Sobre o Número de Números Primos menores que

uma Dada Quantidade.

(Ueber die Anzahl der Primzahlen unter einer
gegebenen Grösse.)

Bernhard Riemann
Traduzido por David S. Macedo
Versão Preliminar: Setembro de 2013

[Monatsberichte der Berliner Akademie, Novembro de 1859.]

Eu acredito que possa melhor transmitir os meus agradecimentos pela honra

que a Academia tem em algum grau conferido a mim, pela minha admissão como um
de seus correspondentes, se eu rapidamente fizer uso da permissão assim recebida
para comunicar uma investigação sobre a acumulação dos números primos; um tópico
que talvez não pareça totalmente indigno de tal comunicação, dado o interesse que
Gauss e Dirichlet têm eles mesmos mostrado nele durante um longo período.
Para esta investigação o meu ponto de partida é fornecido pela observação de
que o produto de Euler

se alguém substituir por p todos os números primos, e por n todos os números

inteiros. A função da variável complexa s, que é representada por estas duas
expressões, onde quer que elas convirjam, eu denoto por ζ(s). Ambas as expressões
convergem apenas quando a parte real de s é maior do que 1; ao mesmo tempo uma
expressão para a função pode facilmente ser encontrada a qual permanece sempre
válida. Ao fazer uso da equação
alguém primeiro vê que

Se alguém agora considerar a integral

de a tomada num sentido positivo em torno de um domínio, o qual inclui o

valor de 0, mas nenhum outro ponto de descontinuidade do integrando no seu
interior, em seguida, esta é facilmente vista ser igual a

desde que, na função multivalorada , o logaritmo de –x é

determinado de modo a ser verdadeiro quando x é negativo. Por isso

onde a integral tem o significado apenas especificado.

Esta equação dá agora o valor da função de ζ(s) para todos os números
complexos s e mostra que esta função é univalorada e finita para todos os valores
finitos de s, com exceção de 1, e também que é zero se s for igual a um negativo
mesmo inteiro.
Se a parte real de s for negativa, então, em vez de ser tomada em um sentido
positivo ao redor do domínio especificado, esta integral também pode ser tomada em
sentido negativo em torno desse domínio que contém todas as quantidades complexas
remanescentes, uma vez a integral tomada apesar de valores de infinitamente grande
módulo é então infinitamente pequena. No entanto, no interior deste domínio, o
integrando tem descontinuidades apenas onde x se torna igual a um múltiplo inteiro
de , e a integral é, portanto, igual à soma das integrais tomadas num sentido
negativo em torno destes valores. Mas a integral em torno do valor é
, alguém obtém a partir desta

assim uma relação entre ζ(s) e ζ(1 – s), o qual, através da utilização de propriedades
conhecidas da função, pode ser expresso como se segue: