Вы находитесь на странице: 1из 16

FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE HISTÓRIA

MESSIAS DE MORAIS JÚNIOR

O apoio popular ao Movimento de 1930 em Minas Gerais

BELO HORIZONTE
2012
MESSIAS DE MORAIS JÚNIOR

1
O apoio popular ao Movimento de 1930 em Minas Gerais

Trabalho de Conclusão de curso apresentado por


ocasião da conclusão do Curso de História, da
Faculdade Estácio de Sá - Belo Horizonte, tendo como
Orientadora a Professora Dra Marcelina de Almeida

BELO HORIZONTE
2010

2
SUMÁRIO

1 TEMA E PROBLEMA...................................................................................................04

2 OBJETIVOS....................................................................................................................09

3 FONTES...........................................................................................................................10

4 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................10

3
1 TEMA E PROBLEMA

O apoio popular ao Movimento de 1930 em Minas Gerais

O Trabalho de Conclusão de Curso “O apoio popular ao Movimento de 1930 em


Minas Gerais” explana a participação da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais no ataque
as Guarnições Federais Sediadas em Belo Horizonte durante Movimento Revolucionário de
03 de Outubro de 1930 . Pretende analisar e esclarecer as novas gerações como e porquê uma
corporação a qual conhecemos hoje como responsável por uma atividade civil que é
Policiamento Ostensivo, pôde atacar as Guarnições do Exército Brasileiro sediadas em Belo
Horizonte no dia 03 de Outubro de 1930. Em seguida falaremos da repercução do movimento
junto as administrações municipais e o povo em geral. A pesquisa concentra-se inicialmente
na explanação sobre a Constituição de 1891 a qual, dota o Brasil de um sistema Federativo
onde, os Estados são fortalecidos com vistas a evitar a volta do antigo e, entre outras
autonomias, poderiam constituir Força Pública e, declarar guerra entre si1.
Diante deste diploma legal vigente a época, no sistema federativo, conferia aos
Estados constituírem uma Força Pública, hoje Polícia Militar a qual se destinava inicialmente
a defesa do Estado, guarnecendo as fronteiras. Sua postura era de “Exercito Estadual” e assim
foi durante toda a Primeira Republica. Seus manuais, instrução, regulamentos, ritos
cerimoniais, treinamentos e atividades eram de natureza bélica. Como missão secundária,
temos os seus Destacamentos2 a função de apoiar os Delegados Especiais3 e Delegados
Municipais4. Como missão secundária, a Força Pública fazia a “ronda” em locais de baixo
meretrício, local este que a Guarda Civil não entrava provavelmente por motivo de segurança.
Vimos assim que o policiamento ostensivo na capital era feito pela Guarda Civil, órgão civil
uniformizado subordinado a Secretaria de Estado de Segurança Pública5 mas que, dentro do

1
BRASIL. Constituição Federal de 1891. Artigo 66 , 3º. Brasília, 24 fev.1891.
2
Fração de três a dez militares lotados em uma determinada cidade e subordinado a um contingente maior.
3
Oficial ou Sargento da Policia Militar Comissionado ao cargo de Delegado de Polícia.
4
Cidadão do povo Comissionado pelo Prefeito Municipal ao cargo de Delegado de Policia e empossado pelo
.Estado.
5
Extinta pela Lei 217/70.

4
“espírito militarista” da época, possuía uma Companhia de guerra aos moldes da Força
Pública6.
Com o advento da Republica, proclamada pelos Militares, o Brasil vivia, assim como
o resto do mundo, um período de culto ao Militarismo com, agremiações paramilitares que
refletiam inclusive no uniforme de algumas escolas.
Assim, vemos que Brasil se lançou em uma corrida armamentista visando se impor
como potencia regional. Exemplo disso, é que no ano de 1910, a Esquadra Brasileira era a
terceira do Mundo com dois Supercouraçados, o Minas Gerais e o São Paulo e um grande
número de cruzadores de batalha, Destroyers, torpedeiros e navio auxiliares. 7 Tal situação se
refletia nos estados que também equipavam as suas Forças Publicas com armamento pesado e
aviões de combate como a Força Pública Paulista que, no ano de 1929 fez grandes
encomendas de Metralhadoras na França e chegou a criar parques de aviação na fronteira com
o Paraná visando isolar/sufocar o Rio Grande do sul.8
A alternância do poder federal na época, era regida pela “política do Café com Leite”,
pacto feito em 1899 quando o Presidente da República, Campos Sales, Paulista fez com o
Presidente do Estado de Minas, Silviano Brandão onde, em um acordo em que a Bancada
Mineira apoiaria o governo Federal em suas pretensões, o Governo Federal retribuiria com
cargos públicos, recursos além da garantia de que o Governo Federal não apoiaria os
oposicionistas. Finalizando este pacto, ficou determinado que Minas Gerais e São Paulo se
alternariam na Presidência da República.
Governava o Brasil Washington Luiz (26/10/1869 – 04/08/1957), e como seu
antecessor Arthur Bernardes (08/08/1875 – 23/03/1955) durante seu governo enfrentou
diversas revoltas fazendo com que governasse o país em estado de sítio, indicou Julio Prestes
(15/03/1882 – 09/02/1946) para a Presidência em detrimento do gaúcho Getúlio Vargas
(19/04/1882 – 24/08/1954) preferido por Minas Gerais.
Diante deste quadro, o Brasil passou a viver uma situação política de desconfiança
entre os Estados dominantes o que se agravou com o assassinato de João Pessoa 9, Presidente
do Estado da Paraíba e Candidato a Vice-Presidente na Chapa de Getúlio Vargas.
Com o fim do pacto e o assassinato em questão, passou os Estados do Rio Grande do
Sul, Paraíba e Minas Gerais a planejarem um golpe visando impedir a posse de Julio Prestes
que havia sido eleito nas eleições fraudulentas de 1929.

6
Foto SI-082(08) no Arquivo Publico Mineiro
7
ALVES de Assis Anatolio, No Tempo das Revoluções, p 85
8
João Neves da Fontoura apud por ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p. 319
9
Crime passional sem ligação política mas que desencadeou o movimento.

5
Tendo conhecimento de um iminente movimento e ainda, o explicito desejo dos
simpáticos ao governo central que tanto clamavam por uma Intervenção Federal em Minas
Gerais10 o Governo Central, iniciou um processo de intimidação enviando Guarnições de
Infantaria11 e Artilharia12 do Exército Brasileiro para Belo Horizonte as quais, permaneceram
acampadas em diversos pontos da capital tendo as suas respectivas peças voltadas para o
Palácio da Liberdade, os Quartéis da Força Pública e as Secretarias de Governo13.
Durante este processo de ocupação federal, o Governo do Estado, em parceria com a
Prefeitura e, coordenados pelo Engenheiro Dr. Otacílio Negrão de Lima (1897-1960) realizou
obras que, a pretexto de se procederem a instalação de canos de água e esgoto no entorno dos
acampamentos mas, na verdade, se instalou explosivos que poderiam ser acionados
remotamente14.
Dentro deste clima de desconfiança entre o Governo Federal e Estadual que isolava
Minas Gerais da política de alternância do poder, Minas iniciou juntamente com a Paraíba e
Rio Grande do Sul a preparação para o movimento tendo entre outras providências, a
aquisição de armamento na Tchecoslováquia parte entregue até o inicio do movimento entrou
por diversos portos do pais15.
Outra providencia tomada na preparação do movimento, foi a construção de canhões e
granadas16 que contaram com a acessória técnica de pessoas com tal conhecimento inclusive
europeus estabelecidos na capital e que eram veteranos da 1ª. Guerra Mundial17.
Tal ocupação se desfez com a posse no Governo de Minas de Olegário Maciel o qual,
o Presidente da República, Washington Luiz não acreditava que levaria a frente uma aventura
pois sendo um homem ponderado e de paz, não cometeria um atentado às instituições.
Alheio ao que se passava no âmbito político, o clima da caserna voltou a normalidade
e conforme cita o Capitão Clorindo Valadares18,
“O ambiente da caserna era de completa tranqüilidade, constituindo uma verdadeira
surpresa o movimento revolucionário que se iniciou no dia 03 de outubro de 1930.

10
ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p. 350
11
Infantaria, Tropa armada de combatentes a pé.
12
Artilharia, Unidade que usa Peças de Artilharia Pesada (canhões).
13
ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p. 351
14
ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p. 351
15
ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p. 330. Checar estas citações. Estão incompletas.
16
ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p. 352
17
Américo Bann, Samuel Gluck, Otto Wittemberg e Maurice Czassar. Que infelizmente não encontrei registros
oficiais.
18
A época, lotado no 12º. RI

6
Confiava-se no tradicional espírito pacifista do Presidente Olegário Maciel e na
isenção do ânimo revolucionário em todos os auxiliares do Governo.”19
Em Outubro de 1930, na capital Mineira, a Força Pública contava com o 1º Batalhão,
responsável pela segurança do Governador e Secretarias, a Companhia de Sapadores
Bombeiros anexa ao 1º Batalhão, o 5º Batalhão, tropa de elite da Corporação que tinha como
responsabilidade a defesa da capital, o Regimento de Cavalaria que apesar do “pomposo”
nome de Regimento, possuía efetivo irrisório, o Batalhão Escola e o Corpo de Serviço
Auxiliar20.
Estas unidades já estavam de prontidão há certo tempo quando no dia 03 de Outubro
de 1930, já no final do expediente foi dado toque de “formar Batalhão” e, a soldadesca não
entendia a presença de Oficiais do Exército entre os que davam ordem. Formou a tropa e, as
Frações embarcavam nos caminhões tendo os Sargentos recebido ordens para abrirem o
envelope em determinado ponto do itinerário21.
Alem do 12º. RI, única guarnição militar federal lotada em Belo Horizonte, a Força
Pública teve como missão ocupar as repartições públicas federais, bancos, estações de estrada
de ferro, telégrafos, telefônica, depósitos de combustíveis e a distribuidora de energia elétrica
da capital. Estas repartições foram ocupadas sem problemas tendo os funcionários sido retidos
e, colocados sentinelas nos pontos vitais.
Tal missão deveria ser cumprida em tempo hábil para evitar o socorro das demais
Unidades Federais sediadas no Estado. Havia em Minas Gerais as seguintes Unidades do
Exército, 10º. Regimento de Infantaria e a Sede da 4ª. Região Militar em Juiz de Fora, 11º.
Regimento de Infantaria em São João Del Rei, 12º. Regimento de Infantaria em Belo
Horizonte, 4º. RCD em Três corações, 8º. RAM em Pouso Alegre, 10º. BC em Ouro preto e
4º. BE em Itajubá que, somando os efetivos, superavam esmagadoramente as da Força
Pública22.
O primeiro confronto se deu no ataque a Delegacia Fiscal, local onde hoje fica a
Delegacia da Receita Federal na Avenida Afonso Pena. Conforme Relata Paulo René de
Andrade em seu livro Três Revoluções, a tropa atacante sob o Comando do Sargento Didimo
Campos Cordeiro desceram do caminhão e caminharam empunhado seus fuzis em marche-
marche23 pelo passeio do Parque Municipal onde no momento havia uma procissão e os fiéis,
desinformados do acontecimento, protestaram contra a falta de respeito dos soldados, os
19
VALADARES, Clorindo, Fumaças da Trincheira P.
20
Corpo de Serviço Auxiliar. Batalhão de artífices destinado a obras de engenharia.
21
ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p 378-380. Corrigir esta citação Normas da ABNT
22
ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções, p 341
23
Marche Marche é um movimento em que a tropa se desloca em forma e acelerado

7
protestos dos religiosos alertou o sentinela, que tomou posição e começou a atirar, causando a
primeira baixa dos atacantes, a do Soldado Músico Hildeu de Souza. De imediato, os demais
integrantes da Guarda da repartição federal tomaram posição e iniciou intenso tiroteio
desfazendo a procissão em meio a grande pânico. Os atacantes lograram êxito em tomar a
repartição e ao galgarem as escadas, além de dois soldados feridos, jazia morta, caída na
mesma posição em que cumprira a sua missão, a valorosa sentinela que, consciente do seu
dever, iniciara a resistência a revolução, o seu nome Soldado EB José Martins dos Anjos24.
O Comando Revolucionário, como estratégia, aproveitando-se do fim do expediente
no Regimento, iniciou um processo de acefalia com prisão do Comandante do Regimento,
Tenente Coronel José Joaquim de Andrade o qual foi preso pelo Coronel do Exército que
aderira ao movimento, Aristarcho Pessoa o que se seguiu da prisão de dez ou doze Oficiais
do Regimento em suas residências e pelas ruas da capital. Tal ação se deu pois o Comando
Revolucionário imaginou que, privando a tropa de seu Comandante e da maioria da
Oficialidade, levaria a adesão ao movimento ou pelo menos a rendição.
Com o alarme do eminente ataque, um Pelotão do Exército Brasileiro sob o Comando
do Tenente Bragança25 atacou a Cadeia Pública que ficava aos fundos do Regimento e que
contava com o efetivo de oito praças, dois investigadores e o Diretor do Presídio tendo como
armamento, oito fuzis Mauzer modelo 1908 calibre 7 mm e três carabinas Winchester calibre .
44.
Após intensa fuzilaria os militares estaduais somente se renderam quando o último
cartucho foi deflagrado26.
Como já dito, o ataque se deu no fim do expediente e conseqüentemente, o Regimento
se encontrava vulnerável tendo apenas o pessoal de serviço, rancho 27 e alguns que ainda não
tinham por algum motivo se deslocado para suas residências. Mesmo assim, os defensores
ainda conseguiram arregimentar um número de 350 a 400 homens.
Encontrava-se como Oficial de Dia, o 2º. Tenente Rui Brito Melo o qual iniciou os
preparativos para repelir o ataque com a ocupação das trincheiras, municiamento dos
cunhetes28 de munição e dos carregadores das metralhadoras.
O Regimento, que se encontra até hoje no mesmo local, se destaca pela posição
privilegiada e, possuía uma intransponível linha de trincheiras de cerca de 1,80 metro de altura
protegendo seus flancos e frente as quais eram ligadas diversos túneis que davam acesso ao
24
apud por ANDRADE, Paulo René de, Três Revoluções p 382.
25
1º Ten José Lopes Bragança. Cmt da 3ª Cia
26
Coleção do Estado de Minas de 08 a 26.10.1930.
27
Local onde são feita e servida as refeições.
28
Cunhete, Caixote de madeira destinado ao transporte de munição de guerra.

8
Estado Maior, Rancho e ao paiol de Munições e, um destes túneis, avançava 1,20 metro a
frente do quartel onde nas confluências da Avenida Itacolomi 29, Rua Timbiras e Juiz de fora,
onde disfarçado em um buraco, ocultava uma peça de metralhadora pesada e foram
prontamente usadas pelos defensores para impedir o avanço dos atacantes30.
Iniciado o cerco, foi dado um prazo de doze horas para a rendição e, enquanto os
atacantes tomavam posição, os defensores reportaram ao Ministério da guerra a situação tendo
como resposta que reforços estariam a caminho e que se esperava que o regimento cumprisse
o seu dever.
Como relata Aurino de Morais31 aos defensores foi informado que se tratava de um
ataque da Força Pública devido a constante rivalidade existente entre as Forças,
desconhecendo o real motivo, os defensores praticamente se multiplicavam aguardando a
ordem de entrar em fogo.
Enquanto isso, a população do Bairro Barroca, naquela época “bairro da pobreza” era
retirada de suas casas sendo que os desavisados foram acordados pela chuva de projeteis que
se seguiu.
Findo o prazo dado, iniciou-se o confronto, com intensa fuzilaria e baixas de ambos os
lados. Foram quatro dias e três noites de combates os quais eram interrompidos quando as
bandeiras amarela e da cruz vermelha eram hasteadas o que significava que o Regimento
tinha mortos a enterrar e feridos a socorrer. Conforme conta o Capitão Clorindo Mendes 32 que
durante estas tréguas, os Soldados da Força Pública forneciam água e sanduíches aos
defensores demonstrando assim que, ambos os lados eram militares e estavam ali com uma
disciplina prussiana, cumprindo o seu dever.
A Força Pública, com efetivo superior, perdia em quantidade disponível de munições e
precisavam com urgência, apresar o arsenal existente no Regimento o qual, mesmo com
efetivo inferior, não se falava em rendição.
Diante da situação, a Força Pública em uma ação de Guerra Química, contaminou a
água inicialmente com azul de metileno e em seguida com creolina e, passaram a alvejar os
cavalos do Regimento os quais, impossibilitados de serem retirados ou sepultados, começaram
a exalar intenso e desconfortante mau cheiro.
Esta ação fez com que o Estado Maior dos defensores se reunisse e acatassem os
termos da rendição pela qual, os vencidos seriam tratados com dignidade sendo que os

29
Atual Av Barbacena.
30
Coleção do Estado de Minas de 08 a 26.10.1930
31
Obra citada, passim. ***
32
ANDRADE, Paulo René de, Obra cit, p. 410-411.

9
Oficiais seriam acomodados nos salões da Secretária do interior e os praças nas dependências
do 5º Batalhão em Santa Teresa; o Quartel do 12º RI seria ocupado e seu armamento e
munição arrecadado pelos revoltosos.
Deliberou-se pela rendição da única Unidade Federal em Belo Horizonte a qual, vivia
afastada da política no seu mister de preparar homens para a guerra e, se defendeu por ter sido
atacado, cumpriu seu dever de defender um Governo legal.
Em oito de outubro fechou-se a última sepultura no Quartel do 12º Regimento de
Infantaria. Defendendo a unidade, morreram dezesseis homens, inclusive o 2º Tenente Rui
Brito Melo33 e, tiveram ao todo dezesseis feridos. 34
Quando cessaram as hostilidades, a população ocupou curiosa as instalações do
Regimento, alguns por curiosidade e outros em busca de informações de como se alistarem
nos Batalhões Patrióticos que já se formavam.
Os vencidos saíram do 12º RI em forma e marcharam do Barro Preto até Santa Teresa
sob as palmas da população, a Força Pública Mineira recolhia aos seus quartéis e se
prepararam para a segunda etapa do Movimento seguindo para Ouro Preto, São João Del Rey,
Juiz de Fora além dos setores Capixaba, Baiano, Paulista, Goiano, Sul de Minas e Fluminense
com combates memoráveis e que culminou com a chegada dos Milicianos Mineiros na
Capital Federal e a conseqüente deposição do Presidente Washington Luiz e o fim de uma era
na historia política do Brasil.

A PARTICIPAÇÃO POPULAR

O Jornal “Estado de Minas” em sua edição do dia 04 de Outubro de 1930 era em sua
totalidade sobre o movimento, a manchete principal dizia :

“Irrompeu victorioso em todo o paiz o movimento reinvidicador da liberdade


do povo brasileiro, A arrancada inicial do Rio Grande, Minas inteira se cuntou com decisão
e veemência” 35

Seguia-se o periódico com referencias ao movimento com a exaltação de quem chama


o povo a apoiar sua pátria em uma guerra. Notamos neste trabalho que, apesar de sermos uma
só nação, havia um clima de indiferença do povo mineiro para com o governo federal. Este,se
sentia invadido tanto que, conforme vimos acima, enquanto o grosso da tropa cercava o 12º.
33
NA O nome deste Oficial ´foi dado a uma das ruas que circundam o hoje 12º. BI.
34
Ibid., p. 411.
35
Jornal Estado de Minas 04Out1930 Capa

10
RI, grupos menores ocupavam as repartições federais que, conforme vimos na Delegacia
Fiscal, houve resistência por parte de um pequeno efetivo que fazia a guarda daquele
estabelecimento com mortes de ambos os lados.
A edição do Jornal Estado de Minas mostra ainda foto de efetivos da Polícia na
Delegacia Fiscal e na Agencia dos Correios e descreve que as tropas da Polícia, transportadas
em caminhões ocuparam quase que ao mesmo tempo as repartições federais que eram
confiadas a forças do exercito.
O Jornal cita ainda que a Delegacia Fiscal havia sido ocupada por um Grupo
Comandado pelo 1º. Sargento Didimo Campos Cordeiro e vários Soldados entre eles, o seu
filho, Didimo Campos Cordeiro filho de 16 anos, aprendiz de musico no Corpo de
Bombeiros.36
Nos Telégrafos, importante meio de comunicação da época, uma Guarnição
Comandada pelo 1º. Sargento Euclydes Campos tendo como substituto o 3º. Sargento José
Marta Figueiredo
A administração dos Correios foi entregue a Guarnição Comandada pelo 1º. Sargento
Álvaro G. Ottoni e outras Guarnições cujo Comando não foi citado, ocuparam as Estações
Ferroviárias da Central do Brasil e Oeste de Minas bem como a sede da administração da
Central do Brasil. Foram ocupadas ainda a agencia do Banco do Brasil, alfândega e todas
outras repartições federais que ficaram sob a responsabilidade das forças mineiras.37
Nos dias de hoje, não imaginaríamos tal situação, correios, Banco do Brasil, prédio da
Receita Federal guardados por Soldados do Exército e pelp quadro, nos explana o clima que o
Brasil vivia de desconfiança e desarmonia entre os governos.
Tal sentimento “bairrista” é ilustrado pelo apoio dado pela população ao movimento
que, segundo o jornal, saiu para as ruas dando “vivas a revolução libertadora”.
Em radiotelegrama enviado aos Presidentes da Câmara das cidades do interior, o
Presidente do Estado Olegário Maciel e seu secretariado dava um quadro da situação na
capital com a prisão do Comandante do 12º. RI e seus Oficiais e pede, que a municipalidade
mantenha a ordem nas respectivas cidades tendo em vista a necessidade de manter o efeito da
polícia em prontidão para eventuais deslocamento para os locais de combate.
Vislumbramos aqui que os municípios apoiaram o movimento citando o exemplo de
Uberaba, importante cidade do triangulo mineiro onde estava sediado o 4º. Batalhão que teve
a missão de barrar o avanço das tropa paulistas pela ponte do Delta. Naquela cidade, n o dia 06

36
Jornal Estado de Minas de 04Out1030 Capa
37
Jornal Estado de Minas de 04Out1030 Capa

11
de outubro o engenheiro civil Guilherme de Oliveira Ferreira assumiu o governo municipal,
indicado pelo Presidente Olegário Maciel, dentro do “espírito revolucionário” tomou uma série de
medidas para garantir a ordem e a segurança da cidade: intensificação do patrulhamento pela
Guarda Civil; controle dos preços dos gêneros alimentícios e outras espécies para evitar o
desabastecimento e a alta de preços; organização de uma Legião Republicana, da qual todos os
funcionários municipais foram considerados legionários; aquisição de armas e munição para
armar a cidade e municiar o voluntariado e ainda, a organização de um batalhão denominado
Batalhão Patriótico Alaor Prata, formado por voluntários 38.
Tal situação se repetiu em praticamente todos os municípios como Carangola onde, tão
logo chegou a mensagem do Presidente do Estado, foi feito um inventario de armas e
munições disponíveis bem como a formação de uma coluna de volutários sob o comando de
Oficiais da Polícia Mineira e do Exército Brasileiro que haviam aderido ao movimento e em
seguida, a ocupação dos pontos vitais. A coluna de volutarios seguiu para porciúncula no
território Fluminense e para Cachoeiro do Itapemerim no Espírito Santo.39
Em diversas cidades, tendo em vista que as forças de segurança estavam moilizadas no
movimento revolucionário, foram mobilizados pessoas da comunidade para realizarem a
segurança das cidades, estes grupamentos chamados de “Guarda Cívica” eram apelidados de
“Bate paus”.40
O Jornal Estado de Minas na sua edição do dia 05 de Outubro de 1930 relata
telegramas enviado ao Presidente do Estado pelos Presidentes da Câmara de diversas cidades
como Sete Lagoas, Minas Novas, Itabira, Antonio Dias, Teófilo Otoni, Mariana, Ubá,
solicitando confirmação de ordens ou anunciando providencias tomadas como criação de
Batalhões patrióticos e a ocupação dos pontos vitais como depósitos de combustiveis,
Agencias do Banco do Brasil, Correios, Telégrafos. Registra ainda a participação popular no
movimento com o povo acorrendo aos Batalhões voluntários ou, de várias maneiras
auxiliando o movimento.
Não poderia deixar de citar aqui, duas cidades mineiras que, com apoio da população e
recursos próprios, ousaram em construir seus Carros Blindados para uso do movimento.
Sabemos que, nos dois últimos anos da I Guerra Mundial, a imprensa deu ênfase na
divulgação das novas armas blindadas que, com características modernas, haviam aparecido
nos campos de batalha. Exageros a parte, suas características tão amplamente divulgadas

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Uberaba:


38

Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1978.


39
Disponível no Site http://historiapensante.blogspot.com.ar/2010/10/ocupacao.html
40
Disponível no Site http://cambuka.blogspot.com.ar/2010_02_01_archive.html

12
foram responsáveis pela convicção de que “não seria mais possível conceber exércitos sem
carros de combate”41
A regra historiográfica diz que “Revolução” é o movimento onde existe grande
participação popular e, desclassificam o evento de 1930 para “movimento”.
Esta pesquisa vem mostrar que o povo irmanou com os militares e politicos e o
movimento de 1930 foi sim, uma Revolução, pelo menos no Estado de Minas Gerais.
1. OBJETIVOS

1.1. Objetivo Geral

 Analisar, por meio de registros, fotos, reportagens da época, como uma instituição
que hoje conhecemos com uma atividade civil (a Policia Militar), teve condições
de enfrentar o Exército Brasileiro, organização treinada, armada e equipada para a
guerra.
 Mostrar a participação popular em todo o Estado de Minas Gerais com a formação
de Batalhões Voluntários, Guardas Cívicas42 e diversas manifestações a favor do
movimento.

1.2. Objetivos Específicos

 Analisar a Constituição de 1891, vigente a época a qual permitia os Estados da


Federação terem uma Força Pública destinada para defesa de seu território e ainda,
permitiam aos Estados guerrearem entre si. Mostrar o apoio popular através de
ações volutarias isoladas e das administrações municipais que, de maneira
voluntaria, “cerraram fileira” com o movimento.

 Dimensionar aspectos internos e externos das Corporações Militares envolvidas no


conflito bem como seu armamento, equipamento, uniformes, doutrina de
treinamento e ainda, através de uma pesquisa pormenorizada, analisar a
participação de alguns protagonistas envolvidos na luta.

41
Os Blindados através dos séculos, pag 391
42
Os chamados “Bate Paus” que assumiram a segurança das cidades com o empenho da Polícia.

13
 Analisar a repercussão do fato no cenário social da capital e de algumas cidades do
interior, das corporações envolvidas e no contexto geral do movimento que ficou
marcado como o fim da República Velha.

 .
2. FONTES

Arquivo Histórico do Exercito Brasileiro, Rio de Janeiro

Arquivo Geral da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais

ALVES, J. V. Portella f. Os Blindados Através dos Séculos, Rio de Janeiro: Biblioteca do


Exército Editora, 1964

ANDRADE, Cel. Paulo René de. Três Revoluções – 24/30/32. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial do Estado de Minas Gerais, 1976.

ASSIS, Anatólio alves de, No Tempo das Revoluções. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do
Estado de Minas Gerais, 1976.

FILHO, Ten Cel Cpl QOR Luis de Marco. Historia Militar da PMMG. Belo Horizonte:
Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais – 1988.

Jornal Estado de Minas, Edições de Janeiro a Dezembro de 1930.

Jornal Estado de Minas, Edições de Setembro e Outubro de 1980.

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Uberaba:


Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1978.

VALADARES, Clorindo. Da resistência do 12º RI: Da revolução em Minas.

SILVEIRA, Geraldo Tito. Crônica da Polícia Militar de Minas. Belo Horizonte, 1966

3. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Juniele Rabêlo de. Farda e Protesto (Policiais Militares de Minas Gerais em
Greve). Belo Horizonte: Segrac Editora e Gráfica, 2008.

ARARIPE, Gal Tristão de Alencar . Tasso Fragoso – Um pouco da História do nosso


Exército. Volume I. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editores, s/d.

BARATA, Hamilton. O Assalto de 30. Rio de Janeiro: Graphicos alba, 1930

14
BARROS, José D’ Assunção. O Projeto de Pesquisa em História (Da Escolha do Tema ao
Quadro Teórico. Petrópolis, RJ: vozes, 2009.

BORGES, Vavy Pacheco. Tenentismo e Revolução Brasileira. São Paulo: Editora Brasiliense.

BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 24 de Fevereiro de 1891. Diário


Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 24 fev 1891.

CASTRO, Celso. Os Militares e a República. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1995.

COIMBRA, Creso. A Revolução de 30 no Pará. Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1981.

CORRÊA, Arsênio E. A ingerência Militar na República e o Positivismo. Rio de Janeiro:


Editora Expressão e Cultura, 1997.

COTTA, Francis Albert.Breve Historia da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Crisálida , 2006

DECCA, Edgar Salvador de. 1930 O Silêncio dos Vencidos. São Paulo: Editora Brasiliense.
1994.

DRUMOND, José Augusto.O Movimento Tenentista: A Intervenção Política dos Oficiais


Jovens (1922 – 1935). Rio de Janeiro: Editora Graal.

FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930 – Historiografia e História: São Paulo. Companhia das
Letras, 1997.

FIGUEIREDO, Eurico de Lima. Os Militares e a Revolução de 1930. (Textos de


Historiadores Americanos). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

FRANCO, Virgílio A. de Melo. Outubro, 1930. Rio de janeiro: 5ª Edição. Editora Nova
Fronteira, 1980.

FREIRE, Cap Josué Justiniano. A Odisséia do 12º Regimento. Rio de Janeiro: Oficina de
Encadernação e Pautação do ECFE, 1933.

GERALDO, Alcyr de Lintz. 1930. O Furacão veio do Sul. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército Editora, 2004.

LAGO, Luís Oswaldo Aranha. O Rio Grande do Sul e a Revolução de 1930. Rio de Janeiro:
editora Nova Fronteira, s/d.

LIMA, Benvindo. A Revolução de 30. in: Canteiro de saudades: pequena história


contemporânea de Belo Horizonte (1910-1950). Belo Horizonte: C L Assessoria em
Comunicação. 1996.

MEDEIROS, Daniel H. de. 1930, A Revolução Disfarçada: Editora do Brasil, 1989.

MEIRELLES, Domingos. Os Órfãos da Revolução: São Paulo. Record, 1997.

MELLO, Frederico Pernambuco de A. A Tragédia dos Blindados (Nos Episódios da


Revolução de 30 no Recife). FUNDARPE. Cia. Editora de Pernambuco, 1991.

15
MORAIS, Fernando. Chato – O Rei do Brasil. São Paulo: 2º Edição. Cia das Letras, 1995.

SOBRINHO, Barbosa Lima. A Verdade sobre a Revolução de Outubro – 1930. São Paulo:
Editora Alfa – Omega, 1975.

VIDAL, Adhemar. João Pessoa e a Revolução de 30. Rio de Janeiro: Edição Graal, 1978.

Site da Internet:

http://historiapensante.blogspot.com.ar/2010/10/ocupacao.html Acessado em 18/07/2012

http://cambuka.blogspot.com.ar/2010_02_01_archive.html Acessado em 18/07/2012

16

Вам также может понравиться