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Das meninas de 10 a 14 anos que se tornaram mães no período, houve notificação de estupro
em 3.276 casos. Desse total, 21,8% tiveram parto prematuro, 53,4% começaram tardiamente a
fazer o pré-natal e 17,4% dos bebês nasceram com baixo peso.
Por conta do racismo, do machismo e das estruturas sociais, as meninas negras estão em
maior desvantagem.
“ A leitura que me submeto a pensar é que precisamos fala de saúde da população negra, para
além dos consultórios. Precisamos falar de ações sociais que dialoguem a favor da luta contra
o racismo. É preciso pensar essas situações como problema de saúde pública”, diz a diretora
de Políticas Sociais do Sindicato dos Psicólogos de Estado de São Paulo, a psicóloga e militante
do negro, Cinthia Cristina da Rosa Vilas Boas.
De acordo com ela, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública indica em 2015 foram
registrados o equivalente a um estupro a cada 11 minutos. Cerca de 70% das vítimas de
estupro são crianças e adolescentes. Quem mais comete o crime são homens próximos às
vítimas, segundo dados do Ipea de 2011. “Trabalhando na política do SUAS no município de
Campinas, em alta e média complexidade pude notar em vários atendimentos e processos
históricos escritos e contados que essa realidade não se alterou. Esses crimes continuam
sendo praticados pelos homens, porém agora não são somente os próximos. Os casos de
estupro acontecem em vários locais, dentro e fora das residências. Essas especificidades criam
características especificas que apontam para luta a favor do Estatuto da criança e do
adolescente (ECA).”
Nem todos os casos são notificados, nem todos os casos são registrados. Nem todas as
delegacias da mulher funciona e quando funciona, são com trabalhadores homens que
reproduzem a mesma lógica machista, perversa e violenta, com que acontecem os estupros.
Acredito que as politicas sociais tem um importante papel nessas estatística, porém o Estado
não se responsabiliza em fazer acontecer essas politicas, e muitas vezes se isenta e não
permite que o controle social atue, impedindo assim seu acontecimento efetivo.
Mães adolescentes 10 a 14 anos Nascidos vivos entre 2011 e 2016: 162.853 Negras: 67,5%
Brancas: 19,2 Solteiras: 74,7% Casadas ou em união estável: 23,2%
Mães adolescentes 15 a 19 anos Nascidos vivos entre 2011 e 2016: 3.125.746 Negras: 63,3%
Brancas: 24% Solteiras: 61,7% Casadas ou em união estável: 36,8%
Maternidade e notificação de Estupro Mães de 15 a 19 anos 7.538 nascidos vivos de mães com
notificação de estupro entre 2011 a 2016 As mães com notificação de estupro tiveram: • maior
percentual de parto prematuro (15,4%); • início tardio do pré-natal: somente 63,3% iniciaram
o pré-natal no primeiro trimestre de gestação; • menos consultas pré-natal: 48,3% realizam
sete ou mais consultas de pré-natal; • maior proporção de bebês com baixo peso ao nascer
(12,3%) e com Apgar de 1º minuto na faixa de 0-3 (1,9%).
Diretora de Políticas Sociais do Sindicato dos Psicólogos de Estado de São Paulo, a psicóloga e
militante do negro, Cinthia Cristina da Rosa Vilas Boas,
Ela lembra que o estupro, que é uma agressão, é a segunda maior causa de morte de
adolescentes, perdendo apenas para acidentes de transporte terrestre. “Se levarmos o
significado da palavra ao pé da letra, violência é a qualidade do que é violento, ação ou efeito
de empregar a força física ou intimidação moral, sobre outras pessoas. Com isso cria-se
características para as tais ditas violências. Temos a violência interpessoal, a consideradas
entre as relações mais próximas familiares, dentro ou fora de casa em varias s etárias da vida;
a autodirigida, a considerada contra si mesma; e a coletiva, que acomete grupos maiores”. Ela
lembra que as violências não acontecem sozinhas, elas estão interseccionadas com várias
conjunturas sociais como desigualdades sociais e econômicas, racismo, machismo, lgbtfobia
entre outros. Sendo assim, as violências podem ser de cunhos físicos, sexuais, psicológicos,
domésticos, emocionais, verbais, financeiros. A vergonhosa prevalência da violência contra as
mulheres no Brasil é histórica. É a famosa violência disfarçada de amor, de ciúmes doentio e
patológico. O Estupro, o coito forçado, ou a violação do direito ao prazer e desejo, é uma
agressão. O não consentimento ao toque no corpo, sobre tudo das mulheres, também é uma
violência. Violência esta que trás vários sofrimentos psíquicos. Nesse sentindo, acredito que há
varias causas de mortes, e aqui cito a morte psíquica. Quando a mulher já não quer mais saber
de si, da convivência com outras pessoas, do isolamento, é uma morte. Talvez não esteja entre
as principais violências ditas. Porém se pensarmos as causas de mortes atuais, notamos que
elas não vem associadas as ações anteriores, aos dados de violência interpessoal, por exemplo.
As principais causas de mortes entre adolescentes brasileiros de 10 a 15 anos são, violência
interpessoal, acidentes de trânsito, afogamento, leucemia e infecções respiratórias. Já jovens
na faixa de 15 a 19 anos morrem em decorrência de violência interpessoal, acidentes de
trânsito, suicídio, afogamento e infecções respiratórias. Estes são dados de 2015 do IPEA.
Cerca de 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes. Quem mais comete o crime
são homens próximos às vítimas, segundo dados do Ipea de 2011. Trabalhando na politica do
SUAS no município de Campinas, em alta e média complexidade pude notar em vários
atendimentos e processos históricos escritos e contados que essa realidade não se alterou.
Esses crimes continuam sendo praticado pelos homens, porém agora não são somente os
próximos. Os casos de estupro acontecem em vários locais, dentro e fora das residências. Essas
especificidades criam características especificas que apontam para luta a favor do Estatuto da
criança e do adolescente (ECA).