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TEORIA DA PENA
(Aula 01 em 11/09/08)
1. QUADRO SINÓTICO
Espécies de pena no Brasil: Temos um grande gênero, que é a sanção penal. Sanção penal é uma
resposta estatal dada a alguém que praticou uma infração penal. É gênero que engloba duas espécies: pena
e medida de segurança. As diferenças entre elas serão vistas em momento oportuno.
Quais são as espécies de Penas que existem no Brasil? São três espécies:
1) Medida de Segurança Detentiva: é aquela em que há uma internação do doente mental. Está
positivada no art. 96, I, CP.
2) Medida de Segurança Restritiva: onde há o chamado tratamento ambulatorial (art. 96, II, CP).
- Prestação pecuniária
- Prestação de serviços à comunidade
- Limitação de fim de semana
- Interdição de direitos
- Perda de bens e valores
reclusão
Privativa de liberdade detenção
prisão simples
prestação pecuniária
Pena prestação de serviços à comunidade
Restritiva de direitos limitação de fim de semana
interdição de direitos
perda de bens e valores
Sanção
Penal Multa
detentiva
Medida de segurança
restritiva
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2. FINALIDADES DA PENA
1ª) Teoria Absoluta – preconiza a função retributiva da pena. A função retributiva consiste na
retribuição, por parte do Estado, pelo mal (crime) que o agente cometeu. Se você cometeu um crime, você
violou um bem jurídico e, como resposta estatal, vou te retribuir com um mal chamado pena. “Pagar com um
mal um outro mal causado.” É como se fosse um castigo.
2ª) Teoria Relativa – preconiza a função preventiva da pena. Prevenir significa evitar alguma coisa.
Essa função preventiva divide em prevenção geral e prevenção especial. A diferença é a finalidade e o
destinatário, na medida em que:
A prevenção geral se dirige à sociedade, à coletividade. Toda vez que o Estado aplica uma pena a
alguém, ele está demonstrando que quem praticar um crime, também receberá uma pena. É por isso que se
evita a prática de crime.
Há uma crítica a essa função preventiva geral, do professor alemão Hassamer, pois ele fala que o
Estado estaria transformando o delinqüente em um instrumento de intimidação geral, pois aquele que recebe
a pena está sendo usado como um instrumento para intimidar toda a coletividade. Ele diz que isso viola o
princípio de dignidade da pessoa humana. Porém, essa crítica não prospera, pois isso continua a ser aplicado
na teoria e na prática.
A prevenção especial, por sua vez, se dirige ao condenado, pois busca a chamada ressocialização
do condenado, isto é, se uma pessoa praticou um crime, ela desviou a sua conduta. Então, essa pessoa vai
ser segregada, retira-se ela do convívio social, aplica-se a ela os institutos ressocializadores da LEP e, com
isso, se evita que ela volte a delinqüir futuramente. É como se a pessoa saísse do cárcere como uma nova
pessoa. Na prática, sabemos que isso não funciona, pelo sistema carcerário atual.
A lei fala em reprovação e prevenção. Portanto, as duas teorias foram adotadas no Brasil, a
absoluta e a relativa. A teoria adotada, então, foi a teoria mista.
No Brasil, ainda se mantém essa dicotomia entre reclusão e detenção. Embora vejamos na lei a
prisão simples, ela não é mais aplicada e, portanto, não mais existe. Isso, no Brasil, ainda está positivado de
forma anacrônica, pois, se compararmos com o Direito Penal alienígena, veremos que este já está avançando
em pena. O problema é que, aqui no Brasil, não se dá muita atenção à norma e à pena. No Brasil, a doutrina
só dá atenção à Teoria do Crime. No Direito Penal mundial é diferente. Na Alemanha, a teoria do
funcionalismo sistêmico de Jacobs, ou o funcionalismo teleológico de Roxin, parte daqui, da teoria da pena.
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Isso pode ser observado com a reforma de 1975 operada no CP alemão (strafgestezbuch), que
unificou a pena. Lá também era como aqui, mas, em 1975, o CP alemão foi alterado e lá se unificou as penas.
Lá, se adotou o sistema único de pena privativa de liberdade, não havendo mais essa dicotomia (reclusão e
detenção).
RECLUSÃO DETENÇÃO
A PPL de reclusão é destinada a delitos mais graves A PPL de detenção é destinada a delitos menos
graves
Admite os regimes iniciais: fechado, semi-aberto, Só admite os regimes iniciais: semi-aberto e aberto
aberto. (não pode iniciar no regime fechado, mas pode
regredir no fechado). Obs.: se verificar na prova o
sujeito apenado a uma detenção em regime fechado,
verifica!! Se for inicial, está errado, se foi por meio da
regressão pode!!
Em caso de concurso de crimes apenados com Em caso de concurso de crimes apenados com
reclusão e detenção, a pena de reclusão será reclusão e detenção a pena de reclusão será
executada em primeiro lugar, antes da detenção. executada em primeiro lugar, antes da detenção.
Se o crime praticado pelo inimputável (doente mental) Se o crime praticado pelo inimputável (doente mental)
for apenado com reclusão, a Medida de Segurança a for apenado com detenção, a MS a ser cumprida será
ser cumprida será a MS detentiva, em que há uma a MS restritiva. Vai se submeter a um tratamento
internação (art. 97 CP). ambulatorial (art. 97 CP).
Os crimes apenados com reclusão têm, como efeito Nos crimes apenados com detenção, não há a perda
secundário da condenação, a perda do poder familiar, do poder familiar, tutela ou curatela como efeito
tutela ou curatela (art. 92, II, CP). secundário da condenação.
Os crimes apenados com reclusão admitem a Nos crimes apenados com detenção não é admissível
interceptação telefônica (art. 2º, inc. III, Lei 9296/96). a interceptação telefônica (art. 2º, inc. III, Lei
9296/96).
Somente a autoridade judiciária poderá arbitrar e A autoridade policial (delegado de polícia) pode
conceder fiança, desde que a PPL não ultrapasse 2 arbitrar a fiança (art. 322, caput, CPP)
anos (art. 323, I, c/c 322, parágrafo único, CPP).
Prisão Preventiva é cabível sem nenhuma restrição Só é cabível a prisão preventiva quando o indiciado
(art. 313, inc. I, CPP). for vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade,
não fornecer ou não indicar elementos suficientes
para esclarecê-la.
Lei 11. 719/2008. Lei 11.719/2008.
Antes dessa lei, os crimes apenados com reclusão Antes dessa lei, os crimes apenados com detenção
tinham o procedimento comum ordinário como rito, tinham, como regra, o procedimento comum sumário,
salvo procedimentos especiais previstos no CPP ou salvo procedimento especial previsto em lei especial
lei especial. (Ex.: Júri, drogas). ou no CPP. (Ex: abuso de autoridade. A lei 4898 prevê
um procedimento específico).
Em relação à última diferença, acabou essa distinção, pois agora independe de ser reclusão ou
detenção.
1. REGIMES PRISIONAIS
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Art. 33 do CP:
§ 1º - Considera-se:
Pena maior que 8 anos Pena entre 4 e 8 anos Pena menor ou igual a 4 anos
Não reincidente
Reincidência Não reincidente
Circunstâncias Judiciais
Circunstâncias Judiciais Circunstâncias Judiciais
2º) Reincidência
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E se a condenação foi de uma pena superior a 8 anos? O juiz fixou o regime fechado, o réu interpôs
recurso de apelação e o tribunal baixou a pena para menos de 8 anos (sete anos, por exemplo). O Tribunal
tem que mudar o regime? Claro que tem! Tem que mudar para o regime semi-aberto. Mesmo que a defesa
não peça, mesmo assim o tribunal pode fazer, pois a liberdade é indisponível e o regime deve acompanhar a
quantidade de pena.
Reincidente é o sujeito que pratica uma primeira infração penal, recebe uma sentença condenatória
transitada em julgado e depois pratica uma segunda infração penal.
Mas, isso depende. O que é infração penal? Teoria bipartida: crimes (ou delitos) e contravenções.
Então, quando se fala em infração penal, pode ser crime/delito e contravenção.
- Crime ou delito
Infração penal
- Contravenção
Art. 63 do CP: Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no Brasil ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Art. 7º do DL 3688/41: Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção, depois
de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou,
no Brasil, por motivo de contravenção.
STJ
Atenção à última hipótese: se o sujeito praticou contravenção e depois o crime, não há reincidência!
Ele continua sendo primário!
O reincidente tem uma apenação maior. A reincidência é um “quadris in idem” ao cubo (agravante,
aumenta a pena, regride de regime).
Ex.: O reincidente recebeu uma PPL de 1 ano e 3 meses. Vai começar a cumprir a pena em qual
regime inicial? Fechado, ainda que a pena seja mínima. Se ele for reincidente, vai iniciar no regime fechado!
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Depende do regime.
Existe, no Rio de Janeiro, casa de albergado? Sim, fica em Benfica. Como funciona? O sujeito fica o
dia todo na rua e volta para dormir, entre as 22 h da noite e as 6 h da manhã. Na prática, não há cama para
todos. Eles pagam R$ 30 por noite para dormir em casa.
Mas, esquecemos de uma pessoa: O condenado por crimes hediondos ou equiparados (TTT)
também vão iniciar o cumprimento da PPL no regime fechado. Independentemente dos três critérios! O mero
fato de o crime ser etiquetado de hediondo ou equiparado faz com que a pena se inicie em regime fechado.
Hoje, o regime não é mais integralmente fechado e sim inicialmente fechado.
Na sentença criminal, quando o juiz for fixar o regime, ele tem que falar que o regime fixado é o
regime inicial? Não, pois o regime que o juiz fixar na sentença já será o inicial (art. 59, III, CP). Basta que o
juiz diga, por exemplo: “Fixo o regime fechado”. Pelo inc. III do art. 59, já se sabe que o regime fixado será
inicial, podendo haver depois a progressão ou regressão.
Ex. de caso concreto: PPL aplicada de cinco anos. O réu não é reincidente e as circunstâncias
judiciais são favoráveis. O regime será semi-aberto. Mas, o juiz considera que o crime tem uma altíssima
gravidade em abstrato, fixando regime diverso, impondo o regime fechado. A opinião do juiz sobre a gravidade
em abstrato do crime justifica a imposição de regime mais gravoso do que a lei autoriza?
Então, o juiz pode ou não aplicar um regime mais severo do que a lei permite? Sim, desde que haja
motivação idônea e desde que a fundamentação não seja a opinião pessoal do juiz.
O que seria a motivação idônea? Qualquer fundamentação, desde que idônea. Ex.: roubo, com
emprego de arma e concurso de pessoas. Pena final: 5 anos e seis meses. Regime cabível: semi-aberto. Na
prática, o juiz fixa o fechado, pelo fundamento de que o roubo é um crime que tem violência, grave ameaça
contra pessoa, etc., “por isso fixo o regime fechado”. Nesse caso, o juiz fundamentou.
A pergunta agora é: Isso tudo que vimos, esses critérios, é de segmento obrigatório ou facultativo
para o juiz? O juiz pode fugir disso?
O professor já estagiou com o Geraldo Prado e já viu ele aplicar pena restritiva de direitos em crime
de roubo. O art. 44, I, fala que não cabe pena restritiva de direitos nos crimes com violência ou ameaça. E ele
substituiu. Ele considerou como necessária e suficiente para aquele caso a pena restritiva.
Caso que vem na prova: O sujeito foi condenado a uma pena igual ou inferior a 4 anos, as
circunstâncias judiciais são todas favoráveis e ele é primário. Qual é o regime que o juiz vai aplicar na
sentença?
Regime Aberto.
Temos aqui dois abismos: o regime aberto e o regime fechado. Mas, podemos construir uma ponte
entre os abismos: o regime semi-aberto. Nessa hipótese, mesmo sendo reincidente, pode o juiz fixar o semi-
aberto? Se disser que não, é porque isso é de segmento obrigatório para o juiz. Se disser que sim, é de
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segmento facultativo, e o juiz pode fixar outro regime. A súmula 269 do STJ diz que sim! Pode haver fixação
de regime diverso. Ela deu maior relevância ao 3o critério – mérito do condenado (“se favoráveis as
circunstancias judiciais”).
Ainda no regime de cumprimento de PPL, vamos estudar o passeio entre os regimes, isto é, regime
fechado, semi-aberto e aberto.
Fechado
Aberto
A regressão e a progressão estão positivadas na LEP (Lei 7210/84): a progressão no art. 112: e a
regressão no art. 118:
2. PROGRESSÃO DE REGIME
2º requisito: Subjetivo Ligado ao preso: bom comportamento carcerário atestado pelo diretor do
estabelecimento prisional.
A pergunta é: a progressão pode se dar per saltum? Ou seja, o sujeito pode progredir do fechado
para o aberto direto ou tem que passar pelo semi-aberto?
A resposta está na lei: Não, se tem que ser no regime anterior, ele não pode progredir per saltum. Ele
vai ter que ir do fechado para o semi-aberto e, só depois, poderá ir para o aberto. A progressão não pode se
dar per saltum.
Obs.: se não tiver colônia agrícola ou industrial na localidade, mas tem casa de albergado, tem que
progredir. A progressão é um direito do sujeito que cumpriu os requisitos. O apenado progride para o semi-
aberto e ele vai cumprir a pena na casa de albergado. O fato de colocar o apenado na casa de albergado não
significa que ele progrediu do fechado para o aberto direto.
E se não tiver lugar na casa de albergado? Isso é muito comum. O apenado vai para casa.
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Questão que vai vir em provas: Crimes Hediondos ou equiparados (8072/90) – O regime fixado
pelo art. 2º, §1º, era o integralmente fechado. Isso mudou.
Sempre se discutiu se o regime integralmente fechado era ou não constitucional. Até que teve o caso
do pastor que abusou sexualmente de um menino de 8 anos (atentado violento ao pudor com violência
presumida, já que é menor de 14 anos. É um crime hediondo). O juiz fixou, na sentença de primeira instância,
o regime integralmente fechado. E aí o pastor foi cumprir a pena, cumpriu 1/6 e teve bom comportamento
carcerário. Pediu progressão de regime, através de petição simples. O Juízo indeferiu a progressão, em
virtude de se tratar de crime hediondo. O pastor, então, impetrou agravo em execução para o TJ e este, por
sua vez, negou provimento ao recurso por ser o crime hediondo.
Após, o pastor impetrou Ordem de HC no STF (nº 82859). No dia 23 de fevereiro de 2006, o STF, em
votação apertada de 6 a 5, declarou esse regime inconstitucional. De lá pára cá, todo mundo começou a
poder progredir de regime? Essa decisão teve eficácia inter partes, pois o método foi difuso. Só depois a Lei
11464/07 positivou essa jurisprudência.
A partir de quando começou a ser possível a progressão? Da data da lei ou da ordem de HC? Da
ordem de HC, pois, embora a decisão tenha eficácia inter partes, todos os juízos e tribunais começaram a
conceder também a progressão de regime em crimes hediondos ou equiparados, para serem coerentes com
o STF e não por eficácia erga omnes, pois a eficácia era inter partes!!
Essa lei, embora tenha positivado a jurisprudência, estabeleceu novos prazos para a progressão: 2/5
se for primário e 3/5 se for reincidente. Atenção: o sujeito que praticou uma contravenção penal, recebeu
uma sentença condenatória transitada em julgado e praticou um crime hediondo é primário? Sim.
A pergunta é: Esses novos prazos para progressão de regime retroagem ou não? Essa nova lei, que
trouxe o regime inicial fechado, aumentou o prazo. A nova lei é mais prejudicial, pois aumenta o prazo de
cumprimento para progredir de regime, e, portanto, não retroage. Portanto, quem praticou o crime hediondo
ou equiparado até, e inclusive, o dia 28 de março vai progredir com o prazo da LEP, de 1/6, pois a nova lei,
por ser mais severa, não retroagirá. Agora, quem praticou o crime hediondo ou equiparado do dia 29 de
março em diante progride, mas com o prazo na nova lei.
Exame criminológico: art. 112 da LEP. Era para aferir se o condenado tinha condições de, no
regime semi-aberto ou aberto, permanecer no convívio social apesar de ter praticado o crime. O art. 112 foi
alterado pela Lei 10792/03, que extinguiu o exame criminológico.
Sim. Pelos informativos do STJ. Embora tenha saído do art. 112 a exigência do exame criminológico,
ele ainda pode ser realizado, desde que haja necessidade e fundamentação para sua realização. Quem
decide se há necessidade é o juízo da execução.
3. REGRESSÃO DE REGIME
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A regressão pode se dar per saltum? Pode regredir direto do regime aberto para o regime fechado,
sem passar pelo semi-aberto? Pode, pois a lei fala em transferência para qualquer dos regimes mais
rigorosos (tanto do aberto para o semi-aberto, quanto do aberto para o fechado diretamente).
Inciso II: sofrer condenação por crime anterior cuja pena somada ou restante da pena em execução
torne incabível o regime.
Art. 50 da LEP:
II - fugir;
A pergunta é: Se o conceito de falta grave do art. 118 tem que ser complementado pelo art. 50 da
LEP, qual é a Natureza Jurídica do art. 118 da LEP?
Obs.: a lei 11466/2007 inseriu uma nova falta grave: telefone celular, rádio ou aparelho similar. Está
no inc. VII, que foi inserido por essa nova lei.
Ex.: réu está em regime fechado e foi pego pelo carcereiro, no Natal de 2006, ligando para família
para desejar “feliz natal”. Isso gera regressão? Nesse caso não!! A Lei de 2007 é mais gravosa, logo, não
retroage, pelo princípio da irretroatividade.
Cuidado: quando colocar data na prova, a questão está versando sobre retroatividade,
irretroatividade ou prescrição.
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TEORIA DA PENA
(Aula 02 em 12/09/08)
4. REMIÇÃO DA PENA
Significa a exoneração de um encargo (De Plácido e Silva). Temos que concordar que a pena é um
encargo que o réu tem que cumprir, pois ele praticou um crime e causou a lesão a um bem jurídico. Agora, ele
tem um encargo a cumprir, que é a pena.
Como ele vai se exonerar desse encargo? Por um instituto chamado remição, pelo trabalho. A
matéria vem exposta na LE (7210/84), arts. 126 e seguintes.
“§1º A contagem do tempo para o fim deste artigo será feita à razão
de 1 (um) dia de pena por 3 (três) de trabalho”.
Quem cumpre pena privativa de liberdade nos regimes fechado ou semi-aberto, poderá remir parte
da pena pelo trabalho. O trabalho é, sem dúvida nenhuma, um direito do preso. A LEP garante nos arts. 40 e
seguintes.
A melhor forma de o preso prosperar na prisão é trabalhando, ou seja, ele trabalha de dia e pensa
em fugir de noite. Mas, por que a LEP trouxe o trabalho do preso como direito e causa de remição da pena?
Pela própria finalidade da pena. Vimos que a prevenção especial se dirige ao próprio preso, para evitar a re-
delinqüência. Retira-se ele do convívio social e aplica-se a ele os institutos da LEP. Um deles é o trabalho.
Ele recebe salário, pode se aposentar e contribui para o INSS. Mas, quantas horas ele trabalha por
dia? O art. 33 da LEP diz que a jornada não será inferior a 6 nem superior a 8 horas diárias. O primeiro ponto
relevante é:
Não, pois, no regime aberto, você vai ter que trabalhar. Se você olhar para o dispositivo do art. 126,
caput, a norma que se retira é que, por exclusão, não cabe no regime aberto. E essa é a posição pacífica da
doutrina. E a razão é simples: a lei não prevê.
Nós só vamos encontrar um tribunal que diz que cabe a remição no regime aberto: alguns acórdãos
minoritários do TJ/RS. E por vários motivos:
Além do que, não aplicar no regime aberto a remição pelo trabalho é ferir a isonomia. E os presos
não estão em situações desiguais, o que justificaria um tratamento desigual. Eles estão em situações iguais,
pois ambos estão sob a custódia estatal cumprindo uma pena privativa de liberdade.
Questão: quem é que vai descontar a pena? De quem é a competência para declarar a remição da
pena?
É do juiz da execução. Depois que o réu já começou a cumprir pena, ele já ingressou na 3ª fase do
princípio da individualização da pena, a fase executória, e lá haverá um juiz de execução para decidir
qualquer questão relativa à execução da pena. É ele que vai fazer a remição, o livramento condicional, aplicar
a progressão de regime, a regressão, a unificação da penas, aplicar a abolitio criminis.
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Questão: se não houver trabalho para o preso por insuficiência estatal ele fica sem remição?
A todo direito corresponde um dever. Se é direito do preso trabalhar, se ele trabalhou, é dever do
Estado conceder a remição. Agora, se o Estado tem o dever de conceder a remição, tem o direito de exigir
que o preso trabalhe. Mas, se não há trabalho por insuficiência estatal, ele tem direito? Uns diriam que, se ele
não trabalhou, não tem direito. Outros já diriam que é direito do preso e, se ele não consegue por insuficiência
administrativa, ele não pode ser penalizado. Duas correntes disputam isso:
1ª posição (Rogério Greco e Mirabete): Tem direito à remição. O preso não pode ser prejudicado pela
insuficiência administrativa estatal. Se é direito do preso trabalhar e o Estado não fornece, por insuficiência,
não pode o preso ser penalizado. Dessa forma, tem sim direito à remição da pena pelo trabalho.
2ª posição (César Roberto Bitencourt e Luiz Régis Prado): Dá uma interpretação não legalista. Se o
preso não trabalhar, ele não tem direito à remição da pena. Somente o efetivo trabalho lhe confere o direito à
remição. Fundamento: quando a LEP fala em trabalho como direito do preso, ela está estabelecendo um
princípio programático, por uma norma que não é auto-aplicável, como faz a Constituição da República
quando afirma que todos têm direito à saúde, trabalho, lazer, vestuário, enfim, os direitos sociais. Assim, só o
efetivo trabalho confere ao preso o direito à remição da pena.
Não há uma corrente majoritária. Isso vai depender do concurso que você fizer.
Questão: hora extra é contada? Se o preso trabalhou 10 horas em determinado dia, o que vamos
fazer com as duas horas a mais? Serão computadas?
Diz a doutrina (Alexandre de Moraes) que a hora extra não deve ser considerada para efeito de
remição, por uma razão muito simples: a lei estipula a jornada máxima de 8 horas, não determinando a
contagem de hora extra. Sendo assim, a hora extra deve ser descartada.
Questão: a fração de horas inferior à jornada mínima (somente 4 horas, por exemplo) deve ser
computada?
A doutrina diz que não deve ser computada, pois a lei estabelece jornada mínima de 6 horas.
Nós não vamos achar ninguém em doutrina, por enquanto, dizendo que devem ser computadas sim
a fração mínima e a hora extra. Mas, com todas as vênias, vamos discordar:
A doutrina não deve prosperar nesse sentido, pois o que é direito do preso é trabalho. Se ele
trabalhou 4 horas, ninguém pode negar que ele trabalhou. Então, faz-se um banco de horas. Se, no dia
seguinte, ele trabalhou a mais, 10 horas, computa-se essa hora excedente. Por que não pega as quatro horas
da 3ª feira e as duas horas a mais da 4ª feira e soma-se? É função do diretor penitenciário.
Se ele trabalhou dez horas, é porque a pena cumpriu a sua finalidade, ou seja, ele quer trabalhar,
quer se ressocializar. Ele trabalhou porque quer sair mais cedo para voltar ao convívio social. A finalidade da
pena funcionou. Quando um instituto não funciona, todo mundo cai em cima, Agora, quando ele funciona,
ninguém aplaude a homenageia.
Questão: Para cada três dias de trabalho, ele vai remir um de pena. Quantos dias de pena privativa
de liberdade foram remidos aqui? Sete.
Vimos ontem o conceito de falta grave. Elas estão no art. 50 da LEP. A pergunta é: qual é a
conseqüência do cometimento da falta grave além da regressão de regime? É causa de perda dos dias
remidos, o que é flagrante bis in idem.
Suponhamos que ele cometeu uma falta grave. Foi pego em flagrante, no regime fechado, com
telefone celular. Perde ou não perde os dias remidos. Pela lei, sim. Mas, a pergunta que gira em torno disso
tudo é: a perda pelos dias remidos pela falta grave viola o princípio constitucional do direito adquirido? A cada
três dias, eu adquiro o direito de remir um dia de pena privativa e liberdade. Se eu fui pego em flagrante
cometendo uma falta grave, será que eu posso perder os dias remidos? Ou eu já adquiri o direito de remir
todo esse tempo?
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Obs.: Se a perda está no art. 127 e o direito adquirido está na Constituição, se você disser que o art.
127 viola a Constituição, ele será inconstitucional? A LEP é de 84 e a Constituição é de 88. Então, será não
recepcionada ou revogada.
1ª posição (minoritária/isolada): a perda dos dias remidos pela prática de falta grave determinada
pelo art. 127 da LEP viola o princípio do direito adquirido. Fundamento: o direito à remição de um dia de pena
é adquirido a cada tríduo laboral. No momento da prática da falta grave, o apenado já adquiriu o direito à
remição. Ademais, é o trabalho e não a decisão do juiz que confere ao preso o direito à remição. O juiz
apenas declara a remição e isso fica muito claro na norma que se retira do §3º do art. 126 da LEP, que diz
que a remição será declarada pelo juízo da execução.
2ª posição: a perda dos dias remidos pela falta grave não viola o princípio do direito adquirido, pois o
preso não adquire o direito à remição da pena, sendo expectativa de direito.
Recentemente, a súmula vinculante no 9 do STF, por meio da qual o Supremo disse que a perda dos
dias remidos não viola o direito adquirido. Portanto, o art. 127 da LEP foi perfeitamente recepcionado pela
ordem constitucional de 88.
Estudo. Há muitos anos trás, começou, no juízo de execução, a defesa de que a melhor forma de
ressocializar o apenado é pelo estudo, pois ele aproveita o tempo ocioso que está lá, havendo atividade
mental. Começou-se a pleitear a remição pelo estudo nas varas de execuções penais. Se pelo trabalho ele
pode remir, pelo estudo, que é uma forma muito melhor de ressocialização, por que não poderia? Os juízos de
execução se sentiam inseguros, porque a lei não prevê. Eles mandavam o MP se manifestar. E eles exigiam,
por sua vez, a comprovação de aprovação no ano letivo. Isto é, exigiam que o preso passasse de ano.
A jurisprudência passou a reconhecer o estudo como causa de remição de pena. O STJ começou a
reconhecer essa possibilidade. De tanto dizer isso, ele sumulou a questão na súmula 341, que diz exatamente
isso:
5. DETRAÇÃO
A detração vem no art. 42 do CP, que diz que “computam-se, na pena privativa de liberdade e na
medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o
de internação em qualquer dois estabelecimentos referidos no artigo anterior”.
Quando a lei fala em prisão provisória, as que conhecemos são: flagrante; temporária; preventiva;
pronúncia; sentença condenatória recorrível.
Nós veremos que toda e qualquer prisão provisória hoje, também chamada de prisão cautelar, só
pode ser decretada ou mantida se estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva, elencados no art.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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São dois grupos de requisitos. No primeiro grupo, nós temos requisitos cumulativos e, no segundo
quadro, temos quatro requisitos alternativos.
Cumulativos Alternativos
- prova da existência do crime - garantia da ordem púbica
- indícios suficientes de autoria - garantia da ordem econômica
- conveniência da instrução criminal
- aplicação da lei penal
Toda e qualquer prisão provisória, hoje, gira em torno desses requisitos. Os requisitos são da prisão
preventiva, mas vale para todas. Cuidado, pois a utilização desses requisitos não transforma as demais
prisões em prisão preventiva. Quando vamos fazer um pedido de liberdade provisória, que só vai caber na
prisão em flagrante, vamos atacar a ausência desses requisitos. Quando se formula um pedido de prisão
preventiva, vamos usar esses requisitos, tentando provar a presença destes.
Situação: o sujeito foi preso em flagrante pelo crime de roubo. Ficou preso durante um ano a título de
flagrante. Depois desse tempo, veio a sentença penal condenatória, pena de cinco anos. A defesa apelou e o
tribunal levou mais um ano para julgar o recurso. Lá no final, negou provimento ao recurso e a sentença
transitou em julgado. Ele está preso em flagrante há dois anos. Se a pena foi cinco, vamos descontar esse
tempo de prisão em flagrante, ou seja, dois anos. Se ele recebeu cinco anos e vai ser descontado dois, ele vai
cumprir três anos.
E a prisão administrativa? Isso existe? As prisões que existem hoje são a civil e penal. Prisão civil é
nos casos de alimentos e depositário infiel. Prisão penal é definitiva ou provisória. E a administrativa existe? A
doutrina majoritária diz que não, pois não foi recepcionada. Mas, existe. Em algumas hipóteses: processo de
expulsão no Ministério da Justiça. Até o término desse processo administrativo o acusado fica preso,
mesmo após o trânsito em julgado do processo criminal. Ele não é liberado antes de acabar esse processo
administrativo de expulsão. É uma prisão administrativa.
E se a pessoa ficou presa em flagrante por dois anos e a sentença condenatória é de apenas um
ano? Infelizmente acontece muito isso. Coloca-se em liberdade.
Estão positivadas nos arts. 43 a 48 do CP. Existem alguns movimentos hoje do direito penal. Por
exemplo, há um movimento do direito penal mínimo, do direito penal máximo, teoria das janelas quebradas,
há um movimento do direito penal do inimigo, há, ainda, um movimento da tese abolicionista. Enfim, esses
movimentos influem a doutrina, a legislação e têm desdobramentos posteriores. Vamos colocar aqui dois
movimentos antagônicos: movimento do direito penal mínimo e a tese abolicionista. Para comparar, vamos
colocar também o direito penal máximo.
Direito penal mínimo é aquele direto penal minimalista, orientado pelo princípio da intervenção
mínima do direito penal. O Direito Penal trabalha com a restrição do maior bem que temos depois da vida,
que é a liberdade. Por isso, o Direito Penal é um “mostro”, que deve intervir minimamente na vida das
pessoas. Mas, como funciona isso?
O Direito Penal não é a prima ratio, é a ultima ratio, tem que ser usado como última forma de
controle social. Existem várias formas de controle social e o Direito Penal é a mais severa. Então, funciona
assim: quando outros ramos do direito, extra penal (civil, tributário, administrativo), não forem suficiente para
proteger aquele bem jurídico tutelado ou não se mostrar suficiente para regular aquela situação concreta, só
aí o Direito Penal irá entrar em ação. Então, a pergunta é: O que vocês acham de uma lei que diga assim:
avançar sinal. Pena: detenção de 15 a 30 dias. Justifica? Não. Por que? Qual é o ramo de direito que protege
esse bem jurídico? Administrativo. E a sanção é a pena de multa.
O que você acha de uma lei que diga que não pagar o aluguel no dia seguinte ao vencimento
acarretará pena de detenção de um a três meses? Não é razoável, pois já existe ramo do direito civil que
regula essa matéria. E ele prevê a multa e o despejo do imóvel.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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De forma diversa, temos o direito penal máximo, que é o contrário do mínimo. Esse movimento foi
preconizado por um professor estrangeiro, que criou um movimento chamado de lei e ordem (law and order).
Pelo direito penal máximo, o Direito Penal deve ser a solução para tudo, todos os problemas sociais. A
intervenção deve ser máxima. Só assim se poderá construir uma sociedade fraterna, na qual se respeite os
bens jurídicos sem causar lesões. As penas devem ser aumentadas, devem ser altas. Defende-se o
alongamento do prazo das prisões temporárias.
À luz de tudo isso, dois professores estrangeiros, James Wilson e George Kelling, criaram uma teoria
que ficou conhecida como “the broken window theory” – teoria das janelas quebradas. É uma metáfora que
eles usaram para explicar o crescimento da desordem e da criminalidade. Eles falavam o seguinte: você
passa na frente de um prédio, de uma fábrica, indústria ou escritório e percebe que lá existem janelas e você
verifica que uma das janelas está quebrada. As pessoas, ao passarem por ali, durante um tempo, se a janela
fosse mantida quebrada, iam pensar que ninguém naquela localidade se importa com uma janela quebrada.
Com o passar do tempo, as pessoas iam quebrando as demais janelas, já que ninguém se importava, não
havia autoridade no local. Isto é, impunidade. Trazendo isso para o Direito Penal: é coibindo os pequenos
delitos que você evita delitos maiores. Aquele pequeno rapaz que hoje rouba bolsas em Copacabana,
amanhã estará matando pessoas. Então, se não se conserta uma janela, daqui a pouco todas estarão
quebradas. E ali, naquela localidade, com o passar do tempo, os homens de bem irão deixar aquela
localidade e, em pouco tempo, toda a localidade estará entregue à criminalidade e à desordem. Essa teoria é
um desdobramento do direto penal máximo.
Isso é uma grande besteira. Não é porque o cara, hoje, pratica um pequeno delito que ele estará
amanhã matando.
Por fim, há a tese abolicionista, de um professor holandês. Ele fala que a pena faliu na sua missão
social. O sistema carcerário não recupera ninguém, pois há um amontoado de lixo humano. Sendo assim,
vamos abolir tudo e “explodir” o sistema carcerário e, a partir de agora, não se imporá mais pena privativa de
liberdade.
Vejam que são movimentos extremados. Qual é o movimento que, hoje, doutrina e jurisprudência
abraçam? Direito Penal mínimo. Recomenda-se o livro “Direito Penal do Equilíbrio” de Rogério Greco.
Nós temos dois abismos, teses radicais. Será que eu posso construir uma ponte entre os dois
abismos e achar um caminho no meio desses dois abismos radicais? Sim. Esse caminho foi o fenômeno da
despenalização. Ela se encontra exatamente entre um e outro. Se repararmos bem, Francisco Muñoz Conde
fala que concorda que a prisão faliu na sua missão social, mas é impensável, hoje, a vida sem a pena
privativa de liberdade. Assim, essa idéia intermediária é um fenômeno mundial, pois todos sabemos que o
cárcere é, hoje, um amontoado de lixo humano que não recupera ninguém. E aí, tudo começou no Código
Penal da Rússia de 1926, arts. 20 e 30. Lá, foi a primeira manifestação da despenalização, quando se trouxe
uma pena de prestação de serviços à comunidade. E aí essa idéia passou pela Itália, pela Alemanha, Portugal
e, com o passar do tempo, chegou ao Brasil. Onde se manifestou? Na reforma de 84 pela Lei 7.209/84, com a
criação das chamadas penas “alternativas”, ou seja, eram alternativas à pena de prisão.
Mas, pela expressão “despenalização”, tem-se a idéia que, com esse fenômeno, não haveria mais
pena. Mas, tem sim. O que ocorre é que continuará havendo pena para determinados crimes, mas, em
determinados crimes, essa pena, como retribuição estatal, é uma pena mais suave. Então, a despenalização
consiste na resposta estatal por meio de uma pena de forma suavizada. Continua sendo pena, só que
mais suave. A finalidade é evitar os males que o cárcere pode causar no ser humano. E isso tudo faz com que
as chances do condenado de ressocialização e reinserção no convívio social sejam maiores.
E como funciona isso? Como se aplica essa despenalização? Há um autor chamado Luiz Flávio
Gomes que, uma vez, para manifestar a sua intenção sobre a despenalização, fez a seguinte classificação de
crimes, indicando a sanção cabível: existem crimes de bagatela; de menor potencial ofensivo; de médio
potencial ofensivo; de grave potencial ofensivo; e os hediondos. Qual seria a conseqüência e como se
manifestaria a despenalização aqui? Nos crimes de bagatela não há crime e, consequentemente, não tem
pena. Nos crimes de menor e médio potencial ofensivo, em regra, não há violência ou grave ameaça contra
pessoa. Nestes, o juiz deve se esforçar ao máximo para evitar a pena de prisão. Ele deve evitar o cárcere,
aplicando uma pena restritiva de direitos, pois aquela pessoa, em tese é recuperável. Agora, nos crimes de
grave potencial ofensivo e hediondos, nos quais há, em regra, violência ou grave ameaça contra pessoa,
recomenda-se o cárcere. São pessoas, em tese, irrecuperáveis. A despenalização atuou, portanto, nos
crimes de menor e médio potencial ofensivo.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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De 1984 a 2006, a despenalização vem se manifestando cada vez mais na lei brasileira e ganhando
mais adeptos em doutrina e jurisprudência. O último adepto que ela ganhou foi o legislador de 2006, ao criar a
nova Lei de Drogas. A pena prevista para o uso de drogas na lei antiga era de seis meses a dois anos de
prisão. O traficante deve ter tratamento diferenciado do usuário? Claro que sim. A nova lei de drogas trouxe
para o tráfico uma pena de cinco a quinze anos e, para o usuário, trouxe a advertência sobre os efeitos das
drogas; serviços à comunidade; freqüência a curso de ensino formal.
Não existem outras penas. O que existem são instrumentos de coerção para fazê-lo cumprir essas
penas: admoestação verbal e multa. Então, o máximo que pode acontecer com um usuário de drogas é
pagar uma multa. Ele não pode mais ser preso. Conseqüência: não se tem mais ordem de HC para usuário
de drogas, pois ele não pode mais ser preso.
Em Portugal, não existe mais contravenções. Lá eles têm crimes e infrações de mera ordenação
social. Lá, o uso de drogas não é crime, é uma infração de mera ordenação social, sendo a sanção prevista a
coima (multa). No Brasil, coincidência ou não, o modelo é o português. A diferença é que, lá em Portugal, é
pena e aqui é instrumento de coerção para fazer o maconheiro cumprir a pena.
Questão: nessa nova lei de drogas, o que houve com o uso foi a despenalização, a
descriminalização ou foi a legalização?
Na despenalização, aquela conduta continua sendo criminosa e continua havendo pena. Entretanto,
essa pena, como resposta penal estatal, é uma pena suavizada, mais branda.
Na descriminalização, a conduta deixa de ser crime, deixa de ser uma infração penal, mas continua
sendo uma infração extra-penal, que viola o ordenamento jurídico brasileiro. Exemplo recente: adultério. A lei
11.105/06 revogou o adultério. Ele não é crime, mas é infração civil – violação de um dos deveres do
casamento.
Na legalização, a conduta passa a ser legal, passa a estar conformada ao ordenamento jurídico
como um todo. Deixou de ser infração penal, deixou de ser infração civil, tributária, administrativa etc.
Em relação ao uso de drogas, o que houve foi uma despenalização e quem disse isso foi o STF.
Flávio Gomes disse que é uma infração sui generis. Mas, a doutrina já traz expressões mais novas e diversas.
Se perguntarem numa prova qual foi o fenômeno que influenciou o uso de drogas na nova lei, de trazer essas
penas mais brandas e suaves, nós podemos responder que foi o fenômeno da despenalização e vamos dizer
que a doutrina moderna dá outro nome para isso, mais adequado, inclusive. Rogério Greco fala em
descarcerização, ou seja, para evitar o cárcere. Por sua vez, Souza Nucci fala em desprisionalização.
Será que o juiz pode aplicar direto uma pena restritiva de direitos ou tem que aplicar uma pena
privativa de liberdade antes?
Em primeiro lugar, o juiz vai aplicar sempre a pena privativa de liberdade, para ver se vai ter
prescrição retroativa, superveniente etc. Depois, ele olha para os requisitos da pena restritiva de direitos. Se
estiverem todos presentes, ele substitui a pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Por isso que
se diz que elas são “sanções penais autônomas e substitutivas”.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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I – aplicada a pena privativa de liberdade não superior a 4 anos e o crime não ter violência ou grave
ameaça contra a pessoa;
Vamos colocar uma barra (/) depois da palavra “pessoa”: / ou, qualquer que seja a pena aplicada, se
o crime for culposo. Notem que temos duas normas nesse inciso. A primeira se refere ao crime doloso e a
segunda refere-se ao culposo. Sendo culposo, não há limite para a pena aplicada.
Ex.: um sujeito perdeu a direção e matou 40 pessoas que estavam num ponto de ônibus na
Presidente Vargas. Pode substituir.
O que é reincidência em crime doloso? Primeiro crime doloso, com sentença condenatória transitada
em julgado, com prática de novo crime doloso.
Mas, há alguma hipótese na qual, mesmo reincidente em crime doloso, ele possa obter a
substituição? Há. Vejam o §3º, que fala que o juiz pode substituir se for socialmente recomendável.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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TEORIA DA PENA
(Aula 03 em 15/09/08)
Questões relevantes que virão nas próximas provas que estão nos informativos do STJ.
1º ponto relevante: substituição da PPL por PRD no crime de tráfico de drogas. Cabe?
Vamos relembrar os requisitos para a substituição, que estão no art. 44, incisos I, II e III.
Inciso I: se o crime for doloso, a pena aplicada na sentença não pode ser superior a 4 anos e, além
disso, o crime não pode ter violência ou grave ameaça a pessoa. Se for crime culposo, não há restrição em
razão da pena aplicada.
Na lei antiga, 6.368/76, a pena para o tráfico era de 3 a 15 anos. Na nova lei, 11.343/06, a pena é de
5 a 15 anos. Não se esqueçam que esse crime é equiparado a hediondo. Como o STJ se manifestava sobre o
tema (antes do HC 82959)? Não é possível a substituição no crime de tráfico, pois o crime de tráfico é
equiparado a hediondo e, justamente por isso, o regime é integralmente fechado. Há plena incompatibilidade
entre o regime integralmente fechado e a PRD.
De outro lado, a doutrina quase toda (com exceção de Mirabele e Capez) – César Bittencourt, Luiz
Regis Prado, Greco, Francisco de Assis Toledo, Luiz Flávio Gomes, Damásio e René Dotti – diziam que é
possível a substituição nos crimes hediondos, por três fundamentos:
1º) regime de cumprimento de pena é próprio de PPL. Se houver a sua substituição por PRD, não há
mais que se falar em regime de cumprimento, uma vez que PRD não admite regime de cumprimento. Então,
você fala em regime em PPL. Se eu estou em PRD, se falo em substituir, não tem mais que se falar em
regime. Na PRD não existe regime fechado, semi-aberto e aberto. PRD é PRD e ponto final.
2º) a lei de crimes hediondos não veda a suspensão. Não há requisito negativo.
3º) o art. 44 do CP, que traz os requisitos para a substituição, foi alterado pela Lei 9.714/98, e o
legislador também não fez vedação expressa. Portanto, nem o CP e nem a Lei de crimes hediondos veda a
substituição.
Um belo dia, em 2005, o STF foi chamado a se manifestar sobre o tema. Chegou um processo que
versava sobre o crime de tráfico de drogas. Ele era primário, bons antecedentes e resolveu traficar. Se tudo
for favorável, a pena mínima dele seria de 3 anos. Então, está satisfeito o inciso I, pois não tem violência ou
ameaça a pessoa. O segundo requisito é também favorável, pois ele é primário. Sendo assim, pode substituir.
Então, o STF, no informativo 429, inovou na jurisprudência e permitiu a substituição da PPL por PRD no
crime de tráfico, adotando a posição da segunda corrente.
Esse julgamento foi em 27/09/2005. De lá para cá, começou-se a dizer que, como o STF permitiu,
agora pode substituir. E o STJ se viu obrigado a mudar sua jurisprudência, ficando pacificada a questão.
O tempo passou e aconteceu o seguinte: ocorreu o advento da nova lei de drogas, com pena mínima
de 5 anos para o tráfico. Pergunta-se: é possível a substituição?
Olhando para o primeiro requisito, se a pena mínima parte de 5, por esse requisito não daria para
substituir. Mas, essa PPL é a aplicada ou a cominada? É a aplicada na sentença. Então, essa pena pode ficar
abaixo de 5 anos. Por exemplo, a tentativa diminui de 1/3 a 2/3. a pena cairia para 3 anos e 4 meses. Já
atendeu ao primeiro requisito. Acontece que é muito difícil vermos na prática uma tentativa de tráfico. Mas,
existe, na própria lei de drogas, uma causa de diminuição de pena, no art. 33, §4º:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Isso está sendo aplicado na prática. De que forma? Os dois primeiros requisitos. Como provo que o
sujeito é primário e de bons antecedentes? Basta puxar a FAC. Como se provam os demais requisitos? Não
dá. Como vou provar que a pessoa não integra organização criminosa? Isso é prova de fato negativo. Sendo
assim, in dúbio pro reo, inverte-se o ônus da prova, competindo à acusação provar isso. Se não provar, estão
os requisitos presentes e o juiz diminui a pena. Se diminui a pena, no tráfico transnacional, a pena gira em
torno de 1 ano, 11 meses e 12 dias.
Atendeu o requisito do inciso I. Posso substituir? Pelo inciso I, posso, mas o próprio §4º veda a
substituição. Então, pela pena, eu até poderia, mas não posso porque a própria lei de drogas veda
expressamente essa substituição.
Então, na nova lei de drogas, não pode substituir, por conta de sua redação expressa.
O crime se considera praticado no momento da ação ou omissão, com base na teoria da atividade
(art. 4º, CP). Portanto, quem praticou o crime na vigência da lei antiga, momento no qual poderia substituir,
embora seja condenado na vigência da nova lei, pode ter a substituição? Sim, com base no princípio da
irretroatividade da lei penal mais severa – nullun crimen nulla pena sine lege praevia.
Então, se o crime foi praticado na vigência da lei antiga, pode substituir. E o STJ disse isso no
informativo 358, 6ª Turma, no qual publicou-se a Ordem de HC 83254. Vejam as palavras: em fato anterior à
vigência da Lei 11.343, uma vez atendidos os requisitos dispostos no art. 44 do CP, é possível a substituição
da PPl por PRD, mesmo em crime de tráfico de entorpecente.
O que corroborou toda essa tese foi a declaração de inconstitucionalidade do regime integralmente
fechado, que já tratamos.
Além de tudo isso, lei penal mais benéfica retroage, aplicando-se. Na antiga Lei de drogas, havia
causa de diminuição de pena, como há na nova? Não. No que toca à diminuição de pena do §4º, essa nova
lei é mais benéfica? Sim. Assim, no que toca à diminuição, pode retroagir para alcançar fatos praticados na
vigência da lei anterior? Pode, pois lei penal mais benéfica retroage. Assim, eu posso ter no crime de tráfico
praticado na lei antiga, a aplicação da causa de diminuição prevista na nova lei. Eu posso pegar a pena da lei
antiga, 3 anos, e aplicar a diminuição da nova lei, por ser ela uma nova lei mais benéfica, que retroage para
alcançar fatos praticados antes do período de vigência.
Vejam que esse art. 33, §4º é misto. É uma novatio legis in mellius e in pejus. É in pejus no que toca
à vedação de substituição, mas é in mellius no que toca à diminuição.
STJ disse isso no informativo 350, onde foi julgada a Ordem de HC 97038. prestem atenção nas
palavras usadas no voto: trata-se de paciente primária, de bons antecedentes, que não está envolvida em
atividade criminosa nem tampouco com organização marginal. Foi condenada por crime de tráfico praticado
sob a égide da Lei 6368. A Turma entendeu que se aplica benesse do art. 33, §4º, em atenção ao princípio de
que a lei penal retroagirá para beneficiar o réu, por força do art. 5º, XL, da CRFB.
I - prestação pecuniária;
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III - (VETADO)
Vamos combinar esse inciso com o art. 45, §§ 1º e 2º. Lá estão os destinatários. É uma
recomposição, uma forma de compensação. Vai para a vítima:
É uma indenização para a vítima e, depois, sendo ajuizada ação de conhecimento na vara cível, o
valor da condenação vai ser abatido para evitar o enriquecimento ilícito da vítima.
A semelhança é que elas são penas. A diferença está ligada ao destinatário, pois a pena de multa vai
para o fundo penitenciário do Estado, ao passo que a prestação pecuniária vai para a vítima, seus
dependentes ou as entidades acima descritas. Outra semelhança é que ambas são aferíveis em salários
mínimos.
Vamos à vida como ela é: No Brasil, quem fica preso é pobre. Rico não fica preso. O pobre não tem
dinheiro para pagar e não vai prestar essa prestação pecuniária. Tem alternativa? Sim. O art. 45, §2º dispõe
que a prestação pode ser de outra natureza.
Em primeiro lugar, o beneficiário é a vítima. É uma outra prestação que não seja pagamento em
dinheiro. Se o agente for pintor, por exemplo, ele pode pintar a parede da casa da vítima. Se for taxista, pode
se comprometer a levar a pessoa todo dia para o trabalho durante três meses.
Questão relevante: isso pode consistir em alguma prestação que não tenha previsão na lei ou na
Constituição? Raciocinem: nullum crimen nulla pena sine lege. Abram a Constituição no art. 5º, XLVI e XLVII:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Essa prestação de outra natureza aparece nesse inciso? Não. A proposição é: essa prestação de
outra natureza é constitucional? A questão tem que ser resolvida à luz do princípio da legalidade dos crimes e
das penas. Duas correntes sustentam o tema:
1ª corrente (Luiz Régis Prado): sustenta que essa prestação de outra natureza é inconstitucional,
pois ela não está prevista no rol elencado pelo art. 5º, XLVI da CF/88.
2ª corrente (Maurício Antônio Ribeiro Lopes): essa prestação de outra natureza é constitucional. O
fundamento é o mesmo: art. 5º, XLVI. Embora a prestação de outra natureza não esteja positivada no rol, o
inciso XLVI usou uma interpretação analógica na expressão “entre outras”, estando englobada essa
prestação. O segundo argumento é: o inciso seguinte, o XLVII, que traz a vedação de algumas penas, não
proibiu essa prestação de outra natureza. Então, por isso ela é perfeitamente constitucional.
Vamos agora a uma coisa chamada cesta básica. Não há no inciso XLVI. Ela é constitucional? O que
predomina é no sentido da constitucionalidade, sob o fundamento de ser a prestação de outra natureza do art.
45, §2º.
Nosso legislador, idiota, escreveu “pena de cesta básica” na Lei de repressão à violência doméstica
contra a mulher (Lei 11.340/06), no art. 17, vedando-a.
Qual é a diferença entre essa perda de bens e valores e o art. 91, II, b, do CP?
O art. 91, II, b, trata da perda das vantagens auferidas pelo crime. No caso do art. 43, II, são bens
pessoais, que não foram obtidos com a prática do delito. Bittencourt diz que isso é odioso confisco. Agora, tem
uma segunda diferença, no que tange à natureza jurídica. O art. 91, II, b, é efeito da condenação, ao passo
que o 43, II, é uma pena.
É a campeã, pois é a mais aplicada na prática. Porque quem vai preso no Brasil é pobre e pobre não
pode pagar. O único bem que o pobre tem é o nome. Assim, o que ele pode fazer é prestar serviços à
comunidade. Vamos combinar o art. 43, IV, com o art. 46 e parágrafos:
Só em pena acima de seis meses. Abaixo de seis meses pode substituir? Pela lei não. Mas, vejam:
qual a razão disso? Nenhuma. Se acima de seis meses eu sofri uma pena, PPL, se acima de seis meses eu
posso substituir, por que não poderia abaixo de seis meses? Se eu posso substituir pelo mais, não poderia
pelo menos? Quem pode o mais, pode o menos. É a teoria dos poderes implícitos. Dessa forma, a
jurisprudência e a doutrina criticam isso e dizem que também nas condenações abaixo de seis meses é
cabível a substituição.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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E como funciona isso? Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado (art. 46, §1º). Agora,
vejam essa situação: o cara trabalha o dia inteiro. Como que ele vai cumprir esses serviços comunitários? Na
verdade, ele tem que cumprir a pena e não vai dar tempo de trabalhar. O preso tem que optar: ou cumpre a
pena, ou trabalha. Ele tem que adequar o horário de trabalho à prestação dos serviços. Se ele trabalha até as
18 h, ele presta serviços das 19 às 21.
Assim, a medida é não violar a dignidade da pessoa humana e não privar o apenado do seu trabalho
diário, que garante a subsistência.
Qual é a relevância disso? O sujeito fica privado de alguns direitos. O que é importante saber? Na
LEP, no art. 154, vamos ver que, nas hipóteses desse art. 47, incisos II e III, o juiz de execução determinará a
apreensão dos documentos que possibilitam o exercício do direito interditado (OAB, CRM, CREA). Mandado
de busca e apreensão desses documentos para que ele fique impedido de exercer aquela profissão.
Vamos combinar com o art. 48 do CP: A limitação de fim de semana consiste na obrigação de
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado.
Durante a permanecia, são ministrados cursos ou palestras ou atribuídas atividades educativas. Isso
aqui, infelizmente perdeu a razão de ser. Ninguém vai cumprir isso. Até existe casa de albergado, mas não
tem curso, palestra. Eles dormem o dia todo.
A resposta está no art. 55 do CP: As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI
do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4 o do
art. 46.
A PRD é a manifestação do movimento da despenalização, que consiste numa resposta penal estatal
mais suave. Então, é uma chance a quem praticou um crime. Sendo uma chance, o apenado tem que ficar
“no sapatinho”. Pisou na bola, já era. Não tem segunda chance.
Na sentença penal, o juiz sempre aplica a PPL. Depois, ele substitui a PPL por PRD. Aí vem o art. 44,
§4º, do CP, com a seguinte redação:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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A PRD pode ser convertida em PPL. Notem que os caminhos são diferentes. Da PPL para a PRD é
substituição e da PRD para a PPL é conversão.
Então, vamos supor: o sujeito está cumprindo a PRD e, nos últimos dois meses, não vai à entidade
beneficente para cumprir seu trabalho. Neste caso, converte-se. Digamos que a pena dele foi de dois anos.
Substituindo, irá cumprir uma PRD de 2 anos. Ele cumpriu 1 ano e 10 meses. Pisou na bola e converteu em
PPL. Vai cumprir quanto tempo de PPL? Nessa conversão tem ou não a chamada detração? O que ele já
cumpriu vai ser descontado?
Naturalmente sim. Se assim não fosse, ele estaria cumprindo a pena duas vezes. Antes da reforma,
ele cumpria tudo e isso é cumprir duas vezes.
Mas, devemos alertar para o fato de: no §4º, depois da palavra “imposta”: “respeitado o saldo mínimo
de trinta dias”. Então, em qualquer hipótese, ele vai ter que cumprir, no mínimo, 30 dias de PPL.
E como se aplica isso? Da seguinte forma: falta cumprir dois meses. Vai cumprir dois meses, 60 dias.
Agora, vamos supor que ele cumpriu 1 ano e 11 meses e 20 dias de PRD. Faltando 10 dias, ele descumpriu a
restrição imposta. Converte em PPL. Vem a lei e fala que deve ser respeitado o saldo mínimo de 30 dias.
Então, ele vai cumprir 20 dias a mais de pena.
Digamos que A e B praticaram o mesmo crime. O juiz individualizou a pena. Receberam a mesma
pena. Faltavam 10 dias para terminar a pena de A, ao passo que, para B, faltavam 30 dias. Ambos pisaram na
bola e tiveram a conversão. B vai cumprir 30 dias, pois faltam 30 dias para ele. Já A vai cumprir 30 dias
também. Por que? As situações são desiguais e estão tendo o mesmo tratamento.
Há, portanto, críticas isoladas da doutrina no sentido de que esse saldo mínimo viola o princípio da
isonomia. Essa é a posição de Luiz Flávio Gomes.
PENA DE MULTA
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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1. CONCEITO
Rogério Greco: “a multa é uma das três modalidades de penas cominadas pelo Código Penal e
consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa”.
Então, essa multa é pena autônoma. Mas, essa multa, além de ser pena autônoma, pode substituir a
PPL. O juiz, depois de aplicar a PPL, pode substituí-la por multa e não é a prestação pecuniária (PRD) é pena
de multa. Vejam o art. 44, §2º do CP:
Ambos tratam de substituição de PPL por multa. O art. 44, §2º, fala em condenações menores ou
iguais a 1 ano. Nas maiores de um ano, pode também substituir por multa.
O Direito não tolera antinomias. Há antinomia aqui? Pelo art. 44, eu posso substituir pela multa sendo
abaixo ou acima de 1 ano. Pelo art. 60, §2º, só abaixo de 6 meses. Há uma antinomia. E ela pode ser
resolvida por três critérios:
a) hierárquico;
b) especialidade;
c) cronológico.
Não podemos aqui aplicar o critério da hierarquia, pois ambos os dispositivo encontram-se no CP.
Também não podemos aplicar a especialidade, pois ambas são normas gerais. Sobrou, portanto, o critério
cronológico. O art. 60, §2º, tem redação dada pela Lei 7.209/84, que é foi reforma da Parte Geral do CP. O art.
44, §2º tem redação dada pela Lei 9714/98. Então, a norma que você retira do art. 44, §2º, é posterior à do
art. 60, §2º. E é mais benéfica. Então, conclusão da doutrina: por ser posterior e mais benéfica, o art. 44, §2º
revogou tacitamente o §2º do art. 60.
O Brasil adotou o sistema do dias-multa. É muito fácil, basta saber multiplicar e somar. Aqui você vai
dar dois passos e ambos estão previstos no CP. Vamos ao art. 49, para acharmos a quantidade de dias-
multa:
Então, temos um mínimo de 10 e um máximo de 360 dias-multa. Agora, como vamos encontrar isso?
O número de dias-multa é aplicado de acordo com a fixação da pena privativa de liberdade. Na fixação da
PPL, temos a primeira fase, onde achamos a pena base, com fundamento no art. 59 do CP. Depois, na
segunda fase, achamos a chamada pena provisória, fazendo incidir as agravantes e atenuantes. Depois, na
terceira fase, achamos a pena definitiva, fazendo incidir as causas de aumento (majorantes) e de diminuição
(minorantes). O juiz fixa a PPL e mantém a pena de multa de acordo com aquele parâmetro, isto e, de forma
proporcional. Isto é, se a PPL ficou no mínimo legal, a pena de multa será também fixada no mínimo legal.
Ex.: furto. Pena de 1 a 4 anos. Se tudo for favorável, a pena será de 1 ano. Não pode o juiz, na
sentença, aplicar a PPL de 1 ano e 200 dias-multa, pois não for proporcional.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Digamos que foi atribuída a quantidade de 10 dias-multa. O primeiro passo foi dado. O segundo
passo é o valor de cada dia-multa. Isso vem no art. 49, §1º, que diz que:
Então, nesse segundo passo, o juiz acha o valor de cada dia-multa. Temos parâmetros mínimo e
máximo de novo. Não pode ser menor do que um trigésimo do salário mínimo em vigor na data do fato (teoria
da atividade) nem cinco vezes maior.
Se, para achar o número de dias-multa o critério é a quantidade de PPL aplicada na forma do art. 68,
acompanhado proporcionalmente, qual é o critério para achar o valor de cada dia-multa? Está no art. 60,
caput: Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu.
Então, o juiz achou o número de dias e, depois, o valor de cada dia-multa. Tem que levar em conta a
situação econômica do réu. Vamos colocar um réu chamado Roberto Marinho. A pena para ele seria de 5
vezes o salário mínimo. Isso dá R$ 2.075. Multiplica por 10 e dá R$ 20.750. Essa é a pena de multa. Mas,
isso para o Roberto Marinho não é nada. Não tem problema. Diz o art. 60, §1º que a multa, se for ineficaz,
pode ser aumentada até o triplo. Dá R$ 62.250. Já é alguma coisa para ele, ainda que pouco.
A pena de multa é dívida tributária ou dívida não tributária? É não tributária. Mas, como se dá a
execução das recitas públicas, tributárias ou não tributárias? Por execução fiscal. Sendo assim, vamos à Lei
de execução fiscal, Lei 6.830/80. Vamos ao art. 4º:
I - o devedor;
II - o fiador;
III - o espólio;
IV - a massa;
Então, o procedimento a ser adotado se o preso não pagar multa é a execução fiscal. Mas, quem vai
preso no Brasil é pobre e pobre não tem dinheiro. Ele não vai pagara multa. A multa vai ser inscrita em dívida
ativa, sendo expedida uma CTA (certidão de dívida ativa) e ele vai ser notificado para pagar. Ele não vai pagar
e, não pagando, execução fiscal. Então, a multa é executada na forma do procedimento específico da Lei de
Execução Fiscal.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Antes da reforma do art. 51, pela Lei 9268/96, a redação era de que a multa não paga era convertida
em PPL. Então, ele tinha que se virar, pagando a multa, sob pena de ir preso. Depois, veio essa lei e alterou o
art. 51. Agora, a multa é dívida de valor. Então, vai ser executada. A partir dessa lei, a multa não paga não
pode mais ser convertida em PPL.
A divergência é: de quem é a legitimidade para a execução dessa pena de multa? Quem figurará no
pólo ativo da ação de execução? Fazenda Pública ou Ministério Público, como titular da ação penal? Duas
correntes disputam esse tema:
1ª corrente (Damásio de Jesus, Luiz Flávio Gomes e STJ): Fazenda Pública, por intermédio de sua
Procuradoria, de acordo com o procedimento da LEF. Fundamento: a Lei 9268/96, ao conferir nova redação
ao art. 51 do CP, conferiu à multa a natureza civil, uma vez que passou a ser considerada dívida de valor.
2ª corrente (Bittencourt, Greco, Nucci): a legitimidade continua sendo do Ministério Público, no juízo
da execução penal, de acordo com as normas da LEP. Fundamento: a multa continua tendo natureza de
sanção penal.
Bittencourt tem um fundamento muito bom: é do MP, pois, muito embora o art. 51 tenha sido alterado,
o legislador não alterou o art. 164 da LEP.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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TEORIA DA PENA
(Aula 04 em 18/09/08)
MEDIDA DE SEGURANÇA
O tema é curto e a sua exigência em concurso não é tão intensa. Por isso, iremos nos prender aos
pontos mais relevantes para as provas.
1. NATUREZA JURÍDICA
2. CONCEITO
Medida de segurança é uma resposta penal do Estado destinada à cura ou tratamento da pessoa
que tenha praticado um fato típico e ilícito, porém, sem ter culpabilidade. Ou seja, o inimputável, pelo critério
biopsicológico.
Obs.: Damásio, Dotti, Delmanto, Mirabette, dizem que a culpabilidade não integra o crime porque,
quando a lei exclui a ilicitude, ela diz que não há crime. Se, excluindo a ilicitude, não há crime, é porque a
ilicitude é elemento do crime. Quando a lei quer excluir a culpabilidade (art. 26), não fala que não há crime,
fala que é isento de pena. Por isso que eles dizem que a culpabilidade não integra o crime. Se ela fosse
elemento do crime, a lei, ao excluir a culpabilidade, também, deveria excluir o crime. E não o fez.
É certo falarmos que o destinatário da medida de segurança é o inimputável? É certo até a página 2.
É só colocarmos um pequeno detalhe que a questão ganha contornos de erro. Isso porque, quando se fala
inimputável, estamos sendo genéricos, pois há duas inimputabilidades.
Crime é fato típico, ilicitude e culpabilidade. Welzel dizia que a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade
convertem a conduta humana em crime. Então, como fazemos para saber se uma conduta configura ou não
crime? O fato típico e a ilicitude estão no fato, ao passo que a culpabilidade está no agente.
Então, para que haja o fato típico, temos que ter, em primeiro lugar, uma conduta, que pode ser
dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva, essa conduta tem que gerar um resultado e deve haver um elo
entre a conduta e o resultado, para que possamos afirmar que aquela conduta foi a causa daquele resultado,
elo este que se chama nexo de causalidade.
Entretanto, essa conduta, que gera um resultado por um nexo causal, tem que ter duas coisas: a
tipicidade formal, que é a adequação perfeita entre a conduta que eu pratico e a conduta descrita em lei
abstratamente, e a tipicidade material, que é uma lesão significante ao bem jurídico. Esse fato típico, o tipo
penal é indício da ilicitude. Depois que você conclui pela ilicitude, você tem analisar a culpabilidade. Quando
você analisa o fato típico e a ilicitude, quando vai olhar a culpabilidade, você volta seus olhos para o agente e
se pergunta: esse agente que praticou aquele fato típico e ilícito tem culpabilidade?
A resposta a essa pergunta passa por três elementos. No Brasil, ou a culpabilidade se forma, ou ela
não se forma. Na Alemanha, ela pode se formar e depois ser excluída. Aqui não. Ou ela se forma e há crime,
ou ela não se forma e não há crime. Os elementos da culpabilidade são:
1) imputabilidade;
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Imputabilidade é a capacidade de poder responder pelo crime praticado. É a tradução, mais do que
equivocada, da expressão alemã “atribuibilidade”. Então, vem daí. Vejam que a expressão é muito mais
apropriada.
Quem não é imputável é o inimputável. Os dois critérios que o Brasil adotou de inimputabilidade são:
critério biológico e critério biopsicológico. Pelo critério biológico, o inimputável é o menor de 18 anos (art.
27 do CP). Os menores de 18 anos ficam sujeitos à legislação especial, que é a Lei 8.69/90, que instituiu o
ECA. Pelo critério biopsicológico, o inimputável é, de acordo com o art. 26 do CP:
Menor de 18 anos tem culpabilidade? O que falta ao menor de 18 anos? Culpabilidade. Então, não
pratica crime, só porque não tem imputabilidade, elemento da culpabilidade, que é o terceiro elemento do
conceito analítico de crime. Só por isso ele não pratica crime.
Doente mental também, não tem imputabilidade, não tem culpabilidade e, assim, também não pratica
crime. Mas, o doente mental fica internado, o juiz aplica medida de segurança. Mas, não pratica crime, pois
não tem culpabilidade.
A pergunta é: essas pessoas recebem o que? Elas não podem receber pena, pois a pena é a
conseqüência da prática de um crime. Os inimputáveis, se não praticam crimes, não podem receber penas.
Mas, podem receber sanções penais estatais como resposta pelo ato que praticaram? Sim, mas não é pena.
Os menores de 18 anos recebem medida sócio-educativa, ao passo que os doentes mentais recebem
medida de segurança.
No art. 26, caput, a lei fala que era “inteiramente incapaz”. Se a incapacidade era inteira, não tinha
nenhuma capacidade. Já o p. único fala que não era “inteiramente capaz”. Portanto, ele não tinha capacidade
plena, mas também não era vazio de capacidade. Alguma ele tinha. É o chamado semi-imputável. Ele
recebe pena ou medida de segurança?
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Se o cara é imputável, eu aplico pena. Se, ao contrário, ele é inimputável pelo critério biopsicológico,
eu aplico a medida de segurança. E o semi-imputável? Será que ele pode cumprir uma e depois outra?
Não. Antes da reforma de 84, isto é, lá na redação originária de 1940, vigorava um sistema chamado
de sistema do duplo binário. Hoje, coma reforma, o sistema é vicariante. Pelo duplo binário, o semi-imputável,
recebia uma pena e uma medida de segurança. Então, ele cumpria uma e depois cumpria a outra. Você tinha
duas sanções penais sendo aplicadas em razão de um único fato. Isso é, flagrantemente, incidência em bis in
idem. Sensível a esse flagrante, o legislador reformador – reforma esta capitaneada Francisco de Assis Toledo
– passou a adotar o sistema vicariante. Por esse sistema, a pessoa só pode cumprir ou uma pena ou a
medida de segurança. Jamais as duas juntas.
Assim, o imputável recebe pena, o inimputável pelo critério biológico recebe medida sócio-educativa
e o inimputável pelo critério biopsicológico recebe uma medida de segurança. E o semi-imputável? Ele vai
receber uma pena ou uma medida de segurança, a depender da necessidade do agente de acordo com as
suas condições pessoais. E isso fica muito claro lá no art. 98 do CP:
Ou você vai substituir aquela pena pela medida ou o juiz, se entender que, de cara, é necessário um
tratamento curativo, aplica só o tratamento e não aplica a pena.
Então, aqueles autores que dizem que a culpabilidade não integra o crime, pois esta é pressuposto
para a aplicação da pena, não estariam certos? A culpabilidade é fundamento da pena sim, mas isso não lhe
retira o atributo de elemento do crime, até porque este argumento, embora sedutor, não prospera, na medida
em que a própria doutrina fala que a culpabilidade é pressuposto para a aplicação da pena, mas não quer
dizer nada, pois a culpabilidade é pressuposto de pena assim como a ilicitude e o fato típico. Temos que
concordar que não podemos aplicar pela sem culpabilidade, mas também não podemos aplicar pena sem
ilicitude e sem fato típico. Não devemos confundir as coisas.
O tempo de duração da pena é determinado pela lei, assim como o tempo de cumprimento que é, no
máximo, de 30 anos. O sujeito pode ser condenado em 120 anos, mas só vai cumprir 30.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Obs. relevante: Vamos supor que um sujeito foi condenado a 130 anos. Ele vai cumprir 30 anos de
cárcere. O prazo para livramento condicional (1/3 se for primário) e progressão de regime (regra de 1/6) será
regulado pelo prazo da pena fixada e não pelo limite máximo de 30 anos!
A Constituição, no art. 5º, XLVII, veda a pena de prisão perpétua. A doutrina diz que medida de
segurança não é pena, mas é espécie de sanção penal. Não tendo prazo de duração, está fazendo as vezes
de prisão perpétua. Então, hoje, como está na lei, é uma prisão perpétua. A doutrina, então (Bittencourt,
Greco, Luiz Flávio Gomes, Zaffaroni), diz que para a medida de segurança não ser transformada em prisão
perpétua deve ter um limite máximo da pena cominada ao delito praticado pelo doente mental. Isto é, não
pode ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito. Agora, isso é doutrina, mas a
jurisprudência não aplica isso.
A primeira espécie é a detentiva, que é aquela na qual há uma internação. Ela está no art. 96, I, do
CP. A segunda é a medida restritiva, que é aquela na qual há um tratamento ambulatorial e está no inciso
II.
Onde elas são cumpridas. A internação, diz o inciso I, é em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico. É o manicômio judiciário. À falta, em outro estabelecimento adequado.
Qual é o estabelecimento adequado? Em 1984, na reforma, se inseriu essa parte final. De lá para cá,
nenhum Estado na Federação brasileira construiu estabelecimento adequado.
O que o juiz vai considerar para aplicar uma ou outra? Quando vimos a PPL, vimos várias diferenças
entre reclusão e detenção. Vimos que o doente mental que praticar um crime apenado com reclusão irá se
submeter à internação, ao passo que aquele que praticar crime apenado com detenção, vai cumprir
tratamento ambulatorial. E o art. 97 diz algo parecido com isso.
Isso é uma regra? Sim. Mas, a doutrina hoje critica. César Roberto Bittencourt e Rogério Greco falam
que. Do jeito que está hoje, a internação deve ser evitada. Logo, é o juiz que tem a faculdade de estabelecer
o que será melhor para o acusado, independentemente de ser apenado com reclusão ou detenção. E isso o
juiz vai aferir de acordo com as condições pessoais do acusado. É claro que ele é auxiliado pelo perito.
Mas, se o perito disser que ele precisa de uma internação, o juiz pode dar tratamento ambulatorial, pois ele
não fica preso ao laudo. Mas, isso é perigoso, pois ele não entende do assunto.
Então, é claro que tem gente que é irrecuperável, mas recomenda-se o tratamento ambulatorial.
7. PRESCRIÇÃO
Tem prescrição para medida de segurança? Não. Mas, para que o Estado não fique com uma espada
no pescoço do sujeito, parte da doutrina faz uma recomendação. A medida de segurança também deveria se
submeter a um prazo prescricional. E o critério seria qual? Tem que considerar a pena máxima cominada e
leva-la para o art. 109.
O sujeito fica com a liberdade privada, sobretudo na internação. Por que tem que haver processo,
denúncia etc.? Qual é o princípio que diz que ninguém pode ser privado de sua liberdade ou de seus bens
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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sem o devido processo legal? É o princípio do devido processo legal, positivado no art. 5º, LIV da CRFB. Ao
final do processo, eu tenho uma sentença.
Temos que concordar que ela tem uma inegável carga de condenação. Então, diz a doutrina que o
juiz não condena e sim absolve. A sentença é absolutória. Como é que o Direito chama quando se quer dizer
que uma coisa é sem que realmente seja?
Imprópria.
É daí que nasce a sentença absolutória imprópria, pois de absolutória ela só tem o nome, já que,
inegavelmente, é uma sentença condenatória. Os espanhóis chamam essa carga de condenação de
natureza material da medida de segurança.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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É um dos temas mais importantes de teoria da pena e toda hora vem em prova, principalmente para
aqueles que se destinam à prova de magistratura. Está no art. 77 do CP.
1. CONCEITO
O sursis da pena é uma forma de cumprimento da pena privativa de liberdade, com nítida natureza
descarcerizadora, fundamentada em política criminal, que se destina a evitar o recolhimento à prisão dos
condenados a uma pena de curta duração, permitindo o seu cumprimento em liberdade mediante o
cumprimento de algumas condições, gerando a extinção da pena privativa de liberdade se não houver a sua
revogação.
2. CABIMENTO
1ª diferença – cabimento: o sursis da pena é cabível nas condenações não superiores a dois anos
(pena aplicada na sentença). O sursis processual é cabível nas infrações penais cuja pena mínima não
ultrapasse 1 ano (pena cominada).
Atenção! Jurisprudência: recentemente, o STF, no informativo 475, disse que o sursis processual é
também cabível nos delitos aos quais for cominada tão somente a pena de multa. O fundamento foi: a pena
de multa, isolada, por maior que seja a multa, é muito mais gravosa do que uma PPL, por menor que ela seja.
Isso porque não há restrição da liberdade do indivíduo. O art. 51 do CP, após a reforma de 96, veda a
conversão da multa não paga em pena de privação de liberdade. Então, se o sujeito pode obter o sursis
processual num crime em que a pena mínima cominada é 1 ano, com muito mais razão, ele pode obter
também o sursis processual naqueles delitos em que a pena cominada é a pena de multa isoladamente.
2ª diferença – procedimento: o sursis da pena é aplicado na sentença condenatória. Hoje, a nova lei
11.719 estabeleceu um procedimento específico, diferente. Mas, o procedimento comum ordinário era assim:
denúncia, recebimento da denúncia, interrogatório, defesa prévia, sumário de acusação, sumário de defesa,
diligências, alegações finais da acusação e da defesa e sentença. Sentença condenatória. É nessa sentença
que o sursis da pena é aplicado. Há o transcurso de todo o procedimento para, só no final, se houver a
sentença condenatória, o juiz, na própria sentença, aplicar o sursis.
3ª diferença: no sursis da pena há condenação. O juiz aplica a PPL e depois concede o sursis. No
sursis processual, não há aplicação de pena, não há condenação.
4ª diferença: o sursis da pena é concedido pelo juiz na sentença condenatória, sem a prévia consulta
ao acusado e seu defensor. Já no sursis processual, a sua aplicação depende de aceitação prévia do
acusado e seu defensor. Se o defensor não aceitar, o juiz não pode conceder.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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5ª diferença – revogação: quem revoga o sursis da pena é o juízo da execução, pois o condenado já
está cumprindo pena. No sursis processual, quem revoga é o juízo da condenação.
6ª diferença: o sursis da pena não suspende o curso do prazo de prescrição. Por sua vez, o sursis
processual, uma vez aceito, suspende o curso do prazo prescricional. Fundamento: art. 89, §6º da Lei
9.099/95.
Esse detalhe decorre de que? No sursis processual, eu não tenho pena aplicada e, por isso, não
tenho o que extinguir.
8ª diferença: o sursis da pena pode gerar a reincidência. No sursis processual não tem condenação
e, por isso, não pode gerar reincidência.
Obs.: ambos são institutos que constituem direito do acusado. Vamos ter posição do Supremo
dizendo que o oferecimento da proposta de sursis processual é discricionário do MP, mas, para toda a
doutrina, é direito subjetivo.
A pergunta é: existe, no Brasil, sursis incondicionado? Ou seja, o juiz aplica o sursis sem determinar
o cumprimento de nada. Existe?
4. CONDIÇÕES
Cuidado com uma coisa: são quatro espécies de sursis. Temos o simples, o especial, o etário e o
humanitário. Deve-se chamar a atenção para isso porque as condições legais só existem no sursis simples
e no especial.
A pergunta é: essas condições vão da cabeça do juiz? Sim. Livremente? Não. Ele tem limitações e
quem diz isso é o art. 79, na parte final, ou seja, adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
A lei fala em condenado e não em acusado, pois ele já está condenado aqui. Já tem pena aplicada.
As condições legais não podem ser modificadas, pois estão na lei. As judiciais, por sua vez, podem
ser modificadas pelo juízo da execução. O art. 158, §2º, da LEP diz que as condições judiciais podem ser
modificadas a qualquer tempo, de ofício, por requerimento do MP, ou proposta do conselho penitenciário. Em
qualquer dessas hipóteses, deve o condenado ser ouvido.
A pergunta agora é: quem concede o sursis da pena é o juízo da condenação. É ele que fixa as
condições? É. Pode acontecer de o juízo da condenação, na sentença condenatória, esquecer de fixar as
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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condições iniciais. Chegou na execução penal, o juiz da execução percebe e a pergunta é: se a sentença
condenatória transitar em julgado sem a imposição de nenhuma condição judicial imposta pelo juízo da
condenação, pode o juiz da execução fixá-las?
Jurisprudência pacífica: Não. Fundamentos: o art. 66 da LEP não prevê esse ato dentro das
competências do juízo da execução. Alem disso, o art. 79 do CP é expresso ao afirmar que a “sentença”
poderá especificar outras condições. E essa sentença é a sentença do juízo da condenação.
Para encerrar, mais uma pergunta: essas condições judiciais podem consistir em prestação de
serviços á comunidade?
Não, por dois motivos: prestação de serviço comunitário já é uma condição legal. Além disso, a
prestação de serviço á comunidade é uma espécie de PRD, não podendo ser confundida com sursis da pena.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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TEORIA DA PENA
(Aula 05 em 10/10/08)
Como vimos, é o sursis da pena é uma medida que visa a re-inserção do acusado no convívio social,
que se destina apenas de curta duração, que, na realidade, é aplicado na sentença penal condenatória, onde
o juiz profere a sentença e verifica, em primeiro lugar, se é cabível a substituição por uma PRD. Sendo
cabível, ele faz a substituição e acaba ali a fixação da pena. Não sendo cabível ou recomendável, nos termos
da lei, o juiz aplica o sursis da pena.
Antes de enfrentarmos o tema da natureza jurídica, cabe uma pergunta: o juiz indaga ao acusado
e/ou seu defensor se ele aceita ou não o sursis?
Não. Ele indaga se eles aceitam o sursis processual e não o da pena. O da pena ele aplica. Se
estiverem presentes os requisitos, ele aplica.
A resposta a essa indagação passa pela natureza jurídica do sursis. O juiz pode se negar ou é
obrigação dele. Se dissemos que é direito do r[eu, do outro lado temos um dever do juiz. Sendo assim,seria
dever do juiz.
Sendo realmente dever do juiz, este deve, obrigatoriamente, se pronunciar na sentença sobre a
concessão ou não do sursis. Se for cabível, tem que aplicar. Se não for cabível, tem que falar também. Tem
que se pronunciar e essa obrigatoriedade está no art. 157 da LEP.
É direito subjetivo. Mas, esse direito é disponível. Sendo assim, o réu pode dispor desse direito e
preferir cumprir a pena a obter o sursis.
Mas, por que ele iria preferir cumprir a pena? Ele pode não ter para onde ir. Na prisão, pelo menos,
ele tem comida. Ele pode preferir também cumprir a pena por ser a “bola da vez”. Digamos que ele tenha
delatado todo mundo no interrogatório. Aquela quadrilha vai matá-lo em 24 horas. Por isso ele prefere ficar
preso.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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a) Pena privativa de liberdade não superior a dois anos, no sursis simples e no especial, ou não
superior a quatro anos, no sursis etário ou humanitário (art. 77, caput, c/c §2º).
A lei de crimes contra o meio ambiente, no art. 16, que é cabível o sursis da pena em crimes
ambientais cuja pena não ultrapasse três anos.
b) Inciso III – não ser cabível nem indicada a substituição da PPL pela PRD (subsidiariedade do
sursis da pena em relação à PRD).
Na reforma de 84, a PRD era cabível nas condenações não superiores a um ano. Então, não tinha
problema nenhum, pois até um ano cabia a PRD. De um para cima, era o sursis da pena. Se passava de um
ano, não cabia mais PRD.
Com a reforma através da Lei 9714/98, alargou-se o prazo da PRD, sendo cabível nas condenações
até quatro anos. Como foi alargado esse limite, ele acabou por esvaziar o instituto do sursis da pena.
6.2. Subjetivos
a) réu não reincidente em crime doloso (inciso I). Não ser reincidente em crime doloso é: crime +
crime; crime + contravenção; contravenção + contravenção. As duas infrações penais devem ser dolosas.
Se as infrações penais forem: culposa + dolosa = reincidente em crime doloso. Cabe o sursis. De
forma diversa: dolosa + culposa = é reincidente, mas não em crime doloso. A pegadinha é essa! Atenção!
Outra pegadinha: condenado a pena de multa. Depois, praticou um segundo crime e foi condenado.
O que importa é uma condenação anterior, não importa a qual pena! Não importa o quantum ou espécie de
pena, importando apenas que haja condenação anterior a quaisquer das penas existentes.
Então, multa + outra infração. É reincidente em crime doloso. Cabe sursis? Cabe. É uma exceção.
Quem diz isso é o próprio art. 77, §1º:
Conclusão:
1ª premissa: aquele que comete um crime e condenado a uma pena de multa, cometendo outra
infração penal é reincidente.
2ª premissa: mesmo sendo reincidente, ele pode obter o sursis da pena. A exceção está na lei.
7. ESPÉCIES DE SURSIS
7.1. Simples
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Essa suspensão é a suspensão da execução da pena. Fica suspensa porque o beneficiário ficará em
liberdade e, durante esse período, terá que dar provas à sociedade de que, embora tenha praticado o crime,
pode conviver em liberdade. E aí a execução da pena fica suspensa por quanto tempo?
Depende.
No sursis simples, no primeiro ano desse prazo, chamado de período de prova, ele vai ter que
cumprir prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana.
Mas, cuidado: isso é no primeiro ano da suspensão. Vamos supor que o juiz suspendeu a execução
da pena e estabeleceu o período de prova por dois anos. No primeiro ano, ele tem que cumprir a prestação de
serviços ou a limitação de fim de semana. Depois, não há nenhuma condição a ser cumprida no segundo ano.
7.2. Especial
Art. 77 c/c 78, §2º, do CP. É muito parecido com o simples. Qual é a distinção?
Por que ele é especial? Há uma distinção. No sursis simples, no primeiro ano, ele fica sujeito àquelas
condições já citadas. No especial, ele pode fazer que essas condições sejam substituídas. Vejam o §2º:
7.3. Etário
Ele se destina ao condenado maior de 70 anos. A lei, sensível à dificuldade em razão da idade,
avançada abriu essa possibilidade. Porém, “a mão que balança o berço é a mesma que castiga”. Ele deu com
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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uma mão, tirou com a outra. Enquanto aumentou o prazo da PPL para 4 anos, aumentou o período de prova,
que será de 4 a 6 anos.
Questão relevante: O Estatuto do Idoso foi inserido pela Lei 10.741 e esta lei diz que considera-se
idoso aquele que tem idade acima de 60 anos. Então, de um lado temos o sursis etário, que é concedido para
favorecer o idoso, e, depois, a própria lei fala que é idoso quem tiver 60 anos ou mais. Pergunta-se: será que
o sursis etário teve seu limite de idade alterado e abaixado?
A doutrina e a jurisprudência, sobretudo do STF, dizem que não alterou. Em primeiro lugar, porque,
onde o Estatuto do Idoso quis alterar o CP, ele o fez expressamente. Ex.: art. 183 e 159, §1º, dentre outros.
Aqui, no 77, §2º, não houve alteração expressa. É a doutrina majoritária. O STF trouxe isso não no sursis,
mas usou essa tese quando analisou o art. 115, que fala que a prescrição caiu pela metade se for maior de 70
na data da sentença. Questionou-se se foi alterado e o STF disse que não, usando esses fundamentos.
7.4. Humanitário
O legislador foi sensível e trouxe a possibilidade de sursis em caso de saúde. O condenado em más
condições de saúde pode também obter o sursis. Quais os requisitos? Pela aplicada não superior a 4 anos.
Porém, em compensação, o período de prova será de 4 a 6 anos.
Mas, basta estar doente para o juiz conceder o sursis? Não. Ele só será concedido se aquela doença
não permitir o tratamento no cárcere.
8. PERÍODO DE PROVA
8.1. Conceito
Período de prova é o lapso temporal em que o beneficiário tem a execução da PPL suspensa.
8.2. Critérios
Qual é o critério utilizado pelo juiz para estabelece o período de prova? A doutrina, genericamente,
coloca três critérios:
3º) personalidade do agente. É a coisa mais imbecil que já se viu. Isso remonta ao direito penal do
autor. Como que o juiz pode aferir a personalidade do agente? Ele nunca conviveu com ele. Não tem como
saber. Mas, é um critério.
César Roberto Bittencourt discorda disso e fala que o único critério a ser analisado deveria ser o art.
59, passando pelo princípio da individualização da pena, estabelecendo o período de prova.
Outro ponto relevante: qual é o termo a quo do período de prova? Na prática, o crime sempre fixa o
mínimo, dois anos. Qual é o termo inicial? O acusado obteve o sursis da pena. Ele pode apelar? Pode, pois
que quer ser absolvido. Tem interesse. Digamos que ele tenha apelado. Já começou a cumprir o prazo do
sursis?
não se pode dizer que o termo a quo é a publicação da sentença condenatória que concedeu o
sursis, pois, se ele for absolvido em grau de recurso, terá cumprido as condições à toa. É por isso que diz a
doutrina que o termo é o trânsito em julgado da condenação.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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8.3. Prorrogação
Digamos que falta 1 dia para acabar o período de prova. Esse prazo pode ser prorrogado? A lei diz
que sim. Art. 81, §2º:
O período é prorrogado até o julgamento definitivo desse novo processo. A pergunta é: chegou ao
juízo da execução notícia de que aquele beneficiário do sursis foi indiciado em inquérito policial para se apurar
crime de estelionato. O período de prova se prorroga?
Agora, digamos que, faltando 1 dia para acabar o período, chega a notícia de que ele está foi
processado. Se prorroga o período automaticamente. Mas, e as condições? Digamos que ele estava
prestando serviços à comunidade. Ele o fez no primeiro ano, ou seja, não estava cumprindo mais. Então, o
que se prorroga é tão somente o período de prova ou as condições já cumpridas também?
Tão somente o prazo do período de suspensão. Uma vez cumpridas as condições, elas não serão
prorrogadas. Nesse sentido, doutrina pacificada.
9. REVOGAÇÃO
São duas: revogação obrigatória (art. 81, caput) e revogação facultativa (art. 81, §1º).
A competência para revogar o sursis é do juízo da execução (art. 66, III, d, LEP).
Ponto fundamental: a segunda causa está no inciso II, que é a frustração da pena de multa. Isso é
um problema, que a doutrina está corrigindo. Se não conseguir pagar a pena de multa, qual a conseqüência?
O juiz, na sentença, primeiro estabelece a PPL. Depois, não sendo cabível a PRD, aplica o sursis. Sempre
que o sursis é concedido, já há uma PPL aplicada. Se revogar o sursis, vai passar a cumprir PPL. Após a
reforma, a pena de multa não paga é inscrita em dívida ativa e é executada. Aqui, neste caso, a multa não
paga ocasiona a revogação do sursis, tendo que passar a cumprir PPL. Há uma incoerência. O legislador
quis, em 1996, pela Lei 9268, que a pena de multa não paga não fosse mais convertida em PPL, alterando o
art. 51. De outro lado, esqueceu de alterar o art. 81, II, pois, se lá não pode mais, aqui também não tem que
poder.
Como resolver?
Se, após a modificação do art. 51 do CP pela lei 9268/96, a pena de multa não paga não pode mais
ser convertida em PPL, não pode também a sua frustração subsistir como causa de revogação obrigatória do
sursis da pena. Conclusão: o art. 81, II, 1ª parte, do CP, é incompatível com a inovação do art. 51 do CP, com
a redação dada pela Lei 9268/96.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Que outra condição imposta é essa? Se o descumprimento das condições legais do art. 78, §1º são
causas de revogação obrigatória, que condições são esses que, descumpridas, geram a revogação
facultativa? Condições judiciais, do art. 79.
Então, cuidado, pois o crime praticado, se doloso ou culposo, faz diferença. Se for doloso, a
revogação será obrigatória, nos moldes do art. 81, I. Entretanto, se for culposo ou contravenção, a revogação
será facultativa.
Recomendação da doutrina: antes de o juiz revogar, na facultativa, deve, ad cautelam, marcar uma
audiência para o beneficiário justificar o descumprimento da condiçao. Essa audiência se chama de audiência
de justificação.
Qual é a conseqüência do cumprimento das condições? É aquela descrita no art. 82, CP, que tem a
seguinte redação:
Que prazo é esse a que a lei se refere? É o do período de prova. Então, qual a conseqüência do
cumprimento das condições? Extinção da pena privativa de liberdade.
Duas correntes:
1a corrente (majoritária): a extinção da PPL pelo cumprimento das condições é automática, pois o
que extingue a PPL é o decurso do tempo, conjugado com o cumprimento das condições, não sendo,
portanto, necessário, que o juiz declare expressamente nos autos.
2a corrente (Rogério Greco): a extinção da PPL não é automática. É necessário que o juiz a declare
nos autos do processo. Porque, se o juiz verificar, no curso da suspensão, no curso do período de prova, que
o beneficiário do sursis está sendo processado por outro crime ou contravenção, não poderá declarar a
extinção da PPL e sim a prorrogação do período de prova, na forma do art. 81, §2o do CP.
Questão que poderá vir em Direito Penal, Direito Constitucional ou Direito Eleitoral: o sursis da pena
suspende os direitos políticos?
Duas correntes:
1a) o cumprimento do sursis da pena não suspende os direitos políticos, uma vez que não há
nenhuma incompatibilidade entre o cumprimento do sursis e o exercício do direito político. Até porque o CP
não faz nenhuma vedação. Posição minoritária.
2a) STF – o cumprimento do sursis da pena suspendem sim os direitos políticos. Art. 15, III da CR/88.
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(...)
Diz o STF que o cumprimento do sursis da pena é um efeito da condenação criminal transitada em
julgado. Tendo é verdade que, enquanto o beneficiário está cumprindo o sursis, não há a extinção da própria
PPL. Independentemente da espécie ou quantum de pena, basta uma condenação criminal produzindo efeitos
para que opere a suspensão dos direitos políticos, na forma do art. 15, III, da CR/88.
Qual sempre foi o regime do cumprimento de pena da lei 8072/90? Integralmente fechado. Era pra
ele ficar preso o tempo todo. Se for concedido o sursis, ficaria em liberdade. Há, então, incompatibilidade.
O regime integralmente fechado caiu com o julgamento da ordem de HC 82959, no qual o STF
declarou inconstitucional, no método difuso, este regime. Dali em diante, toda a jurisprudência começou a
conceder a progressão de regime nesses casos. O STJ, então, mudou de opinião. O raciocínio é: Se agora o
regime não é mais integralmente fechado, ele pode permanecer em liberdade.
Então, começou o STJ a dizer que, com o julgamento da ordem de HC 82959, na qual foi declarada a
inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, no método difuso, não há mais incompatibilidade entre
o sursis da pena e o regime, agora inicialmente fechado, dos crimes hediondos ou equiparados.
Mas, tomem cuidado com a nova lei de drogas (11.343/06), no art. 44. O tráfico é equiparado a
hediondo e acabamos de falar que o STJ entende cabível o sursis da pena nos crimes hediondos ou
equiparados. Mas, no tráfico, o art. 44 veda. A lei fala em “inafiançáveis” e “insuscetíveis de sursis”. Sendo
assim, para o crime de tráfico, a lei veda expressamente o sursis da pena.
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- Prescrição -
1) Conceito:
A prescrição consiste na perda do direito de punir do Estado, ou seja, a perda da pretensão punitiva e
da pretensão executória, justamente em razão de o Estado não ter exercido tais pretensões no espaço de
tempo previsto em lei, gerando, conseqüentemente, a extinção da punibilidade.
2) Natureza Jurídica:
2 vertentes:
Olhando para o instituto da prescrição, pergunta-se: ele versa sobre tema de processo ou sobre
direito de punir?
Versa sobre direito de punir, pois a prescrição é uma causa de extinção da punibilidade, extinção do
jus puninedi, extinção do direito de punir. Portanto, a prescrição é um instituto de direito material, razão pela
qual o prazo será contado da seguinte forma: vai-se incluir o 1º dia e excluir o último dia. A regra geral é que
prescrição começa a correr no dia em que o crime se consumou.
Ex: A matou B hoje (29/10), a prescrição começa a contar hoje.
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A prescrição poderá ser verificada a qualquer tempo (art. 61 do CPP), inclusive de ofício.
O momento adequado para declaração da extinção da punibilidade pela prescrição é “a qualquer
momento”.
4) Espécies de Prescrição:
O Estado tem um prazo para exercer o jus puniendi, que é o prazo de prescrição. Esse prazo é para
exercer o jus puniendi, esse é exercido quando se forma um título executivo contra o delinqüente, ou seja,
uma sentença condenatória transitada em julgado (SCTJ). O jus puniendi só é exercido quando há a
formação do titulo executivo contra o réu, o Estado só forma esse título executivo quando se forma contra o
réu uma SCTJ. Pois se transitou em julgado, não cabe mais recurso, não pode mais o réu querer provar que
ele é inocente, já há decisão definitiva, e ele vai cumprir a pena.
- Espécies de pretensão:
-Pretensão Punitiva e Pretensão Executória.
O Estado tem um prazo para exercer a pretensão punitiva, essa vai ser exercida com a formação do
título (SCTJ). Formado o título executivo contra o réu, o Estado tem um novo prazo para executar aquele
título, é uma execução que será exercida sobre aquele título, aí nasce a Pretensão Executória. Não basta
formar uma SCTJ, tem que executar esse título para satisfazer a Pretensão Executória.
Se o Estado não exercer a pretensão punitiva no prazo previsto em lei, ocorrerá a Prescrição da
Pretensão Punitiva (PPP).
Se não ocorreu a PPP e o Estado exerceu a pretensão punitiva, depois disso há um prazo para
executar, se não executar ocorrerá a Prescrição da Pretensão Executória (PPE).
Ocorrendo a Prescrição da Pretensão Executória é sinal de que o Estado exerceu a pretensão
punitiva? Sim, pois já há um título formado.
PPP PPE
SCTJ
A SCTJ é o marco distintivo entre a PPP e a PPE, é até quando se pode falar em PPP e a partir de
quando se pode falar em PPE. Formada a SCTJ no tempo previsto em lei, é exercida a Pretensão Punitiva.
PPP PPE
O Estado não forma o título executivo. O Estado forma o título executivo (SCTJ), mas não
consegue executar.
Perda do direito de punir. Perda do direito de executar o título executivo.
O agente continua sendo primário e de bons Gera reincidência na prática de nova infração penal
antecedentes (pois não há contra ele uma SCTJ). após da SCTJ.
Vitima não pode executar o título contra o agente na Vitima pode executar o título na esfera cível.
esfera cível. Fundamento: art. 475-N, inciso III, CPC.
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Art. 109 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto nos §§
1º e 2º do Art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se:
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze);
II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e não
excede a 12 (doze);
III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos e não excede
a 8 (oito);
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e não excede a 4
(quatro);
V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, sendo superior,
não excede a 2 (dois);
VI - em 2 (dois) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Furto Qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
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D) Homicídio Simples.
Art. 121, caput, CP.
E) Homicídio Qualificado.
Art. 121, §2º, CP.
§ 2º - Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
O termo inicial comporta uma regra geral e diversas exceções. A regra geral está no inciso I, e as
exceções estão nos incisos II, III e IV.
O termo inicial é a data em que o crime se consumou, a data da consumação.
1 - Materiais
conduta resultado
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(consumação)
conduta resultado
(consumação) (exaurimento)
3- Mera Conduta
1- Nos crime materiais há conduta e resultado naturalístico (modificação provocada no mundo externo).
2- Nos crimes formais há também uma conduta e um resultado
3- Nos crimes de mera conduta há somente uma conduta, não possuem resultado naturalístico.
O art, 111, inc. I, traz a regra geral do termo inicial da prescrição, que é a consumação.
Nos crimes materiais começa a contar a prescrição com a ocorrência do resultado naturalístico.
Nos crimes formais e nos crimes de mera conduta a prescrição começa a contar com a pratica da
conduta pelo agente.
Ex1: No crime formal de injúria (ex: xingou o sujeito de cachaceiro), a prescrição começa a contar no
momento da conduta, pois foi nesse momento que o crime se consumou.
Obs: Enquanto no tema tempo do crime adotou-se a teoria da atividade, no tema termo inicial da
prescrição, adotou-se a teoria do resultado. A prescrição vai se iniciar quando ocorrer o resultado consumativo
do delito.
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2- Inc. III- Trata dos crimes permanentes (são aqueles em que a consumação se alonga no
tempo, sob a vontade do agente).
- Característica principal do crime permanente: O agente controla a permanência, é ele que faz
nascer e cessar a permanência.
A prescrição começa a contar quando acabar a permanência.
Ex: Seqüestro.
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
A prescrição começa a contar a partir de quando cessar a permanência. Com isso se evita que o agente
manipule a prescrição. Ex: Lindemberg mantêm a Eloá presa por 8 anos, aí após 8 anos prescreve e ele a
coloca em liberdade. É por isso que se começa a contar a prescrição a partir de quando cessar a
permanência. O prazo de prescrição do crime dele começa a contar quando ele liberar a vítima.
(Obs: no dia dessa aula, a Eloá ainda estava sendo mantida refém do seqüestrador.)
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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- Exceção:
Há uma causa de aumento que não se pode aplicar: Concurso de crimes.
- Concurso material
- Espécie de concursos de crimes: - Concurso formal
- Crime continuado
Próprio ou Perfeito
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- Faz diferença praticar 3 furtos em concurso material ou praticar esses 3 furtos em crime
continuado? A diferença está na aplicação de pena. A mens legislatores do crime continuado é para beneficiar
o réu.
O crime continuado passou a existir na Idade Média. O sujeito que era condenado ao terceiro furto
recebia pena de morte. Era um exagero. Se pensou, então, em mudar isso, para evitar que o agente chegue
ao terceiro furto. Se ele praticou os 3 furtos nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras condições semelhantes, vai-se considerar que ele praticou só o primeiro furto e os demais foram
continuação do primeiro. Então, praticou só um furto de forma continuada. Com isso, conseguiu-se na Idade
Media impedir que ele chegasse ao terceiro furto e tivesse pena de morte. Então, nitidamente, o crime
continuado é um instituto que existe para beneficiar o agente.
O instituto do crime continuado que existe para beneficiar o agente esta na verdade prejudicando o
agente.
A prescrição do concurso de crimes é contada isoladamente no concurso de crimes (art. 109 do CP).
Ex: o sujeito praticou uma lesão corporal, um furto, um roubo, um homicídio. Pode ser que a lesão corporal e
o furto estejam prescritos e o roubo e o homicídio não. Então a prescrição é contada isoladamente (uma
prescrição para cada crime).
Ex1: Sujeito praticou 3 furtos em concurso material.
Pena máxima do furto: 4 anos.
Prescreve em: 8 anos
Contando isoladamente: o primeiro furto prescreve em 8 anos, o segundo furto também e o terceiro
furto também.
São 3 crimes distintos, cada um com uma pena máxima especifica, logo, cada um vai prescrever em
8 anos.
Ex2: Mas se ele praticar os 3 furtos em crime continuado? Aqui é um só crime continuado.
As penas são iguais, aplica-se então qualquer uma delas. Se é um crime único:
Pena: 4 anos.
Aumento: de 1/6 a 2/3 (Art. 71 do CP). Trata-se de um aumento variável. Regra de ouro: achar a
possível pena máxima.
Vai incidir o aumento máximo: 2/3.
4 anos + 2/3 (2 anos e 8 meses) = 6 anos e 8 meses.
Leva essa pena para o art. 109 do CP.
Prescreve em: 12 anos.
* Conclusão:
- As atenuantes incidem na pena máxima cominada para fins de prescrição?
Não!!
- E as causas de aumento e de diminuição incidem?
Sim!! Salvo o aumento que decorre do sistema da exasperação no concurso de crime, quais sejam:
crime continuado e concurso formal próprio.
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Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um
terço, se o condenado é reincidente.
Podemos notar que esse dispositivo trata de PPE pela utilização da seguinte expressão: depois de
transitar em julgado a sentença condenatória.
Achando-se a PPE se poderá verificar quanto tempo o Estado tem para executar a SCTJ.
Art. 112 - No caso do Art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a
que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção
deva computar-se na pena.
1- Por que o primeiro marco inicial do inc. I é o trânsito em julgado para a acusação? Nesse
momento já houve uma sentença condenatória que aplicou uma pena. Transitou em julgado para a acusação,
logo se houver recurso, só quem poderá recorrer é a defesa. Se a acusação não pode mais recorrer, a pena
não pode mais aumentar, e aquela pena que está na sentença é a pena máxima que pode ser aplicada ao
réu. Se aquela é a pena máxima, encontrou-se, conseqüentemente, o prazo máximo de prescrição, e já se
pode começar a contar a partir daí.
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- E se a defesa recorrer e o Tribunal diminuir a pena? A prescrição vai diminuir também, mas isso em
nada prejudica o réu.
2- O sursis da pena é aplicado na sentença condenatória. Verifica-se se cabe a PRD, se não for
cabível ou não recomendável, aplica-se o sursis. O apenado não fica preso, vai cumprir em liberdade. Mas o
juiz aplica antes disso uma PPL, e uma das razões para ter essa PPL é se o condenado “pisar na bola” ocorre
a revogação do sursis. Quando o sursis é revogado, o condenado vai cumprir a PPL. E é a partir da
publicação da decisão que revoga o sursis que se começa a contar a PPE. Se o Estado não conseguir
capturar o condenado para fazê-lo cumprir a PPL no prazo do art. 109 do CP, ocorrerá a PPE.
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
- Perde o prazo de livramento se o crime for praticado durante o livramento. Se o crime for praticado
antes do livramento não perde o prazo.
Ex: a condenação veio para crime praticado antes do livramento, aí não perde o tempo de livramento.
Vai cumprir quanto tempo de pena? Ficou preso por 2 anos, com mais 2 anos de livramento cumprido, vai ter
que cumprir mais 2 anos de PPL.
- A partir da decisão que revoga o livramento condicional começa a contar a PPE. O art. 113 do CP
fala que nessa hipótese a prescrição é regulada pelo tempo que restar da pena a cumprir.
Sendo assim, vai-se levar esses 2 anos que falta a cumprir para o art. 109 do CP.
- E se for praticado crime durante o livramento? Perde o prazo do livramento, e vai ter que cumprir
mais 4 anos de pena. A pena era de 6 anos, mas já foram cumpridos 2 anos de PPL, perde-se o tempo de
livramento (que foram 2 anos. Esse tempo é desconsiderado.), e ele vai ter que cumprir mais 4 anos (6 anos
(de pena cominada) – 2 anos (de pena já cumprida) = 4 anos). O que se perde é o tempo de livramento! O
tempo de PPL já cumprido é computado!
Obs: fazer uma remissão no art. 112, I, para o art. 113 do CP.
Pega-se o tempo que resta da pena e leva-se para o art. 109 do CP.
- Inciso II:
- Outro termo inicial de PPE: dia em que se interrompe a execução.
Hipótese mais comum de interrupção de cumprimento: Fuga.
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A partir da data da fuga começa a contar a PPE. A partir daí o Estado tem um prazo para executar a
decisão condenatória.
Obs: combinar esse dispositivo com o art. 113 do CP. Pois de acordo com o art. 113, nessa hipótese,
qual é o critério que se vai usar? A prescrição vai se regular pelo tempo de pena que resta a cumprir.
Ex: o condenado fugiu. Restam 5 anos para cumprir a pena.
Pega esses 5 anos e leva para o art. 109 do CP para achar o prazo de prescrição.
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
- O Estatuto do Idoso revogou a previsão do art. 115 do CP, por ser posterior e mais benéfico?
2 correntes:
1- O Estatuto do Idoso revogou parcialmente, portanto, derrogou o art. 115 do CP, uma vez que é lei
posterior e mais benéfica, devendo retroagir para beneficiar o réu. (Regis Prado, Juarez Cirino dos
Santos).
2- Não houve nenhuma revogação. O Estatuto do Idoso não derrogou o art. 115 do CP.
Fundamento: onde o Estatuto do Idoso quis alterar a legislação pretérita, ele o fez expressamente,
não ocorrendo nessa hipótese.
Posição do STF (informativo 473, que julgou o HC 89969).
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Gabriel Habib
PRELIMINARMENTE
Vimos que, em termos de prescrição, todo e qualquer prazo, pra regular o tempo, será do artigo 109
do Código Penal. Vimos também que esse prazo, será utilizado tanto para a PPP (prescrição da pretensão
punitiva), como para a PPE (prescrição da pretensão executória).
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a
oito;
Esse prazo é fixo, entretanto, ele pode ser aumentado de 1/3, se o réu condenado, for reincidente.
Entretanto esse aumento de 1/3 só existe para a PPE.
Vimos que esse prazo ainda, pode ser reduzido de metade, e aí se aplica tanto à PPP (prescrição da
pretensão punitiva) quanto à PPE (prescrição da pretensão executória).
Esse prazo pode também ser suspenso. Já não vou mais falar aqui quanto à suspensão e
interrupção de prazo porque já foi falado e não acho necessário mais.
Aonde estão as causas suspensivas de prescrição? No artigo 116 do Código Penal:
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
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Este artigo fala das causas impeditivas de prescrição. Entretanto, quando você lê no Código Penal
“impeditiva”, entendam “causas suspensivas”.
Quais são, portanto, essas causas de suspensão da prescrição? Antes de passar em julgado a
sentença final, a prescrição não corre. Atenção! Uma pergunta que tem total pertinência: essa suspensão de
prescrição, ela ocorre na PPP ou na PPE? O artigo 116 trata de PPP ou PPE? Se trata de PPP. Quais são as
causas?
A primeira dela é a chamada: questão prejudicial (inciso I).
É muito comum confundir questão prejudicial com preliminar.
Obs.: A questão preliminar, em nada influencia o prazo prescricional. De maldade, o examinador vai
colocar uma questão preliminar, para você pensar que é prejudicial e confundido-as, você vai responder que o
prazo suspendeu. ERRADO! Não confundam preliminar com prejudicial! O que suspende é só a prejudicial, a
preliminar não.
CONCEITO
Conceito de questão prejudicial (Vincenzo Manzini, processualista italiano, foi quem melhor
conceituou essa questão): é toda questão jurídica cuja solução constitua um pressuposto para a decisão à
controvérsia principal submetida à juízo.
Através desse conceito se percebe que há uma diferença enorme entre questão prejudicial e
preliminar, mas além do conceito, eu vou lhe passar as características da questão prejudicial para que você
não confunda isso em prova e não caia na pegadinha.
CARACTERÍSTICAS
1) a questão prejudicial deve ser julgada antes da questão principal prejudicada. Isto é, (exemplo)
Paulo Victor denunciado por crime de bigamia. Ele vem e alega: o casamento anterior não existiu, logo, agora
eu estou me casando pela primeira vez e não segunda. Portanto, não há crime de bigamia. Essa existência,
validade ou não do primeiro suposto casamento, influencia ou não a bigamia? Não deve ser julgada antes da
bigamia, a questão prejudicada? Naturalmente. Logo, a validade ou não do casamento é uma questão
prejudicial. O juiz até pode, decidir as questões prejudicial e prejudicada no mesmo ato de decisão, na mesma
sentença, no mesmo despacho. Entretanto, mesmo que assim o seja, nesse único documento, a questão
prejudicial, tem que vir antes, no parágrafo anterior. Então, seja no mesmo ato, seja em atos diversos, a
prejudicial sempre terá que ser resolvida antes.
2) Ela sempre influenciará a existência do crime. Exemplo: eu sou denunciado por furto desse
aparelho telefônico celular. E aí eu falo que não furtei porque esse telefone é meu, logo a coisa não é alheia, e
sim própria. Se a coisa não é alheia, eu não pratiquei crime de furto. A propriedade desse telefone celular,
influencia ou não na existência do crime de furto? (exemplo do Carnelutti). Naturalmente que sim. Se ficar
provado que ele é meu, não há crime de furto, do contrário há.
3) Elas podem existir autonomamente. Significa afirmar que não é sempre que eu vou ter deduzir
uma questão prejudicial no bojo de uma questão principal. Quer dizer que eu só posso discutir a propriedade
de um celular se houver uma questão principal de furto? Quer dizer que eu só posso discutir a validade ou a
inexistência de um casamento se for proposta uma ação penal pelo crime de bigamia? Não. Eu posso muito
bem, numa disputa de propriedade, discutir a propriedade do celular.
Para a doutrina do processo civil, ela sempre poderá constituir uma res in judicium deducta (relação
jurídica deduzida em juízo), autonomamente.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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2ª Causa que está na lei, no Código Penal, de suspensão da prescrição – artigo 116, inciso II
Para impedir que ele cumpra a pena no estrangeiro e o prazo prescricional no Brasil se escoa,
violando assim a própria soberania nacional. (24:20)
[...]
Antes da EC/35, existia a figura da autorização. E aí, o STF teria que ter autorização da casa
legislativa para processar o parlamentar para receber a denúncia.
Após a EC/35, a autorização tornou-se sustação, isto é o processo pode ser suspenso. Hoje, o
Ministro Relator do Supremo Tribunal Federal pode receber a denúncia, e a casa legislativa respectiva pode
sustar o processo.
Mas, enquanto o processo estiver suspenso, fica também suspenso o prazo de prescrição.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
art. 312.
1
Quais são os pressupostos processuais?
Partes capazes, juízo competente (e juiz não impedido e não suspeito) e uma demanda
regularmente formulada.
Pressupostos de existência e de validade. Versando a questão sobre aquilo ali, você
estará adiante de um pressuposto processual, questão preliminar que não suspenderá o prazo
na prescrição.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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4) Lei 10684/03 – Institui um segundo plano de recuperação fiscal (REFIS II) também chamado de
PAES.
Crimes contra a ordem tributária. Isto é, se a pessoa jurídica que tiver praticado esses crimes aderir
aos REFIS, parcelar o valor sonegado, ficará suspensa a pretensão punitiva.
Se houver o pagamento integral, é extinta a punibilidade.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
da pena (art. 77 do Código Penal).
[...]
Como se dá a dinâmica da tributação? Com o fato gerador (fato gerador = hipótese de incidência +
fato imponível). Tendo o fato gerador, nasce uma obrigação tributária. O que é obrigação tributária? Direito
civil é o vínculo jurídico que une credor a devedor em torno de uma prestação que pode se de dar, fazer ou
não-fazer. Levem essas informações para o direito tributário. Para o direito tributário é o vínculo jurídico ex
lege que une credor (Fisco) a devedor (contribuinte) em torno de uma prestação que é a de dar dinheiro,
pagar. Eu tenho que efetuar um procedimento administrativo para achar os cinco elementos do fato gerador.
Como se chama esse procedimento administrativo? Lançamento. Com o lançamento surge o crédito tributário.
O crédito tributário não nasce junto com a obrigação? Controvérsia. Nascem em momentos diversos por conta
da teoria dualista que nasceu no direito tributário alemão. A obrigação nasce no momento, com o fato gerador.
E o crédito, nasce em momento posterior, com o lançamento. O lançamento individualiza os elementos do fato
gerador. Nascido o crédito tributário, o que tem que ser feito agora? Qual a condição de eficácia do
lançamento? Tem que notificar o contribuinte. Uma vez notificado, pode-se praticar três condutas: pagar, não
pagar e impugnar. Quando há a impugnação nasce um processo administrativo fiscal. O processo fiscal vai
dizer se realmente houve ou não a sonegação. Se houve a supressão ou a redução do tributo. Expressões
usadas na Lei 8137/90, artigo 1º. A seguir:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer
outro documento relativo à operação tributável;
O que diz o Supremo Tribunal Federal? Ordem de Habeas Corpus 81611, Rel. Sepúlveda Pertence.
E, nesse HC, diz o seguinte: os crimes da Lei 8137 são crimes materiais, que exigem para consumação, a
supressão ou redução do tributo. Se o agente impugnar e nascer um processo administrativo e, quando este,
ao final, dizer se houve a supressão ou redução do tributo, esse crime só será consumado quando ocorrer o
término do PAF. Haverá então, o lançamento definitivo. Enquanto o processo administrativo não for concluído,
fica suspenso o prazo de prescrição.
EMENTA: I. Crime material contra a ordem tributária (L. 8137/90, art. 1º):
lançamento do tributo pendente de decisão definitiva do processo administrativo:
falta de justa causa para a ação penal, suspenso, porém, o curso da prescrição
enquanto obstada a sua propositura pela falta do lançamento definitivo. 1.
Embora não condicionada a denúncia à representação da autoridade fiscal
(ADInMC 1571), falta justa causa para a ação penal pela prática do crime
tipificado no art. 1º da L. 8137/90 - que é material ou de resultado -, enquanto não
haja decisão definitiva do processo administrativo de lançamento, quer se
considere o lançamento definitivo uma condição objetiva de punibilidade ou um
elemento normativo de tipo. 2. Por outro lado, admitida por lei a extinção da
punibilidade do crime pela satisfação do tributo devido, antes do recebimento da
denúncia (L. 9249/95, art. 34), princípios e garantias constitucionais eminentes
não permitem que, pela antecipada propositura da ação penal, se subtraia do
cidadão os meios que a lei mesma lhe propicia para questionar, perante o Fisco,
a exatidão do lançamento provisório, ao qual se devesse submeter para fugir ao
estigma e às agruras de toda sorte do processo criminal. 3. No entanto, enquanto
dure, por iniciativa do contribuinte, o processo administrativo suspende o curso da
prescrição da ação penal por crime contra a ordem tributária que dependa do
lançamento definitivo.2
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Se inaugura a segunda fase pela persecução penal pelo oferecimento da denúncia. Quando o juiz
recebe a denúncia, ali está interrompido o prazo prescricional, e aquele prazo prescricional começa a correr
todo novamente.
Qual o momento exato para a interrupção da prescrição? Primeiro lugar, não é oferecimento da
denúncia, e sim recebimento. Qual o momento exato? É a publicação da decisão de recebimento da
denúncia.
Esse recebimento, pode ocorrer onde? Ele pode ocorrer em primeira ou segunda instância. Em
primeira instância não há dificuldades, mas me dêem hipóteses na qual se recebe a denúncia em segunda
instância? Competência originária dos tribunais. Onde o prefeito é denunciado? Qual o seu juízo natural?
Artigo 29, inciso X da CRFB/88:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
[...]
Outro exemplo de recebimento de segunda instância? A decisão do tribunal, por si só, de provimento
do RSE vale como recebimento da denúncia. É o que diz a súmula 709 do STF a seguir:
Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da
denúncia, vale desde logo como recebimento dela. Então acórdão que der provimento ao recurso de
acusação, vale como recebimento da denúncia. Então o tribunal diz que dá provimento ao recurso da
acusação, recebeu? Sim, recebeu.
Questões relevante e pertinentes do inciso I. O aditamento à denúncia, interrompe o prazo? Aditar =
somar. No aditamento, se inclui alguma coisa. Quais são as duas espécies de aditamento? Subjetivo e
objetivo. Qual a diferença? Sempre que você verificar alguma coisa relacionada a direito subjetivo, é
relacionado à pessoa. Se eu estou lhe falando que aditar é somar, aditamento é inclusão. Há a inclusão de
pessoa, co-réu. Há uma denúncia por crime de estelionato praticado por Paulo Vitor. Depois descobriu-se que
Daniel praticou o mesmo crime em co-autoria com Paulo Vitor, Eu faço um aditamento subjetivo para incluir
também o Daniel na denúncia. E o aditamento subjetivo inclui fatos, delitos, crime. Eu descubro que além do
estelionato, o indivíduo cometeu um homicídio. Adito para incluir o homicídio.
Obs.: O melhor livro sobre aditamento à denúncia escrito no Brasil é do Marcellus Polastri Lima
(Curso de Direito Penal no qual ele escreveu um capítulo sobre aditamento).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Assim como ele recebeu a denúncia tem que receber o aditamento. Quando ele recebe o aditamento,
interrompe ou não o prazo prescricional? A prescrição é do que? Do fato. Então o aditamento, interrompe? Só
o aditamento objetivo interrompe a prescrição. Porque eu estou incluindo um outro fato. Aí, estará
interrompido só para aquele crime incluído ali. Para o outro crime que já constava na denúncia, o prazo não
se interrompe. Então havia ali um estelionato praticado, aditou para incluir o crime de homicídio. Interrompeu
o prazo? Só para o homicídio, para o estelionato não.
Outro ponto: denúncia recebida por juízo absolutamente incompetente. Interrompe? Não interrompe
o prazo de prescrição.
Outra questão relevante: retificação da denúncia por erro material. Isto é, constava na denúncia que
João Paulo. Descobriu-se que o réu se chama, na verdade, João Carlos. Retifica-se a denúncia para mudar o
nome. O juiz recebe a denúncia retificada. Interrompe ou não a prescrição? Não, a retificação à denúncia por
erro meramente material, não enseja a interrupção do prazo prescricional.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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1ª) A primeira corrente sustenta que a natureza é condenatória, isto é o juízo condena o réu e depois
aplica o perdão deixando de aplicar a pena. (Nelson Hungria e Guilherme de Souza entre outros) Guilherme
de Souza já dizia que: não se pode absolver o culpado, ele é condenado e depois que o juiz aplica o perdão,
ele deixa de aplica a pena.
2a) Absolutória. Fundamento: não existe sentença condenatória sem aplicação de pena. Posição de
Basileu Garcia.
4a) Corrente majoritária: declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo nenhum efeito da
condenação, isto é, não há geração da reincidência, não há o lançamento do nome do réu no rol dos
culpados, nem a obrigação de reparar o dano. É a posição de Celso Delmanto entre outros. E súmula 18 do
STJ a seguir:
Interrompe a prescrição?
Depende. Para a primeira corrente, sim. Entretanto, para a posição majoritária, não interrompe o
prazo de prescrição, pois não é condenatória.
Quando ele iniciou o cumprimento da pena, interrompe a prescrição ou continuação. Se ele foge e é
recapturado, volta a interromper.
Inciso VI – reincidência. Ex.: eu pratico um furto, começa a contar a prescrição. Se depois eu pratico
um roubo, ali está interrompida a prescrição.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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V e VI – PPE.
Não, pois as medidas sócio-educativas não tem finalidades retributiva e preventiva, não havendo ali
exercício de jus puniendi. Se não há exercício da pretensão punitiva, não pode haver prescrição da pretensa
punitiva. Tudo depende da finalidade da medida.
Está pacificado.
Conseqüência direta disso: se eu aplico a prescrição na medida sócio-educativa, quem praticou foi
menor de 18 anos. Sendo assim, incide a redução pela metade, pois o agente era, obrigatoriamente, ao
tempo do fato, menor de 18 anos.
Crimes imprescritíveis:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
2o) grupos armados civis ou militares que pratiquem crimes contra a ordem constitucional e Estado
Democrático de Direito (art. 5o, XLIV, c/c Lei 7.170/83).
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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[...]
GABRIEL HABIB
PRESCRIÇÃO
(Aula 8 em 31/10/2008)
1) Prescrição retroativa
2) Prescrição superveniente, também chamada de intercorrente
3) Prescrição pela pena ideal, hipotética , virtual ou em perspectiva
Vamos começar pela prescrição retroativa. Vamos colocar aqui a linha do tempo porque você só
pode compreender isso bem se você entender bem o que é a prescrição.
PRESCRIÇÃO RETROATIVA
A partir de quando a prescrição começa a correr? A partir da consumação. Vamos colocar aqui “fato
consumado”, que significa consumação. Como se chama esse título executivo? Esse prazo pode ser, no
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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procedimento comum ordinário, interrompido, tendo como marco interruptivo o recebimento da denúncia, e
num segundo momento, a sentença condenatória recorrível.
O que nos temos na prescrição retroativa? Como o próprio nome está a dizer, ela vai retroagir no
tempo. Você vai pegar a pena aplicada na sentença condenatória e vai retroagir no tempo. Como que se
conta a prescrição? Já vimos que na prescrição em abstrato, a partir do fato criminoso consumado vai correr o
prazo para . Esse prazo pode ser dilatado de 1/3, pode ser reduzido pela metade, e pode ser interrompido.
Pressuposto para a prescrição retroativa: Principio da pena justa. Vocês vão aprender isso comigo
hoje nem que seja na marra!
Quem foi o maior responsável pela oxigenação da mentalidade no que toca cumprimento de pena?
Um autor chamado Cesare Beccaria, responsável por essa nova mentalidade acerca do cumprimento de pena
no período iluministas. Ele começou a dizer que a pena só seria justa enquanto pena se fosse necessária e
suficiente para a reprovação e a prevenção do crime. Mas se nos todos cometermos o mesmo crime
receberemos penas iguais? Provavelmente não, porque a pena está cominada abstratamente na lei para
todos e como toda lei possui seus requisitos (abstração, coercitividade...).
A pena abstrata é igual para todos, Como fazer para achar a pena ius tantum para cada réu, para
cada delinqüente? Você tem que olhar para os princípios. Primeiro o da individualização da pena. Então se
nós todos cometermos o mesmo crime não vamos todos ter a mesma pena. Teremos que passar por um
procedimento probatório para que o juiz forme sua convicção acerca da pratica do crime e essa convicção
fará com que ele aplique a pena, conforme ela seja necessária e suficiente. Onde o juiz faz isso? No
recebimento da denúncia? Não, na sentença condenatória. Aqui ele acha a pena justa de acordo com cada
réu, ou coma situação que se encontra um ou outro. Ele pega aquela pena abstrata e faz incidir sobre ela o
principio da individualização da pena, majorantes, atenuantes, princípios constitucionais.
Se eu achei a pena justa é sinal de que desde oi inicio aquela pena era a pena justa, mas eu não
podia individualizar ela lá, porque tenho que esperar todo o procedimento para na sentença, onde se forma a
autoria, materialidade e a punibilidade eu posso achara pena justa. Então o primeiro fundamento de base de
fundo para a prescrição retroativa é o principio da pena justa.
Depois desse pressuposto você chega ao outro pressuposto, qual? Qual o critério para verificar a
prescrição? A pena não é? Segundo pressuposto é o transito em julgado para a acusação. Se transitou em
julgado para a acusação só a defesa por recorrer, apelar. Se acabou o jogo para a acusação, a pena pode
aumentar? Não, só pode diminuir. Então eu já achei a pena máxima que pode ser aplicada, pode no Maximo
ficar como está na sentença, não pode aumentar. Eu já achei o máximo de pena, eu já achei também o prazo
máximo de prescrição. Claro que se a pena não pode aumentar, a prescrição também não, ela só poderá
diminuir. Tanto a pena e conseqüentemente o prazo prescricional.
Conclusão em forma de pergunta: Se aqui eu já achei a pena que era justa desde o inicio e se
transitou em julgado para a acusação e essa pena não pode aumentar e eu já achei o prazo máximo de
prescrição, o tempo já decorrido vai ser considerado ou não? O tempo já decorrido é considerado ou não?
Porque você poderia dizer que não, o CP só prevê a prescrição da pena em abstrato, se não prescreveu, não
prescreveu, você só conta adiante. Você não vai chegar aqui e verificar de novo o tempo percorrido. Se entre
os marcos interruptivos não ocorreu a prescrição, acabou, você não pode fazer a recontagem. Mas posso te
trazer outro pensamento. Se aquela era a pena justa, eu ate agora considerei a prescrição da pena em
abstrato, não tenho que contar o prazo de acordo com a pena justa? Esse foi o debate que se instaurou em
1951 no STF. Vocês verão de onde saiu a prescrição retroativa.
Em 1951 havia 2 grupos de ministros no STF. O primeiro era o grupo liderado pelo ministro Luiz
Galotti e o segundo pela mente brilhante de Nelson Hungria. A celeuma era justamente essa. Se eu já achei a
pena justa considero ou não o tempo decorrido? Vou por questões de justiça ou não porque a lei não
considera essa hipótese. O grupo liderado pelo Luiz Galotti entendia que não, não podia considerar o tempo
decorrido porque o CP brasileiro só contempla a prescrição em abstrato, de acordo com a pena máxima
cominada. Não há previsão no direito brasileiro positivado de você contar prescrição de acordo com a pena
aplicada na sentença, e também alem disso, considerar tempo já decorrido. Então se entre o fato e o primeiro
marco interruptivo a prescrição não correu, isto é, o recebimento da denuncia interrompeu o prazo antes que
este escoasse, não prescreveu dali pra frente.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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grupo liderado por Nelson Hungria, disse que se é na sentença que o juiz encontra a pena justa porque ela só
pôde ser encontrada na sentença o “senso mais comum de justiça“ (palavras usadas no voto de Nelson
Hungria) nos diz que agora deve ser considerado o tempo já decorrido mas de acordo com a pena aplicada
na sentença. Porque aí vou estar contando a prescrição com base na pena justa. Não se pode desconsiderar
o tempo já decorrido só porque a lei não contempla essa hipótese. Na verdade a prescrição deve ser contada
de acordo com a pena justa que é necessária e suficiente para reforma e prevenção depois de
individualizada.
Como eu só acho a pena justa no final, vou ter que a partir dela retroagir no tempo e considerar o
tempo já decorrido. Mas, ad cautela, devemos fazer com que essa pena justa não possa ser modificada, ou
pelo menos aumentada, senão não tenho segurança jurídica para fazer o calculo de prescrição. Então, para o
Nelson Hungria, pelo mais comum senso de justiça deveríamos considerar o tempo já decorrido. Qual a tese
vencedora? Luiz Galotti ou Nelson Hungria? Luiz Galotti.
A tese dele foi vencedora, mas o debate permaneceu. Em 1952, o STF fez uma modificação na sua
posição, incentivada pelo ingresso dos ministros cordeiro guerra e leitão de Abreu. E esses 2 ministros
encampavam a tese de Nelson Hungria. Então, o grupo de Hungria, reforçado pela mentes desses 2 novos
ministros, passou a ser majoritário, prevalecendo essa tese. Ou seja, se só na sentença condenatória eu acho
a pena justa, vou a partir dela, e com o transito em julgado para a acusação, retroagir no tempo para verificar
se ocorreu a prescrição efetivamente de acordo com a pena justa aplicada.
Então o que eu vou fazer? Achei a pena justa, aplicou pena?Aplicou. Vai ter prescrição? Calma,
espera transitar em julgado para a acusação. O juiz vai certificar isso na sentença. E agora? Vai retroagir no
tempo entre o que? Volto aqui para o fato direto? Não tem um ato interruptivo no meio? Vou retroagir e fazer
essa nova conta entre os marcos interruptivos do prazo. Como faço essa conta? Não tem mistério. Pego a
pena justa com trânsito em julgado para a acusação.
Eu Gabriel pratiquei um furto (artigo 155 do CP), furtei um MP3 de 200 reais. Aplicou a pena. Na 1ª
fase verifica a culpabilidade, minha condição social, majorantes. Tem uma agravante aí, porque eu sou
professor de penal e mais que ninguém deveria saber que a culpabilidade é acentuada. A pena abstrata é de
1 a 4. Vamos aumentar pela minha culpabilidade de quanto? 3 meses. Então a pena foi de 1 ano e 3 meses.
Sou primário? Sou, temos menos de 21 anos? Cometi o crime por motivo torpe ou fútil? Restitui a coisa? Não.
Então não teria agravante nem atenuante. Então, a pena é de 1 ano e 3 meses. Furto de coisa de pequeno
valor, que é o parágrafo segundo do 155. Pode ser reduzida a pena de 1 a 2/3. Eu tenho uma minorante,
então diminui de quanto? Um terço ou 2 terços? Vamos lá, 1/3 de 15 meses (1 ano e 3 meses)? 10 meses.
Pena final então é de 10 meses. Condenado, aplicou a pena e aí transitou em julgado para a acusação (MP).
Pego essa pena justa, levo para o artigo 109 do CP. Vejam em quanto tempo prescreve a pena de 10
meses. Prescreverá em 2 anos. Então, agora eu não vou ter que retroagir no tempo? Sim, vou fazer a conta
toda de novo verificando se entre o fato e o primeiro marco interruptivo (denúncia) ocorreu 2 anos. Depois
faço que conta? O fato ocorreu em 10/07/2000. A denúncia só foi recebida em 05/03/2002. Imaginem que o
processo levou 1 ano, em 9/10/2003. O que vou ter que fazer? Voltar atrás e verificar se cabe o prazo
prescricional de 2 anos. Considerando a pena justa e o transito em julgado da acusação, quando vai
prescrever? Em 09/07/2002. Prescreveu? Não, porque antes do prazo se esgotar a prescrição foi
interrompida. Mais 2 anos. No dia 04/03/2004 prescreveria de novo, mas não prescreveu por que? Porque o
prazo foi interrompido antes de completar o segundo ano (sentença).
Vamos mudar as datas. Denuncia foi recebida em 5/01/2001 e a sentença condenatória foi em
9/10/2005. Entre o fato e a denuncia recebida, prescreveu? Passou 2 anos? Quando prescreveria? Em
9/07/2002. Mas não prescreveu porque o prazo foi interrompido antes da prescrição. Então, o prazo foi
interrompido, conta-se a partir dali mais 2 anos. Quando prescreveria? 4/3/2003. Ocorreu a prescrição? O quê
que deveria acontecer antes do termino do prazo? Tinha que ter interrompido. Houve a interrupção do prazo
antes dele se esgotar? Logo o Estado não conseguiu interromper o prazo antes que se esgotasse, então,
nesse ultimo caso, ocorreu o prazo de prescrição, porque o Estado, por meio do judiciário não conseguiu
interrompê-lo antes que ele se esgotasse. A sentença veio tarde demais não conseguindo interromper o prazo
antes que ele se esgotasse, fica declara extinta a punibilidade pela prescrição retroativa. O juiz tinha até o dia
3/03 para instituir a sentença. Imaginem que o fato aconteceu em 10/07/2000, autoria desconhecida, eis que
se descobre quem foi o autor muito tempo depois. A denúncia foi recebida em 05/07/2002.
O processo foi rápido, a sentença foi em 9/10/2003. Entre a data do fato e o primeiro marco
interruptivo passaram-se 2 anos da prescrição? O estado conseguiu interromper o prazo antes que ele se
esgotasse? O juiz não conseguiu interromper o prazo antes que se esgotasse.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Essa é a prescrição retroativa que surgiu da mente brilhante de Nelson Hungria. Depois disso que
surgiu, em 1984, com a reforma do CP parte geral capitaniada pelo ministro Francisco de Assis Toledo.
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena
aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o
condenado é reincidente.
§ 2º - A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do
recebimento da denúncia ou da queixa.
E foi também da mente brilhante do Nelson Hungria que surgiu a sumula 146 do STF.
É melhor fazer tudo de uma vez só. Aí ficam la o juiz, o defensor, o acusador, o réu, as testemunhas,
o secretario do juiz, o oficial e tantos mais quantos forem, o dia inteiro para fazer a audiência de um processo.
Tenho audiências que começam 13 hs e vai até 19 hs. Acho horrível isso. Como fazer alegações finais orais
na hora de um processo de 10 volumes? Mas foi assim que se quis. Então é por isso que na sentença que
pode interromper.
Resposta: Nada, você não pode contar retroativamente. Então, se não transitou em julgado para
acusação, você não faz nada, por enquanto. Você vai esperar o recurso da acusação. Só quando transitar
em julgado é que você pode contar a prescrição retroativa. Você pega a pena fixada na sentença e faz a
conta de forma retroativa.
Pergunta.
Resposta: Imagine uma senhora acusada de fraude contra o INSS. Fico bobo de ver como é que o
cara denuncia sabendo que não vai dar em nada! Fato ocorrido em 1987. Denuncia recebida em 2005.Mas se
for um homicídio, não deu 20 anos. 171 parágrafo 3º. Fraude contra o INSS, que é autarquia federal, está lá
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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com a gente (colar). A causa de aumento de pena é computada para pena máxima cominada? Sim, claro que
é.
12 anos. Já se passaram 12 anos? Daqui para cá? 87 mais 12: 1999. Prescreveu. E está lá
denunciado. Qual a natureza jurídica desse crime? Instantâneo, permanente ou instantâneo de efeito
permanente? Eu não tenho tempo para me aposentar, ao insiro na minha carteira de trabalho vínculos falsos
de trabalho para completar o tempo. Só tenho 30 anos de tempo de trabalho, digo que trabalhei 5 anos numa
empresa que inventei.
O INSS não confere nada e me concede a aposentadoria. Se você disser que o crime é instantâneo
ou instantâneo de efeitos permanentes, quando começa a contar a prescrição? Na data da consumação, da
percepção do primeiro beneficio, em 87. Mas se você disser que é crime permanente, quando começa?
Quando da permanência. Então, a cada mês que eu recebo o beneficio, a cada mês se consuma, então todo
mês que eu receber, começa a contar a prescrição, então não se consuma.
Então, esse crime é instantâneo de efeitos permanentes ou permanente? Duas correntes. Há uma
que diz que é crime permanente e, portanto, o prazo prescricional só começa a correr a partir do ultimo
beneficio recebido naquele mês. Assim, não prescrevera nunca, porque dia 5 de janeiro recebi o beneficio, fui
lá na fila do INSS, no dia 5 de fevereiro também, e começou a contar a prescrição de novo, e assim por
diante.
Há uma segunda corrente que diz que esse crime chamado estelionato previdenciário é crime
instantâneo de efeitos permanentes, se consuma na data da percepção do 1º beneficio, mas os efeitos deles
é que se arrastam no tempo. O crime em si é instantâneo. Conclusão é que para essa corrente o crime se
consuma quando aquela senhora recebeu o primeiro beneficio em 87, e lá, em 87, começa a contar a
prescrição. Assim sendo, quando prescreveriam esse 12 anos? Se o fato foi em 5/01/87? Prescreveria em
4/01/99. Prescreveu! Defendem essa corrente Luis Flavio Gomes, Cezar Bittencourt e é a posição do STF.
Para o STF esse crime é instantâneo de efeitos permanentes, e assim, nesse nosso caso, PRESCREVEU.
Então, nesses casos é a natureza do crime que determinará se ocorreu ou não a prescrição.
Resposta: Não, por que? Porque não tem crime, a prescrição extingue a punibilidade, antes da
formação da sentença. Mas normalmente quando a pessoa é denunciada por esse crime já houve posição
administrativa do INSS. Isso você vê na prática.
O que é isso? Depois que você entende a retroativa, fica fácil entender a intercorrente. Intercorrente
é intercurso, ou seja, no curso do processo. Depois da sentença condenatória recorrível, o tribunal tem um
prazo para julgar o recurso. Mas aqui os pressupostos são os mesmos. Vou verificar a pena justa, isto é, a
pena aplicada na sentença com o transito em julgado para a acusação. O tribunal tem o prazo de 2 anos para
julgar o recurso, superveniente. Então, da sentença para trás, a prescrição é retroativa, daqui para frente, é
superveniente.
Pergunta.
Resposta. Nesse caso o Tribunal passará pelo Principio da individualização da pena. A pena justa é
encontrada na sentença condenatória recorrível pela primeira vez, embora também apareça em acórdão, na
sentença é em primeira vez.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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A prescrição é sinal de que o estado dormiu no ponto. Peguei um crime em que a pena aplicada foi
de X e prescrevia em 6 anos. O processo era tão antigo que quando o recurso foi interposto eu nem estava na
área criminal. Eu vi que o tribunal levou 7 anos para julgar o recurso. É prescrição superveniente. Ele levou 1
ano a mais para julgar e ninguém se manifestou pela prescrição. Eu a pedi e a juíza declarou extinta a
punibilidade pela prescrição.
Há uma margem de erro, mas pequena. Atenção para quem que área estadual: Roubo com emprego
de arma, não tem erro, 5 anos e meio de pena. Então você sabe hipoteticamente a pena que ele vai receber.
Então vamos pegar um furto. Furto uma Kombi dos correios. Empresa publica federal, competência da justiça
federal. O sujeito, dizem, tentou furtar a Kombi. Quando estava com o braço inteiro lá dentro, o policial viu e o
prendeu em flagrante por tentativa de furto. Imaginem que é reincidente. Agrava de quanto? Uns 3, 4 meses.
Foi crime tentado, então diminui também. Com qual critério? O quanto mais distante da lesão ao bem jurídico
ele ficar, mais diminui. No caso dele, ele quase consumou, então diminui de 1/3 apenas. Então imaginem, a
pena de 1 ano e 4 meses, dá 16 meses. Se fizermos um terço de 16 dá 5 meses. Dá 11 meses.
Levando para o artigo 109, prescreve em quanto tempo? 2 anos. Então eu verifico se entre fato e
denuncia e se entre denúncia e sentença passou o prazo de 2 anos. Por uma pena hipotética, já ocorreu a
prescrição. O fato ocorreu, suponhamos, em 10/01/00. A denuncia foi recebida em 05/08/01. Estamos hoje,
vamos supor, em 2004. Hoje, dia 31/10/04. Já teria ocorrido prescrição?Se eu caminhar com o processo até o
fim a qual seria a pena hipotética para aquele caso? 11 meses e prescreveria em 2 anos. Então já prescreveu,
porque prescreveria em 04/08/03, está prescrita.
O TRF aqui da 2ª região aplica ou não? Diz que só é possível a adoção dessa tese se houver
concordância do titular da ação penal, caso contraria, seria disponibilidade da ação penal que é regida pelo
principio da indisponibilidade. Mas qual a tese que você pode usar para pedir a mesma coisa disfarçada? Vou
lá para as condições da ação. Quais são? Legitimidade, interesse, possibilidade jurídica do pedido e justa
causa, que é a prova da existência (não é da materialidade, pois se assim fosse, não resolveria os casos de
crimes que não deixam vestígios. Como se comprovaria uma ameaça?) do crime, e indícios suficientes de
autoria.
Em que se divide o interesse de agir? Interesse necessidade e interesse utilidade. A adequação entra
aqui ou não? E por que? Dinamarco ao defender sua tese de doutorado na USP, o Barbosa Moreira estava
presente. Dinamarco entende que a adequação era interesse de agir. Mas o Barbosa Moreira acha que não,
porque não existe no processo civil brasileiro um procedimento que não possa ser adequado ao que deve
realmente ser. Tudo que for agilizado de forma equivocada, pode ser adequado. Assim sendo, não é condição
da ação, porque você pode adequá-lo, e ainda assim estará exercendo seu direito de ação. Mas para a escola
paulista ficou como condição de ação.
Mas para a aplicação da pena há necessidade de processo? Há, por que? Devido processo legal. A
via é adequada? É, mas tem utilidade? Qual a utilidade que tem um instrumento chamado processo que
depois de caminhar todo tempo com ele, ao final, ao aplicar a pena o estado não poderá executá-la uma vez
que ocorrerá a prescrição, nem que seja a retroativa? Qual a utilidade que se tem em caminhar com um
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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processo desse? NENHUMA! Assim a defesa requer a declaração de ausência do interesse-utilidade como
condição de ação, com a conseqüente rejeição da denuncia pela ausência do interesse de agir na vertente
interesse-utilidade. Na 7ª vara federal ocorreu isso. O juiz acolheu a tese defensiva, deu baixa e arquivou. A
tese cola dependendo do juiz.
É necessário saber do que estamos falando. Portanto, é necessário saber o que é punibilidade.
Como se dá a localização aa punibilidade dentro do conceito analítico de crime? Seria ela elemento do crime?
Crime é a união dos elementos fato típico, ilicitude e culpabilidade. O fato típico é a união dos elementos:
conduta (dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva), que vai gerar um resultado, por meio de um elo de
ligação chamado nexo de causalidade e, ainda, temos a tipicidade, que é formal (adequação do gato à norma)
e material (lesão significante ao bem jurídico). Temos a ilicitude presente pela teoria da ratio cognocendi, onde
estará presente sempre que houver a prática de um tipo penal (onde há fumaça há fogo – onde há um tipo
penal, há indícios de que haja ilicitude). Além de haver a prática de um injusto penal (fato típico + ilicitude),
temos a culpabilidade, que é composta pela imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude, além da
exigibilidade de uma conduta diversa. Onde vamos localizar a punibilidade? Qual a natureza jurídica da
punibilidade?
Conduta Imputabilidade
Tipicidade
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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A questão, hoje, até é pacífica, mas temos três autores, no mundo inteiro, dizendo que a
culpabilidade seria o quarto elemento do conceito analítico do crime. Para essa posição, se não houver a
punibilidade, estando presente qualquer causa de exclusão da culpabilidade, isso faria o delito desaparecer.
No Brasil, é defendida por Basileu Garcia, na Alemanha por Mezger e, na Espanha, por Francisco Muñoz
Conde.
Tal posição, entretanto, não deve ser seguida, por uma razão muito simples: você pode ter crime sem
punibilidade e a maior prova disso é o código trazer as causas de extinção da punibilidade, isto é, o crime não
deixou de existir. O crime continua existindo, pois eu pratiquei um fato típico e antijurídico, culpável, mas tenho
a culpabilidade extinta. Um homicídio praticado há 30 anos atrás prescreveu. Extingue a punibilidade, mas o
crime não deixa de existir;
Na realidade, a punibilidade funciona como uma conseqüência do crime, isto é, se você praticar um
fato típico e ilícito, sendo culpável, aquele jus puniendi abstrato do Estado vai se concretizar. O jus puniendi
estatal paira por todos nós. Uma vez que alguém pratica um fato típico, ilícito e culpável, esse jus puniendi,
que é abstrato vai descer, vai se concretizar e o Estado vai te punir. E ele só poderá fazer isso se houver a
prática de um delito. Jamais o Estado poderá exercer o jus puniendi sem haver a prática de um delito. Então,
pode muito bem ocorrer a prática de um injusto, culpável, e não haver punibilidade, por haver, por exemplo,
prescrição.
O caminho natural, no caso de uma prática de fato típico, antijurídico e culpável, seria a aplicação de
uma sanção penal, que pode ser uma pena privativa de liberdade, uma restritiva de direitos etc. Mas, existem
algumas hipóteses nas quais o Estado abre mão de exercer o jus puniendi, por razoes de política criminal.
Pergunta: Olhando para o rol do art. 107, este é taxativo ou meramente exemplificativo?
Exemplificativo, o que significa afirmar que há outras causas que também extinguem a punibilidade
e não se encontram neste rol, estando em lei esparsas.
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como
criminoso;
Nem sempre. Hoje, o suicídio não é crime. Mas, no direito canônico, o suicídio era crime. E isso não
extinguia a punibilidade. A sanção penal era pior do que uma pena privativa de liberdade hoje. O suicida era
descomungado e não tinha direito a uma sepultura cristã.
Hoje, o sujeito morre e extingue a punibilidade. E tem que esperar até a sentença?
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Combinem o art 107, I, com o art. 61 do CPP, que fala que a extinção da punibilidade pode ser
declarada a qualquer momento. Entretanto, a lei faz uma exigência: Somente à vista da certidão de óbito
(art. 62).
Isso é um resquício do sistema de prova tarifada? Não, mas também você não pode provar por outro
meio. A lei exige a certidão de óbito.
E se não tiver certidão de óbito? Pode informar, fazendo referência à certidão de fls. y lavrada no tal
cartório de registro de pessoas naturais, na data x, pedindo-se para oficiar o cartório.
Não é raro o agente falsificar a certidão de óbito e juntar nos autos. O juiz extingue a punibilidade e,
lá pelas tantas, o cara aparece. Depois de descoberta a falsidade, o processo vai ser reaberto, ele pode ser
processado pelo crime que praticou, pelo qual teve extinta punibilidade, mais o crime de falso, ou só pode ser
denunciado pelo crime de falso? Ele pode ser incriminado pelo crime que teve extinta a punibilidade?
1a) se, após declarada extinta a punibilidade pela morte do agente, se descobrir que o mesmo teria
falsificado a certidão, ele somente poderá responder pelo crime de falso, a falsificação da certidão de óbito, e
não pelo delito anterior pelo qual teve declarada extinta a punibilidade.
Essa posição tem muita força em doutrina: Fragoso, Luis Regis Prado, Fernando Capez. É a posição
dominante na doutrina.
2a) pode sim haver um novo julgamento pelo crime do qual de declarou extinta a punibilidade.
Fundamento: a decisão do juiz de extinção da punibilidade teve por base um fato juridicamente inexistente,
não produzindo, portanto, efeitos.
Aparece positivada no art. 69, II, do código penal italiano. E essa posição é a adotada pelo STF –
ordem de HC 84525, relator Carlos Veloso.
Anistia. O Estado perdoa a infração penal. Ela se dirige a qualquer crime? Geralmente, a mens
dela é a destinação aos delitos políticos. Ela pode ser aplicada a outros crimes que não tenham natureza de
político? Duas correntes disputam esse tema:
1a) Não pode ser aplicada a um delito que não tenha natureza de crime político, sob pena de violação
da mens legislatoris, isto é, aplicar um instituto a um delito para o qual ele não foi criado. Seria um desvio de
finalidade. Posição do professor César Roberto Bittencourt.
2a) é possível que a anistia seja aplicada aos crimes comuns, isto é, que não sejam políticos.
Fundamento: ausência de vedação legal. A lei não veda. É defendida pelo Rogério Greco.
Acrescenta-se um outro fundamento para abraçar esta segunda corrente: A lei de crimes hediondos,
no art. 2o, I, proíbe a anistia, a graça e o indulto aos crimes hediondos e equiparados (T T T). São crimes
comuns. Se a lei de rimes hediondos veda, é porque deve ser aplicado a outros crimes comuns que não são
hediondos.
Graça e Indulto
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Atenção: esses três institutos não são aplicados aos crimes etiquetados como hediondos, por força
da vedação legal contida no art. 2o, I da Lei de crimes hediondos.
Esta lei veio na década de 80, uma década que foi muito influenciada por direitos penais alienígenas.
O contraponto do direito penal mínimo é o direito penal máximo. Pelo direito penal máximo, o direito penal é a
solução para tudo, o único meio eficaz de controle social, ou seja, toda e qualquer conduta deve ser punida.
Decorrência disso, nasce um movimento de “lei e ordem”, preconizado por um professor estrangeiro chamado
Ralf Dahrendorf, que prega tal movimento, que é o resultado da “tolerância zero”. Disso tudo, nasce uma
pesquisa criada por dois professores americanos, chamados James Wilson e George Kiling, denominada
teoria das janelas quebradas (the broken windows theory). Sustentavam o seguinte: Se uma janela de um
prédio onde funcione uma fábrica, por exemplo, fosse quebrada e não fosse consertada a tempo, as pessoas
começariam a pensar que ninguém se importa com aquela única janela quebrada. Com o passar do tempo,
passariam por ali e quebrariam todas as janelas, já que ninguém se importaria com aquilo. Em dado
momento, todas as janelas estariam quebradas. Se o direito penal não se preocupar um pequeno delito,
consertar uma janela quebrada, aquele pequeno delito, em alguns anos, se transformaria na prática de
grandes delitos, pois a sociedade perceberia que o Estado não se importava com aquele delito de pequena
gravidade, sendo uma “autorização estatal” para se praticar outros delitos, inclusive, mais graves. Porém, isso
é uma grande besteira.
Nesse movimento, denominado por César Bittencourt de “direito penal de terror”, veio a lei de crimes
hediondos. Assim, tal lei vedou a anistia, a graça e o indulto.
A pergunta é: a Lei de crimes hediondos poderia ter vedado essas três causas?
O inciso XLIII do art. 5º, primeiramente, vedou a fiança. Vedou também a graça e a anistia. Pergunta:
toda norma infraconstitucional tem que ser compatível com a norma constitucional, e essa compatibilidade
deve ser formal e material. A lei vedou a anistia. A Constituição também. Há, portanto, compatibilidade. Ambas
também vedaram a graça. Mas, a Constituição não vedou o indulto. Poderia a lei ordinária fazer uma vedação
que a Constituição não fez?
Carlos Maximiliano disse que, no direito, existem dois tipo de normas: normas que asseguram
direito e normas que restringem direitos. Como vamos interpretá-las? As normas que garantem, vamos dar
interpretação extensiva. Já as que restringem, vamos dar interpretação restritiva. Assim, essa norma da
Lei de crimes hediondos é restritiva. Temos, então, que dar interpretação restritiva.
1a) A Lei de crimes hediondos não poderia ter vedado o indulto. Logo, a vedação de indulto é
inconstitucional, uma vez que a Constituição não teria vedado o indulto do art. 5º, XLIII. Dessa forma, a Lei de
crimes hediondos extrapolou a norma constitucional ao fazer uma vedação que a constituição não fez.
Seria uma vedação sem fundamento constitucional. Se a Constituição trouxe isso, é como se ela
tivesse amarrado essa vedação. Então, a vedação do indulto é inconstitucional.
Defendida por: Francisco de Assis Toledo; Alberto Silva Franco; Antonio Scarance Fernandes.
2a) A Lei de crimes hediondos poderia ter vedado o indulto, pois indulto e graça são institutos
semelhantes, uma vez que possuem a mesma natureza jurídica de causas de extinção da punibilidade, além
se serem concedidos pela mesma pessoa, ou seja, o Presidente da República. A única diferença é que a
graça é concedida de forma individual e o indulto de forma coletiva. Assim, em razão da semelhança, na
vedação constitucional da graça, está abrangida também a vedação do indulto.
Defendida por: Luis Regis Prado; Damásio de Jesus, Mirabete e Luiz Vicente Cernicchiaro;
jurisprudência majoritaríssima do STF.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Vamos ao art. 1o, §6o da Lei de tortura (Lei 9455/97). O crime de tortura é inafiançável e insusceptível
de graça ou anistia. Essas vedações estão na Constituição, não havendo problema de incompatibilidade
material.
Duas correntes:
1a) É possível a concessão de indulto nos crimes de tortura. Fundamento: a lei de tortura, que é
específica, não veda.
2a) Não é possível a concessão de indulto. A lei veda. A lei de crimes hediondos veda. Tortura é
equiparado a hediondo.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória.
Conseqüência da abolitio criminis: não subsistem os efeitos penais, como a reincidência, maus
antecedentes, lançamento do réu no rol dos culpados. Mas, permanecem vivos os efeitos civil, por exemplo,
perda do cargo público, obrigação de reparar o dano etc.
A decadência, no Direito Penal e Processual Penal, significa a perda do direito de exercer a ação
penal privada por meio da queixa crime e de oferecer a chamada representação. Se não houver o
oferecimento da queixa crime ou da representação na ação penal pública condicionada a ela, ocorrerá a
decadência. E o prazo é de seis meses (art. 103 do CP c/c 38 do CPP).
A perempção é uma sanção, que consiste numa presunção legal de que o querelante desistiu da
ação. Consiste na perda do direito de prosseguir na ação penal privada. Na decadência, a perda é do direito
de iniciar. Na perempção, ela já iniciou, mas há a perda do direito de prosseguir, em razão das causas do art.
60 do CPP.
Inciso V – renúncia do direito de queixa ou perdão judicial nos crimes de ação privada.
Na renúncia, o autor da ação penal se manifesta por não exercer a ação penal privada. Isto é, pode
ser expressa ou tácita. Na primeira, ele faz um termo e assina, ao passo que a segunda se dá com a prática
de atos incompatíveis com a vontade de oferecer a ação penal.
Ex.: a vítima convida o autor para a posse do concurso público; para constituir uma sociedade.
E há renúncia fora do CP? Sim. O art. 74, p. único, da Lei 9099/95 traz a composição civil dos danos,
que implica renúncia ao direito de queixa.
Inciso VI – retratação.
É o ato de retratar-se, é desdizer o que disse. O agente reconsidera uma afirmação anteriormente
feita. Casos em que a lei admite: calúnia e difamação (arts. 138 e 139 do CP, respectivamente), por exemplo.
O art. 143 prevê a retratação do agente até a sentença. Outro exemplo é o crime de falso testemunho e falsa
perícia. A testemunha que mentiu pode se retratar até a sentença (art. 342 c/c p. único).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Pode ser concedido em que hipótese? Somente se, onde e quando a lei expressamente disser. Essa
previsão é cópia literal do parágrafo 60 do STGB (CP Alemão).
Caso do Herbert Viana: no acidente, sua mulher faleceu. Ele precisa de pena? Na redação do art.
121, §5º, está previsto que “o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. Ele não precisa de pena.
Natureza jurídica do perdão judicial – direito subjetivo do acusado e não faculdade do julgador.
1) art. 121, §5o: Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Última parte da aula: é cabível o perdão judicial no homicídio culposo e na lesão corporal culposa no
trânsito (Lei 9503/97)?
Dizia o art. 300 que o juiz poderia conceder o perdão. O Presidente vetou. O CTB, no art. 291,
manda aplicar o CP de forma subsidiária. Sendo assim, podemos fazer uma “ponte” aplicando-se o perdão
com fundamento no CP, não necessitando do art. 300. Mas, só pode ser aplicado se a lei disser. Então, aplica
ou não? Duas correntes disputam o tema:
1ª (Rui Stoco): o perdão judicial não pode ser aplicado ao CTB, por ausência de previsão legal, uma
vez que o art. 300 desta lei foi vetado.
2ª (STJ, Luiz Flávio Gomes, Greco e Damásio de Jesus): é possível a aplicação do perdão judicial
nesses crimes, pois, muito embora o art. 300 tenha sido vetado, a intenção do Presidente da República foi
aplicar o perdão judicial, ao fundamento de o instituto já estar previsto na Parte Geral do CP, podendo ser
aplicado pela norma contida no art. 291 do próprio CTB. Posição amplamente majoritária.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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GABRIEL HABIB
DIREITO PENAL
(Aula 10 em 14.11.08)
CONCURSO DE CRIMES
O que eu tenho no tema concurso de crimes? Uma ou várias pessoas praticando diversas infrações
penais. Vou ser mais genérico e falar em infração penal porque estou abrangendo crimes e contravenções.
Se eu pratico um delito, eu recebo a pena X. Se eu pratico dois ou mais delitos, eu vou receber a
mesma pena X? Não. É por isso que o professor italiano Giusepe Magiori fala que todo o concurso de crimes
é também um concurso de penas.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Espécies: quais as espécies de concursos de crimes que o nosso Código Penal brasileiro
reconhece? São elas:
a) concurso de crimes material também chamado de concurso real de crime (artigo 69
CP);
b) concurso formal também chamado de concurso ideal (artigo 70 CP);
c) crime continuado (artigo 71 CP);
Paralelamente aos concursos de crimes, há sistemas de aplicação de pena. É claro que vários
sistemas foram elaborados, mas eu vou prender a minha atenção à dois sistemas que nos interessa. Quais
são os dois?
Alerto vocês no seguinte: não confundam jamais - que são coisas distintas com naturezas diversas –
o concurso material com o sistema do cúmulo material, embora os nomes sejam parecidos, um é espécie de
concurso e o outro de aplicação de penas.
O que preconiza cada um desses sistemas?
Pelo sistema do cúmulo material, as penas são cumuladas. Eu pego as penas de diversos crimes e
vou cumulá-las. Logo, eu terei a soma de todas as penas dos delitos praticados.
Já no sistema da exasperação, eu não vou somar e sim exasperar as penas. Eu aplico somente uma
pena, mas qual sendo que são vários delitos praticados? Depende. Eu vou olhar para todos os delitos
praticados. Se todas as penas forem iguais, eu aplico qualquer uma delas. Entretanto, se as penas forem
diversas, eu aplicarei a mais grave.
Em qualquer um desse casos, eu vou aumentar essa pena aplicada em razão dos outros crimes.
No tema “concurso de crime” a maior parte da matéria encontra-se na lei. Abram, portanto, o artigo
69 do CP:
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Requisitos:
a) Pluralidade de condutas;
b) Pluralidade de infrações penais;
Espécies:
a) homogêneo;
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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b) heterogêneo;
Artigo 70 do CP:
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste Código.
Pra começar, ao lado de formal, colocaria “ou ideal”. Quando o agente, mediante uma ação ou
omissão... tiro a palavra pluralidade e coloco “unidade” de conduta.
Então, os requisitos são: unidade de conduta e pluralidade de omissões penais. Pratica dois ou mais crimes.
Se crimes idênticos, concurso formal homogêneo. Se forem crimes diversos, estarei diante de concurso formal
heterogêneo.
Além dessas espécies, há uma classificação de concurso formal. O concurso formal pode ser: próprio
ou perfeito; impróprio ou imperfeito.
A diferença é a seguinte: é o dolo. Vai depender se o agente quer praticar todos esses crimes ou não.
Se o agente age com dolo em relação à todos as infrações penais.
Quadro sinóptico:
CONDUTAS RESULTADOS
culposa Diversos resultados igualmente culposos
Dolosa Vários resultados culposos E dolosos.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Ex1 Eu estou dirigindo o meu carro, o telefone toca. Atendo o telefone, perco a direção e subo na
calçada (conduta), atingindo 3 pessoas que estavam no ponto de ônibus (resultado).
Primeira pergunta: havia a intenção? Não.
Segunda: pode ser que concurso formal próprio perfeito tenha a seguinte modulação: uma conduta
dolosa, que dê causa à vários resultados culposos e dolosos. Isto é, havendo vários resultados pra uma única
conduta.
Alerto à vocês o seguinte: até pode haver aqui 50mil resultados dolosos, mas um no mínimo terá que
ser culposo. Porque aqui, o agente não age com dolo em relação à todos os resultados.
Eu com raiva, jogo uma cadeira no Pedro. Mato o Pedro e acaba atingindo uma pessoa que estava
atrás. Quebra o ombro de quem vinha atrás. Pergunto à você: qual das condutas eu pratiquei? Dois
resultados. Homicídio e lesão. Em relação ao homicídio, eu agi com dolo. E em relação à lesão corporal, eu
agi com culpa.
Eu posso ter vários dolos, mas um no mínimo, tem que ser culposo porque o agente nunca terá dolo
em relação à todos os resultados.
Dolo indireto se divide em eventual e alternativos que por sua vez, se divide em subjetivo e objetivo.
O professor não falou porque não tem pertinência com essa parte da matéria.
Outro exemplo: eu quero matar só o Rodrigo, jogo a bomba na sala de aula. Os outros não morrerão
também??? Com relação ao Rodrigo, eu agi como dolo direto de 1º grau. Mas os restantes que se
encontravam na sala (49), eu obtive 49 resultados com dolo direto de 2º grau.
Outro exemplo: o dolo indireto alternativo é subjetivo. Ex: uma criança de 14 anos entra com
metralhadora no cinema, aponta para a platéia e dá uma rajada e mata 30 pessoas.
CRIME CONTINUADO
Artigo 71, CP
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Lendo o supramencionado artigo, percebe-se que há uma pluralidade de condutas. No que toca os
requisitos, está tudo igual ao concurso material.
Duas correntes:
I – a primeira sustenta que crimes da mesma espécie são crimes previstos no mesmo tipo penal. Ao
pensar com essa corrente, só caberia crime continuado entre roubos, furtos, homicídios, latrocínios, estupros,
estelionato. Posição do STF, STJ.
II – Há uma segunda posição que afirma que crime da mesma espécie são crimes que violam ou
tutelam o mesmo bem jurídico tutelados. Ainda que previstos em tipos legais de crimes diferentes. Posição do
Fragoso, dentre outros.
Ex.: homicídio e aborto
Em que pese o STF e o STJ, no anos passado, houve a comunicação de informativo no qual se
reconheceu pelo STF o crime continuado entre estupro e atentado violento ao pudor.
Teoria subjetiva – para ela, o que caracterizará o crime continuado será o dolo, a intenção do
agente. É a sua programação inicial de praticar os diversos crimes nas mesmas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras coisas semelhantes.
Teoria objetiva - esta não considera o dolo do agente. Para caracterizar o crime continuado, basta
que o agente pratique as várias infrações penais nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras coisas semelhantes. Independentemente do seu dolo.
Teoria objetivo subjetiva – esta preconiza que para a caracterização do crime continuado,
sobressaem duas coisas: a intenção inicial do agente de praticar as infrações penais nas mesmas condições
de tempo, lugar, maneira de execução, dentre outras coisas, MAIS a presença dos requisitos objetivos.
Alguém perguntou: mas qual a diferença desta última pra primeira teoria? A primeira se prende ao
dolo do agente e para a terceira não basta só o dolo, os crimes têm que ser praticados nas mesmas
condições de tempo, lugar e etc.
Qual é a teoria adotada? O nosso Código Penal adotou a teoria objetiva. Mas, lamentavelmente, o
STJ, a todo momento diz que a teoria adotada é a objetivo subjetiva.
A melhor doutrina diz que a teoria adotada foi a objetiva (Rogério Grecco, Alcides da Fonseca Neto,
dentre outros).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Mesmas condições de tempo - É exigido um intervalo médio de 30 (trinta) dias entre uma infração
penal e outra.
Condições de lugar: deve haver uma conexão espacial. Não precisa ser o mesmo lugar,
milimetricamente medido.
Crimes praticados em cidades vizinhas, há ou não há o reconhecimento de crime continuado? Há.
Rio, Petrópolis, Macaé, Campos... Sim, a jurisprudência reconhece.
Maneira de execução – é como o sujeito praticou o crime. É a mesma forma de execução. Ex.:
como o maníaco do parque atraía as vítimas dizendo que elas deveriam fazer um book para serem modelos,
desfilar em Paris, e as levava para fazer as tais fotos que jamais existiram...
Outro exemplo: artigo 168-A.
Outras coisas semelhantes - tudo o que não se encaixar nos três primeiros requisitos, estará aqui.
Ex. concreto: eu (professor Habib) tive um processo de um Júri que eu fiz, de um técnico de
enfermagem que foi acusado de matar 4 crianças no IPPGM (instituto de pediatria). Hospital da URFJ. Dizem
que ele injetava medicação não prescrita na criança. Uma substância que paralisa todos os músculos do
corpo humano. Mesmas condições de tempo, mesmas condições de lugar, mesma maneira de execução.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM
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Os requisitos têm que estarem todos presentes. Se faltar quaisquer dos quatro, não estará
caracterizado o crime continuado.
Tem uma súmula 605 do STF que não admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida.
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