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Contos da

Diáspora
Afrobrasileira
CONTOS INFANTIS
DA DIÁSPORA
AFROBRASILEIRA

Regina Marques

CRUZ DA ALMAS
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

REITOR
Silvo Luiz de Oliveira Soglia

VICE REITORIA
Georgina Gonçalves dos Santos

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA

SEAD SUPERINTENDENTE E COORDENADOR UAB


Ariston de Lima Cardoso

PRODUÇÃO
Superintendência de Educação Aberta e a Distância SEAD/UFRB

UFRB - 2016
Dedicatória

"Para papai e mamãe:


Antonio e Maria.
Pela dedicaçao e amor
Para Francelino Ramos,
que esteve conosco até 2016
com 93 anos.
Sua luz foi importante...
Para Vovô Custodio e Vovó Joana,
uns dos primeiros
de uma grande diáspora africana
que as águas do Atlântico
trouxeram ao Brasil...
Para todas as crianças
do Recôncavo e do mundo,
que sempre nos ensinam a aprender...
I - CONTOS
1 – TOGUTO E SEU PADRINHO ..................................................... 6
2 - ATIVIDADES PARADIDATICAS ............................................... 24
3 - Saiba Mais
De onde vem a história ?......................................................... 28
As ilustradoras ............................................................................... 29
II - POESIA
1 - SEREIA DANDARA NA CACHOEIRA DE OXUM ................ 30
2 – ATIVIDADES PARADIDÁTICAS ................................................ 46
3 - Saiba Mais
Sobre a Autora................................................................................. 51
6
6
- Padrinho,
você é branco?

7
- Sim, eu sou em
minha aparência...

O menino se agita com a resposta


e começou a perguntar
8
Branco como a folha branca de papel
que precisa de tinta negra da caneta para
ter expressão e das cores coloridas do giz
de cera em bastão e dos gomos fofos de
folhagens de algodão?

9
- Branco como a bruma na aurora da manhã
que invade a noite, soberana sobre o dia ao
cair da tarde? Mesmo quando interrompe o
prazer do surfista, na carreira das areias,
lançando-se às águas sob o sal que arde?
10
10
- Branco como a neve, o
marshemallow e o chantilly
do vestido de Yasmim na negra
roda do candomblé,
que gira e faz:

11
Da roupa branca que dança
sobre a poeira na negra origem
da capoeira?

12
Padrinho também se agitou um pouco.
Estava inquieto e pensativo com
TOGUTO, menino sereno, porém
esperto.
Nunca havia pensado assim
com tantas perguntas.
E então, foram dar uma volta
pelo mundo, observar as Áfricas,
os Quilombos, as Diásporas,
as Bahias e quem sabe
encontrar algumas respostas.

13
- TOGUTO, menino negro, olhos grandes
e atentos, deu uma volta pelo mundo.
Visualizou os territórios espalhados
pelo universo.

14
- Girou o globo.
- Acompanhou
seu movimento.

15
- Percebeu que o universo
em sua vastidão é negro

- Percebeu que as cores


e pessoas sobre a terra
são diversas.

16
- E que as pessoas e os objetos
contêm uma cultura, mas não
são a própria cultura.

- E que a cultura se constrói


no movimento do Globo, do
Universo sobre a Terra.
17
- Toguto girou o globo.
- Acompanhou seu
movimento.

18
Viu que a estática
não existe.
E que os lugares não são fixos.
Mas mutáveis e
intercambiáveis.
Nas ações dos homens sobre os
tempos.

Diásporas e Quilombos
Espalhados nos “Brasis” unguentos
Óleo sagrado que cura e perfuma
Cicatriz violenta sofrida
por todos os
negros

19
Toguto girou o Globo
E com seu corpo
imprimiu seu movimento.
Suas pequenas mãos girando
na velocidade possivel.
O globo geográfico
do universo
Gira, gira, gira o mundo
Em seu tempo lento
A força dos fracos
Reconstrói os tempos.

20
E só assim, após esta reflexão sobre
lugares não fixos, Áfricas,
Quilombos, Diásporas e “Brasis”,
presentes na história
do mundo e do Universo,
é que TOGUTO pode compreender
a resposta do padrinho:
- Sim, Toguto,
eu sou branco em minha aparência....
E seu padrinho também pode
compreender, aprender pela voz
- reflexão-ação - de um menino negro –
seu afilhado, que ele, o padrinho,
mesmo sendo branco,
quis a vida o colocar sob os encantos
de todo esse saber sagrado:
que não se pode tornar seu escravo
um humano igual que nos seja
mesmo em sua diferença
de exterioridade.
O padrinho branco aprendeu
com o sobrinho negro
que em sendo branco na aparência
é preciso ser negro em sua essência,
pois jamais poderá voltar a ser o mesmo
como seus ancestrais brancos,
que maltrataram com violência pessoas
21
e as trataram como animais.
Compreendeu pela inquietude de Toguto
que existe uma memória
viva neste canto de amor e poesia
Que o sofrimento e violência vividos
pelos ancestrais africanos de
TOGUTO com unguento sagrado
foi curado e transformado
em cantos de amor e poesia,
Em cantos de diferentes formas e cores
Nos quatros cantos do mundo.
Eis que em todo o mundo
há o canto, o ardor e amor originário
da africana e do africano
que atravessaram o mar à força,
A kalunga do Atlântico,
sobrevivendo dias que eram
sempre noites no porão dos navios
aos açoites.
Entoando seus cantos
de todas as muitas e diferentes
línguas africanas.
De tantas etnias, culturas, línguas
e palavras foram
considerados simplesmente negros,
Como se fossem todos iguais

22
sem linguagens diferentes
do imenso continente África.
No prenúncio do capitalismo,
o homem branco, por conveniência,
inventou uma tipologia, uma categoria...
Muitos povos, nações e etnias,
Reis, princesas e rainhas
foram “deportados”
de sua própria terra de nascença.
Para os brancos, eles eram estranhos,
todos iguais, sem diferença
e então lhes deram um nome
- Negros!
Assim diziam
e assim ficou
até os nossos dias...
Dessa conversa diálogo
do menino com o padrinho
se aprende uma lição
para todos os povos e terras
sem distinção de Nação:
que memória de menino é sempre viva.
De TOGUTOs então...!
Haja histórias...!
Vive e deverá viver sempre a memória
do crime e do horror público que foi a
23
escravização do ser humano africano.
Não nos esqueçamos nunca.
para que a Humanidade
prossiga amparada
com os dois pés na verdade.
Sem subterfúgios ou alienações.
a fim de que a Humanidade marche,
busque, com força, glórias e vitórias...
E encontre, para si,
uma nova e outra Civilização.
Padrinho falou de novo:
“Sim, TOGUTO,
eu sou branco em minha aparência.
Comportando em mim a vastidão negra
do universo que todos nós,
querendo ou não, fazemos parte.
Porque, minha pele é uma das partes
importantes de outros
pontos fundamentais de localização
de meu ser...”
E TOGUTO percebeu que ser negro
era também ser
vasto, diferente e igual.
Percebeu que há igualdade
na totalidade das diferenças
E que o pensamento é uma conversa
24
sem limites com o infinito.
E que o mundo está girando,
girando em tantos outros movimentos.
E que seu corpo, sua pele e seu ser
também fazem girar o Globo
De novo, refletindo sobre o tempo,
TOGUTO volta a girar o Globo...
E de novo, com seu corpo,
imprimiu seu movimento.
Suas pequenas mãos
girando na velocidade possível.
O Globo geográfico do Universo.
Gira, gira, gira o mundo
em seu tempo lento
A força dos “fracos”
reconstrói os tempos.
ATIVIDADES DIDÁTICAS DO
CONTO: “TOGUTO E SEU
PADRINHO”

Atividades Para o Professor da Educação Infantil,


Ensino Fundamental e Médio de educação
escolar quilombola e relações étnicas e raciais

Nota: Cada professor pode adaptar o nível de escolaridade da classe para aprofundar mais ou
menos as questões, organizando conforme a faixa etária trabalhada.

26
1 - Pesquise com a turma no dicionário e em livros o
significado das palavras

Após a pesquisa, discuta com as crianças/jovens como estes significados podem ser
compreendidos. Os dicionários e livros trazem significados semelhantes aos apresentados no
texto? Sim ou não? Reorganize com a turma as ideias e retire um produto consistente da
interpretação do texto, afixando em fichas o produto construído por grupo de alunos. Após,
monte com a turma e a partir das fichas, um dicionário com todas as palavras trabalhadas,
observando com as crianças/jovens o valor de buscar a verdade a partir da pesquisa de novos
conhecimentos.

2 – Professor, você pode trabalhar com a classe os


seguintes temas problemas:
a) O que significa no texto a palavra “negro”? Quem
criou esta palavra e por quê?
b) Qual a diferença entre país e continente?
c) Quem são africanos?
d) Onde fica a África?
e) O que são “Áfricas”?
f) O que são “Brasis”?

27
3 - O texto fala sobre memória na relação com o
passado, com o presente e o futuro. Professor, você
pod e trabalhar e m ci ê ncias, biologia e saúd e , a
importância da m e mória para a pr e s e rva ç ão e o
desenvolvimento da vida humana relacionando com o
significado de preservação da memória conforme o
texto.
4 – As questões trazidas na poesia são relativas apenas
às pessoas negras ou interessam aos brancos e a
todas as pessoas independente de sua origem étnico-
racial?
5- Qual a mensagem final da poesia/ o que não podemos
nunca nos esquecer? E por quê?
6 – TOGUTO era um menino fraco?

a) ( ) Sim, ele era fraco


b) ( ) Não, ele era forte
c) ( ) Pra mim ele era_____________________
________________________________________

O que a frase: “ a força dos fracos reconstrói os tempos”


significa no texto?

28
Saiba Mais

DE ONDE VEM A HISTÓRIA ?


TO G U TO e r a u m m e n i n o d e q u a t r o a n o s q u a n d o q u e s t i o n a v a s e u p a d r i n h o
sobre os sentidos e as razões de ser negro e branco em um Brasil recém saído
do regime militar (1988) e que começava a voltar a dar atenção a voz dos
movimentos sociais que protagonizaram no passado (anos 30) as lutas
políticas e transformação do país como o Movimento Negro; o qual foi
emblemático no combate à ditadura com a criação do primeiro partido político
d e o p o s i ç ã o a o g o v e r n o Va r g a s , a F N B - F r e n t e N e g r a B r a s i l e i r a , q u e c o m
pioneirismo abriu caminhos para o surgimento de várias expressões
políticas em busca de maior cidadania e dignidade para todos os brasileiros,
negros e brancos, como toda filosofia de quilombos.

HOJE(2016),
TO G U TO ( Vi t o r A u g u s t o S o u z a S i l v a ) t e m 1 7 a n o s . U m r a p a z q u e c o n t i n u a
i n t e l i g e n t e , s e r e n o e q u e s t i o n a d o r. L a n ç a n d o s e u s o l h a r e s p a r a o f u t u r o ,
observando os tempos. Faz universidade de tecnologias da informação. Aos
16 anos, técnico em informática, foi premiado com sua equipe, em reuniões
técnicas cientificas nas cidades de São Paulo e Distrito Federal, pela criação
do melhor programa de informática para inclusão escolar de crianças
p o r t a d o r a s d e s í n d r o m e d e d o w.
C o n v i v e n d o e n t r e o u r b a n o e o r u r a l , o S i t i o d a Vo v ó Te r e z a , u m t e r r i t ó r i o c o m
marcas e expressões quilombolas, ele faz parte desta geração de jovens
negros brasileiros que enfrentam o seu tempo. Ele é fruto também de um Brasil
que avançou rapidamente em apenas 10 anos (Governo Lula).
S e u p a d r i n h o ( Va n d e r l e i P e d r o s o ) é c a s a d o c o m s u a t i a e m a d r i n h a d e
batismo Adriana Pedroso – titia Nana – que como as Grandes Mães de toda
família negra sempre tem doces, surpresas e presentes para todos os seus
afilhados e sobrinhos.
29
Saiba Mais

A ILUSTRADORA

C
laudia Silva é pedagoga, psicopedagoga e
especialista em educação há quase trinta anos.
Diretora do Colégio Odila Azevedo, o qual leva o
nome de sua bisavó, ela faz desenhos e pinturas sempre
que pode. Nascida na Capital de São Paulo, recebeu o
título de cidadã caieirense pelas importantes ações
realizadas em educação no Município de Caieiras. Gosta
de praticar esportes e já foi atleta da federação brasileira de
basquetebol representando a seleção do município que a
acolheu como cidadã e filha natural. Hoje é atleta da
federação de judocas do estado de São Paulo. Seus
primeiros alunos na educação infantil hoje são
profissionais de diferentes campos de atuação e sempre se
lembram dela como pessoa sensível, determinada,
carinhosa e exigente. É casada e mãe de dois
adolescentes.

30
SEREIA DANDARA NA
CACHOEIRA DE OXUM

31
Lá vem ela,
Lá vem ela Sereia Dandara
Na Cachoeira d'Oxum
Ela embala
Criança para boi dormir
Ela embala pequenos príncipes e
princesas negras
atravessando do Orum ao Aiyê
Não os deixa cair
Mensageira de Deus
A preferida para realizar as obras
do Amor Divino
Sereia Dandara é Rio Rico
Puro e cristalino
Como o Nilo na África
acolhe todos seus filhos
É no canto da sereia
É no canto da sereia

32
É no canto da Sereia de Oxum
que eu vou me banhar
No calor e na graça da Sereia de Oxum
No amor e na graça da Sereia de Oxum
No amor e na graça da Sereia de Oxum
eu vou me banhar
Lá vem ela
Ela vem
Mensageira de Deus,
Ela vem Lá do Mediterrâneo
Ela sim esta lá
Como a Vênus de Milo no Palácio do Louvre
Na cidade das Luzes – Paris - ela é lá
Mensageira do amor e do canto
Da riqueza que tem seus encantos
Toda sorte Sereia me dá
Cachoeira de Oxum ela é lá
É também lá na Bahia ela é
Na Baia de Todos os Santos ela é lá

33
Em São Paulo e no Tocantins ela é

Na Baia de Hudson também ela é lá

Ela é, ela é, ela é

Ela é lá, ela é, ela é lá

É Sereia do Amor ela é

Ela é, ela é lá, ela é

O amor ela é ela é

Graciosa ela é ela lá

34
Amorosa correndo para o mar
É a filha mais querida de Zeus
Afrodite na Grécia
esse nome alguém deu
Mas para nós é preciso saber
sim senhor
Que Dandara é Sereia da África Cor
Cor do Egito que fica na África Sim
Das princesas e rainhas ela é sim
De Cleópatra e Azantewa
É princesa
Filha de Iemanjá
Ela é uma pequena
Ela é
Ela é uma menina
Ela é
Seu cabelo é tão preto
Como ela é

35
É Lanoso, Cacheado, Enrolado,
E também fio a fio bem Trançado
Escorrido, Meio Liso, Adornado
Pelo amor de Iemanjá
Coroado
Essa linda cabeleira ela tem
Toda crespa lanosa que faz tanto bem
As crianças sempre adoram brincar
Pondo as mãos em seus fios
para melhor se ninar...
Cabeleira de Sereia ela tem
Negra Luz com muito brilho e fulgor
Ela luta como Ogum em pleno ar
Ela dança no Céu do Congá
Ela ri com a elegância dos reis
Dinastia de onde ela vem
Ela ri com doçura e força no olhar
Tem espelho na mão, mas sabe guerrear

36
Quem cuida das obras de Deus
tem que ser Forte, firme e
brilhante em seu ser
Ela é
Ela é
Ela é
Ela é lá,
Ela é lá
Ela é
No museu do Quai Branly (Jacques Chirac)
em Paris, ela é lá.
De muitos nomes, modos e imagens,
Ela é lá...
E seu nome Dandara ela é
E seu nome Dandara ela é lá
Ri Dandara na Cachoeira d'Oxum
Ri Dandara na Cachoeira do Amor
Toda moça menina é Dandara também
Graciosa Sereia do Amor e do Bem

37
Negra cor
Negro ardor
Tão bendito
Que vem do Orum
Veja bem
Só quem tem
Dinastia de Rei e Senhor
Feminina mulher, mas também põe o pé
Numa roda de capoeira ou judô
Ela voa com seu corpo por sobre
o rio e o mar
Porque deusas também sabem sempre lutar
Para ver o seu fruto nascer
Para ver o amor florescer
Ri Dandara que sempre vai encontrar
Seus caminhos são de Deus Pai Oxalá
Desaguando no mar de mamãe Iemanjá
Ela é filha doce, mas também é mamãe

38
De menino pobre e de rico também
Ela olha com graça a vida a raiar
Vive a vida com a alegria dos seus
Ela é rica na Glória de Deus
Ela está em Paris ela está
Nessa Glória do Senna Ela é lá
Nossa Senhora da Glória Eri Yéyé ó !!!
Foi quem fez de Iansã também Rainha
Protegida por quatro orixás
Oxóssi
Obaluaiê
Ogum
Xangô
Mas só Oxum foi quem imortal a tornou
Viva a força da Sereia!
Viva a força das Sereias!
No Brasil elas são muitas a caminhar
No passeio d'Iansã e também de Iemanjá
São meninas Sereias elas são
39
Fortes são como Imortal Orixá
Vencem o medo
A Tempestade
E o Terror
Porque são todas elas banhadas no Amor
No amor e no canto da Sereia Oxum
Dandarinha guerreira não é pra qualquer um.
Ela é doce menina e sempre será
Coroada de brilho nasceu para brilhar
Ela brilha no céu esplendor
Ela brilha no olhar do Senhor
Ela é boa menina de Deus
Ela é boa filha, irmã e amiga
Quem precisou dela algum dia que o diga
Foi na força de Oxum
que Iansã Orixá começou
A guerreira humana que se tornou imortal
Só o amor com esse dom vai fazer

40
Brilha o Sol de Oxum no Aiyê
Brilha o Sol do Orum ao Aiyê
Rio Senna que atravessa toda Paris
Notre Dame também és a ti
Est à vous
Est à vous
Est à vous
Tout le monde
Tout les gens sont à vous
Seja aqui, seja lá, acolá
Quem de amor não nasceu Morrerá
Corre o leito do Rio para o Mar
Moisés ela também acolheu
Em seu Rio que embala os reis
Milenar como o Nilo em “Áfricas” ela está
Fertilizando todo lugar que tocar
É a Vida e a Luz
Toda menina de “Áfricas” é
Muita luz

41
Para saber ler as letras
dos que estão a mandar
Estuda sempre e se dedica também
Porque princesa não pode mal se comportar
Atravessa o Arco Iris de Oxumaré
Que é conhecimento e liberdade em Fé
E no fim do Arco Iris
você sabe bem o que tem
Cai a água
Para você, sempre tem,
E também para quem atravessar
Sereia Dandara na Cachoeira d'Oxum
Não se importe com a chuva
que vem do Orum
Para você, sempre tem,
E também para quem atravessar
Sereia Dandara na Cachoeira d'Oxum
Não se importe com a chuva
que vem do Orum
42
também a lhe abençoar
Vovózinha que está por você a rezar...
Saibam todas as Sereias:
Elas não são para qualquer um!!!
Sereia Dandara na Cachoeira d'Oxum
Segue a fonte
Esconde a fronte de quem não lhe respeitar
Sai de cena,
Muda a arena
Pois no Alto você sempre estará
Ouça o canto da Sereia no Mar
Iemanjá nossa mãe sempre vai ajudar
As mulheres de “Áfricas” são sempre assim
Poderosas guerreiras, Suaves enfim...
Brilha a flor, Brilha o ar
Brilha o amor
Yansã e Obá
A espada elas têm
Toda mulher que são de “Áfricas”

43
tem também,
A beleza, o espelho
E tranquilidade de Iemanjá e Oxum
Também tem
E riqueza com fé nunca vai lhes faltar
Sabedoria de Nanã
Tem também
E mistérios de moça iguais aos de Ewà...
Toda moça de “Áfricas” tem
Cachoeira de Oxum tem também
Corredeiras que correm para o Mar
É Sereia Dandara a bem caminhar
Na doçura da Deusa que vai comandar
Com firmeza e sutileza
Ela vai dobrar os desencantos
E fazer surgir para todos viventes
Um novo periodo, um novo tempo,
Que o mundo precisa come ar
a embalar e cantar
44
Um canto de amor, solidariedade e prazer
Felicidades para todos do Aiyê
É o canto das Sereias a Cantar
Esse canto na voz imperar
É Sereia tão forte e vai vencer!
São sereias guerreiras a ficar!!!
Ouçam os cantos das Sereias...
Ouçam os cantos das Sereias...
Dessa vez Ulisses não vai conseguir
E as Sereias nestes tempos decidirão o seu fim
Outra natureza comandara
Outra lógica de Amor se construirá
Brilha o canto da Sereia!
Salve o Canto da Sereia!
Dandara Sereia na Cachoeira d'Oxum!
Brilha Dandara, Sereia, na Cachoeira d'Oxum...
Do Aiyê para o Orum!
Céus na Terra, só mesmo com o poder de Oxum!

45
E as Sereias tem poder

Tem Valor

Novos valores para o Aiyê não se acabar

Sim

Salve a Sereia nas ondas do Mar!

Salve e Ave Sereias!

Nas Cachoeiras, Salve Sereias!

Sereias Dandaras na Cachoeira d'Oxum!!

46
ATIVIDADES DIDATICAS
DO CONTO-POESIA:
“SEREIA DANDARA NA
CACHOEIRA DE OXUM”

Atividades Para o Professor da Educação Infantil,


Ensino Fundamental e Médio de educação escolar
quilombola e relações étnicas e raciais.

47
1 – Responda conforme o texto e pesquisa adicional em biblioteca com
apoio de seu professor:

a) O que é mitologia?
b) Qual a origem do nome Dandara?
c) A Vênus de Milo e Afrodite são deusas da mitologia grega. Elas
fazem parte do Panteão religioso da civilização ocidental. Elas eram
mensageiras de Zeus – o grande Deus da mitologia grega. Faça uma
pesquisa com o professor de história e em bibliotecas sobre as
características destes deuses.
d) Oxum, é uma Deusa pertencente a civilização africana. Ela é a
mensageira da bondade de Oxalá – Deus da civilização africana: o amor.
Seus elementos de representação são os rios, as cachoeiras, os
peixes e o espelho. Retire do texto lido as características desta deusa
e também faça uma pesquisa nas bibliotecas e com o professor de
história para verificar o que consta nos livros sobre esta deusa da
mitologia africana trazida pela diáspora.
e) Para você, de acordo com a poesia-conto, quem é Sereia Dandara
na Cachoeira de Oxum? Qual a identidade e personalidade dela de acordo
com a poesia?

2 – Leia e Responda:

a) O que Vênus, Afrodite e Oxum tem de semelhante?


b) De onde vem as Deusas Afrodite e Vênus?
c) De onde vem a Deusa Oxum?
d) Porque a mitologia é importante para conhecer a cultura do
mundo?

3 – Para refletir com o professor de Filosofia.

a) Religião e mitologia são a mesma coisa?


b) A religião é fruto da mitologia?
c) Para você: quem é a Sereia Dandara na Cachoeira de Oxum?
d) Qual o papel da cultura na formação das estruturas sociais e de
pensamento de um povo ou nação?

48
4 – Sua opinião em grupo:
(reúna-se com os colegas, discuta, tire uma conclusão e escreva
sobre esta conclusão)

a) Ulisses foi um personagem da mitologia grega (Ilíada de Homero)


que tinha medo das sereias. Ele sabia do valor das sereias e tampou os
ouvidos de seus marinheiros com cera para que eles não ouvissem o belo
canto das sereias na travessia do mar. Eles, na antiguidade de Ulisses,
consideravam que as sereias eram poderosos monstros que poderiam
leva-los a morte e por isso era preciso manter distância delas...Conforme
a poesia que você leu: quem são as sereias e qual mensagem elas nos
deixam?
b) O texto Sereia Dandara na Cachoeira de Oxum traz que tipo de
mensagem para vocês?
c) Vocês conseguem relacionar alguma passagem do texto com a
vida do cotidiano de vocês ou de pessoas que vocês conhecem? (As
pessoas podem ser de seu ambiente de amigos e família, de filmes, de
noticiários, de ideias que você já viu, ouviu ou viveu)

5 – Olhando o mapa mundo com o professor de geografia:


Localize: Onde fica o ocidente? Onde fica a África? Onde fica o Oriente?

6 – Qual região e nome do local que você mora, conforme o mapa


do mundo?

a) Esta região possui influencias do ocidente, do oriente e/ou


da África? Responda justificando.

7 – Você tem medo ou conhece alguém que tenha medo dos deuses
da mitologia grega que pertencem a civilização ocidental? (Como as
deusas Afrodite, Vênus, Zeus e o guerreiro Ulisses?)

8 – Você tem medo ou conhece alguém que tenha medo dos deuses
da civilização e cultura africana? (Como Oxum, Oxalá, Obaluaiê, Xangô?)

49
9 – E as meninas brasileiras e da diáspora: na sua opinião são
parecidas com Sereia Dandara na Cachoeira de Oxum? Cole fotos e
imagens de garotas e meninas que são na sua opinião como a
personagem principal da poesia.

10 – Faça um quadro com seus colegas em forma de desenho e pintura,


as passagens que vocês mais gostaram do conto poético “Sereia
Dandara na Cachoeira de Oxum” e exponha na classe comunicando a
mensagem do quadro para seus colegas e professor.

Geografia: um dos mais importantes Rios para a civilização humana é o


Rio Nilo. O Rio Senna é um rio cultuado por muitas pessoas por sua
beleza. Em que continente e pais ele esta localizado?
Na Bahia e no Nordeste, quais são os Rios mais importantes e que você
pode contar uma bonita historia para todos os povos do mundo?

Dica da autora: Na poesia quisemos trazer a noção da identidade para


as meninas e crianças negras a partir de suas origens e universo de
sentidos. Em um mundo no qual a estética expressada na poesia é
quase inexistente no universo infantil, acreditamos que este é um
modo viável de aproximar as crianças da diáspora negro africana da
sua realidade objetiva e subjetiva.

Moral Poética: No universal se encontra o individual. No singular o plural.


No coletivo o particular. No subjetivo o objetivo. O desafio da identidade
é habitar a igualdade na diferença.

50
Saiba Mais
A ILUSTRADORA

D
andara Roberta é uma adolescente de 14 anos. Forte,
inteligente, alegre, bonita e determinada. Gosta de
animais, principalmente suas cachorras Mirô e Fiona, e
também de viajar, brincar e aproveitar as coisas boas da vida, como
por exemplo ficar no aconchego de seu lar com sua mãe, pai e irmão.
É carinhosa com seus avós e faz gostosos bolos para o café das
tardes de domingo em família. Possui o dom das artes em geral:
desenhos, pinturas, dança e música. Desde os dois anos de idade
gostava de cantar. É judoca desde os doisanos, ela foi em 2013 vice-
campeã regional do estado de São Paulo na sua categoria de
competição (peso leve), e participa sempre de competições e
campeonatos. Pratica a dança zumba e não gosta de perder seus
treinos de judô. Boa aluna na escola, tira notas boas quase sempre.
Quando suas notas caem, pede ajuda para sua mãe e professores,
deixa algumas atividades e se dedica um pouco mais. Os desenhos
fazem parte de sua vida. Pois é uma terapia diante das tantas coisas
que vive... Ela é filha de Claudia Silva.

51
Saiba Mais

A Autora

R
egina Marques é psicanalista. Mestre e Doutora em

Psicologia Social. Fez pós doutorado no Instituto dos

Mundos Africanos em Paris com a pesquisa Saúde

Mental nas Populações Negras e Indígenas. Professora da

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia no curso de psicologia

e Mestrado em Relações Étnicas na Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia. Apaixonada pela Baía de Todos os Santos.

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