Direito da Responsabilidade 25/01/2016 1, 4 foi detido por dois agentes da PSP (B eC) por conduzir 0 seu automével com uma taxa de dlcool no sangue superior a permitida. Na esquadra foi-lhe apreendida a carta de condugdo que foi substituida por uma guia. Informaram-no ainda de que, em qualquer caso, ndo poderia conduzir durante as doze horas seguintes. Assim que saiu da esquadra, A sentou-se no referido automével, conduziu-o durante mais dois quilémetros e acabou por embater num muro de um terreno pertencente a D. Ao local foi chamada a PSP, tendo comparecido precisamente os mesmos agentes B e C. 4) D intentou acgao contra A pedindo a competente indemnizagao, Estariam preenchidos 0 respectivos pressupostos? b) Para o caso de nao estarem preenchidos ou para o caso de A ntio ter seguro que por ele respondesse, D intentou acgo também contra B e C. Poderiam estes ser responsabilizados? 6) O terreno de D encontrava-se ha varios anos sem qualquer utilizagdo, quase 20 abandono. Como se situava ao Iedo do estidio do MongGoFC, 0 vizinho £, prevendo uma enchente, decidiu aproveité-lo para parque de estacionamento no dia em que o clube recebia a visita do FCPorto. Cobrou trés euros a cada automével, tendo parqueado cerca de quatrocentos, Poderé D, na mesma acgdo de responsabilidade, exigir-the a entrega do correspondente montante?2. O empresétio de especticulos A contratou os Eagles para um concerto em Lisboa, no dia 1 de Junho do corrente ano. O contrato foi assinado em 12/12/2015. O cachet exigido pela banda foi de € 500,000,00, entretanto ja pagos. Com a morte (ocorrida na semana transacta) de um dos seus guitarristas, a banda decidiu cancelar a world sour que a traria a0 concerto de Lisboa, disso dando 0 conveniente conhecimento a todos os interessados. Defina os direitos de ante a perspectiva de nao realizagéo do espeticulo programado. 3. A, condutor de uma pick-up da empresa Resinas Ld, estacionou-a num terreno com forte inclinagiio para ir cortar algumas drvores. Depois de sair do carro, inesperadamente, 0 veieulo resvalou pela terra mothada indo entalar B (agricultor que se encontrava a colher os seus morangos) contra uma Arvore. Conduzido ao hospital, foi-the amputada de imediato uma perna, mas acabou por falecer, uma semana depois, com uma infecgiio generalizada. 4) Poderiam os respectivos herdeiros responsabilizar alguém? 5b) Provou-se que a pick-up deslizou por ter ocorrido um sismo que, embora de pequena intensidade, foi o suficiente para provocar a deslocagdo da pick-up. Teria este facto alguma relevancia?Direito da Responsabilidade 25/01/2016 1, A foi detido por dois agentes da PSP (B e C) por conduzir o seu automével com uma taxa de dleool no sangue superior & permitida, Na esquadra foi-lhe apreendida a carta de condugdo que foi substituida por uma guia. Informaram-no ainda de que, em qualquer caso, no poderia conduzir durante as doze horas seguintes, Assim que saiu da esquadra, 4 sentou-se no referido automével, conduziu-o durante mais, dois quilémetros ¢ acabou por embater num muro de um terreno pertencente a D. Ao local foi chamada a PSP, tendo comparecido precisamente os mesmos agentes Be C. @ D intentou acgao contra A pedindo a competente indemnizagao. Estariam preenchidos 08 respectivos pressupostos? ‘Tépicos de correcsio: Encontravam-se presentes todos os pressupostos da responsabitidade delitual (artigo 483°%n.? I) @ —— conduta activa (i) (i ilicitude (viotagao do direito de propriedade de D) (ii) Gi) culpa (podendo diseutir-se, em fungdo da quamidade dlcool no sangue, se nndo se trataria de uma actio libera in causa) (iv) (iv) nexo de causalidade (0 comportamento de A é apropriado ao dano provocado) () (ye dano (destruigao do muro)b) Para 0 caso de nao estarem preenchidos ou para 0 caso de A nilo ter seguro que por ele respondesse, D intentou acgao também contra B ¢ C. Poderiam estes ser responsabilizados? Topieos de correegio: A quesido situa-se no dmbito da responsabilidade delitual por omissdo (artigo 4869) Como, em geral, a omissdo de um comportamento é juridicamente indiferente, ela somente pode gerar responsabilidade quando exista o dever juridico de praticar certa acedo ¢ este ndo tenha sido cumprido. E a omisséo do comportamento juridicamente devido que gera a responsabilidade De harmonia com o disposto no artigo 486°, 0 dever de actuagdo pode resultar da lei ow de negdcio juridico (no qual tanto se pode fundamentar um novo dever de actuagdo, como transferir para outra pessoa um jé existente). Segundo a doutrina, 0 dever de actuagdo pode surgir, porém, a partir de outras fontes, Designadamente: a ingeréncia; a estreita relagdo vital; ‘os casos de protection of the vulnerable; e também, ao menos no dmbito do Direito Privado, 0 unanimemente reconhecido dever geral de prevengao do perigo. Em principio, os agentes policiais néo tém o dever de controlar 0 cumprimento do dever de conduzir durante o referido periodo de doze horas. Importa apenas que tenkam avisado 0 infractor. A cada qual cabe, depois, assumir as respectivas responsabilidades. Mas se porventura, por exemplo, se provasse que algum daqueles (B ou C) se havia apercebido de que A havia iniciado de novo a condugdo do veiculo, ja thes incumbiria 0 dever de intervir. ©) O terreno de D encontrava-se hd varios anos sem qualquer utilizagdo, quase 20 abandono. Como se situava ao lado do estédio do MongtioFC, 0 vizinho E, prevendo uma enchemte, decidiu aprov. lo para parque de ynamento no dia em que o clube recebia a visita do FCPorto. Cobrou trés euros a cada automével, tendo parqueado cerca de quatrocentos. Poderé D, na mesma acgdo de responsabilidade, exigir-lhe a entrega do corespondente montante?Topicos de correegio: Ha dano quanto 0 ofendido, por causa da conduta alheia, fica em pior situagéo actual do que aquela em que se encontraria caso ela ndo tivesse sido desencadeada (situag&o actual virtual ou hipotética). Ora, se 0 terreno de D se encontrava “quase ao abandono”, quando E 0 decide aproveitar para parque de automéveis ndo provoca com isso, em principio, qualquer prejuizo. Com efeito, D nao fica em pior situagdo do que aquela em que se encontraria caso E nao fizesse 0 que fez. O que ndo quer dizer que Endo se enconire obrigado a entregar ao Do lucro que obteve, Deve certamente fazé-lo, mas néo através da responsabilidade civil (antes pelo enriquecimento sem causa). 2. 0 empresirio de espectéculos 4 contratou os Eagles para um concerto em Lisboa, no dia I de Junho do corrente ano. O contrato foi assinado em 12/12/2015. O eacher exigido pela banda foi de € 500.000,00, entretanto j4 pagos. Com a morte (ocortida na semana transacta) de um dos seus guitarristas, a banda decidiu cancelar a world sour que a traria ao concerto de Lisboa, disso dando o conveniente conhecimento a todos os interessados. Defina os direitos de 4 ante a perspectiva de nao realizagao do espeticulo programado. Tépicos de correega Ao lado dos casos classicos de incumprimento (impossibilidade, perda de interesse do eredor, conversdo da mora em ndo cumprimento definitive) acrescenta-se, no minimo, uma outra hipstese de inadimplemento definitive e absoluto: quando, antes do vencimento da obrigagio, o devedor tiver perempisria ¢ indubitavelmente manifestado (por via expressa ou tdcita ~v.g. nos casos em que 0 empreiteiro abandona a obra ou o trabalhador foge do local de trabalho), perante 0 credor, o propédsito de ndo cumprir a prestagdo principal a que se encontra vinculado.Esta conjuntura suscita dificuldades especiais na medida em que estando o devedor a proferir a referida declaragdo antes de a obrigagdo se tornar exigivel, poderé depois, eventualmente, arrepender-se, decidindo executar a prestagdo a que primitivamente se encontrava vinculado. Mas, por outro lado, afigura-se despropositado forgar o credor a esperar pelo vencimento para atestar a falta de cumprimento. A solugdo consiste em assimilar a hipdtese, no que toca aos seus efeitos, aquela em que se procede & interpelagdo admonitéria Nesta, a inexecugdo da obrigagao dentro do prazo da admoestagéo, néio é incumprimento definitivo, apenas a tal se equipara. O que significa que o credor, querendo, ainda pode receber 4a prestagio mesmo aps a aludida interpelagéo ter produzido o seu efeito. O mesmo se diga, assim, para a situagdo ora em causa: se 0 devedor declara previamente, de modo incontroverso, que néio ird cumprir, isso vale como inadimplemento definitive; mas se, entretanto, resolver cumpy © credor pode, se assim o entender, receber a prestagéo, extinguindo-se a correspondente obrigagdo pelo adimplemento. Ondo cumprimento definitive provoca i) A obrigagdo de indemnizar 0 credor colocando-o na situagéo em que este provavelmente se encontraria caso a obrigagdo inexecutada tivesse sido cumprida. E a chamada indemnizagao pelo interesse positive (artigos 801%n.° 1, 562° ¢ 566%.° 2, Céd. Civil). ii) Em alternativa, quando a obrigagdo nao cumpr la tiver por fonte um contrato sinalagmitico, a sua resolugdo com a consequente extingdo do vinculo e com a (eventual) obrigagio de indemnizar pelo interesse negativo (artigo 801%.° 2, Céd.Civil). A reparagiio destina-se aqui a (re)colocar o lesado na situagdo em que ele provavelmente se encontraria no momento anterior & celebragdo do contrato (isto é, como se este jamais livesse sido oworgado). Assim, na falta de acordo entre os Eagles ¢ 0 empresério A, seriam estes os direitos do segundo, dado que 0 referido anincio da banda equivale a wma declaragao antecipada de nao cumprimento.3. A, condutor de uma pick-up da empresa Resinas Ld, estacionou-a num terreno com forte inclinagio para ir cortar alguma drvores, Depois de sair do carro, inesperadamente, © veiculo resvalou pela terra molhada indo entalar B (agricultor que se encontrava a colher os seus morangos) contra uma arvore. Conduzido ao hospital, foi-the amputada de imediato uma perna, ‘mas acabou por falecer, uma semana depois, com uma infecedo generalizada 4) Poderiam os respectivos herdeiros responsabilizar alguém? Tépicos de correcgio: Existiria uma relagdo de comissdo entre A e Resinas Ld." Haveria, portanto, uma subordinagdo daquele perante esta. Como se trata de comissdo para condugdo de veiculo automével, funciona contra A a presungao de culpa que se retira do artigo 503°%n.° 3. Apesar de néo se encontrar “ao volante”, a pick-up esta sob o seu controlo e ele esid a exercer as suas fungdes. Portanto - niio se refutando aquela presunedo, A responderia perante B por factos ilicitos (a titulo negligente) nos termos do artigo 483%n.° | ¢ a Resinas Ld.” responderia pelo mesmo dano a titulo de comitente nos termos do artigo $00°; ~ a0 inves , se ela fosse ilidida, A isentar-se-ia de responsabilidade mas a Resinas Ld.* permaneceria obrigada @ indemnizagdo nos termos do artigo 503%.° 1 porque a possibilidade de 0 veieulo resvatar 36 por si, especialmente nas condigdes do caso, é um perigo préprio associado & utilizagdo de veiculos automéveis. b) Provou-se que a pick-up deslizou por ter ocorrido um sismo que, embora de pequena intensidade, foi o suficiente para provocar a deslocagdo da pick-up. Teria este facto alguma relevaneiiTopicos de correecao: A responsabilidade pelo risco fundada no disposto no artigo 503%n.° I cessa quando (artigo 505°) 0 dano resultar “de causa de forga maior estranha ao funcionamento do veiculo”. A forca maior ou caso fortuito “hé-de ser um evento inevitével, isto é um acontecimento que 0 devedor nao pode obstar a que se produza ¢ a cyjos efeitos ndo se pode furtar, por se tratar dum facto imprevisivel (..); hé-de ser ainda irresistivel, o que significa que os efeitos déle devem ser insuperdveis para 0 devedor, ainda que éste, nos limites das suas foreas e da diligéncia que the é exigida, faga tudo para os impedir”. Acentua-se que para este efeito somente releva a forga maior nao articulada com 0 desempenho do veiculo. Ao invé a que se encontrar ligada ao seu funcionamento considera-se (ainda) compreendida nos riscos préprios de utilizagdo. Um sismo é forca maior desde que se prove ser causa adequada & produgao do dano.