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ISTO POSTO:
RECURSO DA RECLAMADA.
1. - DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
Insiste a reclamada na tese da incompetência desta justiça especializada para
processar e julgar a demanda envolvendo dano moral. Invoca, para tanto, o
disposto no artigo 114 da Constituição Federal e no artigo 652 da CLT,
asseverando que a matéria é de natureza civil e, como tal, é de competência da
Justiça Comum do Estado.
Vênia dos fundamentos do recurso, a competência da Justiça do Trabalho não se
estabelece pela natureza da pretensão deduzida em Juízo, mas pela natureza da
relação jurídica que a ampara. Como não se ignora, do contrato de trabalho
surgem direitos e obrigações recíprocas. As principais obrigações compreendem
a prestação de serviços por parte do empregado e o pagamento de salário pelo
empregador. Entre as obrigações complementares a mais relevante é
precisamente a de respeitar "a personalidade moral do empregado na sua
dignidade absoluta de pessoa humana" (Délio Maranhão, in Instituições do
Direito do Trabalho, Ed. 1991, I Vol. pag. 249). Desta sorte, se os fatos e atos
tidos pelo empregado como ensejadores da reparação pelo dano moral
encontram-se estritamente vinculados à relação de emprego, outro não seria o
Juízo competente para julgar a demanda. Por conseqüência, ao contrário do que
pareceu à recorrente, o litígio não é estranho ao que preceitua o artigo 114 da
Constituição Federal. Neste sentido vem se manifestando a doutrina e
jurisprudência há longa data, inclusive do Supremo Tribunal Federal, como
noticia o aresto da lavra do Ministro Sepúlveda Pertence, invocado em artigo
publicado na Revista LTr 55.05, de maio de 1991. Trata-se da matéria publicada
sob o título Reparação do Dano Moral no Direito do Trabalho que, ao enfrentar a
questão relativa à competência consigna: "Questão de grande interesse prático é a
de saber qual a Justiça competente para dirimir os dissídios motivados pelo dano
moral trabalhista. O art. 114 da Constituição Federal atribui competência à
Justiça do Trabalho para conciliar e julgar os dissídios individuais entre
empregados e empregadores, entre os quais, não se pode negar, figuram os
decorrentes de dano extrapatrimonial sofrido pelo empregado em qualquer das
fases; pré-contratual, contratual ou pós-contratual. Mesmo antes da vigência da
atual Constituição já reconhecemos, apoiando-nos em Luigi de Litala e Cristóvão
ACÓRDÃO
01296.017/96-6 RORA Fl.3