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• P.

o
RUE
JESUS VI .
DO ALTO DA CRUZ

-.

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1
11! tl11
~., d ~Iiii)

LIVRARIA TAl(ARES MARTINS- PORTO


I

o
()l ~~~

JESUS VIA
DO ALTO DA CRUZ

CRISTO SOFREDOR 1947


LIVRAR.!A TAVARES MARTINS~ PORTO

(da Catedral de Beauvais)


o
c l ���

JESUS VIA
DO ALTO DA CRUZ

1947

LIVRARIA TAVARES MARTINS- PORTO


s AO PAULO CONVIDA�NOS

' r• v �Htir .. no de Jesus Cristo» (Rom. xm. 14);


SI> 1 llttlo emprega a expressão no sentido espiri�
til 1/ m s o alcance dela é imenso. No entanto, tal�
1 ja possível, num outro sentido, revestir�nos
d( ] us Cristo, e talvez isso não seja desprovido
l ficácia.
Podemos revestir�nos de Jesus Cristo pela
imaginação, colocar�nos não ao pé da Cruz ou
d fronte dela, mas nela, curvar a cabeça sob
inscrição trilingue, cingir a coroa de espinhos,
receber os cravos martirizantes, sentir, entre os
ombros, a friagem e a rugosidade do lenho, final�
mente, apropriando�nos do ângulo de visão e da
emoção do Senhor, ver pelos seus oihos e comen�
tar com o seu coração, recordar, julgar e prever
com ele, de tal maneira que dentro desse mesmo

7
sentido e dessa mesma fantasia de uma substitui­
ção de pessoa, «já não sejamos nós que vivamos,
mas Cristo que viva em nós» (Gal. II, 20).
Este pensamento ocorreu-nos 110 decurso de
uma das frequentes temporadas que p 1ssámos em
Jerusalém, num lugar por excelên ia <'vocativo.
No eirado dos Gregos, que domina Mrio do
Santo Sepulcro, a poucos passos do fJt'lllld zim-­
bório, ergue-se uma pequena cúpula d :> pcdrn so­
brepujada por uma cruz. É de fácil acesso p d -
mos encostar-nos a ela e assim permanec c por
algum tempo. E acontece que, se nos voltann s

para Jerusalém, que se espraia largamente diante


de nós, temos sob os nossos olhos- não curando
do que é obra do tempo - o panorama do divino
Mestre.
Segundo as mais rigorosas medições e segundo
o testemunho de um dos homens que, hoje, melhor
conhecem a arqueologia dos Santos Lugares e) ,
a cruz de ferro que ali se palpa, está, com diferença
de poucos decímetros, ao nível e no lugar ocupado
pelo divino rosto. Nada mais empolgante do que

(1) O R. P. Hugues Vincent, autor. em tudo que respeita à


atqueologia e em parte do que se baseia em pesquisas históricas, da
grande obra, publicada pela Casa Gabalda: Jerusalém, Pesquisas de
topografia, de arqueologia e de história, pelos P. P. Hugues Vincent
e F. M. Abel, dos Irmãos Pregadores.

8
sentido e dessa mesma fantasia de uma substitui-
ção de pessoa, «já não sejamos nós que vivamos,
mas Cristo que viva em nós» (GaL II, 20).
outros
Este pensamento ocorreu-nos no decurso de
I fi' fi/ ),
uma das frequentes temporadas que f?liS á.mos em
Jerusalém, num lugar por excelên ia I'Uocativo.
No eirado dos Gregos, que domina Meio do
Santo Sepulcro, a poucos passos d o fJI'll lldC zim-
bório, ergue-se uma pequena cúpula d pcsl rn o- l ,.,.,, l'lc' t/1 c·rttd/inu; 1. stá. hoje alterado;
brepujada por uma cruz. É de fácil acesso p d - t1 tllfl( ' . lmlkuç d ponto que escolhi para o
11/J l'f'lll/1'. b l.'lf 1 para reconhecer que assim é. No
mos encostar-nos a ela e assim permanec f.' por
algum tempo. E acontece que, se nos voltann s 11t 111t >. p ssí.v el reconstituí-lo sem excessiva
para Jerusalém, que se espraia largamente d iante clll imlclade.
de nós, temos sob os nossos olhos- não curando n v rdade que subsistem algumas dúvidas e
do que é obra do tempo- o panorama do divino cf/1 stas são angustiosas. Custa pensar que nin-
Mestre. $Jlt m, hoje em dia, pode traçar, com segurança, a
Segundo as mais rigorosas medições e segundo vi dolorosa. Mas todo o restante espaço sagrado
o testemunho de um dos homens que, hoje, melhor
, feli zmente, bem conhecido. As grande linhas
conhecem a arqueologia dos Santos Lugares e) , definem-se por meio da cercadura de colinas que
a cruz de ferro que ali se palpa, está, com diferença rodeia o Gólgota; as elevações do solo, os vales em
de poucos decímetros, ao nível e no lugar ocupado parte já aterrados mas ainda nitidamente reconhe-
pelo divino rosto. Nada mais empolgante do que cíveis, subsistem; os caminhos são indicados pela
ondulação das terras e por direcções imutáveis.
As ruínas visíveis aqui e ali, as diligentes pesqui-
(1 ) O R . P. Hug.ues Vincent, autot'. em tudo que respeita à
arqueologia· e em parte do que se baseia: em pesquisas históricas, da sas realizadas nestes últimos tempos, as compara-
grande obra, publicada pela Casa Gaba:lda: Jerusalém, Pesquisas de ções dos textos e dos factos permitem reconhecer
topografia, de arqueologia e de história, pelos P. P. Hugues Vincent e até circunscrever rigorosamente o teatro do
e F. M . Abel, dos Irmãos Pregadot'es.

9
8
drama. É possível que nos empolgue o arripio cau�
sado pela sensação de realidade.
Abramos, portanto, sem mais demora, abramos
piedosamente, na companhia de Jesus Cristo, os
olhos do corpo e os olhos da nossa inteligência;
desposemos, revestindo�nos de Jesus, o seu pensa�
mento e o seu coração. Talvez que, assim, o mundo
invisível em que a sua alma se move nos apareça
mais dominadoramente; talvez nos seja concedida
a graça de uma mais íntima identificação.

Jem!Salém.,
Tarde de Quinta�Feira .Santa.
hsus SAI DO PRETÓRIO
1 o r alturas do meio�dia. Em Jerusalém é a mais
p nosa hora do dia. Está�se na Primavera (20 de
Março - 17 de Abril são as datas extremas) e a
Primavera palestiniana não tem o encanto de um
Abril francês; é, por excelência, a época irregular.
encantadora em certos dias, com neve a cair nou�
tros, e, por vezes, sufocante; é a estação do
«Khamsin», deprimente, crepuscular e febril vento
do sudeste.
Jesus carrega a sua cruz. Traz ao pescoço pro�
vàvelmente, a tabuleta, dos seus sessenta centíme�
tros, caiada, que pregarão na cruz para indicar a
natureza do crime. Caminha atrás de um centurião
a cavalo, entre uma escolta de soldados romanos,

10
11
drama. É possível que nos empolgue o arripio cau�
sado pela sensação de realidade.
Abramos, portanto, sem mais demora, abramos
piedosamente, na companhia de Jesus Cristo, os
olhos do corpo e os olhos da nossa inteligência;
desposemos, revestindo�nos de Jesus, o seu pensa�
mento e o seu coração. Talvez que, assim, o mundo
invisível em que a sua alma se move nos apareça
mais dominadoramente; talvez nos seja concedida
a graça de uma mais íntima identificação.

Jem!Salém.,
Tarde de Quinta�Feira .Santa.
hsus SAI DO PRETÓRIO
1 o r alturas do meio�dia. Em Jerusalém é a mais
p nosa hora do dia. Está�se na Primavera (20 de
Março - 17 de Abril são as datas extremas) e a
Primavera palestiniana não tem o encanto de um
Abril francês; é, por excelência, a época irregular.
encantadora em certos dias, com neve a cair nou�
tros, e, por vezes, sufocante; é a estação do
«Khamsin», deprimente, crepuscular e febril vento
do sudeste.
Jesus carrega a sua cruz. Traz ao pescoço pro�
vàvelmente, a tabuleta, dos seus sessenta centíme�
tros, caiada, que pregarão na cruz para indicar a
natureza do crime. Caminha atrás de um centurião
a cavalo, entre uma escolta de soldados romanos,

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11
..

'

na companhia de dois ladrões que se julgou


. con­ O local nada tinh d trist , apesar do,s túmu-
veniente associar-lhe, e precedido, seguido,
ro­ J propriedades da
deado por multidão curiosa ou hostil.
J rdins» a porta
Vão descendo através da cidade num percurso
1ftuada entre a d ' d J f ; o nome,
que, pa'norâmicamente, não abrange mais de 150
aliás, estava b m post , p rqu mto t d s os ver­
metros, mas que o emaranhado das ruelas parec
e tentes do Gar b - n co li na front ira - t·am cons­
tornar maior. Depois, sobem, ziguezagueando
sem­ ti�uídas por spaços adequados a plantações e
pre, percorrendo um espaço um pouco mais
ex­ cultura.
tenso. Somando tudo, uns
350 metros que vêm a As oliveiras eram a vegetação predominante,
dar 425, ou mesmo 450, por causa das voltas mas não escasseavam limoeiros, figueiras, noguei­
.
Chegam, finalmente, à porta de Efraim, també ras e romãzeiras. Numerosas aves ali encontravam
m
chamada porta da Praça, porque abre para, uma abrigo, desde as andorinhas e os gaivões ·--ale­
esplanada quadrada que virá a ser, mais tarde, gres mensageiros das horas primaveris - aos par­
o
forum romano e que é determinada pela reentrân­ dais, poupas, cucos, tordos e rolas.
cia, em ângulo recto, das muralhas. Também não faltavam flores, graças às brisas
húmidas de Março que, mesmo naquela região
penhascosa e pardacenta, as faziam nascer em
A porta de Efraim. oferece a particularidade abundância. O ciclame, flor das rochas, a abrót�a,
de ser uma porta de redente, em ângulo reentrante, o linho azuL o lírio e o funcho, a papoila e a mar­
de forma que se entra na direcção norte-sul e se garida, a anémona vermelha, que é talvez o lírio
sai na leste-oeste; uma escada com uns dez degraus dos campos, rival de Salomão - corola fulgurante
termina a parte íngreme. Aí - pormenor impre quando o sol a trespassa como se fosse um vitral,

sionante-. vê-se ainda hoje, abrigado num con­ e, à sombra, báça e semelhante a sangue coalhado
vento grego, um velho umbral em que talvez -· serviam de tapete às mais frequentadas clarei­
• •

tocasse a cruz que Jesus transportava. ras daquelas paragens.


Ultrapassado o umbral, ·Jesus encontrava-se, É grato mencionar estas flores do Calvário.
'
bruscamente, em presença do seu sepulcro. É grato pensar que essas débeis mas eternas

12
..

'

na companhia de dois ladrões que se julgou


. con­ O local nada tinh d trist , apesar do,s túmu-
veniente associar-lhe, e precedido, seguido,
ro­ J propriedades da
deado por multidão curiosa ou hostil.
J rdins» a porta
Vão descendo através da cidade num percurso
1ftuada entre a d ' d J f ; o nome,
que, pa'norâmicamente, não abrange mais de 150
aliás, estava b m post , p rqu mto t d s os ver­
metros, mas que o emaranhado das ruelas parec
e tentes do Gar b - n co li na front ira - t·am cons­
tornar maior. Depois, sobem, ziguezagueando
sem­ ti�uídas por spaços adequados a plantações e
pre, percorrendo um espaço um pouco mais
ex­ cultura.
tenso. Somando tudo, uns
350 metros que vêm a As oliveiras eram a vegetação predominante,
dar 425, ou mesmo 450, por causa das voltas mas não escasseavam limoeiros, figueiras, noguei­
.
Chegam, finalmente, à porta de Efraim, també ras e romãzeiras. Numerosas aves ali encontravam
m
chamada porta da Praça, porque abre para, uma abrigo, desde as andorinhas e os gaivões ·--ale­
esplanada quadrada que virá a ser, mais tarde, gres mensageiros das horas primaveris - aos par­
o
forum romano e que é determinada pela reentrân­ dais, poupas, cucos, tordos e rolas.
cia, em ângulo recto, das muralhas. Também não faltavam flores, graças às brisas
húmidas de Março que, mesmo naquela região
penhascosa e pardacenta, as faziam nascer em
A porta de Efraim. oferece a particularidade abundância. O ciclame, flor das rochas, a abrót�a,
de ser uma porta de redente, em ângulo reentrante, o linho azuL o lírio e o funcho, a papoila e a mar­
de forma que se entra na direcção norte-sul e se garida, a anémona vermelha, que é talvez o lírio
sai na leste-oeste; uma escada com uns dez degraus dos campos, rival de Salomão - corola fulgurante
termina a parte íngreme. Aí - pormenor impre quando o sol a trespassa como se fosse um vitral,

sionante-. vê-se ainda hoje, abrigado num con­ e, à sombra, báça e semelhante a sangue coalhado
vento grego, um velho umbral em que talvez -· serviam de tapete às mais frequentadas clarei­
• •

tocasse a cruz que Jesus transportava. ras daquelas paragens.


Ultrapassado o umbral, ·Jesus encontrava-se, É grato mencionar estas flores do Calvário.
'
bruscamente, em presença do seu sepulcro. É grato pensar que essas débeis mas eternas

12
vidas que se vêem hoje surgir nos mesmos sítios proJ o1' 1 11111 1m nossas remi--
onde ontem floresceram, já ali estavam, quando � v · lt ·111 1111d • 1 c un s incluí--la
Jesus, por quem foram tão amadas, misturou seu JUII JU d' ('I'I'VI'III I I 11111 11111' p regrino
sangue às bagas vermelhas... O pintarroxo da Jl' wnldo llt11l11 111 'IIII "lw1' 1 lw til .. (n, nos
lenda, a cismadora pomba dos salmos, talvez lllf ) 1,111111 1 Jll III ln I ttii'O III ·dJ V ti )11 O

mesmo a ave da noite atraída pela treva sem igual, lu l c ndu


embalaram, possivelmente, a sua morte. lf. ql
l t' 11 : 1lv u•lu 11 o , I f rmo aJgum·t, um
Numa Sexta�Feira de Paixão, às três horas lll t lltiiiiHI, 11 111 111
l l , m uma colina, a menos que
da tarde, encontrava�me sentado no preciso lugar 11 11 ,. qw h· 1 ·h mar colina ou montanha ao mon�
onde se ergueu a Cruz, no terraço a que há pouco t t ulo qu vê no campo.
me referi, quando vi o ar tão cheio de andorinhas e a esplanada de cinquenta metros onde se
que tive a impressão de que elas, com as asas e os tbda a porta de Efraim não tivesse sido nivelada
gritos que soltavam, circundavam e limitavam uma tê�lo�ia, realmente, sido 1 - poder�se�ia subir
porção do espaço. A pequena cruz de ferr�, her� Calvário, partindo da parte mais alta da_ ci-­
deira do grande patíbulo, estava como que prisio� t tde, sem se dar por isso, precisamente como da
neira numa rede de delgadas trajectórias; gritos ncruzilhada de Médicis, em Paris, se sobe à
agudos e finos cruzavam�se em todos os sentidos. «Montanha» de Santa Genoveva. O espigão cal�
Era, ao mesmo tempo, festa e apelo fúnebre. cáreo pouco mais se elevava do que uns cinco
Quem sabe se, do fundo da sua agonia, Jesus não metros acima dos caminhos que o contornavam;
ouviu e não se dignou acolher com um t�iste sor-­ um pouco abrupto na· encosta ocidental, tinha
riso, um cântico assim ardente e amorável 1 uma inclinação muito suave a leste e a sudeste,
que foi por onde Jesus subiu.
*

* *

Seja como for, o que não há dúvida é que o


Frequentemente empregamos a palavra «Cal� observatório do Senhor domina a cidade. Erguido
vário» e ainda não situámos essa montanha que o madeiro do suplício, do ponto mais alto deste,

15
vidas que se vêem hoje surgir nos mesmos sítios proJ o1' 1 11111 1m nossas remi--
onde ontem floresceram, já ali estavam, quando � v · lt ·111 1111d • 1 c un s incluí--la
Jesus, por quem foram tão amadas, misturou seu JUII JU d' ('I'I'VI'III I I 11111 11111' p regrino
sangue às bagas vermelhas... O pintarroxo da Jl' wnldo llt11l11 111 'IIII "lw1' 1 lw til .. (n, nos
lenda, a cismadora pomba dos salmos, talvez lllf ) 1,111111 1 Jll III ln I ttii'O III ·dJ V ti )11 O

mesmo a ave da noite atraída pela treva sem igual, lu l c ndu


embalaram, possivelmente, a sua morte. lf. ql
l t' 11 : 1lv u•lu 11 o , I f rmo aJgum·t, um
Numa Sexta�Feira de Paixão, às três horas lll t lltiiiiHI, 11 111 111
l l , m uma colina, a menos que
da tarde, encontrava�me sentado no preciso lugar 11 11 ,. qw h· 1 ·h mar colina ou montanha ao mon�
onde se ergueu a Cruz, no terraço a que há pouco t t ulo qu vê no campo.
me referi, quando vi o ar tão cheio de andorinhas e a esplanada de cinquenta metros onde se
que tive a impressão de que elas, com as asas e os tbda a porta de Efraim não tivesse sido nivelada
gritos que soltavam, circundavam e limitavam uma tê�lo�ia, realmente, sido 1 - poder�se�ia subir
porção do espaço. A pequena cruz de ferr�, her� Calvário, partindo da parte mais alta da_ ci-­
deira do grande patíbulo, estava como que prisio� t tde, sem se dar por isso, precisamente como da
neira numa rede de delgadas trajectórias; gritos ncruzilhada de Médicis, em Paris, se sobe à
agudos e finos cruzavam�se em todos os sentidos. «Montanha» de Santa Genoveva. O espigão cal�
Era, ao mesmo tempo, festa e apelo fúnebre. cáreo pouco mais se elevava do que uns cinco
Quem sabe se, do fundo da sua agonia, Jesus não metros acima dos caminhos que o contornavam;
ouviu e não se dignou acolher com um t�iste sor-­ um pouco abrupto na· encosta ocidental, tinha
riso, um cântico assim ardente e amorável 1 uma inclinação muito suave a leste e a sudeste,
que foi por onde Jesus subiu.
*

* *

Seja como for, o que não há dúvida é que o


Frequentemente empregamos a palavra «Cal� observatório do Senhor domina a cidade. Erguido
vário» e ainda não situámos essa montanha que o madeiro do suplício, do ponto mais alto deste,

15
I

que ainda se levantava a mais uns dois metros na vida


e cinquenta ou três metros acima do solo, seria dizer,.se
fácil percorrer com a vista tudo que o horizonte
limitava. H US

Jesus terá visto, na sua frente, a porta de llllllllh


Efraim, a uma distância de setenta e cinco me,. rln1 , twl• v ui ,..
t�os; o Templo, a quatrocentos e cinco; a torre
Antónia, a trezentos e cinquenta; o grande ângulo
sudeste, ou pináculo, donde Satanás o quis ver dn C ·d l'lHl, um prega de deserto requei,.
despenhar,.se, a seiscentos e oitenta. 111 1 lt J' Hill, p ra além da qual se sente o Mar
Distinguirá, em seguida, outros pontos mais M 1t vê, franjada, na base, pela bruma
ou menos próximos: entre norte e nordeste, mas llnd dessas águas volumosas, a cortina dos
quase ao norte, as vertentes de Nabi,.Samuel, o 111 nt s de Moab, que não se rasga. Aí se encon.,­
alto lugar de Gabaão, onde Salomão teve o sonho lt'lffi as recordações do grande jejum do Sep.hor,
da sabedoria, onde a trágica Resfa defendeu dos I baptismo e da voz celeste; ali está o monte
abutres, seus supliciados filhos; em seguida, N bo, onde Moisés dorme após a sua remota
Masfa, lugar de culto dos fiéis Macabeus, aguar,. vi o; ali está Maqueronte, onde a cabeça de João
dando a entrada em Jerusalém. ptista aparece como que aureolada pelo prato
Precisamente a nordeste, o Scopus, onde Afe,. irado onde a colocam; ali estão os antros onde,
xandre se humilhou, um dia, perante a majestade fuga, o bode expiatório se ocultava, perseguido
do sumo sacerdote, -onde acamparam, quando r causa dos crimes de Israel como Jesus foi per,.·
os fados de Israel se cumpriram, Céstio Galo e guido pelos nossos.
Tito,-por onde avançaram, mais tarde, os sol,. Mais para dian.te, sempre em plena direcção
dados de Godofredo de Bulhão, -acesso solene, ste, está o Moriah, pedestal do Templo, com o
ponto de mira do saque e da cobiça, desde os eu prolongamento meridional, que o Tiropéon e
tempos de Nabucodonosor, de Senaqueribe e de o vale de Josafat-local da Cidade de David­
Teglath,. Falasar. orlam.

:a
16 17
I

que ainda se levantava a mais uns dois metros na vida


e cinquenta ou três metros acima do solo, seria dizer,.se
fácil percorrer com a vista tudo que o horizonte
limitava. H US

Jesus terá visto, na sua frente, a porta de llllllllh


Efraim, a uma distância de setenta e cinco me,. rln1 , twl• v ui ,..
t�os; o Templo, a quatrocentos e cinco; a torre
Antónia, a trezentos e cinquenta; o grande ângulo
sudeste, ou pináculo, donde Satanás o quis ver dn C ·d l'lHl, um prega de deserto requei,.
despenhar,.se, a seiscentos e oitenta. 111 1 lt J' Hill, p ra além da qual se sente o Mar
Distinguirá, em seguida, outros pontos mais M 1t vê, franjada, na base, pela bruma
ou menos próximos: entre norte e nordeste, mas llnd dessas águas volumosas, a cortina dos
quase ao norte, as vertentes de Nabi,.Samuel, o 111 nt s de Moab, que não se rasga. Aí se encon.,­
alto lugar de Gabaão, onde Salomão teve o sonho lt'lffi as recordações do grande jejum do Sep.hor,
da sabedoria, onde a trágica Resfa defendeu dos I baptismo e da voz celeste; ali está o monte
abutres, seus supliciados filhos; em seguida, N bo, onde Moisés dorme após a sua remota
Masfa, lugar de culto dos fiéis Macabeus, aguar,. vi o; ali está Maqueronte, onde a cabeça de João
dando a entrada em Jerusalém. ptista aparece como que aureolada pelo prato
Precisamente a nordeste, o Scopus, onde Afe,. irado onde a colocam; ali estão os antros onde,
xandre se humilhou, um dia, perante a majestade fuga, o bode expiatório se ocultava, perseguido
do sumo sacerdote, -onde acamparam, quando r causa dos crimes de Israel como Jesus foi per,.·
os fados de Israel se cumpriram, Céstio Galo e guido pelos nossos.
Tito,-por onde avançaram, mais tarde, os sol,. Mais para dian.te, sempre em plena direcção
dados de Godofredo de Bulhão, -acesso solene, ste, está o Moriah, pedestal do Templo, com o
ponto de mira do saque e da cobiça, desde os eu prolongamento meridional, que o Tiropéon e
tempos de Nabucodonosor, de Senaqueribe e de o vale de Josafat-local da Cidade de David­
Teglath,. Falasar. orlam.

:a
16 17
,

Na linha do horizonte que t .rmina esta língua


de terra imortal, vê�se a aldeia d Siloé, antiga
necrópole judia, e, para além, o M nte do Escân�
dalo, onde se pat�nteavam as antigas abominações. Eis a cruz. É umu tntv 'HtJII 1 ld td l om uma
Finalmente, para ocidente, o horizonte é limi� haste transversal. T da talve z un tr ·s ru •tros
de
tado por altas colinas que determinam, pelo seu ltura; porque Roma costumava exibir os us on ,
....
encontro com o que hoje se chama Monte Sião, dena dos, para exemplo. Jesus alud e a essa elev
a....
a curva da prega em que se aninha o vale de ção quando diz: «Se for levantado da terra, atrai....
Hinón ou Geena. rei tudo a mim ». (João, XII, 32). De uma inten
ção
Tal é o lugar em que Jesus se defrontou com infamante pôd� tirar glór ia.
a morte. A trave: não podi a alon gar....se indefinidamente,
Nesse momento, o cenário era, sem dúvida, porque era necessário que fosse sólida e estava
risonho, mas sabemos que depressa uma nuvem stabelecido que: teria de ser transportada pelo
muito sombria cobriu a terra. Nas primaveras da · ndenado. Havia qm limite de peso , exig ências
Palestina, é frequente a noite deslizar assim ràpi� f equilíbrio e de construção; era possível enca
ixar
damente, após horas radiosas. Sob a terrível lufada mbro entre: a trave: e o braço da cruz , mas não
do deserto, por malfeitoria do demónio de pesadas r I prático deixar o madeiro
ir a arrastar�se.
asas do Stix assírio, nuvens fuliginosas vão�se madeiro do suplício apresentava, talvez, a
amontoando; nas alturas, trava ....se um combate r•t altura, uma haste: de madeira (antenna) , for�
entre: o vento do ocidente, húmido e fresco, e: o III I I I lo encaixe:, destinada a impe
dir que os pés e:
hálito esbraseado do Nedjed. As trevas castigam UI S se desp edaç asse m sob O peso
, mas sobre
a terra durante mais ou menos tempo : imagem do pmm enor não há uma certeza e) .
que aconteceu, não se sabe por que: desígnio pro� fr quente:, em imag ens do Cruc ifica do, ve�
videnciaL no momento da grande morte:.

II I ( rnpr go desse acessório dava lugaT, entre


os Antigos,
lttl 11 ll h lfj)r ssão: «cavalgar a cruz», equitare
crucem.

18 19
,

Na linha do horizonte que t .rmina esta língua


de terra imortal, vê�se a aldeia d Siloé, antiga
necrópole judia, e, para além, o M nte do Escân�
dalo, onde se pat�nteavam as antigas abominações. Eis a cruz. É umu tntv 'HtJII 1 ld td l om uma
Finalmente, para ocidente, o horizonte é limi� haste transversal. T da talve z un tr ·s ru •tros
de
tado por altas colinas que determinam, pelo seu ltura; porque Roma costumava exibir os us on ,
....
encontro com o que hoje se chama Monte Sião, dena dos, para exemplo. Jesus alud e a essa elev
a....
a curva da prega em que se aninha o vale de ção quando diz: «Se for levantado da terra, atrai....
Hinón ou Geena. rei tudo a mim ». (João, XII, 32). De uma inten
ção
Tal é o lugar em que Jesus se defrontou com infamante pôd� tirar glór ia.
a morte. A trave: não podi a alon gar....se indefinidamente,
Nesse momento, o cenário era, sem dúvida, porque era necessário que fosse sólida e estava
risonho, mas sabemos que depressa uma nuvem stabelecido que: teria de ser transportada pelo
muito sombria cobriu a terra. Nas primaveras da · ndenado. Havia qm limite de peso , exig ências
Palestina, é frequente a noite deslizar assim ràpi� f equilíbrio e de construção; era possível enca
ixar
damente, após horas radiosas. Sob a terrível lufada mbro entre: a trave: e o braço da cruz , mas não
do deserto, por malfeitoria do demónio de pesadas r I prático deixar o madeiro
ir a arrastar�se.
asas do Stix assírio, nuvens fuliginosas vão�se madeiro do suplício apresentava, talvez, a
amontoando; nas alturas, trava ....se um combate r•t altura, uma haste: de madeira (antenna) , for�
entre: o vento do ocidente, húmido e fresco, e: o III I I I lo encaixe:, destinada a impe
dir que os pés e:
hálito esbraseado do Nedjed. As trevas castigam UI S se desp edaç asse m sob O peso
, mas sobre
a terra durante mais ou menos tempo : imagem do pmm enor não há uma certeza e) .
que aconteceu, não se sabe por que: desígnio pro� fr quente:, em imag ens do Cruc ifica do, ve�
videnciaL no momento da grande morte:.

II I ( rnpr go desse acessório dava lugaT, entre


os Antigos,
lttl 11 ll h lfj)r ssão: «cavalgar a cruz», equitare
crucem.

18 19
,

rem-:,s e os pés divinos sobre um pequeno pedestal 11 r entre todas nobre, ín or tífli a, nenhuma flo�
inclinado; é apenas uma piedos fantasia que em r 11ta nos dá outra igual 1 ti, IIli r 1/z, na flor ou nos
'
nada se fundamenta. Jesus foi pregado a uma r m os; doce madeir ,
cttt( S('lflll'l/.'1, m doces

altura suficientemente grande para que as plantas cravos, um doce fard I» t mlstl ·Jsm nterne�
dos pés pudessem assentar no madeiro, isto é, Ido tem mais sabor que as invenç s l r· speito
numa posição horrível. mas que, por is o mesmo, de Lot plantando um arbusto e da rainha d Sabá
tem, a seu favor, todas as probabilidades de ter ncontrando�o como umbral no templo de Saio�
sido assim. mão, etc.
Quando falamos da cruz como de um madeiro
já não estamos pensando na sua germinação ou
Que espécie de árvore teve a honra de fornecer localização; o seu lugar é o universo, o seu desen�
a madeira donde penderia o Fruto excelente do volvimento começa no Sexto dia, mas também pode
mundo? Não se sabe muito bem, mas, provàvel� procurar�se o seu lugar e a sua expansão nos cora�
mente, foi uma conífera. � s cristãos, quando se unem ao divino Mestre.
Uma lenda indica�nos o lugar onde a Árvore cruz é necessária à salvação do mundo : felizes
estaria : um vale, a sudoeste da cidade, junto do t rra e a alma que consentem em dar�lhe tudo
mosteiro grego de Santa Cruz. No entanto, fio� que ela carece.
rescem por ali tantas e tão pueris histórias deste
*
género que ninguém pensa em aceitar como certa
* *
uma tal afirmação. Na verdade, não se vislumbra
uma indicação segura. No Pretório havia um de�
pósito de cruzes, mas estas não teriam etiquetas terminado o Calvário e descrita a cruz,
que elucidassem sobre a respectiva procedência. não está tudo dito. Para que ponto do hori�
A liturgia revela melhor inspiração, quando lhava o paciente? Há autores místicos que
abstrai das origens materiais ao tratar�se de um I 1 t m a cruz no sentido do ocidente - o que

madeiro tão impregnado de espiritualidade, e canta, 11 1 1v I \ dizer que a desorientam. A sua ideia é
no seu hino de Sexta�Feira Santa: «Cruz fiel, ár� I 1 nós o olhar que recria os seres e de

20 21
,

rem-:,s e os pés divinos sobre um pequeno pedestal 11 r entre todas nobre, ín or tífli a, nenhuma flo�
inclinado; é apenas uma piedos fantasia que em r 11ta nos dá outra igual 1 ti, IIli r 1/z, na flor ou nos
'
nada se fundamenta. Jesus foi pregado a uma r m os; doce madeir ,
cttt( S('lflll'l/.'1, m doces

altura suficientemente grande para que as plantas cravos, um doce fard I» t mlstl ·Jsm nterne�
dos pés pudessem assentar no madeiro, isto é, Ido tem mais sabor que as invenç s l r· speito
numa posição horrível. mas que, por is o mesmo, de Lot plantando um arbusto e da rainha d Sabá
tem, a seu favor, todas as probabilidades de ter ncontrando�o como umbral no templo de Saio�
sido assim. mão, etc.
Quando falamos da cruz como de um madeiro
já não estamos pensando na sua germinação ou
Que espécie de árvore teve a honra de fornecer localização; o seu lugar é o universo, o seu desen�
a madeira donde penderia o Fruto excelente do volvimento começa no Sexto dia, mas também pode
mundo? Não se sabe muito bem, mas, provàvel� procurar�se o seu lugar e a sua expansão nos cora�
mente, foi uma conífera. � s cristãos, quando se unem ao divino Mestre.
Uma lenda indica�nos o lugar onde a Árvore cruz é necessária à salvação do mundo : felizes
estaria : um vale, a sudoeste da cidade, junto do t rra e a alma que consentem em dar�lhe tudo
mosteiro grego de Santa Cruz. No entanto, fio� que ela carece.
rescem por ali tantas e tão pueris histórias deste
*
género que ninguém pensa em aceitar como certa
* *
uma tal afirmação. Na verdade, não se vislumbra
uma indicação segura. No Pretório havia um de�
pósito de cruzes, mas estas não teriam etiquetas terminado o Calvário e descrita a cruz,
que elucidassem sobre a respectiva procedência. não está tudo dito. Para que ponto do hori�
A liturgia revela melhor inspiração, quando lhava o paciente? Há autores místicos que
abstrai das origens materiais ao tratar�se de um I 1 t m a cruz no sentido do ocidente - o que

madeiro tão impregnado de espiritualidade, e canta, 11 1 1v I \ dizer que a desorientam. A sua ideia é
no seu hino de Sexta�Feira Santa: «Cruz fiel, ár� I 1 nós o olhar que recria os seres e de

20 21
..

infligir a· Israel, à antiga lei, o abandono desse renegada, de um mundo a que ainda estava
o

olhar. Ideia a priori e um tanto ou quanto parcial, ao, saudando, com s u d rradeiro olhar, o
Templo, c� sa de seu P i, o n se nte.
que não condiz com o cenário.
Passando a p orta de Efraim, ficava�se de�
fronte do espinhaço do Gareb, de que o Calvário
era um anexo: voltar o patíbul9 para oeste, era A cruz está, pois, erguida em lugar bem escq..,
patenteá�lo à eminência e escondê�lo às pessoas. lhido, no eixo conveniente e segundo todas as
. regras. O calcáreo da rocha prende�a bem; o poste
Os passeantes ociosos que atravessavam a porta
e os da esplanada de pasmaceira, os transeuntes aguenta perfeitamente; o letreiro, agora, encima�a.
que circulavam nessa encruzilhada de estradas O que vai morrer foi despojado das suas vestes,
frequentadas, os cachos de gente pendurados por amarrado primeiro, pregado depois. Deixaram�lhe
toda a parte e os hóspedes das tendas ao ar livre a sua coroa, que comentava - supõe..,se - a inseri'"'
armadas para a festa, ter�se�iam sentido logrados; ção irrisória, mas, na verdade, consagrando Jesus
o exemplo não poderia, afinal, frutificar; o traba� rei dos corações como do universo.
lho de erguer o instrumento do suplício ·e o da Os primeiros espasmos abalaram a carne tão
execução seriam dificultados, e, de um modo geral, atrozmente martirizada pela flagelação e por um?
não seria um serviço bem feito. ofte de ultrajes; o suplício da suspensão foi rude;
Não, Jesus estava voltado para a porta por angue escorre em fios delgados das mãos e dos
I, transpira da fronte, zebra o peito e os mem'"'
onde viera, por onde vinham os seus ofensores e
O , seguindo a linha marcada pelas cordas.
os gulosos de espectáculo; oferecia�se à vista dos
rancorosos e dos motejadores; prestava..,se à mano� maneira cruel como está preso não permite
bra do suplício e às conveniências dos verdugos, . lquer movimento; a alma, porém; está livre e
"
e, se é necessário invocar vantagens morais, olhava longos arripios não obstam a que a inteligência
- ele, o Homem novo- · - para as origens, para as t nha a plenitude das . suas energias.
margens donde vem a civilização com a luz; oden'"' inda um pouco dessa grande vida que, na
tava..,se como a abside de uma igreja, tendo na ...lftlda Judeia, toma uma amplidão universal!
sua frente a muralha doravante ultrapassada, · mas lguns gritos e algumas palavras soberanas!

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..

infligir a· Israel, à antiga lei, o abandono desse renegada, de um mundo a que ainda estava
o

olhar. Ideia a priori e um tanto ou quanto parcial, ao, saudando, com s u d rradeiro olhar, o
Templo, c� sa de seu P i, o n se nte.
que não condiz com o cenário.
Passando a p orta de Efraim, ficava�se de�
fronte do espinhaço do Gareb, de que o Calvário
era um anexo: voltar o patíbul9 para oeste, era A cruz está, pois, erguida em lugar bem escq..,
patenteá�lo à eminência e escondê�lo às pessoas. lhido, no eixo conveniente e segundo todas as
. regras. O calcáreo da rocha prende�a bem; o poste
Os passeantes ociosos que atravessavam a porta
e os da esplanada de pasmaceira, os transeuntes aguenta perfeitamente; o letreiro, agora, encima�a.
que circulavam nessa encruzilhada de estradas O que vai morrer foi despojado das suas vestes,
frequentadas, os cachos de gente pendurados por amarrado primeiro, pregado depois. Deixaram�lhe
toda a parte e os hóspedes das tendas ao ar livre a sua coroa, que comentava - supõe..,se - a inseri'"'
armadas para a festa, ter�se�iam sentido logrados; ção irrisória, mas, na verdade, consagrando Jesus
o exemplo não poderia, afinal, frutificar; o traba� rei dos corações como do universo.
lho de erguer o instrumento do suplício ·e o da Os primeiros espasmos abalaram a carne tão
execução seriam dificultados, e, de um modo geral, atrozmente martirizada pela flagelação e por um?
não seria um serviço bem feito. ofte de ultrajes; o suplício da suspensão foi rude;
Não, Jesus estava voltado para a porta por angue escorre em fios delgados das mãos e dos
I, transpira da fronte, zebra o peito e os mem'"'
onde viera, por onde vinham os seus ofensores e
O , seguindo a linha marcada pelas cordas.
os gulosos de espectáculo; oferecia�se à vista dos
rancorosos e dos motejadores; prestava..,se à mano� maneira cruel como está preso não permite
bra do suplício e às conveniências dos verdugos, . lquer movimento; a alma, porém; está livre e
"
e, se é necessário invocar vantagens morais, olhava longos arripios não obstam a que a inteligência
- ele, o Homem novo- · - para as origens, para as t nha a plenitude das . suas energias.
margens donde vem a civilização com a luz; oden'"' inda um pouco dessa grande vida que, na
tava..,se como a abside de uma igreja, tendo na ...lftlda Judeia, toma uma amplidão universal!
sua frente a muralha doravante ultrapassada, · mas lguns gritos e algumas palavras soberanas!

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apítulo II

SIÃO

EM TUDO QUE CAI SOB o SEU

primeiro olhar, Jesus pode contemplar a obra


de seu Pai e o que vai ser atracção na sua
própria obra. Mas imagino que um ponto desse
olo, particularmente misterioso, atrai e retém a
ua meditação, como serve de ponto de partida à
rrente das idades.
A distância, para além das muralhas e da
planada do Templo, entre a actual mesquita
1-Aksa e a Geena, desce, rápida e estreita, uma
llngua de terra que tem o nome de O fel (tumor) .
spaço que ocupava, media cerca de oito hacta�
, dos quais quatro e meio - um pouco menos
o nosso pátio do Louvre - se estendiam da
Gihon, a actual fonte da Virgem. Ora este

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apítulo II

SIÃO

EM TUDO QUE CAI SOB o SEU

primeiro olhar, Jesus pode contemplar a obra


de seu Pai e o que vai ser atracção na sua
própria obra. Mas imagino que um ponto desse
olo, particularmente misterioso, atrai e retém a
ua meditação, como serve de ponto de partida à
rrente das idades.
A distância, para além das muralhas e da
planada do Templo, entre a actual mesquita
1-Aksa e a Geena, desce, rápida e estreita, uma
llngua de terra que tem o nome de O fel (tumor) .
spaço que ocupava, media cerca de oito hacta�
, dos quais quatro e meio - um pouco menos
o nosso pátio do Louvre - se estendiam da
Gihon, a actual fonte da Virgem. Ora este

27
último espaço ou, para melhor Hizer, este sector nhoso. A vida, naqu ln não era, de
de eleição, formando acrópole, usava, há três mil rma algum a, nem é h J , o q u s nossas civili�
anos, um nome destinado a ir sempre espraiando� ções ocidentais sup .rn. Viv u ar livre; à
...

rta de casa é qu s faz m n J s: ada qual


�se até cobrir a humanidade e gozar, numa das
v i para aqui ou para ali, para o vc:.l
u para as
acepções que lhe seriam atribuídas, de uma boa
sorte eterna. Chamava�se Sião. ncostas vizinhas, ao sabor dos trabalho agri�
Sim, a Cidade de DatJid, como lhe chamaram olas; dorme�se sob a protecção dos astro s, ao
logo após a façanha de Joab, a «metrópole do brigo das rochas, em escavações naturais, muitas
Rei dos séculos», como lhe chamará , mais tarde, vezes em velhos túmulos. Só se entra em casa por
S. ] oão Crisóstomo, media, de largura, cerca de momentos ou quando chega a estação das chuvas,
150 metros por dentro das muralhas. Utilizava a , então, os habitantes amontoam�se entre paredes
única fonte de Gihon, e, para ter a certeza de que tosca s.
não lhe faltaria, em caso de cerco, esse indispen� Só as autoridades sociais e a Divindade têm
sável fio de água situado fora dos seus muros, instalações, no moderno sentido da palavra;
m
escavara um sinnor, canal interior secreto; foi upam a cidadela, que é, simultâneamente, te �
por aí que um único homem, engodado pelas pro� lo e palácio, e, nestas condições, não é preciso
i'nessas de David, reduziu à submissão a «incon� uito espaço. Tendo por si a natureza, aqui assaz
quistável» e decerto muito minúscula cidadela. nigna para o homem, cada qual olha a sua casa
Grandes nomes cobrem, às vezes, pequenas nos como habitação do que como abrig o ou
coisas! ,S ó a cidadela é que, ao princípio, se cha� fúgio provisório. O campo oferece�se a todos:
mava Sião; a cidade, apenas por extensão, com� ' sebre é rudimentar e dele pouco se exige .
partilhou do vocábulo. A cidade! Quer dizer: d serto é grand e : o antro do leão pode ser
ocupando qualquer coisa como dois hectares, um
montão de choças a confundirem�se com as en�
costas, casebres cinzentos sobre terra cinzenta,
formigueiro sem a auréola do prado! � i.-la agora , ali, ó Mest re, ei�la, obscura e
Não se admirem nem vejam nisto algo de ver� setecentos passos de vós, doravante mas.-

29
28
último espaço ou, para melhor Hizer, este sector nhoso. A vida, naqu ln não era, de
de eleição, formando acrópole, usava, há três mil rma algum a, nem é h J , o q u s nossas civili�
anos, um nome destinado a ir sempre espraiando� ções ocidentais sup .rn. Viv u ar livre; à
...

rta de casa é qu s faz m n J s: ada qual


�se até cobrir a humanidade e gozar, numa das
v i para aqui ou para ali, para o vc:.l
u para as
acepções que lhe seriam atribuídas, de uma boa
sorte eterna. Chamava�se Sião. ncostas vizinhas, ao sabor dos trabalho agri�
Sim, a Cidade de DatJid, como lhe chamaram olas; dorme�se sob a protecção dos astro s, ao
logo após a façanha de Joab, a «metrópole do brigo das rochas, em escavações naturais, muitas
Rei dos séculos», como lhe chamará , mais tarde, vezes em velhos túmulos. Só se entra em casa por
S. ] oão Crisóstomo, media, de largura, cerca de momentos ou quando chega a estação das chuvas,
150 metros por dentro das muralhas. Utilizava a , então, os habitantes amontoam�se entre paredes
única fonte de Gihon, e, para ter a certeza de que tosca s.
não lhe faltaria, em caso de cerco, esse indispen� Só as autoridades sociais e a Divindade têm
sável fio de água situado fora dos seus muros, instalações, no moderno sentido da palavra;
m
escavara um sinnor, canal interior secreto; foi upam a cidadela, que é, simultâneamente, te �
por aí que um único homem, engodado pelas pro� lo e palácio, e, nestas condições, não é preciso
i'nessas de David, reduziu à submissão a «incon� uito espaço. Tendo por si a natureza, aqui assaz
quistável» e decerto muito minúscula cidadela. nigna para o homem, cada qual olha a sua casa
Grandes nomes cobrem, às vezes, pequenas nos como habitação do que como abrig o ou
coisas! ,S ó a cidadela é que, ao princípio, se cha� fúgio provisório. O campo oferece�se a todos:
mava Sião; a cidade, apenas por extensão, com� ' sebre é rudimentar e dele pouco se exige .
partilhou do vocábulo. A cidade! Quer dizer: d serto é grand e : o antro do leão pode ser
ocupando qualquer coisa como dois hectares, um
montão de choças a confundirem�se com as en�
costas, casebres cinzentos sobre terra cinzenta,
formigueiro sem a auréola do prado! � i.-la agora , ali, ó Mest re, ei�la, obscura e
Não se admirem nem vejam nisto algo de ver� setecentos passos de vós, doravante mas.-

29
28
carada pelas magnificências herodianas, a terra equena região mal. r u o mundo, em ti se
onde se implantou essa haste de J ess' donde têm a eternidade qu n , of<'r s.
devíeis sair. A história que dali partiu não mais
devia deter-se no seu curso; ao passar. levantará
a vossa cruz para a levar até aos confins do mundo
e daí até ao próprio Deus. A Trindade traz o
sinal da cruz; em nome do Pai, e do Filho, e do De todos os pontos da cidade de David, domi­
Espírito Santo assinamos sobre o nosso peito; a n da pelo Moriah e os terraços salomonianos,
história do mundo insere-se, pela cruz, na história vistava-se a casa de Y ahveh, como da base de
de Deus. uma geleira dos Alpes se avistam, na sua plata­
Como, na verdade. ela é grande. essa pequena forma, as alturas sagrada s que a coroam de torres.
colina fugidia. como é grande também a aventura fiel israelita dizia de Sião: «Deus está no meio
davídica, a quase infantil proeza para que um só cl la (Salmo XLV, 6 e «passim » ) . E como a Sião
homem basta! E desse ponto quase inextenso que I buseana fora chamada cidade de David por causa
é a Sião primitiva, que vibração se propaga no t ter sido tomada pelo filho de J essé, a sua con­
espaço e no tempo! JUista por Y ahveh fê-la chamar Cidade de Deus
A grandeza não está na amplidão mas no que salmo exalta-a com alacrida de : «Ela ergue-se
contém de celeste. Em pouco espaço pode con­ 11' 1ciosa, júbilo de toda a terra, no monte de Sião,
ter-se o Parténon, o Panteão de Agripa. o Pátio ·Idade do grande Rei, situada ao lado do seten­
dos Leões, a Santa Capela. Os Pensamentos de t I ». (Salmo XLVII, 3 ) .
Pascal pouco espaço ocupam numa estante. A Vi­ rael sabe que é o povo de Deus, investido
são de Ezequiel, .de Sanzio, é uma tela de trinta romessa que apreende mal, que muitas vezes
e cinco centímetros. Que será preciso para fazer rializa, mas que nos melhores e sempre em
de Sião a cidade universal e o ponto de encontro l Jll r recanto das almas mais mesquinhas,
dos corações religiosos de todos os tempos? Que um valor místico.
nela seja previsto o Filho do Homem e que a cruz o que explica a história deste povo, histó­
de «fardo suave» nela projecte a sua sombra. doxal, em que vemos um reduzid o grupo

30 31
carada pelas magnificências herodianas, a terra equena região mal. r u o mundo, em ti se
onde se implantou essa haste de J ess' donde têm a eternidade qu n , of<'r s.
devíeis sair. A história que dali partiu não mais
devia deter-se no seu curso; ao passar. levantará
a vossa cruz para a levar até aos confins do mundo
e daí até ao próprio Deus. A Trindade traz o
sinal da cruz; em nome do Pai, e do Filho, e do De todos os pontos da cidade de David, domi­
Espírito Santo assinamos sobre o nosso peito; a n da pelo Moriah e os terraços salomonianos,
história do mundo insere-se, pela cruz, na história vistava-se a casa de Y ahveh, como da base de
de Deus. uma geleira dos Alpes se avistam, na sua plata­
Como, na verdade. ela é grande. essa pequena forma, as alturas sagrada s que a coroam de torres.
colina fugidia. como é grande também a aventura fiel israelita dizia de Sião: «Deus está no meio
davídica, a quase infantil proeza para que um só cl la (Salmo XLV, 6 e «passim » ) . E como a Sião
homem basta! E desse ponto quase inextenso que I buseana fora chamada cidade de David por causa
é a Sião primitiva, que vibração se propaga no t ter sido tomada pelo filho de J essé, a sua con­
espaço e no tempo! JUista por Y ahveh fê-la chamar Cidade de Deus
A grandeza não está na amplidão mas no que salmo exalta-a com alacrida de : «Ela ergue-se
contém de celeste. Em pouco espaço pode con­ 11' 1ciosa, júbilo de toda a terra, no monte de Sião,
ter-se o Parténon, o Panteão de Agripa. o Pátio ·Idade do grande Rei, situada ao lado do seten­
dos Leões, a Santa Capela. Os Pensamentos de t I ». (Salmo XLVII, 3 ) .
Pascal pouco espaço ocupam numa estante. A Vi­ rael sabe que é o povo de Deus, investido
são de Ezequiel, .de Sanzio, é uma tela de trinta romessa que apreende mal, que muitas vezes
e cinco centímetros. Que será preciso para fazer rializa, mas que nos melhores e sempre em
de Sião a cidade universal e o ponto de encontro l Jll r recanto das almas mais mesquinhas,
dos corações religiosos de todos os tempos? Que um valor místico.
nela seja previsto o Filho do Homem e que a cruz o que explica a história deste povo, histó­
de «fardo suave» nela projecte a sua sombra. doxal, em que vemos um reduzid o grupo

30 31
encher tudo com as consequências da sua presença io, muitas vezes amigo dos seus algozes e
e irradiar sobre o género humano. re algoz dos seus b nf it r
-
Eis o que
Esta história apresenta�se, ao próprio des� rael.
crentç, como um mistério difícil d elucidar. Uma Israel tem o sentim nto pod .r o
• t naz do
corrente atravessa�a; um objectivo misterioso nor� destino; no entanto, trai incessant m nt esse
teia�a; não sabe para onde vai, ma vai, e di�lo tino e desfigura�o; é indominável a ponto de
sem penetrar claramente o sentido dos seus orá� lstir ao universo, e nenhum povo é, temporària�
culos. Um humilde facto assume nela um tão alto nte, mais servil e mais humilde na sujeição.
alcance moral que se torna seu símbolo terno; o , conservador por excelência; é um povo que não
céu e a terra nela se misturam inc ssantemente; volui, que diz sempre as mesmas palavras, faz os
concluem�se alianças entre o que, a todo o mo� m smos gestos, prefere colar, ponta a ponta, frases

mento, oferece de atroz ou de pueril, e sublimi� ntraditórias dos seus livros a perdê�las, entre�
dades prodigiosas, e é uma história santa, até -se aos mesmos ritos particulares ou solenes,
quando, aparentemente, se afoga em horror. vive dos mesmos sentimentos cujo número é peque�
Todas as contradições se encontrarão nesse I simo; acreditou, porém, na idade do ouro, e,
escoar de factos, porque se encontram no princípio passo que os outros povos a confinam no pas�
humano que Deus utiliza e onde deixa o seu sinal. do, localiza�a simultâneamente no passado e no
Povo ousado, "turbulento, inquieto, violento e fraco, uturo e assim aguça e excita esse ardor de pen�
' mento, essa veemência dos movimentos da alma
idealista e sedicioso; povo de traficantes e de
sacerdotes, de agiotas desconfiados e de heróis; u oportunamente coloca ao nível das grandes
- povo escravo e soberano, rotineiro e pioneiro lsas e que manda cantar.
de novas terras, positivista e em demanda de um Este guardião da unidade de Deus não terá
Éden, acanhado e universal, sórdido e defensor ficado bastante com os ídolos, não terá mos�
do povo, ·esfarrapado e de uma altivez sobre..,. do inclinação pelos cultos vizinhos que primeiro
�humana, profeta e assassino de profetas, vene.­ gelava cruamente, ao sentir que a sua redenção·

rando os seus oráculos e matando os que os escre� ica e moral dependia só de Y ahveh?
veram, infiel em nome de uma rigorosa fé em si No tempo de Salomão, por complacência pelas

ti
32 33
encher tudo com as consequências da sua presença io, muitas vezes amigo dos seus algozes e
e irradiar sobre o género humano. re algoz dos seus b nf it r
-
Eis o que
Esta história apresenta�se, ao próprio des� rael.
crentç, como um mistério difícil d elucidar. Uma Israel tem o sentim nto pod .r o
• t naz do
corrente atravessa�a; um objectivo misterioso nor� destino; no entanto, trai incessant m nt esse
teia�a; não sabe para onde vai, ma vai, e di�lo tino e desfigura�o; é indominável a ponto de
sem penetrar claramente o sentido dos seus orá� lstir ao universo, e nenhum povo é, temporària�
culos. Um humilde facto assume nela um tão alto nte, mais servil e mais humilde na sujeição.
alcance moral que se torna seu símbolo terno; o , conservador por excelência; é um povo que não
céu e a terra nela se misturam inc ssantemente; volui, que diz sempre as mesmas palavras, faz os
concluem�se alianças entre o que, a todo o mo� m smos gestos, prefere colar, ponta a ponta, frases

mento, oferece de atroz ou de pueril, e sublimi� ntraditórias dos seus livros a perdê�las, entre�
dades prodigiosas, e é uma história santa, até -se aos mesmos ritos particulares ou solenes,
quando, aparentemente, se afoga em horror. vive dos mesmos sentimentos cujo número é peque�
Todas as contradições se encontrarão nesse I simo; acreditou, porém, na idade do ouro, e,
escoar de factos, porque se encontram no princípio passo que os outros povos a confinam no pas�
humano que Deus utiliza e onde deixa o seu sinal. do, localiza�a simultâneamente no passado e no
Povo ousado, "turbulento, inquieto, violento e fraco, uturo e assim aguça e excita esse ardor de pen�
' mento, essa veemência dos movimentos da alma
idealista e sedicioso; povo de traficantes e de
sacerdotes, de agiotas desconfiados e de heróis; u oportunamente coloca ao nível das grandes
- povo escravo e soberano, rotineiro e pioneiro lsas e que manda cantar.
de novas terras, positivista e em demanda de um Este guardião da unidade de Deus não terá
Éden, acanhado e universal, sórdido e defensor ficado bastante com os ídolos, não terá mos�
do povo, ·esfarrapado e de uma altivez sobre..,. do inclinação pelos cultos vizinhos que primeiro
�humana, profeta e assassino de profetas, vene.­ gelava cruamente, ao sentir que a sua redenção·

rando os seus oráculos e matando os que os escre� ica e moral dependia só de Y ahveh?
veram, infiel em nome de uma rigorosa fé em si No tempo de Salomão, por complacência pelas

ti
32 33
mulheres e�trangeiras desse sátrapa sensual, Israel 6es e das anunciaç s. I rael pressente e
tol�ra recintos de cultos pagãos perto da sua v ; um espírito domln dor do tempos está
necrópole. O Monte do Escândalo ainda agora o I Ido no seu génio · ligl o,
• u Yahveh
testemunha. Aí surgem, apesar de protesto cons� I -lhe ao ouvido.
tante dos profetas, esses jardinzinhos sagrados que Sob o cálamo dos profetas, dos salmil'!tos, dos
apresentam uma laje como tapete de orações, ramos nistas, dos sábios e dos legisladores, a história
decorativos, penduricalhos, uma árvor ritual, um t cipada deste dia e do dia eterno que dele
nicho na parede do rochedo contendo idolo. pende, determina�se, frase a frase, traço a traço,
Apesar de tudo, num meio panteísta , politeísta m coerência aparente e como quê ao acaso, mas
e feiticista que o cercava por todos os Judos, Israel i tal maneira que o facto, despertando de súbito
preservou a unidade de D us; tr nsmitiu�a, intacta, oordenando todas as recordações, faz como que
ao futuro; os seus actos de prevaricação sublinha� 1 gir uma descrição completa e empolgante, para
ram o seu papel e deram ocasião a que os seus lI ria dessas remotas vozes.
porta�vozes nele insistissem mais; promulgou a A chegada do Messias, os seus característicos,
lei, as promessas e as esperanças; consciente do u papel, a sua vida e a sua morte, a sua res�
pacto, quebrando�o, reatando�o, finalmente infiel, ição e a sua glória, o seu reinado eterno sobre
é, em última análise, o intermediário graças ao qual vo dos eleitos são claramente apontados em
é selado um pacto eterno, numa história vastís� s e breves sentenças. Alguns textos agrupa�
sima em que Israel se absorve na própria huma� hostariam para o fazer ver.
nidade.
cetra não sairá de Judá, nem o bastão do
' de entre seus pés até que .venha o Pacífico.
que os povos obedecerão.»
.
É admirável que a história da cruz e das suas ·
GÉNESIS, XLIX, I o.
consequências esteja inscrita, do princípio ao fim,
nos livros hebraicos, e que S�ão não seja apenas I tu, Betlém Efrata, pequena entre os milha�
o lugar das prep�rações, mas também o das adi� J ud de ti sairá para mim Aquele que deve
,

34 35
mulheres e�trangeiras desse sátrapa sensual, Israel 6es e das anunciaç s. I rael pressente e
tol�ra recintos de cultos pagãos perto da sua v ; um espírito domln dor do tempos está
necrópole. O Monte do Escândalo ainda agora o I Ido no seu génio · ligl o,
• u Yahveh
testemunha. Aí surgem, apesar de protesto cons� I -lhe ao ouvido.
tante dos profetas, esses jardinzinhos sagrados que Sob o cálamo dos profetas, dos salmil'!tos, dos
apresentam uma laje como tapete de orações, ramos nistas, dos sábios e dos legisladores, a história
decorativos, penduricalhos, uma árvor ritual, um t cipada deste dia e do dia eterno que dele
nicho na parede do rochedo contendo idolo. pende, determina�se, frase a frase, traço a traço,
Apesar de tudo, num meio panteísta , politeísta m coerência aparente e como quê ao acaso, mas
e feiticista que o cercava por todos os Judos, Israel i tal maneira que o facto, despertando de súbito
preservou a unidade de D us; tr nsmitiu�a, intacta, oordenando todas as recordações, faz como que
ao futuro; os seus actos de prevaricação sublinha� 1 gir uma descrição completa e empolgante, para
ram o seu papel e deram ocasião a que os seus lI ria dessas remotas vozes.
porta�vozes nele insistissem mais; promulgou a A chegada do Messias, os seus característicos,
lei, as promessas e as esperanças; consciente do u papel, a sua vida e a sua morte, a sua res�
pacto, quebrando�o, reatando�o, finalmente infiel, ição e a sua glória, o seu reinado eterno sobre
é, em última análise, o intermediário graças ao qual vo dos eleitos são claramente apontados em
é selado um pacto eterno, numa história vastís� s e breves sentenças. Alguns textos agrupa�
sima em que Israel se absorve na própria huma� hostariam para o fazer ver.
nidade.
cetra não sairá de Judá, nem o bastão do
' de entre seus pés até que .venha o Pacífico.
que os povos obedecerão.»
.
É admirável que a história da cruz e das suas ·
GÉNESIS, XLIX, I o.
consequências esteja inscrita, do princípio ao fim,
nos livros hebraicos, e que S�ão não seja apenas I tu, Betlém Efrata, pequena entre os milha�
o lugar das prep�rações, mas também o das adi� J ud de ti sairá para mim Aquele que deve
,

34 35
dominar sobre Israel e cuja origem remonta ao «Então, os olhos dos nbr:ir-se-ão, as ore,..
princípio, aos dias da eternidad .» llt dos surdos ouvirã. , 1ltarâ como um
MI UEIAS, v. 2. do e a língua do mad
ISAÍJ\S, XXXV, 5,...6.
«Uma Virgem conceberá e darú Jiluz um filho,
e ele será chamado Emmanuel (D UH onnosco } .» «Eis o meu Servo, que eu ampararei; o meu
ISAi/\H, VII, 1 4. 11l ito, em quem ponho a minha complacência.
' bre ele derramei o meu Espírito: ele espalhará
«Um menino no na u; um filho nos foi dado. justiça entre as nações. Não clamará; não e[e...
I &rá a voz e nada fará ouvir na� ruas; não que-
O principado foi po to sobre o seu ombro. E cha�
mar�lhe�ão Conselheiro admirável. Pai eterno, 1 r rá a cana rachada e não apagará a mecha que
Príncipe de paz.» lnda fumega.»
ISAÍAS, IX, 6. IsAÍAs, XLII, } 3. ...

«É o momento de enviar o meu anjo, e ele pre� «Saltai de alegria, filha de Sião! Expandi-vos
parará o caminho diante de mim. Logo entrará no m gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o

Templo o Senhor que buscais e o Anjo da aliança 11 Rei virá a ti, justo e vitorioso, humilde e mon ...

que c!esejais. Ele virá a seu tempo. numa jumenta e no potrinho da jumental»
MALAQUIAS, III, I. ZACARIAS, IX, 9.

«Os tempos que hão�de vir cobrirão de glória «Aquele mesmo que era meu amigo, que tinha
a terra vizinha do mar (a Galileia) , o país para lnha confiança e que comia o meu pão, levanta
além do Jordão e o distrito dos Gentios. O povo I nhar contra mim.»
SALMO XL, I o.
que caminhava nas trevas verá uma grande luz.»
IsAÍAS, vm. 23, IX, I. l s pesaram o meu salário, trinta sidos de
Yahveh me disse: Arroja ao oleiro essas

36 37
dominar sobre Israel e cuja origem remonta ao «Então, os olhos dos nbr:ir-se-ão, as ore,..
princípio, aos dias da eternidad .» llt dos surdos ouvirã. , 1ltarâ como um
MI UEIAS, v. 2. do e a língua do mad
ISAÍJ\S, XXXV, 5,...6.
«Uma Virgem conceberá e darú Jiluz um filho,
e ele será chamado Emmanuel (D UH onnosco } .» «Eis o meu Servo, que eu ampararei; o meu
ISAi/\H, VII, 1 4. 11l ito, em quem ponho a minha complacência.
' bre ele derramei o meu Espírito: ele espalhará
«Um menino no na u; um filho nos foi dado. justiça entre as nações. Não clamará; não e[e...
I &rá a voz e nada fará ouvir na� ruas; não que-
O principado foi po to sobre o seu ombro. E cha�
mar�lhe�ão Conselheiro admirável. Pai eterno, 1 r rá a cana rachada e não apagará a mecha que
Príncipe de paz.» lnda fumega.»
ISAÍAS, IX, 6. IsAÍAs, XLII, } 3. ...

«É o momento de enviar o meu anjo, e ele pre� «Saltai de alegria, filha de Sião! Expandi-vos
parará o caminho diante de mim. Logo entrará no m gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o

Templo o Senhor que buscais e o Anjo da aliança 11 Rei virá a ti, justo e vitorioso, humilde e mon ...

que c!esejais. Ele virá a seu tempo. numa jumenta e no potrinho da jumental»
MALAQUIAS, III, I. ZACARIAS, IX, 9.

«Os tempos que hão�de vir cobrirão de glória «Aquele mesmo que era meu amigo, que tinha
a terra vizinha do mar (a Galileia) , o país para lnha confiança e que comia o meu pão, levanta
além do Jordão e o distrito dos Gentios. O povo I nhar contra mim.»
SALMO XL, I o.
que caminhava nas trevas verá uma grande luz.»
IsAÍAS, vm. 23, IX, I. l s pesaram o meu salário, trinta sidos de
Yahveh me disse: Arroja ao oleiro essas

36 37
moedas, essa bela soma m que
me avaliaram . olham�me e con id ram-m ; ntre si repar�
E tomei as trinta moedas d prata
e lancei�as na meus vestidos lll 11 tm s rt s sobre a
casa de Yahveh, para o oleiro.»
AT.M XXI, 8�19.
ZA ARIAS, XI, 12.
'« uportou as nossas fraquezas e l tn smo
«Levantam�se testem unhas iniqttn rr gou com as nossas dores. E nós o consid rá�
; acusam�me
de .coisas que eu ignoro; tornam . como punido, ferido por Deus e humilhado;
-m males por
bens.» rn foi ferido por causa dos nossos pecados, des�
SAT.M XXXIV, 1 1.
1 laçado por causa das nossas iniquidades; o cas�

«Ofereci as minhas costas aos que tlg que nos garante a paz caiu sobre ele e é com
me batiam uas feridas que nós somos sarados.»
e as minhas faces aos que me arranc
avam a barba.
Não desviei o rosto dos que me IsAÍAs, Lili, 4�5.
injuriavam e
cuspiam.»
ISAÍAS, I, 6. «.Tu não deixarás a minha alma na mansão dos
«Deitam fel no me u alimento e par rtos; não permitirás que aquele que te ama
a matar a rimente a corrupção; tu me farás conhecer os
minha sede dão�me vinagre.»
mlnhos da vida.» SALMO xv, 10.
SALMO LXVIII, 22.
« enta�te à minha direita, até que eu ponha os
«Todos os que me vêem, escarnece
m de mim. Inimigos por escabelo de teus pés.»
Têm a zom baria nos lábios e me
neiam a cabeça. SALMO CIX, 1.
<�Teve confiança em Yahveh; que
o salve, que 0
lzberte, se o ama» ... Eu derramei�m
e como água r-lhe-ei por sorte uma grande multidão de
e todos os me us ossos se desconjun
taram . .. Uma III1IOtt1. Ele distribuirá os despojos dos fortes, por­
turba de celerados assalta�me; tres
passam�me as nttegou a sua alma à morte e foi incluído no
mãos e os pés; contam�se todos
os meus ossos. •111111'0 dos malfeitores.» IsAÍAS, Lili, 12.
38
39
moedas, essa bela soma m que
me avaliaram . olham�me e con id ram-m ; ntre si repar�
E tomei as trinta moedas d prata
e lancei�as na meus vestidos lll 11 tm s rt s sobre a
casa de Yahveh, para o oleiro.»
AT.M XXI, 8�19.
ZA ARIAS, XI, 12.
'« uportou as nossas fraquezas e l tn smo
«Levantam�se testem unhas iniqttn rr gou com as nossas dores. E nós o consid rá�
; acusam�me
de .coisas que eu ignoro; tornam . como punido, ferido por Deus e humilhado;
-m males por
bens.» rn foi ferido por causa dos nossos pecados, des�
SAT.M XXXIV, 1 1.
1 laçado por causa das nossas iniquidades; o cas�

«Ofereci as minhas costas aos que tlg que nos garante a paz caiu sobre ele e é com
me batiam uas feridas que nós somos sarados.»
e as minhas faces aos que me arranc
avam a barba.
Não desviei o rosto dos que me IsAÍAs, Lili, 4�5.
injuriavam e
cuspiam.»
ISAÍAS, I, 6. «.Tu não deixarás a minha alma na mansão dos
«Deitam fel no me u alimento e par rtos; não permitirás que aquele que te ama
a matar a rimente a corrupção; tu me farás conhecer os
minha sede dão�me vinagre.»
mlnhos da vida.» SALMO xv, 10.
SALMO LXVIII, 22.
« enta�te à minha direita, até que eu ponha os
«Todos os que me vêem, escarnece
m de mim. Inimigos por escabelo de teus pés.»
Têm a zom baria nos lábios e me
neiam a cabeça. SALMO CIX, 1.
<�Teve confiança em Yahveh; que
o salve, que 0
lzberte, se o ama» ... Eu derramei�m
e como água r-lhe-ei por sorte uma grande multidão de
e todos os me us ossos se desconjun
taram . .. Uma III1IOtt1. Ele distribuirá os despojos dos fortes, por­
turba de celerados assalta�me; tres
passam�me as nttegou a sua alma à morte e foi incluído no
mãos e os pés; contam�se todos
os meus ossos. •111111'0 dos malfeitores.» IsAÍAS, Lili, 12.
38
39
luz, porque a maús, um feixe compl assim como se
«Levanta�te, Jerusalém, recebe a nde às profecias qu ' sun n1l�s"' realiza, por
eh nasce sobre ti.
tua luz chega e a glória de Yahv vez mergulha o olhar m rnlst •r·J longínquos.
a escuridão dos
Vê: as trevas cobrem a terra e tempos que vão chegar par · •m Jh presentes;
c , obre ti a sua
povos; mas sobre ti Yahveh nas
..

am para a tua luz montando no passado. encontra o futuro no seu


glória aparece; as nações caminh minho, porque circula na eternidade. O qu d ve
tua aurora. Lança
e os reis para o resplendor da
se ongregam e f zer e sofrer estava de antemão anotado no livro
em volta os olhos e vê; todos
terno, e, na terra, homens o tinham afirmado por
vêm•a ti.» !sAiAS, X, 1 �4:.
scrito; mas o que disso deve resultar não estava
menos previsto, e ele vê�o como os videntes; por
na, e sobre as
«Eu observava a visão noctur ua vez, profetiza.
Filho do Homem.
nuvens do céu vinha como que um Um artista, James Tissot, evocou este facto
entaram�no diante
Avançou até ao Ancião e apres presentando J esus crucificado, numa espécie de
a glória e o reino, e
dele. E foi�lhe dado o poder, xtase; em voltà, fazendo círculo e erguendo, com
, todas as línguas
.

todos os povos, todas as nações mbas as mãos, os seus rolos de pergaminho, vêm
é uma dominação
o serviram . A sua dominação dos os antigos anunciadores, mesmo aqueles que,
e o seu reino jamais
eterna, que não lhe será tirada, Tabor, envolvidos na bruma da glória, tinham
será destruído.>> DANIEL, vn, 1 3� 14:. · mo que regulado com ele o acontecimento então
uturo. Essas testemunhas parecem dizer : «Eis
mo o acontecimento coincide com a palavra; o
pensava nes sas
É certo qu e J esus crucificado rnpo é fiel ao tempo; a Providência diz e, depois,
«M eu Deus, meu
coi sas . O seu . grito de aflição: liza; Deus vem ao encontro de Deus».
é o início de um
Deus, porque me abandonaste?»
tiradas várias das
longo salmo profético donde são
a�se dos oráculos
precedentes frases. J esus aliment Is que, com um terno olhar, J esus abrange
a�os nas sinagogas;
antigos e proclama�os: coment quena Sião obscura, já talvez um pouco
para os discípulos
explica�os aos seus; deles fará,
4:1
4:0
luz, porque a maús, um feixe compl assim como se
«Levanta�te, Jerusalém, recebe a nde às profecias qu ' sun n1l�s"' realiza, por
eh nasce sobre ti.
tua luz chega e a glória de Yahv vez mergulha o olhar m rnlst •r·J longínquos.
a escuridão dos
Vê: as trevas cobrem a terra e tempos que vão chegar par · •m Jh presentes;
c , obre ti a sua
povos; mas sobre ti Yahveh nas
..

am para a tua luz montando no passado. encontra o futuro no seu


glória aparece; as nações caminh minho, porque circula na eternidade. O qu d ve
tua aurora. Lança
e os reis para o resplendor da
se ongregam e f zer e sofrer estava de antemão anotado no livro
em volta os olhos e vê; todos
terno, e, na terra, homens o tinham afirmado por
vêm•a ti.» !sAiAS, X, 1 �4:.
scrito; mas o que disso deve resultar não estava
menos previsto, e ele vê�o como os videntes; por
na, e sobre as
«Eu observava a visão noctur ua vez, profetiza.
Filho do Homem.
nuvens do céu vinha como que um Um artista, James Tissot, evocou este facto
entaram�no diante
Avançou até ao Ancião e apres presentando J esus crucificado, numa espécie de
a glória e o reino, e
dele. E foi�lhe dado o poder, xtase; em voltà, fazendo círculo e erguendo, com
, todas as línguas
.

todos os povos, todas as nações mbas as mãos, os seus rolos de pergaminho, vêm
é uma dominação
o serviram . A sua dominação dos os antigos anunciadores, mesmo aqueles que,
e o seu reino jamais
eterna, que não lhe será tirada, Tabor, envolvidos na bruma da glória, tinham
será destruído.>> DANIEL, vn, 1 3� 14:. · mo que regulado com ele o acontecimento então
uturo. Essas testemunhas parecem dizer : «Eis
mo o acontecimento coincide com a palavra; o
pensava nes sas
É certo qu e J esus crucificado rnpo é fiel ao tempo; a Providência diz e, depois,
«M eu Deus, meu
coi sas . O seu . grito de aflição: liza; Deus vem ao encontro de Deus».
é o início de um
Deus, porque me abandonaste?»
tiradas várias das
longo salmo profético donde são
a�se dos oráculos
precedentes frases. J esus aliment Is que, com um terno olhar, J esus abrange
a�os nas sinagogas;
antigos e proclama�os: coment quena Sião obscura, já talvez um pouco
para os discípulos
explica�os aos seus; deles fará,
4:1
4:0
terioso entre
abandonada, e que serve de el mis
os dois mundos.
visto que o
Nela reconhece as sua s ori g ns,
e qu a sua rea�
·

berço da sua raça aí se estabelece


no conquistador
lez a espiritual encontra seu tipo
simb lica, no
soberano dessa pequena região Capítulo III
so e misericor�
vencedor de Go lias , no pai doloro
to d Deus e
dioso 'de Absalão, no zelador do cul A CASA DE SEU PAI
sa de todos
intérprete sublime das almas reli gio
os séculos.
genealógica
Na s duas extremidades da árvore
onde floresce a cruz, há David e
J esu s, há a ex�
sacrifício. O que s E TODO O ISRAELITA PIEDOSO,
pressão e o facto, há a profecia e o ao contemplar Jerusalém, quase só via, por assim
ltação, o Cristo
o salmista feliz declara na exa dizer, o Templo, deve pensar��e que Jesus, zelador
Bo oz, tudo se
sofredor realiza�o. Na visão de v rdadeiro e prosternado ante seu Pai numa cons�
simples e grande
resume, com toda a razão, neste t nte adoração, fixava, do alto da cruz, esse ponto
contraste: \mi o, sobretudo esse ponto, com um culto fervo�
alto, morria um Deus (1). realçado por uma profunda dor.
Em baixo, cantava um rei: no
1n ntrando�se colocado a oeste e orientado
J ' 11 • rn Js ou menos como o Templo, via este de
·
t N <Jll l stação do ano, ao findar do dia,
cuul r• • lt r·uz, pr I ngando�se, cobria precisa�
nt 11 I ·h •W t ltar. Esses cálculos
I 1 v ·Jfi r no local;
I , qu , m m ...

(1) La Légende des Siêcles.


Booz endormi.

42
terioso entre
abandonada, e que serve de el mis
os dois mundos.
visto que o
Nela reconhece as sua s ori g ns,
e qu a sua rea�
·

berço da sua raça aí se estabelece


no conquistador
lez a espiritual encontra seu tipo
simb lica, no
soberano dessa pequena região Capítulo III
so e misericor�
vencedor de Go lias , no pai doloro
to d Deus e
dioso 'de Absalão, no zelador do cul A CASA DE SEU PAI
sa de todos
intérprete sublime das almas reli gio
os séculos.
genealógica
Na s duas extremidades da árvore
onde floresce a cruz, há David e
J esu s, há a ex�
sacrifício. O que s E TODO O ISRAELITA PIEDOSO,
pressão e o facto, há a profecia e o ao contemplar Jerusalém, quase só via, por assim
ltação, o Cristo
o salmista feliz declara na exa dizer, o Templo, deve pensar��e que Jesus, zelador
Bo oz, tudo se
sofredor realiza�o. Na visão de v rdadeiro e prosternado ante seu Pai numa cons�
simples e grande
resume, com toda a razão, neste t nte adoração, fixava, do alto da cruz, esse ponto
contraste: \mi o, sobretudo esse ponto, com um culto fervo�
alto, morria um Deus (1). realçado por uma profunda dor.
Em baixo, cantava um rei: no
1n ntrando�se colocado a oeste e orientado
J ' 11 • rn Js ou menos como o Templo, via este de
·
t N <Jll l stação do ano, ao findar do dia,
cuul r• • lt r·uz, pr I ngando�se, cobria precisa�
nt 11 I ·h •W t ltar. Esses cálculos
I 1 v ·Jfi r no local;
I , qu , m m ...

(1) La Légende des Siêcles.


Booz endormi.

42
t r sido esse meio preva rl nt
Agora que está erguido o alt r universal e que infiel até ao
r deicídio, durante mais d ntll 111 s, o tabernáculo
a realidade ali figurada nele se ln tala para dura
de Deus no meio dos h men .'l, p li i da hum
toda a vida do mundo, a sombra pod prolongar,... s e a,...
nida de, e, pela sua mM hn c wdn h
e, pouco a pouco, alcançar os pr sHllgios. O que dos seus
objectivos, um abrig o s m dúvi da pr vis rio, mas
estava oculto nesse T�mplo replet I. símbolos,
autêntico?
é,...no revelado pela cruz ; a profecia obs ·ura mani,...
Ele próprio, o Filho do Homem, não deverá
festa�se; o prelúdio extingue,... se no sil � n i precur,...
nada a esse lugar de culto onde entrou tantas
sor do eterno cântico, e a fortal za li io a de
·

vezes desd e a mais tenra idad e, onde, aos doze


Israel, que ocupa ainda um dos pr to d balança
anos, ministrou os seus primeiros ensinamentos
na história divina no mundo, cede lentamente ao ,
onde cumpriu estrictamente a lei, desd e 0 dia em
peso do humilde e invencível madeiro.
q�e sua mãe o levou, dôcilmente, até à porta de
Ntcanor, o mandou subir os quinze degr aus cir,...
culares e resg atar a sua frág il vida com duas
Poder,...S' e,... i a, portanto, pensar que esta Cidade
pombas?
do Grande Rei, transform ada, para ele, em cidade
Quantas vezes pass eou sob o Pórtico de SalÜ"'
da mort e, e, para o universo relig ioso, em cidade
e mão que, ao long e, alinha, defronte dele ,
da ruína, já só provoca, no. seu cora ção, horror as
o s �a� colunas polidas, e cujo pavimento lajeado
desprezo. Alguns assim o crera m; a sua ilusã
itivo cmttla sob a luz do meio,... d ia! Ensinava ali «com
opõe ao Pastor sublime, o redil no seu prim
é autoridade», abordando os grupos, acolhendo
habitat, opõe o novo Testamento ao antigo que as
perguntas ou rebatendo os argumentos dos dou,.
a raiz dele , e como que opõe Deu s a Deu s nas .
' res. Sentava,... s e, por veze s, no chão, com os
pessoas de Cristo e de Yahveh. Afastemos essas
uvintes em volta, à maneira dos rabinos. Ia tam,.
ideias ilusórias. ..
t m prosternar,... s e no adro das Mul here s,
·

Não há dúvida de que o Templo está conde,.. próximo


I H ofilácio onde se derramavam as ofer
nado, a Lei está revogada, o Ocid ente vai suceder endas,
gem dos membros do sinédrio que se diri,...
ao Oriente quanto a uma grande parte do seu
papel. Mas quer isso dizer que Jesus pode olvidar
r a sua sala de conselhos, por vezes

44 45
t r sido esse meio preva rl nt
Agora que está erguido o alt r universal e que infiel até ao
r deicídio, durante mais d ntll 111 s, o tabernáculo
a realidade ali figurada nele se ln tala para dura
de Deus no meio dos h men .'l, p li i da hum
toda a vida do mundo, a sombra pod prolongar,... s e a,...
nida de, e, pela sua mM hn c wdn h
e, pouco a pouco, alcançar os pr sHllgios. O que dos seus
objectivos, um abrig o s m dúvi da pr vis rio, mas
estava oculto nesse T�mplo replet I. símbolos,
autêntico?
é,...no revelado pela cruz ; a profecia obs ·ura mani,...
Ele próprio, o Filho do Homem, não deverá
festa�se; o prelúdio extingue,... se no sil � n i precur,...
nada a esse lugar de culto onde entrou tantas
sor do eterno cântico, e a fortal za li io a de
·

vezes desd e a mais tenra idad e, onde, aos doze


Israel, que ocupa ainda um dos pr to d balança
anos, ministrou os seus primeiros ensinamentos
na história divina no mundo, cede lentamente ao ,
onde cumpriu estrictamente a lei, desd e 0 dia em
peso do humilde e invencível madeiro.
q�e sua mãe o levou, dôcilmente, até à porta de
Ntcanor, o mandou subir os quinze degr aus cir,...
culares e resg atar a sua frág il vida com duas
Poder,...S' e,... i a, portanto, pensar que esta Cidade
pombas?
do Grande Rei, transform ada, para ele, em cidade
Quantas vezes pass eou sob o Pórtico de SalÜ"'
da mort e, e, para o universo relig ioso, em cidade
e mão que, ao long e, alinha, defronte dele ,
da ruína, já só provoca, no. seu cora ção, horror as
o s �a� colunas polidas, e cujo pavimento lajeado
desprezo. Alguns assim o crera m; a sua ilusã
itivo cmttla sob a luz do meio,... d ia! Ensinava ali «com
opõe ao Pastor sublime, o redil no seu prim
é autoridade», abordando os grupos, acolhendo
habitat, opõe o novo Testamento ao antigo que as
perguntas ou rebatendo os argumentos dos dou,.
a raiz dele , e como que opõe Deu s a Deu s nas .
' res. Sentava,... s e, por veze s, no chão, com os
pessoas de Cristo e de Yahveh. Afastemos essas
uvintes em volta, à maneira dos rabinos. Ia tam,.
ideias ilusórias. ..
t m prosternar,... s e no adro das Mul here s,
·

Não há dúvida de que o Templo está conde,.. próximo


I H ofilácio onde se derramavam as ofer
nado, a Lei está revogada, o Ocid ente vai suceder endas,
gem dos membros do sinédrio que se diri,...
ao Oriente quanto a uma grande parte do seu
papel. Mas quer isso dizer que Jesus pode olvidar
r a sua sala de conselhos, por vezes

44 45
cl pois, requeimados pelo V J' 'i braseante, res ...
como mulher adúltera
seguidos da lgu m acusado, plandecem para Jesus, como J u·n f liz peregrino
que ele salvou . que vem festejar a Páscon; o u fuJÇJot: nternece...o
ent no sagrado re..,.
Jesus rezava fervorosam e desola...o; gostaria d. v ·l ll' I luto orno às
finia ele pr prio o Tem...
.

cinto da sua raça. Não de cru�es de Sexta ... F ira nnta; omw J'u Jh s uma
oração»? N "o subira até
...

_ triste, porque compara, em pensam nto, o


plo como uma «casa de festas. a
afetçao
s as grand
lá po ocasião de toda orgulho de hoje à miséria e à catástrofe de amanhã.
tos ao Todo P deroso,
fim de oferece r o seus vo J e�us �dmitiu, antes de a substituir pela sua
ica? Nele via, como . �
segundo a lin gu ag em davíd tmpemtencta, �oda a organização religiosa do seu
c u; dava ..lh o mesmo
todos , uma imag em do o era
povo. «Sentam...se na cadeira de Moisés;- dizia
asa d m u Pai nã
nome, e, quando dizia A dos esc�ibas e dos fariseus - fazei, portanto, e
tava da morada eterna.
possível logo saber se se tra obser.vaz tudo o que eles vos dizem e não façais o
se do átrio do templo. que eles fazem» (Mat XXIII 2) . E do propno
- ·

s ex pu lso s, em que . .
O episódio dos vendilhõe
,
_ ·•

regtme, dtzta : «Nao JUlgueis que eu. tenha vindo


. .

de cólera, é um efeito
alguns só vêem um acto destruir a lei e os profetas; não vim destruí...los, mas
orável e originàriamente .
desta, mas de cólera am szm cumpri...[os». (Mat., v, 1 7 ).
ito re sp eit os a. El e qu e, habitualmente, ali su rg ia O desenvolvimento progressivo de uma insti ...
mu ·
então, no átr io, co mo um
como doutor, ap ar ec eu , tuição é alcançar o seu objectivo, embora, para tal
s, se não amasse aquele si própria se ultrapasse. O judaísmo, tal com�
jui z e como um mesrte, ma
ria com dar lei s nesse
lug ar , porque se preocupa stava, não ?odia perdurar, uma vez que era ape...
acesso?
domínio e purificar... lhe o n s �m cammho para um fim. O seu dever' depois
hesitação no nosso
Que não haja sombra de vmda de Cristo, era abdicar entre as mãos de
e Tabor de pedra onde
espírito : Jesus ama ess r isto, r novar... se pela sua palavra e segundo o

de glória , ante os olhos - nto, entrar, assim, num caminho novo, mas
seu Pa i apareceu, nimbado pu
ele próprio sobre a mon..,.
de trinta gerações, como continuando o caminho antigo, como fa...
tanha santa. uma larva ou uma crisálida que se metamor...
por lpngos sóis, aque..,.
Aquelas pedras douradas I
me ta is es ve rd ea do s pe las chuvas diluvianas e,
les
47
46
cl pois, requeimados pelo V J' 'i braseante, res ...
como mulher adúltera
seguidos da lgu m acusado, plandecem para Jesus, como J u·n f liz peregrino
que ele salvou . que vem festejar a Páscon; o u fuJÇJot: nternece...o
ent no sagrado re..,.
Jesus rezava fervorosam e desola...o; gostaria d. v ·l ll' I luto orno às
finia ele pr prio o Tem...
.

cinto da sua raça. Não de cru�es de Sexta ... F ira nnta; omw J'u Jh s uma
oração»? N "o subira até
...

_ triste, porque compara, em pensam nto, o


plo como uma «casa de festas. a
afetçao
s as grand
lá po ocasião de toda orgulho de hoje à miséria e à catástrofe de amanhã.
tos ao Todo P deroso,
fim de oferece r o seus vo J e�us �dmitiu, antes de a substituir pela sua
ica? Nele via, como . �
segundo a lin gu ag em davíd tmpemtencta, �oda a organização religiosa do seu
c u; dava ..lh o mesmo
todos , uma imag em do o era
povo. «Sentam...se na cadeira de Moisés;- dizia
asa d m u Pai nã
nome, e, quando dizia A dos esc�ibas e dos fariseus - fazei, portanto, e
tava da morada eterna.
possível logo saber se se tra obser.vaz tudo o que eles vos dizem e não façais o
se do átrio do templo. que eles fazem» (Mat XXIII 2) . E do propno
- ·

s ex pu lso s, em que . .
O episódio dos vendilhõe
,
_ ·•

regtme, dtzta : «Nao JUlgueis que eu. tenha vindo


. .

de cólera, é um efeito
alguns só vêem um acto destruir a lei e os profetas; não vim destruí...los, mas
orável e originàriamente .
desta, mas de cólera am szm cumpri...[os». (Mat., v, 1 7 ).
ito re sp eit os a. El e qu e, habitualmente, ali su rg ia O desenvolvimento progressivo de uma insti ...
mu ·
então, no átr io, co mo um
como doutor, ap ar ec eu , tuição é alcançar o seu objectivo, embora, para tal
s, se não amasse aquele si própria se ultrapasse. O judaísmo, tal com�
jui z e como um mesrte, ma
ria com dar lei s nesse
lug ar , porque se preocupa stava, não ?odia perdurar, uma vez que era ape...
acesso?
domínio e purificar... lhe o n s �m cammho para um fim. O seu dever' depois
hesitação no nosso
Que não haja sombra de vmda de Cristo, era abdicar entre as mãos de
e Tabor de pedra onde
espírito : Jesus ama ess r isto, r novar... se pela sua palavra e segundo o

de glória , ante os olhos - nto, entrar, assim, num caminho novo, mas
seu Pa i apareceu, nimbado pu
ele próprio sobre a mon..,.
de trinta gerações, como continuando o caminho antigo, como fa...
tanha santa. uma larva ou uma crisálida que se metamor...
por lpngos sóis, aque..,.
Aquelas pedras douradas I
me ta is es ve rd ea do s pe las chuvas diluvianas e,
les
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morte qu desde a pedra regada dr I p r Jacob até aos
Seria possivelmente a morte, mas uma altares cristãos prefaz a u nl lud • I u lto em ver�
na qua l
gloriosa , - morte que é sobrevivência e dade.
as auto�
tod as as alm as que nela consent m, todas De que J erusal ' m n< o t •rln, 11 t. o, 1 cristan�
senão
ridades que se transformam, não podem dade gozado! Essa J ru ol m t r1
não de i I m nos
participar de uma sobre�elevação insi gne e enternecedora, sob certos aspectos, qu a n ssa,
um declínio. mas quão mais gloriosa seria para seus filhos,
to,
Vê�se mui to bem Israel a aclamar o s u Cris quão mais honrosa para a humanidade! Não seria
us pontí�
com os chefes a darem o exemplo, os s a Mesquita de Omar que campearia hoje na espia�
siné�
fices revestindo� e do novo acer dóc io, o seu nada salomoniana : seriam os pórticos santos trans�
os seus
drio transformando�se em concil io, todos formados em magníficas alamedas para as nossas
tres do
doutores passando a ser, como Pau lo, mes procissões eucarísticas, seria o pilone que o altar
tios; por
Evangelho e apóstolos junto dos gen defumava e volutas de incenso cingiriam.
uma nova
consequência, o Tem plo , investido de É evidente que, dentro. desta hipótese, a antiga
ar�se�ia à
consagração e de mais amplo pap el, elev Jerusalém não teria perecido. A sua queda está niti�
templo no
dign idad e de primeira igre ja cristã, de damente anunciada como uma sanção providencial.
to dos
perfeito sentido da palavra. O seu San A «galinha» com os seus pintainhos debaixo das
Santos, deserto até agora como luga r
de especta�
no Santo asas tê�los�ia defendido, e nem a águia romana
tiva, acolheria doravante o vivo e eter nem qualquer dos abutres. em procura de presa no
dos Santos.
l de mundo do seu. triunfo, teria conseguido arreba�
Não pode duvidar�se de que tal foi o idea
para esse tá,.los.
Jesu s, que há tanto tempo procurava, Ai de nós! Semelhante, nisso, à maior parte
. Já se
tabernáculo inconsciente, a presença real
· · ·

ente, era , dos poderes rel-igiosos ou políticos, Jerusalém não


pen sou que o Templo, estando Jesus pres se rendeu; não soube reconhecer, excepto nalguns
Não tinha
só por esse fact o, um luga r consagrado? dos seus filhos sem autoridade social, «O que podia
suceder à
mais que deixar�se ficar assim, fazendo proporcionar�lhe a paz», e em breve sucumbirá
I
ça sacra�
presença física de Cristo, a sua presen pela guerra.
evoluções
mentaL' deixando terminar�se a série das

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morte qu desde a pedra regada dr I p r Jacob até aos
Seria possivelmente a morte, mas uma altares cristãos prefaz a u nl lud • I u lto em ver�
na qua l
gloriosa , - morte que é sobrevivência e dade.
as auto�
tod as as alm as que nela consent m, todas De que J erusal ' m n< o t •rln, 11 t. o, 1 cristan�
senão
ridades que se transformam, não podem dade gozado! Essa J ru ol m t r1
não de i I m nos
participar de uma sobre�elevação insi gne e enternecedora, sob certos aspectos, qu a n ssa,
um declínio. mas quão mais gloriosa seria para seus filhos,
to,
Vê�se mui to bem Israel a aclamar o s u Cris quão mais honrosa para a humanidade! Não seria
us pontí�
com os chefes a darem o exemplo, os s a Mesquita de Omar que campearia hoje na espia�
siné�
fices revestindo� e do novo acer dóc io, o seu nada salomoniana : seriam os pórticos santos trans�
os seus
drio transformando�se em concil io, todos formados em magníficas alamedas para as nossas
tres do
doutores passando a ser, como Pau lo, mes procissões eucarísticas, seria o pilone que o altar
tios; por
Evangelho e apóstolos junto dos gen defumava e volutas de incenso cingiriam.
uma nova
consequência, o Tem plo , investido de É evidente que, dentro. desta hipótese, a antiga
ar�se�ia à
consagração e de mais amplo pap el, elev Jerusalém não teria perecido. A sua queda está niti�
templo no
dign idad e de primeira igre ja cristã, de damente anunciada como uma sanção providencial.
to dos
perfeito sentido da palavra. O seu San A «galinha» com os seus pintainhos debaixo das
Santos, deserto até agora como luga r
de especta�
no Santo asas tê�los�ia defendido, e nem a águia romana
tiva, acolheria doravante o vivo e eter nem qualquer dos abutres. em procura de presa no
dos Santos.
l de mundo do seu. triunfo, teria conseguido arreba�
Não pode duvidar�se de que tal foi o idea
para esse tá,.los.
Jesu s, que há tanto tempo procurava, Ai de nós! Semelhante, nisso, à maior parte
. Já se
tabernáculo inconsciente, a presença real
· · ·

ente, era , dos poderes rel-igiosos ou políticos, Jerusalém não


pen sou que o Templo, estando Jesus pres se rendeu; não soube reconhecer, excepto nalguns
Não tinha
só por esse fact o, um luga r consagrado? dos seus filhos sem autoridade social, «O que podia
suceder à
mais que deixar�se ficar assim, fazendo proporcionar�lhe a paz», e em breve sucumbirá
I
ça sacra�
presença física de Cristo, a sua presen pela guerra.
evoluções
mentaL' deixando terminar�se a série das

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... �.�,

para ela , a A antiga J ebus, ao torn r· idade de David,


A sua recusa a evoluir equivalia, vira imediatamente modific r• r gfme religioso
Porque o De us
uma sentença de morte. E porquê? de Israel, até então pou o 8 d nt ri Yahveh con.­
icamente, aí se
que até então a habitava simbOl
,

xpulso. Agora , tentava-se, outrora , om um santuórf portãtil, a


dig nara sur gir em pessoa e fora Tenda sagrada ou Tabernáculo, que tamb m d si.­
cas a de· De us
aconteça o que acontecer, aquela gnavam por Tenda de Reunião (de Yahveh com
a, aguardando' a
não passará de uma cas a desert o seu povo) ou Tenda do Testemunho, por causa
destina do a pe.-
ruína. O que expulsa Deus está das tábuas da lei que nela repousavam.
recer. * Mas· agora que Israel se estabeleceu sõlida.­
• * mente na sua capital, agora que o rei é o primeiro
a ter uma casa de cedro, não faria sentido que
o, Jes us, tam.­ Yahveh permanecesse como nómada, em J erusa.­
Perante ess e Templo moribund lém. A antiga Tenda, enraizada na montanha e
dessas demoradas
bém a morrer, não terá tido uma adquirindo estabilidade, fixará o povo ao fixar�se
o,· que, em reg ra,
divagações mentais pelo passad a si própria.
longa história vai
aéompanham uma ago nia ? Qu e David descobre então o alto lugar onde se
lo fámoso, que,
ter fim quando findar ess e Temp erguerá o novo santuário; compra a eira de Ornan,
be renascer! T�m..
sob três formas sucessivas, sou o Jebuseu, e aí erige imediatamente um altar.
David , Templo de
pio de Salomão já sonhadô por Esta primitiva instalação já representa um pro-­
Templo de Hero-­
Zorobabel depois do cativeiro, gresso em relação aos antigos santuários semitas.
que o escravizado
des , 0 Grande, no momento em O antigo semita contentava.-se com um Haram ou
todos, - é como
povo de Roma vai ser escravo de recinto · sagrado, propriedade do deus cuidadosa.-
os os seu s estados :
qu e a imagem de �srael em tod ente delimitada, a maior parte das vezes cercada
0 da gló ria e o da
miséria, o da fidelidade e o do
por .uma muralha baixa ou por uma sebe. Aí er.­
crime. ufa, sem outro dispositivo, a sua pedra sagrada,
, sem dúvida, o lugar escolhido era sempre assi.­
lado por qualquer particularidade natural�mi.-

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... �.�,

para ela , a A antiga J ebus, ao torn r· idade de David,


A sua recusa a evoluir equivalia, vira imediatamente modific r• r gfme religioso
Porque o De us
uma sentença de morte. E porquê? de Israel, até então pou o 8 d nt ri Yahveh con.­
icamente, aí se
que até então a habitava simbOl
,

xpulso. Agora , tentava-se, outrora , om um santuórf portãtil, a


dig nara sur gir em pessoa e fora Tenda sagrada ou Tabernáculo, que tamb m d si.­
cas a de· De us
aconteça o que acontecer, aquela gnavam por Tenda de Reunião (de Yahveh com
a, aguardando' a
não passará de uma cas a desert o seu povo) ou Tenda do Testemunho, por causa
destina do a pe.-
ruína. O que expulsa Deus está das tábuas da lei que nela repousavam.
recer. * Mas· agora que Israel se estabeleceu sõlida.­
• * mente na sua capital, agora que o rei é o primeiro
a ter uma casa de cedro, não faria sentido que
o, Jes us, tam.­ Yahveh permanecesse como nómada, em J erusa.­
Perante ess e Templo moribund lém. A antiga Tenda, enraizada na montanha e
dessas demoradas
bém a morrer, não terá tido uma adquirindo estabilidade, fixará o povo ao fixar�se
o,· que, em reg ra,
divagações mentais pelo passad a si própria.
longa história vai
aéompanham uma ago nia ? Qu e David descobre então o alto lugar onde se
lo fámoso, que,
ter fim quando findar ess e Temp erguerá o novo santuário; compra a eira de Ornan,
be renascer! T�m..
sob três formas sucessivas, sou o Jebuseu, e aí erige imediatamente um altar.
David , Templo de
pio de Salomão já sonhadô por Esta primitiva instalação já representa um pro-­
Templo de Hero-­
Zorobabel depois do cativeiro, gresso em relação aos antigos santuários semitas.
que o escravizado
des , 0 Grande, no momento em O antigo semita contentava.-se com um Haram ou
todos, - é como
povo de Roma vai ser escravo de recinto · sagrado, propriedade do deus cuidadosa.-
os os seu s estados :
qu e a imagem de �srael em tod ente delimitada, a maior parte das vezes cercada
0 da gló ria e o da
miséria, o da fidelidade e o do
por .uma muralha baixa ou por uma sebe. Aí er.­
crime. ufa, sem outro dispositivo, a sua pedra sagrada,
, sem dúvida, o lugar escolhido era sempre assi.­
lado por qualquer particularidade natural�mi.-

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50
n""ncia" fonte, árvore digna de nota, etc. - mas a do culto, e, a toda a voltn , 1 um 1 rta
distânc ia,
instalação não revestia qualquer carácter arqui­ devia campear um con j u nt o d1 p •·t·l os
hipostilos
tectónico. O altar é uma etapa a caminho do que só foram acabad . 111t11t'o 111 11. t· 11• I .
edifício. Sob o Ha ra m ,o; 1l 111011 l 1no, fluh 1111"'
avado
No momento m que David prepara a eira de cisternas para S •t• 'Jll utlllz 1du. J fo p HO•, ti por
Ornan, o Tab rná ul e o altar dos holocaustos

ocasião dos s. ri fi los; p r as bluc;õ


s, h 1 vin
ocupam Gabaon , ar o d liança está em J eru­ um grande t�nque de bronze chamado
Mar d
e
salém, na sua t n p.t:Ovls rio. S' m I O 13 antes bronze, imitando as piscinas de Suz a; fina
lmente,
de J esu Cristo, durant o r in do d Salomão, se o soberano instalara-se, assim como a rain
ha, ao
iniciam, conforme o que dissera o profeta Natan, lado do seu Deu s.
os trabalhos do primeiro Templo.
Salomão não tinha qualquer possibilidade de
edificar, por si só, um monumento sumptuoso. Pos­ A obra , tal com o assim foi realizada por Salo
­
suía ouro, gado, colheitas e orgulho; não tinha mão, era grandiosa, embora tivesse de ser,
um dia,
nem materiais apropriados nem operários hábeis ultrapassada. Há que notar nada ter de arbi
trário
nem a menor noção de arte. Recorreu aos tírios, a sua geometria, a qual se harmonizava
com a
que dispunham de tudo quanto era necessário e, simbólica dos números, que, no Egi pto, se
juntava
nas suas concepções arquitectónicas e decorativas, à simbólica das formas e das palavras. As
dimen­
combinavam a arte do Egipto com a da Assíria. sões adoptadas para as diversas partes eram
como
Em sete anos (1 006- 1O 13 ) , a. casa de Yahveh elementos de problemas aritméticos cujo conj
unto
ficou pronta. Compunha-se essencialmente, como representava a solução.
todos os templos egípcios, de um Vestíbulo ou O corte transversal do edifício baseava-se
no
pilone, de um primeiro recinto sagrado, o Santo, triângulo equilátero e o seu corte longitudinal
no
e de um reduto ainda mais sagrado, inacessível, triân gulo rectângulo «perfeito», o mais belo
de
excepto uma vez por ano e somente para o magno todos no dize r de Platão, aqu ele cujo s três
lados
sacerdote: o Santo dos Santos. Um certo número são representados pelos números 3, 4 e 5.
de câmara. s acessórias destinavam-se aos serviços Quanto à decoração, era feita de silhares es-

52 53
n""ncia" fonte, árvore digna de nota, etc. - mas a do culto, e, a toda a voltn , 1 um 1 rta
distânc ia,
instalação não revestia qualquer carácter arqui­ devia campear um con j u nt o d1 p •·t·l os
hipostilos
tectónico. O altar é uma etapa a caminho do que só foram acabad . 111t11t'o 111 11. t· 11• I .
edifício. Sob o Ha ra m ,o; 1l 111011 l 1no, fluh 1111"'
avado
No momento m que David prepara a eira de cisternas para S •t• 'Jll utlllz 1du. J fo p HO•, ti por
Ornan, o Tab rná ul e o altar dos holocaustos

ocasião dos s. ri fi los; p r as bluc;õ


s, h 1 vin
ocupam Gabaon , ar o d liança está em J eru­ um grande t�nque de bronze chamado
Mar d
e
salém, na sua t n p.t:Ovls rio. S' m I O 13 antes bronze, imitando as piscinas de Suz a; fina
lmente,
de J esu Cristo, durant o r in do d Salomão, se o soberano instalara-se, assim como a rain
ha, ao
iniciam, conforme o que dissera o profeta Natan, lado do seu Deu s.
os trabalhos do primeiro Templo.
Salomão não tinha qualquer possibilidade de
edificar, por si só, um monumento sumptuoso. Pos­ A obra , tal com o assim foi realizada por Salo
­
suía ouro, gado, colheitas e orgulho; não tinha mão, era grandiosa, embora tivesse de ser,
um dia,
nem materiais apropriados nem operários hábeis ultrapassada. Há que notar nada ter de arbi
trário
nem a menor noção de arte. Recorreu aos tírios, a sua geometria, a qual se harmonizava
com a
que dispunham de tudo quanto era necessário e, simbólica dos números, que, no Egi pto, se
juntava
nas suas concepções arquitectónicas e decorativas, à simbólica das formas e das palavras. As
dimen­
combinavam a arte do Egipto com a da Assíria. sões adoptadas para as diversas partes eram
como
Em sete anos (1 006- 1O 13 ) , a. casa de Yahveh elementos de problemas aritméticos cujo conj
unto
ficou pronta. Compunha-se essencialmente, como representava a solução.
todos os templos egípcios, de um Vestíbulo ou O corte transversal do edifício baseava-se
no
pilone, de um primeiro recinto sagrado, o Santo, triângulo equilátero e o seu corte longitudinal
no
e de um reduto ainda mais sagrado, inacessível, triân gulo rectângulo «perfeito», o mais belo
de
excepto uma vez por ano e somente para o magno todos no dize r de Platão, aqu ele cujo s três
lados
sacerdote: o Santo dos Santos. Um certo número são representados pelos números 3, 4 e 5.
de câmara. s acessórias destinavam-se aos serviços Quanto à decoração, era feita de silhares es-

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cu lpidos com aplicações de lâminas de ouro, se� ur as à libertação de Jerus 1 l m por Ciro. A re�
gundo o uso babilónico, de revestimentos de cedro · nstrução, em menores pr·op n; 1-1, mbora sobre
e de cipreste espalhados por toda a parte, até os primitivos alicerces, xJuiu vlnl't' 1 1 1 li (536�5 1 6 )
mesmo sobre as lajes do chão, por tecidos preciosos e as muralhas só pud '1'1.1 11\ s ·r r· •qptld s por
e por mobiliário sagrado, quase todo de ouro: Neemias, em 445.
mesas . para as ( r ndas, candelabros e queru� O destino do Templo em nada s m ifJ ora
bins com as sas ·st ndidas, feitos de talha dou� quando Pompeu tomou Jerusalém, e Herod s,
rada, etc. vindo após ele, aí se instalou. O sanguinário usur�
pador tinha tanta necessidade de perdão que pro�
curava, por todas as maneiras, atrair as simpatias
Este edifício durou, sem alterações de qual� do povo judeu e principalmente da casta sacer�
quer espécie, um pouco mais de quatro séculos. dotai. Amontoou, durante três anos, os materiais
israelita tinha nele um orgulho mais alto do que necessários; aprovou um projecto em que as anti�
. gas disposições e, por consequência, o próprio
podemos suspeitar; via�o como «a alegria de toda
a terra», e, ao orgulho nacional vinha juntar�se, estilo, eram respeitados, mas em que predominava,
na gente mais piedosa, a doçura de ver o seu Deus no conjunto, a técnica grec�romana.
assim glorificado. Era vulgar confundirem, de bom Quando tudo ficou preparado, Herodes meteu
grado, o seu amor ao Templo com a sua aspi� mãos à obra. Na construção empregaram� se dez
ração ao próprio Deus : «Que as tuas moradas mil operários, sob a direcção de mil sacerdotes, os
sejam amáveis, ó Yahveh; a minha alma esgota�se únicos a quem era permitido trabalhar no Santo
suspirando pelos átrios de Yahveh; o meu coração e no Santo dos Santos. Decorridos dezoito meses,
, e a minha carne estremecem a caminho do Deu� o Naos estava terminado e foi consagrado; nos oito
vivo». (Salmo LXXXIII, 2 ) . anos seguintes, trabalhou�se nos átrios e nos pór�
Em 588 ant�s da nossa era , Nabucodonosor, ticos; os trabalhos acessórios prolongaram�se até
rei da Caldeia, veio, porém, destruir e profanar ao tempo de Agripa, no ano 64 depois de J esus
esta maravilha, cujas ruínas puderam ser erguidas, Cristo, isto é, até ao limiar da ruína completa.
cinquenta e dois anos mais tarde, por Zorobabel,

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cu lpidos com aplicações de lâminas de ouro, se� ur as à libertação de Jerus 1 l m por Ciro. A re�
gundo o uso babilónico, de revestimentos de cedro · nstrução, em menores pr·op n; 1-1, mbora sobre
e de cipreste espalhados por toda a parte, até os primitivos alicerces, xJuiu vlnl't' 1 1 1 li (536�5 1 6 )
mesmo sobre as lajes do chão, por tecidos preciosos e as muralhas só pud '1'1.1 11\ s ·r r· •qptld s por
e por mobiliário sagrado, quase todo de ouro: Neemias, em 445.
mesas . para as ( r ndas, candelabros e queru� O destino do Templo em nada s m ifJ ora
bins com as sas ·st ndidas, feitos de talha dou� quando Pompeu tomou Jerusalém, e Herod s,
rada, etc. vindo após ele, aí se instalou. O sanguinário usur�
pador tinha tanta necessidade de perdão que pro�
curava, por todas as maneiras, atrair as simpatias
Este edifício durou, sem alterações de qual� do povo judeu e principalmente da casta sacer�
quer espécie, um pouco mais de quatro séculos. dotai. Amontoou, durante três anos, os materiais
israelita tinha nele um orgulho mais alto do que necessários; aprovou um projecto em que as anti�
. gas disposições e, por consequência, o próprio
podemos suspeitar; via�o como «a alegria de toda
a terra», e, ao orgulho nacional vinha juntar�se, estilo, eram respeitados, mas em que predominava,
na gente mais piedosa, a doçura de ver o seu Deus no conjunto, a técnica grec�romana.
assim glorificado. Era vulgar confundirem, de bom Quando tudo ficou preparado, Herodes meteu
grado, o seu amor ao Templo com a sua aspi� mãos à obra. Na construção empregaram� se dez
ração ao próprio Deus : «Que as tuas moradas mil operários, sob a direcção de mil sacerdotes, os
sejam amáveis, ó Yahveh; a minha alma esgota�se únicos a quem era permitido trabalhar no Santo
suspirando pelos átrios de Yahveh; o meu coração e no Santo dos Santos. Decorridos dezoito meses,
, e a minha carne estremecem a caminho do Deu� o Naos estava terminado e foi consagrado; nos oito
vivo». (Salmo LXXXIII, 2 ) . anos seguintes, trabalhou�se nos átrios e nos pór�
Em 588 ant�s da nossa era , Nabucodonosor, ticos; os trabalhos acessórios prolongaram�se até
rei da Caldeia, veio, porém, destruir e profanar ao tempo de Agripa, no ano 64 depois de J esus
esta maravilha, cujas ruínas puderam ser erguidas, Cristo, isto é, até ao limiar da ruína completa.
cinquenta e dois anos mais tarde, por Zorobabel,

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O Templo herodiano. no seu conjunto, corres� puri ficar, e maridos inqu i to. v 'III ubmeter
,
as
ponde a uma concepção arquitectural grandiosa: sposas à prova da água de um "'lflll' 1, -quand
o
recintos concêntricos com diferentes pavimentos, os cambista s, os vendilhões de poruh 1, • I. bolo
s
muralhas escalonadas estilizando a montanha, e fazem as suas animadas transacçõ s.
um pilone pont gudo que lembra um másculo
• O crepitar das fogu eira s, as vozes do.Y llllm is
rochedo. e dos homens. o ruído dos passos e o som <.h 1 r•om�
O efeito. fldmirn lo I I ng e sob uma luz ma� betas sagrada s, cruzam todos os recinto t· dns
gní fica, é p r di ioso. nrfrr·nH r bran o das pare� as dependências do Templo. que é como uma pJJ:n
des, orn do d pr t d u ro. pn r' «n ve cinti� de mármore, de carne viva e de sons. Tudo ascend
lante». Ao erguer do sol. o 'P tá ulo, admirado e o verdadeiro alicerce do Templo já não é
o
do Monte das Oliveiras, provoca deslumbramento : Haram ou o Moriah onde assentaram as suas pri�
os telhados dourados, as portas. os ornatos, a meiras pedras, já nem mesmo é Jerusalém ou até
vinha de ouro q� e serpenteia ao longo do pilone, a Palestina: é todo o mundo judeu, · próximo ou
flambejat'n; o orgulho abrasa o coração do pere� disperso, que ali, naquele santuário, encontra
o
grino israelita, que, sem dúvida. murmura o versí� seu cume espiritual . a sua acrópole simultânea�
culo do salmo : «De Sião, beleza perfeita, Deus mente relig iosa , civil. política, económica e inte�
resplandece». (Salmo XLIX, 2 ) . lectual.
Aquela mole reveste�se de vida, que lhe au� Age u dissera do segundo Templo: «A glória
menta a força expressiva , quando multidões vêm desta casa será maior que a primeira» . Herodes
subindo, de todos os lados, por ocasião das festas, acreditou que, por si só, realizara essa parte do
engolfando�se nas portas e invadindo os átrios, ­ augúrio. O profeta acrescentara : «E é neste lugar
quando os sacerdotes oficiam e irculam, os dou� que eu darei a paz». Quanto a isto, J esus é que
tores. em grupos, discutem entr os seus discípulos se encarrega de justificar o orác ulo, e a sua dor
ocasionais ou habituais, o sinédrio delibera. e, sob compra a noss a paz.
os pórticos. bois, ovelhas, cabras, cordeiros apa�
recem, guiados por gente que os vem trazer aos
sacrificadores, - quando os leprosos vêm fazer�se

5'6
57
O Templo herodiano. no seu conjunto, corres� puri ficar, e maridos inqu i to. v 'III ubmeter
,
as
ponde a uma concepção arquitectural grandiosa: sposas à prova da água de um "'lflll' 1, -quand
o
recintos concêntricos com diferentes pavimentos, os cambista s, os vendilhões de poruh 1, • I. bolo
s
muralhas escalonadas estilizando a montanha, e fazem as suas animadas transacçõ s.
um pilone pont gudo que lembra um másculo
• O crepitar das fogu eira s, as vozes do.Y llllm is
rochedo. e dos homens. o ruído dos passos e o som <.h 1 r•om�
O efeito. fldmirn lo I I ng e sob uma luz ma� betas sagrada s, cruzam todos os recinto t· dns
gní fica, é p r di ioso. nrfrr·nH r bran o das pare� as dependências do Templo. que é como uma pJJ:n
des, orn do d pr t d u ro. pn r' «n ve cinti� de mármore, de carne viva e de sons. Tudo ascend
lante». Ao erguer do sol. o 'P tá ulo, admirado e o verdadeiro alicerce do Templo já não é
o
do Monte das Oliveiras, provoca deslumbramento : Haram ou o Moriah onde assentaram as suas pri�
os telhados dourados, as portas. os ornatos, a meiras pedras, já nem mesmo é Jerusalém ou até
vinha de ouro q� e serpenteia ao longo do pilone, a Palestina: é todo o mundo judeu, · próximo ou
flambejat'n; o orgulho abrasa o coração do pere� disperso, que ali, naquele santuário, encontra
o
grino israelita, que, sem dúvida. murmura o versí� seu cume espiritual . a sua acrópole simultânea�
culo do salmo : «De Sião, beleza perfeita, Deus mente relig iosa , civil. política, económica e inte�
resplandece». (Salmo XLIX, 2 ) . lectual.
Aquela mole reveste�se de vida, que lhe au� Age u dissera do segundo Templo: «A glória
menta a força expressiva , quando multidões vêm desta casa será maior que a primeira» . Herodes
subindo, de todos os lados, por ocasião das festas, acreditou que, por si só, realizara essa parte do
engolfando�se nas portas e invadindo os átrios, ­ augúrio. O profeta acrescentara : «E é neste lugar
quando os sacerdotes oficiam e irculam, os dou� que eu darei a paz». Quanto a isto, J esus é que
tores. em grupos, discutem entr os seus discípulos se encarrega de justificar o orác ulo, e a sua dor
ocasionais ou habituais, o sinédrio delibera. e, sob compra a noss a paz.
os pórticos. bois, ovelhas, cabras, cordeiros apa�
recem, guiados por gente que os vem trazer aos
sacrificadores, - quando os leprosos vêm fazer�se

5'6
57
.
*
nunciado; Israel foi adv rl' l I u n n tas vezes os
* *
profetas não repetiram jf• o q ue u m deles disse
,
com feroz energia e r · 1' 1' • u d o 1 u � 1 tiva ima�
sentimen� gero: «Eu quebrar i st 1 ·idmJ · d i. H(' J remias
Não nos cans mos de aprofundar os - como se quebra uma bilha d bllu qtt jú não
sofrer perante
tos que podem n i mar o Senhor a tem concerto», e, ao dizer isto, quebra com vi .l'>n�
recido à sua
o conjunto m n u m n l'. 1 e místico ofe cia, na presença dos anciãos e dos sacerdotes, uma
suprema con t m pln [lo. bilha que trouxera.
fumo do
Jes us a fast a�H I 'HH T mp l ond o No último dia das profecias e na aurora das
r sso am os
incenso ado r d r l indn s • I ·vo , nd
..
realizações, João Baptista, por sua vez, veio dizer:
d uma vida
salmos, onde rito out ror pl n «0 machado está na raiz da árvore».
a, acabam de
misteriosa colhida na sua própria vid Faltava que o próprio J esus advertisse, uma
se enrique�
morrer. Jesus abandona o Templo, que última vez, os prevaricantes e prevenisse os seus
os os recursos
ceu e é poderoso colector de tod discípulos, antes do abalo supremo. Fê�lo com uma
esplendor de
nacionais, mas decaiu do seu antigo solenidade que deve dar ao seu olhar de hoje algo
oso, uma fa�
prece e se tornou um palácio ostent da sua triste grandeza, mas também, julgo eu, um
marmórea é
chada de hipocrisia; a sua brancura ,
pouco da sua doçura . . . Pode alguém irritar�se,
se prodiga�
uma dessas pinturas sup erfi ciais que pode alguém mostrar�se duro perante um conde�
ossos impuros.
lizam aos túmulos e que escondem nado?
discussão, de
Os fariseus fazem dele um campo de
petições, en�
surdas rivalidades , de manhosas com
ar de' trafi�
quanto outros o transformam em lug Lembra�se o episódio recente. Num daqueles
a de ladrões».
cância e de rapina, numa «cavern dias de fatigante discussão que ele ia terminar na
tíbulo do
Além disso, considerado como o ves paz de Betânia, Jesus, ao sair do Templo, é interpe�
verdadeiro templo tal como os tempos em que

ulo s cristãos I do por um dos Doze, que, de repente, presa de


florescia era m o vestíbulo dos séc

Ingénua admiração, diz, apontando o colossal mo�


a sua resistência condena�o . numento: «Mestre, vede que pedras e que constru�
almente pro�
Já há muito o veredicto foi eventu
59
58
.
*
nunciado; Israel foi adv rl' l I u n n tas vezes os
* *
profetas não repetiram jf• o q ue u m deles disse
,
com feroz energia e r · 1' 1' • u d o 1 u � 1 tiva ima�
sentimen� gero: «Eu quebrar i st 1 ·idmJ · d i. H(' J remias
Não nos cans mos de aprofundar os - como se quebra uma bilha d bllu qtt jú não
sofrer perante
tos que podem n i mar o Senhor a tem concerto», e, ao dizer isto, quebra com vi .l'>n�
recido à sua
o conjunto m n u m n l'. 1 e místico ofe cia, na presença dos anciãos e dos sacerdotes, uma
suprema con t m pln [lo. bilha que trouxera.
fumo do
Jes us a fast a�H I 'HH T mp l ond o No último dia das profecias e na aurora das
r sso am os
incenso ado r d r l indn s • I ·vo , nd
..
realizações, João Baptista, por sua vez, veio dizer:
d uma vida
salmos, onde rito out ror pl n «0 machado está na raiz da árvore».
a, acabam de
misteriosa colhida na sua própria vid Faltava que o próprio J esus advertisse, uma
se enrique�
morrer. Jesus abandona o Templo, que última vez, os prevaricantes e prevenisse os seus
os os recursos
ceu e é poderoso colector de tod discípulos, antes do abalo supremo. Fê�lo com uma
esplendor de
nacionais, mas decaiu do seu antigo solenidade que deve dar ao seu olhar de hoje algo
oso, uma fa�
prece e se tornou um palácio ostent da sua triste grandeza, mas também, julgo eu, um
marmórea é
chada de hipocrisia; a sua brancura ,
pouco da sua doçura . . . Pode alguém irritar�se,
se prodiga�
uma dessas pinturas sup erfi ciais que pode alguém mostrar�se duro perante um conde�
ossos impuros.
lizam aos túmulos e que escondem nado?
discussão, de
Os fariseus fazem dele um campo de
petições, en�
surdas rivalidades , de manhosas com
ar de' trafi�
quanto outros o transformam em lug Lembra�se o episódio recente. Num daqueles
a de ladrões».
cância e de rapina, numa «cavern dias de fatigante discussão que ele ia terminar na
tíbulo do
Além disso, considerado como o ves paz de Betânia, Jesus, ao sair do Templo, é interpe�
verdadeiro templo tal como os tempos em que

ulo s cristãos I do por um dos Doze, que, de repente, presa de


florescia era m o vestíbulo dos séc

Ingénua admiração, diz, apontando o colossal mo�


a sua resistência condena�o . numento: «Mestre, vede que pedras e que constru�
almente pro�
Já há muito o veredicto foi eventu
59
58
çõ f» Jesus responde': «Tu vês todas essás coisas: Jl ração sem que todas ·si 1 s ·ois I S aconteçam».
delas não ficará pedra sobre pedra que não. seja (Mat ., XXIV, 34 ) . Dali fi m • n o. ll · 1 1 1 u· rita anos,
a espa,d a nua que Dav id v l t 1 n 1. 111
derribada» . (Marc., XIII, 1 ) . o. lo njo, na
Um silêncio fulminante pareceu seguir�se a eira de Ornan, no mom · n t •m q u • . o11111 1vn aplà�
tais palavras. Os z estão estupe factos . O grupo
ca� a cólera de Yahv h n s t nli n l � J b · u u 1 t· m pl o,
desce para o vnlc do :.dron e, em seguida. sobe va1 trab alha r e ameaçar, com seus terri veb )Oip
,
a encosta d a s l ivrlrn H, H ·m proferir palavra. Che� tudo o que, na cidade rebelde, tem vida e forma.
gado a l m , ) l'Hll. 1 <' 1' · m;- H ; v 1t �s manda
. M �os judia s a ajudarão. Os primeiros ataques
sentar os s u s . , a i , m f n c l n m I ' d p dra apa�
·
terao lugar por ocasião da guerra civil entre Eleá�
rentemente eterna . {ast nd o v u d glória que zaro, João de Giscala e os Idumeus de Simão. Os
0 poente lança sobre Jerusa lém como
promessa romanos só depois sobrevirão, mas, nesse monte,
enganadora. e a auréola que oferece ao Templo, tudo, então, será minado; o fogo e a picareta con�
a destacar�se no horizonte luminoso. pronuncia o seguirão vencer os alicerces inabaláveis, e quando
discurso final : «Tomai cuidado de que não vos Juliã o, o Apóstata, tentará reerguê�los, o seu es�
seduzam . . . ». (Marc ., XIII, 1 5 ) . forço só conseguirá realizar mais literalmente o
Esse discurso é circunstanciado; nele se vêem que J esus dissera : «De tudo isto não ficará pedra
os indícios da aproximação do drama, as peripé� sobre pedra» .
cias deste e a sua conclusão. Os sinais , os factos, Oh! com quanta melancolia J esus deve deter
as consequências, nada lá falta, e o conteúdo da 9· seu último olhar sobre aque le
espaço animado
profecia é tão temível que pode servir de símbolo e florescente, aquela cidade buliç osa, aqueles pór�
e dar ensej o à descrição, por Jesus , de um cata� ticos e torres de tão nobre maje stade ! Vê 0 dia
clismo mais amplo e ainda mais decisivo, - o do em que o deserto invadirá a esplanada, a planície
fim dos tempos. e as duas altas colinas sobre que se desdobra a
Quando este último acontecimento terá lugar , cidad e, - em que tudo o que brilha agora mais
isso ningu ém o sabe, «nem mesmo o Filho do não será que um imenso abandono ainda visível,
Homem» . (Mat ., XXIV, 36 ) ; mas a queda de J eru� - em que tudo quanto resta de Sião, lá �o longe .
salém e do Templo não tardará : «Não passará esta por detrás da basílica orgul hosa, dará a impres�

60 61
çõ f» Jesus responde': «Tu vês todas essás coisas: Jl ração sem que todas ·si 1 s ·ois I S aconteçam».
delas não ficará pedra sobre pedra que não. seja (Mat ., XXIV, 34 ) . Dali fi m • n o. ll · 1 1 1 u· rita anos,
a espa,d a nua que Dav id v l t 1 n 1. 111
derribada» . (Marc., XIII, 1 ) . o. lo njo, na
Um silêncio fulminante pareceu seguir�se a eira de Ornan, no mom · n t •m q u • . o11111 1vn aplà�
tais palavras. Os z estão estupe factos . O grupo
ca� a cólera de Yahv h n s t nli n l � J b · u u 1 t· m pl o,
desce para o vnlc do :.dron e, em seguida. sobe va1 trab alha r e ameaçar, com seus terri veb )Oip
,
a encosta d a s l ivrlrn H, H ·m proferir palavra. Che� tudo o que, na cidade rebelde, tem vida e forma.
gado a l m , ) l'Hll. 1 <' 1' · m;- H ; v 1t �s manda
. M �os judia s a ajudarão. Os primeiros ataques
sentar os s u s . , a i , m f n c l n m I ' d p dra apa�
·
terao lugar por ocasião da guerra civil entre Eleá�
rentemente eterna . {ast nd o v u d glória que zaro, João de Giscala e os Idumeus de Simão. Os
0 poente lança sobre Jerusa lém como
promessa romanos só depois sobrevirão, mas, nesse monte,
enganadora. e a auréola que oferece ao Templo, tudo, então, será minado; o fogo e a picareta con�
a destacar�se no horizonte luminoso. pronuncia o seguirão vencer os alicerces inabaláveis, e quando
discurso final : «Tomai cuidado de que não vos Juliã o, o Apóstata, tentará reerguê�los, o seu es�
seduzam . . . ». (Marc ., XIII, 1 5 ) . forço só conseguirá realizar mais literalmente o
Esse discurso é circunstanciado; nele se vêem que J esus dissera : «De tudo isto não ficará pedra
os indícios da aproximação do drama, as peripé� sobre pedra» .
cias deste e a sua conclusão. Os sinais , os factos, Oh! com quanta melancolia J esus deve deter
as consequências, nada lá falta, e o conteúdo da 9· seu último olhar sobre aque le
espaço animado
profecia é tão temível que pode servir de símbolo e florescente, aquela cidade buliç osa, aqueles pór�
e dar ensej o à descrição, por Jesus , de um cata� ticos e torres de tão nobre maje stade ! Vê 0 dia
clismo mais amplo e ainda mais decisivo, - o do em que o deserto invadirá a esplanada, a planície
fim dos tempos. e as duas altas colinas sobre que se desdobra a
Quando este último acontecimento terá lugar , cidad e, - em que tudo o que brilha agora mais
isso ningu ém o sabe, «nem mesmo o Filho do não será que um imenso abandono ainda visível,
Homem» . (Mat ., XXIV, 36 ) ; mas a queda de J eru� - em que tudo quanto resta de Sião, lá �o longe .
salém e do Templo não tardará : «Não passará esta por detrás da basílica orgul hosa, dará a impres�

60 61
são de uma cidade revolvida, cujo solo emerge orno uma altiva proibjç íio : J , J jdo a Israel
.

e cuja vida se enterra. Nada mais do que gru� adorar ali, onde atraiçoou !
tas e covas de sepulcros, e silêncio, e cinzas, e Israel ver�se-á r d u zl d o 1 vll· c: hor r e sal­
mear, roçando-se n u ns , ·�:�toH du m u n t lh 1 xterior;
aquele apagar d vestígios que é a morte das .

ruínas. o «muro das lamentaçõ S» s rá a S U ' ns lnção


«Eu olhei a t rra: sta va vazia; os céus: esta�
e o estrangeiro rirá ao contem plar esse basf·or�
dado resto de Sião, outrora a santa Sião!
vam sem luz. lh i s mon te e vi�os tremer, e
tod,os os out ir s strcm dmn . Eu lhei: já não Entretanto, o Crucificado, que hoje contempla
havia hom ns toda 1 l l V d
. u' fu g ira Eu olhei:
. .
com olhos injectados de sangue , que todo estre­
o campo, um deserto/ toda as cidades destruída s mece, que, por vezes, parece ceder à dor e deixar
por Yahveh, ao sopro da sua ardente cólera!» a noite invadir-lhe a alma, e, logo em seguida ,
Ger., IV, 23�26 ) . de novo olha ardentemente, - esse suplicia do terá
Acontecerá a J erusalém o mesmo que a Hai, ido sempre crescendo. A Árvore plantada no
no tempo de Josué, reduzida a um eterno sepulcro. humild e outeiro terá mergulhado as raízes no cora­
O vale que se cava sob o Templo será, cada vez ção da terra; os seus ramos invadirão o céu, e uma
mais, «a grande região da morte». (J er., XXXI, 40 ) . grandeza espiritual benéfica para todo o universo
./ O próprio Templo mais não será que um grande · virá ocupar o lugar arrebatado às grandezas pas�
túmulo sitiado por outros túmulos que irão alar� sageiras e prevaricantes, às culposas grandezas
gando seus círculos até cobrir, depois de os ter carnais.
escalado, os outeiros vizinhos. Revessa de túmulos, Jesus é a pedra angular de um Templo novo,
vagas de morte, tempestade de cinza . . . que não é feito por mão de homem. «A pedra que
Todo o ruído dos átrios se calará; todo esse os construtores rejeitaram vai tornar�se pedra fun�
tumultuoso movimento mais não será que paz damental do ângulo» . (Actos, IV, 1 1 ) , e «ninguém
podre; a erva indisciplinada brotará entre lajes pode doravan te pôr outro alicerce senão aquele que
gastas, no lugar do Santo dos Santos. Sobran:.. foi posto, que é Jesus Cristo». (I Cor., m, 1 1 ) .
ceiro à rocha onde campeia o altar dos holocaustos,
um zimbório muçulmano virá um dia pousar�se

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são de uma cidade revolvida, cujo solo emerge orno uma altiva proibjç íio : J , J jdo a Israel
.

e cuja vida se enterra. Nada mais do que gru� adorar ali, onde atraiçoou !
tas e covas de sepulcros, e silêncio, e cinzas, e Israel ver�se-á r d u zl d o 1 vll· c: hor r e sal­
mear, roçando-se n u ns , ·�:�toH du m u n t lh 1 xterior;
aquele apagar d vestígios que é a morte das .

ruínas. o «muro das lamentaçõ S» s rá a S U ' ns lnção


«Eu olhei a t rra: sta va vazia; os céus: esta�
e o estrangeiro rirá ao contem plar esse basf·or�
dado resto de Sião, outrora a santa Sião!
vam sem luz. lh i s mon te e vi�os tremer, e
tod,os os out ir s strcm dmn . Eu lhei: já não Entretanto, o Crucificado, que hoje contempla
havia hom ns toda 1 l l V d
. u' fu g ira Eu olhei:
. .
com olhos injectados de sangue , que todo estre­
o campo, um deserto/ toda as cidades destruída s mece, que, por vezes, parece ceder à dor e deixar
por Yahveh, ao sopro da sua ardente cólera!» a noite invadir-lhe a alma, e, logo em seguida ,
Ger., IV, 23�26 ) . de novo olha ardentemente, - esse suplicia do terá
Acontecerá a J erusalém o mesmo que a Hai, ido sempre crescendo. A Árvore plantada no
no tempo de Josué, reduzida a um eterno sepulcro. humild e outeiro terá mergulhado as raízes no cora­
O vale que se cava sob o Templo será, cada vez ção da terra; os seus ramos invadirão o céu, e uma
mais, «a grande região da morte». (J er., XXXI, 40 ) . grandeza espiritual benéfica para todo o universo
./ O próprio Templo mais não será que um grande · virá ocupar o lugar arrebatado às grandezas pas�
túmulo sitiado por outros túmulos que irão alar� sageiras e prevaricantes, às culposas grandezas
gando seus círculos até cobrir, depois de os ter carnais.
escalado, os outeiros vizinhos. Revessa de túmulos, Jesus é a pedra angular de um Templo novo,
vagas de morte, tempestade de cinza . . . que não é feito por mão de homem. «A pedra que
Todo o ruído dos átrios se calará; todo esse os construtores rejeitaram vai tornar�se pedra fun�
tumultuoso movimento mais não será que paz damental do ângulo» . (Actos, IV, 1 1 ) , e «ninguém
podre; a erva indisciplinada brotará entre lajes pode doravan te pôr outro alicerce senão aquele que
gastas, no lugar do Santo dos Santos. Sobran:.. foi posto, que é Jesus Cristo». (I Cor., m, 1 1 ) .
ceiro à rocha onde campeia o altar dos holocaustos,
um zimbório muçulmano virá um dia pousar�se

62
Capítulo IV

O CENACULO

« J
ESUS, SABENDO QUE A SUA HOR.A
de passar deste mundo a seu Pai, era vinda para
ele que amara os seus que estavam no mundo,
amou--os até ao fim». (João. xm. 1 ) . Este enterne-- ·

· cedor e sublime prelúdio é o que convém sempre


que se fala das cenas de Quinta--Feira Santa e das
que a coincidência de lugar com elas relaciona.
Este «fim» do amor teve por teatro o que cha-­
mamos o Cenáculo, isto é, uma alta sala do monte
Sião, situada, em relação à cruz. absolutamente a
sul. à extrema direita de Jesus. a uma distância
de 790 metros . .

No seu primeiro alvorecer. a tradição cristã

5
65
atribui aos discípulos a poss da casa onde tive� Deverei ainda argum n t 1 I' c m um
a conside�
ram lugar a instituição eucarísti o e o Pentecostes. ração de euritmia reli gi s1 1 7 ( l u n u·
d instituição
Houve, a bem dizer, quem tivesse dúvidas eucarística deve ser o m . 1110 I 1 I
, ·J I do Espí�
sobre se os dois acontecimentos s · desenrolaram rito, porque, no fun d , 1 m sm JM 1 . Hã dois
no mesmo cenário. A dúvida era 1 itima, por� sacramentos, mas um só f ito :
r .spi rD-s , por
quanto a narrativa evangélica não nnda explí� duas vez es, a mesma atmosfera. A
carne o .snn ­
cita Mas não bastará que tal narrativn p rmita a gue de Cri sto só vivificam dando�nos
o Seu Espi·
identificação pa1· q u invenciv lm nl' s jamos rito (a carne não serve de nada) e o
Espírito vivi�
inclinados a cr r q u foi a s im 7 fica os que se encorporam em J esu s
conforme ele
A Páscoa é celebrada por Jesus e pelos seus quis, na unidade mística que é o frut
·
o da sua
numa casa onde estão como na sua. Convidados Páscoa.
perpétuos, podem nela aparecer a qualquer hora Se nos colocarmos num ponto de vist
a colec�
e com segurança. Não devem ter muitas casas tivo, uma conformidade do mesmo gén
ero foi posta
dessa espécie em Jerusalém. Aquele que não tem em relevo pela Didascália dos Apósto
los. «Assim
onde repousar a cabeça não corre de morada para como - diz ela - nessa alta câmara
tinha come�
morada. Para mais, uma vez testemunha das supre� çado o mistério do corpo e do san gue
de Nosso
mas efusões e da mais misteriosa instituição que Senhor para reinar no mundo, assim
a doutrina
tem visto o mundo, essa casa deve. exercer um sin� da sua prédica começou nesse luga r a
dominar no
guiar poder de atracção. mundo».
Não se vê bem Jesus a dispersar de propósito,
*
com risco de as enfraquecer, manifestações cuja
* *
viva impressão tinha empenho em deixar. Ser aqui
a refeição de adeus e ali a do reconhecimento pós�
turno; aqui. a promessa do Espírito, e ali, a sua Eis , portanto, ali, à longínqua direita do
patí�
chegada, quando se está, como em casa própria, bulo , esse cume espiritual a cujo s pés o
mundo vai
na primeira morada e se deixou esta impregnar�se d ispor�se como as tendas de Israel sob
o céu , no
de tão poderosos eflúvios . . . Não faz sentido. t mpo do maná. O Cenáculo é, na
verdade, para

66
67
atribui aos discípulos a poss da casa onde tive� Deverei ainda argum n t 1 I' c m um
a conside�
ram lugar a instituição eucarísti o e o Pentecostes. ração de euritmia reli gi s1 1 7 ( l u n u·
d instituição
Houve, a bem dizer, quem tivesse dúvidas eucarística deve ser o m . 1110 I 1 I
, ·J I do Espí�
sobre se os dois acontecimentos s · desenrolaram rito, porque, no fun d , 1 m sm JM 1 . Hã dois
no mesmo cenário. A dúvida era 1 itima, por� sacramentos, mas um só f ito :
r .spi rD-s , por
quanto a narrativa evangélica não nnda explí� duas vez es, a mesma atmosfera. A
carne o .snn ­
cita Mas não bastará que tal narrativn p rmita a gue de Cri sto só vivificam dando�nos
o Seu Espi·
identificação pa1· q u invenciv lm nl' s jamos rito (a carne não serve de nada) e o
Espírito vivi�
inclinados a cr r q u foi a s im 7 fica os que se encorporam em J esu s
conforme ele
A Páscoa é celebrada por Jesus e pelos seus quis, na unidade mística que é o frut
·
o da sua
numa casa onde estão como na sua. Convidados Páscoa.
perpétuos, podem nela aparecer a qualquer hora Se nos colocarmos num ponto de vist
a colec�
e com segurança. Não devem ter muitas casas tivo, uma conformidade do mesmo gén
ero foi posta
dessa espécie em Jerusalém. Aquele que não tem em relevo pela Didascália dos Apósto
los. «Assim
onde repousar a cabeça não corre de morada para como - diz ela - nessa alta câmara
tinha come�
morada. Para mais, uma vez testemunha das supre� çado o mistério do corpo e do san gue
de Nosso
mas efusões e da mais misteriosa instituição que Senhor para reinar no mundo, assim
a doutrina
tem visto o mundo, essa casa deve. exercer um sin� da sua prédica começou nesse luga r a
dominar no
guiar poder de atracção. mundo».
Não se vê bem Jesus a dispersar de propósito,
*
com risco de as enfraquecer, manifestações cuja
* *
viva impressão tinha empenho em deixar. Ser aqui
a refeição de adeus e ali a do reconhecimento pós�
turno; aqui. a promessa do Espírito, e ali, a sua Eis , portanto, ali, à longínqua direita do
patí�
chegada, quando se está, como em casa própria, bulo , esse cume espiritual a cujo s pés o
mundo vai
na primeira morada e se deixou esta impregnar�se d ispor�se como as tendas de Israel sob
o céu , no
de tão poderosos eflúvios . . . Não faz sentido. t mpo do maná. O Cenáculo é, na
verdade, para

66
67
Jesus, a Betlém da sua obra, que se segue à do mpre. Disp õe livrem n t· d (• I rr· prio, quando
I

nascimento; é a segunda «Casa do pão». já, aparentemente, caiu 1 1 1 1 1'111 t d i l h 1 de Juda


s.
Aí foi posta ontem à noite, a mesa universal ; Dirig e não só o seu snr rl f r o I' 1 'OIIH'I llOl'OÇão que
daí partirá, dentro d e poucos dias, o influência do
Espírito que tudo faz mover. O pr digio sec;reto por cada fiel dura nt todos
.
dele se fará, como n pll l't · p 1 e d l• lt• • r· 1 t· mada
t •m1 s .
de Quinta�Feira Santa terá sido o in ntivo de Há ali como que dois conselhos ind p nd n t: .s ,
pr ígios visív is, mas quem sabe se
· · R gredo mas, na verdade, um domina o outro e esse um não
não continuará s ndo a sua mais efi az virtude? é o de Caifá s; há dois plano s, e o plano de Deus
Não é por int rm •d i do ore çã h umnn q u tudo não é importunado pelo plano dos homens, que
vem de Deus? aceita como instrumento; os homens servem�no e
Enquanto sofre, Jesus não tem que inquietar�se é por isso que, diz São Leão, Jesus não afasta
pela sorte da sua Igreja; tudo foi disposto lá no Judas do Cenáculo; coloca tudo diante dele e dei�
alto; tudo aí se dispõe ainda; o pão do futuro está xa�o organizar a sua própria malfeitoria. Que dia
pronto; línguas de chamas minam obscuramente aquele, quanto à transcendência da acção divina
sob .a s abóbadas; o vento retém�se para não soprar; e aos desígnios da Providência!
pés animosamente se preparam para correr o Há quem tenha perguntado a si próprio por que
mundo, - corações para o abrasar. Quantas for� motivo Jesus, em demanda de local para comer a
ças poderosas, em volta da cruz! Páscoa, não procedeu a essa cerimónia em casa
Se alguma coisa é flagrante na Paixão, é a de Lázaro, onde, nesses dias, estava instalado.
interferência de duas correntes de acontecimentos, Mas a Páscoa devia comer�se na cidade. Dos con�
das quais uma acciona o presente e o impele para fins do mundo judeu acorria�se, para esse fim, a
o lúgubre desenlace, ao passo que a outra prepara Jerusalém. Conviria que J esus e os seus parecessem
o futuro e espalha no universo espirituaL sementes recusar um módico esforço para se conformar com
de vida perpétua. ' os antigos usos?
Enquanto no átrio de Caifás e no Sinédrio se Além disso, Jesus meditava uma suprema lição,
interrogam acerca da maneira de matar Cristo, a o seu testamento : não parecia oportuna a inter�
dois passos daí, Cristo encontra a maneira de viver venção de estranhos, embora tão íntimos como
(
68 69
Jesus, a Betlém da sua obra, que se segue à do mpre. Disp õe livrem n t· d (• I rr· prio, quando
I

nascimento; é a segunda «Casa do pão». já, aparentemente, caiu 1 1 1 1 1'111 t d i l h 1 de Juda


s.
Aí foi posta ontem à noite, a mesa universal ; Dirig e não só o seu snr rl f r o I' 1 'OIIH'I llOl'OÇão que
daí partirá, dentro d e poucos dias, o influência do
Espírito que tudo faz mover. O pr digio sec;reto por cada fiel dura nt todos
.
dele se fará, como n pll l't · p 1 e d l• lt• • r· 1 t· mada
t •m1 s .
de Quinta�Feira Santa terá sido o in ntivo de Há ali como que dois conselhos ind p nd n t: .s ,
pr ígios visív is, mas quem sabe se
· · R gredo mas, na verdade, um domina o outro e esse um não
não continuará s ndo a sua mais efi az virtude? é o de Caifá s; há dois plano s, e o plano de Deus
Não é por int rm •d i do ore çã h umnn q u tudo não é importunado pelo plano dos homens, que
vem de Deus? aceita como instrumento; os homens servem�no e
Enquanto sofre, Jesus não tem que inquietar�se é por isso que, diz São Leão, Jesus não afasta
pela sorte da sua Igreja; tudo foi disposto lá no Judas do Cenáculo; coloca tudo diante dele e dei�
alto; tudo aí se dispõe ainda; o pão do futuro está xa�o organizar a sua própria malfeitoria. Que dia
pronto; línguas de chamas minam obscuramente aquele, quanto à transcendência da acção divina
sob .a s abóbadas; o vento retém�se para não soprar; e aos desígnios da Providência!
pés animosamente se preparam para correr o Há quem tenha perguntado a si próprio por que
mundo, - corações para o abrasar. Quantas for� motivo Jesus, em demanda de local para comer a
ças poderosas, em volta da cruz! Páscoa, não procedeu a essa cerimónia em casa
Se alguma coisa é flagrante na Paixão, é a de Lázaro, onde, nesses dias, estava instalado.
interferência de duas correntes de acontecimentos, Mas a Páscoa devia comer�se na cidade. Dos con�
das quais uma acciona o presente e o impele para fins do mundo judeu acorria�se, para esse fim, a
o lúgubre desenlace, ao passo que a outra prepara Jerusalém. Conviria que J esus e os seus parecessem
o futuro e espalha no universo espirituaL sementes recusar um módico esforço para se conformar com
de vida perpétua. ' os antigos usos?
Enquanto no átrio de Caifás e no Sinédrio se Além disso, Jesus meditava uma suprema lição,
interrogam acerca da maneira de matar Cristo, a o seu testamento : não parecia oportuna a inter�
dois passos daí, Cristo encontra a maneira de viver venção de estranhos, embora tão íntimos como
(
68 69
eram Madalena, Marta e Lázaro. Se, um dia, no vi J ntes e as visitas sã , l rn l l'ld s. Na frase .Se-
uinte, Jesus chama-lh 1 1 1 1 1 1 c · 111 l f'll dta (tX1111joctov) ;
decurso da- sua prédica, a quem lhe falava da sua
a propósito das aparlç( . ,.,
d J u. r· R uscitado
mãe e de seus irmãos, ele dissera, mostrando os
designá-lo-ão por utr sul . t 1 11 t i v w g , mas l
seus discípulos : «Eis a minha mãe e os meus ir­
mãos», esse sentim nto de família espiritual era, que tem o mesmo s ntido (��tapwo1J.). T ·a tn-. ( s mpre
dessa vez, b m mais p r· mente. O estabelecimento da parte alta de uma casa, que serve à f mi l io nas
do sacrifício d n vo H. r·d ' cio, a intimação do grandes circunstâncias, mas que é especialmente
novo pr c it , a pr· m 'liHi l d
• n Ji rmnçã.o da Igreja
·
reservada aos hóspedes. É o quarto de honra. Tem,
p ·1 vinda do -< � pi d t m; hr:-� ·s H u pr méls, tudo
,
muitas vezes, acesso pelo exterior, para evitar os
exigia intimidade rigorosa , por assim diz r oficial. serviços do rés-do-chão e os quartos íntimos. Pre­
embora simultâneamente terna. Ali, só admite os cede-a, por vezes, um terraço, sobre o qual abrem
que associou à sua obra, os seus amigos no sentido amplas portas ou janelas, a menos que estas não
ritual, os . pregadores e os bispos de amanhã. dêem para um pátio interior sem tecto.
A câmara alta da páscoa evangélica era parti­
.
cularll'\ente grande (p.srrx), o que nos confirma a
Jesus envia, pois, dois dos seus, do monte das sua identificação com a do Pentecostes, na qual
Oliveiras, onde então está, à cidade, onde encon­ Pedro poderá arengar a cento e vinte pessoas.
trarão um homem transportando uma bilha cheia Estava mobilada e absolutamente preparada (stotp.oY
aatpwp.svoY), isto é, provida de tapetes, de almofadas
de água. Esse homem reconhecê-los-á, talvez;
em qualque r caso, segui-lo-ão, e ao proprietário e de mesas.
da casa onde .se dirigir, falar&o nestes termos : Quando ] esus d,ita, com tanta precisão, o seu
«0 Mestre disse: Onde está a minha sala, aquela pelo aos dois discípulos, sabe qual será a res-
em que devo comer a páscoa com os meus discí­ posta; contou com uma reconhecida boa vontade,
pulos?» , aliás, é de regra, em J erusalém, considerar-se
O compartimento assim requisitado {MtocÀop.a) omum todo o compartimento que não está ocupado
é a sala de recepção reservad a, em cada casa um u não está para alugar; o primeiro que chega pode,
tanto importante, aos hóspedes, o divan em que os m indiscreção, pedir, aí, alojamento. Compete,
í
70 71
eram Madalena, Marta e Lázaro. Se, um dia, no vi J ntes e as visitas sã , l rn l l'ld s. Na frase .Se-
uinte, Jesus chama-lh 1 1 1 1 1 1 c · 111 l f'll dta (tX1111joctov) ;
decurso da- sua prédica, a quem lhe falava da sua
a propósito das aparlç( . ,.,
d J u. r· R uscitado
mãe e de seus irmãos, ele dissera, mostrando os
designá-lo-ão por utr sul . t 1 11 t i v w g , mas l
seus discípulos : «Eis a minha mãe e os meus ir­
mãos», esse sentim nto de família espiritual era, que tem o mesmo s ntido (��tapwo1J.). T ·a tn-. ( s mpre
dessa vez, b m mais p r· mente. O estabelecimento da parte alta de uma casa, que serve à f mi l io nas
do sacrifício d n vo H. r·d ' cio, a intimação do grandes circunstâncias, mas que é especialmente
novo pr c it , a pr· m 'liHi l d
• n Ji rmnçã.o da Igreja
·
reservada aos hóspedes. É o quarto de honra. Tem,
p ·1 vinda do -< � pi d t m; hr:-� ·s H u pr méls, tudo
,
muitas vezes, acesso pelo exterior, para evitar os
exigia intimidade rigorosa , por assim diz r oficial. serviços do rés-do-chão e os quartos íntimos. Pre­
embora simultâneamente terna. Ali, só admite os cede-a, por vezes, um terraço, sobre o qual abrem
que associou à sua obra, os seus amigos no sentido amplas portas ou janelas, a menos que estas não
ritual, os . pregadores e os bispos de amanhã. dêem para um pátio interior sem tecto.
A câmara alta da páscoa evangélica era parti­
.
cularll'\ente grande (p.srrx), o que nos confirma a
Jesus envia, pois, dois dos seus, do monte das sua identificação com a do Pentecostes, na qual
Oliveiras, onde então está, à cidade, onde encon­ Pedro poderá arengar a cento e vinte pessoas.
trarão um homem transportando uma bilha cheia Estava mobilada e absolutamente preparada (stotp.oY
aatpwp.svoY), isto é, provida de tapetes, de almofadas
de água. Esse homem reconhecê-los-á, talvez;
em qualque r caso, segui-lo-ão, e ao proprietário e de mesas.
da casa onde .se dirigir, falar&o nestes termos : Quando ] esus d,ita, com tanta precisão, o seu
«0 Mestre disse: Onde está a minha sala, aquela pelo aos dois discípulos, sabe qual será a res-
em que devo comer a páscoa com os meus discí­ posta; contou com uma reconhecida boa vontade,
pulos?» , aliás, é de regra, em J erusalém, considerar-se
O compartimento assim requisitado {MtocÀop.a) omum todo o compartimento que não está ocupado
é a sala de recepção reservad a, em cada casa um u não está para alugar; o primeiro que chega pode,
tanto importante, aos hóspedes, o divan em que os m indiscreção, pedir, aí, alojamento. Compete,
í
70 71
,.
bem entendido, ao ocupante, arranjar as provisões ·mo no triclínio, mas niío 1 1 11 ' p rque não se
necessáriás, e é o que Jesus deseja fazer, sem usavam, em geral, no O r i · n t •,
dúvida por delicadeza, e também, provàvelmente,
para que nenhuma intervenção estranha possa
perturbar a compl ta intimidade que espera.
* *

O jud u anti d vi omer a páscoa de pé, Parece bem que a intenção em que estava Jesus
om os riml in�Jicl s , mpunhund u m ba tão, cal ... de, nesse dia, instituir um novo rito, não o dispen­
J çado de sandália ·, a p r ssad t m n t p<. ra melhor
,
sava, em seu pensamento, de cumprir a páscoa
marcar a lembrança da saída do Egipto. Mas na judia. Foi dela que os discípulos falaram e ele não
época de Cristo já não era assim : os rabinos pres... os contradisse; com ela se relacionam os prepara­
creviam a posição vulgar, e é estendendo...se como tivos, que são muito especiais; ele próprio, Jesus,
os senhores, que manifestam a sua liberdade. Os a mencionou, no discurso que ditou para o anfi­
escravos, a quem tal posição é geralmente p�oibida, trião. Não procura, portanto, fugir-lhe e, ainda
.
podem assim estar, nesse dia, em sinal da liber... menos, dela fazer um simulacro; orienta-a somente
dade de Israel. para o futuro, associando-lhe os seus próprios desí­
Coinem, portanto, o cordeiro, deitados em col... gnios. O conjunto da cerimónia que medita é como
chões ou· em tapetes estendidos no chão, com <;> a porta de Efraim : tem duas saídas cujas direc­
cotovelo esquerdo sobre uma almofada, o braço ções se crüzam; o fiel entra, por ela, judeu, e dela
direito livre, os alimentos dispostos numa mesa sai já cristão.
baixa, de tal maneira que cada qual possa fàci}...
mente servir ...se. Efectivamente, não se fazem cir ...
cular os pratos; cada qual tira ou molha o seu Eis Jesus estendido no lugar de honra, como
pão à vontade. «Aquele que mete a mão comigo convém ao Rabi. Os Doze - sem exceptuar Judas
.
no prato . . » dirá, dentro em pouco, Jesus. Seria - estão junto del'e, em volta da mesa. João está
fácil supor que os leitos e as mesas eram altos, encostado a ele, à sua direita - é, entre os judeus,

72 73
,.
bem entendido, ao ocupante, arranjar as provisões ·mo no triclínio, mas niío 1 1 11 ' p rque não se
necessáriás, e é o que Jesus deseja fazer, sem usavam, em geral, no O r i · n t •,
dúvida por delicadeza, e também, provàvelmente,
para que nenhuma intervenção estranha possa
perturbar a compl ta intimidade que espera.
* *

O jud u anti d vi omer a páscoa de pé, Parece bem que a intenção em que estava Jesus
om os riml in�Jicl s , mpunhund u m ba tão, cal ... de, nesse dia, instituir um novo rito, não o dispen­
J çado de sandália ·, a p r ssad t m n t p<. ra melhor
,
sava, em seu pensamento, de cumprir a páscoa
marcar a lembrança da saída do Egipto. Mas na judia. Foi dela que os discípulos falaram e ele não
época de Cristo já não era assim : os rabinos pres... os contradisse; com ela se relacionam os prepara­
creviam a posição vulgar, e é estendendo...se como tivos, que são muito especiais; ele próprio, Jesus,
os senhores, que manifestam a sua liberdade. Os a mencionou, no discurso que ditou para o anfi­
escravos, a quem tal posição é geralmente p�oibida, trião. Não procura, portanto, fugir-lhe e, ainda
.
podem assim estar, nesse dia, em sinal da liber... menos, dela fazer um simulacro; orienta-a somente
dade de Israel. para o futuro, associando-lhe os seus próprios desí­
Coinem, portanto, o cordeiro, deitados em col... gnios. O conjunto da cerimónia que medita é como
chões ou· em tapetes estendidos no chão, com <;> a porta de Efraim : tem duas saídas cujas direc­
cotovelo esquerdo sobre uma almofada, o braço ções se crüzam; o fiel entra, por ela, judeu, e dela
direito livre, os alimentos dispostos numa mesa sai já cristão.
baixa, de tal maneira que cada qual possa fàci}...
mente servir ...se. Efectivamente, não se fazem cir ...
cular os pratos; cada qual tira ou molha o seu Eis Jesus estendido no lugar de honra, como
pão à vontade. «Aquele que mete a mão comigo convém ao Rabi. Os Doze - sem exceptuar Judas
.
no prato . . » dirá, dentro em pouco, Jesus. Seria - estão junto del'e, em volta da mesa. João está
fácil supor que os leitos e as mesas eram altos, encostado a ele, à sua direita - é, entre os judeus,

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o s gundo lugar de honra, depois do que pertence nha mãe e os meus irmã s? I i. 1 s mortos en�
ao chefe do grupo - e em situação de por meio t rrarem os seus · mortos .I >c fir 1 f<
, � tanás, tu
de um simples movimento, repousar a cabeça so� indignas�me». Mas esf·n l lvlo 1 l'l l d t z 1 m is não
bre o peito sagrado. Pedro está ao lado de João, é do que sinal de u m u ult 1 d <:d !c t • o, • , t p nas o
com quem pod rtl fa lar em segredo; Judas não está seu papel o permite , t rnuro r •sstu :g .
longe do seu M s t r c , o quem arrancará uma adver� Agora, ele vai morrer, e a imin�n ia c l o s u
tência igualm nl' s por I ouvida. Ocupará a fim, a vizinhança da separação chamam as exp·t n�
esquerda, lsl' •, pl'lmr I r· lu n r ntre os discí� · sões isentas de reserva; tem necessidade de se
pulos . . . exprimir em toda a sua inteireza, e a afluência de
Je -�s fala e ta n sua primeira frase : «Eu
· pensamentos, a vaga de sentimentos ternos que lhe
desejei com grande desejo comer convosco esta transbordam da alma, procuram uma saída.
páscoa, antes de sofrer». (Luc., XXIII, 1 5 ) . Um sus� «Eu desejei com um grande desejo comer con�
piro de amor é o que se exala do coração de Jesus, vosco esta páscoa». Para ele é a última páscoa;
quando se instala para esse banquete donde espera para o seu povo, também é a última páscoa legí�
tão grandes coisas! Assim ressoa a harpa que se tima. Amanhã, o judaísmo será uma heresia; hoje,
pôs em repouso. O coração do Mestre está cheio ainda é uma revelaÇão . .
de vibrações; é. um coração melodioso e qualquer última páscoa, páscoa vizinha do Reino dos
choque provocado por um novo acontecimento, nele céus, o do tempo que hoje se inicia, o da eter�
faz ressoar a eterna ternura. nidade em que Cristo avança, J esus desejou�te
A habitual gravidade dos seus discursos nem ardentemente! Dela fez uma felicidade; esta noite
sempre permitia a J esus abandonar�se assim. A obra e aquele dia de amanhã em que todos os ofícios
era demasiado urgente. Excesso de enterneci� são tristes, vão, no entanto, abrir�se para uma
·

mento teria amolecido os corações. Jesus sentia missa de alegria.


mesmo, por vezes, a necessidade de reagir, com Oh! que alegria tão complexa ! Que caos de
uma espécie' de violência, contra a natural tendên� sentimentos, que só uma infinita força de vontade
cia afectiva; daí, certas frases que nos chocam : pode associar e conciliar numa harmonia soberana !
«Mulher, que há entre mim e ti?» «Quem são mi� Ao passo que o predominante, em São Lucas,

74 75
o s gundo lugar de honra, depois do que pertence nha mãe e os meus irmã s? I i. 1 s mortos en�
ao chefe do grupo - e em situação de por meio t rrarem os seus · mortos .I >c fir 1 f<
, � tanás, tu
de um simples movimento, repousar a cabeça so� indignas�me». Mas esf·n l lvlo 1 l'l l d t z 1 m is não
bre o peito sagrado. Pedro está ao lado de João, é do que sinal de u m u ult 1 d <:d !c t • o, • , t p nas o
com quem pod rtl fa lar em segredo; Judas não está seu papel o permite , t rnuro r •sstu :g .
longe do seu M s t r c , o quem arrancará uma adver� Agora, ele vai morrer, e a imin�n ia c l o s u
tência igualm nl' s por I ouvida. Ocupará a fim, a vizinhança da separação chamam as exp·t n�
esquerda, lsl' •, pl'lmr I r· lu n r ntre os discí� · sões isentas de reserva; tem necessidade de se
pulos . . . exprimir em toda a sua inteireza, e a afluência de
Je -�s fala e ta n sua primeira frase : «Eu
· pensamentos, a vaga de sentimentos ternos que lhe
desejei com grande desejo comer convosco esta transbordam da alma, procuram uma saída.
páscoa, antes de sofrer». (Luc., XXIII, 1 5 ) . Um sus� «Eu desejei com um grande desejo comer con�
piro de amor é o que se exala do coração de Jesus, vosco esta páscoa». Para ele é a última páscoa;
quando se instala para esse banquete donde espera para o seu povo, também é a última páscoa legí�
tão grandes coisas! Assim ressoa a harpa que se tima. Amanhã, o judaísmo será uma heresia; hoje,
pôs em repouso. O coração do Mestre está cheio ainda é uma revelaÇão . .
de vibrações; é. um coração melodioso e qualquer última páscoa, páscoa vizinha do Reino dos
choque provocado por um novo acontecimento, nele céus, o do tempo que hoje se inicia, o da eter�
faz ressoar a eterna ternura. nidade em que Cristo avança, J esus desejou�te
A habitual gravidade dos seus discursos nem ardentemente! Dela fez uma felicidade; esta noite
sempre permitia a J esus abandonar�se assim. A obra e aquele dia de amanhã em que todos os ofícios
era demasiado urgente. Excesso de enterneci� são tristes, vão, no entanto, abrir�se para uma
·

mento teria amolecido os corações. Jesus sentia missa de alegria.


mesmo, por vezes, a necessidade de reagir, com Oh! que alegria tão complexa ! Que caos de
uma espécie' de violência, contra a natural tendên� sentimentos, que só uma infinita força de vontade
cia afectiva; daí, certas frases que nos chocam : pode associar e conciliar numa harmonia soberana !
«Mulher, que há entre mim e ti?» «Quem são mi� Ao passo que o predominante, em São Lucas,

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parece ser o desejo plenamente satisfeito, os três d via explicar solenement , d ndo ao pedido
·

restantes evangelistas colocam no primeiro plano d criança mais nova, o signJflc d simbólico do
uma impressão de tristeza. A traição está ali; a que se comia : o cordeiro r Ot' I v o r sgate de
sombra da cruz entra pelas arcadas. . . Como pod� Israel e a sua salvação, no mom • rlto m que o
alguém regozijar.. s 7 E como, no entanto, não nos anjo passeava por toda a parte a mort , introdu..
regozijarmos no m m n to em que o amor dá tudo! zindo..a nas casas; a mistura de frutos cozidos,
Jesus s nt ..s J 1 morto e vai estabelecer a com o seu molho arruivado, simulava o almofariz
comemor ção da sun po rtid : «Eu já não estou no
·
de Pithom e de Ramessés, no tempo dos trabalhos
mundo», dirá 1 (João, x v u , 1 1 ) : J sus j à se sente forçados do Egipto; as ervas amargas evocavam
·
vivendo da sua perp· tua vida, cujos frutos dis.. esses velhos sofrimentos, e os ázimos ou pães sem
tribui à turba. Enquanto treme, no tecto da câmara fermento, a pressa como deles se fugira.
alta, a lâmpada da sua última vigília, o seu cora.. Jesus pode adaptar este ensinamento a novas
ção estremece ante o que vai pronunciar e o que ori�ntações. Ele sabe qual é o Cordeiro da verda..
vai fazer. Ele está transbordante de uma mortal deira páscoa, de que escravidão e de que amar..
alegria. · guras ele c;leve libertar.. nos, em que consiste essa
- rápida viagem dos novos israelitas : passagem do
mal para o bem, da escravidão espiritual para a
A Páscoa podia começar após o aparecimento liberdade filial, do reino de Satanás para o reino
as três primeiras estrelas; muitas vezes, começava de Deus na terra e da terra para o céu. Todas
um pouco mais tarde. Seja como for, é já bem de as arengas dessa noite estão disso bem cheias.
noite, com o que nada perdem as expansões. Teve Após a explicação do rito, cantava.. se uma parte
de escolher ..se um cordeiro de um ano, sem mácula, do Halle!, ou Louvor, que se compunha de uma
mandá..lo imolar no Templo, sobre o altar, e o pre.. sequência dos salmos cxn..cxvn, os mais confran..
paro, a cozedura, tiveram de realizar.. se conforme gedores a respeito do Messias e dos seus sofri..
os ritos severos de que o Michna guardou o ves.. mentos, os mais significativos quanto ao papel
tígio. re�ntor e às suas prefigurações na história judia.
No momento da manducação, o pai de família E a taça circulava quatro vezes; os alimentos eram

76 77
parece ser o desejo plenamente satisfeito, os três d via explicar solenement , d ndo ao pedido
·

restantes evangelistas colocam no primeiro plano d criança mais nova, o signJflc d simbólico do
uma impressão de tristeza. A traição está ali; a que se comia : o cordeiro r Ot' I v o r sgate de
sombra da cruz entra pelas arcadas. . . Como pod� Israel e a sua salvação, no mom • rlto m que o
alguém regozijar.. s 7 E como, no entanto, não nos anjo passeava por toda a parte a mort , introdu..
regozijarmos no m m n to em que o amor dá tudo! zindo..a nas casas; a mistura de frutos cozidos,
Jesus s nt ..s J 1 morto e vai estabelecer a com o seu molho arruivado, simulava o almofariz
comemor ção da sun po rtid : «Eu já não estou no
·
de Pithom e de Ramessés, no tempo dos trabalhos
mundo», dirá 1 (João, x v u , 1 1 ) : J sus j à se sente forçados do Egipto; as ervas amargas evocavam
·
vivendo da sua perp· tua vida, cujos frutos dis.. esses velhos sofrimentos, e os ázimos ou pães sem
tribui à turba. Enquanto treme, no tecto da câmara fermento, a pressa como deles se fugira.
alta, a lâmpada da sua última vigília, o seu cora.. Jesus pode adaptar este ensinamento a novas
ção estremece ante o que vai pronunciar e o que ori�ntações. Ele sabe qual é o Cordeiro da verda..
vai fazer. Ele está transbordante de uma mortal deira páscoa, de que escravidão e de que amar..
alegria. · guras ele c;leve libertar.. nos, em que consiste essa
- rápida viagem dos novos israelitas : passagem do
mal para o bem, da escravidão espiritual para a
A Páscoa podia começar após o aparecimento liberdade filial, do reino de Satanás para o reino
as três primeiras estrelas; muitas vezes, começava de Deus na terra e da terra para o céu. Todas
um pouco mais tarde. Seja como for, é já bem de as arengas dessa noite estão disso bem cheias.
noite, com o que nada perdem as expansões. Teve Após a explicação do rito, cantava.. se uma parte
de escolher ..se um cordeiro de um ano, sem mácula, do Halle!, ou Louvor, que se compunha de uma
mandá..lo imolar no Templo, sobre o altar, e o pre.. sequência dos salmos cxn..cxvn, os mais confran..
paro, a cozedura, tiveram de realizar.. se conforme gedores a respeito do Messias e dos seus sofri..
os ritos severos de que o Michna guardou o ves.. mentos, os mais significativos quanto ao papel
tígio. re�ntor e às suas prefigurações na história judia.
No momento da manducação, o pai de família E a taça circulava quatro vezes; os alimentos eram

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,--. >

p.r(sentando�se ante cada um d qu 1 s que ali se


ingeridos nos intervalos, segundo os ritos que
atepdem, põe os dois joclh m rr e começa
variavam de Hillel a Schammaí, e a última parte do
lavar�Ihes os pés.
Hallel, precedendo a quarta taça, era um cântico
a
. Que espanto empolg , nt o uni�
de acção de graças e de triunfo em Yahveh.
verso, perante tal espectâculol São J o o d ser ve
Tudo isto foi, indub itàvelmente, observado
a cena em termos solenes que a oposição d Jmão
com fidelid ade, mns o objectivo da reunião su�
Pedro çomeri ta à sua maneira : «Ü quê?/ Vós, Se ...
prema era, no fund , ompletamente diferente.
nhor, lavais�me os pés! . . . Não, nunca!» diz o ar�
As narrativas v n g li os lmpel m a páscoa judia
spécie de vio� dente apóstolo. Mas J esus, «que sabia ter seu Pai
para a sua condu o com um
entregue todas as coisas entre as ·s uas mãos, e que
lêncié;l ; apenas São Lucas distingue as duas etapas
ele saíra de Deus e se ia para Deus», não se deixa
com precisão; os outros só falam da páscoa
afastar da sua tarefa. (João, XIII, 6�8 ) . Uma tal '
judia a propósito dos seus preparativos; ao che�
pompa narrativa assinala o carácter religioso e,
garem ao facto propriamente dito, repelem�_no, até
dalgum modo, eterno, deste acto.
certo ponto, para se dirigirem direCtamente ao que
Convinha misturar o símbolo do amor com o
perdura, afastando o que é passa geiro.
da p�reza, a fim de que se soubesse que onde há
Jesus , que em dois emissários deleg ou o cui�
amor verdadeiro, há também a assembleia dos
dado de preparar a refeição judaica, vai, agora ,
santos.
proceder abs seus próprios preparativos, e não se
O próprio Jesus não tem de purificar�se, mas
trata já de .local, de mesa, de almofadas e de ali�
humilha;.. se e ama; dá o exemplo de tudo; afirma,
mentos, mas de algo absolutamente íntimo. J esus
pelQ facto, que o inimigo do amor é o orgulho e
prepara os corações. Querendo deixa r um grande
que o inimigo de qualquer bem é a recusa do amor.
exemplo do que sempre apresentou como o essen�
Humildade e caridade são a base e o coroamento
' I
cial do seu ensinamento, e de antemão comentar
do edifício espiritual que medita, quer em cada
o seu banquete espiritual no sentido da unidade
divíduo, quer na humanidade. Por isso, a cruz
que veio estabelecer, levanta�se da mesa, depõe o
que esse edifício ostenta é tão infame como dolo­
seu manto, cinge os rins com uma toalha, pega no
. e tornar-se-ã, uma vez concluída a obra, tão
gomil das purificações e na respectiva bacia, e,
ja,
79
78
,--. >

p.r(sentando�se ante cada um d qu 1 s que ali se


ingeridos nos intervalos, segundo os ritos que
atepdem, põe os dois joclh m rr e começa
variavam de Hillel a Schammaí, e a última parte do
lavar�Ihes os pés.
Hallel, precedendo a quarta taça, era um cântico
a
. Que espanto empolg , nt o uni�
de acção de graças e de triunfo em Yahveh.
verso, perante tal espectâculol São J o o d ser ve
Tudo isto foi, indub itàvelmente, observado
a cena em termos solenes que a oposição d Jmão
com fidelid ade, mns o objectivo da reunião su�
Pedro çomeri ta à sua maneira : «Ü quê?/ Vós, Se ...
prema era, no fund , ompletamente diferente.
nhor, lavais�me os pés! . . . Não, nunca!» diz o ar�
As narrativas v n g li os lmpel m a páscoa judia
spécie de vio� dente apóstolo. Mas J esus, «que sabia ter seu Pai
para a sua condu o com um
entregue todas as coisas entre as ·s uas mãos, e que
lêncié;l ; apenas São Lucas distingue as duas etapas
ele saíra de Deus e se ia para Deus», não se deixa
com precisão; os outros só falam da páscoa
afastar da sua tarefa. (João, XIII, 6�8 ) . Uma tal '
judia a propósito dos seus preparativos; ao che�
pompa narrativa assinala o carácter religioso e,
garem ao facto propriamente dito, repelem�_no, até
dalgum modo, eterno, deste acto.
certo ponto, para se dirigirem direCtamente ao que
Convinha misturar o símbolo do amor com o
perdura, afastando o que é passa geiro.
da p�reza, a fim de que se soubesse que onde há
Jesus , que em dois emissários deleg ou o cui�
amor verdadeiro, há também a assembleia dos
dado de preparar a refeição judaica, vai, agora ,
santos.
proceder abs seus próprios preparativos, e não se
O próprio Jesus não tem de purificar�se, mas
trata já de .local, de mesa, de almofadas e de ali�
humilha;.. se e ama; dá o exemplo de tudo; afirma,
mentos, mas de algo absolutamente íntimo. J esus
pelQ facto, que o inimigo do amor é o orgulho e
prepara os corações. Querendo deixa r um grande
que o inimigo de qualquer bem é a recusa do amor.
exemplo do que sempre apresentou como o essen�
Humildade e caridade são a base e o coroamento
' I
cial do seu ensinamento, e de antemão comentar
do edifício espiritual que medita, quer em cada
o seu banquete espiritual no sentido da unidade
divíduo, quer na humanidade. Por isso, a cruz
que veio estabelecer, levanta�se da mesa, depõe o
que esse edifício ostenta é tão infame como dolo­
seu manto, cinge os rins com uma toalha, pega no
. e tornar-se-ã, uma vez concluída a obra, tão
gomil das purificações e na respectiva bacia, e,
ja,
79
78
gloriosa como agente de umao e fonte_ de beati� dJspersar, . e que, com tn nt
tude. Tudo está nela; tudo está na cruz, porque veito, meterão mãos tà oba· 1
��·
tudo está na humildade e no amor. O lava�pés é sobre os montes, os p .'1 d tqu l
a prevenção de que é assim mesmo. ·

Os pobres p s com que tocamos na terra bem .


nov a, que procla ma a p ,qu
dade!» (Isa ías , LU, 7 ) . O profeta
(lU m111 ia a boa

nu n 11.1 felici­
v1s va s br tudo
necessitam d s r purificados! Mesmo quando a . Cristo, mas ele, Cristo, .comunica
aqu ilo qu re�
cabeça pens nt , o rac;;ã o amante, as mãos afa� cebeu, e ei�lo, ele próprio, em
atit ude de humi�
digadas só p rs gu m d slgnios puros. a lama dos
· lhação ante o dom do céu.
caminho m cul os p q u s a.rrastam, e , em Retomando o seu manto e instala
ndo�se de
qualquer caso, o pó cobre�os. 'É preciso o gomil novo à me sa, J esu s explica, agora,
o act o assim
e o contacto do Senhor, é precisa a submissão à realizado; o ensinamento concentra�
se e exalta�se.
graça purificadora, para tomar parte, na compa� Durante toda aquela vigília, vão
mu ltiplicar�se
nhia de Pedro recalcitrante e convertido, no que as efusões, e também as advertênci
as, e, ainda,
J esus dá : «Se eu te não lavar, não terás parte quando se oferece oportunidade, afe
ctuosas cen�
comigo». (João, XIII, 8 ) . . suras. J esu s derrama todo o seu
coração. Sente
No momento seguinte, Jesus explica que o lava-: ess e coração de tal modo cheio que mes
mo lá fora,
�pés tem ainda outro sentido. Fala dos .seus emis� na encosta que desce de Sião ao
Cédron e sobe
sários e da identidade por ele estabelecida entre a para Getsemani, não poderá alig eira
r�se por pala�
sua pessoa e eles como entre ele e seu Pai. Jesus vras. Será um testamento espiritual
completo; será,
lava os pés dos Doze com o fim de os preparar para sobretudo, amor, •«uma inundação
de amor», diz
correr mundo. A pureza e a humildade são con� Sànto Anselmo, e ser á, ao me smo tem
po, uma tor�
dição do amor: o amor anima o apostolado; o rente de sublimidade.
mundo será convencido dessa ordem e penetrado Releia� se ess e discurso em São J oão e
seja sab�
dessa múltipla força. d�a da, mais uma vez , a sua plenitud�.
J esu s conforta
Dir�se�ia que o ·Emissário por excelência, de os Onze na véspera das tribulações
cuj o sinal de
joelhos diante deles, admira já esses outros emis� começar, tanto para eles como para
ele próprio,
sários, esses anjos da Aliança, que vai, em breve, é a saída de J uda s; ádverte�os da própria
.
fraqueza

80
.
8 ) 81
gloriosa como agente de umao e fonte_ de beati� dJspersar, . e que, com tn nt
tude. Tudo está nela; tudo está na cruz, porque veito, meterão mãos tà oba· 1
��·
tudo está na humildade e no amor. O lava�pés é sobre os montes, os p .'1 d tqu l
a prevenção de que é assim mesmo. ·

Os pobres p s com que tocamos na terra bem .


nov a, que procla ma a p ,qu
dade!» (Isa ías , LU, 7 ) . O profeta
(lU m111 ia a boa

nu n 11.1 felici­
v1s va s br tudo
necessitam d s r purificados! Mesmo quando a . Cristo, mas ele, Cristo, .comunica
aqu ilo qu re�
cabeça pens nt , o rac;;ã o amante, as mãos afa� cebeu, e ei�lo, ele próprio, em
atit ude de humi�
digadas só p rs gu m d slgnios puros. a lama dos
· lhação ante o dom do céu.
caminho m cul os p q u s a.rrastam, e , em Retomando o seu manto e instala
ndo�se de
qualquer caso, o pó cobre�os. 'É preciso o gomil novo à me sa, J esu s explica, agora,
o act o assim
e o contacto do Senhor, é precisa a submissão à realizado; o ensinamento concentra�
se e exalta�se.
graça purificadora, para tomar parte, na compa� Durante toda aquela vigília, vão
mu ltiplicar�se
nhia de Pedro recalcitrante e convertido, no que as efusões, e também as advertênci
as, e, ainda,
J esus dá : «Se eu te não lavar, não terás parte quando se oferece oportunidade, afe
ctuosas cen�
comigo». (João, XIII, 8 ) . . suras. J esu s derrama todo o seu
coração. Sente
No momento seguinte, Jesus explica que o lava-: ess e coração de tal modo cheio que mes
mo lá fora,
�pés tem ainda outro sentido. Fala dos .seus emis� na encosta que desce de Sião ao
Cédron e sobe
sários e da identidade por ele estabelecida entre a para Getsemani, não poderá alig eira
r�se por pala�
sua pessoa e eles como entre ele e seu Pai. Jesus vras. Será um testamento espiritual
completo; será,
lava os pés dos Doze com o fim de os preparar para sobretudo, amor, •«uma inundação
de amor», diz
correr mundo. A pureza e a humildade são con� Sànto Anselmo, e ser á, ao me smo tem
po, uma tor�
dição do amor: o amor anima o apostolado; o rente de sublimidade.
mundo será convencido dessa ordem e penetrado Releia� se ess e discurso em São J oão e
seja sab�
dessa múltipla força. d�a da, mais uma vez , a sua plenitud�.
J esu s conforta
Dir�se�ia que o ·Emissário por excelência, de os Onze na véspera das tribulações
cuj o sinal de
joelhos diante deles, admira já esses outros emis� começar, tanto para eles como para
ele próprio,
sários, esses anjos da Aliança, que vai, em breve, é a saída de J uda s; ádverte�os da própria
.
fraqueza

80
.
8 ) 81
e consola-os; prediz-lhes o abandono a que vão t ndo . a emoção dos Doz p u· 1 J l l m o
,
lava-pés
votá-lo e deste tira apenas a seguinte e maternal foi, até agora, o a to 1 1 1 1 1. h l lf • l nan
,. te da
. •

conclusão : «Que o vosso coração não se perturbe; assembleia nocturnA , l r· f( 1�,; o 1 1 1 t• , •

vós credes em D us, crede também em mim». Fala­ de repente, refor 11' o� • n . l n 1 1 1 1 1 1 to.
r aos
-lhes das morados que existem na casa de seu Pai, símbolos a sua plen a sign ifi ç· o : u l• 11
c. 1 ·is tia
para que eles pu m I s dirijam; vai preparar-lhes surg e ali.
o lugar, e, parlJ I s, h m que ele se vá, para que
o Espírit u ilut t l n 1 , J l l gui que consola *

desça sobr 1 s. N 1 li l ·i 1rli rf s: a be m já * *

que, sob uma d upla forma mi t rios . 1 virá.


Lega-lhes a sua paz, dá-lha, mas não como o Jesu s, quando tinha dito : «Eu desejo com
mundo, que só tem falsas pazes; e, para que essa grande desejo comer convosco esta páscoa», acre

paz esteja em todos, renova-lhes o mandamento centara : «Eu vos digo que não mais a comerei
até
do amor mútuo, do qual faz o sinal do amor que que ela se cumpra no reino de Deus». (Luc ., xxn,
se terá por ele e da respectiva e precisa medida. 1 6 ) . A páscoa judia , a que está celebrando neste
«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis momento, deve ser realizada; vai beneficiar do
uns aos outros: que, como eu vos amei, assim vós que J esus disse , em geral, da lei : «Eu não vim
vos ameis uns aos outros. É por isso que todos vos para· a abolir mas para a cumprir».
.
reconhecerão como meus discípulos, se ti.verdes E em que «reino de Deus» terá luga r essa rea­
amor uns pelos outros». Insistência, insistência lização? Sem dúvida fora deste mundo, lá para onde
confrangedora, num momento em que o sinal de J esus se dirig e e para onde os seus subirão, um dia,
amor dado por Jesus se precisa nesta pal�vra : atrás dele , mas também - essa é, certamente a
«Ninguém ama mais do que aquele que dá a sua intenção das suas palavras, tal como as encontra­
vida pelos seus amigos». mos em São Lucas - no reino de Deus que esta­
belece na terra e cujas leis todos os seus últimos
discursos ditam .
Mas eis que no meio destes discursos, exal- Há, pois , ali, uma dupla etap a : a páscoa judia

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e consola-os; prediz-lhes o abandono a que vão t ndo . a emoção dos Doz p u· 1 J l l m o
,
lava-pés
votá-lo e deste tira apenas a seguinte e maternal foi, até agora, o a to 1 1 1 1 1. h l lf • l nan
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. •

conclusão : «Que o vosso coração não se perturbe; assembleia nocturnA , l r· f( 1�,; o 1 1 1 t• , •

vós credes em D us, crede também em mim». Fala­ de repente, refor 11' o� • n . l n 1 1 1 1 1 1 to.
r aos
-lhes das morados que existem na casa de seu Pai, símbolos a sua plen a sign ifi ç· o : u l• 11
c. 1 ·is tia
para que eles pu m I s dirijam; vai preparar-lhes surg e ali.
o lugar, e, parlJ I s, h m que ele se vá, para que
o Espírit u ilut t l n 1 , J l l gui que consola *

desça sobr 1 s. N 1 li l ·i 1rli rf s: a be m já * *

que, sob uma d upla forma mi t rios . 1 virá.


Lega-lhes a sua paz, dá-lha, mas não como o Jesu s, quando tinha dito : «Eu desejo com
mundo, que só tem falsas pazes; e, para que essa grande desejo comer convosco esta páscoa», acre

paz esteja em todos, renova-lhes o mandamento centara : «Eu vos digo que não mais a comerei
até
do amor mútuo, do qual faz o sinal do amor que que ela se cumpra no reino de Deus». (Luc ., xxn,
se terá por ele e da respectiva e precisa medida. 1 6 ) . A páscoa judia , a que está celebrando neste
«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis momento, deve ser realizada; vai beneficiar do
uns aos outros: que, como eu vos amei, assim vós que J esus disse , em geral, da lei : «Eu não vim
vos ameis uns aos outros. É por isso que todos vos para· a abolir mas para a cumprir».
.
reconhecerão como meus discípulos, se ti.verdes E em que «reino de Deus» terá luga r essa rea­
amor uns pelos outros». Insistência, insistência lização? Sem dúvida fora deste mundo, lá para onde
confrangedora, num momento em que o sinal de J esus se dirig e e para onde os seus subirão, um dia,
amor dado por Jesus se precisa nesta pal�vra : atrás dele , mas também - essa é, certamente a
«Ninguém ama mais do que aquele que dá a sua intenção das suas palavras, tal como as encontra­
vida pelos seus amigos». mos em São Lucas - no reino de Deus que esta­
belece na terra e cujas leis todos os seus últimos
discursos ditam .
Mas eis que no meio destes discursos, exal- Há, pois , ali, uma dupla etap a : a páscoa judia

82
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pl'i mente o seu e que noli 1 rOJ
transforma�se em páscoa eucarística; a páscoa
b nefícios.
eucarística transformar�se�á, um dia, em páscoa
Os pequenos re lam 1 1 '1 1 111 fi I< ..
d i o profeta,
celeste, e, para Jesus, que também comunga, esta
-· . .
e não havia c:l!gw m /lt • o fU I I'II , • • ( L \ m nta.­
última transformnçã.o está à porta.
ções, IV, 4 ) . Ti n ha havido m · 1 n 1 ; h 1 v l 1 pnma.­
Aos discípu lo:;, t nto aos da Palestina como
nentemente, no Templo, os pães de proposic,: 1 (' ) ;
aos de todos OH t ' I I I J os, o noyo festim aparecerá
em Canã e na margem do Lago, o próprio J sus
como um m n u m n t rom m o ra ti v o. Jesus encon� ,
oferecera um alimento de milagre, mas não se tra�
tra maneim I o te r n n r m l i. · m po l g n n t conso�
tava ainda do veraadeiro pão. Este devia ser
lador qu tud q u n n t p I im I � J i iH l i'.-H , vis to que
amassado em sangue, partido num gesto de amor
à lembrança qu r n va o pa snd j u n tu " fi á�
sacrificado, distribuído na unidade de um ban�
cia da presença. Enche, antes de ele se ter pro�
quete de alcance universal, sobre a colina que
duzido, o vazio causado pela sua partida, da qual
antecipava o Calvário e, como este, se erguia para
consola o futuro : não nos deixará órfãos; eterniza,
a eternidade.
entre nós, a sua passagem; a sua morada eterna
Jesus toma o pão e dá graças; era a sua maneira
vai ser fundada, e, num humilde festim comemo�
de o abençoar; mas em dois casos - quando da
rativo, toda a realidade do Dom divino será o
multiplicação dos pães e aqui - a sua fórmula de
tesouro das almas.
bênção é anunciada de forma solene; repete�se
Jesus, portanto, «tomou: o pão, e, tendo dado
sobre a taça, e São Paulo, falando dela, esforça�se
graças, partiu�o e deu� lho, dizendo: Isto é o meu
por marcar a razão evidente desta bênção especial :
corpo, dado por vós; fazei isto em memória de
é que a taça da Ceia é bem, verdadeiramente e por
mim. E a taça, da mesma maneira, depois da refei�
excelência, uma taça bendita; então, que a aben.­
ção, dizendo: Esta taça é a nova aliança em meu
çoem dignamente e com pompa! «0 cálice de bên.-
sangue, que será derramado por vós». (Luc., XXII,
1 9�29 ) .
(1 ) Também podem chamar-se «pães das ofertas» e eram os doze
Aqui, há duas coisas que se ligam e se sobre� pães que, em nome das doze tribus de Israel, todos os anos, em obe­
põem : há um alimento espiritual só feito à custa diência à lei de Moisés, eram depositados no «Santo»; só os padres
de Jesus; há um sacrifício. permanente que é pró� podiam tocar-lhes. (N. da T.).

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pl'i mente o seu e que noli 1 rOJ
transforma�se em páscoa eucarística; a páscoa
b nefícios.
eucarística transformar�se�á, um dia, em páscoa
Os pequenos re lam 1 1 '1 1 111 fi I< ..
d i o profeta,
celeste, e, para Jesus, que também comunga, esta
-· . .
e não havia c:l!gw m /lt • o fU I I'II , • • ( L \ m nta.­
última transformnçã.o está à porta.
ções, IV, 4 ) . Ti n ha havido m · 1 n 1 ; h 1 v l 1 pnma.­
Aos discípu lo:;, t nto aos da Palestina como
nentemente, no Templo, os pães de proposic,: 1 (' ) ;
aos de todos OH t ' I I I J os, o noyo festim aparecerá
em Canã e na margem do Lago, o próprio J sus
como um m n u m n t rom m o ra ti v o. Jesus encon� ,
oferecera um alimento de milagre, mas não se tra�
tra maneim I o te r n n r m l i. · m po l g n n t conso�
tava ainda do veraadeiro pão. Este devia ser
lador qu tud q u n n t p I im I � J i iH l i'.-H , vis to que
amassado em sangue, partido num gesto de amor
à lembrança qu r n va o pa snd j u n tu " fi á�
sacrificado, distribuído na unidade de um ban�
cia da presença. Enche, antes de ele se ter pro�
quete de alcance universal, sobre a colina que
duzido, o vazio causado pela sua partida, da qual
antecipava o Calvário e, como este, se erguia para
consola o futuro : não nos deixará órfãos; eterniza,
a eternidade.
entre nós, a sua passagem; a sua morada eterna
Jesus toma o pão e dá graças; era a sua maneira
vai ser fundada, e, num humilde festim comemo�
de o abençoar; mas em dois casos - quando da
rativo, toda a realidade do Dom divino será o
multiplicação dos pães e aqui - a sua fórmula de
tesouro das almas.
bênção é anunciada de forma solene; repete�se
Jesus, portanto, «tomou: o pão, e, tendo dado
sobre a taça, e São Paulo, falando dela, esforça�se
graças, partiu�o e deu� lho, dizendo: Isto é o meu
por marcar a razão evidente desta bênção especial :
corpo, dado por vós; fazei isto em memória de
é que a taça da Ceia é bem, verdadeiramente e por
mim. E a taça, da mesma maneira, depois da refei�
excelência, uma taça bendita; então, que a aben.­
ção, dizendo: Esta taça é a nova aliança em meu
çoem dignamente e com pompa! «0 cálice de bên.-
sangue, que será derramado por vós». (Luc., XXII,
1 9�29 ) .
(1 ) Também podem chamar-se «pães das ofertas» e eram os doze
Aqui, há duas coisas que se ligam e se sobre� pães que, em nome das doze tribus de Israel, todos os anos, em obe­
põem : há um alimento espiritual só feito à custa diência à lei de Moisés, eram depositados no «Santo»; só os padres
de Jesus; há um sacrifício. permanente que é pró� podiam tocar-lhes. (N. da T.).

85
84
/

ção que nós benzemos», diz o Apóstolo (I Cor., .


O pão da páscoa judJ 1 I ' vl t r partido em
X, 1 6 ) . .
pedacinhos, para exprimi!' o 1 · 1'1 I J us parece
O gesto de Jesus, ao distribuir alimento aos contentar..se com divi 1 1 lo
seus, devia ter algo de particular, visto que só por pies facto de
isso eles o reconh cem. Aqueles que viram uma mento, um simh eu

terna mãe partir p� po ra os seus filhinhos, não se - porg u o. slnn l 1 qu ,


p� , ssim pmtJd , iSJni·
.. .
admirarão d I ; I nstn t· Jh ·á fantasiar quanto uma fica e é o seu corpo dado, ou entregado, e que ssa
majestad divino p d · ·n p· wd c a ternura. dádiva tem, no facto, um valor mortal.
Mora lm nt to n t b • nt n1 ult mais p 1 fra.. O vinho que escorre tal como o sangue, o vinho
'
gmentação do pão q u J u · onh c . Só ele que é sangue, apresenta..se da mesma maneira.
·

dá o pão nutritivo e reconfortante, o pão da doçura Jesus bebe-o em sinal de perfeita união; saboreia
e da esperança, que leva à vida eterna. Desde o o seu sacrifício. Vejo..o na cruJ:, derramando, com
Cenáculo, a mão de J esus estende.. se para todos alegria, o conteúdo das suas veias : não deve ele
nós, com o intuito de, assim, se fazer reconhecer; encher, como se vê nas telas antigas, o cálice que
o seu pão multiplica..se segundo o nosso número, a I greja lhe apresenta, ou a fonte de vida que des­
as nossas necessidades e os nossos desejos; a sua sendentará os homens?
taça é única a fim de marcar a nossa unidade, mas No ritual grego, o celebrante perfura as espé­
dá a volta ao mundo e acompanha os tempos, como cies santas com uma lanceta murmurando a frase
deu volta à mesa, em Sião. O que alimentou a do Evangelho: «Um dos soldados furou o seu
humanidade preparou verdadeiramente, nesse dia, lado com a lança . . . » Jesus, quando, ainda vivo,
o alimento das idades; no se\1 reino, a inanição só via passar e repassar, pela sua frente, a lança de
poderá · ser voluntária; eternamente, como em Longuinhos, não pensaria nessa taça gloriosa onde
Emaús, como na margem do Lago em que o Res.. quereria, derramar, em sinal de amor total, as suas
suscitado desliza na alvura matinal, no próprio céu, últimas gotas de sangue? .
reconhecer..se-á Jesus pela fragmentação do pão. No Calvário, J esus ama até para além da
morte. Crucificado, leva até ao fim o sacrifício visí­
vel e cruento; no sacramento, oculta-o e ele pró-

86 87
/

ção que nós benzemos», diz o Apóstolo (I Cor., .


O pão da páscoa judJ 1 I ' vl t r partido em
X, 1 6 ) . .
pedacinhos, para exprimi!' o 1 · 1'1 I J us parece
O gesto de Jesus, ao distribuir alimento aos contentar..se com divi 1 1 lo
seus, devia ter algo de particular, visto que só por pies facto de
isso eles o reconh cem. Aqueles que viram uma mento, um simh eu

terna mãe partir p� po ra os seus filhinhos, não se - porg u o. slnn l 1 qu ,


p� , ssim pmtJd , iSJni·
.. .
admirarão d I ; I nstn t· Jh ·á fantasiar quanto uma fica e é o seu corpo dado, ou entregado, e que ssa
majestad divino p d · ·n p· wd c a ternura. dádiva tem, no facto, um valor mortal.
Mora lm nt to n t b • nt n1 ult mais p 1 fra.. O vinho que escorre tal como o sangue, o vinho
'
gmentação do pão q u J u · onh c . Só ele que é sangue, apresenta..se da mesma maneira.
·

dá o pão nutritivo e reconfortante, o pão da doçura Jesus bebe-o em sinal de perfeita união; saboreia
e da esperança, que leva à vida eterna. Desde o o seu sacrifício. Vejo..o na cruJ:, derramando, com
Cenáculo, a mão de J esus estende.. se para todos alegria, o conteúdo das suas veias : não deve ele
nós, com o intuito de, assim, se fazer reconhecer; encher, como se vê nas telas antigas, o cálice que
o seu pão multiplica..se segundo o nosso número, a I greja lhe apresenta, ou a fonte de vida que des­
as nossas necessidades e os nossos desejos; a sua sendentará os homens?
taça é única a fim de marcar a nossa unidade, mas No ritual grego, o celebrante perfura as espé­
dá a volta ao mundo e acompanha os tempos, como cies santas com uma lanceta murmurando a frase
deu volta à mesa, em Sião. O que alimentou a do Evangelho: «Um dos soldados furou o seu
humanidade preparou verdadeiramente, nesse dia, lado com a lança . . . » Jesus, quando, ainda vivo,
o alimento das idades; no se\1 reino, a inanição só via passar e repassar, pela sua frente, a lança de
poderá · ser voluntária; eternamente, como em Longuinhos, não pensaria nessa taça gloriosa onde
Emaús, como na margem do Lago em que o Res.. quereria, derramar, em sinal de amor total, as suas
suscitado desliza na alvura matinal, no próprio céu, últimas gotas de sangue? .
reconhecer..se-á Jesus pela fragmentação do pão. No Calvário, J esus ama até para além da
morte. Crucificado, leva até ao fim o sacrifício visí­
vel e cruento; no sacramento, oculta-o e ele pró-

86 87
prio aí se esconde; mas nos dois casos, faz dele · ssário corte do pão s r 1 1 l t , n I o alimento

vida. Da . morte tira vida. É porque haverá morte rá assimilado, onde o vo. 1 o I�� p 1' 1 1' , manifes-
que de antemão se institui uma comemoração; mas tará - pelo menos, n H " . 1 1 1 1 o I I H' I' mos - na
é porque terá havido morte que essa comemoração glória das obras.
•, ,
Pronunciai a g 1'ü , q u 1 nd q u is ' I' I n...
será a mais pod ·osa e a \ais doce das realidades c �

vivificantes. summatum est: tudo está preparado pu ru 1 n ..


«Fazei ist 111 m m tia de mim» - disse ele : sumação da justiça e para a do amor.
eis, portant , M OJ • tol . pn l r s , e eis os seus
fiéis, a ist nt � fJ t uos d N 1 d f.i i no altar.
Elevar-se-á a h tia mo risto, crucificado: II
será partida como sob o golpe dos suplícios; con­
fiar-se-á ao fiel purificado como ao sepulcro novo. O passado e o futuro distinguem-se, para
J esus crucificado, como vós deveis olhar com Jesus, tanto quanto se distinguem em si próprios.
grande doçura a casa dos mistérios! Como brilha Vê-os diferentes e distantes, mas a uma distância
o pequeno edifício de Sião, quando a sombra se dalgum modo espacial, que nada prejudica a pre­
estende sobre o Moriah e a sua antiga glória! Lá sença de ambos debaixo de um mesmo olhar.
do alto corre um rio de vida; amanhã, correrá um Assim como Deus vê todo o cortejo dos tempos
rio de luz; tempo virá em que o Cenáculo, o templo do alto da eternidade, assim também um cume
e a cruz não serão mais que uma só coisa, em que imutável, o seu Cristo, . seu eterno associado, vê
a casa de vosso Pai será a vossa casa, a do vosso como Deus e sabe como homem, o que o futuro
sacrifício criador e da vossa glória útil, a sala alta da sua obra oculta. Por isso, quando, do patíbulo,
para a vossa mesa e para o vosso Espírito. olha a Santa Sião, avista ali, dentro da mesma
Então, o Cenáculo do monte Sião já não terá perspectiva, a refeição sagrada que teve lugar na
necessidade de preservar os seus vestígios; o Cená­ véspera, e as graças reservadas para amanhã.
culo estará em toda a parte; nós próprios, vossos Jesus estava morto, segundo o espírito, antes
filhos, seremos um cenáculo onde será renovada, da cruz; está ressuscitado, segundo o espírito,
espiritualmente, a fragmentação do pão, onde o antes do túmulo. Passeia os olhos pelo lugar das

88 89
prio aí se esconde; mas nos dois casos, faz dele · ssário corte do pão s r 1 1 l t , n I o alimento

vida. Da . morte tira vida. É porque haverá morte rá assimilado, onde o vo. 1 o I�� p 1' 1 1' , manifes-
que de antemão se institui uma comemoração; mas tará - pelo menos, n H " . 1 1 1 1 o I I H' I' mos - na
é porque terá havido morte que essa comemoração glória das obras.
•, ,
Pronunciai a g 1'ü , q u 1 nd q u is ' I' I n...
será a mais pod ·osa e a \ais doce das realidades c �

vivificantes. summatum est: tudo está preparado pu ru 1 n ..


«Fazei ist 111 m m tia de mim» - disse ele : sumação da justiça e para a do amor.
eis, portant , M OJ • tol . pn l r s , e eis os seus
fiéis, a ist nt � fJ t uos d N 1 d f.i i no altar.
Elevar-se-á a h tia mo risto, crucificado: II
será partida como sob o golpe dos suplícios; con­
fiar-se-á ao fiel purificado como ao sepulcro novo. O passado e o futuro distinguem-se, para
J esus crucificado, como vós deveis olhar com Jesus, tanto quanto se distinguem em si próprios.
grande doçura a casa dos mistérios! Como brilha Vê-os diferentes e distantes, mas a uma distância
o pequeno edifício de Sião, quando a sombra se dalgum modo espacial, que nada prejudica a pre­
estende sobre o Moriah e a sua antiga glória! Lá sença de ambos debaixo de um mesmo olhar.
do alto corre um rio de vida; amanhã, correrá um Assim como Deus vê todo o cortejo dos tempos
rio de luz; tempo virá em que o Cenáculo, o templo do alto da eternidade, assim também um cume
e a cruz não serão mais que uma só coisa, em que imutável, o seu Cristo, . seu eterno associado, vê
a casa de vosso Pai será a vossa casa, a do vosso como Deus e sabe como homem, o que o futuro
sacrifício criador e da vossa glória útil, a sala alta da sua obra oculta. Por isso, quando, do patíbulo,
para a vossa mesa e para o vosso Espírito. olha a Santa Sião, avista ali, dentro da mesma
Então, o Cenáculo do monte Sião já não terá perspectiva, a refeição sagrada que teve lugar na
necessidade de preservar os seus vestígios; o Cená­ véspera, e as graças reservadas para amanhã.
culo estará em toda a parte; nós próprios, vossos Jesus estava morto, segundo o espírito, antes
filhos, seremos um cenáculo onde será renovada, da cruz; está ressuscitado, segundo o espírito,
espiritualmente, a fragmentação do pão, onde o antes do túmulo. Passeia os olhos pelo lugar das

88 89
aparições póstumas e do Pentecostes, como os que ,
estavam coni eles» (Lu , XXIV, 33 ) . As mu,..
passeou, sem dúvida, muitas vezes, pelo Calvário, lheres que visitaram o s pul r v zj . v o, igual...
ao errar em volta de Jerusalém. Que frémito devia m�nte, em embaixada, J u tt d um ru formado
sacudir o Filho do Homem quando, transpondo, . pelos Onze e por t cl . , p I lnti...
em plena vida, aquela , porta de Efraim, pisava o mos que se junt ro m a om 1 ,
Gólgota e as sua flores sangrentas! Não podia rodeiam Mari .
determinar. na ro hn. o lugar da cruz, marcado O lugar onde permanecem não é misterioso;
desde o inicio dos t rnpos ? Quando olha o Cená... será nomeado quando, voltando do monte das
culo, a antecipação b rn m ior o seu coração Oliveiras, depois da ascensão, os Onze tornarem
transborda de esperança ao presagiar os altos a · entrar na cidade. «Eles subiram, dizem os Actos,
feitos do Espírito. .à sala alta onde permaneciam habitualmente».
A dor atormenta...o agora e parece aniquilá...lo,
I
(Actos, I, 1 3 ) . Estão, portanto,I no Cenáculo, «com
mas a lembrança consola ...o e a expectativa e�al ... algumas mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e seus
ta... o; encontra...se prisioneiro entre as efusões da · irmãos», isto é, seus primos.. (lbid. ) . e)
Ceia e as efusões mais amplas, aparentemente, - · Essa casa que recebeu os adeuses do grupo
·" as efusões públicas q u e vão oferecer o mundo à sagrado na tarde de Quinta... Feira Santa, que
sua obra. O seu olhar demora... se e ele profetiza; recolhe os seus restos quando o túmulo parece
reúne dois longos tempos de que a cruz é o centro terminar tudo, será também a testemunha da apa...
e cuja harmonia é, para nós, um eterno objecto de
·
rição e um lugar de consolidação da tão vacil_fnte
contemplação. fé dos discípulos.
Jesus crucificado perdoa de tal modo à fragi...
lidade daqueles homens que até se preocupa com
Logo após a morte do seu Mestre, os discí... os meios de a vencer; mostrar...se...á vivo àqueles
pulos, apavorados, vão recobrar... se do tremendo que não crêem nas sobrevivências, glorioso àque...
assombro; reunir...se...ão para falar dele e entregar...
...se à oração. Os discípulos de Emaús, ao entrar
. (1 ) Jesus não tinha irmãos, mas, entre os hebreus, a qualquer
em J erusalém, encontram juntos «os Onze e os parente, mesmo afastado, se dava esse nome. (N. da T.) .


90 91

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aparições póstumas e do Pentecostes, como os que ,
estavam coni eles» (Lu , XXIV, 33 ) . As mu,..
passeou, sem dúvida, muitas vezes, pelo Calvário, lheres que visitaram o s pul r v zj . v o, igual...
ao errar em volta de Jerusalém. Que frémito devia m�nte, em embaixada, J u tt d um ru formado
sacudir o Filho do Homem quando, transpondo, . pelos Onze e por t cl . , p I lnti...
em plena vida, aquela , porta de Efraim, pisava o mos que se junt ro m a om 1 ,
Gólgota e as sua flores sangrentas! Não podia rodeiam Mari .
determinar. na ro hn. o lugar da cruz, marcado O lugar onde permanecem não é misterioso;
desde o inicio dos t rnpos ? Quando olha o Cená... será nomeado quando, voltando do monte das
culo, a antecipação b rn m ior o seu coração Oliveiras, depois da ascensão, os Onze tornarem
transborda de esperança ao presagiar os altos a · entrar na cidade. «Eles subiram, dizem os Actos,
feitos do Espírito. .à sala alta onde permaneciam habitualmente».
A dor atormenta...o agora e parece aniquilá...lo,
I
(Actos, I, 1 3 ) . Estão, portanto,I no Cenáculo, «com
mas a lembrança consola ...o e a expectativa e�al ... algumas mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e seus
ta... o; encontra...se prisioneiro entre as efusões da · irmãos», isto é, seus primos.. (lbid. ) . e)
Ceia e as efusões mais amplas, aparentemente, - · Essa casa que recebeu os adeuses do grupo
·" as efusões públicas q u e vão oferecer o mundo à sagrado na tarde de Quinta... Feira Santa, que
sua obra. O seu olhar demora... se e ele profetiza; recolhe os seus restos quando o túmulo parece
reúne dois longos tempos de que a cruz é o centro terminar tudo, será também a testemunha da apa...
e cuja harmonia é, para nós, um eterno objecto de
·
rição e um lugar de consolidação da tão vacil_fnte
contemplação. fé dos discípulos.
Jesus crucificado perdoa de tal modo à fragi...
lidade daqueles homens que até se preocupa com
Logo após a morte do seu Mestre, os discí... os meios de a vencer; mostrar...se...á vivo àqueles
pulos, apavorados, vão recobrar... se do tremendo que não crêem nas sobrevivências, glorioso àque...
assombro; reunir...se...ão para falar dele e entregar...
...se à oração. Os discípulos de Emaús, ao entrar
. (1 ) Jesus não tinha irmãos, mas, entre os hebreus, a qualquer
em J erusalém, encontram juntos «os Onze e os parente, mesmo afastado, se dava esse nome. (N. da T.) .


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\
les que o julgam abatido, s ' l l l J t' • 1 morável para n unciado e devia, para el . 11 I ,. l m dlatamente
,

aqueles que teriam motivo I · I m r, quando ele Ceia, já se iniciasse e OH tom 1 . • J Ol' hóspedes.
regressasse da morte, um olhfU' q t t I ve reflectir Para CÚ!flulo, Jesus pP J'I I l l f' l t• f \ 11' u m I s seus
'I
visões eternas. esteja ausente, que n lo d ·st· • · n n t m; ,. ·orrerá
Censurar�lhes�á, todavia, a stt t l11fl l lidade e à astúcia para lhe r vigor r a f . ' 1 ' m •, l n · r �
a dureza do seu coração. (Mar . , x v t , 1 4 ) , porque dulo, homem ardente mas com ideias um p u o p •s.­
não é agora, na v ' spera da missã d 1· l · : , te con� soais, escutará com cepticismo a narra tiva de seus
viria encobrir�Ih s fi S SUMI h I C J l l l' 1 . ; m 1 , , pri� irmãos : «Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos
meiram n t v n l o q u ' li t 1 r�·•·ttt rl t lo. , d irigir�
,
cravos e se não meter um dedo no lugar dos cravos,
�lhes�á a u d çií v u l J l l l' : «
' u ·u; n t t mais; e se não meter a mão no seu lado, não acreditarei».
a paz seja convos O». (Luc . , XXIV, 36 ) , e, como a É o homem difícil, que não quer aceitar os
'
emoção dos discípulos não se dissipa logo, por� meios normais de informação, que renega a soli�
que as suas dúvidas não se dão por vencidas dariedade, válida em matéria de conhecimento
ante uma aparição sobrevinda tão inopinada� como em tudo o mais, a quem são precisas evidên�
mente, com as portas fechadas, e que poderia cias próprias e como que uma quebra especial das
ser um fantasma, dirige�lhes esta tão condescen� leis da etern idade. Jesus censura�o. mas condes�
dente fala : «Que vos perturba e porque se elevam, cende, e, por fim, como o seu amor por ele se
no vosso coração, pensamentos incertos? Vede as provou, o do discípulo irrompe : «Meu Senhor e
minhas mãos e os meus pés. Sim, sou eu mesmo. meu Deus!» (João, xx, 24�29 ) .
Tocai�me e compreendei que um espírito não tem A partir desse momento e já em virtude da
carne nem ossos, como vedes que eu tenho». (Luc. Ceia, o Cenáculo é compelido a mudar de carác�
Ibid. ) . ter; da sua primitiva qualidade de aposento para
Hesitaram ainda, mas agora com um jubiloso hóspedes, de divan servindo para recepções e para
espanto que só não ousa ceder por temer uma de� as refeições, passa à de lugar de oração e de es.­
cepção. Então, ele pedir�lhes�á de comer; ofere� pectativa religiosa, de capela provisória, aguar.­
cer�lhe�ão peixe seco e mel; serve�se e deixa�lhes dando que a «Mãe de todas as igrejas» surja e
a sua parte, como se o festim eterno que tinha consagre um culto solene ao vencedor da Morte.

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les que o julgam abatido, s ' l l l J t' • 1 morável para n unciado e devia, para el . 11 I ,. l m dlatamente
,

aqueles que teriam motivo I · I m r, quando ele Ceia, já se iniciasse e OH tom 1 . • J Ol' hóspedes.
regressasse da morte, um olhfU' q t t I ve reflectir Para CÚ!flulo, Jesus pP J'I I l l f' l t• f \ 11' u m I s seus
'I
visões eternas. esteja ausente, que n lo d ·st· • · n n t m; ,. ·orrerá
Censurar�lhes�á, todavia, a stt t l11fl l lidade e à astúcia para lhe r vigor r a f . ' 1 ' m •, l n · r �
a dureza do seu coração. (Mar . , x v t , 1 4 ) , porque dulo, homem ardente mas com ideias um p u o p •s.­
não é agora, na v ' spera da missã d 1· l · : , te con� soais, escutará com cepticismo a narra tiva de seus
viria encobrir�Ih s fi S SUMI h I C J l l l' 1 . ; m 1 , , pri� irmãos : «Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos
meiram n t v n l o q u ' li t 1 r�·•·ttt rl t lo. , d irigir�
,
cravos e se não meter um dedo no lugar dos cravos,
�lhes�á a u d çií v u l J l l l' : «
' u ·u; n t t mais; e se não meter a mão no seu lado, não acreditarei».
a paz seja convos O». (Luc . , XXIV, 36 ) , e, como a É o homem difícil, que não quer aceitar os
'
emoção dos discípulos não se dissipa logo, por� meios normais de informação, que renega a soli�
que as suas dúvidas não se dão por vencidas dariedade, válida em matéria de conhecimento
ante uma aparição sobrevinda tão inopinada� como em tudo o mais, a quem são precisas evidên�
mente, com as portas fechadas, e que poderia cias próprias e como que uma quebra especial das
ser um fantasma, dirige�lhes esta tão condescen� leis da etern idade. Jesus censura�o. mas condes�
dente fala : «Que vos perturba e porque se elevam, cende, e, por fim, como o seu amor por ele se
no vosso coração, pensamentos incertos? Vede as provou, o do discípulo irrompe : «Meu Senhor e
minhas mãos e os meus pés. Sim, sou eu mesmo. meu Deus!» (João, xx, 24�29 ) .
Tocai�me e compreendei que um espírito não tem A partir desse momento e já em virtude da
carne nem ossos, como vedes que eu tenho». (Luc. Ceia, o Cenáculo é compelido a mudar de carác�
Ibid. ) . ter; da sua primitiva qualidade de aposento para
Hesitaram ainda, mas agora com um jubiloso hóspedes, de divan servindo para recepções e para
espanto que só não ousa ceder por temer uma de� as refeições, passa à de lugar de oração e de es.­
cepção. Então, ele pedir�lhes�á de comer; ofere� pectativa religiosa, de capela provisória, aguar.­
cer�lhe�ão peixe seco e mel; serve�se e deixa�lhes dando que a «Mãe de todas as igrejas» surja e
a sua parte, como se o festim eterno que tinha consagre um culto solene ao vencedor da Morte.

92 93

I
Maria, as santas mulheres, os Onze, os discí� O Espírito divino é um E 1 l l'l t· d santifica­
pulos ocorrem ali para se entregarem ao culto da ção; é ele que cria a «SmH 1 I II" I 1 , N que dela
·

recordação e da mística presença. Aquele lugar é (


afaste todas as tar, A f OI' I Ii' l t u p · I V •J s seus
.
um lugar sagrado. E o olhar de Jesus crucificado aderentes, ou m m< o 1' 1 1 ·1 1 • ft• , 1 1 1 1 f I Z dela
não o consagrará mais uma vez, designando para ,
brotar u m a f n t · . Como, n 1 . · u . 1d 1. H U I' 1 . , o
sempre, como um santuário, aquela câmara ben­ rio corr ao n t r dorme junto d m t u : 1 • tu ; ,
dita, que t rnor t n do novo Pão e a sede assim é a vaga de santidade na Igreja, e cada
do Espírito 7 qual · pode escolher, com Deus, o voo que prefere,
porque o essencial é alcançar essas águas.
... * Vinde, humanos, pecadores em Adão, por vós
próprios em perigo de vício, sempre culpados em
Jesus tinha dito : «A menos que eu não me vá,
maior ou menor grau, fracos a ponto de inspirar
o Paracleto não virá». (João, XVI, 7 ) . A cruz me­
piedade, - vinde, que ali está a regeneração, e,
rece-nos esse hóspede, mas, uma vez saldada a -
com ela, a força, a salvaguarda!
dívida e obtida a preparação das almas, eis que
ele chega, o Paracleto, em missão solene e dora­
vante perpétua.
Sinais deslumbrantes o acompanham : um vento O Espírito divino é um espírito de organização.
violento que faz estremecer todas as moradias, um Para criar a Santa Igreja, deve primeiro criar a
fogo que se divide em línguas abrasantes para cair Igreja, fazer-se a alma desse corpo, provocar-lhe
sobre cada qual, um influxo que se traduz por as funções, nele estabelecer uma subordinação de
pregações em idiomas diversos, símbolos transpa­ partes, nele fazer correr um influxo unitário que
rentes em que se descobre a missão dos Discípulos será o governo ou, segundo a palavra profunda da
e o papel da Igreja. Mas se tão ruidosa manifes­ teologia, a Ordem. A eleição de Matias no Ce­
tação exterior oferece, o Paracleto age sobretudo náculo servirá imediatamente de sinal para esse
interiormente, deixando-se primeiro reconhecer papel do Paracleto. A hierarquia não é mais que
pelos impulsos dos nossos corações. a manifestação desse facto. Deus fará dela uma

94 95
Maria, as santas mulheres, os Onze, os discí� O Espírito divino é um E 1 l l'l t· d santifica­
pulos ocorrem ali para se entregarem ao culto da ção; é ele que cria a «SmH 1 I II" I 1 , N que dela
·

recordação e da mística presença. Aquele lugar é (


afaste todas as tar, A f OI' I Ii' l t u p · I V •J s seus
.
um lugar sagrado. E o olhar de Jesus crucificado aderentes, ou m m< o 1' 1 1 ·1 1 • ft• , 1 1 1 1 f I Z dela
não o consagrará mais uma vez, designando para ,
brotar u m a f n t · . Como, n 1 . · u . 1d 1. H U I' 1 . , o
sempre, como um santuário, aquela câmara ben­ rio corr ao n t r dorme junto d m t u : 1 • tu ; ,
dita, que t rnor t n do novo Pão e a sede assim é a vaga de santidade na Igreja, e cada
do Espírito 7 qual · pode escolher, com Deus, o voo que prefere,
porque o essencial é alcançar essas águas.
... * Vinde, humanos, pecadores em Adão, por vós
próprios em perigo de vício, sempre culpados em
Jesus tinha dito : «A menos que eu não me vá,
maior ou menor grau, fracos a ponto de inspirar
o Paracleto não virá». (João, XVI, 7 ) . A cruz me­
piedade, - vinde, que ali está a regeneração, e,
rece-nos esse hóspede, mas, uma vez saldada a -
com ela, a força, a salvaguarda!
dívida e obtida a preparação das almas, eis que
ele chega, o Paracleto, em missão solene e dora­
vante perpétua.
Sinais deslumbrantes o acompanham : um vento O Espírito divino é um espírito de organização.
violento que faz estremecer todas as moradias, um Para criar a Santa Igreja, deve primeiro criar a
fogo que se divide em línguas abrasantes para cair Igreja, fazer-se a alma desse corpo, provocar-lhe
sobre cada qual, um influxo que se traduz por as funções, nele estabelecer uma subordinação de
pregações em idiomas diversos, símbolos transpa­ partes, nele fazer correr um influxo unitário que
rentes em que se descobre a missão dos Discípulos será o governo ou, segundo a palavra profunda da
e o papel da Igreja. Mas se tão ruidosa manifes­ teologia, a Ordem. A eleição de Matias no Ce­
tação exterior oferece, o Paracleto age sobretudo náculo servirá imediatamente de sinal para esse
interiormente, deixando-se primeiro reconhecer papel do Paracleto. A hierarquia não é mais que
pelos impulsos dos nossos corações. a manifestação desse facto. Deus fará dela uma

94 95
graça social, um dom colectivo d ue provirão Daqui r�ssal ta, para quem p compreender,
uma enorme quantidade doutros. uma atracção irresistível. O rn l t rJ oprfme�rios ,
E o Espírito divino é também u m Testemu.-. d mJ térios é
.
nha. «Ele virá dar testemunho de mim» , Unha dito uma claridade que tudo Humin nUm que ali
o Mestre. Como esse Espírito de J �u. of rece um está o Verdadeiro, porque ali está o Uno seu ,

poderoso testemunho! Oferecê�lo.-6 1 l 1 p lavra, idêntico, e dali brota a Certeza, que nos transforma
pelo martírio, pelo génio p la vh:t ud : f recê.­ o mistério em felicidade.
�lo�á pela vida dos i n d iv l l u . p I • d povos: As aparências da vida não são aproximadas
..
acrescentar.-lh fi s pr d i J s, q u , m todos os
umas das outras e conciliadas umas com as outras
tempos, semeiam as stradas que ele s gue. Ofe.. por nenhuma doutrina humana. A Túnica sem cos­
recê�lo�á - digo..o eu - pela própria contextura tura só uma vez se viu. Ela está ali. O Espírito
do que dá, pela harmonia interior que nos mani� expõe�na para nós a admirarmos, no seu tecido
festa. Não conheço testemunho mais empolgante de raios donde imana uma única luz.
do que esse. A palavra do·. Espírito é nítida como a voz do
A vida presta testemunho à vida, o ser ao ser. Oceano na escuridão. Reconhece�se o monstro pela
O que se mantém em si mesmo sem lacuna traz voz surda e ameaça dora · das águas, cujas vagas
um sinal de Deus. Ora o Espírito de Cristo é assim disseminadas produzem �m só amplo arquejar.
uma vida cheia, uma harmonia sem defeito e sem O Espírito é a única explicação, como será a
falha, uma lógica que jamais cede e cuja simpli� única força, como será a única alegria duradoura,
cidade revela a Arte criadora. sendo a feliz e radiosa paz.
Divina simplicidade do Evangelho e do cate�
cismo, da alma de Cristo e da dos santos! Nessa
inefável ingenuidade está contida a sobre�hurp.ana Para além disto e por causa disto, o Espírito
sabedoria, e o estilo nu, transparente, em que lhe divino será um espírito de conquista; soprará até
apraz moldar�se, como água pura quando se cris� aos confins do mundo e abalará' o universo como
taliza, desvenda�lhe ainda melhor toda a profun� a casa assente sobre a colina. É por ele que o h�
didade. mem erguido acima da terra, tudo atrairá para si.

7
96 .� . 97

. t
graça social, um dom colectivo d ue provirão Daqui r�ssal ta, para quem p compreender,
uma enorme quantidade doutros. uma atracção irresistível. O rn l t rJ oprfme�rios ,
E o Espírito divino é também u m Testemu.-. d mJ térios é
.
nha. «Ele virá dar testemunho de mim» , Unha dito uma claridade que tudo Humin nUm que ali
o Mestre. Como esse Espírito de J �u. of rece um está o Verdadeiro, porque ali está o Uno seu ,

poderoso testemunho! Oferecê�lo.-6 1 l 1 p lavra, idêntico, e dali brota a Certeza, que nos transforma
pelo martírio, pelo génio p la vh:t ud : f recê.­ o mistério em felicidade.
�lo�á pela vida dos i n d iv l l u . p I • d povos: As aparências da vida não são aproximadas
..
acrescentar.-lh fi s pr d i J s, q u , m todos os
umas das outras e conciliadas umas com as outras
tempos, semeiam as stradas que ele s gue. Ofe.. por nenhuma doutrina humana. A Túnica sem cos­
recê�lo�á - digo..o eu - pela própria contextura tura só uma vez se viu. Ela está ali. O Espírito
do que dá, pela harmonia interior que nos mani� expõe�na para nós a admirarmos, no seu tecido
festa. Não conheço testemunho mais empolgante de raios donde imana uma única luz.
do que esse. A palavra do·. Espírito é nítida como a voz do
A vida presta testemunho à vida, o ser ao ser. Oceano na escuridão. Reconhece�se o monstro pela
O que se mantém em si mesmo sem lacuna traz voz surda e ameaça dora · das águas, cujas vagas
um sinal de Deus. Ora o Espírito de Cristo é assim disseminadas produzem �m só amplo arquejar.
uma vida cheia, uma harmonia sem defeito e sem O Espírito é a única explicação, como será a
falha, uma lógica que jamais cede e cuja simpli� única força, como será a única alegria duradoura,
cidade revela a Arte criadora. sendo a feliz e radiosa paz.
Divina simplicidade do Evangelho e do cate�
cismo, da alma de Cristo e da dos santos! Nessa
inefável ingenuidade está contida a sobre�hurp.ana Para além disto e por causa disto, o Espírito
sabedoria, e o estilo nu, transparente, em que lhe divino será um espírito de conquista; soprará até
apraz moldar�se, como água pura quando se cris� aos confins do mundo e abalará' o universo como
taliza, desvenda�lhe ainda melhor toda a profun� a casa assente sobre a colina. É por ele que o h�
didade. mem erguido acima da terra, tudo atrairá para si.

7
96 .� . 97

. t
Será como um fogo que consome, como um fogo JUas sempre vivas de q u f d I V 1 , maritana;
que ilumina a distância, como um fogo que con� sse meio é o Espírito.
quista e invade. abrasando florestas e montanhas. Graças ao Esp ícH ,
1 I H t'(' l l 1 1 1 1 f v · r'H 1 , por
«Eu vim trazer o fogo à terra, dizia Jesus, e que muito diversa gu s Jn ·r . '
. u \ H 1· " I tl<'l t . lo ais
desejo eu senão qa ela se acenda?» (Luc., XII, 49 ) . e superficiais, é s m p r n lgr j ; t• o J 1 z 1 .H. «. 1 I 1
Para realizar tal v t do seu zelo, Jesus só tem da «permanência do tipo» que nas esp ci .s ·
vivn /i
de lançar es t 0 1 : h t
•. pode sempre sossobrar. A sua ideia directriz esse
n�
A su . m n dos génios huma� cial é imutável , e é�o em todas as linhas ond
e a
nos cuj p mpr 1 n n hndn. Que I greja avança, como um exército com todas
as
filho do homem t ria us d d i z c : «Id n.sinai armas e um só ímpeto. O seu dogm a, a sua mora
l,
todas as nações?» E a qual del s o mais próximo a sua disciplina, a sua liturgia sacramental, a sua
futuro não teria imposto um desmentido irónico? constituição hierárquica são essencialmente no sé�
, Os maiores nomes da história só viveram pela culo xx o que foram no tempo de São Paul o, o
recordação; a descendência viva dos heróis sem� que são no Cenáculo.
pre foi restrita, passageira, e, ordinàriamente, in� Houve capitulações individua is, e numerosas;
fiel; eles não tinham, como Jesus teve, o poder de houve mesmo doenças colectivas ; mas era a Igreja
comunicar
. a essa descendência um Espírito vivo. viva que estava doente, ou então um membro dela
Aristóteles, Alexandre, Miguel Ângelo, São ou uma função, sem que a Igrej a estivesse redu�
Luís, vêem a sua obra extraviada ·em mãos de zida, por isso, à condição de cadáver. Essa doença,
sucessores e de imitadores medíocres, de pretensos como a de Lázaro, não levava para a morte.
discípulos encarniçados em a si próprios se ador� A Igrej a não morre; o Espírito palpita nela e
as
narem com uma auréola e uma riqueza feitas de suas épocas de abàtimento são precisamente as
uma glória ou de uma herança recebidas. Mas que convidam esse Espírito a violentas e maravi�
Jesus salva a sua obra e fá�la viver, porque per� lhosas reacções.
manece nela. Conhece o meio de manter muito Todas as épocas de inquietação são épocas de
ardente a inspiração da sua partida, de a conser� santidade e de heroísmo. Nos séculos socialmente
var perpetuamente jovem, de fazer dela o rio de deserdados, poderosas personalidades parecem
Será como um fogo que consome, como um fogo JUas sempre vivas de q u f d I V 1 , maritana;
que ilumina a distância, como um fogo que con� sse meio é o Espírito.
quista e invade. abrasando florestas e montanhas. Graças ao Esp ícH ,
1 I H t'(' l l 1 1 1 1 f v · r'H 1 , por
«Eu vim trazer o fogo à terra, dizia Jesus, e que muito diversa gu s Jn ·r . '
. u \ H 1· " I tl<'l t . lo ais
desejo eu senão qa ela se acenda?» (Luc., XII, 49 ) . e superficiais, é s m p r n lgr j ; t• o J 1 z 1 .H. «. 1 I 1
Para realizar tal v t do seu zelo, Jesus só tem da «permanência do tipo» que nas esp ci .s ·
vivn /i
de lançar es t 0 1 : h t
•. pode sempre sossobrar. A sua ideia directriz esse
n�
A su . m n dos génios huma� cial é imutável , e é�o em todas as linhas ond
e a
nos cuj p mpr 1 n n hndn. Que I greja avança, como um exército com todas
as
filho do homem t ria us d d i z c : «Id n.sinai armas e um só ímpeto. O seu dogm a, a sua mora
l,
todas as nações?» E a qual del s o mais próximo a sua disciplina, a sua liturgia sacramental, a sua
futuro não teria imposto um desmentido irónico? constituição hierárquica são essencialmente no sé�
, Os maiores nomes da história só viveram pela culo xx o que foram no tempo de São Paul o, o
recordação; a descendência viva dos heróis sem� que são no Cenáculo.
pre foi restrita, passageira, e, ordinàriamente, in� Houve capitulações individua is, e numerosas;
fiel; eles não tinham, como Jesus teve, o poder de houve mesmo doenças colectivas ; mas era a Igreja
comunicar
. a essa descendência um Espírito vivo. viva que estava doente, ou então um membro dela
Aristóteles, Alexandre, Miguel Ângelo, São ou uma função, sem que a Igrej a estivesse redu�
Luís, vêem a sua obra extraviada ·em mãos de zida, por isso, à condição de cadáver. Essa doença,
sucessores e de imitadores medíocres, de pretensos como a de Lázaro, não levava para a morte.
discípulos encarniçados em a si próprios se ador� A Igrej a não morre; o Espírito palpita nela e
as
narem com uma auréola e uma riqueza feitas de suas épocas de abàtimento são precisamente as
uma glória ou de uma herança recebidas. Mas que convidam esse Espírito a violentas e maravi�
Jesus salva a sua obra e fá�la viver, porque per� lhosas reacções.
manece nela. Conhece o meio de manter muito Todas as épocas de inquietação são épocas de
ardente a inspiração da sua partida, de a conser� santidade e de heroísmo. Nos séculos socialmente
var perpetuamente jovem, de fazer dela o rio de deserdados, poderosas personalidades parecem
O mundo estava in o n l m t d o , t t v n um cadá­
a stinadas a concentrar e a manter em reserva a
.

v r, um Lázaro com as su 1. I I ! J 1 I I I I' ·� , , cheirava


actividade espiritual comum ; essas personalidades a corrupção, isto é, a d l.'I.'H'I I t l n 1\ o d o. 1 mentos
são o fermento do futuro. Tal é o trabalho do e das forças. O s p i r i t'o d t• �d. l o 1'1' 1 1 1 1 adeia
Espírito, chama íntima, chama de vida semelhante da vida. O univ J.'S vJv 111 t1 n t • nH;�· d �· p · d ra.­
àquela que man t ' m os nossos corpos , anima os vante; a obra criadora surge, de um ja t , no t mpo
nossos lares e as nossas cidade s, seus tributários. e na imensidade do ser.
A linguagem cristã manifesta essa unidade,
mgan iza, mostrando idêntica em todos os tempos e por toda
Finalm nt , u m v z qu a parte, a doutrina que codifica a vida e a contém
ocioso seria dizer do Espírito divino que le con.­ por assim dizer, integralmente. A linguagem cristã
grega. Deve, porém, notar.-se o carácter universal com tantos cambiantes aqui e ali, hoje ou ontem,
dessa congregação. O Espírito de J esus é um Es.­ jamais será senão uma única voz através das ida­
pírito da raça; é, além disso, um Espírito que trans.­ des, das civilizações e dos grupos. Haverá muitas
cende todas as diferenças criadas ou criáveis, Es.­ testemunhas, não haverá mais que um testemunho.
pírito dos espíritos, e, mais longe, Espírito dos O dom das línguas concedido à doutrina como aos
seres. Tudo depende dele, e, quando se agita, seus primeiros pregadores não será mais que o dom
deve esperar.-se um abalo universal. de fazer ressoar em diversos idiomas espirituais
Até então, o mundo era caótico, ou, se estava,
uma palavra idêntica, desabrochar no prisma
em parte, organ izado , como a Sinag oga, era por humano a luz branca do céu . . . E o próprio céu,
virtude de uma antecipação, de um empréstimo; o no seu silêncio de multidão e no seu mistério, terá
Cenáculo irradiava retroactivamente. Mas, para a uma outra linguagem?
frente, a irradiação unificante revela mais poder; É graças ao Espírito que a mensagem de Jesus
o Espírito polari�a o mundo; polariza as idade s; exprime um outro mundo, e que esse outro mundo
põe num, todos os filhos de Deus dispersos (João, e o mundo da peregrinação não são mais que um
XI, 52 ) ; os que julga m escapar.-lhe , realiz am,
dou.­
só. O Reino de Deus está em toda a parte; o Es­
tra maneira, os seus desígnios e servem.-no nos pírito é a sua luz� E o que digo da unidade lumi.-
seus eleitos.
1 01
1 00

I I
O mundo estava in o n l m t d o , t t v n um cadá­
a stinadas a concentrar e a manter em reserva a
.

v r, um Lázaro com as su 1. I I ! J 1 I I I I' ·� , , cheirava


actividade espiritual comum ; essas personalidades a corrupção, isto é, a d l.'I.'H'I I t l n 1\ o d o. 1 mentos
são o fermento do futuro. Tal é o trabalho do e das forças. O s p i r i t'o d t• �d. l o 1'1' 1 1 1 1 adeia
Espírito, chama íntima, chama de vida semelhante da vida. O univ J.'S vJv 111 t1 n t • nH;�· d �· p · d ra.­
àquela que man t ' m os nossos corpos , anima os vante; a obra criadora surge, de um ja t , no t mpo
nossos lares e as nossas cidade s, seus tributários. e na imensidade do ser.
A linguagem cristã manifesta essa unidade,
mgan iza, mostrando idêntica em todos os tempos e por toda
Finalm nt , u m v z qu a parte, a doutrina que codifica a vida e a contém
ocioso seria dizer do Espírito divino que le con.­ por assim dizer, integralmente. A linguagem cristã
grega. Deve, porém, notar.-se o carácter universal com tantos cambiantes aqui e ali, hoje ou ontem,
dessa congregação. O Espírito de J esus é um Es.­ jamais será senão uma única voz através das ida­
pírito da raça; é, além disso, um Espírito que trans.­ des, das civilizações e dos grupos. Haverá muitas
cende todas as diferenças criadas ou criáveis, Es.­ testemunhas, não haverá mais que um testemunho.
pírito dos espíritos, e, mais longe, Espírito dos O dom das línguas concedido à doutrina como aos
seres. Tudo depende dele, e, quando se agita, seus primeiros pregadores não será mais que o dom
deve esperar.-se um abalo universal. de fazer ressoar em diversos idiomas espirituais
Até então, o mundo era caótico, ou, se estava,
uma palavra idêntica, desabrochar no prisma
em parte, organ izado , como a Sinag oga, era por humano a luz branca do céu . . . E o próprio céu,
virtude de uma antecipação, de um empréstimo; o no seu silêncio de multidão e no seu mistério, terá
Cenáculo irradiava retroactivamente. Mas, para a uma outra linguagem?
frente, a irradiação unificante revela mais poder; É graças ao Espírito que a mensagem de Jesus
o Espírito polari�a o mundo; polariza as idade s; exprime um outro mundo, e que esse outro mundo
põe num, todos os filhos de Deus dispersos (João, e o mundo da peregrinação não são mais que um
XI, 52 ) ; os que julga m escapar.-lhe , realiz am,
dou.­
só. O Reino de Deus está em toda a parte; o Es­
tra maneira, os seus desígnios e servem.-no nos pírito é a sua luz� E o que digo da unidade lumi.-
seus eleitos.
1 01
1 00

I I
nosa repetir-se-ia quanto à unidade de orientação,
à unidade de acção, à unidade do resultado, que
é - invisivelmente aqui e claramente lá no alto -
a vida eterna.
O spírito divino é um espírito de eternidade;
·

a água viva que J sus dá, deve tornar a subir ao


' Capítulo V
seu nível; partindo do céu, daí volta sempre a
jorrar espont n ·tm nt ni p rmanece. Lá é que
está a u sup rfi i d quili ri
, Cristo O MONTE DAS OLIVEIRAS
ressuscitado já não toma a morrer, se lá onde
ele está, quer e faz que nós também estejamos, a
razão é esta : o seu Espírito sopra entre o Pai e o
Verbo a que a sua carne está junta, a que a sua o MONTE DAS OLIVEIRAS
alma se une, no qual nós também, por meio dele, assume, na v1sao de Cristo, uma importância em
constituímos apenas um só todo espiritual que a harmonia com a que teve na Paixão e no aposto­
vida divina trespassa. lado em terra judaica. É o frontão da moldura
natural que rodeia a cruz; será a terra da partida
gloriosa, após ter sido o teatro do grande combate.
Espírito de Cristo, como sois poderoso, e como Getsemani está ao pé dessa colina, em nível
a pequena morada que visitastes abre vastos hori­ inferior ao Calvário. Jesus não o vê; o pórtico de
zontes no côncavo das suas arcadas! A cruz, agora, Salomão encobre-lho, como um parapeito monta,..
sangra, e o Salvador geme; mas o Salvador ge­ nhoso dissimula um precipício.
mente é apenas como o operário que, no decurso
da tarefa, penél: a sua fadiga. Acabada a tarefa,
ver-se-á que os meios e o fim se mantém ao mesmo O monte das Oliveiras é também chamado rto
nível e que a eterna Testemunha não mentia. Evangelho e em José, monte do Oliveiral ou sim­
plesmente o Oliveiral. Nossos avós diziam, em

1 03
nosa repetir-se-ia quanto à unidade de orientação,
à unidade de acção, à unidade do resultado, que
é - invisivelmente aqui e claramente lá no alto -
a vida eterna.
O spírito divino é um espírito de eternidade;
·

a água viva que J sus dá, deve tornar a subir ao


' Capítulo V
seu nível; partindo do céu, daí volta sempre a
jorrar espont n ·tm nt ni p rmanece. Lá é que
está a u sup rfi i d quili ri
, Cristo O MONTE DAS OLIVEIRAS
ressuscitado já não toma a morrer, se lá onde
ele está, quer e faz que nós também estejamos, a
razão é esta : o seu Espírito sopra entre o Pai e o
Verbo a que a sua carne está junta, a que a sua o MONTE DAS OLIVEIRAS
alma se une, no qual nós também, por meio dele, assume, na v1sao de Cristo, uma importância em
constituímos apenas um só todo espiritual que a harmonia com a que teve na Paixão e no aposto­
vida divina trespassa. lado em terra judaica. É o frontão da moldura
natural que rodeia a cruz; será a terra da partida
gloriosa, após ter sido o teatro do grande combate.
Espírito de Cristo, como sois poderoso, e como Getsemani está ao pé dessa colina, em nível
a pequena morada que visitastes abre vastos hori­ inferior ao Calvário. Jesus não o vê; o pórtico de
zontes no côncavo das suas arcadas! A cruz, agora, Salomão encobre-lho, como um parapeito monta,..
sangra, e o Salvador geme; mas o Salvador ge­ nhoso dissimula um precipício.
mente é apenas como o operário que, no decurso
da tarefa, penél: a sua fadiga. Acabada a tarefa,
ver-se-á que os meios e o fim se mantém ao mesmo O monte das Oliveiras é também chamado rto
nível e que a eterna Testemunha não mentia. Evangelho e em José, monte do Oliveiral ou sim­
plesmente o Oliveiral. Nossos avós diziam, em

1 03
velho francês, monte Oliv t, do latim olivetum. cristão da Palestina, é esse nas r de um astro
Este cume limita, a leste, mo se sabe, o hori..­ associado à mortal apoteos do s u l'i to!
zonte de Jerusalém; avista...s d . todos os pontos À tarde, o monte da1i llv ·lr· l H > t m os re..­

da cidade; quando se habita n ·ldnde santa, uma flexos do poente, m o s r 1'1' n . - lh I IIII , mais
. • •

atracçã invencível para ele h 1 1 1 1 1 olhar, por..­ bela dádiva; ess p n t pt u : n l n l 1 u n 1 1 ourora
que, sem falar da eminência d 1 l m p rtância 'do e desta apr n tu 1 uavid d e a p z . bre
lugar, em parte alguma s P• f· •nl' · l 1 ·om mais en..­ móveis tons violeta trespassados de verde de
canto e simbólica bclezn , o H l n fo n 1 d luz. ouro, a crista do monte apresenta uma nobre livi,..
Desde as uatr hol' l H l t m 1 1 1 h n
, utono, dez; cinzentos espessos dela se dependuram, e vão
a alvorada li st nd s u v u zu l . v rde, cor... unir,..s e, no fundo do vale, à sombra ainda trans,..
..-de ... rosa, dourado, indefinível; essa eminência sur..­ parente. A noite aproxima...se insensivelmente, sem..­
ge, viva, embora serena como uma bela morte, e, pre luminosa, e, nas épocas de lua cheia, quem
superior aos seus planos levemente sobrepostos, poderá descrever a majestade virginal do astro a
uma j óia transparece, cuja palpitação é ardente pousar, sobre a luminosa mancha cor de malva, o
como uma lança de arcanjo e tem incomparável seu disco argênteo?
doçura. 'É a estrela de alva, à qual o próprio J esus O monte das Oliveiras é, para Jerusalém, ver,..
se comparou. dadeiramente a região luminosa por excelência.
No Apocalipse, diz ...se : «Quanto a Mim, sou a Amam..-no por ter brilhado para Jesus e por ter
vergôntea e a raça de David, a Estrela brilhante da aureolado os seus dias. Saindo do Templo pela
manhã». (Apoc. XXII, 1 6 ) . E noutro passo: «Aquele porta Dourada, à beirinha da noite, ele tinha...o na
que vencer e guardar até ao fim as minhas obras, sua frente; ao regressar de Betânia, de manhã,
eu darei a Estrela da manhã.». (Apoc. 11, 28 ) . via...Jhe a fina silhueta rósea, antes de o ter por
Apreende..-se o conteúdo da promessa! J esus viu miradouro em frente dos zimbórios cintilantes.
hoje mesmo, I 4 de Nissan, esse puro símbolo pre... Esse caminho que liga Jerusalém à Betânia
ceder o sol; viu...o desvanecer..-se graciosamente, conduz a J ericó; corta, pouco mais ou menos, a
como, daqui a pouco, ele, confiantemente, irá montanha em duas partes iguais. Para o Jordão,
apagar..-se em seu Pai. . . E que evocação, para o toma...se, de preferência, um outro caminho, mais
velho francês, monte Oliv t, do latim olivetum. cristão da Palestina, é esse nas r de um astro
Este cume limita, a leste, mo se sabe, o hori..­ associado à mortal apoteos do s u l'i to!
zonte de Jerusalém; avista...s d . todos os pontos À tarde, o monte da1i llv ·lr· l H > t m os re..­

da cidade; quando se habita n ·ldnde santa, uma flexos do poente, m o s r 1'1' n . - lh I IIII , mais
. • •

atracçã invencível para ele h 1 1 1 1 1 olhar, por..­ bela dádiva; ess p n t pt u : n l n l 1 u n 1 1 ourora
que, sem falar da eminência d 1 l m p rtância 'do e desta apr n tu 1 uavid d e a p z . bre
lugar, em parte alguma s P• f· •nl' · l 1 ·om mais en..­ móveis tons violeta trespassados de verde de
canto e simbólica bclezn , o H l n fo n 1 d luz. ouro, a crista do monte apresenta uma nobre livi,..
Desde as uatr hol' l H l t m 1 1 1 h n
, utono, dez; cinzentos espessos dela se dependuram, e vão
a alvorada li st nd s u v u zu l . v rde, cor... unir,..s e, no fundo do vale, à sombra ainda trans,..
..-de ... rosa, dourado, indefinível; essa eminência sur..­ parente. A noite aproxima...se insensivelmente, sem..­
ge, viva, embora serena como uma bela morte, e, pre luminosa, e, nas épocas de lua cheia, quem
superior aos seus planos levemente sobrepostos, poderá descrever a majestade virginal do astro a
uma j óia transparece, cuja palpitação é ardente pousar, sobre a luminosa mancha cor de malva, o
como uma lança de arcanjo e tem incomparável seu disco argênteo?
doçura. 'É a estrela de alva, à qual o próprio J esus O monte das Oliveiras é, para Jerusalém, ver,..
se comparou. dadeiramente a região luminosa por excelência.
No Apocalipse, diz ...se : «Quanto a Mim, sou a Amam..-no por ter brilhado para Jesus e por ter
vergôntea e a raça de David, a Estrela brilhante da aureolado os seus dias. Saindo do Templo pela
manhã». (Apoc. XXII, 1 6 ) . E noutro passo: «Aquele porta Dourada, à beirinha da noite, ele tinha...o na
que vencer e guardar até ao fim as minhas obras, sua frente; ao regressar de Betânia, de manhã,
eu darei a Estrela da manhã.». (Apoc. 11, 28 ) . via...Jhe a fina silhueta rósea, antes de o ter por
Apreende..-se o conteúdo da promessa! J esus viu miradouro em frente dos zimbórios cintilantes.
hoje mesmo, I 4 de Nissan, esse puro símbolo pre... Esse caminho que liga Jerusalém à Betânia
ceder o sol; viu...o desvanecer..-se graciosamente, conduz a J ericó; corta, pouco mais ou menos, a
como, daqui a pouco, ele, confiantemente, irá montanha em duas partes iguais. Para o Jordão,
apagar..-se em seu Pai. . . E que evocação, para o toma...se, de preferência, um outro caminho, mais
ao sul e menos escabroso, e há ainda um terceiro, Judeia, como o vento do 111 ti ·. dliza a alma.
que desce para o norte. O d meio é o que mais O judeu antigo considerav 1 "' 1 1 I' H lo pecado:
nos prende. Quantas vezes, I L tJ' nte a sua vida de essa paisagem do mar Mo•·t l vo · I V 1 ataclis-
pregador, Jesus o pisou! Ant· d le, o seu ante­
,
mos vingadores po•·
, , d
, qtl çava,
passado Da�id subira-lhe a n ·o t quando fugia todos os anos, o I (h p 1 t I' t>, < w i JII ti b e-
carregado m p · ud d I s ·a L ·p l
de Absalão e suportava, s 1 1 1 J t•mitlr que alguém
por isso o cen u rn ss ou d 1 1 o t h· IHS vingança, se proferir diante do altar a fórmula de exe r ç"' o,
os insultos d m I, JlH 1 1 t tll' 1v t 1 dr s e pó. empurrava-se o maldito para o vale do Cédron e,
Vem de Jong lllJ I lo p t' d ruz. lá longe, era precipitado no vazio dos abismos;
Es e c minh ln m · o ú ltimo qu e Jesus sob a luz magnífica, como sob o olhar de Deus,
trilhou na terra. 'É a estrada do bom Samaritano, era sacrificado pelo povo.
cujo símbolo nele e11carnava. Nas suas encostas, Jesus, olhando, do alto da cruz, as ondulações
à beira do trilho, nossos irmãos, os dois cegos, que, precedendo Moab, abrem, para ele, a árida
foram curados, e, na sua extremidade, mesmo ení extensão, não pode deixar de pensar que o ani·
Jericó, nosso outro irmão, Zaqueu, o · publicano, mal maldito é agora ele, a quem hoje expulsaram
alegremente desceu do seu sicómoro para introdu­ da sua cidade e se vê excluído do mundo, perse­
zir na sua pecadora morada o perdão e a paz. guido em direcção à morte, transform�do no ser
Na base oriental do monte, os três caminhos diminuído que silenciosamente toma lugar no lado
alcançam uma região de aspecto severo : é o deserto ' dos bodes expiatórios!
de Judá, semeado de tendas negras, tràgicamente Nesses espaços sem vegetação e sem água,
cavado em vales e acutilado, em todos os sentidos, nessa terra só vestida do seu silêncio, da sua luz
formando como que ondas erguidas e imobilizadas. ardente e do abraço do vento, João, o Baptista,
Ali, a solidão é solene e rude como a palavra dos viveu e desempenhou o papel de anunciador. Abriu
profetas, como o verbo de Amos, o pastor, que no deserto o caminho futuro dos povos; obedeceu ao
passeou seus anátemas em Thecoa, distrito dessa velho profeta : «Preparai no deserto o caminho do
desolação. Senhor, aplanai na �olidão as veredas do nosso
De lá sopra o vento ardente que calcina a Deus». (Isaías, XL, 3 ) .
ao sul e menos escabroso, e há ainda um terceiro, Judeia, como o vento do 111 ti ·. dliza a alma.
que desce para o norte. O d meio é o que mais O judeu antigo considerav 1 "' 1 1 I' H lo pecado:
nos prende. Quantas vezes, I L tJ' nte a sua vida de essa paisagem do mar Mo•·t l vo · I V 1 ataclis-
pregador, Jesus o pisou! Ant· d le, o seu ante­
,
mos vingadores po•·
, , d
, qtl çava,
passado Da�id subira-lhe a n ·o t quando fugia todos os anos, o I (h p 1 t I' t>, < w i JII ti b e-
carregado m p · ud d I s ·a L ·p l
de Absalão e suportava, s 1 1 1 J t•mitlr que alguém
por isso o cen u rn ss ou d 1 1 o t h· IHS vingança, se proferir diante do altar a fórmula de exe r ç"' o,
os insultos d m I, JlH 1 1 t tll' 1v t 1 dr s e pó. empurrava-se o maldito para o vale do Cédron e,
Vem de Jong lllJ I lo p t' d ruz. lá longe, era precipitado no vazio dos abismos;
Es e c minh ln m · o ú ltimo qu e Jesus sob a luz magnífica, como sob o olhar de Deus,
trilhou na terra. 'É a estrada do bom Samaritano, era sacrificado pelo povo.
cujo símbolo nele e11carnava. Nas suas encostas, Jesus, olhando, do alto da cruz, as ondulações
à beira do trilho, nossos irmãos, os dois cegos, que, precedendo Moab, abrem, para ele, a árida
foram curados, e, na sua extremidade, mesmo ení extensão, não pode deixar de pensar que o ani·
Jericó, nosso outro irmão, Zaqueu, o · publicano, mal maldito é agora ele, a quem hoje expulsaram
alegremente desceu do seu sicómoro para introdu­ da sua cidade e se vê excluído do mundo, perse­
zir na sua pecadora morada o perdão e a paz. guido em direcção à morte, transform�do no ser
Na base oriental do monte, os três caminhos diminuído que silenciosamente toma lugar no lado
alcançam uma região de aspecto severo : é o deserto ' dos bodes expiatórios!
de Judá, semeado de tendas negras, tràgicamente Nesses espaços sem vegetação e sem água,
cavado em vales e acutilado, em todos os sentidos, nessa terra só vestida do seu silêncio, da sua luz
formando como que ondas erguidas e imobilizadas. ardente e do abraço do vento, João, o Baptista,
Ali, a solidão é solene e rude como a palavra dos viveu e desempenhou o papel de anunciador. Abriu
profetas, como o verbo de Amos, o pastor, que no deserto o caminho futuro dos povos; obedeceu ao
passeou seus anátemas em Thecoa, distrito dessa velho profeta : «Preparai no deserto o caminho do
desolação. Senhor, aplanai na �olidão as veredas do nosso
De lá sopra o vento ardente que calcina a Deus». (Isaías, XL, 3 ) .
Vestido de pêlo de cam I m tecido de tenda ,
Vivia não longe do Jor I ii n zona hoje cha�
,
beduína, comendo gafanh te 'tssados e mel sil� ma da da Quarentena, en t r s h cais e as peque�
vestre, João percorria a l'l' H I ,
estranhamente nas panteras que, mesm n. s 11 sos dias, lá não
exaltado, animado por l11 J lo spírito. Nele, o faltam. Pela primeirn v z . , desde que era
Novo Testamento procu rn v 1 nn Antigo e este adulto, vivia na vizinh nça dos seres invisiveis,
tentava a sua m tn m rfn:w : c
p I SR do estava legiões de seu Pai que por toda a . parte o segui�
pleno de sp tn tl vo <',d I' I V •do ,
' l i ·último e rão, e podia arrostar com a solidão, trazendo em
grand s r, I'U H 1 · 1 1 d ld o 1 01' ' I IOI' I IH'H I I ITlplos. si o seu universo.
V z d d ·s r l ll • h m n · h 1 nm rt H águas
refrigerantes, - voz da distância aspirando por
Aquele que deve vir, - voz da justiça estrita e Para cá do deserto, e agora no interior das
da virtude legal, que convida à dilatação da alma muralhas, o olhar agonizante pode adivinhar um
e ao desafogo da penitência para a chegada do ponto de grande importância simbólica, a que Jesus
amor . . . João Baptista foi tudo isto e a sua palavra deu a sua consagração. Refiro�me à piscina de
encheu a Judeia como a de Jesus devia encher o Siloé, onde o cego de nascença teve de ir c bar
mundo. a sua cura milagrosa. O cego de na c nç , quer
Não esqueçamos que Jesus quis associar�se a dizer o homem, sofrendo de cegueira inata, e Siloé,
esse período de preparação e, dalgum modo, pre� quer dizer o Messias, o «Enviado», que começa a
ceder�se a si próprio; no deserto, constituiu�se seu · sua missão purificadora ali, pela água, aguardando
próprio precursor. Durante quarenta dias, no iní� o sangue . . .
cio da sua missão, ali esteve, entregando�se a uma No mesmo ângulo de visão, mas muito ao longe,
penitência e a uma meditação extenuantes , orde� apercebemos Maqueronte, onde caiu o Precursor,
nando, em si, os conselho s de Deus, fazendo dis� e o Nebo, que sepultou Moisés e a sua esperança.
posições sobre o futuro, aceitando e adaptando a
sua obra, chamando a si a dedicação dos que
deviam secundá�lo e tendo só a natureza por tes� Se subirmos pelo monte das Oliveiras, devemos
temunha dessa inauguração do seu Reino. nomear ainda Betfagé, que ocupa as primeiras

1 08 1 09
Vestido de pêlo de cam I m tecido de tenda ,
Vivia não longe do Jor I ii n zona hoje cha�
,
beduína, comendo gafanh te 'tssados e mel sil� ma da da Quarentena, en t r s h cais e as peque�
vestre, João percorria a l'l' H I ,
estranhamente nas panteras que, mesm n. s 11 sos dias, lá não
exaltado, animado por l11 J lo spírito. Nele, o faltam. Pela primeirn v z . , desde que era
Novo Testamento procu rn v 1 nn Antigo e este adulto, vivia na vizinh nça dos seres invisiveis,
tentava a sua m tn m rfn:w : c
p I SR do estava legiões de seu Pai que por toda a . parte o segui�
pleno de sp tn tl vo <',d I' I V •do ,
' l i ·último e rão, e podia arrostar com a solidão, trazendo em
grand s r, I'U H 1 · 1 1 d ld o 1 01' ' I IOI' I IH'H I I ITlplos. si o seu universo.
V z d d ·s r l ll • h m n · h 1 nm rt H águas
refrigerantes, - voz da distância aspirando por
Aquele que deve vir, - voz da justiça estrita e Para cá do deserto, e agora no interior das
da virtude legal, que convida à dilatação da alma muralhas, o olhar agonizante pode adivinhar um
e ao desafogo da penitência para a chegada do ponto de grande importância simbólica, a que Jesus
amor . . . João Baptista foi tudo isto e a sua palavra deu a sua consagração. Refiro�me à piscina de
encheu a Judeia como a de Jesus devia encher o Siloé, onde o cego de nascença teve de ir c bar
mundo. a sua cura milagrosa. O cego de na c nç , quer
Não esqueçamos que Jesus quis associar�se a dizer o homem, sofrendo de cegueira inata, e Siloé,
esse período de preparação e, dalgum modo, pre� quer dizer o Messias, o «Enviado», que começa a
ceder�se a si próprio; no deserto, constituiu�se seu · sua missão purificadora ali, pela água, aguardando
próprio precursor. Durante quarenta dias, no iní� o sangue . . .
cio da sua missão, ali esteve, entregando�se a uma No mesmo ângulo de visão, mas muito ao longe,
penitência e a uma meditação extenuantes , orde� apercebemos Maqueronte, onde caiu o Precursor,
nando, em si, os conselho s de Deus, fazendo dis� e o Nebo, que sepultou Moisés e a sua esperança.
posições sobre o futuro, aceitando e adaptando a
sua obra, chamando a si a dedicação dos que
deviam secundá�lo e tendo só a natureza por tes� Se subirmos pelo monte das Oliveiras, devemos
temunha dessa inauguração do seu Reino. nomear ainda Betfagé, que ocupa as primeiras

1 08 1 09
l randt na sua grandiosa « 'I H II • ·f rf· tela um
»,
vertentes orientais. Jesus não o vê, mas ainda
ontem ali mandava soltar o jumentinho e orga-:­ pouco teatral talvez no que r sp l t L rsonag em
nizava o mom nt neo triunfo, o triunfo embe-­ de Jesus, mas empolgante e eh I 1 . I m lst do.

bido nas lágrim ,, que derrama sobre a cidade,


*
o triunfo a qu ) rod chamar--se decisivo porque
* *
.

causará a suEI mor•f· •sse triunfo estava relacio-­


nado com qu • 1 • 1 h I V 1 I alcançar no túmulo de
Lázaro, f i p r· IH l l l l (' I H I.' 10 I Jb rtar Lázaro da Fixando de novo, com Jesus, a colina das Oli-­
sua mortalha que briu s • u 1 r ,pl'i túmulo. veiras, devemos concentrar a nossa atenção em
três pontos : em baixo, Getsemani; nas encostas,
Sabendo ter Cristo ressuscitado esse homem não longe do cume, mesmo defronte de Jerusalém,
E que todos bem viram o sepulcro a abrir�se, um lugar onde Jesus se detinha quando se dirigia
Dizem : :É tempo agora de o fazer morrer (1 ) . à Betânia com os seus e onde ainda ecoam subli-­
mes pregações; no ponto mais alto, o lugar da as�
Continua a mostrar--se o Lazarion, muito pró-­ censão.
ximo de Betânia, agora já descido da sua colina Getsemani significa aproximadamente lagar de
(El--Azarieh ) . Sofreu remodelações, mas ainda é azeite. Era um espaço aberto no grande olival que
muito impressionante e fàcilmente evocativo do toda a montanha formava; como acontecia nas
milagre. Aí se abre a cova donde emergiu, desvài-­ vinhas judias, tinham ali instalado um lagar para
rado, o homem que saía da noite eterna; a ranhura a exploração da colheita. Havia ali ym bom abrigo;
da pedra da sua sepultura subsiste; o lugar onde sob as árvores de folhagem prateada, podia en-­
Jesus se encontrava poucas dúvidas deixa; o das contrar--se solidão, repouso, _se era necessário, e
duas irmãs quase nem se deixa procurar, porque nàda impedia que, durante a estação mais quente,
logo se impõe. Vê--se a cena tal como a viu Rem-- ali se passasse a noite sob a bênção dos astros.
O lugar era talvez um tanto triste; situado «nas
raízes do monte», cqmo diz São Jerónimo, poucp
(1 ) Vítor Hugo: La Légende des Si�cles. La Premiere Rencontre
se erguia acima do vale de Cédron; era domi--
de Christ avec le Tombeau.

1 10 111


l randt na sua grandiosa « 'I H II • ·f rf· tela um
»,
vertentes orientais. Jesus não o vê, mas ainda
ontem ali mandava soltar o jumentinho e orga-:­ pouco teatral talvez no que r sp l t L rsonag em
nizava o mom nt neo triunfo, o triunfo embe-­ de Jesus, mas empolgante e eh I 1 . I m lst do.

bido nas lágrim ,, que derrama sobre a cidade,


*
o triunfo a qu ) rod chamar--se decisivo porque
* *
.

causará a suEI mor•f· •sse triunfo estava relacio-­


nado com qu • 1 • 1 h I V 1 I alcançar no túmulo de
Lázaro, f i p r· IH l l l l (' I H I.' 10 I Jb rtar Lázaro da Fixando de novo, com Jesus, a colina das Oli-­
sua mortalha que briu s • u 1 r ,pl'i túmulo. veiras, devemos concentrar a nossa atenção em
três pontos : em baixo, Getsemani; nas encostas,
Sabendo ter Cristo ressuscitado esse homem não longe do cume, mesmo defronte de Jerusalém,
E que todos bem viram o sepulcro a abrir�se, um lugar onde Jesus se detinha quando se dirigia
Dizem : :É tempo agora de o fazer morrer (1 ) . à Betânia com os seus e onde ainda ecoam subli-­
mes pregações; no ponto mais alto, o lugar da as�
Continua a mostrar--se o Lazarion, muito pró-­ censão.
ximo de Betânia, agora já descido da sua colina Getsemani significa aproximadamente lagar de
(El--Azarieh ) . Sofreu remodelações, mas ainda é azeite. Era um espaço aberto no grande olival que
muito impressionante e fàcilmente evocativo do toda a montanha formava; como acontecia nas
milagre. Aí se abre a cova donde emergiu, desvài-­ vinhas judias, tinham ali instalado um lagar para
rado, o homem que saía da noite eterna; a ranhura a exploração da colheita. Havia ali ym bom abrigo;
da pedra da sua sepultura subsiste; o lugar onde sob as árvores de folhagem prateada, podia en-­
Jesus se encontrava poucas dúvidas deixa; o das contrar--se solidão, repouso, _se era necessário, e
duas irmãs quase nem se deixa procurar, porque nàda impedia que, durante a estação mais quente,
logo se impõe. Vê--se a cena tal como a viu Rem-- ali se passasse a noite sob a bênção dos astros.
O lugar era talvez um tanto triste; situado «nas
raízes do monte», cqmo diz São Jerónimo, poucp
(1 ) Vítor Hugo: La Légende des Si�cles. La Premiere Rencontre
se erguia acima do vale de Cédron; era domi--
de Christ avec le Tombeau.

1 10 111


n do pelas altas muralhas do Moriah e o pináculo J não poderá apoiar à almn seu cora...
do Templo; a Torre Antónia ameaçava�o de longe, ção fatigado.
e, à sua esquerda, estendia�se o vale de Josafat
com os seus túmulos.
Jesus para a l i se dirigia quando sentia neces� Mais alto - disse eu h 1 pt llt'O n I nge
..
sidade de um r th·o seguro; aquelas melancólicas do cume, ficava outro síti f n u l l l l l'. Simpl s p
, ,
cercanias a lmnvo rn� no; rezava. longe das agita� ragem em tempo vulgar, em p tv 1. no entanto,
ções, apenas r d u lo p c o l uns in timos que podia, aí alguém demorar�se e abl' l 1 1 1'"• , porque havia
'
uma gruta. É a essa gruta J L W 1 f l l tn i t i va tradição
à vontad , m n t r n dist n in. onfi ndo à na�
tureza, à solidão , à sombra, ao m smo tempo que precisamente prende a re o•·d t e; do Ensino.
a seu Pai, a fraqueza da sua humanidade. Sabe�se que J esus ali Mt 1 ·Jon u, numa tarde
em que subia para Betânia, · } l i , voltado de rosto
para o Templo, predissera n t•uln deste; aprovei�
.
tara o ensejo dessa prim Jr 1 d gr .ça para des�
Se decidia passar ali a noite, como acontecia
por ter saído tarde da cidade ou haver prolon gado crever o fim dos tempo t ·minora por longas
as oraçõe s, fazia de Getsemani um dormitório sa� exortações morais.
grado. O seu grupo participava daquele mistério: Quanto ao lugar da As n ão, a Escritura não
Jesus a cair na leve inconsciência do sono, guar,.. o determina rigorosament . "' o Lucas situa�o nos
dando o infinito no coração. Vê�se o Deus con,.. arredores de Betânia; os Actos, «no monte que é
descendente apoiado à base de um tronco de chamado do Oliveiral. perto de Jerusalém, à dis.­
árvore, a cabeça sobre o braço. com os seus em tância de um caminho de sabbat» e ) . (Lucas, XXIV,
volta - pobres homens por completo aniquilados, 50�53; Actos I . IV, 1 2 ) . A crista do monte, num
enquanto nele prossegue a vigília celeste - e, sem plano um pouco recuado, corresponde, de um
dúvid a, todo encolhido, muito junto do seu Mestre,
João, o mais afectuoso, que pousa o rosto no divino
(1 ) Chamava-se caminho de sabbat, a distância que era possível
manto. percorrer, fora da;; cidades, sem violar o sabbat. Essa distância era
Mas chega rá o dia em que Jesus estará ·só e de dois mil cõvados, cerca de um quilómetro.
n do pelas altas muralhas do Moriah e o pináculo J não poderá apoiar à almn seu cora...
do Templo; a Torre Antónia ameaçava�o de longe, ção fatigado.
e, à sua esquerda, estendia�se o vale de Josafat
com os seus túmulos.
Jesus para a l i se dirigia quando sentia neces� Mais alto - disse eu h 1 pt llt'O n I nge
..
sidade de um r th·o seguro; aquelas melancólicas do cume, ficava outro síti f n u l l l l l'. Simpl s p
, ,
cercanias a lmnvo rn� no; rezava. longe das agita� ragem em tempo vulgar, em p tv 1. no entanto,
ções, apenas r d u lo p c o l uns in timos que podia, aí alguém demorar�se e abl' l 1 1 1'"• , porque havia
'
uma gruta. É a essa gruta J L W 1 f l l tn i t i va tradição
à vontad , m n t r n dist n in. onfi ndo à na�
tureza, à solidão , à sombra, ao m smo tempo que precisamente prende a re o•·d t e; do Ensino.
a seu Pai, a fraqueza da sua humanidade. Sabe�se que J esus ali Mt 1 ·Jon u, numa tarde
em que subia para Betânia, · } l i , voltado de rosto
para o Templo, predissera n t•uln deste; aprovei�
.
tara o ensejo dessa prim Jr 1 d gr .ça para des�
Se decidia passar ali a noite, como acontecia
por ter saído tarde da cidade ou haver prolon gado crever o fim dos tempo t ·minora por longas
as oraçõe s, fazia de Getsemani um dormitório sa� exortações morais.
grado. O seu grupo participava daquele mistério: Quanto ao lugar da As n ão, a Escritura não
Jesus a cair na leve inconsciência do sono, guar,.. o determina rigorosament . "' o Lucas situa�o nos
dando o infinito no coração. Vê�se o Deus con,.. arredores de Betânia; os Actos, «no monte que é
descendente apoiado à base de um tronco de chamado do Oliveiral. perto de Jerusalém, à dis.­
árvore, a cabeça sobre o braço. com os seus em tância de um caminho de sabbat» e ) . (Lucas, XXIV,
volta - pobres homens por completo aniquilados, 50�53; Actos I . IV, 1 2 ) . A crista do monte, num
enquanto nele prossegue a vigília celeste - e, sem plano um pouco recuado, corresponde, de um
dúvid a, todo encolhido, muito junto do seu Mestre,
João, o mais afectuoso, que pousa o rosto no divino
(1 ) Chamava-se caminho de sabbat, a distância que era possível
manto. percorrer, fora da;; cidades, sem violar o sabbat. Essa distância era
Mas chega rá o dia em que Jesus estará ·só e de dois mil cõvados, cerca de um quilómetro.
pro� t r uma grande escada ·i 1 q u ( L r ntemente
modo geral, a tais indicações, e aí devemos

descoberta, após escavn\ . H n t q u t i 1uer dos


curar os vestígios divinos.

casos, por uma ou ou t· r 1 v 1 • d • I I I\ 1 v l o Cé�


*
dron, o vale d J so f 1 1 , 01 h 1 1 1 1 1 1 lo. , o m 1 1. mor�
*
tal dos túm u los, q u · t 1 n J 1 c.l o · r· 1 1,; 10.
*
Seriam, aproximadamente, dez hor s du noJt .
A fulgurante lua do Oriente, em toda a sua pl ni�
Jesu s, 111 j 1 l iss , tudo contempla com
l'
tude, derramava generosa luz; as rochas brilha�

>111 •. p dt
c
m mor ação ;
espírit pr f t i · ·
I ·

vam como espelhos; as lajes fúnebres resplande�


vive t m p t r n : ln1 1 r � J I1lHI Jll , foi e
ciam; os archotes dos assassinos iam tornar�se
será, tal como de uma m sma pr n a , e
assi m
da Ceia , inúteis, e as espadas e os bastões ressoariam nlti�
como sobre o Cen ácul o projecta a visã o damente naquela silenciosa noite.
nhã,
que é ontem, e a do Pentecostes , que é ama O peregrino, quando trilha essa estrada, na
er de
também, no monte das Oliveiras, tem o pod noite de Quinta�Feira Santa, em união com Jesus,
dup lo
inclinar�se, conforme os tempos, sobre um misturado com o grupo dos Doze, ,àquela mesma
de céu.
abismo, um abismo de dor e um abismo hora, sob aquela mesma lua de N issan, e vê, no
vale estreito, o rochedo que aflora e lhe dá a cer�
ceie� . teza de pisar as pegadas divinas, não pode deixar
Quando Jesus acabou, no monte Sião, de de estremecer e de prosternar�se para beijar essa
amente
brar a sua partida, tendo já comentado long pedra. O caso de Absalão tornava outrora exe�
uir o seu
os seus actos, mas desejoso de prosseg
·

(João, crado aquele lugar maldito, e ainda hoje o tran�


.caminho, diz: «Levantai�vos; saiamos daqui». seunte judeu ou maometano arremessa pedras ao
XIV , 3 1 ) . O gru po diri giu�
se para O fel, atraves�
nte de� pérfido. Jesus, porém, passou, e já nenhuma mal�
sando a cida de, àquela hora completame dição subsiste. Absalão, éramos nós; Jesus apagou
a muralha,
serta; desceu, por encosta rápida, para os nossos crimes, e as lágrimas que ali se vêem,
Talvez
que ultrapassou na porta das Aguas. quer sejam as de Jesus, quer as do penitente, já
tomasse o
ainda, mas é muito menos provável, não são amargas.
onde vinha
caminho de Siloé e a porta da Fonte,
pro� t r uma grande escada ·i 1 q u ( L r ntemente
modo geral, a tais indicações, e aí devemos

descoberta, após escavn\ . H n t q u t i 1uer dos


curar os vestígios divinos.

casos, por uma ou ou t· r 1 v 1 • d • I I I\ 1 v l o Cé�


*
dron, o vale d J so f 1 1 , 01 h 1 1 1 1 1 1 lo. , o m 1 1. mor�
*
tal dos túm u los, q u · t 1 n J 1 c.l o · r· 1 1,; 10.
*
Seriam, aproximadamente, dez hor s du noJt .
A fulgurante lua do Oriente, em toda a sua pl ni�
Jesu s, 111 j 1 l iss , tudo contempla com
l'
tude, derramava generosa luz; as rochas brilha�

>111 •. p dt
c
m mor ação ;
espírit pr f t i · ·
I ·

vam como espelhos; as lajes fúnebres resplande�


vive t m p t r n : ln1 1 r � J I1lHI Jll , foi e
ciam; os archotes dos assassinos iam tornar�se
será, tal como de uma m sma pr n a , e
assi m
da Ceia , inúteis, e as espadas e os bastões ressoariam nlti�
como sobre o Cen ácul o projecta a visã o damente naquela silenciosa noite.
nhã,
que é ontem, e a do Pentecostes , que é ama O peregrino, quando trilha essa estrada, na
er de
também, no monte das Oliveiras, tem o pod noite de Quinta�Feira Santa, em união com Jesus,
dup lo
inclinar�se, conforme os tempos, sobre um misturado com o grupo dos Doze, ,àquela mesma
de céu.
abismo, um abismo de dor e um abismo hora, sob aquela mesma lua de N issan, e vê, no
vale estreito, o rochedo que aflora e lhe dá a cer�
ceie� . teza de pisar as pegadas divinas, não pode deixar
Quando Jesus acabou, no monte Sião, de de estremecer e de prosternar�se para beijar essa
amente
brar a sua partida, tendo já comentado long pedra. O caso de Absalão tornava outrora exe�
uir o seu
os seus actos, mas desejoso de prosseg
·

(João, crado aquele lugar maldito, e ainda hoje o tran�


.caminho, diz: «Levantai�vos; saiamos daqui». seunte judeu ou maometano arremessa pedras ao
XIV , 3 1 ) . O gru po diri giu�
se para O fel, atraves�
nte de� pérfido. Jesus, porém, passou, e já nenhuma mal�
sando a cida de, àquela hora completame dição subsiste. Absalão, éramos nós; Jesus apagou
a muralha,
serta; desceu, por encosta rápida, para os nossos crimes, e as lágrimas que ali se vêem,
Talvez
que ultrapassou na porta das Aguas. quer sejam as de Jesus, quer as do penitente, já
tomasse o
ainda, mas é muito menos provável, não são amargas.
onde vinha
caminho de Siloé e a porta da Fonte,
Subindo o vale, depress se chegava sob o noite no seu habitual abrig t nfa : se a tal

pináculo do Templo; uma enorme sombra bordava não houvesse renunciado, n t ri delllorado

a parte inferior do enorme ediflcio, mas a clari..­ �anto no caminho, am uçn lo v .


Recusa,
portanto, à amizad l'ttn \ Jti lll ,t última
. dade tornava a encontrar..-se n o aminho, porque
,
oração? Sim : n t i o om ç u ; o gon , 6 pode
a lua ia alta. A direita, abria..-s , saz rudemente,
o caminho de ' Moab, do Jordã do mar Morto. marcar encontro nn. cruz e no sepulcro.
Por toda essa enco ta est ndiam•8 vinhas muito Familiarmente, Jesus entra no jardim com os
bem expostas e qu m st v m f rt Is. Jesus Doze, e tudo parece, ao princípio, passar..-se como
delas oportunam nt npr v it p r desenvol..- de costume; simplesmente ele; que gosta de rezar
ver uma das suas mais impressionantes compa... sozinho, leva consigo, dessa vez, Pedro, Tiago e
rações : «Eu sou a vinha; vós sois os ramos ». . . .
João, seus amigos predilectos, e ordena aos outros
(João, xv, I ) . que o esperem, sentados, como se em breve vo}...
Caminhava... se lentamente. Como o precurso tasse e retomasse o fio do seu discurso, ou conti..­
era breve e as palavras abundantes, tiveram de nuasse, com eles, a subir a colina.
sentar..-se, aqui e ali, nas encostas de Sião, ·defronte Nesse momento, o espírito divino que até então
das Oliveiras, sobre os rochedos do vale ou sobre .mostrara a sua plena firmeza, começou a dar sinais
-os túmulos. A natureza, ali, fora pródiga em }u... de inquietação. Uma . terrível visão empolga..-o.
gares onde. podiam sentar..-se; o peregrino, ani..­ A violência da aparição é tal que a estupefacção
mado de uma vaga esperança, tem onde deter...se precede o terror e o abatimento (7Jpe�XtoaX9cxp.ôst58cxt}
demoradamente. Jesus cambaleia e, não · podendo guardar só para
Passado o «túmulo de Absalão» e dos seus .si aquela horrível impressão, dá parte dela aos
iguais, deixando essas grandes testemunhas que discípulos, tomando a peito, talvez, explicar a
do alto observam e sobre os mortais mantém aber..­ brusca pmdança que nele se opera : «A minha alma
tos os seus precipícios nocturnos, abandona..-se está triste, diz, até à morte». O «Forte» de quem
o vale fú�ebre e investe...se com as «raízes do falara o profeta, o Conselheiro admirável, o pró..­
monte». ·Getsemani está diante de ·nós. ximo vencedor dos suplícios e do túmulo, parece
É evidente que Jesus não pensa em passar essa sucumbir; pede auxílio. «Conservai..-vos aqui, su...

1 16 1 17
Subindo o vale, depress se chegava sob o noite no seu habitual abrig t nfa : se a tal

pináculo do Templo; uma enorme sombra bordava não houvesse renunciado, n t ri delllorado

a parte inferior do enorme ediflcio, mas a clari..­ �anto no caminho, am uçn lo v .


Recusa,
portanto, à amizad l'ttn \ Jti lll ,t última
. dade tornava a encontrar..-se n o aminho, porque
,
oração? Sim : n t i o om ç u ; o gon , 6 pode
a lua ia alta. A direita, abria..-s , saz rudemente,
o caminho de ' Moab, do Jordã do mar Morto. marcar encontro nn. cruz e no sepulcro.
Por toda essa enco ta est ndiam•8 vinhas muito Familiarmente, Jesus entra no jardim com os
bem expostas e qu m st v m f rt Is. Jesus Doze, e tudo parece, ao princípio, passar..-se como
delas oportunam nt npr v it p r desenvol..- de costume; simplesmente ele; que gosta de rezar
ver uma das suas mais impressionantes compa... sozinho, leva consigo, dessa vez, Pedro, Tiago e
rações : «Eu sou a vinha; vós sois os ramos ». . . .
João, seus amigos predilectos, e ordena aos outros
(João, xv, I ) . que o esperem, sentados, como se em breve vo}...
Caminhava... se lentamente. Como o precurso tasse e retomasse o fio do seu discurso, ou conti..­
era breve e as palavras abundantes, tiveram de nuasse, com eles, a subir a colina.
sentar..-se, aqui e ali, nas encostas de Sião, ·defronte Nesse momento, o espírito divino que até então
das Oliveiras, sobre os rochedos do vale ou sobre .mostrara a sua plena firmeza, começou a dar sinais
-os túmulos. A natureza, ali, fora pródiga em }u... de inquietação. Uma . terrível visão empolga..-o.
gares onde. podiam sentar..-se; o peregrino, ani..­ A violência da aparição é tal que a estupefacção
mado de uma vaga esperança, tem onde deter...se precede o terror e o abatimento (7Jpe�XtoaX9cxp.ôst58cxt}
demoradamente. Jesus cambaleia e, não · podendo guardar só para
Passado o «túmulo de Absalão» e dos seus .si aquela horrível impressão, dá parte dela aos
iguais, deixando essas grandes testemunhas que discípulos, tomando a peito, talvez, explicar a
do alto observam e sobre os mortais mantém aber..­ brusca pmdança que nele se opera : «A minha alma
tos os seus precipícios nocturnos, abandona..-se está triste, diz, até à morte». O «Forte» de quem
o vale fú�ebre e investe...se com as «raízes do falara o profeta, o Conselheiro admirável, o pró..­
monte». ·Getsemani está diante de ·nós. ximo vencedor dos suplícios e do túmulo, parece
É evidente que Jesus não pensa em passar essa sucumbir; pede auxílio. «Conservai..-vos aqui, su...

1 16 1 17
pU , e velai comigo». Muitas vezes dissera velai piores que suplícios. Es H f • n nH n despedaça...
.

mas não dizia comigo; esta afectuosa frase tem, riam normalmente o corac,; o h 1 1 1 1 1 1 1 10 ; m s também
aqui, um significado .d e apelo : não é só a vigília podem, quando Deus q t H' I', J H 1 1 p 1 1' • • i mão da
que está em discussão; o que o Senhor implora é alma em proveito d 1 d m , A 1 1 1c 1'1' v l i I t r.... se
piedade. agora na a g n ln , m 1 . p 1 1' 1 o p l'i l'( 1 1 I
Então com ça • desdobrar�se essa angústia limite; todos s d i •s s j u ntarão JU 1

sobre�human u j .mi�t �rio não está revelado. J e · ...


um alívio sair deles a caminho da cruz.
sus, no iní i cln s u l J 1 ! , s t 1 orno no princípio Quem entrará nesses abismos, e quem descre....
da sua mis ão d pt: g 1 d · : n t ru n d s l'to, mas verá, depois das lágrimas de sangue que averme....
o deserto da sua alma é profundo inistro de lham a terra; a torrente de lágrimas ainda mais
maneira diferente do de João Baptista, quando lhe sangrentas que se derrama na alma divina como
apraz deixar que dele se afastem as consolações. uma corrente no fundo do mar?
Não se põe de joelhos : «cai» e prosterna�se A visão de Jesus não pode ser explicada por
com o rosto voltado para a terra. Propõem.... lhe um completo, mas pode ser conjecturada. Não se negue
cálice impossível de beber; treme, ante ele, a ponto que a morte material e o seu cortejo de sofrimento
de o pranto escorrer não só dos olhos mas de todo deve oferecer a essa ascensão de terror um pri....
o seu ser e arrastar consigo glóbulos de sangue. meiro ponto de apoio. A cruz ergue�se de repente.
Chora com todo o seu corpo: chora como se san� Não há dúvida de que Je�us já com ela se . familia....
grasse, e esse sangue que precede o ferimento, rizou; desde sempre que a aceita; fala de amanhã
essas lágrimas de dolorosa surpresa, que não ali ... como da sua hora, dizendo : «É para isso que eu
.viam, são para ele, nessa última vigília terrena, vim». (João, XII, 27 ) . Mas quem desconhece o apa....
comd gotas de treva. vorante relevo que pode assumir,' num dado mo...
J esus dizia há pouco : «A minha alma está triste mento, uma imagem que o hábito diminuiu? Um
até à morte»; as palavras são pouco expressivas; lenitivo indizível é concedido aos sofrimentos que
a tristeza de Jesus ultrapassa muito a morte. Esta não prevemos; um outro, também eficaz, aos que
só atinge a carne: na própria carne podem ope.... prevemos mas só fracamente imaginamos, distraí...
rar�se fenómenos - e não será este o caso? - dos por qualquer imagem estranha ou compensa...

1 18 1 19
pU , e velai comigo». Muitas vezes dissera velai piores que suplícios. Es H f • n nH n despedaça...
.

mas não dizia comigo; esta afectuosa frase tem, riam normalmente o corac,; o h 1 1 1 1 1 1 1 10 ; m s também
aqui, um significado .d e apelo : não é só a vigília podem, quando Deus q t H' I', J H 1 1 p 1 1' • • i mão da
que está em discussão; o que o Senhor implora é alma em proveito d 1 d m , A 1 1 1c 1'1' v l i I t r.... se
piedade. agora na a g n ln , m 1 . p 1 1' 1 o p l'i l'( 1 1 I
Então com ça • desdobrar�se essa angústia limite; todos s d i •s s j u ntarão JU 1

sobre�human u j .mi�t �rio não está revelado. J e · ...


um alívio sair deles a caminho da cruz.
sus, no iní i cln s u l J 1 ! , s t 1 orno no princípio Quem entrará nesses abismos, e quem descre....
da sua mis ão d pt: g 1 d · : n t ru n d s l'to, mas verá, depois das lágrimas de sangue que averme....
o deserto da sua alma é profundo inistro de lham a terra; a torrente de lágrimas ainda mais
maneira diferente do de João Baptista, quando lhe sangrentas que se derrama na alma divina como
apraz deixar que dele se afastem as consolações. uma corrente no fundo do mar?
Não se põe de joelhos : «cai» e prosterna�se A visão de Jesus não pode ser explicada por
com o rosto voltado para a terra. Propõem.... lhe um completo, mas pode ser conjecturada. Não se negue
cálice impossível de beber; treme, ante ele, a ponto que a morte material e o seu cortejo de sofrimento
de o pranto escorrer não só dos olhos mas de todo deve oferecer a essa ascensão de terror um pri....
o seu ser e arrastar consigo glóbulos de sangue. meiro ponto de apoio. A cruz ergue�se de repente.
Chora com todo o seu corpo: chora como se san� Não há dúvida de que Je�us já com ela se . familia....
grasse, e esse sangue que precede o ferimento, rizou; desde sempre que a aceita; fala de amanhã
essas lágrimas de dolorosa surpresa, que não ali ... como da sua hora, dizendo : «É para isso que eu
.viam, são para ele, nessa última vigília terrena, vim». (João, XII, 27 ) . Mas quem desconhece o apa....
comd gotas de treva. vorante relevo que pode assumir,' num dado mo...
J esus dizia há pouco : «A minha alma está triste mento, uma imagem que o hábito diminuiu? Um
até à morte»; as palavras são pouco expressivas; lenitivo indizível é concedido aos sofrimentos que
a tristeza de Jesus ultrapassa muito a morte. Esta não prevemos; um outro, também eficaz, aos que
só atinge a carne: na própria carne podem ope.... prevemos mas só fracamente imaginamos, distraí...
rar�se fenómenos - e não será este o caso? - dos por qualquer imagem estranha ou compensa...

1 18 1 19
dora. Mas a dor que tudo invade e permite ao calvário interior de Jesus · • m t l 1 paisagem,
seu fantasma a total absorpção do espírito, reves... .a s cruzes juntam...se às ru 1 , • oprimem
te...se de uma espécie de infinidade. É este o caso a cruz; comprimem s · h � · ' " ' ' h 1 I todos os
... ,

do Filho do Homem. tamanhos, há ...as d I' l I 1. 1. 1 1 1 u l t· l l 1 ; 1 1 1 1 1 I Ii tão


«Ü meu cora.çãd treme em mim, e os teuores direitas, outras in ·I ln nu , t· , ou t·t· t H • H ' nt 1 p d r
.. ...

da morte assaltam ... m ; o teuor e o assombro assa[... cem como árv · 'H H ·ns. I\ l ú g u r · fJ r '. tu H 1 l 1 1

tam...me e a tr mura p d ra...se de mim». (Salmos, os montes e torna a descer para as planícies; d •

LV, 5 6 ) . E�t< s
... pr· HS s ,l' p tidas tornam sen... liza pelos vales; cria nascentes inesgotáveis e faz
sível - t nto quont p l l t v · t p d m f zê... lo ­ nascer rios que são rede de canais para o pranto
um estado de supr m n. ústio .. s pensamen... escorrer. E o oceano ainda a leva, de margem em
tos do Salvador flagelam...no e os seus pressenti... margem, como flotilha imensa que soluços e sus...
mentos crucificam... no; as suas visões arrastam...no piros balouçam.
através do jardim, da encosta, da casa de Ana, da O Filho do Homem veio para adoptar o homem;
casa de Caifás, da Torre Antónia, das ruas, da sobre si toma toda a carga de seus filhos; a sua
morte, do túmulo. Ele vê! Ele vê! E, por um ins... dor não é a sua dor, porque é a dor universal;
tante, uma obsessão invencível desvaira...o. Ali, quer vencer a nossa, suportando...a ele, tal como,
prosternado, com os braços estendidos, à maneira morrendo, vai destruir a morte, e o seu espírito,
judia, conhece o gosto da soma total de todos os aderindo à desgraça mais que o próprio desgra ...
tormentos. çado, esgota, pela compaixão, todo o horror que
ela contém.
Mas para que dessa compaixão tiremos pro...
Alargai um pouco o horizonte sem deixar ne... veito, Jesus deve tentar, sofrendo, uma outra vitó...
nhuma força consoladora infiltrar... se no círculo . . . ria. Há alguma coisa mais terrível do que a cruz :
Que vedes? Não só a cruz de Jesus mas a multi... é o que a ergueu. O tormento é uma consequência,
dão das nossas. Como no vale de J osafat os o crime é a sua causa; e - o fiador universal não
túmulos se juntam aos túmulos e escalam indefi... pode ignorá...lo - o homem é um criminoso.
nidamente as encostas vizinhas, assim também, no Sim, não tenhamos medo das palavras e não

1 20 121
dora. Mas a dor que tudo invade e permite ao calvário interior de Jesus · • m t l 1 paisagem,
seu fantasma a total absorpção do espírito, reves... .a s cruzes juntam...se às ru 1 , • oprimem
te...se de uma espécie de infinidade. É este o caso a cruz; comprimem s · h � · ' " ' ' h 1 I todos os
... ,

do Filho do Homem. tamanhos, há ...as d I' l I 1. 1. 1 1 1 u l t· l l 1 ; 1 1 1 1 1 I Ii tão


«Ü meu cora.çãd treme em mim, e os teuores direitas, outras in ·I ln nu , t· , ou t·t· t H • H ' nt 1 p d r
.. ...

da morte assaltam ... m ; o teuor e o assombro assa[... cem como árv · 'H H ·ns. I\ l ú g u r · fJ r '. tu H 1 l 1 1

tam...me e a tr mura p d ra...se de mim». (Salmos, os montes e torna a descer para as planícies; d •

LV, 5 6 ) . E�t< s
... pr· HS s ,l' p tidas tornam sen... liza pelos vales; cria nascentes inesgotáveis e faz
sível - t nto quont p l l t v · t p d m f zê... lo ­ nascer rios que são rede de canais para o pranto
um estado de supr m n. ústio .. s pensamen... escorrer. E o oceano ainda a leva, de margem em
tos do Salvador flagelam...no e os seus pressenti... margem, como flotilha imensa que soluços e sus...
mentos crucificam... no; as suas visões arrastam...no piros balouçam.
através do jardim, da encosta, da casa de Ana, da O Filho do Homem veio para adoptar o homem;
casa de Caifás, da Torre Antónia, das ruas, da sobre si toma toda a carga de seus filhos; a sua
morte, do túmulo. Ele vê! Ele vê! E, por um ins... dor não é a sua dor, porque é a dor universal;
tante, uma obsessão invencível desvaira...o. Ali, quer vencer a nossa, suportando...a ele, tal como,
prosternado, com os braços estendidos, à maneira morrendo, vai destruir a morte, e o seu espírito,
judia, conhece o gosto da soma total de todos os aderindo à desgraça mais que o próprio desgra ...
tormentos. çado, esgota, pela compaixão, todo o horror que
ela contém.
Mas para que dessa compaixão tiremos pro...
Alargai um pouco o horizonte sem deixar ne... veito, Jesus deve tentar, sofrendo, uma outra vitó...
nhuma força consoladora infiltrar... se no círculo . . . ria. Há alguma coisa mais terrível do que a cruz :
Que vedes? Não só a cruz de Jesus mas a multi... é o que a ergueu. O tormento é uma consequência,
dão das nossas. Como no vale de J osafat os o crime é a sua causa; e - o fiador universal não
túmulos se juntam aos túmulos e escalam indefi... pode ignorá...lo - o homem é um criminoso.
nidamente as encostas vizinhas, assim também, no Sim, não tenhamos medo das palavras e não

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deixemos que fáceis condescendências nos induzam e Vulg. ) . A mordedura da dot q u
em erro sobre juízos ditados pela eternidade. cado não cura esta; são pr i o u t
A eternidade é o verdadeiro juiz; a eternidade Eis o medico, mas c ura p J' m t d
sabe o que vale o tempo e condena�o. A humani� males, e o seu dia gn t i
· sua
dade está transviada; «o universo está todo pou� dor suprema.
sado na malícia.», diz o Apóstolo (I João, v, 1 9 } e Jesus abriu un olhos que a nossa incons J n i
não é de admirar qu o Salvador, Irmão que sobre mantém fechados, e que a nossa debilidade torna ...
si tomou a divida d fronta . sofra, no decurso ria sempre desproporcionados com o espectáculo.
da grande liquidação piritual. o que exprimia, Jesus viu a desgraça e a malícia do mundo, que nós
em seu nome, o salmo : «As torrentes de Bélial apa� não vemos. Se cada um de nós se penetrasse de
voram�me». (Salmo XVII, 5 } . todas as agonias e de todas as atrocidades que
Ele, sozinho, tomou sobre si toda a iniquidade; enchem a terra, qual de nós poderia viver? E se
«foi feito pecado por nós». (II Cor. v, 2 1} e já não cada qual olhasse de frente o seu próprio caso,
é o primeiro Adão, com a sua descendência, · q\le quem ousaria mostrar�se? O nosso poder de ilu..
se encontra perante . o tribunal : é o segundo pri� · são defende.. nos; mas o Clarividente não tem
méiro homem. defesa, enquanto não recorreu à única força vito'"'
Jesus é aquele que «penetra o fundo dos abis� rlosa do mal.
mos» (Daniel, III, 53 ) , e o abismo por excelência
é o abismo do mal moral. Sentiu�se sob os cúmulos
do pecado de todos os séculos como os gigantes Eis agora Jesus a encarar essa própria Força
da fábula sob a sua montanha; extenua�se a soer� e a tentar readquirir alento para antecipadamente
guer�lhe o peso e não será excessivo o esforço pagar os seus efeitos. .
conjugado de todas as almas fiéis para aliviar, Jesus veio do céu para fazer deste mundo um
um dia, esse inconcebível fado. paraíso. Não se sentirá ameaçado de ter sômente
Uma carga, aliás, aumenta outra e «O abismo extraviado o paraíso no lamaçal · humano? A sua
Btrai o abismo», «as vagas respondem às vàgas consolação seria que, ao colocar num prato da
quando bramem as cataratas». (Salmos XLI, 8, hebr. balança o sofrimento e o pecado, e, no outro. à

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deixemos que fáceis condescendências nos induzam e Vulg. ) . A mordedura da dot q u
em erro sobre juízos ditados pela eternidade. cado não cura esta; são pr i o u t
A eternidade é o verdadeiro juiz; a eternidade Eis o medico, mas c ura p J' m t d
sabe o que vale o tempo e condena�o. A humani� males, e o seu dia gn t i
· sua
dade está transviada; «o universo está todo pou� dor suprema.
sado na malícia.», diz o Apóstolo (I João, v, 1 9 } e Jesus abriu un olhos que a nossa incons J n i
não é de admirar qu o Salvador, Irmão que sobre mantém fechados, e que a nossa debilidade torna ...
si tomou a divida d fronta . sofra, no decurso ria sempre desproporcionados com o espectáculo.
da grande liquidação piritual. o que exprimia, Jesus viu a desgraça e a malícia do mundo, que nós
em seu nome, o salmo : «As torrentes de Bélial apa� não vemos. Se cada um de nós se penetrasse de
voram�me». (Salmo XVII, 5 } . todas as agonias e de todas as atrocidades que
Ele, sozinho, tomou sobre si toda a iniquidade; enchem a terra, qual de nós poderia viver? E se
«foi feito pecado por nós». (II Cor. v, 2 1} e já não cada qual olhasse de frente o seu próprio caso,
é o primeiro Adão, com a sua descendência, · q\le quem ousaria mostrar�se? O nosso poder de ilu..
se encontra perante . o tribunal : é o segundo pri� · são defende.. nos; mas o Clarividente não tem
méiro homem. defesa, enquanto não recorreu à única força vito'"'
Jesus é aquele que «penetra o fundo dos abis� rlosa do mal.
mos» (Daniel, III, 53 ) , e o abismo por excelência
é o abismo do mal moral. Sentiu�se sob os cúmulos
do pecado de todos os séculos como os gigantes Eis agora Jesus a encarar essa própria Força
da fábula sob a sua montanha; extenua�se a soer� e a tentar readquirir alento para antecipadamente
guer�lhe o peso e não será excessivo o esforço pagar os seus efeitos. .
conjugado de todas as almas fiéis para aliviar, Jesus veio do céu para fazer deste mundo um
um dia, esse inconcebível fado. paraíso. Não se sentirá ameaçado de ter sômente
Uma carga, aliás, aumenta outra e «O abismo extraviado o paraíso no lamaçal · humano? A sua
Btrai o abismo», «as vagas respondem às vàgas consolação seria que, ao colocar num prato da
quando bramem as cataratas». (Salmos XLI, 8, hebr. balança o sofrimento e o pecado, e, no outro. à

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·ruz, esta fosse suficientemente pesada para tudo 1
tem cem ovelhas e uma {('/ I . • tr lula, não dei,..
vencer. Mas se a prqpria cruz estivesse em perigo xará na montanha as " ' '' 1 111 11 1 nt 1 n ve para
de falhar? . . . ir procurar a qu s p(•f't lc·ll r1 .( M I L , X V I I I , 1 2 ) .
Certamente que, ao somar tudo, nunca tal I'
Quantas v< l h 1 , • t t ' t v l t d 1, , ' l 1 1' d há,..
veremos : a cruz o mais poderoso instrumento de
· culo sa n g r · n l· I A ' l' l t Z ·, I 1 t i' I V t d 1 1 1 1 t· rr .
vitória. Mas admlt •S que o olhar de Jesus, neste como sina l par · l' u n i · o · onh h umu u : l l l l H
momento, s . nbr t p ra a dor; Getsemani é de quantos para ela vêm e quantos dela se afa tam 1
uma tão t rriv 1 par ·iu l J lnd q u n o. da e lhe apro,... Ninguém o sabe e uma grande margem resta à
xima s m m stnu : , < n t · l t , n l um si no fatal. esperança; o que o visível não contém, talvez o
Nestas condições, a própria vitória, pelo seu ca ... invisível o abrigue; talvez o que o tempo aparen,...
rácter sempre relativo, não figurará como desastre? temente dissipa, possa a eternidade recuperá...lo;
Poderá triunfar o general que se limita a con... o fim dos fins não é claro para ninguém, e o grande
tar os seus mortos, os seus prisioneiros, as baga­ ou o pequeno número dos eleitos é talvez um pro,..
gens perdidas, as praças que não tomou, as pro­ blema vão. O certo é apenas haver um inferno, ir
babilidades que ainda restam ao adversário e o este povoando-se e ser Jesus o encarregado de
sonho sempre mais amplo que o facto? Se se fornecer o céu.
agarra a esse cálculo, perde a sua vitória; se é um Além disso, Jesus é o organizador da terra.
grande ambicioso, pode pensar que tal vitória é Tem um plano de vida para os grupos, as cidades,
apenas um pesado insucesso, porque o que é um as civilizações, os tempos vindouros. Não que se
insucesso senão o facto que não satisfaz de forma inquiete com as formas, mas os lucros verdadeira,..
alguma? mente firmes dependem da moral que ele ensina
Ora a ambição do Salvador dos homens é total. e do objectivo que determina a toda a ordem
Por uma só alma, daria todo o seu sangue e todo humana. Em que se tornará esse plano? Que ves,...
o seu coração, mas, precisamente por essa razão, tígio deixará a cruz na história? Que serão, mais
quando uma alma, uma só, se perde, parece-lhe óu melhor que os outros, os povos cristãos?
que, para a recuperar, deixaria e esqueceria todas Tudo isto é um mistério tão triste! A obra é
as outras. A sua parábola di...lo : «Se um homem laboriosa, e o resultado, embora visível, é tão

1 24 1 25
·ruz, esta fosse suficientemente pesada para tudo 1
tem cem ovelhas e uma {('/ I . • tr lula, não dei,..
vencer. Mas se a prqpria cruz estivesse em perigo xará na montanha as " ' '' 1 111 11 1 nt 1 n ve para
de falhar? . . . ir procurar a qu s p(•f't lc·ll r1 .( M I L , X V I I I , 1 2 ) .
Certamente que, ao somar tudo, nunca tal I'
Quantas v< l h 1 , • t t ' t v l t d 1, , ' l 1 1' d há,..
veremos : a cruz o mais poderoso instrumento de
· culo sa n g r · n l· I A ' l' l t Z ·, I 1 t i' I V t d 1 1 1 1 t· rr .
vitória. Mas admlt •S que o olhar de Jesus, neste como sina l par · l' u n i · o · onh h umu u : l l l l H
momento, s . nbr t p ra a dor; Getsemani é de quantos para ela vêm e quantos dela se afa tam 1
uma tão t rriv 1 par ·iu l J lnd q u n o. da e lhe apro,... Ninguém o sabe e uma grande margem resta à
xima s m m stnu : , < n t · l t , n l um si no fatal. esperança; o que o visível não contém, talvez o
Nestas condições, a própria vitória, pelo seu ca ... invisível o abrigue; talvez o que o tempo aparen,...
rácter sempre relativo, não figurará como desastre? temente dissipa, possa a eternidade recuperá...lo;
Poderá triunfar o general que se limita a con... o fim dos fins não é claro para ninguém, e o grande
tar os seus mortos, os seus prisioneiros, as baga­ ou o pequeno número dos eleitos é talvez um pro,..
gens perdidas, as praças que não tomou, as pro­ blema vão. O certo é apenas haver um inferno, ir
babilidades que ainda restam ao adversário e o este povoando-se e ser Jesus o encarregado de
sonho sempre mais amplo que o facto? Se se fornecer o céu.
agarra a esse cálculo, perde a sua vitória; se é um Além disso, Jesus é o organizador da terra.
grande ambicioso, pode pensar que tal vitória é Tem um plano de vida para os grupos, as cidades,
apenas um pesado insucesso, porque o que é um as civilizações, os tempos vindouros. Não que se
insucesso senão o facto que não satisfaz de forma inquiete com as formas, mas os lucros verdadeira,..
alguma? mente firmes dependem da moral que ele ensina
Ora a ambição do Salvador dos homens é total. e do objectivo que determina a toda a ordem
Por uma só alma, daria todo o seu sangue e todo humana. Em que se tornará esse plano? Que ves,...
o seu coração, mas, precisamente por essa razão, tígio deixará a cruz na história? Que serão, mais
quando uma alma, uma só, se perde, parece-lhe óu melhor que os outros, os povos cristãos?
que, para a recuperar, deixaria e esqueceria todas Tudo isto é um mistério tão triste! A obra é
as outras. A sua parábola di...lo : «Se um homem laboriosa, e o resultado, embora visível, é tão

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...... ..

1 nto, tão interceptado por pausas e atravessado carrasco sempre que se tro t lnflJngir a si pró�
por retrocessos, que é possível estã interrogação prio tormentos impossív j, I 1: p r inimigos
sobre o que acontecerá ao empreendimento. Que só fortes contra a carn ,

cruel visão para Aquele que veio deitar fogo à


terra!
Finalmente, multiplicai estes sofrimentos uns * *

pelos outros, so r: o ·r i-os com as suas interfe�


rências, con b i u r ngu , o espirita Onde estão os Doze? O seu grupo principal
presa do t dio d pr vis inistr s, o coração ficou ali, perto da entrada; encontrá�los�emos
tocado pela recusa de amar que seus filhos lhe quando Jesus, ao ouvir o t�opel dos que descem
opõem, a consciência sobrecarregada pelos crimes a encosta, vier ao seu encontro. Quanto 'aos outros
de que Jesus se considera responsável, . a energia três, os eleitos, os confidentes das divinas fraque� ...

abatida pela aparente inutilidade do esforço, e zas, os consoladores a que humildemente recorreu,
dizei até onde pode ir a tortura. estão à distância de uma pedrada, quer dizer, a
Jesus recapitula sem cessar as suas amarguras uns trinta metros. Puderam ouvir os lamentosos
e nelas mergulha com cruel delícia; não há que ter gemidos, verificar o esmagamento do homem que
esperança de cura porque é ele que se fere. Quem sofre. E dormem.
é mais poderoso que ele para o ferir? Diz�se no Só uma vez, na sua vida, Jesus pediu o socorro
Evangelho, por várias vezes, que ele a si próprio dos homens, mas não o recebeu C ) . Os três que
se perturbou. Oh! a divina perturbação! Aqui, ele associou a todos os seus passos, que tornou con�
está somando a sua própria força perturbadora à fidentes dos seus segredos, os únicos que viram
de um universo, e a sua alma sossobra. à ressurreição da filha de J a iro e assistiram à

Não se trata, entenda�se bem, de qualquer transfiguração, a quem dá agora uma tão enter�
desânimo moral; fala�se de uma vontade de sO.:. necedora prova da sua especial confiança, deixan�
frer, ou, para melhor dizer, de uma humilde acei� .d�os ver a sua humana fragilidade, - esses . três
tação em harmonia com o plano redentor. .Está
dito que Jesus tudo sofrerá : entrega�se e faz�se (1) Cf. Pascal, Le Mystere de ]ésus.

1 26 1 27

/
...... ..

1 nto, tão interceptado por pausas e atravessado carrasco sempre que se tro t lnflJngir a si pró�
por retrocessos, que é possível estã interrogação prio tormentos impossív j, I 1: p r inimigos
sobre o que acontecerá ao empreendimento. Que só fortes contra a carn ,

cruel visão para Aquele que veio deitar fogo à


terra!
Finalmente, multiplicai estes sofrimentos uns * *

pelos outros, so r: o ·r i-os com as suas interfe�


rências, con b i u r ngu , o espirita Onde estão os Doze? O seu grupo principal
presa do t dio d pr vis inistr s, o coração ficou ali, perto da entrada; encontrá�los�emos
tocado pela recusa de amar que seus filhos lhe quando Jesus, ao ouvir o t�opel dos que descem
opõem, a consciência sobrecarregada pelos crimes a encosta, vier ao seu encontro. Quanto 'aos outros
de que Jesus se considera responsável, . a energia três, os eleitos, os confidentes das divinas fraque� ...

abatida pela aparente inutilidade do esforço, e zas, os consoladores a que humildemente recorreu,
dizei até onde pode ir a tortura. estão à distância de uma pedrada, quer dizer, a
Jesus recapitula sem cessar as suas amarguras uns trinta metros. Puderam ouvir os lamentosos
e nelas mergulha com cruel delícia; não há que ter gemidos, verificar o esmagamento do homem que
esperança de cura porque é ele que se fere. Quem sofre. E dormem.
é mais poderoso que ele para o ferir? Diz�se no Só uma vez, na sua vida, Jesus pediu o socorro
Evangelho, por várias vezes, que ele a si próprio dos homens, mas não o recebeu C ) . Os três que
se perturbou. Oh! a divina perturbação! Aqui, ele associou a todos os seus passos, que tornou con�
está somando a sua própria força perturbadora à fidentes dos seus segredos, os únicos que viram
de um universo, e a sua alma sossobra. à ressurreição da filha de J a iro e assistiram à

Não se trata, entenda�se bem, de qualquer transfiguração, a quem dá agora uma tão enter�
desânimo moral; fala�se de uma vontade de sO.:. necedora prova da sua especial confiança, deixan�
frer, ou, para melhor dizer, de uma humilde acei� .d�os ver a sua humana fragilidade, - esses . três
tação em harmonia com o plano redentor. .Está
dito que Jesus tudo sofrerá : entrega�se e faz�se (1) Cf. Pascal, Le Mystere de ]ésus.

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/
.
r > eo Rochedo. Pobre r hedo'. p obre Stmao, -

u
deixam de al iviar o se
f
mpre presunçoso e sempt' raco!
abandonam�no. Não só se
o desconhecem. Tudo . Este pormenor só é indi od o por Sao Marcos;
sofrimento, como até
-

se
en tre Je su s e o cé u, e, primeiro, tudo ·
os outros não des Ignam d t·o corno especial alvo
passa ao
ss a en tre J su s e Je su s, que o céu entrega da censura mas p edro nom i. -se pe1o seu intér-
pa o po�
·

o, acabrunhado e nã prete e Marcos nao - poupa p ed ro, porque Pedro


seu tormen to. m vã
no n to n t , sta r imóvel. cai, agita�se , não se poupa (1 ) .
dendo, ura de um pouco de
n-s · r�J l l -H f pco Retomando a sua gravidade magistral, . Jesus
pro ste rn uma
m par te alg
socorr : 11 :- n onh :n r p u. exorta os seus à vig'l't ta. Trata-se a gora, de1 es. «Ve�
do ho mens. .

·
em part a l u nn . j u n lai e rezai, a fim de nao cazr em ten taçao». - Dtz «em
e, menos que foi
_ .

diri giu a sua súp lica aos homem ; não tentação» ' como se d'tssesse numa arma d'l1 ha bem
«Jesus
escondida. Lembra� lh es que o espmto. e- diligente,
• ·

atendido». fazia . parte do seu


Este abandono também mas a carne fraqueja . pt·na 1mente, tendo�se afas�
o
Jes us, m ald ito por nós, devia estar só; tado por duas vezes e voi tando te�cetra vez, para ·

cálice; domi�
'

pod ia esta r de vigília, mas o sono junto deles, parece dar à sua repnmenda um tom
trai dor senão
.

m ais havia a fazer de triste ironia : «Dormt, agora , d s an l1t.1 A a...


nava os amigos . Que dos
«ve nd o tod os os seus amig os adormeci b ou�se. Chegou a hora m q u o F ilh .
do Homem
Jesus.
ini mig os despertos , entreg ar�se
por e_
vai ser entre0rr ue na s maos dos pecadores», como
e todo s os seu s
·
se dissesse · Que hora esc olh ets, mconscientes dis�
completo a seu Pai ? »
uieta�o aquele censu�
·

as inq .
Ass im o fez , m cípulos! Dormir quan do o vosso M estre agomza!
para
a qual quer socorro .

o; ren un cian do N ao será associar�vos m


-
. dtrectamente a e sses peca ...
rável
si pró
son
pri o, p ens a nos seu s filhos; a sua ter
nura
esta r de
� ��
dores que vão crucificá�lo7 C ns r eterna de que
im, v ós não pudestes têm de partilhar os crist�os e 0 os os tempos,
repreende�os : « Ass (M at. , XXVI, 40 ) . Em . , . permanente de Jesus
com igo , uma ho ra!» quando esquecem a angustia
vigília , te Si­
Ma rco s, vem o�lo interp elar directamen na sua obra e na sua pessoa mística. «Jesus estará
São V , 37 ) .
dormes !...» (M arc ., XI
mão�P edro: ,«Simão , tu um nome familiar,
a�lh e Sim ão . dá� lhe Le P. Lagrange, L'Évangile de Saint Mare.
Cham não
era apóstolo, como se
(L )
qua ndo ain da n ão
como
I)
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.
r > eo Rochedo. Pobre r hedo'. p obre Stmao, -

u
deixam de al iviar o se
f
mpre presunçoso e sempt' raco!
abandonam�no. Não só se
o desconhecem. Tudo . Este pormenor só é indi od o por Sao Marcos;
sofrimento, como até
-

se
en tre Je su s e o cé u, e, primeiro, tudo ·
os outros não des Ignam d t·o corno especial alvo
passa ao
ss a en tre J su s e Je su s, que o céu entrega da censura mas p edro nom i. -se pe1o seu intér-
pa o po�
·

o, acabrunhado e nã prete e Marcos nao - poupa p ed ro, porque Pedro


seu tormen to. m vã
no n to n t , sta r imóvel. cai, agita�se , não se poupa (1 ) .
dendo, ura de um pouco de
n-s · r�J l l -H f pco Retomando a sua gravidade magistral, . Jesus
pro ste rn uma
m par te alg
socorr : 11 :- n onh :n r p u. exorta os seus à vig'l't ta. Trata-se a gora, de1 es. «Ve�
do ho mens. .

·
em part a l u nn . j u n lai e rezai, a fim de nao cazr em ten taçao». - Dtz «em
e, menos que foi
_ .

diri giu a sua súp lica aos homem ; não tentação» ' como se d'tssesse numa arma d'l1 ha bem
«Jesus
escondida. Lembra� lh es que o espmto. e- diligente,
• ·

atendido». fazia . parte do seu


Este abandono também mas a carne fraqueja . pt·na 1mente, tendo�se afas�
o
Jes us, m ald ito por nós, devia estar só; tado por duas vezes e voi tando te�cetra vez, para ·

cálice; domi�
'

pod ia esta r de vigília, mas o sono junto deles, parece dar à sua repnmenda um tom
trai dor senão
.

m ais havia a fazer de triste ironia : «Dormt, agora , d s an l1t.1 A a...


nava os amigos . Que dos
«ve nd o tod os os seus amig os adormeci b ou�se. Chegou a hora m q u o F ilh .
do Homem
Jesus.
ini mig os despertos , entreg ar�se
por e_
vai ser entre0rr ue na s maos dos pecadores», como
e todo s os seu s
·
se dissesse · Que hora esc olh ets, mconscientes dis�
completo a seu Pai ? »
uieta�o aquele censu�
·

as inq .
Ass im o fez , m cípulos! Dormir quan do o vosso M estre agomza!
para
a qual quer socorro .

o; ren un cian do N ao será associar�vos m


-
. dtrectamente a e sses peca ...
rável
si pró
son
pri o, p ens a nos seu s filhos; a sua ter
nura
esta r de
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dores que vão crucificá�lo7 C ns r eterna de que
im, v ós não pudestes têm de partilhar os crist�os e 0 os os tempos,
repreende�os : « Ass (M at. , XXVI, 40 ) . Em . , . permanente de Jesus
com igo , uma ho ra!» quando esquecem a angustia
vigília , te Si­
Ma rco s, vem o�lo interp elar directamen na sua obra e na sua pessoa mística. «Jesus estará
São V , 37 ) .
dormes !...» (M arc ., XI
mão�P edro: ,«Simão , tu um nome familiar,
a�lh e Sim ão . dá� lhe Le P. Lagrange, L'Évangile de Saint Mare.
Cham não
era apóstolo, como se
(L )
qua ndo ain da n ão
como
I)
1 29
1 28
na agonia até ao fim do mund< I' 11 nvém dor- uma dor submissa espa lh
mir durante esse tempo». I 1 1' 1' l l l l i' I i' l i S
fazer morrer a se us p M para as
C) .
Di ga mo s, nu ma p1 1 l l V I' 1
1 1 1 1 J H' t tl · I
Enten de qu f i 0 1• 1 • 0 d Pa ter.
'Vi • r· 1 1 1 1 1 •• fOI' �O par
,
Encontrou a que recorrer. P I' 1' 1' vezes, 'o nos ad ap ta rm li I vo n t I a
I ' Uii , n )
Homem todo dor bate à única porto l l l • R abre dobrarm os 1
p 1 n a
no s , o flx 1.' fln Jm nt a
sempre aos apelos confiantes. Reza. « 1'<'ncl aído su.a alma nesta submisã
o que recupera a pa z
.
em agonia, diz São Lucas, rezaua m 1 / ., I nga­ perfeita.
mente». (Luc., XXII, 43 ) . «Leuantai-vos vamos!»
.
A sua cora gem vol-
tou ,. tornou a subir ao seu
'
·

Recomeça por três vezes, como faziam os ju­ cé u; despojando-se das


deus em circunstâncias prementes; tratava-se, aqui, fraquezas temporais, 'regr
essa às su as disposições
de esgotar a tentação. Reza invocando uma terna eternas.
paternidade : « 'Aôõet, o7tett1Jp meu Pai! tu que és o O seu desert? interior foi,
ali ás , visitado; apa­
Pai!» E ousa dizer : «Tu, que tudo podes, afasta receu-lhe um anJo, e esse
irmão como M Ois . es
. e
de mim este Dli I» (Marc., XIV, 36 ) . Mas tal ElIa· � no Tabor, deve ter •

-lhe reafirmado as glórias


grito de dor não ' d cisivo; admite uma suposição : trazidas pela cruz. Encara
ag ora com firmeza tudo
«se é possível». (lbid. 35 ) . Afastada a suposição, o que o ameaça. Que o
prendam : as suas mãos
estendem- se para isso; que
volta a completa submissão : «Não o que eu quero, o esbofeteiem : eis as
sua � fac es; qu e o condenem
mas o que tu queres» (lbid. 36 ) . e o executem : respon­
dera com o seu silêncio e a
Jesus reza, diz Pascal, na incerteza da vontade sua paciência. Depois
de Jud as , todos poderão tor
do Pai (quer dizer na suposição dessa incerteza ) turar- lhe o corpo e a
alm a; estará pronto a su
e teme a morte; mas, tendo-a conhecido (quer dizer portar todas as coisa s,
visto ter suportado 0 ós cul o.
reconhecido ) vai ao seu encontro, oferecendo-se­
-lhe: «Eamus, Processit». «Jesus - diz, por sua
vez, Bossuet com a sua habitual majestade - ex­
prime na agonia «aquelas queixas respeitosas que
(1 ) Bossuet, Sermon pour lc
1 vendredl' de Careme.
· •

1 30
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na agonia até ao fim do mund< I' 11 nvém dor- uma dor submissa espa lh
mir durante esse tempo». I 1 1' 1' l l l l i' I i' l i S
fazer morrer a se us p M para as
C) .
Di ga mo s, nu ma p1 1 l l V I' 1
1 1 1 1 J H' t tl · I
Enten de qu f i 0 1• 1 • 0 d Pa ter.
'Vi • r· 1 1 1 1 1 •• fOI' �O par
,
Encontrou a que recorrer. P I' 1' 1' vezes, 'o nos ad ap ta rm li I vo n t I a
I ' Uii , n )
Homem todo dor bate à única porto l l l • R abre dobrarm os 1
p 1 n a
no s , o flx 1.' fln Jm nt a
sempre aos apelos confiantes. Reza. « 1'<'ncl aído su.a alma nesta submisã
o que recupera a pa z
.
em agonia, diz São Lucas, rezaua m 1 / ., I nga­ perfeita.
mente». (Luc., XXII, 43 ) . «Leuantai-vos vamos!»
.
A sua cora gem vol-
tou ,. tornou a subir ao seu
'
·

Recomeça por três vezes, como faziam os ju­ cé u; despojando-se das


deus em circunstâncias prementes; tratava-se, aqui, fraquezas temporais, 'regr
essa às su as disposições
de esgotar a tentação. Reza invocando uma terna eternas.
paternidade : « 'Aôõet, o7tett1Jp meu Pai! tu que és o O seu desert? interior foi,
ali ás , visitado; apa­
Pai!» E ousa dizer : «Tu, que tudo podes, afasta receu-lhe um anJo, e esse
irmão como M Ois . es
. e
de mim este Dli I» (Marc., XIV, 36 ) . Mas tal ElIa· � no Tabor, deve ter •

-lhe reafirmado as glórias


grito de dor não ' d cisivo; admite uma suposição : trazidas pela cruz. Encara
ag ora com firmeza tudo
«se é possível». (lbid. 35 ) . Afastada a suposição, o que o ameaça. Que o
prendam : as suas mãos
estendem- se para isso; que
volta a completa submissão : «Não o que eu quero, o esbofeteiem : eis as
sua � fac es; qu e o condenem
mas o que tu queres» (lbid. 36 ) . e o executem : respon­
dera com o seu silêncio e a
Jesus reza, diz Pascal, na incerteza da vontade sua paciência. Depois
de Jud as , todos poderão tor
do Pai (quer dizer na suposição dessa incerteza ) turar- lhe o corpo e a
alm a; estará pronto a su
e teme a morte; mas, tendo-a conhecido (quer dizer portar todas as coisa s,
visto ter suportado 0 ós cul o.
reconhecido ) vai ao seu encontro, oferecendo-se­
-lhe: «Eamus, Processit». «Jesus - diz, por sua
vez, Bossuet com a sua habitual majestade - ex­
prime na agonia «aquelas queixas respeitosas que
(1 ) Bossuet, Sermon pour lc
1 vendredl' de Careme.
· •

1 30
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*
daquela desmaiada veg I' 11,; o, c t•
* *
l tivesse que..
rido; os troncos petrifk 1 d o: • t' 1
11 ·I 1 I forma..
vam, para a sua ora çiio , ·o1u o 1 1 1 1 1
1 1 1 1 ·olu nata de
Do' alto da cruz Jesus vê, 0111 o olhos da templo, cuja a bó hn d 1 . ,. 1 1 I' IOil iJ i d
1 p • lo. r mos
alma, esse Getsemani e o seu penu111br liO abrigo; fatigados.
na depressão de terreno onde o s ' l i lh r não M a s , m Ú l t l m aná lis que importa 7 a
'
,

mergulha, o musgo abriga as «raíz m nte». carne não serve de nada, a casca de
uma oliveira
Pensa nisso calmamente, por ter passnd d onho não pode ser necessária. O espírito tem
o poder
pavoroso à realização firme, e marca .. n � nli um de encontrar o que procura, em toda a
parte onde
ponto de encontro com ele, no dia das nossas pró..­ o per siga ; Getsemani está dentro dos nos
sos cora..
prias torturas mortais. ções, onde se pode recolher san gue e
reencontrar
Teria ele querido fazer, para nós, esse en.. a forma de um corpo sobre poeira ard
ente. Não
contro mais tangível, permitindo que velhas tes.. há necessidade de ir à Palestina, nem
de pensar
temunhas do seu sofrimento, algumas árvores, as em nos submergirmos nas cavidades
I das raízes
mais veneráveis do mundo com excepção da cruz, gtgantescas, para utilmente dize r, com

o o poeta
subsistam naquele lugar através das gerações? diss e ao guarda do piedoso recinto :
É lícito esperá.. lo. As oliveiras que Lamartine ce..
lebrou num belo passo de Voyage d'Orient de.. Conduzi�me, meu Pai, ao lufjar onde �e ch10ra!
fendem sempre a sua velhice, e jovens rebentos
preparam.. se para as substituir. O essencial é chorar como Jesus, e não formar
Seria bom podermos dizer a nós próprios : J e.. juízo sobre a montanha de Oriente apenas pelas
sus confiava àquelas ramadas as divinas angús.. suas «raízes».
tias; talvez se tivesse arremessado impetuosamente Subi, cristãos, e, na esteira do olhar doloroso,
para debaixo dessas enormes raízes cujos relevos recebereis uma visão do cume onde Getsemani vai
formam como que grutas fragosas. A lua fazia terminar.
tremer as sombras e embalava a sua febril agitação;
instantes de apaziguamento talvez tivessem vindo

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*
daquela desmaiada veg I' 11,; o, c t•
* *
l tivesse que..
rido; os troncos petrifk 1 d o: • t' 1
11 ·I 1 I forma..
vam, para a sua ora çiio , ·o1u o 1 1 1 1 1
1 1 1 1 ·olu nata de
Do' alto da cruz Jesus vê, 0111 o olhos da templo, cuja a bó hn d 1 . ,. 1 1 I' IOil iJ i d
1 p • lo. r mos
alma, esse Getsemani e o seu penu111br liO abrigo; fatigados.
na depressão de terreno onde o s ' l i lh r não M a s , m Ú l t l m aná lis que importa 7 a
'
,

mergulha, o musgo abriga as «raíz m nte». carne não serve de nada, a casca de
uma oliveira
Pensa nisso calmamente, por ter passnd d onho não pode ser necessária. O espírito tem
o poder
pavoroso à realização firme, e marca .. n � nli um de encontrar o que procura, em toda a
parte onde
ponto de encontro com ele, no dia das nossas pró..­ o per siga ; Getsemani está dentro dos nos
sos cora..
prias torturas mortais. ções, onde se pode recolher san gue e
reencontrar
Teria ele querido fazer, para nós, esse en.. a forma de um corpo sobre poeira ard
ente. Não
contro mais tangível, permitindo que velhas tes.. há necessidade de ir à Palestina, nem
de pensar
temunhas do seu sofrimento, algumas árvores, as em nos submergirmos nas cavidades
I das raízes
mais veneráveis do mundo com excepção da cruz, gtgantescas, para utilmente dize r, com

o o poeta
subsistam naquele lugar através das gerações? diss e ao guarda do piedoso recinto :
É lícito esperá.. lo. As oliveiras que Lamartine ce..
lebrou num belo passo de Voyage d'Orient de.. Conduzi�me, meu Pai, ao lufjar onde �e ch10ra!
fendem sempre a sua velhice, e jovens rebentos
preparam.. se para as substituir. O essencial é chorar como Jesus, e não formar
Seria bom podermos dizer a nós próprios : J e.. juízo sobre a montanha de Oriente apenas pelas
sus confiava àquelas ramadas as divinas angús.. suas «raízes».
tias; talvez se tivesse arremessado impetuosamente Subi, cristãos, e, na esteira do olhar doloroso,
para debaixo dessas enormes raízes cujos relevos recebereis uma visão do cume onde Getsemani vai
formam como que grutas fragosas. A lua fazia terminar.
tremer as sombras e embalava a sua febril agitação;
instantes de apaziguamento talvez tivessem vindo

1 32
1 33
* primogénit i entre os mortos arrasta, atrás
de si, seus irmã l.ii a cabeça de que somos o corpo,
sobe ao céu mpl ta.
Deixando o íntimo abrigo onde tinham tido
lugar as apari . s, Jesus ressuscitado conduziu Gs
seus «para f ra , a aminho de Betânia, e, tendo Tenhamos o uidn do de não tomar a palavra
erguido as m 1 s, 1b n u�os. Oca aconteceu, ao «céu» , como as palavras «ascensão», «despedida»,
aben.ç ú�l s. t·er /h •s .'l lll n n · batndo e ter sido
..
num sentido demasiado físico! É inútil sonhar
levado a o 'w> . (Lu . , X X I V , li 5 1 )
.. .
nesciamente e dar motivo para sorrisos; as nossas
Ele dissera : «Ei qu ·ubo para. m u Pai e grandes realidades espirituais nada lucrariam com
vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus». (João. isso. A pequena montanha que J esus contemp la,
xx, 1 7 ) . Não seria possível insinuar melhor - o
bem pouco é no vasto universo! Quando a deixar,
que, aliás, ele já tantas vezes claramente expri� para onde se dirigirá ele? E que pensaria disso
mira - que a sua sorte é a nossa e que é o mesmo _
o homem dos antípodas, que pensaria o astrónomo
o resultado das suas dores ou das nossas dores. deslumbrado 1
Oh! ternura destas palavras, em tal boca, na.. Não; tudo isto deve ser, quase s mpr a it
,

quela hora da grande despedida, à beira dos uni.. no sentido figurado . Jesus ergue s no 'poç ,
..

versos e à beira, mais grandiosa, dos mistérios realmente, ante o olhar dos seus discípulo s, m s a
celestes : «Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso sua ascensão não é regulada pelo fio de prumo;
Deus!» É, pois, verdade que só temos um Pai, Ele as nuvens não o sustêm muito tempo e o próprio
e nós! Que somos de uma família divina e que não espaço, aqui, pouco significa, porque o céu é so..
é uma simples figura de oratória essa afirmação bretudo um estado, não um lugar. O céu, se é da
de que, ao voltar ao seio da Trindade, vai prepa.. alma que se trata, existirá em qualquer parte? . . .
rar.. nos o nosso lugar! Se se fala do corpo, ou da alma na sua união com
Cada qual tem a sua ascensão; pelo menos, o corpo, o céu, visto que nos vê reinar juntos com
preparam..lha; senti..la..á, primeiro, no domínio es� Deus, não seria idêntico aos reinos de Deus? . . .
piritual. e, depois, como Jesus, no fim dos tempos. Nesse caso, o céu físico seria o universo, ao

1 34 1 35
* primogénit i entre os mortos arrasta, atrás
de si, seus irmã l.ii a cabeça de que somos o corpo,
sobe ao céu mpl ta.
Deixando o íntimo abrigo onde tinham tido
lugar as apari . s, Jesus ressuscitado conduziu Gs
seus «para f ra , a aminho de Betânia, e, tendo Tenhamos o uidn do de não tomar a palavra
erguido as m 1 s, 1b n u�os. Oca aconteceu, ao «céu» , como as palavras «ascensão», «despedida»,
aben.ç ú�l s. t·er /h •s .'l lll n n · batndo e ter sido
..
num sentido demasiado físico! É inútil sonhar
levado a o 'w> . (Lu . , X X I V , li 5 1 )
.. .
nesciamente e dar motivo para sorrisos; as nossas
Ele dissera : «Ei qu ·ubo para. m u Pai e grandes realidades espirituais nada lucrariam com
vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus». (João. isso. A pequena montanha que J esus contemp la,
xx, 1 7 ) . Não seria possível insinuar melhor - o
bem pouco é no vasto universo! Quando a deixar,
que, aliás, ele já tantas vezes claramente expri� para onde se dirigirá ele? E que pensaria disso
mira - que a sua sorte é a nossa e que é o mesmo _
o homem dos antípodas, que pensaria o astrónomo
o resultado das suas dores ou das nossas dores. deslumbrado 1
Oh! ternura destas palavras, em tal boca, na.. Não; tudo isto deve ser, quase s mpr a it
,

quela hora da grande despedida, à beira dos uni.. no sentido figurado . Jesus ergue s no 'poç ,
..

versos e à beira, mais grandiosa, dos mistérios realmente, ante o olhar dos seus discípulo s, m s a
celestes : «Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso sua ascensão não é regulada pelo fio de prumo;
Deus!» É, pois, verdade que só temos um Pai, Ele as nuvens não o sustêm muito tempo e o próprio
e nós! Que somos de uma família divina e que não espaço, aqui, pouco significa, porque o céu é so..
é uma simples figura de oratória essa afirmação bretudo um estado, não um lugar. O céu, se é da
de que, ao voltar ao seio da Trindade, vai prepa.. alma que se trata, existirá em qualquer parte? . . .
rar.. nos o nosso lugar! Se se fala do corpo, ou da alma na sua união com
Cada qual tem a sua ascensão; pelo menos, o corpo, o céu, visto que nos vê reinar juntos com
preparam..lha; senti..la..á, primeiro, no domínio es� Deus, não seria idêntico aos reinos de Deus? . . .
piritual. e, depois, como Jesus, no fim dos tempos. Nesse caso, o céu físico seria o universo, ao

1 34 1 35
Deu s e o
passo que o céu espiritual é o próprio
Deu s, céu
estado de alma que no�lo comunica. A
pensa�
vivo, estamos harmonicamente liga dos pelo
integra l.
mento e o amor; ao outro céu, à criação
os e as
poderemos adapt r�nos pelos dons nov
tado já
novas propri d d s de que Jesu s ressusci Capítulo VI
os, como
deu prova l\ v ld t t .ma faz dos corp
.

rpo espi�
das alm as, i.t:mõ � i o HJ rit· puro: o «co OS TRANSEUNTES
t mun ha .
ritual» de ão Pau lo a sim n } ...

Deixemos os sonhos físicos, mesmo com


essa
pertam um u MA PAISAGEM NÃO
forma purificada sob a qual nos des é composta apenas pelas coisas inanimadas; os
za do Se�
interesse acessório. «A completa bele lugares, as simples habitações, os palácios, os tem�
diz a litu rgia ,
nhor é mais elevada que as estrelas, pios têm o seu movimento humano, neles circula
ens do céu »:
e a sua majestade está acim a das nuv vida. Quando da Árvore redentora Jesus olha e
ar don de vei o,
Jes us sob e exactamente par a o lug deixa o ambiente gravar�se�lhe no espírito, a sua
reita do Pai »,
e par a lá nos arrasta con sigo . A «di visão interior apresenta�lhe personagens cujas ca�
nda de, a inti�
ou seja , a introdução no seio da Tri tegorias - e quanto, por vezes, as unidades! ­
o quinhão que
mid ade de vida com a Divindade , é nos interessam altamente.
o quinhão da
compete a esse primeiro humano, é Já antes do suplício, o Homem ensanguentado,
própria humanidade. ele próprio transeunte, e transeunte que sofre e
vai expondo, do Pretório ao Gólgota, a sua dor,
recolhia os elementos desse espectáculo; convém,
portanto, segui�lo em tal percurso para nos pene�
trarmos da sua própria visão.

1 37
1 36
Deu s e o
passo que o céu espiritual é o próprio
Deu s, céu
estado de alma que no�lo comunica. A
pensa�
vivo, estamos harmonicamente liga dos pelo
integra l.
mento e o amor; ao outro céu, à criação
os e as
poderemos adapt r�nos pelos dons nov
tado já
novas propri d d s de que Jesu s ressusci Capítulo VI
os, como
deu prova l\ v ld t t .ma faz dos corp
.

rpo espi�
das alm as, i.t:mõ � i o HJ rit· puro: o «co OS TRANSEUNTES
t mun ha .
ritual» de ão Pau lo a sim n } ...

Deixemos os sonhos físicos, mesmo com


essa
pertam um u MA PAISAGEM NÃO
forma purificada sob a qual nos des é composta apenas pelas coisas inanimadas; os
za do Se�
interesse acessório. «A completa bele lugares, as simples habitações, os palácios, os tem�
diz a litu rgia ,
nhor é mais elevada que as estrelas, pios têm o seu movimento humano, neles circula
ens do céu »:
e a sua majestade está acim a das nuv vida. Quando da Árvore redentora Jesus olha e
ar don de vei o,
Jes us sob e exactamente par a o lug deixa o ambiente gravar�se�lhe no espírito, a sua
reita do Pai »,
e par a lá nos arrasta con sigo . A «di visão interior apresenta�lhe personagens cujas ca�
nda de, a inti�
ou seja , a introdução no seio da Tri tegorias - e quanto, por vezes, as unidades! ­
o quinhão que
mid ade de vida com a Divindade , é nos interessam altamente.
o quinhão da
compete a esse primeiro humano, é Já antes do suplício, o Homem ensanguentado,
própria humanidade. ele próprio transeunte, e transeunte que sofre e
vai expondo, do Pretório ao Gólgota, a sua dor,
recolhia os elementos desse espectáculo; convém,
portanto, segui�lo em tal percurso para nos pene�
trarmos da sua própria visão.

1 37
1 36
Jesus poderia ter saído da Torre Antónia por .,. via pou s nos antes de Jesus Cristo, pin�
três caminhos, mas, vistos sob o ângulo em que t l•nos essa ü· ·ui ção que é sempre objecto de
estamos agora , ses diverso percursos não apre� spanto para idental moderno. Fala�nos de
sentam difer nç s muito frisa nt s; todos três são ruas que são s adas e, em J erusalém, como em
rudes, pou tr 1 11sitáveis; por t dos três, é bem J affa, como em t d o � as cidades de movimentado
verdade qu • 1 1 1 1 1 1 hr v m i< hot·n de marcha re� relevo, se assemelham a leitos de rios torrenciais
guiar p d ( . t • t·
u f ldc nt mm1, I v ld aos obstá�
. ,
e arrastam uma população tão depressa azafamada
1 1 1 1 1 w n t· 1 r 1 1 1 1 1 1 to n sso cálculo como caminhando indolentement e.
Aristeu faz uma observação a que a Páscoa
onv ' m nã �q u r qu n • ncontramos dá, quanto a nós, um alcance especial; há - diz
numa cidade do Oriente, nas vésperas de uma festa ele - transeuntes que esbarram uns nos outros,
e no meio de gente que vem chegando em número mas também os há que evitam cuidadosamente
que pode · avaliar�se por centenas de milhar. As tocar�se, para se preservar de todo o contacto im-­
ruas estão a transbordar e, nalguns pontos e em puro. Tal preocupação, detendo na via pública os
certos momentos, estão mesmo intransitáveis. En� que estabelecem a barafunda, só pode contribuir
tão, forçoso é o cortejo parar, esperando que o para que esta aumente.
centurião que o precede, a cavalo, possa, com a Acrescente�se ainda que as actividades exer-­
lança, abrir caminho entre animais e gente. cidas na rua, sem qualquer reserva, açambarcam
Sabe�se que no Oriente reina completa frater� grande parte do caminho. Superabundam os agua-­
nidade entre homens, mulheres, crianças, burros e deiros com os odres de pele de bode, os vende-­
camelos; os cavaleiros roçam pelos peões; a gente dores de pastelaria heteróclita muito apreciada
ajoujada com fardos e os simples passeantes par� pelos aldeãos, habitualmente privados de gulosei-­
tilham como podem os exíguos espaços livres. Não mas, os que oferecem frutos secos ou frescos e
há polícia no sentido em que usamos o termo, e a amêndoas cobertas de açúcar, expostos em gran�
ordem só se estabelece à custa de gritos, panca� des tabuleiros ou em mesas volantes, os vende�
daria ou paciência. dores de limonadas a balouçarem altos reservató�
A carta de Aristeu, j udeu alexandrino, que rios coroados de copos, os traficantes de toda a
Jesus poderia ter saído da Torre Antónia por .,. via pou s nos antes de Jesus Cristo, pin�
três caminhos, mas, vistos sob o ângulo em que t l•nos essa ü· ·ui ção que é sempre objecto de
estamos agora , ses diverso percursos não apre� spanto para idental moderno. Fala�nos de
sentam difer nç s muito frisa nt s; todos três são ruas que são s adas e, em J erusalém, como em
rudes, pou tr 1 11sitáveis; por t dos três, é bem J affa, como em t d o � as cidades de movimentado
verdade qu • 1 1 1 1 1 1 hr v m i< hot·n de marcha re� relevo, se assemelham a leitos de rios torrenciais
guiar p d ( . t • t·
u f ldc nt mm1, I v ld aos obstá�
. ,
e arrastam uma população tão depressa azafamada
1 1 1 1 1 w n t· 1 r 1 1 1 1 1 1 to n sso cálculo como caminhando indolentement e.
Aristeu faz uma observação a que a Páscoa
onv ' m nã �q u r qu n • ncontramos dá, quanto a nós, um alcance especial; há - diz
numa cidade do Oriente, nas vésperas de uma festa ele - transeuntes que esbarram uns nos outros,
e no meio de gente que vem chegando em número mas também os há que evitam cuidadosamente
que pode · avaliar�se por centenas de milhar. As tocar�se, para se preservar de todo o contacto im-­
ruas estão a transbordar e, nalguns pontos e em puro. Tal preocupação, detendo na via pública os
certos momentos, estão mesmo intransitáveis. En� que estabelecem a barafunda, só pode contribuir
tão, forçoso é o cortejo parar, esperando que o para que esta aumente.
centurião que o precede, a cavalo, possa, com a Acrescente�se ainda que as actividades exer-­
lança, abrir caminho entre animais e gente. cidas na rua, sem qualquer reserva, açambarcam
Sabe�se que no Oriente reina completa frater� grande parte do caminho. Superabundam os agua-­
nidade entre homens, mulheres, crianças, burros e deiros com os odres de pele de bode, os vende-­
camelos; os cavaleiros roçam pelos peões; a gente dores de pastelaria heteróclita muito apreciada
ajoujada com fardos e os simples passeantes par� pelos aldeãos, habitualmente privados de gulosei-­
tilham como podem os exíguos espaços livres. Não mas, os que oferecem frutos secos ou frescos e
há polícia no sentido em que usamos o termo, e a amêndoas cobertas de açúcar, expostos em gran�
ordem só se estabelece à custa de gritos, panca� des tabuleiros ou em mesas volantes, os vende�
daria ou paciência. dores de limonadas a balouçarem altos reservató�
A carta de Aristeu, j udeu alexandrino, que rios coroados de copos, os traficantes de toda a
I f'i ·uldade, esmagado pela cruz e pelos sofrimentos
espécie, que tentam amoedar · u. t 1 da afluência,
I' entes, esbarrando, a todo o momento, nalgum
garantindo assim, graças à gulodkt' I um só dia,
degrau que não pôde ver, nalguma parede contra
alguns meses de vida frugal.
a qual empurraram o cortejo e onde o seu fardo
O grande sabbat é amanhã, m " v li começar
bate. Estremece o pobre corpo, onde se cava mais
hoje, ao pôr do sol. Os que vão < · n f• r• ·�1ar enco�
e se agrava a contusão do ombro! Depois, é o cho�
mendas têm de apressar�se, no q u • . ,. ,. o imitados
que com alguém que, correndo, abre caminho, ou
pelos particulares, que andam fo z n d o n ' ldos por
com uma albarda ou um saco que acaso se solta
conta própria; o r '- nizH I r• •H d 1 f('.lt 1 , 1 gente
de algum carregamento de camelo, mal preso e
do Templo, jú r v ndo t r 1 1 1 . ! nl 1 n t ·· n orrên�
p 1ssos n sários; vacilante, como os qUe vão sendo balouçados por
cia, toma provid ·n ias d(l
bodes e bois filas inteiras desses solenes caminhantes.
os fornecedores de pombas, ovelhas,
Jesus está esgotado e os soldados mal se dão
para os sacrifícios, guiam o gado para · os adros;
ao trabalho de lhe abrir caminho. Estão aborreci�
os forasteiros vão sempre chegando, carregados
dos; aquele serviço que lhes ordenaram é suple�
com tudo de que precisam para acampar e tra�
mentar; é daqueles. fretes que muitas vezes lhes
zendo também animais. Verdadeiros rebanhos cru�
impõe a turbulência judia. Todas aquelas histórias
zam por entre as pernas do trans�unte, e, durante
locais - é tudo quanto vêem no acontecimento! -
momentos, tudo atrapalham, porque também, por
parecem muito desagradáveis aos Romanos, sobre�
sua vez, se desnorteiam. E o piso desigual das
tudo se eles é que pagam as culpas. E a verdade
ruas, as escadas íngremes, as pedras das calçadas,
é que os soldados são sempre vítimas, quando há
escorregadias e ponteaguda s, cortadas a pique,
desordem, quer se trate de a evitar quer os man�
não facilitam o trânsito. Nem por toda a parte há
dem reprimi�la.
belas lajes avermelha das, características das vias
Quem sabe se este mau�humor não pesou muito
romanas da cidade, e com que, mais tarde, se farão
na ferocidade que revelou a guarnição da Torre
altares.
Antónia? Os seus efeitos continuam a manifes�
Jesus passa , e vemo�lo internar�se nessas vie�
tar�se no caminho e persistem em volta do patíbulo!
las estreitas, ora sob o céu ou sob numerosos ai�
Meu Cristo! De que dependeis! Para vós, a impa�
pendres, ora sob arcos, avançando com grande

1 40
I f'i ·uldade, esmagado pela cruz e pelos sofrimentos
espécie, que tentam amoedar · u. t 1 da afluência,
I' entes, esbarrando, a todo o momento, nalgum
garantindo assim, graças à gulodkt' I um só dia,
degrau que não pôde ver, nalguma parede contra
alguns meses de vida frugal.
a qual empurraram o cortejo e onde o seu fardo
O grande sabbat é amanhã, m " v li começar
bate. Estremece o pobre corpo, onde se cava mais
hoje, ao pôr do sol. Os que vão < · n f• r• ·�1ar enco�
e se agrava a contusão do ombro! Depois, é o cho�
mendas têm de apressar�se, no q u • . ,. ,. o imitados
que com alguém que, correndo, abre caminho, ou
pelos particulares, que andam fo z n d o n ' ldos por
com uma albarda ou um saco que acaso se solta
conta própria; o r '- nizH I r• •H d 1 f('.lt 1 , 1 gente
de algum carregamento de camelo, mal preso e
do Templo, jú r v ndo t r 1 1 1 . ! nl 1 n t ·· n orrên�
p 1ssos n sários; vacilante, como os qUe vão sendo balouçados por
cia, toma provid ·n ias d(l
bodes e bois filas inteiras desses solenes caminhantes.
os fornecedores de pombas, ovelhas,
Jesus está esgotado e os soldados mal se dão
para os sacrifícios, guiam o gado para · os adros;
ao trabalho de lhe abrir caminho. Estão aborreci�
os forasteiros vão sempre chegando, carregados
dos; aquele serviço que lhes ordenaram é suple�
com tudo de que precisam para acampar e tra�
mentar; é daqueles. fretes que muitas vezes lhes
zendo também animais. Verdadeiros rebanhos cru�
impõe a turbulência judia. Todas aquelas histórias
zam por entre as pernas do trans�unte, e, durante
locais - é tudo quanto vêem no acontecimento! -
momentos, tudo atrapalham, porque também, por
parecem muito desagradáveis aos Romanos, sobre�
sua vez, se desnorteiam. E o piso desigual das
tudo se eles é que pagam as culpas. E a verdade
ruas, as escadas íngremes, as pedras das calçadas,
é que os soldados são sempre vítimas, quando há
escorregadias e ponteaguda s, cortadas a pique,
desordem, quer se trate de a evitar quer os man�
não facilitam o trânsito. Nem por toda a parte há
dem reprimi�la.
belas lajes avermelha das, características das vias
Quem sabe se este mau�humor não pesou muito
romanas da cidade, e com que, mais tarde, se farão
na ferocidade que revelou a guarnição da Torre
altares.
Antónia? Os seus efeitos continuam a manifes�
Jesus passa , e vemo�lo internar�se nessas vie�
tar�se no caminho e persistem em volta do patíbulo!
las estreitas, ora sob o céu ou sob numerosos ai�
Meu Cristo! De que dependeis! Para vós, a impa�
pendres, ora sob arcos, avançando com grande

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(
......,.,.,. _
........_.. _ _ _. -. ...- . -
, .
'

ciência de um soldado bru t d irá traduzir�se em


P 1 1' 1 ver; garotos travesso a rpenteiam, curiosos.
,
N s esquinas, no meio desta multidão irrequieta,
suplício, e tereis de pagar com ngue o atraso de
qualquer jogatina ou beb d ri 1' 1 ? que sorte se pode ter? . . . E s das vielas laterais
uma vaga de recém�vindos, ou alguma caprichosa
Não; sabemos que J S l i H 1 1 o I r nde de cousa
cavalg ada, ou qualquer rebanho se precipita para
alguma nem de n in fl l l •n1 . l l 1 1 1 C l l l !' l' plano atra-
f stam tais onde caminha o doloroso Mestre? . . .
vessa aquele, um p l 1 no d ,· q 1 1 1
baixezas. s tnh •l1 dd< pt· l 1 1 I' 1pdo I l t H , o plano Então Aquel e que tantos suplícios já martiri�
da tr m n l n 1 1 1 1 1Th 1 1 1 1 1 1 1 l t no l lv•· • , p I' onde

zaram e tantos horrores ameaçam, será sacudido
s gu umo l i v c b •o i · n lo , l ns i rudn !:!< 1 11 n t pelo por um arrepio; um gemido lhe fugirá dos lábios ,
amor. e, se o choque foi demasiado violento e o pé bateu
Jesus avança por meio ç:le grupos cada vez nas pedras mal juntas do chão, haverá uma ter�
mais densos. A sua execução é conhecida e os rível queda . Sàbemos que as houve; a devoção não
espectáculos daquele género sempre tiveram o se enganou, e, se se limita a fazer referência a
condão de despertar um interesse horrível. A turba três, é, natural mente, mais amor do simbolis mo do
que, ainda há pouco, clamava e exigia a sentençá que verdade literal.
não vai agora perder o espectáculo; os curiosos, Quantas vezes t v d d sviar- , o pobre
prevenidos, acorrem; forasteiros detêm-se; filas Transeunte, para al um r anto d arcada ou de
de multidão vão-se formando junto às paredes, e portal Fez-se pequ no e teve um calafrio; apa­
.
os degraus exteriores das casas também se enfei� gou-se tanto quanto o seu cruel fardo lho permitia.
tam de gente. Vemo-lo ·a evitar o que pode, e a suportar o resto
Nas janelas das casas ricaças - e só elas as com inefável doçura. Mas, para ele, era bem
possuem - erguem�se esteiras e aparecem cabe­ aquele o momento e o caso de dizer : «Sou um
ças; noutras casas, adivinha m-se olhos ardentes verme da terra e não um homem»; como que ras­
por detrás de grades de madeira. Junto às portas, tejava sob o seu madeiro, por aquelas passagens
velhas deitam o nariz de fora e arriscam mesmo transbordantes de multidão, umas vezes ofuscado
alguns passos na rua; velhos, acocorados nos um..­ pelo sol, outras no escuro, como através de um
brais, com o cotovelo fincado no joelho, erguem�se formigueiro tão ridículo quanto implacável.

1 42 1 43
(
......,.,.,. _
........_.. _ _ _. -. ...- . -
, .
'

ciência de um soldado bru t d irá traduzir�se em


P 1 1' 1 ver; garotos travesso a rpenteiam, curiosos.
,
N s esquinas, no meio desta multidão irrequieta,
suplício, e tereis de pagar com ngue o atraso de
qualquer jogatina ou beb d ri 1' 1 ? que sorte se pode ter? . . . E s das vielas laterais
uma vaga de recém�vindos, ou alguma caprichosa
Não; sabemos que J S l i H 1 1 o I r nde de cousa
cavalg ada, ou qualquer rebanho se precipita para
alguma nem de n in fl l l •n1 . l l 1 1 1 C l l l !' l' plano atra-
f stam tais onde caminha o doloroso Mestre? . . .
vessa aquele, um p l 1 no d ,· q 1 1 1
baixezas. s tnh •l1 dd< pt· l 1 1 I' 1pdo I l t H , o plano Então Aquel e que tantos suplícios já martiri�
da tr m n l n 1 1 1 1 1Th 1 1 1 1 1 1 1 l t no l lv•· • , p I' onde

zaram e tantos horrores ameaçam, será sacudido
s gu umo l i v c b •o i · n lo , l ns i rudn !:!< 1 11 n t pelo por um arrepio; um gemido lhe fugirá dos lábios ,
amor. e, se o choque foi demasiado violento e o pé bateu
Jesus avança por meio ç:le grupos cada vez nas pedras mal juntas do chão, haverá uma ter�
mais densos. A sua execução é conhecida e os rível queda . Sàbemos que as houve; a devoção não
espectáculos daquele género sempre tiveram o se enganou, e, se se limita a fazer referência a
condão de despertar um interesse horrível. A turba três, é, natural mente, mais amor do simbolis mo do
que, ainda há pouco, clamava e exigia a sentençá que verdade literal.
não vai agora perder o espectáculo; os curiosos, Quantas vezes t v d d sviar- , o pobre
prevenidos, acorrem; forasteiros detêm-se; filas Transeunte, para al um r anto d arcada ou de
de multidão vão-se formando junto às paredes, e portal Fez-se pequ no e teve um calafrio; apa­
.
os degraus exteriores das casas também se enfei� gou-se tanto quanto o seu cruel fardo lho permitia.
tam de gente. Vemo-lo ·a evitar o que pode, e a suportar o resto
Nas janelas das casas ricaças - e só elas as com inefável doçura. Mas, para ele, era bem
possuem - erguem�se esteiras e aparecem cabe­ aquele o momento e o caso de dizer : «Sou um
ças; noutras casas, adivinha m-se olhos ardentes verme da terra e não um homem»; como que ras­
por detrás de grades de madeira. Junto às portas, tejava sob o seu madeiro, por aquelas passagens
velhas deitam o nariz de fora e arriscam mesmo transbordantes de multidão, umas vezes ofuscado
alguns passos na rua; velhos, acocorados nos um..­ pelo sol, outras no escuro, como através de um
brais, com o cotovelo fincado no joelho, erguem�se formigueiro tão ridículo quanto implacável.

1 42 1 43
Como tudo isto, meu D u , é triste! Como tudo tudo melhor a Jm. O contraste entre aquelas
vie-­
isto é mesquinho, como tud ruel! Como avaliar las de morte a vastidão de um acto de alcance
o que revolta mais a nossa t 1'1\Ura, - a crueldade universal é emp Jgan te, mas tal contraste
é, pre-­
ou a mesquinhez? Chegamos 1 I jar que o Sal-­ cisamente, nosso pr ioso ensinamento. Igualmen
te
vador passe despercebido, onl 1 1 1 t que sereno, e o seria outro cenário? Onde encontrar, na
terra,
deseja--se também que, se tem d ft: r, seja herói uma coordenação de ircunstâncias capaz de
pre-­
de um drama digno dele, mb u ta de um tender igua lar, ou simplesmente representar, ale-­
sofrimento m i cru innt . górica e directamente, o que contém a acção rede
n-­
Estais a v r R i d •l r n m io daquele tora ? lgnorar--se--á que a eternida de e a imensida
de
.

mesquinho tumulto d f stn j u d i , no m io da-­ não têm figurantes? É pref erível um choque
de
quela confusão, entre gritos, com o gado a em-­ imaginação favorável aos pensamentos profund
os.
purrar a cruz e a fazê--lo tropeçar, com o cheiro Prestígios postiços poderiam ilud ir--nos; um
con-­
desenxabido dos bazares orientais a servir de traste berrante elucida--nos melhor. O nada tem-­
incenso ao sacrifício eterno? Concebeis que tal poral do facto evoca, ante a nossa fé, a imen
si-­
acontecimento tenha por moldura um dédalo de dade deste; a excessiva pequenez arrem ssa--nos
vielas? Admitis os encontrões e as triviais escor-­ para a grandeza , e he amos d r r ç s Deu
' s
regadelas infligidas ao Imenso, na espectativa do por ter optado por tão prestante atalho. Acontec
i-­
suplício de efeitos divinos? mento sem espectaculosidade, sem outra auréola
É forçoso, porem, repelir tais escrúpulos, que que não seja a de espinhos, malvadez mesqui-­
se originam no gosto das grandezas fúteis. Quanto nha que é um crime eterno, - eis o que será a
mais grandeza moral, mais celeste misericórdia . e Paixão.
mais generosas efusões de amor se gastarem no
caminho ensanguentado, maior este será. 'É só por
essa bitola que se pode medir o que ali se passa. Era agora o momento de evocar as magníficas
Não se trata de um cortejo decorativo a percorrer especulações de Pascal sobre as três ordens de
uma estrada real. grandezas : grandezas de carne, ou físicas, gran-­
Mais ainda : há o direito de pensar que foi dezas de espírito, ou intelectuais, e grandezas de

10
1 44 1 45
Como tudo isto, meu D u , é triste! Como tudo tudo melhor a Jm. O contraste entre aquelas
vie-­
isto é mesquinho, como tud ruel! Como avaliar las de morte a vastidão de um acto de alcance
o que revolta mais a nossa t 1'1\Ura, - a crueldade universal é emp Jgan te, mas tal contraste
é, pre-­
ou a mesquinhez? Chegamos 1 I jar que o Sal-­ cisamente, nosso pr ioso ensinamento. Igualmen
te
vador passe despercebido, onl 1 1 1 t que sereno, e o seria outro cenário? Onde encontrar, na
terra,
deseja--se também que, se tem d ft: r, seja herói uma coordenação de ircunstâncias capaz de
pre-­
de um drama digno dele, mb u ta de um tender igua lar, ou simplesmente representar, ale-­
sofrimento m i cru innt . górica e directamente, o que contém a acção rede
n-­
Estais a v r R i d •l r n m io daquele tora ? lgnorar--se--á que a eternida de e a imensida
de
.

mesquinho tumulto d f stn j u d i , no m io da-­ não têm figurantes? É pref erível um choque
de
quela confusão, entre gritos, com o gado a em-­ imaginação favorável aos pensamentos profund
os.
purrar a cruz e a fazê--lo tropeçar, com o cheiro Prestígios postiços poderiam ilud ir--nos; um
con-­
desenxabido dos bazares orientais a servir de traste berrante elucida--nos melhor. O nada tem-­
incenso ao sacrifício eterno? Concebeis que tal poral do facto evoca, ante a nossa fé, a imen
si-­
acontecimento tenha por moldura um dédalo de dade deste; a excessiva pequenez arrem ssa--nos
vielas? Admitis os encontrões e as triviais escor-­ para a grandeza , e he amos d r r ç s Deu
' s
regadelas infligidas ao Imenso, na espectativa do por ter optado por tão prestante atalho. Acontec
i-­
suplício de efeitos divinos? mento sem espectaculosidade, sem outra auréola
É forçoso, porem, repelir tais escrúpulos, que que não seja a de espinhos, malvadez mesqui-­
se originam no gosto das grandezas fúteis. Quanto nha que é um crime eterno, - eis o que será a
mais grandeza moral, mais celeste misericórdia . e Paixão.
mais generosas efusões de amor se gastarem no
caminho ensanguentado, maior este será. 'É só por
essa bitola que se pode medir o que ali se passa. Era agora o momento de evocar as magníficas
Não se trata de um cortejo decorativo a percorrer especulações de Pascal sobre as três ordens de
uma estrada real. grandezas : grandezas de carne, ou físicas, gran-­
Mais ainda : há o direito de pensar que foi dezas de espírito, ou intelectuais, e grandezas de

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*

aridade, ou sobrenaturais . «É muito


ridículo, diz
dição de
Pascal, indignar�nos com a humilde con
em a que
Jesu s, como se ela fosse da mesma ord A pequena multidão que ali vai, exige, no en-­
acabava de
pertence a grandeza que , graças a ele, tanto, ser analisada, porque os seus sentimentos
s podería�
surgir . . . Nada inventou, não reinou (nó são tipos por onde podem avaliar�se os nossos.
s teatrais no
mos acrescent ar : não f tomou atitude Vão ali amigos, declarados ou ocultos; vai
.
iente, santo,
seu sofrim nt ) ; mnH i hum ilde , pac gente compadecida, sem dúvida em grande nú-­
u. , t· rri v l 1 nr. s d m n ios, sem
santo par mero, porém mais reservada e mais silenciosa que
I u rev es�
qua lqtt r p I h l c nt or
a outra; vão indiferentes, curiosos, trocistas, e vão,
.

iosa magnifi�
tido de gr nd pomp e m pr dig finalmente, os inimigos, oficiais ou não, enquadra-­
vêem a sabe�
cência, ante os olhos do coração que dos na turba infame.
doria» e ) . Os amigos, que vão encontrar�se em volta da
toda a sua
Jes us é, na Paixão, o que foi em cruz, já o seguem; todas as estações os vêem, ali,
ndeza não es�
vida; faz do seu sacrifício uma gra fiéis. O Evangelho mencionará, dentro em pouco,
mas moral; é na
pacial. não política, não estética, um dos seus grupos, não o mai emocionante, por-­
todos os sen�
ordem moral que a quer exaltar em que o Evangelho tem por principal objectivo o en-­
do bem e do ma l,
tidos, aprofundá�la até às raízes sinamento, mas o que oferece a Jesus oportuni�
e am plif icá �la até
realçá�la até ao mérito infinito dade para a sua última exortação moral.
orta engrande�
·

uma eficácia sem limites. Que imp Não deve faltar gente compadecida, entre
ndo a sua estrada
cer seus caminhos terrenos, qua aqueles que a propaganda farisaica não pôde ai�
importar�lhe a exi�
está no invisível, e que pode cançar ou que souberam desmascarar�lhe o odioso.
ndo, para ele, o
gui da de do seu Calvário, qua Sem ir mais adiante no exame da causa, dizem a
parte? !
mundo inteiro está em toda a si próprios que vai cometer--se uma injustiça atroz.
E lamentam a vítima.
Poderão deixar de comover�se os forasteiros
que, de súbito, se encontram diante de um homem
et, art. XVII.
(1) Pascal, Pensées. Edit. Hav

1 47
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*

aridade, ou sobrenaturais . «É muito


ridículo, diz
dição de
Pascal, indignar�nos com a humilde con
em a que
Jesu s, como se ela fosse da mesma ord A pequena multidão que ali vai, exige, no en-­
acabava de
pertence a grandeza que , graças a ele, tanto, ser analisada, porque os seus sentimentos
s podería�
surgir . . . Nada inventou, não reinou (nó são tipos por onde podem avaliar�se os nossos.
s teatrais no
mos acrescent ar : não f tomou atitude Vão ali amigos, declarados ou ocultos; vai
.
iente, santo,
seu sofrim nt ) ; mnH i hum ilde , pac gente compadecida, sem dúvida em grande nú-­
u. , t· rri v l 1 nr. s d m n ios, sem
santo par mero, porém mais reservada e mais silenciosa que
I u rev es�
qua lqtt r p I h l c nt or
a outra; vão indiferentes, curiosos, trocistas, e vão,
.

iosa magnifi�
tido de gr nd pomp e m pr dig finalmente, os inimigos, oficiais ou não, enquadra-­
vêem a sabe�
cência, ante os olhos do coração que dos na turba infame.
doria» e ) . Os amigos, que vão encontrar�se em volta da
toda a sua
Jes us é, na Paixão, o que foi em cruz, já o seguem; todas as estações os vêem, ali,
ndeza não es�
vida; faz do seu sacrifício uma gra fiéis. O Evangelho mencionará, dentro em pouco,
mas moral; é na
pacial. não política, não estética, um dos seus grupos, não o mai emocionante, por-­
todos os sen�
ordem moral que a quer exaltar em que o Evangelho tem por principal objectivo o en-­
do bem e do ma l,
tidos, aprofundá�la até às raízes sinamento, mas o que oferece a Jesus oportuni�
e am plif icá �la até
realçá�la até ao mérito infinito dade para a sua última exortação moral.
orta engrande�
·

uma eficácia sem limites. Que imp Não deve faltar gente compadecida, entre
ndo a sua estrada
cer seus caminhos terrenos, qua aqueles que a propaganda farisaica não pôde ai�
importar�lhe a exi�
está no invisível, e que pode cançar ou que souberam desmascarar�lhe o odioso.
ndo, para ele, o
gui da de do seu Calvário, qua Sem ir mais adiante no exame da causa, dizem a
parte? !
mundo inteiro está em toda a si próprios que vai cometer--se uma injustiça atroz.
E lamentam a vítima.
Poderão deixar de comover�se os forasteiros
que, de súbito, se encontram diante de um homem
et, art. XVII.
(1) Pascal, Pensées. Edit. Hav

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1 46
que vai derramando sangue, o vêem brutalizar por r III m só dirigir o pensamento para ninharia ,
alarves e só nele observam sinais de dignida de e sinam�no a ocultas. Os outros, ainda assi m,
de mansidão? O homem é crueL mas os bons sen� ordem. ··

timentos atraem�no e não passa muito tempo sem As zombarias e insultantes provocações cita�
os conhecer : ou porque resiste às paixões adversas das pelo Evangelho são exemplos ; convém que
ou porque estas 1 ã tão em causa, transforma�se se aceitem como temas sobre _os quais seria
em ser emo i nn I , u j a , num amigo momen� fácil divagar. As imaginações populares são fér�
tâneo. teis; as graçolas circulam e vivos comentários
Entr o «in .i f 1.' nt » , t ·at·md.. d um cruzam-se. Julga �se assim infamar, ridicularizar,
drama tão lancinante, dev mos, p lo contrário, d esa fiar Aquele que se crê estar na última impo�
� _a e que é, porta
tenct
contar com vilanias que da indiferença só têm a nto, presa fácil para as cobar�
máscara; são inimigos em espectativa e já inimigos dias instintivas.
parciais, a menos que o culto da sua pessoa e a «A vida daquele taumaturgo acaba bem la­
preocupação do seu caso não lhes absorvam por mentàvelmente! . . . Que deplorável curandeiro! . .
.
completo o pensamento. Porque não se livrou a si próprio, já que salvava
O gordo traficante cuja ambição só corre para os outros? ! . . . Se Yahveh estivesse com ele, vê�lo­
os lucros brilhantes e as proveitosas colocações de �iamos assim cair na ratoeira ? . . . Qu� Deus 0 livre
capital, - a mulher garrida que um salmo des� visto que Deus é seu Pai! . . . Não é aquele qu�
creve como «uma coluna de templo toda composta destrói e reconstrói o Templo em três dias ? . . ».

e adornada» (Salmo CXLIIL 1 4: ) , podem não ser, Sem tanto requinte e sem pedir aos doutores
no momento, nem cordiais nem hostis; passam e, argumentos de cunho plebeu, outros limitam-se
a
através da morte, continuam o seu entretenimento. encolher os ombros. - «Que é aquilo? - Não é
Jesus passou, assim, lado a lado com a alegria , nada : um escravo que levam preso por qualquer
a vida febril e concupiscente, para chegar ao malfeitoria, um condenado que vai ser executado
seu suplício; não era ódio, não era, aparentemente, à pressa por causa do sabbat, um rei de brinca­
uma cumplicidade, mas, no entanto, sabemos que deira com uma tabuleta onde se exibem seus fa­
aqueles que assim, à passagem de Jesus, se obsti� mosos títulos, um pretenso benfeitor, um dout
or

1 4:8 1 4:9
que vai derramando sangue, o vêem brutalizar por r III m só dirigir o pensamento para ninharia ,
alarves e só nele observam sinais de dignida de e sinam�no a ocultas. Os outros, ainda assi m,
de mansidão? O homem é crueL mas os bons sen� ordem. ··

timentos atraem�no e não passa muito tempo sem As zombarias e insultantes provocações cita�
os conhecer : ou porque resiste às paixões adversas das pelo Evangelho são exemplos ; convém que
ou porque estas 1 ã tão em causa, transforma�se se aceitem como temas sobre _os quais seria
em ser emo i nn I , u j a , num amigo momen� fácil divagar. As imaginações populares são fér�
tâneo. teis; as graçolas circulam e vivos comentários
Entr o «in .i f 1.' nt » , t ·at·md.. d um cruzam-se. Julga �se assim infamar, ridicularizar,
drama tão lancinante, dev mos, p lo contrário, d esa fiar Aquele que se crê estar na última impo�
� _a e que é, porta
tenct
contar com vilanias que da indiferença só têm a nto, presa fácil para as cobar�
máscara; são inimigos em espectativa e já inimigos dias instintivas.
parciais, a menos que o culto da sua pessoa e a «A vida daquele taumaturgo acaba bem la­
preocupação do seu caso não lhes absorvam por mentàvelmente! . . . Que deplorável curandeiro! . .
.
completo o pensamento. Porque não se livrou a si próprio, já que salvava
O gordo traficante cuja ambição só corre para os outros? ! . . . Se Yahveh estivesse com ele, vê�lo­
os lucros brilhantes e as proveitosas colocações de �iamos assim cair na ratoeira ? . . . Qu� Deus 0 livre
capital, - a mulher garrida que um salmo des� visto que Deus é seu Pai! . . . Não é aquele qu�
creve como «uma coluna de templo toda composta destrói e reconstrói o Templo em três dias ? . . ».

e adornada» (Salmo CXLIIL 1 4: ) , podem não ser, Sem tanto requinte e sem pedir aos doutores
no momento, nem cordiais nem hostis; passam e, argumentos de cunho plebeu, outros limitam-se
a
através da morte, continuam o seu entretenimento. encolher os ombros. - «Que é aquilo? - Não é
Jesus passou, assim, lado a lado com a alegria , nada : um escravo que levam preso por qualquer
a vida febril e concupiscente, para chegar ao malfeitoria, um condenado que vai ser executado
seu suplício; não era ódio, não era, aparentemente, à pressa por causa do sabbat, um rei de brinca­
uma cumplicidade, mas, no entanto, sabemos que deira com uma tabuleta onde se exibem seus fa­
aqueles que assim, à passagem de Jesus, se obsti� mosos títulos, um pretenso benfeitor, um dout
or

1 4:8 1 4:9
maníaco, um reformador descomedido, um qual� 16 acompanharam a sua vítima. Para eles, a
quer que pretende endireitar o que não está certo, ortunidade é dupla : podem fazer�se saudar, o
um acusador intratável, um agitador, um ho� que, como J esus dizia, censurando�os, apreciavam
· mem perigoso, numa palavra. Não é nada, não é loucamente, · e, por contraste, podem rebaixar o seu
. nada . . . » vencido. Querem que os homenageiem e insultam;
Não é nada fectivamente, senão o Nazareno provocam as homenagens e restituem�nas em mal�
das predições o M ssias dos profetas, Aquele dições.
que Mois d ix u ntr v r, qu os salmos can�
·
Por instigação sua, os �!trajes indecentes fa�
.taram e que João, o B pU tn , colheu às portas: zem carreira. Decerto foram arremessados . pó e
é o homem misterioso ante o qual tudo empali� pedras, como, outrora , a David : assim faz o orien"'
deceu antes que tudo se revoltasse, e que, um dia, ·tal que pretende vexar. Na soleira das portas, ho�
fará empalidecer a revolta, a indiferença e o ódio, mens ou mulheres deverão ter procedido de ma�
guardando apenas o amor. Não é nada, a não ser neira semelhante à desse Ahsverus lendário, o
o Salvador dos homens: não é nada : é o filho de sapateiro cruel e cínico que chamam o «Judeu
Deus. errante».
Os discípulos diziam, em tempos : «Mestre, a Haverá quem se interesse pela inscrição da
multidão comprime�te!» e isto significava : ela der cruz e sempre alguém censurará ao «Rei dos J u�
mina�te, oprime�te para recorrer à tua bondade. deus» não se ter sabido defender. Desgraçado do
Hoje, a multidão oprime Jesus, mas é ou com indi� ambicioso que não sabe tornar�se forte! Mal .fra�
ferença brutal por um homem que sofre ou com • queja, a ave enjaulada vê�se atacada pelos bicos
crueldade para com um homem odiado. Se o pri� dos camaradas robustos , que sobre ela se precipi�
meirq destes se�timentos nos revoltou, que .pen� tam; o suave melharuco, esse, ataca�lhe o cérebro
saremos do outro? e dá uma lição aos homens . . .
'

Pode crer�se que muitos príncipes do Sinédrio


cometeram a baixeza de se misturar com a escolta
e de estorvar o passo à própria canalha, para a ex� Neste meio tempo, terminou a descida , começa
citar. Encontramo�los no Calvário, e, sem dúvida, a subida. Jesus está de tal modo sucumbido que

1 50 151
maníaco, um reformador descomedido, um qual� 16 acompanharam a sua vítima. Para eles, a
quer que pretende endireitar o que não está certo, ortunidade é dupla : podem fazer�se saudar, o
um acusador intratável, um agitador, um ho� que, como J esus dizia, censurando�os, apreciavam
· mem perigoso, numa palavra. Não é nada, não é loucamente, · e, por contraste, podem rebaixar o seu
. nada . . . » vencido. Querem que os homenageiem e insultam;
Não é nada fectivamente, senão o Nazareno provocam as homenagens e restituem�nas em mal�
das predições o M ssias dos profetas, Aquele dições.
que Mois d ix u ntr v r, qu os salmos can�
·
Por instigação sua, os �!trajes indecentes fa�
.taram e que João, o B pU tn , colheu às portas: zem carreira. Decerto foram arremessados . pó e
é o homem misterioso ante o qual tudo empali� pedras, como, outrora , a David : assim faz o orien"'
deceu antes que tudo se revoltasse, e que, um dia, ·tal que pretende vexar. Na soleira das portas, ho�
fará empalidecer a revolta, a indiferença e o ódio, mens ou mulheres deverão ter procedido de ma�
guardando apenas o amor. Não é nada, a não ser neira semelhante à desse Ahsverus lendário, o
o Salvador dos homens: não é nada : é o filho de sapateiro cruel e cínico que chamam o «Judeu
Deus. errante».
Os discípulos diziam, em tempos : «Mestre, a Haverá quem se interesse pela inscrição da
multidão comprime�te!» e isto significava : ela der cruz e sempre alguém censurará ao «Rei dos J u�
mina�te, oprime�te para recorrer à tua bondade. deus» não se ter sabido defender. Desgraçado do
Hoje, a multidão oprime Jesus, mas é ou com indi� ambicioso que não sabe tornar�se forte! Mal .fra�
ferença brutal por um homem que sofre ou com • queja, a ave enjaulada vê�se atacada pelos bicos
crueldade para com um homem odiado. Se o pri� dos camaradas robustos , que sobre ela se precipi�
meirq destes se�timentos nos revoltou, que .pen� tam; o suave melharuco, esse, ataca�lhe o cérebro
saremos do outro? e dá uma lição aos homens . . .
'

Pode crer�se que muitos príncipes do Sinédrio


cometeram a baixeza de se misturar com a escolta
e de estorvar o passo à própria canalha, para a ex� Neste meio tempo, terminou a descida , começa
citar. Encontramo�los no Calvário, e, sem dúvida, a subida. Jesus está de tal modo sucumbido que

1 50 151
marcha torna�se lamentàvelmente arrastada, J us, carregado com o madeiro, não sabe
m a
numa oscilação sempre ampliada por repetidas h nra qtie lhe conferem. Os Rom
anos não viam
quedas. Salta aos olhos a certeza de que não n quilo mai s que um insi
gnificante serviço público;
poderá ir longe. A quem o visse naquele estado os Jud eus só pensam em poupar a sua vítim
a: o
ao mesmo tempo extremo e calmo, silencioso Homem que sofre vai poder, um momento
, refa�
como as vítima - as alvas ovelhinhas - que a zer�se; mas a posteridade encontrará nest
e facto
cada instant J' · 1 m , correria o versículo pro� um tema de meditação e de louvor com
que se
fético: «F i L vacl i m 1fonça m um cordeiro, ocupará durante séculos.
como uma .v lha qtt (Jlt 1rdo sil '11 io· p rante Um pintor antigo idealizou o transpo
rte da
aquele que a tosquia». (!saias, L i l i , 7 ) . cruz como um cortejo formado por toda a
humani,..;
'É nesse momento que um inesperado tran� dade religiosa; os chefes desse grupo univ
ersal ­
seunte vem em auxílio dos esbirros. A tarefa de pap a, bispos, padres, com tiara, báculo,
mitra e
que os incumbiram preocupa�os; aqqela cruz é, na vestes sacerdotais - aliviam o Salvador; são
man�
verdade, pesada demais, e o paciente sucumbe; datários ; através das suas pessoas, poré
m, nós
sob pena de inexecução da sentença, há que ali� todos, colectivamente, é que somos cire
neu s, e
viar o homem, mas, por outro lado, eles rião que� cada alma, no seu íntimo, deve sê�lo por sua
conta.
·

reriam carregar com o madeiro de crucificar um Não é preciso «acrescentar o que falta à paix
ão de
escravo. Tudo, porém, se resolve! Têm o direito de Cristo?» (Col ., I, 24 ) . Se o Mestre desfalec
e, a
requisição e exercem�no. Tanto pior para Simão força que dele recebemos nada de melhor pode

de Cirene, se os seus passos o conduziram, quando fazer do que empregar�se em seu serviço, e
em
voltava do campo, para aquele caminho ensan� cada caso, como na Paixão inicial, o benefício
guentado. sobre nós recairá com indizível poder.
Feliz acaso que fará de Simão e dos seus um
eterno símbolo! Simão, Alexandre, Rufus são,
para nós, santos, porque o primeiro tomou sobre
os ombros a Arvore da salvação, que lhe ofereceu
a sua seiva. Quando o «obrigam» a caminhar atrás

1 52 1 53
marcha torna�se lamentàvelmente arrastada, J us, carregado com o madeiro, não sabe
m a
numa oscilação sempre ampliada por repetidas h nra qtie lhe conferem. Os Rom
anos não viam
quedas. Salta aos olhos a certeza de que não n quilo mai s que um insi
gnificante serviço público;
poderá ir longe. A quem o visse naquele estado os Jud eus só pensam em poupar a sua vítim
a: o
ao mesmo tempo extremo e calmo, silencioso Homem que sofre vai poder, um momento
, refa�
como as vítima - as alvas ovelhinhas - que a zer�se; mas a posteridade encontrará nest
e facto
cada instant J' · 1 m , correria o versículo pro� um tema de meditação e de louvor com
que se
fético: «F i L vacl i m 1fonça m um cordeiro, ocupará durante séculos.
como uma .v lha qtt (Jlt 1rdo sil '11 io· p rante Um pintor antigo idealizou o transpo
rte da
aquele que a tosquia». (!saias, L i l i , 7 ) . cruz como um cortejo formado por toda a
humani,..;
'É nesse momento que um inesperado tran� dade religiosa; os chefes desse grupo univ
ersal ­
seunte vem em auxílio dos esbirros. A tarefa de pap a, bispos, padres, com tiara, báculo,
mitra e
que os incumbiram preocupa�os; aqqela cruz é, na vestes sacerdotais - aliviam o Salvador; são
man�
verdade, pesada demais, e o paciente sucumbe; datários ; através das suas pessoas, poré
m, nós
sob pena de inexecução da sentença, há que ali� todos, colectivamente, é que somos cire
neu s, e
viar o homem, mas, por outro lado, eles rião que� cada alma, no seu íntimo, deve sê�lo por sua
conta.
·

reriam carregar com o madeiro de crucificar um Não é preciso «acrescentar o que falta à paix
ão de
escravo. Tudo, porém, se resolve! Têm o direito de Cristo?» (Col ., I, 24 ) . Se o Mestre desfalec
e, a
requisição e exercem�no. Tanto pior para Simão força que dele recebemos nada de melhor pode

de Cirene, se os seus passos o conduziram, quando fazer do que empregar�se em seu serviço, e
em
voltava do campo, para aquele caminho ensan� cada caso, como na Paixão inicial, o benefício
guentado. sobre nós recairá com indizível poder.
Feliz acaso que fará de Simão e dos seus um
eterno símbolo! Simão, Alexandre, Rufus são,
para nós, santos, porque o primeiro tomou sobre
os ombros a Arvore da salvação, que lhe ofereceu
a sua seiva. Quando o «obrigam» a caminhar atrás

1 52 1 53
D,.M.velmente também por ironia e com intenção
·

" * ciativa para os Judeus.


Aquelas mulheres batiam no peito em sinal de
luto .e lamentavam Jesus. O seu sentimento reve�
O Evangelho faz menção de um grupo que, ao
Java bondade; através delas, a caridade compa�
contrário de Simão; não passava por a�aso; que ·

recia a uma cena de assassínio. Mas o Doutor do


seguia o cort j ou talvez tivesse vindo, por ruas
mundo, que do mundo se vai, não quer perder
transversal , a s u n ontro. Eram mulheres, mas
u t m ncion das após a cruci�
uma oportunidade de ensinamento austero. Ca�
não aqu 1
liJ ia com J sus, mistu� lou�se diante dos ofensores, dos indiferentes e
fixação qu v m d
dos curiosos; contra os seus inimigos opõe apenas
radas com os discip ulos; trata� de fiéis do seu
·uma gravidade que parece empurrá�Iós, por um
ensino e da sua pessoa ou, então, de caridosas
violento contraste, para uma outra espécie animal.
damas que, por ocasião das execuções, se encar�
Não se responde, diz um velho comentador, nem
regavam de acompanhar o condenado e' de lhe
aos cães nem aos suínos! Mas àqueles que são
preparar bebidas calmantes. O Talmud atribue
seus pelas disposições generosas que os animam,
este papel a pessoas distintas de Jerusalém, e é
Jesus fala.
certo que foi d�sempenhado, embora o Salvador
não tenha aceitado o serviço. Já não vai esmagado, agora, pela sua cruz;
Mulheres judias , saudando assim, na passa� pode voltar�se para o grupo e dirigir�Ihe algumas
palavras. Não parece que os executores se tenham
gem, o dolorido «Rei dos Judeu s», dão um sentido
·oposto; é costume, entre todos os povos, deixar
de bem lancinante ironia àquele versículo do Cân�
alguma liberdade aos condenados à morte; SÓ um
tico : «Sa í. filhas de Sião, e vêde o rei Salomão
ódio feroz reprime a expressão de um derradeiro
com o diadema de que sua mãe o coroou, no dia
das suas bodas» (Cântico dos Cânticos, III, 1 1 ) .
:pensamento, e o ódio, se domina potentados ju�
A mãe Jerusalém coroa estranhamente o seu rei! deus, poupa os simples soldados.
«Não choreis por mim», diz J esus. Não repele
Convém que lamentações o saudem, como outrora
a compaixão, mas deplora a cegueira que se Ia�
o soberano, em marcha solene, foi saudado por
menta dos efeitos desprezando as causas; que
aclamações. Convém a inscrição que Pilatos impôs,

1 55
D,.M.velmente também por ironia e com intenção
·

" * ciativa para os Judeus.


Aquelas mulheres batiam no peito em sinal de
luto .e lamentavam Jesus. O seu sentimento reve�
O Evangelho faz menção de um grupo que, ao
Java bondade; através delas, a caridade compa�
contrário de Simão; não passava por a�aso; que ·

recia a uma cena de assassínio. Mas o Doutor do


seguia o cort j ou talvez tivesse vindo, por ruas
mundo, que do mundo se vai, não quer perder
transversal , a s u n ontro. Eram mulheres, mas
u t m ncion das após a cruci�
uma oportunidade de ensinamento austero. Ca�
não aqu 1
liJ ia com J sus, mistu� lou�se diante dos ofensores, dos indiferentes e
fixação qu v m d
dos curiosos; contra os seus inimigos opõe apenas
radas com os discip ulos; trata� de fiéis do seu
·uma gravidade que parece empurrá�Iós, por um
ensino e da sua pessoa ou, então, de caridosas
violento contraste, para uma outra espécie animal.
damas que, por ocasião das execuções, se encar�
Não se responde, diz um velho comentador, nem
regavam de acompanhar o condenado e' de lhe
aos cães nem aos suínos! Mas àqueles que são
preparar bebidas calmantes. O Talmud atribue
seus pelas disposições generosas que os animam,
este papel a pessoas distintas de Jerusalém, e é
Jesus fala.
certo que foi d�sempenhado, embora o Salvador
não tenha aceitado o serviço. Já não vai esmagado, agora, pela sua cruz;
Mulheres judias , saudando assim, na passa� pode voltar�se para o grupo e dirigir�Ihe algumas
palavras. Não parece que os executores se tenham
gem, o dolorido «Rei dos Judeu s», dão um sentido
·oposto; é costume, entre todos os povos, deixar
de bem lancinante ironia àquele versículo do Cân�
alguma liberdade aos condenados à morte; SÓ um
tico : «Sa í. filhas de Sião, e vêde o rei Salomão
ódio feroz reprime a expressão de um derradeiro
com o diadema de que sua mãe o coroou, no dia
das suas bodas» (Cântico dos Cânticos, III, 1 1 ) .
:pensamento, e o ódio, se domina potentados ju�
A mãe Jerusalém coroa estranhamente o seu rei! deus, poupa os simples soldados.
«Não choreis por mim», diz J esus. Não repele
Convém que lamentações o saudem, como outrora
a compaixão, mas deplora a cegueira que se Ia�
o soberano, em marcha solene, foi saudado por
menta dos efeitos desprezando as causas; que
aclamações. Convém a inscrição que Pilatos impôs,

1 55
chora uma nobre vítima sem pensar no caso, mui� , m s dos deicidas, e chorai por vossos
tíssimo mais lamentável, dos algozes; que esquece soltam gargalhadas :à beira da catás,...
a sua afinidade com os que ferem, parentesco mis�
terioso mas tão próximo ·que ameaça, por solida� nvolvamos e compreendamos o que Jesus
riedade, o 9 1'li PO emocionado, em cada um dos horai por vós, primeiro, e só depois por
seus membr H, 1 rque os algozes são seus filhos! o s filhos . . . Quer dizer que ele visa uÍna or....
.
«Nã ( '/i( rei .:: p r mim, mas por vós e por I m de factos que prende logo a responsabilidade
t'.
vos os /i/ln s� . ) u . f dn lh •s .. u filhos, d cada pessoa. Fala abertamente dos deicidas
,
c l'to d t l · n r r t' 1 • 'H d · m u l h . ' H ; d H f" rta .. as judeus; fala ocultamente dos seus cúmplices re....
para 11 çfL do ·dm · · l ·c t i v q u H • m t m motos, e é s'obre estes, sobre nós, que devem cair,
Jerusalém e que Jerusalém xpi r1 em trem ndas em pleno coração, as advertências da sua severa
agonias futuras. «Eis que chegam os dias em que misericórdia.
,
se dirá: Felizes as mulheres estéreis e as entranhas
que não geraram e os seios que não amamenta�
ram». A tribulação será tão grande que se che� Duas outras mulheres, duas outras transeuntes
gará a amaldiçoar toda a vida, a que se suporta que Ele encontrou no caminho, a tradição introduz
e a que 'se dá. «Então, começar�se�á a dizer às neste passo : Verónica, munida do seu véu, e a
montanhas: Caí ·sobre nós. E às colinas: Escon� grande companheira, que o Evangelho ainda não
dei�nosf» menciona, mas que seria muito espantoso só encoJi,...
«Porque, acrescenta o Salvador, se se trata trar no Calvário.
assim o lenho verde, que, será do lenho seco!» Se Verónica! A mulher do caridoso sudário, a
Deus irritado parece querer queimar, castigar sem mulher que alivia o seu Deus; a mulher que pousa
distinção de mérito, - se permite o assassínio de ternas e trémulas mãos no rosto d'Aquele que
um inocente, que fará aos culpados? Eu cá morro disse : «Quem me vê, vê meu Pai»; a mulher que
livremente e realizei a minha tarefa; o fim dela enxuga o sangue redentor e que, em paga, algo
será glorioso e não há razão para chorar tanto recebe da Salvação Corporizada; a mulher que
pelo herói a três dias da vitória. Mas chorai, cho.. leva a face de Jesus para sua casa ! . . .
chora uma nobre vítima sem pensar no caso, mui� , m s dos deicidas, e chorai por vossos
tíssimo mais lamentável, dos algozes; que esquece soltam gargalhadas :à beira da catás,...
a sua afinidade com os que ferem, parentesco mis�
terioso mas tão próximo ·que ameaça, por solida� nvolvamos e compreendamos o que Jesus
riedade, o 9 1'li PO emocionado, em cada um dos horai por vós, primeiro, e só depois por
seus membr H, 1 rque os algozes são seus filhos! o s filhos . . . Quer dizer que ele visa uÍna or....
.
«Nã ( '/i( rei .:: p r mim, mas por vós e por I m de factos que prende logo a responsabilidade
t'.
vos os /i/ln s� . ) u . f dn lh •s .. u filhos, d cada pessoa. Fala abertamente dos deicidas
,
c l'to d t l · n r r t' 1 • 'H d · m u l h . ' H ; d H f" rta .. as judeus; fala ocultamente dos seus cúmplices re....
para 11 çfL do ·dm · · l ·c t i v q u H • m t m motos, e é s'obre estes, sobre nós, que devem cair,
Jerusalém e que Jerusalém xpi r1 em trem ndas em pleno coração, as advertências da sua severa
agonias futuras. «Eis que chegam os dias em que misericórdia.
,
se dirá: Felizes as mulheres estéreis e as entranhas
que não geraram e os seios que não amamenta�
ram». A tribulação será tão grande que se che� Duas outras mulheres, duas outras transeuntes
gará a amaldiçoar toda a vida, a que se suporta que Ele encontrou no caminho, a tradição introduz
e a que 'se dá. «Então, começar�se�á a dizer às neste passo : Verónica, munida do seu véu, e a
montanhas: Caí ·sobre nós. E às colinas: Escon� grande companheira, que o Evangelho ainda não
dei�nosf» menciona, mas que seria muito espantoso só encoJi,...
«Porque, acrescenta o Salvador, se se trata trar no Calvário.
assim o lenho verde, que, será do lenho seco!» Se Verónica! A mulher do caridoso sudário, a
Deus irritado parece querer queimar, castigar sem mulher que alivia o seu Deus; a mulher que pousa
distinção de mérito, - se permite o assassínio de ternas e trémulas mãos no rosto d'Aquele que
um inocente, que fará aos culpados? Eu cá morro disse : «Quem me vê, vê meu Pai»; a mulher que
livremente e realizei a minha tarefa; o fim dela enxuga o sangue redentor e que, em paga, algo
será glorioso e não há razão para chorar tanto recebe da Salvação Corporizada; a mulher que
pelo herói a três dias da vitória. Mas chorai, cho.. leva a face de Jesus para sua casa ! . . .
A intervenção de Maria tem outro carácter. que se insultam. E se passar despercebida ,
Não ·pertence à tradição; é uma conjectura muito lv tenham , Ele e Ela, a atroz consolação de
z

simples que, a bem dizer, não se apoia em nada trocar um olhar. Oh! como inveja o Cireneul

de positivo, como não se apoia a aparição a Ma� Como quereria carregar com a cruz, e, mesmo não
ria, de Jesus ressuscitado, ou a comunhão que a · podendo, como a aceitaria e como tentaria a im�
Virgem teria f ito no Cenáculo. Sabe�se, porém, possível marcha!
que os Evang lhos n o são narrativas completas,
e, nos seus int ti i s, nt nt qu n,ada force o
·

respectivo enc d m nto d s factos, a cada qual Na , idade médi�, consagrava�se a este lacri�
é lícito imaginar o que a su pi dade lhe sugere. moso encontro uma igreja de Jerusalém chamada
Com mais forte razão se devem respeitar e se fará Santa Maria do Delíquio ou do Espasmo, ou tam�
bem em acolher conjecturas emanadas do senti� bém do Encontro de Jesus e de sua Santíssima
mento comum e adoptadas pela Igreja. Mãe. Uma igreja anterior, do século v ou VI,
Como supor, a menos de não se observarem · deixara �estígios, entre os quais um fragmento de
circunstâncias por cousa alguma assinaladas, que mosaico, representando sandálias; julgou�se. possí�
Maria não tenha espiado a passagem do crude� vd conjectur�r que os pés da magoada Mãe ou os
líssimo cortejo e se tenha contentado de o esperar de seu Filho ali estivessem gravados. Conclusão
no seu termo, - que a sorte tão incerta de seu apressada, porque tal símbolo de presença foi
Filho, em tal caminho, não tenha aterrorizado o muitas vezes empregado em tempos antigos e não
seu coração? raramente por motivos bem profanos. Quando o ·

Estão ali outras mulheres, e deixam�nas estar; pensamento religioso dele se apoderava, não era,
Jesus fala�Ihes . . . E Maria não estaria presente? ! em geral, para afirmar um milagre.
Para não se arriscar a todas as injúrias e a todos Sem forçar a nota a propósito de tudo, a ver�
os encontrões? Mas antes ser arrebatada, como dade é que nos sentimos docemente enternecidos
pobre insignificância, nos redemoinhos da multi� ao pensar no que pode ter sido um olhar trocado,
dão! Também Ele é vítima da multidão! Se for eni tais circunstâncias, entre Jesus e sua Mãe.
reconhecida, não terão piedade? Uma tal dor não ·Rafael, no Spazimo de Sicile, deu�nos uma bem

1 58 1 59
A intervenção de Maria tem outro carácter. que se insultam. E se passar despercebida ,
Não ·pertence à tradição; é uma conjectura muito lv tenham , Ele e Ela, a atroz consolação de
z

simples que, a bem dizer, não se apoia em nada trocar um olhar. Oh! como inveja o Cireneul

de positivo, como não se apoia a aparição a Ma� Como quereria carregar com a cruz, e, mesmo não
ria, de Jesus ressuscitado, ou a comunhão que a · podendo, como a aceitaria e como tentaria a im�
Virgem teria f ito no Cenáculo. Sabe�se, porém, possível marcha!
que os Evang lhos n o são narrativas completas,
e, nos seus int ti i s, nt nt qu n,ada force o
·

respectivo enc d m nto d s factos, a cada qual Na , idade médi�, consagrava�se a este lacri�
é lícito imaginar o que a su pi dade lhe sugere. moso encontro uma igreja de Jerusalém chamada
Com mais forte razão se devem respeitar e se fará Santa Maria do Delíquio ou do Espasmo, ou tam�
bem em acolher conjecturas emanadas do senti� bém do Encontro de Jesus e de sua Santíssima
mento comum e adoptadas pela Igreja. Mãe. Uma igreja anterior, do século v ou VI,
Como supor, a menos de não se observarem · deixara �estígios, entre os quais um fragmento de
circunstâncias por cousa alguma assinaladas, que mosaico, representando sandálias; julgou�se. possí�
Maria não tenha espiado a passagem do crude� vd conjectur�r que os pés da magoada Mãe ou os
líssimo cortejo e se tenha contentado de o esperar de seu Filho ali estivessem gravados. Conclusão
no seu termo, - que a sorte tão incerta de seu apressada, porque tal símbolo de presença foi
Filho, em tal caminho, não tenha aterrorizado o muitas vezes empregado em tempos antigos e não
seu coração? raramente por motivos bem profanos. Quando o ·

Estão ali outras mulheres, e deixam�nas estar; pensamento religioso dele se apoderava, não era,
Jesus fala�Ihes . . . E Maria não estaria presente? ! em geral, para afirmar um milagre.
Para não se arriscar a todas as injúrias e a todos Sem forçar a nota a propósito de tudo, a ver�
os encontrões? Mas antes ser arrebatada, como dade é que nos sentimos docemente enternecidos
pobre insignificância, nos redemoinhos da multi� ao pensar no que pode ter sido um olhar trocado,
dão! Também Ele é vítima da multidão! Se for eni tais circunstâncias, entre Jesus e sua Mãe.
reconhecida, não terão piedade? Uma tal dor não ·Rafael, no Spazimo de Sicile, deu�nos uma bem

1 58 1 59
dilacerante interpretação. J su iu sob o peso da piar doravante, alto do patíbulo sagrado, o
.. espectáculo d H os transeuntes.
sua cruz; os algoz es bat nt lh sob os golpes, 11

reergue�se com uma nobre d t' , , na sua pre�


sença, igualmente prostrada H I choque da
, ,
emoção e estendendo�lhe os b ·o c;o. .flitivamente, As porto. l , ·{ l td , no Oriente, são luga..
está sua Mãe, de quem toda a v i l 1 , a través do res essencialm nt públi s , m que as ocasiões de
fulgor do olhar, se pr ipit pü t' t (' I · . Não é, de afluência são constantes. Interiormente é muito
forma algum a, a mn j !1tn I I 8t ti 1t: n ltar não raro haver grandes espaços livres : as cidades an..
está rgu id o l'lt s t n p· · n t lg inda tigas evitavam..nos cuidadosamente, porque, tendo
.
à co�r d nt r u ma atitu hi ráti m s o de defender�se das incursões, havia interesse em
impulso de ternura que convém neste passo, e, reduzir a sua área, para evitar o desdobramento
como resposta, a aceitação da partilha, do qui� de muralhas e onerosas despesas de pessoal.
nhão d' Aquele cuja vida martirizada pertence, de As portas são, pois, o mais frequente ponto de
algum modo , a quem lha deu. reunião. Os ociosos e os curiosos vêm ali colher
notícias; as pessoas desejosas de informações ou
* de se meterem em negócios - compras, vendas,
* * ofertas ou pedidos de serviços, casamentos, etc.
- ali se dirigem e por ali se demoram muito. Os
Pode supor�se que o encontro de Jesus e de mercados realizam�se em datas fixas, mas os negó..
Maria teve lugar numa das duas encruzilhadas da cios particulares dão quotidianamente lugar a que
via dolorosa; em caso de impossibilidade, pôde ali haja intermináveis conversas. Na porta se fa�
ocorrer na porta de Efraim, ponto onde o alarga� zem contratos em presença dos anciãos; ali ter..
.
mento do espaço permitiria que ela se colocasse minam litígios; ali se ministra justiça ou, em qual..
sem ter de recear oposição das autoridades nem quer caso, se metem empenhos para a obter; sinal
uma opressiva aglomeração. Nesta última hipó.. da força defensiva em relação ao estrangeiro, a
tese, o episódio leva�nos quase à cruz; convida .. porta também é símbolo do poder político. Diz�se :
..nos a voltar ao nosso Observatório e a contem.. A porta dos reis, para significar o poder destes.

11
1 60 161

I;
dilacerante interpretação. J su iu sob o peso da piar doravante, alto do patíbulo sagrado, o
.. espectáculo d H os transeuntes.
sua cruz; os algoz es bat nt lh sob os golpes, 11

reergue�se com uma nobre d t' , , na sua pre�


sença, igualmente prostrada H I choque da
, ,
emoção e estendendo�lhe os b ·o c;o. .flitivamente, As porto. l , ·{ l td , no Oriente, são luga..
está sua Mãe, de quem toda a v i l 1 , a través do res essencialm nt públi s , m que as ocasiões de
fulgor do olhar, se pr ipit pü t' t (' I · . Não é, de afluência são constantes. Interiormente é muito
forma algum a, a mn j !1tn I I 8t ti 1t: n ltar não raro haver grandes espaços livres : as cidades an..
está rgu id o l'lt s t n p· · n t lg inda tigas evitavam..nos cuidadosamente, porque, tendo
.
à co�r d nt r u ma atitu hi ráti m s o de defender�se das incursões, havia interesse em
impulso de ternura que convém neste passo, e, reduzir a sua área, para evitar o desdobramento
como resposta, a aceitação da partilha, do qui� de muralhas e onerosas despesas de pessoal.
nhão d' Aquele cuja vida martirizada pertence, de As portas são, pois, o mais frequente ponto de
algum modo , a quem lha deu. reunião. Os ociosos e os curiosos vêm ali colher
notícias; as pessoas desejosas de informações ou
* de se meterem em negócios - compras, vendas,
* * ofertas ou pedidos de serviços, casamentos, etc.
- ali se dirigem e por ali se demoram muito. Os
Pode supor�se que o encontro de Jesus e de mercados realizam�se em datas fixas, mas os negó..
Maria teve lugar numa das duas encruzilhadas da cios particulares dão quotidianamente lugar a que
via dolorosa; em caso de impossibilidade, pôde ali haja intermináveis conversas. Na porta se fa�
ocorrer na porta de Efraim, ponto onde o alarga� zem contratos em presença dos anciãos; ali ter..
.
mento do espaço permitiria que ela se colocasse minam litígios; ali se ministra justiça ou, em qual..
sem ter de recear oposição das autoridades nem quer caso, se metem empenhos para a obter; sinal
uma opressiva aglomeração. Nesta última hipó.. da força defensiva em relação ao estrangeiro, a
tese, o episódio leva�nos quase à cruz; convida .. porta também é símbolo do poder político. Diz�se :
..nos a voltar ao nosso Observatório e a contem.. A porta dos reis, para significar o poder destes.

11
1 60 161

I;
Nã9 dizemos ainda hoje «Sublime Porta»? 'É ali que o c

1 1 1'1 1 l l h 1 I 1 •
njo encontra Lot,
E Jesus não adoptou a mesmn maneira de dizer, q11 111 ln v m anunciar a ruim 1 de Sodoma (Gén
referindo�se à sua Igreja : «As p rtas do inferno e'"'
l , I , I ) . Quantas veze s J 'll
ali opera as suas
- quer dizer «as suas forças h HtiH» - não pre� semeia a palavra divin I Agora, é ali le'"'
valecerão contra ela?» (Mat., xv t , 1 8 ) . para morrer, porque o luga r ideal, se não
A política é, em grande pa rtt-, I JJ:igida sob a
ntpre real, da justiça, é tamb m o das execuções.
arcada e seus contorno ; o q u n > i dali, ali
a justiça bem cedo se albergou em paláci�s
tem seu símbolo. A oposlç o, r< r ' LI lado, ta,m�
para comodidade dos seus órgãos, as sanções
bém ali se instala; a U H fo ·m m · 1HI l J' t s e se
permanecem fiéis ao ar livre, visto não serem come
forjam boatos . F i lá q u Abs Ião est ndeu a ar� ,.,
timento de grandes personag ens. E, além disso
:dladilha para derrubar seu pai e lá é que Atália ,
sucumbe. A porta é a agora e o forum das cidades olha�se ao exemplo.
do Oriente. Para mais , as portas são ponto de junção da
De tudo isto provém a circunstância de a re� população urbana com a dos arredores, de uma
ligião, devido à sua estreita união com a vida cidade com outra cidade, e precisamente esta
pública, ser tributária da porta. A religião tem de porta de Efraim ' entre todas privilegiada no que
ir buscar os seus clientes onde eles estão. Israel, respeita a comunicações exteriores : é por isso que
quando manifesta infidelidade a Yahveb. estabe� aí se erguem os patíbulos. Os Judeu s lapidam em
Ieee, nas portas, pequenos santuários, clramados lugares frequentad os; os Romanos crucificam à
dos altos lugares, que se vêem sobrepujando a en� beira das estra das. Ora, sem falar dos caminhos
· trada, como as nossas Virgens. Quando volta de acessórios, há aqui umas quatro ou cinco das mais
novo para o seu Deus, ou quando querem aju� importantes estradas.
dá�lo a voltar, os profetas aparecem nesse limiar Poucos anos mais tarde, o valor preponde,.,
e dali fulminam seus oráculos, para que todos os rante desta posição será consagrado pelos que ali
ouçam. . estabelecem o foram de Aelia�Capitolina , a J eru,.,
A própria Sabedoria , nos Provérbios (I , 2 1 ) é salém do Império. A corrente dos peregrinos, dos
representada a clamar às portas assim como nas comerciantes, da gente de negóc ios, dos correios.

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Nã9 dizemos ainda hoje «Sublime Porta»? 'É ali que o c

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njo encontra Lot,
E Jesus não adoptou a mesmn maneira de dizer, q11 111 ln v m anunciar a ruim 1 de Sodoma (Gén
referindo�se à sua Igreja : «As p rtas do inferno e'"'
l , I , I ) . Quantas veze s J 'll
ali opera as suas
- quer dizer «as suas forças h HtiH» - não pre� semeia a palavra divin I Agora, é ali le'"'
valecerão contra ela?» (Mat., xv t , 1 8 ) . para morrer, porque o luga r ideal, se não
A política é, em grande pa rtt-, I JJ:igida sob a
ntpre real, da justiça, é tamb m o das execuções.
arcada e seus contorno ; o q u n > i dali, ali
a justiça bem cedo se albergou em paláci�s
tem seu símbolo. A oposlç o, r< r ' LI lado, ta,m�
para comodidade dos seus órgãos, as sanções
bém ali se instala; a U H fo ·m m · 1HI l J' t s e se
permanecem fiéis ao ar livre, visto não serem come
forjam boatos . F i lá q u Abs Ião est ndeu a ar� ,.,
timento de grandes personag ens. E, além disso
:dladilha para derrubar seu pai e lá é que Atália ,
sucumbe. A porta é a agora e o forum das cidades olha�se ao exemplo.
do Oriente. Para mais , as portas são ponto de junção da
De tudo isto provém a circunstância de a re� população urbana com a dos arredores, de uma
ligião, devido à sua estreita união com a vida cidade com outra cidade, e precisamente esta
pública, ser tributária da porta. A religião tem de porta de Efraim ' entre todas privilegiada no que
ir buscar os seus clientes onde eles estão. Israel, respeita a comunicações exteriores : é por isso que
quando manifesta infidelidade a Yahveb. estabe� aí se erguem os patíbulos. Os Judeu s lapidam em
Ieee, nas portas, pequenos santuários, clramados lugares frequentad os; os Romanos crucificam à
dos altos lugares, que se vêem sobrepujando a en� beira das estra das. Ora, sem falar dos caminhos
· trada, como as nossas Virgens. Quando volta de acessórios, há aqui umas quatro ou cinco das mais
novo para o seu Deus, ou quando querem aju� importantes estradas.
dá�lo a voltar, os profetas aparecem nesse limiar Poucos anos mais tarde, o valor preponde,.,
e dali fulminam seus oráculos, para que todos os rante desta posição será consagrado pelos que ali
ouçam. . estabelecem o foram de Aelia�Capitolina , a J eru,.,
A própria Sabedoria , nos Provérbios (I , 2 1 ) é salém do Império. A corrente dos peregrinos, dos
representada a clamar às portas assim como nas comerciantes, da gente de negóc ios, dos correios.

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estropiados, os paralíticos, os leprosos mais ou
dos soldados, é, ali, ininterrupt , e o observatório
menos curados, soltam seu lamento monótono e
do Senhor não dá para um des rto.
agitam sua escudela.
Nos jardins, hã ociosos sentados no chão ou
cavalgando os muros. Na stradas, há gente, re�
Deixemos os olhos pousarem g r nos arre�
banhos, burros, veiculos, vagarosos camelos com
dores; nos terrenos em declive dond depende o
sua vacilante carga. Nas colinas, densos cachos
Calvário, no Gareb, no Bezetha, , m \ l o longe,
no opu . Tudo vere� de peregrinos, estalagens movimentadas, grupos
no monte das Oliveira
d ac mp m ntos vo-- acampados em volta de fogueiras, braços que se
mos coberto de barr a
estendem e passos que se cruzam.
lantes destinados aos zeladores da festa.
Some�se tudo e ouça�se, no momento em que
Veio gente de todas as regiões que l�rael
Jesus aparece e em que a cruz se ergue, um
enxameia. A Páscoa é, para os Judeus, uma devo�
amplo rumor de pasmo - depois, de hostilidade
çãõ universal. Agrupados em tribos ou segundo
- um ruído de risadas que momentâneamente
diversas afinidades, Galileus com Galileus-como
sufocam a reflexão e os sempre tímidos ímpetos
hoje Gregos com Greg os, no dia 1 5 de Agosto, no
de piedade.
Túmulo da Virgem - ali se amontoam até quase
«Todos os que me vêem, escarnecem de mim;
se esmagarem. Assim, aquelas cidades efémeras
têm a zombaria nos lábios e meneiam a cabeça.
fornecem à circulação, evidentemente, um contin�
Teve confiança em Yahveh, dizem eles; que ele
gente formidável.
o salve, que ele o livre, se o ama». (Salmo XXII, 8�9 ) .
Fantasie�se o espectáculo. Na própria porta ,
Sempre a mesma cruel blasfémia! Sempre o Cristo
um rio contínuo, entre duas marg ens animadas
opróbrio dos homens e abjecção da plebe (lbid. 7 ) .
onde os vendedores circu lam, onde as falas se
Estão ali, no entanto, alguns dos que lhe são
cruzam, onde lojecas volantes vêm juntar�se às
s obrigados e dos seus admiradores de há pouco.
·que estão instaladas nos degraus e nas passagen
Aqueles mendigos acocorados e todos aqueles mi�
sob os arcos, onde se vendem bebidas e gulosei�
seráveis precipitavam�se outrora ao seu encontro,
mas , onde os mendigos - sobretudo os cego s, tão
confiantes e cheios de súplicas. Aclamavam�no
numerosos naquelas terras de luz fustigante - os

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estropiados, os paralíticos, os leprosos mais ou
dos soldados, é, ali, ininterrupt , e o observatório
menos curados, soltam seu lamento monótono e
do Senhor não dá para um des rto.
agitam sua escudela.
Nos jardins, hã ociosos sentados no chão ou
cavalgando os muros. Na stradas, há gente, re�
Deixemos os olhos pousarem g r nos arre�
banhos, burros, veiculos, vagarosos camelos com
dores; nos terrenos em declive dond depende o
sua vacilante carga. Nas colinas, densos cachos
Calvário, no Gareb, no Bezetha, , m \ l o longe,
no opu . Tudo vere� de peregrinos, estalagens movimentadas, grupos
no monte das Oliveira
d ac mp m ntos vo-- acampados em volta de fogueiras, braços que se
mos coberto de barr a
estendem e passos que se cruzam.
lantes destinados aos zeladores da festa.
Some�se tudo e ouça�se, no momento em que
Veio gente de todas as regiões que l�rael
Jesus aparece e em que a cruz se ergue, um
enxameia. A Páscoa é, para os Judeus, uma devo�
amplo rumor de pasmo - depois, de hostilidade
çãõ universal. Agrupados em tribos ou segundo
- um ruído de risadas que momentâneamente
diversas afinidades, Galileus com Galileus-como
sufocam a reflexão e os sempre tímidos ímpetos
hoje Gregos com Greg os, no dia 1 5 de Agosto, no
de piedade.
Túmulo da Virgem - ali se amontoam até quase
«Todos os que me vêem, escarnecem de mim;
se esmagarem. Assim, aquelas cidades efémeras
têm a zombaria nos lábios e meneiam a cabeça.
fornecem à circulação, evidentemente, um contin�
Teve confiança em Yahveh, dizem eles; que ele
gente formidável.
o salve, que ele o livre, se o ama». (Salmo XXII, 8�9 ) .
Fantasie�se o espectáculo. Na própria porta ,
Sempre a mesma cruel blasfémia! Sempre o Cristo
um rio contínuo, entre duas marg ens animadas
opróbrio dos homens e abjecção da plebe (lbid. 7 ) .
onde os vendedores circu lam, onde as falas se
Estão ali, no entanto, alguns dos que lhe são
cruzam, onde lojecas volantes vêm juntar�se às
s obrigados e dos seus admiradores de há pouco.
·que estão instaladas nos degraus e nas passagen
Aqueles mendigos acocorados e todos aqueles mi�
sob os arcos, onde se vendem bebidas e gulosei�
seráveis precipitavam�se outrora ao seu encontro,
mas , onde os mendigos - sobretudo os cego s, tão
confiantes e cheios de súplicas. Aclamavam�no
numerosos naquelas terras de luz fustigante - os

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• m •· l11 Jesus, se já não há quem zombe,
a
om o brado de «Filho de 1 1 v l I » ! Vinham bei�
J rl"'lhe o manto, tocar�lhe a orl 1 I I' m a de franja n�o 11 H'lll o esquecimento? A compaixão é
violácea , que dele é parte ritual . · 1 1 1 1 1 i t s prostra� rara l generosidade efectiva ainda o é muito
vam�se, esperando o milagre ou 1 J 1 l vra de mnls. E quando se diz que não há zombaria, só
esperança. • 1 nsa na pessoa, à qual o próprio Jesus atribui
m ·nos valor que à sua obra e ao nosso bem.
Agora, afastam�se, ou zombam, < rn

expresso naquele salmo quase inteiram n t Quantas zombarias respeitantes à doutrina,


tico onde se encontra como que narrada a 1 às práticas, ao pessoal, às exigências, às pro�
ridicularizam�no em cantiga s, às porta , messas, aos factos e aos pensamentos, às institui�
reando drogas inebriantes : «Eu sou o alv ções e aos seres a que o nome e o trabalho de
seus sarcasmos; os que estão sentados à porta [a� Jesu � crucificado se associam! Também continua
Iam contra mim e os que bebem licores fortes com� a haver quem faça troça e abane a cabeça; conti�
põem canções contra mim». (Salmo LXVIII, 1 2� 1 3 ) . nuam os apreciadores de vinho - vinho da ciên�
«Ó vós todos que passais no caminho, olhai e cia adulterada ou da paixão libertina - a compor
,vede se há dor igual à minha dor!» (Lament. I , 1 2 ) . canções satíricas.
A Páscoa humana prossegue; arma�se acam�
pamento ou passeia�se, come�se, bebe�se, dan�
ó Mestre, não há, efectivamente, dor mais ça�se, arrastam�se preocupações, vive�se absor�
abandonada, como não a há nem mais completa vido em negócios, estabelecem�se ou quebram�se
nem mais crucificante. No universo como em Je� relações, ama�se, odeia�se, e Cristo está pendu�
rusalém, no decurso dos tempos como naquela rado do madeiro e a sua dor só obtem desdém
véspera de sabbat em que apressadamente se exe� e o seu apelo, a sua saudação só recebem vagos
cuta um condenado a quem se odeia, quantos serão sorrisos.
eles, os transeuntes enternecidos, as testemunhas Vós que passais, homens que encontrais Cristo
verdadeiramente emocionada s até ao mais fundo ein qualquer porta de Efraim, no decorrer da vossa
do coração e, sobretudo, pràticamente conquista� vida atarefada ou apaixonada, dolente ou distraída,
das por aquele espectáculo? - olhai e vede se há uma dor igual ,àquela dor,

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• m •· l11 Jesus, se já não há quem zombe,
a
om o brado de «Filho de 1 1 v l I » ! Vinham bei�
J rl"'lhe o manto, tocar�lhe a orl 1 I I' m a de franja n�o 11 H'lll o esquecimento? A compaixão é
violácea , que dele é parte ritual . · 1 1 1 1 1 i t s prostra� rara l generosidade efectiva ainda o é muito
vam�se, esperando o milagre ou 1 J 1 l vra de mnls. E quando se diz que não há zombaria, só
esperança. • 1 nsa na pessoa, à qual o próprio Jesus atribui
m ·nos valor que à sua obra e ao nosso bem.
Agora, afastam�se, ou zombam, < rn

expresso naquele salmo quase inteiram n t Quantas zombarias respeitantes à doutrina,


tico onde se encontra como que narrada a 1 às práticas, ao pessoal, às exigências, às pro�
ridicularizam�no em cantiga s, às porta , messas, aos factos e aos pensamentos, às institui�
reando drogas inebriantes : «Eu sou o alv ções e aos seres a que o nome e o trabalho de
seus sarcasmos; os que estão sentados à porta [a� Jesu � crucificado se associam! Também continua
Iam contra mim e os que bebem licores fortes com� a haver quem faça troça e abane a cabeça; conti�
põem canções contra mim». (Salmo LXVIII, 1 2� 1 3 ) . nuam os apreciadores de vinho - vinho da ciên�
«Ó vós todos que passais no caminho, olhai e cia adulterada ou da paixão libertina - a compor
,vede se há dor igual à minha dor!» (Lament. I , 1 2 ) . canções satíricas.
A Páscoa humana prossegue; arma�se acam�
pamento ou passeia�se, come�se, bebe�se, dan�
ó Mestre, não há, efectivamente, dor mais ça�se, arrastam�se preocupações, vive�se absor�
abandonada, como não a há nem mais completa vido em negócios, estabelecem�se ou quebram�se
nem mais crucificante. No universo como em Je� relações, ama�se, odeia�se, e Cristo está pendu�
rusalém, no decurso dos tempos como naquela rado do madeiro e a sua dor só obtem desdém
véspera de sabbat em que apressadamente se exe� e o seu apelo, a sua saudação só recebem vagos
cuta um condenado a quem se odeia, quantos serão sorrisos.
eles, os transeuntes enternecidos, as testemunhas Vós que passais, homens que encontrais Cristo
verdadeiramente emocionada s até ao mais fundo ein qualquer porta de Efraim, no decorrer da vossa
do coração e, sobretudo, pràticamente conquista� vida atarefada ou apaixonada, dolente ou distraída,
das por aquele espectáculo? - olhai e vede se há uma dor igual ,àquela dor,

1 66 1 67
igual . digo eu, e com mais c n quências para vós
.
próprios, mais digna de vos l p rtar pela com....
paixão, de vos fixar pelo amor , I vos guiar pelas
obras.
Se assim não é, e se o transeunt· • t redio deve
reconhecer e confessar, embora lnv l u n t riamente, Capítulo VII
o carácter sobre....humano do q u q u l mostra, o
alcance do acontecim nto, aH su n ·it 1 O s, os
OS SEUS
seus efeitos em toda vi ln p 1 1' 1 1 l ln c.l. toda
L

a vida tempor 1. u , nt d t nh s ntre.­


gue, unido àqueles de que vamos agor a ocupar ....
.... nos, juxta crucem, apoiado à cruz , exposto
ao
c: VIAM-SE, DE PP., JUNTO A CR.UZ
orvalho purificante e inebriante que das sagradas
d J sus, ua Mãe, e a irmã de sua Mãe, Maria
feridas escorre.
Cle o[a s M ria Madal na» (João, XIX, 25 ) . Mais
,

afastado, st v , ont mpl ndo, um outro grupo


a migo, e havia outras mulheres, «daquelas que o
.
tmham seguido desde a Galileia e que o serviam»
(Mat., XXVII, 55 ) .
Também lá estava João, o primeiro dos nossos
narradores. Não se nomeia a si próprio, mas a
doce - glória que lhe está reservada obrigá....lo....á a
· sair da sombra. É ele quem vai beneficiar do tes ....
tamento de Jesus e recolher sua Mãe.
Mas onde estão os Doze?
Que vê J esus, quando o seu olhar se abaixa.
passando dos horizontes às pessoas, quando pro....

1 69
igual . digo eu, e com mais c n quências para vós
.
próprios, mais digna de vos l p rtar pela com....
paixão, de vos fixar pelo amor , I vos guiar pelas
obras.
Se assim não é, e se o transeunt· • t redio deve
reconhecer e confessar, embora lnv l u n t riamente, Capítulo VII
o carácter sobre....humano do q u q u l mostra, o
alcance do acontecim nto, aH su n ·it 1 O s, os
OS SEUS
seus efeitos em toda vi ln p 1 1' 1 1 l ln c.l. toda
L

a vida tempor 1. u , nt d t nh s ntre.­


gue, unido àqueles de que vamos agor a ocupar ....
.... nos, juxta crucem, apoiado à cruz , exposto
ao
c: VIAM-SE, DE PP., JUNTO A CR.UZ
orvalho purificante e inebriante que das sagradas
d J sus, ua Mãe, e a irmã de sua Mãe, Maria
feridas escorre.
Cle o[a s M ria Madal na» (João, XIX, 25 ) . Mais
,

afastado, st v , ont mpl ndo, um outro grupo


a migo, e havia outras mulheres, «daquelas que o
.
tmham seguido desde a Galileia e que o serviam»
(Mat., XXVII, 55 ) .
Também lá estava João, o primeiro dos nossos
narradores. Não se nomeia a si próprio, mas a
doce - glória que lhe está reservada obrigá....lo....á a
· sair da sombra. É ele quem vai beneficiar do tes ....
tamento de Jesus e recolher sua Mãe.
Mas onde estão os Doze?
Que vê J esus, quando o seu olhar se abaixa.
passando dos horizontes às pessoas, quando pro....

1 69
cura aqueles que até ao fim p rmaneceram junto
.
11 livre em tod as direcções e só
dele, nas suas tribulações (Lu · . , XXII, 28 ) ? mortal. Teri m ofrido represálias
- Vê mulheres e aquel I ), póstolos com 1 1 1 t ntativa de defesa, t r�lhes�iam batido
que o seu temperamento es to t • I • · lterrorizad os? Ou, m is simplesmente, te�
Os outros estão longe. Uma trad l<; 1 1 11 1 llto a si próprios que n� há nada a fazer e
se encontram escondidos no va l h •dron. nas J l l vale mais recorrer ao s lv ge quem pude
..
r?
grutas abertas nos grandes túm u l , m é mais
.
N o se sabe, mas a sua hesitação é tão breve
provável que se t nh m d h:l i i 1 1 1: t cidade quanto a sua decisão é unânime : fogem. A calma
alta e se o u l t m m u d 1 1 1 ' J' 1 11t
• • r ndo, de Jesus e a sua bondade servir�lhes�ão como sufi�
cheio de t rror d trlst z o qu estã para vir.
,
ciente' autorização para o fazer.
Para eles, o seu Mestre já está morto; o reino No entanto, . com quanta melancolia ele dis�
está sem rei, a escola está sem doutor, a família sera, na véspera à noite : «Eis que chega a hora,
está sem pai. «Eu ferirei o pastor, escreverão eles e ela já chegou, em que sereis espalhados, cada
próprios, citando o profeta, e as ovelhas serão dis� um para seu lado, e em que me deixareis só».
persas». (Mat., XXVI, 3 1 ) . (João, XVII, 32 ) .
No Horto, dormiam; quando o bando infame Acrescentara, como que para lhes fornecer
chega e deita a mão a Jesus, um deles tem um belo uma desculpa : «Eu nunca estou só, eu tenho
rasgo: puxa pela espada e corta uma orelha. Mas comigo o Pai». e, levando até ao último limite
não vão mais longe . . . Jesus torna�lhes as cousas a sua subtil compaixão, concluía : «Eu digo� vos
tão fáceis! Repele a violência e, sem dúvida, nada estas coisas a fim de que tenhais a paz em
quer utilizar das fidelidades. Diz aos esbirros : «Se mim . . . » J esus cabe, inteiro, nestas palavras, mas
é a mim que buscais, deixai ir esses» , querendo não deveriam elas aparecer, ao amor, como inci�
assim, diz São João, realizar, mesmo no temporal. tamento a maior gratidão?
o que, há um momento, dissera a seu Pai: «Eu Ah! Pedro, o «Rochedo», Simão, o «Zelote»,
não perdi nenhum daqueles que me confiaste». André, o «Esforçado», Judas ou Tadeu, o «Enér�
(João, XVIII, 9 ) . gico», Tiago, o «irmão» de Jesus, e tu, Mateus,
Os discípulos têm, pois, todas as autorizações; beneficiário do «dom de Deus», onde estais?

1 70 171
cura aqueles que até ao fim p rmaneceram junto
.
11 livre em tod as direcções e só
dele, nas suas tribulações (Lu · . , XXII, 28 ) ? mortal. Teri m ofrido represálias
- Vê mulheres e aquel I ), póstolos com 1 1 1 t ntativa de defesa, t r�lhes�iam batido
que o seu temperamento es to t • I • · lterrorizad os? Ou, m is simplesmente, te�
Os outros estão longe. Uma trad l<; 1 1 11 1 llto a si próprios que n� há nada a fazer e
se encontram escondidos no va l h •dron. nas J l l vale mais recorrer ao s lv ge quem pude
..
r?
grutas abertas nos grandes túm u l , m é mais
.
N o se sabe, mas a sua hesitação é tão breve
provável que se t nh m d h:l i i 1 1 1: t cidade quanto a sua decisão é unânime : fogem. A calma
alta e se o u l t m m u d 1 1 1 ' J' 1 11t
• • r ndo, de Jesus e a sua bondade servir�lhes�ão como sufi�
cheio de t rror d trlst z o qu estã para vir.
,
ciente' autorização para o fazer.
Para eles, o seu Mestre já está morto; o reino No entanto, . com quanta melancolia ele dis�
está sem rei, a escola está sem doutor, a família sera, na véspera à noite : «Eis que chega a hora,
está sem pai. «Eu ferirei o pastor, escreverão eles e ela já chegou, em que sereis espalhados, cada
próprios, citando o profeta, e as ovelhas serão dis� um para seu lado, e em que me deixareis só».
persas». (Mat., XXVI, 3 1 ) . (João, XVII, 32 ) .
No Horto, dormiam; quando o bando infame Acrescentara, como que para lhes fornecer
chega e deita a mão a Jesus, um deles tem um belo uma desculpa : «Eu nunca estou só, eu tenho
rasgo: puxa pela espada e corta uma orelha. Mas comigo o Pai». e, levando até ao último limite
não vão mais longe . . . Jesus torna�lhes as cousas a sua subtil compaixão, concluía : «Eu digo� vos
tão fáceis! Repele a violência e, sem dúvida, nada estas coisas a fim de que tenhais a paz em
quer utilizar das fidelidades. Diz aos esbirros : «Se mim . . . » J esus cabe, inteiro, nestas palavras, mas
é a mim que buscais, deixai ir esses» , querendo não deveriam elas aparecer, ao amor, como inci�
assim, diz São João, realizar, mesmo no temporal. tamento a maior gratidão?
o que, há um momento, dissera a seu Pai: «Eu Ah! Pedro, o «Rochedo», Simão, o «Zelote»,
não perdi nenhum daqueles que me confiaste». André, o «Esforçado», Judas ou Tadeu, o «Enér�
(João, XVIII, 9 ) . gico», Tiago, o «irmão» de Jesus, e tu, Mateus,
Os discípulos têm, pois, todas as autorizações; beneficiário do «dom de Deus», onde estais?

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Como testemunhareis sobr sta morte, ó teste­ Nos nossos climas, a vida d u m m
tre com
munhas, e, sem corár, vos dJr is destinados às o seus discípulos é muito menos intl m
u a do
glórias do Túmulo? Sereis v homens das res­ lar; no Oriente, pelo contrário, é m 1 J.
VJve se

como vivem os alpinistas na montanha,


..

surreições, não do sacrifício? m os


membros de uma expedição ao poJo ou
uma ..
vana no deserto. Todos comem juntos, no
cam p ,
Os discípulos não s n li. Dois numa barca ou à beira de uma nascente;
dor me�s
deles, Pedro e. em dúvida, J m l r ' o. narra- ao alcance. do hálito alheio, ao abrigo
.
de uma
tiva não o de ign . r nsld .rn 1m p fuga rocha ou sob a ·bênção do céu; formam-se
grupos
em comum: seguiram, a dist nci , o bando que em volta do lume e conversa-se familiarmen
te, sem
subia para Sião e introduziram-se em casa de constra ngimento, partindo tão tranquilame
nte o
Caifás. Pouco arriscavam, porque o discípulo não pão do espírito como o outro pão.
·

designado conhecia o pontífice e , podia, portanto, Jesu s, rabi como todos os rabis e mais humilde
justificar a sua presença (João, XVIII, 1 5 ) . Quanto de coração que qualquer outro em Israel, cond
es­
a Pedro, tendo entrado a coberto do seu compa­ cendentemente $e abandonava a esta vida. Esp
iri­
nheiro, sab�-s e o que fez; uma sombra de perigo tualmente, abria o seu coração tanto quanto o·
per­
e umas palavras de criados perturbam-no e re­ mitia a capacidade daqueles seres humanos. «A
vós,
nega três vezes Aquele que há pouco defendia dizia ele, é concedido conh ecer os mistérios do
reino
num absurdo ímpeto, e a quem tinha dito: «Eu dos céus, que aos outros anuncio por parábola
s».'
darei a minha vida por ti» (João, XIII, 3 7 ) . (Luc., VIII, I O ) . «]á não vos chamarei servos, por­
Por todos Jesus distribuira motivos de dedi,. que o servo não sabe o que o seu senhor faz;
mas
.cação menos intermitentes e menos repletos de chamei-vos amigos, porque tudo o que ouvi
· de
reservas. Em que intimidade os admitia! Quer meu Pai eu vo..lo disse». (João, xv, 1 5 ) .
quanto ao género de vida, quer quanto aos senti,. Efectivamente chamava-lhes seus amigos, seus
mentos e aos pensamentos, a sua união era tão filhos, seus filhinhos, seu pequeno rebanho, e tinha
estreita quanto espantosa, tendo em vista a dis,. para eles indu lgências de mãe, paciência, aspira­
tância deles a Ele. ções de afectuoso educador. Eles, que tudo tinham

1 72 1 73
Como testemunhareis sobr sta morte, ó teste­ Nos nossos climas, a vida d u m m
tre com
munhas, e, sem corár, vos dJr is destinados às o seus discípulos é muito menos intl m
u a do
glórias do Túmulo? Sereis v homens das res­ lar; no Oriente, pelo contrário, é m 1 J.
VJve se

como vivem os alpinistas na montanha,


..

surreições, não do sacrifício? m os


membros de uma expedição ao poJo ou
uma ..
vana no deserto. Todos comem juntos, no
cam p ,
Os discípulos não s n li. Dois numa barca ou à beira de uma nascente;
dor me�s
deles, Pedro e. em dúvida, J m l r ' o. narra- ao alcance. do hálito alheio, ao abrigo
.
de uma
tiva não o de ign . r nsld .rn 1m p fuga rocha ou sob a ·bênção do céu; formam-se
grupos
em comum: seguiram, a dist nci , o bando que em volta do lume e conversa-se familiarmen
te, sem
subia para Sião e introduziram-se em casa de constra ngimento, partindo tão tranquilame
nte o
Caifás. Pouco arriscavam, porque o discípulo não pão do espírito como o outro pão.
·

designado conhecia o pontífice e , podia, portanto, Jesu s, rabi como todos os rabis e mais humilde
justificar a sua presença (João, XVIII, 1 5 ) . Quanto de coração que qualquer outro em Israel, cond
es­
a Pedro, tendo entrado a coberto do seu compa­ cendentemente $e abandonava a esta vida. Esp
iri­
nheiro, sab�-s e o que fez; uma sombra de perigo tualmente, abria o seu coração tanto quanto o·
per­
e umas palavras de criados perturbam-no e re­ mitia a capacidade daqueles seres humanos. «A
vós,
nega três vezes Aquele que há pouco defendia dizia ele, é concedido conh ecer os mistérios do
reino
num absurdo ímpeto, e a quem tinha dito: «Eu dos céus, que aos outros anuncio por parábola
s».'
darei a minha vida por ti» (João, XIII, 3 7 ) . (Luc., VIII, I O ) . «]á não vos chamarei servos, por­
Por todos Jesus distribuira motivos de dedi,. que o servo não sabe o que o seu senhor faz;
mas
.cação menos intermitentes e menos repletos de chamei-vos amigos, porque tudo o que ouvi
· de
reservas. Em que intimidade os admitia! Quer meu Pai eu vo..lo disse». (João, xv, 1 5 ) .
quanto ao género de vida, quer quanto aos senti,. Efectivamente chamava-lhes seus amigos, seus
mentos e aos pensamentos, a sua união era tão filhos, seus filhinhos, seu pequeno rebanho, e tinha
estreita quanto espantosa, tendo em vista a dis,. para eles indu lgências de mãe, paciência, aspira­
tância deles a Ele. ções de afectuoso educador. Eles, que tudo tinham

1 72 1 73
dizer : «Não fos� u menos,
recebido e a quem era obrig nd m a sua
I tes vós que me escolhestes; 11 : que vos escolhi» 1 , I JII , I r carre�
(João, xv, 1 6 ) , não deixavam d disputar o pri� l ll l l' l u 1 v 1 m a
meiro papel junto dele, e, em v •z l lhes ralhar, V I •O. J •. tts a
sentava uma criancinha nos j 1 1 . , beijava�a e todos, com · ·
·p . n u 11 n tlm
dizia : «Aquele que se fizer p (/11 '11 > omo este do seu coração.
menino, esse é que será o mlli r 11 R ino dos A_ �oa vontade dos discípulos sempre bastou
céus». (Mat ., xvm. 4; Ma · . , r x , ).
R con�
ao Dtvmo Mestre; amanhã, essa boa vontade será
Ia ao n ontr d� s suo. f 1 l t 1 11 o ponto de apoio do seu Espírito para uma trans�
solava ant ipad am n t , a fim d mortecer a
formação radical. Olha�os pensando no Cenáculo;
mo
queda do remorso sobre o coração·; e o mes olha�os pensando na ainda recente hora da sua
: rea�
também fez a respeito do seu abandono vocação. Ao seu primeiro apelo, aqueles homens
não
bilitou-os antecipadamente. Ma s, repetimos, tudo deixaram, e. mais tarde, um após outro,
E, no
seria isso mais uma razão para fidelidade? arrostaram com a morte. Não vai agora notar a
entanto, é apresentado como desq.tlpa ! sua ausência! Considera-os como presentes num
deles; juntamente com João, entre todos singular,
indi� e connosco, confia-los-á a sua Mãe, e ele próprio,
Ma s que se tranquilizem. Apesar da sua mais maternal do que todas as mães, até mesmo
da cruz ,
gnid ade , que não se sintam, no tribunal do que a sua, uni�Ios-á no seu amor e com eles
s como
afastados como indiferentes ou condenado dará vida à sua Igreja.
hor do
traidores. O seu Mestre conhece-os mel Ei-los a desfilarem sob o seu olhar : André
ontra�lhes,
que eles o conheceram ; discerne e enc irmão de Simão Pedro, o homem a quem um patí�
ignoram.
no mais profundo da alma, o que eles .
bulo tgual ao do seu Mestre só arrancará este
ios de in�
São fracos, inconsta ntes , egoistas, che grito: «Ó bondosa cruz! . . . » ; - Tiago, filho de
acredi�
compreensão, agora até são cobard es, mas Zebedeu, que declarou poder beber o cálice e,
ata .
taram e ofereceram�se, o que tudo resg efectivamente, o beberá; - Tomé, o incrédulo, 0
ram an�
Aqueles ami gos que tan to o atormenta
1 75
1 74
dizer : «Não fos� u menos,
recebido e a quem era obrig nd m a sua
I tes vós que me escolhestes; 11 : que vos escolhi» 1 , I JII , I r carre�
(João, xv, 1 6 ) , não deixavam d disputar o pri� l ll l l' l u 1 v 1 m a
meiro papel junto dele, e, em v •z l lhes ralhar, V I •O. J •. tts a
sentava uma criancinha nos j 1 1 . , beijava�a e todos, com · ·
·p . n u 11 n tlm
dizia : «Aquele que se fizer p (/11 '11 > omo este do seu coração.
menino, esse é que será o mlli r 11 R ino dos A_ �oa vontade dos discípulos sempre bastou
céus». (Mat ., xvm. 4; Ma · . , r x , ).
R con�
ao Dtvmo Mestre; amanhã, essa boa vontade será
Ia ao n ontr d� s suo. f 1 l t 1 11 o ponto de apoio do seu Espírito para uma trans�
solava ant ipad am n t , a fim d mortecer a
formação radical. Olha�os pensando no Cenáculo;
mo
queda do remorso sobre o coração·; e o mes olha�os pensando na ainda recente hora da sua
: rea�
também fez a respeito do seu abandono vocação. Ao seu primeiro apelo, aqueles homens
não
bilitou-os antecipadamente. Ma s, repetimos, tudo deixaram, e. mais tarde, um após outro,
E, no
seria isso mais uma razão para fidelidade? arrostaram com a morte. Não vai agora notar a
entanto, é apresentado como desq.tlpa ! sua ausência! Considera-os como presentes num
deles; juntamente com João, entre todos singular,
indi� e connosco, confia-los-á a sua Mãe, e ele próprio,
Ma s que se tranquilizem. Apesar da sua mais maternal do que todas as mães, até mesmo
da cruz ,
gnid ade , que não se sintam, no tribunal do que a sua, uni�Ios-á no seu amor e com eles
s como
afastados como indiferentes ou condenado dará vida à sua Igreja.
hor do
traidores. O seu Mestre conhece-os mel Ei-los a desfilarem sob o seu olhar : André
ontra�lhes,
que eles o conheceram ; discerne e enc irmão de Simão Pedro, o homem a quem um patí�
ignoram.
no mais profundo da alma, o que eles .
bulo tgual ao do seu Mestre só arrancará este
ios de in�
São fracos, inconsta ntes , egoistas, che grito: «Ó bondosa cruz! . . . » ; - Tiago, filho de
acredi�
compreensão, agora até são cobard es, mas Zebedeu, que declarou poder beber o cálice e,
ata .
taram e ofereceram�se, o que tudo resg efectivamente, o beberá; - Tomé, o incrédulo, 0
ram an�
Aqueles ami gos que tan to o atormenta
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homem que quer tocar nas Js s, que só crê nas com olhos febris um du lo u i ( ui
' dia aberto;
provas sólida s, mas que f primeiro a dizer , Pedro, cujo nom
subin do para a cidad e cruen tn : « Vamos e morra� natureza pai s t l u
em Jerusal m , < 1 1 1 1 c
mos com ele»; - Bartolom u ou Nataniel, «em

desse coro<; o 1 1 t l h ·
quem não há sombra de impos fttl'll . ue reconhe�
olhar � J J ' 1 1 lo. I. J u . 1 f u gn n . n It lo
ceu como rei de Israel o podero ( • · nhecido; -
desgraç do amigo que os remorsos persegu m.
Filipe . a quem foi dito : «Filip •, tfll •m m vê, vê
Na Paixão segundo São Mateus de João Se�
meu Pai», e qu , eh l d f , 111 l'H t d h IV I u olhos

M 1 t u. , bastião Bach, as lágrimas de Pedro são sublimes,


no abismo d olh H l l vl t t ), :
·
porta�
mas vemo� las correr com mais mistério quando, ao
geiro , h m .. d po u m sin I 1 u r
·
u t o r g a de
romper da alvorada, a partir das três horas, os
Cafarnaüm e que imediatamente, deixando tudo,
galos de Siloé e do monte das Oliveiras lançam
celebrou com um festim a alegria do seu apelo ;
seu apelo à luz, simbolizando o apelo divino para
-Tadeu ou Juda s, «não o Iscariotel» , diz, nomean�
o arrependimento e para a luz de vida.
do�o e como que aterrado, o seu condiscípulo João,
Se Pedro ali estivesse, tornaria a encontrar,
e Simão, o Cananeu, por alcun ha o Zelote : dois
certamente, no primeiro olhar de Jesus, a ex�
homens que, em quase tudo, estarão para nós na
pressão triste e suave que o despertou do seu
sombra, mas brilharão pelo martírio; - o outro
pecado na casa de Caifás, mas também aí saberia
Tiag o, o «irmão» do Senhor, que será o venerável
ler perdão. A sua queda conquistou�lhe a humil.­
apoio da muito juvenil Igrej a, o guardião da sua
dade, essa primeira força da alma; o martírio,
piedade e o exemplo do seu zelo, até que seja pre�
após uma grande vida, provará a sua generosi.­
cipitado do alto do Templo e morra, dizendo como
dade. Também ele será crucificado, mas não que.­
o seu divino Irmão : «Senhor, perdoai�lhes, porque
rerá desenhar no céu a mesma figura que seu
não sabem o que fazem».
Mestre; pedirá para ser crucificado de cabeça para
Finalmente, Pedro, Pedro, o pobre reneg ado,
baixo, provando assim, num mesmo acto, a cons�
cuja ausência é talvez mais yergonha e vontade
ciência da sua humana abjecção e o entusiasmo
de expiação do que nova falta; Pedr o, que recebe
com que se sacrifica.
cá na terra o seu baptismo de lágri mas; Pedr o,
12
1 77
1 76
homem que quer tocar nas Js s, que só crê nas com olhos febris um du lo u i ( ui
' dia aberto;
provas sólida s, mas que f primeiro a dizer , Pedro, cujo nom
subin do para a cidad e cruen tn : « Vamos e morra� natureza pai s t l u
em Jerusal m , < 1 1 1 1 c
mos com ele»; - Bartolom u ou Nataniel, «em

desse coro<; o 1 1 t l h ·
quem não há sombra de impos fttl'll . ue reconhe�
olhar � J J ' 1 1 lo. I. J u . 1 f u gn n . n It lo
ceu como rei de Israel o podero ( • · nhecido; -
desgraç do amigo que os remorsos persegu m.
Filipe . a quem foi dito : «Filip •, tfll •m m vê, vê
Na Paixão segundo São Mateus de João Se�
meu Pai», e qu , eh l d f , 111 l'H t d h IV I u olhos

M 1 t u. , bastião Bach, as lágrimas de Pedro são sublimes,


no abismo d olh H l l vl t t ), :
·
porta�
mas vemo� las correr com mais mistério quando, ao
geiro , h m .. d po u m sin I 1 u r
·
u t o r g a de
romper da alvorada, a partir das três horas, os
Cafarnaüm e que imediatamente, deixando tudo,
galos de Siloé e do monte das Oliveiras lançam
celebrou com um festim a alegria do seu apelo ;
seu apelo à luz, simbolizando o apelo divino para
-Tadeu ou Juda s, «não o Iscariotel» , diz, nomean�
o arrependimento e para a luz de vida.
do�o e como que aterrado, o seu condiscípulo João,
Se Pedro ali estivesse, tornaria a encontrar,
e Simão, o Cananeu, por alcun ha o Zelote : dois
certamente, no primeiro olhar de Jesus, a ex�
homens que, em quase tudo, estarão para nós na
pressão triste e suave que o despertou do seu
sombra, mas brilharão pelo martírio; - o outro
pecado na casa de Caifás, mas também aí saberia
Tiag o, o «irmão» do Senhor, que será o venerável
ler perdão. A sua queda conquistou�lhe a humil.­
apoio da muito juvenil Igrej a, o guardião da sua
dade, essa primeira força da alma; o martírio,
piedade e o exemplo do seu zelo, até que seja pre�
após uma grande vida, provará a sua generosi.­
cipitado do alto do Templo e morra, dizendo como
dade. Também ele será crucificado, mas não que.­
o seu divino Irmão : «Senhor, perdoai�lhes, porque
rerá desenhar no céu a mesma figura que seu
não sabem o que fazem».
Mestre; pedirá para ser crucificado de cabeça para
Finalmente, Pedro, Pedro, o pobre reneg ado,
baixo, provando assim, num mesmo acto, a cons�
cuja ausência é talvez mais yergonha e vontade
ciência da sua humana abjecção e o entusiasmo
de expiação do que nova falta; Pedr o, que recebe
com que se sacrifica.
cá na terra o seu baptismo de lágri mas; Pedr o,
12
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1 76
Jesus olha�o e esse olhor ue dissolve a ma� . tábuas da sun I J ; n n l'l' ' I I I ln 1 d t• 0 1'
nizar a
lícia dos seres, esse olhar q u v t l procurar o amor sua salvação I · p 1n n f· 1 1'

1 1 1 1 1'1 1 ' I I I t dos os
no fundo dos corações débeis o. rgue dos seus pontos da ('(' 1'1' 1 : I'
(' t l t· lt•t
• lo 1 ·ou to 1li erces
desfalecimentos, deve ele sentJ .. I c I distância. Foi do seu d l f do od d , mru o p t'll 1 I " t'
t iA da
abalado, o Rochedo, mas sobr grand I I'V< 1'1•, r 1 1 1 l · l t hm, 1 1 1' 1 1 1 l l u m l 1 1 1\
do
sará a obra eterna. A força d (' t i, ·h gará onde mun do, n 1, 't!tH , p 1 ' l l f • · u n l tc;c d t m
un I ,
a carne provou a sua frn g l lJdn I < . S astros n bu!osas do céu cristão.
quejou, nem por iss r m · n . 1 I' 1 1 1 l n I s cren..­ Porque não há que negá�lo : o mundo foi
ilu�
tes . em J sus 1 ilh I • • u . , m J •, u 'rhlf pro..­ minado, fecundado, e é ainda hoje guiado
por
metido. s ta 'l llc n ç n l p .l 1v.c s , qu p ,:a nós estes homens. Uns barqueiros, um cobrador
de
mais não é que um só vocábulo - Jesus Cristo - impostos e um carpinteiro, uns inconsciente s,
uns
a ele a devemos. Foi o primeiro que chamou pelo homens trémulos que a graça eleva, uns ause
ntes
seu verdadeiro nome, o Salvador dos homens. que se tornarão para sempre presente s, - tais
são
os nossos antepassados. Este é o milagre da cruz
!
Ela engrandece tudo o que suporta e salva mesm
o
Ali estão todos, portanto, pelo espírito: ali aqueles que a abandonam. contanto que, no mais
estão presentes pela sua fé, pelo seu sempre de..­ fundo do seu coração, dela se sintam perto.
dicado coração, pela vocação não desprezada,
pela sua alma fiel; só ausentes por timidez. Jesus
abençoa�os e, derramando o seu sangue por eles, Estão ali, mas não estão todos, sem excepção.
paga o resgate de cada um. Chamar..-lhes..-á ama..­ Falta um.
nhã seus irmãos, pondo..-os, por assim dizer, em Naqu ela manhã, ao romper do dia, quando
pé de igualdade com ele, no momento em que a Jesus já estava definitivamente condenado e ia
obra comum lhes será visivelmente confiada e as ser levado a casa de Pilatos, um homem dirigia�se
nações entregues como herança espiritua l, e os para um lugar deserto. Parecia alucinado; sen..­
séculos garantidos à sua descendência. Eles darão tia�se numa solidão medonha. Olhou em volta e
testemunho dele; dos seus corações, ele fará as pareceu..-lhe que todas as cousas o repeliam; não

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Jesus olha�o e esse olhor ue dissolve a ma� . tábuas da sun I J ; n n l'l' ' I I I ln 1 d t• 0 1'
nizar a
lícia dos seres, esse olhar q u v t l procurar o amor sua salvação I · p 1n n f· 1 1'

1 1 1 1 1'1 1 ' I I I t dos os
no fundo dos corações débeis o. rgue dos seus pontos da ('(' 1'1' 1 : I'
(' t l t· lt•t
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desfalecimentos, deve ele sentJ .. I c I distância. Foi do seu d l f do od d , mru o p t'll 1 I " t'
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abalado, o Rochedo, mas sobr grand I I'V< 1'1•, r 1 1 1 l · l t hm, 1 1 1' 1 1 1 l l u m l 1 1 1\
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sará a obra eterna. A força d (' t i, ·h gará onde mun do, n 1, 't!tH , p 1 ' l l f • · u n l tc;c d t m
un I ,
a carne provou a sua frn g l lJdn I < . S astros n bu!osas do céu cristão.
quejou, nem por iss r m · n . 1 I' 1 1 1 l n I s cren..­ Porque não há que negá�lo : o mundo foi
ilu�
tes . em J sus 1 ilh I • • u . , m J •, u 'rhlf pro..­ minado, fecundado, e é ainda hoje guiado
por
metido. s ta 'l llc n ç n l p .l 1v.c s , qu p ,:a nós estes homens. Uns barqueiros, um cobrador
de
mais não é que um só vocábulo - Jesus Cristo - impostos e um carpinteiro, uns inconsciente s,
uns
a ele a devemos. Foi o primeiro que chamou pelo homens trémulos que a graça eleva, uns ause
ntes
seu verdadeiro nome, o Salvador dos homens. que se tornarão para sempre presente s, - tais
são
os nossos antepassados. Este é o milagre da cruz
!
Ela engrandece tudo o que suporta e salva mesm
o
Ali estão todos, portanto, pelo espírito: ali aqueles que a abandonam. contanto que, no mais
estão presentes pela sua fé, pelo seu sempre de..­ fundo do seu coração, dela se sintam perto.
dicado coração, pela vocação não desprezada,
pela sua alma fiel; só ausentes por timidez. Jesus
abençoa�os e, derramando o seu sangue por eles, Estão ali, mas não estão todos, sem excepção.
paga o resgate de cada um. Chamar..-lhes..-á ama..­ Falta um.
nhã seus irmãos, pondo..-os, por assim dizer, em Naqu ela manhã, ao romper do dia, quando
pé de igualdade com ele, no momento em que a Jesus já estava definitivamente condenado e ia
obra comum lhes será visivelmente confiada e as ser levado a casa de Pilatos, um homem dirigia�se
nações entregues como herança espiritua l, e os para um lugar deserto. Parecia alucinado; sen..­
séculos garantidos à sua descendência. Eles darão tia�se numa solidão medonha. Olhou em volta e
testemunho dele; dos seus corações, ele fará as pareceu..-lhe que todas as cousas o repeliam; não

1 78 1 79
presagia�nos o futuro e · f· , t· , nn vida do
distinguiu o olhar que por t· l a parte espera cristianismo como na vi d 1 I · I papel da
o nosso e os invisíveis braç mpre para nós
mulher.
estendidos. A mulher t m 1 1 1 1 1 w t n d t l t t1JII t' 1 1 1 �·o1 1 tltuição
Era Sexta�Feira Santa e da Igreja i n i pi · n l' . Lo11n 1 1 l l n · I ) d , J r't' ção
a indulgência; para os seus ol ho. , o s ngue que galileana , fi Lu ns nos m .!itL' g .w p J' · u nido
ia ser derramado devido à sua mnl l 1 I , não foi a em volta do seu hefe : Pedro na primeira fHn,
fonte de vida que só qu r rln J t t t• l f l · t•l , a ele outros onze apóstolos ajudando também Jesus, no
primeiro que a n i n u ·m. Ln n<,;Oll 1 1 1 1 1 r, que o seu ministério, e, para além deles, mulheres, algu�
l
tinha a col h i d , o S I I J I' • m of · n . 1 . i\ v !. t· u uma mas das quais curadas de doenças ou libertadas de
árvore no mp , n 1 1 n l u r u s u i n to, afive� espíritos ma:Iígnos, assistindo o grupo apostólico
lou�o solidamente e, enfiando a cabeça no laço, com o seu esforço e os seus bens. (Luc., vm, I �3 )
precipitou�se numa dupla morte. Isto nada tinha de insólito; os fariseus, devido
* à fama da sua piedade, viam assim dirigir�se para
* * eles a alma religiosa das mulheres; delas recebiam
bons serviços e a ninguém o facto escandalizava.
Que seguissem agora Jesus nas suas viagens, tal�
Deixemos tão penosa lembrança. Espectáculos
vez fosse uma novidade, mas novidade que elas
mais consoladores nos prendem. Fazemos justiça
tornavam bem simples por irem junto de sua Mãe.
aos Doze, mesmo quanto à sua ausência. Recusá�
Essas mulheres, dedicadas desde a primeira
�la�emos às corajosas presenças, aos ternos solu�
hora, até ao fim mantêm a mesma dedicação;
ços, vizinhos da cruz?
virão perfumar o sepulcro; serão testemunho da
As Santas Mulheres estão ali, atiradas para
ressurreição, . participarão da efusão do Espírito,
mais longe ou para mais perto, sem dúvida con�
quando do Pentecostes; consagrar�se�ão à obra
forme as horas. Seguiram Jesus nos seus cami�
do divino Amigo, depois de terem amado e ad�
nhos : quando se trata de cumprir j unto dele os
r ado a sua pessoa. No Calvário, recebem uma
últimos deveres . não o abandonam. A sua pre�
investidura; o que irmãs suas serão na historia
sença é, por outro lado, um símbolo providencial;

181
1 80
presagia�nos o futuro e · f· , t· , nn vida do
distinguiu o olhar que por t· l a parte espera cristianismo como na vi d 1 I · I papel da
o nosso e os invisíveis braç mpre para nós
mulher.
estendidos. A mulher t m 1 1 1 1 1 w t n d t l t t1JII t' 1 1 1 �·o1 1 tltuição
Era Sexta�Feira Santa e da Igreja i n i pi · n l' . Lo11n 1 1 l l n · I ) d , J r't' ção
a indulgência; para os seus ol ho. , o s ngue que galileana , fi Lu ns nos m .!itL' g .w p J' · u nido
ia ser derramado devido à sua mnl l 1 I , não foi a em volta do seu hefe : Pedro na primeira fHn,
fonte de vida que só qu r rln J t t t• l f l · t•l , a ele outros onze apóstolos ajudando também Jesus, no
primeiro que a n i n u ·m. Ln n<,;Oll 1 1 1 1 1 r, que o seu ministério, e, para além deles, mulheres, algu�
l
tinha a col h i d , o S I I J I' • m of · n . 1 . i\ v !. t· u uma mas das quais curadas de doenças ou libertadas de
árvore no mp , n 1 1 n l u r u s u i n to, afive� espíritos ma:Iígnos, assistindo o grupo apostólico
lou�o solidamente e, enfiando a cabeça no laço, com o seu esforço e os seus bens. (Luc., vm, I �3 )
precipitou�se numa dupla morte. Isto nada tinha de insólito; os fariseus, devido
* à fama da sua piedade, viam assim dirigir�se para
* * eles a alma religiosa das mulheres; delas recebiam
bons serviços e a ninguém o facto escandalizava.
Que seguissem agora Jesus nas suas viagens, tal�
Deixemos tão penosa lembrança. Espectáculos
vez fosse uma novidade, mas novidade que elas
mais consoladores nos prendem. Fazemos justiça
tornavam bem simples por irem junto de sua Mãe.
aos Doze, mesmo quanto à sua ausência. Recusá�
Essas mulheres, dedicadas desde a primeira
�la�emos às corajosas presenças, aos ternos solu�
hora, até ao fim mantêm a mesma dedicação;
ços, vizinhos da cruz?
virão perfumar o sepulcro; serão testemunho da
As Santas Mulheres estão ali, atiradas para
ressurreição, . participarão da efusão do Espírito,
mais longe ou para mais perto, sem dúvida con�
quando do Pentecostes; consagrar�se�ão à obra
forme as horas. Seguiram Jesus nos seus cami�
do divino Amigo, depois de terem amado e ad�
nhos : quando se trata de cumprir j unto dele os
r ado a sua pessoa. No Calvário, recebem uma
últimos deveres . não o abandonam. A sua pre�
investidura; o que irmãs suas serão na historia
sença é, por outro lado, um símbolo providencial;

181
1 80
cristã, elas são�no ao pé da ruz, a fim de que o Aquelas almas comp sJv 1 , ao mesmo tempo
eterno feminino santificado ali • n ontre sua repre� filhas, amigas e um pou 'O m , estão, pois, ali,
sentação autêntica. cheias de lágrimas . En ·o r· 1 J 1 1 11 m o olhar; con�
'

E como os Doze respeitam u m 1 hi rarquia, em vidam à partilha dtts f r· 1 1 1 1 1 hurnonas; ao mesmo


que Pedro, Tiago e João formam 1 1 1 1 1 J rimeiro de� tempo, conf ssu 1 1 lo o I 1 1 1 r• • d ntor, chamam
grau, em que Pedro está à fr n t d t dos, assim sobre si pr )J l'lo. u m 1 H" 1\ r ; 1 1 1 1 ' I II-'. aos senti�
as santas mulheres têm sua ' p i' ,,. 1 \ f lr i tas em mentos do · �u sa 1·ud f 1' • p t· r • t ' • b m o seu
Maria Madalena , -m Mttrt 1 , un l r·ut
• m Maria mandato a respeito do túmulo . A u 1 orpo já
Cleofas, mã d T ! O H O , J •, m
.
lhes pertence, uma delas perfumou�o antecipada�
Salom , m� d 1. r d Z be� mente e todas vão precipitar�se, dentro em pouco,
deu, em Joana, mulher de C husa, intendente de antes do sabbat, para comprar substâncias aromá�
Herodes, e em Susana. Na primeira fila de todas ticas e envolver de eflúvios simbólicos o pedre�
estas, vemos Maria Madalena, e, acima de todas goso leito de Jesus.
e sem igual, dominando o grupo, Maria, Mãe de
*
Jesus.
* *
Todos estes tão sensíveis corações-por agora,
pomos de parte o coração único da Virgem-com�
preenderam melhor que os homens o que havia de Onde está ela, a que perfumou o seu Senhor
sublime doçura e de afectuoso poder em Jesus pro� antecipadamente, a previdente amorosa, que, pre�
feta, Messias e mártir. A sua grandeza subju� cedendo suas irmãs, derramou o primeiro aroma
gou�as; a sua bondade conquistou�as ; o seu sofri� de " nardo, forneceu o primeiro sudário, os seus
mento só pôde prendê�las mais e fascina�as. cabelos, para envolver os pés banhados · de óleo
A mulher é, por essência, uma consoladora; o seu odorífero e de lágrimas? Só a vemos sucumbida
sentimento em relação ·à vida leva�a a socorrer, ao pé da cruz que cinge com os dois braços,
porque, predisposta para o dom dessà vida, ela fazendo com ela um só todo, recqlhendo o sangue
conhece�lhe, melhor que o homem, a fragilidade que dela escorre ou deixando�o cair sobre a sua
e as necessidades; defende . o que dá. cabeça. A arte futura nesta atitude a represen�

1 82 1 83
cristã, elas são�no ao pé da ruz, a fim de que o Aquelas almas comp sJv 1 , ao mesmo tempo
eterno feminino santificado ali • n ontre sua repre� filhas, amigas e um pou 'O m , estão, pois, ali,
sentação autêntica. cheias de lágrimas . En ·o r· 1 J 1 1 11 m o olhar; con�
'

E como os Doze respeitam u m 1 hi rarquia, em vidam à partilha dtts f r· 1 1 1 1 1 hurnonas; ao mesmo


que Pedro, Tiago e João formam 1 1 1 1 1 J rimeiro de� tempo, conf ssu 1 1 lo o I 1 1 1 r• • d ntor, chamam
grau, em que Pedro está à fr n t d t dos, assim sobre si pr )J l'lo. u m 1 H" 1\ r ; 1 1 1 1 ' I II-'. aos senti�
as santas mulheres têm sua ' p i' ,,. 1 \ f lr i tas em mentos do · �u sa 1·ud f 1' • p t· r • t ' • b m o seu
Maria Madalena , -m Mttrt 1 , un l r·ut
• m Maria mandato a respeito do túmulo . A u 1 orpo já
Cleofas, mã d T ! O H O , J •, m
.
lhes pertence, uma delas perfumou�o antecipada�
Salom , m� d 1. r d Z be� mente e todas vão precipitar�se, dentro em pouco,
deu, em Joana, mulher de C husa, intendente de antes do sabbat, para comprar substâncias aromá�
Herodes, e em Susana. Na primeira fila de todas ticas e envolver de eflúvios simbólicos o pedre�
estas, vemos Maria Madalena, e, acima de todas goso leito de Jesus.
e sem igual, dominando o grupo, Maria, Mãe de
*
Jesus.
* *
Todos estes tão sensíveis corações-por agora,
pomos de parte o coração único da Virgem-com�
preenderam melhor que os homens o que havia de Onde está ela, a que perfumou o seu Senhor
sublime doçura e de afectuoso poder em Jesus pro� antecipadamente, a previdente amorosa, que, pre�
feta, Messias e mártir. A sua grandeza subju� cedendo suas irmãs, derramou o primeiro aroma
gou�as; a sua bondade conquistou�as ; o seu sofri� de " nardo, forneceu o primeiro sudário, os seus
mento só pôde prendê�las mais e fascina�as. cabelos, para envolver os pés banhados · de óleo
A mulher é, por essência, uma consoladora; o seu odorífero e de lágrimas? Só a vemos sucumbida
sentimento em relação ·à vida leva�a a socorrer, ao pé da cruz que cinge com os dois braços,
porque, predisposta para o dom dessà vida, ela fazendo com ela um só todo, recqlhendo o sangue
conhece�lhe, melhor que o homem, a fragilidade que dela escorre ou deixando�o cair sobre a sua
e as necessidades; defende . o que dá. cabeça. A arte futura nesta atitude a represen�

1 82 1 83
tará, quando não a mostra 1 111 p Irando, nos mais 1
alca ce não era apreendido l I �m refeição,
no meio das falas do S n h OI' · lc
trágicos momentos, a exausto VIl· m. spedeiro,
Ela nada diz. Que pod riu primir quando autorizando�se , é verdnd ·, I 1 1 1 1 1 • ) , t· I Ili
- mas seria ac it p 1 1' 1 1 1 ·r u lc I' 1 I
os sentimentos atingem tal aculdnd 7 Nem mesmo en�
c
trou na sala com u m j l i'I'U 1 I' ·r . o I l l "'li por
pensa; nem mesnio sofre; Jesus é q 1 1 p nsa e sofre I • ·

detrás d J s u . I' d i n 1do d n tn l , " t mo


nela. Não se ousa falar do peso q u lh esmaga I I

se estiv ss s z l n hu n mu ndo com o seu amor,


o coração; talvez já o não si n t < 1 ; t 1 lv �z sinta
·
ignorando a multidão que a olha, começa a ba�
apenas , no peito, as grandes pa l p i 1<; que,
p lt do nhar de perfume a cabeleira do conviva, a ungir�
de tempos a tempos, convulsion m
�lhe os pés nus estendidos sobre o leito, e, sol�
Mártir. Ela já não tem sangue, visto que o de
tando seus cabelos, a enxugar, com eles, nos
Jesus se derrama; já não tem vontade, visto que
sagrados pés, o seu perfume e as suas lágrimas.
ele se abandona. Para ela também tudo está con�
sumado, e nunca mais poderá senão chorar, cho� J ulgamos compreender o que ela fez e o que
rar, chorar , mas chorar dizendo a si própria que a levou a tão audaciosa acção. Fora salva da
Ele a ama , e sofrer sem saber o que mais a em� sua indigna vida; os seus sete demónios tinham
polga, se a sua delícia lancinante se o seu delei� fugido, deixando�lhe uma alma de criança, apenas
tável tormento. mais ardente e penetrada de ilimitado reconheci�
Maria está de pé, junto da cruz; Madalena mente. Por Jesus, conhecera enfim a verdadeira
alegria; por ele aprendera a não mais profanar o
não tem essa obrigação; Mada l na não é a co�re�
amor, e o amor purificado ergue�se nela extraor�
dentara; mais não é que uma alma amorável e so�
fredora, a afundar�se na dor do seu Bem Amado, din}lriamente alto, porque deve resgatar loucos
entusiasmos.
tentando igualar a dor que ele sofre. A cena ocor�
rida em casa de Simão repete�se, mas desta vez Depois de culpas retumbantes, não deverá pa�
irradiando a sua significação, que a glória então tentear uma dor também retumbante? Aquela que
escondera. se defrontou, em tudo, com o mundo ofendido,
Lembrar�se�á o acto inaudito e o pasmo que também o defrontará pela humildade, grandeza
caus a, num momento em que o seu dilacerante de alma e de fé. E no mundo brilhará a ponto

1 84 1 85
tará, quando não a mostra 1 111 p Irando, nos mais 1
alca ce não era apreendido l I �m refeição,
no meio das falas do S n h OI' · lc
trágicos momentos, a exausto VIl· m. spedeiro,
Ela nada diz. Que pod riu primir quando autorizando�se , é verdnd ·, I 1 1 1 1 1 • ) , t· I Ili
- mas seria ac it p 1 1' 1 1 1 ·r u lc I' 1 I
os sentimentos atingem tal aculdnd 7 Nem mesmo en�
c
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pensa; nem mesnio sofre; Jesus é q 1 1 p nsa e sofre I • ·

detrás d J s u . I' d i n 1do d n tn l , " t mo


nela. Não se ousa falar do peso q u lh esmaga I I

se estiv ss s z l n hu n mu ndo com o seu amor,


o coração; talvez já o não si n t < 1 ; t 1 lv �z sinta
·
ignorando a multidão que a olha, começa a ba�
apenas , no peito, as grandes pa l p i 1<; que,
p lt do nhar de perfume a cabeleira do conviva, a ungir�
de tempos a tempos, convulsion m
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Mártir. Ela já não tem sangue, visto que o de
tando seus cabelos, a enxugar, com eles, nos
Jesus se derrama; já não tem vontade, visto que
sagrados pés, o seu perfume e as suas lágrimas.
ele se abandona. Para ela também tudo está con�
sumado, e nunca mais poderá senão chorar, cho� J ulgamos compreender o que ela fez e o que
rar, chorar , mas chorar dizendo a si própria que a levou a tão audaciosa acção. Fora salva da
Ele a ama , e sofrer sem saber o que mais a em� sua indigna vida; os seus sete demónios tinham
polga, se a sua delícia lancinante se o seu delei� fugido, deixando�lhe uma alma de criança, apenas
tável tormento. mais ardente e penetrada de ilimitado reconheci�
Maria está de pé, junto da cruz; Madalena mente. Por Jesus, conhecera enfim a verdadeira
alegria; por ele aprendera a não mais profanar o
não tem essa obrigação; Mada l na não é a co�re�
amor, e o amor purificado ergue�se nela extraor�
dentara; mais não é que uma alma amorável e so�
fredora, a afundar�se na dor do seu Bem Amado, din}lriamente alto, porque deve resgatar loucos
entusiasmos.
tentando igualar a dor que ele sofre. A cena ocor�
rida em casa de Simão repete�se, mas desta vez Depois de culpas retumbantes, não deverá pa�
irradiando a sua significação, que a glória então tentear uma dor também retumbante? Aquela que
escondera. se defrontou, em tudo, com o mundo ofendido,
Lembrar�se�á o acto inaudito e o pasmo que também o defrontará pela humildade, grandeza
caus a, num momento em que o seu dilacerante de alma e de fé. E no mundo brilhará a ponto

1 84 1 85
de ser um símbolo da ressu rr • lç"" o espiritual, uma \
para ela todo a sangrar , Jl < h I • I lt· 1 seu en,...
patrona dos arrependidos. contro?
Mas há ainda outra cous. q u move. Jesus Ei�la que entra n, I , 1 aos
vai morrer e ela sabe�o; a in t· u l · do amor re� acontecimentos; u n • • I'
1 I • 11 mpre
velou�lhe o que quase todos i H I IOI' 1 1n . Não lhe prevê; aceita o f u l t t t•o: 1 1 1 1 1 1 l l r • : ·hOI' 1 : l t yr ""
passou despercebida a atitud do. l u l us junto ças e, n l· r l l l l ho, , •. I dw l · • u m 1 •. J · · I · l
· ·-.

do túmulo de Lázaro, la qu ' I I I'


, n, l izia con� coniv"n h s · ·r to qu ' up na om uma p 1 vr·t
fiadamente : « nqrti ti o ssc.� c. t �t io. 111 •tt irmão para instrução do seu hospedeiro, Jesus desven....
não stario m rt � . l'n lv · z I L . • . . 1 \JOI' ' m de'"'
dará : «0 que ela podia fazer, fê� lo: ungiu o meu
corpo antecipadamente para a sepultura» . (Marc.,
s p r : «S u n9 t!v ss ·st't1 cl n ui, u , for'"'
xrv, 8 ) . E, por consequên cia, o perfume ali der...
çando a tua ternura, tu, Mestre adorado, tu é que
ramado vai aromatizar o mundo, tal como o corpo
talvez não fosses morto!»
evadido do sepulcro o vai encher. «Em verdade
Mas ela pensa, no entanto, que para aquela
vos digo, por toda a parte onde for pregado este
morte deve ter havido mais amplos motivos. Tal Evangelho, no mundo inteiro, falar....se....á também
morte proporciona a oportunidade, mas onde se en� do que ela fez, em lembrança dela». (lbid. 9 ) .
contra a causa? J esus é vítima não só dos Judeus A casa de Simão foi, nesse dia, como que a
e dos amigos cujas súplicas atendidas desenca.... primeira câmara do sepulcro novo, destinada às
dearam cóleras, mas de toda a alma humana. unções fúnebres, e o coração de Madalena foi,
De toda a alma? Sim, com a condição de se depois do da Virgem, o primeiro túmulo. Mada....
acrescentar que isto ignifica de cada uma, e de lena1 chora antecipadamente Jesus : chora�o como
cada uma na medida dos s us próprios desvarios. um recém.... nascido, segundo a palavra profética :
E, a partir dessa convicção, aos olhos de Mada .... é um recém�nascido para ela, que acaba de nas ...
lena, que tentava uma desculpa, tud9 se agrava! cer nele.
Ah! que terror, quando rememora os seus peca... E que faz ao jarro que trazia? Ao alabastro
dos! Que noção da sua eterna responsabilidade! delicado, de gargalo afilado e faces cintilantes?
E ela própria que Jesus resgata, e se o amor vem Quebra.... o, para que não sirva a mais ninguém;
de ser um símbolo da ressu rr • lç"" o espiritual, uma \
para ela todo a sangrar , Jl < h I • I lt· 1 seu en,...
patrona dos arrependidos. contro?
Mas há ainda outra cous. q u move. Jesus Ei�la que entra n, I , 1 aos
vai morrer e ela sabe�o; a in t· u l · do amor re� acontecimentos; u n • • I'
1 I • 11 mpre
velou�lhe o que quase todos i H I IOI' 1 1n . Não lhe prevê; aceita o f u l t t t•o: 1 1 1 1 1 1 l l r • : ·hOI' 1 : l t yr ""
passou despercebida a atitud do. l u l us junto ças e, n l· r l l l l ho, , •. I dw l · • u m 1 •. J · · I · l
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do túmulo de Lázaro, la qu ' I I I'


, n, l izia con� coniv"n h s · ·r to qu ' up na om uma p 1 vr·t
fiadamente : « nqrti ti o ssc.� c. t �t io. 111 •tt irmão para instrução do seu hospedeiro, Jesus desven....
não stario m rt � . l'n lv · z I L . • . . 1 \JOI' ' m de'"'
dará : «0 que ela podia fazer, fê� lo: ungiu o meu
corpo antecipadamente para a sepultura» . (Marc.,
s p r : «S u n9 t!v ss ·st't1 cl n ui, u , for'"'
xrv, 8 ) . E, por consequên cia, o perfume ali der...
çando a tua ternura, tu, Mestre adorado, tu é que
ramado vai aromatizar o mundo, tal como o corpo
talvez não fosses morto!»
evadido do sepulcro o vai encher. «Em verdade
Mas ela pensa, no entanto, que para aquela
vos digo, por toda a parte onde for pregado este
morte deve ter havido mais amplos motivos. Tal Evangelho, no mundo inteiro, falar....se....á também
morte proporciona a oportunidade, mas onde se en� do que ela fez, em lembrança dela». (lbid. 9 ) .
contra a causa? J esus é vítima não só dos Judeus A casa de Simão foi, nesse dia, como que a
e dos amigos cujas súplicas atendidas desenca.... primeira câmara do sepulcro novo, destinada às
dearam cóleras, mas de toda a alma humana. unções fúnebres, e o coração de Madalena foi,
De toda a alma? Sim, com a condição de se depois do da Virgem, o primeiro túmulo. Mada....
acrescentar que isto ignifica de cada uma, e de lena1 chora antecipadamente Jesus : chora�o como
cada uma na medida dos s us próprios desvarios. um recém.... nascido, segundo a palavra profética :
E, a partir dessa convicção, aos olhos de Mada .... é um recém�nascido para ela, que acaba de nas ...
lena, que tentava uma desculpa, tud9 se agrava! cer nele.
Ah! que terror, quando rememora os seus peca... E que faz ao jarro que trazia? Ao alabastro
dos! Que noção da sua eterna responsabilidade! delicado, de gargalo afilado e faces cintilantes?
E ela própria que Jesus resgata, e se o amor vem Quebra.... o, para que não sirva a mais ninguém;
vez que ' JW<'>J r:lu vida já
nem mesmo tornará a serv ir 1 J sus, uma
porque o amor possui,...a ••

,...l o para não existe.


ele vai morrer. Não pod er r i u u:remessá
ontram,... s e
o sepulcro! Nos túmulos ca n n n u. enc
homenagem
vasos e objectos assi m quebra l , , m
à morte.
Ma s uma vez que ele mor r • q 1 1 mor
re por
1 1' 1 la ficar
ela, uma vez que se mo rr por n n t Ot', Estava a Mãe dolorosa
p ,, ' lr1 lu, que
para trás ? Não pod imit 1 1' 1 Ao pé da Cruz, lacrimosa,
sobe .à pir fu m · n n t 11 I � t·d u )
I' I do eu Enquanto o Filho morria.
d 1 e mis,...
senhor p r qu os s • · inz. � om .s
pelo dom total Como estava triste e aflita
turem; faz melhor : pela penitência, Aquela Virgem bendita,
ultado o seu
do presente e do futuro, tendo sep Volvendo os olhos aos céus!
e consente em
Senhor vivo, sepulta,... se ela própria
morrer nele. Como sofria e chorava,
ela der'"'
Junto à cru z, reitera tal dom e é o que
Vendo que na Cruz penava
do que san gue O seu Filho, o mesmo Deus!
rama, mais do que lágrimas e mais
sof re.
do coração, aos pés do Am igo que E quem é que não chorara,
aos pés del e,
Outrora, sentava,... s e longamente Se em tal hora contemplara
que não lhe era
par a o ouv ir; era a sua parte, O sofrer daquela Mãe? .
unção em casa de
tirada; daí se leva�tou para a Quem ficaria indiferente,
iva , encontra os do
Simão; após os pé s do Conv Ao vê�la assim, tão dolente,
se'"'á outra vez para
Mártir, e, am anh ã, precipitar,... Porque morria o seu bem ? (1 ) .
o pode separar,...s e,
esses mesmos pés de que nã
seu lug ar, onde sa'"'
junto do s quais reconhece o
ldade e de ·ternura.
tisfaz a sua paixão de humi (1 ) Versão d� Rev. P.• Miguel de Oliveira, que gentilmente
, sempre aniquilada,
Ali está sempre prosternada
autorizou a sua publicação nesta obra. (N. da T.).

1 89
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vez que ' JW<'>J r:lu vida já
nem mesmo tornará a serv ir 1 J sus, uma
porque o amor possui,...a ••

,...l o para não existe.


ele vai morrer. Não pod er r i u u:remessá
ontram,... s e
o sepulcro! Nos túmulos ca n n n u. enc
homenagem
vasos e objectos assi m quebra l , , m
à morte.
Ma s uma vez que ele mor r • q 1 1 mor
re por
1 1' 1 la ficar
ela, uma vez que se mo rr por n n t Ot', Estava a Mãe dolorosa
p ,, ' lr1 lu, que
para trás ? Não pod imit 1 1' 1 Ao pé da Cruz, lacrimosa,
sobe .à pir fu m · n n t 11 I � t·d u )
I' I do eu Enquanto o Filho morria.
d 1 e mis,...
senhor p r qu os s • · inz. � om .s
pelo dom total Como estava triste e aflita
turem; faz melhor : pela penitência, Aquela Virgem bendita,
ultado o seu
do presente e do futuro, tendo sep Volvendo os olhos aos céus!
e consente em
Senhor vivo, sepulta,... se ela própria
morrer nele. Como sofria e chorava,
ela der'"'
Junto à cru z, reitera tal dom e é o que
Vendo que na Cruz penava
do que san gue O seu Filho, o mesmo Deus!
rama, mais do que lágrimas e mais
sof re.
do coração, aos pés do Am igo que E quem é que não chorara,
aos pés del e,
Outrora, sentava,... s e longamente Se em tal hora contemplara
que não lhe era
par a o ouv ir; era a sua parte, O sofrer daquela Mãe? .
unção em casa de
tirada; daí se leva�tou para a Quem ficaria indiferente,
iva , encontra os do
Simão; após os pé s do Conv Ao vê�la assim, tão dolente,
se'"'á outra vez para
Mártir, e, am anh ã, precipitar,... Porque morria o seu bem ? (1 ) .
o pode separar,...s e,
esses mesmos pés de que nã
seu lug ar, onde sa'"'
junto do s quais reconhece o
ldade e de ·ternura.
tisfaz a sua paixão de humi (1 ) Versão d� Rev. P.• Miguel de Oliveira, que gentilmente
, sempre aniquilada,
Ali está sempre prosternada
autorizou a sua publicação nesta obra. (N. da T.).

1 89
1 88
' I
'
'

Só a liturgia, que o sgot u , pode servir de se afast e, no momento d lor ), o, do penar nem da
introdução a um tema ofer i lo meditação dos obra nem d'Aq uele que a Hllpl t O que não tinha

séculos e à proveitosa emoçã J 1, lmas. A Igreja sofrido para dar ao m u lld< I u. --:- diz um Padre
ama esse quadro; dir�se�ia qu < Sr 1.bat lhe apre� da Igrej a, sofr u�o qu 1 1 1do < p rdeu. Sentira�o,
senta a sua própria imagem, qu · 1< eu hino de outrora, viv J.' 11 l t ; 'H ,. 1 , l n .,. dela o sente
dor materna e de sempre enso n�pl ·nt 1da glória. morrer. A i n f n iiJ , '1. vida qu desconhece, a
Procurou nas profecias; bmd > U , • ) lll J remias, prédica ardente já a ela perten 1 m , rn s como lhe
à sua grande ant p. sso lo : ftt 1 I< r ( grande pertence muito mais o fim, que exige uma mater�
com� o mar, u m de lu te ' t il' ,,., ?» (L l tll nt. , II, nidade mais completa!
1 3 ) ; apli a � l h , m 1plJ J us, o u foi Como aqueles anos foram breves! Ela tinha
dito da filha de Sião em transe aflitivo : « Vós que pressa, indubitàvelmente, de os ver começar, de
passais pelo caminho, olhai e vede se há uma dor os ver desabrochar; ela vivia para o futuro e
igual à minha dor». (Ibid. I, 1 2 ) . quantas vezes deve J esus ter�lhe dito, como se
adivinha pelas palavras pronunciadas em Canã :
«Porque te apressas, mulher, se ainda não é a
Maria é única em tudo; depois de Jesus e nele, minha hora? »
devido às suas afinidades com a Pessoa sagrada
e com a obra, ultrapassa em dor como em mérito,
e, mais tarde, também em glória, qualquer cria� A presente dor pode avaliar�se pelo que aquele
tura associada ao caso humano. Ela é a Virgem, Filho era para Maria. Era o seu Deus e era a
ela é a Mãe, ela é a Co�redentora; é a flor que carne da sua carne; era uma parte dela e uma das
só para o céu abriu seu cálice, o astro, a fonte Três Pessoas. Ela criou�o em nome da terra e do
donde nos vieram luz e purificação, o sulco onde céu; viveu para Ele, que queria viver dela e por
o pão dos homens germinou. 'É de ti, Maria, que quem ela nascera. Espreitou as suas primeiras lá�
parte a vida do mundo, porque «Aquele que para grimas, sorriu às suas primeiras palavras, guiou
nós nasceu, escolheu ser teu». (Ave Maris Stella) . os seus passos , incertos como os nossos; sopesou
É natural que aquela que ocupa tal lugar não o tesouro daquela alma por intermédio da qual a

1 90 1 91
' I
'
'

Só a liturgia, que o sgot u , pode servir de se afast e, no momento d lor ), o, do penar nem da
introdução a um tema ofer i lo meditação dos obra nem d'Aq uele que a Hllpl t O que não tinha

séculos e à proveitosa emoçã J 1, lmas. A Igreja sofrido para dar ao m u lld< I u. --:- diz um Padre
ama esse quadro; dir�se�ia qu < Sr 1.bat lhe apre� da Igrej a, sofr u�o qu 1 1 1do < p rdeu. Sentira�o,
senta a sua própria imagem, qu · 1< eu hino de outrora, viv J.' 11 l t ; 'H ,. 1 , l n .,. dela o sente
dor materna e de sempre enso n�pl ·nt 1da glória. morrer. A i n f n iiJ , '1. vida qu desconhece, a
Procurou nas profecias; bmd > U , • ) lll J remias, prédica ardente já a ela perten 1 m , rn s como lhe
à sua grande ant p. sso lo : ftt 1 I< r ( grande pertence muito mais o fim, que exige uma mater�
com� o mar, u m de lu te ' t il' ,,., ?» (L l tll nt. , II, nidade mais completa!
1 3 ) ; apli a � l h , m 1plJ J us, o u foi Como aqueles anos foram breves! Ela tinha
dito da filha de Sião em transe aflitivo : « Vós que pressa, indubitàvelmente, de os ver começar, de
passais pelo caminho, olhai e vede se há uma dor os ver desabrochar; ela vivia para o futuro e
igual à minha dor». (Ibid. I, 1 2 ) . quantas vezes deve J esus ter�lhe dito, como se
adivinha pelas palavras pronunciadas em Canã :
«Porque te apressas, mulher, se ainda não é a
Maria é única em tudo; depois de Jesus e nele, minha hora? »
devido às suas afinidades com a Pessoa sagrada
e com a obra, ultrapassa em dor como em mérito,
e, mais tarde, também em glória, qualquer cria� A presente dor pode avaliar�se pelo que aquele
tura associada ao caso humano. Ela é a Virgem, Filho era para Maria. Era o seu Deus e era a
ela é a Mãe, ela é a Co�redentora; é a flor que carne da sua carne; era uma parte dela e uma das
só para o céu abriu seu cálice, o astro, a fonte Três Pessoas. Ela criou�o em nome da terra e do
donde nos vieram luz e purificação, o sulco onde céu; viveu para Ele, que queria viver dela e por
o pão dos homens germinou. 'É de ti, Maria, que quem ela nascera. Espreitou as suas primeiras lá�
parte a vida do mundo, porque «Aquele que para grimas, sorriu às suas primeiras palavras, guiou
nós nasceu, escolheu ser teu». (Ave Maris Stella) . os seus passos , incertos como os nossos; sopesou
É natural que aquela que ocupa tal lugar não o tesouro daquela alma por intermédio da qual a

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v r a Virgem ensanguent 1 1 • m .. ( , pés da
diava, - por in� cr z, .mas o seu coração t• I 1 1 l t I ,. l ldo como .
nossa carne, outrora trevaH . ll't:a
termédio da qual De us se 111 ti' se� .Filho e participa dn u lc· I I I l n f l n I ' lc ,. , le é a
• va. '

la que estava
Ele próprio tud o esperou I I I. J ll Vztima das cinc ·h ' U I i l t I llllllhc ,. I '· ete
1 ua querida di�
predestinada a dar�lhe tudo; f espadas. El s f i' . I ' t'll . F te; ) ' · I I I t I , I I I fi

d ivindad e de seu
I I

vindade terrestre, associada � çao; el I L I , mp Li • �un b


o I l lx
parou dela
• ·

Pa i e do Espírito criador. N ã qu e o
u ma vitima.
l · � ft 1
/ durante longos anos; mo is t�.r Como aquele anjo que era formado de duas
'•t t l l' t't' unb s, du �
seg uiu . lmagi na m� s Wi t' l 1\ pelos
almas, no dizer de Swedenborg o An·JU do Novo
u 1 m I' 1'1

rante e s s tr · s 't fl S1 ·oti iO u T�stamento é como um composto do Coração mar..­


d pro fundo
íntimos goznd ml s 1 1 l h
I
1 dg . zado de J esus e do Coração da Virgem, a ele
tm
de estima. Ag ora , .
junto a encantadoras provas umdo. Quase não há maneira de distinguir entre
, ela perde o seu
ele deixa..-a, e, num mesmo dia o que ele suporta e o que ela partilha. Há duas
nde..-se qu e est eja
De us e o seu filho. Compree pessoas sob um mesmo fardo, dois arcos sob uma
pe la razão determi..­
me rgu lha da numa do r que só só abóbada.
mana, pois contém
nante pode considerar�se hu E é líeito pensar que das duas partes resulta
. .
algo qu e transcende o homem. o esforço de unidade Jesus olha Mana pensan do
em M ari a, no Ca l..-
·

É por isso que uns santos vê que ela � ve sofrer; Maria encontra em Jesus a
_

Sa ng ra do san gu e d �
vário, toda ensanguentada. repercussao do seu próprio sofrimento. Mutua�
, do san gu e da cruz ment:_ se afligem e mutuamente se consolam. Oh!
seu Filho cu jas feridas beija
lábios , do sangue da el � nao guarda só para si, por muito divino que
cujos sulcos segue com os
orvalho. Ess� san gu e
terra toda húmida daquele seJa o que a sua humanidade suporta. Essa hu..­
...no s a Virgem, no
•.

e a palidez dela apresentam mamdade proveio de Maria : Maria tem sobre ela
em , uma Niobe mais
Calvário, como trágica imag um direito que seu próprio Filho lhe concede.
is terna, mais pura e,
dolorosa qu e N iob e, e ma Ele permite que ela tudo veja, tudo sofra, tudo
de za , ma is acessível ao
devido à sua própria gr an prove; permite que se deite no leito de angustia,
. trespassada pelos cravos e rasgada pelos
coracão dos homens. devemos
que SeJa
Mas é interiormente, sobretudo, que
13
1 93
1 92
v r a Virgem ensanguent 1 1 • m .. ( , pés da
diava, - por in� cr z, .mas o seu coração t• I 1 1 l t I ,. l ldo como .
nossa carne, outrora trevaH . ll't:a
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la que estava
Ele próprio tud o esperou I I I. J ll Vztima das cinc ·h ' U I i l t I llllllhc ,. I '· ete
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predestinada a dar�lhe tudo; f espadas. El s f i' . I ' t'll . F te; ) ' · I I I t I , I I I fi

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I I

vindade terrestre, associada � çao; el I L I , mp Li • �un b


o I l lx
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• ·

Pa i e do Espírito criador. N ã qu e o
u ma vitima.
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/ durante longos anos; mo is t�.r Como aquele anjo que era formado de duas
'•t t l l' t't' unb s, du �
seg uiu . lmagi na m� s Wi t' l 1\ pelos
almas, no dizer de Swedenborg o An·JU do Novo
u 1 m I' 1'1

rante e s s tr · s 't fl S1 ·oti iO u T�stamento é como um composto do Coração mar..­


d pro fundo
íntimos goznd ml s 1 1 l h
I
1 dg . zado de J esus e do Coração da Virgem, a ele
tm
de estima. Ag ora , .
junto a encantadoras provas umdo. Quase não há maneira de distinguir entre
, ela perde o seu
ele deixa..-a, e, num mesmo dia o que ele suporta e o que ela partilha. Há duas
nde..-se qu e est eja
De us e o seu filho. Compree pessoas sob um mesmo fardo, dois arcos sob uma
pe la razão determi..­
me rgu lha da numa do r que só só abóbada.
mana, pois contém
nante pode considerar�se hu E é líeito pensar que das duas partes resulta
. .
algo qu e transcende o homem. o esforço de unidade Jesus olha Mana pensan do
em M ari a, no Ca l..-
·

É por isso que uns santos vê que ela � ve sofrer; Maria encontra em Jesus a
_

Sa ng ra do san gu e d �
vário, toda ensanguentada. repercussao do seu próprio sofrimento. Mutua�
, do san gu e da cruz ment:_ se afligem e mutuamente se consolam. Oh!
seu Filho cu jas feridas beija
lábios , do sangue da el � nao guarda só para si, por muito divino que
cujos sulcos segue com os
orvalho. Ess� san gu e
terra toda húmida daquele seJa o que a sua humanidade suporta. Essa hu..­
...no s a Virgem, no
•.

e a palidez dela apresentam mamdade proveio de Maria : Maria tem sobre ela
em , uma Niobe mais
Calvário, como trágica imag um direito que seu próprio Filho lhe concede.
is terna, mais pura e,
dolorosa qu e N iob e, e ma Ele permite que ela tudo veja, tudo sofra, tudo
de za , ma is acessível ao
devido à sua própria gr an prove; permite que se deite no leito de angustia,
. trespassada pelos cravos e rasgada pelos
coracão dos homens. devemos
que SeJa
Mas é interiormente, sobretudo, que
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espinhos, que arqueje devid uspensão e estre..­ nos mais fortes e, qua ndo o frim n t o surge ,
meça com as contracções Hp módicas e dolo... desperta-.
rosas a que o seu pobre co rpo t sujeito. Não Oh! como ela o r{'c h • 1'1 1 11 1 •u hraços!
guarda nada só para si; tudo n I l se reproduz, Como neles JesuR IW l 1 1 11,; 1 1'1 1 ! I 1 1 1 1 1 1 I I H l l l \ ntos,
e a sua alta: vontade, · assim como eu instinto, ao expirar, d l x l i' 1 1 t' ti •.,; 1 p n d I' 1 1 1' 1 I 1 , o
seu corpo d l 1· 11'• ·,
J l i' 1 o c.·onfin •· nn mort · ' s
assim o determinam.
O seu instinto 7 Sim, o i n s t l nt·o d J , u filho,

mesm os u l d n I s qu rod ar m ao nasc r. r 1,
de Jesus que, então, a hora dela; esse corpo gelado será o seu
d i z lo, v l t u a ser
quinhão único, e, para reaquecer dois corpos
criança, com I' m (' I' 1 n . 1 11 g us tioso.
quase igualmente marmóreos já haverá somente
Não tenham s r d o t ·l uir o no ·so Cristo
um coração.
as emocionantes fraquezas que ele próprio mani...
festou no Horto, e compreendamos que, se implo ...
rou o socorro de seu discípulos, não se mantém Convirá lembrar que se a dor de Jesus dis..­
distante na presença de sua Mãe. Estende a face fruta, tal como deve ser, uma incomparável preemi...
ensanguentada para o rosto que primeiro lhe sor..­ nência, a de Maria se prolon ga mais? Maria
riu; a cabeça, desequilibrada pela coroa de espi... sofrerá a morte de seu Filho , de que o Crucificado
nhos, procura um ombro afectuoso. Como ele acei... só suporta a aprox imaç� o; el rece erá a lança da;
taria um beijo daqueles lábios! as feridas que limpará p r c r... J h ... ão vivas e, efec�
Dantes, não gostava de momentâneamente es... tivamente, por ela viver� o; o orpo pousado sobre
quecer que se fizera homem, para regressar ao seio os seus j oelhos, a cabeça apoi da ao seu peito
materno? Não encontrava seu repouso nela, a farão estremecer pela su . rigid z ou por sua ter�
Muito Doce, a sua muito próxima Betânia, seu rível inércia o seio que o formou, e, finalmente,
olvido das horas tristes e sua quietude após a sob a nuvem onde ainda p ra todos se oculta a
rude tensão de constantes trabalhos? A gravi..­ ressurreição, não viverá el , uma segunda vez, a
dade e a sublime virilidade não parecem excluir, morte de Jesus, quando lho tirarem para o entre�
em Jesus, o que de puerilmente delicado persiste gar ao sepulcro?

194 1 95
espinhos, que arqueje devid uspensão e estre..­ nos mais fortes e, qua ndo o frim n t o surge ,
meça com as contracções Hp módicas e dolo... desperta-.
rosas a que o seu pobre co rpo t sujeito. Não Oh! como ela o r{'c h • 1'1 1 11 1 •u hraços!
guarda nada só para si; tudo n I l se reproduz, Como neles JesuR IW l 1 1 11,; 1 1'1 1 ! I 1 1 1 1 1 1 I I H l l l \ ntos,
e a sua alta: vontade, · assim como eu instinto, ao expirar, d l x l i' 1 1 t' ti •.,; 1 p n d I' 1 1 1' 1 I 1 , o
seu corpo d l 1· 11'• ·,
J l i' 1 o c.·onfin •· nn mort · ' s
assim o determinam.
O seu instinto 7 Sim, o i n s t l nt·o d J , u filho,

mesm os u l d n I s qu rod ar m ao nasc r. r 1,
de Jesus que, então, a hora dela; esse corpo gelado será o seu
d i z lo, v l t u a ser
quinhão único, e, para reaquecer dois corpos
criança, com I' m (' I' 1 n . 1 11 g us tioso.
quase igualmente marmóreos já haverá somente
Não tenham s r d o t ·l uir o no ·so Cristo
um coração.
as emocionantes fraquezas que ele próprio mani...
festou no Horto, e compreendamos que, se implo ...
rou o socorro de seu discípulos, não se mantém Convirá lembrar que se a dor de Jesus dis..­
distante na presença de sua Mãe. Estende a face fruta, tal como deve ser, uma incomparável preemi...
ensanguentada para o rosto que primeiro lhe sor..­ nência, a de Maria se prolon ga mais? Maria
riu; a cabeça, desequilibrada pela coroa de espi... sofrerá a morte de seu Filho , de que o Crucificado
nhos, procura um ombro afectuoso. Como ele acei... só suporta a aprox imaç� o; el rece erá a lança da;
taria um beijo daqueles lábios! as feridas que limpará p r c r... J h ... ão vivas e, efec�
Dantes, não gostava de momentâneamente es... tivamente, por ela viver� o; o orpo pousado sobre
quecer que se fizera homem, para regressar ao seio os seus j oelhos, a cabeça apoi da ao seu peito
materno? Não encontrava seu repouso nela, a farão estremecer pela su . rigid z ou por sua ter�
Muito Doce, a sua muito próxima Betânia, seu rível inércia o seio que o formou, e, finalmente,
olvido das horas tristes e sua quietude após a sob a nuvem onde ainda p ra todos se oculta a
rude tensão de constantes trabalhos? A gravi..­ ressurreição, não viverá el , uma segunda vez, a
dade e a sublime virilidade não parecem excluir, morte de Jesus, quando lho tirarem para o entre�
em Jesus, o que de puerilmente delicado persiste gar ao sepulcro?

194 1 95
Quantas vezes, mais to,. L acordará ainda
,

Para que seria ela feito s não para essa acei�


todas estas lembranças! Dev t 1 , primeiro que nin�
tação, que é a causa da ln 1 rnação e, consequen�
guém, do Caminho da Cruz, qu 1 n t· s vezes a verão
temente, da cooperação qu Ia lhe traz? Se J esus
vaguear por J erusalém proCUI' 1 1 1 I o seu rasto,
é o segundo prim ir lwm •m, não será ela a se�
deter�se longamente onde ele n l u , n ntrar outra
gunda primeira mttlh •r? Flu onhece o seu apelo.
vez o olhar dele à esquina dos bn z 1 1' u na porta
A espada brandid por Jm ão, não esperou o
de Efraim, juntar�se às m u l h r · . 1 qu m ele con�
Calvário. Já antes de Simeã o, não estaria tudo
cedeu seu último n sin · un nto, . u h l l· 1 ·n sta do
·

contido no doce e doloroso presépio, na delicada


Gólgota em pc: ss m l tt I , f ·c.·h 1 1 1 d , o. l h H para
e trágica Anunciação?
ver m l h r, a m inh 1 1 lo , 1 1 •n lo. 1 m n t P ra
Foi um Crucificado que recebeu no seu seio:
ouvir m l hor , at ir p rd r� · m longa contem�
imaginários ingénuos fazem que sobre esse seio
plação junto à cova onde se implantou a c:uz.
J esus desça das alturas celestes, num resplendor,
Então, só quererá a vida para amar a custa
sob a forma de uma criança com a cruz às costas.
do sofrimento; agora, só tem vida para sqfrer a
É isso mesmo! Maria gera a morte para gerar a
fim de amar melhor. A sua dor será prolongada
vida; o leite do Menin o anuncia o fel e o vinagre;
em benefício da obra; neste momento, a sua dor
o berço miserável é um primeiro lenho; o próprio
domina�a infinitamente por causa da Pessoa e ' da
Jesus, mais tarde, não perde ocasião de proferir,
unidade que a esta a une.
na presença de Maria, os seus avisos cruéis, que
o seu silêncio permitirá também surpreender�lhe no
olhar.
Mas que estou dizendo? Não é também a obra,
não é sobretudo a obra que está em jogo, no actual A intimidade entre ambos foi sempre repou�
sante e calma ? Foi certamente feliz, mas daquela
sofrimento? Maria não estaria unida a Jesus se
austera felicidade dos heróis que conhecem o peso
não se consagrasse - e, com ela, a sua dor - ao
do seu destino e o terrível preço por que pagarão
que 0 faz morrer. A cruz é um altar; a Vítima que
a glória. J esus estava sempre moribundo, e Maria
se imola deve encontrar em Maria também um
sempre condescendente quanto ao sacrifício: acei�
altar, o altar do seu coração.
tava a sua parte, que era contribuir para tudo; ins�

1 96
1 97
Quantas vezes, mais to,. L acordará ainda
,

Para que seria ela feito s não para essa acei�


todas estas lembranças! Dev t 1 , primeiro que nin�
tação, que é a causa da ln 1 rnação e, consequen�
guém, do Caminho da Cruz, qu 1 n t· s vezes a verão
temente, da cooperação qu Ia lhe traz? Se J esus
vaguear por J erusalém proCUI' 1 1 1 I o seu rasto,
é o segundo prim ir lwm •m, não será ela a se�
deter�se longamente onde ele n l u , n ntrar outra
gunda primeira mttlh •r? Flu onhece o seu apelo.
vez o olhar dele à esquina dos bn z 1 1' u na porta
A espada brandid por Jm ão, não esperou o
de Efraim, juntar�se às m u l h r · . 1 qu m ele con�
Calvário. Já antes de Simeã o, não estaria tudo
cedeu seu último n sin · un nto, . u h l l· 1 ·n sta do
·

contido no doce e doloroso presépio, na delicada


Gólgota em pc: ss m l tt I , f ·c.·h 1 1 1 d , o. l h H para
e trágica Anunciação?
ver m l h r, a m inh 1 1 lo , 1 1 •n lo. 1 m n t P ra
Foi um Crucificado que recebeu no seu seio:
ouvir m l hor , at ir p rd r� · m longa contem�
imaginários ingénuos fazem que sobre esse seio
plação junto à cova onde se implantou a c:uz.
J esus desça das alturas celestes, num resplendor,
Então, só quererá a vida para amar a custa
sob a forma de uma criança com a cruz às costas.
do sofrimento; agora, só tem vida para sqfrer a
É isso mesmo! Maria gera a morte para gerar a
fim de amar melhor. A sua dor será prolongada
vida; o leite do Menin o anuncia o fel e o vinagre;
em benefício da obra; neste momento, a sua dor
o berço miserável é um primeiro lenho; o próprio
domina�a infinitamente por causa da Pessoa e ' da
Jesus, mais tarde, não perde ocasião de proferir,
unidade que a esta a une.
na presença de Maria, os seus avisos cruéis, que
o seu silêncio permitirá também surpreender�lhe no
olhar.
Mas que estou dizendo? Não é também a obra,
não é sobretudo a obra que está em jogo, no actual A intimidade entre ambos foi sempre repou�
sante e calma ? Foi certamente feliz, mas daquela
sofrimento? Maria não estaria unida a Jesus se
austera felicidade dos heróis que conhecem o peso
não se consagrasse - e, com ela, a sua dor - ao
do seu destino e o terrível preço por que pagarão
que 0 faz morrer. A cruz é um altar; a Vítima que
a glória. J esus estava sempre moribundo, e Maria
se imola deve encontrar em Maria também um
sempre condescendente quanto ao sacrifício: acei�
altar, o altar do seu coração.
tava a sua parte, que era contribuir para tudo; ins�

1 96
1 97
talava a cruz na sua vontad nquanto esperava
o momento de a ver sobre u m colina; sepultava
espiritualmente o seu Jesus.
A dor de Marl p l' J m n. I sima que seja, não
Hoje, não há qualque r r t· r 1t \ �o; tudo, pelo
,

contrário, se concentra com p l · n l ud . A dor de será suavizad a p li L' d tudo, por um sentimento
,

1 1't : Maria, tal muito profundo qu ompol.'t indizível consolação?


J esus é voluntária de ambas a
Deve.-se pensá.-lo, se é certo qu Maria está ple.­
como seu Filho, poderia diz · : «NIIIIJII m me toma
namente unida a Jesus e consagrada à sua obra.
a minha alma; eu qn a ·ntn·no. t•m
·� guida,
t x, 1 7 ) , A tltu 1 I J •. dela; Quem nos guiará nesses insondáveis mistérios?
a recupero». (J ,
L i li

1 'U 1 h r 1 \ d J us. Diremos de Jesus que tem o seu céu interior,


ela dá.-a. Aqu I 11
mesmo enquanto dura a Paixão. Já não se dirá o
A serva do Senhor serve até no martírio. A que
mesmo de Maria, porque se trata de um privilégio
não esteve no Thabor, mantém.-se junto da cruz;
associado à qualidade de Filho de Deus. Mas esse
a que se afastou do cortejo dos ramos de palmeira
céu que ela adivinha, não será um pouco seu? Nada
corre para o altar. A heroína do Stabat, a Pietà não
de Jesus lhe é estranho; seu coração une.-se a essas
será unicamente a santa Niobe : é a nova Eva, a
secretas efusões que, em Jesus, são a parte inson.­
que torna a criar o género humano com o seu Autor
dável.
e que resgata as almas dando.-lhes seu Filho.
Da mesma maneira, se bem que o futuro seja
obrigado pelo desígnio redentor a respeitar a pre.­
STABAT MATER DOLOROSA . . . sente dor de ambos, esse futuro é de ambos conhe.­
cido; por detrás da cruz, vêe� os frutos e as glórias.
Estava a Mãe dolorosa, Não haverá, também ali, portanto, para suavizar
Ao pé da cruz, lacrimosa, um mistério lúgubre, um mistério de alegria?
Enquanto o Filho morria. Maria, desce, na alma de seu Filho, mais pro.­
fundamente que a Paixão, e nela descobre uma
zona de luz; aquelas lágrimas profetizam; Deus
que lhas pôs no coração, junta.-lhes a ciência do
talava a cruz na sua vontad nquanto esperava
o momento de a ver sobre u m colina; sepultava
espiritualmente o seu Jesus.
A dor de Marl p l' J m n. I sima que seja, não
Hoje, não há qualque r r t· r 1t \ �o; tudo, pelo
,

contrário, se concentra com p l · n l ud . A dor de será suavizad a p li L' d tudo, por um sentimento
,

1 1't : Maria, tal muito profundo qu ompol.'t indizível consolação?


J esus é voluntária de ambas a
Deve.-se pensá.-lo, se é certo qu Maria está ple.­
como seu Filho, poderia diz · : «NIIIIJII m me toma
namente unida a Jesus e consagrada à sua obra.
a minha alma; eu qn a ·ntn·no. t•m
·� guida,
t x, 1 7 ) , A tltu 1 I J •. dela; Quem nos guiará nesses insondáveis mistérios?
a recupero». (J ,
L i li

1 'U 1 h r 1 \ d J us. Diremos de Jesus que tem o seu céu interior,


ela dá.-a. Aqu I 11
mesmo enquanto dura a Paixão. Já não se dirá o
A serva do Senhor serve até no martírio. A que
mesmo de Maria, porque se trata de um privilégio
não esteve no Thabor, mantém.-se junto da cruz;
associado à qualidade de Filho de Deus. Mas esse
a que se afastou do cortejo dos ramos de palmeira
céu que ela adivinha, não será um pouco seu? Nada
corre para o altar. A heroína do Stabat, a Pietà não
de Jesus lhe é estranho; seu coração une.-se a essas
será unicamente a santa Niobe : é a nova Eva, a
secretas efusões que, em Jesus, são a parte inson.­
que torna a criar o género humano com o seu Autor
dável.
e que resgata as almas dando.-lhes seu Filho.
Da mesma maneira, se bem que o futuro seja
obrigado pelo desígnio redentor a respeitar a pre.­
STABAT MATER DOLOROSA . . . sente dor de ambos, esse futuro é de ambos conhe.­
cido; por detrás da cruz, vêe� os frutos e as glórias.
Estava a Mãe dolorosa, Não haverá, também ali, portanto, para suavizar
Ao pé da cruz, lacrimosa, um mistério lúgubre, um mistério de alegria?
Enquanto o Filho morria. Maria, desce, na alma de seu Filho, mais pro.­
fundamente que a Paixão, e nela descobre uma
zona de luz; aquelas lágrimas profetizam; Deus
que lhas pôs no coração, junta.-lhes a ciência do
que será o dia seguinte; e l n 1 be, espera, e pode
.
Eis que um dos elementos d . tino, junto
dar ao que sofre em Jesus. u m contrapeso de um apelo . do presente, vai declat· 1 1' , •

esperança. Jesus acaba de baixar seus olhos olw.

Jesus dizia aos Doze : «A vo 11 dor mudar-se�á


. .
que cinge, como um abraço, a sua cruz:. ua
em alegria». Como não o diri l 1 1 1 1 I mais a sua mãe; vê João que, sem dúvida, nesse m m ·n ,
Mãe! ? Após as suas dor , o 1 1 11 l v r o espera esboça algum gesto filial, e, sentindo agitar�s n ,

Maria para uma imen a ]n mo · o. ' Magnifi­ seu íntimo, a ternura por aqueles dois seres, p r
,
cat doutrora dá l u g a r h Jt' 1< St t h 1f, 8ta[J t, por outros que evoca através de um símbolo vivo, con�
sua vez, d v f u n I J r t r 1 1 1 m Mounlll · 1t mais
.. . sagra ao desejo de os unir, uma daquelas raras
amplo, r pl to d t l 1 o o l ·g da d mundo.

interrupções do silêncio que chamamos as Sete
O Todo-Poderoso, que operou em Maria gran� Palavras.
des coisas, outras, maiores, fará por intermédio Evita - poder�se�á crer - enternecer�se; fala
dela. «Bela como a lua, brilhante como o sol, ter­ uma linguagem grave; não chama a Maria sua
rível como um exército em linha de batalha», ela, mãe, receoso de lhe despedaçar o coração, mas,
com seu Filho, mudará o destino das nações, e só voltando a utilizar a fórmula solene e como impes�
virá a lembrar-se do Calvário como de um lugar soai que emprega quando se trata do seu papel :
de passagem. Mulher, diz, eis o teu filho, e a João: Eis a tua Mãe.
Imaginamo-la, portanto, ao mesmo tempo, na Toda a Igreja compreendeu que J oão é ali um
sua dor e numa contemplação que transcende as representante. Maria é-lhe confiada pessoalmente
dores presentes; ela está como que sonhando. Não e também pessoalmente Maria o adopta; ele é pa�
se sabe que a própria acuidade do real obriga a rente próximo de J esus, e J esus, modelo de filhos,
nossa alma, às vezes, a ultrapassá-lo? Mas o por ele se faz substituir; mas o elo assim estabe­
sonho de Maria não é uma alucinação em que lecido, tem, além disso, outra significação figurada.
se movem fantasmas; é o sonho criador, ou, para Maria recebe de seu Filho o género humano em
melhor dizer, aquele sonho divino que, após a tutela; o género humano recebe Maria como
falta, recomeça, outra vez calmo, o sonho redentor. herança; no terno e dilacerante adeus que Jesus
que será o dia seguinte; e l n 1 be, espera, e pode
.
Eis que um dos elementos d . tino, junto
dar ao que sofre em Jesus. u m contrapeso de um apelo . do presente, vai declat· 1 1' , •

esperança. Jesus acaba de baixar seus olhos olw.

Jesus dizia aos Doze : «A vo 11 dor mudar-se�á


. .
que cinge, como um abraço, a sua cruz:. ua
em alegria». Como não o diri l 1 1 1 1 I mais a sua mãe; vê João que, sem dúvida, nesse m m ·n ,
Mãe! ? Após as suas dor , o 1 1 11 l v r o espera esboça algum gesto filial, e, sentindo agitar�s n ,

Maria para uma imen a ]n mo · o. ' Magnifi­ seu íntimo, a ternura por aqueles dois seres, p r
,
cat doutrora dá l u g a r h Jt' 1< St t h 1f, 8ta[J t, por outros que evoca através de um símbolo vivo, con�
sua vez, d v f u n I J r t r 1 1 1 m Mounlll · 1t mais
.. . sagra ao desejo de os unir, uma daquelas raras
amplo, r pl to d t l 1 o o l ·g da d mundo.

interrupções do silêncio que chamamos as Sete
O Todo-Poderoso, que operou em Maria gran� Palavras.
des coisas, outras, maiores, fará por intermédio Evita - poder�se�á crer - enternecer�se; fala
dela. «Bela como a lua, brilhante como o sol, ter­ uma linguagem grave; não chama a Maria sua
rível como um exército em linha de batalha», ela, mãe, receoso de lhe despedaçar o coração, mas,
com seu Filho, mudará o destino das nações, e só voltando a utilizar a fórmula solene e como impes�
virá a lembrar-se do Calvário como de um lugar soai que emprega quando se trata do seu papel :
de passagem. Mulher, diz, eis o teu filho, e a João: Eis a tua Mãe.
Imaginamo-la, portanto, ao mesmo tempo, na Toda a Igreja compreendeu que J oão é ali um
sua dor e numa contemplação que transcende as representante. Maria é-lhe confiada pessoalmente
dores presentes; ela está como que sonhando. Não e também pessoalmente Maria o adopta; ele é pa�
se sabe que a própria acuidade do real obriga a rente próximo de J esus, e J esus, modelo de filhos,
nossa alma, às vezes, a ultrapassá-lo? Mas o por ele se faz substituir; mas o elo assim estabe­
sonho de Maria não é uma alucinação em que lecido, tem, além disso, outra significação figurada.
se movem fantasmas; é o sonho criador, ou, para Maria recebe de seu Filho o género humano em
melhor dizer, aquele sonho divino que, após a tutela; o género humano recebe Maria como
falta, recomeça, outra vez calmo, o sonho redentor. herança; no terno e dilacerante adeus que Jesus
acaba de formular contém- • um derradeiro mis­ v ltado ao seu silêncio, Maria t' Hl' t mbém à ,

tério de amor. ua meditação. Não pode debat .....


não pode dizer sim sem angústia. ' molde
a regozijá-la, a substituição de seu divi no tlllh por
Não é o momento de dize · tu I que existe um homem, a do Único por uma multid 1 pr ...

nesse múltiplo dom. Fixemos a1 eu 1 �ue se para sente não tem o direito de lhe ocultar o futlll' ;
nós é prenúncio dos mais pr ioso. t• • tutores pri- futuro ainda menos a arranca ao present u .

vilégios, é, para M L'ia, um '


·I 11,; tu is explí­ fará senão manter-se, sem discutir, de pé, em corpo
cita e mais vislv lm nf· n l'ltlll 1 J • 11. t' l ntor. e alma.
.
Jesus onvido !'llln M • 1 tdot t , , H •us «irmii s», a
orientar-se não já s m nte m direcção à cruz e ao STABAT MATER DOLOROSA...
sepulcro, nem mesmo em direcção ao lugar da
ascensão e 'da glória, mas a caminho do teatro da . . . . . ... · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · . . .
. .
grande obra que chama a sua terna e poderosa
colaboração. Em Gabaão, no tempo de David, a trágica
Maria anui; Maria aceita o seu papel. Não Resfa velava assim·, junto de um patíbulo sobre o
tem necessidade, para isso, de se partilhar, de qual dois de seus filhos inocentes, expiavam um
renunciar às suas lágrimas e de abandonar, sôzi­ , crime do povo. Estava-se nos primeiros dias da
nho, à sua dor, Aquele de quem, por herança, colheita da cevada, numa época do ano um pouco
todo o resto recebe. É n'Ele que ela vê tudo; mer­ mais avançada que a da Paixão de Jesus. E Resfa
gulha, uma vez mais, nesse abismo do seu amor pegou num saco e estendeu-o sobre a rocha, de
que encerra todos os mistérios; aceita Jesus tal que fez seu domínio, não permitindo que as aves
como ele é, no seu papel e na sua pessoa. A nova do céu devorassem seus filhos (II, Reis, XXI, 1 O).
Eva está unida ao novo Adão, quer no leito de dor A Resfa do Calvário não tem a mesma liber­
deste, quer nos séculos em que a posteridade de dade; não pode afastar as aves de rapina; deixa
ambos vive. o ódio dilacerar o seu Filho. Que digo eu? Ela
Uma vez formulado o testamento e tendo Jesus coopera! Não, evidentemente, participando do

202 203
acaba de formular contém- • um derradeiro mis­ v ltado ao seu silêncio, Maria t' Hl' t mbém à ,

tério de amor. ua meditação. Não pode debat .....


não pode dizer sim sem angústia. ' molde
a regozijá-la, a substituição de seu divi no tlllh por
Não é o momento de dize · tu I que existe um homem, a do Único por uma multid 1 pr ...

nesse múltiplo dom. Fixemos a1 eu 1 �ue se para sente não tem o direito de lhe ocultar o futlll' ;
nós é prenúncio dos mais pr ioso. t• • tutores pri- futuro ainda menos a arranca ao present u .

vilégios, é, para M L'ia, um '


·I 11,; tu is explí­ fará senão manter-se, sem discutir, de pé, em corpo
cita e mais vislv lm nf· n l'ltlll 1 J • 11. t' l ntor. e alma.
.
Jesus onvido !'llln M • 1 tdot t , , H •us «irmii s», a
orientar-se não já s m nte m direcção à cruz e ao STABAT MATER DOLOROSA...
sepulcro, nem mesmo em direcção ao lugar da
ascensão e 'da glória, mas a caminho do teatro da . . . . . ... · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · . . .
. .
grande obra que chama a sua terna e poderosa
colaboração. Em Gabaão, no tempo de David, a trágica
Maria anui; Maria aceita o seu papel. Não Resfa velava assim·, junto de um patíbulo sobre o
tem necessidade, para isso, de se partilhar, de qual dois de seus filhos inocentes, expiavam um
renunciar às suas lágrimas e de abandonar, sôzi­ , crime do povo. Estava-se nos primeiros dias da
nho, à sua dor, Aquele de quem, por herança, colheita da cevada, numa época do ano um pouco
todo o resto recebe. É n'Ele que ela vê tudo; mer­ mais avançada que a da Paixão de Jesus. E Resfa
gulha, uma vez mais, nesse abismo do seu amor pegou num saco e estendeu-o sobre a rocha, de
que encerra todos os mistérios; aceita Jesus tal que fez seu domínio, não permitindo que as aves
como ele é, no seu papel e na sua pessoa. A nova do céu devorassem seus filhos (II, Reis, XXI, 1 O).
Eva está unida ao novo Adão, quer no leito de dor A Resfa do Calvário não tem a mesma liber­
deste, quer nos séculos em que a posteridade de dade; não pode afastar as aves de rapina; deixa
ambos vive. o ódio dilacerar o seu Filho. Que digo eu? Ela
Uma vez formulado o testamento e tendo Jesus coopera! Não, evidentemente, participando do

202 203
crime, mas secundando o d Mlgnio misericordioso
do Pai, do Filho e do Espirit .
Esposa desse Espírito crln I I' que se apodera
do homem para lhe dar vida n v '· mãe do Filho,
homem novo,-filha do Pai dond tu t vem, Maria
ajuda a Família em que a sua lw ··humana voca,.. Capítulo VIII
ção a introduziu. Divina ass liza obra
divina, e é fácil conv n r no.... spírito
OS SEUS INIMIGOS
inspirador a incit r d ·rü•·
I , \ dizer,

imitando o Mo ibund qu nd i
1 m u lt n mente,
exala o seu soberano pensamento e a sua alma:
«Meu Pai, eu entrego meu Filho entre as tuas
mãos».
1 Á DESFILARAM OS AMIGOS

de Jesus sob o olhar moribundo e sob o nosso.


Chegou a vez de desfilarem os seus inimigos. Vêm
de longe, mas a sua hostilidade alcança no final
a sua extrema tensão e a Paixão não é mais que
o desenlace de uma longa crise moral, o relâmpago
que brilha entre dois fluidos contrários.
Nomeemos os perversos por ordem de culpa,..
bilidade, se é lícito julgar deste modo: os soldados,
a multiqão, Pilatos e Herodes, os príncipes dos
sacerdotes, Judas.


Os soldados que intervêm na Paixão são sol..
dados romanos, mas não os equites das gloriosas

205
crime, mas secundando o d Mlgnio misericordioso
do Pai, do Filho e do Espirit .
Esposa desse Espírito crln I I' que se apodera
do homem para lhe dar vida n v '· mãe do Filho,
homem novo,-filha do Pai dond tu t vem, Maria
ajuda a Família em que a sua lw ··humana voca,.. Capítulo VIII
ção a introduziu. Divina ass liza obra
divina, e é fácil conv n r no.... spírito
OS SEUS INIMIGOS
inspirador a incit r d ·rü•·
I , \ dizer,

imitando o Mo ibund qu nd i
1 m u lt n mente,
exala o seu soberano pensamento e a sua alma:
«Meu Pai, eu entrego meu Filho entre as tuas
mãos».
1 Á DESFILARAM OS AMIGOS

de Jesus sob o olhar moribundo e sob o nosso.


Chegou a vez de desfilarem os seus inimigos. Vêm
de longe, mas a sua hostilidade alcança no final
a sua extrema tensão e a Paixão não é mais que
o desenlace de uma longa crise moral, o relâmpago
que brilha entre dois fluidos contrários.
Nomeemos os perversos por ordem de culpa,..
bilidade, se é lícito julgar deste modo: os soldados,
a multiqão, Pilatos e Herodes, os príncipes dos
sacerdotes, Judas.


Os soldados que intervêm na Paixão são sol..
dados romanos, mas não os equites das gloriosas

205
legiões , e antes mercenários 1 I' vàvelmente oriun� ,. -se, no entanto, que não sab m qu fazem :
dos das regiões vizinhas e ta lvl'Z n� o estranhos aos portanto, a sua culpabilidade dev s r n. iderada
preconceitos e paixões jud<d<: Hl. O governador não relativamente à substância do fn ·t mas à
tinha uma coorte privativa, q11 • J rotegia a sua maneira como, neste, eles intervêm.
pessoa e assistia o seu tribuna I. 1\ T rre Antónia A culpa desses desgraçados foi participra· m
era uma fortaleza e a presença do 1 I' ·urador para entusiasmo no jogo criminoso dos Judeus n ·I.
lá transportava o pretório; d v pol , , dmitir�se patentear, com ignóbil grosseria, a sua brutalid ad ..
a existência, nela, d uma ÇJllllt'lli o, 11111 rpo de

e insolência, assim sobrecarregando com seus pró­
tropas e ofi ioi!'l d jw-Jth; 1 p 1 1'' 1 IJ li u.;i das prios excessos, o crime doutrem. Foram os primei�
pen s. ros, realmente, a necessitar do perdão sublime.
·

Toda s nt , qu vai proceder de maneira Jesus, quando olha tais homens e também a
tão indigna e bárbara, não tem, no entanto, a mí� Torre Antónia , à sua esquerda, a uns 350 metros
nima responsabilidade da Paixão. Obedecem; não de distância do lugar donde a vê, poderá acaso
julgam proceder mal ao executar uma sentença em não recordar o que sofreu à sombra daquelas cruéis
que acordaram a autoridade judia e o poder ro� muralhas? A flagelação ocorreu há cerca de três
mano. Estes dois poderes é que assumiram toda a horas; ainda é lan,cinantemente dolorosa e acaba
responsabilidade; os factos exteriores poderiam só de ser agravada pela desnudação, que rasgou as
comportar uma cooperação inocente. chagas coladas à túnica. Julga-se poder garantir
·Em São Lucas , a indulgente palavra do Se� que ela teve lugar em condições que a lei não exi�
nhor-«Pai, perdoai�lhes, porque não sabem o que gia. E porquê? Só porque o animal humano gosta
fazem»- parece ter por imediato objectivo a pro�
de sangue e porque aquela gente não refreou a
tecção destes algozes, embora certamente o seu sua bestialidade.
benefício deva chega r mais longe. No caso pre� Não bastaria o luxo inumano que mandava
sente, e no que respeita somente aos soldados, o chicotear atrozmente o condenado ao último suplí�
veredicto lançado da cruz não seria mais que a cio? As delgadas tiras de couro que cortam,
expressão de uma justiça exacta: Sobre eles cha� abrem e rasgam a carne; as pequenas correntes de
ma�se o perdão: portanto, são culpados; decla� ferro com bolas de metal que a esmagam e fazem

206 207
legiões , e antes mercenários 1 I' vàvelmente oriun� ,. -se, no entanto, que não sab m qu fazem :
dos das regiões vizinhas e ta lvl'Z n� o estranhos aos portanto, a sua culpabilidade dev s r n. iderada
preconceitos e paixões jud<d<: Hl. O governador não relativamente à substância do fn ·t mas à
tinha uma coorte privativa, q11 • J rotegia a sua maneira como, neste, eles intervêm.
pessoa e assistia o seu tribuna I. 1\ T rre Antónia A culpa desses desgraçados foi participra· m
era uma fortaleza e a presença do 1 I' ·urador para entusiasmo no jogo criminoso dos Judeus n ·I.
lá transportava o pretório; d v pol , , dmitir�se patentear, com ignóbil grosseria, a sua brutalid ad ..
a existência, nela, d uma ÇJllllt'lli o, 11111 rpo de

e insolência, assim sobrecarregando com seus pró­
tropas e ofi ioi!'l d jw-Jth; 1 p 1 1'' 1 IJ li u.;i das prios excessos, o crime doutrem. Foram os primei�
pen s. ros, realmente, a necessitar do perdão sublime.
·

Toda s nt , qu vai proceder de maneira Jesus, quando olha tais homens e também a
tão indigna e bárbara, não tem, no entanto, a mí� Torre Antónia , à sua esquerda, a uns 350 metros
nima responsabilidade da Paixão. Obedecem; não de distância do lugar donde a vê, poderá acaso
julgam proceder mal ao executar uma sentença em não recordar o que sofreu à sombra daquelas cruéis
que acordaram a autoridade judia e o poder ro� muralhas? A flagelação ocorreu há cerca de três
mano. Estes dois poderes é que assumiram toda a horas; ainda é lan,cinantemente dolorosa e acaba
responsabilidade; os factos exteriores poderiam só de ser agravada pela desnudação, que rasgou as
comportar uma cooperação inocente. chagas coladas à túnica. Julga-se poder garantir
·Em São Lucas , a indulgente palavra do Se� que ela teve lugar em condições que a lei não exi�
nhor-«Pai, perdoai�lhes, porque não sabem o que gia. E porquê? Só porque o animal humano gosta
fazem»- parece ter por imediato objectivo a pro�
de sangue e porque aquela gente não refreou a
tecção destes algozes, embora certamente o seu sua bestialidade.
benefício deva chega r mais longe. No caso pre� Não bastaria o luxo inumano que mandava
sente, e no que respeita somente aos soldados, o chicotear atrozmente o condenado ao último suplí�
veredicto lançado da cruz não seria mais que a cio? As delgadas tiras de couro que cortam,
expressão de uma justiça exacta: Sobre eles cha� abrem e rasgam a carne; as pequenas correntes de
ma�se o perdão: portanto, são culpados; decla� ferro com bolas de metal que a esmagam e fazem

206 207
saltar em pedaços; os esp to. ue furam e abrem Aquele condenado intitula�s • t' l? Muito
bem!
caminho até aos ossos,
· - L que a sábia lei v llllOS oferecer�lhe as supremas in. uni'
·. Despe�
romana guardava para os SCI' IV s como prefácio • uma clâmide, que é arremes 1 I 1 obre , os
à mais horrível das mortes qm· poderia encon� mbros a sang rarem : será a púrpura J.' 1l.
•ntre
.
trar, morte cujas fases já, por I 1 I' prias, incluíam a lenha para fogu eiras, avista�se uma
hu. t • m
uma requintada gradação de torl'lll' '·. espinhos, que é entrançada em diadema,
p d
Treino doloroso, prolong<urt 'lllt n ssado e ser que , naqúela estação, se os espinhos esta
vam
no futuro de um di mnrt 1'1 ) , I' I u organi� floridos- assim pensa Calmet - fosse arranjad
1
zada e cal ul dn •v ·I 1 ·
, tdo isto de maneira a imitar as coroas festivas; nesse caso
,
não s da boHtnnt ·7 1 ·unj tm ma�
• aqui temos nós um rei irradiando glória e júbilo
.. .
neira de tudo in 1 v r mais longe; à dor, por Escolhe�se um frag mento de cana que fará
de
assim dizer, obrigatória, juntam um contrapeso, e cetra, uma vez entalado nas mãos acorrentadas
ou
a sua ferocidade é tão implacável que, perante a recebido pela passiva mão direita . . . Não se mete
,
vítima ofegante, ainda têm a coragem da zombaria. sem resistência, um crucifixo entre as mãos de um
A cena da casa da guarda está bem presente; morto?
Jesus revê�a e vive�a ainda no meio das suas tor� Depois, é rir, ao m sm t mpo que se bate no
turas mortais; ora essa cena está inteiramente a condenado. A coroa , qu foi pou ada ao de leve
cargo dos agentes de Pilatos. para não picar os dedos d qu m a coloca, é em�
Jesus talvez fosse flagelado cá fora, no lithos� purrada para baixo à pancada; esbofeteia�se aque
la
tratos, diante do tribunal (�po oroõ ��tJ.(Xto<:); de qual� soberania irrisória que não se defende; cospe�se

quer maneira, foi numa sala exterior, e, enquanto �lhe no rosto, e cada qual, desfilando diante da
se julga que está a envergar de novo as suas ves� vítima, procura e encontra uma zombaria inédita,
tes, os soldados que têm a seu cargo a execução, uma variante cruel. « Vinham ter com ele e diziam:
apoderam�se dele, levam�no ao «pretório», quer Salvé, rei dos Judeus!» (João, XIX, 3); «Curvav
am
dizer, neste caso, a um pátio interior, onde toda os joelhos diante dele e adoravam�no». (Marc.,
XI,
a coorte se reúne como para assistir a um espec� 18), refinando as irónicas homenagens com pan�
táculo. cada e escarros.

14
208 209
saltar em pedaços; os esp to. ue furam e abrem Aquele condenado intitula�s • t' l? Muito
bem!
caminho até aos ossos,
· - L que a sábia lei v llllOS oferecer�lhe as supremas in. uni'
·. Despe�
romana guardava para os SCI' IV s como prefácio • uma clâmide, que é arremes 1 I 1 obre , os
à mais horrível das mortes qm· poderia encon� mbros a sang rarem : será a púrpura J.' 1l.
•ntre
.
trar, morte cujas fases já, por I 1 I' prias, incluíam a lenha para fogu eiras, avista�se uma
hu. t • m
uma requintada gradação de torl'lll' '·. espinhos, que é entrançada em diadema,
p d
Treino doloroso, prolong<urt 'lllt n ssado e ser que , naqúela estação, se os espinhos esta
vam
no futuro de um di mnrt 1'1 ) , I' I u organi� floridos- assim pensa Calmet - fosse arranjad
1
zada e cal ul dn •v ·I 1 ·
, tdo isto de maneira a imitar as coroas festivas; nesse caso
,
não s da boHtnnt ·7 1 ·unj tm ma�
• aqui temos nós um rei irradiando glória e júbilo
.. .
neira de tudo in 1 v r mais longe; à dor, por Escolhe�se um frag mento de cana que fará
de
assim dizer, obrigatória, juntam um contrapeso, e cetra, uma vez entalado nas mãos acorrentadas
ou
a sua ferocidade é tão implacável que, perante a recebido pela passiva mão direita . . . Não se mete
,
vítima ofegante, ainda têm a coragem da zombaria. sem resistência, um crucifixo entre as mãos de um
A cena da casa da guarda está bem presente; morto?
Jesus revê�a e vive�a ainda no meio das suas tor� Depois, é rir, ao m sm t mpo que se bate no
turas mortais; ora essa cena está inteiramente a condenado. A coroa , qu foi pou ada ao de leve
cargo dos agentes de Pilatos. para não picar os dedos d qu m a coloca, é em�
Jesus talvez fosse flagelado cá fora, no lithos� purrada para baixo à pancada; esbofeteia�se aque
la
tratos, diante do tribunal (�po oroõ ��tJ.(Xto<:); de qual� soberania irrisória que não se defende; cospe�se

quer maneira, foi numa sala exterior, e, enquanto �lhe no rosto, e cada qual, desfilando diante da
se julga que está a envergar de novo as suas ves� vítima, procura e encontra uma zombaria inédita,
tes, os soldados que têm a seu cargo a execução, uma variante cruel. « Vinham ter com ele e diziam:
apoderam�se dele, levam�no ao «pretório», quer Salvé, rei dos Judeus!» (João, XIX, 3); «Curvav
am
dizer, neste caso, a um pátio interior, onde toda os joelhos diante dele e adoravam�no». (Marc.,
XI,
a coorte se reúne como para assistir a um espec� 18), refinando as irónicas homenagens com pan�
táculo. cada e escarros.

14
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Tem�se alegado que est . ultrajes régios infli� lt 111f rmar em irrisão. Têm 11' I q 11 m lhe diz:
gidos a um condenado ,. 1 111 uma tradição no l,ur é pre ciso que te aliviem, ' f'l,
r i dos
Oriente; citam�se exemplo�;, n 1 érsia e na pró� lu I us 1 Porque não faze s, para Js. t
, �·on1 para
pria Palestina; quis ver�se n ·lt um rito: have� 1 lutlibertação, uso do teu poder! ? (Lu . , XIII,
ria, se assim o querem, umn 11 nu nte, mas, já . 5).
Acentuemos, todavia, que a irrisão, n t· 'IHlO
,
não falando em quanto a últ l m 1 IIJ'l sição tem de n o parece excluir todo o sent
imento de hum ml­
pouco sério, ainda fica. . 11 fi ·I 111 J ra não se dade; simplesmente, o diminui e, pela sua
encontrar man ira d qulllfl · , . I o I r·bnro entu�
,
banaJl ...
dad e, constra nge penosamente , em nós, qua
,
siasmo, qu f, z I r n 1 lo 1 t ' · 1· 1'1 11111 I I s mais lquer
respeito.
revolt nt d ] \I . O suplício da sede era, para os crucificados
Quando s eh o suplicio final. já é inútil ,
um dos mais horríveis, e os soldados sabi
os soldados inventarem crueldades, porque a ope� am�no.
' Tinham ali de que beber. No Oriente, qua
ração é, por si só, suficientemente atroz, mas, lquer
instalação implica ter perto o vaso especialm
apesar disso, a zombaria não pára. «Os soldados ente
reservado para refrescar a águ a; a permanê
ncia no
também zombavam dele, dizendo: Visto que és o Calvário devia prolongar�se por bastante
tempo e
rei dos Judeus, salva�tel» (Luc., XXIII, 36). as trovoadas da estação sucediam�se. Além
A ideia de realeza foi, evidentemente, a que disso,
São João diz�nos que havia ali «um vaso
cheio de
mais impressionou aqueles miseráveis; em Jesus, vinagre», isto é, de água acidulada, a pos
ca romana,
vêem apenas um pretencioso vencido, um cama� e o vaso estava, sem dúvida, tapado na boca
rada que pretendeu sair das fileiras e que eles se ou
nalgum orifício, pela esponja que vai ser utili
regozijam em empurrar para o lugar que lhe com� zada.
Quando o Salvador confessa o seu sofrimen
pete. A populaça tem destes sentimentos; a baixa to
e parece pedir que o atenuem, dizendo:
« Tenho
igualdade é sua ideia fixa. «Quem quer que se sede!», os soldados não se neg am a part
ilhar com
eleve, será rebaixado» - sentença que aplica à ele, mas, ao mesmo tempo, acham aquilo
sua maneira. engra�
çado: «Qu e se dê de beber ao rei dos Jud
Até mesmo o lenitivo que concede à vítima, eus !»
E escarnecem�no abertamente, como se foss
dando�lhe de beber, aquela gente brutal consegue e caso
para isso.

210
2l l
Tem�se alegado que est . ultrajes régios infli� lt 111f rmar em irrisão. Têm 11' I q 11 m lhe diz:
gidos a um condenado ,. 1 111 uma tradição no l,ur é pre ciso que te aliviem, ' f'l,
r i dos
Oriente; citam�se exemplo�;, n 1 érsia e na pró� lu I us 1 Porque não faze s, para Js. t
, �·on1 para
pria Palestina; quis ver�se n ·lt um rito: have� 1 lutlibertação, uso do teu poder! ? (Lu . , XIII,
ria, se assim o querem, umn 11 nu nte, mas, já . 5).
Acentuemos, todavia, que a irrisão, n t· 'IHlO
,
não falando em quanto a últ l m 1 IIJ'l sição tem de n o parece excluir todo o sent
imento de hum ml­
pouco sério, ainda fica. . 11 fi ·I 111 J ra não se dade; simplesmente, o diminui e, pela sua
encontrar man ira d qulllfl · , . I o I r·bnro entu�
,
banaJl ...
dad e, constra nge penosamente , em nós, qua
,
siasmo, qu f, z I r n 1 lo 1 t ' · 1· 1'1 11111 I I s mais lquer
respeito.
revolt nt d ] \I . O suplício da sede era, para os crucificados
Quando s eh o suplicio final. já é inútil ,
um dos mais horríveis, e os soldados sabi
os soldados inventarem crueldades, porque a ope� am�no.
' Tinham ali de que beber. No Oriente, qua
ração é, por si só, suficientemente atroz, mas, lquer
instalação implica ter perto o vaso especialm
apesar disso, a zombaria não pára. «Os soldados ente
reservado para refrescar a águ a; a permanê
ncia no
também zombavam dele, dizendo: Visto que és o Calvário devia prolongar�se por bastante
tempo e
rei dos Judeus, salva�tel» (Luc., XXIII, 36). as trovoadas da estação sucediam�se. Além
A ideia de realeza foi, evidentemente, a que disso,
São João diz�nos que havia ali «um vaso
cheio de
mais impressionou aqueles miseráveis; em Jesus, vinagre», isto é, de água acidulada, a pos
ca romana,
vêem apenas um pretencioso vencido, um cama� e o vaso estava, sem dúvida, tapado na boca
rada que pretendeu sair das fileiras e que eles se ou
nalgum orifício, pela esponja que vai ser utili
regozijam em empurrar para o lugar que lhe com� zada.
Quando o Salvador confessa o seu sofrimen
pete. A populaça tem destes sentimentos; a baixa to
e parece pedir que o atenuem, dizendo:
« Tenho
igualdade é sua ideia fixa. «Quem quer que se sede!», os soldados não se neg am a part
ilhar com
eleve, será rebaixado» - sentença que aplica à ele, mas, ao mesmo tempo, acham aquilo
sua maneira. engra�
çado: «Qu e se dê de beber ao rei dos Jud
Até mesmo o lenitivo que concede à vítima, eus !»
E escarnecem�no abertamente, como se foss
dando�lhe de beber, aquela gente brutal consegue e caso
para isso.

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2l l
Um incidente vem redupli r as risadas. Jesus xai, vós próprios, e vamo.� 1 11 '1', < m feito, se
acaba de lançar o clamor t•· 'Hi o: «Meu Deus, Elias virá fazê�lo des r. (M11n.. ·v, 1 ') , como
meu Deus, porque me aba.nd tlll.'�f ?», o que, em se dissesse : É pr Jso q11 · I���� l nh t I' m po para


arameu, se diz: «Eli, Eli, lamm 1 Jlmchtani?» Ora vir! Prolongu moH 1 v d t to p td • .,
nl tllvlondo

os judeus ali presentes, emb m ·onh cendo muito o seu sofrim nl·o.
bem o significado destas palavl' 1, pt. são as pri� Sel'in I' 1 1v I Htq c u s J I. d f 1 .
meiras de um salmo (Salm Xll, I ) "fingem crer assim p J.' hunw n re p ito ou por necessidad · im�
que Jesus chama lios. posta pela situação, e que, no fundo, está comovido
Não p d t' nH 1 110 involttlll' tl'i �. pt •· JU Elias
• e quer praticar uma boa acção sem irritar os cama�
diz�s /;, Liah n• o JW u h'L >i, m IH u • -lhes radas. Dois dos Evangelistas mostram�no correndo
oportuno fazer um tro adil ho, porque Elias, se� para ser prestável : o zelo corre; a ironia prefere
gundo as crenças judaicas, devia ser o precursor do poupar�se a fadigas. Se aquele soldado fosse uma
Messias, e aqueles que a este último atribuíam espécie de bom ladrão menos livre em palavras,
princípio de vida modesto e sofredor, pensavam ou, dalgum modo, um pobre diabo enternecido pelo
que Elias o ergueria de tal condição e faria brilhar espectáculo de tanto sofrimento, compreender�
a sua glória. Bela ironia a de dizer: «Vede! Este �se�ia que o doce Crucificado lhe fosse benigno.
Messias em transe aflitivo chama Elias em seu Jesu s, pronto a saborear a menor parcela de bon�
socorro; Elias virá sem dúvida!» dade, bebe então da esponja, com uma espécie de
'É por isso que os soldados, que ouvem e, tal� alegria, que vale como recompensa.
vez por serem originários da região, estão ao cor�
rente do caso, cooperam na graçola, e àquele que
agarra na esponja embebida em posca e a coloca O último acto dos soldados, antes da morte do
numa cana para humedecer os lábios ardentes, Mestre, é a partilha de suas vestes. Não se trata de
gritam: «Deixa, deixa, vejamos se vem Elias nova ofensa; era um reconhecido direito sobre o
livrá�lof» (Mat., XXVII, 49). espólio. Um rescrito de Adriano regulamentou�o
O outro, fazendo coro aparentemente, mas um pouco mais tarde, dispondo que só se consi�
vendo as coisas doutra maneira, responde: «Dei� derariam como espólio legítimo as vestes do con�

212
2 13
Um incidente vem redupli r as risadas. Jesus xai, vós próprios, e vamo.� 1 11 '1', < m feito, se
acaba de lançar o clamor t•· 'Hi o: «Meu Deus, Elias virá fazê�lo des r. (M11n.. ·v, 1 ') , como
meu Deus, porque me aba.nd tlll.'�f ?», o que, em se dissesse : É pr Jso q11 · I���� l nh t I' m po para


arameu, se diz: «Eli, Eli, lamm 1 Jlmchtani?» Ora vir! Prolongu moH 1 v d t to p td • .,
nl tllvlondo

os judeus ali presentes, emb m ·onh cendo muito o seu sofrim nl·o.
bem o significado destas palavl' 1, pt. são as pri� Sel'in I' 1 1v I Htq c u s J I. d f 1 .
meiras de um salmo (Salm Xll, I ) "fingem crer assim p J.' hunw n re p ito ou por necessidad · im�
que Jesus chama lios. posta pela situação, e que, no fundo, está comovido
Não p d t' nH 1 110 involttlll' tl'i �. pt •· JU Elias
• e quer praticar uma boa acção sem irritar os cama�
diz�s /;, Liah n• o JW u h'L >i, m IH u • -lhes radas. Dois dos Evangelistas mostram�no correndo
oportuno fazer um tro adil ho, porque Elias, se� para ser prestável : o zelo corre; a ironia prefere
gundo as crenças judaicas, devia ser o precursor do poupar�se a fadigas. Se aquele soldado fosse uma
Messias, e aqueles que a este último atribuíam espécie de bom ladrão menos livre em palavras,
princípio de vida modesto e sofredor, pensavam ou, dalgum modo, um pobre diabo enternecido pelo
que Elias o ergueria de tal condição e faria brilhar espectáculo de tanto sofrimento, compreender�
a sua glória. Bela ironia a de dizer: «Vede! Este �se�ia que o doce Crucificado lhe fosse benigno.
Messias em transe aflitivo chama Elias em seu Jesu s, pronto a saborear a menor parcela de bon�
socorro; Elias virá sem dúvida!» dade, bebe então da esponja, com uma espécie de
'É por isso que os soldados, que ouvem e, tal� alegria, que vale como recompensa.
vez por serem originários da região, estão ao cor�
rente do caso, cooperam na graçola, e àquele que
agarra na esponja embebida em posca e a coloca O último acto dos soldados, antes da morte do
numa cana para humedecer os lábios ardentes, Mestre, é a partilha de suas vestes. Não se trata de
gritam: «Deixa, deixa, vejamos se vem Elias nova ofensa; era um reconhecido direito sobre o
livrá�lof» (Mat., XXVII, 49). espólio. Um rescrito de Adriano regulamentou�o
O outro, fazendo coro aparentemente, mas um pouco mais tarde, dispondo que só se consi�
vendo as coisas doutra maneira, responde: «Dei� derariam como espólio legítimo as vestes do con�

212
2 13
denado, os pequenos obje t . dinheiro miúdo lhes estará grato por tet:rm n mundo,
que trouxesse consigo no m m nto da prisão, mas melhor ainda que Ver nl· 1, 11 1 1 1 1 lttii\J m ue ja·
não as jóias preciosas ou um lut·o bem carregado mais se esquecerá?
de moedas. EccE HoM I UI. o /Iom m/ A qu 1 1 1
Estremecemos ao pensar u • 1 Jll les homens nós devend 111 I• h 111 m 1 u ·
·

grosseiros vão vestir o que v I 11 11111 1 arne ado­ e nosso it:m mi I l 1 Jo · M 111 ·lt ·J \8
rável; tal conspurcação r v ltn-no m lS aqueles
, e dn 1' 1 z conquistad pelo mor? Um t 1
miseráveis soldados n� p I •m ·on d t' lJ'• e res· imagem parece ter sido mais desenhada pelo Anjo
ponsáveis, , g J'O Jl1llH I qu nll ll 1, " 1 st�bem
· • da Paixão do que por soldados brutais; a piedade
o que fnz m». de todos os tempos gravou--a no fundo das almas;
a arte, mesmo a mais profana, não se cansa de
contemplá-la e glorificá-la, e virá a acontecer
Estas palavras pronunciadas na cruz, e que que a impressão de sublimidade será tão forte
voltam a ocorrer-nos, parecem exprimir perfeita· que desvanece o horror. Em São Marcos, sob o
mente os sentimentos do divino Crucificado em re· pincel de Angélico, o «Cristo dos ultrajes» já só
lação aos esbirros. Ele não os amaldiçoa; estão na tem um caráctet régio, os algozes, uma atitude de
sua frente como os instrumentos da sua Paixão, servos de um rito grandioso; tudo se apresenta
como os martelos, os cravos e as cordas, só com como regulamentado por Deus e os homens parece
a diferença de terem uma alma e de ele amar essa só intervirem a título de assessores da Providência.
alma.
Sem os considerar inocentes, a santa necessi·
dade da sua morte protege, aos olhos de Jesus, os * *

seus executores; vê-os ao abrigo da vontade do


Pai. Pouco faltou para quase lhes agradecer A multidão presente, que é numerosa, obriga
terem-no assim levantado da terra para que tudo às distinções que já fizemos. Agora só nos ocupa·
atraia a si. .E. quanto ao que foi mera iniciativa remos da parte hostil, a que, como sempre, predo­
deles, na casa da guarda da Torre Antónia, não mina, uma vez que tenha a consciência da sua im--

214 215
denado, os pequenos obje t . dinheiro miúdo lhes estará grato por tet:rm n mundo,
que trouxesse consigo no m m nto da prisão, mas melhor ainda que Ver nl· 1, 11 1 1 1 1 lttii\J m ue ja·
não as jóias preciosas ou um lut·o bem carregado mais se esquecerá?
de moedas. EccE HoM I UI. o /Iom m/ A qu 1 1 1
Estremecemos ao pensar u • 1 Jll les homens nós devend 111 I• h 111 m 1 u ·
·

grosseiros vão vestir o que v I 11 11111 1 arne ado­ e nosso it:m mi I l 1 Jo · M 111 ·lt ·J \8
rável; tal conspurcação r v ltn-no m lS aqueles
, e dn 1' 1 z conquistad pelo mor? Um t 1
miseráveis soldados n� p I •m ·on d t' lJ'• e res· imagem parece ter sido mais desenhada pelo Anjo
ponsáveis, , g J'O Jl1llH I qu nll ll 1, " 1 st�bem
· • da Paixão do que por soldados brutais; a piedade
o que fnz m». de todos os tempos gravou--a no fundo das almas;
a arte, mesmo a mais profana, não se cansa de
contemplá-la e glorificá-la, e virá a acontecer
Estas palavras pronunciadas na cruz, e que que a impressão de sublimidade será tão forte
voltam a ocorrer-nos, parecem exprimir perfeita· que desvanece o horror. Em São Marcos, sob o
mente os sentimentos do divino Crucificado em re· pincel de Angélico, o «Cristo dos ultrajes» já só
lação aos esbirros. Ele não os amaldiçoa; estão na tem um caráctet régio, os algozes, uma atitude de
sua frente como os instrumentos da sua Paixão, servos de um rito grandioso; tudo se apresenta
como os martelos, os cravos e as cordas, só com como regulamentado por Deus e os homens parece
a diferença de terem uma alma e de ele amar essa só intervirem a título de assessores da Providência.
alma.
Sem os considerar inocentes, a santa necessi·
dade da sua morte protege, aos olhos de Jesus, os * *

seus executores; vê-os ao abrigo da vontade do


Pai. Pouco faltou para quase lhes agradecer A multidão presente, que é numerosa, obriga
terem-no assim levantado da terra para que tudo às distinções que já fizemos. Agora só nos ocupa·
atraia a si. .E. quanto ao que foi mera iniciativa remos da parte hostil, a que, como sempre, predo­
deles, na casa da guarda da Torre Antónia, não mina, uma vez que tenha a consciência da sua im--

214 215
.
portância numérica e que o. •us condutores lhe publicar o ano de graça do nhor e o dia da
imponham a palavra de senh1. retribuição». (Luc., IV, I )"'H)).
O indrível está em que s I nh podido amo� Este programa su.c; it 11' 1 v VI ·ntusiasmo. 'É ver�
tinar contra Jesus tanta gente qtt , toda, e por dade que certas rn. III' 1 I 1 I lnh 1m causado me�
lindres, e qu J 1 ti L ·11 I t't o 11 , J sus conhecera
variadas razões, devia ser sua r 1 I'(• I I ria. Dele só
tinha recebido benefícios; a suo p ti 1vr.o desper� o hum ,. ln n. ( ln(·· d ·. I nwn I< ; mas, de uma
tara�lhe o entorpecido ora fio; 1 11 1 b ndade
m n Jn.l g rnJ, f J.' b m , lhl I J ·l1. multidões.
.

Não divisava, nos seus ouvint ' , ntimentos


·

conquistara�a; os s us milnnr ·� 111 "' IVllhnt· m�na;


hostis, embora pudesse queixar�se da sua inercia
a sua oposl fi nl't'1 o. 1h11. o. < 1 o lf 1 n ntrar
e incredulidade, do seu egoísmo e exigências. Mui�
. .
nela cumpli !d d . . 1\.s u 1s r•· pdns pr m s as
tas vezes fora aclamado; quiseram fazê�lo rei;
de felicidade não lisonjeavam os sonhos até mesmo fora recebido e festejado com reconhecimento...
daqueles que delas nada acreditavam? E, nestes últimos dias, após o milagre do Laza�
Onde procurar um agravo? Se se compreen� rion, não parecia que o paroxismo desse amor fora
·
dem da parte dos chefes, os anátemas, estes, atingido?
quando proferidos pela multidão, confinam com o «Um grande prof ta surgiu n m io de nósi­
mistério. Por isso, levam bastante tempo a paten� Deus visitou 01 seu povo! - _, l f z b m todas as
tear�se e necessitam, para se evidenciar, de um coisas!- Nenhum hom m jamais falou como este
súbito concurso de circunstâncias. homem!- É Elias, é foão�Baptista ressuscitado ou
No início do seu ministério, na sinagoga de um dos profetas!- É o Messias: Hosana ao Filho
Nazaré , Jesus dissera, aplicando a si próprio as de David! Bendito O que vem em nome do Se�
palavras do profeta: «0 Espírito do Senhor repou� nhorf» Tais são os gritos com que o saudam.
sou sobre mim; consagrou�me coni 81 sua acção e No próprio decurso da Paixão, em casa de
enviou�me para evangelizar os pobres, sarar os Pilatos, a multidão, ao princípio, não parece ma�
que têm o coração despedaçado, anunciar aos cati� lévola. Os príncipes dos sacerdotes não a chama�
vos a redenção, aos cegos a recuperação da vista, ram ali e até a dispensariam bem! Sem Judas e a
restituir a liberdade aos que os ferros esmagam, oportunidade que este proporciona, teriam retar�
.
portância numérica e que o. •us condutores lhe publicar o ano de graça do nhor e o dia da
imponham a palavra de senh1. retribuição». (Luc., IV, I )"'H)).
O indrível está em que s I nh podido amo� Este programa su.c; it 11' 1 v VI ·ntusiasmo. 'É ver�
tinar contra Jesus tanta gente qtt , toda, e por dade que certas rn. III' 1 I 1 I lnh 1m causado me�
lindres, e qu J 1 ti L ·11 I t't o 11 , J sus conhecera
variadas razões, devia ser sua r 1 I'(• I I ria. Dele só
tinha recebido benefícios; a suo p ti 1vr.o desper� o hum ,. ln n. ( ln(·· d ·. I nwn I< ; mas, de uma
tara�lhe o entorpecido ora fio; 1 11 1 b ndade
m n Jn.l g rnJ, f J.' b m , lhl I J ·l1. multidões.
.

Não divisava, nos seus ouvint ' , ntimentos


·

conquistara�a; os s us milnnr ·� 111 "' IVllhnt· m�na;


hostis, embora pudesse queixar�se da sua inercia
a sua oposl fi nl't'1 o. 1h11. o. < 1 o lf 1 n ntrar
e incredulidade, do seu egoísmo e exigências. Mui�
. .
nela cumpli !d d . . 1\.s u 1s r•· pdns pr m s as
tas vezes fora aclamado; quiseram fazê�lo rei;
de felicidade não lisonjeavam os sonhos até mesmo fora recebido e festejado com reconhecimento...
daqueles que delas nada acreditavam? E, nestes últimos dias, após o milagre do Laza�
Onde procurar um agravo? Se se compreen� rion, não parecia que o paroxismo desse amor fora
·
dem da parte dos chefes, os anátemas, estes, atingido?
quando proferidos pela multidão, confinam com o «Um grande prof ta surgiu n m io de nósi­
mistério. Por isso, levam bastante tempo a paten� Deus visitou 01 seu povo! - _, l f z b m todas as
tear�se e necessitam, para se evidenciar, de um coisas!- Nenhum hom m jamais falou como este
súbito concurso de circunstâncias. homem!- É Elias, é foão�Baptista ressuscitado ou
No início do seu ministério, na sinagoga de um dos profetas!- É o Messias: Hosana ao Filho
Nazaré , Jesus dissera, aplicando a si próprio as de David! Bendito O que vem em nome do Se�
palavras do profeta: «0 Espírito do Senhor repou� nhorf» Tais são os gritos com que o saudam.
sou sobre mim; consagrou�me coni 81 sua acção e No próprio decurso da Paixão, em casa de
enviou�me para evangelizar os pobres, sarar os Pilatos, a multidão, ao princípio, não parece ma�
que têm o coração despedaçado, anunciar aos cati� lévola. Os príncipes dos sacerdotes não a chama�
vos a redenção, aos cegos a recuperação da vista, ram ali e até a dispensariam bem! Sem Judas e a
restituir a liberdade aos que os ferros esmagam, oportunidade que este proporciona, teriam retar�
dado, para evitar aquela aflu n ia, a satisfação do Esse rei, sempre! Ess r I 11 ·um ido; esse rei
seu ódio. «Não no dia da j st 1, tlziam, com receio cuja posição é ainda mais rldf · ul t I( Jll t'U l; esse
de que um tumulto ocorress •tlfl' o povo». (Mat., Messias acorrentado p •r• tnl 111 1 1 IH'CU'III'' I .r ro­

XXVI, 5). mano! Tudo indi n ql i 1 pll t' I I ) 1 mi n vrãl�


A multidão compareceu por J' 1 z s que só a gico da qu stii , t l llho d t lttt'h 1 J t' u·IH 1, l tl (' m
ela respeitam; a libertação de um II'IV �. naquele
· entusiflsmn l1, ll1 pou ·o h·. H tlll' , , ti úbit ,
dia, um direito seu, que reivin li· 1, T lvez pen� tr n f J.'lllll I 1 m m r n o p 1 .d h o til.
sasse em Barrabás, m. s tnlv z t· uuh 11\ p nsasse As multidões não gostam de desilusão: quem
em Jesus, o int cvi 111 mo 1 I mp ), n t d cisão
·, •
lha inflinge pode passar, num momento, da cate�
do tribunaL (M ... , XV, l l .. J ) . goria de herói nacional a nada e a menos que nada:
lnfellzm nt p ra a sua scolha ou para a sua as simpatias dão uma reviravolta. Muitas e retum�
constância, os dirigentes interpõem�se; têm tempo bantes quedas, na história, outra explicação não
para isso, porque é o momento em que ocorre o têm.
episódio provocado pela mulher do procurador. lmagine�se agora a que ponto, segundo as
A troca de explicações entre os esposos deve ter�se ideias judaicas, é descoroçoante a situação de Jesus
prolongado e era natural que, nesse meio tempo, diante de Pilatos, isto sem falar do contrapeso de
se deixasse aos reclamantes um meio de chegarem acusações a que a multidão dá crédito! O Liber�
a acordo sobre as suas preferências. tador do povo santo comparecendo como sedicioso
Pilatos acaba de propor a opção: «Qual dos e não podendo libertar�se de tal vergonha, é já,
dois quereis que vos entregue?» (Mat., XXVII, 15) antecipadamente, escândalo da cruz, e compreen�
e manifestou o seu pensamento, dizendo: «Quereis de�se que alguns desvairados concluam: Que a
que vos entregue o rei dos Judeus?» Abandonados sua sorte se cumpra!
_
a si próprios, os Judeus responderiam sim, mas os O desencantamento passa, agora, a despeito,
príncipes dos sacerdotes influenciam�nos: os seus o despeito passa a cólera, e, pouco a pouco, sob
pontífices têm poder sobre eles, apesar de se quei� o incitamento de chefes pérfidos, sobe�se à exas�
xarem. Além disso, Pilatos acaba de os excitar, peração. A palavra cruz foi pronunciada: logo a
I I por duas vezes zombando do «seu rei». põem em relevo. A pena da crucificação tantas

2 18 2 19
dado, para evitar aquela aflu n ia, a satisfação do Esse rei, sempre! Ess r I 11 ·um ido; esse rei
seu ódio. «Não no dia da j st 1, tlziam, com receio cuja posição é ainda mais rldf · ul t I( Jll t'U l; esse
de que um tumulto ocorress •tlfl' o povo». (Mat., Messias acorrentado p •r• tnl 111 1 1 IH'CU'III'' I .r ro­

XXVI, 5). mano! Tudo indi n ql i 1 pll t' I I ) 1 mi n vrãl�


A multidão compareceu por J' 1 z s que só a gico da qu stii , t l llho d t lttt'h 1 J t' u·IH 1, l tl (' m
ela respeitam; a libertação de um II'IV �. naquele
· entusiflsmn l1, ll1 pou ·o h·. H tlll' , , ti úbit ,
dia, um direito seu, que reivin li· 1, T lvez pen� tr n f J.'lllll I 1 m m r n o p 1 .d h o til.
sasse em Barrabás, m. s tnlv z t· uuh 11\ p nsasse As multidões não gostam de desilusão: quem
em Jesus, o int cvi 111 mo 1 I mp ), n t d cisão
·, •
lha inflinge pode passar, num momento, da cate�
do tribunaL (M ... , XV, l l .. J ) . goria de herói nacional a nada e a menos que nada:
lnfellzm nt p ra a sua scolha ou para a sua as simpatias dão uma reviravolta. Muitas e retum�
constância, os dirigentes interpõem�se; têm tempo bantes quedas, na história, outra explicação não
para isso, porque é o momento em que ocorre o têm.
episódio provocado pela mulher do procurador. lmagine�se agora a que ponto, segundo as
A troca de explicações entre os esposos deve ter�se ideias judaicas, é descoroçoante a situação de Jesus
prolongado e era natural que, nesse meio tempo, diante de Pilatos, isto sem falar do contrapeso de
se deixasse aos reclamantes um meio de chegarem acusações a que a multidão dá crédito! O Liber�
a acordo sobre as suas preferências. tador do povo santo comparecendo como sedicioso
Pilatos acaba de propor a opção: «Qual dos e não podendo libertar�se de tal vergonha, é já,
dois quereis que vos entregue?» (Mat., XXVII, 15) antecipadamente, escândalo da cruz, e compreen�
e manifestou o seu pensamento, dizendo: «Quereis de�se que alguns desvairados concluam: Que a
que vos entregue o rei dos Judeus?» Abandonados sua sorte se cumpra!
_
a si próprios, os Judeus responderiam sim, mas os O desencantamento passa, agora, a despeito,
príncipes dos sacerdotes influenciam�nos: os seus o despeito passa a cólera, e, pouco a pouco, sob
pontífices têm poder sobre eles, apesar de se quei� o incitamento de chefes pérfidos, sobe�se à exas�
xarem. Além disso, Pilatos acaba de os excitar, peração. A palavra cruz foi pronunciada: logo a
I I por duas vezes zombando do «seu rei». põem em relevo. A pena da crucificação tantas

2 18 2 19
vezes recaiu sobre judeus, qu se espantam das recebe�o e não sabe reconhl t lo; Aqu I que deve
hesitações do procurador. Um 1 vez que põem de vir, veio, e torna a partir C'OIII te dn c , u bens.
lado J esus, este passa a não . 1'1' mais que um agi� A sua nação repel �o, 111 11 1 o, 1 11l 1 o: mesmo
reduzido à condlç o d1• t' 1 l 1 v 1', o n q11 I' 1 1r lá
tador e um inimigo do lmpérl< .ue quereis que
eu faça dele?» pergunta Pilatos. que fizestes dos seus mur: .. l!nqu 11110 l1• lllOI'I' , ,.1 1 t· 1 pr ..

de tantos outros! «Crucificai /, ..


sente pnr 1 l • ( II'IH • I'
' J n. ult 1 r
. Jll n
Assim completada a r vln t voll 1 , o gosto do compflr · r uu ·�·i t � 1 ng , n s t rr das
sangue faz sentir suo l n lwillllt· fol'\lll um fré� casas, agitando os braços e soltando gritos como
mito d r:u I ln I< dr<·ul 1; •
1 11 w 1. JWrguntas nos seus dias de júbilo ou de cólera, e J esus vê,
qu lh dirl J m I jl' '1,; s qu • lh • faz m, por cima dos muros que a sua cruz domina, esses
a multid , já f r d
N i, 6 dá uma resposta infiéis à sua ternura, esses inimigos distantes.
cada vez mais violenta: «Crucificai�ol Crucifi� Quando o cortejo pas�ou a porta de Efraim, os
cai�ol» Chega mesmo a englobar na sua recla� que ali estacionavam desde o atraente aviso do
mação e na sua responsabilidade não só ela pró� pretório, os que tinham ouvido pronunciar ou repe�
pria mas todo o povo (o .{aóC) e não só a geração tir a fórmula legal: « Vai, lictor, prepara a cruz!»
presente mas a sua posteridade: «Que o seu san� devem ter irrompido outra vez em ruidosas mani�
gue recaia sobre nós e sobre os n ossos filhos!» festações. J á não g�itavam os seus desejos ou exi�
Obedecer�se�á a este grito, mas que tristeza gências, mas o seu furor. O cruel regozijo daquele
para Aquele que pretendeu unir esse povo ingrato dia perturbava toda a razão; a palavra cruz estava
«como a galinha junta os pintainhos sob as asas!» em todas as bocas, tal como as palavras sangue
Odeiam�no e arremessam�lhe blasfémias, a ele, e morte, misturando�se com as palavras Galileu,
que se apresentou como um mensageiro de felici� rabi, profeta, Messias, proferidas entre risadas.
dade. Se alguns o acusam de não ter trazido senão Exalaram�se todas as ferocidades latentes no
quimeras, estas eram, pelo menos, quimeras de in� coração; a espuma das almas espalhou�se, e aquela
teira bondade: e, agora, respondem�lhe evocando antecipada delegação da judiaria secular, dos con�
os sonhos da morte. traditores e dos rancorosos de to�as as épocas, já
Aquele povo, que durante séculos o esperou, mais não era que um brado de satânica alegria.

220 221

/
i
vezes recaiu sobre judeus, qu se espantam das recebe�o e não sabe reconhl t lo; Aqu I que deve
hesitações do procurador. Um 1 vez que põem de vir, veio, e torna a partir C'OIII te dn c , u bens.
lado J esus, este passa a não . 1'1' mais que um agi� A sua nação repel �o, 111 11 1 o, 1 11l 1 o: mesmo
reduzido à condlç o d1• t' 1 l 1 v 1', o n q11 I' 1 1r lá
tador e um inimigo do lmpérl< .ue quereis que
eu faça dele?» pergunta Pilatos. que fizestes dos seus mur: .. l!nqu 11110 l1• lllOI'I' , ,.1 1 t· 1 pr ..

de tantos outros! «Crucificai /, ..


sente pnr 1 l • ( II'IH • I'
' J n. ult 1 r
. Jll n
Assim completada a r vln t voll 1 , o gosto do compflr · r uu ·�·i t � 1 ng , n s t rr das
sangue faz sentir suo l n lwillllt· fol'\lll um fré� casas, agitando os braços e soltando gritos como
mito d r:u I ln I< dr<·ul 1; •
1 11 w 1. JWrguntas nos seus dias de júbilo ou de cólera, e J esus vê,
qu lh dirl J m I jl' '1,; s qu • lh • faz m, por cima dos muros que a sua cruz domina, esses
a multid , já f r d
N i, 6 dá uma resposta infiéis à sua ternura, esses inimigos distantes.
cada vez mais violenta: «Crucificai�ol Crucifi� Quando o cortejo pas�ou a porta de Efraim, os
cai�ol» Chega mesmo a englobar na sua recla� que ali estacionavam desde o atraente aviso do
mação e na sua responsabilidade não só ela pró� pretório, os que tinham ouvido pronunciar ou repe�
pria mas todo o povo (o .{aóC) e não só a geração tir a fórmula legal: « Vai, lictor, prepara a cruz!»
presente mas a sua posteridade: «Que o seu san� devem ter irrompido outra vez em ruidosas mani�
gue recaia sobre nós e sobre os n ossos filhos!» festações. J á não g�itavam os seus desejos ou exi�
Obedecer�se�á a este grito, mas que tristeza gências, mas o seu furor. O cruel regozijo daquele
para Aquele que pretendeu unir esse povo ingrato dia perturbava toda a razão; a palavra cruz estava
«como a galinha junta os pintainhos sob as asas!» em todas as bocas, tal como as palavras sangue
Odeiam�no e arremessam�lhe blasfémias, a ele, e morte, misturando�se com as palavras Galileu,
que se apresentou como um mensageiro de felici� rabi, profeta, Messias, proferidas entre risadas.
dade. Se alguns o acusam de não ter trazido senão Exalaram�se todas as ferocidades latentes no
quimeras, estas eram, pelo menos, quimeras de in� coração; a espuma das almas espalhou�se, e aquela
teira bondade: e, agora, respondem�lhe evocando antecipada delegação da judiaria secular, dos con�
os sonhos da morte. traditores e dos rancorosos de to�as as épocas, já
Aquele povo, que durante séculos o esperou, mais não era que um brado de satânica alegria.

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/
i
As trevas e outros in 11., dentro em pouco, eram desafiados, do ímp to uma imaginação
extinguirão tal delírio; um fr mito de temor cor� seduzida pelos seus própl'l l Hlho , d que de
rerá; os corações sentir� �. primidos. Os que uma íntima adesão.
aclamam a morte baterão no 1 lt .. . Ainda será Aquele povo f l d . lt1111 l a· 1 I ), 11 t • IHJIIl t do;
. foi desiludid lt. 11 1 J t' 1111.,; 1, 11'11 11 , m e

a multidão, com a sua emotlvd 1d suas pueris
reviravoltas. Mas perman 1 lu vida adaptar n li 1 l qu · v nb 1 ui, tltu -lt .. J u ,

saber como a transformaç5 v •l'lfl·1 I Me si p llti , p · motor d gl ri , d isp nso d r


apesar de tudo, pos ivrl. /\, · 1 11 1c.;

de benefícios tangíveis e ofuscantes, como a abo�
siado gerai não s ti. f 12: m, 111 1. t d 11ttdnr mais lição do poder de Roma, a supressão da dízima e
os cor ç s d · J, 1 li f t' n t I um ssas o regresso da dispersão, - teria conquistado as
explicaç:O s? tribos de pescoço hirto.
Mas as tendências e as doutrinas do Salvador
não eram dessa espécie, e eis a razão por que,
Os místicos dizem que sempre as grandes que� apenas o brilho se desvanece e as esperanças egoís�
das morais são preparadas por causas ocultas; se · tas são interditas� a multidão muda de rumo; a
para tal se oferece ocasião, cai�se, porque se é simpatia torna� se hostilidade; o que Jesus não dá
imperfeito. Neste caso, a imperfeição consistia em parece que o tira, e o Messias, tal como é compreen�
faltar à turba judia contemporânea, seriedade na� dido, chega a parecer uma vítima daquele Messias
cional, moralidade profunda, verdadeira religião, absurdo. Jesus vê�se coroado de espinhos e armado
e, pelo contrário, estar somente preparada para as com o cetro irrisório, porque, um dia, se negou a
curiosidades místicas e para as práticas supersti� permitir que o fizessem rei.
ticiosas.
O êxito junto dela obtido por Jesus provinha
mais do interesse momentâneo e do entusiasmo pro� Não amaldiçoemos excessiv�mente, nós, hoje
vo<::adb pelos seus milagres, da fascinação da sua em dia, essa turba versatil e, por fim, tão cruel. ·É a
palavra, da maliciosa satisfação de ouvir censurar ela que devemos os últimos tempos de Jesus. Ela
os príncipes dos sacerdotes e de ver que estes aclamou a sua morte e talvez, se não fosse ela,

222 223
As trevas e outros in 11., dentro em pouco, eram desafiados, do ímp to uma imaginação
extinguirão tal delírio; um fr mito de temor cor� seduzida pelos seus própl'l l Hlho , d que de
rerá; os corações sentir� �. primidos. Os que uma íntima adesão.
aclamam a morte baterão no 1 lt .. . Ainda será Aquele povo f l d . lt1111 l a· 1 I ), 11 t • IHJIIl t do;
. foi desiludid lt. 11 1 J t' 1111.,; 1, 11'11 11 , m e

a multidão, com a sua emotlvd 1d suas pueris
reviravoltas. Mas perman 1 lu vida adaptar n li 1 l qu · v nb 1 ui, tltu -lt .. J u ,

saber como a transformaç5 v •l'lfl·1 I Me si p llti , p · motor d gl ri , d isp nso d r


apesar de tudo, pos ivrl. /\, · 1 11 1c.;

de benefícios tangíveis e ofuscantes, como a abo�
siado gerai não s ti. f 12: m, 111 1. t d 11ttdnr mais lição do poder de Roma, a supressão da dízima e
os cor ç s d · J, 1 li f t' n t I um ssas o regresso da dispersão, - teria conquistado as
explicaç:O s? tribos de pescoço hirto.
Mas as tendências e as doutrinas do Salvador
não eram dessa espécie, e eis a razão por que,
Os místicos dizem que sempre as grandes que� apenas o brilho se desvanece e as esperanças egoís�
das morais são preparadas por causas ocultas; se · tas são interditas� a multidão muda de rumo; a
para tal se oferece ocasião, cai�se, porque se é simpatia torna� se hostilidade; o que Jesus não dá
imperfeito. Neste caso, a imperfeição consistia em parece que o tira, e o Messias, tal como é compreen�
faltar à turba judia contemporânea, seriedade na� dido, chega a parecer uma vítima daquele Messias
cional, moralidade profunda, verdadeira religião, absurdo. Jesus vê�se coroado de espinhos e armado
e, pelo contrário, estar somente preparada para as com o cetro irrisório, porque, um dia, se negou a
curiosidades místicas e para as práticas supersti� permitir que o fizessem rei.
ticiosas.
O êxito junto dela obtido por Jesus provinha
mais do interesse momentâneo e do entusiasmo pro� Não amaldiçoemos excessiv�mente, nós, hoje
vo<::adb pelos seus milagres, da fascinação da sua em dia, essa turba versatil e, por fim, tão cruel. ·É a
palavra, da maliciosa satisfação de ouvir censurar ela que devemos os últimos tempos de Jesus. Ela
os príncipes dos sacerdotes e de ver que estes aclamou a sua morte e talvez, se não fosse ela,

222 223
• I•
oi{

Pilatos não tivesse obed ·ido aos sinedritas; n� homem; mas Deus· gov 1'11
entanto, esta última hipót Ht' frágil e o certo e 1 J r• interm dio
homem e da sua acção. do
>
apenas que sem o entusiasm I li de Ram?s, sem qu 1 n Calvá-
rio obedece a Deus; oq
a simpatia antecedente qu I ·v IV 0 rabt co�o u ·I 1 I r. I
gnio de Deus; aqu I um desí-
sobre um trono, Jesus teria pr nt I II\ nte sucumbtdo di) us; no
decurso dos s nlo m q
à sua tarefa. u I nlx o, qu nto os
seus efei to , ntlnu o
Quantas vezes a sua con: ii' 1 , c mb t do espiritos o
choque das vontades ma
quebrada! As armadilhas Qll{' III is não fazem que traduzir
uma ordem imutável; os
lhavam, porqu o nml kn t· d IV 1

destinos eternos cum­
prem-se e aos olhos de Je
suas pt lavrn 1p !o I• •u, J 1• • A HU f ma
• •
sus que o contempla ou
da posteridade que o ev
protegia�o. J ul ar� �ú qu , r bidas p lo silê�cio oca, o tumulto da praça
_ _ de Efraim, como o das ida
das massas, as suas mais vitoriosas rephcas tena � des, é um tumulto divino.
contado? J ulgar�se-á sobretudo que quando ele agta
*
- como, por exemplo, no momento em que ?u:ou
* *
o acto inaudito de, sozinho, expulsar os vendtlhoes
do Templo- se teriam contentado, se não fosse Jesus não vê, do alto da
a multidão, com perguntar-lhe plàcidamente: «Com sua cruz, Pi latos e
Herodes; vê sôm ente as sua
que direito fazes tu isto?» Não se toca�a no s moradas, a torre An­
tónia com as suas cinco tor
Templo impunemente, mesmo para o punftcar; . res e o pa lác io dos Has­
m oneus, a su deste do pat
ainda menos se tocava, sem perigo de morte, em íbulo.
Jesus sempre desprezou
reputações sacrossantas e em privilégios de que o tetrarca incestuoso
que matou João Baptis .ta;
toda a casta dirigente tirava benefícios. chamava-lhe «essa ra­
posa» e desafiava-o a pô
Convém, aliás, repetir que tudo, neste caso, r fim à su a obra antes de
ele próprio decidir terminá
não foi deixado às liberdades benévolas ou hostis; �la. (Luc., XIII, 32).
No momento em que Pi lat
a multidão, tal como os soldados, não salva nem os o recambia a esse
triste soberano para se esq
perde Jesus como causa primeira. A acção do uivar a um caso difícil,
não parece qu e Herodes lhe
homem pertence ao homem e por ela responde o tenha má vontade nem
se· lembre dos seus próp
rios de síg nio s. Era tão
224 15

225 'f
• I•
oi{

Pilatos não tivesse obed ·ido aos sinedritas; n� homem; mas Deus· gov 1'11
entanto, esta última hipót Ht' frágil e o certo e 1 J r• interm dio
homem e da sua acção. do
>
apenas que sem o entusiasm I li de Ram?s, sem qu 1 n Calvá-
rio obedece a Deus; oq
a simpatia antecedente qu I ·v IV 0 rabt co�o u ·I 1 I r. I
gnio de Deus; aqu I um desí-
sobre um trono, Jesus teria pr nt I II\ nte sucumbtdo di) us; no
decurso dos s nlo m q
à sua tarefa. u I nlx o, qu nto os
seus efei to , ntlnu o
Quantas vezes a sua con: ii' 1 , c mb t do espiritos o
choque das vontades ma
quebrada! As armadilhas Qll{' III is não fazem que traduzir
uma ordem imutável; os
lhavam, porqu o nml kn t· d IV 1

destinos eternos cum­
prem-se e aos olhos de Je
suas pt lavrn 1p !o I• •u, J 1• • A HU f ma
• •
sus que o contempla ou
da posteridade que o ev
protegia�o. J ul ar� �ú qu , r bidas p lo silê�cio oca, o tumulto da praça
_ _ de Efraim, como o das ida
das massas, as suas mais vitoriosas rephcas tena � des, é um tumulto divino.
contado? J ulgar�se-á sobretudo que quando ele agta
*
- como, por exemplo, no momento em que ?u:ou
* *
o acto inaudito de, sozinho, expulsar os vendtlhoes
do Templo- se teriam contentado, se não fosse Jesus não vê, do alto da
a multidão, com perguntar-lhe plàcidamente: «Com sua cruz, Pi latos e
Herodes; vê sôm ente as sua
que direito fazes tu isto?» Não se toca�a no s moradas, a torre An­
tónia com as suas cinco tor
Templo impunemente, mesmo para o punftcar; . res e o pa lác io dos Has­
m oneus, a su deste do pat
ainda menos se tocava, sem perigo de morte, em íbulo.
Jesus sempre desprezou
reputações sacrossantas e em privilégios de que o tetrarca incestuoso
que matou João Baptis .ta;
toda a casta dirigente tirava benefícios. chamava-lhe «essa ra­
posa» e desafiava-o a pô
Convém, aliás, repetir que tudo, neste caso, r fim à su a obra antes de
ele próprio decidir terminá
não foi deixado às liberdades benévolas ou hostis; �la. (Luc., XIII, 32).
No momento em que Pi lat
a multidão, tal como os soldados, não salva nem os o recambia a esse
triste soberano para se esq
perde Jesus como causa primeira. A acção do uivar a um caso difícil,
não parece qu e Herodes lhe
homem pertence ao homem e por ela responde o tenha má vontade nem
se· lembre dos seus próp
rios de síg nio s. Era tão
224 15

225 'f
pouco sério! Fica satisfeit r ver Jesus; sente e�pirituosamente, recamhll llfll I
p t ndente ri­
mesmo grande alegria, porqtt h via muito tempo diculamente vestido d 1l 1: I 1 1 I I II •1,
nv rgando

tinha desejo de o ver, por t r 1111ido muitas coisas um trajo de gala Jlln 11 1111 11 PI' 11
·IJ ra a
a respeito do rabi. (Luc., XXXIII, H). sua investidmn.
Não deixou, por isso, I • t' nvocar. a sua O Evnnu •I IH p .,... , fi no ti 'I' qu
11t11• Pilo ..
guarda. Talvez sinta medo n1 Jll' nça de um tos II ro I -. h1 vl1, n t ), l't'1 hl
·
z 1. J ., u. , . mo
poder misterioso; talvez qu li· ' 1 ''1 roporcio� gal iJ u, d p ndia d justi a
d H r d s, mas, p r
nar aos seus old o. , tn l <mo 1 1 r pdo, um
ter stdo
. preso na Judeia, dependia de Pilatos ;
curioso sp t u1 J 1 ·muo F w, o qu
• I es� 0 pro­
curador, mandando�o para o tetrarc
pera algum pt' díjJh: qu r llllt 11 ·u. H.l div rtido, _ de se ver livr a da Galileia,
alem e de um acu sad o importuno, dava
como o povol u quer um Mes ias glorioso; nisto,
como que um pas so à frente a caminh
é multidão, como também o é em ser palrador. Eis o da recon�
ciliação. Herodes, lisonjeado, corresp
que se põe a interrogar Jesus com muitas palavras. onde com 0
gesto de declinar a homena gem, ges
Mas Jesus cala�se. to que , sendo
uma espécie de julg amento, também retr
Oh! esse silêncio, como pesa e como esmaga ibui a ama­
bilidade. Eis a razão- observa o
o insolente, edificando o fiel! Como Herodes não Evangelho_
possui qualquer autoridade religiosa, Jesus não por que ficam amigos a partir desse
dia .
deve explicar�lhe a sua missão; a verdade não lhe Ora , .entre ami gos , gra ceja �se de boa
vontade,
aproveitaria, porque não é sincero; um milagre e o idumeu, em presença do romano
, mostra�se
corrompê�lo�ia e seria apenas abusar de Deus. espertalhão. Julgam que o . enganam?
Ele bem
Jesus encerra�se na sua mudez, resigna�se com sabe o que deve pensar sobre a «realez
a» daq uele
humilde paciência mas não se compromete. p obre alucinado! É mero jog uet e de
que se pode
Ora Herodes. assim desprezado pela segunda nr. em família, sem manifestar qualquer
vez, por sua vez despreza; sem dúvida, no seu �
�e sa e� o que a respeito dele decidir
juíz o antes
á uma polí ..
íntimo, odeia, e o tigre esconde�se por detrás do ttca habtl. Que Pilatos faça dele o que
quis er!
homem frívolo; dissimula, no entanto, e só deixa E eis o Salvador do mundo tran sformad
o em
transparecer o seu desdém; pensando descartar�se trunfo de partida joga da entre puerilid
ades prin-
pouco sério! Fica satisfeit r ver Jesus; sente e�pirituosamente, recamhll llfll I
p t ndente ri­
mesmo grande alegria, porqtt h via muito tempo diculamente vestido d 1l 1: I 1 1 I I II •1,
nv rgando

tinha desejo de o ver, por t r 1111ido muitas coisas um trajo de gala Jlln 11 1111 11 PI' 11
·IJ ra a
a respeito do rabi. (Luc., XXXIII, H). sua investidmn.
Não deixou, por isso, I • t' nvocar. a sua O Evnnu •I IH p .,... , fi no ti 'I' qu
11t11• Pilo ..
guarda. Talvez sinta medo n1 Jll' nça de um tos II ro I -. h1 vl1, n t ), l't'1 hl
·
z 1. J ., u. , . mo
poder misterioso; talvez qu li· ' 1 ''1 roporcio� gal iJ u, d p ndia d justi a
d H r d s, mas, p r
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ter stdo
. preso na Judeia, dependia de Pilatos ;
curioso sp t u1 J 1 ·muo F w, o qu
• I es� 0 pro­
curador, mandando�o para o tetrarc
pera algum pt' díjJh: qu r llllt 11 ·u. H.l div rtido, _ de se ver livr a da Galileia,
alem e de um acu sad o importuno, dava
como o povol u quer um Mes ias glorioso; nisto,
como que um pas so à frente a caminh
é multidão, como também o é em ser palrador. Eis o da recon�
ciliação. Herodes, lisonjeado, corresp
que se põe a interrogar Jesus com muitas palavras. onde com 0
gesto de declinar a homena gem, ges
Mas Jesus cala�se. to que , sendo
uma espécie de julg amento, também retr
Oh! esse silêncio, como pesa e como esmaga ibui a ama­
bilidade. Eis a razão- observa o
o insolente, edificando o fiel! Como Herodes não Evangelho_
possui qualquer autoridade religiosa, Jesus não por que ficam amigos a partir desse
dia .
deve explicar�lhe a sua missão; a verdade não lhe Ora , .entre ami gos , gra ceja �se de boa
vontade,
aproveitaria, porque não é sincero; um milagre e o idumeu, em presença do romano
, mostra�se
corrompê�lo�ia e seria apenas abusar de Deus. espertalhão. Julgam que o . enganam?
Ele bem
Jesus encerra�se na sua mudez, resigna�se com sabe o que deve pensar sobre a «realez
a» daq uele
humilde paciência mas não se compromete. p obre alucinado! É mero jog uet e de
que se pode
Ora Herodes. assim desprezado pela segunda nr. em família, sem manifestar qualquer
vez, por sua vez despreza; sem dúvida, no seu �
�e sa e� o que a respeito dele decidir
juíz o antes
á uma polí ..
íntimo, odeia, e o tigre esconde�se por detrás do ttca habtl. Que Pilatos faça dele o que
quis er!
homem frívolo; dissimula, no entanto, e só deixa E eis o Salvador do mundo tran sformad
o em
transparecer o seu desdém; pensando descartar�se trunfo de partida joga da entre puerilid
ades prin-
tra ele se Basta que, no plano t 111 Ol' d, d um guarde
cipescas, enquanto ignóbeis fu res con

1
,a s suas responsabilidad , o llv 1 I ,. n bsolve
estão erguendo! (Cf . Luc., lo it.). .

Pilatos; diz apenas u · 1 11 •tdp 1hllld 1 I menor


que uma outra flh L o d 1 111 ti !111 I 1 h 1 1111111 Hr nde
mais margem, pois <Jllt 1 I J ud 1. , (J< o, I •I )
·. .
O caso de Pilatos tem, no cont· imento,
·.

portanto,
importância que o do tetrarcu; I v ,
mo tam,..,
sobrepôr,..,se nos nossos pen m •nt l ,
li u dele Uma justiça deve fazer,..,s e a Pilatos : ele viu
bém nos de Jesus. No nt n t , I u. f
nh , por claro, imediatamente, na manha dos sinedritas.
com indulg�nci . Aqu •l mm 111 I 'IHJ
t t'ias As primeiras palavras destes eram de natureza a
sua v z, um p p I pt· vi I n 'III. 7'u
"

ador, se não esclarecê,.., lo. Quando lhes pergunta : «De que


sobre mim pod r alg um, diz,..,Jh o Salv
XIX , 11) . E, a acusais este homem?» éles respondem com uma
te tivesse sido dado do alto». (João,
e reflexão : altivez e um arrebatamento suspeitos: «Se não fosse
respeito disto, Pas cal faz ·a seg uint
da just iça, culpado, não to teríamos trazido» . Desejavam uma
«Jesus não quis . ser morto sem as praxes
por sen-­ confirmação pura e simples da sua sentença.
por que é mui to mais ignominioso morrer
levação in,.., Assim inteirado, Pilatos vai manobrar de ma,.,
tença de justiça do que por uma sub
neira a libertar o preso; mas o seu sentimento de
justa» C).
justiça não tem muito fortes raízes; a violência e
a tenacidade acabariam por vencê,..,l o. Aquele poli,.,
puderam tico. que preferiria proceder bem, não é dos que
Já houve dois julgamentos, mas não .
ciso que tudo se sacrificam nem mesmo se expõem; é pela equi,..,
concluir pela sentença de morte; é pre
dig a que ] esus dade, quando esta nada custa; aceita todos os
se pas,se conforme a lei, para que se
que se opere compromissos, se a sua tranquilidade ou seu cré,..,
é culpado e como tal o tratem, para
a os homens. dito o exige. E este é o seu crime.
a misericordiosa substituição que salv
A leitura comparativa dos Evangelhos sugere
bastante bem o que se passa. Os sinedritas, obri,..,
gados a explicar,..,se, apresentam três acusações:
(1) Pascal, Lc MysMre de Jesus.

229
228
tra ele se Basta que, no plano t 111 Ol' d, d um guarde
cipescas, enquanto ignóbeis fu res con

1
,a s suas responsabilidad , o llv 1 I ,. n bsolve
estão erguendo! (Cf . Luc., lo it.). .

Pilatos; diz apenas u · 1 11 •tdp 1hllld 1 I menor


que uma outra flh L o d 1 111 ti !111 I 1 h 1 1111111 Hr nde
mais margem, pois <Jllt 1 I J ud 1. , (J< o, I •I )
·. .
O caso de Pilatos tem, no cont· imento,
·.

portanto,
importância que o do tetrarcu; I v ,
mo tam,..,
sobrepôr,..,se nos nossos pen m •nt l ,
li u dele Uma justiça deve fazer,..,s e a Pilatos : ele viu
bém nos de Jesus. No nt n t , I u. f
nh , por claro, imediatamente, na manha dos sinedritas.
com indulg�nci . Aqu •l mm 111 I 'IHJ
t t'ias As primeiras palavras destes eram de natureza a
sua v z, um p p I pt· vi I n 'III. 7'u
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ador, se não esclarecê,.., lo. Quando lhes pergunta : «De que


sobre mim pod r alg um, diz,..,Jh o Salv
XIX , 11) . E, a acusais este homem?» éles respondem com uma
te tivesse sido dado do alto». (João,
e reflexão : altivez e um arrebatamento suspeitos: «Se não fosse
respeito disto, Pas cal faz ·a seg uint
da just iça, culpado, não to teríamos trazido» . Desejavam uma
«Jesus não quis . ser morto sem as praxes
por sen-­ confirmação pura e simples da sua sentença.
por que é mui to mais ignominioso morrer
levação in,.., Assim inteirado, Pilatos vai manobrar de ma,.,
tença de justiça do que por uma sub
neira a libertar o preso; mas o seu sentimento de
justa» C).
justiça não tem muito fortes raízes; a violência e
a tenacidade acabariam por vencê,..,l o. Aquele poli,.,
puderam tico. que preferiria proceder bem, não é dos que
Já houve dois julgamentos, mas não .
ciso que tudo se sacrificam nem mesmo se expõem; é pela equi,..,
concluir pela sentença de morte; é pre
dig a que ] esus dade, quando esta nada custa; aceita todos os
se pas,se conforme a lei, para que se
que se opere compromissos, se a sua tranquilidade ou seu cré,..,
é culpado e como tal o tratem, para
a os homens. dito o exige. E este é o seu crime.
a misericordiosa substituição que salv
A leitura comparativa dos Evangelhos sugere
bastante bem o que se passa. Os sinedritas, obri,..,
gados a explicar,..,se, apresentam três acusações:
(1) Pascal, Lc MysMre de Jesus.

229
228
Jesus é um agitador; opõe�� 1 pagamento do tri� senta uma atitude de v rd Hl ,. 1 m j stadel Que�
buto; diz�se o Cristo rei. Pil11 0 , como bom jurista reria salvar aquele «justo», · m1 , I 1 1 m mentos,
e romano expedito, vai dir It 1 s factos e só se dirá o seu centurião, ·I JH' 'I r·lc vti dizer,

ocupa da última acusação, d • qtt s outras, aliás, mas sem provo t' p1 x 1 11 111 I ,. l p wtu n idade

dependem. a acusaçõ s p ·r· tnt c 111p .,. 1 lm.


Interroga Jesus e as resp �I' 1 c I tidas conven� Dirlg • mui li . C mr t 11 I u qu lt
cem�no de que se trata de um 1 I' • 1l 1 mistica, da qu pod l idlr, n qu J d b t ; qu «irw j »

'
qual o Estado nada tem a re 1 1 , 'OIII Jll um JUIZ dos sinedritas tem por objecto a popularidade de
político nada tem que ver. D •I 11' 1, ·nt o, Jesus e a difusão de tendências perigosas para o
seus olhos, não existe qualgu I' nlm . I 1r dar domínio em que actuam. Calculou bem, porque será
mais segurança à sua posição, 1 I' 11I' 1, 1llt. , bri� difícil aos acusadores confessar os seus sentimen·
gar Jesus a falar perante os pr n ·lp • lo s cer� tos e resistir à plebe. Mas, neste caso, não convi·
dotes, seus compatriotas, confu 1dl11 I l t im estes ria falar à multidão de maneira a afastá-la da opi·
últimos e pondo em evidência o. ·nlhn •ntos que nião por ele formada; no entanto, é o que precisa­
os movem. mente faz Pilatos, obedecendo ao seu invencível
Jesus não diz palavra, o qu Pilatos, desdém pela canalha judia: «Quereis que eu vos
uma vez que lhe oferece, assim, una na i de se entregue o rei dos Judeus?»- Que quereis que eu
salvar. Mas Jesus aceitou a mort ; 11 o pretende faça do vosso rei?» - «Devo crucificar o vosso
defender�se; a sua tarefa está t ·m.ln I e só es� rei?» Tudo isto é, no seu pensamento, perfeita·
pera o final. Repugna�lhe discutir Jll , s judaicas mente revelador de desprezo, e muito ele se engana
perante aquele estrangeiro; J't 11 o suficiente se julga não ser compreendido. Um apelo aos bons
para esclarecer uma conscrn i r ta e evitar�lhe, sentimentos talvez representando a salvação; a
se ela nisso se empenh , um 1 sentença iníqua; ironia vai deitar tudo a perder.
calcula que nada mai • pr ciso e, doravante, Os príncipes dos sacerdotes, por seu lado, não
calar�se�á. permaneceram inactivos; durante os intervalos das
Pilatos, então, . Poucos acusados ligam trocas de impressões e dos interrogatórios, en­
tão pouca importân vida; nenhum assim apre- quanto Pilatos e sua mulher discutem acerca de

230 231
Jesus é um agitador; opõe�� 1 pagamento do tri� senta uma atitude de v rd Hl ,. 1 m j stadel Que�
buto; diz�se o Cristo rei. Pil11 0 , como bom jurista reria salvar aquele «justo», · m1 , I 1 1 m mentos,
e romano expedito, vai dir It 1 s factos e só se dirá o seu centurião, ·I JH' 'I r·lc vti dizer,

ocupa da última acusação, d • qtt s outras, aliás, mas sem provo t' p1 x 1 11 111 I ,. l p wtu n idade

dependem. a acusaçõ s p ·r· tnt c 111p .,. 1 lm.


Interroga Jesus e as resp �I' 1 c I tidas conven� Dirlg • mui li . C mr t 11 I u qu lt
cem�no de que se trata de um 1 I' • 1l 1 mistica, da qu pod l idlr, n qu J d b t ; qu «irw j »

'
qual o Estado nada tem a re 1 1 , 'OIII Jll um JUIZ dos sinedritas tem por objecto a popularidade de
político nada tem que ver. D •I 11' 1, ·nt o, Jesus e a difusão de tendências perigosas para o
seus olhos, não existe qualgu I' nlm . I 1r dar domínio em que actuam. Calculou bem, porque será
mais segurança à sua posição, 1 I' 11I' 1, 1llt. , bri� difícil aos acusadores confessar os seus sentimen·
gar Jesus a falar perante os pr n ·lp • lo s cer� tos e resistir à plebe. Mas, neste caso, não convi·
dotes, seus compatriotas, confu 1dl11 I l t im estes ria falar à multidão de maneira a afastá-la da opi·
últimos e pondo em evidência o. ·nlhn •ntos que nião por ele formada; no entanto, é o que precisa­
os movem. mente faz Pilatos, obedecendo ao seu invencível
Jesus não diz palavra, o qu Pilatos, desdém pela canalha judia: «Quereis que eu vos
uma vez que lhe oferece, assim, una na i de se entregue o rei dos Judeus?»- Que quereis que eu
salvar. Mas Jesus aceitou a mort ; 11 o pretende faça do vosso rei?» - «Devo crucificar o vosso
defender�se; a sua tarefa está t ·m.ln I e só es� rei?» Tudo isto é, no seu pensamento, perfeita·
pera o final. Repugna�lhe discutir Jll , s judaicas mente revelador de desprezo, e muito ele se engana
perante aquele estrangeiro; J't 11 o suficiente se julga não ser compreendido. Um apelo aos bons
para esclarecer uma conscrn i r ta e evitar�lhe, sentimentos talvez representando a salvação; a
se ela nisso se empenh , um 1 sentença iníqua; ironia vai deitar tudo a perder.
calcula que nada mai • pr ciso e, doravante, Os príncipes dos sacerdotes, por seu lado, não
calar�se�á. permaneceram inactivos; durante os intervalos das
Pilatos, então, . Poucos acusados ligam trocas de impressões e dos interrogatórios, en­
tão pouca importân vida; nenhum assim apre- quanto Pilatos e sua mulher discutem acerca de

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um sonho, trabalharam a tul't , excitaram�lhe o um Inimigo de preocupa : 11 basta para o
amor próprio, acusaram Jesu, l mil malefícios, e levantar contra uma collu 1 • ,
I u·n 1 l 1 p rigosa.
quando o procurador insiste nn J rgunta: - «Mas Pilatos «cede à 11 nt 1 I 11 I· : 111 lu r de
que mal fez ele, então?» já nlnuu m raciocina, o ser um árbitro, fnz 1 .. ·ttf H'; r· 111 111 ·I 1 1 seu
ímpeto do ódio já actuou e a t rr· •nt precipita�se. juízo, ele, r 1 n IV L J 1 1' 1 J u·tl ·Jp lt' u ·rJme
A nova ida à presença de H r , I n da altera; doutrem, JuiH 1 J • t J' ...
• • l'J' nd uma
pelo contrário, é mais tempo of J' I , ' . propaga� ablução q r • nf ita om estas p lavras : «Eu e t u
ção das violências. A of ·to l inocente do sangue deste justo; a vós compete
nuada? Tais con resolver». (Mat., XXVII, 24 ) .
arruinar as úl t hn A sua manha de poltrão tem um certo êxito; a
audácia qu saiu v n multidão, em nome do próprio povo, toma sóbre si
Depois de se ter realizado a flagelação - que e sobre seus filhos a responsabilidade do enorme
implica já a entrega de Jesus, porque, segundo a crime; mas, tomando�a, apenas a partilha, pois não
lei, era um preliminar do último suplício - Pilatos pode dela desobrigar o juiz sem o qual nada seria
tenta, uma última vez, parlamentar, para evitar, se possível.
' for possível, o crime supremo. Verifica o que os Quanto à lavagem das mãos, não passa de
seus soldados fizeram na casa da guarda, o estado supersticiosa farçada. Os Romanos e os Judeus,
a que reduziram J esus; não faz a menor censura; com variantes de interpretação, utilizavam tal gesto
era, sem dúvida, naturalíssimo, e até pode convir: para afastar a vingança de sangue. Pilatos crê
«Eis o homem! diz ele, eis o vosso rei!» Mas já é nessa espécie de esconjuro: a cobardia e a sypers�
demasiado tarde; é erro mostrar sangue ao tigre. tição entendem�se muito bem. Além disso, sua
A muitidão exalta�se, grita, apela para César. mulher ficará mais tranquila; dá�lhe, embora ponha
Então, é o fim. Essa palavra, César, é toda de parte os seus conselhos, um simulacro de satis�
poderosa; é mais forte do que uma consciência fação. «Como vês, desinteresso�me e este povo
como a de Pilatos. Doravante, Jesus tem tudo toma tudo sobre si!»
contra ele, excepto a justiça, e esta fraco domínio !

exerce sobre um ambicioso, um fraco, um diletante,

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um sonho, trabalharam a tul't , excitaram�lhe o um Inimigo de preocupa : 11 basta para o
amor próprio, acusaram Jesu, l mil malefícios, e levantar contra uma collu 1 • ,
I u·n 1 l 1 p rigosa.
quando o procurador insiste nn J rgunta: - «Mas Pilatos «cede à 11 nt 1 I 11 I· : 111 lu r de
que mal fez ele, então?» já nlnuu m raciocina, o ser um árbitro, fnz 1 .. ·ttf H'; r· 111 111 ·I 1 1 seu
ímpeto do ódio já actuou e a t rr· •nt precipita�se. juízo, ele, r 1 n IV L J 1 1' 1 J u·tl ·Jp lt' u ·rJme
A nova ida à presença de H r , I n da altera; doutrem, JuiH 1 J • t J' ...
• • l'J' nd uma
pelo contrário, é mais tempo of J' I , ' . propaga� ablução q r • nf ita om estas p lavras : «Eu e t u
ção das violências. A of ·to l inocente do sangue deste justo; a vós compete
nuada? Tais con resolver». (Mat., XXVII, 24 ) .
arruinar as úl t hn A sua manha de poltrão tem um certo êxito; a
audácia qu saiu v n multidão, em nome do próprio povo, toma sóbre si
Depois de se ter realizado a flagelação - que e sobre seus filhos a responsabilidade do enorme
implica já a entrega de Jesus, porque, segundo a crime; mas, tomando�a, apenas a partilha, pois não
lei, era um preliminar do último suplício - Pilatos pode dela desobrigar o juiz sem o qual nada seria
tenta, uma última vez, parlamentar, para evitar, se possível.
' for possível, o crime supremo. Verifica o que os Quanto à lavagem das mãos, não passa de
seus soldados fizeram na casa da guarda, o estado supersticiosa farçada. Os Romanos e os Judeus,
a que reduziram J esus; não faz a menor censura; com variantes de interpretação, utilizavam tal gesto
era, sem dúvida, naturalíssimo, e até pode convir: para afastar a vingança de sangue. Pilatos crê
«Eis o homem! diz ele, eis o vosso rei!» Mas já é nessa espécie de esconjuro: a cobardia e a sypers�
demasiado tarde; é erro mostrar sangue ao tigre. tição entendem�se muito bem. Além disso, sua
A muitidão exalta�se, grita, apela para César. mulher ficará mais tranquila; dá�lhe, embora ponha
Então, é o fim. Essa palavra, César, é toda de parte os seus conselhos, um simulacro de satis�
poderosa; é mais forte do que uma consciência fação. «Como vês, desinteresso�me e este povo
como a de Pilatos. Doravante, Jesus tem tudo toma tudo sobre si!»
contra ele, excepto a justiça, e esta fraco domínio !

exerce sobre um ambicioso, um fraco, um diletante,

232 233
Não insistamos mais obr vilania de seme� o seu poderio, traindo a s u l I 11 z 7 E que ideia
lhante procedimento e sobt· 1 çrravidade da sen�
• fazem da gravidade da mnl'l I
tença que deveria ser dada, om t da a justiça, pelo Uma modalidad d • 11 1 1 1 1 I · ' , t via,
juiz que subiu ao Calvário : E. 1 ntença é, efec�
,
observar�se: aqu I . 11 ult t t l I Jrlg m
tivamente, misericordiosíssima , 111 1 misericórdia directament )'l-. 11 : I t' 1 • 1111,
dirige�se ao pecado e este 11 1 I m· , mo, tão ter�

que lh d tlt1 l tlt.
rível, que é necessário, para l h l l m l n u l r o horror, P d m di p ns·tr dis urso dir c tos : outros se
a comparação e tab l cl l. J •1 , 1 '' 1 1' 1 Jesus : encarniçam no seu uso, - outros, cuja língua eles
«Aqu le qu m ll ft'('IJ tt 1 ti rOIII<'h'll m ti r pe� carreg �ram de frases insolentes. Os «transeuntes»,
cado» (J 1
.. , IX , I I ). o «povo espectador», os «soldados», os «ladrões»
são apenas seus mandatários. Eles próprios, os
*
príncipes dos sacerdotes, tomam parte, ·por momen�
tos, no concerto que desveladamente organizaram
* *
(Luc., XXIII, 35), mas é sobretudo de um para outro,
em convívio escolhido, que deixam transvasar o
Antes de chegarmos a essa suprema responsa�
seu ódio.
bilidade e de mencionar Judas, há que considerar «Os princípes do ac rdot também escarne�
o caso dos sinedritas e dos seus cúmplices não ofi� ciam, com os escribas, diz ndo: Ele salvou os ou�
ciais, Saduceus ou Fariseus. tros e não pode salvar.. si mesmo?! Que o
A esses, vê�os J esus, porque vieram regalar�se Cristo, o rei de Israel, d ça agora da cruz, para
com os seus sofrimentos, verificar de visu o êxito que nós vejamos e acr ditemos!» (Marc., XV,
de suas intrigas. A sua dignidade não se ,ofende 3 I �32) . Dir�se�ia que s ncora jam mutuamente;
nada com misturar... se com a plebe, com a cria� cada qual quer adquirir garantia do seu bom
dagem, com a soldadesca grosseira, quando se direito e provar aos outros que o tem; tranquili�
trata de injuriar um supliciado. Onde não leva a zam�se colectivamente.
paixão? ! Será ali o lugar daquelas personagens que Talvez haja alguns que hesitam; que lamentam.
tão ilustres se consideram? Não temem diminuir Sabe�se que no conselho não houve unanimidade

234 235
Não insistamos mais obr vilania de seme� o seu poderio, traindo a s u l I 11 z 7 E que ideia
lhante procedimento e sobt· 1 çrravidade da sen�
• fazem da gravidade da mnl'l I
tença que deveria ser dada, om t da a justiça, pelo Uma modalidad d • 11 1 1 1 1 I · ' , t via,
juiz que subiu ao Calvário : E. 1 ntença é, efec�
,
observar�se: aqu I . 11 ult t t l I Jrlg m
tivamente, misericordiosíssima , 111 1 misericórdia directament )'l-. 11 : I t' 1 • 1111,
dirige�se ao pecado e este 11 1 I m· , mo, tão ter�

que lh d tlt1 l tlt.
rível, que é necessário, para l h l l m l n u l r o horror, P d m di p ns·tr dis urso dir c tos : outros se
a comparação e tab l cl l. J •1 , 1 '' 1 1' 1 Jesus : encarniçam no seu uso, - outros, cuja língua eles
«Aqu le qu m ll ft'('IJ tt 1 ti rOIII<'h'll m ti r pe� carreg �ram de frases insolentes. Os «transeuntes»,
cado» (J 1
.. , IX , I I ). o «povo espectador», os «soldados», os «ladrões»
são apenas seus mandatários. Eles próprios, os
*
príncipes dos sacerdotes, tomam parte, ·por momen�
tos, no concerto que desveladamente organizaram
* *
(Luc., XXIII, 35), mas é sobretudo de um para outro,
em convívio escolhido, que deixam transvasar o
Antes de chegarmos a essa suprema responsa�
seu ódio.
bilidade e de mencionar Judas, há que considerar «Os princípes do ac rdot também escarne�
o caso dos sinedritas e dos seus cúmplices não ofi� ciam, com os escribas, diz ndo: Ele salvou os ou�
ciais, Saduceus ou Fariseus. tros e não pode salvar.. si mesmo?! Que o
A esses, vê�os J esus, porque vieram regalar�se Cristo, o rei de Israel, d ça agora da cruz, para
com os seus sofrimentos, verificar de visu o êxito que nós vejamos e acr ditemos!» (Marc., XV,
de suas intrigas. A sua dignidade não se ,ofende 3 I �32) . Dir�se�ia que s ncora jam mutuamente;
nada com misturar... se com a plebe, com a cria� cada qual quer adquirir garantia do seu bom
dagem, com a soldadesca grosseira, quando se direito e provar aos outros que o tem; tranquili�
trata de injuriar um supliciado. Onde não leva a zam�se colectivamente.
paixão? ! Será ali o lugar daquelas personagens que Talvez haja alguns que hesitam; que lamentam.
tão ilustres se consideram? Não temem diminuir Sabe�se que no conselho não houve unanimidade

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e que José de Arimateia 1 1 ( deu seu voto «não - o inevitável,
concordando com a determln 1 o dos outros nem futuro. Não
com os seus actos (Luc., XXI I I , I ) ; sentem�se feli� h seus
zes por o veredicto ter umn IÍ ll' l m confirmação.
Afinal, ainda seria tempo d 1· volt r atrás! Não
l
há opiniões preconcebidas! 1'1, t o, 1 uem tudo é
a convicçã deveria deixá.. }o
possível, que desça « g r I » d 1 · t'I I Z l Esquecer� em paz.
�se-á que nela s d l ou 1 I' \ I I I' : I' ·conhc r�se�á,
Os sinedritas são precursores deste ensina�
finalm nt , l ,. · o 1 1 t' ·I no. veja
mento. Vede aquele Messias! Quatro pregos são
isto , ntã , l' •.. H .. 1 . mais fortes que ele, e queriam que nos contentás·
T er�se-á notado que a fala destes sacerdotes semos com pretensos milagres nos quais um Mes­
contém uma confissão? «Ele salvou os outros . . . » sias autêntico tão fàcilmente imprimiria a sua
Evidentemente podem tomar�se estas palavras no marca? «Olá ( vah, oõci ) , tu que destróis o templo
sentido irónico, como se significassem : «Ele pre� de Deus e o reedificas em três dias, salva-te a ti
tende ter salvo!» Mas o contexto e os precedentes próprio; se és o Filho de Deus, desce da cruz!» -
sugerem antes que a consciência deles os impor� «Ele pôs em Deus a sua confiança; que Deus o livre
tuna a respeito dos «sinais» pr:odigalizados pelo agora, se lhe quer, bem; porque ele disse: Eu sou
divino Mestre. Eles viram milagres e fecharam qs o Filho de Deus» . - «Se ele é o Cristo escolhido
olhos. Quando lhes mostraram doentes curados, de Deus, que o mostre, libertando�se a próprio». ­
mortos ressuscitados, disseram : «Que faça um pro� «Se tu és o Cristo, sim, tu, salva�te e a nós con­
dígio no céu/ (Mat., XVI, I ) . A medida que os pro­ tigo».
dígios se multiplicavam, exigiam outros e continua� Este último grito partia de uma das cruzes e
vam a dizer : « Vejamos, que milagre fazes?» (João, misturava�se com os que subiam da multidão ou
VI, 30). com os murmúrios vindos do grupo dos pontífices;
I
A má fé é sempre assim; nada jamais lhe mas a origem era idêntica : tratava-se de uma
basta; à medida que a satisfazem, apresenta novas «palavra de ordem», que se acentuava meneando

236 237
e que José de Arimateia 1 1 ( deu seu voto «não - o inevitável,
concordando com a determln 1 o dos outros nem futuro. Não
com os seus actos (Luc., XXI I I , I ) ; sentem�se feli� h seus
zes por o veredicto ter umn IÍ ll' l m confirmação.
Afinal, ainda seria tempo d 1· volt r atrás! Não
l
há opiniões preconcebidas! 1'1, t o, 1 uem tudo é
a convicçã deveria deixá.. }o
possível, que desça « g r I » d 1 · t'I I Z l Esquecer� em paz.
�se-á que nela s d l ou 1 I' \ I I I' : I' ·conhc r�se�á,
Os sinedritas são precursores deste ensina�
finalm nt , l ,. · o 1 1 t' ·I no. veja
mento. Vede aquele Messias! Quatro pregos são
isto , ntã , l' •.. H .. 1 . mais fortes que ele, e queriam que nos contentás·
T er�se-á notado que a fala destes sacerdotes semos com pretensos milagres nos quais um Mes­
contém uma confissão? «Ele salvou os outros . . . » sias autêntico tão fàcilmente imprimiria a sua
Evidentemente podem tomar�se estas palavras no marca? «Olá ( vah, oõci ) , tu que destróis o templo
sentido irónico, como se significassem : «Ele pre� de Deus e o reedificas em três dias, salva-te a ti
tende ter salvo!» Mas o contexto e os precedentes próprio; se és o Filho de Deus, desce da cruz!» -
sugerem antes que a consciência deles os impor� «Ele pôs em Deus a sua confiança; que Deus o livre
tuna a respeito dos «sinais» pr:odigalizados pelo agora, se lhe quer, bem; porque ele disse: Eu sou
divino Mestre. Eles viram milagres e fecharam qs o Filho de Deus» . - «Se ele é o Cristo escolhido
olhos. Quando lhes mostraram doentes curados, de Deus, que o mostre, libertando�se a próprio». ­
mortos ressuscitados, disseram : «Que faça um pro� «Se tu és o Cristo, sim, tu, salva�te e a nós con­
dígio no céu/ (Mat., XVI, I ) . A medida que os pro­ tigo».
dígios se multiplicavam, exigiam outros e continua� Este último grito partia de uma das cruzes e
vam a dizer : « Vejamos, que milagre fazes?» (João, misturava�se com os que subiam da multidão ou
VI, 30). com os murmúrios vindos do grupo dos pontífices;
I
A má fé é sempre assim; nada jamais lhe mas a origem era idêntica : tratava-se de uma
basta; à medida que a satisfazem, apresenta novas «palavra de ordem», que se acentuava meneando

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' .. ' ' .
' '

a cabeça, sinal, nos Judeus. I arcasmo e de cruel p rticipam M hefes, embora as suas informações,
alegria. Porque ali há duas '< I. s : o orgulho, que por ser m m is seguras, e os seus espíritos, por
zomba; o ódio, que insulta (' . • ,. fastela. serem m 1 1 ultivados, os defendam dos erros do
vulgo . utras razões tiveram e quanto mais fortes!
I l i' julgar com precisão, é necessário saber
Jesus, que se recusou a . pt'< t . tos quando u m essa gente.
havia ainda esperança d so] v 11.; n, n vai agora s chefes propriamente ditos compõem o Siné­
replicar da cruz. nh ' n I II · l i r t• I •s : foram­ drio, simultâneamente tribunal, parlamento e con­
-lhe dirigidas, no Jn l l 1 11 1 m i , c , 1 t: quele
·
cilio. A assembleia é formada de três ordens: os
de qu m os J ud us � 1 t l i t ·s. 1 t nás Príncipes dos Sacerdotes, os Escribas e os Anciãos.
disse-lhe : «S tu ,
D u lança-te Os primeiros destes dignitários compreendem o
daqui abaixo». (Mat., IV, 6 ) . Mas de que teria ser­ Sumo Sacerdote em exercício, os antigos Sumos
vido esse milagre? E para que serviria agora que Sacerdotes, os seus parentes próximos e os chefes
Jesus se salvasse a si próprio, se, assim, se mos­ das grandes famílias sacerdotais. Os segundos, os
,
Es riba. s- o sobretudo sábios. Quanto aos An­
trava incapaz de nos salvar?
Fará um milagre maior. Na verdade, que será ciãos, são padres ou leigos influentes que não
mais difícil: descer da cruz ou sair do sepulcro? fazem parte das duas primeiras ordens.
Há muito tempo que Jesus aponta para esse sinal O Sinédrio é desigualmente recrutado nas duas
de Jonas, tão deslumbrante aos olhos do futuro que seitas religiosas que partilham Israel: a dos Sadu­
os apóstolos, só porque dele foram testemunhas, ceus e a dos Fariseus.
julgarão ter uma missão suficiente. Estes últimos são os separados, os puros, zela­
dores da lei, comentadores e casuístas subtis, rigo­
ristas interiormente, desconfiados das exteriori­
É edificante procurar, como, há pouco, queria zações e grandes inimigos do domínio romano.
Pilatos, os motivos que estabeleceram entre Jesus Esperam o Messias e são espiritualistas, crendo
e os chefes da sua nação, o conflito que a cruz nos anjos, na alma e na imortalidade.
termina. Falámos das razões da multidão: destas Pelo contrário, os Saduceus, gente rica e pouco

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' .. ' ' .
' '

a cabeça, sinal, nos Judeus. I arcasmo e de cruel p rticipam M hefes, embora as suas informações,
alegria. Porque ali há duas '< I. s : o orgulho, que por ser m m is seguras, e os seus espíritos, por
zomba; o ódio, que insulta (' . • ,. fastela. serem m 1 1 ultivados, os defendam dos erros do
vulgo . utras razões tiveram e quanto mais fortes!
I l i' julgar com precisão, é necessário saber
Jesus, que se recusou a . pt'< t . tos quando u m essa gente.
havia ainda esperança d so] v 11.; n, n vai agora s chefes propriamente ditos compõem o Siné­
replicar da cruz. nh ' n I II · l i r t• I •s : foram­ drio, simultâneamente tribunal, parlamento e con­
-lhe dirigidas, no Jn l l 1 11 1 m i , c , 1 t: quele
·
cilio. A assembleia é formada de três ordens: os
de qu m os J ud us � 1 t l i t ·s. 1 t nás Príncipes dos Sacerdotes, os Escribas e os Anciãos.
disse-lhe : «S tu ,
D u lança-te Os primeiros destes dignitários compreendem o
daqui abaixo». (Mat., IV, 6 ) . Mas de que teria ser­ Sumo Sacerdote em exercício, os antigos Sumos
vido esse milagre? E para que serviria agora que Sacerdotes, os seus parentes próximos e os chefes
Jesus se salvasse a si próprio, se, assim, se mos­ das grandes famílias sacerdotais. Os segundos, os
,
Es riba. s- o sobretudo sábios. Quanto aos An­
trava incapaz de nos salvar?
Fará um milagre maior. Na verdade, que será ciãos, são padres ou leigos influentes que não
mais difícil: descer da cruz ou sair do sepulcro? fazem parte das duas primeiras ordens.
Há muito tempo que Jesus aponta para esse sinal O Sinédrio é desigualmente recrutado nas duas
de Jonas, tão deslumbrante aos olhos do futuro que seitas religiosas que partilham Israel: a dos Sadu­
os apóstolos, só porque dele foram testemunhas, ceus e a dos Fariseus.
julgarão ter uma missão suficiente. Estes últimos são os separados, os puros, zela­
dores da lei, comentadores e casuístas subtis, rigo­
ristas interiormente, desconfiados das exteriori­
É edificante procurar, como, há pouco, queria zações e grandes inimigos do domínio romano.
Pilatos, os motivos que estabeleceram entre Jesus Esperam o Messias e são espiritualistas, crendo
e os chefes da sua nação, o conflito que a cruz nos anjos, na alma e na imortalidade.
termina. Falámos das razões da multidão: destas Pelo contrário, os Saduceus, gente rica e pouco

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numerosa, são suficientem ·ut éticos, materialis� Os Fariseu fazem incidir neste último ponto
. d
o essenctal ua oposl ,. o: atacam Jesu s em
tas e amigos dos prazeres: r· •pr· entam uma aris�
tocracia arrogante; admitem 1 1 · 1 . mas não aceitam nome do mo� . ruo, 1 euH lhos comprometid
o por
os comentários e todas as trnd lç farisaicas; não uma preg a<; o '" 1 1 1 1 lor r , o puros, e Jesus cor�
se preocupam com o Messl " : ·11t ndem�se bem rompe o J ovo : r· p 11· l l ll uma tradição a que

se
com o domínio romano e são d · ,p t u l que se viva prend m r u l iM qu , 1 r• J d 1 i : Jesus não
a tem
em paz com os estrang i ros. S o 1 1 11 1\f de Hero� na menor onta u i d • r· , ... 1 m on tradição com
des e de C ' 1 o , 1 J so que uma verdadeira moralidade.
tem seu fro ·tt j 1 rn 1 1 i f s pie� Jesu s não pratica as abluções; convive com os
dad m l. I v 1d ·r nç 1 i :npr si 1 m. Pub licanos e os pecadores; nem ele nem seus
dis�
O Mau Ri o da p râbola parece ser um desses cípulos jejua m; não observam o sabbat, visto
que,
Saduceus, que, após uma vida de gozo egoísta, des� nesse dia, os Doz e esfre gam espi gas entre as mão
s,
perta, de repente, numa outra vida, de que duvi� �o atravessar as searas, e Jesu s cura paralíticos.
clara e para a qual não estava preparado. E um homem de Satanás, um sequ
az de Belzebut,
Toda esta gente está muito dividida, mas sabe o deus de Acaron.
unir�se quando lho ordena o interesse comum ou Durante todo o decurso da sua vida pública,
um grande ímpeto apaixonado. Foi o que aconteceu Jesus encontrou�se p r nt estes Fariseus.
Os
no caso de Jesus. menos rancorosos não lhe perdoavam trazer
ao
Os chefes saduceus erguem� se contra Jesus seu mundo, envelhecido por jejuns, palavras eter�
sobretudo por razões políticas; ele perturba o seu nas; a maior parte enfurecia�se e perseguia�o
em
poder e, dizem, arrisca�se a pôr em perigo a nação. todos os campos que ele pisava. Os Saduceus
es�
É o argumento de Caifás : «Nada entendeis disto; piavam�no sobretudo de long e, mas também
os
não considerais que é de vosso interesse que um vemos aparecer aqui e ali.
homem morra pelo povo e que não pereça toda a É certo que ele não os poupava! A sua dou�
nação». (João, XI, 50 ) . As contendas doutrinais trina não se preocupava com adap tar�se às con�
interessam�lhes pouco, mas entram nelas por cál� cepções deles; a sua prática desprezava os precei�
culo e, sobretudo, servem�se delas. tos deles; o contraste que acentuava entre a antiga

16
numerosa, são suficientem ·ut éticos, materialis� Os Fariseu fazem incidir neste último ponto
. d
o essenctal ua oposl ,. o: atacam Jesu s em
tas e amigos dos prazeres: r· •pr· entam uma aris�
tocracia arrogante; admitem 1 1 · 1 . mas não aceitam nome do mo� . ruo, 1 euH lhos comprometid
o por
os comentários e todas as trnd lç farisaicas; não uma preg a<; o '" 1 1 1 1 lor r , o puros, e Jesus cor�
se preocupam com o Messl " : ·11t ndem�se bem rompe o J ovo : r· p 11· l l ll uma tradição a que

se
com o domínio romano e são d · ,p t u l que se viva prend m r u l iM qu , 1 r• J d 1 i : Jesus não
a tem
em paz com os estrang i ros. S o 1 1 11 1\f de Hero� na menor onta u i d • r· , ... 1 m on tradição com
des e de C ' 1 o , 1 J so que uma verdadeira moralidade.
tem seu fro ·tt j 1 rn 1 1 i f s pie� Jesu s não pratica as abluções; convive com os
dad m l. I v 1d ·r nç 1 i :npr si 1 m. Pub licanos e os pecadores; nem ele nem seus
dis�
O Mau Ri o da p râbola parece ser um desses cípulos jejua m; não observam o sabbat, visto
que,
Saduceus, que, após uma vida de gozo egoísta, des� nesse dia, os Doz e esfre gam espi gas entre as mão
s,
perta, de repente, numa outra vida, de que duvi� �o atravessar as searas, e Jesu s cura paralíticos.
clara e para a qual não estava preparado. E um homem de Satanás, um sequ
az de Belzebut,
Toda esta gente está muito dividida, mas sabe o deus de Acaron.
unir�se quando lho ordena o interesse comum ou Durante todo o decurso da sua vida pública,
um grande ímpeto apaixonado. Foi o que aconteceu Jesus encontrou�se p r nt estes Fariseus.
Os
no caso de Jesus. menos rancorosos não lhe perdoavam trazer
ao
Os chefes saduceus erguem� se contra Jesus seu mundo, envelhecido por jejuns, palavras eter�
sobretudo por razões políticas; ele perturba o seu nas; a maior parte enfurecia�se e perseguia�o
em
poder e, dizem, arrisca�se a pôr em perigo a nação. todos os campos que ele pisava. Os Saduceus
es�
É o argumento de Caifás : «Nada entendeis disto; piavam�no sobretudo de long e, mas também
os
não considerais que é de vosso interesse que um vemos aparecer aqui e ali.
homem morra pelo povo e que não pereça toda a É certo que ele não os poupava! A sua dou�
nação». (João, XI, 50 ) . As contendas doutrinais trina não se preocupava com adap tar�se às con�
interessam�lhes pouco, mas entram nelas por cál� cepções deles; a sua prática desprezava os precei�
culo e, sobretudo, servem�se delas. tos deles; o contraste que acentuava entre a antiga

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,.
um estulto f rrnnlismo no 1 d 1 I tr, e ontrário
e a nova lei só podia do t• Jh s , e aquela rectifi�
..

ao espírito, s n ·I'! fi o nd 1 v . 1 I' 1 l i�,; 1 . o. precei�


cação: «Eu não oim destmir, mas completar» não
tos divinos. M · •-r u i 1 1 v 1 1 1 1 1 I t' 110 lo dele
·lhes dava a menor satisf c; o. '
se consid ' t' I V 1111 I 1 ! 1 · I t'l l ,.
1 1' tf k t l l l t• I V ros,
Ele pretendia remir . 1 t•r 1 l s; apresentava� •

mas n5c ' I I I I' I V I I I I t H· I · , 11'1JW J!lt./ t , dt• C 'l'lf s,


. �se como mestre do sabbllf: dt• I V que lhe cha­
s, não d l'l x 1 1'1 1111 t' t l t· 11 1 • v 1 I o I 1 1 1 r n v u n t 7
massem Messias, Filho d I ) t vl d , Filho de Deu

po r x ism d st c m o t desenla da
e outras « b la s f m J n H M 1 .

I' 1 1 1 I' n •I !l , a ofen­


crise que, durante três anos, conheceu fases diver�
tudo ! - toma rn , C' lll v 1 1'1 1 sas, tiveram lugar dois ou três dias antes da Paixão.
es
siva, umn b m v iu< ,., H ' o f,• n v ·c n l' l' s chef Daí, data a acusação publicamente fulminada no
do · u p v , l l l tl. 1111'1 ·hll 1 r 1 • m to ls des­
próprio Templo contra os que deste se diziam
prezo · e tai lnv tiv s, que deviam esperar�se ter­ guardiões : «A desgraça recaia sobre vós, Escribas
.ríveis reacções.
e Fariseus hipócritas, que purificais o exterior da
«Guardai-vos com cuidado, dizia ele, do fer­
taça e do prato, e, por dentro estais cheios de rapina
mento dos Fariseus e dos Saduceus». (Ma t.,
XVI,

. Pin­ e de imundície . . . Sepulcros branqueados que de


6 ) ». «Não passa de hipocrisia». (Luc ., XII, 1 )
s, longe pareceis belos aos olhos dos homens e por
tava esses orgu lhosos sectários como falsos puro
ha à dentro estais cheios de ossos de mortos e de toda
que cortesãos precederiam no Reino; opun a espécie de podridão . . . Serpentes, raça de víbora,
o,
e· spectaculosa oração deles a do bom publican
ldi� como escapareis à condenação da geena?
que se retira justi ficad o quando eles são ama
Estes anátemas prosseguiam p<;>r uma espécie
çoados.
de desafio cujo alcance não podia escapar a nin�
Não tomava a sério o seu ar de jejuadores pro-
suas guém. Jesus evocava, para além dos seus próprios
fissionais, as suas vestes longas e flutuantes, as
çava, inimigos, todos os matadores de profetas : «Sois
fran jas e o seus amuletos. O decálogo dan
os bem seus filhos», dizia; «enchei, pois, a medida de
em rolinhos, dian te do olhos deles, mas não
ins� vossos pais, de tal maneira que sobre vós caia todo
·governava ; a sua religião mais não era que um
o sangue que foi derramado na terra, desde o san�
trumento de lucro, uma oportunidade de ·exigi
r os
à lei era gue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias,
primeiros lugares; o amor que dedicavam
,.
um estulto f rrnnlismo no 1 d 1 I tr, e ontrário
e a nova lei só podia do t• Jh s , e aquela rectifi�
..

ao espírito, s n ·I'! fi o nd 1 v . 1 I' 1 l i�,; 1 . o. precei�


cação: «Eu não oim destmir, mas completar» não
tos divinos. M · •-r u i 1 1 v 1 1 1 1 1 I t' 110 lo dele
·lhes dava a menor satisf c; o. '
se consid ' t' I V 1111 I 1 ! 1 · I t'l l ,.
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Ele pretendia remir . 1 t•r 1 l s; apresentava� •

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. �se como mestre do sabbllf: dt• I V que lhe cha­
s, não d l'l x 1 1'1 1111 t' t l t· 11 1 • v 1 I o I 1 1 1 r n v u n t 7
massem Messias, Filho d I ) t vl d , Filho de Deu

po r x ism d st c m o t desenla da
e outras « b la s f m J n H M 1 .

I' 1 1 1 I' n •I !l , a ofen­


crise que, durante três anos, conheceu fases diver�
tudo ! - toma rn , C' lll v 1 1'1 1 sas, tiveram lugar dois ou três dias antes da Paixão.
es
siva, umn b m v iu< ,., H ' o f,• n v ·c n l' l' s chef Daí, data a acusação publicamente fulminada no
do · u p v , l l l tl. 1111'1 ·hll 1 r 1 • m to ls des­
próprio Templo contra os que deste se diziam
prezo · e tai lnv tiv s, que deviam esperar�se ter­ guardiões : «A desgraça recaia sobre vós, Escribas
.ríveis reacções.
e Fariseus hipócritas, que purificais o exterior da
«Guardai-vos com cuidado, dizia ele, do fer­
taça e do prato, e, por dentro estais cheios de rapina
mento dos Fariseus e dos Saduceus». (Ma t.,
XVI,

. Pin­ e de imundície . . . Sepulcros branqueados que de


6 ) ». «Não passa de hipocrisia». (Luc ., XII, 1 )
s, longe pareceis belos aos olhos dos homens e por
tava esses orgu lhosos sectários como falsos puro
ha à dentro estais cheios de ossos de mortos e de toda
que cortesãos precederiam no Reino; opun a espécie de podridão . . . Serpentes, raça de víbora,
o,
e· spectaculosa oração deles a do bom publican
ldi� como escapareis à condenação da geena?
que se retira justi ficad o quando eles são ama
Estes anátemas prosseguiam p<;>r uma espécie
çoados.
de desafio cujo alcance não podia escapar a nin�
Não tomava a sério o seu ar de jejuadores pro-
suas guém. Jesus evocava, para além dos seus próprios
fissionais, as suas vestes longas e flutuantes, as
çava, inimigos, todos os matadores de profetas : «Sois
fran jas e o seus amuletos. O decálogo dan
os bem seus filhos», dizia; «enchei, pois, a medida de
em rolinhos, dian te do olhos deles, mas não
ins� vossos pais, de tal maneira que sobre vós caia todo
·governava ; a sua religião mais não era que um
o sangue que foi derramado na terra, desde o san�
trumento de lucro, uma oportunidade de ·exigi
r os
à lei era gue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias,
primeiros lugares; o amor que dedicavam
filho de Baraquias, que mut 1 . t . entre o Templo é preciso qu sua vitúJ'I 1 \ , , inal por um
suplício inqunllff tv ] .
e o altar». (Mat., xxm ) .
, <
Calcula-se que uma tal I J n n u 1gem equivalia Sabe�s t1 q t ll' J dt·ttl t t qll 1 1 1 1
· mul�
partir tidão qu · x 1 , tl•· • u I B 1 1' 1' 1 h '
para quem a usav a, a uma c rHI l l ção. A Jundo
· , \III<
·

desse momento, e talvez mesmo o n h , hostilidade present· f\• I vo I , I · I' · • 1 1' J tt n 1 1 o •, 1 t ·ito
J • ,

, , . ter ofic ial;


. a im g ' Jil t J 1 uw 1 ll ·o I v m id .
. qu o
dos chefes de Israel reveste-se d

. o
apresenta-se uma acus ação jurídi D . (t, ta a razã h:bito d admirar cru ifixos 1 gantes, de marflm
por que, no Evangelho, os Fariseu!-> aduceus e de prata, à cabeceira dos leitos, ou, de bronze,
r pre... nas estradas, ou de talha, ou em pequenos berlo�
já só serão designados pelo nome d s � us
sentantes sinedritas: os Príncipes do sa rdot
es, ques, tenha embotado, em nós, o sentido do que
quant Sad uceu s; os Escribas, quanto aos Fa­ se continha nesta furiosa vociferação: Crucificai-o!
os. O suplício da cruz era considerado, pelos Ro­
riseus, os Anciãos, que abrangem uns e outr
junt o manos, como a mais cruel e a mais infamante das
A opin ifi dos primeiros devia pesar mais
aco­ sanções penais; guardavam-no para os escravos
do pod r r mnn . visto que essa aristocracia
ela que se consideravam inferiores à humanidade. Os
modatícia r f I V rável a Roma, e visto que
detinha o pod r r li l .. embora fosse obrigada a Judeus, cuja lei o desconhecia, tinham tal horror
a de­ a esse tormento estrangeiro que o seu odioso recaía
exercê-lo, por cawm I p vo. dentro de cert
pendência em relação ÇJ I'llf' f dsai co. Por isso sobre _toda a família do supliciado, que passava a
nal de ser uma casa de crucificado.
os pontífices se põem m vi I 1 i n tribu
por­
Pilatos, e o seu ódio é de tod s m is feroz. A desnudação vinha aumentar o vexame.
ísta.
que é o mais sacrílego e o mal udemente ego Quando se trata de Jesus, sobe-nos a cor ao rosto.
lhes
Apodera-se deles uma tal r iva que nada «Aquele que se revestiu de luz como de um trajo»
lmen te quer despojar-se de tudo, excepto talvez, após um
parecia bastante para punir o inim igo fina
de feL
caído por terra. Aquelas almas de lama e momento de absoluta perturbação, do pano que res­
s san­
aqu elas víboras viscosas, também são sere peitosas mãos lhe concedem. A lei não parece ter-se
pintados
guinários. Os seus rostos polvilhados e oposto a essa suavização; o costume judeu aceita...
lutam:
escondem paixões odiosas. Há três anos que va-o e Maria estava ali, com as santas mulheres.

244 245
filho de Baraquias, que mut 1 . t . entre o Templo é preciso qu sua vitúJ'I 1 \ , , inal por um
suplício inqunllff tv ] .
e o altar». (Mat., xxm ) .
, <
Calcula-se que uma tal I J n n u 1gem equivalia Sabe�s t1 q t ll' J dt·ttl t t qll 1 1 1 1
· mul�
partir tidão qu · x 1 , tl•· • u I B 1 1' 1' 1 h '
para quem a usav a, a uma c rHI l l ção. A Jundo
· , \III<
·

desse momento, e talvez mesmo o n h , hostilidade present· f\• I vo I , I · I' · • 1 1' J tt n 1 1 o •, 1 t ·ito
J • ,

, , . ter ofic ial;


. a im g ' Jil t J 1 uw 1 ll ·o I v m id .
. qu o
dos chefes de Israel reveste-se d

. o
apresenta-se uma acus ação jurídi D . (t, ta a razã h:bito d admirar cru ifixos 1 gantes, de marflm
por que, no Evangelho, os Fariseu!-> aduceus e de prata, à cabeceira dos leitos, ou, de bronze,
r pre... nas estradas, ou de talha, ou em pequenos berlo�
já só serão designados pelo nome d s � us
sentantes sinedritas: os Príncipes do sa rdot
es, ques, tenha embotado, em nós, o sentido do que
quant Sad uceu s; os Escribas, quanto aos Fa­ se continha nesta furiosa vociferação: Crucificai-o!
os. O suplício da cruz era considerado, pelos Ro­
riseus, os Anciãos, que abrangem uns e outr
junt o manos, como a mais cruel e a mais infamante das
A opin ifi dos primeiros devia pesar mais
aco­ sanções penais; guardavam-no para os escravos
do pod r r mnn . visto que essa aristocracia
ela que se consideravam inferiores à humanidade. Os
modatícia r f I V rável a Roma, e visto que
detinha o pod r r li l .. embora fosse obrigada a Judeus, cuja lei o desconhecia, tinham tal horror
a de­ a esse tormento estrangeiro que o seu odioso recaía
exercê-lo, por cawm I p vo. dentro de cert
pendência em relação ÇJ I'llf' f dsai co. Por isso sobre _toda a família do supliciado, que passava a
nal de ser uma casa de crucificado.
os pontífices se põem m vi I 1 i n tribu
por­
Pilatos, e o seu ódio é de tod s m is feroz. A desnudação vinha aumentar o vexame.
ísta.
que é o mais sacrílego e o mal udemente ego Quando se trata de Jesus, sobe-nos a cor ao rosto.
lhes
Apodera-se deles uma tal r iva que nada «Aquele que se revestiu de luz como de um trajo»
lmen te quer despojar-se de tudo, excepto talvez, após um
parecia bastante para punir o inim igo fina
de feL
caído por terra. Aquelas almas de lama e momento de absoluta perturbação, do pano que res­
s san­
aqu elas víboras viscosas, também são sere peitosas mãos lhe concedem. A lei não parece ter-se
pintados
guinários. Os seus rostos polvilhados e oposto a essa suavização; o costume judeu aceita...
lutam:
escondem paixões odiosas. Há três anos que va-o e Maria estava ali, com as santas mulheres.

244 245
Mas que necessidade h a w l' l 1 l humilhar ainda A imobilid(. de provocn v 1 • n t r cções e uma
Jesus, ladeando a sua cruz, q t t • j se suspeita de congestão p1·o�r sivas. l n v •ne v · l m nt
gloriosa, de cruzes com celert�do. l 'l referiram�lhe procurava n l l v l u·.. apoln n I n '' m nos
•Barrabás; incluem�no na categ 1'1 1 I dois ladrões. pés. Tento v 1 p ·qtH 1 s d 1• I 1 • 1\ • , . usta
Porquê, dois? É lícito perguntar IH' , p t r cendo�lhes de nOVf l , ( 01' ( 1 1 1' 1 t' H\, � UI I I l l f ' I I l i I I' I l l l � l liSt ia
.

·atenuado o vexame da vergonhosn v l z l n h nça, não t'. U O f'. t l l l i ' I I ( O V nlt 1 d ' I I'
• , I tln h 1
procuram uma compensação no n ú n H't' ), !\ não ser m ·di . p ·i n t 1 1 I -. 111 t i IV 1 ;
que os algozes procedessem assim p l f'll ganhar natureza, que foge da dor p J u i n n s i n i , era
tempo! Nesse caso, o sentimento ' :; o tores repelida por contínuas e violentas picadas.
sofr m grande mudança, mas a in jú ria s u b iste. O peito estava horrível e convulsivamente con�
No qu respeita a sofrimento, a cruz era uma traído; a posição dos braços e a tracção dos mús�
invenç .sntt nica; a morte por fogo lento era me� culos intercostais tornavam a respiração ofegante;
,
nos horr . sn . condenado era pregado à ma� o supliciado sufocava; o coração, sujeito a um tra�
deira. Ca l u i .. :; ' efeito de cravos quadrangu� balho excessivo·, palpitava com precipitação e debil�
lares, com 1 O I 2 ntímetros de comprimento, mente, do que resultava, para o sangue, uma rege�
perfurando uma r H i< nervada e rica de vasos neração imperfeita, um excesso de ácido carbónico,
capilares, como tnÕOii
' s p l O nervo mediano uma acumulação de detritos; daí proveio, ulterior�
das mãos era parti u l n nn n t f ndido e a dor mente, a excitação tetânica das fibras musculares,
irradiava por todo o m mbr ,
a congestão do cérebro, o «círculo de ferro», coroa
Os pés tiveram de ser ass · n t ·s nt: madeira para interior, se tal pode dizer�se, a completar a outra.
se pregarem, e, repuxados por m i de uma flexão Os músculos do pescoço trabalhavam desespe�
dos joelhos, causavam um s frimento e · cãibras radamente; a cabeça, a que a coroa de espinhos
terríveis; os joelhos furav m espaço e um traba� não permitia manter o equilíbrio, inclinava�se sem
lho muscular esgotante er xigido a todo o corpo. encontrar . um po�to de apoio; os espinhos tortura�
Se houvesse uma cavilha de amparo ( antenna) , .
vam�na não só pelos picos mas pelo tamanho. Daí
seria, quanto a isso, um alívio, mas também uma também provinham cãibras, maior congestão, mani�
dor localizada. festações tetânicas.

246 247
Mas que necessidade h a w l' l 1 l humilhar ainda A imobilid(. de provocn v 1 • n t r cções e uma
Jesus, ladeando a sua cruz, q t t • j se suspeita de congestão p1·o�r sivas. l n v •ne v · l m nt
gloriosa, de cruzes com celert�do. l 'l referiram�lhe procurava n l l v l u·.. apoln n I n '' m nos
•Barrabás; incluem�no na categ 1'1 1 I dois ladrões. pés. Tento v 1 p ·qtH 1 s d 1• I 1 • 1\ • , . usta
Porquê, dois? É lícito perguntar IH' , p t r cendo�lhes de nOVf l , ( 01' ( 1 1 1' 1 t' H\, � UI I I l l f ' I I l i I I' I l l l � l liSt ia
.

·atenuado o vexame da vergonhosn v l z l n h nça, não t'. U O f'. t l l l i ' I I ( O V nlt 1 d ' I I'
• , I tln h 1
procuram uma compensação no n ú n H't' ), !\ não ser m ·di . p ·i n t 1 1 I -. 111 t i IV 1 ;
que os algozes procedessem assim p l f'll ganhar natureza, que foge da dor p J u i n n s i n i , era
tempo! Nesse caso, o sentimento ' :; o tores repelida por contínuas e violentas picadas.
sofr m grande mudança, mas a in jú ria s u b iste. O peito estava horrível e convulsivamente con�
No qu respeita a sofrimento, a cruz era uma traído; a posição dos braços e a tracção dos mús�
invenç .sntt nica; a morte por fogo lento era me� culos intercostais tornavam a respiração ofegante;
,
nos horr . sn . condenado era pregado à ma� o supliciado sufocava; o coração, sujeito a um tra�
deira. Ca l u i .. :; ' efeito de cravos quadrangu� balho excessivo·, palpitava com precipitação e debil�
lares, com 1 O I 2 ntímetros de comprimento, mente, do que resultava, para o sangue, uma rege�
perfurando uma r H i< nervada e rica de vasos neração imperfeita, um excesso de ácido carbónico,
capilares, como tnÕOii
' s p l O nervo mediano uma acumulação de detritos; daí proveio, ulterior�
das mãos era parti u l n nn n t f ndido e a dor mente, a excitação tetânica das fibras musculares,
irradiava por todo o m mbr ,
a congestão do cérebro, o «círculo de ferro», coroa
Os pés tiveram de ser ass · n t ·s nt: madeira para interior, se tal pode dizer�se, a completar a outra.
se pregarem, e, repuxados por m i de uma flexão Os músculos do pescoço trabalhavam desespe�
dos joelhos, causavam um s frimento e · cãibras radamente; a cabeça, a que a coroa de espinhos
terríveis; os joelhos furav m espaço e um traba� não permitia manter o equilíbrio, inclinava�se sem
lho muscular esgotante er xigido a todo o corpo. encontrar . um po�to de apoio; os espinhos tortura�
Se houvesse uma cavilha de amparo ( antenna) , .
vam�na não só pelos picos mas pelo tamanho. Daí
seria, quanto a isso, um alívio, mas também uma também provinham cãibras, maior congestão, mani�
dor localizada. festações tetânicas.

246 247
Não esqueçamos a sed • , uplício por excelên­ quando Jesus n la figu n , t nha arrancado aos
cia dos feridos. Jesus nada b h u desde a sua pri­ místicos, grit s I I I rn n t ·. . 1mor é engenhoso
são, digamos desde o Cená uI : steve sempre com na evocaçã d 1 • n 1 , l n l \ 1 1' 1 I naquilo que ama·,

febre, suou sangue; foi a ot·r· · n t t do; maltrataram­ sofre os 1 1 1 1 10 I


. 1'11 · l f l · 1 d om uma lanci­
-no em casa de Caifás; fi · l � t• t m•no em casa de
. nante fi l l i l 1 I .
Pilatos; carregou a sua cruz n 1 l' t dições que sa­ F i c: 1 1 1 'l't ·z 1 1 1 1 \1 u . t ·o Jll m introduziu

bemos; recusou a bebida n l m 1 1 1 l , stação das no V illa R gis t súpH 'MJ • ·ruz , em que o
trovoadas, em J ruso l ·m, 1 1 1 1 1 1 · n l 1 m u lt o ardor essencial da tortura tão bem se adivinha : «Flecta
da sede. ramos, arbor alta, tensa laxa víscera . . . Curva os
A .r 1 , o u•q 1 1 j t t·, q t h' ol I' ! I J I 1 b 1 1 brir-se,
· teus ramos, árvore poderosa, relaxa essa carne
vn i M ' l i', 1 t 1 • 1 u lm , \ S mu o as irritadas. esticada, essas vísceras dolorosas; que o teu inato
A un v 1 svazi m-se, cada vez mais, se não rigor se adoce e que os membros do Rei Supremo
de sangue, pelo menos de líquido verdadeiramente . se estendam com mais doçura sobre os teus
nutritivo e refrigerante. ramos!»
A hemorragia-julga-se-não era muito abun­ É o protesto da ternura; ela vai unir-se à queixa
dante; as feridas dos cravos depressa se obstruíam do Crucificado interpretada pelo profeta : «Eu
com os coágulos; o supliciado, porém, nada ga­ derramei-me como água e todos os meus ossos se
nhava com isso: o sangue retido não podia rege­ desconjunt{lram; eis vêm assaltar-me os cães; um
nerar-se e uma nova espécie de hemorragia subs.... bando de celerados ataca-me; trespassaram as mi­
tituia a outra; era o que os antigos cirurgiões nhas mãos e os meus pés; eu poderia contar todos
chamavam uma. «hemorragia de dores». Por um OS meus OSSOS». (Salm. XXI, 1 8 ) .
esgotamento nervoso comparável a um derrama­ Mas os pontífices de Jerusalém têm alma; de
mento sanguíneo, a morte, lentamente, com um hienas; não desarmam; são daqueles orientais que
método sábio e uma habilidade de verdugo, cha­ a paixão domina e lambem o sabre com que mata- ·

mava a si o paciente extenuado. ram o inimigo; «a sua língua é uma espada agu....
Compreende-se que a cruz tenha sido chamada çada», diz o salmo (Salm. LVI, 5); «as suas mãos
um «leito de pavor», e que a sua contemplação, estão desarmadas, acrescenta Santo Agostinho,

248 249
Não esqueçamos a sed • , uplício por excelên­ quando Jesus n la figu n , t nha arrancado aos
cia dos feridos. Jesus nada b h u desde a sua pri­ místicos, grit s I I I rn n t ·. . 1mor é engenhoso
são, digamos desde o Cená uI : steve sempre com na evocaçã d 1 • n 1 , l n l \ 1 1' 1 I naquilo que ama·,

febre, suou sangue; foi a ot·r· · n t t do; maltrataram­ sofre os 1 1 1 1 10 I


. 1'11 · l f l · 1 d om uma lanci­
-no em casa de Caifás; fi · l � t• t m•no em casa de
. nante fi l l i l 1 I .
Pilatos; carregou a sua cruz n 1 l' t dições que sa­ F i c: 1 1 1 'l't ·z 1 1 1 1 \1 u . t ·o Jll m introduziu

bemos; recusou a bebida n l m 1 1 1 l , stação das no V illa R gis t súpH 'MJ • ·ruz , em que o
trovoadas, em J ruso l ·m, 1 1 1 1 1 1 · n l 1 m u lt o ardor essencial da tortura tão bem se adivinha : «Flecta
da sede. ramos, arbor alta, tensa laxa víscera . . . Curva os
A .r 1 , o u•q 1 1 j t t·, q t h' ol I' ! I J I 1 b 1 1 brir-se,
· teus ramos, árvore poderosa, relaxa essa carne
vn i M ' l i', 1 t 1 • 1 u lm , \ S mu o as irritadas. esticada, essas vísceras dolorosas; que o teu inato
A un v 1 svazi m-se, cada vez mais, se não rigor se adoce e que os membros do Rei Supremo
de sangue, pelo menos de líquido verdadeiramente . se estendam com mais doçura sobre os teus
nutritivo e refrigerante. ramos!»
A hemorragia-julga-se-não era muito abun­ É o protesto da ternura; ela vai unir-se à queixa
dante; as feridas dos cravos depressa se obstruíam do Crucificado interpretada pelo profeta : «Eu
com os coágulos; o supliciado, porém, nada ga­ derramei-me como água e todos os meus ossos se
nhava com isso: o sangue retido não podia rege­ desconjunt{lram; eis vêm assaltar-me os cães; um
nerar-se e uma nova espécie de hemorragia subs.... bando de celerados ataca-me; trespassaram as mi­
tituia a outra; era o que os antigos cirurgiões nhas mãos e os meus pés; eu poderia contar todos
chamavam uma. «hemorragia de dores». Por um OS meus OSSOS». (Salm. XXI, 1 8 ) .
esgotamento nervoso comparável a um derrama­ Mas os pontífices de Jerusalém têm alma; de
mento sanguíneo, a morte, lentamente, com um hienas; não desarmam; são daqueles orientais que
método sábio e uma habilidade de verdugo, cha­ a paixão domina e lambem o sabre com que mata- ·

mava a si o paciente extenuado. ram o inimigo; «a sua língua é uma espada agu....
Compreende-se que a cruz tenha sido chamada çada», diz o salmo (Salm. LVI, 5); «as suas mãos
um «leito de pavor», e que a sua contemplação, estão desarmadas, acrescenta Santo Agostinho,

248 249
mas a sua boca não está; d 1• l 1 ai uma lâmina que J 1 1 d1' 1 1 de JU quando prova um reino sobre�
mata Cristo». 1 1 1 1 111 1 1 10.
Trata�se, efectivament , d t • u ma represália; ele C ) I ( triseus vêem os seus milagres e não vêem
próprio os feriu sem piedé l I · : f1 gelou�os com 11 11 p der; o Deus oculta�se sob o ser carnal.
aquele amor forte como a m ri• · ( J I I proíbe que se I � I o de má fé, mas também, para crer, teriam
toque nas almas que lhe pert ' l l rt• m . R cusou�se a . 11• lisidade de mais fé. Carnais como nós, não têm
ser um homem deles e eles m[ll' l i' 1 1 1 1-n , julgando o q ue a nós nos socorre; substituem�no pelas suas

assim salvar os seus privilégi s; m 1. 1 tt l t l m a pala� onveniências imediatas, as suas prevenções, as


vra não fói dita : as forças d v ld n t·t·u bn lh� m e a suas mútuas influências. Quem poderá dizer até
que ponto a consciência deles está iludida, até que
morte dele matá�los�á.
ponto ela é claramente e bem abertamente cele�
rada? !
Jesus é um revolucionário; impossível é negá�lo.
ever�se�á pensar que a obstinação dos ver�
A sua santa revolução deve ser aceite, mas isso é
dugo os exclui das palavras celestes : «Meu Pai,
tão difícil para alguns, que a reacção dos interesses
perd n�Lh s, porque não sabem o que fazem»? Não.
feridos, dos preconceitos contrariados, pode ter
Jesus n� xclui ninguém. Também eles, até certo uma vaga desculpa. Jesus, que sabe o que existe
ponto, nã s b m o que fazem. I gnoram a exten� dentro do homem e tudo pesa numa balança exacta,
são do seu rim . Por muito grande que apareça não desespera de encontrar, mesmo nestes inimi�
à sua consciên i d ·onrada, ste crime não pode gos, com que abrandar um pouco seu Pai e em que
pesar nela por uilo �u r almente é : um crime fundamentar o seu próprio perdão.
universal.
Poder�se�á pensar que imaginam Jesus, aquele *

Jesus que vive no meio deles e os ofende, como * *

nós podemos fazê�lo após quase vinte séculos de


vida misteriosa, de glória e de amor? É mais difícil Depois da turba ruidosa, irrequieta, cobarde
.acreditar ·em Jesus quando ele avança por terra da e cruel, eis a cloaca secreta, · o· mistério; a i'niqui�
mas a sua boca não está; d 1• l 1 ai uma lâmina que J 1 1 d1' 1 1 de JU quando prova um reino sobre�
mata Cristo». 1 1 1 1 111 1 1 10.
Trata�se, efectivament , d t • u ma represália; ele C ) I ( triseus vêem os seus milagres e não vêem
próprio os feriu sem piedé l I · : f1 gelou�os com 11 11 p der; o Deus oculta�se sob o ser carnal.
aquele amor forte como a m ri• · ( J I I proíbe que se I � I o de má fé, mas também, para crer, teriam
toque nas almas que lhe pert ' l l rt• m . R cusou�se a . 11• lisidade de mais fé. Carnais como nós, não têm
ser um homem deles e eles m[ll' l i' 1 1 1 1-n , julgando o q ue a nós nos socorre; substituem�no pelas suas

assim salvar os seus privilégi s; m 1. 1 tt l t l m a pala� onveniências imediatas, as suas prevenções, as


vra não fói dita : as forças d v ld n t·t·u bn lh� m e a suas mútuas influências. Quem poderá dizer até
que ponto a consciência deles está iludida, até que
morte dele matá�los�á.
ponto ela é claramente e bem abertamente cele�
rada? !
Jesus é um revolucionário; impossível é negá�lo.
ever�se�á pensar que a obstinação dos ver�
A sua santa revolução deve ser aceite, mas isso é
dugo os exclui das palavras celestes : «Meu Pai,
tão difícil para alguns, que a reacção dos interesses
perd n�Lh s, porque não sabem o que fazem»? Não.
feridos, dos preconceitos contrariados, pode ter
Jesus n� xclui ninguém. Também eles, até certo uma vaga desculpa. Jesus, que sabe o que existe
ponto, nã s b m o que fazem. I gnoram a exten� dentro do homem e tudo pesa numa balança exacta,
são do seu rim . Por muito grande que apareça não desespera de encontrar, mesmo nestes inimi�
à sua consciên i d ·onrada, ste crime não pode gos, com que abrandar um pouco seu Pai e em que
pesar nela por uilo �u r almente é : um crime fundamentar o seu próprio perdão.
universal.
Poder�se�á pensar que imaginam Jesus, aquele *

Jesus que vive no meio deles e os ofende, como * *

nós podemos fazê�lo após quase vinte séculos de


vida misteriosa, de glória e de amor? É mais difícil Depois da turba ruidosa, irrequieta, cobarde
.acreditar ·em Jesus quando ele avança por terra da e cruel, eis a cloaca secreta, · o· mistério; a i'niqui�
- -
� ; .. . � � � ...,_ - ........- -..,_ � .

eufemismos, e t I vez h j 1 n I. < m smo que se


..
dade sombria e cautelosa , • I, Judas. Judas, «um 1

interprete sup l'fl I 1m n tc o f t ·t )1 u m ' ccv lação.


dos Doze», como acentuam n. Evangelist as; Judas,
Um ladriio q t H' j 1 1 n f 1 1 I • u 1 1 o po I ser
o homem de Cariot- «in l i · 1 11 1 n s a sua pátria,
1
um ladrão q 1 1 d q u ' l' l 1 r n u t •• f t , rc 1 1 l l f 'J' nte

escreve São João Crisóstomo, q 1 1 l ll 1 nós querería,... 1

de ladrft ; o : 1 1 1 v 1 c ·
f l l l 1 1 I 1 1 1 1 1 11 1 1 t'O v ·i
mos ignorá....lo a ele própd ».
a sua · hl · 1 d •v h t' u m l J t l vo l · 1uc l t-
Cariot é uma localidad I 1 l u d ·l l ; Judas não •

nh-11' · m 1 slmbolo cl qu ub�tt11 in.


é galileu como o outr s; f I , 1 10 1' 1 1 1 I II (' chamado
1

nas mesma condlç 'li, m· l i' I 1 1' H I c tdmitido, Jesus nenhum valor dá ao dinheiro; certamente
no s p da m. n t· t n h 1 , t po ' O l' �� 1 0 . não permite que o amealhem, e, portanto, pouco
J sus, m t •· l � t h ·nd l h t l o , 11 • p liu. haverá que roubar, junto dele. Mas esse fundador
,Quando o hom m s of r ce, D us r ceb .-o; Deus do reino de Israel não seria fornecedor doutros
não diz : Tu não perseverá s, é inútil eu acolher....te. bens? O dinheiro virá, sem dúvida, por acréscimo;
Nós, como seres livres, assumimos responsabilida.­ a grandeza trá....lo,- mas que não será possível
des que não excluem também uma Providência obter, sendo....se dos seus, no momento em que a sua
respeitosa e paciente; a liberdade do homem é um glória vai brilhar?
mistério que pode parecer uma limitação do poder Judas é um ambicioso. Não teve a lealdade de
divino; digamos que sob esse governo da Provi,.. dizer, como os filhos de Zebedeu, pela boca da
dência, a alma é tão independente como se fora só, mãe : Eu quero um belo lugar no reino! Estes são
mas todavia tão dependente como qualquer ser em crianças; ele, Judas, é um homem; é um calculista.
relação ao seu Criador. lntroduz....se nas fileiras; conquista confiança; ma...
·
Judas ocupa um lugar bem determinado no nifestará dedicação enquanto for preciso; não o
grupo apostólico : tem a seu cargo as despesas; distinguirão dos outros. Entretanto, os aconteci...
guarda o que é oferecido para os pobres e para mentes precipitam....se e o Messias torna.-se maior;
as necessidades diárias. O tesoureiro do pequeno ver....se....á bem em que tempo e sob qu� forma se
grupo recebe, portanto, de seu Mestre e . de todos, deverá revelar.
um testemunho de particular confiança. Ora ele Acreditou em Jesus, aquele homem! Quer dizer:
é um ladrão. São João assim o classifica, sem farejou . um poder· e entreviu uma vida magnífica.

252 253
- -
� ; .. . � � � ...,_ - ........- -..,_ � .

eufemismos, e t I vez h j 1 n I. < m smo que se


..
dade sombria e cautelosa , • I, Judas. Judas, «um 1

interprete sup l'fl I 1m n tc o f t ·t )1 u m ' ccv lação.


dos Doze», como acentuam n. Evangelist as; Judas,
Um ladriio q t H' j 1 1 n f 1 1 I • u 1 1 o po I ser
o homem de Cariot- «in l i · 1 11 1 n s a sua pátria,
1
um ladrão q 1 1 d q u ' l' l 1 r n u t •• f t , rc 1 1 l l f 'J' nte

escreve São João Crisóstomo, q 1 1 l ll 1 nós querería,... 1

de ladrft ; o : 1 1 1 v 1 c ·
f l l l 1 1 I 1 1 1 1 1 11 1 1 t'O v ·i
mos ignorá....lo a ele própd ».
a sua · hl · 1 d •v h t' u m l J t l vo l · 1uc l t-
Cariot é uma localidad I 1 l u d ·l l ; Judas não •

nh-11' · m 1 slmbolo cl qu ub�tt11 in.


é galileu como o outr s; f I , 1 10 1' 1 1 1 I II (' chamado
1

nas mesma condlç 'li, m· l i' I 1 1' H I c tdmitido, Jesus nenhum valor dá ao dinheiro; certamente
no s p da m. n t· t n h 1 , t po ' O l' �� 1 0 . não permite que o amealhem, e, portanto, pouco
J sus, m t •· l � t h ·nd l h t l o , 11 • p liu. haverá que roubar, junto dele. Mas esse fundador
,Quando o hom m s of r ce, D us r ceb .-o; Deus do reino de Israel não seria fornecedor doutros
não diz : Tu não perseverá s, é inútil eu acolher....te. bens? O dinheiro virá, sem dúvida, por acréscimo;
Nós, como seres livres, assumimos responsabilida.­ a grandeza trá....lo,- mas que não será possível
des que não excluem também uma Providência obter, sendo....se dos seus, no momento em que a sua
respeitosa e paciente; a liberdade do homem é um glória vai brilhar?
mistério que pode parecer uma limitação do poder Judas é um ambicioso. Não teve a lealdade de
divino; digamos que sob esse governo da Provi,.. dizer, como os filhos de Zebedeu, pela boca da
dência, a alma é tão independente como se fora só, mãe : Eu quero um belo lugar no reino! Estes são
mas todavia tão dependente como qualquer ser em crianças; ele, Judas, é um homem; é um calculista.
relação ao seu Criador. lntroduz....se nas fileiras; conquista confiança; ma...
·
Judas ocupa um lugar bem determinado no nifestará dedicação enquanto for preciso; não o
grupo apostólico : tem a seu cargo as despesas; distinguirão dos outros. Entretanto, os aconteci...
guarda o que é oferecido para os pobres e para mentes precipitam....se e o Messias torna.-se maior;
as necessidades diárias. O tesoureiro do pequeno ver....se....á bem em que tempo e sob qu� forma se
grupo recebe, portanto, de seu Mestre e . de todos, deverá revelar.
um testemunho de particular confiança. Ora ele Acreditou em Jesus, aquele homem! Quer dizer:
é um ladrão. São João assim o classifica, sem farejou . um poder· e entreviu uma vida magnífica.

252 253
a sua sua comunidad ada vez
Entregou�se mas para luc 1' 1 1'; jogou sobre
atrib ui,
.entrada na actividade m H� 1 1 1 , à qual
como a maior parte dos .1 • 1 1
objectivo todo carnal. I (1 ..
ões
Os outros· discípulos a l i 1 1 1 ' I I I 1 1 1 1 muitas ilus
I II

I'I H ,: 10 l
ambi� H '

do mesmo género, e ta mb ·m 1· 11- I m suas


'li

começo, m u m t l l i'O r : -<' nt· ngml'ld I ? Tr- mw i ·J ..

ções; mas amam; a 1.:a 1., d ·d lc 1 1 �m numa empresa absurda. Prometeram�me um


I sinteres�
generosa , , s h ou v ' I' J W C I' I I d 1 d · ,

futuro e, agora, confessa�se que subscrevi a minha


t ; o seu
sada. Juda H ni 1 1 1 1 1 1 11 · u 1 p o11 1 t H' I II 1 1 1 t l l perda. Pereça Aquele que só fala de perecer e
· Slm tl . o
cor ã tfi Ml' ( . 1 1 !' · n t · I • ·· · u1 1 . 1 d
'

pereça esse lugarejo a que chamam reino!


orno bem
fariseu . quando . pr s I i' nd um n
Já dissemos que pa� te teve a decepção na revi�
, o ouvimos
poucas há na história da humanidade ravolta e na crueldade da multidão judaica; a trai�
ício?»
dizer apenas isto : «Para que serve tal desperd ção de Judas patenteia uma igual raiz, que se desen�
; está
Um homem que fala assim está julg ado volve ao máximo. Desiludido, Judas torna�se azedo;
s forte
abaixo da vulg ar humanidade, e, com mai
·

anto, não amando pouco ou muito, irrita�se; o constran�


razão, de um mundo superior. Que faz, port gimento que é forçado a impor�se, vai�o minando
erioridade
num grupo cuja razão de ser é uma sup surdamente; de dia para dia se concentra mais.
�lo.
de vida e de concepção? Só pode atraiçoá Não podendo libertar�se sem retratação, sem se
é um deles;
Judas está entre os Doze, mas não desmentir a si próprio, sem vergonha, talvez sem
deles
acompanha o gru po. mas não os sentimentos :perigo, odeia.
ali o seu
e, muito menos, os do seu Che fe; está Isto respond� a uma pergunta que ocorre ao
rão» quer
corpo, mas não a sua alma. Aquele «lad espírito quando se tenta compreender um tal mons�
objecto de
-roubar o reino de Deus e dele fazer um tro. Diz�se: Se Judas moralmente deixou de estar
tem seus
lucro; enquanto aguarda oportun idad e. com os Doze e com Jesus, porque não se afasta
emente.
pequenos lucros e vai esperando pacient .sem ruído? - «Este ca.minho filosófico, responde
a se
Mas a paciência de homens assi m, depress Loisy, é daqueles que um Judas quase nunca segue .
as coisas da
. esg ota. Judas não deixa de ver que
255
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a sua sua comunidad ada vez
Entregou�se mas para luc 1' 1 1'; jogou sobre
atrib ui,
.entrada na actividade m H� 1 1 1 , à qual
como a maior parte dos .1 • 1 1
objectivo todo carnal. I (1 ..
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Os outros· discípulos a l i 1 1 1 ' I I I 1 1 1 1 muitas ilus
I II

I'I H ,: 10 l
ambi� H '

do mesmo género, e ta mb ·m 1· 11- I m suas


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começo, m u m t l l i'O r : -<' nt· ngml'ld I ? Tr- mw i ·J ..

ções; mas amam; a 1.:a 1., d ·d lc 1 1 �m numa empresa absurda. Prometeram�me um


I sinteres�
generosa , , s h ou v ' I' J W C I' I I d 1 d · ,

futuro e, agora, confessa�se que subscrevi a minha


t ; o seu
sada. Juda H ni 1 1 1 1 1 1 11 · u 1 p o11 1 t H' I II 1 1 1 t l l perda. Pereça Aquele que só fala de perecer e
· Slm tl . o
cor ã tfi Ml' ( . 1 1 !' · n t · I • ·· · u1 1 . 1 d
'

pereça esse lugarejo a que chamam reino!


orno bem
fariseu . quando . pr s I i' nd um n
Já dissemos que pa� te teve a decepção na revi�
, o ouvimos
poucas há na história da humanidade ravolta e na crueldade da multidão judaica; a trai�
ício?»
dizer apenas isto : «Para que serve tal desperd ção de Judas patenteia uma igual raiz, que se desen�
; está
Um homem que fala assim está julg ado volve ao máximo. Desiludido, Judas torna�se azedo;
s forte
abaixo da vulg ar humanidade, e, com mai
·

anto, não amando pouco ou muito, irrita�se; o constran�


razão, de um mundo superior. Que faz, port gimento que é forçado a impor�se, vai�o minando
erioridade
num grupo cuja razão de ser é uma sup surdamente; de dia para dia se concentra mais.
�lo.
de vida e de concepção? Só pode atraiçoá Não podendo libertar�se sem retratação, sem se
é um deles;
Judas está entre os Doze, mas não desmentir a si próprio, sem vergonha, talvez sem
deles
acompanha o gru po. mas não os sentimentos :perigo, odeia.
ali o seu
e, muito menos, os do seu Che fe; está Isto respond� a uma pergunta que ocorre ao
rão» quer
corpo, mas não a sua alma. Aquele «lad espírito quando se tenta compreender um tal mons�
objecto de
-roubar o reino de Deus e dele fazer um tro. Diz�se: Se Judas moralmente deixou de estar
tem seus
lucro; enquanto aguarda oportun idad e. com os Doze e com Jesus, porque não se afasta
emente.
pequenos lucros e vai esperando pacient .sem ruído? - «Este ca.minho filosófico, responde
a se
Mas a paciência de homens assi m, depress Loisy, é daqueles que um Judas quase nunca segue .
as coisas da
. esg ota. Judas não deixa de ver que
255
254
em pre� Se fosse t com e1 s 7 . . I ? mm ndo n s suas
.
O ser moralmente inferior l ll se en�ontra file.ir�s, lad
para ele. I do om 1 ,.
I · l· r·u l n 1 , pela
sença de uma situação d m 1 l do difíc il tratçao, o f 1 1 1 t'( 1 l n o v I'
,
não se contenta, vulg ol'lll 1\ , com .desviar�se: llh ' l' l n 1 1 sua
ento». escabro n po 1�,; c I I' 1 t i 1 1 1 • 1 I 1 1'1' 1 f l t• t u .
1
tenta escapar�se por m lo I · l l t l cto vil e viol Os t l' l r 1 1 r d o h I r· ) n l • 1· v m ,
É assi m mesmo. J u d 1 1 1 c J d afast
ar�se sem rto, · J t r ..
e ex� ... g · l 1 P ' 1 1, 1 · q u · t 1 1 d ·xpH m. mas, refJ · t i ndo
crise; está dema J, d o l'l I I I J l i'O I I I H I interior
·

m r l hor·, 1 Jnv t•osimilh ança salta à vista. Trint


teriorme nte. 11 · •• 1 1 · 1 q 1 1 d l f l ' l l involuntà�
I

s garan� dinheiros não é nada; não mais de 85 francos


mo d I. · p1 1 l ,. I 11 o t n I
riamen t franceses, preç� de um escravo; não mais do que
, do novo
tias d l iH p n l o , l n l m i H l, 1 1 1 1 m t· mp poderia custar o perfume de Madal ena, e Judas
u . .dores 1
Is ra 1 �I v \ h , J J Au, l H us
pode recupera assim esse dinheiro «desperdiçado». Mas
A s lv ção, tal como ele a entende, só uma acção de tal consequência poderia só valer
· e, vendo
aparecer, a seus olhos, numa direcção, aquilo?
·

que deve
bem, compreende�se a terrível tentação Afastemos qualquer consideração de ordem
inimigos
assaltar aquela alma. Quando dois bandos sentimental e ainda nos encontramos perante a
po cer�
estão em presença e lutam como em cam
desertar? audácia que é necessária, os riscos a correr, a pro�
rado, que faz um soldado ansioso por
evasiva se cu �a de meios para realizar. . . Pode haver espa.­
Passa para o inimigo; nenhuma outra
ta�se zeloso detradas, e haverá. Um homem que teve paciência
lhe oferece. Tendo atraiçoado, manifes
para se res� para esperar tanto tempo expõe.-se assim e age por
para vencer desconfianças que fare ja:
s :melhante quantia? Não. Os dinheiros, neste caso,
gata r, che ga ao extremo.
cipes sao acessórios; a vilania é que surge em todo 0 seu
Judas não seg ue outro método. Os prín
s;:1r a perda horror.
dos sacerdotes estão resolvidos a cau
de Jesu s; Jud as sabe.-o, uma vez que Jesu
s sabe, e, . Há almas em que a traição ainda pode reves.­
se aguarda tlr.-se de certo orgulho e procura embelezar as
além diss o, o facto é assaz evidente; só
reitam do aparências; aqui, não: surge, desenfreada, dando
uma oportun idad e. Ora esses que esp
a o que largas às baixezas habituais, e toma uma forma
outro lado da ponte, que mais são , par
·

. aparentada com os vícios quotidianos. Judas dei.-


cump 1'tces ?.
,
espreita do lado de cá, do que secretos
17
257
256
em pre� Se fosse t com e1 s 7 . . I ? mm ndo n s suas
.
O ser moralmente inferior l ll se en�ontra file.ir�s, lad
para ele. I do om 1 ,.
I · l· r·u l n 1 , pela
sença de uma situação d m 1 l do difíc il tratçao, o f 1 1 1 t'( 1 l n o v I'
,
não se contenta, vulg ol'lll 1\ , com .desviar�se: llh ' l' l n 1 1 sua
ento». escabro n po 1�,; c I I' 1 t i 1 1 1 • 1 I 1 1'1' 1 f l t• t u .
1
tenta escapar�se por m lo I · l l t l cto vil e viol Os t l' l r 1 1 r d o h I r· ) n l • 1· v m ,
É assi m mesmo. J u d 1 1 1 c J d afast
ar�se sem rto, · J t r ..
e ex� ... g · l 1 P ' 1 1, 1 · q u · t 1 1 d ·xpH m. mas, refJ · t i ndo
crise; está dema J, d o l'l I I I J l i'O I I I H I interior
·

m r l hor·, 1 Jnv t•osimilh ança salta à vista. Trint


teriorme nte. 11 · •• 1 1 · 1 q 1 1 d l f l ' l l involuntà�
I

s garan� dinheiros não é nada; não mais de 85 francos


mo d I. · p1 1 l ,. I 11 o t n I
riamen t franceses, preç� de um escravo; não mais do que
, do novo
tias d l iH p n l o , l n l m i H l, 1 1 1 1 m t· mp poderia custar o perfume de Madal ena, e Judas
u . .dores 1
Is ra 1 �I v \ h , J J Au, l H us
pode recupera assim esse dinheiro «desperdiçado». Mas
A s lv ção, tal como ele a entende, só uma acção de tal consequência poderia só valer
· e, vendo
aparecer, a seus olhos, numa direcção, aquilo?
·

que deve
bem, compreende�se a terrível tentação Afastemos qualquer consideração de ordem
inimigos
assaltar aquela alma. Quando dois bandos sentimental e ainda nos encontramos perante a
po cer�
estão em presença e lutam como em cam
desertar? audácia que é necessária, os riscos a correr, a pro�
rado, que faz um soldado ansioso por
evasiva se cu �a de meios para realizar. . . Pode haver espa.­
Passa para o inimigo; nenhuma outra
ta�se zeloso detradas, e haverá. Um homem que teve paciência
lhe oferece. Tendo atraiçoado, manifes
para se res� para esperar tanto tempo expõe.-se assim e age por
para vencer desconfianças que fare ja:
s :melhante quantia? Não. Os dinheiros, neste caso,
gata r, che ga ao extremo.
cipes sao acessórios; a vilania é que surge em todo 0 seu
Judas não seg ue outro método. Os prín
s;:1r a perda horror.
dos sacerdotes estão resolvidos a cau
de Jesu s; Jud as sabe.-o, uma vez que Jesu
s sabe, e, . Há almas em que a traição ainda pode reves.­
se aguarda tlr.-se de certo orgulho e procura embelezar as
além diss o, o facto é assaz evidente; só
reitam do aparências; aqui, não: surge, desenfreada, dando
uma oportun idad e. Ora esses que esp
a o que largas às baixezas habituais, e toma uma forma
outro lado da ponte, que mais são , par
·

. aparentada com os vícios quotidianos. Judas dei.-


cump 1'tces ?.
,
espreita do lado de cá, do que secretos
17
257
256
�do de •
crime, já, por o sião de 1 r• pl'l 1 ucari tia , mani�
xa�s e ver na sua traição ·o1 1 1 era no perí
de uÍna festara o n HJ' I I I I l • l u /i l t 1 t l 1 1 1 , ,
infidelidade latente : avar . l tnbicioso, e
com o Foi d n q l li h· p 1 1· d i . 1 1 1 1 1 · 1 1' f 1 llf iJ! I I IfJ m é
forma grosseira, mesquin h I , · m harmonia
ta dinhei� dura, q m m I '' t lr• " " Id '' I\ 1 1'1 p 1 lh , João
seu carácter. Achando b m I' ' \' h r só trin
r quan� obs rvou : /•• 11 . ,
1 111 1 , . e /r• n nmc•ço '/" 1 /. . , 1m 1 , .
ros, dir�se�ia que só qu r tPr' 1 1 1 1 < qualque
de. C{tfl' 11 l 'f'l /111 C/IH III () ' / • o/ I ff'ii Í .. f
tia para os primeiros lln. d 1 1 1 1 l l h rda
S 0 I' ('f' I C/11
I r iss , diz : «N lui tt q tt v s s · lhi, l1 1 • s,

os Doze? E um de vós é um demónio» . (João, VI,

dá ao 67�7 1 ) .
N , no n H l l l l • 1 1 l'o t 1 1 1 J l l {' J , liH
n (I C I I I<
o s s l m m ls t d s u m nt o Eis, pois, J ésus, há um ano pelo menos, arras�
tr id r p: o mol b 1d
que tragou, tando atrás de si um homem que assim desmasca�
des ign a, João observa : «A seguir ao
diz São João rou. Trata�o como aos outros; chama�lhe também
Satanás entrou nele ». Entrou nele,
esa; entrou um amigo; deixa sobre ele brilhar, como sobre todos
Cristóvão, como numa praça sem def
a vez , por� os outros, a sua alma luminosa; permite�lhe todos
nele, diz o Venerável Bed e, pela seg und
ento em que os direitos e todos os benefícios da intimidade.
que já entrara , pela primeira, no mom
traição con� Não o vemos a recusar�lhe os serviços, mesmo
se decidia o seu crime. Ne sse dia da
como numa no domínio espiritual, nem a excluí�lo, quando no
sentida, Satanás entrara em Judas
sua própria tempo do entusiasmo de seus companheiros, os
casa estranha; agora, entra como na
enviava, dois a dois, encarregando�os de preparar
casa.
lá se ins� a sua tarefa, confiando�lhes, para os proclamarem,
Não se poderia diz er que já há muito
armos ao que conforme cada qual pudesse entendê�los, os segre�
talara? Pode e deve�se, se remont
ltiplicação dos dos do Reino. Na véspera, à noite, lavou�lhe os
Jesus disse há já um ano, após a mu
re o pão da pés. Tão solene humildade não conseguiria ven�
pães, no momento das explicações sob
gem. Jud as, que cê�lo? Pelo menos, é indício de que a doçura ainda
vida e a natureza da divina mensa
sa no meio das não se arredou dele. Pensa�se naquela predição do
no 1 3 de N issan se levanta da me
o seu odioso profeta : «Ele não quebrará a cana partida e não
efusões eucarísticas para consumar

259
258
�do de •
crime, já, por o sião de 1 r• pl'l 1 ucari tia , mani�
xa�s e ver na sua traição ·o1 1 1 era no perí
de uÍna festara o n HJ' I I I I l • l u /i l t 1 t l 1 1 1 , ,
infidelidade latente : avar . l tnbicioso, e
com o Foi d n q l li h· p 1 1· d i . 1 1 1 1 1 · 1 1' f 1 llf iJ! I I IfJ m é
forma grosseira, mesquin h I , · m harmonia
ta dinhei� dura, q m m I '' t lr• " " Id '' I\ 1 1'1 p 1 lh , João
seu carácter. Achando b m I' ' \' h r só trin
r quan� obs rvou : /•• 11 . ,
1 111 1 , . e /r• n nmc•ço '/" 1 /. . , 1m 1 , .
ros, dir�se�ia que só qu r tPr' 1 1 1 1 < qualque
de. C{tfl' 11 l 'f'l /111 C/IH III () ' / • o/ I ff'ii Í .. f
tia para os primeiros lln. d 1 1 1 1 l l h rda
S 0 I' ('f' I C/11
I r iss , diz : «N lui tt q tt v s s · lhi, l1 1 • s,

os Doze? E um de vós é um demónio» . (João, VI,

dá ao 67�7 1 ) .
N , no n H l l l l • 1 1 l'o t 1 1 1 J l l {' J , liH
n (I C I I I<
o s s l m m ls t d s u m nt o Eis, pois, J ésus, há um ano pelo menos, arras�
tr id r p: o mol b 1d
que tragou, tando atrás de si um homem que assim desmasca�
des ign a, João observa : «A seguir ao
diz São João rou. Trata�o como aos outros; chama�lhe também
Satanás entrou nele ». Entrou nele,
esa; entrou um amigo; deixa sobre ele brilhar, como sobre todos
Cristóvão, como numa praça sem def
a vez , por� os outros, a sua alma luminosa; permite�lhe todos
nele, diz o Venerável Bed e, pela seg und
ento em que os direitos e todos os benefícios da intimidade.
que já entrara , pela primeira, no mom
traição con� Não o vemos a recusar�lhe os serviços, mesmo
se decidia o seu crime. Ne sse dia da
como numa no domínio espiritual, nem a excluí�lo, quando no
sentida, Satanás entrara em Judas
sua própria tempo do entusiasmo de seus companheiros, os
casa estranha; agora, entra como na
enviava, dois a dois, encarregando�os de preparar
casa.
lá se ins� a sua tarefa, confiando�lhes, para os proclamarem,
Não se poderia diz er que já há muito
armos ao que conforme cada qual pudesse entendê�los, os segre�
talara? Pode e deve�se, se remont
ltiplicação dos dos do Reino. Na véspera, à noite, lavou�lhe os
Jesus disse há já um ano, após a mu
re o pão da pés. Tão solene humildade não conseguiria ven�
pães, no momento das explicações sob
gem. Jud as, que cê�lo? Pelo menos, é indício de que a doçura ainda
vida e a natureza da divina mensa
sa no meio das não se arredou dele. Pensa�se naquela predição do
no 1 3 de N issan se levanta da me
o seu odioso profeta : «Ele não quebrará a cana partida e não
efusões eucarísticas para consumar

259
258
apagará a mecha que ai11 I fumega». (Isaías, J Sll� 1 I ve l' l'c
«amigo» d q u t• o • u d ígn io está
XLII, 1 .-3 ) .
d H · I · •·l·o, não será por que l'l'
I I H' I I I· 1 1 fast á--lo
O procedimento de Jesu�o� 1 u · com Judas não do · r· l m , e pud er ser, e levá�lo
n ·on f l , , n r e a
é senão o de Deus em r h H,; t 1 cada alma, em dt• t't', t· 1 1' sua ainda curável felonia 1 «( qtt
relação a cada grupo, em r I 1 1,. > ' humanidad: tu
/1 l's. fá�lo prontamente», diz� lhe com
inteira : paciência verdad i r: u 1 w 1 1 I · I mbrosa, ate ú l t ima
1 n lnvr a, e ele, em vez de cair aos pés do
que toda a esperança st Jn rw n l d ' . qu o homem seu M •s...
tre, some�se na noite.
tenha consumad : 1 � � �� � 1 I' l 1'1 ' P ' I' I ' · A palavr.:; de ordem : «Aquele que eu
oscular,
é ele; prendei�o» parece ter sido dad
a no regresso
do Cenáculo. Que alma tem, então, aqu
ele desgra�
A lon o.n im i lnd d J sus não foi passiva. çado, para ir assim escolher como sina
l um teste�
Quantas sucessivas prevenções! A palavra «de-­ munho de amor?
mónio», atirada há um ano, sem designação pes-­ A traição provoca uma dor régia; Jesu
soal, convidava às reflexões e permitia recon-­ s há
muito lhe conhece o gos to; saboreia�a
siderar. A melancólica frase de ontem : « Vós sois plenamente
nessa cena nocturna. A sua divina face
puros, mas não todos» era um apelo. «Um de vós
apoiada à
ignóbil boca de Judas é a suprema volú
_
trair--me--á», era outro. Ainda outro se contmha
pia do seu
tormento. Noutras circunstâncias, cala
�se; ago ra,
nestas palavras : «Ü Filho do Homem vai--se con-­ quer comentar e quer abr ir aind a a
forme 0 que dele está escrito, mas desgra �ado do
sua alma.
«Am igo, diz ele, porque vieste?» e olha
homem por quem o Filho do Homem sera entre-­
ndo�o, com
certeza bem de frente : «Judas, tu traíste
gue». (Mat., XXVI, 24 ) . o Filho
do Homem com um ósculof»
Jesus procede com tanta delicadeza �ue os Oh ! que o culpado a quem assim cha
Doze, até ao último momento, perguntam uns aos mam à
reflexão, medite no seu acto e pense naq
outro «qual dentre el s poderá assim praticar uma uele que
lhe suplica ! Que o seu coração amoleça, fina
tal acção» (Luc., XX II, 23 ) ; cada qual receia por si lmente,
e, como o de Madalena, se desfaça numa
e não suspeita qualquer outro. Mas entre Jesus e torrente
de pranto! Que o discípulo transviado reto
J udas 0 colóquio não se reveste de mistério. Se me seu
luga r nas fileiras, mesmo que seja sob a
cruz que
260
26 1
apagará a mecha que ai11 I fumega». (Isaías, J Sll� 1 I ve l' l'c
«amigo» d q u t• o • u d ígn io está
XLII, 1 .-3 ) .
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I I H' I I I· 1 1 fast á--lo
O procedimento de Jesu�o� 1 u · com Judas não do · r· l m , e pud er ser, e levá�lo
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é senão o de Deus em r h H,; t 1 cada alma, em dt• t't', t· 1 1' sua ainda curável felonia 1 «( qtt
relação a cada grupo, em r I 1 1,. > ' humanidad: tu
/1 l's. fá�lo prontamente», diz� lhe com
inteira : paciência verdad i r: u 1 w 1 1 I · I mbrosa, ate ú l t ima
1 n lnvr a, e ele, em vez de cair aos pés do
que toda a esperança st Jn rw n l d ' . qu o homem seu M •s...
tre, some�se na noite.
tenha consumad : 1 � � �� � 1 I' l 1'1 ' P ' I' I ' · A palavr.:; de ordem : «Aquele que eu
oscular,
é ele; prendei�o» parece ter sido dad
a no regresso
do Cenáculo. Que alma tem, então, aqu
ele desgra�
A lon o.n im i lnd d J sus não foi passiva. çado, para ir assim escolher como sina
l um teste�
Quantas sucessivas prevenções! A palavra «de-­ munho de amor?
mónio», atirada há um ano, sem designação pes-­ A traição provoca uma dor régia; Jesu
soal, convidava às reflexões e permitia recon-­ s há
muito lhe conhece o gos to; saboreia�a
siderar. A melancólica frase de ontem : « Vós sois plenamente
nessa cena nocturna. A sua divina face
puros, mas não todos» era um apelo. «Um de vós
apoiada à
ignóbil boca de Judas é a suprema volú
_
trair--me--á», era outro. Ainda outro se contmha
pia do seu
tormento. Noutras circunstâncias, cala
�se; ago ra,
nestas palavras : «Ü Filho do Homem vai--se con-­ quer comentar e quer abr ir aind a a
forme 0 que dele está escrito, mas desgra �ado do
sua alma.
«Am igo, diz ele, porque vieste?» e olha
homem por quem o Filho do Homem sera entre-­
ndo�o, com
certeza bem de frente : «Judas, tu traíste
gue». (Mat., XXVI, 24 ) . o Filho
do Homem com um ósculof»
Jesus procede com tanta delicadeza �ue os Oh ! que o culpado a quem assim cha
Doze, até ao último momento, perguntam uns aos mam à
reflexão, medite no seu acto e pense naq
outro «qual dentre el s poderá assim praticar uma uele que
lhe suplica ! Que o seu coração amoleça, fina
tal acção» (Luc., XX II, 23 ) ; cada qual receia por si lmente,
e, como o de Madalena, se desfaça numa
e não suspeita qualquer outro. Mas entre Jesus e torrente
de pranto! Que o discípulo transviado reto
J udas 0 colóquio não se reveste de mistério. Se me seu
luga r nas fileiras, mesmo que seja sob a
cruz que
260
26 1
'
i' . ,.
. '

ele ergue e onde Jesus qu ,. morrer por ele, dando uma das mãos ao queixo de Amasa para o beijar,
seu sangue a quem o tert1 I rramado! Que ele e, com a out.r , ravando�Jh um punhal no ventre.
reafirme a sua escolha, qu 'Olltlnua a ser válida; (I Reis, XX, < ) ( ) Mas I , Judas, não se serve
' .

de nenhuma das consequ � n l 11 I apelo será pri� de armas; f· IIH' 1 u ção d ü· tn ; pede que amar�
vado. Na família que se ins tlt u l J l t o pai voltará
· rem o H 1 1 M .l f' J' • < l U L 1 m segurando�o sàli:.
a encontrar após três dia d o r •·lm ntos, aquele dam n tc . (M 1 1' · . , XIV, 44 ) .
pródigo tem direito ao v i t I 11( )l'do, anel e à J.'tam u t r · di zou I H H i m , m benefício do
veste cândida. Qu d iÇJ n ' I . , , 1 1 1 Mc•tt Pai, meu universo, um bem incom n u rúv I ; p r cipitando a
Mestr , u p uci ·o1 1 fr 1 < c 't ' l l t' t 'O I I If' l N/ Paixão, activou a salvação; traind o, ofereceu à
M ns J u d u . n o l i H • o H u ·o•· 1 <,; o. L v o c bo nossa fidelida de, compensações, e preparou, para
a sua obro. , d pois, v ndo ons qu�ncias, o nosso amor, um tesouro. «Um bom negócio para
medindo�as à luz daquela realidade que sucede às nós! diz um Ancião : «Judas vende�o, os Judeus
brumas ilusórias, sente�se fulminado de horror compram�no e é a nós que o Salvador cabe em
perante o seu crime. sorte. «Visto que Jesus está à venda, declara um
Eis o que fez. Abusou, durante três anos, de outro, compremo�lo com o no so coração ».
uma confiança absoluta; pagou essa confiança com Mas estas cons qu -;n la m nada alteram os
a sua felonia; precipitou o fim do seu Amigo, do sentimentos e as r sp n abllidades do traidor.
seu Mestre, oferecendo oportunidade a inimigos A acção de Judas continu a sendo o que é : Jesus
ainda receosos e sem nítidos desígnios; quebrou o apresenta�a a Pilatos como a mais terrível , por ser
dique onde esbarrava a torrente dos ódios, das a mais decisiva e a mais sacríleg a, e o próprio
iniquidades e das torturas. Quando deixou o Ce� Judas, agora, sente�se por ela esmaga do.
náculo, a sua saída foi, para Jesus, o começo da
morte. Depois de ter perturbado as últimas efusões,
pôs�lhes fim; depois de ter saboreado o amor no Uma vez J esus condenado à morte, o homem
que ele tinha de mais delicado e de mais generoso, de Cariot parece querer recuar e, sem uma repa�
escolheu, para trair, o símbolo do amor. (1 ) O beijo, entre os Judeus, como, ainda hoje, entre os Árabes
Os velhos autores comparam�no a Joab levando e os Persas, dava-se, por vezes, agarrando a barba.

262 263'
'
i' . ,.
. '

ele ergue e onde Jesus qu ,. morrer por ele, dando uma das mãos ao queixo de Amasa para o beijar,
seu sangue a quem o tert1 I rramado! Que ele e, com a out.r , ravando�Jh um punhal no ventre.
reafirme a sua escolha, qu 'Olltlnua a ser válida; (I Reis, XX, < ) ( ) Mas I , Judas, não se serve
' .

de nenhuma das consequ � n l 11 I apelo será pri� de armas; f· IIH' 1 u ção d ü· tn ; pede que amar�
vado. Na família que se ins tlt u l J l t o pai voltará
· rem o H 1 1 M .l f' J' • < l U L 1 m segurando�o sàli:.
a encontrar após três dia d o r •·lm ntos, aquele dam n tc . (M 1 1' · . , XIV, 44 ) .
pródigo tem direito ao v i t I 11( )l'do, anel e à J.'tam u t r · di zou I H H i m , m benefício do
veste cândida. Qu d iÇJ n ' I . , , 1 1 1 Mc•tt Pai, meu universo, um bem incom n u rúv I ; p r cipitando a
Mestr , u p uci ·o1 1 fr 1 < c 't ' l l t' t 'O I I If' l N/ Paixão, activou a salvação; traind o, ofereceu à
M ns J u d u . n o l i H • o H u ·o•· 1 <,; o. L v o c bo nossa fidelida de, compensações, e preparou, para
a sua obro. , d pois, v ndo ons qu�ncias, o nosso amor, um tesouro. «Um bom negócio para
medindo�as à luz daquela realidade que sucede às nós! diz um Ancião : «Judas vende�o, os Judeus
brumas ilusórias, sente�se fulminado de horror compram�no e é a nós que o Salvador cabe em
perante o seu crime. sorte. «Visto que Jesus está à venda, declara um
Eis o que fez. Abusou, durante três anos, de outro, compremo�lo com o no so coração ».
uma confiança absoluta; pagou essa confiança com Mas estas cons qu -;n la m nada alteram os
a sua felonia; precipitou o fim do seu Amigo, do sentimentos e as r sp n abllidades do traidor.
seu Mestre, oferecendo oportunidade a inimigos A acção de Judas continu a sendo o que é : Jesus
ainda receosos e sem nítidos desígnios; quebrou o apresenta�a a Pilatos como a mais terrível , por ser
dique onde esbarrava a torrente dos ódios, das a mais decisiva e a mais sacríleg a, e o próprio
iniquidades e das torturas. Quando deixou o Ce� Judas, agora, sente�se por ela esmaga do.
náculo, a sua saída foi, para Jesus, o começo da
morte. Depois de ter perturbado as últimas efusões,
pôs�lhes fim; depois de ter saboreado o amor no Uma vez J esus condenado à morte, o homem
que ele tinha de mais delicado e de mais generoso, de Cariot parece querer recuar e, sem uma repa�
escolheu, para trair, o símbolo do amor. (1 ) O beijo, entre os Judeus, como, ainda hoje, entre os Árabes
Os velhos autores comparam�no a Joab levando e os Persas, dava-se, por vezes, agarrando a barba.

262 263'
ração no sentido moral l o 1· t•mo, renunciar aos junto de cel rados ? O ódio e a ferocidade pode�
seus benefícios. O seu dinhel t•o 1 rasa�o; o remorso rão oferecer remédio aos corações feridos?
apagou�lhe a ambição: a .ll'll u,;1o implícita que Judas arrepende�se, declara o Evangelho ; arre�
levantou contra o seu M s t n· , • f l l' t' gando�o, é�lhe pende�s , mas, em lugar de recorrer Àquele que
intolerável. Vai ter com os J udt• l l Ru pequei, diz,
,
pode j ubilosamente acolher o seu arrependimento
entregando o sangue inoc( 'nft· , t i'C1 z os trinta e tomá�lo eficaz, não sai de si próprio e volta�se
dinheiros, como s ('m IToc. t , dt·vt· 1 1 1 ltar a sua
, 1 para os seus cúmplices! Quer afastar�se desses
monstros sem voltar a aproximar�se de Jesus; hor�
vítima. Mfls :'1 p I I I' fki• r ' · 1' 1 1 1 h 1 • )t 1 : «Que
i (/1ft' c mpe�
roriza�se de si mesmo sem se confiar ao seu Mes�
nos imp rf 1 I8So, o 1 1' 1 1 1 l'l u l o l ti
tre; quer purificar�se mas não na fonte de vida, e,
tia t r!
vendo�se repelido, só vê, como refúgio, a · morte.
ntü , r 'P lido, s zinho consigo próprio e não
É este o seu crime supremo.
encontrando em si próprio o estofo de um verda� Tudo, junto de Jesus, pode ser perdoado. Não
deiro arrependimento, Judas sente�se acossado o vemos no pobr ladrão, que, tendo compreendido
para um desespero sombrio; a tristeza invade�o que a Vida tá o i J n s u lado, n la precipita com
como alterosa onda; o sentimento da sua solidão tão comovente simpli idade?
moral apavora�o; apodera�se dele um desejo de «Não temes nem mesmo Deus, grita àquele que
fugir que o espaço infinito não chegaria para sa� blasfema, tu que sofres a mesma pena? Para nós,
tisfazer; foge do Templo, foge da cidade, foge é justiça, porque temos a condigna recompensa dos
até da existência, à qual o seu espírito já não está nossos actos, mas Ele nada de mau fez», e voltan�
preso. Com um gesto brusco, atira os trinta dinhei� do--se para o Mestre, acrescenta: «Senhor, lembra�te
ros sobre as lajes, e o campo de Haceldama, o de mim, quando vieres no esplendor do teu reinql»
«campo do sangue», vai imortalizar o seu crime. Fala�lhe familiarmente; dirige�se a um compa�
Desgraçado! Que esperaria ele da tentativa nheiro de infortúnio. Não é ele também um cruci�
que fez, com o objectivo de curar a sua alma? ficado? Oh! irmão de sangue, não quererás tu, em
Porque veio, desvairado, àquela geena, onde ne� recompensa do meu arrependimento, fazer de mim
nhuma caridade velava? Pode alguém resgatar�se um humilde irmão de glória? . . .

264 265
ração no sentido moral l o 1· t•mo, renunciar aos junto de cel rados ? O ódio e a ferocidade pode�
seus benefícios. O seu dinhel t•o 1 rasa�o; o remorso rão oferecer remédio aos corações feridos?
apagou�lhe a ambição: a .ll'll u,;1o implícita que Judas arrepende�se, declara o Evangelho ; arre�
levantou contra o seu M s t n· , • f l l' t' gando�o, é�lhe pende�s , mas, em lugar de recorrer Àquele que
intolerável. Vai ter com os J udt• l l Ru pequei, diz,
,
pode j ubilosamente acolher o seu arrependimento
entregando o sangue inoc( 'nft· , t i'C1 z os trinta e tomá�lo eficaz, não sai de si próprio e volta�se
dinheiros, como s ('m IToc. t , dt·vt· 1 1 1 ltar a sua
, 1 para os seus cúmplices! Quer afastar�se desses
monstros sem voltar a aproximar�se de Jesus; hor�
vítima. Mfls :'1 p I I I' fki• r ' · 1' 1 1 1 h 1 • )t 1 : «Que
i (/1ft' c mpe�
roriza�se de si mesmo sem se confiar ao seu Mes�
nos imp rf 1 I8So, o 1 1' 1 1 1 l'l u l o l ti
tre; quer purificar�se mas não na fonte de vida, e,
tia t r!
vendo�se repelido, só vê, como refúgio, a · morte.
ntü , r 'P lido, s zinho consigo próprio e não
É este o seu crime supremo.
encontrando em si próprio o estofo de um verda� Tudo, junto de Jesus, pode ser perdoado. Não
deiro arrependimento, Judas sente�se acossado o vemos no pobr ladrão, que, tendo compreendido
para um desespero sombrio; a tristeza invade�o que a Vida tá o i J n s u lado, n la precipita com
como alterosa onda; o sentimento da sua solidão tão comovente simpli idade?
moral apavora�o; apodera�se dele um desejo de «Não temes nem mesmo Deus, grita àquele que
fugir que o espaço infinito não chegaria para sa� blasfema, tu que sofres a mesma pena? Para nós,
tisfazer; foge do Templo, foge da cidade, foge é justiça, porque temos a condigna recompensa dos
até da existência, à qual o seu espírito já não está nossos actos, mas Ele nada de mau fez», e voltan�
preso. Com um gesto brusco, atira os trinta dinhei� do--se para o Mestre, acrescenta: «Senhor, lembra�te
ros sobre as lajes, e o campo de Haceldama, o de mim, quando vieres no esplendor do teu reinql»
«campo do sangue», vai imortalizar o seu crime. Fala�lhe familiarmente; dirige�se a um compa�
Desgraçado! Que esperaria ele da tentativa nheiro de infortúnio. Não é ele também um cruci�
que fez, com o objectivo de curar a sua alma? ficado? Oh! irmão de sangue, não quererás tu, em
Porque veio, desvairado, àquela geena, onde ne� recompensa do meu arrependimento, fazer de mim
nhuma caridade velava? Pode alguém resgatar�se um humilde irmão de glória? . . .

264 265
Um tal transporte d n fiança comove o di­
·
A p rtir de certo momento, tendo desconhecido
vino coração. O pobre j u d · t t , falando do esplendor o r u;ão do seu Mestre e não encontrando no seu
do reino, parece só n ludlt· R gunda chegada do com que suportar- se, Judas calculou qu não havia
Messias; mas o p rd 10 d o u. é cheio de muni­

jc. lugar para ele no meio dos homens. En f r ou-se
naquela manhã, desvairado, sozinho, mais do que
ficência. «Hoj me. 11 1 1 1 , t' · 1 1 111d ··lh Jesus, estarás
zinho, porque até em si próprio já nada encon­
comigo no par ,;, n . ( I .111 . . • 111, 4 4 ) .
trava. Enforcou-se, na Sexta-Feira Santa! Erguido
Ah l mo l1 l o t'l'l ,. t i 1 lwut o ' t lvn I r i Ele es­

entre o Céu e a Terra, como Jesus, mas erguido


peravn , r> l l't't' · , t q t l l l t• q w lo l n • : ( 1• m l H» ; à pri­
'

doutra maneira; mostra-se estranho ao Céu e à


m i r1 1 p d l V I' t , I I I I l'i' po, I' I I , ( I I t'OI1 tO ; não
Terra e separa-os; Jesus pertence a um e a outra
h sit· 1 : 1 . ,., . t'e n t· 1 1 1 1 1 1
• d J ·ii 1 s '11 t ·stum nto e
e é, entre ambos, traço de união.
1 n ti u R ino . q uele pobre desgraçado.

É a lição de Judas. Tudo, junto de Jesus, pode


ser perdoado, tudo, excepto a recusa do perdão. Do alto da cruz, todo entregue ao perdão e ao
Essa recusa implica uma soberana blasfémia; nega sofrimento r d ntor, J us não amaldiçoa o que
a soberana bondade; deixa supor uma descon­ prevaricou; não sente cólera , mas deixa «no seu
fiança que é, para o amor, o mais cruel insulto e lugar», segundo a terrível expressão dos Actos,
que implica da sua parte uma completa ausência aquele que escolheu entre tal lugar e o Calvário.
de amor. Os onze estão ali, em pessoa ou representados;
E a última palavra é esta : Judas não ama. Não estão ali de coração; Judas não está; Jesus não o
ama e, por isso, traiu; não ama e é por isso que, vê; Jesus, tristemente, abandona-o. Como nos Juí­
tendo repelido a traição, porque ela o horroriza, zos Finais de Angélico, em que o Juiz, sem cólera,
. chega a detestar-se sem, em nada, se recuperar. se desvia da esquerda deixando cair o brÇtço, Jesus
O ódio de nós próprios só é salutar quando asso­ desinteressa-se, com majestade e dor, do que dele
ciado ao amor de Deus; sozinho, é homicida; tem fugiu, empreendendo uma fuga eterna.
o poder de tudo destruir e não tem o poder de Não tem um olhar para o «[ilho de perdição».
reparar coisa alguma.

266 267
Um tal transporte d n fiança comove o di­
·
A p rtir de certo momento, tendo desconhecido
vino coração. O pobre j u d · t t , falando do esplendor o r u;ão do seu Mestre e não encontrando no seu
do reino, parece só n ludlt· R gunda chegada do com que suportar- se, Judas calculou qu não havia
Messias; mas o p rd 10 d o u. é cheio de muni­

jc. lugar para ele no meio dos homens. En f r ou-se
naquela manhã, desvairado, sozinho, mais do que
ficência. «Hoj me. 11 1 1 1 , t' · 1 1 111d ··lh Jesus, estarás
zinho, porque até em si próprio já nada encon­
comigo no par ,;, n . ( I .111 . . • 111, 4 4 ) .
trava. Enforcou-se, na Sexta-Feira Santa! Erguido
Ah l mo l1 l o t'l'l ,. t i 1 lwut o ' t lvn I r i Ele es­

entre o Céu e a Terra, como Jesus, mas erguido


peravn , r> l l't't' · , t q t l l l t• q w lo l n • : ( 1• m l H» ; à pri­
'

doutra maneira; mostra-se estranho ao Céu e à


m i r1 1 p d l V I' t , I I I I l'i' po, I' I I , ( I I t'OI1 tO ; não
Terra e separa-os; Jesus pertence a um e a outra
h sit· 1 : 1 . ,., . t'e n t· 1 1 1 1 1 1
• d J ·ii 1 s '11 t ·stum nto e
e é, entre ambos, traço de união.
1 n ti u R ino . q uele pobre desgraçado.

É a lição de Judas. Tudo, junto de Jesus, pode


ser perdoado, tudo, excepto a recusa do perdão. Do alto da cruz, todo entregue ao perdão e ao
Essa recusa implica uma soberana blasfémia; nega sofrimento r d ntor, J us não amaldiçoa o que
a soberana bondade; deixa supor uma descon­ prevaricou; não sente cólera , mas deixa «no seu
fiança que é, para o amor, o mais cruel insulto e lugar», segundo a terrível expressão dos Actos,
que implica da sua parte uma completa ausência aquele que escolheu entre tal lugar e o Calvário.
de amor. Os onze estão ali, em pessoa ou representados;
E a última palavra é esta : Judas não ama. Não estão ali de coração; Judas não está; Jesus não o
ama e, por isso, traiu; não ama e é por isso que, vê; Jesus, tristemente, abandona-o. Como nos Juí­
tendo repelido a traição, porque ela o horroriza, zos Finais de Angélico, em que o Juiz, sem cólera,
. chega a detestar-se sem, em nada, se recuperar. se desvia da esquerda deixando cair o brÇtço, Jesus
O ódio de nós próprios só é salutar quando asso­ desinteressa-se, com majestade e dor, do que dele
ciado ao amor de Deus; sozinho, é homicida; tem fugiu, empreendendo uma fuga eterna.
o poder de tudo destruir e não tem o poder de Não tem um olhar para o «[ilho de perdição».
reparar coisa alguma.

266 267
Capítulo IX

O SEU TúMULO

Q UANDO JESUS TRAN�PÔS


a porta de Efraim, aconteceu-lhe como ao mártir
que mpurr m p ro ar na : o mártir vê a goela
dos I õ s: J & li viu· o s u sepulcro, boca devoradora
que lhe d v r cordar o texto de J ob : «0 sopro
da minha vida extingue-se; os meus dias apagam­
·se; só me resta o túmulo». (J ob, xvn, I ) .
No entanto, olhando para mais longe, uma
outra perspectiva se lhe abre; confiadamente, podia
exclamar como o seu antepassado David : «Tu não
deixarás a minha alma no inferno e não permitirás
que aquele que te ama veja a corrupção; tu indica­
rás o caminho da vida». (Salm., xv, 1 0 ) .
Não se verá um belo símbolo no facto de o
mausoléu de Jesus ficar a dois passos da sua cruz?

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'
Capítulo IX

O SEU TúMULO

Q UANDO JESUS TRAN�PÔS


a porta de Efraim, aconteceu-lhe como ao mártir
que mpurr m p ro ar na : o mártir vê a goela
dos I õ s: J & li viu· o s u sepulcro, boca devoradora
que lhe d v r cordar o texto de J ob : «0 sopro
da minha vida extingue-se; os meus dias apagam­
·se; só me resta o túmulo». (J ob, xvn, I ) .
No entanto, olhando para mais longe, uma
outra perspectiva se lhe abre; confiadamente, podia
exclamar como o seu antepassado David : «Tu não
deixarás a minha alma no inferno e não permitirás
que aquele que te ama veja a corrupção; tu indica­
rás o caminho da vida». (Salm., xv, 1 0 ) .
Não se verá um belo símbolo no facto de o
mausoléu de Jesus ficar a dois passos da sua cruz?

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'
'
..
..

O sofrimento, a morte, ' tudo o mesmo; o sofri� pode aí colher, para as suas meditações, os ele�
mento deixa�nos meio pro, trndos; a morte, por mentos de uma empolgante reconstituição local.
completo. Mas, graças a J esu , mbos nos erguem O aspecto ext rior varia entre a simples cova.,
e a nossa comum ascensão s lpresenta três está� quadrada ou r ctangular, e o edículo piramidal
dios : a cruz, o túmulo, o c u. completam nt isolado, cercado de uma pequena
trincheira , por v z s sobrepujado por um zimbório.
Entre ambos, toda a escala de molduras, ornatos
Os túmulos judeus situavam�. • orr ntemente
de folhagens, rosáceas, ramos de vinha ou de
em terrenos cercados q u r m I 9 d uros públi • ·
figueira, grinaldas, pilastras fingidas, colunas,
cos; a zona dos jardins, nus vJzJnho n<;ns da. idade, serve para medir o luxo ou o orgulho, a piedade
continha muitos: ainda hoj alguns subsi tem e é ou o gosto dos proprietários.
muito· fácil imaginar a sua disposição. Quase sempre, o monumento - (p.v�11a, !LY"IJ!1�>l'ov)
As câmaras funerárias eram abertas em plena abrange um vestíbulo aberto, espaço abobadado
rocha. Os velhos Israelitas, que construíam pouco, precedido de colunas, ou pátio ao ar livre. Esta
escavavam muito; ganhavam, assim, espaço, e fa� última solução impõe�se quando é necessário tra�
ziam obra mais duradoura. Isso explica que as balhftr numa colina levemente inclinada, como no
suas necrópoles tenham resistido mais que as suas Calvário. O átrio é, �ntão, uma trincheira nivelada,
cidades. Quantas velhas localidades têm por único própria para estadias meditativas e p�ra �s reu�
vestígio covas abertas na rocha e degraus que indi� . niões familiares. Na parede do fundo abre�se uma
cam a entrada dos jazigos. porta baixa que dá para a câmara funerária ou
No tempo de J esus, esse zelo da picareta e do para uma ante�câmara com a qual correspondem
cinzel atingia o apogeu e a ele se associavam pre� uma ou várias câmaras munidas de arcosólia e ) ,
cupações decorativas que a técnica greco�romana de fornos e ) , de pilares, de arcas sepulcrais.
orientava. No vale de J osafat, e um pouco por toda
a parte, na sua vizinhança, como na região de ·
(1 ) Camadas de pedra sobrepuj adas por um arco.
Abud, na de Tibneh, etc., encontram�se espécimes (2)Excavações estreitas onde o corpo é introduzido no sentido
'
característicos. O visitante munido do Evangelho, da profundidade.

2 70 27 1
'
..
..

O sofrimento, a morte, ' tudo o mesmo; o sofri� pode aí colher, para as suas meditações, os ele�
mento deixa�nos meio pro, trndos; a morte, por mentos de uma empolgante reconstituição local.
completo. Mas, graças a J esu , mbos nos erguem O aspecto ext rior varia entre a simples cova.,
e a nossa comum ascensão s lpresenta três está� quadrada ou r ctangular, e o edículo piramidal
dios : a cruz, o túmulo, o c u. completam nt isolado, cercado de uma pequena
trincheira , por v z s sobrepujado por um zimbório.
Entre ambos, toda a escala de molduras, ornatos
Os túmulos judeus situavam�. • orr ntemente
de folhagens, rosáceas, ramos de vinha ou de
em terrenos cercados q u r m I 9 d uros públi • ·
figueira, grinaldas, pilastras fingidas, colunas,
cos; a zona dos jardins, nus vJzJnho n<;ns da. idade, serve para medir o luxo ou o orgulho, a piedade
continha muitos: ainda hoj alguns subsi tem e é ou o gosto dos proprietários.
muito· fácil imaginar a sua disposição. Quase sempre, o monumento - (p.v�11a, !LY"IJ!1�>l'ov)
As câmaras funerárias eram abertas em plena abrange um vestíbulo aberto, espaço abobadado
rocha. Os velhos Israelitas, que construíam pouco, precedido de colunas, ou pátio ao ar livre. Esta
escavavam muito; ganhavam, assim, espaço, e fa� última solução impõe�se quando é necessário tra�
ziam obra mais duradoura. Isso explica que as balhftr numa colina levemente inclinada, como no
suas necrópoles tenham resistido mais que as suas Calvário. O átrio é, �ntão, uma trincheira nivelada,
cidades. Quantas velhas localidades têm por único própria para estadias meditativas e p�ra �s reu�
vestígio covas abertas na rocha e degraus que indi� . niões familiares. Na parede do fundo abre�se uma
cam a entrada dos jazigos. porta baixa que dá para a câmara funerária ou
No tempo de J esus, esse zelo da picareta e do para uma ante�câmara com a qual correspondem
cinzel atingia o apogeu e a ele se associavam pre� uma ou várias câmaras munidas de arcosólia e ) ,
cupações decorativas que a técnica greco�romana de fornos e ) , de pilares, de arcas sepulcrais.
orientava. No vale de J osafat, e um pouco por toda
a parte, na sua vizinhança, como na região de ·
(1 ) Camadas de pedra sobrepuj adas por um arco.
Abud, na de Tibneh, etc., encontram�se espécimes (2)Excavações estreitas onde o corpo é introduzido no sentido
'
característicos. O visitante munido do Evangelho, da profundidade.

2 70 27 1
Lendo o Evangelho · nfrontando cuidadosa­ eram num nível inferior em
mente os pormenores d 1 l l l l'rativa com os dados
I o às suas vias
·

d acesso, sempre para gan h


r u l t t t J' ; a primeira
topográficos e arqu I ' 1 1 t't chega-se a ter um�
,
devia comportar uma banqu 1·
11: u ln J' um a cova
visão muito precisa l o q 1 1 • t' o túmulo de Jose centra l, para comodidade d
pnssag m do tra­
de Arimateia, o q u <· foi, Jll'lllli lvamente, o nosso balho de embals ma m nto.
Santo Sepulcro. Resta o sistema d ob rir de
ssaz extensa, fechar, que não
Dava-Jh pode deixar qualquer dúvida.
Ao chegar ao Tú­
devid o h t l' 1 1 1 1 I 1 1 t 1. I , tornava- mu lo, as santas mulheres diz
em umas para as
-s m 1 101' • r I I t h I V I t i l I I I' I I ( )I' I I I I de uns outras : «Quem nos há-de rev
olver a pedra?»
dr l'l l t l . q u • , I ·. 1 1 l o , I v t v 1 1 1 1 1 u w v stibulo
·
(M arc ., XV I, 3 ) . Trata-se, portan
to, de uma dessas
s u b l'(.) J' I' t H o . N f u n i , umo p rta baixa ria p ra mós ou discos espessos, que se
vêem colocados no
uma primeira câmara destinada aos ritos fúnebres : Túmulo dos Reis, no Túmu
lo dos Herodes, em
lavagem do corpo, embalsamamento, orações. Mais Ab ugo ch, em Na plu sa, etc. Es
sas mós pesavam,
além, por uma porta também baixa, chegava-se ao por v z , ma is d uma tonela
da ; a dos Herodes
túmulo propriamente dito, aberto à direita de um P sa 1 .20 0 qui lo sab -s qu p dra do Senhor
nicho abobadado, para receber o morto. era «muito grande», IJ.Si'ocC o<t>ó8pcx
(M arc ., XVI, 4 ) .
Ignora-se se haveria de contar-se com outros A manobra vislumbra-se fàcilm
lugares. Havia sempre maneira de os abrir, segundo ente. Diante da
porta escancarada corre uma
ranhura onde cir­
as necessidades. Era a vantagem daquele sistema culará a mó para se afastar e
se pux ar conforme
de excavações; podia-se indefinidamente, sem nada as necessidades. Quando o sep
ulcro está fechado,
desmanchar, aumentar os domínios da morte, a mó encosta-se à parede da
direita levemente
avançando pela montanha. excavada para formar entalho;
uns calços segu­
O chão do nicho sagrado devia ser levemente ram-na. Quando se quer abrir, tira
m-se os calços,
curvo; no lugar da cabeça, estava colocada uma e a mó, que foi imp elid
a para o seu entalho por
pequena almofada de pedra; aqui e ali, observam­ meio de alavancas e subindo um
plano levemente
-se estas precauções de inquieta ternura : o morto inclinado, desce, pelo seu própri
o peso, para uma
deve sentir-se bem, para dormir. As duas salas vala aberta à esquerda. Um cor
redorzinho for-

272 18

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Lendo o Evangelho · nfrontando cuidadosa­ eram num nível inferior em
mente os pormenores d 1 l l l l'rativa com os dados
I o às suas vias
·

d acesso, sempre para gan h


r u l t t t J' ; a primeira
topográficos e arqu I ' 1 1 t't chega-se a ter um�
,
devia comportar uma banqu 1·
11: u ln J' um a cova
visão muito precisa l o q 1 1 • t' o túmulo de Jose centra l, para comodidade d
pnssag m do tra­
de Arimateia, o q u <· foi, Jll'lllli lvamente, o nosso balho de embals ma m nto.
Santo Sepulcro. Resta o sistema d ob rir de
ssaz extensa, fechar, que não
Dava-Jh pode deixar qualquer dúvida.
Ao chegar ao Tú­
devid o h t l' 1 1 1 1 I 1 1 t 1. I , tornava- mu lo, as santas mulheres diz
em umas para as
-s m 1 101' • r I I t h I V I t i l I I I' I I ( )I' I I I I de uns outras : «Quem nos há-de rev
olver a pedra?»
dr l'l l t l . q u • , I ·. 1 1 l o , I v t v 1 1 1 1 1 u w v stibulo
·
(M arc ., XV I, 3 ) . Trata-se, portan
to, de uma dessas
s u b l'(.) J' I' t H o . N f u n i , umo p rta baixa ria p ra mós ou discos espessos, que se
vêem colocados no
uma primeira câmara destinada aos ritos fúnebres : Túmulo dos Reis, no Túmu
lo dos Herodes, em
lavagem do corpo, embalsamamento, orações. Mais Ab ugo ch, em Na plu sa, etc. Es
sas mós pesavam,
além, por uma porta também baixa, chegava-se ao por v z , ma is d uma tonela
da ; a dos Herodes
túmulo propriamente dito, aberto à direita de um P sa 1 .20 0 qui lo sab -s qu p dra do Senhor
nicho abobadado, para receber o morto. era «muito grande», IJ.Si'ocC o<t>ó8pcx
(M arc ., XVI, 4 ) .
Ignora-se se haveria de contar-se com outros A manobra vislumbra-se fàcilm
lugares. Havia sempre maneira de os abrir, segundo ente. Diante da
porta escancarada corre uma
ranhura onde cir­
as necessidades. Era a vantagem daquele sistema culará a mó para se afastar e
se pux ar conforme
de excavações; podia-se indefinidamente, sem nada as necessidades. Quando o sep
ulcro está fechado,
desmanchar, aumentar os domínios da morte, a mó encosta-se à parede da
direita levemente
avançando pela montanha. excavada para formar entalho;
uns calços segu­
O chão do nicho sagrado devia ser levemente ram-na. Quando se quer abrir, tira
m-se os calços,
curvo; no lugar da cabeça, estava colocada uma e a mó, que foi imp elid
a para o seu entalho por
pequena almofada de pedra; aqui e ali, observam­ meio de alavancas e subindo um
plano levemente
-se estas precauções de inquieta ternura : o morto inclinado, desce, pelo seu própri
o peso, para uma
deve sentir-se bem, para dormir. As duas salas vala aberta à esquerda. Um cor
redorzinho for-

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273
mando cotovelo permite IRS r por detrás da mó p ssará, aliás, de prov1sono testemunho de pie�
para a içar outra vez, n 1 ' sião oportuna. d de; proced er- e-á, no dia seguin te ao descanso
Compreende�se q u e 1 mtas mulheres tenham «sabbático», a um embalsamamento sol ne. Mas,
julgado impossível pr· 1 1 1 III' m tal operação, que então, haverá a np rição de um anjo que dirá o
certamente exigin clol l u 1111 11 , ará tirar os calços que convém, e f .rá onhecer, às mulheres, o mi­
ao bloco de p I r· 1 , c· r· 1 I"' I 1 1 1 11 ln ó-lo um pouco; lagre.
depois, J' rr ·d 1 1 1 1 I lc I I I\ I ld ' As mulhe�
res arri. c 1 v 1 1 1 1 • 1 1 1 11 1 d 1 1 1'1' , · , 1 1 m disso, não
'
tinh._ m H 1 t ol'l l 1 I · 1 "' 1 1 1 l r' c
nh 1 • Como tudo isto deve penetrar fundo e provocar
T I 1 1.• 1 , lHv >. m n ·J n ' I . longa repercussão sentimental na alma do divino
t mp n· I nto; na x t
m num • Mestre! Na cruz, já não vê o Túmulo, mas sente�o
stavam, portanto, prontos, e não é necessário que de certa maneira que o atrai; sente�lhe a proximi�
José de Arimateia tenha premeditado o seu o fere� dade; calcula a grande za dele; mede�lhe a utilidade
cimento. Parece certo que nada foi previsto; São para su .obra . P i a dele para alcanç ar o re�
·

J oão diz�nos que se agiu por necessidade, devido pou o d trab lhador apr s ado qu aspira .às tare�
a estar iminente o sabbat e a ficar perto aquele fas da a lvorada ; deve nele «depositar a sua alma»
túmulo. (João, xrx, 42 ) . e, em seguid a, «recuperá�la»; nele deposita, um
E bem emocionante a honra que assim recai instante, o seu fardo de amor.
num homem! J osé de Arimateia é como que um Ao dizer «Tudo está consumado», Jesus pensa
outro Cireneu : este leva a cruz; aquele, o Cruci� no sepulcro; comenta as consequências da cruz
ficado; e se um se encarrega do lenho, o outro como a própria cruz e o que a preparou. Aquela
fornece a pedra, ao passo que Nicodemos, o doutor cova vai fornecer�lhe a sua mais convincente ma­
da conversa nocturna (João, III, I ) compra cem nifestação, o seu «sinal», e se ali está a sua prova,
libras de aloés e de mirra para com eles ornar a ali está também o seu último dom.
cavidade sombria onde vai ter o último encontro Com o enterramento completa-se a Paixão.
com Jesus. última perseguição dos inimigos de Jesus, é,
A apressada aromatização da Sexta�Feira não quanto ao próprio J esus, o último vexame, o der-

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mando cotovelo permite IRS r por detrás da mó p ssará, aliás, de prov1sono testemunho de pie�
para a içar outra vez, n 1 ' sião oportuna. d de; proced er- e-á, no dia seguin te ao descanso
Compreende�se q u e 1 mtas mulheres tenham «sabbático», a um embalsamamento sol ne. Mas,
julgado impossível pr· 1 1 1 III' m tal operação, que então, haverá a np rição de um anjo que dirá o
certamente exigin clol l u 1111 11 , ará tirar os calços que convém, e f .rá onhecer, às mulheres, o mi­
ao bloco de p I r· 1 , c· r· 1 I"' I 1 1 1 11 ln ó-lo um pouco; lagre.
depois, J' rr ·d 1 1 1 1 I lc I I I\ I ld ' As mulhe�
res arri. c 1 v 1 1 1 1 • 1 1 1 11 1 d 1 1 1'1' , · , 1 1 m disso, não
'
tinh._ m H 1 t ol'l l 1 I · 1 "' 1 1 1 l r' c
nh 1 • Como tudo isto deve penetrar fundo e provocar
T I 1 1.• 1 , lHv >. m n ·J n ' I . longa repercussão sentimental na alma do divino
t mp n· I nto; na x t
m num • Mestre! Na cruz, já não vê o Túmulo, mas sente�o
stavam, portanto, prontos, e não é necessário que de certa maneira que o atrai; sente�lhe a proximi�
José de Arimateia tenha premeditado o seu o fere� dade; calcula a grande za dele; mede�lhe a utilidade
cimento. Parece certo que nada foi previsto; São para su .obra . P i a dele para alcanç ar o re�
·

J oão diz�nos que se agiu por necessidade, devido pou o d trab lhador apr s ado qu aspira .às tare�
a estar iminente o sabbat e a ficar perto aquele fas da a lvorada ; deve nele «depositar a sua alma»
túmulo. (João, xrx, 42 ) . e, em seguid a, «recuperá�la»; nele deposita, um
E bem emocionante a honra que assim recai instante, o seu fardo de amor.
num homem! J osé de Arimateia é como que um Ao dizer «Tudo está consumado», Jesus pensa
outro Cireneu : este leva a cruz; aquele, o Cruci� no sepulcro; comenta as consequências da cruz
ficado; e se um se encarrega do lenho, o outro como a própria cruz e o que a preparou. Aquela
fornece a pedra, ao passo que Nicodemos, o doutor cova vai fornecer�lhe a sua mais convincente ma­
da conversa nocturna (João, III, I ) compra cem nifestação, o seu «sinal», e se ali está a sua prova,
libras de aloés e de mirra para com eles ornar a ali está também o seu último dom.
cavidade sombria onde vai ter o último encontro Com o enterramento completa-se a Paixão.
com Jesus. última perseguição dos inimigos de Jesus, é,
A apressada aromatização da Sexta�Feira não quanto ao próprio J esus, o último vexame, o der-

274 275
r deiro sacrifício. Indo a t · t nós damos, nós, o
,
n mais profundo, fará proporcionalmente subir
�s glória, que, nele, dep nde do amor.
que não podemos guardar, t• t' •Imos, dando uma
queda definitiva; Jesus dá um 1 vi lo senhora de si Dizem�nos que Jesus r ssuscitará pela sua pró�
própria e mais não faz do que n Ir 1 1 1 1 r o poder de

pria virtude, mas, com ilho, está dependente do
Pai : abandonar�se ir p t·dendo terreno até aos
Deus.
limites do nada, r pr nto , da sua parte, louvar
Conta assim cancelar a sua obrn I' t inagoga
o Princípio inicial, oferec n d �lhe a oportunidade
consenti�lo�á forçosamente, ao feche ,. 1 1 dra do
do mais elevado trabalho.
seu túmulo. Esse túmulo é a última lm I H ·m do Na manhã da Páscoa resplandecerá o poder
Evangelho ilustrado, o último símbolo llgn 1 à d' Aquele «que atrai mesmo o que não existe»; a
mais alta realidade redentora. Realçada p J.' ta l sabedoria de seus projectos será então visível; ao
imagem, a palavra do Filho do Homem jamais será amor que o inspira virá unir�se, para melhor o re�
esquecida, o alcance eterno da Mensagem não mais conhecer, um amor igual, um amor demonstrado ao
será discutido, os discípulos não ·poderão mais dor� máximo, um am r x mplar ao olhos de todos e
mir, nem as gerações, nem a história; porque a at a d
·
'
u , visto q u é u m amor todo
humanidade se encontra submetida a uma nova imol çã
germinação, a vida vai reflorir; não haverá dora�
vante senão um único grande acontecimento para *

se desenrolar no decurso das idades, aquele que * *

tem seu fim e simultâneamente se inaugura no


«antro sagrado». Que a ideia de sacrifício não afaste o nosso es�
O homem não é, aliás, aqui, o único interes� pírito dos gloriosos presságios; são eles que dão a
sado. A Paixão tem por alvo a nossa redenção, esse túmulo, no pensamento de Jesus, a sua ima�
mas, mais para além, tem por alvo um culto. Jesus, gem real.
quando cair da cruz nos braços dos seus e passar Jesus é senhor do tempo; da cruz, abrange�lhe
ao sepulcro, admitirá que exerce a sua última ado� todas as fases; sofre aquele calafrio do tempo
ração. Deve ir até ali para honra do Pai. Descendo futuro que é a emoção profética; lendo no livro

276 277
r deiro sacrifício. Indo a t · t nós damos, nós, o
,
n mais profundo, fará proporcionalmente subir
�s glória, que, nele, dep nde do amor.
que não podemos guardar, t• t' •Imos, dando uma
queda definitiva; Jesus dá um 1 vi lo senhora de si Dizem�nos que Jesus r ssuscitará pela sua pró�
própria e mais não faz do que n Ir 1 1 1 1 r o poder de

pria virtude, mas, com ilho, está dependente do
Pai : abandonar�se ir p t·dendo terreno até aos
Deus.
limites do nada, r pr nto , da sua parte, louvar
Conta assim cancelar a sua obrn I' t inagoga
o Princípio inicial, oferec n d �lhe a oportunidade
consenti�lo�á forçosamente, ao feche ,. 1 1 dra do
do mais elevado trabalho.
seu túmulo. Esse túmulo é a última lm I H ·m do Na manhã da Páscoa resplandecerá o poder
Evangelho ilustrado, o último símbolo llgn 1 à d' Aquele «que atrai mesmo o que não existe»; a
mais alta realidade redentora. Realçada p J.' ta l sabedoria de seus projectos será então visível; ao
imagem, a palavra do Filho do Homem jamais será amor que o inspira virá unir�se, para melhor o re�
esquecida, o alcance eterno da Mensagem não mais conhecer, um amor igual, um amor demonstrado ao
será discutido, os discípulos não ·poderão mais dor� máximo, um am r x mplar ao olhos de todos e
mir, nem as gerações, nem a história; porque a at a d
·
'
u , visto q u é u m amor todo
humanidade se encontra submetida a uma nova imol çã
germinação, a vida vai reflorir; não haverá dora�
vante senão um único grande acontecimento para *

se desenrolar no decurso das idades, aquele que * *

tem seu fim e simultâneamente se inaugura no


«antro sagrado». Que a ideia de sacrifício não afaste o nosso es�
O homem não é, aliás, aqui, o único interes� pírito dos gloriosos presságios; são eles que dão a
sado. A Paixão tem por alvo a nossa redenção, esse túmulo, no pensamento de Jesus, a sua ima�
mas, mais para além, tem por alvo um culto. Jesus, gem real.
quando cair da cruz nos braços dos seus e passar Jesus é senhor do tempo; da cruz, abrange�lhe
ao sepulcro, admitirá que exerce a sua última ado� todas as fases; sofre aquele calafrio do tempo
ração. Deve ir até ali para honra do Pai. Descendo futuro que é a emoção profética; lendo no livro

276 277
� 'urrexit Christus, spc. a/ Ressuscitou
eterno, a sua santa pre�cl n ia pode nele ver os m

acontecimentos de ama n h , ;,.,, to, minha esperançai» Es · l'ti iH U l , sperança


Morre; o seu corpo t nde�se; a mirra e o d ) mundo, não é esp ln l m n t , l l( 1 lv rio. a

aloés evaporam�se; 1 p •tl t• 1 r donda é posta em perança de Cristo? ' I I H •m s prlm •li: n • I que
movimento com u m 1' 1 1 dn l l l'd : guarda das san� n o pode desprezar n sua h uma n id d mai' que
nós próprios a nossc .I fr ; de forma alguma
tas mulhere m 1 1 1 1 1' 1 1 1 • · 1 1 1 1 1 1 1 'io; os anjos vi�
'

giam; as s u l' l r w l r l n , 1 1 1 l l'l1 • '' suas chancelas quer deixar de sofrer; aceita a morte, mas encarar,
pensam �il l h j l t \ 1 1 1' 11 1 ' 1 1 1 1 11 • p d t o Ol t V os esta� realizada a obra, o fim do sofrimento, será não
l i os I 1 l't H' h 1 t i 1 l l' t' T i l' 1 1 1 1 1 1 t l 1 1 1 l I l 1 áscoa aceitar?
r n u · , 1· : I 1'0 ' 1 1 1 1 • f d r . r u i t 1'1
• 1. n l'l' n jo «A tarde pertence .às lágrimas e a manhã à ale�
n u u n · 1 1 I I' • I I H , m t·o s .m u l h 1' · ; pa os d gria». (Salm. XXIX, 6 ) .
d ro d João, correndo, ressoam no bairro de� A tarde atravessa a noite a caminho do dia.
serto; uma provisão de alegria amontoa�se no Os nossos túmulos são, para nós, masmorras
coração dos discípulos e nele seca as lágrimas da até ao fim das idades; se a nossa alma deles foge,
Paixão; o mistério da sobrevivência tem seu início; o nosso corpo neles se desfaz em pó e a recordação
os dois homens de Emaús caminham na noite; a que deixamos neles se apaga. O túmulo de Cristo
barca da última pesca balouça�se nas suas amar� é simples lugar de passagem; abre�se como um sub�
ras; os anjos da ascensão olham lá do alto e as terrãneo que um arco triunfal remata; Jesus utili�
suas estolas cruzam�se sobre o seu peito. Tudo za�o como porta da morte, mas ràpidamente o
é preparativo no seio das dores, e os sete gritos transforma numa porta da vida; onde nós . nos
de angústia soltados da cruz não impedem que se afundamos até ao fim do mundo, ele só paga leve
ouçam as palavras de instituição da Igreja, que vão tributo a essa ávida duração.
ser reiteradas de forma solene; o gesto de dispersão Mais dois dias e aquela pedra sepulcral que�
dos Doze já está figurado na extensão dos doi5 brar�se�á como a casca donde sai a ave, e ver�se�á,
braços ensanguentados. então, a potência das asas; mais dois dias e esse
antro abrir�se�á como uns lábios, e, como um riso
divino, dele fugi�á a vida.

278 279
� 'urrexit Christus, spc. a/ Ressuscitou
eterno, a sua santa pre�cl n ia pode nele ver os m

acontecimentos de ama n h , ;,.,, to, minha esperançai» Es · l'ti iH U l , sperança


Morre; o seu corpo t nde�se; a mirra e o d ) mundo, não é esp ln l m n t , l l( 1 lv rio. a

aloés evaporam�se; 1 p •tl t• 1 r donda é posta em perança de Cristo? ' I I H •m s prlm •li: n • I que
movimento com u m 1' 1 1 dn l l l'd : guarda das san� n o pode desprezar n sua h uma n id d mai' que
nós próprios a nossc .I fr ; de forma alguma
tas mulhere m 1 1 1 1 1' 1 1 1 • · 1 1 1 1 1 1 1 'io; os anjos vi�
'

giam; as s u l' l r w l r l n , 1 1 1 l l'l1 • '' suas chancelas quer deixar de sofrer; aceita a morte, mas encarar,
pensam �il l h j l t \ 1 1 1' 11 1 ' 1 1 1 1 11 • p d t o Ol t V os esta� realizada a obra, o fim do sofrimento, será não
l i os I 1 l't H' h 1 t i 1 l l' t' T i l' 1 1 1 1 1 1 t l 1 1 1 l I l 1 áscoa aceitar?
r n u · , 1· : I 1'0 ' 1 1 1 1 • f d r . r u i t 1'1
• 1. n l'l' n jo «A tarde pertence .às lágrimas e a manhã à ale�
n u u n · 1 1 I I' • I I H , m t·o s .m u l h 1' · ; pa os d gria». (Salm. XXIX, 6 ) .
d ro d João, correndo, ressoam no bairro de� A tarde atravessa a noite a caminho do dia.
serto; uma provisão de alegria amontoa�se no Os nossos túmulos são, para nós, masmorras
coração dos discípulos e nele seca as lágrimas da até ao fim das idades; se a nossa alma deles foge,
Paixão; o mistério da sobrevivência tem seu início; o nosso corpo neles se desfaz em pó e a recordação
os dois homens de Emaús caminham na noite; a que deixamos neles se apaga. O túmulo de Cristo
barca da última pesca balouça�se nas suas amar� é simples lugar de passagem; abre�se como um sub�
ras; os anjos da ascensão olham lá do alto e as terrãneo que um arco triunfal remata; Jesus utili�
suas estolas cruzam�se sobre o seu peito. Tudo za�o como porta da morte, mas ràpidamente o
é preparativo no seio das dores, e os sete gritos transforma numa porta da vida; onde nós . nos
de angústia soltados da cruz não impedem que se afundamos até ao fim do mundo, ele só paga leve
ouçam as palavras de instituição da Igreja, que vão tributo a essa ávida duração.
ser reiteradas de forma solene; o gesto de dispersão Mais dois dias e aquela pedra sepulcral que�
dos Doze já está figurado na extensão dos doi5 brar�se�á como a casca donde sai a ave, e ver�se�á,
braços ensanguentados. então, a potência das asas; mais dois dias e esse
antro abrir�se�á como uns lábios, e, como um riso
divino, dele fugi�á a vida.

278 279
taumaturgos e a dos ben fi Júri 11 que se juntam,
Pasca l observou que « J sus Cristo não fez
a sombra de P dro qu t m pod t' de sarar, os
nenhuns milagres no sepul . ,., » : mas o milagre vem
céus que se abr m por lm 1 dn fr m i· • l têvão,
depois; o milagre consist , p l'lm iro, na ressurrei�
o raio benéfi o r 111· n 1 .strn I 1 cl
ção e, em segu ida, nessa . ohr•1 vivência inaudita de
conquista qu H J n. l n 1 1 n , · st n d , s org niza,
que é princípio anim ad r· o H J frito que ele nos
as Igrejas q r f rm Hn , m s guida, comuni�
deixa, e de que ' t otro o 1 1 1 1 v I'
cam, a unid de que s nriqu ce pela sua concen�
, r l tH I � t•f dn I I IV III · I tração e se reforça pela sua riqueza, a sociedade
F u i i J I I I' 1 o ud I lfn t l u ' '' " I (1 ) , política que se agita, persegue, finalmente cede,
- o mundo que, pouco a pouco, é conquistado, a
N o �c r 1 I m nlo u n Jv r 1 I , que Jmp ri
tal ponto que, a partir do século IV, passa a ser cris�
carr gou aos ombros, segu ndo a palavra profética, tão tudo o que tem um nome em terras civilizadas.
Aquele que sucumbia sob o seu lenho ? (Isaía s, A continuação apresentar�se-á variável, porque
IX , 6 ) . A cruz ergui da solto u o voo
da águia ; arre� nenhum poder nos constrange como seres livres.
messar�se�á de uma a outra extremidade do nosso Dissemos que, em relação às grandes aspirações
horizonte; por toda a parte onde ela brilh ar, a que animam o Filho do Homem, o resultado do seu
alma encontrará a sua pátria e Jesus o seu reino. t�abalho pode chamar�se um insucesso; mas, apre�
c�ando o que existe, em vez de chorar o que falta,
ve�se, nesse mesmo futuro, uma imensa regene�
Se é certo que «a história é a ciência dos factos ração.
que têm uma posteridad e», Jesus deve ser chamado Não se pode esquecer que para qualquer obser�
o dominador da história. Imediatamente se anun� v� dor imparcial, cristão e civilizado são, hoje, sinó�
ciam os dias maravilhosos. Depois da Paixã o, os . mmos; a luz recua à medida que Cristo recua; ela
Actos; após a Ressurreição, o inebriamento das avança com ele. A hi�tória tem duas faces : em
grandes testemunhas e dos converteres, a fé dos Getsemani, Jesus contemplou-lhe a face sombria;
na cruz, ultrapassando, em espírito, o sepulcro, viu�
--lhe o lado luminoso.
(1) Prose, Vexilla Regis.

28 1
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taumaturgos e a dos ben fi Júri 11 que se juntam,
Pasca l observou que « J sus Cristo não fez
a sombra de P dro qu t m pod t' de sarar, os
nenhuns milagres no sepul . ,., » : mas o milagre vem
céus que se abr m por lm 1 dn fr m i· • l têvão,
depois; o milagre consist , p l'lm iro, na ressurrei�
o raio benéfi o r 111· n 1 .strn I 1 cl
ção e, em segu ida, nessa . ohr•1 vivência inaudita de
conquista qu H J n. l n 1 1 n , · st n d , s org niza,
que é princípio anim ad r· o H J frito que ele nos
as Igrejas q r f rm Hn , m s guida, comuni�
deixa, e de que ' t otro o 1 1 1 1 v I'
cam, a unid de que s nriqu ce pela sua concen�
, r l tH I � t•f dn I I IV III · I tração e se reforça pela sua riqueza, a sociedade
F u i i J I I I' 1 o ud I lfn t l u ' '' " I (1 ) , política que se agita, persegue, finalmente cede,
- o mundo que, pouco a pouco, é conquistado, a
N o �c r 1 I m nlo u n Jv r 1 I , que Jmp ri
tal ponto que, a partir do século IV, passa a ser cris�
carr gou aos ombros, segu ndo a palavra profética, tão tudo o que tem um nome em terras civilizadas.
Aquele que sucumbia sob o seu lenho ? (Isaía s, A continuação apresentar�se-á variável, porque
IX , 6 ) . A cruz ergui da solto u o voo
da águia ; arre� nenhum poder nos constrange como seres livres.
messar�se�á de uma a outra extremidade do nosso Dissemos que, em relação às grandes aspirações
horizonte; por toda a parte onde ela brilh ar, a que animam o Filho do Homem, o resultado do seu
alma encontrará a sua pátria e Jesus o seu reino. t�abalho pode chamar�se um insucesso; mas, apre�
c�ando o que existe, em vez de chorar o que falta,
ve�se, nesse mesmo futuro, uma imensa regene�
Se é certo que «a história é a ciência dos factos ração.
que têm uma posteridad e», Jesus deve ser chamado Não se pode esquecer que para qualquer obser�
o dominador da história. Imediatamente se anun� v� dor imparcial, cristão e civilizado são, hoje, sinó�
ciam os dias maravilhosos. Depois da Paixã o, os . mmos; a luz recua à medida que Cristo recua; ela
Actos; após a Ressurreição, o inebriamento das avança com ele. A hi�tória tem duas faces : em
grandes testemunhas e dos converteres, a fé dos Getsemani, Jesus contemplou-lhe a face sombria;
na cruz, ultrapassando, em espírito, o sepulcro, viu�
--lhe o lado luminoso.
(1) Prose, Vexilla Regis.

28 1
280
. ...
' ..

,
quela t rd a situação do Túmulo, com o objectivo
* •
de ali volt r; elas é que ficarão de guarda, silen­
cias m nte: elas é que comprarão os definitivos
Acrescentemos, para ter· in r, que uma pers­ bâls mos aromáticos e, finalmente, elas é que virã�.
pectiva mais imediata atr 1J o lh r do Crucificado, mal rompa a alvorada, após o sabbat, satisfazer o ·

quando a imagem do Cll , r amor de todos.


Jesus vê antecipadom t1t 1 '1 1 1 qu vai acontecer Encontrarão o vestíbulo aberto; observarão pre­
após o sabba.t qu , 1 t'O lm 1 n z vilania dos senças celestiais, mas, julgando ter perdido, pela
perseguid r : J n t I'V tu,; u I t ,
junt d Pila­ segunda vez, o grande Ausente, objecto exclusivo
tos, n s n ido I h v •· u m ViHH ut losa; do seu pensamento, irão, ofegantes, levar a notícia
a m ntiro 1 t·rupç do uard s, um vez aos apóstolos. O mistério dos factos não lhes pare­
ouvidas as testemunhas do milagre. ·:g, no entanto, cerá completamente estranho; dele terão a suspeita
agradável supor que ele nã!l vai mais longe nas
e a esperança; todavia, a sua angústia de forma
suas previsões, quando se trata dos seus, e que,
alguma se dissipará antes que, sob a acção de
sem ignorar a inicial perturbação destes, o combate
sucessivas aparições, tenha brilhado a clara luz
que travaram contra a esperança e as hesitações
da Páscoa.
do seu procedimento, augura, acima de tudo, a .
alegria que sentirão.
Os seus julgarão tê-lo perdido, como Maria e
José o tinham perdido no Templo; depois, tal como É então que ocorre o episódio de Madalena,
no Templo, quando foi encontrado a dialogar com episódio que se relaciona com a cena do Lazarion,
os doutores, porá fim, com um maravilhoso encon­ com a da refeição em casa de Simão e com a do
tro, ao seu diálogo com a morte. Calvário.
_ Madalena estava ali, com as duas outras Ma­
No Calvário, compareceram poucos amigos, e
havia sobretudo mulheres; no sepulcro, haverá rias, mulheres de igt;tal nome e de igual coração.
poucas testemunhas e estas serão sobretudo mu­ Não· obstante a luz angelical e a predição, conclu­
lheres. São elas que notarão, antes de partir, na� dente para um espírito menos perturbado, ela, por

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. ...
' ..

,
quela t rd a situação do Túmulo, com o objectivo
* •
de ali volt r; elas é que ficarão de guarda, silen­
cias m nte: elas é que comprarão os definitivos
Acrescentemos, para ter· in r, que uma pers­ bâls mos aromáticos e, finalmente, elas é que virã�.
pectiva mais imediata atr 1J o lh r do Crucificado, mal rompa a alvorada, após o sabbat, satisfazer o ·

quando a imagem do Cll , r amor de todos.


Jesus vê antecipadom t1t 1 '1 1 1 qu vai acontecer Encontrarão o vestíbulo aberto; observarão pre­
após o sabba.t qu , 1 t'O lm 1 n z vilania dos senças celestiais, mas, julgando ter perdido, pela
perseguid r : J n t I'V tu,; u I t ,
junt d Pila­ segunda vez, o grande Ausente, objecto exclusivo
tos, n s n ido I h v •· u m ViHH ut losa; do seu pensamento, irão, ofegantes, levar a notícia
a m ntiro 1 t·rupç do uard s, um vez aos apóstolos. O mistério dos factos não lhes pare­
ouvidas as testemunhas do milagre. ·:g, no entanto, cerá completamente estranho; dele terão a suspeita
agradável supor que ele nã!l vai mais longe nas
e a esperança; todavia, a sua angústia de forma
suas previsões, quando se trata dos seus, e que,
alguma se dissipará antes que, sob a acção de
sem ignorar a inicial perturbação destes, o combate
sucessivas aparições, tenha brilhado a clara luz
que travaram contra a esperança e as hesitações
da Páscoa.
do seu procedimento, augura, acima de tudo, a .
alegria que sentirão.
Os seus julgarão tê-lo perdido, como Maria e
José o tinham perdido no Templo; depois, tal como É então que ocorre o episódio de Madalena,
no Templo, quando foi encontrado a dialogar com episódio que se relaciona com a cena do Lazarion,
os doutores, porá fim, com um maravilhoso encon­ com a da refeição em casa de Simão e com a do
tro, ao seu diálogo com a morte. Calvário.
_ Madalena estava ali, com as duas outras Ma­
No Calvário, compareceram poucos amigos, e
havia sobretudo mulheres; no sepulcro, haverá rias, mulheres de igt;tal nome e de igual coração.
poucas testemunhas e estas serão sobretudo mu­ Não· obstante a luz angelical e a predição, conclu­
lheres. São elas que notarão, antes de partir, na� dente para um espírito menos perturbado, ela, por

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si, viu apenas isto : levarnm-l h o seu Senhor e não para todo o sempre nomeia o seres, declarou
sabe onde o puseram. reconhecer como sua a que tanto o ama, e esta, o
Em presença dest I 1 f I' nio que a priva do seu Mestre .
seu derradeiro tesou ro. l 1 1 1 · l n l n te e doce objecto Assim termina o ensinamento que nos provém
c
da sua ternura, fi o t· a i 1 11 1 1 1 1 11 1 corpo sem alma: de Madalena; a sua própria iniciação, aperfei...
vê e não vê, O U V I ' . 1 1 c I I I V · , 1 1
, stá onde está, çoando�se, corrobora a nossa. A omnipotência das
mas ond I · • f t, I ,I · , l 1 I I I ' l n q u i tação aluei� lágrimas e a omnipotência do coração, foram�nos
nada c IH II t , q 1 1 1 1 1 l n 1 ' ''1 1 " " ' 1 t o I '' t nso jardi� ensinadas por ela, - por aquela que, por ternas
n il' , CJ IH' ,11' t p i'O I I I I l ( IH' fi f• ' l c J 7 » lágrimas, obteve o seu perdão, a ressurreição de um
] • a l a '0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 • p · · I · . t t pl l · I I l i' irmão querido, a antecipada união com a Paixão
nd 1 v i I r · J 1 ; 1 u u d 1' f z xplosã ; n d r
• ia, e a alegria do túmulo glorioso. Porque foi a pri�
porqu só se receia quando se ama, e, uma yez meira a compreender, recebe a missão de anunciar;
separada do seu Amor, Madalena nada tem, no ela é «o apóstolo dos apóstolos», - privilégio do
mundo, que se sinta obrigada a amar. amor, que, de certo modo, no decurso da história
Jesus, para se revelar, só lhe dirige uma pala� cristã, prevalecerá sobre a autoridade,
. sobre a
vra, mas só ela poderia dizer com que voz : «Ma� força e sobre o saber.
ria ! . . . » Reconhece�o pela doçura desse nome.
«Maria ! . . . » nomeando�a, ele nomeou�se a si pró�
prio; em «Maria» ouve�se «Jesus»: tantas foram O que aconteceu com Madalena vem a acon�
as vezes que esse nome ressoou, solto dos lábios tecer, guardadas as devidas proporções, com todos
e do coração do divino Amigo! Por isso, Madalena que participam dos seus sentimentos e comparti�
responde�lhe, como um eco : Rabboni! Mestre! . . . lham o seu papel. As outras santas mulheres avi�
Quer precipitar�se para ele, mas um gesto zinharil�se de sua irmã a ponto de não se ver bem,
detem�na; uma reserva superior impõe�se naquele nos Evangelhos, o gue pertence apenas a Mada�
instante único, intermediário entre vida e sobrevi� lena ou ao piedoso grupo. Os discípulos têm a sua
vência, entre terra e céu. Mas o amor manifes� parte e prevalecem, como deve ser, quando se trata
tou�se e trocaram�se palavras eternas; Aquele que de factos decisivos. Todos os papéis são felizes;

284 285
si, viu apenas isto : levarnm-l h o seu Senhor e não para todo o sempre nomeia o seres, declarou
sabe onde o puseram. reconhecer como sua a que tanto o ama, e esta, o
Em presença dest I 1 f I' nio que a priva do seu Mestre .
seu derradeiro tesou ro. l 1 1 1 · l n l n te e doce objecto Assim termina o ensinamento que nos provém
c
da sua ternura, fi o t· a i 1 11 1 1 1 1 11 1 corpo sem alma: de Madalena; a sua própria iniciação, aperfei...
vê e não vê, O U V I ' . 1 1 c I I I V · , 1 1
, stá onde está, çoando�se, corrobora a nossa. A omnipotência das
mas ond I · • f t, I ,I · , l 1 I I I ' l n q u i tação aluei� lágrimas e a omnipotência do coração, foram�nos
nada c IH II t , q 1 1 1 1 1 l n 1 ' ''1 1 " " ' 1 t o I '' t nso jardi� ensinadas por ela, - por aquela que, por ternas
n il' , CJ IH' ,11' t p i'O I I I I l ( IH' fi f• ' l c J 7 » lágrimas, obteve o seu perdão, a ressurreição de um
] • a l a '0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 • p · · I · . t t pl l · I I l i' irmão querido, a antecipada união com a Paixão
nd 1 v i I r · J 1 ; 1 u u d 1' f z xplosã ; n d r
• ia, e a alegria do túmulo glorioso. Porque foi a pri�
porqu só se receia quando se ama, e, uma yez meira a compreender, recebe a missão de anunciar;
separada do seu Amor, Madalena nada tem, no ela é «o apóstolo dos apóstolos», - privilégio do
mundo, que se sinta obrigada a amar. amor, que, de certo modo, no decurso da história
Jesus, para se revelar, só lhe dirige uma pala� cristã, prevalecerá sobre a autoridade,
. sobre a
vra, mas só ela poderia dizer com que voz : «Ma� força e sobre o saber.
ria ! . . . » Reconhece�o pela doçura desse nome.
«Maria ! . . . » nomeando�a, ele nomeou�se a si pró�
prio; em «Maria» ouve�se «Jesus»: tantas foram O que aconteceu com Madalena vem a acon�
as vezes que esse nome ressoou, solto dos lábios tecer, guardadas as devidas proporções, com todos
e do coração do divino Amigo! Por isso, Madalena que participam dos seus sentimentos e comparti�
responde�lhe, como um eco : Rabboni! Mestre! . . . lham o seu papel. As outras santas mulheres avi�
Quer precipitar�se para ele, mas um gesto zinharil�se de sua irmã a ponto de não se ver bem,
detem�na; uma reserva superior impõe�se naquele nos Evangelhos, o gue pertence apenas a Mada�
instante único, intermediário entre vida e sobrevi� lena ou ao piedoso grupo. Os discípulos têm a sua
vência, entre terra e céu. Mas o amor manifes� parte e prevalecem, como deve ser, quando se trata
tou�se e trocaram�se palavras eternas; Aquele que de factos decisivos. Todos os papéis são felizes;

284 285
os corações ressuscitam, · m i ra dêem prova de
um assombro que parece H t l' mho e das imperfei�
ções de uma fé vacilante.
Quem nos dirá onde est€1 , 1 Jlli, a perfeição?
Um ser realiza�a. Maria, a Mttl' . uhlime, saboreia
secretamente a plenitude da all'H r·l recuperada,
depois de ter apresentado, na pr v u; , a virtude Capítulo X

exemplar. Ressuscita da sua C mp t l x \O, como


.
Jesus da sua Paixão, como Madal n 1 I un deso�
lação, como os apóstolos do seu rn I dL sua
avassalante fadiga.
Não é por esquecimento, mas antes por impo�
tência, que o Evangelho emudece sobre o seu caso. s OB OS OLHOS DO · SENHOR
Um sentimento da mais subtil delicadeza exige que que expira, coisas e pessoas jamais se deslocam
um tão suave mistério se recate e não se lhe des� das suas molduras naturais e se isolam do seu am�
flore o encanto. O silêncio que sobre ela paira, biente divino. Meditando sobre o que avista, pode�
muito longe de significar desinteresse por Maria, ria ele não prestar atenção ao que tudo contém de
sublinha a sua grandeza. inefável ? O céu envolve a terra e os seres; erguido
acima da terra mais ainda pela sua alma do que
pelas suas dores, Cristo encontra no céu o seu
objectivo principal; dele vem e para ele volta; por
isso, a sua primeira e a sua última frase, ambas
começando pela palavra Pai, só se concebem que
fossem ditas com os olhos em alvo.
Não confundimos, falando assim, o céu físico
e o que ele simboliza; sublinhamos apenas o carác�
ter insistente do símbolo, a inevitável aliança, nos

286 287
os corações ressuscitam, · m i ra dêem prova de
um assombro que parece H t l' mho e das imperfei�
ções de uma fé vacilante.
Quem nos dirá onde est€1 , 1 Jlli, a perfeição?
Um ser realiza�a. Maria, a Mttl' . uhlime, saboreia
secretamente a plenitude da all'H r·l recuperada,
depois de ter apresentado, na pr v u; , a virtude Capítulo X

exemplar. Ressuscita da sua C mp t l x \O, como


.
Jesus da sua Paixão, como Madal n 1 I un deso�
lação, como os apóstolos do seu rn I dL sua
avassalante fadiga.
Não é por esquecimento, mas antes por impo�
tência, que o Evangelho emudece sobre o seu caso. s OB OS OLHOS DO · SENHOR
Um sentimento da mais subtil delicadeza exige que que expira, coisas e pessoas jamais se deslocam
um tão suave mistério se recate e não se lhe des� das suas molduras naturais e se isolam do seu am�
flore o encanto. O silêncio que sobre ela paira, biente divino. Meditando sobre o que avista, pode�
muito longe de significar desinteresse por Maria, ria ele não prestar atenção ao que tudo contém de
sublinha a sua grandeza. inefável ? O céu envolve a terra e os seres; erguido
acima da terra mais ainda pela sua alma do que
pelas suas dores, Cristo encontra no céu o seu
objectivo principal; dele vem e para ele volta; por
isso, a sua primeira e a sua última frase, ambas
começando pela palavra Pai, só se concebem que
fossem ditas com os olhos em alvo.
Não confundimos, falando assim, o céu físico
e o que ele simboliza; sublinhamos apenas o carác�
ter insistente do símbolo, a inevitável aliança, nos

286 287
trombetas de arcanjos; Yahveh fala do trovão
nossos espíritos, das altu,ro s azulinas e das imen� como se fosse a sua própria voz; o seu domínio é
sidades espirituais. o éter; a sua tenda de campanha está no sol; as
,.
A abóbada. azul a fi o u •· •nos a suprema alti�
nuvens e os ventos 'São seus mensageiros: a aurora
tude; a ordem total m qu t mos compreendidos
lenta é o seu olhar; no silêncio das estrelas, ele quer
parece arrastada n u 1 a•t lt 1 s nossos destinos
,
que o crente ouça uma imensa aclamação.
.
dela dependem ; olw 1 t u Obreiro nela � vezes,
futura , alvo das
As por alusão à câmara alta das moradas
brilham inc ��w nt m 1
hospit aleiras e religiosas (i>1t'1:proov) 0 céu, nas Escri�
uns profun� .
nossas a pJnç turas, é chamado a alta morada de Deus (u;rsp&X),
d zas. e o autor sagrado tem a constante preocupação ­
:A, 1 ort nto, n tur 1 qu u ln rv n ha em
a qual atinge o má:x1imo em J esus -·- de não deixar
todos os noss s sentimentos, sobretudo s são os a nossa imaginação admitir que essa morada sobe­
derradeiros, e Jesus , aqui, está no mesmo caso de rana esteja deserta.
todos nós. Quando andamos buscando sublimi� Em que se torna o homem, se esquece que um
dade e sagrado terror, o céu oferece as suas noites ; Pai vigia lá do a]to, que a luz dele o ilumina e
nas nossas grandes misérias, para ele é que os revela, que uma providência se exprime nas nossas
nossos braços se ergue m; para afirmar, tomamo�lo leis, que o grande templo anónimo esconde o seu
por testemunha; os nossos amore� e os nossos ódios hóspede, aquele mesmo que em nossos corações
invocam�no; a nossa impressão do necessário fun� habita ? Um tal desconhecimento começa por pro�
damenta�se na sua indefectibilidade; se acaso que� v�r uma primeira infidelidade ; é po11que se des­
rem consolar�nos, é em seu nome que nos falam. VIam de Deus que os homens já não compreendem
O próprio Deus , sempre indulgente para as
� mensagem da natureza e lhe atribuem, tantas
nossa s maneiras de conceber, relaciona com os fe� - ve�es, uma lingua gem blas-fema . .logo que nos
nómenos de que o céu é teatro, os sentimentos que onentamos para o primeiro amor, tudo patenteia
pretende incutir e os aco:etecimentos espirituais que aquilo que tudo, dant�s. ocultava.
orienta. As alturas sobem os seus eleitos, desde o
Por isso, a expressão o Pai Celeste, criada
homem do carro de fogo até Cristo e a Virgem; por Jesus, é destinada a lembrar-nos a paternidade
das alturqs virá o Filho do Homem anunciado pelas
19
288 289
trombetas de arcanjos; Yahveh fala do trovão
nossos espíritos, das altu,ro s azulinas e das imen� como se fosse a sua própria voz; o seu domínio é
sidades espirituais. o éter; a sua tenda de campanha está no sol; as
,.
A abóbada. azul a fi o u •· •nos a suprema alti�
nuvens e os ventos 'São seus mensageiros: a aurora
tude; a ordem total m qu t mos compreendidos
lenta é o seu olhar; no silêncio das estrelas, ele quer
parece arrastada n u 1 a•t lt 1 s nossos destinos
,
que o crente ouça uma imensa aclamação.
.
dela dependem ; olw 1 t u Obreiro nela � vezes,
futura , alvo das
As por alusão à câmara alta das moradas
brilham inc ��w nt m 1
hospit aleiras e religiosas (i>1t'1:proov) 0 céu, nas Escri�
uns profun� .
nossas a pJnç turas, é chamado a alta morada de Deus (u;rsp&X),
d zas. e o autor sagrado tem a constante preocupação ­
:A, 1 ort nto, n tur 1 qu u ln rv n ha em
a qual atinge o má:x1imo em J esus -·- de não deixar
todos os noss s sentimentos, sobretudo s são os a nossa imaginação admitir que essa morada sobe­
derradeiros, e Jesus , aqui, está no mesmo caso de rana esteja deserta.
todos nós. Quando andamos buscando sublimi� Em que se torna o homem, se esquece que um
dade e sagrado terror, o céu oferece as suas noites ; Pai vigia lá do a]to, que a luz dele o ilumina e
nas nossas grandes misérias, para ele é que os revela, que uma providência se exprime nas nossas
nossos braços se ergue m; para afirmar, tomamo�lo leis, que o grande templo anónimo esconde o seu
por testemunha; os nossos amore� e os nossos ódios hóspede, aquele mesmo que em nossos corações
invocam�no; a nossa impressão do necessário fun� habita ? Um tal desconhecimento começa por pro�
damenta�se na sua indefectibilidade; se acaso que� v�r uma primeira infidelidade ; é po11que se des­
rem consolar�nos, é em seu nome que nos falam. VIam de Deus que os homens já não compreendem
O próprio Deus , sempre indulgente para as
� mensagem da natureza e lhe atribuem, tantas
nossa s maneiras de conceber, relaciona com os fe� - ve�es, uma lingua gem blas-fema . .logo que nos
nómenos de que o céu é teatro, os sentimentos que onentamos para o primeiro amor, tudo patenteia
pretende incutir e os aco:etecimentos espirituais que aquilo que tudo, dant�s. ocultava.
orienta. As alturas sobem os seus eleitos, desde o
Por isso, a expressão o Pai Celeste, criada
homem do carro de fogo até Cristo e a Virgem; por Jesus, é destinada a lembrar-nos a paternidade
das alturqs virá o Filho do Homem anunciado pelas
19
288 289
de Deus, e, além disso, nrácter benevolente, o Não é vão observar, 1 1 . da cruz que une
sentido religioso da próprl 1 iação, desse sublime todos os extr mos, a L' r laçã xi tent entre o
ambiente que São Ped r ·h ma, na narrativa da céu, prin iJ o J m nte o ·u nocturn , mistério
'
Transfiguração, a «glór m tgnífica». da alma. l n · m ' tlsur vel é o éter, e Jn m nsurá�
Só assim é que B t t• •11 �· 1 111 gem do mundo se vel, in 'X J l i •áv L impossível de alcançar em seu
nos torna famili r o · 1 1 l' t• i l h s reveladores; camin l , o coração. Nós nem subimos aos astros
o horror da im 11. Jd u i · I t i , 1 1 0 causa angús� nem penetramos em nossos próprios abismos; dois
tia; o se u � J I n · o uo dtt ln 1 ; aumento infinitos se abrem para além do nosso ser expe...
despr p r· ·lon u l o "''Jl • vi u t i lm to ao riente, e, em relação a ambos, somos, ao mesmo
,.
n ss ol h , 1 i I • 1 1c.;t
• ·nt l l 1 1 1 h'. . formando tempo, atraídos invencivelmente e mantidos a dis�
um t· o v ol n t· ) n t·r l t om a xJ u ldod da tância.
n ssa cç� o, já só dá lugar a um amplo e reli... Que podemos nós, sem Deus, nas alturas, e sem
gioso apaziguamento; tudo nos tranquiliza e tudo a sua graça, em nossos abismos? Mas sentimos que
nos edifica. esses dois domínios vêm a unir�se, e que Deus,
Eu estou perdido no universo, mas encontro�me que nos trespassa e nos ultrapassa em todo o sen�
em Deus e não posso sair desse «amplo seio» que tido, consegue a unidade da natureza absoluta.
não se exterioriza; uns braços desenvolvem sob Abordando esse Deus e a ele nos abandonando,
o horizonte a sua curva invisível; eu sinto o meu podemos conciliar não só o ser, como o nosso ser,
Infinito vivo; eu reconheço que o «inacessível» e o Super�Ser de que tudo depende.
está perto de nós, que d «implacável» tem uma
alma e que com ela a nossa se aparenta : lpsius
genus sumus. É essa a razão por que posso sem Não se pode duvidar de que Cristo, em todos
terror abrir, à noite, a minha janela, sobre o abismo. os tempos, sentiu que as coisas eram assim. Se
Mas como a noite seria inumana e traiçoeira, se tudo lhe foi entregue entre as mãos, foi�o, sem
não nos falasse de Deus! dúvida, em plena consciência; compenetrado do que
é, tem, por isso mesmo, a certeza do que faz. A sua
vista fixa�se sem desânimo em Deus, céu vivo, na

290 29 1
de Deus, e, além disso, nrácter benevolente, o Não é vão observar, 1 1 . da cruz que une
sentido religioso da próprl 1 iação, desse sublime todos os extr mos, a L' r laçã xi tent entre o
ambiente que São Ped r ·h ma, na narrativa da céu, prin iJ o J m nte o ·u nocturn , mistério
'
Transfiguração, a «glór m tgnífica». da alma. l n · m ' tlsur vel é o éter, e Jn m nsurá�
Só assim é que B t t• •11 �· 1 111 gem do mundo se vel, in 'X J l i •áv L impossível de alcançar em seu
nos torna famili r o · 1 1 l' t• i l h s reveladores; camin l , o coração. Nós nem subimos aos astros
o horror da im 11. Jd u i · I t i , 1 1 0 causa angús� nem penetramos em nossos próprios abismos; dois
tia; o se u � J I n · o uo dtt ln 1 ; aumento infinitos se abrem para além do nosso ser expe...
despr p r· ·lon u l o "''Jl • vi u t i lm to ao riente, e, em relação a ambos, somos, ao mesmo
,.
n ss ol h , 1 i I • 1 1c.;t
• ·nt l l 1 1 1 h'. . formando tempo, atraídos invencivelmente e mantidos a dis�
um t· o v ol n t· ) n t·r l t om a xJ u ldod da tância.
n ssa cç� o, já só dá lugar a um amplo e reli... Que podemos nós, sem Deus, nas alturas, e sem
gioso apaziguamento; tudo nos tranquiliza e tudo a sua graça, em nossos abismos? Mas sentimos que
nos edifica. esses dois domínios vêm a unir�se, e que Deus,
Eu estou perdido no universo, mas encontro�me que nos trespassa e nos ultrapassa em todo o sen�
em Deus e não posso sair desse «amplo seio» que tido, consegue a unidade da natureza absoluta.
não se exterioriza; uns braços desenvolvem sob Abordando esse Deus e a ele nos abandonando,
o horizonte a sua curva invisível; eu sinto o meu podemos conciliar não só o ser, como o nosso ser,
Infinito vivo; eu reconheço que o «inacessível» e o Super�Ser de que tudo depende.
está perto de nós, que d «implacável» tem uma
alma e que com ela a nossa se aparenta : lpsius
genus sumus. É essa a razão por que posso sem Não se pode duvidar de que Cristo, em todos
terror abrir, à noite, a minha janela, sobre o abismo. os tempos, sentiu que as coisas eram assim. Se
Mas como a noite seria inumana e traiçoeira, se tudo lhe foi entregue entre as mãos, foi�o, sem
não nos falasse de Deus! dúvida, em plena consciência; compenetrado do que
é, tem, por isso mesmo, a certeza do que faz. A sua
vista fixa�se sem desânimo em Deus, céu vivo, na

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lma, humilde céu em que 1 l'lmeiro se reflecte, mundo sublu nar nem mesm nEls nebulosas e na
na natureza universal, e em si pr prio, onde estes sua amálgam de sóis; mas o unbiente imediato
elementos da realidade se un i f J t m .
· com qu a ua carne mortal se apu r •nt , que serve
Que mais dizer, a propósito? T u quanto se tanto d medida como de objecto aos ·us sentidos,.
exponha não estará condenad Impotência? qu alimenta a sua imaginação, que s fixa na sua
Quem poderá exprimir o estado d n l m 1 d Jesus, m mória, não está menos, por isso, no primeiro

erguendo os olhos ao céu? No entn n�o. bom plano da sua humana concepção.
tentar o que, de certo modo, é inútil ; n hOI'tnda a Dirige um olhar piedoso para esta parcela do
descrição, sempre o contacto nos ben fi ·ln . i céu que se chama terra; é filho dela; voltando... se
mos as nossas certezas, mantendo perant o pi ... para a sua origem, dá... lhe em amor tudo quanto
rito as imensidades que abrangemos nessa palavra ela pode receber, como dela recebe tudo quanto
céu, tão simples e tão carregada de significações. ela pode dar. A natureza, tal como é para nós,
extasia ...o e. encanta... o; sentimo...lo nalgumas rápidas
alusões que o Pregador deixa cair, enquanto se
* * espalham palavras de vida. «Olhai os lírios dos
campos como crescem! . . . Em verdade vos digo que
Jesus amou a natureza física. A abóbada azul, nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se ves...
a sua radiosa veste de nuvens, a sua mística tiu jamais como um deles» . (Mat., VI, 28 ) .
nocturna, o conjunto de seus reflexos que os Com fervor recita, como os seus, muitas vezes
nossos objectos disseminam como paredes de es ... com eles, nas orações do Templo : «Eu contemplo
malte de sempre móvel aspecto, não foram estra ... os teus céus, que são obra dos teus dedos, a lua e
nhos Àquele que, em tudo, era Filho do Homem. as estrelas que tu criaste». (Salm. VIII, 4 ) .
É agradável ver Jesus no meio da beleza do As suas pregações cheiram a campo, às eiras,
mundo, dela se aproximando como contemplativo ao moinho movido por um jumento ou à mão, ao
e exprimindo...a como poeta, através de um pensa... cortiço, à casa, ao redil ao ar livre e à torre de
mento silencioso que as suas sóbrias parábola �: vigia, à figueira e à oliveira, ao sarmento e à uva
deixam aperceber. Não detém o seu espírito neste pisada; nelas se ouvem os pardais e os pombos

292 293
lma, humilde céu em que 1 l'lmeiro se reflecte, mundo sublu nar nem mesm nEls nebulosas e na
na natureza universal, e em si pr prio, onde estes sua amálgam de sóis; mas o unbiente imediato
elementos da realidade se un i f J t m .
· com qu a ua carne mortal se apu r •nt , que serve
Que mais dizer, a propósito? T u quanto se tanto d medida como de objecto aos ·us sentidos,.
exponha não estará condenad Impotência? qu alimenta a sua imaginação, que s fixa na sua
Quem poderá exprimir o estado d n l m 1 d Jesus, m mória, não está menos, por isso, no primeiro

erguendo os olhos ao céu? No entn n�o. bom plano da sua humana concepção.
tentar o que, de certo modo, é inútil ; n hOI'tnda a Dirige um olhar piedoso para esta parcela do
descrição, sempre o contacto nos ben fi ·ln . i céu que se chama terra; é filho dela; voltando... se
mos as nossas certezas, mantendo perant o pi ... para a sua origem, dá... lhe em amor tudo quanto
rito as imensidades que abrangemos nessa palavra ela pode receber, como dela recebe tudo quanto
céu, tão simples e tão carregada de significações. ela pode dar. A natureza, tal como é para nós,
extasia ...o e. encanta... o; sentimo...lo nalgumas rápidas
alusões que o Pregador deixa cair, enquanto se
* * espalham palavras de vida. «Olhai os lírios dos
campos como crescem! . . . Em verdade vos digo que
Jesus amou a natureza física. A abóbada azul, nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se ves...
a sua radiosa veste de nuvens, a sua mística tiu jamais como um deles» . (Mat., VI, 28 ) .
nocturna, o conjunto de seus reflexos que os Com fervor recita, como os seus, muitas vezes
nossos objectos disseminam como paredes de es ... com eles, nas orações do Templo : «Eu contemplo
malte de sempre móvel aspecto, não foram estra ... os teus céus, que são obra dos teus dedos, a lua e
nhos Àquele que, em tudo, era Filho do Homem. as estrelas que tu criaste». (Salm. VIII, 4 ) .
É agradável ver Jesus no meio da beleza do As suas pregações cheiram a campo, às eiras,
mundo, dela se aproximando como contemplativo ao moinho movido por um jumento ou à mão, ao
e exprimindo...a como poeta, através de um pensa... cortiço, à casa, ao redil ao ar livre e à torre de
mento silencioso que as suas sóbrias parábola �: vigia, à figueira e à oliveira, ao sarmento e à uva
deixam aperceber. Não detém o seu espírito neste pisada; nelas se ouvem os pardais e os pombos

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t I'azes, a súplica humild d o esfomeados, à divina harmonia (Um em Três, Três em Um) ,
angustioso piar da galinha q u · t'\ i pelos filhos como haveria a menor dissonância entre ele e a
- como ele, pela humanidade 1 t mpestades e música universal ? Filho do Homem, não encontrará
as aves de rapina. A sua mensag · n 1 I' v . te�se de na morada do homem a sua própria casa? Resume,
símbolos terrestres, e, por instinto, ' ,111 s mais
• por si só, todo o género humano; traz em si a Ideia,
belos, que são também os mais famil i l l'l'. , queles mãe dos seres; é o Princípio da criação de Deus
cuja simples grandeza constitui o fund d 1 1 ia e é deste o «Amem> (Apoc. III, 1 4 ) ; tudo o simbo�
humana. liza, tudo o serve; a natureza prende�se a ele por
Nisto, em nada se revela como genuín c . t t· ; todas as suas significações e por todas as suas
é todo verdade e todo acção, mas a verdad forças. Como poderia ele não amar esse patrimó..
acção têm servas, e Jesus, embora não possa ded f .. nio, esse espelho, essa emanação d a Ideia que é
car�lhes demorada atenção, aceita firmar com essa ele próprio, e esse terreno murado onde se encon�
auxiliares, alianças de que beneficiarão os seus tram todas as raças, e esse lugar onde Deus esta�
objectivos espirituais. ciona?
Quando fala, o seu espírito, unido ao de seu A beleza que entorpece a alma pagã impre­
Pai, procura a inspiração; a sua imaginação, ali� gnando�a de emoliente inebriamento, leva Jesus a .
mentada pela natureza, fornece os símbolos. Em seu Pai, e a adoração desse Pai, que para o nlístico
nenhum momento o abandona a impressão ger� l do de acanhada visão é um olvido universal, espalha
mundo; quando se afastar do mundo, nele deixará, Jesus na criação.
para nós, o cunho do seu pensamento, e a natureza Ele vê a harmonia cdada como uma vontade
tornar�se�á, por isso, mais significativa, espiritual� eterna cujas aplicações à vida humana constituem
mente mais eloquente, mais senhora de vida, como o objecto do seu ensinamento; das suas exortações
será, graças ao seu culto, uma bem mais fervorosa e do seu auxílio. Mistura o céu e a terra, a natu�
adoradora, animada pelo espírito cristão. reza e a alma, o tempo e o remate eterno do tempo,
Quem, melhor do que aquela alma humana e porque esses extremos são solidários e ele próprio
celestiaL podia apreciar Deus na criação e a criação pertence a esses diversos reinos.
em Deus que sem cessar a está gerando? Associado

294 295

..
t I'azes, a súplica humild d o esfomeados, à divina harmonia (Um em Três, Três em Um) ,
angustioso piar da galinha q u · t'\ i pelos filhos como haveria a menor dissonância entre ele e a
- como ele, pela humanidade 1 t mpestades e música universal ? Filho do Homem, não encontrará
as aves de rapina. A sua mensag · n 1 I' v . te�se de na morada do homem a sua própria casa? Resume,
símbolos terrestres, e, por instinto, ' ,111 s mais
• por si só, todo o género humano; traz em si a Ideia,
belos, que são também os mais famil i l l'l'. , queles mãe dos seres; é o Princípio da criação de Deus
cuja simples grandeza constitui o fund d 1 1 ia e é deste o «Amem> (Apoc. III, 1 4 ) ; tudo o simbo�
humana. liza, tudo o serve; a natureza prende�se a ele por
Nisto, em nada se revela como genuín c . t t· ; todas as suas significações e por todas as suas
é todo verdade e todo acção, mas a verdad forças. Como poderia ele não amar esse patrimó..
acção têm servas, e Jesus, embora não possa ded f .. nio, esse espelho, essa emanação d a Ideia que é
car�lhes demorada atenção, aceita firmar com essa ele próprio, e esse terreno murado onde se encon�
auxiliares, alianças de que beneficiarão os seus tram todas as raças, e esse lugar onde Deus esta�
objectivos espirituais. ciona?
Quando fala, o seu espírito, unido ao de seu A beleza que entorpece a alma pagã impre­
Pai, procura a inspiração; a sua imaginação, ali� gnando�a de emoliente inebriamento, leva Jesus a .
mentada pela natureza, fornece os símbolos. Em seu Pai, e a adoração desse Pai, que para o nlístico
nenhum momento o abandona a impressão ger� l do de acanhada visão é um olvido universal, espalha
mundo; quando se afastar do mundo, nele deixará, Jesus na criação.
para nós, o cunho do seu pensamento, e a natureza Ele vê a harmonia cdada como uma vontade
tornar�se�á, por isso, mais significativa, espiritual� eterna cujas aplicações à vida humana constituem
mente mais eloquente, mais senhora de vida, como o objecto do seu ensinamento; das suas exortações
será, graças ao seu culto, uma bem mais fervorosa e do seu auxílio. Mistura o céu e a terra, a natu�
adoradora, animada pelo espírito cristão. reza e a alma, o tempo e o remate eterno do tempo,
Quem, melhor do que aquela alma humana e porque esses extremos são solidários e ele próprio
celestiaL podia apreciar Deus na criação e a criação pertence a esses diversos reinos.
em Deus que sem cessar a está gerando? Associado

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..
Dizíamos que o pensam n l'< e Jesus, contem� que é a lei de tudo; aquela ceg ueira que, entre
piando a natureza, não se d • t<· m no que dela nós nós, é património dos mais avisados, não afecta o
1
distinguimos; a profundidade c.l o 1 1 olhar sobre os seu pensame11to nem quanto às ampliações nem
céus criados não enferma das no 1 limitações.
,
quanto ao esforço de penetração que a realidade
O céu é a abóbada azuL mas o · · 1 1 t mbém é a exige.
reunião dos mundos; para além des w mdes tes�
1
Não terá o sábio, tanto como o ignorante, a
'
temunhos e nos seus intervalos, há a «H t· \ éter» vulgar impressão de que o visível é tudo? Não se
em que eles flutuam, o meio desconhe i l o J U eles crê vagamente, durante o dia, que as estrelas estão
atravessam e que os atravessa, vaga espn n t a apagadas, e não vemos a matéria que nos cerca
custo acessível à ideia e que os sentidos i noram. como um sistema de massas contínuas, inertes e
Até onde se estende esse mar de caden i d s compactas? Basta uma gota de luz para nos es�
ondas, onde termina a perpétua maravilha, nin� conder o infinito longínquo, e basta uma superfície
guém o sabe; mas Cristo, unido a seu Pai como enganadora para esconder da nossa atenção, os
Verbo e como Medianeiro, conta com ele as estre"' universos ocultos no seio das substâncias.
las e as esferas e chama�as todas pelos seus nomes. Para a contemplação de Cristo, tais limites de�
(Salm. CXLVI, 4 ) . saparecem; ele trespassa o Ser de lado a lado; sobe
Na direcção oposta, no côncavo do ser, se de céus a céus e penetra de abismo em abismo; vai
, assim posso dizer, no íntimo das substâncias e dos tão longe pelo olhar quanto o Pai pelo seu poder;
factos, os infinitamente pequenos, que também são o seu êxtase é igual a esse sopro criador que faz
mundos, abrem, ante o olhar de Cristo, céus não surgir todas as terras férteis e lhes desperta todas
menos vastos que os primeiros. Os átomos são ·
as primaveras.
astros, e talvez os nossos astros sejam os átomos
*
de mais vastos corpos, tal como Pascal julgou.
* *
Estas indizíveis sobreposições, que nos cau�
sam terror e perante as quais apenas podemos
aniquilar�nos, têm Cristo por testemunha e por Deverá pensar�s� que, na cruz, estas visões se
juiz; no espírito de Cristo inscreve�se a sua lei, dissipam e que o céu assim definido já não brilha

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Dizíamos que o pensam n l'< e Jesus, contem� que é a lei de tudo; aquela ceg ueira que, entre
piando a natureza, não se d • t<· m no que dela nós nós, é património dos mais avisados, não afecta o
1
distinguimos; a profundidade c.l o 1 1 olhar sobre os seu pensame11to nem quanto às ampliações nem
céus criados não enferma das no 1 limitações.
,
quanto ao esforço de penetração que a realidade
O céu é a abóbada azuL mas o · · 1 1 t mbém é a exige.
reunião dos mundos; para além des w mdes tes�
1
Não terá o sábio, tanto como o ignorante, a
'
temunhos e nos seus intervalos, há a «H t· \ éter» vulgar impressão de que o visível é tudo? Não se
em que eles flutuam, o meio desconhe i l o J U eles crê vagamente, durante o dia, que as estrelas estão
atravessam e que os atravessa, vaga espn n t a apagadas, e não vemos a matéria que nos cerca
custo acessível à ideia e que os sentidos i noram. como um sistema de massas contínuas, inertes e
Até onde se estende esse mar de caden i d s compactas? Basta uma gota de luz para nos es�
ondas, onde termina a perpétua maravilha, nin� conder o infinito longínquo, e basta uma superfície
guém o sabe; mas Cristo, unido a seu Pai como enganadora para esconder da nossa atenção, os
Verbo e como Medianeiro, conta com ele as estre"' universos ocultos no seio das substâncias.
las e as esferas e chama�as todas pelos seus nomes. Para a contemplação de Cristo, tais limites de�
(Salm. CXLVI, 4 ) . saparecem; ele trespassa o Ser de lado a lado; sobe
Na direcção oposta, no côncavo do ser, se de céus a céus e penetra de abismo em abismo; vai
, assim posso dizer, no íntimo das substâncias e dos tão longe pelo olhar quanto o Pai pelo seu poder;
factos, os infinitamente pequenos, que também são o seu êxtase é igual a esse sopro criador que faz
mundos, abrem, ante o olhar de Cristo, céus não surgir todas as terras férteis e lhes desperta todas
menos vastos que os primeiros. Os átomos são ·
as primaveras.
astros, e talvez os nossos astros sejam os átomos
*
de mais vastos corpos, tal como Pascal julgou.
* *
Estas indizíveis sobreposições, que nos cau�
sam terror e perante as quais apenas podemos
aniquilar�nos, têm Cristo por testemunha e por Deverá pensar�s� que, na cruz, estas visões se
juiz; no espírito de Cristo inscreve�se a sua lei, dissipam e que o céu assim definido já não brilha

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para as santas dores? S d l 1ma ilusão e quase mundo que ele compôs, autêntica e esplêndida, se­
uma ofensa. Mais de um 1 v z fizemos apelo à gue-o até à cruz.
lembrança dos moribund . , 1 J l l le fluxo de velhas
imagens que tenta - pn n· ' I' ncher o iminente
vazio da morte. Em J 1 1 , 111 1 I que em todos,
. · Não há dúvida de que a cruz é sombria no
no Gólgota como m ' I I I 1 111, o. cenários de meio destas visões! Mas foi ela que as forneceu,
toda a vida prtHHII III I' l't· p 1 1 111, 1 l m p r ssões da porque foi para ela que veio Aquele que devia vir
natureza , m u it lo11w I · 1 hol l t• · 111 , I' e que, caminhando para uma trágica noite, atra­
e exal tll 111-.• , vessou aquela aurora.
N m Hll ' II I 1 l 1 w 1 1 1 1 , 111 1' 1 • , o t· rr Por isso, Jesus pode ainda, ao morrer, contem­
m n l f �. t r-. .. : 1 u ' un l l o d m t ma râ plar aquela natureza tão nobre; ele não a repele;
sse forma d comoção e como que de protesto : a sua dor não é turva; a sua dor é religiosa e calma,
não será justo que o Moribundo também saúde a e ao esplendor íntimo é fácil enquadrar-se em tal
natureza fiel? cenário. Morre na Primavera; aves, voando, ro­
Aceitou os perfumes de Madalena como um deiam-no; as rolas, a chamarem-se, repetem seus
presságio do sepulcro : os que sobem da terra, ais; ele saúda com a alma a sua Galileia, a sua
nesse dia primaveril, os dos lírios que atapetam Judeia, a verdejante Samaria que as une, e o escrí­
rochas, os das brisas de Jericó que, abrindo cami­ nio dessas jóias associadas, - a terra. Tem o sen­
nho pelo deserto, se erguem para a cruz, não terão tido da amplidão que transcende infinitamente o
a mesma significação e o mesmo acolhimento? seu globo viandante; a claridade dos espaços ofus­
O Homem-Deus, ao morrer, gloria-se" de toda ca-o; a nuvem sombria de há pouco não passará
a glória do país de pedras grisalhas, de toda a de véu ténue;. as anémonas do Gólgota, vistas
glória do país humano, e; muito para além, dos a contra-luz, avivaram, enquanto ele subia, o seu
encantos da pátria universal, que é a sua. Gloria-se colorido de astros vermelhos, e, agora, enfileiram,
dessa glória, tal como, vivo, lhe prestou culto. aos pés da cruz, as suas cerradas constelações,
O céu azul, as colinas verdes e as flores oferecem­ enquanto a distância, sobre o telhado térreo das
-lhe cores que seu Pai utilizou. A imagem do · casas, outras anémonas incontáveis, e incontáveis

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para as santas dores? S d l 1ma ilusão e quase mundo que ele compôs, autêntica e esplêndida, se­
uma ofensa. Mais de um 1 v z fizemos apelo à gue-o até à cruz.
lembrança dos moribund . , 1 J l l le fluxo de velhas
imagens que tenta - pn n· ' I' ncher o iminente
vazio da morte. Em J 1 1 , 111 1 I que em todos,
. · Não há dúvida de que a cruz é sombria no
no Gólgota como m ' I I I 1 111, o. cenários de meio destas visões! Mas foi ela que as forneceu,
toda a vida prtHHII III I' l't· p 1 1 111, 1 l m p r ssões da porque foi para ela que veio Aquele que devia vir
natureza , m u it lo11w I · 1 hol l t• · 111 , I' e que, caminhando para uma trágica noite, atra­
e exal tll 111-.• , vessou aquela aurora.
N m Hll ' II I 1 l 1 w 1 1 1 1 , 111 1' 1 • , o t· rr Por isso, Jesus pode ainda, ao morrer, contem­
m n l f �. t r-. .. : 1 u ' un l l o d m t ma râ plar aquela natureza tão nobre; ele não a repele;
sse forma d comoção e como que de protesto : a sua dor não é turva; a sua dor é religiosa e calma,
não será justo que o Moribundo também saúde a e ao esplendor íntimo é fácil enquadrar-se em tal
natureza fiel? cenário. Morre na Primavera; aves, voando, ro­
Aceitou os perfumes de Madalena como um deiam-no; as rolas, a chamarem-se, repetem seus
presságio do sepulcro : os que sobem da terra, ais; ele saúda com a alma a sua Galileia, a sua
nesse dia primaveril, os dos lírios que atapetam Judeia, a verdejante Samaria que as une, e o escrí­
rochas, os das brisas de Jericó que, abrindo cami­ nio dessas jóias associadas, - a terra. Tem o sen­
nho pelo deserto, se erguem para a cruz, não terão tido da amplidão que transcende infinitamente o
a mesma significação e o mesmo acolhimento? seu globo viandante; a claridade dos espaços ofus­
O Homem-Deus, ao morrer, gloria-se" de toda ca-o; a nuvem sombria de há pouco não passará
a glória do país de pedras grisalhas, de toda a de véu ténue;. as anémonas do Gólgota, vistas
glória do país humano, e; muito para além, dos a contra-luz, avivaram, enquanto ele subia, o seu
encantos da pátria universal, que é a sua. Gloria-se colorido de astros vermelhos, e, agora, enfileiram,
dessa glória, tal como, vivo, lhe prestou culto. aos pés da cruz, as suas cerradas constelações,
O céu azul, as colinas verdes e as flores oferecem­ enquanto a distância, sobre o telhado térreo das
-lhe cores que seu Pai utilizou. A imagem do · casas, outras anémonas incontáveis, e incontáveis

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p poulas, e margaridas d o de oiro e coro� universo, é a alma e é Deus, o acto pelo qual Jel:lUS
las estreladas, brancas e , ampliam o cé,u liga tudo num pensamento comum, ê um convívio
que ele contempla. com o céu no pleno sentido, um olhar para o céu
Tudo o que Jesus vê lhe · ·t •· t t o céu; tudo, sem limite de extensão e de poder.
para Jesus, é céu; a natureza · ·I Hti I à super� A oração habitual de Jesus obedece antecipa�
fície e nas profundezas, nas suas m i n .ncias e nos damente à declarqção do seu Apóstolo: «É preciso
seus abismos, no seu adorno e na suo Muhstância; rezar sempre». Quer dizer que o desejo, nele, está
os atributos divinos que nela brilham n ·ontram sempre �rientado para Deus, que o Espírito dos
em Jesus atributos semelhantes e o id a l ntem.­ inefáveis gemidos nunca deixa de estimular as suas
plativo. O céu, em volta da cruz .. estend ... pa ra aspirações e de as oferecer ao Pai.
todos os lados, porque tudo quanto Jesus v� estã Nas suas falas vulgares reza; o seu silêncio
afogado, sem confusão, na imensidade, , e é levado, reza; o seu próprio ser r:eza; sob as duas formas
sem se perder, para a eternidade. em que nos é imposta, a oração é como que o pano
de fundo na vid� do divino Mestre, porque todos
os seus actos, mesmo os mais obscuros, não são
* *
mais que longa, solene e perfeita adoração, e, como
vítima em todos os tempos oferecida, ele é uma
Na celeste visão, há um caso que tem de enca..
substancial prece.
rar�se à parte. Só aparentemente ou, pelo menos,
só por sinais exteriores, se distingue dos outros, No entanto, uma vez que é guia da nossa vida
mas, para nós, emerge e exige consideração espe� e deve servir�lhe de exemplo, ele não pode afas�
cial, - consideração que seria muito audaciosa se tar o que, evidente e periôdicamente, santifica essa
tratássemos de definir; mas só se pretende adorar vida e a eleva. Reza em tempos distintos·: reza no
e proteger. com algumas piedosas palavras, uma Templo e na sinagoga; reza, além disso, três vezes
zona de silêncio. por dia, como é hábito dos judeus; reza mais demo�
Jesus reza; a sua oração na cruz continua a sua radamente à tarde, em plena natureza, muitas vezes
oração constante; se o céu é o espaço azul. é o no alto das colinas, e esta última oração associa

300 30 1
p poulas, e margaridas d o de oiro e coro� universo, é a alma e é Deus, o acto pelo qual Jel:lUS
las estreladas, brancas e , ampliam o cé,u liga tudo num pensamento comum, ê um convívio
que ele contempla. com o céu no pleno sentido, um olhar para o céu
Tudo o que Jesus vê lhe · ·t •· t t o céu; tudo, sem limite de extensão e de poder.
para Jesus, é céu; a natureza · ·I Hti I à super� A oração habitual de Jesus obedece antecipa�
fície e nas profundezas, nas suas m i n .ncias e nos damente à declarqção do seu Apóstolo: «É preciso
seus abismos, no seu adorno e na suo Muhstância; rezar sempre». Quer dizer que o desejo, nele, está
os atributos divinos que nela brilham n ·ontram sempre �rientado para Deus, que o Espírito dos
em Jesus atributos semelhantes e o id a l ntem.­ inefáveis gemidos nunca deixa de estimular as suas
plativo. O céu, em volta da cruz .. estend ... pa ra aspirações e de as oferecer ao Pai.
todos os lados, porque tudo quanto Jesus v� estã Nas suas falas vulgares reza; o seu silêncio
afogado, sem confusão, na imensidade, , e é levado, reza; o seu próprio ser r:eza; sob as duas formas
sem se perder, para a eternidade. em que nos é imposta, a oração é como que o pano
de fundo na vid� do divino Mestre, porque todos
os seus actos, mesmo os mais obscuros, não são
* *
mais que longa, solene e perfeita adoração, e, como
vítima em todos os tempos oferecida, ele é uma
Na celeste visão, há um caso que tem de enca..
substancial prece.
rar�se à parte. Só aparentemente ou, pelo menos,
só por sinais exteriores, se distingue dos outros, No entanto, uma vez que é guia da nossa vida
mas, para nós, emerge e exige consideração espe� e deve servir�lhe de exemplo, ele não pode afas�
cial, - consideração que seria muito audaciosa se tar o que, evidente e periôdicamente, santifica essa
tratássemos de definir; mas só se pretende adorar vida e a eleva. Reza em tempos distintos·: reza no
e proteger. com algumas piedosas palavras, uma Templo e na sinagoga; reza, além disso, três vezes
zona de silêncio. por dia, como é hábito dos judeus; reza mais demo�
Jesus reza; a sua oração na cruz continua a sua radamente à tarde, em plena natureza, muitas vezes
oração constante; se o céu é o espaço azul. é o no alto das colinas, e esta última oração associa

300 30 1
expressamente às sublimidu I interiores aquele se nos impõe. Para Cristo, m quem é perma�
olhar para o alto que encon t •· unos na cruz. nente, a cont mplação torna�se, p lo menos, mais
intensa e moJ doce; torna�se também mais calma
e, de boa v ntade, o Salvador nela se demora.
O Evangelho esboçou e�t· 1 I I I' 1 11 l iosa imagem : Qu m abe se a estrela de alva, ao surgir, algu�
Jesus, só, num cume, rosto volt' 1 d o J 11' os espaços, mas v z s não o surpreende ainda! O símbolo en...
uma vez por outra com cert z 1 , p t•o t· rnado, de contr então a realidade: sob as asas róseas da
vez em quando cóm os braç. s {' I I I t' l t Z , zando manhã brilham juntos o astro anunciador e Aquele
com todo o seu ser e sobretu l u n 1 1 1 h sua que a si próprio se chamou a Luz do mundo.

alma, enquanto o céu reza ·om I l 1 1, su s Jesus está perante o éter vibrante; fantasio�o
estrelas. a entoar, em nome de todos, um, grande hino, ani...
Quando a noite, como uma co d l n 1 , ·o l t. bre mando e comentando o silêncio, ao passo que se
a vida terrestre, - quando, can, 1 lo I fn lor e de erguem, para reforçar também esse silêncio de
agir ruidosamente, tinha neces I I 1 I I um longo adoração, os gritos espaçados do chacal e da ave
repouso do corpo e da alma, d · l x I V \, seus ao nocturna.
abrigo de qualquer rocha ou árvo•· , ubia a en� Quantas vezes deve salmonear o Laudate Do�
costa ma'is próxima, e aí, na arest I uma colina, minum de crelis (Salm. CXLVIII ) :
como à beira do mundo, mergulhava no silêncio
Louvai o Senhor, vós que estais nos céus!
eterno.
Louvai�o nas alturas!
A noite era, para ele, como um libertação e Louvai�o vós todos, s.eus anjos;
um apelo; deixava os tril hos d s homens pela Louvai�o vós todos, seus exércitos celestiais!
._
Divindade em que mltur za s xpande. Quando Louvai�o, sol e . lua;
a noite chega, o mundo diJ ta�se: a terra que se Louvai�o vós todas, estrelas brilhantes! .

apaga nas trevas deixa ... nos em pleno céu; os es� Louvai�o, céus dos céus,
E vós, águas, que estais sobre os céus! . . .
paços infinitos apoderam�se de nós e os seus luzei�
Porque só o seu nome é grande,
ros guiam�nos; tudo nos diz : sobe, deixa o teu A sua glória está acima do céu e da terra.
coração abrir�se. . . E a contemplação como que

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expressamente às sublimidu I interiores aquele se nos impõe. Para Cristo, m quem é perma�
olhar para o alto que encon t •· unos na cruz. nente, a cont mplação torna�se, p lo menos, mais
intensa e moJ doce; torna�se também mais calma
e, de boa v ntade, o Salvador nela se demora.
O Evangelho esboçou e�t· 1 I I I' 1 11 l iosa imagem : Qu m abe se a estrela de alva, ao surgir, algu�
Jesus, só, num cume, rosto volt' 1 d o J 11' os espaços, mas v z s não o surpreende ainda! O símbolo en...
uma vez por outra com cert z 1 , p t•o t· rnado, de contr então a realidade: sob as asas róseas da
vez em quando cóm os braç. s {' I I I t' l t Z , zando manhã brilham juntos o astro anunciador e Aquele
com todo o seu ser e sobretu l u n 1 1 1 h sua que a si próprio se chamou a Luz do mundo.

alma, enquanto o céu reza ·om I l 1 1, su s Jesus está perante o éter vibrante; fantasio�o
estrelas. a entoar, em nome de todos, um, grande hino, ani...
Quando a noite, como uma co d l n 1 , ·o l t. bre mando e comentando o silêncio, ao passo que se
a vida terrestre, - quando, can, 1 lo I fn lor e de erguem, para reforçar também esse silêncio de
agir ruidosamente, tinha neces I I 1 I I um longo adoração, os gritos espaçados do chacal e da ave
repouso do corpo e da alma, d · l x I V \, seus ao nocturna.
abrigo de qualquer rocha ou árvo•· , ubia a en� Quantas vezes deve salmonear o Laudate Do�
costa ma'is próxima, e aí, na arest I uma colina, minum de crelis (Salm. CXLVIII ) :
como à beira do mundo, mergulhava no silêncio
Louvai o Senhor, vós que estais nos céus!
eterno.
Louvai�o nas alturas!
A noite era, para ele, como um libertação e Louvai�o vós todos, s.eus anjos;
um apelo; deixava os tril hos d s homens pela Louvai�o vós todos, seus exércitos celestiais!
._
Divindade em que mltur za s xpande. Quando Louvai�o, sol e . lua;
a noite chega, o mundo diJ ta�se: a terra que se Louvai�o vós todas, estrelas brilhantes! .

apaga nas trevas deixa ... nos em pleno céu; os es� Louvai�o, céus dos céus,
E vós, águas, que estais sobre os céus! . . .
paços infinitos apoderam�se de nós e os seus luzei�
Porque só o seu nome é grande,
ros guiam�nos; tudo nos diz : sobe, deixa o teu A sua glória está acima do céu e da terra.
coração abrir�se. . . E a contemplação como que

302 303
em- os homens que se esquivam, assim acolhe e utiliza
, quem d ' . e o coro I sta imensa a ss
Jes us e o que os homens não podem receber. A sua graça
na cn m �� , é o p rt
aça p ulsor do s louvores
ble ia; J es us, .

outro s p esam é, de certo modo, infinita, dizem os teólogos; é


ele pro pn . o en I' O•

qu e I
e sob re o p ode fonte universal para poder correr para nós, e
de lev e co m o o far d q 1 1 uma a sa
tão ao como de um imenso depósito para que a abundância de Deus
orta r. D a s ua m ontanha d n•· I nada encontre que a limite.
sup ·
vida - ele
es fera s e e n t I'O I
centr o - centro das , tudo·' ele Quem nos explicará como a cruz pode pres­
. para toda a Parte; da u m I I I I I I I tar-se a esse vai-vem e acentuá-lo com milagrosa
irradm . a dos seres .' o seu ' 11 1 1 1 1 l i' univer
sal
é a pre ce vtv é, e força? Em nenhuma outra parte Jesus rezou mais
qu e e,, em presença de (//1 •/• q11
fa z del e o ou foi melhor atendido; em tempo algum esteve,
os olham -n
os astros e os espírit ,
. ,
ra sob o céu, em mais íntima _relação com o Rei
sua súp lic a se gu e a su� a d. 1 I
I I I ,.
do céu.
A xig e
pao- que a sua propna 1 1 I t n lo I I

to dos, o saúde; Duas palavras, se as soubéssemos pronunciar,


al · pa ra os n oss os {,0 1•1 ',

para ca d.a qu ·

, ' os, a verd ad e,. par' ' • I


rações, o dar-nos-iam a chave deste mistério; a primeira de
para os esp 1r1 t pa ra os tais palavras é amor, e a segunda, sacrifício.
seiOS , a lil ' l' 1 1d .'
.
par a os n os sos an O amor constitui todo o impulso das nossas
amor;
ar t d re mate que
f ��
ern ida de;
grupos , a frat e s m te, que
é a adorações e todo o direito das nossas súplicas.
os s ere s e a f or
completa Em igualdade pessoal. aquele que mais ama é
ale gria . em toda a medida
o que melhor honra e mais obtem; o amor de Cristo
S up1ICa . , e sabe que receb e por seu Pai é, portanto, a alma do seu culto,-mas
. para que pede. N a da limita o seu
das capaCl·d es a d poten- esse amor onde se prova melhor do que no mortal
. 1 d e ora ção , com o nada lim ita o seu
potencm tura que , sacrifício? «Nenhum amor é maior do que ó da­
afe ctiv o, exc ep to a d e f'lCl'ência da cria quele que dá a vida pelos seus amigos». (João,
cial
pelo mal. se esquiv�·- serva, XV , 1 3 ) .
hav erá , aha s, po r ca usa dessa re
N ão . as ., Deus dá A cruz é, se assim pode dizer-se, o genufle­
içã o d as gen ero sidade s d'1Vm
diminu _ nas ma- os do seu Cristo xório por excelência, como é o altar, a custódia e
t u d o; tud o depos
se m pre
o su bsti
.
tUI . pe1o dom de si própr io o primeiro tabernáculo. Não é em vão que nos
e este, tal com
20

305
304
em- os homens que se esquivam, assim acolhe e utiliza
, quem d ' . e o coro I sta imensa a ss
Jes us e o que os homens não podem receber. A sua graça
na cn m �� , é o p rt
aça p ulsor do s louvores
ble ia; J es us, .

outro s p esam é, de certo modo, infinita, dizem os teólogos; é


ele pro pn . o en I' O•

qu e I
e sob re o p ode fonte universal para poder correr para nós, e
de lev e co m o o far d q 1 1 uma a sa
tão ao como de um imenso depósito para que a abundância de Deus
orta r. D a s ua m ontanha d n•· I nada encontre que a limite.
sup ·
vida - ele
es fera s e e n t I'O I
centr o - centro das , tudo·' ele Quem nos explicará como a cruz pode pres­
. para toda a Parte; da u m I I I I I I I tar-se a esse vai-vem e acentuá-lo com milagrosa
irradm . a dos seres .' o seu ' 11 1 1 1 1 l i' univer
sal
é a pre ce vtv é, e força? Em nenhuma outra parte Jesus rezou mais
qu e e,, em presença de (//1 •/• q11
fa z del e o ou foi melhor atendido; em tempo algum esteve,
os olham -n
os astros e os espírit ,
. ,
ra sob o céu, em mais íntima _relação com o Rei
sua súp lic a se gu e a su� a d. 1 I
I I I ,.
do céu.
A xig e
pao- que a sua propna 1 1 I t n lo I I

to dos, o saúde; Duas palavras, se as soubéssemos pronunciar,


al · pa ra os n oss os {,0 1•1 ',

para ca d.a qu ·

, ' os, a verd ad e,. par' ' • I


rações, o dar-nos-iam a chave deste mistério; a primeira de
para os esp 1r1 t pa ra os tais palavras é amor, e a segunda, sacrifício.
seiOS , a lil ' l' 1 1d .'
.
par a os n os sos an O amor constitui todo o impulso das nossas
amor;
ar t d re mate que
f ��
ern ida de;
grupos , a frat e s m te, que
é a adorações e todo o direito das nossas súplicas.
os s ere s e a f or
completa Em igualdade pessoal. aquele que mais ama é
ale gria . em toda a medida
o que melhor honra e mais obtem; o amor de Cristo
S up1ICa . , e sabe que receb e por seu Pai é, portanto, a alma do seu culto,-mas
. para que pede. N a da limita o seu
das capaCl·d es a d poten- esse amor onde se prova melhor do que no mortal
. 1 d e ora ção , com o nada lim ita o seu
potencm tura que , sacrifício? «Nenhum amor é maior do que ó da­
afe ctiv o, exc ep to a d e f'lCl'ência da cria quele que dá a vida pelos seus amigos». (João,
cial
pelo mal. se esquiv�·- serva, XV , 1 3 ) .
hav erá , aha s, po r ca usa dessa re
N ão . as ., Deus dá A cruz é, se assim pode dizer-se, o genufle­
içã o d as gen ero sidade s d'1Vm
diminu _ nas ma- os do seu Cristo xório por excelência, como é o altar, a custódia e
t u d o; tud o depos
se m pre
o su bsti
.
tUI . pe1o dom de si própr io o primeiro tabernáculo. Não é em vão que nos
e este, tal com
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304
mandam começar e termln l i' s nossas orações Quando não fala, existe, ama , e isso mesmo salva,.
pelo sinal da cruz; bem c m p t· ndido, esse sinal ,.nos, e isso glorifica a Paternid ade inefável. No
quereria dizer : «Eu vos a Iom, meu Deus, pela seio do nosso infinito, na natureza e na humani'"'
cruz, por Jesus crucificado, 0111 J u s crucificado, dade de todos os tempos, a força radiosa de
como Jesus crucificado, com U lll J lrito não só de Cristo não necessita de explicar,.se; brilha, e isso
comemoração e de confiança. 111 1 d bediência e basta; a aceitação do céu faz o resto. O infinito
de sacrifício». E ainda querer i 1 1· 1 111h m l izer : «Eu é um diadema de oiro e Cristo é o diamante desse
vos suplico o que me é necessá · h 111 11 1111 . cruz, círculo.
quer dizer, em nome da mesm 1 l • u t h t• 1 114.; 1, dos
Na cruz, pelas mesmas razões ainda reforça,.
mesmos méritos, aos quais j un to l t t 1 11 1 1ld ' I I I J l t o
das, o silêncio que une as Sete Palavras é, para
que lhes falta, segundo o convit do A t o t ,J l .
essas misteriosas manifestações, o mais eloquente
O silêncio de Jesus nas suo11 'H" td 1, 1 ites
comentário. O olhar erguido ao céu fala de si pró­
completava o que as suas oraçõ s 1 I · t t 1 tinham
formulado para nós e para el )') 1' IJ t' Vemo,.lo

priÓ, e que glória poderia igualar, em trágica signi­
no alto da montanha, mais famJI I t l'l% 1 l com o ficação, esse olhar sublime?
êxtase do que com as palavras; a l i 1 nu nece lon,.
gamente absorto, afundando e subtn .,. J lndo a sua
vida consagrada na Vida inicial, I ·ix mdo singe,. O silêncio, que é a flor da adoração, - o silên,.
lamente pulsar as suas artérias, palplt l· o seu cora,. cio, a mais premente das exorações, quando nele
ção, aniquilar,.se o seu espírito, ab ndonar,.se a se abriga um desejo que o amor anima, é, pois,
sua vontade, prostrenar,.se todo u ser numa no Gólgota, o equivalente às orações de toda a
silenciosa e perfeita homenagem. vida do Mestre; contém,.nas todas, e, com elas,
Não dizíamos nós que ele é a homenagem viva, as nossas; concentra,.as, e a J.greja mais não fará
a exoração viva? A sua pessoa é um culto; para do que recorrer a esse tesouro quando por toda
que ele chame e adore, basta que diga : «Eis,.me a parte espalhar 0 apelo e o louvor, fazendo,.os
aqui!» Como João Baptista e mais que João Bap,. ressoar como voz de caudalosas águas.
tista, ele não é, todo inteiro, senão uma Voz.

306 307
mandam começar e termln l i' s nossas orações Quando não fala, existe, ama , e isso mesmo salva,.
pelo sinal da cruz; bem c m p t· ndido, esse sinal ,.nos, e isso glorifica a Paternid ade inefável. No
quereria dizer : «Eu vos a Iom, meu Deus, pela seio do nosso infinito, na natureza e na humani'"'
cruz, por Jesus crucificado, 0111 J u s crucificado, dade de todos os tempos, a força radiosa de
como Jesus crucificado, com U lll J lrito não só de Cristo não necessita de explicar,.se; brilha, e isso
comemoração e de confiança. 111 1 d bediência e basta; a aceitação do céu faz o resto. O infinito
de sacrifício». E ainda querer i 1 1· 1 111h m l izer : «Eu é um diadema de oiro e Cristo é o diamante desse
vos suplico o que me é necessá · h 111 11 1111 . cruz, círculo.
quer dizer, em nome da mesm 1 l • u t h t• 1 114.; 1, dos
Na cruz, pelas mesmas razões ainda reforça,.
mesmos méritos, aos quais j un to l t t 1 11 1 1ld ' I I I J l t o
das, o silêncio que une as Sete Palavras é, para
que lhes falta, segundo o convit do A t o t ,J l .
essas misteriosas manifestações, o mais eloquente
O silêncio de Jesus nas suo11 'H" td 1, 1 ites
comentário. O olhar erguido ao céu fala de si pró­
completava o que as suas oraçõ s 1 I · t t 1 tinham
formulado para nós e para el )') 1' IJ t' Vemo,.lo

priÓ, e que glória poderia igualar, em trágica signi­
no alto da montanha, mais famJI I t l'l% 1 l com o ficação, esse olhar sublime?
êxtase do que com as palavras; a l i 1 nu nece lon,.
gamente absorto, afundando e subtn .,. J lndo a sua
vida consagrada na Vida inicial, I ·ix mdo singe,. O silêncio, que é a flor da adoração, - o silên,.
lamente pulsar as suas artérias, palplt l· o seu cora,. cio, a mais premente das exorações, quando nele
ção, aniquilar,.se o seu espírito, ab ndonar,.se a se abriga um desejo que o amor anima, é, pois,
sua vontade, prostrenar,.se todo u ser numa no Gólgota, o equivalente às orações de toda a
silenciosa e perfeita homenagem. vida do Mestre; contém,.nas todas, e, com elas,
Não dizíamos nós que ele é a homenagem viva, as nossas; concentra,.as, e a J.greja mais não fará
a exoração viva? A sua pessoa é um culto; para do que recorrer a esse tesouro quando por toda
que ele chame e adore, basta que diga : «Eis,.me a parte espalhar 0 apelo e o louvor, fazendo,.os
aqui!» Como João Baptista e mais que João Bap,. ressoar como voz de caudalosas águas.
tista, ele não é, todo inteiro, senão uma Voz.

306 307
*
íntimo recusada a qualquer outro, e esse nome é
* *
Verbo de Deus (Ibid., 1 3 ) ao mesmo tempo que
Filho do Homem, Rei dos reis e Senhor dos Senho�
res (Ibid., 1 6 ) , continuando sempre a ser o nome
Cristo olha o céu. Nã d i ' mos, finalmente, de um ser mortal.
que não lhe é necessário n lw lt• o lhos, para essa Daqui . se infere que Jesus jamais é igualado
contemplação? Nem m smc · pt' ·iso que um mo� pelo que faz, diz ou pensa no terreno do homem,
vimento do seu e pirl to or l' i l l lhar interior
e que nem o destino humano é todo o seu destino
I p t· \f ri . Cristo
para um obj t· d i fl 1'1' 1 1 11' d ·

como pessoa, nem a sua missão humana constitui


traz, em i pr J I' IO, c 11. .,
o seu todo. Uma vez em contacto com o Deus que
Nõo 1 od <· u•o. 1 ot· ll J i l l •
·
1 1 1 1 h . 1 p s i o�
• ,

traz e que é, uma vida mais elevada se lhe oferece.


1 gin qu u ttlll o ltlp >st ti ·u os sua ' ns qu �n�
Ao mesmo tempo que é o Enviado e o viajante
cias sugere m à nossa fé. Falar do céu presente em sublime, é o que chegou e é Aquele que não neces�
Jesus seria expor toda a doutrina da encarnação. sita de atingir o fim. .
Devemos, no entanto, atribuir�lhe a devida impor� A humanidade não é mais que o seu campo de
tância, para não corrermos o risco de mutilar o acção, a terra o seu suporte. Precisamente porque
nosso tema. é dado ao mundo, não comunica com o mundo
Cristo é homem e Deus; por muito próximo de senão por uma porta estreita, aquela por onde
nós que se mostre, é sempre «esse bem�aventurado Deus passa para ir ter com os homens e que os
elemento de humanidade que Deus tomou para o homens cruzam para chegar a Deus.
unir à sua divindade», como diz São Francisco de O resto é tudo mistério, separação, transcen�
Sales. Ningu ém concebe esta reunião prodigiosa, ciência; o êxtase é o seu estado normal; sente�se
mas, felizmente para a obra eterna , as nossas perpetuamente deslumbrado pelo nítido sentimento
concepções não julgam o ser. da sua filiação divina e constante irrupção, em
O nosso Cristo é um mistério vivo; usa um
todas as suas forças, do seu Deus, a que está tão
nome incomunicável e que ninguém conhece senão intimamente unido. O êxtase que, para o místico,
ele mesmo (Apoc. xrx, 12). O seu nome é� lhe reve� é uma projecção para o exterior, é, para ele, uma
lado numa plena intuição, possibilidade de contacto
309
308
*
íntimo recusada a qualquer outro, e esse nome é
* *
Verbo de Deus (Ibid., 1 3 ) ao mesmo tempo que
Filho do Homem, Rei dos reis e Senhor dos Senho�
res (Ibid., 1 6 ) , continuando sempre a ser o nome
Cristo olha o céu. Nã d i ' mos, finalmente, de um ser mortal.
que não lhe é necessário n lw lt• o lhos, para essa Daqui . se infere que Jesus jamais é igualado
contemplação? Nem m smc · pt' ·iso que um mo� pelo que faz, diz ou pensa no terreno do homem,
vimento do seu e pirl to or l' i l l lhar interior
e que nem o destino humano é todo o seu destino
I p t· \f ri . Cristo
para um obj t· d i fl 1'1' 1 1 11' d ·

como pessoa, nem a sua missão humana constitui


traz, em i pr J I' IO, c 11. .,
o seu todo. Uma vez em contacto com o Deus que
Nõo 1 od <· u•o. 1 ot· ll J i l l •
·
1 1 1 1 h . 1 p s i o�
• ,

traz e que é, uma vida mais elevada se lhe oferece.


1 gin qu u ttlll o ltlp >st ti ·u os sua ' ns qu �n�
Ao mesmo tempo que é o Enviado e o viajante
cias sugere m à nossa fé. Falar do céu presente em sublime, é o que chegou e é Aquele que não neces�
Jesus seria expor toda a doutrina da encarnação. sita de atingir o fim. .
Devemos, no entanto, atribuir�lhe a devida impor� A humanidade não é mais que o seu campo de
tância, para não corrermos o risco de mutilar o acção, a terra o seu suporte. Precisamente porque
nosso tema. é dado ao mundo, não comunica com o mundo
Cristo é homem e Deus; por muito próximo de senão por uma porta estreita, aquela por onde
nós que se mostre, é sempre «esse bem�aventurado Deus passa para ir ter com os homens e que os
elemento de humanidade que Deus tomou para o homens cruzam para chegar a Deus.
unir à sua divindade», como diz São Francisco de O resto é tudo mistério, separação, transcen�
Sales. Ningu ém concebe esta reunião prodigiosa, ciência; o êxtase é o seu estado normal; sente�se
mas, felizmente para a obra eterna , as nossas perpetuamente deslumbrado pelo nítido sentimento
concepções não julgam o ser. da sua filiação divina e constante irrupção, em
O nosso Cristo é um mistério vivo; usa um
todas as suas forças, do seu Deus, a que está tão
nome incomunicável e que ninguém conhece senão intimamente unido. O êxtase que, para o místico,
ele mesmo (Apoc. xrx, 12). O seu nome é� lhe reve� é uma projecção para o exterior, é, para ele, uma
lado numa plena intuição, possibilidade de contacto
309
308
tr nq�ila posse de si próprl
· onstantemente se A natureza não beneficia menos do que a
refugia onde o humano já m : a sua exis� humanidad e, da sua vivificante influência; ele é o
tência visível é como o voo de um 1 tro que surgiu seu Chefe como homem, é o seu Criador e a sua
do domínio das sombras e que n lu t rna a afun� · Providênc ia, c:omo Deus. Em grau igual à luz das
dar�se. Para os grandes corações, n I' ompensa almas, a luz dos mundos nutre�se nele; é nele que
divina é a sua própria grandeza; o m i r d todos palpitam as estrelas, e da sua vidà brota, como uma
os corações tem em si próprio o que .lh b sta, onda, a vida universal. Perante as múltiplas mani�
tem em si próprio, a sua incompreensiv I f festações da natureza, . o seu pensamento e a sua
original, donde todos os dons escorrem, p r� imaginação de homem admiram, mas a sua íntima
e para todos. divindade cria; ele é a Sabedoria que cintila, ein
Nas suas palavras, só pode mostrar aflorações todos os tempos, perante o eterno Princípio; ele é,
do inef�vel, mas o mais profundo, o que não se , ao mesmo tempo que determinante das forças cria�
pode patentear, dá ao que entrega, uma força de das, a Força eterna.
I
penetração e como que uma energia criadora. Des�
venda os mistérios, abrindo a mão para dar. Fala
«como quem. tem autoridade, não como os Escribas Não poderá dizer�se que existe em nós uma
e os Fariseus». Ilumina�se com a sua própria luz certa imitação desta dualidade, deste elemento
e atravessa a nossa noite como numa auréola. Vê divino e deste elemento humano, ou seja, do que
claramente e sem cessar o que nós só distinguimos é claridade e do que a esta dá passagem? Nós
em clarões de fé. Vendo�o, pode exprimi�lo com também temos grandes luzeiros no coração.
segurança, e, disso . sendo senhor, pode revelá�lo e A graça, a própria natureza profunda, um não
recomendá�lo com aquela omnipotência da Palavra ·
sei quê de nós que já quase não é nós, que confina
inicial que realiza o que diz. com a Fonte única, que poderá ser senão uma
Foi do seu céu interior que Jesus tirou a luz do espécie de divindade humana, uma participação
mundo; foi do mais fundo do seu coração que nos desse Verbo que, 'um dia, nos foi inteiramente
enviou o Espírito. oferecido?

310 31 1
tr nq�ila posse de si próprl
· onstantemente se A natureza não beneficia menos do que a
refugia onde o humano já m : a sua exis� humanidad e, da sua vivificante influência; ele é o
tência visível é como o voo de um 1 tro que surgiu seu Chefe como homem, é o seu Criador e a sua
do domínio das sombras e que n lu t rna a afun� · Providênc ia, c:omo Deus. Em grau igual à luz das
dar�se. Para os grandes corações, n I' ompensa almas, a luz dos mundos nutre�se nele; é nele que
divina é a sua própria grandeza; o m i r d todos palpitam as estrelas, e da sua vidà brota, como uma
os corações tem em si próprio o que .lh b sta, onda, a vida universal. Perante as múltiplas mani�
tem em si próprio, a sua incompreensiv I f festações da natureza, . o seu pensamento e a sua
original, donde todos os dons escorrem, p r� imaginação de homem admiram, mas a sua íntima
e para todos. divindade cria; ele é a Sabedoria que cintila, ein
Nas suas palavras, só pode mostrar aflorações todos os tempos, perante o eterno Princípio; ele é,
do inef�vel, mas o mais profundo, o que não se , ao mesmo tempo que determinante das forças cria�
pode patentear, dá ao que entrega, uma força de das, a Força eterna.
I
penetração e como que uma energia criadora. Des�
venda os mistérios, abrindo a mão para dar. Fala
«como quem. tem autoridade, não como os Escribas Não poderá dizer�se que existe em nós uma
e os Fariseus». Ilumina�se com a sua própria luz certa imitação desta dualidade, deste elemento
e atravessa a nossa noite como numa auréola. Vê divino e deste elemento humano, ou seja, do que
claramente e sem cessar o que nós só distinguimos é claridade e do que a esta dá passagem? Nós
em clarões de fé. Vendo�o, pode exprimi�lo com também temos grandes luzeiros no coração.
segurança, e, disso . sendo senhor, pode revelá�lo e A graça, a própria natureza profunda, um não
recomendá�lo com aquela omnipotência da Palavra ·
sei quê de nós que já quase não é nós, que confina
inicial que realiza o que diz. com a Fonte única, que poderá ser senão uma
Foi do seu céu interior que Jesus tirou a luz do espécie de divindade humana, uma participação
mundo; foi do mais fundo do seu coração que nos desse Verbo que, 'um dia, nos foi inteiramente
enviou o Espírito. oferecido?

310 31 1
Ao mesmo tempo que para nós irradia pelas música celestial; realiza com plenitude o que o seu
suas revelações e pela natur za, Deus surge das Apóstolo exprime: «Ü nosso lugar de convívio é
no�sas profundezas; no pln 11 onde .desabrocham no céu». (F ilip. III , 20 ) .
os nossos melhores pensw u ntos, onde as nossas
graças brilham, ele v m tt· •· l' o. Jgo próprio, e é um
céu interior que nos 1 l 1 1 1 lf ,. ciclo, céu estre.... Alma insondável, alma protegida por solidão
lado de verdad s ' t' t l 1 l o pot• u n rosos eflúvios,
� • e silêncio, alma visionária e possuidora, já neste
céu radio o a pr. 1 1' d 1 1 1 0 1 11oH· •. mundo, do Objecto supremo, a alma de Jesus que
Afiguru .... . · " 1 1 1 1 p t • 11 1 1 •I ) l t• J su s , do é, em Deus, o seu céu interior, é, implicitamente,
q u a l d izf 1 1 1 1 li q u lh · 111 t i. l l 1 1' 1 1 1' 1 1 q u 1. pr pria um abismo de beatitude. A alegria inunda....a e
ornç o, , t· ' t l l t I u m 1 s lld 1 q u nt tos jamais a abandona; o dia eterno nela habita. A dor
r· I l Ç s num rad s no Evangelho não têm o chega, morde, exerce incomparável domínio sobre
poder de perturbar. Aquela própria alma que der... uma sensibilidade erguida tão alto como . a perfei....
rama pensamentos e se expande em palavras até ção do que a suporta; no entanto, para além dessa
encher, se fossem escritas, os livros do mundo zona de sofrimento. estendem....se amplas regiões
inteiro (João, XXI, 25 ) permanece, no mais íntimo, onde só a alegria brota.
abismo silencioso; essa alma que está bem presa Há duas existências de Cristo, uma temporal,
a todas as almas e a toda a reaiidade visível ou que vai do presépio à cruz e ao sepulcro,_ e outra,
invisível, está, de certo modo, sempre só. imutável, à direita de Deus Pai. Ora a visão bea....
Jesus encontra....se no meio das nossas agitações tífica, idêntica aqui e ali, confunde, por assim
como sobre a colina da tarde. A terra desfia os dizer, numa só, estas duas vidas. Para J esus, a
seus dias e as suas noites; Cristo desfia a sua vida sobrevivência não é, de um modo geral, uma reno....
com a mesma paciente e forte fidelidade, mas, no vação; é uma continuação. Jesus renasce e é glo ....
'
seu íntimo, existe o repouso maravilhoso. Ele age rificado na sua carne, mas, na sua alma, mais não
e o seu espírito preside à acção, como o seu cora... faz que prosseguir o seu destino, e continua a
ção se lhe entrega; no entanto, é livre; pode inces ... eterno colóquio; a sua sorte divina coroa .... se sem
santemente receber mensagens secretas; escuta alteração profunda. Entre o pó da acção quoti ....

312 313
Ao mesmo tempo que para nós irradia pelas música celestial; realiza com plenitude o que o seu
suas revelações e pela natur za, Deus surge das Apóstolo exprime: «Ü nosso lugar de convívio é
no�sas profundezas; no pln 11 onde .desabrocham no céu». (F ilip. III , 20 ) .
os nossos melhores pensw u ntos, onde as nossas
graças brilham, ele v m tt· •· l' o. Jgo próprio, e é um
céu interior que nos 1 l 1 1 1 lf ,. ciclo, céu estre.... Alma insondável, alma protegida por solidão
lado de verdad s ' t' t l 1 l o pot• u n rosos eflúvios,
� • e silêncio, alma visionária e possuidora, já neste
céu radio o a pr. 1 1' d 1 1 1 0 1 11oH· •. mundo, do Objecto supremo, a alma de Jesus que
Afiguru .... . · " 1 1 1 1 p t • 11 1 1 •I ) l t• J su s , do é, em Deus, o seu céu interior, é, implicitamente,
q u a l d izf 1 1 1 1 li q u lh · 111 t i. l l 1 1' 1 1 1' 1 1 q u 1. pr pria um abismo de beatitude. A alegria inunda....a e
ornç o, , t· ' t l l t I u m 1 s lld 1 q u nt tos jamais a abandona; o dia eterno nela habita. A dor
r· I l Ç s num rad s no Evangelho não têm o chega, morde, exerce incomparável domínio sobre
poder de perturbar. Aquela própria alma que der... uma sensibilidade erguida tão alto como . a perfei....
rama pensamentos e se expande em palavras até ção do que a suporta; no entanto, para além dessa
encher, se fossem escritas, os livros do mundo zona de sofrimento. estendem....se amplas regiões
inteiro (João, XXI, 25 ) permanece, no mais íntimo, onde só a alegria brota.
abismo silencioso; essa alma que está bem presa Há duas existências de Cristo, uma temporal,
a todas as almas e a toda a reaiidade visível ou que vai do presépio à cruz e ao sepulcro,_ e outra,
invisível, está, de certo modo, sempre só. imutável, à direita de Deus Pai. Ora a visão bea....
Jesus encontra....se no meio das nossas agitações tífica, idêntica aqui e ali, confunde, por assim
como sobre a colina da tarde. A terra desfia os dizer, numa só, estas duas vidas. Para J esus, a
seus dias e as suas noites; Cristo desfia a sua vida sobrevivência não é, de um modo geral, uma reno....
com a mesma paciente e forte fidelidade, mas, no vação; é uma continuação. Jesus renasce e é glo ....
'
seu íntimo, existe o repouso maravilhoso. Ele age rificado na sua carne, mas, na sua alma, mais não
e o seu espírito preside à acção, como o seu cora... faz que prosseguir o seu destino, e continua a
ção se lhe entrega; no entanto, é livre; pode inces ... eterno colóquio; a sua sorte divina coroa .... se sem
santemente receber mensagens secretas; escuta alteração profunda. Entre o pó da acção quoti ....

312 313
*
diana e sob o fogo das dores, jé estava em glória;
*
estava deslumbrado de Deus. Que mais poderia,
portanto, alcançar, a não s r decisiva harmonia
do seu ser? Ainda não é tudo. Onde tantos mistérios já
Aqui, na terra, ele está d ivid ido : é um oceano nos perturbam, os nossos doutores procuram ainda
de silêncio e de paz sob u mn v g de agitação; mais um mistério. Apoderam�se daquele grito :
a tempestade assalta�o na su I ix o, e, por: fim, «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?»
as torturas da morte ata nm• rw, m , ntre os mais e sem nele ver, como alguns querem, desesperança,
opostos aspectos da u vl l , nu uma con� atribuem�lhe um carácter tão lancinante que, pe� .
I
cordância, h rnt ni Uz d pela rante o estado de alma assim expresso, a Agonia
ase ns o. da véspera já, por assim dizer, nada seria. Esse
Serâ posslvel associar assim dois estados, grito significaria a angústia suprema.
ambos extremos, cada qual com tendência a domi� Deve confessar�se que tal interpretação não é
nar toda a acção vital : - o sofrimento quase per� exigida pelos factos. A exclamação de Jesus . é
manente e uma permanente beatitude, a alegria tirada do salmo XXII . e constitui o princípio deste;
celestial e a cruz? Tem de ser possíveL A união pode, portanto, m�ito naturalmente sugerir a ideia
hipostática implica a união beatificante como um de uma oração mental que se continua, e não de
direito; o sofrimento é o instrumento redentor : ao um clamor trágico.
Todo Poderoso compete conciliar essas duas coi� Esse salmo é profético e pele se assinalam os
sas. E como o Criador está aqui · bem unido à sua mais frizantes aspectos da Paixão. Por fim, vêm
obra, não podemos ter dúvidas de que não recuará as visões de glória e a esperança de abundantes
nem provará incapacidade perante o problema frutos de todas aquelas dores. Não há razão pe�
psicológico que tem de resolver. remptória para isolar o grito inicial e dele fazer
·

coisa diferente de uma ,intonação ou, se quiserem,


de um resumo do salmo.
Tão simples observação pareceu . demasiado
superficial aos nossos doutores; alguns deles, pelo
.
314 315
*
diana e sob o fogo das dores, jé estava em glória;
*
estava deslumbrado de Deus. Que mais poderia,
portanto, alcançar, a não s r decisiva harmonia
do seu ser? Ainda não é tudo. Onde tantos mistérios já
Aqui, na terra, ele está d ivid ido : é um oceano nos perturbam, os nossos doutores procuram ainda
de silêncio e de paz sob u mn v g de agitação; mais um mistério. Apoderam�se daquele grito :
a tempestade assalta�o na su I ix o, e, por: fim, «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?»
as torturas da morte ata nm• rw, m , ntre os mais e sem nele ver, como alguns querem, desesperança,
opostos aspectos da u vl l , nu uma con� atribuem�lhe um carácter tão lancinante que, pe� .
I
cordância, h rnt ni Uz d pela rante o estado de alma assim expresso, a Agonia
ase ns o. da véspera já, por assim dizer, nada seria. Esse
Serâ posslvel associar assim dois estados, grito significaria a angústia suprema.
ambos extremos, cada qual com tendência a domi� Deve confessar�se que tal interpretação não é
nar toda a acção vital : - o sofrimento quase per� exigida pelos factos. A exclamação de Jesus . é
manente e uma permanente beatitude, a alegria tirada do salmo XXII . e constitui o princípio deste;
celestial e a cruz? Tem de ser possíveL A união pode, portanto, m�ito naturalmente sugerir a ideia
hipostática implica a união beatificante como um de uma oração mental que se continua, e não de
direito; o sofrimento é o instrumento redentor : ao um clamor trágico.
Todo Poderoso compete conciliar essas duas coi� Esse salmo é profético e pele se assinalam os
sas. E como o Criador está aqui · bem unido à sua mais frizantes aspectos da Paixão. Por fim, vêm
obra, não podemos ter dúvidas de que não recuará as visões de glória e a esperança de abundantes
nem provará incapacidade perante o problema frutos de todas aquelas dores. Não há razão pe�
psicológico que tem de resolver. remptória para isolar o grito inicial e dele fazer
·

coisa diferente de uma ,intonação ou, se quiserem,


de um resumo do salmo.
Tão simples observação pareceu . demasiado
superficial aos nossos doutores; alguns deles, pelo
.
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menos, suspeitam outra coi o . Cristo, pensam eles, toda a dor do inferno no Éden onde o mantém a
ainda encontra resto de f e z )s para esgotar, no sua qualidade de Filho de Deus.
fundo do seu cálice; já sof 1· •u todas as torturas «Parece já não saber que é Deus» , escreve
do homem, mas falta qu n. v • J aumentadas por Santo Anselmo; um não sei quê de horroroso se
uma divina perturbação. interpôs entre a sua humanidade e a Divindade que
O sentimento da es l i' I I I I' 1 l ll l J ra�o : tem de a anima; sente uma espécie de maldição : a nossa,
perdê�lo. Seu Pai · H 'ti 1'1'1 I I I' ) ntra a cruel� que tomou sobre os seus ombros, cobrindo�se com
dade e o aba n d o no I , l t o t r t · 1 1 t · 1 1 n i .fastar� os nossos pecados . A sua amargura é então infi�
�se�á. R p l ln·o 1 1'1' 1'1' 1 , 1 1 1 1 1 1 1 1 m l r v 1 o • · u : esse nita, porque é infinito o amor que lhe foge, infinito
,
c ' u va i v ·l t �··· 1 1 . ,. 1 1 1 1 • 1 t• t t o l h tr' l l l l l' t' f< W . mo o bem de que parece ter desmerecido, infinita a
o Hf> IÇ tz t d v 1 ·oi> I'J r··· • <.h tr vu. . l n f rnol beatitude extinta.
n 11 • s 1 .1'1 a sensação do inferno!
qu n h ça Mas ele ama e isso é lenitivo para a sua terrível
Conhecê�la�á e sob duas formas. O castigo de que dor; prende�se com tal ardor ao Bem que lhe foge,
ele nos liberta comporta duas penas: a pena do dano que o seu coração não pode sossobrar. Desespera�
e a pena do sentido; a primeira estará representada �se quando se que� com toda a n,ossa vontade a
pelo abandono de seu Pai, e a outra, pela cruz. Só vontade do que se ama? Se Santa Teresa definiu
então haverá direito para dizer que a Paixão ter� bem o inferno como um lugar onde não se ama,
minou, que a redenção é completa; a onda da um inferno em que se ama é já um céu . Mas esse
dor, no seu apogeu, já só poderá descer; a sua céu todo tenebroso não deixa de ser, para Jesus,
força esgotar�se�á; mas, sem isso, um último abrigo, a angústia extrema. O seu sol espiritual morreu!
na alma de Jesus, permaneceria inacessível. Ele é uma terra sem sol, que o frio abraça pelos
Seja! Enterneçamo�nos ao pensar que o nosso dois polos. Entre seu Pai e ele já não passa a cor�
Salvador perdeu o seu céu para nos restituir o rente consoladora. O coração do seu coração aban�
nosso. Perdeu�o, embora conservando�o; quer dona�o. Pense�se no que pode inflingir ao Filho
dizer : já dele não tem a sensação, vê�se perante de Deus a sensação de que, para ele, já não há
seu Pai como perante um Deus inexorável, ou, Deus!
ainda pior, já não encontra o céu e, portanto, sofre

316 317
menos, suspeitam outra coi o . Cristo, pensam eles, toda a dor do inferno no Éden onde o mantém a
ainda encontra resto de f e z )s para esgotar, no sua qualidade de Filho de Deus.
fundo do seu cálice; já sof 1· •u todas as torturas «Parece já não saber que é Deus» , escreve
do homem, mas falta qu n. v • J aumentadas por Santo Anselmo; um não sei quê de horroroso se
uma divina perturbação. interpôs entre a sua humanidade e a Divindade que
O sentimento da es l i' I I I I' 1 l ll l J ra�o : tem de a anima; sente uma espécie de maldição : a nossa,
perdê�lo. Seu Pai · H 'ti 1'1'1 I I I' ) ntra a cruel� que tomou sobre os seus ombros, cobrindo�se com
dade e o aba n d o no I , l t o t r t · 1 1 t · 1 1 n i .fastar� os nossos pecados . A sua amargura é então infi�
�se�á. R p l ln·o 1 1'1' 1'1' 1 , 1 1 1 1 1 1 1 1 m l r v 1 o • · u : esse nita, porque é infinito o amor que lhe foge, infinito
,
c ' u va i v ·l t �··· 1 1 . ,. 1 1 1 1 • 1 t• t t o l h tr' l l l l l' t' f< W . mo o bem de que parece ter desmerecido, infinita a
o Hf> IÇ tz t d v 1 ·oi> I'J r··· • <.h tr vu. . l n f rnol beatitude extinta.
n 11 • s 1 .1'1 a sensação do inferno!
qu n h ça Mas ele ama e isso é lenitivo para a sua terrível
Conhecê�la�á e sob duas formas. O castigo de que dor; prende�se com tal ardor ao Bem que lhe foge,
ele nos liberta comporta duas penas: a pena do dano que o seu coração não pode sossobrar. Desespera�
e a pena do sentido; a primeira estará representada �se quando se que� com toda a n,ossa vontade a
pelo abandono de seu Pai, e a outra, pela cruz. Só vontade do que se ama? Se Santa Teresa definiu
então haverá direito para dizer que a Paixão ter� bem o inferno como um lugar onde não se ama,
minou, que a redenção é completa; a onda da um inferno em que se ama é já um céu . Mas esse
dor, no seu apogeu, já só poderá descer; a sua céu todo tenebroso não deixa de ser, para Jesus,
força esgotar�se�á; mas, sem isso, um último abrigo, a angústia extrema. O seu sol espiritual morreu!
na alma de Jesus, permaneceria inacessível. Ele é uma terra sem sol, que o frio abraça pelos
Seja! Enterneçamo�nos ao pensar que o nosso dois polos. Entre seu Pai e ele já não passa a cor�
Salvador perdeu o seu céu para nos restituir o rente consoladora. O coração do seu coração aban�
nosso. Perdeu�o, embora conservando�o; quer dona�o. Pense�se no que pode inflingir ao Filho
dizer : já dele não tem a sensação, vê�se perante de Deus a sensação de que, para ele, já não há
seu Pai como perante um Deus inexorável, ou, Deus!
ainda pior, já não encontra o céu e, portanto, sofre

316 317
*
radioso desabrochar e de paz, lugar de delícias?
Cristo prometeu�nos esse céu e disse aos seus, no
decurso do último festim : «Eu vou prepararçvos
«Meu Deus, meu D 118, I '' ,. que me abando� o lugar». Medita, para breve, a' escensão, que pare�
naste?» Este aparente 1 r·ovl t'l abandono en� cerá situar acima das nuvens a misteriosa sede da
contra o seu lugar, no C t l v 1 1' 1, n t r duas fases sua glória. Entretanto, vai alcançando que mere�
de confiança e d t lrul t, Agonia no çamos ter nela acesso.
horto é interm d I 1 1'1 1 ' I t'
t i • 11 l náculo Aquele que foi reconhecido como elemento inter�
e a sublim t' ' 1 1 111 110 1 l t l t 1 t•l < , mo as mediário entre a Divindade e a humanidade saberá,
qu ns t ·m 11111 l i' • J i t r· doi I < \ 1 1' l U/ . T · r m l n i n sem dúvida, unir�se a ambas; Aquele que trans�
pr voç , J •. u. v 1l , . • c u 1 ' l' u· u uo s r nid d ; o porta o céu poderá abrir�no�lo. Presentemente
s u c •u r r �s ; os braços do Pai estendem�se
·
sacode�lhe as portas. Dentro em pouco, forçosa�
outra vez; como Santo Estêvão e antes dele, Jesus mente as abrirá. Não foi o que ek disse ao bom
vê os céus abertos e o seu pensamento neles ladrão naquela assombrosa frase : «Hoje, estarás
penetra. comigo no paraíso?»· (Luc., XXIII, 4 1 ) .
Trata�se, diremos nós, doutro céu, do último Quando, no Monte das Oliveiras, uma leve
de que temos de ocupar�nos, céu que, desta vez, névoa oculta a primeira alvorada, e a estrela de
ele conquista em lugar de só o contemplar e habi� alva penosamente palpita, pouco basta para que o
tar, céu que já não é unicamente o seu, mas o astro ascensional se liberte e paire sobre o que
nosso. Visão decisiva que é simbolizada, no Cal� ainda há de nocturno. Essa estrela é Jesus. Ele é
vário, pelo olhar erguido para os espaços através aquele Luzeiro que não conhece declínio, aquela
de um véu de sangue. luz que sobe da terra e brilha, serena, aos olhos
do género humano e ) .

O céu físico não terá, a nossos olhos, esta


significação de um estado espiritual afastado e
(1 ) Bênção do Orio Pascal.
elevado em relação à est·ância presente, mansão de (2) Hino da Deqicatória.

318 319
*
radioso desabrochar e de paz, lugar de delícias?
Cristo prometeu�nos esse céu e disse aos seus, no
decurso do último festim : «Eu vou prepararçvos
«Meu Deus, meu D 118, I '' ,. que me abando� o lugar». Medita, para breve, a' escensão, que pare�
naste?» Este aparente 1 r·ovl t'l abandono en� cerá situar acima das nuvens a misteriosa sede da
contra o seu lugar, no C t l v 1 1' 1, n t r duas fases sua glória. Entretanto, vai alcançando que mere�
de confiança e d t lrul t, Agonia no çamos ter nela acesso.
horto é interm d I 1 1'1 1 ' I t'
t i • 11 l náculo Aquele que foi reconhecido como elemento inter�
e a sublim t' ' 1 1 111 110 1 l t l t 1 t•l < , mo as mediário entre a Divindade e a humanidade saberá,
qu ns t ·m 11111 l i' • J i t r· doi I < \ 1 1' l U/ . T · r m l n i n sem dúvida, unir�se a ambas; Aquele que trans�
pr voç , J •. u. v 1l , . • c u 1 ' l' u· u uo s r nid d ; o porta o céu poderá abrir�no�lo. Presentemente
s u c •u r r �s ; os braços do Pai estendem�se
·
sacode�lhe as portas. Dentro em pouco, forçosa�
outra vez; como Santo Estêvão e antes dele, Jesus mente as abrirá. Não foi o que ek disse ao bom
vê os céus abertos e o seu pensamento neles ladrão naquela assombrosa frase : «Hoje, estarás
penetra. comigo no paraíso?»· (Luc., XXIII, 4 1 ) .
Trata�se, diremos nós, doutro céu, do último Quando, no Monte das Oliveiras, uma leve
de que temos de ocupar�nos, céu que, desta vez, névoa oculta a primeira alvorada, e a estrela de
ele conquista em lugar de só o contemplar e habi� alva penosamente palpita, pouco basta para que o
tar, céu que já não é unicamente o seu, mas o astro ascensional se liberte e paire sobre o que
nosso. Visão decisiva que é simbolizada, no Cal� ainda há de nocturno. Essa estrela é Jesus. Ele é
vário, pelo olhar erguido para os espaços através aquele Luzeiro que não conhece declínio, aquela
de um véu de sangue. luz que sobe da terra e brilha, serena, aos olhos
do género humano e ) .

O céu físico não terá, a nossos olhos, esta


significação de um estado espiritual afastado e
(1 ) Bênção do Orio Pascal.
elevado em relação à est·ância presente, mansão de (2) Hino da Deqicatória.

318 319

Ora o céu para que soh Astro vivo e no Estai todos comtgo para
·

. a grande vitória e ,
qual todas as constelações h u m 10 s devem segui� VIs to que a vitória não se alc
ança sem sofrime�to
so framos; visto que a vit
�lo, está ali bem patente; Jesus n ·1 mergulha pela ória implica a morte sant '
morramos, preparai comi a
vista espiritual; sem abstrair da obt· 1 1 tual. de que go a morte santa. «Bem
tal imenso futuro é o alvo, ei-lo n Inspeccionar �aventu rados, agora, os �
mortos que morrem no
Sen hOr>> .
a sua cidade, a cidade aérea, a cidad ' c >roada de

(r;poc.�
anjos como a desposada se coroa com sttll cabe�
,

« m, diz o Espírito, qu
t ba os, porque as
e descansem dos seus
suas obras os seguem
leira e ) ; a cidade das harpas e das taças 1 oiro, ».
das trombetas e dos turíbulos, das vestes br . n s
XIV, 13 .
e das palmas, dos cânticos e das coroas, das a s
trigémeas e dos olhos incontáveis. 'É a cidade em
que já não há lágrimas, em que já não haverá morte,
em que já não haverá nem luto, nem clamor, nem
dor, porque as primeiras coisas desapareceram.
(Apoc. XXI, 4 e passim) .

Jesus olha e esse olhar quer dizer : Subamos


às alturas, homens, eu primeiro, e vós todos atrás
de mim. A coroação está certa, mas só é coroado
o que legitimamente combateu (II Tim. II, 5 ) .
Trata�se de vencer. «Aquele que , vencer, eu o
·

farei sentar comigo no meu trono, assim como eu


mesmo também venci, e me sentei com meu Pai no
seu trono». (Apoc. III, 2 1 ) .

21
320

Ora o céu para que soh Astro vivo e no Estai todos comtgo para
·

. a grande vitória e ,
qual todas as constelações h u m 10 s devem segui� VIs to que a vitória não se alc
ança sem sofrime�to
so framos; visto que a vit
�lo, está ali bem patente; Jesus n ·1 mergulha pela ória implica a morte sant '
morramos, preparai comi a
vista espiritual; sem abstrair da obt· 1 1 tual. de que go a morte santa. «Bem
tal imenso futuro é o alvo, ei-lo n Inspeccionar �aventu rados, agora, os �
mortos que morrem no
Sen hOr>> .
a sua cidade, a cidade aérea, a cidad ' c >roada de

(r;poc.�
anjos como a desposada se coroa com sttll cabe�
,

« m, diz o Espírito, qu
t ba os, porque as
e descansem dos seus
suas obras os seguem
leira e ) ; a cidade das harpas e das taças 1 oiro, ».
das trombetas e dos turíbulos, das vestes br . n s
XIV, 13 .
e das palmas, dos cânticos e das coroas, das a s
trigémeas e dos olhos incontáveis. 'É a cidade em
que já não há lágrimas, em que já não haverá morte,
em que já não haverá nem luto, nem clamor, nem
dor, porque as primeiras coisas desapareceram.
(Apoc. XXI, 4 e passim) .

Jesus olha e esse olhar quer dizer : Subamos


às alturas, homens, eu primeiro, e vós todos atrás
de mim. A coroação está certa, mas só é coroado
o que legitimamente combateu (II Tim. II, 5 ) .
Trata�se de vencer. «Aquele que , vencer, eu o
·

farei sentar comigo no meu trono, assim como eu


mesmo também venci, e me sentei com meu Pai no
seu trono». (Apoc. III, 2 1 ) .

21
320
EPILOGO

o FIM CAMINHA LENTAMENTE.


Jesus deve ter empenho em patenteá-lo, para que
os acontecimentos sigam a marcha voluntária que
lhes predisse. Absorve o seu último fel, que vem.
recordar-lhe tod.os os outros; as dores exacerbadas,
fazem�lhe sentir que, nele, a vida lança o seu der�
radeiro clarão. A sua obra está terminada; a árvore
já só tem que crescer. Concluída a acção, as suas
consequências seculares já não necessitam de
Cristo e até mesmo o -excluiriam. «A vós convém,
dizia ele, que eu me Vá». (João, XVI, 7 ) .
As Escrituras nele se cumpriram: tudo o que
tinha a fazer está feito, e sofreu o que tinha a
sofrer. Tudo vem reunir�se no seu espírito, e, com
uma sublime frase ele o diz, como que para dar
licença à Morte de se aproximar do seu Senhor.

*
323
EPILOGO

o FIM CAMINHA LENTAMENTE.


Jesus deve ter empenho em patenteá-lo, para que
os acontecimentos sigam a marcha voluntária que
lhes predisse. Absorve o seu último fel, que vem.
recordar-lhe tod.os os outros; as dores exacerbadas,
fazem�lhe sentir que, nele, a vida lança o seu der�
radeiro clarão. A sua obra está terminada; a árvore
já só tem que crescer. Concluída a acção, as suas
consequências seculares já não necessitam de
Cristo e até mesmo o -excluiriam. «A vós convém,
dizia ele, que eu me Vá». (João, XVI, 7 ) .
As Escrituras nele se cumpriram: tudo o que
tinha a fazer está feito, e sofreu o que tinha a
sofrer. Tudo vem reunir�se no seu espírito, e, com
uma sublime frase ele o diz, como que para dar
licença à Morte de se aproximar do seu Senhor.

*
323
«TUDO ESTÁ CON, l l MJ\ 0»
rajada violenta, pelo siroco negro, presuntivo autor
das trevas - rasga-se de alto a baixo. Esse véu
Sim, «Carne bem-amada de como diz desvenda segredos, declara Orígenes: é o primeiro
uma inscrição do século xn, alma ste a nós véu, que do Santo separa o Vestíbulo: revela os
concedida durante aquele tempo qu o t rnidade mistérios de Cristo e os mistérios notificados por
cinge, é verdade, tudo está consumad p ra vós Cristo, não deixando subsistir para além, por de­
e tudo, portanto, também está consumod para trás do véu do Santo dos Santos, senão o Mistério
nós, que as anunciações visavam e que d vlomos supremo.
beneficiar das promessas. O homem já nado t m Assim Deus se manifesta. Se, para tal, recorre
que vos pedir, e vós, que meditáveis generosida­ à natureza, é apenas para realizar mais uma har­
des infinitas e transcendendo as suas súplicas, vós monia. Proclama, numa linguagem de factos, a sua
já não tendes para lhe oferecer nada que dora.­ terrível misericórdia.
vante já não lhe esteja concedido. Tudo restau­ Jerusalém, sob a nuvem, reúne as suas cúpulas
rastes em vós: essa cruz erguida é, para sempre, lívidas como os pintainhos da parábola: a cidade
entre o céu e a terra, condutor dos bens, pára-raios de sangue . está �li, já cadáver, sob o gládio do
dos males . . . Que mais desejais vós e que poderíeis Romano, já erguido.
ainda realizar? Nem uma clareira na natureza: nem uma luz
nos corações cerrados: só o amor do grupo santo
sobe em direcção ao chefe crivado de espinhos: só
Os sinais precursores precisam-se e sucedem-se o amor de Jesus cobre o universo.
ao aproximar-se a nona hora. A noite do Gólgota Madalena continua a soluçar; um pouco mais
adensa-se; o Gareb está coberto de panos de luto longe, as santas mulheres olham; os raros discí­
-
como um catafalco. Se a escuridão é . tão grande pulos estão silenciososa João serve de apoio à sua
é porque Deus quer anunciar a luz que avança. «Mãe», a mulher alquebrada e firme, de pé e des­
A terra começa a tremer: na rocha onde se falecida. Se as próprias pedras se fendem, que será
cavam · sepulcros, produz-se agitação: mortos liber­ daquele terno coração! ?
tam-se. O véu do Templo - talvez arrebatado por Jesus, esgotado, deixa esvaírem-se, pouco a

324 325
«TUDO ESTÁ CON, l l MJ\ 0»
rajada violenta, pelo siroco negro, presuntivo autor
das trevas - rasga-se de alto a baixo. Esse véu
Sim, «Carne bem-amada de como diz desvenda segredos, declara Orígenes: é o primeiro
uma inscrição do século xn, alma ste a nós véu, que do Santo separa o Vestíbulo: revela os
concedida durante aquele tempo qu o t rnidade mistérios de Cristo e os mistérios notificados por
cinge, é verdade, tudo está consumad p ra vós Cristo, não deixando subsistir para além, por de­
e tudo, portanto, também está consumod para trás do véu do Santo dos Santos, senão o Mistério
nós, que as anunciações visavam e que d vlomos supremo.
beneficiar das promessas. O homem já nado t m Assim Deus se manifesta. Se, para tal, recorre
que vos pedir, e vós, que meditáveis generosida­ à natureza, é apenas para realizar mais uma har­
des infinitas e transcendendo as suas súplicas, vós monia. Proclama, numa linguagem de factos, a sua
já não tendes para lhe oferecer nada que dora.­ terrível misericórdia.
vante já não lhe esteja concedido. Tudo restau­ Jerusalém, sob a nuvem, reúne as suas cúpulas
rastes em vós: essa cruz erguida é, para sempre, lívidas como os pintainhos da parábola: a cidade
entre o céu e a terra, condutor dos bens, pára-raios de sangue . está �li, já cadáver, sob o gládio do
dos males . . . Que mais desejais vós e que poderíeis Romano, já erguido.
ainda realizar? Nem uma clareira na natureza: nem uma luz
nos corações cerrados: só o amor do grupo santo
sobe em direcção ao chefe crivado de espinhos: só
Os sinais precursores precisam-se e sucedem-se o amor de Jesus cobre o universo.
ao aproximar-se a nona hora. A noite do Gólgota Madalena continua a soluçar; um pouco mais
adensa-se; o Gareb está coberto de panos de luto longe, as santas mulheres olham; os raros discí­
-
como um catafalco. Se a escuridão é . tão grande pulos estão silenciososa João serve de apoio à sua
é porque Deus quer anunciar a luz que avança. «Mãe», a mulher alquebrada e firme, de pé e des­
A terra começa a tremer: na rocha onde se falecida. Se as próprias pedras se fendem, que será
cavam · sepulcros, produz-se agitação: mortos liber­ daquele terno coração! ?
tam-se. O véu do Templo - talvez arrebatado por Jesus, esgotado, deixa esvaírem-se, pouco a

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pouco, as suas últimas forças. V m.-no arquejante PAI, NAS TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO.
'
sempre devorado pela sede; •d rdente, mas
.
de um ardor mais espiritual que f J ; tem sede A mão de Deus tudo contém, mas tudo quer
da terra que também tem sede d J m o s não o
·,
receber dos seres livres que associa ao seu poder.
sabe. Não parecerá, assim, com seus I t bios con.. Cristo, como ser livre, presta..lhe essa suprema
vulsos, querer dar a esta terra que am n m último homenagem. O seu último g'esto é o gesto defini..
beijo, receber o dos seus, e talvez, humikl m nte, tivo, que corresponde ao gesto inicial : « Eis que
uma última vez, por hoje e por todos os t mpos, eu venho», que resume os de toda a sua vida
oferecer a face aos ósculos infames? e os perfaz. Gesto de confiança e de amor, de
O seu corpo exangue está pronto para o se.­ união e de dom; gesto único, do qual todos os
pulcro; a sua alma vazia de si própria está pronta homens devem participar, de que são solidários,
para o seu Deus. porque os eleitos de todos os séculos e de todos
Ante o seu olhar, a paisagem começa a des.. os mundos dele colherão o fruto.
vanecer.. se; o Moab há muito se apagou no escuro; Depois disto, não tendo na terra nada mais
as linhas do monte das Oliveiras e as encostas de que fazer, regulando ele próprio a sua partida,
Sião vacilam e extinguem.. se; o Cenáculo e o pa.. pronto a deixar repousar - ele, e não a morte -
lácio de Herodes, o Templo e a Torre Antónia, as a sua cabeça sobre o peito, de modo que a coroa
muralhas onde o caminho de Efraim continua lhe aureole também o coração, e não tendo, por.­
sempre escancarado, os próprios flancos do Gól.. tanto, enfim, mais nada que contemple com aquele
gota, tudo sossobra, tudo se desmorona nas trevas olhar que vai ao encontro do Mistério supremo,
interiores; as anémonas sangrentas já não fulgu..
JESUS CERROU OS OLHOS.
ram; as da fronte endurecem o seu aro sob a coroa
atroz.
Jesus, no entanto, está plenamente senhor de
si : «ninguém lhe arrebatou a sua alma»; vai «depo-­
sitá ..la». - Onde? - Nas mãos de seu Pai.
pouco, as suas últimas forças. V m.-no arquejante PAI, NAS TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO.
'
sempre devorado pela sede; •d rdente, mas
.
de um ardor mais espiritual que f J ; tem sede A mão de Deus tudo contém, mas tudo quer
da terra que também tem sede d J m o s não o
·,
receber dos seres livres que associa ao seu poder.
sabe. Não parecerá, assim, com seus I t bios con.. Cristo, como ser livre, presta..lhe essa suprema
vulsos, querer dar a esta terra que am n m último homenagem. O seu último g'esto é o gesto defini..
beijo, receber o dos seus, e talvez, humikl m nte, tivo, que corresponde ao gesto inicial : « Eis que
uma última vez, por hoje e por todos os t mpos, eu venho», que resume os de toda a sua vida
oferecer a face aos ósculos infames? e os perfaz. Gesto de confiança e de amor, de
O seu corpo exangue está pronto para o se.­ união e de dom; gesto único, do qual todos os
pulcro; a sua alma vazia de si própria está pronta homens devem participar, de que são solidários,
para o seu Deus. porque os eleitos de todos os séculos e de todos
Ante o seu olhar, a paisagem começa a des.. os mundos dele colherão o fruto.
vanecer.. se; o Moab há muito se apagou no escuro; Depois disto, não tendo na terra nada mais
as linhas do monte das Oliveiras e as encostas de que fazer, regulando ele próprio a sua partida,
Sião vacilam e extinguem.. se; o Cenáculo e o pa.. pronto a deixar repousar - ele, e não a morte -
lácio de Herodes, o Templo e a Torre Antónia, as a sua cabeça sobre o peito, de modo que a coroa
muralhas onde o caminho de Efraim continua lhe aureole também o coração, e não tendo, por.­
sempre escancarado, os próprios flancos do Gól.. tanto, enfim, mais nada que contemple com aquele
gota, tudo sossobra, tudo se desmorona nas trevas olhar que vai ao encontro do Mistério supremo,
interiores; as anémonas sangrentas já não fulgu..
JESUS CERROU OS OLHOS.
ram; as da fronte endurecem o seu aro sob a coroa
atroz.
Jesus, no entanto, está plenamente senhor de
si : «ninguém lhe arrebatou a sua alma»; vai «depo-­
sitá ..la». - Onde? - Nas mãos de seu Pai.
. é � PÁG.

Prólogo ... ... ... . . . ... ... ... ... ... . . . i:

Capitulo I - O OBSERVATóRIO 11

Capítulo 11 - SIA.O . .. ..: ... ... 27

Capítulo 11I - A CASA DE SEU PAI . . . 43

Capítulo IV- O CENACUW 65

Capítulo V - O MONTE DAS OLIVEIRAS . . . 103

Capítulo VI - OS TRANSEUNTES ... 137

Capitulo Vli - OS SEUS . . . . .. . .


. . .. 169

Capítulo Vlii - OS SEUS INIMIGOS . . . 205

Capítulo IX - O SEU TGMUW . . . 269

Capitulo X- O CSU ... 287

Epílogq .. . . .. .. . . .
. . . . . .
. 323

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