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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

Quando nos referimos à alfabetização nessa perspectiva mais linguística, Não podemos
nossa intenção não é resgatar o ensino das cartilhas, que veem o método esconder as crianças
somente. Não podemos esconder as crianças atrás das letras ou dos métodos, atrás das letras ou
nosso foco está em suas aprendizagens quanto à leitura e à escrita e seus dos métodos, nosso
sentidos construídos socialmente. foco está em suas
aprendizagens
quanto à leitura e
à escrita e seus
sentidos construídos
Sugestão de livros de conhecimentos linguísticos e práticos de
socialmente.
alfabetização

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Bá-Bé-Bi-Bó-Bu.


São Paulo: Editora Scipione, 2002.

_____. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Editora Scipione,


2000.

Atividade de Estudos:

Vimos algumas distinções entre alfabetização e letramento.


São dois processos diferentes que se complementam quando
concebemos a linguagem como interação, diálogo, práticas sociais,
conforme estudamos no capítulo I.

Figura 6 - Frase ilustrada sobrea a escrita

1) O que você entende por letramento?


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2) O que é alfabetização?
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Fonte: Disponível em: <http://frasesilustradas.wordpress.


com/page/27>. Acesso em: 20 out. 2011.

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

Algumas Considerações a Cerca da


Alfabetização
Nosso papel não é promover a alfabetização, em defesa do sistema
convencional da escrita, ou o letramento, reforçando a importância dos usos
sociais da leitura e da escrita. Muito pelo contrário, para a aprendizagem da
língua escrita é essencial que os dois processos caminhem simultaneamente,
embora sejam

[...] de natureza fundamentalmente diferente, envolvendo


conhecimentos, habilidades e competências específicos,
que implicam formas diferentes de aprendizagens e,
consequentemente, procedimentos diferenciados de ensino.
(SOARES, 2003a, p.15).

Nesse sentido, a autora também propõe:

1) reconhecer a alfabetização como um processo específico de apropriação e


aquisição do sistema da escrita, alfabético e ortográfico;

2) alfabetizar num contexto de letramento, desenvolvendo habilidades de uso


da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a escrita, com
Alfabetizar
num contexto atitudes positivas em relação a essas práticas;
de letramento,
desenvolvendo 3) entender que tanto a alfabetização quanto o letramento têm diferentes
habilidades de uso da naturezas, conforme já explicamos, o que implica metodologias diferentes:
leitura e da escrita nas na alfabetização, por exemplo, o ensino é direto, explícito e sistemático,
práticas sociais que enquanto que no letramento, é incidental, indireto, subordinado a
envolvem a escrita, possibilidades e motivações das crianças;
com atitudes positivas
em relação a essas 4) rever a formação de professores das séries/anos iniciais do ensino
práticas. fundamental para estudar e melhorar a aprendizagem inicial da língua
escrita nas escolas brasileiras.

Podemos concluir que as práticas de alfabetização e de letramento exigem


um olhar diferenciado do professor, as primeiras são mais sistematizadas,
enquanto que as de letramento são contextualizadas social e culturalmente.

Poderíamos finalizar dizendo que alfabetizar letrando é oportunizar às


nossas crianças o domínio do código escrito e a adequação oral e escrita às
situações diversas de comunicação, dentro e fora da escola.

E para contemplarmos tanto o alfabetizar quanto o letrar, os gêneros


orais e escritos podem ser “instrumentos” de grandes descobertas e novas

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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

aprendizagens, não para serem estudados em suas características ou


estruturas textuais, tão somente, mas para seus devidos usos sociais,
conforme já acentuamos no capítulo anterior.

Práticas de Letramento e de Alfabetização


Segundo Barbato (2008, p. 46),

[...] é importante que os planejamentos e as práticas de ensino


considerem o que é significativo para o aluno: as práticas de
cultura da comunidade da qual faz parte, introduzindo outras
práticas próprias da escola. Agindo assim, a escola passa
a ter uma postura inclusiva, tendo como início do trabalho
o reconhecimento de práticas culturais que a criança traz e
construindo novas formas de resolver os problemas.

A mesma autora aponta também para a importância do professor ouvir


seu aluno de modo sensível às diversas maneiras de aprender e produzir
conhecimento.

Veremos, mais adiante, no capítulo IV, práticas de letramento e de


alfabetização, desde a etapa do planejamento até a avaliação. Poderemos
perceber o quanto a participação dos próprios alunos já no planejamento é
uma atitude que valoriza a inclusão de todos nos processos de ensinar e de
aprender.

Recomendamos a leitura dos volumes

1 e 2 da SÉRIE ENSINAR LEITURA E ESCRITA NO ENSINO


FUNDAMENTAL:

Falar, ler e escrever em sala de aula: do período pós-


alfabetização ao 5º ano. Stella Maris Bortoni-Ricardo, Maria Alice
Fernandes de Sousa. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

Integração de crianças de 6 anos ao ensino fundamental.


Silviane Bonaccordi Barbato. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

Os seis episódios narrados no volume 2 são transcritos de


dados coletados com professores e crianças de 6 anos do
1º ano de alfabetização da rede pública do Distrito federal. O
1º episódio apresenta um evento de letramento em que duas
meninas brincam de vendedora e compradora de produtos
de beleza. O 2º e o 3º episódios estão relacionados, pois
registram comentários da professora, que tenta relacionar
“bagunça” com o processo de ensino-aprendizagem e o
uso da fala egocêntrica por um menino a partir do trabalho
da professora no quadro. No 4º, 5º e 6º episódios, meninos
desenvolvem atividades espontâneas de comparação de
imagens e brinquedos. (BARBATO, 2008, p. 11)

Os volumes nos trazem informações com fundamentação teórica em torno


da linguagem, subsidiando o ensino da língua materna no ensino fundamental;
fornecem sugestões de atividades para a sala de aula; facilitam aos professores
a preparação de aulas, aliando teoria e prática; além de orientar pesquisas
etnográficas que os docentes poderão aproveitar em suas comunidades e
investigações bibliográficas.

No site a seguir você encontrará jogos e materiais didáticos


que poderá confeccionar com os alunos em sala de aula.
http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/jogosalfa.htm

A criança de 6 Anos...
A criança chega hoje na escola brasileira com 6 anos, em conformidade
com a lei que amplia de oito para nove a duração do ensino fundamental. Essa
criança que outrora era da educação infantil passa a integrar a escola. Vale
ressaltar que precisamos ter um olhar mais sensível e menos escolarizado
para essa criança e lembrar que sua linguagem ainda é a brincadeira, ou seja,
é interessante enxergar o mundo sob a ótica da ludicidade.

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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

LEI Nº 11.274, DE 06 DE FEVEREIRO DE 2006.

Altera a redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394,


de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos
para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6
(seis) anos de idade.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-


2006/2006/Lei/L11274.htm>. Acesso em: 10 out. 2011.

Como nesta fase a criança gosta de se expressar pelo desenho, podemos


Não basta ler ou
nos apropriar dessa linguagem em atividades de sala de aula para trabalhar
ouvir passivamente,
a construção da escrita e da leitura. Por exemplo, ela poderá recontar uma
nossa escuta e
história, desenhando os personagens, a sequência dos fatos, o cenário (lugar
leitura precisam estar
onde acontece a história) e explicar oralmente os seus desenhos para a ativadas, antenadas
professora, que, por sua vez, poderá ser o “escriba” e anotar as informações na fala, para que
no trabalho da criança. Também é possível desenhar objetos, animais, a resposta seja
brinquedos, amigos etc e depois nomeá-los. Nesse processo as crianças irão adequada.
construindo suas hipóteses de escrita. É importante que esses momentos
de comunicação sejam dialógicos. “Desde o início, porém, o enunciado se
constrói levando em conta as atitudes responsivas, em prol das quais, ele, em
essência, é criado” (BAKHTIN, 2003, p.301). Pensando assim, não basta ler ou
ouvir passivamente, nossa escuta e leitura precisam estar ativadas, antenadas
na fala, para que a resposta seja adequada, podendo haver concordância,
discordância, complementação, silêncio, observando sempre o contexto social
no qual a interação acontece.

Quando o professor participa, lendo o que o aluno escreveu em voz alta


e discutindo com ele os sons e as partes da palavra, produz um retorno,
oferecendo as condições para que ele possa comparar, produzir analogias e
novos elementos explicativos sobre como funciona a escrita. Essas estratégias
têm surtido efeito, os alunos aprendem, passando de pré-silábicos para
silábicos e silábico-alfabéticos ao longo do primeiro ano do ensino fundamental.
(FERREIRO, 2000)

A sala de alfabetização poderá ser bem sugestiva, motivadora de leituras e


de escrita, despertando não só o interesse da criança, mas também oferecendo
estímulos, recursos e informações para a construção do conhecimento

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

coletivo e também individual. Vários tipos de letras, murais relacionando, por


exemplo, som e letra, palavra e figura, quadro de recados, alfabeto móvel,
jogos como boliche de palavras, bingo, cartaz de aniversariantes (com os
nomes dos colegas da turma), calendário, cartaz da rotina do dia, mapas
Uma sala sem
recursos desfavorece localizando a sala na escola, ou a escola na rua, ou o município no estado,
a ativação mental e parlendas e assim por diante. Ter um ambiente que motive a alfabetização, o
a interação entre o letramento e a ludicidade é proporcionar à criança o contato com diferentes
professor e os alunos, materiais e estímulos, enriquecendo as possibilidades de interação e produção
entre a turma e os do conhecimento. Uma sala sem recursos desfavorece a ativação mental e a
diversos gêneros que, interação entre o professor e os alunos, entre a turma e os diversos gêneros
por sua vez, têm uma que, por sua vez, têm uma função social. Como uma criança irá construir
função social. sentidos para as práticas de leitura e de escrita se não tiver estímulos visuais,
sonoros, lúdicos?

As atividades planejadas e realizadas pelo professor e pelas crianças


precisam promover a interação, o diálogo, o uso de diferentes gêneros
textuais e discursivos, o trabalho com os sons, as letras, as palavras, além
do trabalho em grupo, em duplas. Devem ser também muito bem planejadas
e contextualizadas, levando em consideração os conhecimentos prévios da
turma. Algumas sugestões:

• Jogo de memória relacionando a palavra com o desenho.

• Dominó associando uma figura com o seu som e letra iniciais.

• Brincar com os sons através de parlendas, poemas e rimas, trava-línguas,


canções...

• Contar histórias imitando barulhos, ou seja, fazer sua sonoplastia.

• Promover a escrita espontânea.

Veja, a seguir, o poema de Cecília Meireles. Com sua leitura, podemos


“brincar” com a letra C e seu som, além de se “encantar” com a sonoridade
das rimas...

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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

Colar de Carolina

Com seu colar de coral,


Carolina
corre por entre as colunas
da colina.

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor


do colar de Carolina,
põe coroas de coral

nas colunas da colina.

(Grifos nossos)

Fonte: Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/


ceciliameireles05.html>. Acesso em: 21 out. 2011.

Segue abaixo um texto que descreve o projeto intitulado “A


Sacola Viajante”, criado e desenvolvido pela professora de 1º ano
Monica Weingärtner Otte, numa instituição particular de Blumenau,
SC. É uma atividade que envolve a leitura e a escrita, de forma
lúdica, incluindo a participação das famílias. As crianças socializam
entre si suas produções escritas e também ilustram a própria
sacola, representando a si próprios com desenhos, fotos e nomes.

Figura 7 – Sacola Viajante

Fonte: as autoras.

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

Sou a “Sacola Viajante” e quero fazer um convite bem especial


para você e sua família. Comigo, vocês poderão viajar pela
imaginação, desvendar diferentes mundos, registrar experiências
e ler muito...

Curiosa, adoro passear pelas casas das crianças e conhecer


suas histórias! Gostaria de ser apresentada às famílias, pois
acredito que família é a melhor coisa que existe no mundo. É com
ela que aprendemos a amar!!!

Dentro de mim tem um caderno: como se fosse um cérebro.


Nele guardo palavras, desenhos, fotos, colagens, pinturas, frases,
histórias, lembranças, emoções. Como acompanharei você num
final de semana, é sua chance de completar o caderno e deixar
meu cérebro cheio de boas lembranças.

Também carrego responsabilidade, respeito ao próximo,


vontade de dividir as coisas boas com os outros, desejo de ser
cada vez melhor.

Participe da minha vida e registre, do seu jeito, o que você


considera importante. Peça ajuda a sua família, use a criatividade
e viaje comigo.

Um abraço, da sua companheira,

Sacola Viajante

“Entre as heranças simbólicas que passam de pais para filhos,


certamente, é de inestimável valor a importância dada à ficção no
contexto de uma família. Afinal, uma vida se faz de histórias – as
que vivemos, as que contamos e as que nos contam.” (CORSO;
CORSO, 2006, p. 23). Este texto seguiu na primeira página do
caderno de produções escritas que fica no interior da sacola.

É Importante utilizar estratégias que envolvam a família da


criança que está aprendendo a ler e a escrever.

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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

É bastante estimulante para a criança interagir, principalmente com a É bastante


família, quando está construindo sua identidade de leitor e autor. Cabe ao estimulante para
professor criar estratégias que favoreçam tal interação, pois isso potencializa os a criança interagir,
sentidos entendidos e produzidos em relação aos processos de alfabetização principalmente com
e letramento. a família, quando
está construindo
O jogo também pode ser uma prática de alfabetização e de letramento, sua identidade
de leitor e autor.
porém precisa ser bem planejado, com objetivos claros, que atendam às
Cabe ao professor
necessidades e aos interesses da turma. Leia a aproveite a proposta abaixo.
criar estratégias
que favoreçam tal
interação, pois isso
Jogo Indicado para a Apropriação da Escrita potencializa os
sentidos entendidos
Alfabética e produzidos em
relação aos processos
A prática de jogos em sala de aula é uma excelente oportunidade para de alfabetização e
a reflexão e a aprendizagem, inclusive para o professor. Contudo, o jogo letramento.
deve ser bem selecionado para atender aos objetivos propostos para aquela
É fundamental que
determinada aula, contextualizando-o com as demais atividades. Uma aula com
haja um registro
jogo deve ser bem planejada, motivada, mediada e registrada pelo professor. das facilidades e
É fundamental que haja um registro das facilidades e dificuldades que o jogo dificuldades que o jogo
promove, pois o docente poderá pensar em “modificar” o jogo ou confeccionar promove.
outro que atenda melhor às necessidades individuais ou da turma.

As sugestões dadas nesse caderno podem ser adaptadas


às diferentes realidades, bem como servirem de inspiração, de
modelo para o professor colocar em prática a sua criatividade.

Agora, veremos um jogo que poderá ser aproveitado por você. Lembramos
que todas as sugestões propostas neste Caderno podem ser adaptadas às
diferentes realidades, bem como servirem de inspiração ou referência para
colocar em prática novas ideias, recursos ou estratégias, fazendo uso de sua
criatividade e de seu conhecimento da turma.

a) O jogo das vogais

Criação: Ana Célia Guimarães, Maria de Fátima Cavalcante Fernandes,


Sandra de Sousa da Silva, Sônia Melo da Silva e Vânia Maria das Chagas.

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

Objetivo pedagógico: Promover a reflexão sobre a escrita das palavras,


valendo-se, sobretudo, de uma análise fonológica das vogais que aparecem
em suas sílabas.

Componentes: 1 dado “de vogais”, com uma vogal em cada face e a última
contendo a figura de um rato; 22 cartelas de palavras, cartelas de vogais
avulsas.

Finalidade: Completar, primeiro, cinco cartelas de palavras.

Número de participantes: 2

Regras:

• As cartelas de palavras ficam empilhadas sobre a mesa, viradas para baixo.

• As cartelas de letras ficam espalhadas sobre a mesa.

• Inicia o jogo quem ganha no “par ou ímpar”.

• Perde a vez o jogador que sortear o rato no dado.

• O jogador da vez retira uma ficha de palavra e joga o dado. A vogal que for
sorteada deve ser retirada das cartelas de letras espalhadas.

• O jogador deverá confirmar se a letra da cartela preenche a lacuna vazia


ou não.

• Não utilizando a cartela de vogal, o jogador a retém, podendo utilizá-la em


outras rodadas.

• O jogador só poderá pegar outra cartela de palavras quando completar


corretamente a cartela de palavras que esteja em suas mãos.

• Ganha o jogo quem completar primeiro cinco cartelas corretamente, ou


seja, fazendo a correta colocação da vogal.

• Será permitido, durante o jogo, tirar dúvidas com o professor ou professora,


porém ele não pode dar as respostas.

Este jogo foi retirado do fascículo 5 de “O Lúdico na Sala de Aula: Projetos


e Jogos”, elaborado por Telma Ferraz Leal, Márcia Mendonça, Artur Gomes
de Morais e Margareth Brainer de Queiroz Lima, da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE. Este fascículo compõe o programa “Pró-Letramento,

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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

Alfabetização e Linguagem”, organizado pelo Ministério da Educação,


Secretaria de Educação Básica, Brasília, 2008.

O objetivo do material é auxiliar na formação continuada de professores


dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental. Às vezes, esses e outros
materiais, chegam nas escolas e não são lidos, nem consultados. Leia,
pesquise, faça a diferença como professor, pesquisador, leitor.

Atividade de Estudos:

Agora, inspire-se no cartoon de Luciano Rocha e redija um


pequeno texto. Observe o leitor que aparece na imagem. Qual é
a atitude dele? Lembre-se de relacionar suas ideias com o que
estudamos sobre alfabetização, letramento, interação entre leitor e
autos, leitura de mundo, práticas de letramento etc.

Figura 8 – Cartoon da leitura

Fonte: Disponível em: <http://luccianorocha.blogspot.com/2009/03/eleitos-


os-melhores-cartoons-do-mundo.html>. Acesso em 10 out.2011.

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

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Após o término sua produção escrita, estudaremos o letramento no


contexto escolar e suas múltiplas possibilidades...

Letramento Escolar
Figura 9 – Caderno de uma aluna de 3º ano

Fonte: As autoras.

Depois de compreendermos o que é alfabetização e letramento, e o


quanto um processo se vincula ao outro, precisamos repensar o papel da
escola, como um espaço social, repleto de diversidades culturais e individuais.
Entender a escola como instituição social que agrega múltiplas realidades e

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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

diferentes necessidades é considerar a criança e o seu contexto de vida. Se


nos importamos com os diversos contextos que as crianças trazem consigo,
e que compõem a comunidade escolar, estamos acreditando nos múltiplos
letramentos como possibilidades de aproximação entre os saberes do cotidiano
e os saberes escolares. O conceito de
letramentos múltiplos
O conceito de letramentos múltiplos é ainda um conceito é ainda um conceito
complexo e muitas vezes ambíguo, pois envolve, além da complexo e muitas
questão da multissemiose ou multimodalidade das mídias vezes ambíguo,
digitais que lhe deu origem, pelo menos duas facetas: a pois envolve, além
multiplicidade de práticas de letramento que circulam em
diferentes esferas da sociedade e a multiculturalidade, isto é,
da questão da
o fato de que diferentes culturas locais vivem essas práticas multissemiose ou
de maneira diferente. (ROJO, 2009, p.108-109). multimodalidade das
mídias digitais que lhe
A escola é, portanto, um espaço legitimado socialmente, com deu origem. (ROJO,
características e linguagens próprias, repleta de atividades educativas, regras, 2009, p.108-109).
normas e rotinas. O diário, a chamada, o conselho de classe, os boletins, as
avaliações, o recreio, caracterizam o ambiente escolar, contextualizando-o. É
necessário compreender a escola como um espaço institucionalizado, letrar-
se nela e através dela. Há muitos espaços de letramento social: universidades,
aeroportos, bancos... a escola é apenas um deles, reconhecida pela sociedade
como o lugar da alfabetização e do letramento.

Leite (2001, p. 64) define o letramento escolar como:

a ocorrência de eventos de letramento no contexto escolar,


construídos no processo de interação entre professor e
aluno, para que o aluno identifique a relação entre situações
de letramento durante as aulas de alfabetização e as
necessidades do uso da escrita no cotidiano.

Para inserir o aluno no processo de letramento escolar considerando as


práticas sociais, o professor precisa levar em conta a bagagem que a criança
traz consigo, ou seu conhecimento prévio, e construir propostas a partir Compreender o que
da leitura de mundo que contextualiza o aluno e que precede a leitura da se lê, fazer relações
palavra. Ler o mundo (Freire, 1997), compreender o que se lê, fazer relações acerca do que foi lido,
acerca do que foi lido, essas são algumas das competências que devem ser essas são algumas
desenvolvidas na escola, e isso não acontece somente nos primeiros anos das competências
de escolarização, mas durante todo o período escolar e, porque não dizer, que devem ser
durante toda a nossa vida. “[...] competências e capacidades abrangem desenvolvidas na
modos de fazer algo, processos mentais ou comportamentos como, por escola.
exemplo, saber ler e escrever, desenhar, costurar, dirigir um carro.” (PRÓ-
LETRAMENTO, 2007, p.15).

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

É preciso que, cada vez mais, a escola possibilite práticas de leitura e


de escrita que circulem na sociedade. Nesse sentido, não deveriam existir
conteúdos que circulam somente na escola, que não têm relação com
o cotidiano. Não nos referimos a uma educação reduzida, voltada a um
conhecimento utilitário, mas a práticas de leitura e escrita que possibilitem
a apropriação do sistema alfabético-ortográfico e o uso adequado dessas
práticas sociais.

Soares (2003b, p.92) nos coloca o quão ampla e complexa é a condição de


sermos leitores e autores efetivamente competentes, implicando habilidades
várias, como:

capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes


objetivos, para informar ou informar-se, para interagir com
os outros, para imergir no imaginário, no estético, para
ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para
divertir-se, para orientar-se, para apoio à memória, para
catarse...: habilidades de interpretar e produzir diferentes
tipos de gênero de textos; habilidades de orientar-se pelos
protocolos de leitura que marcam o texto ou de lançar mão
desses protocolos, ao escrever: atitudes de inserção efetiva
no mundo da escrita, tendo interesse e informações e
conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma diferenciada,
Portanto, a segundo as circunstâncias, os objetivos, o interlocutor [...].
alfabetização
e o letramento, As atitudes efetivas de inserção no mundo utilizando os múltiplos usos e
trabalhados no funções da escrita na sociedade possibilitam uma leitura crítica e levam o aluno
contexto escolar, a compreender como as relações sociais são representadas e construídas por
não são conceitos
meio da escrita. Ampliam também a compreensão do mundo, das relações
singulares, já que
sociais, políticas e econômicas.
existem os múltiplos
letramentos. (Rojo,
2009). As possibilidades de construir sentidos aumentam quando temos o domínio
da leitura e da escrita, porém é necessário também que sejam adequadas
às situações de comunicação vivenciadas. Portanto, a alfabetização e o
letramento, trabalhados no contexto escolar, não são conceitos singulares, já
que existem os múltiplos letramentos. (Rojo, 2009).

Defendemos a posição de que é possível alfabetizar letrando, pois a sala de


aula é um espaço que pode promover o domínio das competências específicas
As práticas de leitura e da alfabetização e o domínio dos diversos usos sociais da leitura e da escrita.
escrita estão presentes O equilíbrio entre o uso destes dois domínios permite uma compreensão e
em todas as áreas significação do processo de aquisição destas duas habilidades.
do conhecimento
e não podem ficar
Afirmamos também que as práticas de leitura e escrita estão presentes
relacionadas apenas
em todas as áreas do conhecimento e não podem ficar relacionadas apenas
à disciplina de língua
portuguesa. à disciplina de língua portuguesa, pois, como já vimos anteriormente,

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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

referem-se à linguagem usada por todos os cidadãos nos mais variados


contextos e situações. As pessoas letradas compreendem o mundo e
participam efetivamente da cultura letrada. Soares (apud Castanheira
2009, p.14), afirma que

para entrar e viver nesse mundo de conhecimento, o


aprendiz necessita de dois passaportes: o domínio da
tecnologia escrita (o sistema alfabético e ortográfico), que se
obtém por meio do processo de alfabetização, e o domínio
de competências de uso dessa tecnologia (saber ler e
escrever em diferentes situações e contextos), que se obtém
por meio do processo de letramento.

A metáfora utilizada pela autora coloca que o aluno precisa ter o


domínio da língua como sistema convencional, o que acontece através da
alfabetização, e ser um competente leitor/autor, fruto de múltiplos letramentos.
Conhecendo o código, seus usos sociais e adequações, o aluno torna-se
cidadão do mundo e rompe fronteiras, participando de um mundo globalizado
e multicultural. Os conhecimentos adquiridos nas diferentes áreas do saber
(língua portuguesa, matemática, ciências, arte, história, geografia, educação
física, língua estrangeira, ensino religioso...), possibilitam a compreensão dos
diferentes contextos sociais ou campos de atividades humanas, através das
práticas sociais da leitura e da escrita.

A partir destas reflexões, leia o texto de Paulo Freire e reflita.

A ESCOLA

“Escola é...
o lugar onde se faz amigos
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...

Escola é, sobretudo, gente,


gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.

O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.

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Letramentos Múltiplos na Alfabetização

E a escola será cada vez melhor


na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.

Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.


Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,


é também criar laços de amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se ‘amarrar nela’!

Ora , é lógico...
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz.”

Fonte: Disponível em: <http://www.paulofreire.org/


escola_p.hm>. Acesso em: 10 out. 2011.

Atividade de Estudos:

1) O que é escola para você?


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Capítulo 2 A Articulação entre Alfabetização e Letramento(s)

2) Paulo Freire concebe a escola como um lugar que valoriza o


contexto social de seus integrantes e que oportuniza as práticas
de letramento? Justifique sua resposta.
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Algumas Considerações
Neste capítulo abordamos o letramento no Brasil, assim como o processo
de alfabetização. Identificamos o papel da criança de seis anos que está
inserida na escola. Para finalizar os nossos estudos começar a estudar o
letramento no contexto escolar.

No último capítulo nos propomos a compreender através da teoria e da


prática o que é fazer uso competente da(s) linguagem(s), desenvolvendo
habilidades e atitudes. Para tanto, apresentaremos uma proposta prática de
planejamento para o 1º ano do Ensino Fundamental, que propicia o trabalho
com os múltiplos letramentos. Planejamento e avaliação também serão
discutidos no capítulo.

Referências
BAKHTIN, Mikhail M. (1979) Os gêneros do discurso. In M. Bakhtin. Estética
da Criação Verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.

BARBATO, Silviane Bonaccorsi. Integração de crianças de 6 anos ao


ensino fundamental. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

CASTANHEIRA, Maria Lúcia; MACIEL, Francisca Izabel Pereira; MARTINS,


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