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Artigo 1º
Hierarquia das fontes Artigo 4º
Aplicação no tempo
São fontes do direito laboral:
A norma laboral é de aplicação imediata
a) A Constituição da República Cabo-verdiana; observando-se o disposto no artigo 12º do Código
b) Os tratados e convenções internacionais, Civil cabo-verdiano e demais regras sobre a
regularmente aprovados e ratificados por Cabo aplicação da lei no tempo, sem prejuízo do disposto
no artigo 15º do decreto legislativo que aprova o
Verde;
presente Código.
c) As leis da Assembleia Nacional, os
decretoslegislativos do Governo adoptados no
uso de autorização legislativa, os decretos-leis Artigo 5º
do Governo adoptados no uso de competência Aplicação no espaço
própria;
d) Os decretos regulamentares, as portarias, os 1.O contrato de trabalho rege-se pela lei do país em
despachos normativos e os instrumentos de que o trabalhador, no cumprimento do contrato,
regulamentação colectiva; presta habitualmente o seu trabalho, mesmo que
e) O contrato de trabalho, os usos das empresas e o tenha sido destacado temporariamente para outro
costume laboral, na medida em que sejam país.
legalmente atendíveis. 2. Se o trabalhador não prestar habitualmente o seu
trabalho no mesmo país, o contrato de trabalho
rege-se pela lei do país em que esteja situado o
Artigo 2º estabelecimento que contratou o trabalhador, a não
Interpretação, integração e aplicação da norma ser que resulte do conjunto das circunstâncias que o
laboral contrato de trabalho apresenta uma conexão mais
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Publicado: I SÉRIE – Nº 37 SUP. «B.O» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE – 16 DE OUTUBRO DE 2007
estreita com um outro país, sendo em tal caso a) Privilégio mobiliário geral;
aplicável a lei desse outro país. b) Privilégio imobiliário especial sobre os bens
3.Porém, podem as partes, em qualquer dos casos, imóveis do empregador nos quais o trabalhador
escolher a lei de um outro país, desde que tal preste a sua actividade.
escolha não tenha como consequência privar o 2. A graduação dos créditos faz-se pela ordem
trabalhador da protecção que lhe garantem as seguinte:
disposições imperativas da lei que seria aplicável na a) O crédito com privilégio mobiliário geral é
falta de escolha. graduado antes dos créditos referidos no nº 1 do
artigo 747º do Código Civil;
b) O crédito com privilégio imobiliário especial é
CAPITULO II graduado antes dos créditos referidos no artigo
DO EXERCÍCIO E TUTELA DOS DIREITOS 748º do Código Civil e ainda dos créditos de
contribuições devidas à segurança social.
Artigo 6º
Prescrição de créditos do trabalhador Artigo 9º
Caducidade da Acão disciplinar
Os créditos resultantes do contrato de trabalho, da
sua violação ou cessação, pertencentes ao O direito de ação disciplinar caduca no prazo de 35
trabalhador, prescrevem no prazo de cinco anos, a dias a contar do conhecimento pelo empregador ou
contar da data da cessação do contrato de trabalho, seu representante dos fatos suscetíveis de
sem prejuízo do disposto nas alíneas seguintes: constituírem infração disciplinar e, em todo o caso,
a) Os créditos relativos a férias e a trabalho logo que, por qualquer causa, cesse o contrato de
extraordinário prescrevem no prazo de três trabalho
anos, a contar da data do seu vencimento;
b) Os créditos relativos a despedimento sem justa Artigo 10º
causa prescrevem no prazo de um ano, a contar Responsabilidade por danos
da data em que ocorreu o despedimento.
1. O trabalhador que, por infracção dos seus
Artigo 7º deveres profissionais, causar danos materiais à
Prescrição de créditos do empregador entidade empregadora ou a terceiros que com ela
entrem em relação, é obrigado a indemnizar o
1. Os créditos resultantes do contrato de lesado pelos prejuízos directamente resultantes da
trabalho, da sua violação ou cessação, pertencentes violação.
à entidade empregadora, prescrevem no prazo de 2. Quando o prejuízo resultar de uma acção
dois anos a contar da respectiva constituição. conjunta ou concertada de vários trabalhadores, a
2. Os créditos decorrentes de infracções responsabilidade de cada um deles é determinada de
cometidas pelo trabalhador puníveis com pena de acordo com a respectiva culpa.
despedimento prescrevem no prazo de 3 anos a 3. O trabalhador não pode ser responsabilizado
contar do seu cometimento. por perdas normalmente inerentes ao processo de
Artigo 8º produção ou por prejuízos decorrentes de causas
Privilégios creditórios imprevistas ou caso de força maior.
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CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 23º
Direito à greve Artigo 26º
Noção de contrato de trabalho
É garantido, o direito à greve, cabendo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de o 1. Contrato de trabalho é a convenção pela qual
exercer e sobre os interesses que com ele visam uma pessoa se obriga a prestar a sua actividade
defender. intelectual ou manual a outra pessoa, sob autoridade
e direção desta, mediante retribuição.
2. São equiparados a contrato de trabalho, para
efeitos deste Código, as convenções que impliquem
Artigo 24º dependência económica de uma pessoa face a outra,
Proibição do lock-out ainda que não exista ou seja ténue a dependência
pessoal. Nos termos deste número, são,
1. É proibido o lock-out. nomeadamente, equiparáveis ao contrato de
2. Considera-se lock-out qualquer decisão unilateral trabalho o trabalho ao domicílio e o teletrabalho.
do empregador, com base em litígio laboral, que 3. Não constituem contrato de trabalho para
se traduza na paralisação total ou parcial da efeitos deste Código as situações em que a
empresa ou na interdição do acesso aos locais de actividade laboral não é dominada e organizada por
trabalho a alguns ou à totalidade dos quem beneficia do resultado final dessa actividade.
trabalhadores ou na recusa em fornecer trabalho,
condições e instrumentos de trabalho que
determine ou possa determinar a paralisação de
todos ou alguns sectores da empresa ou que, em
qualquer caso, tenha por objectivo exercer
pressão sobre os trabalhadores para manter as Artigo 27º
condições de trabalho existentes ou criar outras Capacidade das partes
que lhes sejam menos favoráveis.
1. A capacidade para celebrar contratos de
trabalho regula-se nos termos gerais de direito, em
Artigo 25º tudo o que não estiver expressamente estabelecido
Disposição residual neste Código.
2. É nulo o contrato de trabalho celebrado com
Os princípios enunciados no presente capítulo não quem não tiver completado 15 anos de idade.
dispensam quaisquer outros que resultem da 3. O contrato de trabalho celebrado com quem
Constituição da República, dos instrumentos não tiver completado 18 anos de idade é anulável, a
internacionais regulamente assinados e ratificados requerimento dos pais ou demais representantes do
por Cabo Verde ou dimanem das normas que menor se estes não tiverem consentido na sua
integram o sistema jurídico-laboral cabo-verdiano. celebração.
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1. O contrato de trabalho não está sujeito a contratual, observa-se, para efeitos do número
qualquer formalidade, salvo quando a lei anterior, aquela que conferir melhor protecção ao
expressamente determinar o contrário. trabalhador, sem prejuízo da interpretação da
2. Desde que não envolva a diminuição de vontade das partes.
direitos adquiridos, qualquer das partes pode, a todo Artigo 30º
o tempo, solicitar à outra, pessoalmente, por carta Culpa na formação do contrato
registada com aviso de recepção ou outra via, a
redução a escrito do contrato de trabalho, do qual 1. Aquele que celebrar com outrem um
deve obrigatoriamente constar, a identificação das contrato de trabalho deve, tanto nos preliminares
partes, a data da contratação, o local de trabalho, a como na formação dele, proceder segundo as regras
categoria profissional e a remuneração auferida pelo da boa fé, sob pena de responder por perdas e danos
trabalhador, além de outros elementos que as partes causados à outra parte.
julguem de interesse. 2. Quando, em vista da celebração do contrato
3. A aposição de termo ou condição de trabalho, o trabalhador perder um contrato
suspensivos ao contrato de trabalho, o afastamento anteriormente celebrado devido a culpa ou
dos usos da profissão relativos ao trabalhador ou à expectativas legítimas criadas pela outra parte, no
empresa, a aposição de prazo diverso para o período momento da formação do contrato, tem direito a ser
experimental estabelecido por lei ou o pacto de não indemnizado pelos prejuízos decorrentes da não
concorrência, implicam a redução a escrito das celebração ou da cessação do novo contrato.
cláusulas contratuais a que dizem respeito, sob pena 3. A indemnização devida ao trabalhador por
nulidade. aplicação do disposto no número anterior é a
4. À nulidade a que se reporta o número resultante de prejuízo materiais e morais por ele
anterior é aplicável o disposto no artigo 289º do sofridos decorrentes da extinção do contrato
Código Civil, sem prejuízo das especificidades anterior, acrescidos dos benefícios que obteria com
previstas neste Código. a celebração do novo contrato.
5. A falta de redução a escrito, quando
obrigatória, presume-se imputável à entidade
empregadora e não afecta os direitos que do Artigo 31º
contrato decorram para o trabalhador, incluindo a Promessa de contrato de trabalho
faculdade da invocação em juízo.
1. A promessa de contrato de trabalho só é válida se
constar de documento assinado pelo promitente ou
Artigo 29º promitentes no qual se exprima, em termos
Liberdade contratual inequívocos, a vontade de se obrigar, a espécie de
trabalho a prestar e a respectiva retribuição. 2. O
1. As partes podem celebrar uma das não cumprimento da promessa de contrato de
modalidades de contrato de trabalho previstas neste trabalho é equiparado, para todos os efeitos legais, a
Código, celebrar contratos diferentes ou incluir despedimento sem justa causa, da iniciativa do
neles as cláusulas que lhes aprouver, na medida em trabalhador ou promovido pelo empregador,
que sejam observadas as normas imperativas conforme o caso.
constantes deste Código. 3. Em tudo o que não estiver regulado neste artigo é
2. As partes podem ainda reunir no mesmo aplicável à promessa de contrato de trabalho o
contrato de trabalho regras de dois ou mais disposto nos artigos 410º e seguintes do Código
contratos, contanto que sejam observadas as normas Civil. Não são, todavia, aplicáveis ao contrato de
imperativas fixadas na lei para qualquer das trabalho o disposto nos artigos 412º, 441º, 442º e
modalidades de contrato. 830º do Código Civil.
3. Havendo oposição entre regras imperativas
respeitantes a mais do que uma modalidade
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Além dos direitos que resultam da aplicação de condicionalismos previstos neste diploma;
outras disposições do presente Código, são e) Punir o trabalhador sem precedência de
reconhecidos ao trabalhador os seguintes direitos: processo disciplinar.
a) Exercer efectivamente as funções para que foi
contratado, salvo impedimento temporário do Secção II
empregador ou motivo atendível de interesse da Da categoria profissional
empresa;
b) Ser tratado com urbanidade, respeito e
consideração pelo empregador e pelos superiores Artigo 38º
hierárquicos que actuarem em nome deste; Direito à categoria profissional
c) Ser promovido de acordo com o regime de acesso
estabelecido para a carreira profissional em que se
1. Todo o trabalhador tem uma categoria
integra;
profissional determinada pelas tarefas que, nos
d) Obter reparação pelos danos resultantes de
termos da lei, de instrumento de regulamentação
acidentes de trabalho ou doenças profissionais,
colectiva de trabalho, de regulamento interno ou de
nos termos definidos por lei;
contrato de trabalho, está obrigado a prestar.
e) Beneficiar de condições de higiene e segurança
2. Quando os instrumentos a que se refere o
no trabalho adequadas;
número anterior não determinarem o serviço a
f) Não sofrer tratamento discriminatório;
prestar, o trabalhador fica obrigado a desempenhar
g) A receber pontualmente a retribuição a que tem
aquele que corresponda ao seu estado e condição,
direito;
dentro do género de trabalho que integra o objecto
h) Gozar efectivamente os períodos de repouso legal
da empresa.
ou convencionalmente estabelecidos;
i) Ter acesso, por si ou por interposta pessoa, ao
processo individual, bases de dados ou outros
Artigo 39º
registos relativos à sua pessoa, sempre que julgar
necessário; Mudança de categoria
j) Beneficiar da formação profissional concedida
pela empresa. 1. O trabalhador só pode ser colocado em
categoria inferior àquela para que foi contratado, ou
a que tenha sido promovido, quando tal mudança,
imposta pelas necessidades prementes da empresa
Artigo 37º
ou por estrita necessidade pessoal do trabalhador,
Garantias do trabalhador
seja por este aceite.
2. Não se considera mudança para a categoria
É proibido ao empregador:
inferior o regresso do trabalhador à categoria para
a) Reduzir a retribuição do trabalhador, fora
que foi contratado após haver substituído outro
dos condicionalismos previstos neste Código;
trabalhador de categoria superior.
b) Obrigar o trabalhador a adquirir ou a utilizar
3. Quando a mudança para categoria inferior
serviços fornecidos pelo empregador ou por pessoa
ocorrer por razões ligadas a interesses da empresa, o
por ele indicada; trabalhador tem direito a regressar à categoria para
c) Obrigar o trabalhador a utilizar quaisquer que foi contratado ou a que tenha sido promovido,
cantinas, refeitórios ou outros estabelecimentos assim que cessarem as condições que justificaram a
directamente relacionados com o trabalho, para mudança para categoria inferior.
fornecimento de bens ou prestação de serviços aos 4. A inobservância do disposto no número
trabalhadores; anterior, confere ao trabalhador o direito à
d) Criar ao trabalhador obstáculos ao exercicio indemnização correspondente ao dobro da diferença
dos seus direitos, aplicar-lhe sanções abusivas ou da retribuição a que teria direito, enquanto durar a
por termo à relação de trabalho fora dos
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situação de incumprimento mas pode, em todo o funções corresponderem tratamento mais favorável,
caso, obter declaração judicial de inexistência ou o trabalhador tem direito a esse tratamento.
cessação das condições objectivas que
determinaram a situação de mudança para categoria
inferior, com todas as consequências legais. Artigo 42º
Situações afins ao jus variandi
2. O empregador não pode igualmente adoptar, prestação deste serviço constitui o objecto da sua
no âmbito da relação laboral, qualquer prática que actividade.
discrimine um trabalhador ao seu serviço.
Artigo 50º
Artigo 49º Correio electrónico em nome do trabalhador
Correio electrónico para fins pessoais para fins empresariais
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Artigo 72º
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A organização das associações sindicais deve O regime disciplinar dos associados deve
respeitar os princípios da gestão democrática, salvaguardar o seu direito de defesa, devendo a pena
nomeadamente as regras seguintes: de expulsão ser reservada aos casos de grave
a) Todo o sócio no gozo dos seus direitos violação dos seus deveres fundamentais.
sindicais tem o direito de participar na actividade da
associação, incluindo o de eleger e ser eleito para
cargos de direcção e ser nomeado para qualquer Artigo 78º
cargo associativo; Sistema de cobrança de quotas
b) Deve ser garantido a todos os sócios o
exercício efectivo do direito de voto; 1. Nenhum trabalhador é obrigado a pagar
c) A eleição dos membros da direcção é feita quotas para sindicatos em que não esteja inscrito.
em assembleia geral mediante escrutínio directo e 2. O sistema de cobrança de quotas sindicais
secreto. São asseguradas iguais oportunidades a pode resultar de instrumento de regulamentação
todas as listas concorrentes às eleições, devendo colectiva ou de vontade expressa do trabalhador e
constituir-se uma comissão eleitoral para fiscalizar enquanto se mantiver essa vontade, ficando o
o processo; empregador obrigado a descontar e a encaminhar
d) Na ausência de disposição estatutária em até ao dia 15 do mês seguinte a quota devida à
contrário o mandato dos membros da direcção tem a associação.
duração de dois anos, sendo permitida a reeleição 4. O desconto da quota sindical no salário depende
para mandatos sucessivos; sempre do acordo do trabalhador dado em
e) Os membros da direcção podem ser documento escrito dirigido ao empregador assinado
destituídos a todo o tempo por deliberação da e entregue pelo trabalhador no seu local de trabalho.
assembleia geral; 5. Se se tratar de uma autorização de desconto dada
f) A convocatória das assembleias gerais deve pelo trabalhador para alterar outra anterior a favor
indicar a hora, local e objecto e ser publicado com a de uma diferente associação sindical, deve também
antecedência mínima de 10 dias em um dos jornais desse facto dar conhecimento a essa associação
mais lidos, na localidade da sede da associação sindical da qual de desvinculou.
sindical, garantindo a sua ampla publicidade; 6. No caso do disposto no número anterior o
g) Compete ao Presidente da mesa por desconto da quota a favor da associação sindical no
iniciativa própria, a pedido da direcção ou de 10% qual o trabalhador se encontra filiado os descontos
dos seus associados, convocar as assembleias só terão lugar no mês seguinte à entrega do
gerais. documento de autorização.
Artigo 79º
Destinos dos bens
Artigo 76º
Denominação
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Em caso de extinção da associação sindical, os bens 1. Nenhum membro da direção sindical pode sofrer
que integram o seu património não podem ser quaisquer medidas disciplinares, sem prévia audição
distribuídos pelo associados, aplicando-se neste da respetiva associação sindical, sob pena de
caso o direito comum salvo se, sem oposição deste, nulidade do processo disciplinar.
os estatutos fixarem outro destino dos bens. 3. O despedimento de trabalhadores
comprovadamente candidatos a cargos de direção
nas associações sindicais, bem como daqueles que
Artigo 80º os exerçam ou haja exercido há menos de um ano,
Membros da direcção presume-se feito sem justa causa quando não tenha
sido observado o disposto no número 1.
O presidente da mesa da assembleia eleitoral deve
enviar à Direcção-Geral do Trabalho às entidades
empregadoras os elementos de identificação dos Subsecção III
membros da direcção, bem como cópia da acta da Do exercício da actividade sindical na empresa
assembleia eleitoral, no prazo de 10 dias após a
eleição.
Artigo 84º
Direito de exercício
Artigo 81º
Crédito de horas É assegurado aos trabalhadores o direito de
exercício da actividade sindical na empresa para a
1. Para o desempenho de funções sindicais defesa e promoção dos seus legítimos interesses.
cada membro da direção beneficia de um crédito de
2 dias úteis por mês, acumuláveis, até o limite
máximo de 8 dias úteis por cada ano, mantendo o Artigo 85º
direito à remuneração. Garantias do direito
2. A direção deve comunicar à entidade
empregadora, por escrito e com 2 dias de Nenhum trabalhador pode ser prejudicado ou sofrer
antecedência ou, em caso de impossibilidade, nas quaisquer medidas sancionatórias por virtude do
24 horas imediatas ao primeiro dia em falta, a data exercício da actividade sindical, salvo se esse
em que pretende usar da faculdade prevista no exercício contrariar o disposto no presente diploma.
número anterior.
Artigo 86º
Artigo 82º Proibição de ingerência
Mobilidade
É proibida à entidade empregadora a prática de
Os membros da direcção de uma associação sindical quaisquer actos de ingerência na formação,
não podem ser transferidos de local de trabalho sem funcionamento e administração dos órgãos sindicais
o seu prévio acordo e conhecimento do respectivo da empresa.
sindicato.
Artigo 87º
Artigo 83º Facilidades
Garantias
1. As empresas devem conceder às
organizações sindicais as facilidades indispensáveis
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ao desempenho eficaz e em tempo útil das suas 3. Nas empresas em que o número de
funções. delegados o justifique podem constituir-se
2. A concessão de tais facilidades não deve Comissões sindicais de delegados.
constituir prejuízo para o normal funcionamento das 4. Sempre que numa empresa existam
empresas. delegados de mais de um sindicato podem
constituir-se
Comissões intersindicais de delegados.
Artigo 88º 5. Em empresas com vários estabelecimentos
Enumeração as disposições dos números anterior são aplicáveis a
cada estabelecimento.
1. A actividade sindical na empresa é exercida
através dos seguintes órgãos: a) Delegados Artigo 90º
sindicais; Reuniões
b) Secções sindicais;
c) Comissões sindicais; As reuniões dos órgãos sindicais realizam-se fora
d) Comissões intersindicais. das horas normais de trabalho, podendo contudo,
2. A actividade referida no número anterior excepcionalmente reunir-se durante o período
pode ser desempenhada por activistas sindicais nas normal de trabalho até um máximo de 10 horas por
empresas onde não existam estruturas sindicais ano, que contarão para todos os efeitos, desde que
convencionais. fique assegurado o funcionamento normal dos
serviços.
Artigo 89º
Constituição dos órgãos Artigo 92º
Competência
1. Se outra forma não for estabelecida nos
estatutos dos respectivos sindicatos, os delegados Para a defesa e promoção dos interesses
sindicais são eleitos pelos trabalhadores da secção sócioprofissionais dos trabalhadores, compete aos
sindical. órgãos sindicais nomeadamente:
2. O número de delegados sindicais é a) Velar pelo cumprimento das normas relativas ao
estabelecido da seguinte forma: horário de trabalho, descanso semanal, férias,
a) De cinco até quarenta trabalhadores trabalho dos jovens e mulheres e todas aquelas
sindicalizados, um delegado sindical; que respeitam aos direitos e garantias dos
b) Até 100 trabalhadores sindicalizados, dois trabalhadores;
delegados sindicais; b) Comunicar aos sindicatos respectivos as
c) Mais de 100 trabalhadores sindicalizados, três anomalias, irregularidades, injustiças e
delegados sindicais. ilegalidades verificados na relação de trabalho.
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c) Solicitar dos órgãos de gestão de empresa as sem observância da condição referida no número
informações necessárias ao desempenho cabal anterior.
das suas funções; 4. O disposto nos números 1 e 2 aplica-se
d) Propor medidas legislativas ou regulamentares também aos trabalhadores que tenham deixado de
através dos respectivos sindicatos, que reputar desempenhar as funções de delegado sindical num
de interesse, em tudo o que respeita à actividade prazo inferior a um ano.
laboral;
e) Reclamar junto da direcção da empresa das
medidas que atentem contra os direitos e Artigo 95º
garantias dos trabalhadores; Transferências
f) Interessar o trabalhador em tudo o que possa
contribuir para o aumento do seu bem-estar; Os delegados sindicais não podem ser transferidos
g) Servir de ligação entre os trabalhadores e os sem o seu acordo e prévio conhecimento do
sindicatos respectivos. sindicato respectivo.
Artigo 93º
Direito de audição Artigo 96º
Prazo de resposta
Os órgãos sindicais são obrigatoriamente ouvidos
sobre: Os órgãos sindicais têm um prazo de 30 dias, se
a) Negociações colectivas; outro não for previsto na lei ou estabelecido por
b) Regulamentos à política salarial, classificação acordo, para se pronunciarem sobre as questões que
profissional, horários de trabalho, higiene e lhes tenham sido submetidas pelas entidades
segurança no trabalho; empregadoras.
c) Despedimento por redução de actividade ou
encerramento definitivo;
d) Formação técnico-profissional dos Artigo 97º
trabalhadores; Crédito de horas
e) Realização e administração de obras sociais em
benefício dos trabalha-dores ou seus familiares.
1. Os delegados sindicais têm direito a um
crédito de oito horas mensais, em vista ao eficaz
desempenho das suas funções.
Artigo 94º 2. O crédito referido no número anterior pode
Garantias ser cumulado até ao limite de 32 horas em cada ano
civil, para ser utilizado exclusivamente nesse ano,
1. Nenhum delegado sindical pode sofrer mediante solicitação fundamentada do sindicato em
medidas disciplinares, sem prévia audição do que se encontra filiado o delegado sindical,
sindicato respetivo, sob pena de nulidade do indicando o evento ou a actividade para a qual a
processo disciplinar cumulação é solicitada. Quando o evento ou
2. Para efeitos do disposto no número anterior actividade ocorrer em data anterior ao limite total
o sindicato deve pronunciar-se no prazo de 5 dias da cumulação o agente sindical poderá antecipar a
úteis a contar da data da recepção da comunicação utilização do crédito cumulado o qual caduca
do empregador. quando não tenha sido utilizado no período de um
3. Presumem-se abusivas até prova em ano.
contrário, quaisquer sanções disciplinares aplicadas 3. Para o exercício dos direitos a que se
referem os números 1 e 2 deste artigo, a direcção do
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alegar fundamentando que necessita de maior prazo, a) A identificação das entidades mencionadas
caso em que será alargado até 60 dias, se outro no número 1 artigo 100º, bem como a das pessoas
prazo não tiver sido convencionado entre as partes. que outorgam em representação;
3. Tratando-se de revisão de uma convenção b) A área de aplicação geográfica e o âmbito
colectiva a proposta deve ser apresentada até ao profissional de aplicação;
termo do prazo fixado para o efeito na convenção c) A data da celebração, o prazo de vigência e
ou, na sua falta, até três meses antes do termo do o processo de denúncia.
período de vigência da mesma. 2. O disposto no número anterior aplica-se com
4. Tanto a proposta como a resposta devem ser as necessárias adaptações às revisões parciais de
devidamente fundamentadas, designadamente convenções colectivas e às portarias de
mediante a ponderação dos aumentos de encargos regulamentação e de extensão.
resultantes dos regimes propostos, a produtividade e 3. O prazo de vigência dos instrumentos de
situação económico-financeira das empresas, bem regulamentação colectiva de trabalho não é inferior
como a evolução da inflação, as remunerações e a dois anos.
outras condições de trabalho praticadas em 4. O instrumento de regulamentação colectiva
empresas e profissões idênticas. só caduca com a entrada em vigor daquele que o
5. As negociações devem iniciar-se 8 dias substitui.
posteriores à recepção da resposta. Artigo 106º
6. A falta de resposta no prazo legal ou Depósito
convencionalmente fixado equivale à recusa de
negociar, podendo a entidade que tiver tido a 1. As convenções colectivas de trabalho são
iniciativa do processo solicitar a intervenção do depositadas, logo que concluídas e assinadas, na
departamento governamental que superintende a Direcção-Geral do Trabalho.
área do trabalho, para efeitos de conciliação. 2. O depósito é recusado se a convenção
7. Em todo o processo de negociação, as partes colectiva infringir qualquer disposição imperativa
devem proceder de acordo com os princípios de boa da lei.
fé, designadamente, respondendo com brevidade às 3. O despacho de recusa do depósito é
propostas e contrapropostas, fundamentando as comunicado aos outorgantes, com a respectiva
respectivas posições e comparecendo, pessoalmente fundamentação, até ao prazo máximo de 30 dias
ou por intermédio de representante, às reuniões contados a partir da data da entrada da convenção
negociais. colectiva na Direcção-Geral do Trabalho.
8. O departamento governamental competente 4. Qualquer das partes pode interpor recurso
para a área do trabalho, bem como o departamento hierárquico para o membro do Governo
governamental da tutela, ou responsável pelo sector responsável pela área do trabalho do despacho
económico acompanham as negociações, e, a referido no número anterior. O prazo para a
pedido de qualquer das partes ou por iniciativa interposição do recurso é de 8 dias a contar da data
própria, devem fornecer os dados técnicos de recepção da notificação do despacho recorrível.
disponíveis, nomeadamente, os que se refiram a 5. Se, decorridos 30 dias após a sua
índices de preços ao consumidor e à capacidade efectivação, o depósito não for recusado, este
económica das empresas, do sector e do país, bem considera-se definitivamente efectuado.
como promover a superação voluntária dos litígios 6. As entidades outorgantes podem, antes e
emergentes da negociação quando ocorram. depois da recusa do depósito, por sua iniciativa ou
por diligência da Direcção-Geral do Trabalho,
Artigo 105º sanar o vício que impeça o depósito ou ajustar às
Conteúdo obrigatório disposições imperativas da lei as cláusulas que as
1. Das convenções colectivas devem constar, infrinjam.
obrigatoriamente:
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assegurar durante a greve, a prestação dos serviços Regime de prestação dos serviços mínimos
mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação
daquelas necessidades. Os trabalhadores afectos à prestação de serviços
3. Para efeitos do disposto no número anterior, mínimos mantêm-se, na estrita medida necessária à
consideram-se empresas ou estabelecimentos que se prestação desses serviços, sob a autoridade e
destinam à satisfação de necessidades sociais direcção do empregador, tendo direito,
impreteríveis os que se integram, nomeadamente, nomeadamente, à retribuição.
em alguns dos seguintes sectores: a) Correios e
telecomunicações;
b) Serviços de saúde, de metereologia e da justiça;
c) Serviços funerários; Artigo 125º
d) Abastecimento de água e saneamento; Termo da greve
e) Energia e abastecimento de combustíveis;
f) Bombeiros;
g) Transportes, portos e aeroportos; A greve cessa no termo do prazo fixado no préaviso
h) Carga e descarga de animais e de géneros ou, antes dele, por deliberação das entidades que a
alimentares deterioráveis; tiveram declarado.
i) Bancário e de crédito;
j) Segurança privada.
Artigo 126º
Efeitos da greve ilícita
Artigo 124º
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relativamente aos contratos de trabalho, ainda que 3. Os deveres enumerados neste artigo não
respeitem a trabalhadores cujos contratos hajam dispensam quaisquer outros que resultam das leis e
cessado ao tempo da transmissão do dos instrumentos de regulamentação colectiva.
estabelecimento.
2. A modificação da posição jurídica do
empregador deve ser comunicada aos trabalhadores Artigo 135º
abrangidos até 30 dias antes da efectivação da Deveres para com os órgãos de fiscalização do
medida modificadora. trabalho
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despesas efectuadas com majorações e isenções 3. As partes podem, em qualquer caso, acordar
fiscais, atribuição de subsídios e prémios de uma duração inferior aos períodos fixados neste
distinção a estabelecer pelas entidades competentes. artigo ou renunciar, no momento da celebração do
contrato, à existência de um período experimental.
4. Durante o período experimental, qualquer
Artigo 143º das partes pode livremente denunciar o contrato,
Despesas feitas com a formação sem invocação de motivo nem aviso prévio.
Artigo 145º
1. Sem prejuízo do disposto no número 5 do Contagem do período experimental – efeitos
artigo anterior, o empregador pode convencionar
com o trabalhador a obrigatoriedade da prestação de 1. O período de trabalho conta-se a partir da
serviço durante determinado prazo como prestação efectiva do trabalho, independentemente
compensação das despesas feitas por aquela na da data da celebração do contrato. Na contagem do
formação profissional do trabalhador, mas este pode período experimental observa-se o disposto no
desobrigar-se, a todo o tempo, restituindo a soma artigo 279º do Código Civil.
das importâncias despendidas. 2. A contagem do período experimental
2. O trabalhador que unilateralmente põe fim suspendese no caso de faltas do trabalhador, seja
ao contrato após ter recebido formação profissional qual for o motivo, possam ou não serem
do empregador ou doutra entidade contratada por justificadas, mas abrange os dias de descanso e
ela, sem cumprir aquilo a que se obrigou, fica equiparados que no período experimental se
vinculado a indemnizar à entidade empregadora incluam.
pelo valor correspondente ao dobro das despesas 3. Durante o período experimental, qualquer
feitas com a formação. das partes pode livremente denunciar o contrato,
sem invocação de motivo nem aviso prévio. O uso
TÍTULO IV da faculdade prevista neste número não depende de
DA PRESTAÇÃO DO TRABALHO qualquer formalidade.
4. O período experimental é contado, para
CAPÍTULO I todos os efeitos legais, como tempo do contrato de
DISPOSIÇÕES GERAIS trabalho. 5. A rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador durante o período experimental
Artigo 144º efectivamente exercido durante mais de 45 dias,
confere ao trabalhador o direito a receber férias
Período experimental
proporcionais ao tempo de trabalho prestado.
1. No contrato de trabalho por tempo
indeterminado há um período experimental com a
Artigo 146º
duração de dois meses. As partes podem estipular
uma duração superior até ao máximo de seis meses, Derrogação
se as funções do trabalhador envolverem
complexidade técnica ou responsabilidade e esse A duração do período experimental pode ser
prazo for necessário para avaliar a respectiva reduzida ou aumentada por instrumento de
aptidão. regulamentação colectiva de trabalho mas neste
2. No contrato de duração determinada há um último caso o período experimental não pode ser
período experimental com a duração de dois meses, superior ao dobro do previsto nos números 1 e 2 do
mas essa duração não pode ser superior a um quarto artigo 144º
do prazo acordado para a duração do contrato. Artigo 147º
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1. Considera-se extraordinário o trabalho prestado máximo pode ser elevado até o máximo de 300
fora do período normal de trabalho a que o horas por ano.
trabalhador está obrigado. 2. O limite diário de prestação de trabalho
2. O trabalho extraordinário só pode ser realizado: extraordinário para os trabalhadores em regime de
a) Quando as entidades empregadoras tenham de turno é de quatro horas quando for necessário para
fazer face a acréscimos de trabalho que não substituir trabalhadores ausentes.
justifiquem o recrutamento de trabalhadores fora 3. Em casos excepcionais, devidamente
do quadro da empresa; comprovados, pode a Direcção-Geral do Trabalho
b) Em caso de força maior ou quando se autorizar a ultrapassagem dos limites fixados nos
verifiquem motivos ponderosos que tornem números anteriores.
necessário prevenir ou reparar prejuízos graves.
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Secção II
Do trabalho por turno Artigo 173º
Trabalho suplementar, descanso mínimo e
Artigo 171º compensatório
Organização de horários e escalas de turnos
Sempre que um trabalhador de turnos preste
1. Os horários e escalas de turnos são trabalho suplementar, fica interdito de retomar o
elaborados pelo empregador ouvidos os serviço no horário que por escala lhe competiria,
representantes dos trabalhadores, quando haja. sem que tenha decorrido um período de descanso
2. Os horários e escalas de turnos devem mínimo de 12 horas, desde o término da prestação
respeitar as seguintes condições: do trabalho suplementar.
a) Indicação de um número mínimo de
trabalhadores por posto de trabalho ou função Secção III
profissional; Trabalho nocturno
b) Fixação de um máximo de dias consecutivos
de trabalho por cada sequência de dias de trabalho;
c) Fixação do período de descanso entre dias Artigo 174º
consecutivos de trabalho na mesma sequência de Definição
dias de trabalho;
d) Estabelecimento de idêntico período de
tempos de trabalho, tempos de descanso e Considera-se trabalho nocturno o prestado no
ocupações de turno num período determinado para período compreendido entre as 22 horas de um dia e
os as 6 horas do dia seguinte.
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Artigo 178º
Artigo 175º Direitos do trabalhador
Prestação de trabalho nocturno
1. Os trabalhadores a tempo parcial gozam de
1. Compete à entidade empregadora definir todos os direitos previstos neste Código para os
para cada tipo de instalação, estabelecimento ou trabalhadores a tempo completo na medida
posto de trabalho as funções que podem ser equivalente do trabalho prestado.
desempenhadas no regime de trabalho nocturno. 2. A equivalência das condições de trabalho
2. A prestação de trabalho extraordinário dos entre trabalhadores a tempo parcial e trabalhadores
trabalhadores que laboram dentro do período de a tempo completo determina-se de acordo com o
trabalho nocturno não pode exceder as 7 horas princípio “pro rata temporis”.
semanais, não contando para o efeito os dias de
descanso semanal e os dias feriados. Artigo 179º
Obrigações dos empregadores
3. O disposto no nº 2 não se aplica, considerando-se Trabalho que mandará examinar o trabalhador pela
todo o atraso como falta, quando o empregador, Junta de Saúde, cujo parecer, depois de
pelas exigências próprias da sua actividade, seja homologado, é transmitido à entidade empregadora
obrigada a admitir um novo trabalhador em e à instituição gestora da previdência.
consequência do atraso. 4. São consideradas injustificadas todas as
faltas não previstas no nº 2 deste artigo.
Artigo 192º
1. As faltas justificadas não determinam Licença sem retribuição
quaisquer consequências desfavoráveis para o
trabalhador, nomeadamente, a perda de retribuição, 1. O empregador pode conceder ao trabalhador,
salvo o disposto nos números seguintes. a pedido justificado deste, licença sem retribuição,
2. Determinam a perda da correspondente para efeitos estudo, formação profissional,
retribuição as faltas a que se refere a alínea i) e do protecção ou apoio à família ou outra razão
nº 2 do artigo 186º, bem como aquelas a que se plausível, durante o período que resultar de acordo
refere a alínea k) do mesmo número e artigo, entre as partes.
quando autorizadas nesta condição. 2. Na situação de licença sem retribuição
3. Nas faltas por doença ou maternidade haverá cessam os direitos e os deveres das partes, na
lugar ao pagamento da retribuição nas condições medida em que pressuponham a efectiva prestação
estabelecidas neste diploma. do trabalho.
3. Havendo encerramento definitivo da
empresa ou despedimento colectivo de
Artigo 190º trabalhadores, caduca automaticamente o contrato
Efeitos das faltas injustificadas de trabalho, mas o trabalhador em regime de licença
sem retribuição terá direito à conservação do lugar
1. As faltas injustificadas determinam sempre nos mesmos termos que os demais trabalhadores,
perda da retribuição correspondente ao período de salvo acordo das partes em sentido contrário.
ausência e serão descontadas, para todos os efeitos,
na antiguidade do trabalhador.
2. Para além dos efeitos referidos no número CAPÍTULO V
anterior, as faltas injustificadas sujeitam o DA SUSPENSÃO DA PRESTAÇÃO DO
trabalhador faltoso a responsabilidade disciplinar, TRABALHO
nos termos deste Código.
Artigo 193º
Regime geral
Artigo 191º
Efeitos das faltas no direito a férias l. Quando o trabalhador esteja temporariamente
impedido de prestar trabalho à entidade
1. As faltas, justificadas ou injustificadas, não empregadora por facto que não lhe seja imputável e
têm qualquer efeito sobre o direito a férias, salvo o o impedimento se prolongar por mais de 30 dias, a
disposto no número seguinte. relação laboral suspende-se até à cessação do
2. Nos casos em que as faltas determinam impedimento, salvo ocorrência de qualquer causa
perda de retribuição esta poderá ser substituída, se o que determine a extinção dessa relação.
trabalhador expressamente assim o preferir, por 2. Durante o período de suspensão cessam os
parte dos dias de férias, na proporção de um dia de direitos e deveres das partes na medida em que
féria por cada dia de falta, até ao limite de um terço pressuponham a efectiva prestação de trabalho, mas
do período de férias a que o trabalhador tiver o trabalhador mantém o direito à categoria
direito. profissional e ao lugar que possuía na data da
3. Na situação referida no número anterior, a suspensão e as regalias de natureza social, nos
faculdade prevista no número 2 do artº 56º reduz-se termos estabelecidos por lei ou convenção.
na correspondente proporção. 3. O contrato caduca passados 18 meses sobre
o início do impedimento.
4. Nos contratos de duração determinada a
relação de trabalho caduca na data prevista para o
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seu termo ou quando se tornar certo que o Suspensão por cumprimento de prisão
impedimento se manterá para além dessa data, sem preventiva
prejuízo do disposto no número anteerior.
1. Determina igualmente a suspensão do
contrato de trabalho, pelo prazo e nos termos
Artigo 194º fixados pelo tribunal, a prisão preventiva do
Suspensão por doença trabalhador quando não seja seguida de condenação.
2. Cessado o impedimento, deve o trabalhador,
1. Quando o impedimento prolongado resultar no prazo de 15 dias, apresentar-se à entidade
da doença do trabalhador, a relação laboral só pode empregadora para retomar o serviço, sob pena de
ser suspensa pelo empregador, com os efeitos do perder direito ao lugar.
artigo anterior, depois de decorridos 90 dias a
contar do início do impedimento. Artigo 198º
2. A suspensão tem a duração máxima de trinta Suspensão colectiva do trabalho por motivos
e seis meses, findo os quais caduca o contrato de relativos à empresa
trabalho. Nos casos de acidente de trabalho ou
doença profissional o contrato só caduca quando se 1. O empregador pode suspender a prestação
tornar certo que o impedimento é definitivo. de trabalho de todos ou alguns trabalhadores, até
3. Se durante o período de suspensão o 120 dias, com fundamento em dificuldades
trabalhador for considerado apto a regressar ao conjunturais de mercado, motivos económicas,
serviço pela entidade médica competente deve tecnológicos, carência de abastecimento de matérias
apresentar-se imediatamente ao serviço primas ou outros bens, que afectem de modo
considerando-se reintegrado nesta data. significativo a actividade normal e desde que a
suspensão seja necessária para a viabilidade da
Artigo 195º empresa ou para evitar prejuízos graves.
Suspensão por prestação de serviço militar 2. O empregador que pretenda suspender a
prestação de trabalho deve informar, com
1. A prestação de serviço militar obrigatório antecedência mínima de 15 dias úteis, a
determina, desde o seu início, a suspensão da DirecçãoGeral do Trabalho e os delegados sindicais
relação do trabalho. ou, na sua falta, os sindicatos representativos dos
2. Terminado o serviço militar, o trabalhador, trabalhadores sobre as razões justificativas, prazo e
dentro de 30 dias, apresenta-se à entidade extensão da suspensão.
empregadora para retomar o trabalho, sob pena de 3. A Direcção-Geral do Trabalho pode
extinção do contrato. convocar o empregador para prestar
3. À suspensão do contrato por prestação de esclarecimentos complementares.
serviço militar aplica-se o disposto no nº 2 do artigo 4. Os representantes dos trabalhadores podem
193º. participar na reunião promovida pela DirecçãoGeral
do Trabalho com o empregador ou, se não forem
Artigo 196º convocados, solicitar uma reunião com esta para
Suspensão para exercício de cargo público esclarecimentos complementares e análise de outras
medidas que permitam evitar ou reduzir a
suspensão.
À suspensão do contrato de trabalho em virtude do
5. O empregador deve informar os
exercício de cargo público, em comissão de serviço,
trabalhadores sobre os fundamentos, prazo e
rege-se por legislação especial.
extensão da suspensão, com antecedência de 7 dias.
Artigo 197º
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Remuneração por trabalho prestado em dia de b) A remuneração líquida nos 3 primeiros dias de
descanso semanal cada impedimento, compreendidos nos 90 dias
referidos na alínea anterior.
1. O trabalho prestado em dia destinado ao 2. O disposto na alínea b) do nº 1 apenas se
descanso semanal é remunerado com um acréscimo aplica até 15 dias por ano civil.
não inferior a 100% da retribuição normal. 3. Tratando-se de trabalhador não abrangido
2. Para efeitos do disposto nº 1 anterior, o pela Previdência Social tem direito a receber do
trabalho prestado em dias feriados fixados por lei é empregador a totalidade de retribuição líquida
equiparado ao trabalho prestado em dia de descanso durante os primeiros três meses de doença e dois
semanal. terços de retribuição até ao sexto mês de doença.
Artigo 209º
Cumulação de acréscimos Artigo 212º
Retribuição na maternidade
1. O acréscimo legal da retribuição por
trabalho nocturno é cumulável com os acréscimos
de trabalho extraordinário, em dia de descanso 1. Na situação de maternidade, a mulher
semanal e feriado. trabalhadora tem direito a receber do empregador a
2. Os acréscimos da retribuição por trabalho diferença entre a remuneração líquida a que teria
extraordinário e em dia de descanso semanal ou direito no período de faltas e o montante do
feriado não são cumuláveis. subsídio atribuído pela Previdência Social durante a
licença de maternidade.
Artigo 210º 2. Tratando-se de mulher trabalhadora não
Valor da retribuição/hora normal abrangido pela Previdência Social tem direito a
receber do empregador a totalidade da retribuição
Para efeitos de execução do disposto nos artigos líquida durante o período da licença.
anteriores o apuramento dos valores da 3. O disposto neste artigo é aplicável, com as
retribuição/hora normal é calculado através da devidas adaptações, à situação prevista no número 2
seguinte formula: do artigo 270º.
R x 12
52 x N em que: Artigo 213º
Recibo da retribuição
R é igual à retribuição mensal normal; e N é igual ao
número de horas de trabalho semanal normal. 1. No acto de pagamento da retribuição, o
empregador deve entregar ao trabalhador
Artigo 211º documento onde conste o nome completo deste, o
Retribuição na doença número de inscrição na instituição de segurança
social respectiva, a categoria profissional, o período
1. Na situação de doença os trabalhadores têm a que respeita a retribuição, discriminando a
direito a receber do empregador: retribuição base e as demais remunerações devidas
a) A diferença entre a remuneração líquida a que por lei ou instrumento de regulamentação colectiva
teriam direito no período de faltas e o montante aplicável, os descontos e deduções efectuados e o
do subsídio atribuído pela Previdência Social, montante líquido a receber.
nos primeiros 90 dias de cada impedimento, sem 2. A inobservância do disposto no número
prejuízo do disposto na alínea seguinte; anterior constitui contra-ordenação punível.
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CAPÍTULO I
DOS MODOS DE EXTINÇÃO Artigo 216º
Forma
Artigo 214º
Enumeração 1. O acordo de cessação deve constar de
documento assinado por ambas as partes, ficando
A relação jurídico-laboral extingue-se por: a) cada uma com um exemplar.
Mútuo acordo das partes; 2. O documento deve mencionar
b) Caducidade; expressamente a data da celebração do acordo e a
c) Despedimento colectivo; de início de produção dos respectivos efeitos. 3. No
d) Despedimento individual por justa causa; mesmo documento podem as partes acordar na
e) Rescisão pelo trabalhador. produção de outros efeitos desde que não
contrariem o disposto neste Código.
4. Se, no acordo de cessação ou conjuntamente com
Secção I este as partes estabelecerem uma compensação
pecuniária de natureza global para o trabalhador
Do mútuo acordo
presume-se que naquela foram pelas partes
incluídos e liquidados os créditos já vencidos à data
da cessação do contrato ou exigíveis em virtude
Artigo 215º
dessa cessação.
Liberdade de desvinculação
Artigo 217º
1. É sempre lícito à entidade empregadora e ao Anulação por violação da vontade
trabalhador fazer cessar o contrato de trabalho por
mútuo acordo.
O disposto na presente secção não prejudica o
2. A faculdade conferida no número anterior
direito de o trabalhador obter, pelas vias ordinárias,
pode ser exercida com ou sem indemnização, para
a anulação de acordo revogatório ou de uma ou
ter execução imediata ou em momento diferido,
mais das suas clàusulas, por erro, dolo ou coacção.
consoante os interesses das partes no contrato de
trabalho.
3. Quando o empregador tiver interesse em
Secção II
atribuir eficácia imediata ao acordo revogatório,
acorda com o trabalhador uma indemnização Da caducidade
substitutiva do prazo de diferimento, atendendo à
modalidade de contrato de trabalho a que estava Artigo 218º
vinculado, ao tempo de permanência na empresa, à Casos de caducidade
retribuição que auferia e às possibilidades de o
trabalhador encontrar um novo emprego. 1. O contrato de trabalho caduca:
4. A indemnização acordada nos termos do a) Expirado o prazo estabelecido;
número anterior pode ser paga em dinheiro ou em b) Verificando-se impossibilidade superveniente,
bens fornecidos pelo próprio empregador, numa absoluta e definitiva, de o trabalhador prestar o
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bem como relação de que conste o nome de cada 6. A presunção referida no número anterior pode
trabalhador, morada, datas de nascimento e de ser ilidida desde que, em simultâneo, o trabalhador
admissão na empresa, situação perante a segurança entregue ou ponha, por qualquer forma, à
social, profissão, categoria, retribuição, a medida disposição do empregador a totalidade da
decidida e a data prevista par4. Não sendo compensação pecuniária recebida.
observado o prazo mínimo de aviso prévio, o
contrato cessa decorrido o período de aviso prévio Artigo 225º
em falta a contar da comunicação de despedimento, Encerramento por motivo de força maior
devendo o empregador pagar a retribuição
correspondente a este período. No caso de encerramento definitivo da empresa ou
estabelecimento por motivo de força maior, aos
Artigo 223º trabalhadores contratados por tempo determinado é
Prioridade na manutenção de emprego pago o valor correspondente às retribuições
vincendas até ao termo do prazo dos contratados.
Em caso de redução de actividades, têm preferência
na manutenção do emprego, dentro de cada
categoria profissional e pela ordem de prioridade
estabelecido a seguir, os trabalhadores:
a) Mais qualificados ou com maior experiência
profissional; Artigo 226º
b) Mais antigos; Impugnação do despedimento colectivo
c) Que, por virtude de lesão adquirida em serviço
do empregador, tenham redução na sua 1. Os trabalhadores podem propor ação de anulação
capacidade de ganho; do despedimento coletivo no tribunal competente
d) Com maiores encargos familiares; ou tribunal arbitral, instituído por convenção de
e) Mais idosos. arbitragem, nos termos da Lei n.º 76/VI/2005, de 16
de agosto, com fundamento em;
Artigo 224º a) Falta ou insuficiência de fundamentos;
Indemnização por despedimento colectivo b) Falta das comunicações referidas nos n.ºs 1
e 3 do artigo 221.º ou da promoção da
1. Os trabalhadores abrangidos por despedimento negociação prevista no n.º 1 do artigo 221.º-A;
coletivo têm direito a indemnização correspondente c) O empregador não tiver cumprido os prazos
a vinte dias de retribuição, por cada ano completo de aviso prévio previstos nos n.ºs 1 e 2 do artigo
de serviço. 222.º.
2. A indemnização devida a trabalhadores 2. A anulação do despedimento tem os efeitos
contratados por tempo determinado é igual às previstos no artigo 240.º.
retribuições vincendas.
3. Para o cálculo da indemnização a que se refere o
número anterior, é tomada como base a retribuição Artigo 227º
auferida pelo trabalhador na data do despedimento. Encerramento por facto de príncipe
4. Em caso de fração de ano, a compensação é
calculada proporcionalmente. Resultando o encerramento ou a redução de
5. presume-se que o trabalhador aceita o actividade de determinação de autoridades
despedimento quando recebe a compensação competentes, para cumprimento de obrigações e
deveres previstos nas leis e regulamentos e, sendo
prevista neste artigo.
a medida de execução imediata, pode não ser
observado qualquer aviso prévio, mas os
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a) A desobediência ilegítima às ordens dadas profissional necessária para o exercício das novas
por responsáveis hierarquicamente superiores; funções relativas ao posto de trabalho e conceder-
b) A prática, no âmbito da empresa, de actos lhe um período de adaptação não inferior a 60 dias.
lesivos da economia nacional ou de interesses 2. Se, na sequência das alterações e após a
morais ou patrimoniais da própria empresa, dos formação e período de adaptação referidos no
outros trabalhadores ou de terceiros; número anterior, o trabalhador revelar manifesta
c) A provocação repetida de conflitos com inadaptação para as novas funções, o empregador
outros trabalhadores ou com terceiros; deve, se possível, colocá-lo noutro posto de trabalho
d) A apresentação ao trabalho em estado de compatível com as suas aptidões profissionais.
embriaguez, designadamente quando reiterada; 3. Se o empregador não puder colocar o
e) A falta culposa de observância das regras de trabalhador noutro posto de trabalho ou se este o
higiene e segurança no trabalho; recusar, pode haver lugar a despedimento com
f) A diminuição intencional do rendimento de fundamento na inadaptação às novas funções.
trabalho;
g) A negligência grave na execução do trabalho
bem como a falta repetida de zelo e diligências Artigo 236º
normais na prestação do serviço; Despedimento por extinção do posto de trabalho
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com referência à data em que deveria ser 4. O trabalhador que se despedir com justa
reintegrado. causa, salvo nos casos do nº 2, tem direito a
5. Às remunerações referidas no n.º 2 do indemnização prevista no art. 238º.
presente artigo são deduzidos os seguintes
montantes: Artigo 242º
a) As importâncias que o trabalhador tenha Insubsistência da justa causa
auferido com a cessação do contrato e que não
receberia se não fosse o despedimento; Se a justa causa vier a ser judicialmente declarada
b) A retribuição relativa ao período decorrido insubsistente o trabalhador constitui-se na obrigação
desde o despedimento até 30 dias antes da de indemnizar o empregador pelos prejuízos
propositura da ação, se esta não for proposta nos 30 causados em consequência da rescisão injustificada
dias subsequentes ao despedimento. do contrato, nos termos gerais de direito.
Secção V
Subsecção III Rescisão do contrato pelo trabalhador
Despedimento com justa causa promovido pelo
trabalhador Artigo 243º
Rescisão com aviso prévio
Artigo 241º
Justa causa de despedimento pelo trabalhador 1. Independentemente de ocorrência de justa causa,
o trabalhador pode rescindir o contrato de trabalho,
1. Constituem, em especial, justa causa de por decisão unilateral, devendo comunicá-la à
despedimento por parte do trabalhador: entidade empregadora pelas vias
a) A falta culposa do pagamento da retribuição na
forma devida; e com o aviso prévio que resultarem do contrato.
b) A ofensa à sua honra e dignidade; Na falta deste, o aviso prévio não pode ser inferior a
c) A violação culposa dos direitos e garantias que 15 dias, por cada ano de serviço prestado à entidade
lhe assistem; empregadora, até o máximo de dois meses.
d) A modificação substancial da posição jurídica 2. O prazo previsto no número anterior pode
do trabalhador; ser dispensado, no momento da rescisão do
e) A falta de condições de higiene e segurança no contrato, havendo acordo entre o empregador e o
trabalho, nomeadamente, quando sejam trabalhador, independentemente do que constar do
susceptíveis de provocar riscos sérios à saúde do contrato de trabalho ou dos seus aditamentos quanto
trabalhador ou ameaçam à sua integridade física; à forma e tempo de aviso prévio.
f) A provocação de conflitos por parte do 3. Se o trabalhador não cumprir, total ou
empregador ou de outros trabalhadores da parcialmente, o prazo de aviso prévio previsto no
empresa; g) A aplicação ao trabalhador de número um deste artigo, fica vinculado a
sanções abusivas. indemnizar à entidade empregadora pelo valor
2. Constitui ainda justa causa de despedimento correspondente à retribuição do período em falta,
por parte do trabalhador a necessidade de cumprir independentemente das indemnizações devidas
obrigações legais incompatíveis com a continuação pelos prejuízos causados pela ausência inoportuna
no serviço. do trabalhador.
3. Ocorrendo justa causa, pode o trabalhador
fazer cessar imediatamente a relação de trabalho,
quer o contrato, seja a prazo ou não. Artigo 244º
Abandono de lugar
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1. Considera-se que o trabalhador rescindiu o 1. Em tudo o que não estiver regulado neste
contrato sem aviso prévio quando tenha abandonado Livro aplica-se, subsidiariamente, o disposto no
o lugar. Livro I do presente Código.
2. Presume-se o abandono de lugar quando o 2. Os trabalhadores abrangidos pelos contratos
trabalhador não se apresente no seu posto de a que se reporta o presente Livro gozam dos direitos
trabalho durante 10 dias úteis seguidos sem dar e regalias e estão sujeitos aos deveres previstos no
notícia à entidade empregadora. Livro I deste Código, salvo quando sejam
3. A presunção referida no número anterior incompatíveis com a natureza do contrato.
pode ser ilidida se o trabalhador demonstrar que
esteve temporariamente impedido de se comunicar
com o empregador e que o fez logo que tal lhe foi TÍTULO II
possível. DOS CONTRATOS EM ESPECIAL EM
RAZÃO DAS PESSOAS
Artigo 249º
LIVRO II Idade do aprendiz
DOS CONTRATOS DE TRABALHO EM
ESPECIAL 1. Ninguém pode ser aceite para iniciar a
aprendizagem se tiver menos de catorze anos de
idade ou mais de dezoito anos.
TÍTULO I 2. A idade máxima prevista no número anterior
DISPOSIÇÕES GERAIS pode ser elevada até 24 anos, quando se trata de
primeira ocupação profissional.
Artigo 247º
Regime subsidiário
Artigo 250º
Forma do contrato
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Durante a vigência do contrato de aprendizagem, os A aprendizagem não pode ter duração superior a 3
aprendizes ficam abrangidos pelo seguro obrigatório anos.
contra acidentes de trabalho e doenças profissionais.
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não ser que o trabalho nesse regime seja c) Interromper o trabalho diário para
indispensável para a sua formação profissional e aleitamento e cuidados dos filhos, sem perda de
seja autorizada pela Direcção-Geral o Trabalho. salário.
3. A mulher grávida trabalhadora deve, sempre que
Artigo 268º tal lhe seja exigido pelo empregador, apresentar
Trabalho extraordinário comprovação médica do seu estado.
Artigo 272º
CAPÍTULO III Dispensas para consultas
TRABALHO DE MULHERES
1. A trabalhadora grávida deve, sempre que
Artigo 270º possível, recorrer às consultas pré-natais fora do
Protecção da maternidade horário normal da empresa.
2. Quando a consulta só for possível dentro do
1. A mulher grávida deve trabalhar em horário de funcionamento normal da empresa, pode
ser exigida à trabalhadora a apresentação de
condições que não prejudiquem a gestação.
2. Durante o período de gravidez e após o parto documento comprovativo dessa circunstância.
são assegurados à mulher trabalhadora, entre outros,
os seguintes direitos:
a) Não desempenhar, sem diminuição do Artigo 273º
salário, trabalhos desaconselháveis ao seu estado; Licença especial na gravidez de risco
b) Não prestar trabalho extraordinário ou
trabalho nocturno, nem ser deslocada do local de A trabalhadora grávida em situação de risco para si,
trabalho habitual; ou para o nascituro, impeditivo do exercício das
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Artigo 276º
Noção de trabalho de estrangeiro – dupla Artigo 279º
nacionalidade Conflito de nacionalidades
1. Entende-se por trabalho de estrangeiros, para Para efeitos deste Código, quando um trabalhador
efeitos deste Código, a actividade intelectual ou tiver duas ou mais nacionalidades estrangeiras,
manual executada por quem não tenha a prevalece a nacionalidade do país cuja legislação
nacionalidade cabo-verdiana. confere aos trabalhadores cabo-verdianos melhor
2. À promessa de contrato de trabalho com um protecção.
estrangeiro é aplicável o disposto neste Capítulo
com as devidas adaptações.
3. O trabalhador com várias nacionalidades, Artigo 280º
sendo uma a cabo-verdiana, não pode ser Residência
considerado estrangeiro para efeitos deste Código,
ainda que tenha uma conexão mais estreita com um 1. Só tem direito a exercer uma actividade por
outro país da nacionalidade. conta de outrem em território nacional, seja a
pessoa, entidade ou empresa nacional ou
estrangeira, o trabalhador estrangeiro que se
Artigo 277º encontre ou resida legalmente em território
Regime mais favorável nacional.
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RAZÃO DO LUGAR
1. O horário de trabalho doméstico deve ser
CAPÍTULO I organizado segundo as necessidades da vida
DO TRABALHO DOMÉSTICO familiar e os usos da localidade, de modo a não
prejudicar a saúde do trabalhador.
Artigo 286º 2. Ao trabalhador doméstico devem ser
Noção asseguradas pelo menos 8 horas de repouso
nocturno e um conveniente repouso durante o dia.
1. Considera-se trabalho doméstico o que é
prestado na residência do empregador para
satisfação das necessidades pessoais que Artigo 289º
normal e permanentemente se ligam Deveres do trabalhador doméstico
com a vida deste e do seu agregado doméstico.
2. Salvo estipulação em contrário, integram o 1. São deveres específicos do
conteúdo de tarefas domésticas: a) Limpeza e trabalhador doméstico:
arrumo da casa; a) Respeitar as normas da vida familiar do
b) Confecção de refeições; empregador e da sua família;
c) Lavagem e tratamento de roupas; b) Não revelar qualquer segredo relativo à vida
d) Vigilância e assistência a crianças e pessoas privada do empregador, da sua família, ou de
idosas; quaisquer pessoas que com ele vivam em economia
e) Tarefas externas relacionadas com as anteriores; comum;
f) Jardinagem; c) Manter com os outros trabalhadores relações
g) Costura; que não prejudiquem a vida doméstica.
h) Outras similares, consagradas pelos usos e 2. O trabalhador deve zelar pela manutenção das
costumes; condições de segurança e saúde, nomeadamente:
i) Coordenação e supervisão das tarefas supra a) Cumprir as prescrições de segurança e saúde
referidas. determinadas pelo empregador;
3. Não se considera trabalho doméstico, para efeitos b) Utilizar correctamente os
do disposto neste Capítulo, a prestação das equipamentos, utensílios e produtos postos à
actividades referidas no número anterior em sua disposição;
creches, casas de repouso, infantários, unidades de c) Comunicar imediatamente à entidade
exploração turística, hoteleira e outras unidades em empregadora as avarias e deficiências relativas aos
que aquelas actividades sejam exercidas com fim equipamentos e utensílios postos à sua disposição.
lucrativo.
Artigo 290º
Retribuição
Artigo 287º
Período experimental
1. O empregador está interdito de remunerar o
As partes no contrato de trabalho doméstico não trabalhador doméstico unicamente em alimentação
podem convencionar um período experimental e alojamento.
superior a 30 dias, decorrido o qual o contrato 2. Não constituem retribuição as gratificações
considera-se celebrado pelo tempo que as partes atribuídas ao trabalhador por membros do agregado
convencionarem. familiar ou seus amigos bem como as ofertas de
roupas, sapatos, jóias ou similar feitos
Artigo 288º designadamente por ocasião de festas, aniversários
Horário de trabalho ou outros eventos.
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Artigo 296º
Empresas intermediárias de mão-de-obra
Artigo 299º
Registo
As empresas que se dedicam exclusiva ou
predominantemente à intermediação de mão-deobra, 1. A empresa cedente deve manter
vulgarmente chamadas empresas de trabalho permanentemente actualizado um registo dos
temporário, serão objecto de legislação especial. trabalhadores cedidos, com indicação dos nomes,
data de início e termo da cessão, datas de
Artigo 297º nascimento e admissão, categorias, retribuições,
Contrato de cedência datas de início e termo das férias e faltas que
impliquem perda da retribuição ou diminuição dos
1. A cedência ocasional de trabalhador deve ser dias de férias que deve ser disponibilizado à
titulada por documento assinado pelo cedente, pelo Inspecção Geral do Trabalho, sempre que esta o
cessionário e pelo trabalhador, identificando o solicitar.
trabalhador cedido, a fundamentação detalhada da 2. A inobservância do disposto no número
necessidade da cedência, a função a executar, a data anterior constitui contra-ordenação.
do início da cedência e a duração desta, o horário e
o local de trabalho.
2. O documento que titular o contrato de Artigo 300º
cedência só torna esta legítima se contiver expressa Resolução do contrato de cedência
declaração de concordância do trabalhador.
3. No contrato de cedência poderá ser 1. Havendo justa causa, o trabalhador pode
establecido um período experimental máximo de resolver o contrato de cedência nos termos e
30 dias mas nunca superior a ¼ da duração do condições previstos neste Código para a cessação
contrato. do contrato por iniciativa do trabalhador.
2. Constitui causa específica de resolução do
contrato de cedência a modificação pela entidade
Artigo 298º cessionária das condições de trabalho previamente
Nulidades estabelecidas, sem o acordo do trabalhador.
3. Resolvido o contrato, o trabalhador
1. O contrato de cedência de mão de obra reingressa na empresa cedente, não podendo esta
carece de forma escrita, sob pena de nulidade. opor-se ao reingresso, seja qual for o fundamento da
2. À nulidade deste contrato é aplicável, no que resolução.
respeita à situação jurídica dos trabalhadores, o Artigo 301º
disposto no artigo 34º deste Código, com as Renovação do contrato de cedência
seguintes particularidades:
a) A nulidade do contrato de cedência não interfere 1. Até 8 dias antes do termo da duração da
com a validade do contrato de trabalho cedência, pretendendo renovar o contrato, as
celebrado entre a empresa cedente e o empresas cessionária e cedente comunicam por
trabalhador; escrito ao trabalhador a renovação do contrato, o
b) Havendo lugar a pagamentos, a empresa cedente prazo da renovação e a fundamentação da
e a empresa cessionária são ambas necessidade da renovação.
solidariamente responsáveis, independentemente 2. A renovação do contrato de cedência
de culpa. depende do acordo expresso do trabalhador.
3. A inobservância deste preceito constitui
contraordenação punível.
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Artigo 314º
Heterodeterminação Artigo 316º
Obrigações do empregador
1. Salvo acordo prévio em contrário, compete 1. Além dos deveres gerais, incumbe à entidade
ao trabalhador portuário executar qualquer tipo de empregadora gestora da actividade portuária:
operação portuária adequada às necessidades de a) Administrar o fornecimento da mão-de-obra do
variação, tendo em conta o movimento do porto. trabalhador portuário, tanto dos efectivos, como
Pode, nomeadamente, mudar de navio ou de dos eventuais;
actividade, por determinação do empregador. b) Manter um registo actualizado dos trabalhadores
2. A empresa gestora de mão-de-obra portuária das diversas categorias;
pode condicionar o exercício do trabalho portuário c) Promover o treinamento e a habilitação
ao uso de identificação adequada, uniforme, crachá, profissional do trabalhador portuário;
capacete, botas e outros equipamentos de protecção d) Estabelecer o número de vagas, a forma e a
individual, fornecidos pela empresa ou por outra periodicidade para acesso ao trabalho do
entidade beneficiária da mão-de-obra. trabalhador portuário;
e) Definir critérios transparentes de selecção e
registo do trabalhador portuário avulso;
f) Elaborar e implementar um Programa de
Artigo 315º Prevenção de Riscos Ambientais passíveis de
Deveres do trabalhador portuário ocorrer no sector portuário;
g) Elaborar e implementar um Plano de Controle
de Emergência e um Plano de Ajuda Mútua para
Além dos deveres gerais que decorrem deste Código situações de incêndio ou explosão, vazamento
para os demais trabalhadores, sobre o trabalhador de produtos perigosos, queda de homem ao mar
portuário recaem os seguintes deveres específicos: e outras situações adversas que afectem a
a) usar todo e qualquer dispositivo ou produto, de segurança das operações portuárias;
uso individual que lhe seja indicado pelo h) Manter em pleno funcionamento, durante 24
empregador, destinado à protecção de riscos horas por dia, sem excluir sábados, domingos ou
susceptíveis de ameaçar a segurança e a saúde dias feriados, um posto de pronto-socorro,
no trabalho; devidamente equipado e com pessoal
b) participar nas sessões de treinamento e nas qualificado, apto a dar assistência imediata a
simulações de acidentes e salvamento que pessoas vítimas de infortúnio na zona portuária.
sejam organizadas pelo empregador ou por 2. O recrutamento de trabalhadores não inscritos
terceiro; para execução de qualquer tarefa em detrimento
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dos trabalhadores inscritos, constitui contra- 1. O trabalhador portuário avulso tem direito a
ordenação punível. um número de dias de férias determinado em função
do tempo de serviço efectivamente prestado,
tomandose para este cálculo o número de horas de
Artigo 317º trabalho prestado e a sua conversão em número de
Horário de trabalho dias de trabalho, à razão de oito horas horas por dia,
aplicando-se-lhe, com as devidas adaptações, o
O horário de trabalho dos trabalhadores portuários disposto em matéria do direito a férias a
pode ser ajustado ao movimento do porto em que trabalhadores contratados por tempo determinado.
operem, sem prejuízo do direito ao repouso previsto 2. Para efeitos do disposto no número anterior,
neste Código. qualquer fracção de dia de trabalho superior a 4
horas é equiparado a um dia de trabalho.
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lista aprovada por portaria conjunta dos ministros A antiguidade do trabalhador portuário, para efeitos
responsáveis pelas áreas do trabalho e da actividade de promoção, reforma ou outras vicissitudes da
portuária, relação laboral dependentes da influência do tempo,
conta-se a partir da primeira inscrição e corresponde
confere ao trabalhador o direito a um acréscimo a todo o tempo decorrido desde esta data.
salarial de valor não inferior a 25% do salário base.
2. O acréscimo referido no número anterior é
igualmente devido ao trabalhador que, não se CAPÍTULO IV
encontrando directamente ligado à actividade das DO TRABALHO MARÍTIMO
referidas cargas, está, todavia, exposto a seus
incómodos, sujidade, toxicidade ou perigosidade. Secção I
Em tal caso, o acréscimo salarial referido no Disposições Gerais
número anterior poderá sofrer uma variação de
acordo com o grau de exposição do trabalhador, Artigo 325º
mas não poderá ser inferior a 5% do salário base. Legislação subsidiária especial
3. O disposto neste artigo não se aplica quando as
cargas se apresentem em contentores metálicos ou
O disposto na presente Secção não dispensa a
em embalagens ou compartimentos de
aplicação da demais legislação aplicável ao trabalho
estanquicidade semelhante, salvo se houver
marítimo, nomeadamente, o Decreto-Lei nº.
derrame ou fuga não imputável aos trabalhadores. 4.
24/2000, de 5 de Junho.
Os acréscimos referidos neste artigo contabilizam-
se nos mesmos termos em que se contabiliza o
Artigo 326º
trabalho extraordinário e é-lhe aplicável,
subsidiariamente, com as devidas adaptações, o Definições
mesmo regime.
Para efeitos deste capítulo entende-se por:
Artigo 323º a) “Comandante”, pessoa encarregada do
governo, direcção e expedição do navio, de chefiar
Sanções disciplinares
a tripulação e exercer a autoridade sobre todas as
pessoas que se encontram a bordo.
1.Além das sanções previstas neste Código, pode o
b) “Tripulante”, aquele faz parte da lista de
empregador gestor do trabalho portuário aplicar as
tripulação de uma embarcação ou está contratado
seguintes sanções:
para fazer parte dessa tripulação;
a) Suspensão do registo com perda de retribuição
c) «Marítimo», toda a pessoa contratada para
até 30 dias;
prestar a sua actividade a bordo de um barco, nos
b) Suspensão do registo com perda de retribuição
termos da legislação laboral e comercial aplicável;
de 30 a 90 dias; d) “Armador”, designa o proprietário de um
c) cancelamento do registo. barco ou qualquer outra organização ou pessoa e
2. As sanções previstas no número anterior são bem assim o administrador, agente, o fretador a
aplicáveis com as devidas adaptações às situações a casco nu que para efeitos de exploração do barco
que corresponderiam as sanções previstas nas tenha assumido a responsabilidade que incumbe ao
alíneas c) a e) do artº. 374º deste Código. proprietário ou outra entidade ou pessoa que, ao
fazê-lo, tenha assumido cumprir com todos os
deveres e responsabilidades que, por lei, incumbe
Artigo 324º aos armadores, não obstante outra organização ou
Antiguidade pessoa cumprir alguns dos deveres e
responsabilidades em nome do armador. Em caso
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l) Todo e qualquer dado que as partes julgarem 2. Se, por decisão que já não admite recurso, a
pertinentes. cédula marítima vier a ser cancelada ou decretado
o impedimento posteriormente à celebração do
contrato, este caduca logo que as partes sejam
Artigo 331º notificadas do facto pela entidade competente.
Competência do armador 3. O marítimo só pode embarcar se tiver a sua
cédula marítima e restante documentação em
1. É da competência do armador celebrar os ordem, nos termos do Regulamento de Inscrição
contratos de trabalho com os marítimos qualquer Marítima (RIM)
que seja a sua categoria. 4. O marítimo deve apresentar ao armador ou
2. O armador, por declaração reduzida a ao comandante da embarcação a cédula marítima,
escrito, pode delegar no comandante do navio a sua o certificado de aptidão física, a licença militar e
competência para celebrar contratos de trabalho quaisquer outros documentos necessários para o
com marítimos. embarque.
3. Fora do porto de armamento é, no entanto, 5. O armador ou o comandante deve
da competência do comandante a contratação dos apresentar à autoridade marítima do porto onde
marítimos necessários para completar a lotação da efectuarem o embarque toda a documentação
sua embarcação até ao termo da viagem. necessária para a obtenção da autorização para o
embarque com uma antecedência não inferior a
quarenta e oito horas, salvo casos de força maior.
Artigo 332º 6. Uma vez assinada a lista de tripulação, até
Recusa por parte do comandante ao desembarque, as cédulas ficam em poder e
responsabilidade do comandante.
7. Os contratos de trabalho são apensos à lista
1. Ao comandante da embarcação assiste a
de tripulação.
faculdade de recusar o embarque de um tripulante
contratado pelo armador, desde que, para tanto,
apresente a este motivo justificado, ainda que não
decorrente dos averbamentos constantes da cédula Secção II
marítima do tripulante. Direitos e deveres das partes
2. A recusa a que se refere o número anterior
em nada afecta a validade do contrato de trabalho Artigo 334º
celebrado entre o armador e o tripulante. Deveres do armador
3. Pela recusa prevista no número anterior o
comandante responde perante o armador, sem São deveres do armador:
prejuizo da responsabilidade civil que ao caso a) Instalar o marítimo em boas condições de
couber. O comandante e o armador são salubridade e higiene, especialmente no que
responsáveis solidários perante o maritimo visado respeita a ventilação dos locais de trabalho, sua
pela recusa. iluminação e, quando possível, climatização,
observando os indispensáveis requisitos de
segurança;
Artigo 333º b) Observar as convenções internacionais
Cédula Marítima e outros documentos ratificadas pelo Estado de Cabo Verde sobre a
segurança e as condições de trabalho a bordo;
c) Atribuir ao marítimo funções efectivas e
correspondentes à sua categoria profissional;
1. A falta de cédula marítima ou o
impedimento da autoridade marítima ao embarque
do marítimo importa nulidade do contrato.
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Artigo 336º
Natureza dos serviços prestados Secção III
Da prestação de trabalho a bordo
1. Quando, a navegar, se verifique o
impedimento de um tripulante e o comandante Artigo 339º
considere imperioso preencher o seu lugar, pode Período normal de trabalho
utilizar para o efeito outro tripulante de categoria
diferente, mas só até à chegada ao próximo porto 1. Considera-se período normal de trabalho o
nacional. tempo durante o qual o maritimo se obrigou a
2. As mudanças a que se referem o número trabalhar para o navio.
anterior não podem implicar diminuição na 2. A duração máxima do período normal de
retribuição ou modificação substancial na respectiva trabalho é de oito horas por dia e quarenta e quatro
posição, adquirindo o marítimo o direito ao horas por semana.
tratamento mais favorável que corresponda às 3. O trabalho pode ser prestado em serviços
tarefas desempenhadas. ininterruptos, a quartos corridos ou em serviços
intermitentes.
4. Nas embarcações costeiras a duração
Artigo 337º máxima do período normal de trabalho é de um
Transferência de embarcação total de vinte e quatro horas em dois dias
consecutivos, sem no entanto, poder exceder a
média do horário semanal de quarenta e quatro
1. Presume-se que a actividade profissional do horas de trabalho em quatro semanas consecutivas.
maritimo é prestada a bordo de qualquer
embarcação do mesmo armador ou por este
operada, salvo se as partes, por escrito, outra coisa Artigo 340º
acordarem. Isenção de horário de trabalho
2. Se o tripulante, ao abrigo do disposto na
parte final do número anterior, tiver sido contratado
para prestar serviço em determinada embarcação, só 1. Estão isentos do horário de trabalho, o
com o seu acordo, reduzido a escrito, pode ser comandante ou mestre, o imediato, o chefe de
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3. Se o marítimo tiver de desembarcar para horas de repouso por cada período de sete dias de
receber tratamento, o comandante deve proceder trabalho.
conforme o disposto no artigo 348º. 2. As horas de repouso não podem ser
4. Em qualquer dos casos referidos nos repartidas em mais de dois períodos nem ter uma
números anteriores, o armador tem direito ao duração inferior a 6 horas. O intervalo entre dois
reembolso de quanto tiver pago. períodos consecutivos de repouso não pode
5. Nos casos previstos nos números anteriores, ultrapassar 14 horas.
as retribuições são devidas somente pelo tempo que 3. Quando um marítimo se encontre sob
o tripulante tiver prestado serviço, sem prejuízo do chamada e tenha sido perturbado o seu período de
direito à alimentação a bordo até ao seu repouso ele tem direito a um período compensatório
desembarque. até ao limite do período normal de repouso a que
tinha direito.
Artigo 351º
Morte do marítimo
Artigo 353
Férias
1. Em caso de morte do marítimo, os seus
herdeiros têm direito à respectiva retribuição até ao 1. O trabalhador marítimo tem direito a pelo
último dia do mês seguinte àquele em que tiver menos 2,5 dias de férias por cada mês de trabalho.
ocorrido o falecimento. Quando não tenham sido gozados, os dias de
2. Se o marítimo morrer em serviço para o descanso obrigatório podem ser cumulados com as
salvamento da embarcação, a retribuição é devida férias anuais a que o maritimo tem direito, por
por inteiro e por toda a viagem, se ela se prolongar acordo entre as partes.
para além do prazo estabelecido no número anterior. 2. Salvo acordo das partes em contrário, o local
3. As despesas com o funeral são da conta do de gozo das férias é o porto de armamento, a sede
armador e deste e da carga se o marítimo tiver do armador ou o porto de recrutamento.
falecido em serviço para a salvação da embarcação, 3. O marítimo tem direito às passagens do e
sem prejuízo do direito de regresso que couber ao para o local de férias por conta do armador, em
armador sobre as entidades que nos termos da lei meio de transporte à escolha deste, desde que o
são obrigadas a suportar tais despesas. local de férias se situe em qualquer dos lugares
referidos no numero anterior ou resulte de acordo
4. No caso de morte fora do porto de das partes 4. A duração das viagens não é incluída
armamento, as despesas de trasladação do corpo do no período de férias, salvo se o marítimo utilizar
maritimo correm por conta exclusiva do armador meio de transporte mais demorado do que o
desde o local de falecimento até ao porto de escolhido pelo armador.
armamento, sem prejuizo do disposto no número
anterior.
Artigo 354
Impedimento do tripulante
Secção VI
Da suspensão da prestação de trabalho 1. Quando o tripulante desembarcado no porto
de armamento ou naquele em que foi recrutado
Artigo 352 estiver temporariamente impedido por facto que não
Descanso lhe seja imputável, nomeadamente o serviço militar
1. O maritimo tem direito a 10 horas de obrigatório, doença ou acidente, e o impedimento se
repouso num período de 24 horas de trabalho e 77 prolongue por mais de trinta dias, o contrato
suspende-se e cessam os direitos, deveres e
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LIVRO III
Artigo 369º DA FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO
Compensação por fim do contrato
TÍTULO I
1. A caducidade do contrato por efeito do decurso DA FISCALIZAÇÃO PELO EMPREGADOR
do prazo, inicial ou prorrogado, confere ao CAPÍTULO I
trabalhador o direito a uma compensação no valor DO PODER DISCIPLINAR
de:
21 dias de remuneração de base, se o contrato durar
um ano; Secção I
15 dias de remuneração de base por cada ano Disposições gerais
completo de duração do contrato, além do
primeiro ano;
1,75 dias de remuneração de base por cada mês de
duração do contrato até um ano.
Artigo 371º
2. A caducidade do contrato operada por denúncia
do trabalhador ou por oposição dele à renovação do Âmbito
contrato não confere direito à indemnização referida
no número anterior. 1. O empregador tem poder disciplinar sobre
3. Nos contratos a termo incerto de duração superior todos os trabalhadores que se encontram ao seu
a cinco anos, o trabalhador tem direito a uma serviço.
compensação no valor de 10 dias de remuneração 2. O poder disciplinar deve ser exercido por
base por cada ano completo, após os primeiros forma objectiva, não podendo o empregador aplicar
cinco anos. ao trabalhador quaisquer sanções que não sejam
4. Nas situações previstas no número anterior, o adequadas à organização e à prossecução dos fins
trabalhador tem direito a uma compensação de 1 dia empresariais.
de remuneração base por cada mês de duração do 3. O poder disciplinar deve ser exercido no
contrato até um ano quadro da empresa e nos termos convencionados.
Toda a sanção disciplinar inadequada à prossecução
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dos fins empresariais ou fora dos termos d) Suspensão do trabalho com perda de retribuição
convencionados é ilegal e dá lugar à de 30 a 90 dias;
responsabilidade nos termos gerais de direito. e) Despedimento com justa causa.
Artigo 375º
Medida e limites das sanções
Artigo 372º
Exercício do poder disciplinar 1. A cada infracção disciplinar corresponde
uma e apenas uma sanção disciplinar.
1. O poder disciplinar é exercido pelo 2. A sanção disciplinar deve ser proporcional à
empregador ou, mediante delegação desta, por gravidade da infracção e à culpabilidade do
trabalhadores da empresa que exerçam funções de infractor, tomando-se em consideração,
direcção ou chefia, mas o trabalhador poderá nomeadamente, a personalidade deste, a antiguidade
convencionar com o empregador que, dada a e antecedentes disciplinares, bem como a prática
natureza das suas funções na empresa, só essa disciplinar da empresa e as consequências que esta
entidade exercerá sobre ele o poder disciplinar. tenha sofrido com a infracção.
2. A responsabilidade disciplinar não exime o
trabalhador da responsabilidade civil e criminal a Secção II
que a infracção der lugar. Do processo ordinário
3. Quando a infracção disciplinar seja
susceptível de constituir crime punível, o processo Artigo 376º
disciplinar não depende nem do procedimento nem Processo de averiguações
do resultado da acção penal, mas o trabalhador não
está inibido de invocar em sua defesa a prova 1. Como preliminar do processo disciplinar, o
produzida em processo penal, tanto por via de empregador pode, se assim julgar conveniente,
acção, como por via de excepção. mandar proceder a averiguações para determinar a
existência de fatos suscetíveis de constituírem
Artigo 373º infração disciplinar, bem como dos seus agentes e,
Noção de infracção disciplinar se concluir em sentido afirmativo, desencadear em
seguida o competente processo
Constitui infracção disciplinar o facto culposo 2. Durante o processo de averiguações, o
praticado pelo trabalhador, que consista em acção empregador pode ouvir os trabalhadores ao seu
ou omissão, violador dos deveres decorrentes das serviço, coligir provas e decidir como entender
relações o de trabalho e das normas que as regem. conveniente, mas não pode tomar nenhuma medida
preventiva, nomeadamente, suspender qualquer
trabalhador.
Artigo 374º 3. A averiguação da conduta de um trabalhador
Sanções disciplinares ou grupo de trabalhadores que tenha sido arquivada
em virtude da inexistência de factos cuja existência
O empregador poderá aplicar ao trabalhador uma o empregador pretendia averiguar, não pode ser
das seguintes sanções disciplinares, por cada posteriormente tomada em consideração para
infracção disciplinar: qualquer efeito nas relações de trabalho com os
a) Admoestação escrita; trabalhadores investigados.
b) Multa graduada até 10 dias do montante da 4. Caso o processo de averiguações seja
retribuição base; necessário para fundamentar a acusação, o seu
c) Suspensão do trabalho com perda de retribuição início interrompe a contagem dos prazos
até 30 dias; estabelecidos no artigo 9.º ou no artigo 373.º-A,
desde que ocorra nos 20 dias seguintes à suspeita de
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comportamentos irregulares, o processo seja trabalhador indigitado não pode ter categoria
conduzido de forma diligente e o arguido seja inferior à do trabalhador arguido e, se forem da
notificado da acusação até 30 dias após a sua mesma categoria, não pode ser menos antigo na
conclusão. empresa.
5. O processo de averiguações pode constituir
a fase instrutória do processo disciplinar
Artigo 379º
Artigo 377º Suspensão preventiva
Início e fim do processo disciplinar
1. Durante a instrução do processo disciplinar,
1. O empregador deve promover a realização o empregador pode suspender preventivamente o
de todos os actos tendentes à averiguação da trabalhador do exercício das suas funções, sem
infracção disciplinar dentro de um prazo razoável, perda de retribuição, quando a presença deste for
adequado à natureza dos factos a averiguar, por manifestamente inconveniente para a instrução do
forma a repor tão breve quanto possível, a harmonia processo ou possa causar perturbações graves no
das relações de trabalho no seio da empresa. funcionamento do serviço.
2. Sem prejuízo do disposto no número 2. A suspensão preventiva ilegal ou
anterior, todos os actos relativos ao processo determinada com o objectivo de desonrar o
disciplinar, desde a comunicação ao trabalhador de trabalhador confere a este o direito a ser
que corre contra ele uma acção disciplinar até à indemnizado pelo triplo da retribuição a que teria
notificação do arquivamento dos autos ou do direito se, durante o período de suspensão, estivesse
despacho de punição do infractor devem ultimar-se efectivamente ao serviço, sem prejuízo de outras
no prazo de 90 dias, sob pena de caducidade da sanções previstas na lei.
acção disciplinar.
3. O prazo previsto no número anterior pode
ser prorrogado por período não superior a 45 dias, Artigo 380º
nas situações justificadas pela complexidade do Instrução do processo
processo, demonstrada por decisão devidamente
fundamentada. Durante a instrução, o instrutor pode ouvir o
4. O alargamento fraudulento do prazo não trabalhador e reunir todos os demais elementos de
impede a caducidade da acção disciplinar e a sua prova, procedendo nomeadamente à audição dos
invocação em juízo. Sem prejuízo do seu trabalhadores da empresa, após o que propõe à
conhecimento oficioso, compete ao trabalhador entidade competente o arquivamento dos autos ou,
fazer a prova da caducidade da acção disciplinar. apurando-se infracção disciplinar, a acusação do
trabalhador, nos termos do artigo seguinte.
atenuantes e agravantes que militem a favor ou podendo concluir pelo arquivamento do processo ou
contra o trabalhador; pela aplicação ao trabalhador de uma determinada
c) O enquadramento legal da pena aplicável. sanção disciplinar.
2. A decisão final deve ser reduzida a escrito e
fundamentada de facto e de direito, podendo
consistir, no todo ou em parte, na mera
concordância com o relatório do instrutor.
Artigo 382º
Notificação do trabalhador
Artigo 385º
1. A acusação é notificada ao trabalhador, Notificação da decisão
entregando-se-lhe cópia da mesma, pessoalmente ou
por carta registada com aviso de recepção, e 1. A decisão final é notificada ao trabalhador,
marcando-se-lhe prazo para a resposta, que não será entregando-se-lhe, cópia da mesma, pessoalmente
inferior a 8 dias úteis. ou por carta registada com aviso de recepção.
2. À notificação do trabalhador é aplicável, 2. Se na decisão for apropriada a totalidade ou
subsidiariamente, com as necessárias adaptações, o parte do relatório do instrutor ou se lhe fizer
disposto no Código do Processo Civil em matéria de referência como fundamento da decisão final, essa
notificações judiciais. parte ou totalidade do relatório é comunicada
integralmente ao trabalhador, sob pena de a decisão
ser tida como não fundamentada.
Artigo 383º 3. A decisão de arquivamento do processo não
Audição do sindicato carece de fundamentação.
Secção III
Artigo 389º Do processo sumário
Nulidade do processo disciplinar
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Artigo 393º
Processo disciplinar nas pequenas empresas 1. A Inspecção-Geral do Trabalho exerce a sua
acção sobre todo o território nacional e
Nas empresas que empreguem habitualmente até relativamente a todos os ramos de actividade,
dez trabalhadores, o processo disciplinar não carece perante qualquer pessoa pública ou privada, física
de ser instruído por escrito mas obedece, sob pena ou jurídica, nacional ou estrangeira, que estabeleça
de nulidade, às seguintes regras: relações de trabalho reguladas por este Código. 2.
a) A acusação pode ser comunicada oralmente Sempre que algum serviço público do Estado
ao trabalhador, para que este se celebrar contratos de trabalho regulado pelo Código
possa fazer acompanhar por uma pessoa da Laboral fica igualmente sujeito à acção fiscalizadora
sua escolha; da Inspecção-Geral do Trabalho.
b) Devem ser ouvidas as testemunhas indicados
pelo trabalhador e ponderados outros meios de
prova por este apresentados;
c) A sanção disciplinar e os respectivos
Artigo 396º
fundamentos devem ser comunicados por escrito ao
Atribuições
trabalhador.
TÍTULO II
1. São atribuições da Inspecção-Geral do Trabalho:
DA FISCALIZAÇÃO PELA INSPECÇÃO-
a) Assegurar o cumprimento dos preceitos deste
GERAL DO TRABALHO
Código e demais normas constantes das leis, dos
Instrumentos de Regulamentação Colectiva de
Trabalho e dos contratos de trabalho;
CAPÍTULO I
b) Fazer cumprir as normas relativas à protecção
DA INSPECÇÃO-GERAL DO TRABALHO no emprego e desemprego dos trabalhadores,
bem como as respeitantes à formação
Secção I profissional;
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c) Assegurar a aplicação das normas sobre higiene, 3. A aplicação das sanções previstas neste Código
segurança e medicina do trabalho; não exonera o infractor da responsabilidade
d) Prestar informações e conselhos técnicos aos disciplinar, civil ou criminal a que o facto der lugar.
trabalhadores, empregados e respectivas 4. Em tudo o que não estiver regulado neste Título é
associações profissionais sobre o cumprimento aplicável subsidiariamente o disposto no regime
da legislação laboral; geral das contra-ordenações regulado pelo Diploma
e) Participar nos estudos preparatórios de Legislativo nº. 9/95, de 27 de Outubro.
elaboração ou reformulação da legislação
laboral e no sistema de protecção no emprego e
desemprego; Artigo 399º
f) Alertar os departamentos competentes para as Punibilidade da negligência
insuficiências detectadas, inexistência ou
inadequação das disposições cujo cumprimento A negligência nas contra-ordenações laborais é
lhe incumbe garantir. sempre punível.
2. A Inspecção-Geral do Trabalho exercerá especial
vigilância sobre as actividades em que os acidentes Artigo 400º
de trabalho ou doenças profissionais sejam mais Reincidência
frequentes ou assumem maior gravidade.
1. É sancionado como reincidente quem
cometer uma infracção grave praticada com dolo ou
Secção II uma infracção muito grave, depois de ter sido
Estrutura orgânica condenado por outra infracção grave praticada com
dolo ou infracção muito grave, se entre as duas
Artigo 397º infracções não tiver decorrido um prazo superior ao
Remissão da prescrição da primeira.
2. Em caso de reincidência, os limites mínimo
A estrutura orgânica da Inspecção-Geral do e máximo da coima são elevados em um terço do
Trabalho assim como o respectivo quadro do respectivo valor, não podendo esta ser inferior ao
pessoal e o processo das contra-ordenações laborais valor da coima aplicada pela infracção anterior
regem-se por legislação especial. desde que os limites mínimo e máximo desta não
sejam superiores aos daquela.
TÍTULO III
DAS CONTRA-ORDENAÇÕES LABORAIS Artigo 401º
Dever de fundamentação
compreender as razões que justificaram a pena advertência, do qual se fará constar a infracção
aplicada. verificada e as medidas recomendadas ao infractor,
bem como o prazo para o seu cumprimento.
2. Uma cópia do auto de advertência é
Artigo 402º imediatamente entregue ao infractor, o qual é
Dever de colaboração avisado de que o incumprimento das medidas
recomendadas determina a instauração de processo
1. Todos os actores da vida jurídica laboral por contra-ordenação e pode influir na graduação do
estão vinculados ao dever de colaboração com os montante da coima, nos termos gerais.
serviços competentes da Inspecção-Geral do
Trabalho na averiguação de contra-ordenações Artigo 405º
laborais, sejam as cometidas por empregadores, Sanções gerais
trabalhadores, administradores, gerentes ou gestores
da empresa ou qualquer outro agente laboral. 1. As infracções às normas deste Código que
2. Ao dever de colaboração previsto neste impõem um dever de agir ou de omitir serão
Código é aplicável, com as devidas adaptações, o sancionadas nos termos seguintes:
disposto no artigo 519º do Código do Processo a) se da acção ou omissão resultar um benefício
Civil. para o infractor, como seja, uma deslocação
3. A recusa de colaboração constitui infracção patrimonial do património alheio para o
punível com multa de 1/10 e até 10 vezes o salário património do infractor, ou uma não deslocação
mínimo da função pública, consoante a gravidade patrimonial do património do infractor para o
da infracção, sem prejuízo de outras sanções património de terceiro, quando este a tal estaria
previstas na lei. obrigado, a infracção será sancionada até ao
dobro do benefício alcançado;
b) se da acção ou omissão resultar um prejuízo para
Artigo 403º terceiros a infracção será sancionada até ao
Competência para a aplicação de coimas equivalente ao prejuízo causado;
c) se a infracção consistir na inobservância de uma
1. São competentes para a aplicação das obrigação legal decorrente de normas de polícia
coimas previstas neste diploma a Inspecção-geral do económica, fiscal, organizacional ou outra,
Trabalho e as entidades a que por lei seja atribuída como sejam as comunicações obrigatórias, o
essa competência. envio de relatórios, a adopção ou sujeição a
2. Qualquer pessoa tem legitimidade para aprovação de regulamentos ou outros
denunciar uma infracção laboral passível de coima, instrumentos de equivalente natureza, a
junto de qualquer das entidades referidas no número infracção será sancionada com a coima de
anterior. 0,2% até 2% do capital social da empresa;
d) se a infracção consistir no incumprimento de
deveres para com a Segurança Social e desse
Artigo 404º incumprimento resultar prejuízo económico para
esta entidade, a infracção será sancionada com a
Advertência
coima até ao equivalente ao prejuízo causado.
2. A coima aplicada nos termos do número anterior
1. Quando a contra-ordenação laboral consistir
não poderá, em caso algum, contrariar os limites
em irregularidades facilmente sanáveis e das quais
mínimos e máximos previstos na lei geral, sem
não tenham resultado, imediatamente, prejuízos
prejuizo do disposto no nº. 2 do artº. 26º do
para os trabalhadores, para a administração do
Decreto-Legislativo nº. 9/95, de 27 de Outubro.
trabalho ou para a Segurança Social, podem os
inspectores do trabalho limitar-se a levantar auto de
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Artigo 416º
Destino das coimas
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