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1º Parágrafo
2º Parágrafo
3º Parágrafo
A tese e o adágio que lhe fora difícil de compreensão passam a lhe fazer, sentido após
ser declarado herdeiro universal, como podemos ver no capítulo XVIII:
RUBIÃO e o cachorro, entrando em casa, sentiram, ouviram a
pessoa e as vozes do finado amigo. Enquanto o cachorro
farejava por toda parte, Rubião foi sentar-se na cadeira onde
estivera quando Quincas Borba referiu a morte da avó com
explicações cientificas (...). Pela primeira vez, atentou bem na
alegoria das tribos, a luta e a razão da luta, o extermínio de uma
e a vitória da outra, e murmurou baixinho.
- ao vencedor as batatas! (p. 69 – 70).
4º Parágrafo
O adágio, a ser repetido até o momento de sua morte, torna-se tema central e
orientador da narrativa desse romance. Romance esse “A Mão e a Luva”, onde o escritor
carioca satiriza os valores filosóficos dominantes no Brasil Império e inventa uma tese
nos moldes do naturalismo cientificista para, a partir da sua aplicação ficcional, deslocá-
la da suposta natureza que determina a vida e o futuro dos homens, realocando-a nas
tramas sociais violentas que dão a tônica à vida econômica, política, afetiva e social de
sua época.
Afonso Romano de Sant´Anna, afirma que o tema da loucura, nesta obra, dá-se
de modo complexo e insólito, pois mostra sua relatividade nas motivações da loucura
estranhando os conceitos cotidianos às ideias vigentes, por meio da operação em todo os
níveis da estrutura narrativa.
5º Parágrafo
6º Parágrafo
7º Parágrafo
8º Parágrafo
Divisões que marcam a narrativa vale observar que os acontecimentos seguem num
continuum narrativo, mantendo as mesmas personagens, locais e acontecimentos que
desdobram.
Capitulo IV ao XX, o narrador opera a analepse para contar como Rubião enriquecera; e
do capitulo CXVII ao CXIX, ao narrador interrompe a narrativa para contextualizar a
noticia do casamento de Maria Benedita e Carlos Maria.
9º Parágrafo
10º Parágrafo
Dílson Cruz observa que o autor enunciação deste romance parece ter uma
mesma postura enunciativa que o de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Sendo que
Brás Cubas o autor de suas memórias e, conforme vimos na citação anterior, o autor de
Quincas Borba, este “eu” enunciador, ao dizer ao leitor que esta personagem é a mesma
das Memorias Póstumas assume, explicitamente e de modo inquestionável, sua autoria.
O autor defunto compõe um romance autobiográfico e outro como narrador
onisciente, tornando ambos uma narrativa determinada pelo discurso autoritário.
Adilson Citelli, analisa os diferentes tipos de discursos observa que uma das
características do discurso autoritário moderno, persuasivamente desejoso de aplainar as
diferenças, é a busca da neutralidade e cientificidade, pois se é neutro, ninguém o
produz, se científico, ninguém o questiona.
11º Parágrafo
12º Parágrafo
13º Parágrafo
14º Parágrafo
15º Parágrafo
16º Parágrafo
17º Parágrafo
18º Parágrafo
19º Parágrafo
20º Parágrafo
Genette observa que o monólogo interior é o discurso sem auditor e não
pronunciado, por meio do qual a personagem exprime seu pensamento mais intimo
como mimese individualizada. Já Charaudeau observa o monólogo interior como objeto
do “tabu”, ou seja, como manifestação de uma patologia, no qual a personagem recalca
certas informações sobre sua visão de mundo, não podendo compartilha-las com as
demais personagens.
E Moretti diz que o discurso indireto livre como procedimento uma ruptura
política a colocar em conflito o romance europeu com a cultura dominante.
A fusão entre monólogo interior e diégese produz o que Bakhtin define como
força centrífuga do discurso como processo ininterrupto de descentralização e
desunificação, rompendo com a individualização do discurso da personagem
característico do romance dialógico.
21º Parágrafo
22º Parágrafo
23º Parágrafo
24º Parágrafo
25º Parágrafo
A introspecção tem efeitos de subjetivação da voz do narrador que passa a se
confundir com a da personagem, ou seja, o panóptico foucauldiano que busca dissimular
e dissemiar por toda parte a voz-dominante do narrador.
A fusão confunde as vozes enunciadoras, criando uma ruptura entre o discurso
do romance e o discurso da cultura dominante, a introspecção, impedindo diferenciar a
diégese da mimese, ou seja, impedindo diferenciar o discurso da personagem, o qual é
marcado pela parcialidade e dramaticidade do discurso do narrador que busca a
velocidade da narrativa em detrimento da informação, produz efeitos de individualidade
como mecanismo de isolamento do individuo em seu meio social.