prática do
direito dentro do estado demanda os três poderes e as normas de direito internacional não são
produzidas por esses órgãos. Poder legislativo não existe em direito internacional, nem Poder
Judiciário ou Poder Executivo. Então, essas normas são feitas, mas o aparato do estado não existe
para a produção delas. Aí chegamos ao problema de reconhecer fontes para o DIP. Depois da história
de Westfália, eu disse para vocês que no século XX, depois de muitas guerras, instalou-se a Liga das
Nações com o intuito de manter uma paz permanente, que fracassou, mas não totalmente, pois
estimulou a criação de uma instituição ainda maior (ONU). A ONU é a descendente da Liga das
Nações; ela vem ser uma instituição que pretende a presença colegial de todos os agentes
internacionais, que até hoje são, sobretudo, os estados, de maneira a que se impedissem investidas
bélicas, agressivas, violentas entre os estados, ou seja, manter uma paz permanente internacional,
levando os agentes ou atores internacionais a buscarem soluções pacíficas para suas controvérsias.
Uma das maneiras de fazer isso é instalar um órgão permanente em que os atores devem levar seus
problemas para soluções colegiadas. Ou seja, ninguém mais pode agir de forma individualista, até
mesmo em situações de pretensa ou alegada legítima defesa. Em havendo alguma ação, deve-se
procurar levar à colegialidade. A outra maneira é a construção de uma corte internacional onde os
atores políticos possam, em disputas bilaterais ou mais sectárias, buscar a solução para suas
controvérsias de forma pacífica. É preciso haver alguém que esteja permanentemente disponível
para resolver as controvérsias. Era preciso uma Corte Internacional de Justiça. E aí chegamos
exatamente ao problema. Estabeleceu-se uma corte com objetivo judicante, julgar questões do
outro, sob a inspiração da imparcialidade. Mas quem são esses julgadores? São juízes, ministros,
conselheiros? Na verdade, essas cortes não são poder judiciário, são feitas por juristas eruditos,
escolhidos pelos membros da ONU para fazer funcionar esse tipo de corte. Nem é preciso ser jurista
efetivo, é preciso apenas conhecer o direito internacional. O problema se instaura nesse momento.
Vamos fazer uma corte que não é poder judiciário, mas vai julgar. Vai julgar pelo quê? O poder
judiciário julga pela lei, mas no direito internacional não existe isso. Então, você encarrega algumas
pessoas eruditas de estabelecer julgamentos; eles não são juízes; então, você tem que dá-los um
meio pelo qual eles vão julgar. O que é norma em direito internacional? São as leis? Não, elas são
direitos internos dos estados. O reconhecimento formal das fontes do DIP se tornou um problema a
partir do momento em que se instaurou a corte internacional de justiça. Era preciso dizer o que era
norma ou não.

2. O ART. 38 DO ESTATUTO CIJ:

Artigo 38: A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe
forem submetidas, aplicará:

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a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente
reconhecidas pelos Estados litigantes;
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais
qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono,
se as partes com isto concordarem.

O estatuto da corte internacional de justiça é um protocolo anexo à convenção da ONU. Quando


você faz um código interno, você não precisa dizer o que é norma, mas no direito internacional
precisa. O art. 38 diz o que é norma; ele não está dirigido aos autores internacionais, mas sim aos
julgadores. Remonta também ao século XIX a pretensão de uma codificação do direito internacional.
O cerne da estrutura básica dessa codificação são dois dispositivos: convenção de Viena e esse artigo.

a) Tratados, costume, pgd: Segundo esse artigo, são fontes do DIP tratados, costumes e
princípios gerais do direito.
b) Não há hierarquia: o artigo está dizendo que juízes devem se guiar por essas normas, sem
nenhuma hierarquia.
c) Fontes auxiliares – doutrina, jurisprudência: tal como se acrescenta em direito interno.
d) Equidade, aceite prévio: é possível ou é autorizado emitir julgamentos por equidade, mas é
preciso que haja aceite prévio das partes. É um artigo importantíssimo do ponto de vista de um
sistema frágil como o direito internacional.

3. CLASSIFICAÇÕES DA DOUTRINA
a) Fontes do DIP convencionais – tratados
b) Fontes do DIP não convencionais
b.1) Espontâneas – costume, PGD: não derivam da vontade dos atores internacionais.
b.2) Voluntárias (não estão no art. 38)
 Atos unilaterais: não está porque não precisa essencialmente ser declarada como uma
norma jurídica, porque é um fato/ato jurídico. São ações dos atores no mundo da
sociedade internacional que implicam em estabelecimento de direitos e obrigações.
 Decisões de organizações internacionais: não era presumível quando a corte
internacional de justiça foi feita. Tornaram-se uma das fontes mais importantes do DIP; das
decisões emitidas pelas cortes internacionais – mais convincentes e mais usadas no mundo
colegiado no qual vivemos. Por que só hoje elas estão aqui? Porque a corte de justiça foi
criada junto com a ONU, que era a primeira organização internacional de fato que se
instaurava até o momento. Ao mesmo tempo, essas decisões não são não convencionais,
são decisões tomadas no âmbito de convenções.
b.3) Auxiliares – doutrina, jurisprudência, equidade: alguns autores colocam equidade como
fonte espontânea, mas o professor Mário Jorge não acredita que ela se dê na espontaneidade,
ela é usada em julgamentos, é uma técnica na busca da justiça. Outra fonte citada na doutrina
é a analogia, que, para se afirmar como fonte do DIP, precisava estar aplicada em julgamentos,
por isso que muitos falam nas técnicas de jurisprudência no DIP.

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*Tratados vão ser trabalhados separadamente, porque são mais importantes, na prática, já que são uma
fonte escrita, e, portanto, fazem funcionar melhor o direito. Existem dois sobreprincípios fundamentais
para a funcionalidade do direito: principio da certeza (qual é o direito? qual é a lei?), princípio da
segurança jurídica (havendo a norma, ela de fato deve ser aplicada). Diante de uma civilização escrita,
normas costumeiras são menos seguras. Nossa civilização complexa não pode sobreviver com normas
preferencialmente orais ou normas que não estejam seguramente em arquivos que possam ser
consultados. A norma costumeira pode ser secundom legem, preter legem ou contra legem. A lei não
fala por si mesma, ela é expressão de um fato social. O problema de você dizer que o costume pode
superar a lei é que é difícil dar um exemplo. O único exemplo lembrado é o cheque pré-datado, que é
admitido pelo negociante, mas é um pagamento a vista e pode ser cobrado antes; pode haver um
protesto contra o empresário. O sistema jurídico interno pode ter a pretensão da completude; o
ordenamento jurídico deve pacificar a sociedade, resolvendo todos os seus problemas. Mas, no direito
interno, em qualquer causa, busca-se primeiro a lei, porque ela é a norma dada com a pretensão de
completude, de justiça, de encerrar todas as controvérsias. No direito internacional, é a mesma coisa; a
primeira coisa que o juiz vai analisar é se existe algum tratado entre as partes sobre o assunto. O tratado
é uma expressão de norma voluntária entre as partes. Por isso, é preciso ver antes se as partes não
estabeleceram alguma forma de resolver aquele conflito entre elas.

4. COSTUME: a natureza como norma não é diferente do costume como vocês estão habituados a
entender no direito interno. A diferença é o âmbito de aplicação; os costumes internacionais são
aqueles que se referem às relações entre os estados. Vem a ideia de que há costumes que todos
praticam, quando, na verdade, isso é bastante precário. O costume se manifesta em direito
internacional, sobretudo, em países de aproximação cultural, regional, em determinados tipos de
atividades específicas (navegação, comércio). Ou seja, você vai encontrar os costumes em direito
internacional de modo parcial e sectário. É bastante difícil de encontrar um costume universal, pois,
dentro da nossa sociedade escrita, o costume é uma norma mais frágil de validação do que os
tratados e normas voluntárias.
a) Não convencional reconhecida – direito internacional comum (chamada na doutrina)
b) Longo uso, prática reiterada – opinio júris sive necessitatis (opinião de direito de que essa
norma precisa ser cumprida): como se afirma o costume internacional. O costume deve ser
aplicado pelos tratados. Uma das maneiras de o costume se afirmar não é que ele seja
reconhecido, é que os tribunais o aceitem. Então, a consagração nos tribunais também é
fundamental para a consagração dos costumes (Stolze e Pamplona).
c) Preexistente – prova quem alega: aquele que reclama, que acha que tem direito a uma
determinada prestação e, em sendo resistido, seja por uma parte contrária, seja no julgamento,
terá que provar a existência do costume de várias formas. Poderá provar a prática desses
costumes em diversos atos similares na sociedade internacional ou pela própria outra parte que
está sendo reclamada ou entre as partes.
d) Costume X Tratado – costume pode prevalecer: o costume pode prevalecer ou revogar
tratado? Se você for simploriamente ao artigo, pode-se dizer que sim. Na prática, é preciso
entender isso com bastante reserva. O tratado é uma norma complexa, extensa; no costume você
tem alguma expressão básica com relação ao comportamento, que dificilmente serão capazes de
revogar um tratado, elas podem prevalecer sobre alguns dispositivos dos tratados (isso é que é a
situação mais sensata de se encontrar).

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e) Extinção, tratado, desuso, novo: se o costume sempre existiu, vem de longo uso e é praticado
reiteradamente, então ele sempre vai existir – seria presumível isso. Mas, na verdade, é incorreto.
O costume pode ser extinto. Primeiro: revogado por um tratado implícita ou explicitamente
(melhor para evitar controvérsias). * Não há nada que diga no ordenamento jurídico brasileiro
que há revogação implícita. Outra maneira de o costume ser extinto é entrar em desuso por
obsolescência, por exemplo (navegação por meio da vela). Outra forma é a substituição de um
costume por um novo (navegação por meio da vela).

5. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:


a) Quais? São numerus abertus com relação a referências; não é possível enumerá-los todos.
b) “Nações civilizadas”: houve um tempo em que era fácil determinar isso, sobretudo com o
eurocentrismo. Hoje, você não pode usar essa expressão, senão com uma carga de preconceito e
discriminação.
c) Gerais – cultura: princípios gerais de direito quando aplicados em questões internacionais, não
internas. Princípios gerais, tais como benefícios da própria defesa, não proveito do desastre
alheio, não enriquecimento sem causa, sempre tendo que fazer, nesse tipo de enumeração, a
reserva cultural, pois o que é entendido como princípio geral do direito em determinada cultura
pode não ser assim entendido em outra.

6. ATOS UNILATERAIS: nos traduzem uma ideia de isolacionismo, individualismo, em princípio


repudiado, mas ela não é uma expressão negativa em si mesma.
a) Estado de liberdade: A ação unilateral tem que ser vista como o estado de liberdade que
qualquer agente de direito deve viver na sua sociedade; liberdade como valor divinizado na
cultura ocidental. No ocidente, se pensa que o sistema jurídico, ao regular sociedades, só garante
vantagem ao indivíduo na medida em que lhe garante a liberdade. O direito é um contínuo de
liberdade pontilhado por uma série de restrições (Machado Neto). Então, o que acontece num
ambiente internacional em que não existe Estado pra regular condutas? A vivência no estado
natural significa que cada ator busca seus interesses na medida do que lhe seja apto.
b) Exercício de interesses: a vivência dos estados no estado liberal é exercer seus próprios
interesses. Se você não quer entrar numa sociedade selvagem, deve haver limites. Onde você vai
encontrar esses limites? Nos princípios gerais de direito ditos pelos romanos (viver
honestamente, não lesar ninguém, dar a cada um o que é seu).
c) Não lesar a ninguém: é uma regra jurídica social. Seu estado de liberdade natural, a liberdade
em direito internacional, nos seus atos unilaterais, é limitado pelo princípio do não lesar ninguém.
Esse tipo de percepção leva à noção de responsabilidade internacional.

7. DECISÕES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: normas que estão se tornando mais importantes


nos dias de hoje.
a) Colegialidade: as decisões representam a colegialidade do mundo atual, que vem sendo
construída no intuito de construir uma paz permanente, pelo menos na Europa e nos EUA.
b) Soft Law X Hard law: as decisões de organizações internacionais acabaram por produzir
normas chamadas de soft Law (direito macio, flexível, que passa a ser disseminado a partir da
colegialidade das organizações internacionais). Essa flexibilidade tem duas expressões – uma
delas diz respeito a você produzir normas genéricas que impliquem uma atração maior possível
de destinatários, a outra maneira é fazer uma norma mais rígida, porém permitindo uma adesão

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facultativa ou não. Então, o soft Law. Exemplo da norma de que todos devem colaborar pra evitar
o aquecimento global e da norma de que todos devem reduzir a emissão de carbono.
c) Obrigatórias – facultativas: As próprias decisões da ONU podem ser obrigatórias ou
facultativas. Em princípio, as decisões de organizações internacionais são obrigatórias para os
membros.
d) Membros: Todavia, uma organização como a ONU pretende que elas possam ser aplicadas a
não membros quando estes admitirem, ainda que temporariamente.

8. JURISPRUDÊNCIA: a natureza e o significado de jurisprudência, em direito internacional, não é


diferente do de Direito interno. A diferença é que a expressão latina original significa conhecimento
do direito e, hoje, é utilizada para designar o direito dado pelos juízes. Em direito internacional, está
mais próxima da noção originária dos romanos. Os juízes não são juízes, não são poder judiciário.
Esporadicamente, é possível que a jurisprudência se inspire em temas principiológicos, como direitos
humanos, em constituições, principalmente as mais importantes.
a) Internacional
b) Cortes, constituições

9. DOUTRINAS:
a) Teses, persuasão, consenso: no direito internacional, doutrina consiste em teses que, com
pretensão de persuasão e conhecimento geral, se firmam no momento em que há consenso de
sua aplicação. Doutrina Bush – doutrina do ataque preventivo. É assim que assumem convicção
ou rotulação as teses internacionais que angariam consenso.

10.EQUIDADE: equidade como meio de interpretação.


a) Justiça X Norma: Busca da justiça no caso concreto. Porque os romanos já sabiam que a lei,
embora feita para praticar a justiça, pode não praticar a justiça no caso concreto, uma vez que ela
é geral. A norma dada pelo político, a norma de estado, não pode justificar sua criação, senão
dizendo que é para fazer justiça. Mas, na prática, vê-se que ela consegue praticar injustiça. A
equidade pode ser usada no direito internacional, mas ela é mais volátil na absorção de normas.
Mesmo no direito interno o juiz só pode julgar por equidade quando a lei permite. Por isso, ela é
usada como técnica de integração jurídica.
b) Consulta prévia: Então, no direito internacional, toma-se muito cuidado, pois um julgamento
desse tipo pode gerar controvérsias e há fragilidade de não se conseguir aplicar a decisão. Então,
é preciso consultar previamente as partes.

Aula 04.05.2013
TRATADOS

1. CONCEITO: os tratados são as normas mais importantes, embora não sejam hierarquicamente
superiores. Qual a característica dessa norma? De onde vem a importância dela? É uma norma
escrita que permite, dentro da sistemática da nossa cultura ocidental, que funcionem melhor os
chamados subprincípios da certeza e da segurança jurídica. O princípio da certeza remete a ideia de
qual é a norma, enquanto o princípio da segurança jurídica intenta determinar como aquela norma
há de ser aplicada. Uma norma costumeira, além de ser uma norma de pouco conteúdo, é uma
norma que não vale pelo fato de estar escrita em um lugar, vale por ser aplicada ou não. Como nossa

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civilização se desenvolveu a partir do momento que surgiu a escrita, as normas escritas se tornaram
mais funcionais, no mínimo, para não dizer mais importante. O que são tratados? Tratado é uma
avença entre dois sujeitos de direito internacional público destinada a criar entre eles direitos e
obrigações reciprocamente exigíveis ou juridicamente exigíveis, compulsórios, pois estabelece a
correspondência, interferência, intersubjetiva, que é falada em Introdução ao Estudo do Direito. Esse
conceito não traz nenhuma noção nova, a não ser o destaque que vou fazer aqui para vocês
entenderem que tipo de norma é o tratado. Uma coisa curiosa de se entender numa comunidade
oral é o que é norma, uma vez que, nessas comunidades primitivas, há direito. Como saber numa
comunidade primitiva, oral, o que é norma jurídica e o que não é? Quando nós vivemos numa
sociedade como a de hoje, a norma é uma lei escrita, dada pelo Estado e todo mundo vive
tranquilamente segundo essas determinações genéricas, mas numa comunidade primitiva, saber o
que é norma, costume como norma jurídica, e o que é costume, mas que não é norma jurídica é
complicado, pois é tudo oral. Segundo estudos antropológicos, essa diferenciação é feita a partir de
quando esse tipo de costume implica numa reciprocidade ou não. Costumes que não geram
reciprocidade, segundo o consenso ou imaginário tribal, não seriam uma norma jurídica. Mas isso é
só uma curiosidade. Uma das normas fundamentais das relações internacionais, considerando que
não há um órgão centralizado para dar uma norma cogente, as relações internacionais, na ausência
de normas escritas ou conhecidas sobre determinado comportamento, têm o comportamento das
partes orientado pela reciprocidade.

2. HISTÓRICO DAS FONTES: até mais ou menos o século XIX, final do século XVIII, as normas
predominantes eram os costumes, ainda que pensando só no âmbito europeu. Então, nesse
ambiente, os costumes eram a norma mais constante, considerando que os tratados eram de pouco
alcance e bilaterais. Não se tem uma estrutura centralizada do Estado para determinar uma norma
de conduta compulsória a todos. Então, as normas jurídicas, no direito internacional, são efetivadas a
partir das partes interessadas, de pouco alcance e apenas tratam de alguns assuntos. A partir do
século XIX, passa a se desenvolver mais a prática dos tratados. Hoje, esses tratados ainda são muito
importantes, embora as decisões de organizações internacionais venham se tornando a fonte mais
significante. Claro que elas não vão substituir os tratados, pois as decisões de organizações
internacionais são somente decisões extensivas de tratados, pois as organizações internacionais são
derivadas de tratados.

3. ORAL: é possível tratado oral? Eu acabei de dizer que a funcionalidade melhor do tratado para
nossa cultura é o fato de ele ser uma matriz mais permanente e que melhor orienta as relações
internacionais, por serem normas escritas. E aí, tratado oral no direito internacional pode ser aceito?
Considero irrelevante a questão, só quem fala sobre isso é Celso Albuquerque de Mello. A referência
que ele usa são tratados que os angloamericanos, na época da colônia, faziam com aquelas tribos
indígenas que víamos em filmes de faroeste. Para Celso, o que se tinha ali eram tratados orais. Isso
parece primitivo para nosso interesse, mas eu vou dar a vocês a primeira relevância dessa questão.
Primeiro, por que não botaram o indígena, os aborígenes da América, para assinar tratados? Primeiro
porque ele não sabia escrever e também por uma questão cultural, porque para os indígenas o que
interessa é a palavra dos homens, e não um papel. Há duas relações interessantes ali: os ingleses,
quando começaram a ficar ali, eles fizeram um acordo com os indígenas. Esses indígenas preferiram
os ingleses, mas acabaram subjugados pelos americanos.

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4. CARACTERÍSTICAS DO TRATADO COMO FONTE DO DIREITO: as fontes do direito internacional,
como já vimos, são os tratados, costumes e princípios gerais do direito. Os tratados não são
hierarquicamente superiores às demais fontes do direito internacional, mas são mais importantes.
Isso pode fazer parecer que tratado e lei sejam normas de mesma característica (tratado por ser mais
importante no sistema de direito internacional e lei por ser mais importante no direito interno), mas
não são. A lei é a norma dada por uma representação coletiva com a cogência que deve conduzir a
todos e, inclusive, com uma pretensão de completude e justiça. Já a norma de tratado não é dada
por esse órgão centralizado e o que ela pretende é regular os interesses entre as partes. A
característica da norma de tratado é de uma norma contratual. Lembrem-se da pirâmide de Kelsen:
uma norma inferior encontra seu fundamento numa norma superior. Na parte mais baixa, têm-se as
normas feitas entre particulares – esse é o tipo de normas do tratado.

5. SUJEITOS – ESTADOS, ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: os sujeitos do direito internacional


público são os estados e as organizações internacionais, por excelência. Ou seja, a norma tipo tratado
em direito internacional é produzida por Estados, que são o indivíduo por excelência na sociedade
internacional, e pelos personagens formais que eles criam, as organizações internacionais.

6. CODIFICAÇÃO – CONVENÇÃO DE VIENA – 49, 69, 80Q, 92BR: o desenvolvimento do direito


internacional público como ciência jurídica ou o seu estudo como sistema jurídico a parte vem desde
o século XVII. No século XIX, esses estudiosos eruditos passaram a desejar mais, no intuito de
harmonizar as normas que os países faziam entre si, eles passaram a pretender uma codificação.
Esse tipo de pretensão começa em direito internacional privado. Eles passam a desenvolver estudos
no intuito de codificar o direito internacional privado, mas nunca conseguiram. O que existe de mais
centralizado no direito internacional privado é uma comissão da ONU voltada a tentar codificar o
direito internacional privado. Mas o direito internacional público foi adiante e conseguiu um embrião
de codificação, que permite que o sistema funcione mais estruturado, mais harmonizado, sobretudo
a partir do advento de duas normas: art. 38 da convenção de Haia (fruto da ideia de que, se vamos
ter julgamentos, é preciso saber quais são as normas; vamos estabelecer uma corte, um tribunal
permanente, vão haver juízos que vão julgar por tratados, costumes, princípios gerais do direito, vão
usar jurisprudência e doutrina e julgar por equidade quando as partes permitirem). E foi elaborada
também no intuito de se padronizar as normas elaboradas entre os países a convenção de Viena de
direitos de tratados entre estados, de 1969. A função de uma norma dessa não é enrijecer o sistema,
é padronizar, fazer com que todos os membros da sociedade internacional de boa-fé sejam atraídos
a praticarem suas normas de uma forma padronizada, isso fará o sistema funcionar melhor. Com siso
também se pretende, subsidiariamente, impedir a diplomacia secreta, que é algo impossível de se
impedir, mas que você tem que dar meios para que ela não exista. Então, essa convenção de Viena
de direitos de tratados foi patrocinada pela ONU, com a pretensão de que todos os países da ONU
venham a aderir a ela. Há grande dificuldade de se produzir uma convenção dessa: ela começou a ser
feita em 49, realizada em 69 e só em 80 atingiu quorum. Normalmente, uma comissão de países
fundadores faz um texto, e a partir de determinado número de assinaturas, a norma entra em vigor.
Isso foi alcançado em 80. Em 92, o Brasil aderiu a essa convenção. Quando eu disse que ela não
pretendia enrijecer o sistema, é muito porque ela diz que os tratados antigos são todos válidos, ela
não impede que os membros façam tratados por outra forma que não ela. O que ela pretende é
atrair e padronizar. Então, a convenção de Viena e o art. 38 são o núcleo do embrião de codificação.
Convenção da ONU (paz), com sua carta de direitos humanos e a carta de Haia (norma jurídica), a

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convenção de Viena de relações diplomáticas, consulares (cotidiano das relações internacionais), a
convenção do mar territorial – esse é o núcleo de codificação, que trata das questões principais do
direito internacional.
OBS: Há uma outra convenção de Viena, de 86, que é mais extensiva do que essa, porque é de direito
e tratados entre organizações internacionais e entre organizações internacionais e estados. Essa
convenção emancipa a autonomia jurídica das organizações internacionais.

7. CONVENÇAO DE HAVANA DE DIREITOS E TRATADOS: tem pouquíssimos signatários, mas o Brasil


é. É de 1928 e tem o mesmo conteúdo da convenção de Viena, porém é mais curta e com poucos
signatários.

8. TERMINOLOGIA: quando se fala em nomenclatura, está se referindo normalmente a termos que


são ordenadamente enunciados em lei. Terminologia refere-se ao jargão que é usado no plano
doutrinário.

9. CONVENÇÃO – ACORDO (EXECUTIVO) – CONVÊNIO: não existe, como se diz, diferença


ontológica entre convenção e tratado. Existe diferença de uso prático. Então, chamar um tratado
como o MERCOSUL de convenção não faz diferença nenhuma. Ou seja, os dois termos se referem a
normas de mesma natureza, mas, em geral, o termo convenção é usado para normas plurilaterais,
genéricas, mais ambiciosas. O termo tratado, geralmente, é usado para normas de menos partes,
bilateral, trilateral (o MERCOSUL é, em princípio, de 4 partes, chegando a 5 agora), de conteúdo
menos universal, mais específico, mais dirigido.
Já acordo, geralmente, são denominações dadas a tratados de conteúdo comercial. O que acontece
com os acordos é que, além desse conteúdo comercial, geralmente eles podem ser subsidiários de
outros tratados e, no caso de serem acordos executivos, eles prescindem do que se chama a
ratificação. Boa parte destes acordos não tem ratificação porque se fundamentam em outra norma
internacional superior.
Convênio é um acordo, mas sem conteúdo cultural. Esses convênios de intercâmbio da UFBA estão,
geralmente, fundamentados numa norma que o governo federal faz com os países para que as
universidades façam convênios entre si. Então, não precisa de ratificação.

10. PACTO – CARTA – DECLARAÇÃO: pacto, geralmente, quer dar à norma um atributo de
honorabilidade. Mas não quer dizer outra coisa. Pacto de São José da Costa Rica – protocolo de
direitos humanos da OEA. Por que é chamado de pacto? Exatamente para traduzir a honorabilidade
e os compromissos relevantes que estão firmados naquela convenção, naquele tratado. A declaração
pretende exatamente uma plurilateralidade não recíproca, ou seja, é aquela questão do contrato de
sociedades (existem todos reunidos cujo objetivo maior é unir esforços para atingir um objetivo).
A declaração, geralmente, é um compromisso coletivo no intuito de perseguir e cumprir princípios
maiores. Então, a declaração é usada para momentos importantes do direito internacional. A norma
mais importante do direito internacional é uma declaração – declaração de direitos humanos.
Geralmente, na carta, há a formalização do compromisso com alguns princípios. A declaração dos
direitos da ONU está na Carta de São Francisco.

11. PROTOCOLO – GENTLEMEN AGREEMENT: geralmente é usado para normas subsidiárias,


extensivas, anexas a tratados principais. Então, o tratado de MERCOSUL tem o Protocolo de Ouro

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Preto, por exemplo. A expressão “gentlemen agreement” significa acordo de cavalheiros, é o
compromisso de chefes de Estado de levar adiante determinada disposição. Tem alcance pequeno. A
gente só refere aqui porque era muito usado em direito internacional quando os chefes de Estado
tinham mais autonomia. Não é a mesma coisa que tratado. É como a concordata, que é o tratado do
ponto de vista do Vaticano.

12. ESTATUTO – ATA: estatuto é a norma que estrutura uma organização internacional; um tratado
que cria uma organização internacional deverá ter um estatuto.
Ata se refere a documentos finais de reuniões internacionais importantes de qualquer alcance,
plurilateral, da ONU, entre dois membros, de uma organização internacional, etc.

13. TROCA DE NOTAS – MODUS VIVENDI: correspondência de notificações e consultas entre as


diplomacias dos estados, seja dentro do cumprimento ou descumprimento de um tratado, ou seja
dentro das demais relações não vinculadas em tratados. É um termo relacionado a relações
diplomáticas. Modus vivendi tem a ver com uma prática temporária em determinada relação que
pode ser tratado ou não. Temporariamente se reúne e se revê a lista de como vão ser praticadas as
relações comerciais no MERCOSUL – modus vivendi.

14. VALIDADE: em alguns momentos, vocês vão ver que a convenção de Viena se inspira na
elaboração de suas normas em normas gerais de elaboração de contratos no ocidente, na cultura do
civil Law. Então, vocês vão ver a questão da capacidade e da validade para se elaborar um tratado.
No caso do direito internacional, qual a forma prescrita em lei? Não tem lei.
a) Capacidade, habilitação: o sujeito que lavra o tratado tem que ser capaz, não no sentido de
direito civil, aqui se refere a habilitação do sujeito que negocia e assina o tratado. Aquele que está
negociando o tratado não é o presidente, são delegatários, que fazem comissões, negociações e
estarão naturalmente habilitados para negociar e assinar.
b) Conteúdo: tem que ser de direito internacional público, não pode ser conteúdo de direito
interno.
c) Objeto lícito, possível: não se pode fazer uma norma dessa dizendo que o sujeito faz tratado
do que quiser.
d) Vícios: a questão da elaboração de tratados está sujeita a uma apreciação de vícios (vícios do
consentimento – simulação, erro, coação; não são todos do direito interno brasileiro).

15. CLASSIFICAÇÃO:
a) Bilaterais X Plurilaterais: o tratado não pode ser unilateral, tem que ser pelo menos bilateral.
Plurilaterais sempre sabendo que você pode usar expressões mais específicas - trilateral.
b) Aberto X Fechado: tratado que permite antecipadamente a adesão de terceiros, de outras
partes, é o aberto. Por exemplo, essa convenção de Viena, que foi feita em 69, é uma convenção
aberta, ela quer que todos se comprometam com ela.
c) Normativa X Contratual: geralmente o tratado normativo (diferenciação também doutrinaria)
é aquele que tem afetação ao corpo legislativo de um estado. Tratado contratual não tem
afetação ao corpo legislativo do estado. Por exemplo, o tratado que eu falei sobre Brasil e
Paraguai sobre exploração de Itaipu – é um tratado somente contratual, não tem ela sua natureza
característica de intervir no corpo legislativo dos países. Contrato com Portugal de atribuir
direitos políticos aos cidadãos de um país dentro do outro (Brasil e Portugal) – normativo.

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A convenção de Viena consagrou normas que já eram praticadas – tratados abertos para terceiro,
ela passou a admitir porque já existiam.

16. EFEITOS:
a) Direito para terceiros: Brasil com outros países do cone sul comprometendo-se a dividir
com eles os lucros de algum contrato muito lucrativo que ele faça com outros países – atribui
direitos aos países do cone sul.
b) Obrigações para terceiros: nesse caso, convenção pode atribuir obrigações para
terceiros, se eles consentirem. Eles não vão fazer parte do tratado, mas têm que consentir.
c) Efeitos sobre o direito interno: em direito interno, você pode obrigar sem que se
consinta. A convenção tem um artigo sobre isso que diz que nenhum país pode fundamentar
descumprimento de um tratado alegando norma de direito interno. Isso tem a ver com monismo,
dualismo, etc; a convenção consagra o monismo moderado. Nenhum país pode se esquivar de
cumprir um tratado alegando norma de direito interno, a não ser que seja uma norma
constitucional.
d) Normas imperativas: são aquelas com as quais os Estados estão comprometidos e que
não podem deixar de cumprir. A norma imperativa de hoje, por excelência, são as normas de
direitos humanos da convenção da ONU. Mesmo uma interpretação restritiva dessa convenção
da ONU não é cabível. A pretensão imperativa da declaração de direitos humanos é que: esteja ou
não dentro da ONU, os países estão obrigados, pois elas são o cerne da coexistência pacífica entre
os homens. Talvez hoje as normas ambientais, a indivisibilidade do ambiente natural sejam
elevadas a normas imperativas também. Um tratado preexistente perderá sua validade se vier
uma norma imperativa que contrarie ele.

17.PROCEDIMENTOS DE ELABORAÇÃO DE UM TRATADO: é uma consagração do que já se fazia antes


de reunir na ONU um centro de referência.

18.NEGOCIAÇÃO – TREATY POWER: a negociação vai resultar na assinatura. Treaty Power significa
quem tem poder de elaborar tratados. A negociação deve ser feita por aquele que está delegado
para fazer o tratado. E a assinatura será feita pelo Chefe do Estado ou algum dos seus delegatários.
Existem situações a respeito de quem tem o poder de fazer normas internacionais. Caso do rei da
Inglaterra. Caso do Irã: Constituição que diz que o conselho islâmico é superior a todas as outras
instituições políticas. Outro exemplo são os sistemas comunistas, quando não tinham o mesmo
personagem nas três funções. É preciso identificar quem de fato manda no país.

19.ASSINATURA – IMEDIATA, DIFERIDA, AD REFERENDUM: diferida – após um outro momento de


interesse das partes. Ad referendum – dizer que só vai entrar em vigor quando a assembleia da ONU
aprovar, por exemplo.

20.RATIFICAÇÃO X REFERENDO PARLAMENTAR: ratificação é o segundo momento importante dos


procedimentos de elaboração dos tratados. E mais uma vez temos que voltar aos padrões culturais
ocidentais. O chefe de Estado falava por si mesmo e pelo Estado. Não havia questionamento a
respeito de se o povo se obriga ou não àquela norma. Isso só vem acontecer depois das revoluções
liberais, quando surge a questão de que o povo só se governa por si mesmo. A ratificação é que os
estados aguardem que o povo daquele país confirme, assimile a norma internamente. Daí que o

19
procedimento que implicará numa ratificação posterior é o chamado referendo parlamentar.
Ratificação é um ato ocorrido no direito internacional público; o referendo parlamentar é um
procedimento que ocorre no sistema de direito interno. A ratificação é assumida na convenção de
Viena em razão da prática cultural ocidental. Já se sabe que o sujeito que assina um tratado vai ter
que levar para o parlamento. Então, na ratificação, o país informa que a norma foi entronizada
internamente. Esse referendo, contudo, só faz sentido em alguns países. Na Arábia Saudita, que é
uma monarquia absoluta, não faz sentido, por exemplo. Mas, de qualquer forma, ninguém vai
conferir se o parlamento votou ou não. O sentido dele é que aquele país que antes assinou o tratado
está dizendo que as normas já foram validadas internamente, independentemente de como fez isso.

21.DEPÓSITO – ONU – VIGÊNCIA: o signatário deposita na ONU e depois disso estará garantida a
vigência do tratado para o significado. Quando não tem quorum, tem que esperar até ter. Eu disse
que na convenção de Viena, quando chega ao quórum de 35, a norma entra em vigor. E se depois
alguns se retiram do tratado? A norma continua valendo para os signatários.

22.PUBLICAÇÃO: essa publicação é no boletim da ONU e diz que o país aderiu ao tratado, não é a
publicação do tratado propriamente dito.

23.INTERPRETAÇÃO:
a) Autêntica: feita pelas próprias partes ou, no caso dos plurilaterais, estão nas línguas oficias da
ONU (inglês, espanhol, russo, mandarim...).
b) Jurisdicional: aquela que é dada pelas cortes internacionais, quando já houve julgamentos por
determinados dispositivos.

24. CONFLITO:
a) Identidade, partes: quando os tratados são entre as mesmas partes, então prevalece o mais
novo. Ou seja, Brasil tem um tratado com Argentina em mais adiante, faz outro tratado com a
Argentina sobre a mesma matéria, mas que é contrario ao outro. Vale o novo.
b) Partes diferentes: Quando as partes são diferentes, não tem solução. Tem que se negociar
caso a caso. Antinomias insolúveis. Aconteceu isso na guerra das Malvinas.

25. CLÁUSULAS:
a) Obrigatórias X Facultativas: obrigatórias são as cláusulas que não podem ser esquivadas pelos
signatários. Facultativas são as cláusulas a que a parte pode aderir ou não; ela pode assinar o
tratado e deixar de lado algumas cláusulas não compulsórias.
b) Denúncia, retirada (total): denúncia é quando um país resolve descumprir ou dizer que não vai
cumprir um tratado. A denúncia refere-se ao não cumprimento de uma cláusula de um tratado.
Se essa cláusula é obrigatória, a denúncia implica retirada. Retirada é uma espécie da qual
denúncia é gênero. Se é facultativa, significa que o país não vai mais cumprir mais com aquela
cláusula.

26. EXTINÇÃO:
a) Termo, condição, revogação, caducidade, impossibilidade, novo tratado: termo – prazo de
validade – acabado o prazo, as partes não renovam, acaba o contrato. Condição – o Brasil tinha
um tratado para construir Itaipu; foi feita Itaipu, não tem mais porque perdurar. Revogação – as

20
próprias partes revogam. Caducidade – o tratado torna-se obsoleto. Por exemplo, tratado sobre
armas nucleares entre Rússia e EUA – BUSH não assinou porque disse que as normas que eles
tratavam eram obsoletas, uma vez que as armas já eram outras; mas agora Obama está tendo
que formular um outro tratado. Impossibilidade – vamos dizer que o Brasil tivesse um tratado
com a base de Alcântara para mandar todos os foguetes da América do Sul, mas a base foi
inutilizada. Novo tratado – as partes resolvem não renovar o tratado, fazer um novo.

Aula 11.06.2013

Falamos na aula passada sobre tratados como fonte do direito internacional. Dissemos que essa questão
do confronto dos tratados com o sistema de direito interno é um problema que remonta ao século XVIII,
XIX, quando surgiram as correntes dualista (que considera que o direito interno e o direito internacional
são dois sistemas que não se misturam) e monista (que considera que ambos constituem um só sistema
e então surgem as duas variantes do monismo internacionalista e nacionalista). Disse também que
aquela era apenas a abordagem genérica da questão, que se desdobra dentro da estrutura interna de
cada país. Existe um conflito potencial entre direito internacional público e os direitos internos e o
problema de absorção de normas elaboradas no plano internacional sem participação da estrutura do
Estado, tal como construída no Ocidente, é um problema na verdade de direito interno. No direito
internacional, a lei é elaborada e fim da história. Um país se comprometeu, criou uma expectativa de
que a norma seria aplicada e se ela realmente vai ser ou não é um problema do direito interno de cada
país. Então, o que interessa para nós é o confronto dessas normas de direito internacional com o direito
brasileiro.

1. O PROBLEMA: como o tratado se integra com a lei e com a constituição?


a) Tratado X Lei: Lembremos que na aula anterior falamos sobre o embrião da codificação no
direito internacional, que se firma na convenção de Viena de direito dos tratados, onde foi
assumido o monismo moderado. Comentou-se o que a convenção de Viena fala sobre a interação
entre direito internacional e o direito interno dos países signatários dela – nenhum país poderá
esquivar-se de cumprir um tratado internacional sob alegação de direito interno (dá uma
prevalência para o direito internacional sobre o direito interno), a menos que essa norma alegada
pelo país seja essencial para sua construção normativa (ou seja, sem falar em Constituição, ele
está dizendo que o direito internacional prevalece sobre as normas comuns de direito interno,
mas as constituições podem prevalecer sobre as normas de direito internacional público).
b) Tratado X Constituição: Essa é a corrente assumida pela convenção de Viena, que recebe o
nome de monismo (prevalece o direito internacional) moderado (a menos que seja uma norma
constitucional). A doutrina dominante entende que o Brasil adota o dualismo moderado
(característica da absorção das normas internacionais no Brasil).

2. CF 88
a) Art. 84, VII – Relações internacionais – o art. 4º: está se atribuindo uma competência política,
normativa, de poder.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

21
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.

Está se atribuindo ao órgão presidência da república a competência de manter relações com


estados estrangeiros (compreendem diversas atividades e iniciativas, entre elas, a de elaborar
normas). Nem só de elaboração de normas entre Brasil e os países estrangeiros vivem as relações
interacionais, há também a diplomacia. Há ainda que se determinar como devem ser as relações
internacionais. Art. 4º (aquele a que forem delegadas as funções internacionais terá que proceder
dessa forma). Mercosul. Se o Brasil repudiasse esse tipo de integração, o presidente poderia ser
impugnado a respeito do descumprimento da Constituição nas relações internacionais na maneira
que a Constituição determina, caberia impeachment.
b) Art. 84, VIII – Tratados, convenções, atos unilaterais:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional;

Está se atribuindo o Treaty Power (quem pode elaborar tratados no Brasil – o presidente da
República, sujeitos ao referendo do Congresso Nacional). Isso vem dentro da prática ocidental. Eu
expliquei que tratado e convenção não têm diferença ontológica, existe uma prática de se
denominar alguns como tratados e outros como convenções. Atos são iniciativas menores, que
dizem respeito às iniciativas, inclusive unilaterais, que o país tome nas relações internacionais,
muitas delas assumindo condição de fonte de direito internacional.
c) Art. 49, I – Tratados, acordos, atos, patrimônio:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

Artigo sincrônico com o artigo 84. O Congresso Nacional é um terceiro órgão composto pela
Câmara e pelo Senado. A Constituição não permite que se coloquem palavras vagas. Esse
“acordo” aí tem uma função importante que será tratada mais adiante. Acordos de produção de
normas internacionais que prescindem de ratificação, o próprio acordo tem dentro dele a
dispensa de ratificação, que, dentro da cultura política ocidental, implica que ele não precisa de

22
um referendo parlamentar. Dá a entender que esses tratados, acordos e atos que são gravosos ao
patrimônio nacional têm que ser resolvidos em definitivo pelo Congresso Nacional, deixando
entender que os que não sejam tão gravosos não seriam definitivamente decididos pelo
Congresso Nacional. O professor Mario Jorge concorda com esse entendimento, mas o STF não.
Não é que exista uma súmula vinculante ou uma jurisprudência dominante, o que existe é uma
decisão na qual se acordou essa questão e foi decidido dessa forma. Julgamento do mensalão –
prestes a ter um enfrentamento histórico, embargos infringentes (recurso que cabe quando não
há uma maioria significativa no tribunal).
d) Art. 52, IV – Senado, diplomatas:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
missão diplomática de caráter permanente;

Sincrônico com art. 49, VII.

3. OUTROS:
a) 84, XIX, XX, XXII – 49, II:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar;

Declaração de guerra também é expressão de relações internacionais. São situações excepcionais.


E o congresso participa disso? Art. 49, II.
b) Senado – 52 V, VII, VIII: autorização para assumir compromissos financeiros externos.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno;

PROCEDIMENTOS DE ENTRONIZAÇÃO DE UMA NORMA INTERNACIONAL NO BRASIL

23
1. NEGOCIAÇÃO, ASSINATURA – PR: primeiras fases. Quem está apto a negociar tratados
internacionais e assiná-los (comprometimento definitivo) é o presidente.

2. DECRETO EXECUTIVO: tem a função de promulgação. O presidente publica no diário oficial um


decreto dizendo que assinou esse tratado. Esse decreto não tem previsão normativa nenhuma. O
que acontece é que há esse costume e há uma utilidade plena nesse decreto pelo anúncio da nova
norma, funciona como uma promulgação. Não existe nenhuma obrigação de ele fazer isso, é um
costume que vem sendo usado há décadas no Brasil. O STF já disse que tem que emitir o decreto
executivo.

3. CN – APROVAÇÃO OU REPÚDIO: o Congresso, em nome do art. 49, I, é quem vai dar a palavra final
sobre o tratado, podendo conceder aprovação ou repúdio. Nesse procedimento de direito interno, se
o Congresso Nacional repudia, o presidente simplesmente não vai ratificar e a comunidade
internacional vai saber que o tratado está precário e o próprio país vai dizer que não passou pelo
Congresso Nacional, não conseguiu fazer valer essa norma internamente.

4. CN – PRAZO: não há prazo para o Congresso Nacional aprovar isso. Isso cria uma fragilidade.
Equivale a uma situação de precariedade, da não aprovação. Essa questão, muitas vezes, pode ser
irrelevante. Normalmente, o presidente manda e o pessoal aprova.

5. CN – PARCIAL: pode haver aprovação parcial de um tratado assinado no total? Eu falei que o
tratado pode ser composto por cláusulas obrigatórias e facultativas. Se o presidente quiser não se
comprometer com algumas cláusulas facultativas, ele mesmo na assinatura já faz a reserva de não
comprometimento com a cláusula facultativa, pois o próprio tratado autoriza isso. Mas se o
Congresso Nacional não aprova a cláusula facultativa, a ratificação será feita com reserva. Se o
Congresso Nacional repudia uma cláusula obrigatória, isso implica que o tratado não tenha sido
aprovado.

6. CN – DENÚNCIA: diz respeito a um descompromisso com uma norma anterior assumida. A


denúncia, se é parcial e afeta uma cláusula facultativa, ela afeta apenas aquela cláusula. Se ela é
parcial e afeta cláusula obrigatória, implica em retirada. Se ela é total, é chamada de retirada. Em
direito interno, o presidente, que, para elaborar normas, precisa do Congresso Nacional, para se
descomprometer com normas, ele precisa também do Congresso Nacional. O presidente decide sair
do MERCOSUL, posição doutrinaria dominante diz que ele não precisa de autorização do Congresso
Nacional. O Congresso Nacional não tem aptidão para dizer no âmbito internacional que o Brasil
continua comprometido com o Mercosul.

7. DECRETO LEGISLATIVO – LEI ORDINÁRIA: se tudo correr bem, o Congresso Nacional emite um
decreto legislativo, que tem o efeito de induzir a vigência do tratado no ordenamento brasileiro. O
decreto legislativo não tem o texto do tratado, ele apenas diz que o tratado tal foi aprovado pelo
Congresso Nacional. Daí a segunda importância da publicação (decreto executivo) – uma norma não
pode ter validade no país sem que a população saiba o texto dela. O tratado aprovado entra no
ordenamento em nível de lei ordinária.

24
8. ACORDO EXECUTIVO: são acordos, normas internacionais, que dispensam ratificação para sua
validade internacional. Esse tipo de norma está absorvida na convenção de Viena - a convenção não
é feita para os acordos executivos, mas se as partes quiserem e os acordos assumirem, as normas
podem ser assumidas. Os acordos podem ser regulados por ela, embora ela não se destine a isso.
Tratado da OMC – é um acordo executivo. Mas no Brasil, acordo executivo não pode valer sem
ratificação do Congresso Nacional, do contrário, poderia se inquirir a constitucionalidade disso. Na
doutrina nacional, considera-se que pode ser validado em duas circunstâncias.
a) Subsidiário: quando ele é subsidiário de outro tratado aprovado pelo Congresso Nacional. Por
exemplo, MERCOSUL e seus protocolos.
b) Interpretativo: quando é um tratado interpretativo de outro tratado que foi referendado pelo
congresso. É um tratado também dependente.

9. RATIFICAÇÃO – PR: o presidente ratifica perante a comunidade internacional que o Brasil agora é
signatário daquele tratado.

10.DEPÓSITO: deposita a ratificação.

11.PUBLICAÇÃO – ONU: no boletim da ONU (diz que o país tal ratificou tal tratado).

TRATADOS – EFICÁCIA

1. CONSTITUIÇÃO: considerando o dualismo moderado que o Brasil pratica, a norma internacional


prevalece, mas a Constituição supera. Diz-se dualismo porque, em verdade, nada pode passar pelo
Congresso Nacional.
a) Subordinado: um tratado entronizado no direito brasileiro é subordinado a Constituição
Federal, daí pode ser aplicada a ele uma apreciação de inconstitucionalidade (formal, que diz
respeito à elaboração defeituosa da norma no processo legislativo, e material, que diz respeito à
incompatibilidade do conteúdo da norma com o processo legislativo). A inconstitucionalidade
formal chega a parecer absurdo que possa a existir, considerando que já começa pela Câmara de
Constituição e Justiça, mas isso acontece. Pode haver inconstitucionalidade formal na formação
de um tratado. O presidente assinou, emitiu o decreto, o Congresso Nacional não ponderou e o
presidente aplica – quem quiser pode alegar inconstitucionalidade – ratificação imperfeita.
Tratado de controle de armas nucleares – nos EUA, precisava do pronunciamento do senado, que
não houve, mas o presidente sempre cumpriu.
b) Inconstitucionalidade extrínseca e intrínseca: quando o tratado foi validado e aplicado dentro
do país sem ter obedecido aos processos de validação necessários (inconstitucionalidade formal),
ele é viciado por uma inconstitucionalidade extrínseca. A inconstitucionalidade intrínseca
corresponde à inconstitucionalidade material do tratado (incompatibilidade do texto para com o
direito interno). Nesse caso, qualquer tratado está em situação de fragilidade como qualquer
norma interna. O problema é como regular os efeitos interiores. A presença de uma norma de
direito internacional inconstitucional no direito brasileiro não é mais nem menos inconstitucional
do que a presença de uma norma interna inconstitucional.

2. TRATADO GERAL – lei ordinária - LC: o tratado geral entra como lei ordinária, subordinada à
Constituição, submetida a controle de constitucionalidade.

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a) Tratado prevalece: Não supera lei complementar, não pode prevalecer sobre uma lei
complementar, mas, com relação a legislação ordinária existente, o tratado prevalece.
b) Lei nova prevalece: Mas ai surge outro problema: vem uma lei posterior que é incompatível
com o texto daquele tratado – a lei nova prevalece (não é revogação, são normas de natureza
diferente). Se a lei nova que prevalece sobre o tratado sair de vigência, o tratado volta a valer
tanto como valia antes (seria discutível como repristinação, mas não é). Está aí o dualismo – ela
entra como norma, mas o parlamento brasileiro prevalece.
c) Exceção:
 Direito tributário: a Constituição fala que a lei tributária é considerada complementar.
 CTN 98 – lei respeita: o tratado internacional assinado pelo Brasil prevalece sobre a
legislação tributária existente e será respeitado pela legislação tributária posterior. A lei
posterior não prevalece sobre o tratado – exceção.
 Tratado lei – tratado contrato: Não é uma coisa sem controvérsia. Existe julgado do STJ que
diz que o CTN só é aplicado quando é tratado contrato (não afeta o ordenamento interno);
quando é tratado lei, não. Essa diferenciação é doutrinária, não recepcionada de forma
dominante.
 Isenções heterônomas: antes da Constituição de 88, a União poderia dar isenções de seus
impostos e dos demais entes federativos. Na CF/88, estabeleceu-se que ela só pode dar
isenção para seus impostos. Art. 151.

Art. 151. É vedado à União:


I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção
ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em
níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.

Problema: um acordo como o da FIFA que diz que nenhum imposto vai ser pago; começou-se a
questionar se a União poderia assinar um tratado desse jeito. O entendimento doutrinário é
que sim, porque quem assina não é a União, mas o governo federativo.

3. TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS: são assumidos como de nível constitucional.


a) Nível constitucional – art. 5º, parágrafo 2º: desde que aprovados com o quorum de EC. Isso foi
implantado pela EC45. Esse era o discurso humanista.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

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b) 5º, parágrafo 3º - quorum: tentou resolver o problema, mas não ajudou a resolver no
momento, pois o parágrafo 2 continua lá e não pode ser retirado porque é clausula pétrea.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
(Atos aprovados na forma deste parágrafo)

c) Anteriores – supralegal: e os tratados anteriores de direitos humanos, aprovados


anteriormente? Gilmar Mendes, num acórdão histórico, disse que os tratados anteriores de
direitos humanos não são lei ordinária, não são Constituição, são supralegais, como se aplica na
Alemanha. O professor acha isso indevido.
d) Posteriores – Quórum X parágrafo 2º: possibilidade de ter um tratado de direitos humanos
aprovado com quórum de constituição e esse é constituição; e o não aprovado com quorum não é
constituição.

Aula 18.06.2013

Os humanistas dizem que a norma internacional de direitos mais benéfica do que o sistema positivado
de direito brasileiro deve ser assumida com nível constitucional no país, se o ele for signatário de
tratado que a contenha. O sujeito não pode ter prisão civil senão por dívida e alimentos – esse artigo
está invalidado pelo Pacto de San José que diz que não pode haver prisão por dívida por nenhum critério
(decisão do STF de 2005, 2006).

SUJEITOS DO DIP

1. ESTADOS: se pegarmos os livros clássicos de DIP, eles não vão além das organizações
internacionais e dos estados como sujeito do Direito Internacional Público, mas é preciso que
falemos de outros agentes, atores internacionais, que aparentemente interferem nas regras
internacionais e que estão no imaginário coletivo. Então, os sujeitos de Direito Internacional Público
em regra são os estados e as organizações internacionais, os outros atores devem ser vistos na
medida de sua importância. Colegialidades de estados – atuações integradas interativas entre
estados no intuito de manter melhor segurança e harmonia de sues interesses. O Direito
Internacional Público, tal como conhecemos, é uma expressão de uma comunidade de estados, de
uma sociedade internacional, havendo, inclusive, um risco de se pensar de forma diferente, de
pensar que é uma comunidade inter-nações, por exemplo.

2. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: Os estados, durante o século XX, lograram construir outra


entidade que já se emancipou no direito internacional, que são as organizações internacionais. Se
antes os estados atuavam sozinhos, a partir do século XX, com a criação da ONU, os estados
passaram a criar entidades autônomas de atuação internacional que vieram a assumir um papel tão
significativo quanto o de seus criadores, os estados. O art. 38 declara as fontes do Direito
Internacional Público, mas não podemos deixar de fora as decisões de organizações internacionais.
a) Agrupamentos: As organizações internacionais são agrupamentos de estados, associações
permanentes de estados, no intuito de resolver e organizar de modo colegiado seus interesses.

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Elas funcionam como mitigador, redutor de impulsos individualistas e isolacionistas que estão
hoje limitados apenas ao voluntarismo criticado nos poderosos, por exemplo os EUA. Ou seja, o
que os estados construíram foram associações permanentes que onde houver conflito vão
resolvê-los de modo interativo e coletivo. As organizações internacionais surgiram no século XX,
mas como produto do século XIX. A pioneira dessas organizações é a Liga das Nações, que
fracassou, pois veio para instaurar regime de paz permanente na Europa e de segurança
colegiada, mas não conseguiu, pois a segunda guerra a destruiu. A maior herança da Liga das
Nações foi a inspiração para construção da ONU.
b) Pioneiras – Liga das Nações, OIT, UPU: a OIT foi criada no tratado de Versalhes em 1919, e
hoje é absorvida pela ONU. Havia também a união postal universal – associação voltada à
integração dos correios, numa época em que a comunicação era muito importante. A UPU
também está absorvida na ONU. A instituição fundadora desse mundo organizado através de
organizações internacionais surge em meados do século XX com o mesmo objetivo de manter
uma paz permanente e uma segurança para o mundo civilizado de então, considerando que ela
era mais ambiciosa porque ia além do aspecto ocidental europeu. A ONU, como a segunda guerra
tinha se desenvolvido no mundo todo, já tinha a pretensão de manter todos os países sobre o
mesmo regime de direitos humanos, paz permanente.
c) ONU: foi criada no final do século XX, mas ela é muito criticada. Ela é como um castelo de
cartas – é perigoso desfazê-la sem colocar algo com o mesmo objetivo no lugar. O sucesso da
ONU não deve ser visto pelo que ela consegue no mundo atual, mas por ter se consolidado.
 Consolidação: foi criada no século XX e permanece até hoje, sendo creditada como atuante
no cenário internacionalista.
 Desmembramento: hoje, a ONU inspira muitas instituições semelhantes, que vêm a se
mostrar como uma expressão do sucesso da ONU, ou seja, a ONU não é só ela, existem tantas
inspiradas a ela, no sentido de manter uma colegialidade de estados permanente.

3. CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS


a) Personalidade: elas assumem em direito internacional uma personalidade própria jurídica,
passam a atuar de forma não confundida com seus membros. Não se confunde a ONU com os
países que a compõem. Ela passa a ter capacidade de negociação, estrutura própria, patrimônio,
uma vida jurídica. Em direito internacional, as pessoas físicas seriam os estados e o equivalente
das pessoas jurídicas seriam as organizações internacionais. Os estados passaram a agrupar-se
para relacionarem-se com outros estados e outros agrupamentos de estados e o direito
internacional é obrigado a assumir a presença plena desse novo sujeito do Direito Internacional
Público. O momento definitivo da emancipação das organizações internacionais é ou será a
Convenção de Viena de 86. A convenção de Viena de 69 tem como título Convenção de Viena
sobre o Direito dos tratados (entre estados). Já a convenção de Viena de 86 tem como título
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou
entre Organizações Internacionais, ou seja, ela traz para o âmbito formal a possibilidade fática de
haver normas produzidas entre estados e organizações internacionais ou entre organizações
internacionais entre si, atribuindo a elas capacidade jurídica plena. O problema é que essa
convenção ainda não está em vigor, não atingiu número mínimo de ratificantes. Mas essas
organizações internacionais, de qualquer forma, já possuem uma emancipação parcial em função
do reconhecimento das decisões de organizações internacionais.
b) Estatuto – objetivo

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c) Estrutura – órgãos e funções
d) Representantes dos membros: não são funcionários da organização; a delegação do Brasil na
ONU não se confunde com brasileiros que possam trabalhar lá.
e) Colegialidade intergovernos: os representantes são dados pelos estados, nomeados por seus
governos. Há uma novidade em direito internacional muito falada que é o surgimento de
organizações supranacionais, que estariam acima dos governos. Não devemos falar dessa
expressão agora, mas ela diz respeito apenas a uma instituição formada por fenômenos
diferentes da organização internacional que é a União Europeia, que tem uma pretensão
supranacional, mas todas as demais não. Inúmeras vezes fica parecendo que tudo é
supranacional, mas não é. Existe com relação à supranacionalidade a questão dos direitos
humanos, das normas imperativas, que seriam supranacionais no sentido da garantia da
dignidade da pessoa humana, não porque ela seja uma organização internacional.

4. TIPOS DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS


a) Aberta X Fechada: organização internacional aberta permite a entrada de novos membros e
organização internacional fechada não permite. Essa questão pode ser limitada em função dos
objetivos.
b) Universal X Regional: organização internacional universal é uma OI que tem pretensões
mundiais, de que todos os países do globo possam participar; as organizações internacionais
regionais são vinculadas a determinadas regiões do globo (exemplo, União Africana).
c) Política X Técnica: organização internacional política se dedica a segurança, paz e direitos
humanos e organização internacional técnica se dedica a matérias técnicas (OMS, FAO, produção
de cartas marítimas de navegação).

5. DECISÕES ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL


a) Colegiadas: Cada organização internacional tem seu sistema de produção de normas e
decisões. Como elas são caracteristicamente colegiadas, a funcionalidade de seus órgãos está
restrita à utilização de maiorias e de quóruns.
 Maiorias, quórum: A prática nas organizações internacionais como um todo é de utilização
de quóruns de maiorias simples ou absoluta para decisões menos importantes e maiorias
qualificadas para decisões mais importantes. É uma técnica muito útil, pois o que acontece
numa reunião colegiada fácil de uma organização internacional é que, se você tem uma
decisão muito disputada, todos estão comprometidos a cumprir a decisão, mas nada impede
que os muitos que decidiram contra a decisão queiram sair da organização. Quando você faz
maioria muito disputada há grande risco de desconstrução de entidade, que vai fracassar nos
seus objetivos. Por isso, quando há uma decisão importante feita por maioria maciça se impõe
maior poder de convencimento aos derrotados de que aquela decisão é melhor para todo e, se
houver mesmo assim uma retirada, que essa retirada não signifique o fim da organização. As
decisões, em geral, são maiorias absolutas. As maiorias importantes (admissão e retirada de
membro, por exemplo) são de dois terços.
 Consenso: existem também nessas decisões apelo ao consenso. As decisões devem ser
tomadas por consenso – apelar para que, mesmo que haja desacordo, haja harmonia. OMC –
decisões importantes devem ser tomadas a 3/4 de maioria.

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 Unanimidade: No MERCOSUL, deve haver unanimidade (entrada da Venezuela no
MERCOSUL – o Paraguai concordou sem ratificação do parlamento; com a suspensão do
Paraguai, admitiu-se a Venezuela).
 Veto: poder de veto é um instrumento cujo exemplo principal é a questão do Conselho de
Segurança que veremos adiante. Todo tipo de maioria de representação decisória é válida no
âmbito da peculiaridade de cada organização internacional.

Discute-se muito dois tipos de personagens ONGs e pessoas físicas (seu acesso a cortes internacionais
em matéria de direitos humanos). Isso é de fato uma novidade significativa em direito internacional,
mas é preciso que se limite que esses novos personagens têm na verdade uma atuação muito mais
restrita do que o que a mídia divulga. ONG – expressão imprópria. O Bradesco, banco privado, é uma
organização não governamental. A compreensão dessa impropriedade leva-nos a compreender a
limitação do significado desses atores. Agentes privados atuando no direito internacional –
transnacionais (a constrição econômica que está acontecendo na Europa é movida pela queda do
sistema financeiro).
Os sujeitos plenos são apenas os estados e as organizações internacionais, em função da capacidade de
produção de normas. Claro que isso é vinculado a uma estrutura estatal (quem tem soberania e
equipara sua soberania a outra).

30
NOVOS ATORES FINALIDADE GESTÃO Sujeição ativa Sujeição passiva CAPACIDADE DE
em DI (onde a cortes PRODUÇÃO
tem acesso) internacionais NORMAS DE DIP
Transnacionais Lucrativa – Privada Cortes Não são sujeitos Não produzem
(petroleiras, privada Comerciais passivos normas de DIP
bancos) (OMS,
MERCOSUL) –
Direitos dos
estados,
internos
Associações Lucrativa – Privada Cortes Não são sujeitos Não produzem
empresariais privada Comerciais – passivos (são normas de DIP
(quando as Direitos dos acionadas em
empresas não estados, direitos internos,
atuam internos dos estados)
diretamente)
Associações Não lucrativa Privada Cortes Não são sujeitos Não produzem
esportivas (a (exceto a FIFA) corporativas passivos normas de DIP
única perigosa é -Sociais (eles mesmos
a FIFA) – são resolvem) –
privadas Direitos dos
estados,
internos (os
contratos são
resolvidos em
direito estatal)
ONGs Não lucrativa – Privada Cortes de Não são sujeitos Não produzem
Sociais direitos passivos normas de DIP
humanos -
Direitos dos
estados,
internos
Organizações Não lucrativa – Pública Cortes de São sujeitos Produzem normas
Internacionais Pública Direito passivos de DIP
Políticas (OEA, (organizadas a Internacional
ONU) partir de Público (Corte
órgãos de de Haia, Cortes
estados) humanísticas,
inclusive
comerciais)
Organizações Não lucrativa Pública Cortes de São sujeitos Produzem normas
internacionais (em tese) – Direito passivos de DIP
Comerciais Pública Internacional
(OPEP, OIC – Público
organizações
montadas para
fazer um regime
de cartel)
Pessoa física ? - Sociais Privada Cortes humanas São sujeitos Não produzem
– cortes passivos no normas de DIP
comerciais Tribunal Penal
Internacional
(genocídio,
crimes de
guerra)

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6. ONU: existem inúmeras organizações internacionais; na impossibilidade de falar de todas, falemos
da principal. A ONU tem que agir somente politicamente mesmo, pois não se pode dar um exército a
ela, pois ela acabará se tornando tirânica, além do problema de quem daria o dinheiro e forneceria
os soldados.
a) Composição
 Assembleia geral (todos), Conselho de segurança, Secretaria
 Órgãos – Corte internacional de justiça (a proposta da ONU de solução pacífica é da uma
instância de solução de controvérsias), Conselho social econômico, Alto comissariado das
nações unidas para refugiados (órgão de alocação e proteção de pessoas em situação de
penúria)
 Órgãos Filiados (têm sua própria autonomia como entidade, mas são filiados a ONU) –
OMS, FAO, UNESCO, OIT
 Órgãos Econômicos (executivo) – BIRD, FMI, OMC, CEPAL (comissão econômica que procura
criar meios de desenvolvimento para a América Latina – é política, programática também)
 Regionais – OEA (organização dos estados americanos), UA
b) Assembleia geral – Todos – voz e voto, anual: todos os membros participam; há uma reunião
anual; todos têm direito a voz e voto. Um membro da ONU pode perder o direito de voto se ficar
dois anos sem pagar a anuidade; ai leva pra assembleia; se a assembleia permitir que ele continue
votando sem pagar as anuidades, ele continua; se não permitir, o membro só readquire o direito
ao voto se quitar suas anuidades.
c) Conselho de segurança (5 membros permanente e 10 transitórios)
 Segurança, veto: a matéria que está sob apreciação do conselho de segurança não pode ser
discutida pela assembleia geral. É o órgão definitivo, pode resolver qualquer matéria. Estados
Unidos, Rússia, China, França, Inglaterra – membros permanentes. Os temporários podem
votar contra ou a favor. Na votação, tem que ser 9 votos a favor para levar adiante uma
resolução, desde que não haja nenhum veto de nenhum dos membros permanentes.
d) Decisões
 Resoluções: decisões obrigatórias – país membro é obrigado a cumpri-la, mesmo que tenha
votado contra.
 Recomendações: decisões facultativas – votando contra ou a favor, o país membro poderá
aplicar ou não a recomendação.

Aula 25.06.2013

RECONHECIMENTO DE ESTADO E DE GOVERNO

1. ESTADO: reconhecimento de estado e de governo é um tema que pode ser conjugado com o
tema dos sujeitos do DIP. O reconhecimento de estado vem a ser a admissão da existência de um
indivíduo pleno em direito internacional. Esse tema é clássico e volátil, porque bastante político.
Falaremos de como surge um novo indivíduo na comunidade internacional, considerando que, no
mundo do direito interno, o problema está resolvido há muito tempo, pelo menos desde que se
implantaram os regimes liberais. Nós sabemos que toda pessoa é capaz de direitos e obrigações. Isso
é o dispositivo que diz que cada pessoa humana tem uma personalidade, ou seja, é um sujeito de
direito. E, como a doutrina diz, a pessoa é um indivíduo natural nascido de uma mulher. Mas no
mundo do direito internacional não é assim. Num mundo natural em que são pressentidos os

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estados, eles nascem a partir da experiência social humana e o momento em que eles se tornam
aptos à atuação no ambiente internacional é um tema muito importante para a ciência política e
para a comunidade dos estados. Isso diz respeito ao sujeito do DIP por excelência, pois as
organizações internacionais nascem legalmente. Ou seja, no momento em que se fez o tratado e ele
entrou em vigor pela assinatura e ratificação de um determinado número mínimo de participantes, a
organização internacional surge. Já os estados nascem em decorrência de fatores sociopolíticos e
necessitam de reconhecimento.
a) Formação originária/primária: é o Estado que surge onde não havia Estado. Situação hoje
muito difícil de existir considerando que todas as terras do globo estão ocupadas ou
declaradamente tomadas por algum estado. O professor entende que porções terrestres não
dominadas por algum estado são só a Antártica, sobre a qual existe um tratado de ocupação não
soberano, e algumas ilhotas do Pacífico. Só assim, onde não existe nenhum estado dominante,
pode-se dizer que surge um estado de formação originária. Exemplo forçado de formação
originária: emancipação das tribos, sobretudo as americanas, que foram abrangidas pelos estados
transplantados europeus que se implantaram nas Américas e nunca tiveram oportunidade de se
dizer independentes.
b) Formação derivada/secundária: é a mais comum ou talvez a única possível hoje, que é a
formação de um novo estado em local em que já havia estado ou surgimento de um estado a
partir de múltiplos estados. Exemplos: Alemanha, Sérvia e Montenegro, União Soviética. São
estados novos que surgem a partir do desmembramento ou união, conjugação ou desintegração
de estados anteriores. Mas em que momento esse estado vem a ser admitido como indivíduo no
direito internacional?

2. RECONHECIMENTO: alguns autores dizem que o reconhecimento vem a ser um momento


essencial do estado. Só existe estado no momento em que há reconhecimento pelos demais. O
reconhecimento de um estado existe quando tem que haver território.
a) Território, povo: não existe estado sem território (elemento físico). Palestinos não são
considerados estados porque não conseguem delimitar um território e todo o esforço de Israel é
para que eles não consigam isso. Povo não é suficiente para formar estado, mas é também
essencial. Quem se organiza ou se imagina como estado são os seres humanos e não a população
animal existente em determinado território. Uma reunião de gente só é povo na medida em que
os seres humanos assim julgam-se, não passa de uma reunião de seres da mesma espécie para
viver coletivamente.
b) Organização legítima: tal como os padrões usuais de organização da cultura vigente admite.
Ou seja, uma nação não é considerada um estado, no entanto, algo que se organize
democraticamente é considerado uma organização legítima, considerando a hegemonia do tipo
de pensamento ocidental. Então, toda organização que é capaz de ser legitimada, na medida em
que os líderes representam efetiva e emocionalmente seu povo, é uma organização legítima.
c) Independência: significa ser dono do próprio destino, não estar sujeito a comandos de outros
povos em situação de paz. Ou seja, pela violência é perfeitamente possível impor algo a outros
povos, mas isso não é legítimo.
d) Cumprir DIP: e considerando que há uma comunidade de estados, como pode surgir um
estado novo? Na medida em que os outros estados permitam. O que presume a existência de
uma comunidade anterior que tem suas regras costumeiras. Então, todos que queiram fazer parte

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daquela comunidade têm que estar comprometidos com as regras jurídicas daquela comunidade
internacional.

3. DEVER DE RECONHECER: questão política.


a) Não existe: Ninguém tem dever de reconhecer estado nenhum.
b) Ato unilateral: O reconhecimento do estado é essencialmente um ato unilateral. Ato unilateral
é fonte de DIP, limitada pelo não lesar ninguém.
c) Político: Reconhecer ou não um estado é um ato de soberania de um país e bastante político.
Por isso que se tem situações na ONU que reconhece o estado de Israel, mas não reconhece o
estado palestino, enquanto a liga árabe não reconhece o estado de Israel, mas reconhece a
palestina.
d) Jurídico – ONU: O ato de reconhecimento é essencialmente político e unilateral de cada
nação, mas naturalmente um novo estado que queira surgir procura o reconhecimento de toda
uma comunidade representativa, que seria hoje o reconhecimento da ONU. Caso do Timor Leste,
desintegração da Iugoslávia (levou ao reconhecimento de Kosovo, que ainda não é um Estado;
levou a uma guerra que foi implantada para impedir que a Sérvia expandisse sobre outros
territórios dominados a limpeza étnica; Kosovo são albaneses que foram morar em território
sérvio, havendo uma mistura étnica e religiosa; hoje, Kosovo não está mais no controle da Sérvia).
O momento de reconhecimento jurídico é a consagração na ONU, o que, por sua vez, não se
limita a assembleia a geral. Quem dá a última palavra para saber se aquele sujeito é admitido é o
conselho de segurança. É por isso que recentemente a Palestina foi reconhecida na UNESCO, da
qual os EUA não participam. Esse reconhecimento depende dos princípios da legitimidade e
efetividade – princípios regentes do reconhecimento jurídico de novo estado.
e) Legitimidade: organização que não seja forçada sobre aquelas populações, conforme os
padrões ocidentais, ditos democráticos.
f) Efetividade: se aqueles que se dizem representantes de fato dominam aquela população, se a
população os obedece, seja formalmente, através de um ordenamento jurídico, ou seja só pela
simples não revolta contra aquele estado de governo.

4. TIPOS
a) Individual X Coletivo: reconhecimento individual é o Brasil reconhecer que as ilhas Malvinas
não são nem inglesas nem argentinas, são independentes. Reconhecimento coletivo – a ONU, a
Liga Árabe, a OEA reconhecendo a independência.
b) De fato X De direito: reconhecimento de fato é aquele que o sujeito não quer reconhecer, mas
é obrigado a tratar com aquele estado como se ele fosse independente. Por exemplo, a Formosa,
chamada província rebelde na China, não reconhecida por ela. Se não houvesse a ONU, a China
podia não reconhecer Formosa, mas negociar com ela, com uma independência que admitiria que
outros dessem a ela. Reconhecimento de direito é aquele que vem do ato unilateral de um país
reconhecer ou da coletividade que pratica o ato jurídico de reconhecer países.
c) Incondicionado X Condicionado: reconhecimento incondicionado é aquele que você
reconhece sem poder de impor limites. Reconhecimento condicionado é aquele em que você
reconhece que ele se organize democraticamente e siga a dignidade da pessoa humana, padrões
ocidentais.

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5. TEORIAS: Na ciência política, surgem duas teorias. Se o momento de surgimento do estado, se o
estado reconhecido, o ato de reconhecimento é constitutivo do estado, vai ser declaratório.
a) Constitutiva: um estado só é estado na medida em que os outros o admitam como estado.
Isso leva alguns autores a dizerem que os elementos essenciais do estado são povo, território,
governo e reconhecimento. É uma teoria plenamente jurídica e não é predominante.
b) Declaratória: o estado não surge quando os outros estados o admitem como tal; o estado é
um fenômeno sociopolítico que se impõe. Ele se emancipa e nada pode impedir sua existência
independente, senão a violência, que é uma forma ilegítima de atuação internacional. A
comunidade pode se afirmar até à revelia dos demais. Ela emancipou-se e os demais tiveram que
admitir aquele novo indivíduo. Então, essa teoria diz que o reconhecimento do estado apenas
declara o que já existe. Essa é a teoria mais dominante.

6. NÃO RECONHECIMENTO
a) Ilícito notório: violência. A emancipação não pela paz, dentro de uma quebra de licitude clara.
Exemplo: o estado do Texas disse que ia declarar independência. Seria um ilícito notório pela falta
de paz com que se daria a separação.
b) Paz, democracia, DH: a democracia é um padrão cultural ocidental, hegemônico. Outro padrão
cultural, ainda mais hegemônico, são os direitos humanos. É um fator que induz ao não
reconhecimento.
c) Intervenção externa: há de se levar em conta os direitos do país que dominava aquele
território. Exemplo do Kosovo – povos estranhos invadiram e disseram que o território era deles.
d) Irrevogabilidade: O problema do não reconhecimento é que ele, na prática, só pode acontecer
antes do reconhecimento. Depois que o estado é reconhecido, você não reconhecê-lo como
estado é algo contraditório no mundo real, a não ser que esse estado se una com outro, sem
intervenção externa. Então, o ato de reconhecimento é irrevogável. Você pode não reconhecer o
governo e propor intervenção externa, mas não deixar de reconhecer depois de já reconhecido.
e) Retroatividade: o ato de reconhecimento retorna, pelo menos segundo a teoria abstrata
hegemônica, até o momento que o estado se afirmou como tal. Isso geral problemas, por
exemplo no caso da Palestina.

7. RECONHECIMENTO DE GOVERNO: existem vários exemplos, sobretudo na América do Sul que


demonstram volatilidade do reconhecimento de governo. Nesse reconhecimento, há um estado e
um governo. Exemplo da ditadura no Brasil.

8. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE – NORMALIDADE: um governo substitui o outro normalmente.

9. ANORMALIDADE: Houve um rompimento democrático. No Paraguai, houve ma retirada de um


governante, mas todos continuaram reconhecendo aquele governo. Venezuela.
a) Rompimento de direito: é uma causa. Mas as vezes, mesmo com rompimento de direito, é
melhor manter a continuidade.
b) Violência: Venezuela – exemplo de rompimento do direito sem violência. Paraguai – norma
irrazoável. Violência é quando há um golpe, como no Brasil.
c) Intervenção externa: Kuwait (intervenção de Estado). Iraque e Afeganistão.

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10.EFETIVIDADE + LEGITIMIDADE: Em qualquer caso, a anormalidade só vai ser avaliada conforme a
efetividade e a legitimidade. A URSS e Cuba não queriam reconhecer o governo americano, mas o
comércio não ia parar de existir. A não reação é uma forma de legitimidade.

11.DOUTRINAS
a) Wilson/Jefferson – Povo: o governo legítimo é o organizado pelo povo. Discurso bastante
prático.
b) Tobar – Constituição: diz que o governo é legítimo na medida em que se organiza segundo a
Constituição. Então, o governo do Paraguai que derrubou o outro seria legítimo, enquanto que o
da Venezuela que foi contra a Constituição não seria legítimo.
c) Estrada – não intervenção: mais conservador. Diante de um governo ilegítimo, não se deve
proceder a intervenção.
d) La retia – intervenção: deve haver intervenção no momento em que haja um governo
democraticamente não legítimo. Por mais agressiva que essa teoria seja, ela é a que mais se
coaduna com o monismo que se aplica hoje. Ou seja, em caso de flagrante desrespeito aos
direitos humanos, como no caso do Timor Leste, dá-se a intervenção.

12. RECONHECIMENTOS PRECÁRIOS: cada um diz respeito a um reconhecimento de estado ou


governo.
a) Nação (E): curdos no Iraque na Turquia são reconhecidos como nação, as a pretensão deles é
ser estado, mas não há território.
b) Exílio (G): aqui é governo, o Estado está lá.
c) Insurgência (E/G): o professor entende que é algo que quer substituir o governo, então a
insurgência pretende o reconhecimento de um governo, como acontece na Síria.
d) Beligerância (E/G): é aquilo que não quer ser parte. Província de Cabinda que não quer ser
parte de Angola.

Aula 16.07.2013

DIPLOMACIA

1. HISTÓRICO – CLASSES, LEGAÇÕES: as comunidades autônomas humanas de hoje são chamadas


estados por uma projeção cultural europeia hegemônica e as relações diplomáticas são a oficialidade
dessas relações entre esses estados. Relações entre comunidades autônomas sempre existiram, mas
as relações diplomáticas, como nós conhecemos hoje, surgem com a organização de estado para
estado, a partir de Westfália. E a partir dai temos representações de estados para estados que
implicam na regulação e harmonização das normas para essas relações.
Na antiguidade, havia coisas como as relações entre as elites. Na idade média, as relações entre
aquelas comunidades autônomas europeias se formavam sobretudo pela disputa entre duas classes;
quem fazia essas relações entre as potências europeias era a aristocracia (nobreza) e a igreja. Os
aristocratas faziam suas vinculações inclusive com casamentos. A igreja incentivava a diplomacia,
pois agia como tutora, tendo representantes em todos os locais, patrocinando uniões e desuniões,
segundo seus interesses, como potência secular que a igreja católica era.
Houve uma mudança cultural com Westfália. A partir dela, você tem a ordem de estado para estado
e essas representações de potências para outras passam a ser chamadas de legações. Claro que a
finalidade era a mesma, manter um diálogo constante para solução de interesses, manter uma
coexistência pacífica e harmônica dos interesses. Mas as representações deixam de se fazer segundo

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imaginário de nobreza, ai você não está mais vinculado depois de Westfália de nobrezas e
vinculações de casais reais, mas sim vinculações entre porções territoriais chamadas estados.
Com o absolutismo, tem-se a noção de que o homem não está vinculado a terra, mas à
nacionalidade. Não se muda a atividade, mas a representatividade em que aquelas legações se
edificam. As práticas das relações internacionais continuam sendo realizadas costumeiramente
durante todos os dois séculos seguintes a Westfália, mas no século XX, diante da pretensão de
codificação e de uma unificação, que nós já vimos que começa com a ONU, os eruditos e diplomatas
em geral findaram por elaborar convenções de relações internacionais, que não significam mais do
que a formalização do que já existia, para começar pelos dois tipos de relações.

2. CONVENÇÕES: não inovaram em nada em relação à prática costumeira, apenas formalizaram e


oficializaram o que aqueles estados europeus praticavam entre si nas suas relações internacionais.
Elas regulam nos dias de hoje as relações internacionais, que são duas, diplomáticas e consulares.
Então, um país pode manter relações diplomáticas com outro sem ter relações consulares e vice
versa. O país que tenha relações diplomáticas pode, através delas, praticar atos consulares. Um país
que tenha apenas relações consulares não pode praticar atos diplomáticos. A diplomacia e mais
ampla, absorvendo as funções consulares. As relações diplomáticas são representações de estado
propriamente dito, são a própria encarnação das legações. As consulares são voltadas para atender a
interesses particulares.
a) Viena 61 – diplomacia
b) Viena 63 – consulares

3. DIPLOMÁTICAS
a) Representação de estado – int. soberano: o nome técnico de embaixada é missão
diplomática.
b) Embaixadas: as embaixadas têm um chefe, normalmente chamado de embaixador. Sendo
representações de estado, ali qualquer contato imediato é feito através das embaixadas, que, em
tese, são delegações do poder político atuante do estado (delegação do treaty Power). Aqui no
Brasil existe um órgão de chancelaria, órgão de relações exteriores, que centraliza as relações
diplomáticas brasileiras, que é usado para essas relações com os demais países. O Brasil nomeia
os embaixadores para funcionar como representação brasileira oficial no exterior. Caso dos países
que fecharam o espaço aéreo em relação ao caso de Evo Moralez*. Retaliação não quer dizer que
vai ser cabível, mas não se pode dizer que vai se deixar passar em branco. Os embaixadores são
encarnação de um estado perante outro.
c) Acreditante X Acreditado: país acreditante é aquele que nomeia um embaixador para
funcionar no outro país. O acreditado é aquele que admite um embaixador para funcionar em seu
país. Na embaixada brasileira na Argentina, o Brasil é o acreditante e a Argentina, o acreditado.
Primeiro os países resolvem travar suas relações diplomáticas, instalar embaixadas uns nos
outros. Existem relações diplomáticas sem embaixadas? Em princípio, é feita dessa forma, mas se
não tiver, não tem problema. As relações entre funcionários de relações exteriores diretamente
implicam que um funcionário de relação exterior trate de vários assuntos com vários países, e o
embaixador só com um, país – vantagem de se fazer embaixada.
d) Credenciais X Agreements: quando o país é acreditado, ele recebe credenciais. No Brasil, os
cargos de embaixador são de confiança, de nomeação do presidente. Todos os representantes
devem ser brasileiros natos. O país que nomeia o embaixador manda as credenciais e o país que
recebe, emite o agreement, é o que o país acreditado expressa para aceitar o representante. Se é
indicada uma pessoa que o país acreditado não aceita, ele pode manifestar recusa, dizendo que
não aceita aquela pessoa, e não precisa explicar porque. O que acontece na prática é que se evita
que se chegue ao ponto da recusa formal e sempre se sabe qual é a razão. O fato formal da recusa
não precisa dar justificativa, mas quem é da área normalmente sabe o que é e o país que vai
indiciar evita indicar uma pessoa indesejada.

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e) Recusa – non grata: persona non grata. O cidadão já está funcionando em determinado país e
se comporta de maneira inadequada, como por exemplo, cometer crimes e infrações, então ele
vai ser declarado como persona non grata e ele tem que ser retirada do corpo diplomático. Essa
declaração não precisa de justificativa. O que acontece é que, em sabendo que a burocracia vai
andar nesse sentido, já se tira a pessoa do local. Isso é interessante na situação atual porque está
em andamento a questão da espionagem (Brasil X EUA).
f) Diplomatas: são pessoas indicadas pelos países acreditados em lista, em que se vai dizer quem
tem status diplomático, segundo a convenção de Viena. Ou seja, não são apenas oficiais. Eles
devem ser nacionais do país acreditante. Podem ser nacionais de outro país ou do país
acreditado? Sim, mas o país acreditado tem que autorizar. No Brasil não pode em função de sua
legislação, não da convenção.
 Listas – nacionais
 Oficiais – familiares: são funcionários públicos, pessoas com encargos públicos, pessoas que
trabalham na embaixada de todos os níveis, mas normalmente se incluem familiares,
empregados. E se o cidadão se comporta de forma inadequada, vai ser declarado persona non
grata.
 Empregados, locais: o ponto de limite para quem pode ser diplomata é a questão dos
locais. As embaixadas contratam vigilância, pessoa de limpeza, para datilografar, etc. eles não
são diplomatas. Os locais podem ser indicados na lista? Entra a questão da nacionalidade. Em
princípio, eles são contratados segundo a legislação brasileira.
 Imunidades: uma desafetação pessoal com relação a obrigações jurisdicionais no Brasil.
Veremos o alcance dessas imunidades, que são entendidas de forma ampla, ele está livre de
tudo, quando não é assim.
g) Inviolabilidade - locais, correio: as pessoas são imunes e os locais e comunicações são
invioláveis. Essa questão da espionagem tem a ver exatamente com a quebra da inviolabilidade
das comunicações oficiais ou não oficiais nas relações diplomáticas. Os leigos costumam dizer que
a relação que a embaixada está em território estrangeiro; mas aquela embaixada está inviolável
em função das pessoas que estão ali e da função que exercem. Para o professor, a incolumidade
desses locais é semelhante a atribuída pela Constituição a locais privados. Mas normalmente se
respeita por questões internacionais.

4. CONSULARES: escritórios oficias públicos de um estado no outro. Elas atendem negócios privados,
ou seja, particulares, empresas e o próprio estado. Por exemplo, o Brasil está construindo uma
refinaria em Pernambuco para refinar petróleo da Venezuela – esse tipo de relações a respeito desse
contrato pode ter uma série de atos resolvidos no âmbito consular, se houver necessidade de
protocolar.
a) Negócios privados – reciprocidade: as embaixadas também. As relações consulares estão
vinculadas a uma representação só de um país no outro, são estabelecidas conforme o acordo
entre países, em que se estabelece quais são e quantos consulados vão funcionar. Podem abrir
várias representações.
b) Que envia X Receptor
c) Patente X Exequatur: o cônsul indicado vai receber uma patente que o habilita como
representante de atos oficiais no país que receptou e o país receptor emite o exequatur, que
funciona como uma expressão que significa “autorização para funcionar”.
d) Missi X Electi: os consulados, desde a origem, têm dois tipos de indicadores. Cônsul
missionário e honorário. O cônsul missi é o que vem em seu país para se tornar um cônsul no
outro, mas existe a possibilidade de se indicar também pessoas que são do próprio país receptor
para funcionarem como cônsul. A regra é a mesma, tem que ser nacional do país que envia, mas
pode ser nacional de terceiros ou do próprio receptor, desde que este concorde. Existem
pequenas diferenças entre o cônsul honorário e o missionário.
e) Imunidades: as imunidades nos consulados afetam, sobretudo, ao cônsul.

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 Cônsul: ele só não tem imunidade para infrações penais. E aí entra a questão da
nacionalidade, pois, se o sujeito é nacional do próprio país ou de terceiro, em princípio (...).
 Oficiais – atos: os outros tipos de imunidades. Os funcionários do consulado declarados
como corpo consular são imunes apenas aos atos de ofício.

5. IMUNIDADES:
a) Renúncia – processo, execução: quando o cidadão é diplomata ou consular e pratica um ato
indesejado, inadequado, antes de se declarar persona non grata, pode-se pedir que o estado
acreditante renuncie a imunidade dele. Quando o estado não renuncia, se pede a retirada do
indivíduo. Isso acontece geralmente em crimes graves. A própria pessoa portadora da imunidade
não pode renunciar à própria imunidade, só o estado acreditante. Então, o país acreditante é o
único que pode renunciar à imunidade. A renúncia de imunidade pode ser para dois tipos de fatos
jurisdicionais: para processar o sujeito, para executar determinada sanção (você renuncia para
processar e tem que renunciar de novo para executar).
* EXPRESSÕES CORRELATAS: diplomacia parlamentar é um jargão doutrinário usado para se falar
a respeito dos representantes de estado em organizações internacionais. É uma diplomacia
diferente. A expressão proteção diplomática é ainda mais afastada da diplomacia clássica, é
quando você tem uma situação em que um particular tem um problema com outro estado e o
estado de onde ele é avoca a si o tema (endosso). Na relação privada, o que interessa é qual
tribunal vai julgar.
As imunidades são leigamente descritas como amplas, atribuindo intocabilidade aos diplomatas,
quando na verdade temos que ver que ela tem graduação a depender da matéria.
b) Penal. Obedecida plenamente. A infração criminal, segundo a tipicidade de cada país,
normalmente gera crimes graves que o país acreditado não pode aceitar, e vai pedir a renúncia.
Aquela pessoa vai ser declarada non grata e retirada do país.
c) Administrativa: essa responsabilidade não é considerada tão plena quanto a penal. A própria
convenção diz que o cidadão diplomata funciona no outro país com as imunidades, mas tem que
obedecer à ordem pública e aos bons costumes. Quando a questão é criminal, não vai haver
conciliação, mas outras situações admitem um modus vivendi. O maior exemplo são as multas de
trânsito, que se colocava que os diplomatas desrespeitavam sempre. A questão da imunidade
administrativa não pode se sobrepor a questão de ordem publica.
d) Tributária: a própria convenção já ressalva impostos indiretos. Uma embaixada em Brasília não
paga IPTU. Mas não pode, por exemplo, tirar o ICMS dos víveres.
e) Civil: em respeito à ordem pública e aos bons costumes. O embaixador ou diplomata pode
fazer negócios, comprar objetos, não pagar e não ser processado? Não.
f) Trabalhista: só estão imunes à legislação trabalhista o pessoal que é diplomata, todo o resto
está vinculado às relações trabalhistas brasileiras, então podem ser acionadas na justiça do
trabalho. O problema é a execução. Se ele perder, como se vai executar com bens impenhoráveis?

Aula 23.07.2013 – aula de Lari

SOLUÇÕES DE CONTROVÉRSIAS

É a projeção macro da naturalidade e espontaneidade das relações humanas, compostas por


concordâncias e discordâncias, ligado à individualidade humana. Cointeresses e divergências de
interesses. Quando não havia os Estados, já era assim. Quando projeta isso para a coletividade, passam
a haver divergências de comunidades para comunidades. Por isso, desenvolveram-se meios de solução
de controvérsias, de conflitos de interesses. Um exemplo é que a liberdade de um termina quando
começa a do outro, mas a minha liberdade é diferente da entendida pelo outro, cada um enxerga de
uma maneira a tal da liberdade. Então, a existência de um sistema de solução de controvérsias não vem
só da necessidade, mas das emoções, ambições.

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1. CONFLITO DE INTERESSES: tem como primeiro marco o eurocentrismo. Implementam-se os
estados na Westfália, situação na qual os interesses das potências europeias levaram à degradação
física decorrente da guerra. Por isso, fizeram um tratado de paz, estabelecendo uma solução pacífica
para o que estava tentando se resolver pelo meio bélico.

2. SOLUÇÕES PACÍFICAS X SOLUÇÕES BÉLICAS: soluções pacíficas são de diálogo, bélicas são
consideradas salutares. E as pacíficas surgem, para muitos, quando a bélica não resolve. Mas isso não
é verdade, a racionalidade humana faz com que a pacífica seja preferida em relação às soluções
bélicas. A partir da guerra fria, a bélica foi disseminada, e continuam em uso. Hoje, mostram faces
não tanto inovadoras, mas distinta da chamada guerra convencional, aqui na América Latina não vê
muito porque é uma reserva.

3. PACÍFICAS: desenvolveram-se a partir do século XX. Divide-se em três modalidades: diplomáticas;


políticas; jurisdicionais. Aparentemente há hierarquia entre elas, mas isso não existe.
3.1. Racionalidade: as soluções pacíficas atendem a uma racionalidade. Voltando a Westfália, diz
que, para livrar os países e comunidades do flagelo da guerra, era necessário esse tratado. O
conflito bélico se utiliza do esgotamento dos recursos físicos do país. Westfália inaugurou a
intenção da paz. Duraram até o século XX, e hoje está com ideia centro-periferia, enaltecendo
outros tipos de guerra (falaremos depois). O natural é estar em guerra ou em paz. A racionalidade
leva a “vamos brigar sim”, mas com regras, a ideia de Grotius de paz. A outra ideia, de Kant, é a
paz com objetivo permanente, como uma maneira mais vantajosa das comunidades se
relacionarem.
3.2. Diplomáticos x políticos x jurisdicionais: Aparentemente há uma hierarquia, mas não é
verdade. Vivemos em um mundo em que todo mundo pensa logo em justiça e Estado. No mundo
internacional, o que é chamado jurisdicional não tem a natureza que existe no direito interno.
Quando se chega em Haia, já se está em uma situação crítica.

4. SOLUÇÕES PACÍFICAS NA MODALIDADE DIPLOMÁTICA: são os mais simples, deveriam sempre


prevalecer.
4.1. Negociação direta: qualquer tratado de solução de controvérsias, tirando o TPI, não são
tribunais entre estados, e sim destinados a pessoas, sempre vão encontrar como primeiro meio as
negociações diretas. É, senão, a utilização direta de chancelaria, surge para manter comunicação
entre os estados, para evitar que a falta de comunicação leve a disputas bélicas. Estimula os
órgãos a negociarem diretamente. Não há intervenção de terceiros, as próprias partes acordam.
OMC, MERCOSUL fazem negociação direta.
4.2. Bons ofícios: implica na intervenção de um terceiro que não faz nenhuma proposta, apenas
aproxima as partes em controvérsia. Esse terceiro não propõe solução, as próprias partes
propõem. Um terceiro entra, aproxima as partes, não propõe solução. A doutrina costuma
mencionar como exemplo de bons ofícios, geralmente, situações como a participação do EUA
para aproximar Israel e os palestinos.
4.3. Mediação: é a intervenção efetiva de terceiro com uma proposta, terceiro esse que deve ser
convidado ou aceito para emitir uma decisão. Ou seja, se o sujeito se propõe e as partes não
aceitam, ele não vai poder intervir. O que se espera é que seja convidado e a outra parte aceite.
Houve um conflito entre Uruguai e Argentina perto do Rio da Plata sobre construir fábrica
poluente, e eles não queriam mediação, levaram para resolver em Haia. O problema é que essa
solução é não compulsória, as partes não estão obrigadas a aceitar, daí a fragilidade da
intervenção. Para o terceiro, é importante ser convidado, para não gastar dinheiro desnecessário.
4.4. Conciliação: é uma solução semelhante à mediação, a diferença é que não há um terceiro
interveniente, há uma comissão formada por terceiro, deve ser número ímpar para gerar uma

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decisão. A proposta formal também não é compulsória. Essa proposta pode implicar em custos
que as partes terão que suportar.

5. SOLUÇÕES PACÍFICAS NA MODALIDADE POLÍTICA: estão em desenvolvimento. Tudo isso de


solução de controvérsia são soluções políticas, normas feitas segundo a vontade política dos
membros. Foi desenvolvido a partir do século XX, sobretudo a partir da ONU, que é órgão político
implementado a partir do século XX, que inspira as soluções políticas. O sucesso da ONU vem porque
dá efetivamente solução política, não entrou em declínio, e inspirou outras OI.
5.1. Colegiados O.I. (ONU): onde estão as soluções políticas dos casos mais importantes.
Soluções tomadas sem muita rigidez normativa. São os órgãos mais importantes.
5.2. Coalizão AD HOC: desenvolvido no final do século XX. Ex: EUA fez para invadir o Iraque, ex:
impedir desenvolvimento de bombas nucleares.

6. SOLUÇÕES PACÍFICAS NA MODALIDADE JURISDICIONAL: aparentemente são as mais novas e


superiores, mas são apenas as mais formais e menos indesejáveis a soluções políticas. Não há
judiciário no direito internacional, a verdadeira natureza dessas decisões é arbitral, não existe
diferença ontológica entre a arbitral e a judiciária, diz respeito apenas aos modos, forma de produzir
a decisão.
6.1. Arbitragem: é uma denominação histórica nas organizações. Hoje é utilizada mais em
matérias não políticas, técnicas e comerciais. *No commow Law, há muita arbitragem, o estado é
um intruso; quando leva a ele é porque algo não foi resolvido direito. Dois indivíduos estão em
litígio e chamam um terceiro parcial para resolver, e se vinculam. A cláusula arbitral é a mesma
coisa, só que acordada previamente, exemplo, faz um tratado e já diz nele que, se houver conflito,
elegerão um árbitro e se vincularão a isso. Há uma lista de árbitros, há além do tribunal de Haia
uma corte de Haia, que é uma lista de árbitros.
6.2. Compromisso cláusula
6.3. AD ROC, listas – caso específico
6.4. Temporária, matéria: são temas menos sensíveis, como os técnicos e comerciais. Os políticos
podem ser, mas normalmente são levados a cortes, que são arbitrais e permanentes. A OMC é
solução de controvérsias, já a Haia não é vista assim porque decide questões políticas mais
sensíveis.
6.5. Compulsória: as partes que se submeterem não vão poder depois discordar da solução, terão
que cumprir.
6.6. Não recurso, não instância: não há duplo grau de jurisdição, você já concorda em cumpri-las.
Como as duas decisões são arbitrárias, uma não é mais importante que a outra, não há diferença
de qualidade. O que há é recurso de interpretação de entendimento.
6.7. Sanção – represália: se uma das partes não cumprir, a outra pode impor sanção e represália
LÍCITA, o que não é nada trágico.

7. JUDICIÁRIAS: não há poder judiciário aqui.


7.1. Cortes, membros, tratados: A ONU já iniciou com corte permanente, a de Haia. Não existe
hierarquia entre as cortes. O TPI surgiu como um tratado de direitos humanos, sem nenhuma
organização internacional específica.
7.2. Permanente – procedimentos: implica em um custo.
7.3. Matéria: SENSÍVEL, POLÍTICA.
7.4. Compulsória: já estabelece a compulsoriedade no tratado.
7.5. Recurso e instância prevista: o sujeito pode entrar no primeiro grau ou no segundo direto, se
entrar no primeiro, pode pedir recurso, se entrar já no segundo, não cabe recurso. OMC,
MERCOSUL são assim.
7.6. Sanção – represália: O VENCIDO que não cumpre incorre em ilícito penal e dá espaço para
outro fazer represália lícita.

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Aula 25.07.2013 – Camilinha

SOLUÇÕES DE CONTROVÉRSIAS – NORMAS DE GUERRA

1. ATO DE VIOLÊNCIA- IMPOR CONDUTAS: É um ato de violência de uma comunidade autônoma


em relação a outra destinada a impor condutas. Hoje, chamamos essas comunidades autônomas de
Estado. Essas divergências são levadas para o lado da violência física e indesejável e por sempre
controlado pelas sociedades humanas. A sociedade racional não consegue prevalecer sobre a
sociedade pacífica. Outro aspecto, por ex: Obama tentou proibir jogos violentos, mas não obteve
êxito. A violência é uma expressão natural do ser humano, não é possível extingui-la, mas sim
controlá-la. O que é a violência? Fenômeno social ou natural? Social. Naturalmente.

2. DISCURSO (?): A violência nunca é usada como justificativa de si mesma, toda vez se constrói um
discurso para justificá-la. Precisa de um ótica racional para o seu uso. A abordagem das guerras, das
disputas entre Estados, no ambiente internacional atual. Westfália é um tratado de paz, assinado no
campo católico e outro protestante. A partir de Westfália surge:

3. RACIONALIDADE: Grotius Kant - Imprevisível custo. Passam a discorrer no sentido de uma


racionalidade como percebe a guerra como algo indesejável e de algo custo. Livrar a Europa do
flagelo da guerra. Grotius: tem o livro principal chamado “Da guerra e da paz”; passa a se preocupar
em investigar normas mínimas para a guerra. Kant “A paz perpétua” busca de uma paz permanente
como expressão racional do ser humano.

4. MARCO- ATUAL: Se tornou condenável, pois se tornou sobretudo, mortífera. A guerra foi
periferizada. As potências centrais da Europa passaram a sustentar guerras em locais fora do mundo
central, por ex, África. A periferização da guerra, já na década de 60/70 já houve aqui na América do
Sul. Os governos militares tinham inspiração capitalista ocidental, as guerrilhas eram de inspiração
socialista. Era uma guerra que não era desse local.
4.1. Interesse econômico.
4.2. Guerra industrial: no início do séc. XX surgiu a guerra industrial. É feita com três tipos de
instrumentos: aço, pólvora e dinamite. Mobilidade e superioridade aérea. Graças a essa
capacidade de destruição formou-se o chamado equilíbrio do terror.

5. NORMAS DE CONTROLE- ATUAL


5.1. Crimeia: Guerra da Crimeia ( carnificina). Se perceber que uma guerra é indesejável é uma
questão empírica. Final do séc. XIX. Passou a desenvolver normas positivas, a primeira delas é:
a) Convenção de Haia 1907 ( terrestre,marítima aérea- 1923): Meios pacíficos de soluções de
controvérsias e também se estabelecem regras para o controle da guerra terrestre e marítima.
Trouxe uma nova arma, superioridade área. Talvez o maior feito da humanidade tenha sido a
conquista da lua? Superioridade aérea. Perigo maior para os EUA devido aos satélites da URSS.

6. BRIAND- KELLOG- ILICITUDE: Dois diplomatas, um francês e alemão – série de declarações, como
uma situação ilícita. Esse pacto é outro marco do controle da guerra no mundo Ocidental.

7. GENEBRA 1949 (CIVIS, OCUPAÇÃO, FERIDOS, PRISIONEIROS LOCAIS): Regra para proteção dos
civis, regras para que a ocupação não seja exaustiva para o vencido. Os alemães maltratavam os
prisioneiros. Proibição de ataques a locais civis.

8. ARMAS QUÍMICAS, BIOLÓGICAS, NUCLEARES DESUMANAS. Controle de armas químicas,


biológicas. Tratado de tlatelocco.

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9. COSTUMEIRAS, DECLARAÇÃO, BANDEIRA, CRUZ VERMELHA, SALVO CONDUTO: Salvo conduto
alguém quem tem que passar pela zona de hostilidade sem lesões.( ex: mensageiro)

10. ONU: A ONU foi feita para manter a paz permanente.


10.1. Estado x Estado: É considerada, em termos da ONU, de Estado contra Estado, deve ter
como objetivo captura de território. Modos de guerra: agressão: essa é considerada ilícita. A
guerra tolerável: legítima defesa – direito de se defender de uma agressão injusta. Pode ser
individual ou coletiva (Ex: EUA ajudou Inglaterra na Guerra das Malvinas). É lícita temporária, até
que o Conselho de Segurança se manifeste. Ex: intervenção que houve na Líbia. Existem várias
modalidades de paz: rendição, trégua, cessar fogo, armistício, tratados.
a) Rendição: não há acordo.
b) Trégua: é temporária.
c) Cessar fogo: é o que existe entre as Córeias.
d) Armistício: tratado que visa preparar uma paz futura.

11. NEUTRALIDADE
11.1. Total: Países que não se envolvem em que qualquer tipo de hostilidade guerreira. Ex:
Suíça, Vaticano, Costa Rica.
11.2. Específica: Por ex: Brasil ficou neutro com relação ao conflito Inglaterra e Argentina. Dever
de imparcialidade. Direitos: não ser atingido, não ser lesado por aquele conflito.
11.3. Direitos e deveres

12. RELAÇÕES
12.1. Relações diplomáticas/ consulares, cessam
12.2. Tratados: extintos, vigência, suspensão: Alguns são extintos, alguns entrem em vigor.
Podem ser suspensos, no caso da guerra impedir o seu cumprimento imediato
12.3. Negócios: interesses, embargos, apreensões, angária: Os interesses econômico podem ser
mantidos entre os litigantes. Pode haver apreensões de propriedades. Direito de angária: manter
sob custódia bens do país litigante.

13. SÉCULO XXI- DESPADRONIZAÇÃO: A guerra de hoje está periferizada.


a) Insurgência- Guerra civil: Guerra civil, disputa de poder de populações.
b) Terror: não estado: Usar o território para ameaçar outros países. Questão da espionagem
c) Econômica: Se torna um fator válido para se fazer guerra.
d) Eletrônica: cibernética, espionagem: Não está nas regulações.
e) Drones – mísseis: Ocupação do espaço aéreo estrangeiro. Mísseis são controlados por alguns
tratados, os drones ainda não;

Aula 01.08.2013

MAR TERRITORIAL

Tema antiquíssimo que brota das relações do ser humano com a natureza. A humanidade, na sua
dinâmica de atividades ocupou os espaços terrestres e passou a usar os mares. Então, desde que a
humanidade se entende como tal que os mares são usados e as diversas comunidades se encontram nos
mares, inclusive para fazer acordos e guerras. Com o tempo, coma fixação das comunidades autônomas,
surge o problema de quanto cada um tem direito de usar dos mares, que originalmente seguia o
exercício das contrarrazoes, cada um faz dos mares o que quer. Considerando que com a globalização, o
ser humano tem cada vez mais domínio sobre todas as extensões do planeta, temos que também a
partir de Westfália passou-se a determinar regras padronizadas para o uso e controle dos mares. Daí

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que, para consagrar essa natureza clássica da matéria, Grotius, considerado o fundador do DIP, ele
implementa sua doutrina com dois livros: Da guerra e da paz...

1. ESTADO
a) Território – terrestre: quando se fala território de estado, entenda-se território terrestre.
Não existe estado aquático. Os problemas q temos de povoações que pretendem se tornar
independentes encontram obstáculo exatamente na definição do território, sendo a palestina o
mais notório. O território não mantém soberania plena por conta das colônias. Então, o estado é
composto por povo, território e governo. E o que é território? Terra. Se houvesse estado
aquático, os palestinos poderiam montar uma plataforma no meio do mar e fundar seu estado,
mas isso não é possível. O que diz respeito ao território terrestre, vem pro meio das demarcações
físicas dos estados, que em verdade são demarcações políticas. Ali existe mapa de relevo, de rio e
o mapa que define as fronteiras dos estados, cuja legenda é mapa político, porque aquelas
fronteiras não existem na natureza, no Maximo estão demarcadas pelo ser humano. Aqueles
limites você só vê no desenho, no local existe uma continuidade natural. Então os limites de
fronteira significam os limites de sua jurisdição territorial. Então, o estado é o lugar onde vale
determinado ordenamento. O que os estados fazem pra fazer essa delimitação política? Eles
usam limites naturais e artificiais.
b) Limites naturais/artificiais: é uma divisão útil, ma soa mesmo tempo, deficiente, porque se as
delimitações do estado são todas determinações políticas os limites são sempre estabelecidos
pelo ser humano, n pela natureza. Essa divisão dos limites significa q os limites naturais são
aqueles em q as comunidades escolhem acidentes naturais pra fazer a divisão – rios, cadeias de
montanhas, florestas, mares. Quando se usa m referencias meridianas e paralelas, como acontece
por exemplo com os anglo-saxões (EUA), é um limite artificial. Também é artificial quando se
baseia em dados cartográficos.

2. MAR TERRITORIAL
a) Histórico: os seres humanos ocuparam as terras e se expandiram pelos mares, usam os mares,
na medida dos seus interesses. Desde a antiguidade, esses países sempre precisaram estabelecer
faixas de defesa para seus territórios. O território terrestre de uma comunidade é o espaço vital
onde ela pode sobreviver, onde ela negocia com as comunidades vizinhas nos limites da sua
ocupação. No caso de estado com litoral, o q acontece é q o litoral é uma faixa de fragilidade para
o estado costeiro porque é um lugar de possível acesso de elementos hostis. Então, qualquer
estado costeiro tem com ação necessária a proteção do seu território vital, terrestre, com as
defesas do mar. Isso desde a antiguidade. Não havia nenhuma norma que dissesse isso. Quem
tinha seus territórios que defendesse, fazendo seus fortes. O que acontecia nessa época de
colonização? Havia ocupação dos estados constituídos, carta de corso (o cidadão tinha um navio e
recebia a carta de um rei dando direito a ele de defender os interesses daquele rei nos mares). O
desfecho disso foi o fim do tráfico negreiro. Os piratas faziam por conta própria, sem estar a
mando do governo. Depois de Westfália, passa-se a entender que há um padrão de
comportamento nos mares. O outro momento inaugural é um autor que propôs que todo estado
tem direito de proteger a faixa litorânea extensiva ao seu território de extensão de um tiro de
canhão. Então, vamos considerar que todo pais tem direito de defender sua costa na distancia de
um tiro de canhão. A partir dai, os estados passam a regular sua própria liberdade nos mares, seu
próprio limite costeiro.
b) CONVEMAR/82-ONU: aqui estão as regras principais de delimitação dos mares. É a convenção
mais importante, mas não é A CONVENÇÃO, não é ela que prevalece acima de tudo, pois tem um
problema – essa convenção não tem os EUA como signatário. Por interesses geopolíticos, eles não
assinam essa convenção, embora a própria convenção tenha dito que até determinada data se ele
assinasse, seria fundador. Ele não assinou, mas ele usa. No momento que ele usa, você de certa
forma ganha o direito de reivindicar dele a obediência aquelas regras, ainda que por costume.
Questão política- os EUA tinham esse prazo, mas não assinaram. Se ele resolver hoje assinar, mas

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digam que queriam que fosse restabelecida a regra de que ele era membro fundador, vão aceitar.
Essa convenção não estabelece só uma padronização de regras, como um sistema de solução de
controvérsias, que é acessível mesmo a quem não é signatário. A convemar tem dói tipos de áreas
como regra geral: as zonas demarcadas, afetadas ao controle ou soberania de ume sado
costeiro,e as zonas não demarcadas, ficam fora doa cesso de exploração, regulação e soberania
dos estados costeiros, as áreas comuns, cuja mais importante é o alto mar.

ZONAS COMUNS

1. ALTO MAR
a) Livre acesso e uso (lícito): Essa água que fica fora do alcance das determinações jurídicas feitas
pela convenção é o alto mar, área comum, que não é de ninguém especificamente. Então, o alto
mar é a área que não é de ninguém onde todos têm livre acesso e livre uso. O uso é de acordo
com suas próprias razoes? Não. O uso tem que ser lícito. Quais os limites da licitude? A própria
convenção estabelece o que não pode ser feito no alto mar. Pode fazer instalação bélica, mas n
transmissão eletrônica que prejudique algum pais. Então, os limites são as regras da convenção, o
princípio geral do direito de não lesar ninguém. Aí é que diz que pirata é quem usa embarcações
privadas. ** Questão de prova sobre se pode investigar tráfico de armas em alto mar – A
abordagem e apreensão em alto mar é licita.
b) Res communis X Res nullius: A convenção não pode, dentro de um regime de direito, aceitar q
o alto mar é zona de ninguém. O que é de ninguém é res nullius, mas o alto mar na convenção é
res communis, coisa de todos.
c) Perseguição

2. ÁREA
a) Fundos marinhos além plataforma: são profundidades sobretudo acima de 2500 metros. Essas
áreas hoje não estão ocupadas pois não há tecnologia nem interesse tecnológico em ocupá-las ou
explorá-las. Antecipando a intenção desse uso, a convenção declarou que os fundos marinhos são
inapropriáveis, são patrimônio comum da humanidade, inclusive para fins de proteção ambiental.
Nessas áreas, pode haver pesquisa e exploração, desde que sob cuidado humanitário.
b) Patrimônio comum da humanidade
c) Pesquisa, exploração

ZONAS DEMARCADAS

Aquelas que são afetadas aos estados costeiros, lindeiros.

1. MAR TERRITORIAL:
a) 12 milhas marítimas da linha base: nessa faixa de mar, é atribuída soberania plena ao estado
costeiro, é como se fosse parte do território dele. Ele comanda tudo como se fosse seu território.
A única ressalva que existe com relação ao território terrestre é o problema da passagem e da
entrada. Vamos ver a questão de pessoas vivendo fora do seu território. Verão lá que a entrada e
saída há de ser por locais regularizados e fiscalizados. A entrada por locais não oficiais já é sujeita
a deportação. Então, o adentramento de qualquer coisa ao território de um estado terrestre tem
que ser identificada e regularizada. Com relação ao mar territorial, em função das tradições
marítimas, no mar territorial, os países todos tem direito a passagem inocente. Um navio que vem
do norte vai pra argentina pode passar pelo mar territorial brasileiro sem avisar tranquilamente.
O que é diferente do sujeito entrar no território brasileiro por local não oficial.
b) Soberania plena
c) Passagem inocente
d) Passagem de trânsito: é um tipo de situação jurídica especifica q existe em regiões criticas,
como por exemplo canais estreitos. Canal de panamá, canal de Suez. Esses lugares críticos que

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são importantes para o estado costeiro, para q haja passagem de navio não identificado, é preciso
q haja notificação. Não se pode usar nesse lugares críticos a passagem não identificada. A
passagem de trânsito é a passagem avisada por acidentes dos estados costeiros.
e) Recortes, ilhas, baixios: o litoral é recortado, ai fica duvida de como se mede o mar territorial.
A regra é: se a abertura é menor do que 24, isso é considerado mar interior, água interior, então o
mar territorial passa reto. Se é maior do que 24, o mar territorial deve contornar. Ilhas – ilhas
naturais. Ilha artificial n tem o mesmo tratamento. A ilha que esta dentro do mar territorial faz
parte do território, a que esta na borda do mar territorial é incorporada. As ilhas oceânicas são
entregues a algum, pais por tradição de ocupação histórica. Exemplo: ilhas Malvinas. Ficam bem
perto da argentina, mas a Inglaterra ocupou muito antes. Isso não é ilegal, e um exercício das suas
próprias razões e da sua liberdade natural. O que pode impedir isso é o interesse de outrem. Não
algo que impeça que se exerça uma ocupação sobre ilhas oceânicas, se não está lesando ninguém.
Ilhas oceânicas brasileiras: ilha de Trindade, ilha de Fernão de Noronha. Nas ilhas oceânicas, tem
demarcação de mar territorial. E as ilhas artificiais? Plataformas? Não geram mar territorial. Baixio
– situação de mar onde quando a maré está baixa a área está descoberta e quando está alta, não.
Isso não é considerado ilha, não gera mar territorial em qualquer domínio. Todas essas zonas
demarcadas, tem uma lei brasileira que estabelece o exercício da soberania jurídica brasileira
sobre essas mesmas zonas.

ZONA CONTÍGUA

1. 24 milhas marítimas da linha base (linha de baixa mar)

2. POLICIAMENTO: é considerada uma área de policiamento, em função da soberania. Fiscalização


de contrabando, tráfico, coisas que sejam nocivas.

ZEE (ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA)

1. 200MM – LINHA BASE:

2. EXCLUSIVA – LEITO, SOLO, SUBSOLO: existe exclusividade de pesquisa e exploração do pais


costeiro com relação ao leito (o que adere ao solo, espécies que vivem andando nesse solo), solo
(areia, minério) e subsolo. A convenção diz que o pais costeiro tem exclusividade sobre a zee, mas no
meio aquático é só regulamentação. Os outros países podem pescar.

3. MEIO AQUÁTICO – REGULAMENTO

4. CABOS, ROTAS: o país costeiro não pode impedir passagem de cabos nem impedir rotas
marítimas.

PLATAFORMA CONTINENTAL

1. LEITO, SOLO, SUBSOLO: é a porção de terra que avança submersa alem dos continentes. A
convenção diz q a exploração é exclusiva do país costeiro, do leito, solo e subsolo.

2. ATÉ 350mm: pode ir até 350 se houver condições geográficas para isso. Ou é 350 mm ou o local
em que há profundidade de 2500 metros. O espaço que fica ale das 200 milhas, o pais não pode
regular, outros países podem pescar.

3. Profundidade 2590m

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ESPAÇO AÉREO

1. OACI (organização internacional de aviação civil) – CONVENÇÕES DE VARSÓVIA, CHICAGO

2. TERRA + MAR: espaço aéreo é a área espacial composta de território e mar territorial.

3. NÃO PASSAGEM INOCENTE: a passagem da aeronave tem que ser identificada, por segurança
bélica (o sobrevoo de uma aeronave n identificada no território de outro é um perigo potencial),
regra muito desobedecida (contrabando na Amazônia). A outra questão de segurança é de segurança
aérea de fato, para que um avião não se choque com o outro. Então, tem que se identificar pra
submeter seus controles de zonas e altura.

4. PROTOCOLOS: cada estado faz com o outro protocolos de uso do espaço aéreo, se pode ser só
de sobrevoo, se pode desembarcar gente, se pode fazer carga.

ZONAS POLARES

1. NORTE:
a) Alto mar: o polo norte é apenas água. O bloco de gelo que tem lá é aquático, sobre água. É
considerado zona de alto mar. Existem pra essas zonas diversas teorias e o que funciona na
prática são as teorias mais aceita, contiguidade e setores.
b) Contiguidade: teoria que assimila a prática de ilhas oceânicas, ou seja, que há o exercício da
liberdade natural e que faz com que os países reivindiquem para is terras desabitadas. Então, essa
teoria é uma declaração por ato unilateral que as terras mais próximas de determinado pais
pertence a ele.

2. SUL
a) Terra: o continente antártico é desabitado e não é de ninguém.
b) Setores: cada país tem direito a setores circulares das terras. Esse tratado dizia que depois de
assinado os países signatários tinham um prazo pra ocupar esse espaço, q n seria uma ocupação
soberana, mas apenas a titulo de pesquisas. Na década de 80, o Brasil montou uma estação de
pesquisa.

Aula 22.08.2013 – aula de Camilinha

NACIONALIDADE

1. VÍNCULO: Toda pessoa é capaz de direitos e obrigações.


a) Estado/indivíduo: Vínculo do Estado com o indivíduo. Uma das expressões da soberania do
Estado. Define juridicamente quem são os nacionais. Esse vínculo é político e sociológico.
b) Político/ sociológico/jurídico: Quando se torna jurídico já é tema da construção temporal do
Estado.
O nome que deveria ser utilizado é estatalidade, mas usa-se nacionalidade, fazendo um apelo
político e sociológico. Essa nacionalidade tem origens remotas. Na antiguidade, nessas civilizações
antigas, como Grécia e Roma, era a cidadania, o cidadão. “O homem é um animal político” vive
aglomerado coletivamente. Homem segundo uma percepção de cidade. O sujeito que era cidadão
de uma cidade era aquele comprometido com os interesses individuais e coletivos. Nesse tempo
não havia noção de Estado. Havia cidades-Estados que não se confundem com Estado.

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Nem todos eram cidadãos, cidadão espartano era apena 10 por cento da população. O que
chamamos hoje de nacional, chamamos hoje de cidadão.
a) DIP. Interno

1. HISTÓRICO
a) Etnia/terras: Encontra a mesma noção de vínculo estabelecida a partir de etnia. Dentro de um
tribo há um sentido de pertencimento. Como se identifica? Linhagem sanguínea. Sentimento
reconhecido como racismo, quando você identifica um pertencimento a um outro está
identificando um não pertencimento a outro.
O problema não é o racismo, é o etnicismo.
b) Cidadão

2. EFEITOS: Efeitos da nacionalidade: alguns dos antigos – cidadão na cultura grega, isonomia,
isotimia ( direito de ocupar cargos públicos). Havia os cidadãos e não cidadãos.
a) Direito políticos civis: Direitos civis: direitos políticos, direitos civis, serviço militar. Aos plebeus
que não tinham patrimônio, davam seus filhos para adquirir proteção da cidade. Emancipação de
pessoas.
b) Serviço Militar:
c) Jus laboris: Os efeitos de hoje são: jus laboris: onde pode trabalhar e exercer atividade
econômica. Qual é a necessidade do Estado hoje? Questão da moeda, monopólio da violência.
d) Econômico: onde se aufere os lucros.
e) Tributário: de quem você pode exigir imposto. Ex: paraíso fiscal.

3. DIP: Para o DIP o que interessa é o seguinte – principio fundamental segundo o qual a cada
indivíduo uma nacionalidade e a cada indivíduo não mais de uma nacionalidade. Apátrida: nasce sem
nacionalidade. Isso é uma afronta a dignidade da pessoa humana. Deve ser combatida a todo custo.
Situação de insubsistência jurídica.
a) Nacionalidade
b) Apátrida
c) Polipátrida: várias nacionalidades.
Temos direito a identidade, passaporte é do Estado. Ex: reter o passaporte dos membros
envolvidos no mensalão.

4. TIPOS
a) Jus solis x Jus sanguinis: jus solis – nacionalidade adquirida em razão do território. Jus
sanguinis – nacionalidade referente a etnia. Países de emigração costumam usar jus sanguinis. No
sistema europeu. O DIP procura amenizar situações de apátridas
b) Originária x Adquirida: originária – recebe quando nasce. Adquirida – conquistou, adquiriu ou
requereu.

5. NATURALIZAÇÃO
a) Individual: preenchendo os requisitos necessários consegue a naturalização.
b) Coletiva: Ex: mercosul estabelecesse uma cidadania plena.

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No Brasil as regras da nacionalidade estão previstas na Constituição Federal. Brasileiro nato e
naturalizado. O que interessa no nosso curso: só podem ser membros diplomáticas quem é brasileiro
nato.
Nato: jus solis – nascido em território brasileiro, filhos de brasileiros no exterior que estejam a serviço
do governo brasileiro. Ex: filho de diplomata.
Maioridade: o indivíduo nascido no exterior que viesse a morar no Brasil antes da maioridade e
requeresse poderia ser brasileiro. Registrados no Consulado são brasileiros (acabou-se com essa regra
em 88). Houve um movimento nesse sentido e a EC 48: filhos de brasileiro registrados no Consulado são
brasileiros. A regra anterior era mais adequada. Norma de barateamento.
Naturalizado: Estrangeiro em geral 15 anos de residência permanente, bom comportamento e
requerimento. Lei. 6.815/80. Boa condição de saúde, falar a língua.
Língua portuguesa (1 ano, idoneidade). Basta um ano e idoneidade moral ( Angola, Moçambique)
Portugal: equiparação e reciprocidade.
Pode requerer equiparação inclusive direitos políticos. Estatuto de igualdade.
Perda: pode acontecer tanto para o nato quanto para o naturalizado. Ex: cidadão criminoso. Aquisição
de outra nacionalidade – perde a brasileira a não ser que essa aquisição seja: a nacionalidade nova
reconheça a brasileira, teve que se naturalizar para exercer direitos civis. Ex: italiana-brasileira

ESTRANGEIRO NO BRASIL

A permanência deve ser aferida desde a entrada. Só pode ser feito por lugares oficiais. Se chega em um
barco, navio, tem que procurar a capitania dos portos para afirmar sua presença.
Cidadão que entra por lugar irregular já está clandestino. Os vistos são feitos segundo acordos. Ex: caso
de Bill Gates. Europa não precisa de visto.

Vistos, trânsito, 10d


Visto: ato de soberania do Estado.
Trânsito: 10 dias: tripulação aérea; não serve como exemplo, pois tem visto de trabalhador. Ex: avião
precisou parar para abastecer.
Turista: vale por 5 anos no Brasil.
Lei 6.815/80- Turista- 5ª- 90/180 d
-temporário
Dado em razão de uma missão, de um trabalho. Ex: intercâmbio.
-permanente
É o visto que permite que o estrangeiro fique no território brasileiro regularmente. Depende da situação
em que entra no país. Ex: pessoal refugiado.
-diplomático
Pessoa que está em função diplomática
-oficial
Trabalhar para o governo brasileiro
-cortesia
Ex: contrate um jogador, artista. Dá a esposa cortesia
-Brasil
a)não- jus solis

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