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Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional do Estado de São Paulo:

idéias, práticas e representações sobre educação e trabalho

Maria Angela Borges Salvadori


Universidade São Francisco

O estudo das relações entre trabalho e educação nas décadas iniciais do


século XX - bem como a análise das várias iniciativas dos setores público e privado no
sentido da criação de escolas profissionais - exige que se considere um contexto mais
amplo de mudanças que envolvem a passagem do trabalho escravo para o
assalariamento e a intensificação dos processos de industrialização e de urbanização.
Simultaneamente, há um esforço, identificável em diferentes discursos - jurídico,
médico, entre outros -, pela valorização moral do trabalho que pretende afastá-lo da
imediata associação com a escravidão. Neste processo de valorização moral do
trabalho as noções de ócio e vadiagem surgem como perigos eminentes para o país.
Esta pesquisa considera que as políticas públicas e as iniciativas privadas relativas à
educação profissional só podem ser compreendidas quando inseridas dentro deste
contexto de construção de uma oposição entre trabalho e vadiagem que, nascida no
final do XIX, se intensifica nas décadas iniciais do XX.
Assim, por exemplo, já antes da abolição, em 1886, o poeta e dramaturgo Artur
Azevedo, na Revista do Ano intitulada "O Bilontra", apresentava duas alegorias, o
"Trabalho" e a "Ociosidade" que disputavam o destino do personagem Faustino. O
primeiro se colocava como "pai de todas as virtudes"; a segunda, como a "mãe de
todos os prazeres". Bem ao estilo da comédia de costumes, a "Ociosidade" tenta
demonstrar, o tempo todo, que trabalho e bem estar não caminham juntos,
denunciando a distância entre os processos de valorização moral do trabalho e o
cotidiano da maior parte dos trabalhadores (AZEVEDO, 1886). A preocupação com
vadiagem também é evidente no Código Penal Republicano de 1890 que, em seu
artigo 399, assim a define:

" (...) deixar de exercitar profissão, ofício ou qualquer míster em que


ganhe a vida, não possuindo meios de subsistência e domicílio certo
em que habite; prover a subsistência por meio de ocupação proibida por
lei, ou manifestamente ofensiva da moral e bons costumes" (p. 2735)

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A legislação, portanto, explicita uma aproximação imediata entre pobreza e


vadiagem e impõe o trabalho regular como caminho moralmente correto para a
sobrevivência dos pobres. Incutir o hábito do trabalho é, aliás, a punição, o castigo
aplicado aos condenados por vadiagem. Anos mais tarde, em 1928, na Revista de
Criminologia e Medicina Legal publicada pela Secretaria de Justiça do Estado de São
Paulo, lê-se que "a escola do trabalho" será responsável pela "regeneração" do vadio,
encarado como "indivíduo de vontade débil", um fraco, um doente (MACHADO e
FAVERO, 1928: p.277). Assim, ao discurso jurídico, juntam-se pressuposições da
ciência médica numa construção que aproxima pobreza, doença, vadiagem e
criminalidade de um lado, saúde, educação e trabalho, de outro.
Essas preocupações são também identificadas por historiadores que analisam
os debates travados nas décadas iniciais do século XX sobre os rumos da educação
nacional. Assim, para os primeiros republicanos - que imaginaram a escola como
símbolo do novo regime político, da modernidade e do progresso que ele traria em
oposição à monarquia - a batalha da educação era, basicamente, a luta contra o
analfabetismo, visto como causa fundamental do "atraso do país". Simultaneamente,
apostava-se na imigração como possibilidade de superação dos danos causados pela
escravidão. Pouco tempo depois, contudo, e diretamente relacionado à intensificação
das ações operárias nas cidades, o discurso sobre a educação sofre algumas
mudanças; não se trata mais de alfabetizar a partir do uso dos mais modernos
métodos pedagógicos e apostar na imigração para a melhoria do "povo" brasileiro;
trata-se, agora, isto sim, de regenerar a população e colocá-la não mais na escola das
letras e sim na escola do trabalho (CARVALHO, 2003).
A idéia de que a educação para o trabalho poderia salvar o país aparece de
modo bastante explícito numa série de conferências realizadas por Carneiro Leão
entre 1915 e 1916 na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e no Colégio Caetano de
Campos, em São Paulo, publicadas em 1917 numa obra intitulada "O Brazil e a
Educação Popular". Nestas conferências, Carneiro Leão afirmava claramente que a
grande questão do momento era a educação popular, entendida como sendo aquela
capaz de ensinar a "amar e defender a pátria enquanto se habitua (o povo), numa
educação apropriada, a trabalhar, que o trabalho é condição única para sermos um dia
uma nação respeitada e uma nacionalidade vitoriosa" (Leão, 1917: p. 14). Em algumas
passagens de suas conferências, Carneiro Leão chega mesmo a afirmar que a "escola
é a oficina da nacionalidade" , numa metáfora que torna bastante explícito o tipo de
trabalhador que se está procurando educar. As idéias de Carneiro Leão, expressas
nesta série de conferências, sintetizam aquele processo, analisado por Marta Maria
Chagas de Carvalho (2003), de superação de uma educação que visava basicamente

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o combate ao analfabetismo para uma educação que deseja promover, especialmente,


uma qualificação para o trabalho que é não apenas técnica mas principalmente moral:

"Só numa educação assim, onde se ensine ao homem, desde


criança, a aproveitar as suas energias, levando-o a agir pessoalmente,
dando-lhe o desejo de destacar a sua individualidade, como uma
capacidade produtora e uma personalidade distinta, se será capaz de
conquistar um grande triunfo(...)
(...) O trabalho, a preocupação é para que o indivíduo se baste o
mais possível a si próprio e, como uma nação é o conjunto dos indivíduos
que a compõem, uma nação de criaturas desta ordem é irrecusavelmente
mais forte (...) É esse o remédio salvador. Se nos convencermos disto já é
meio caminho andado para a nossa regeneração social." (LEÃO, 1971: pp.
página 46-50).

As palavras de Carneiro Leão indicam algumas das idéias e princípios


norteadores das iniciativas de educação profissional que se processam no país a partir
dos anos 1920, principalmente. Primeiro, há a construção da imagem de um país
doente que precisa ser curado; em segundo lugar, a educação para o trabalho,
entendida como verdadeira obra de educação popular, é pensada enquanto remédio
que deve ser ministrado desde a infância, revelando uma ênfase maior na
interiorização de hábitos, no condicionamento, portanto. Além disso, é possível
relacionar o "aproveitamento das energias" aos novos parâmetros marcadamente
tayloristas que serão aplicados nas escolas de formação profissional principalmente a
partir dos anos 1920/ 1930, pautados numa perspectiva individualista e no máximo
aproveitamentos do "material humano". Em síntese, no lugar da alfabetização,
destaca-se a educação profissional, mais qualificada que a simples "instrução" posto
que seu objetivo não é apenas o ensino de um ofício mas fundamentalmente a
sujeição a uma ordem social específica. Segundo Carmem Sylvia Vidigal Morais
(2003), educação popular para o trabalho, medicina social e engenharia,
principalmente aquela ligada ao saneamento e demais obras de infra-estrutura urbana,
compõem os pilares de uma política de controle e submissão das classes populares.
Tal política busca, ainda, operar um deslocamento fundamental para sua legitimação:
o foco que antes era social passa a ser uma questão de ciência.
As práticas educativas dos Centros Ferroviários de Ensino e Seleção
Profissional do Estado de São Paulo são bastante exemplares no sentido de
acompanhar essas mudanças e nuances e principalmente, de compreender a

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construção de uma íntima relação entre fábrica, escola e laboratório. Os ideólogos


dessas instituições, inspirados pelos princípios da "organização metódica e racional do
trabalho", apontavam as diferenças entre elas e, por exemplo, o trabalho realizado
pelos primeiros Liceus de Artes e Ofícios que as antecederam: estes teriam caráter
assistencialista e ensinariam ofícios mais artesanais a partir de uma relação pessoal
entre o mestre e o aprendiz; nos Centros Ferroviários de Seleção e Formação
Profissional, pelo contrário, os alunos seriam escolhidos a partir aptidões
cientificamente medidas por exames psicotécnicos e sua preparação para o trabalho
industrial seria mediada, fundamentalmente, pela máquina. O que isto significou em
termos de organização do ensino?
Alguns boletins produzidos pelos Centros Ferroviários, bem como os periódicos
publicados pelo IDORT (Instituto de Organização Racional do Trabalho),
principalmente entre nas décadas de 1930 e 1940, ajudam a encaminhar essa
questão. Em um desses boletins, datado de 1936, o engenheiro Roberto Mange,
ligado à Escola Politécnica e ao próprio IDORT, responsável pela idealização e criação
dos centros, explica a importância da seleção e do preparo científico dos ferroviários.
Sua argumentação se inicia com a seguinte comparação :

"A rede ferroviária de um país se assemelha ao sistema circulatório


do corpo humano e qualquer colapso ou redução da intensidade na
circulação afeta profundamente a vitalidade dos membros e órgãos que
dele dependem. Nesse extenso sistema de circulação, há elementos ativos
portadores de ação vitalizadora - os glóbulos vermelhos. Essa é também a
função dos ferroviários: são os glóbulos vermelhos que devem existir como
homens ativos e competentes, nas redes de estradas de ferro, cooperando
cada um com sua parcela de responsabilidade na finalidade do serviço"
(MANGE, 1936).

O historiador Alcir Lenharo (1986) estudou detalhadamente as implicações


destas constantes e cada vez mais intensas utilizações da metáfora do corpo cujo
objetivo primeiro é o de promover uma representação do social marcada pelas idéias
de organicidade, funcionalidade, harmonia e ausência de conflito. Segundo Lenharo
(1986), neste processo, há também toda uma pedagogia que, incidindo diretamente
sobre o corpo, procura submetê-lo ao trabalho. Neste sentido, a fala de Roberto
Mange comparando a rede ferroviária ao sistema circulatório serve tanto à
naturalização do trabalho quanto ao esforço de lhe dar um ordenamento científico.
Tomando como parâmetro as experiências alemãs de seleção e ensino de ferroviários,

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Mange salienta a importância de uma íntima relação entre os serviços de ensino e os


de seleção pois, para o engenheiro, o ensino só será eficiente se administrado àqueles
que, "naturalmente", demonstrem aptidão para o ofício, o que deve ser avaliado a
partir de uma série de exames psicotécnicos. O uso da psicotécnica, aliás, não se
limita aos momentos de seleção de pessoal; ela é fundamental também para
"organizar o trabalho de tal forma que ele se torne adequado às condições anátomo-
fisiológicas e psicológicas do homem, no intuito de ampliar-lhe a eficiência, a par de
menor dispêndio de energia" (MANGE, 1936). Este tipo de discurso, além da
naturalização, opera também uma individualização absoluta do processo de trabalho,
transformando cada homem-máquina numa célula isolada.
Em outra dessas publicações do Centro Ferroviário, datada de 1942, a Seção
de Psicotécnica e a Inspetoria Médica apresentam um estudo que tem como objetivo
básico criar regras racionais pelas quais possam ser classificados os futuros operários
a partir de padrões físicos, particularmente medidas antropométricas e índices de
robustez. Segundo a autora do texto, tais medidas e índices são fundamentais para a
"seleção dos mais aptos", numa referência direta ao darwinismo agora aplicado ao
mundo do trabalho. Assim, no exame médico, etapa primeira do processo, que
racionaliza as etapas posteriores, são levantadas informações sobre dados
morfológicos (peso, altura e perímetro torácico), dados clínicos (aparelho circulatório,
respiratório, digestivo, gênito-urinário, sistemas muscular e nervoso e sensibilidade) e
anamnese. A seguir, são apresentados dados estatísticos que estabelecem
comparações entre jovens paulistas e cariocas na faixa dos 14 a 16 anos, aquela para
a qual os Centros estão mais diretamente voltados, com jovens da Bélgica, França,
Suécia e Estados Unidos, entre outros países. Após uma série de tabelas e fórmulas,
a autora conclui que raça, clima e condição social determinam variações importantes
de peso e altura; determinam também qual a morfologia ideal dos candidatos ao
ensino ferroviário. Quanto ao índice de robustez - obtido através da aplicação da
fórmula [A - (P+Pt)] onde A = igual em centímetros, P = peso em quilos e Pt =
perímetro torácico em centímetros -, o texto acaba por criar cinco possíveis
classificações: duas freqüências de "anormal" (para aqueles que pesam ou medem
acima da média), duas freqüências de "ligeiramente anormal" (para aqueles que se
aproximam do peso ou estatura ideal) e, finalmente, "normal". Tal empenho em
classificar seria responsável pela escolha dos mais aptos e, consequentemente, pela
sua profissionalização mais rápida e com menor gasto de energia. Como se vê, trata-
se de um poder e de um controle que incidem diretamente sobre o corpo (VIÉGAS,
1942).

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Um outro documento é ainda bastante significativo no que se refere às práticas


educativas adotadas nestes Centros Ferroviários. Em 1932, o mesmo Roberto Mange
publicava, na Revista IDORT, um longo artigo sobre o ensino profissional racional
adotado nas escolas da Estrada de Ferro Sorocabana, a primeira na criação desses
centros que, posteriormente, foram se espalhando pelas outras companhias
ferroviárias do Estado de São Paulo. Nele, o engenheiro nomeia como "instrução
comum" um sistema de aprendizagem profissional que considera o ofício enquanto
arte, profundamente marcado pela personalidade do mestre ao qual o aprendiz,
entendido enquanto sucessor, diretamente se vincula. Segundo Mange, esta instrução
comum é marcada ainda pela lentidão, por fortes relações pessoais e responsável por
uma sucessão de vícios passados de geração à geração. A organização racional do
trabalho industrial, "anódino" e "anônimo", deve ocorrer a partir da correta seleção do
"material humano":

"Se selecionamos matérias primas na indústria, sementes e plantas


na agricultura, espécies animais na pecuária, sempre para obter processo
evolutivo eficiente, não é de estranhar que o material humano - que
também não se presta de igual modo para determinado fim - tenha que ser
selecionado" (MANGE, 1932: p.17).

Feita a seleção, o aprendizado se inicia a partir da adoção de séries metódicas


com evolução gradativa de dificuldades. Sempre usando metáforas ligadas ao corpo, o
autor apresenta estas séries metódicas, coleção de desenhos a serem executados,
como o "esqueleto" sobre o qual se assenta o ensino profissional. Na aprendizagem
do ofício, o aluno depara-se ora com fichas específicas de orientação, ora com a
própria peça de aplicação. No caso dos cursos de ferroviários, a duração era, em
geral, de quatro anos, sendo os dois primeiros marcados principalmente por trabalhos
de ajustamento (bancada, forja, caldeiraria, fundição) e os dois últimos pela formação
especializada. As escolas - nomeadas "oficinas de aprendizagem" - ocupam, sempre,
espaço contíguo ao das oficinas de reparação. As avaliações eram feitas através de
uma "peça de prova" e os itens avaliados eram "precisão", "perfeição" e "rapidez".
Observa-se, de modo evidente, uma valorização maior de elementos de automação e,
portanto, tanto melhor será o aluno quanto mais se aproxime da própria máquina;
rapidez, economia e eficiência são os fundamentos desta aprendizagem. Além desta
tendência à automação, os Centros entendiam que era fundamental "enquadrar" o
jovem convertendo sua energia em trabalho e produção. Para isto, além das séries
metódicas e dos trabalhos práticos, "a ordem e a disciplina na oficina de

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aprendizagem, a ginástica geral e corretiva e ainda lições de higiene e educação


cívica, completam a formação global do jovem ferroviário, tornando-o ciente de sua
responsabilidade profissional"(MANGE, 1940). Disciplinar e fortalecer o corpo para os
movimentos do trabalho, incutindo-lhe práticas e idéias por força da repetição era a
educação oferecida por estas oficinas de aprendizagem nas quais se forjam o metal e
a juventude. Se a infância era, nesse mesmo período, encarada como plasticidade a
ser moldada (CARVALHO, 1997), a juventude é vista como metal a ser forjado,
energia, potência, força que deve ser canalizada e dirigida para o trabalho, sentido
único da vida adulta. Exatamente por ser uma idade limítrofe, repleta de conteúdos
simbólicos, idade culturalmente atrelada às perspectivas de futuro, a juventude deve
ser "dobrada" ao hábito do trabalho, imposto de forma "natural" e "evolutiva" por meio
desses processos de ensino.
O aparecimento e a atuação dos Centros Ferroviários de Seleção e Ensino
Profissional bem como de outras escolas de formação profissional não podem ser
entendidos, assim, como meros resultados de necessidades técnicas. Tampouco
podem ser compreendidos simplesmente como a continuidade das antigas "escolas
para desvalidos" que caracterizam o ensino profissional do Império. Embora continuem
tendo como alvo as classes populares, elas revelam uma nova forma de conceber
processos e relações de trabalho que deve ser relacionada ao contexto de intensas
manifestações operárias que marcam os centros urbanos no início do século XX. Este
trabalho entende que todo este esforço pela despolitização dos processos educativos -
que é também esforço pela despolitização do espaço da fábrica - a partir da
construção de uma perspectiva cientificista de trabalho e educação, representa uma
luta para por fim às solidariedades existentes tanto entre operários, mestres e
aprendizes quanto entre professores e alunos. Além disso, procura neutralizar a ação
do professor enquanto sujeito de uma prática e de um saber.
Uma palavra final. Pode parecer, à primeira vista, que as discussões sobre a
educação profissional e os moldes tayloristas sobre os quais ela se assentou,
principalmente a partir das décadas de 1920 e 1930, sejam temas ultrapassados. Este
trabalho, contudo, discorda dessas posturas. Embora evidentemente não se trate do
estabelecimento de relações causais e ainda que o mundo atual seja diferente daquele
do início do século, a legislação hoje existente sobre o ensino técnico mantém esta
sujeição do jovem ao mundo da produção. Mesmo que a idéia de qualificação técnica
tenha sido substituída pela noção de competência profissional, mantém-se uma
perspectiva individualista e despolitizada das relações de trabalho (LOPES, 2002;
RAMOS, 2002). Hoje, como antes, a juventude é tempo de preparar o futuro mas o

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único futuro que lhe cabe é adaptar-se aos contextos do trabalho. Não há tempo para
gestar idéias; só para produzir.

Referências bibliográficas
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LENHARO, Alcir. A sacralização da política. Campinas, SP: Papirus, 1986.
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MANGE, Roberto. Ensino Profissional racional no curso de ferroviários da Escola
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MANGE, Roberto. Formação racional do pessoal de oficina. São Paulo: Centro
Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional, 1940 (Publicação n.º 6).
MORAES, Carmen Sylvia Vidigal. A socialização da força de trabalho: instrução
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Paulista, SP: EDUSF, 2003.
RAMOS, Marise Nogueira. A educação profissional pela pedagogia das competências
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VIÉGAS, Lourdes de Campos. Medidas antropométricas e índices de robustez. São
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