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A meltor trai jcana, ou, polo meres, uma de mais proficuns, consagro dade © = cultura que nela florescia ‘ome seus objetas. Como fe sabe, foi a reflexio sobre Chicago © sobre a Sua extensa faleria de atores sociais que favorectu, a partir das primeiras decadas do sécilo XX, a insttucionatizapao da nascehie clencia social, Desde ent mogerna experience urbane, os conflitos cognitivas e valorativas inerentes 8s grandes cidades, o ambiente, enfin, em que se desenvolvia ume culture das ruas paderam obter visibilidade e garantir sua presenga no éobste publica. De 16 para cé, a€ cidades e of seus personagens rmusaram. Mas petmaneceu a legado intelectual daquela escola pioneia, cula principal contribuigao talver tenha sido @ disseminacao de uma perspective democtatica de atordagem das sempre as esquinas. se extraaidinario O funk e c hop invader @ cena, de Mice! ferschmann, 0 Rio de Janeiro é revelado com sua face mencs festejada pelas cepgdes autortériae da ondem urbana Funkeiios # rappers cariocas gannam aqui, 0 estatuta da intelectucis urbanes, recorhecidamente eficientes no que se refere & ampliac3o do debate politico sobre @ cidade. Afinal, com eles, a exclusao socal, 0 preconceito racial, a O FUNK E OnD OP IN A NK E O HIP-H¢ Editors UFR) Baditora UPR) 2005 wenizaglo ¢ glampurizagie na ca dos estilos a te livro no poderia ter sida feito sem a eolaboragio .quisadores que participaram do projeto integrado Vio munieagio ¢ Cultura, bem como do: sor la Becola de Comunieaga R colegas riduagdo que, mauitas vezes sem o saber, subsidiaram etumente este trabalho, sinalizando questdes. A Jecimento, Sou especialmente grato a Karl rik Sehollhammer, Elizabeth Rondelli, Ana Paula G. Ribeiro. ia Lemer, Beatria Jaguaribe, Nizia Villaga ¢ Janice Caiaf Jas idéias que aqui desenvalvo Devo muita, também, ans pesquisadores que se debr ‘garam sabre 0 tema, com os quais pude dialogar sobre algumas sas problemitieas fundamentais. Em especisl, 0 meu brigado a George Yiidice, Olivia G da Cunha osé M. Valenzuela Arce, Hermano Vianna € ego ainda aos meus alunos de Cultura Brasileira com nis, em liferentes periods, discuti muitos dos tép! ponturam este trabalho. Svas inquietacd madurecimento das hipateses que terial de pesquisa sem a pr a quisa se ‘ios colaboragio das mina zaco, Jaqueline de Lavir ¢ pip-hop. De sua ajuda esta incor Ligagto, 4 eee I De al i as situacbes ste traball niimero de in pelo que fizeray a Alcor 1 e Associacdo. Funkeiros Unidos , simpatizantes ¢ 1 pesquisa de mod «que ndo poeret recompensar p © pelo séress que sig ia, sempre previsas, e, prin imenizaram a diffeil westagio deste ea reconleciment, jal o apoio das agéncias financiadoras ~ CNP. Cape er) de difete ss € em diversos momen- tos, para que es presentagdes da viol@neia no Rrasil © na cultur nea ~ freqiientemente associadas as manifestaghes levaram-me a estudar 0 fink € 0 hip-hop. Intrigava. to de que as narrativas da violéneia veiculadas na midia identificava esses jovens como sue fe histeria que tomou conta do Pais na primeira me 105 90 (especialmente nos principais centros urbanos) tradiziam a imagem paradisiaca que ainda se unha dele yuntayacme: que Brasil & ¢ vem se afirmando cada ais no imagindrio social’ Ao iniciar meus estudos. logo 1 violéncia vem evidenciando a falencia de un uum “retrato de Br em geral consiruido a partir mites recursos simbdlicos canonizados na literatura, nas tes plisticas, na miisica ete. ~ no qual era possivel encobrit » potencial de tensoes ¢ cont sente em nosso cotidia eratura e, de modo geral, o pensamento modernista nota- vilizaram imagens mo confliuuais do Pais, Repensar hoje 0 omeno da violencia, especial tsbana, em suas mais das formas ¢ expressdes, € de fund 1 0 eniendimento da dinamica sociocultural brasileira certa mancira, a leirio que tom: que exaltayam aim 0 je evideneias claras da indole nio violenta do brasil eente percepgao de que os conflites estio pres: c Portamento de diversos segmentos sociais ¢ a sua veiculagio constante na midia quase impossibilitam se pensar o Brasil hoje, 01 0s processos de comunicagio no interior da sociedad leira, sem se Ievar em conta este fato social isso, este trabalho pretende em que se verifiea a presen violencia: 9 universo da miisi specialmente 0 funk © 0 hip-hop, nas suas divers formas de expressio, atualiz onflituoso”, ou pe menos tense, pouco yisto anteriomente na Musica P opula Brasileira (MPD). O funk e v hip-hop (¢ talvez alguns dos gen Fos musieais presentes nos principais centros urbanos do Pais tan mo estudos de caso que, em fangao do populagdo, permite repeasar a emery, esentagho dos © rotulo de “arrastd nas exibindo envolverido jovens ¢ a policia eriaram un junto a populagao. O fenémeno dos “srrastSes” no era nente novo ou inusitado, mas aqueles, particularmente fundamentais para a reiticagao de uma certa lizada dos jovens dos segmentos populares do Ri Asn lagdes e os sentidas atribuidos a0 even hecide como “atrastao”,! especialmente aqueles de outubro d colocavam em debate a seguinte questi: vivernos real mente em uma “cidade partida”? em um regime de apartheid no Rio de Janeiro? A maneira histériva pela qual foram re tndos na midia sugeria distitbios do porte dagueles ocomridos em Los Angeles no me A medida que a © passado de expressdes da cultura popular como, © jazz ou o samba no teria algo a nos ensina estaria avontecendo com o fwnk’ nos ditimos econhecendo inimeras diferengas entre 0 funk © 0 indagava-me se nao se estaria estigmatizando mais poriante expressdo cultural, que, em umm futuro p forma emblemitiea pela Cidad posto de que manifestagdes como, por k © @ hip-hop (no Brasil e nos Estados Unidl ina Inglaterra) tém contribuide para evidenciar 0 10 proceso entagdo que vem marcando a dinamica sltural contemporanea, Alias, essas exp’ ladas aos jovens parecem sinalizar na diregao do dupto nienio que tem caracterizado @ reeente espago social ur- 1 phuralizapdo (considerada por muitos como evidén- aziamento des lagos saciais) & a a globalizagto, A emergéneia de di: upos sociais (nao s6 juvenis) ados is inimeras de consumo permite-nos questionar a vise conformisia ica das sociedades atuais € redimensionar a visi¢ ada ¢ degradada das grandes cidades, bem ¢ ppacidade das politicas yociais © s expressdes cult smo “espelhos de seu t 15. O desafio gue os pesquisadores enfrentam a0 ssim, trabalhando iio $6 com ssociados a0 funk ¢ a0 hip-h squei, para além do estereétipo e da ima 1 que earregam, trazer a diseu mercado, tidam co} matizagio Na damental para a puscam di € a teajetoria de 80, on dar nos meandrc Est we0es entre cultura (especialmente as minoritérias Retomo, em certo sentido, no que se refere 1 pesquisa de Vianna se encerra. Dis nomend nos anos 99, analisando no contexte em q 1992) A partir daa \dismo, seus referenciais estétic Junidos indistintamente por jovens do osteriormente, tornaram-se co pioneiro ctilo, de visto eritiea,b Ao contrdrio, no entanmto, do que em ‘ural ua cultura contemporénca. Oferece: 2 sua mediagiio © administiagao p Dosigao 993, os quais cons rem uma nova di no debate ai pare d Brasil ¢ este qui terre dee on que Ihes t8m pe perifériea m tanto a possibi jou plural do clas estruturas que dia quase sempr rr associada ds gangues ¢ as oryanizagdes eriminosas, por outro ledo, constata-se também um grande interesse por sua produ: io cultural, Apesar do constante processo de estigmatizagio, sta imagem exerce um enorme fascinio sobre um grande 1 mero de jovens que parecem ter encontrado nesses grupos sociais, na sociabilidade © nos estilos que promovem formas fundamentais de expresso © comunicaga ste ensajo tem como objetive nao 6 oferecer pistas avaliar a recente ica sociocultural do Pais como wer uma © comparative c inis € outros que ocorrem om alguns paises centrais, em particular nos Estados Unidos, Procurei colocar em evidé eta um jogo de espellios” bastante presente outras palavras, 20 ressaltar o “didlogo” (nem sempre evidente e/ou claro) com o contesta sociocultural norie-americano, objetivei uma pei ‘a que focalizasse também a produgae ural dessa soviedade, que hoje simbolizs a prine Cneia para a grande maioria das expressées juvenis eontem. Ofienkee o hip-hop pré-arrasiao A trajet6ria que conduzit 4 afirmagio do funk (no Rio le Janeiro) & do hip-hop (em So Paulo) como importantes fenidmenos urbanos juvenis dos anos 90 fe2-se, por um I & margem €, por outro, nos intersticios da industri Um breve histérieo da chamada musica negra nort cana da segunda metade do séeulo XX © do proprio funk & hip-hop no Brasil ¢ fundamental para que se compreendam, melhor estas expressbes juvenis riamos inicisr nossa histdria com o blues (elaborade 10 & 40) on sua versio eletrificada, 0 rhythm | blues. Entretanto, vamos tomar como ponto de partida a \Gncias realizadas por alguns misicos oriundos protestante, que eriaram o soul a partir da univio Jo rhythm and blues. O soul teve como seus prine lores misicos como Ray Charles e James Brown, ¢ du noa parte dos anos 60 entoou a lata pelos direitos eivis © termo fiank, o melhor, fimky,® surgi’ na viral 1 de 60 para a de 70 2 passou, de uma conotagio negal 1 simbolo de alegria, de “orgulho negro”, Na realidade 1 intensa presenga do se mereada, alguns miisicas ngajados da gpoca passaram a encar inky com! ente da miisica negra ainda capaz de produzir um: 1, digamos, “revolucionaria”, dirigida para essa minori Hermano Vianna, em seu pioneiro trabalho einogrific a que a partir daquele momento “(..)) mdo podia " spa, uum bairro da cidade, 0 jeito de andar € ur ‘cear miisica que ficou conhecida como funk” Ao mesmo tempo, nos guetos de Nova York, surgia un le som que iria mudar 0 cendti sica negra, DJs » 0 jamaicano Kool-Here ¢ seu discipulo Grand Mast negara a dar lestas no gueto do Bronx (NY), 4 ndo-se de téenicas que posteriomente se tomariam niais para este tipo de miisica eletrOnica, Dentre e: 3s, eles introduziram os sounds systems, mixadores, rich! e 08 repentes eletrénicas, que ficaram posteriormente ‘onhecidos como raps.'' Nestas estas realizadas neste gueto ifro-earibenho ¢ também ent outros afro-americanos e até lo-riquenhos, am oulros elementos asso ‘aadministragao do Caneedo pas A misiea: © break ~ danga em que o dangarino Crazy Jes da Pesada foram le (eve umn papel de destague; as grafit ran a ser real ‘0 — estilo popular de “muralismo” contemporineo que ontinar real rafiteiros Phase2 € Futura suas grandes referéncias mente, um estilo de se vestir despojado — com ealgas deste fildo abetto por Boy ¢ Lemos tiveram de in moletom, jaquetas, camisetas, bons, nis, gorro et prin 1a compra de equipa parte deles importada sipais marcas esportivas. Todos esses elementos passaram a ct fom, form a feita sobre a base dos ritmos funky, A diferenga & que o 2 quipes, praticamente fundadoras di ‘op wlilizava estes ritmos para produzir um o jo subsirbio, tinha 8 sugestivos como Revol Je a0 minimo, em que se utilizava apenas . inspirado no Revolution of Mind de James Brow 1 Prix © Black Pov mnhecido mundialment $ pe Soul Gra D, mas os rites funky projetaram-se intern: m augu ova fi partir de 1975 com a banda Earth, Wind and extremamente vendivel, descompromissado cam e m geral tio etuica, Este disco abriu caminho para outros misicos : iziam que se tinha opta © modismo “disco” (discoteea) que atingit varias regis. undo e tomou conta da mnisica negra norte-amerieat nto, como foi veiculado pela midia, realm A origem do Funk earioca remeie-nos ao inieio dos anos, Jidatieo ¢ militants, Nos bailes promovidos p He foram promovidos por Big e e, 60m fiequéneia, ui , Por poUcO tempo, em uma das princi- » slides, filmes, fotos, p peticulo de misica pop do Rio de Jancito, 0 cava “despertar” of freqientadores para 0 ls tocavam rock, pop ¢ davam especial beautiful” da época.! misicos de soul, como James Brown, Wilson dle os jovens da Zona Norte estarem se eng Pickett and Kool and the Gang nos seus bailes dominica sma cultura negra mediada pela indistria cult procurades por cerca de jovens de todos os bairtos da ricaaa provocou, na gpoca, muites argumentos favorives sobre a possvel marea de una colonieagde cult tal, Enetanto, como observou ume das mae inpercntes aan sonalidades da Bahia, Jorge Watusi, 0 soul eo funk ‘to mo vimsntos gus devem ser considerados, pis podem contig revitalizagio de formas affotasleie tmdieionaic eran afexé ds Bahia. En curs paras, econo ean dos he daores do prineiro bloc de eamaval ato, 86 Ainé, Want contest «cater comercial 6 sul no Ri «concodon non © enssjamento na misca negra nerleamericne poder et Voveser a %(.) reeuperagio de razes nope baleinay* Antes que a grande imprensa se eansssy da noviede Diack, a gravadoras anda tentramrusradamente“enplanee © Soul navional no metead. A exceio de Tim Mota 6 hoy Tomardo, a maioria destes misicos ¢ dangarinos praticamente eaiu no esquecimento. repressdo implement militar vigente no Pais © 0 oom da moda ada pelo regime da discoteca, aprecia. a tnt elo Zona Sul guano pela Zona Nove de Cole, emterraram de vez as tentuivas de se desenvolver, naquele momento, qualquer movimento éinico. Passado esse modismo, a Zona Sul voltow 2 namorar © emergente rock nacional (o chamado “BRock das anos 80")! cm seus mais variados estilos, e a Zona Norte permanece fiel A misica negra nerte-ameticana, numa batida muito semelhante 0 que se eorhece hoje como charme, Ao longo dos anos 80, varios elementos oriundos do hip- hop norte-amerieano, dos novos ritmes funky, foram sendo introduzidos nos bailes. As ridios © mesmo os bailes rese vavam cada vez menos tempo para 0 charme. O baile, de mo. ‘lo geral, foi mudaado lontamente, Equipes como a Furacao 2000.1" que sucedeu com éxito as equipes fundadoras, {4 rene 24 Os angastoes wavam batles no subdirbio nos quais as dangas cram mais pais © a indumentiria ja nio lembrava tanto 0 estilo soul ou fo ou mesmo b-boy (cf. Glossirio). Apesar de o hip-hop norte-americano ter influenciado a inaryiea da cultura funk e algumas de suas musicas serem focadas com certa fregutéacia nesses bailes realizados nos wubuirbios da Cidade, poucas eram es pessoas associadas 20 movimento que faziam referencia ao termo hip-hop, Expres- ses como “funk”, “balango” e “funk pesado” passaram a ser as designagdes mais populares, Também nao se podia afirmar \iue © mundo funk eatioca fizesse propriamente parte da cul Jura hip-hop. Pode-se dizer que, cada vez mais, 0 “local rein- Jerpretava o global”; estava em andamento um intenso proces: so Ue apropriagao da cultura hip-hop por parte dos consu- nidores eariocas que determinou similaridades mas, prin- cipalmente, diferengas entre 0 “funk nacional” e 0 hip-hop em pera, ressimibolizado wo mundo inteiro, Alias, enquanco o funk 0 se affrmando 1a cultura urbana earioca ap longo da década i© 80, 0 hip-hop comeyava a encontrar ui terreno propleio para o seu desenvolvimento, especialmente na noite paulistan ‘© hip-hop “nacional” surgiu, em meados da década de 80, nos sales que animavam @ noite paulistana no cireuito nego © popular dos bairros periféricas € contou, nos seus primeiros eventos, com a forte presenga de grupos norte-americanes © alguns poucos expoentes brasileiros. Mobilizando 0 inicio apenas a juventude negra © trabalhadora da cidade, o hip-hop hoje esta organizado em grupos, associagdes, “posses” © pequenas gravadoras, vemn difundindo-se ¢ atraindo boa parte da populagao jovern © constitui importante segmento de merea- do, Um dos seus introdatores foi 0 rapper Nelson, que, ainda 25 aa década de 80, trouxe o ritmo para a Praga da Sé, em Sto Paulo. O programa de radio mais antigo foi o Rap Brasil, diri- do pelo Dr. Rap, veieulado, também naqueli cidade, na Rédio ‘Metropolitana FM. ‘Vianna observa que, mesmo antes de se consolidar como importante segmento de mercado, a pelos funkeitos nao se resumia ape: Ele destaca ainda ‘propriagao promovida as ddanga ea inhumenea 8) process de howtofona promovido por esses jovense b) ¢ “pitateumenta” gue, em certo sents 08 Dis fazen dos produtos da india onogidicn, De tuto. ae letras da misica negra nort-americana, que sem teferene as politicasraciaise euhuris,ndo erm por cles con preemie das, Nao havin raps nacionais, © os fankeiros adaptavam Héxieo ingles na base da honsoonia “you ak too much e-1' be all you ever need eran transformados em borides apc Fehlemente sem sentido em porugnés, somo Maca tome @ “ravioli eu coms!”© pasprio titulo da misiea era reno meado em fungdo deste processo de homofonis. O primero caso etado acima Sum refrda de uma misia do grupo norte american Run-DMC, que passu a sor conkesi con "Melo do tomate’. Muitas veresoprspro Dl pusavaoreftio no bale Allis, a preseupagae do dscotecdsio era pomover um 10ees0 de identifica ence os fregidenidoresc os msieag torte-americanas que ele impottava. As limitagbes de nosso mereado para 0 consumo deste tipo de misia (alo algunas exveynes) naguele momento difieultavam asesso a cose produo ~ pratcamente no disponivel nos dios e as lejes de diseos ~ e mobilizavamy os Dis ase inserirm num ire omplexo de fitas © LPs. Boa parte do que of dscotcdrios {anbavarn er reinvest numa rele de couriers que vajovamn 26 Os annastoes periodicamente para Nova York € Miami a fim de comprar essa produgo musical, aqui ainda inédita. Esses couriers podiam ser empregados de agéacivs de turismo ¢ de companhies eéreas, ou mesmo os proprios D4s que chegavam 2 Nova York pela anh, faziam os contatas € retornavam no mesmo dia, em ‘yoos noturnes. No Rie, vendiam sua mereadoria para reven dedores de quem os outros DJs conseystiam as miisieas, Existis, portanto, uma competigao bastante acirrada com relagiio és fitas e aps discos, uma vez. que # qualidade da miisica ~ medida segunda suas propriedades dangantes ~ ¢ © que garante, de modo eral, aos DJs o seu “lugar no mundo”, Uma das primei- ras providéncias tomadas pelos Dis ao reeeberem um dis: co novo era adulterar 0 selo © capa, para dificutiar a localiza daquele trabalho por outros diseotcedrios, buseando assim antir, pelo menos temporariamente, a exelusividade de um 8 sucesso para o$ bailes em que trabalhavam. Esse entretanto, praticamente desaparecen nos anos 90, com as faci- lidades de acesso que se tem hoje & produyio externa da in- ihistria fonografiea € com © aparecimento de grupos ¢ de ama produgo de melds e raps “nacionais" ‘A medida, portanto, que o funk foi se nacionalizand, Joi tambéin se distanciando de referencial hip-hop. Entretanto, parte da juventude negra mais politizada permanceu-the fiel Enquanto no Rio o conteddo, © ritmo, se traduzia nam clima ‘uma misica mais dangante, alegre e mio necessariamente politizada, em Sio Paulo, ¢ dentro de alguns circulos, 0 hip- hop foi se afirmando como importante discurso politico que om tevitalizado parte das reivindieagdes do movimento negro, Aliés, de modo geral, 08 érgdios € as “posses” voltados para © fomento dese movimento apéia-se sobre uma vasta produ- 7 O FUNK E 0 HiPHOP INVADER 4 cena $40 musical rtulada como “afro” — como, por exemplo, regpae, hip-hop, charme e mesmo o funk —, uma estratégia de mobi. Uizagao de um contingente jovem da populacdo negra. Para desespero de alguns articuladores politicos, nem sempre é Pessivel colocar todos esses grupos sociais sob a mesina ban- deira. O peso que algumas quesi®es tém para uns nao é 0 mes. ‘mo que para outros grupos. Assim, ao longo da década de 90, 4 medida que o fimk ¢ o hip-hop se “nacionalizavam” e popt. larizavam — um no Rio ¢ outro em Sio Paulo ~, funkeiros ¢ b-boys se distanciavam: criou-se a dicotomia entre “alienados”™ © “engajados”. Nao que isso corresponds realmente ao que vem ceorrendo. O simples fato de o funk produzit uma musica alegre, romdntica ¢ bem-humorada ro implica uma postura apolitica. De qualquer manciza, os b-boys e outros grupos que se alinham a0 movimento negro (como os charmeiros) acusam © funk de produzir uma misica despreocupada, que promove apenas 0 entretenimento, De certa forma, os funkeiros deixaram de ser bem-vindos em eutros bales, Na verdade, isso pouco ocorreu no Rio de Janeiro, Os bailes funk gradativamente foram se tornando uma das prin- cipals formas de lazer dos jovens pobres da Cidade. Um dos responsiiveis pela fase atual do funk, pelo processo de “nacio- nalizagao” da musica, isto é, pelo surgimento de misicas cantadas em portugués, foi 0 DJ Marlboro, que em 1989 organizou € produzin o disco Funk Brasil n® 1." © sucesso sleangado por essa coletines retlimeasionow o mercado fony- srifico nacional, abrindo caminho para que vérios jovens “audquirissem voz" ¢ saissem do anonimato, colovando em evidencia uma “realidade dura” ¢ uma cultura do subirbio. Os grandes eventos que vinham sendo produzidos por Marlboro 28 Os angastors © plot cquipe da Furacdo 2000, mesmo antes dos famosos. aifustOes, em megaespacos como 0 ginisio do Maracanizinho, JA indicavam um erescimento de popularidlade dessa expresso sutra . © funk ¢ 0 hip-hop nao comecaram com os “arrastoes”, shu cles certamente aceleraram um processo de popularizagao, juvemessando esses jovens n0 centro do ceniric midigtico, fa- genio com que ocupassem, de inicio, as segdes policiais dos Nolicidrios dos grandes vefculos de comunieagao e, depois, tan- hm seus respectivos cadernos. culturais ser ceo tctrenoe ss pxion cps, sean implesmente as brigas e nem o clima de competigao os fatores Wleierminantes que explicarian © rapido destaque alcangado elo fink, Na verdade, os confitos ja existiam (talvez em pro- owgdes diferentes das de hoje) e, muitas vezes, faziom parte tly cstrutura ¢ da dindmica da festa" Tampouco os discursos sulsais e inflamados explicam a tajetéria conturbada do hip- Iw Vartan, analisando o contexte sovioplitic locale glo~ dios anos 90, talvez possamies comprcender melhor nio $6 W manta pela qual esses jovers dos segmentos populares © joy cotidiano adquiriram ou conquistaram significativa visi bilidude social, mas também como se construin um elima de fiinico que tomou conta das principais cidades brasileiras, 1» Rio de Janeiro © Sao Paulo Notas Tormo que passa, a partir de 1992/1993, a designar emble- uicamente um tipo de “tumulto”, “saque:pithagem” promovido por jovens pobres. Este tipo de agdo conjunta em que um gran~ ilo jrupo de jovens corre de forma compacta em dreas densa~ 29 mente ocupadas da cidade (como as pratas), supostamente “pe- gando 0 que podem pelo camino”, tem produzido imagens espetaculares na midia ¢ reificado a sensaciio de medo no ima. xginério coletivo urbano. Os “temidos” e “espetaculares” arrase {Ses apareceram pela primeira vez na imprensa associados & ago de pivetes nas praias da Zona Sul, mas este fendmeno rapislemente passow também a ser utilizado para designar quale ‘quer tipo de ago coletiva mais radical e’ou violenta de qualquer grupo oriunde dos segmentos populares no espago urbano. 2 Mais do que determinar se uma cidade & mais “partida” do que outra, busea-se agui repensar a maneira pela qual as Tepresentagdes, especialmente as veiculadas na midia, confor- mani a maneira com que enesramas © espago urbano. Sobre @ crescente pereepcio da Cidade do Rio de Janeiro como violenta ¢ cada ver mais distante do seu ideal de “Cidade Maravilhosa”, ver, entre outros trabathos: Ventura, Zuenir. cidade pariida. Sto Paulo: Cia, das Letras, 1994; ¢ Carvalho, Maria Alice Resende de, "Cidade eseassa e vialéncia urbana”. IUPERS, Rio de Janeiro, n, 91, 1995. Série Estudos 3A exibigao na midia do espancamento do jovem negro Rodney King por policiais braneas de Los Angeles produit uma violenta reagdo em massa da comunidades negra daquel cidade, levando as autoridades locais, em fung20 do quebra- quebra, na ocasito, a declarar “estado de calamidade piblica”, 4 Sobre a trajetoria conturbaita ¢, em alguns momentos, marginal do jazz, ef. Hobsbawm, Erie, A histéria social do jazs. 2, ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. 5S Sobre o proceso de criminalizago pelo qual o samba passou antes de se tornar um “simbolo nacional”, ef, Moura, 30 Os sanavross Wodenio. Tie Ciara eo Pequena Africa. Rio de Janeiro: Funarte, AWN) Sodré, Muniz. Samba, dono de corpe. Rio de Jancite: Hiideer, 1999; Percira, Carlos Alberto M. Reinventando 4 Jyligho. O mundo do samba cartcea: 0 movimento de pagode 4 Wloco Cacique de Ramos. Rio de Janeiro: Escola ée Fujunicacdo, 1995 (mimgo.); € Vianna, Hermano. O mistério hy jumbo. Bio de Janeiro: Jorge Zahiar Editor/Editora UFRJ, wos 4 Vionna, Hermano. O mundo fink carioca, Rio de Janeito Jmye Zalar Esitor, 1988 } Una outta motivagao que me levou a srabalhar conjunta Ante 0 fink © 0 ish & 9 fat de gic ambes atta @ Spoiencial” do rap no Brasil e em outros paises. Isto & o eres: tet eres ds overs pote de diver loads por we estilo musical, essa Tinguayem, indica que o rap tem se lidado x0 apenas como uma forma importante de ex- e de afirmagio de va- Jwosndo artistiea, mas também de protesto, loves, stgnificados © etnicidades. W Apes das leituras mais favoraveis, os sentidos atribui- doy vos termos fink e fanky guardam ainda certa ambigtidade Nopunlo o Novo Michaelis (Si0 Paulo, Melhoramentos, ¥. 1, (004), “funk — 1. medo, susto, pnice, pavor; 2, medroso, eo suile; tor medo de, temer; 2, aterrorizar, assustar,intimidar; 3 vit, esquivarse, fugir de, eneother-se, acovardarse; funky Jinisca de estilo € sentuimento simples e nistieo. Na giria ~ ba- Jus, bom” (p. 449), CE Vianna, Hermano, O mundo fate carioed. p. 20. JO) Utilizagao de toca-diseos como instrumento musical, des Jucando determinadas partes de uma cangdo ou movimentando 31 © FUNK EO HipHor InvanEN a Cena 98 discos no sentido anti-horitio, de modo a produzie o som de arranhade. 11 Iniciais de rvehm and poetry (cf. Glossério, p. 267) 12 Mais detathes, ef. Vianna, Hermano, O mundo fiunk earioca, p. 26-28 13° Apud: Vianna, Hermano. 0 mundo funk carioea, p. 29. 14 Sobre a explosio do 10ck nacional nos anos 80, ef. entre outros, Farias, Patricia 8. de. O teretiirio do Rock Brasil: rmiisica popular e nacionalidede nos anos 80. 1993. Dissertago (Mesirado em Comunicasdo e Cultura) ~ Escola de Comun ‘80, Universidade Federal do Rio de Janeito, Rio de Janett. 1993. Chacon, Paulo. O que ¢ rock? Sia Paulo: Brasiliease, 1989. 13 A Furacto 2000, um dos maiores conglomerades de empreendimentos do mundo funk, comegou em Petrépolis, fazendo shows, bailes ¢ eventos de rock na regito serrana do Rio de Janeiro, A equipe de som Furacio 2000 passou a se edicar ao funk quando se instalou no Rio, na década de 80, lungando, até 1986, cinco LPs dedicatos a este tipo de misiea (para mais informagdes das equipes de som dos anos 70/80, ver Vianna, Hermano, © mundo funk eariocd, p. 35-49), 16 As astociagdes, como a5 posics, sdo compostas pelas bandas de rap, dangarinos e grefiteitos, bastante expressivos fem Sio Paolo, Elas em geral t&m trés abjetivos, nem sempre Dresentes integralments ou com a mesma intensidade: poten- Cializar a capacidade de produgdo de msica c apresentaydes rio restrtas necessariamente aos baitres de origem; organizat agdes comunitirias e eventos que visem promover campanhas 32 Os snnasioes ow Jevamtar fundes para atender aos necessitados, © agdes jvoliticas muito préximas daquelas praticadas por integrantes do fovimento negro, Para mais informagdes sobre as posses, ver ysito, Maria, “A sociabilidade juvenil ea rea: novos conflitos » coletiva na cidade”. Tempo Social, Sto Paulo: USP, nov, 4, 1) Vianna, Hermano. O mundo fink caries, p. 82. Ver tam- bem Programa Legal sobre as galeras funk que foi ao ar na FV Globo em 1991 18. Pare maiores informagBes sobre a “aacionalizagio” do flunk, ver Salles, Lucia, DJ Madboro por ele mesnro. O fur nv Brasit. Rio de Janeiro: Maud, 1996, 19 Durante sua pes década de 80, Hermano Vianna alestou que a vieléneia também era um fema constante no dis- curso de empresirios © organizadores, Para boa parte dos ficqlientadores ja existia uma assoviagao entre bailes ¢ eontu- uo. Os bailes em que podiam ocorrer tumultes com mais tre- {wilneia eram conheeidos como “bales do bicho”. Yer Vienna, Hermano. O mundo funk carioca, p. 76-86. O outro no Brusil contemportince Avsistines hoje & crise de um modelo, de urn paradigm W Nrasil, vo qual era possivel encobrir ou ealocar em segun- MW plane aquilo que © owira waria de itredutivel, o¢ diferentes Wletosses presentes em nosso cotidiano social com o recurso AlibSlico a imagens unificadoras eonstruidas a partir de dif fees materiais. E como se acompanhissemos, no imagind- HW social, @ desfiguragio eradativa da fisionomia da socieda (We bem-humorada que tem como simbolos maximos manifes |iifes culturais como a camaval, o samba € 0 futebol, No seu wat, vem se esbogando um imaginaria social que, sem des- Vorlur totalmente a antiga imagem do Pais, estabelece um no: te “retrato™ do Brasil, marcado pela pluralidade ¢ por fraturas etais profundas, tais como sugerem as representades asso. 0 mundo do funk & do hip-hop. Ambos parece ex Iovsor e sintelizar, nas letras ea diversidade de sons e gestos, novo ambiente cultural urbano brasileiro contemporineo, Per tile esbogar ain mapa da multipicidade de teritéries pre ‘les nas eidades do Ria de Janeiro e de So Paulo, ou melhor, retmifem compreender um pouco da emergente dindmica cul, tural destas “eidades-vitrines” do Pais. 35 m outras palavras, privileg Privilegiou-se no funk & no Jos processas comun ' nunicativo, itualiz sso refletir sobre a 1 1 din al wimica cult ho Brasil Pais. Problematizara a relagdes entie culturas mino: s Priticas sociais que apontam hel de Cert afirme que em por uma forte preseng a lea ¢ ras de fazer de ¢ formam os processos ora mu: meet oO compromisso de buse te trabalo, Por e or exemplo, busquei dele, analisa anelsareritcamente,aléan dos d alin dos dados e das narratiy ssociam m ibe $e funk © hip-h rracionalisms ae eral prockuzici geral y los pelos meios de comunic ti stincia, foi caminhar rumo a un tT He lineea0. da plu je de subjetividad Alem do trab ‘apa do ie20 da midi ‘8 indamentais para 2 sup. izagio ebate e reflexao facetas pouco co- mente o da mi si, @ teoria da comunicacio ambém \lém disso, Na mas ta n reconhecer novas instancia ebrucei-me sobre des 80. 2 complexa fabricagao/pro por um lad semidos ¢ significades das gto de um i jeditla em que traduzem as fo I partilbadas p\ entagdes so 1is" geram praticas ¢ estratégias pelas quais Chartier, epresentagio” miover um estudo ‘em sobre exp lidade em mpreender as 0 mundo avaliasse criticumente © peso que a Oo ¢ de massa como o funk ¢ 0 hip-hop e, por outro, permitisse it un tipo de estrutura social que aproxima cidadania repensar'a capacidade de articulagaomegociagao dlesses grupos miceglo de massa e consumo, Vemos emergir identida sociais na indistria cultural e os desdobramentos sociopaliticos igdes que se estruturam menos pela Logica do Esta Jessa articulagao Jos. Em vez de complexs, helerogénes, diferenciada, € apresentando nova sa a : es “ | \ xumo diferenciada e segmentado de bens. Ao la clivapens que rio sb nio se esgotam na esteutura de classes tradicional definigdo soclvespacial de idemtidadss como também desfivern as identidades tradicionais criande conside ouiras tants, lo uma pluralidade de interesses ¢ imensio socinconsanieacional, Em outa pal femandas nem sempre convergentes, quando nie conflitantes ; hoje, leyarant-se em conta tanto os cen e exeludentes. uma nova dinimica societiria feita de for s comunicacionais quanto informacionsis, onde se istintas de soviabilidade, algumas antigas ' jguram ¢ renovam as identidades e onde parce Seguem as ripidas transformarde: BF ouiro: modo cal hizagdo da produgao € do consumo: ensue Cea de consumo estratificada e excludente; de diferentes © muito renos se colocam en ten! siguais formas de em um mercado que se alte cia” ~ representagies © modelos que tinham, até bem em ritmo aele esestabilizando posigdes consolidadas, luce tempo, grande € quate exclusiva repercusstio no ima desfazendo hicrarquias ocupacionais tradicionats inario social brasileiro -, 0 qual afirmava que toda in a cena cultural hoje n ais ¢ tapas coaviviam num clima de razoavel harmonia apidamente, ado ume Le insatistagio das indi na nova tealidade de galeras der Jbra-quebral viduos com o “regime demperatico” gue, mesmo reinstalado pos ligados ao nareotsifico, de meninos de rua, de vig je @ década de 80, ndo conseguiu coneretizar efetiv cada vez mais, colocado em xeque mo pelieial ete. tem, a cidadania nem oferecer melhores condig vida, Entre. clho mito do “Pals pacifico”, Noticias que sugotem a ero: anto, & preciso ressaltar que & possivel também identificar o Ja futoridads’gaveidnnicntal e’o'efestiniente dor paniog turgimente de novos pata modelos de eiddadania, Vemos joléncia no espago urbano tornaram-se consta werado que natu idéia de uma “cultura di para o risco da produ erpretagdes homogeneizant se reducionistas que estimulam cagdes insensiveis as singularidades de dlistintas experiéneias, clagies, acontecimentes © processos, reagdes weorrem pora a produpdo de uma atmosfera de medo,* Mesmo levando-se em conia @ sua amp! cacao nos meios de comunicagao, & possivel dentificar, 1 1 importincia gradat no 66 a cultur mas todo um conjunto de grupos urbanos as mo, por exemple punk e outros do géneros) 4 Jos mu rock heavy 1 desempenhado Os jovens vem encontrando, sem diivida, ni associadas a estes univer S08 musicais € & sociabilidade qu oven, © estabelecimento de novas for ao social que I i \s de represen- xpressar seu descontentamen. porsse d tese da ndo-violencia, isto é, de que o Brasil seria ‘versa mas nfo-violenta” miisicas dos Recionais MC paulista que, mesmo sem propo >, preocupa-se em denunciar os ¢ neia promov cstrutura sociopo! > jet deles onais MCs, “Fim de semana no porque c/ou malandro",’ as sepresentagdes promovitlas pel su ni Brasil hierarquizado e autoritirio. Re 0s conllilos disrivs extientados pelas camadas menos privi acdas da populagdo: repressdo & massacres policiais: a dur alidade des mottos, favelas e subtirbios; a precanieda vefici@ncia dos meios de transporte coletivos: racismo ¢ ass ‘mos do Brasil cedesse espago, no imagindrio social, a um novo retrato mais f fendimeno da fragme e pluralizag edo yeral, a naioria dos paises do Ocidente, se-ia afirmar que ¢ resultado, em parte, da dindmi cesso de modemizacan ¢ de globalizacdo deseneadead capitalismo transnacional e, em parte, da i bili realizagao das utopias modernas. Entretanto, ce implicar 0 “fim do social”, como afirmam as imistas, mas a construgdo de um outm contexte em que ‘ago permanent ¢ heterogencidades, pelas segmen’ cntro naydo © ce eamunieages Muidss com ns orga transnasionais da wor 1a mada © do co mento, A niagio parece estar cada vez menos defined pelos Fimites ten r historia polit abrevi nelhor como uma comunidade herme néatica de consumidares, cujos hibitos tradicionais fox Ao contrivio do que ovorre em outros paises com uma noeriticn miais consolidada, no Brasil, © reeonhe. ada vez mais constante das intimeras diferenga quando nao cel a negociagio © da bilidade de uma interloeugaio lestBes_pertinen anto desigual nas forma € recursos, em que as dileren pém, ou sobre desenhadas. pel e ss acuimuladas Esta conflituosidade artir de analis as projecdes to caras aos drgios de seguranga piblica e ter criminalidade Alls, este trabalho te ar da visdo h hastante mecanicista gue en joléncia como uma “situa fo de exee uma “anomia”, © que considera 9 processe de “pacificagzo da sociedade” como fate consumade, Ao con trario do. que freq) acontecimentos violentos nflo seriam resquie ni “barbarismo” em vias fe exting&o, mas uma pritics recorrente ¢ fundamental para a Gindmiea social, sempre presente om distintas sociedades ¢ Infe recurso que pet Nao busquei aqui definir a violencia apenas S2Us aspectos fimcionais/normativos, mas destacar o importan te pape 1 desempenha na dinimica social, explorando a ambivaléneta da violéncia, sua dimensio eultural.!> Volto-me para as representagdes da violéneia, sublinhando © modo pelo qual ela ganha visibilidade e repereussio no imaginirio so cial, procurando, com isso, sem descartar © potencial irruptivo da violencia, enfatizar o papel fundador © estr violencia, Em outras palavras, longe de aparecer ap evidencia de dissidéncia on de “cans” social, a violéi a ser vista no censirio intelectual, eada vez mais como tendo um papel constitutive, capaz de fecundar nova: expressiies do social. Assim, abre a possibilidade de constru 40 de novos sentidos ~ capaz de alterar nosso ponto de vis 2 ou mesmo nossa “visio de mundo” ~ e ssenta cada is passivel de avalingées apenas reguladoras clos cure agui, portant, ultrapassar uma perspeetiva sta ou determinista de abordagem da violéncia. F econhego que esia tarefa no é to simples agi como mais abrangente que a criminalidade & age que 6 fendmeno apontada pela nogao de vieléne poder-se-ia consideri-la no apenas como expressio sidéncias ow forma de ico, mas também como ‘renovagio” e de vida." A violencia & uma das pegas Jamentais a0 dinamismo das socieda ciona-se fs nas, rogeneidade presente em cada uma delas. As fades sio, ¢ edida, hanmonia e discrdia, ass omapetigfi. A violgncia passui uma “centralid ‘sto &, apesar de nio ser freqientemente® teve presente em qualquer coletividade, pois, coma © fundamento de qualquer retagao > que a violencia gerada por grupos si ‘ou, de modo geral, pela sociedade € vista como ilegitima, 0 a parte “mmaldita” do cotidiano, Entretanto, na medida em, We, com maior freqiiéneia, o aparato estatal evidencia-s n dos grandes “geradores” de violéncia (uma v: naturalizada) —devido especialmente as dentineias de “corrupgdo", que colocam cada vez mais sua incapacidade de cumprir seu papel de orques. trador do bem-estar social see, especialmente em paises mareados por um passado autoritario recente, © niimero pesquisadores e membros de ONGs (especialmente as or agdes ndo-govemamentais dedicadas aos direitos humano que buseam repensar 0 fendmeno da violéneia de um Angulo izada on mesmo espeta ada como clement 10 apenas criminalizante. amentalmente de sua inscrgdo num circ ‘olen de constitui tim tipo de linguiagem de atestar que Jue EXpressa coatlitos que, por vezes, emergem na form: nerge nes meios de comunicag manifestagoes culturais deaunciadoras da existéneia de mani adoferiminalizado, ¢ p Festagdes sociais e interesses diferenciados que, ao serem exibi ceagiio ¢ de agendantento {dos pela midia ¢, por vezes, assimilados/consumidos pelo piibli Hiro na. polissemia stisuem sentides © ganham adeptos. Para tais expressie ce palo senna ane iolgacia & tanto um recurso de expressio quant uma estratégia de obtenga0 de visibilidade. No quadro ata aa as arcado crescentemente pela “experiencia midiitiea”, pela “ei formato, cla no s6 se coustitul em espago de exidigao e pro- mais justos, pelo menos ev dugao de idade violen sande impacto sobre ni cumpriro antig po © equi é ira metade dos ano rios episddion epresentagdes que reifieam e/ou amplifica P egitima de certos alos e discursos associados shorara publica, gan) c, especialmente agucles promiovidos pelo segment 4a noticirio internacional populares ~ mas tar ss na Candeliria, a chacina de Vigirio Ge js —, mas também, por sua enorme eapacidade conve. ia e mobilizadora, faz com que a violéncia frequentemente as da Zona Sul, as operagdes militare exibida abra «lave do reconlievimtento de novos se de faneiro (conhecia Operagaio Rio | dos © até de alteridades." acre de Carandiru (Sao Ps Visio “nco-apocaliptica”, que tal situagao 1&0 oeorre, pois a podemos considerar a violéneia desene violéneia “em si", m d ; ‘ito é inals ade, no Brasil, tanto como indicio de uma “desordem ia “em si”, na crueza de sua aparig20, nao é s ada, ¢ sim ressimbolizada, A violéacia para eles & 1 ‘quanto, em certo sentido, como uma forma de se ex oF a insatisfagae diaute de uma estrutura autoritéria telista que promove sistematicamente a exclusto social 1m uum pais cujo medelo politica tradicional esti 1m que o aparato juridico-leya nica”, $5 de punir as camadhs menos populagaio, pode os conceber a vieleneia como uma forma de ruptura d cordem juridico-social, como uma forma de “resposta” concreta se possi dizer o mesmo dos arrustdes de outubro 1993, no Rio de Janeiro. f tante reconhece participam d es culturais, com suas representagdes (que falam da: es especificas cotidiano ¢ refletem suas insatisfagdes) e atitudes, s6 anham efetivamente espago na midia e, posteriormente, junto 20 Estado atravé: nflite, ou sefa, na medida em que se tormam uma possivel “ameaga & ordem”, Os arras exempla, acentuiaram um clima de panica na Cidade, mas tam- bem motivaram a eriagdo do Projeto Riofunk, ‘ecretaria Municipal de Desenvolvimento Soeval (Gra da Pr feitura do Rio de Janeiro). Este proje va principalmente acentivar ¢ promover o lazer ¢ @ vida cultural desse segmento Além disso, oferecia cursos para formagio de DI, ameaga” no ¢ parte de uma gia das lideranga do mundo funk earioea, Como outzas que ceorrem no espago rbano, promovidas pelos segmentos populares ~ como no ea so dos “quebra-quebras” —, estes tipos de protesto possuem quase sempre una conotagio eatirties, A respeito das resul tados desse tipo de eonflitos no Reasil, Roberto DaMatta, em se artign “Os discursos da vi no Brasil”, Levanta a guinte hip6t ilo so os pequenos (ou estruturalmente F sempre a formn de uma violéncia pessoalizada ¢ “pre politica” ~istog, um estilo de violgnciaq festa ue se menif Dor grupos de mnteresses difusos através de grupos fe sem neniuina planifeasao, Realmente seu esti espontinneo & que legitima, como um bom de Ao se constituirem em uma “ameaga do: nkeiros tenden também a ser qualificados como mais um ingue juvenil urbana, Mesmo reconhevendo que essas as funk eventuelmente come ortunidades, alguns pesq) vein tabalhando inalidade e vieléncia, como, por exemplo, Alba Zaluar e A tese defendida com grande freqiiacia pelos meios aleras no sto gangues, conio afirma que al tipo de or sas quadrilhas tampouco tém a sua vinculae notada en outras partes d do, especial 1 Estados U OM Nao ind adesio especial a um estilo musical out nares metafSricos que simbolizem sua identida marginalirsdas ou deeviantes da sociedide, com Jo Mexico. Os nomes das quadhilhas daqui sto refer pado e contr como gangues. Ac trabalharmos com nuie Centos gt jeaais e fem uni propr das gangues a adogdo de Lupos jovens © segment pos juvenis eas wangues é produ 9 auLor, as ganwutes s20 detiniclas, gross turada de indiv comportamento territorialista © lugar que 0s ates ilegais ocupam neste iniimeras ulagao de recursos, indepe niigos e sociats para seus membro anche: os pesquisa as membros das “galeras ossibilidade de alu bém ce yangues (¢ até de trabalharem n itentar para 0 fato de que: a) as gal ritbrio de atuagdo (podem pertencer a virins ter mi Hiderangas interns, nin fe; a nusitade no cenitio midiitico, foi imediatamente 0, Ora jolncia urbana se encontram assoviados de forma re 2 ou detenminista a esse grupo social, Os seus in unites Sio personagens tipicos das reas carentes da Cida: ficado com a criminalid 0 comum que a Fecem mais ou menos envol Ficano ara seguinte per © US Orgdos de seguranga pil bailes funk, ou quando se estigmatiza 0 comunicagio de massa, © que uO segmenta social que a expressto social? fi preciso envi comrelacionanda-as 4 for da a juventude hoje, es (9) Todo trands bate pain Eu acabava de mater 0 pee no othe do safido ( a policiaw TV No € de hoje que 0 seu ch Ww scuta direitinho rguntands radicionalmente iden! oduzindo ume imagen quando parte da sociedade Brasil itei o Fernand 8 que no adit & aig meteu, prometeu e nio eumpriu ( toi o Presidente el O Pensador, “T6 feliz (matei o president 0 das diferengas presentes no ¢ le erescemte da violencia t revolta", parece implicar limite”. Eniretanto, de algumas dé smo cutie os jovens das camadas médias. atistas, rogueires, clubbers, goticos. I 05 conflitos ¢ as priticas soc vez mais interpretados como PO que sé tem, ndo s6 dos jovens, mas també ns soviedades atuais: de que vivem apenas para nacional do consu providos de qualquer Ia politica ow pelo coletivo. Deseriha-se um futur clficando-se uma visio conformista ¢ alomizada das les contemporiieas, nibora as andlises que resuliamn nessas afirmagdes 5 Imente bastante detathadas, deixam de Tias de andlise empregadas nie do conta da nova dindmic. Hidade social, 0 jovem “revolucionario” de “ontem” no se Teconhece no joven de hoje, nfo v8 nele um agente capaz de temtente, durante © periodo do proce do Presidente Collor, varios mifitantes, ex 5 intelectuais, com grande alegria, identifi Feagdo dos “earas-pintadas™®* um indicia do possiv Segmento jovem como principal a Acreditavam que, tal qual havia ocorride nos anos 60 poderiam retomar a linha de frente no atual proce aga0 do Pais. Curiosamente, na época, surgia com enorme sucesso nas ridios 6 1ap “Td feliz (matei o presidente)” de G: briel O Pensador, reforyando a associagao d hip-hop & delingiiencia juvenil. De um Dia 08 pr ra esperangosa d aposte queda do ex-presidente Collor p politica e, de outro, comentavam que a letra da miis ais uma reagao violent 'o menos um eética de um grande mimeto de jovens. Colneava-se em p: li aquele momento, a seguinte questo: em que dit senga calla vez mais constante nos jornais e nos anicagio de diseursos que narram acontecimentos tos" envolvendo jovens, tem reforgado no imaginério socia uma imagem negativa destes, influenciando, inclusive, a maneira como os pesquisadores vém encarando as manifestagdes das s juvenis” Sav recomentes as interpretagdes que afir tai culturas conduz lissolugao do le domingo, publicou um artizo mista conas-pintady — ralizada, em un) contex im incremento mundial imentos organizados pelos gr S protagonizados p i Zona ia, a seguir, de alums ¢ espeito, as quals poderdo esela ecorrentes, arcade 5 cult uns eq) A juventude nie € ap. 1 periodo compreendica express’ Jependéneia infantil © 4 autonomia da vida adulta, ise trreversivel das grandes utopias 'o pela inguictude, imaturidade e Norescimento das facul S expressos pelos jovens até es anos Hes mentais, A juventude & wma construgao sociocultural € as condigdes materiais € comuni em nenhum lugar, em nenhum momento da historia, pode se cdiosas nostalgias, 0 desalio que bus. finida segundo eritérios exclusivamente biolGgicos ow juri tiltiplas e contrastantes fissuras investida de outros séimboto © que nations futuros, a condigio d coneeito de juventude o estar atento ao carder marginal ou limi jeas que abordavam as manifest a0 fato de ela ser iredutivel « uma detinigag para ¢é estavam mais preocupadas em ca ta. Em outras palavras, tragos marcadamente ‘es de carder estritamente politico oun tre realidades biolSgicus, paptis socials e clabo 0s desdobramentos dessa aluagao sobre foram levados em conta na caracterizaga0 © moitelo de intervengao politica levado a ‘ua histéria.® Noste sentido, é preciso estar te década de (0, se comparades diretamer s limitagies do conceito “juventude”."> Esta palavra avenis das dBcadas se carregada de evocagtes e significados, que sies titimos de seus signi Pode conduzira labirintos de sentido, ease nao se leve em conta da pela industria cul 1 heelerogencidade social e as diversas modalidades nas quais criodo autoritério, esta juvent vem se aptesentando a condig um posicionamento indiy a realidade, boa parte da literatura soeiolégica situa ia une visto critica da sociedade como també juventade como tendo realmente alguma relevincia litaria a formulagao de qualquer projeto de cartir das sociedades industriais modemas (ocidentais). al por parte desse se Alias, 05 al (00 se constituiram mim “divisor de dgua Como sugere Helena A ixagao em um model para os estudos das culturas juvenis, A partir daquelas década 11 de comportamento ju ia como principal ref > jovem nunea r » da mesma forma, A descoberta os movimentos da década de 60, quando a juventude Jo segmento javenil como importante fatia de mereado, sua iscava intervir 40 méximo nos acontecimentos sociais, deu pansio ¢ as criticas que foram desenvolvidas por movimen igen a uma perspectiva que toma a juventude como principal ‘os juvenis que passaram a questionat © estilo de vida oferecido sodadvel pela gerarto de ulopiag eprojeloe desteansfoitnaea0 ipo de intervengao, necessariament tradicionais de se fazer politica2® Neste sentido, ento de Ed Whilller, cantora de rap (do hip-hop), juventude... A gente sube que, na epoca dk estudante . ia cidade e resolvian aver passe 4 gente 14 procuranndo um um batida © vamos fal mi cima dessa ba aba Fieando na ef dos vuttos, jovern hoje esta ramende paca pu Antigamente eu acho que isatera maS p uma eos mais de movimento negro mesmo, entendei? Hoje em dia © pessoal esti isa pemtencet 4 uma enti 2 causa, un undeina a seguie para poder entrar no movimento ip hop ow para fazer nfo est contente com 1 que vost Jebaixo navi ferentemente da perspectiva proposia por alguns pes. quisadores do tema que tém como forte referencial os anos 40, pretende-se neste trabalbo levar em conta, na medida em que goneralizagdes permitam, as especificidades dessa juventude 00, real revisamente, um “mergutho” na dessa cultura funk © hip-hop, Os grupos juvenis terizam-se por uma busea de intensidade no lazer posiglio a um cotidiano que se anuncia como medio: isfat6rio.® Bles parscem assumir 0 fato de que nao m € nio so capazes de produair grandes projetos de trans: genuina sé pode wcidade, denunciar 0 presen wssim que eles pela construgio de um espetd \ibliea para essas quiesties: se oferecer \s do sew tempo, Assim, nio empunhar bandeira lc transformagio em eertas direas, especialmente na arena p. licional, mio signifies necescariamente pragmatism ssaltar também que a crescente percepgio ¢ Je estilos juvenis que mareou a década de 80 ten ficultado a possibilidade de se abarcar cam a categoria juver ide um segment social ‘econhecer ¢ analis funk © © hip-hop. e Wvenis.colocam fe da seguinte ques a alia sentido tabalhar com am ¢ Mario Margulis, a noga cio social que m elementos bioldgicas, encerr E que assistimos Loje a uma complexa conjungao de fato socioldgicos, demogriticas, produtivos tar aque je reconhecida como “condi¢ao juvenil”. A nocdo ude vem sendo considerada cada vez menos “estive esenica de “manifesiapdes juvenis proscritas”, em geral prota nizadas por agentes soctais dos segmentos populares, arre SsOl| 0S jovens no centro de um importante debate politico ual, que os situa, em geral, como um dos obsticu paz” ¢ A “ordem social”. Ou seja, a condicao de “proseritos novos sentidos que talvez. possibilitem redimensionarmo politica hoje, penmitindy-nos v atuagdo que se difundem, especialmente ¢ de forma intensa, no campo cultural orraborando esta perspectiva, Canclini sugere uma apro- ximagio enite cidadaaia ¢ consume. Segundo o autor, os indi viduos vém recebendo mais resposta através do consumo pr ado de bens ¢ dos meios de comunicaglo de massa do as ebstratas da democracia ou pela participagio coleti va nos espagos piiblicos. Canclini postula a nlfiear, ou melhor, de se vineular cidadania & construindo as concepedes que julgam es eomportamentos dos ominantemente ittacionais € as que somente 55 eidadiios atuando em fungdo da racionalidade dos principios ideoligicos. Considers indispensiv ahecer a crise das formas tradieionais de represe politic 19 mercado de opinides cidadas inclui tanta variedad soniineia quanto © mereado da mo entretenimento autor postula a necessidade de atentarmos para o fato de nds somos cidadios, ¢ consumidore imitir isso n a deseobr na diversitiea astos jemocritica da cidadania O est arado ne digma esiétieo para o mundo contempori: rem alguns autores, ¢ multe menos como sinér de época”.!* A nogie de estilo aqui se aproxima da nogao de “estilo de vida”, tol como vem sendo aplicada m cultura de consume coatemporines, conotando a individ lidad por, tuma forma de auto-expressfio © uma cor ° 2. 0 eoIpo, as s prefer Lm disso, apo. Os Jo senso de es nal de ani ixando de a, quer Bourdiou, que juema permite os est tanto, permitiria produzir mapeamento: ampo 6 itil para 0 estu Apesar al & tho 10 bel ee A nwgdo de estilo, portanto, & adotatk em um sentido distinto neste ho 10s territérios o 10s. AS expressdes culturais uido pelos. pesquisa, Hun-se um processo de montagem multinacional, um Birmingh, él de partes, uma colagem de tragas que qual especialmente Pesquisadores trabalhavam mais py niprio terme “subcultura” parece ter esvaziado seu © com a nog P subcultural”, situando- sureatack Mido. Formulada nos anos 70 pelos pesguisadore s Snosisio a um eddige cultural padrio. Hoje, evidemtemente We Wirmingham, que identificevam nas culturas juvenis um cla wn, asisdo nie parece ser t2o simples e Sbvia, Am disso, Herencial de el: fee ann ft moetnidade © 2 mundiatizagdo, assistimos ais S peculiares 4 sua posigao etiria e geracional, esta no. Am rogueito Ow um rappe vagem de classe ow mesma e, utilizando a nogao de stilo subcultural, cons. Ppeesivcl.recont oem sua argumentagdo a partir essa oposigao, Para estes essdio culiural hoje néo (a Forma, subeultura de uma cultura ou melho Neste sentido, trabalham com Oposiedo estilo e mod; a varia em uma ameaca pen oF i P + esses estilos subculturais.® A questao ¢ ando nest Portanto, as estilos de vida juveni cidade”, a “imparid, stil0s, evitando que a moda 17s, UiSCUISOS € trajetos urbanos forn pere uma espécie di breclaborayao, Ou seja, hi u m referencial *purista’ ociabilidades, definem-se tra bem pouco tempo, tornow velocidade, da comy. tolalmente anacronico. Nic serva Gilberto Velho, a multiplic m0 imaginirio social, como perderam a relagio de a 6 boragao de identidades sociais.*! Em outras palavras, hoje. tanto um estilo pode ser apropriade por pessoas de ditt quanto um mesmo individ: estilos. Este tipo de siagio bastante recor Jade contemporanea, especialmente entre os sariamente dil 10 que tudo indica, a tendéneia dos estilos de vida — no zentido da diluigio ou tio-somente de um process: zariam”, promoveriam *pilliagens” ao r apropriados continuamente. Isto é le sustentarem luma oposieao isolada oul una distin absaluta, os agentes soviais articulam-se com © mereado € organizam-se em estilos de vida hibridos. Assim, 0 modismo e 0 mercado, longe de diluirem o estilo de vida do grupo, implicariam uma etapa do processo Ue inlensa negociagao, nO Condigao basiea para Hizagao na cultura. contempor ies pecaleriy Alguns autores, como Olivia G. da Cunha e Livio San sone, insistem aceria a nacessidade de se repensa a condigan paradigmitica ¢ mesma a prépria idéia do fwakeiro como tdentidade, relativizando est > consagrada pel 66 possivel afirmnar que, no Brasil, apesai socials, as arliculagdes © tensdes presentes na adguirem explicitamente una atribuigde de ear 993. Quando os meios de comunicagio de iculadas © que associam a presenga de grupos de ot “tuba” ¢ a um clima de panico ¢ histeria, Se o, freqilentemente os noticidrios da époc Jignaram, nos anos posteriores, com a expan 2os setores jovens da classe média, tinha ma preocupagaio em construir uma argumentagio gue wenil com @ 1 associaglo desea expresso cultura © ningsas do Cidade, como o Comando Vermelho » Comando, por outro lado, 05 noticidrios també zavam, de forms indireta ou implicita, essas manife Iturais como sendo préticas dos segmentos # 0, “pobres” da Cidade, Assim, emerg i ido tanto pelo aparato de seguranca piiblica quanto pe o7 menos até bet jovens de di . era de -gmentos socials. A argumentaglo, emt nosos da cidade. Pste tipo de narrativa tomou-se bastante fhe- fe na imprensa ¢ reifiea outras to recorrentes que “nati © que trazem forte preconceito tanto em relayio aos seymentos popal quanto em relago aos jovens negros © nao-brancos, © constituem nes principal lores destas areas, Eventualmente na midia, como, por exemplo, no frag= mento de artigo publicado no Jornal do Brasil que & apresen= al do aque & apresen: tad c amow-me a ateng3o aqui a insistente comparagio entre, de caras-pintadas que se engajaram num espetdculo piblico pela de do pelo innent do Presidente Collor comunidades, Com iss ror da praia: os armstdes que disseminam 9 panic, niineia) fo Leme a Burma da les fink rape dentitari de fato aia. A pele eseura das infratores alu em muitas out tagens (..). Nola dos quais fr istados por ore stigmatizagaio do funk eifieagdo dos preconceitos socivecondmic o processe de u do na midia, vale @ pena ressaltar que o te ece, a partir dos anos 90, abrigar um conjunt 092 0 ter ‘Ao longo desta pesquisa ser utilizado emblematicamente na enunciagaio ferias da cidade. Na realidade, 0 termo * cesaparece da midia nos relatos criminalizante € substituido pele te etc Mesino 0 1990 989 sciado d ago de pivetes e de 's urbanos, encontra-se, hoje, fortemente relacio:

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