Вы находитесь на странице: 1из 15

2. TvwIcOES DA PESQUISA A BASE c0NcEITUAI.

DA cIENCIA 47
46

criadas. A niaioria enquadra-se nas cléncias on nas humanidades. As ciên- mais afins corn as ciéncias naturais e outras menos? HaverS ciii psicologia
cias sociais não 56 estão mal-representadas como seus nomes - econornia leis dc aplicação geral corno ha (por exemplo) na fisica? Essa é uma questão
politica, filosofia mental - soam estranhos aos ouvidos modernos. Analo- que afeta todas as ciências sociais. Confornie iunplica a seguintc citação -
garnente, a divisão entre inatérias da ciência e das humanidades cm geral é talvez isso dependa da especialidade que se tern em rnira.
bastante clara. São as linhas divisórias entre essas disciplinas e as ciências Nevitt Sanford, que então pertencia a Stanford University, afirrnou em 1963:
sociais que tendem a 5cr muito obscuras. As matdrias intercssantes, do "A grande dificuldade da psicologia genii 6 que as leis gerais' tab adniiradas
ponto de vista da classificação, são as que pairam vagameilte em tomb de tao avidanieiite buscadas nunca são muito gerais. Ao contriirio, nornialnienre
uma das fronteiras ciencia–ciencia social–hunianidades. são hem especificas."
A psicologia é urn born exemplo dc nina matéria cujo dcscnvolvi,nento Isso significaria que a psicologia simpiesmenre não teria progredido o sufi-
.;cicntecparaçerinimir,que..alguéntcoiscebesse uma meoria abrangente. Mas pode-
reflete nina filiação incerta. 0 interesse académico pela psicologia comb
rut significar algo hem diferente: que a psiculogia não é uma ciéncia no mesmo
disciplina desenvolveu-se primeiro na Alernanha durante o século xix. Al- sentido que a fisica, qulmica on biologia; que cia é nut aglomerado de campus
guinas pesquisas psicológicas estavain sendlo feitas naquela época no mun- cientificos que, eiubora alms, são "unto dispares para se enquadrareni no mar-
do anglófono, geralniente sob o tomb dc 'fi)osofia mental'. 0 surgirnento, co de nasa teomia tinica [..j dc fato o campo da psicobngia explodiu em areas
porém, da pesquisa psico6gica como atividade distinta nos Estados Unidos autOnomas tie especiaiizaçao. A American Psychotogical Association reconhece
em geral é atribuido a William James, que começou a ensinar essa matéria amuatmente 58 campos dapsicologia, e 42 das 45 'divisaes' (subgrupos dc asso-
em Harvard em 1875. A formaçao de James era em fisiologia, mas dc de ciados) da AA representam esses campus on, poder-se-ia dizer, esses produtos
N modo alguin acreditava quc a Onica abordageni da psicologia fosse por in- de fissao da psicologia.'
terrnédio do trabalho em laboratOrio. A psicobogia, poréni, era geralmente Os grupos dentro da MA distinguern-se não apenas pelas diferenças de
vista nos Estados Unidos corno nina maméria experimental. Nos pnnieiros enfoque prSrico, mas rarnbém por posiçflo meOrica. Como o nOrnero de divi-
anos do sdcubo XX, por exemplo, 0 behaviorisnio teve grande impacto nas sacs sugere, determinados gmupos podem set muito especificos quanto a
pesquisas psicológicas nos Estados Unidos, e, segundo os behavioristas, a metodobogia de pesquisa que consideram adequada. Per exempbo, foi cnn-
psicologia era urn ramo experimental puramente objetivo da ciéncia natu- da urna divisao para se concentrar cm pcsquisas que adotarn a inetodobogia
ral. Suas idéias se nutriram tanco per melo de periodicos quanto de reuni- behaviorista advogada por Burrhus Skinner. Apesar da especificidade (10
Ocs, e urn dos behavioristas ihais destacados, John Watson, foi influente terna , tratam dde quatno nevistas especiatizadas. Essa espccialIzaçao pot
editor da Psychological Review, e depois prcsidenre da American Psycholo- incio da rnctodoiogia, e nab do conmeOdo, ocorre con, inuita freqUência nas
gical Association. ciências soclais. Dois periOdicos europeus de sociobogia que circubavain
A medida que o tempo passava, essa visao da psicologia como cléncia apOs a Segunda Guerra Mundial possularn clienrelas muito parecidas. Sun
naturalsofria niudanças. A psicologia clinica representa urn exemplo cxrre- exismGncia independenme derivava do fato tie que a formação de pesquisa-
mo. No inicio, o enfoque freudiano era tido como essencialmenre cienti- dotes antes e depois da guerra havia tornado caminhos bern diferentes. As
fico, mas, ha alguns anus, etc e merodos alms passaram a ser vistos sob urna posiçães teOricas dos dois grupos cram incornpativeis, de rnodo que suas
luz diferente. A mudança reflete-se neste cornentSrio da decada de 1950: cornunicaçOes encaminhavarn-se a destinos separados.
Existe uma impressão predominante quanro a mnsustentabibidade cientilica da
psicologia clinica entre uluitos psicólogos. Coni Irequência, a psicologia clinica A base conceituat da ciéncia
é Vista comb nasa arte; ou Se acritica estiver propensa ascr ma's critica, cIa pocle
set concehida corno uma tentariva tie obter conhecinienmos per meios mismicos Conforme esse übtimo exeinplo sugere, as diferenças dentro e entre as
e realizar mudanças per mcmi niãgicos! matérias são cm gemal tanto urna questão de enfoque quanmo de conteOdo.
0 fato de diferentes iireas da psicologia estareni sendo pesquisadas de Muitos psicObogos definiriarn, scm dOvida, sun maténia corno o esmudo das
maneiras cliferentes suscitou urna quesmão fundamental. As ciencias namurais caractenisticas mentais on arimudes de urna pessoa on grupo de pessons.
LI
desenvolveram concepçOes, que são amplamente accitas pelos pesquisadores Aquibo em que difemeni está no niodo de estudar cssns caracterismicas on ami-
dcssas areas, sobre quai é seu objeto e como as pesquisas devern set reali- -. - - tudes. Esma questão CIa estrumura conceitual a 5cr adomada na realizaçfio die
zadas. Será a psicologia capaz de desenvolver urn enfoque unificado similar, pesquisis é inn irnpbrtante fator ,u determinaçno de dlifcrcnças no padrao
--
on devcrá continuar sendo inn grupo de distmntas especmalidadcs — algurnas de comunicação entrc maténias. Grande parte do debate acerca dcssas estru-
A BASE copJcEiTuAi. DA CIENCIA 49
48 2. TItAD!cOES tm PESQUISA

baihando seguindo as mesmas linhas ao mesmo tempo, isso significa pie


turas conceituais tern girado ate hoje em tomb da idéia de urn 'rnétodo cien- quern for o primeiro a levar jima descoberta ao conhecimento do püblico
tifico'. Isso, portanto, coustitui urn born porno tie partida para se exarninar terá prioridade em relaçao an trabalho de outros. For conseguinte, o sure-
a relaçflo entre estrutura conceitual e cornuflicaçao. ma de cornunicação deve ter condiçOes de estabelecer corn clareza quern
Para rnuitos cientisi.as em atividade essa conversa sobre estmutura con- derern prioridade tie cada novo avanço. Ou, tomando outro exemplo, a
ceitual' e certarnente sobre 'mCtodo cientifico' soaria desnecessariarnente ênfase na observaçao irnparcial e na andlise quantitariva vincula-se a forma
extravagante. Eles aprenderam a estudar o mundo a sua Volta corn o cm- corno Os resultados das pesquisas são normalrnente apresentados urn estilo
prego de uma variedade de métodos especIficos para cada fini. Os pressu- irnpessoal muiras vexes entremeado corn rnatemática. Esta fomnia de apre-
posos que suscitarn no realizar esscs estudos pamecem em sun maloria muito sentar a ciência e indigesta para os não-cientisras, o que levou ao surgirnento
óbv,os para que mereçarn ser mencionados. No entanto, esses pressupostos dos especialistasern divulgaçao cientffica. Mesrno a convicção in unicidade
afetam em ültirna análise a forma como des se cornunicam. Os cientistas da ciéncia tern implicaçOes pamaa difusaoe aceitaçflointemnacional da infor-
acreditam que existe urn rnundo real Ia fora, que possui suas próprias camac- inação cientifica. Sugere que todos os paises devem adotar as fornias deco-
teristicas, i.ndependenternente das expectativas e anseios dos seres hurna- rnunicação desenvolvidas nos paises que se acharn na vanguarda da ciência.
nos. Pressupoem automaticamente que podern dissociar-se de modo sufici- Essas diversas convicçOes sobre a ciéncia implicarn necessariarnenre pie
ente deste mundo, a firn de poderem exarniná-lo corn cent grau de impes- a pesquisa cientifica estd inrimnarnenre ligada a intemação social. A necessi-
soalidade. Acreditarn que a obtenção de informaçoes confiáveis sobre o dade de acurnular dados, desenvoiver teorias e expemiências simultanearnente,
mundo irnplica urn mCtodo racional, quantirativo, que acumule dados por e modificar idCias, tudo isso fax corn que os cientistas Se envolvam corn co-
rneio tie ohservaçOes e experiências, interpretando-os corn uma estrutura rnunicação. lssd ndo quer dizer que a ciéncia somente precise scm conside-
te6rica apropnada. 0 progresso das pesquisas cientificas depcnde da apli- rada em termos sociológicos: os estilos de pesquisa dos individuos, que
4
cação de uma rnescla de trabaiho prático e teOrico, em que cada compo- envolvern sun psicologia, são tarnbern importantes. Mas a coinunicação C,
nente conferee ajuda o outro. Esse metodo leva an descobrirnento de regu- por definiçao, urna atividade de grupo. Por conseguinte, são os aspectos so-
laridades, cjue, em tItima instftncia, podern 5cr inclulcias las 'leis da natu- ciais da ciéncia que aqui nos interessam principalrnente. Em outras pala-
reza'. For exernplo, o esiudo das regularidades do movirnento dos planetas t
4 vras, em que os cientistas acredirani no que tange a forrna como devern agir
levou ii lei da gravitacflo. como rneinhros de urna cornunidade cientifica?
A identificaçio dessas leis perrnite que sejani feitas previsOes. For exem- Essa C basicarnente urna questão sobre regras de conduta, Cu, conio são
plo, onde se cncontrará deterininado planeta em deterrninado niornento. Se frequentemente charnadas, norrnas sociais. Fomarn feitas várias tentativas
as prcvisOes faiharem, teremos que voltar a pmancheta: os cientisras devein para definir conjuntos de norrnas para a comunidade cientifica. 0 niais in-
estar preparados para rnodificar suas idéias quando houver indicios que fluente deles, o de Robert Merton, propOe a existéncia de quatro normas
sugerem de modo bastanre forte que estao errados. Esse crescimento por básicas: universalismo, sentido de coinunidade [communality], desprendi-
rneio de rnudanças garante que a irnagern que winos do rnundo aurnentará mento e ceticisrno organizado.'" 'Universalismo' significa que a cornuni-
continuamente scu alcance. Em outras palavras, a ciência progride a medida dade cientifica avalia as novas contribuiçoes corn base em critCrios preesta-
que o tempo passa não apenas pela acumulação de mais dados, mas tambCrn
helecidos e irnpessoais, independenternente de fatomcs pessoais conio sexo,
por proporcionar percepcOes rnais gerais C mais elaboradas da natureza de raça, nacionalidade, meligião, etc. Os resuirados de novas pesquisas depen-
nosso mundo. Todos esses pressupostos levararn Os cientistas a acreditar dern, em ülrirna instflncia, da inreração enrre cienristase devem, porsua vex,
que, ernbora a ciência nab seja a ünica forma de expiorar o rnundo, cIa o fax sercolocados a disposição da coniunidade cienrifica. 0 'sentido de cornuni-
de ulna forma ünica. Na verdade, rnuitos cientistas supOein que o desenvol- dade' reflete o requisito de que o conhecirnento cienrifico deve 5cr de pro-
vimento da ciëncia modemna foi, em Si, urn evento lilipar - algo que acon- priedade cornuni. 0 'desprendirnenro' inforrna ao cientista que sua preocu-
teceu na Europa ocidenral durante os séculos xvi e xvii—, embora alguns pação primordial deve ser corn o progresso do saber. Os cienrisras não de-
S
historiadores tenhani menos certeza disso. veni envolver-se ernocionalmente corn a aceitação ou rejelção de determi-
Essas convicçOes influenciarn a forma corno a ciéncla se cornunica. Urn midas idCias. For firn, a cornunidade cientifica deve submerer continuarnen-
exemplo é a convicção de que existe apenas urn mundo real a espera de 5cr tea análise critica - isto C, an 'ceticismo organizado' - os conhecimentos
explorado, o qiie implica que descobriinentos especificos acerca dde so- que aceit-a, a procura de possfveis emmos devidos a oinissão Cu
rnente podein 5cr feitos unla Vex. Unia vez que vários cientistas estarão tra- I '
2. TRADIçOES DA PESQU!SA A BASE CONCEITIJAI. DA CIENCIA 51
50

E possivel elaborar vfirios comentários sobre essas regras de conduta. A existCncia e aceitação de normas pode afetar a processo de coniunica-
Urn deles é que tais regras nio são necessariarnente verdadeiras. l'or exem- ção. Vejamos a conceito de universalismo em prirneiro lugar. Urn exemplo
plo, a probabilidade de urna idéia radicalmente nova set aceita d em geral de como isso funciona pode 5cr encontrado ha andlise de artigos submetidos
consideravelniente ampliada se o pai dessa idéia empenhar-se bastante nela. a publicaçito cm reviscas cientificas. Os echtores* em geral se esforçarn para
Muitos cienuscas achariani isso nina prStica normal e, portanto, implicita- garantir que Os artigos sejam aceitos pelo seu próprio mCrito e nito apenas
mente estariarn quesnoiiando a norma do 'desprendimento'. Além disso, pOrque 0 aucor C unia pessoa de renome. Confornie ficarit evidente em capf-
pode bayer nornias adicionais, perceptiveis na comunidade ciencIfica, mas tulo posterior, as editores despendem enorme esforço na tentativa de lidar
que não escejarn inclufclas nas quatro normas de Merton. Mais de uma yea de modo imparcial coin o material que flies C submecido. A norma do send-
foi sugerido, par exemplo, que os cientistas também acreditam fortemente do de comunidade tambCni enconcra urn born exemplo nas revistas. Os
numanorma de 'originalidade': Isso tequer qneocientisttvsomelite divul- •-autores,-porrnais importante que seja seu crabalho, não podem, ao puhlicá-
gue resultados que contenham algurna novidade genuina. Em outro nivel, to, esrahelecer condiçOes sobre sua utilizaçao e desenvoivimento posterior.
e claro que todas as normas sugeridas são iniringidas, as vexes frequente- 0 fato de os autores não terem a expectativa de que serito remunerados pela
mente, pelos cientistas durante suas pesquisas. Em certo sentido, não ha publicaçdo de sua pesquisa em periódicos (corn efeito, its vexes tern dIe con-
nada de surpreendenre nisso: os dcx mandamentos estabelecidos na Biblia tribuir para o custo dessa pubbicaçito) é, par sua yea, urn exernp[o de des-
são desrespeitados corn assiduidade ainda major. A diferença esta em que os prendirnenco. A avaliaçflo de artigos cientificos pelos pares é, igualmente,
dcx nmndamentos representam uma afirrnaçflo ex cathedra, enquanto as urn excelente exemplo de coma funciona o ceticismo organizado. (A mes-
normas cientificas são tidas como generalixaçOes baseadas nas perspeccivas ma funçno critica pode serencontrada na cornunicaçito informal, quando as
reals da coniuwdade. Parece que uma tIe duas conclusôes decorre disso. A apresentadores de trabalhos em semindrios on conferéncias são interro-
pnrneira e que deve haver uma continua tensão entre o que as cientistas gados pela piatCia.) Se Se aceitar a originalidade coma norma adicional, isso
pensam que deveriam estar fazendo como membros de urna comunidade ci entito cambCm Se manifesca no processo de avaliaçiio de artigos, em que
suas próprias predileçoes pessoais. Alternativaniente, podernos rejeitar a constitui urn requisito bSsico para sua aceitação. TambCm funciona como
deja de que a cornuniclade ciencifica de fato obedece a esse conjunco de nor- urn objetivo decisivo na forrnação de novos pesquisadores, p015 uma condi-
inas Sociais. ção essencial para a obtençao do doutorado e que a candidato baja produzi-
E.ssa ültima ação parece uiuito extrerna. As normas de Meiton refl&eni do conhecimento nova. Qualquer,uma ou todas essas normas mertonianas
pelo menos o que Os cientistas veriam conio urn mundo da ciëncia perfeito. podeni ser questionadas em termos de representatividade e nivel de accita-
H5, pordni, uma ressalva iniportante: essas nOrnias aplicam-se it ciência que bilidade pela comunidade. No entanto, o sisterna de coniunicaçito cienti-
se priltica em uni versidacles. Para servi rein aos ob jetivos de in riitos cientist:ts fica, e ent particular a processo de avaiiação de originals, pressupCe cia-
dand(isvria elas precisariam de uma grande cirurgia. Mesnio jia ciéiicia fei- ramente aigumas regras consensuais die conduta para que possa funcionar.
ta em universidades, vitrias especialidades podeni asslililIr posiçoes hem di- A existCncia dessa concorditncia tabvez seja bern exernphficada nas ocasiöes
ferentes, e Os membros de cacla urna, de qualquer modo, provavelmeiite te- em que e ignorada. Urn exemplo óhvio disso C a tratamenco severo dado
ritO OpiniOes divergentes. Pot exemplo, houve inámeros debates entre espe- pea cornunidade cientifica a quem de modo flagrante infringe as regras',
cialidades C no seiO de uma mesnia especialidade sobre os problemas da seja plagiando trabaiho aiheio, sea forjaitdo dados.
aceitaçito de financiamento de pesquisas oriundo de fontes militares. Urn Essas consideraçaes anceriores levam a conciusno de que dois farores
aspecto em cliscussao refere-se a norma do sencido de cornunidade - a conceituais desenipenham influCncia importante no processo de comiani-
convicçfio de que o conhecimento cientifico deve 5cr colocado livremeare cação da ciCncia: os pressupostos bitsicos que os cientistas estahelecem acer-
a disposiçflo de toda a comunidade -, 0 (jue C niuttas vexes impossivel de ca do trahaiho que realizarn e as convicçöes que sustencam relativas it coniu-
concretizar quando se trata de projetos para a defesa. Deve-se acrescentar nidade cientifica ciii forma corno cia deveria atuar. A questão seguinte a 5cr
clue, embora Se possa encontrar aceitaçito das normas de Mertoit tanibCm
na Ii iStóri a passada da ciéncia, as acitudes m ucla in corn o tempo. Pot exern-
* Nesta rraduçso, empregon-se it palavra 'editor' colno equivalenre do boinografo inglis
plo, eminences cientistas do sCculo XIX discutiam se a aceicaçño de financia- editor,seguindo mendénria ji consolidada no Braid e qile, coriio assinala Emanuel Aralijo (4
mento do governo liinitaria de alguni mocha it liberdide de suas ativiclades co,zstrudo do lh,ro, p. 50), recupera o senudo primirivo (10 vocébulo, it. forma como per-
de psqtiisa. I-loje 6 raro ouvil- -se mençito a essa preocupaçitO nials anipia. durou en, inglés. I'ara publisher adotou-se a rraduçao 'editora'. (NT.)
52 2. TRADIçOES DA PESQUISA A CIENCIA E OLJII&AS DISCII'LINAS 53

forinulada é: era que niedida a ciéncia difere nesses aspectos de outros • práricos, cujos resultados são comparados corn as pa]pites originars. A dis-
carnpos da pesquisa acadernica? Abordaremos essa questão per rneio de cordflncia jiode levar a unla rnodificacao das hipoteses, seguida de novos
uma pequena digressao, perguntando, antes de tudo, corno e per que a testes, e assim por diante ate que a cienrisra se sinta satisfeito corn a jogo.
pesquisa leva os cientisras a mudarern was opiniOes sobre corno é o mundo Urna hipOtese bem-testada pode acabar inipregnando-se na irnagem que os
e a rnaneira conio deve ser pesquisado. cientistas tern do mundo, mas jamais havera a garantia abso]uta dc que a]-
gum descobrimento nova não irS complementS-la. Karl Popper demons-
A ciëncia e outras disciplinas trou, de law, que a fator irnportante no desenvolviniento da ciCncia C este
potencial que a pesquisa possui de revelar ideias que são fa]sas. Enquanto
As mudancas mais óbvias na ciéncia são, naturairnente, as grandes mu- todo urn prograrna de pesquisa não obtiver a certeza de que detcrniinada
danças: da convic-ção dc cjue a Terra tinha-a1gunsrni1hresdeanosdeidade -hip6teseseja yerdadeira, sern qualquer sombrade düvida, urn ãnico experi-
para a convicção de que tern alguns bilhoes de anos; cia convicção de que a mento talvez seja suficientc para mostrar que CIa está errada.
Terra está no centro do sistema solar para a convicção de que é a So] que au Uma iniagern, ou mais precisamente uma sCrie de esboços, da ciCncia
Se encontra; da convicção Un irnagem newtoniana do universo para a con- forrnada a partir de conjeturas coma as de Kuhn e Popper ofcrece ulna es-
vicçflo an irnagem einsteiniana; c assim por diante. Thornas Kuhn deTnons- trutura üti] para se analisar a pesquisa e a cornunicação em clCncia. PorCrn
trou que a pesquisa cientufica pode 5cr dividida em periodos de desenvol- nenhunia inlagem isolada oferece urna descriçao definitiva de coma a sis-
virnento relarivarnente tranqüilo, que denominou 'ciência normal', inter- tema da ciCncia funciona. Par exemplo, 110 nivel rnais a]to, as revoluçOes
caladas corn periodos de alteraçao iniportante, denorninados 'revoluçOes', cientilicas raramenre são tao claras quanta Kuhn origina]mente postulava
coma as rrês mencionadas ml frase anterior.' Durante urn perfodo de cién- (snas opiniOes rnudaram urn pouco cam a tenipo). Quando, na fisica do
cia normal, o canipo concernente e governado pot urn 'paradigrna' geral- inicio do sCculo XX, 0 mode]o classico do universo foi 'substituido' pe]o
niente aceitO. 0 paradzgrna, essencialniente urn marco conceitual que en- rnodelo quãntico, isso nab significou quc rodas as pesquisas sabre a niodelo
volve ranto a teoda quanto a prática, proporciona aos pesquisadores orlen- c]Sssico cessaram imediatamenre. Ao conrrSrio, continuam ate hoje, e as
taçflo sobre quais os problernas que merecern ser investigados e coma de- pesquisadores admitem ciue tanto o rnodelo c]dssico quanta a quflntico são
vern ser atacados. A medida que as pcsdluisas avançarn, corncçarn a Se acu- Sreis, a depender do contexto. Do mesmo rnodo, nein toda pesquisa pode
mular anomalias, que a paradigma acha cada vez mais diIfcil4lc acornodar ser classificada coma conscientemente hiporetico-dedutivad ía Popper. An-
de niodo convincente. Pinalniente, toda a.cstrutura é posta ahaixo pot unia tes da sCrie de descidas na Lua, a NASA crioli lins programa para mapear a
revoluçao conceitual. Assim, no corneço do seculo xix, urn paradigma face visfvel do satClire. Esse proceso de mapearnento envolveu scm duvida
geralmenre aceito na hiologia era de que cada espécic havia sido criacla de inümeras hipOreses irnplicitus, Inns em sua rnaior pane forum consideradas
modo independente. No entanto, nurn nümero crescente de casos essa muito Obvias para serem explicitarnente mencionadas, e muito menos ann-
suposiçao lcvou a problernas de intcrprctação. Era meaclos do século XIX, lisadiis. Ate rnesrno a critCrio da falsificabi]idade de Popper é apenas pane
550 causou unla revolução na hiologia que introduziu urn paradignia da história. Ha uma sCrie de casos em que novas provas parecem con-
di ferente - a evoluçao clarwiniana. 0 novo paradigma Ioriiiulou sua pro- tradizer uma liip6tese aceita, 110 entanto Os cientistas coiitinuanl, Eclizes, a
pria especificaçao de quas pesqasas cram importantes e de Coma deve- fazer uso dessa hipOrese em seu traba]ho. For exemplo, nos anos quc Se
riarn 5cr realizadas. seguirarn no anóncio feito par Einstein de sun teoria da relatividade, algu-
A análise de Kuhn observa a situação de urna perspectiva macroscopica, mas experiCncias parcciam contradizer as previsOes dela decorrentes. Não
focalizando as grandes rnudanças. Eu cjue aconrece de outra perspectiva: as forani consicleradas suficienteniente signiflcanvas para fazer cal -n cjue OS
mudanças de pequena escala iue ocorrern corno parte das atividades qile dc cientistas deixassem de lada sua convicçflo nu nova teoria.
rotulou de 'ciéncia norma]'? Urn modelo cornurn da pesquisa cientifica Tudo isso parece esrar afirmando que a pesquisa cientifica C unia arivi-
pressupOe quc as cienristas normalmente adotani urn enfoque hi pOtetico- dade clesordenada, e assim é natural quc a pcsquisa cientifica sonienre de
cledutivoi 2 Esse é urn enfoque que Se pode considerar de rnodo geral como modo parcial possa 5cr derita por nleio de modelos simples. 0 aspecto
urn nietodo em quc a pessoa avança apenas corn suns prOprias forcas. 0 interessante, contudo, são as perguntas que esses modelos suscitarn sobre a
cientista arrisca alguns palpitcs - denorninados 'hipOtescs' - sobre algum -: natureza do conhecirnento cientifico e, par conseguinte, sobrc como dc
aspecto do mundo natural. Essas bipOteses são entao submetidas a testes deve 5cr coniunicado. A imagein de nina rnudança de paradigrna,elaborada
55
54 2. TRADIçOES DA ILSQUISA
It A cIENCIA E OUTRAS DISC!PLINAS

par Kuhn, mastra ciuc a estado do conhecirnento em determinado carnpa cientifico C muito mais restrito do cjue seu eniprego na vida cotidsana, e sua
de pesc1uisa passa par uma transforrnação compleca antes e depois da reva- meihar definição Se fax pot meio de uma equaçãa maternácrca. 0 processo
luçao. Muitos dos dados permanecem utiiizãveis, mas as inforrnaçOes deles de compreensão dos palavras envolve urna interaçflo entre a farnecedar do
extraidas são diferentes. Coma resultado, coniunicaçOes ancenores dcixarn inforrnação (seja urn set hurnano, urn texto impresso ou paiavras numa cela
de ser consultadas: de campurador) e a pessoa que recebe a i.nformaçaa. Deste ponto de vista,
a transferCncia de informaçâo e nab SC urna atividade dificil, mas tanihCrn
Q uando reje ta urn parad igma passado, unla comwiidade cicittIfica si inulta-
neatnente deixa de usar, coma material adequado para estudo profisslonal, a envolve alto grau de subjedvidade na cxecuçãa desse processa.
major pane dos livros e artigos em que esse paradigina esrava corporificado. 0 pensaniento [.1 nño 6, porranto, para 5cr procurado apenas en, formulaçôes
tcOricas corno as do filnsofia on da clCncra; dc pode e deveser analisado em cada
Dc modo mais genérico, esse modelo ye as inforrnaçOes cienifficas acu- - inaneirade -falar, bier ou comportar-se, em queo individuo aparece cage 1...]
nailando-se apenas de forma liniitada, corn as convicçOes e consequence usa urn sujeito conscic rue de si e dos outros.
da inforniaçao sendo transformados a cada rnudança de paradigma. Con-
fornie assinala Kuhn: Para a finalidade ora presente de exanainar as difcrenças entre discipli-
nas, as duas prinleiras direçOes são as n'ais imporcantes. 0 que se está afir-
Estamos codas extreniamente habituados a ver a ciCncia canto our ernpreendi- niando, nurn nivel, C simpiesmente que se deve investigar a ciCncia e sua co-
rococo que Se aproxima de modo Constance de unla meta estabelecida antecipa- municação em funçao do hipotese segundo a qual a conhecimenco cientifi-
darnente pela natureza.
Mas serã preciso que haja essa mera? Serã que não podernos justificar a co nãa C diferente de quaiquer outro conhecimenro gerado pela pesquisa.
exisrencjd da ciCncia.e seu sucesso em funçao da evolução do estado de conhe- Sc não existe nenhunr caminho real que eve a verdade cientifica, nias, 00 con-
cirnento da comunidade em dado monlento? Será que realmenre ajuda ma- trário, urn carninho que sC se descobre mediante a aplicação de critCrios de
ginar que exisce urn relaco coinpleto, objecivo e verdadeiro do narureza e que a avaliaçn complexos c cCcnicos, então o vies e a irracionalidade não são as
medida apropriada das realizaçoes cientificas seja a exrensAo coin que dos nos ünicos mocivos pelos quais olguCrn perderia o rurno [ ... ] Podroes de signilicado
aproximain dessa nieta final? 4 e nornias de avdliação não podem nais ser ignorados ao se estudar a debate
cientifico, canto intra quanco exrra-insricucional; rorna-se necessCno o examc
o que está sendo aracado aqui são alguns dos pressuposcos basicos feicos cornpleto dos pontos de vista dos acores. Corno estanios interessados apenas
pelos ciencistas a respeito de seu trabaiho. Em particular, Kuhn estã desa- em coma os arores avaliani as prerensCes dos ciencisras, convCm, nessa investi-
fiando a convicçao que des tern de que podern co?iseguir inforrnaçoes con- gação, rambCrn suspender renlporarialuenre nossa prOpria fC na verdade
fiãveis par ineio da investigação racional de urn mundo excerno do qual deles. 17
podern mancer-se afascados. Mais genericarnence, a desafto aos ciencisras
em dCcadas recences partiu tie trés direçoes. A primeira expande o enfaque Obvianienre, poréni, falca apenas urn pequeno passo entre rsso e a afir-
de Kuhn e basicamence questiona se a conhecinienco cientffico C de law niaciva de que de Into não exisre diferença perceprivel encre oconhccirnenta
diference de ourros cipos de conhecirnenco. A segundo afirma que a investi- cientilica e ourras cipos de conhecimenco. Esse foi urn passo dado por a'-
gação cientifica está tao amarrada a oucras acividades sociars que a pesqur- guns sociOlagos e filCsafas da ciCncia. Sua afirrnaciva constitul urn born
so não .pode ser vista corno se conscitufsse.uma encidade a pane diferente ponro de parcida para a quescão: como e percebido a canhecinienco em
delas. Esses dais aspectos podem set combinados: campos não-ciencIficos? Provavelrnence so virnios qunis as convicçOes acer-
coda ciCncia que escão senda negadas, isso nos data alguma id6ia de quats
é vital não se deixar desviar pelo mica que diz haver tint hiaco entre a ciCncia as convicçöes que estño senda susrenradas acerca de ourros cipas de geração
a policica e que ambus são, on deveriam 5cr, separados. Nosso argumento [.1 de canhecirnenro. A seguinte descriçao sugere exaranienre onde se julga
C que a ciCncia C a politico por outros nieios e, desta manerra, que o escudo do
ciência nos leva diretamence politico [ ... ] A id6ia segundo a qual existe urn escar a diferença niais importance encre ciCncia, de urn lado, e as humani-
mCcodo ciencifico especifico, urn reiuo onde a verdade prospera no ausCncia de dades e ciCncias sociais, de oucra lado.
poder, C urn mico. IS essas cendCncias [humaniscas] [.4 tentarn devulver a ator' a cena: 0 01°c nâO
A terceira direção diz respeico a linguagern empregada pelos cienciscas. canto unia unidacle absrraca de andl se on urn robo posicivista, ntas coma urn set
humnano que tern enioçOes, curiflitos, incoerCncias, e que não vivc nuni vácuo
0 p oblerna C que as vocabulas cientificos apresentani-Se necessariariiente social, Inas, anres, inedeia encre a contexto mais aniplo sociopoliricu e cultural
carregados de teoria, par mais que pareçani fáceis de entender. Par exern- eo tip0 de clCncia que dde resultai4
plo, farça parece set urna palavra b:rsraitte simpies, parCrn seu signilicado
56 2. TRADIcOES DA PESt1UISA
10111 DIVISOES DO CONFIECIMENTO 57

A pesquisa em hunianidadese ciências sociais caracteriza-se muitas vezes comparação corn a rnaioria d05 esquernas ocidenrais. 0 que C notavel acerca
pot não envolver - na realidade, näo permitir - unia nftida separaçao de rodas essas classificaçacs, quaisquer que sejam os parânierros urilizados,
entre a mundo que nos cerca e a pessoa que o descreve. Uma das conse- C que raraniente produzern divisoes marcanres entre diferenres disciplinas
qiléncias clesse pressupOsto é que as pesquisas nesses campos nãO implicarn acadêmicas. Mesmo quando nos voltarnos para esquemas elaborados corn
necessariarnente alga corno a enfoque hipotético-dcdutivo que foi sugerido a finalidade especffica de analisar a conhecirnento e os programas de ensi-
para a ciência. Os estudos em geml náo são quantitativos e, mesrno que o no, ainda ocorre a desencontro corn as areas ternáticas. Assim, urn esque-
fossem, não levariarn a nada parecido corn as leis da natureza. Talvez Seja ma disringue seis caregorias de conhecimento, 9 A primeira categoria, ' SliD-
difIcil, ncsses campos, definir o que seja 'progresso'. A idéia kuhniana de bólica', inclui todos as assunros abrangidos par alguma fomma de comunica-
urna niudança de paradigma em ciência, onde 0 antigo marco conceitua! (e ção sirnbd!ica. A seguinte, 'ernpirica', diz respcito a inforrnaçao factual (isto
gratdrparre doconteudoinfornnciona4.qtieoaCOmpuha)deSCatd0e C, extraIda da - ohservaçao direta), e assim per diante. Em temmos das fron-
se aceita outro inteiralnente nova, ajusta-se rnuito hem no quadro, no caso teiras convencionais entre os assunros, esta classificaçao do conhecirnento
de Vñrias inuclanças importantes que ocorreram nag humanidades e ins reüne tdpicos ern geral colocados em discip]inas separadas. A sinihó!ica
ciências sociais, was corn urna cliferença fundamentaL Tanto o veiho quan- reüne a linguageni, em geral rebacionada cam as hunianidades, e a rnaremi-
tO 0 nova paradignia podern niwto bern continuar coexistinclo nessas tica, que C coniurnenre cobocada nas ciCncias. Do mesrno rnodo, ernhora a
disciplinas, ao inv6s de urn substituir o outro. Essa coexisténcia pode de- empinca seja evidenrenienre uma parte fundamental das ciCncias narurais,
pender de fatomes pessoais: idade, nacionalidade, etc. eba C ranibCni importanme nas ciéncias sociais e, de fato, C componenre de
Coma esse ülrirno aspecto sugeme, as normas sociais derivadas da urna sCrie de rnacCrias das biunianidades. Mesmo a rerceira categoria deco-
cornunidade cientilica nao são necessariamente ap!icdveis as cornunidades nhecimenro nesta lista - a esrCrica - cruza as diversas binhas divisdrias en-
de pesquisa das hurnanidacles e das ciências sociais. Muitas das pessoas tre disciplinas. Seu foco principal pode esrar nas huniaiiidades, mas rnuitos
nessas clisciplinas rejeitariani a idCia de universahsnio em peio nienos algtins tedricos das ciQncias alegariarn que sen trahablia conreinpla de forum muito
tipos dc pesquisa, alegando que toda urna gama de fatores pessoais pode fundamental urn sentido estCrico. Coma a exempbo rnostra, a razao da exis-
afetar o enfoque c, porranto, a aceitabilidade dos resultados. De igual mo- tCncia de fronreiras rndistintas entre diferenres niarCrias e disciplinas deve-
do, o desprendimento, corn sun critica no envolvirnento ernocional do autor se a que a coincidCncia entre tipos de aquisiçflo de conhecimenros, par uni
nos resuitados de scu trabaiho, não seria viflo como urn ideal cigna de 'iiCn- bado, e -matCrias definidas pelo conreüdo informacional, per outro lado 3
to por inuitos pesquisadomes das hurnanidades e ciéncias sociais. Em suma, esrá lange de ser perfeita. Matérias distintas apresentani vSrias misturas de
tanto as pressupostos basicos forrnulados acerca da pesquisa quanta as tipos de conhecirnento, a que causa parcela major on inenor de dup!icação
regras de condura racitarnente aprovadas pela cornunidade de pesquisa entre si no que range a fornia coma operam e como rratam a inforniacao.
podern divergir entre a ciência e ourras disciplinas. Isso pode levar a due- Esse argurnenro pode set ainda mais desenvobvido. Mesmo nunia derer-
reiças na naturezq da cOrnunicaçilo nesses canipos, corno Serã niostrado. niinada marCria diferentes rainos podem apresentar diferenres enfoques.
Anres de faze-b, precisamos le,nbrar, coma foi antes obiservado nesre capi- Nos estucbos bibbicos, era usuaj disringuir entre 'crftica inferior' e 'critica su-
rub, que rodas as linhas divisdrias entre marCrias e disciplinas estão em perior'. 0 prirneiro ripo de pesqwsa preociipava-se corn ativic!ades coma
cerra medidas confundidas. Agoma vejanios surnariarnenre coma isso afera a definim os significados de palavras, renrar esrabebecer urn rexto definirivo e
quesrão da narureza do conheciniento nuina disciplina. assirn per diante. jd o segundo ripo preocupava-se corn a esrabebecimento
de urna estrutura reórica segundo a qual a texto bibbico seria inrcrpretado.
DivisOes do conhcciniento Estc ripo de divisno C cornurn nas hunianidades, itesubra não 56 em nieto-
dobogias de pesquisa cbiferenres, nias rarnhCin em duferenres corn preensOes
Forarn feiras numerosas tenrativas ao bongo dos alias para classificar as daquilo que consrirui unia pesquisa aceirñyeb. Eis un refbexo dessa diferença
conhecirnentos em categorias basics. Os parãrnetros urdizados variarani na area dos esrudos do Novo Tesramenro:
grandernente. Por exernpio, Shiyali Ranganarhan, da India, autor anipla- No esrudo das exteriaridades do Nova Tesranienro - que se casruniava cha-
nienre cirado ciii marCria de classificaçflo dos conhecimentos, esboçou DID 'liar a ' cririca inferior' - podeinas pcI a nienos esperar per cc rros resu Irados
esquenia baseado nurna visão vCdica tradicional da narureza do conheci- quc ciii sua validade cientifica serão cornparñveis as reabizaçóes dos cienrisras
mento. A categorização disso resuirante niostrava diferencas de enfase em das ciCnc'as fI.sicas. Ent quesrOes inais funda lien rais [ismo C, a ' africa su pe non
2. TRADIcOES DA PESQtJISA DIVISOrS DO CONI-IECIMENlO 59
58

e possive I ter a confiança de encontrar cerras reo Has que resisti rain corn tanto A batallia acerca da funçao e importãncia da teoria flO se limita as
ÔXiCO critica que podern, pelo menos pot enquanro, 5cr aceitas conlo ferra- humarndades. Ela C travada coin a mesma ferocidade nas ciCncias sociais,
rnentas üteis de traballio. 25 onde C exacerbada pot uma forte rradição de pesquisa empirica. A questão
Parafraseando isso, dir-se-ia que certas partes dos estudos sobre o Novo em foco não C a necessidade de teoria, mas se as teorias cjue tudo abarcarn
Testarnento contain coin metodologias bern-deuinidas e os restiltados acu- s5o realn,eiite viáveis nas ciCncias sociais. Pot exemplo, Merton enfatizou a
mularn-se de modo muito parecido coin o que acontece numa ciência. On- necessidade de empregar teorias de alcance mCdio em sociologia. (Unia
tras part:eS, em gerM as que são mais explicitamente orientadas parts a teoria, teoria tie alcance rnCdio C aquela que ajuda a unificar Os estudos empiricos
são menos exams, no sentido de que nab ha consenso definitivo quanto as em dererminada area, sem tentar oferecer urn quadro que abarque rudo.)
metodologias e conclusOes. Ele ohserva que:
:D e rnodo similar, urna análise sobre os interesses dc pesqnisas denma a sociologia avançara ua med,da eni que sua preocupação principal (mas não
faculdade inglesa na década de 1980 constatou que au havia pelo inenos exclusiva) for con] a desenvolvi mento de reorias de alcance rnCdio, e se atrasarã
cinco diferentes correntes de pesquisa em aruação. 2 ' Forain assim clefinidas: Se sua atenção btisica estiven voltada para a desenvulvimenro de sisremas socio-
iilvestigação tradicional (historica, biográfica, uinguIstica); estudos textil- IOgicos rorais 24
ais; estudo da literatura em contextos sociais e culturais; cornparação da Merton compara con] cerra minücia a funçflo da reoria en] sociologi
literatura corn outros meios de comunicacäo (principalmente a televssao e com sua função nas ciencs naturais. Esta tendCncta a localizar burros
o cinema); enfoque internacional (estruturalista, pds-estrutural, etc.). Esta calnpos de pesquisa relativos aos processos de pesquisa no ciCncia de ha
lista aharca desde uma posição nlais ohjetiva ate urn enfoque mais subjetivo. niuiro tens sido caracreristica das ciCncias sociais e hurnanidades A hisroria
Tambern abrange desde estudos antigos consagraclos are estudos recentes nos oferece urn horn exemplo da rnaneira como as opiniOes sobre isso Se
sobre estilo. 0 quehouve foi que a natureza das pesquisas na tirea de estudos modificaram corn o passar do tempo. A maioria dos historiadores do sCculo
literdrios (e nab apenas de lingua iiiglesa) sofreu rnudanças. Antigarnente os XIX via sua drea de esrudo firmernenre vinculada ao campo cientifico. A
pesquisadores recebiam o texto coino thes era passado: era tarefa do espe- influCncia da culthra alernã, enrão n,uiro forte, acenruava essa vinculação.
cialista situd-lo nuns contexto. Hoje, Inuitos pesquisadores consideram 5cr o hisroricisn,o alemão do sCculo xix f ... ] recebeu stIa primeira inspiraçño de
de interesse primordial a interação do leitor corn o texto. Isso irnpOe uma duas fomes: a cririca textual dos filólugns e a rnecânica do ciCncia fisica [.1 An
rnudança do que se julgapesquisa aceitdvel: porexemplo, o papel da africa se aproxirnar o final do sftulo passado, as ciéncias doininanres da fisica e da
literária vein se rornando cada vez mais unla questão aberta ao debate. flbologla foram substiruidas pela hiologia, anrropobogia e sociobogia, tendo
Não serA fdcil noinear urn critico imporrante que fosse soinenre enrico e nada comb resultado que a histaria rornou-se ranto Inais sutil quanro Incnos exara,
nsais; isto C, arC ha bern pouco tempo. Arualraente, r, inundo está cheio de cd- mais relarivisra [... Essas rrãs i nfluencias pernianecerani fortes desde então.
ticos literiirios, alguns ridos como irnportanres, que nada fazem senão escrever A questão sobre qual modelo conceirual escoiher para a pesquisa em
critica lirerárin, e todos trahalhans em ,,niversidades. derern,inado canipo reni arrás tIe si outra questão. Coino C possivel o desen-
Esse incrernenro da cr1 tica corno forma de pesquisa C igualado pot units volviinenrode urna especialidade cientifica influirsobre qual modeloC acei-
enfase creseente no conhecirnento conceirual, comparado coin o factual, ravel? Por exeniplo, as ciéncias fisicas e hioiógicas adoraram enfoques de
nudança essa que suscira opiniOes que Se modificarn rapidarnenre sobre a pesquisa sensivelmenie di ferenres no inicio do secuuo xx. As prirneiras preo-
aceitahilidade de disrintos enioques tedricos. Poucas posiçOes conceituais cupavam-sesobretudocom processos nos niveisatômico on molecular e dc-
populares ha poucas dCcadas ainda são ridas en] aIm courts hoje em dia. Ao - -. pendiam fortenienre da teoria. Nenhurn desses enunciados aplicava-se a
niesnio tempo, a ênfase no conceitual significa que os estudos sohre teoria biouogia. Avanços en] dCcadas recenres aproxirnaram cada vez niais as cién-
inerecern hoje mais arençflo. Essa nsudança do especifico e empirico para o - cias fisicas ehiologicas. 0 modelo conceituau que os hiouogos rem de sua dis-
genCrico e reOrico encontra-se em outros cainpos akin da literatura inglesa: ciplina sofreu rnudanças que o alinharaln corn o dos cientisras fisicos.
Supunha-se geralrnente no sCculo xix que disciplinas diferenres encon-
Faa agora [arC a dCcada dc 1990] u tempo de ui-na geração que as humanidades
de faro penalizaran] a cspeclalizaçau estrira e reservaram suas lila's alras recoil'- travarn-se en] etapas diferenres tie desenvolvirnento. A medida que 0 tempo
pensas para os trabalhos que propOcm as mais ahrangentes scorias culturais e passava, suas caracreristicas tenderiarn a convergir. Auguste Conite, por
an] pl as genera Ii zaç(]es i nerd isci pl in ares, trahalhos que pronicre ni recolisi dera exeniplo, rraçou urna seqUCncia de campus do conhecimento que poderia
o paracligrna cuni que se pcnsa sobre sen sujeiw. -- ser assin' sintetitada: ciCncias fisicas—ciCncias bioldgicas—sociologia. Em
2. TlcDIçOEs DA PESQUISA EXAMINANDO AS DIFERENçA5 ENTRE MATERIAS 61
60

stlaopiniao, isso não 56 partia doconhecimenco Diais hasico para oconheci- mente mistura esses cornponentes. Pot exeniplo, o trabaiho de pesquisa-
mento menos básico, mas tambérn era uma seqiiëncia evolucionSria. A dores no campo das letras varia desde a teoria literãria (muito flexive)) ate
sociologia tonlar-se-ia mais afi in coin as ciências biolOgicas corn o passar do a linguisrica (muiro rigida). Do mesino niodo, out projeto cspecifico de
tempo e amhas, pot fim, se aproximariam do rigor das ciéncias fisicas. No pesquisa pode ser uma mistura. Ern ffsica, as ativiciades de pesquisa variam
século xx, e mais especialinente nas ü!timas decadas, os pesquisadores de da formulação de novas idCias (em geral nluito flexiveis) ate a dedução de
ciéncias sociais e hurnanidades alastararn-se bastante dessa opinião. Passa- resuitados (rfgida). Talvez Se pudesse irnaginar a pesquisa rigida como se
ram a ver, cada vex mais, a aquisição de conhecimentos em termos reiati- fosse água e a pesqumsa flexfvei conlo se fosse á!coo!. Ambos podem 5cr mis-
vistas. Na verdacle, alguns pesciuisadores acharn que essa é a maneira apro- turados em várias proporçOes, corn efeitos sensiveirnenre diferenres em
priada dc encarar todo o conhecirnento. Sustentam que os cientistas estão quem behe as misturas resuiranres.
erradorao acreditarem que podern chegarmoconhecinmntetbjetivo.Os
cientistas negam isso, afirmando, por sua vez, que sornente o conheciniento Examinando as dmferenças entre matCrias
cientifico e passivei de desenvolviniento sistemático. Urn bidlogo exrernou
esta convicção em termos comtialios: Se essas diferenças entre matCrias e disciplinas são tao significativas
quanto parece, C razoável supor que ranihCrn Se reflitarn nos padroes de
Em certo sentido, toda cléncia aspira a 5cr colno a fisica, e a fisica aspira a 5cr comunicação. No inicio da dCcada de 1970, Derek Price sugeriu que essas
corno a rnateiniitica. Mas Laura aspiração pode levar a frustração. Apesar de diferenças poderiam ser percebidas na fornia corno os arrigos cienriuicos
éxiros recentes, a hiologia ainda tern urn longo caminho a percorrer quando
corriparada corn a fisica on a quiinica. Mas, e a sociologia? Os hió!ogos ainda ciram-se mutuarnenre. 28 Quase rodos os artigos trazern referéncias de publi-
podern estar cheios de esperança e vivendo urna época empolgante, rnas que caçöes alms, corn a finalidade de justificar argumenros, criricar trahaihos
esperança exisre de a sociologia adquirir urn hrilho parecido corn o da fisica?" anteriores, etc. Essas referéncias podem 5cr vistas coino urn niecanismo de
red!e Ci Lie intcgri num rodo a I itera turn cientffmca. A in anei [a corn o 0 faze rim
0 faro de as universidadesserern organizadas em departarnentos e facul- deveria propiciar a!guma cornpreensao do processo pelo qual as mnforrna-
dades, ambos haseados em matérias, é urn reconheciniento obvio das due- çOcs novas se reiacionani corn as antigas; Price sugeriu que existeni diferen-
renças exisrentes entre as matdrias. Ao contrdrio tie falar em termos gerais ças entre as snatCrias, C para explicar em que consistern C preciso fazer unia
sobre diferenças entre disciplinas, e possfvei pergunrar aos pesquisadores digressao para exarninar os çesultados dos 'esrudos de citaçOes'.
universitdrios quais são os outros deparranientos dos quais des se sentem A palavra citaçdo C amplanienre ernpregada para descrever o ato de re-
mais próximos e poE quC. Suas avaiiaçOes ioderao ser analisadas para rnos- meter de urn artigo para ourro. E habitual, nesse contexto, disringnir entre
trar Os farores que influeni em sen julgamento. Os pesquisadores em geral o arrigo ciranre (que contCrn a referCncia) e o arrigo cirado (o niencionado
parecern julgar os outros departarnentos em funço de a]gurnas antfreses na referCncia). Conforme foi salientado no capirulo anterior, a quanridade
básicas." IJni parãrnerro importante refere-se posição em que a matéria é de literatura cientifica rem crescido de modo aproxirnadarnenre exponen-
vista no eixo puras—aplicadas. Porém, o fator mais iinportante em rerrnos de cial ao longo do tempo. Se roda essa lirerarura for de igual inreresse para os
conhecimenro é a extensão corn que uma niaréria é tida corno 'rigida' [hard] pesquisadores, será natural que a disrrihuiçao das referCncias feiras a cia no
ou 'fiexivel'. [soft]. (Aqui, 'rIgido'significa q uantirarivo e rigoroso, enquan- tempo siga inn padrao similar, corn urn nü'nero muito niaior de referéncmas
to 'ilexive!' significa o contrrio.) Parece que osacademicos costurnam divi- de pubiicaçOes recentes do que anrigas. Dc faro, C isso que aconrece, porCrn,
dir as matérias em rigidas (ciéncias narurais e recnologia), flexiveis (hunia- can alguns campos de pesquisa, a proporçño de lireratura recenre cirada C arC
nidades) e as que se siruarn no meio (ciCncias sociaas), reproduzindo assim nesmo rnaior do que o que serma previsivel corn umna taxa de crescimenro
as distinçOes tradicionais que vimos exarninando. exponencial. Price chaniou de 'efeito de proxirnidade' essa ciração excessi-
A irnprcssão geral deixada POE C55C permanente debate é que ha dife- va de pubimcaçoes recenrcs. Sugermu que esse efcmro scria rnedido de rnodio
reiiças auténticas enrre discipliiias em função do tipo de conhecinienro que rnuiro Si npies dererniinando-se a proporçfio total de referencias nuni cam-
os pesquisadoresbuscani e como des o tratam. Isso não 3o mesmo que dizcr p0 dado que se relacionasse coin a lirerarura publicada nos cinco anos ante-
que o conheciinento em marérias cientificas é de urn tipo e nas hurnani- notes. Ele dererniinou essa proporçño, a qime Se referiu como 'fndice de
dades de outro. Nlesnio Iançando mao de unia dicotoinma simples, corno Price', para unla sCrie de revisras especializadas. As revistas de ciCncia
'rfgido—iiexivcl', a pesquisa ciii gera] IMO SC emiquadra totainiente null or' apresenrarani urn indice de 60-70%, o indice das revisras de ciCncia social
noutro caso. Ens terinos de nateria, urn campo ünico de esrudo normal-
2. TRAOIcOES DA PESQUISA EXAMINANDO AS DIFERENçA5 ENTRE MATERIAS 63
62

loi I O_20% menor, e as revistas de burnanidades chegararn a urn valor Corno seria natural, ocorrern a cada ano oscilaçoes estatfsticas de aiguns
pontos percentuais no indice de Price para deterrninada matdria. Tambdrn
ainda sensivelmente inferior.
A interpretacão desses dados foi que o efeito de proximidade indica a podern ocorrer alteraçOes sistemáticas, mais especialmente quando urn
existéncia de "ma 'frcnte dc pesquisa' [research front]. As caracteristicas assunto soire urna ruptura importance on atravessa urn perfocbo de contra-
dessa frente de pesquisa relacionam-se, por sua vez, corn a natureza da vdrsia. Par exeniplo, quando uma especialidade da psicologia passou par
nformaçao corn que se esteja lidando. Assirn, urna das caracteristicas da importante mudança, constatou-se que o indice de Price aurnentara consi-
inforrnação cientIfica que assinalarnos e sua naturezacumulativa. Acumula- deraveirnente. Assirn C1Ue a mudança foi absorvida pela cornunidade, o mndi-
çãø, neste sentido, no quer dizer que as inforrnaçOes simplesmente se cc voltou a cair. 3° Parece haver aqui dois fatores em jogo. Urn é a nivel inaior
amontoarn. Quer dizer que as inforrnaçOes são sisternaticarnente codifica- de integraçfio entre pesquisadores durante urn perfoda de intensos debates.
das e tbsorviclas. Conio resultado desse processo, vs ci'entistas erngeraI :Qoutro.d.anexisténcia de literatura anterior Dara 5cr citada quando ocor-
precisam, ao realizar seus prOprios estudos, estar cienres apenas cbs iraha- rerain alteraçôes irnportantes no modelo aceito de pesquisa. Esse ülrimo
Ihos recentes. Ao contrário, as informacOes nas ciéncias sociais corn Ire- fator torna-se evidenre quando urn novo tcnia dc pesquisa surge de modo
quencia são menos facilniente coclificadas, dc modo que a literatura antiga abrupto. Por exempbo, as pulsates forarn detectados de forma totalniente
continua sendo mencionada. As humanidades constituern inn caso especial, inesperada pebos astrOnornos. Corno havia então pouco material perrinen-
pois a literatura amiga representa para elas muitas vexes a matéria-prima de re, a bibliografia inicial sabre pulsares continha uma grande parcela de refe-
suas investigaçOes. Corno observarnos, certas caracterIsticas cientO,des', rCncias cruzadas entrc as arrigos que erarn publicados. Por isso, essa area,
inclusive a maneira corno as inforrnaçOes se acumulain, surgern não apeflaS .naquele momenta, apresentava urn indice de Price muito elevado, masque
,ias ciências: podem 5cr tanibern percebida.s em alguns ripos de pesqulsa foi posteriormente dirninuindo a niedida que a pesquisa sobre pulsares am-
wino nas ciéncias sociais quanto nas humanidades. Existe, por conseguinte, pliava seu alcance. Tambérn é possivel haver tendCncias de bongo prazo. Por
certa dispersão do indice de Price no nivel de deterniinadas especialiclades. exemplo, urna coinparação das referCncias apensas a artigos publicados em
A existéncia de uma frente de pesquisa implica que ha urna fine !igação revistas inglesas tie fisiobogia e geobogia no final do sdcubo XIX e na década
de citaçOes entre publicaçOes recentes em virtude de a comuniclade de pes- de 1960 sugere que o indice de Price aurnentou em arnbas as matérias ao
quisaestar procurando compreender e assirnilar as resultados que elas con- longo do periodo. A diferença do indice entre as duas matérias permaneceu
tern. A medida que o tempo passa e isso acontece, as publicaçoes antigas são iguab durante esse pesiodo, refletindo a diferença essencial de sua natureza.
relegadas para o arquivo geral das pesquisas reconhecidas e por isso serão Uma ciéncia haseada in ohservaçao, coma a geologia, senipre precisa re-
citadas corn menos frequëncia. 0 prOprio Price calculou que urn artigo da portar-se a materiat antigo, rnais do qime urna cmëncia experimental, coma a
frente de pesquisa seria citado por outros artigos urn pouco menos de duas fisiotogia. A reudéncia mi plica, porém, que o nivel de integração da Irente
vexes por ano, enquanto urn artigo do ard1uivo seria citado apenas ulna vex de pesquisa tornou-se mais firme, para arnbas, corn o passar do tempo.
a cada dois anos. Ele tentou ilustrar esses argumentos relativos a frente de O efeito de proxiniidade n5o constitui o ünico rneio para se exarninar o
pesquisa realizando urn estudo detalbado de publicacOes sobre as raios N. grau de integraçäa das marérias. Outro método consiste em investigar dbire-
Esses raios loran, 'descohertos' no inicio do seculo xx: o nome raios n foi taniente o grau de vinculaçao entre artigos que traram do mesmo assunto.
calcado nos j5 conhecidos raios x. Os nov05 raios despertararn inteiisO inte- 0 mécodo niais tmsado tarnbém emnprega as referCncias apensas ao final de
resse durante breve perfodo de tempo. Então tornou-se evidente que a de- cada arrigo. Vimos dizendo que as citaçOes refletem conio a pesquisa sobre
tecção desses raios havia sido esp(iria e o tema lot relegado ao esqueci- urn tema se relaciona corn trabaihos anueriores. Se isso for verdade, dois
rnento. Em decorrCncia disso, umas duas centenas de artigos sobre raios N artigos escritos sobre precisamente o mesmo tópico deverão provaveirnente
loran, publicados e passararn a formar urn pequeno hloco, isolado da litera- exaniinar 0 niesnio conjunto die pesquisas anteriores. Por isso, deveriamu
tura cienrifica. Price estava convencido de que sua análise dessas publica- citar quase a mnesnia bibliografia. E possivel, na reabidade, constatar essa
çâes mostrava claraniente como funcionava uma 'frente de pesquisa'. Estu- coincidéncia. I-hi alguns aims, a revista Nature recebeu, sirnubraneamente,
do posterior laiiçou düvida sobre isso! 9 Urna razão, curiosarnente, esta na mas de modo independente, dois originais para avaliaçao (urn dos Esrados
maneira diferente corno as pesquisadores então se comunicavam em corn- Unidos e outro do Reino Unido) sobre urn tema identico: a identificaçao de
paração corn agora. No entanto, o conceito de ulna 'frence de pesquisa' con- certos organismos veiculados pebo ar. 0 editor da Nature cornentou:
tinua sendo uma maneira ütil de cogitar sobre o efeito de proximidade. o incidenre pode rambéni i nieressa r aos especialistas em literarura cientIlica,
2. TRADIçOES DA PESQULSA EXAMINANDO As DIEE1SENçAS ENTRE MATERIAS 65
64

particularmeute aos que gostam de, cinicamente, afirniar que 90% de qualquer nientos que se forniani para ligaçöes de diferentes intensidades. Os mapas
lista de referencias destinarn-se a exibir a erudiçfio do autor e tho os anteceden- para a ciéilcia corno urn todo mostram, em gera!, neste easo, urn agrupa-
tes de sen artigo. Sete das oito referéncias cle amlios [us autores] são idénticas. 3 mejito de fisica que tern ligaçOes corn outros agruparnentos disciplinares,
A existéncia de urna coincidéncia sugere urna maneira diferente de exa- principalmente cOni a niateniãtica e a qufniica, pOrCni, apesar disso, per-
manece incon lull divel.
rninar as divisOes entre as especialidades. Sc essas clivisOes foreni reais, as
citaçOes constantes de publicaçOes dentro de determinada especialidade Esse rnapearnento de campos do conhecimento tern sido objeto de mui-
tas crfticas. Un, prohierna, em particular, C que os resultados pocleni depen-
deverflo provavelmente coinciclir niais entre si do que corn as citaçOes de
der, de niodo bastante cnitico, das instruçOes fornecidas ao computador
artigos dedicados a outras especialidades. Seth possivel exarninar essa coin-
para a ordeoaçao dos claclos. Apesar disso, não ha duvida de que podem scm
cidéncia de rnodo estatisticarnente vidvel?
istinguidorSIgunsgnipos, que manérn razoável estahilidade de urn aao
0 Irhtute for Scientific Information, de Filaclélfia (EuA), vem conipi-
lando indices informatizados de citaçOes desde a década de 1960. (Urn para outro. Muitos deles podern estar reiacionados corn os modelos men-
tais que os pesquisadores ten, de seu mundo. Por exernplo, os acadCrnicos
'indice de citaçôes' e urna lista de artigos citados junto coin os artigos que
os citararn.) Embora o foco original de interesse fosse ciéncia, medicina e tenden, a s'er uma conexão entre todas as disciplinas que lidarn coni a vida
e, portanto, em geral juntani em suas mentes as ciCncias biolOgicas e sociais.
tecnologia, sua cobertura posteriormerite Sc amplion, incluindo ciéncias so-
Essa conexão tamhCm aparece em mapas de co-citaçdo, rnas estes propor-
ciais e humanidades. Vários niilhares de periodicos - a lista é atualizada
regularmente - são exarninados todo aim a fini de alimentar essa base de cionam n,ais inforniaçOes sobre a liatllreza da ligação, ao niostrar que cia
- ocorre mecliante certos tOpicos, corno classificação ou niCtodos de anãlise
dados. Todos os dados das ciraçOes são armazenados em formato digital: a
e interpretaçao de dados. Os mapas contribuern pim apontar a uifltiCncia
cobertura amal é não so atnpla, rnas tambérn proporciona urna VisãO retros-
que urna area tenidmica pode exercem sobre outra - pot exemplo, pesquisa
pectiva c1ue abrange urn longo perlodo. Naturalniente, esse material oferece
• ensejo de ser feito urn rninuciosc} estudo sobre coincidéncia de citaçOes. hioinCdica em c1tiimica - assim cliamanclo atenção para arividacles Intel clis-
ciplinares, que abrem caminho nas divisOes convencionais.
Apesar do exemplo dc Nature, yen fica-se que norrnalmente d pequerio
As investigaçOes sobre similaridades podem empregar quase qualquer
• grau de coincidéncia entre as citaçOes de diferentes artigos dc periOdicos,
caracterIstica distintiva dos arligos dc periddicos - nome do autor, titulo
sobretudo porque d ran) tratareni de assuntos absol ilL niente idénricos. Por
conseguinte, a Iigação entre dois artigos paasou a ser definida de maneira do armigo afillação institucional, etc. - ao fazerern as buscas dos agru-
niui to n ais genérica. En, gem] é definicla can ftinção cia quanmiclade de vexes parnentos. A anOlise de conteüdo C particularmente i.nteressante, pois 0
que determinado par de artigos são citados juntos nas listas de releréncias texto de urn artigo contCrn muito mais inforniaçoes do que suas referCncias.
0 argurnento, neste caso, C que os antigos que tratani do rnesrno assunto
apensas a Outros artigOs. 0 argtitnentO 6 (Inc qiianto n,aior für a Ircquêiicia
terao yãrias palavras-chave eni coniuni. Assin,, se dois artigos de quirnica
Coin qtie OS pesquisadores associani esses dois artigos en, seus trabaihos,
referirein-se aos niesnios coin p05105 quilnicos e aos niesinos U pos de instru-
major seth a probabilidade de que digarn respeito aO rncsinU assuato. Urn
estudo dessas co-citaçOes deve, portanto, rnostrar se as cimaçOcs podem 5cr menração, parece razodvel supor que abrangern uma area de interesse coin-
usadas para constatar a exisméncia de grupos de armigos de periOdicos, em cidente. Metodologias semeihantes as utihzadas eni anOlise de co-ciiaçOes
1,nden, scm adomadas na andlise de pa!avnas co-oconrentes. 0 esrudo de pala-
cite cada aglomerado nefere-se a urn assunto especiuico.
Quando o exercfcio é levado a cabo, produx, de fato, urn efeito percep- vras oferece algunias vaittagens ciii comparaçao cOni 0 esttido tie citaçCes.
Pode, por exemplo, scm aplicado a qualquer mipo de clocuniento: livros e
tivel de agrupamento, ao iiivés de UIii Un' forme oceano de co-ciracOes. 0
agruparnento é normairnente hierárquieo. Algumas co-cimaçOes ligarn arti- relatOrios, bem coino artigos de periOdicos. E possivel tambeni escoiher
gos sob ic a in terna de pescitlisa especifico, porérn outras os ii gaul a grupos palavras qLie procumeni cliferentes tipos die senielhanças eiitre Os artigos: nao
rnaiores e assim por dianme ate toda urna disciplina. Pot exemplo, artigos sO se o oh em da invesugação Co rnesmo, masse estão senc!o aplicados enfo-
clue tratani de certo tipo de espectroscOpia podeni ligar-se forteniente. Em ques conceimuais sinii lames ou mCmodos sirnilares tie anãlisc. l'or exemplo,
outro nivel, esse grilpo pode ligar-se coni outros arrigos que tratan, do am esmudo de biomecnoiogia feimo con, análise de co-ocorréncia de palavmas
estudo de plasnias. E ainda em outro five1, os estudos sobre plasnias podeni verilicou 5cr possivel discemnir diferentes elifoques de pesquisa entre mu-
vemsidades, instituiçOes governanienmais de pesquisa e a indósmria.
ligar-se a grupos que cobreni tin' vasto leixe dc pesquisas de fisica. E pos-
Embora os estudos de palavras co-ocorrentes possani assim scm usaclus
nycl compilar mapas dc co-cstaçOes de ciCncia, que mostrern Os agrupa-
66 2. TMDIçOE5 FM PESQUISA DIFEKENcA5 ENThEt MATERIAS 0 COMUNIcAçAO 67

corn propOsitos dilerentes dos estudos de co-citação, anihos demonstraru a Tabela 6


capacidade tie separar t.enias de pesquisa numa série de agruparnentos. Em Caracteristicas dos artigos de periódicos per matéria
que medida esses agrupamencos coincidem corn as fronteiras traçadas pelos c:onteni Incluem lncliie,n Consignanh
especialistas da area? Dc modo mais especifico, ate ondc os mapas rnentais anal se tabelas gráfi cos Ii nan ci amen to
percebidos pelos especialistas coincidem corn os mapas bibliornétricos? Na Matéria quanti tativa (%) (%) exterun (Wo)
realidade, isso é muito difIcil de detcrniinar. Nao so os especialistas em
Bioquimica 98,1 73,5 91,0 74,2
geral desconsiderarn os gnspos obridos por meios bibliornCtricos (classifi- Psicologia 75,1 70,7 41,5 43,4
cando os agruparnentos como Obvios ou errados), mas rendem a achar que Economia 72,1 46,8 39,6 34,3
os gráficos uniditnensionais ou bidimensionais empregados para apresen- Sociologia 52,6 65,0 22,6 27,0
tar os-resnlxddostibliomCtricos não casani tnwro bern cornseus prOprios
rnapas menials da ciéncia. Outro problerna e que as respostas dadas pelos
especialistas podem variar segundo seus interesses e sua formaçao. Portan- das pain mostrar inforrnaçOes quantitativas Ou qualitativas: assi.m, seu cm-
to, para se obter urn rnapa da cornunidade seth preciso obter a media de prego não usostra nenhuma tendCncia especifica. Os bioquiniicos precisam
inürneras respostas individuais. Dc modo bastante parecido, diferentes auá- tanto de gráficos, para veicular dados uunhCricos, quanto de figuras (de
uses bibliométricas podein produzir inapas bern diferentes de determinado arnostras, etc.). TambCrn C norãvel a difereuça Ciltre a bioquinhica e as Outras
terna. 0 resulraclo global é que urn conjunto urn tanto indistinto de opiniOes disciplinas em termos de grdficos.
de especialistas tern de sec superposto a urn conjunto urn ranto inclisrinto de A Oltirna coluna funciona corno urn lernbrete de que a produçao de pes-
rnapas bibliornCtricos. Quando isso C feitc, parece que os rnapas meutais e quisa custa dinheiro. A pesquisa cientifica exige geralniente nlais apoio fi-
os mapas bibliornCrricos de law Se parecern uns corn os outros em funçao (IC nanceiro do que a pesquisa em clérhcias sociass, que, por sua vex, requer rnais
suas caracteristicas principals, mas 'lao (o que é natural) em set's detalhes. 3-' recursos do que a pesquisa em humanidades. Essas diferetsças de finan-
ciamento podern afetar a coniunicação das pesquisas. Urn simples exernplo
Dilerenças ernie matCrias e con -sunicaçño refere-se ao pagamento pela puhlicaçflo de artigos. Alguns dos periódicos
cientfficos norte-americanos importantes adotarani o sistema do solicitar
Parece que as principals divisöes (10 conhecimento, corno as que sOo aos autores que paguem deterrninada quantia destinada a cobrk o custo da
tradiciorialmente rraçadas entre as clOncias, ciências socials e humanidades, puhlicaqao de seus artigos. Supoe-se que esse pagamento (em geral cobrado
correspondein a algo real, ainda qsie indisrinto. lrnplicarn diferenças naqui- em terrnos de tantos dOlares por pógina impressa) snirã do financiamento
lo que C visto comb atividade de pesquisa aceitável em cacla cainpo e, do que os cicntistas recehem para levar avante suas pesquisas. Dilicilmenre es-
rnesrno modo, 110 que é visto conlo infornlaçao cientifica aceit$vel e sua qtiema senielliarite poderia 5cr imposro nas ciCncias sociais e humanidades,
coniunicação. Isso sugere que as difercnças entre matCrias devem set cvi- pois nelas os frnanciamenros nño sO sao nlcnores, conlo tanibCni C nienor o
dentes no que tange a niuitos aspectos distintos da infornlação 00 coinuni- nümnero do pesquisadores que a des léni acesso. Urn exclnplo nlais expres-
cação cienillica. Examinarnos em seguida alguns exemplos disso (os fatores sivo concerne 5 exrensão da publicaçao. Nao C raro o Orgão financiador
em jogo são examinados mais detidaniente em capitulos posterlores). Para inipor restriçôes sobre conio e quando os resulrados da pesqinsa seriho tor-
corneçar, a tabela 6 compara algunlas this caracreristicas dos artigos de nados pOblicos. Isso C coniuni en algumas Sreas da ciCncia (por exemplo,
periOdicos publicados em algumas niat6rias. 34 pesquisas financiadas pela indtisrria farniacCutica ou por Orgãos niilirnres),
Observarnos an tes q Lie urn enfoq ire a I ta non te q nantita tIVO constitul U ill nias C nienos ireqüente nas ciCncias sociais, sendo rara nas huinanidades.
dos sinalizadores da fronteira que em geral C traçada eiltre as ciencias natu- A tabela 7 chania arençflo para outro aspecto da divisflo carte as ciCncias,
rais e as ciCncias socials. A prirneira colwla da tahela 6 indica irma rendCncia ciéucias sociais e humanidades: o nivel de atividade cooperariva dencro do
na direção esperada (corn a psicologia, como sempre, na linha divisoria), uma disciplina. 35 Em rermos de cornunrcaço, urn reflexo do nivel de co-
embora a di ferença ernie econonhia e sociologia sop tño grailde quanto a operacAo é a proporção de arrigos quo conram coin mais de urn auror. A co-
difereiiça en, re bioqufmica c ecoihoillia. As duas colunas seguhihteS IiiOstraihh operaçiio pode assuinir várias forruas. Torna-se necessiiria, por exeniplo, so
coma os enfoques adotados por dilerenres matCrias afetarn a forma conio a pesquisa exigir unla diversidade de talentos. lambern so o orierirador esti-
as niformaçoes siio apresentadas 10 artigo. As tabelas podern ser emprega- ver trahaihando em dererniinaclo projero junto corn urn grupo de estudan-
DIFERENcAS ENTRE MAIERIAS E coMuNrcAçAo 69
2. TRADIçOES DA PESQUISA
68

TaI,cla 7 nanciarnentosuficiente, serd passive] pagar por niao-dc-obraespeciahzada.)


Niiuiero de autorrs pot artigo Coinunidades de pesquisa que controlani vultosos recorsos financeiros
constatani 5cr muito nais fácil apolar varios periddicos do que aquelas que
Urn Dais Tres Quatw
ou mais (%)
dispOenl de pouco finanCiarnento. Isso qucr direr que os cientistas contam
Maréria autor (%) autores (%) aurores CEo)
corn mais opçOes de periódicos para a publicação de seus trabaihos do que
Bioquimica 19 46 22 13 seus colegas das hurnanidades. Deste ponto de vista, as taxas de recosa em
Psicologia 45 36 15 4 diferentes mater,as tern como base consideraçOes de ordem econCmica: as
Econornia 83 16 1 -
artigossão selecionados para publicaçflo, do total de recebidos, COin base no
Sociologia 75 21 3 1
espaço que pode ser destinado a niateria.
4ssomos traz a questflo da publicagao de pesquisas por rneio de nieca-
nismos diferentes do periódico. Em todas as marCrias as artigos de perid-
tes de cloutorado. Qua!quer cjue seja o mecanislnoern jogo, a necessidade de
dicos são urn dos dpos n'ais cornuns de publicaçEo de pesquisas, o que não
cooperacño e as mejos para alcangá-la são eon geral maiores 13 ciéncia do
significa, porCni, que sejarn semprc classificados CornO 0 tipo tnais impor-
que Has ciências sociais, e rnaiores nas cséncias socials do que Has huniani-
tantc de publicaçno. Pode-se ter urna idCia nlais Clara disso examinando as
dades. Dc fato, urna vez que o trahalbo em equipe exige major financia-
referencias apensas as publicaçOes. A tahela 8 compara a amplitude da dis-
mento do que o trabalbo de uma só pessoa, é natural ver urna corre!ação
tribuição de ciraçOes encontrada nas ciCncias coni a das ciCncias sociais. -"
entre as dados da tabela 7 e a coluna final do tabela 6.
Naturairnente, as periódicos cons tmiern a rnais importante fonte de infor-
lJni dos fatores importantes na divulgaçao das pesqulsas e, obviarnente,
rnaçño Has clCncias, Inns 5O suplantados pelos livros nas ciCncias sociais.
a extensão corn que Os resultados são efet,varncnte tornados püblicos. A re-
Estudos sobre as hunianiclades indicarn mirna seqiiCncia sirni jar is das ciCncias
grageral é que a publicacño é mais facil nas ciências, mais dificil nas ciéncias
sociais (enibora 'outras fontes de informaçfio' apresentem rnaior probabili-
sociais e ainda nials dificil nas burnanidades. 36 As taxas reais de recusa de
dade de incluir ediçoes crfticas, etc., do que relatdrios).
originals vaflarn sensiveirnente segundo as periódicos escoihidos Para en-
Essas constatagôes podem ser interpretadas em funçao das diferentes
me, mas essa sequéncia de grau de diuiculdade permanece relativaiiiente es-
pressôes en) jogo. No que lange no conreñdo, a natlireza da pesqoisa em
tável. Entram em jogo aqui várias forças, nias urna, certainente, Co nivel de
consenso sobre o qtie constltui unla pesquisa aceitãvel. Confornie vinios, ciCncias sociais e hurnanidades eta] que sua apresertaçflo en) geral acarreta
consideraçOes nlais extensas do que nas ciencias, quando se reuneni dados
näo se trata de urn cisma exclusivarnente disciplinar: ha tenias Has clencias
sociais e huinanidades eli) que C razoavelmente boa a concordãncia a respei- de unia sCrie de trabalbos de uni projeto. Isso cm geral C dificil ou irnpossf-
to de conio se deve lidar corn a pesquisa. Para ternas que se enquadrain nessa vel de realizar rnediante ulna sCrie de artigos de periódicos. An niesino tem-
po, a velocidade de piihlicação dos permódicos nessas isreas C em geral lenta:
categoria (por exeniplo, liiiguLstica), as Laxas de recusa de arrigos pelos
a produçao de urn jivro niso necessariarnente dernorará muito rnais. Do
periOdicos aproxirnarn-se da cléncia que estã na OlItra ponta do espeCtro.
ponto de vista ecoflôrnico, 05 liVtOs podeni scm vi;iveis, rnas n 7io unia sCrie
0mw fator relaciona-se a padroes —O que os especialistas da area esperani
de urn,artigo aceitdvel. Emciência, pOr.exeiiiplO, as artlgos liãO sóapresen- de artigos. Todos esses fatores podeni sofrer alteraçiso coin o passar do tem-
tans urn feirio padronizado, nias tarnbCm Un) enfoque geralrneiite seilie- po, hem corno de urna rnatCria pam outra. Uina das publicaçoes cientificas
mais insportantes do sCculo xix - A origern des espdcies, de Darwin - foi
Ihante. Os editores e avaliadores de originais consideram norrnalniente seu
trabailso corno sendo o exame de artigos submetidos pata puhlicacflo coIl) editada em forma de livto porque o atitor queria desenvolver suas idCias
porrnenorizadarnente. Isso foi economicarnente viisvel porque a narrativa
a finalidade de verificar se existe algo de errado neles. Nas hurnanidades, Os
artigos podern diferir de Ieição e revelar urria variedade de opiniOcs acerca de Darwin, 30 contrário da rnaioria dos textos cientificos de hoje en) dia,
expressava-se em linguagein qile niso desencorajava urn publico am plo.
daquilo que consntui pescjuisa apropriada. Os editores e avaliadores tern
menUs interesse em ficar procurando coisas que estejarn erradas, e estão
Coniunicaçiso corn urn publico inaior
niais preocupados Con) avanços cnativos. Dito dessa fornia, fica Illais COIlS-
preensivel porque as taxas dc reCtisa são muito niaiOres Ha ninioria das dreas
Essa questão da amplitude do pdblico leitor C outro ponto que revela a
das liumanidades do que na major pane da ciCncia.
exisrCncia de diferenças caracterisricas entre as niarérias. A maheja 9 mostra
Outro lator adicional é a disponibilidade de reCursos. A publicação de
revist:Ls Coilsonie dinheiro. (TarnhCrn exige tempo, mas, desde que baja fi-
2. -riDicOES DA PESQUISA coMuNrcAçso COM UM PUBUCO MAIOR 71
70

IaIwia 8 Tabela 9
Distribuiçno cit citaçôes de Lipos diferenres de publicaçAo na ciOncia c nas ciências soda's Proporção maxima cit pubhcaçOes voitadas para o grande póhiico prodozidas
par departamentos de universidacles holaadesas
Tipo cit pubiicaçlo Ciênc,a (%) Ciências soc,a,s (%)
Matéria i'roporçao maxima de publicaçOes de 'divuigaçao' (%)
Periódicos 82 29
i.ivros 12 46 Linguistica 8,5
Ourros (principaimeniic reiarorios) 6 25 Psicologia experimental 10,4
HistOria social 33,0
Literatura liol :u,desa 43,0
alguns resultados Ut urn estudo holandés que examinou quantas publica-
çôes qué visavam ao grande püblico, ao inves decdlegaspesquisaclores,
Tabeia 10
haviam sido produzidas por diversos departarnenros de universidades. 3 ' Espaço relatjvo dcdicado a diferentes teEns, cienrificos film jamal di:irjo
(Os resultados apresentados referem-se ao máxlrnO ericOiltraclO para deter-
minado tipo Ut departamento.) Essas diferencas poclem estar relacionadas Tenia Espaço dedicado so renla (%)
corn a pergunra: quais as caracrerfsricas de urn tema de pesquisa que o fazem Biomedicina 48
ntais on menos adequado Para ser comunicado ao grancle pühlico? Tccnoiogia 30
Pode-se encontrar unsa prirneira resposta examinando-se que tipo de Asrmo,ioinia/ciência espacial 17
Geocieticias 3
pesquisa e citado preferencialniente nos rneios de comunicacão de massa.
Quimita I
Os repOrtercs e produtores do inidia preocupain-se pri])cipalrntlitC Coil)
Fisica 1
tern-as que possam ser considerados jornalfsticos'. Esses temas apresentam
várias caractc-rfsticas. Em prinieiro lugar, urn acontecimento, para 5cr ticlo
COillo inlportante, deve ter ocorrido recentenlente ou, mellior aincia, estar
Essas diferenças não sub dificeis de conipreender em função das priori-
para acontecer. Em segundo lugar, deve, de alguni mudo, ter alguiiia perti-
dades da mfdia anreriormente esboçadas. Grande pane da pesquisa cm
nencia para a vida normal das pessoas. Finalmente, deve ter urn elernento de
c1urnica não pode scm facilmenre relacionada corn interesses Ilumanos lIne-
distraçao.Nao e preciso que todos os acontecirnentos jornalisticos conte-
diaros. Para compreender suairnpomtancia é preciso uma ampla base teórica
nham todos os trés clernentos em quantidades lguaiS. Em relatos de pes-
e prática. Por isso, talvez seja dificil identificar e interpretar avanços impor-
quisas, o üitimo elernento tende a sersuavizado; embora qualquem pesqulsa-
tantes. Compare-se isso corn a pesquisa em botunica on zoologia. Ainda que
dor qite alegar bayer definido 0 sensO de humor, on mosuado que a astrolo-
a pesquisa possa scm igualmente coniplexa, Os menibros do pühlico acham
gia é verdadeira, quase certamente virarñ noticia.
-. ma's filcil relactonar-se com os objetos Ut eswdo e se inreressar pelo resul-
Como esses exemplos sugereni, as prioridades da midia ao noticiar pes-
taclo da pesquisa. Do ponto de vista da midia, de iato, as Ciéfldi:is situarn-se
quisas diIereni em niuito cbs priom,dades da cornunidade cientifica. Isso ale-
nos dois grupos 'llencionilclos anreriornlenre: 0 cbs dléliCias experinleutais
ta a extensão co'ii que difementes temas são noticiados no rnfdia. A tabela 10
codas ciéndias cit ohservaçao. Os lahoratdrios iião fazem pane da vida con-
compara 0 espaço cledicado a diversos ramos da ciêndia null) jomnal diário
diana da maiona clas pessoas. Ciéncias, cotno a fisica ou a qufmica, qite
'de qualidade' durante urn ano. 39 Essas proporcOes guardarn pouca Sense-
dependem p ri ncipa Irnenre Ut cx pe ri men nos de lahoratOrio, tern, portan to,
lliança Corn a c1uantidade relativa Ut resultados de pesqwsas cjue estão sendo
muito pouco a vet- don] a major pane cia vivendia llnitilana. Em domparaçfio,
puhlicados. A quitnica, por exemplo, 3 urn dos principals produtores Ut
dlélidias corno astronomia, geologia e a porte de 'liisrória natural' cia botfl-
artigos de pesquisa rias ciencias, no entanto é ramamente nienciunada no
- nica e da zoologia estão voltadas para a observaçao de coisas qIle fazern
jamal. Urn estudo sobre o contedo tie revistas de divulgação cientifica
porte do ambiente humano. Por conseguinte, estas iltimas diéncias tendem
coniparoti a cobertura ternática con] a populacao de pesc1uisadores (ineclida
a esrar excesslvamente represenmadas no que range a sita produção de pes-
pelo numero de cioutores que estavain sendo produzidos em cada ñrea). A
quisas. As ciéncias de obsemvaçao tamb6ni são en] geral mais fotogenicas do
qu fin ca, ma is uma vez, esteve mui to aquéni das cx pectativas, enquanto a
que as cléndtas experamentais, a que é uma vantagem no caso de noticias
astronomia (inclusive a ciOncia espacial) obteve urn valor major do que o
cientificas transniitidas pela televisão. Assim, a astrononiia Ca ciéncia espa-
tamanho da populaçao de pesquLsadores de astronomia poderia sugerir. 4 '
c,al, emiadoras de niuitas iniagens grdficas empolgantes rias dltinias décaclas,
2. iiDicOES DA PESQUISA coMuNicAcAo COM uM PiiflLiCo MAIOR 73
72

são ainda muito mais representadas na televisao do que nos jornais. Aprin- para 0 piibhco em geral. Assim, no inicio do seculo xx, havia relativamente
cipal exceção é a pesquisa biomédica, que, mesmo sendo de laboratdrio, mais noticias de pesquisas qufmicas porque cram vistas como tendo inipor-
ainda e amplamente noticiada (corno mostra a tahela 10). Al os fatores ne- tflncia mais imediata para it vida humana. Ocorreram tambdm flutuaçoes na
gativos são compensados por sua grande irnportância para a vida hurnana. atração mais ampla exetcida pelos temas de ciéncia social e humanidades.
As niesmas prioridades da midia rambém se aplicam, naturalmenre, a A crItica literária nos dd urn exeinplo:
pesquisa 'las ciéncias sociais e humanidades. Seria natural que essas disci- ate o advenro da Nuva Critica notte-aniericana e inglesa a trahaiho do critico
plinas fosseni comparativamente niais beneficiadas pot mis prioriclades d0 consistia em fazer utna apreciação da obra tanto para o publico din geral quaiito
que as ciéiscias. A arqueologia, por exemplo, preocupa-se corn inatdrias que para us outtos ctiricos. A critica funcionalista provoca uma ruptura extrcma-
dizem respeito tanto a vida huniana quanto ao meio arnhiente em que vive- merge pronunciada entrc a comunidade de criticos e a pühlico em geraI. 1
mos. Nto e preciso ter muiros conhecinientospara compreender aimper- Outro motivo Obvio para as variaçOes de coberttira deve-se a impor-
tflncia de novas descohertas. As escavaçöes arqueolOgicas e os artefatos en- tames niudanças nas quantidades comparadas das pesquisas em curso. Por
contrados são corn frequência interessantes do ponto de vista da irnagern exemplo, as notfcias na rnidia sobre pesquisa espacial cresceram de virtual-
grdfica. Assirn, a arqueologia e noticiada pela nildia corn inais freqüéncia do meme zero no inicio da década de 1950 ate alcançar o pico por volta de
que seria natural tendo em vista o volume de pesquisas arqueologicas pro- 1970 coin a prinieira descida do homem na Lua. Depois disso, diminuiram
duzidas. Mas entrain em jogo algumas influéncias em sentido oposto. A corn os cortes no programa espacial norre-americano. A rabela ii conipara
natureza da pesqrnsa nessas disciplinas significa que as 'rupturas' são menos a cobertura de asrronoinia e ciência espacial em dois jornais diãrios ingleses,
facilmente identificaveis do que nas ciéncias. Akin disso, a crescente im- - em duas épocas, separadas nina da outra por urn perfodo de 15 anos. 41
portância atribuida as pesquisas sobre teorias abstratas afastou do grande Naturalinente, a medicina tomou o lugar da astrononna e da ciência espa-
püblico algumas partes dessas disciplinas. cia] durante esse perfodo coma foco de atenção da nifclia.
A apresentacão püblica de pesquisas em humanidades suscita urn eiiigma Unia via niais direta pela qual a pesquisa pode alcançar urn pdblico
intrigante. Nuni amplo leque de temas das humanidades, o interesse da maior C aquela em quc os próprios pesquisadores são os apresentadores. As
midia concentra-se principalmente no objeto de estudo e não na prOpria duas maneiras principais de conseguir isso são on por nieio de colaboração
pesquisa. Pot exemplo, urn prograrna de televisão pode set rodo dc dedi- coin artigos em revistas popubres on escrevendo livros de nivel adequado,
cado a nina pinrura. A anãlise dessa pintura baseia-se em gerat din Várias embora haja alguns pesquisadores que tambCm Se apresentani no radio on
pesquisas, mas e o quadro e sen pintor que dominam 0 progrania. Talvez na relevisão. Existeni aqui, tambCm, diferenças entre as disciplinas. Em his-
nAo fique absolutamente evidente para o telespectador quanta pesquisa está tdria, por exemplo, muitos livros que apresentam os resultados de pes-
por trãs daquela auãlise. Do mesmo modo, a produçao de will peça para a quisas especializadas são redigidos de tat forma que sen conteüdo e acessivel
televisno talvez Sc apoic em niuitos anos de pesquisas, inas estas normal- a não-especialistas. Neste caso, o texto especializado e stia popularizaçao
merge 'lao serão obvias para o püblico. Mesnio quando a misnira de pes- - são a mesma coisa Em outras areas das hunianidades—critica literñria, por
quisa e produçao houver sido especialmelite extensa - por exemplo, no exemplo—a teoria e a linguagem especializada de muitos livros de pescluisa
estudo e restauração de partituras, tecnicas musicais e instrurnentos empre- podeni atualmente 5cr excessivas para o leitor leigo. An niesmo tempo,
gados em niüsicaantiga -, o elemento de pesquisa pode 5cr facilmeute talvez não baja inuito mercado para versôes populares de teoria literaria. 0
ignorado. 0 prohlema agrava-se em algumas areas (las hunianidades, onde leitor rnedio fica, portanto, corn os poucos titulos especializados nessc
a tinha divisdria entre pesqtusar sobre urn objeto e criar urn objeto pode tor- campo que sejam suficienteniente faceis de conipreender para sereni lidos.
nar-se indistinta. Urn exernpto obvio nos é dado por meinbros do corpo A ciCncia, de novo, C dilerenre. A pesquisa cientifica em geral aparece em
docente de departamentos de literatura inglesa de universidades, que escre- periddicos, de niodo que qualquer tivro destinado a urn pühlico maior
vent romances, que podem ser transforniados em programas de relcvisão. precisa ser redigido especialmente para tal fim. lsso pode 5cr feito pe]os
Esses roiliances e prograrnas de celevisão podem, por sua vez, toriiar-sc oh- prOprios pesquisadores, nias muitos rextos de divulgaçao cientifica são
jeto de estuclos cientfuicos. escritos por nau-pesquisadores, como, por exemplo, pessoas corn qualili-
As prioridades de noticias da midia não niudani grandeniente coin o caçOes cienrificas que escreveni na midia sobre os progressos cientificos.
tempo, mas a cohettura de detenninados tOpicos, Mm. Urn dos motivos estã Essas diferenças enue disciplinas quanto a forma como sc relaciona a
na mudançii da natureza da pesquisa, tornanclo-a iia, on nienos, atrativa pesquisactor corn o piibtico cm geral podem ret atgo a vet coin as distinçOes
sr'

74 2. TILAOIçOES DA I'ESQIJISA TECNOLOCIA DA INI0RMAçA0 E DIFERENAS [1NIRI1 MATERIAS 75


'-a

Tabela Li postas em prática pelas exiglncias da vida cotidiana (por exemplo, a teitura
Conipar ação do nil 'nero dc arti gos ded icaclos as, ratio' In tilci lad a esp ic i a I de jornais). An contrãrio, o ampio acesso an computador 56 se tornou pos-
e niedicina em duas êpocas
sivel em época retativamente recente, e o processamento informatizado da
Jornal Area 1974-1975 1989-1990 • informação ainda d urn tema hermdtico para urn odmero aprecidvel de
pesquisadores. As diferenças en) materia de aptidoes em informatica encon-
Medicina 86 183
The Times tradas na comunidade die pesqnisa são, portanto, muito maiores do que
AstrotiorniWc,lneia espadial 69 68
quaisquer cliferenças las habilictades necessarias ao uso de material impres-
Guardia,' Medicina 22 125 • so. Encontrarn-se diferenças qoanro an uso de computadores tanto entre
Astronornialciência espacial 26 34 grupos qnanto entre inclivfduos. Por exemplo, Os U5t1flO5 I]iais sagazes ctas
redeselerr6nicas são jovens do sexo masculino. As usudrias de quadros de
aviso etetrouicos e grupos de discussão simliares talvez se sinrant desenco-
feitas antes neste capItnlo— por exernplo, entre pesquisa 'rfgida' e pesquisa rajadas corn isso, principalmente SC nãO foren] especiatistas no nso de corn-
'flexivel' - eh qoestão da especiaiizaçao C profisssonalizacflo no prinlwro putador e redes eierrônicas. Também, 0 iivel de acesso a tecnologia da
capitn!o. Mudanças nas duas üirimas significam cjoe as diferenças entre ma- informação é muitas vezes deterniinado pela capacidade de obtencao do
térias, no que Lange a maneira como a pesquisa é apresentada ao grande financiamento i]ecessário paris equiparnento, etc. Isso significa que as maté-
püblico, se ampliaram corn o passar do tempo. No século xix, era malor do Has das homanidades tén estado geralmente em desvanragem can compara-
quc Iloje a probahilidade de todos os tipos de pesquisas serern apresentados ção corn as matdrias cienrificas. Emliora essas diferenças financeiras esrejam
de forma sirni] ar a Un] publico In LS amplo. sendo gradiaalmente atenuadas, ainda persiste unla diferença do nivel dc
capacitação em informática disponIvel pan pesquisadores de diversas
Tecuologia di inforrnaçiio e diferenças entre matdrlas materias. Em geral, as pesquisadores das ciéncias dispOeni mais facitniente
de assessoramento e assisténcia do que os pesquisadores de liumanidades.
Os exerilpios das diferenças entre rnatér,as mencionados Ileste CapftLIlO Historicamente, o emprego de computador pelos pesquisadores tern
foram, em sna major parte, excrafdos da comuoicaçdo irnpressa. Observa- dependido do que etc pode oferecer-lhes Diferentes disciplinas voirararn-
mos, de passagem, que os critérios para apresentacao , pübiica podern ser • - se para 0 computador can n1onientos difereutes e coin propósitos diferentes.
diferentes, como acontece entre os jornais e a reievisão. Serh pie as diferen- No começo, as compstadores cram chaniados de 'devoradores' de nt'Ime-
ças entre matdrias poderiam, em si mesmas, sofrer aiteraçôes, dependendo ros. Eran], portanto, en]pregados prineipairnente par pesquisadores das
do meiO enipregado? Por exeniplo, vinios que os iivros são mais impor- ciéncias rfgiclas, enibora us cientistassociacs interessados na analise de grail-
tantes para a pesquisa em bnmanidades do que em ciéncias. Dois dos fate res des conjunros de dados estatisticos tanibdni os utilizassem. Mais recente-
nisso implicados são o dinheiro e a velocidade de comunicação. Ambos meilte, tornon-se eon, tint 0 processatnellto eficiente dc textos, 0 que am-
relacionain-se, en] parte, corn o meio. Os hvros e periodicos são Iinanciados - ption 0 emprego regular de computadores em todas as disciplinas. Ainda
de diferentes fornias - c1uer dizer, representam diferentes manei ras de persistem di ferenças entre os pesquisadores 110 que tat]ge ao Icesso aO C0I]1-
acondicionar materiaL impresso em papel - e a escoiha entre urn C outro putador, nms silo n]ellOs previsiveis do qne antigamenre. Admire-se, can
depende, en] parte, das fontes de financiamento disponIveis para produção geral, cine a utiiização regular do compurador para fins de inforniaçflo Cxi-
e consnmo. 0 tempo despendido na prodnção e distribnição está, gnat- ge que a acesso a dc seja imediaro, ranto no gahi nete qtlanto no labora-
menre, relacionado CI]] parte as limitaçOes dc manipulação impostas pelo tdrio. Uma pesquisa en] grande escala feita junto a pesquisadores do Reino
nieio inipresso. Corno unit, alteraçao cia n]eio afetaria fatores clessa espécie Unido no inkio da década de 1990 verificou, como seria de Se esperar, que
O rapido crescimento das redes de computadores estd começando a amaioria dos fIsicos e niateillatidos dispOe desse acesso imediaro. 43 E, o que
faze r cia rear a res posta a essa pergunta. Comece 1)05 exam i nando Ca,]] 0 a é mais surpreendenre, foram equiparados pelos cientistas sociais qne, it esse
passagem para acomllnicação informatizada pode aferar de modo diferenre respeito, estavan] bern a frente dos biologos, qnfmicos e engenheiros. Isso
as comonidacles de pesqoisadiores. A leitura de material impresso exige a reflete a alta importancia pe muitos cientistas sociais l]oje atrihuem ii dis-
aplicaçao de vãrias habilidades (aspecto a ser retomado en] capftulo poste- ponihilidade de coniputadores. Mesmo em setores especIficos, 0 emprego
rior). I-In muitos anos, a educação en] rodos os nfveis tern sido pianejada da recnologia da inforinação pode variar segundo aqoilo que cia oferece an
para ajudar a desersvoiver essas habilictades, que são, subsequenternente,

Вам также может понравиться