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Direito Tributário OAB

Prof. Guilherme Pedrozo 1ª Fase


da Silva

OAB 1ª FASE

DIREITO TRIBUTÁRIO

PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA


Direito Tributário OAB
Prof. Guilherme Pedrozo 1ª Fase
da Silva

DIREITO MATERIAL

1) TRIBUTO: CONCEITO E ESPÉCIES

Conceito de tributo está no artigo 3º do CTN.

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em


moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.

Lembre-se que tributo não constitui sanção de ato ilícito, ou seja, ninguém o
paga por ter desrespeitado a lei, pois ele não é castigo. Ao contrário, paga-se
tributo por incorrer em uma situação prevista em lei como hipótese de incidência
tributária.

A incidência sempre ocorrerá por fatos constituídos como lícitos. Agora não
confunda: os frutos da atividade ilegal poderão ser objeto de tributação. Como
por exemplo: o lucro auferido pela venda de cocaína ou com o jogo do bicho.
Sobre isto leciona com magnitude Ricardo Alexandre1:

“Aqui, uma importantíssima observação. O dever de pagar


tributo – conforme será detalhado em momento oportuno –
surge com a ocorrência, no mundo concreto, de uma hipótese
abstratamente prevista em lei (o fato gerador). Portanto, se
alguém obtém disponibilidade econômica ou jurídica de
rendimentos, passa a ser devedor do imposto de renda (CTN,
art. 43), mesmo se esses rendimentos forem oriundos de um ato

1ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 72.
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ilícito, ou até criminoso, como a corrupção, o tráfico ilícito de


entorpecentes etc. A justificativa para o entendimento é que,
nesses casos, não se está punindo o ato com o tributo (a
punição ocorrerá na esfera penal e, se for o caso, na
administrativa e civil). A cobrança ocorre porque o fato
gerador (obtenção de rendimentos) aconteceu e deve ser
interpretado abstraindo-se da validade jurídica dos atos
praticados (CTN, art. 118, I).”

Aqui temos, portanto, a presença do princípio da pecunia non olet, isto é, o


dinheiro não tem cheiro. Não importa onde o contribuinte, portanto conseguiu seu
dinheiro. Logo o que temos de pensar consequentemente é: existe uma abstração
da validade dos atos jurídicos para o direito tributário.

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada


abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da
natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

Tributo é também prestação = compulsória = porque a partir do momento


que você pratica exatamente o que está previsto em lei = dizendo que é fato
gerador = sou obrigado a pagar tributo = não tenho escolha.

Ademais o tributo será pago em moeda ($) ou valor que nela possa se
exprimir. Lembre-se da exceção: poderemos ter, mediante lei específica, o
pagamento de tributo por meio de dação em pagamento de bem imóvel.
Inclusive tal hipótese recomenda uma forma de extinção do crédito tributário.

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:


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XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e


condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de

2001)

Lembre-se igualmente que TRIBUTO é gênero. Imposto é espécie.

Conforme entendimento do STF, nós temos cinco espécies tributárias:


Impostos, Taxas, Contribuição de Melhoria, Contribuições e Empréstimo
Compulsório.

O CTN prevê apenas três espécies: impostos, taxas e contribuições de


melhoria (art. 5º do CTN). Ademais é importante ressaltar que a própria FGV já
cobrou isto em prova.

Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de


melhoria.

Porém a Constituição Federal trouxe ainda as Contribuições e o Empréstimo


Compulsório.

2) COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A Competência Tributária significa: é o poder concedido pela Constituição


Federal aos Entes Federativos para que eles possam criar e majorar tributos.
Portanto desde já tenha muito cuidado querido aluno: a Competência Tributária
não cria tributo, mas sim delega a possibilidade para quem possa fazer. Leciona
sobre isto Ricardo Alexandre2:

2ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 106.
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“A Constituição Federal não cria tributos, apenas atribui


competência para que os entes políticos o façam. Da mesma
forma que os penalistas dizem que não há crime sem lei
anterior que o defina, pode-se afirmar que não há tributo sem
lei anterior que o defina. Assim, apesar de a Constituição
Federal atribuir à União a competência para a criação do
imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII), a inércia
legislativa faz com que esse tributo não exista no atual
ordenamento jurídico. Enfim, para que sejam criados tributos, o
ente tributante deve editar lei (ou ato normativo de igual
hierarquia, diga-se, Medida Provisória) instituindo-os
abstratamente, ou seja, definindo seus fatos geradores, bases
de cálculo, alíquotas e contribuintes.”

Inicialmente lembre-se que tal competência é indelegável, ou seja, o Ente


Federativo não poderá transferir para nenhum outro ente.

Mas atenção: a criação e majoração de tributo são indelegáveis, mas as


funções administrativas de arrecadar, fiscalizar tributos e executar as leis, poderão
ser delegadas. Tal delegação administração é chamada de Capacidade Ativa
Tributária.

A competência também será facultativa, ou seja, os Entes Federativos não


estão obrigados a criar determinado tributo que lhe fora atribuída a competência.
O melhor exemplo disto é o IGF que a União até agora não criou.

A lei de Responsabilidade Fiscal (L. 101/2000) à previsão no art. 11 que os


entes federativos são obrigados a criar todos os impostos. Como digo que a
competência é facultativa? A CF em atenção a Lei Complementar ela é superior
hierarquicamente. Logo se a minha CF diz que é facultativa, quem é a Lei
Complementar para dizer que é obrigatória. Prevalece a Constituição Federal.
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A competência tributária igualmente será incaducável, ou seja, o Ente


Federativo poderá instituir o tributo a qualquer tempo. Ele não perde o direito por
não ter criado.

Igualmente a competência tributária é inalterável, ou seja, lei


infraconstitucional não poderá alterar a competência tributária. Só tenha um
cuidado básico: a competência somente poderá ser alterada mediante Emenda
Constitucional.

Por fim, a competência tributária será irrenunciável, ou seja, o ente


federativo não pode renunciar (abrir mão do direito) a competência tributária.
Ainda, no que tange a competência para os mais variados tributos, faço-me uso
da tabela retirada do livro Direito Tributário Esquematizado, do Professor Ricardo
Alexandre3:

CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES DEFINIÇÃO EXEMPLOS


Quanto à competência Federais Criados privativamente pela União II; IE; IR; IPI; ITR; IOF;
impositiva IGF
Estaduais Criados privativamente pelos ITCMD; ICMS; IPVA
Estados e pelo DF
Municipais Criados privativamente pelos IPTU; ITBI; ISS
Municípios e pelo DF
Quanto ao exercício da Privativos A competência para criação é Impostos; empréstimos
competência atribuída a determinado ente com compulsórios;
caráter de exclusividade contribuições especiais
Comuns A competência para criação é Taxas e contribuições
atribuída indiscriminadamente a de melhoria
todos os entes políticos
Residuais A Constituição atribui à União Novos impostos e
competência para criar tributos não novas contribuições
previstos ordinariamente para a seguridade
social
Quanto à finalidade Fiscais Finalidade arrecadatória IR; IGF; IPVA; ICMS;
ITCMD; IPTU; ITBI;
ISS; IEG; empréstimos
compulsórios
Extrafiscais Finalidade interventiva II; IE; IPI, IOF; ITR;
CIDE
Parafiscais Finalidade de arrecadar para Contribuições sociais e
atividades específicas corporativas

3ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 237.
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Quanto à hipótese de Vinculados Cobrança depende de atividade Taxas e contribuições


incidência estatal específica relativa ao de melhoria
contribuinte
Não vinculados Cobrança independe de atividade Impostos
estatal específica relativa ao
contribuinte
Quanto ao destino da De Os recursos arrecadados somente Empréstimos
arrecadação arrecadação podem ser utilizados em atividades compulsórios; CPMF;
vinculada determinadas custas e emolumentos
De Os recursos arrecadados podem ser Impostos
arrecadação utilizados em qualquer despesa
não vinculada prevista no orçamento
Quanto à possibilidade Diretos Oneram diretamente a pessoa IR; ITR; IPTU
de repercussão definida como sujeito passivo (não
permitem a repercussão)
Indiretos Oneram pessoa diferente daquela ICMS; ISS; IPI; IOF
definida como sujeito passivo
(permitem a repercussão)
Quanto aos aspectos Reais Incidem objetivamente sobre coisas, IPTU; ITR; ITCMD; IPI
subjetivos e objetivos da desprezando aspectos subjetivos
hipótese de incidência Pessoais Incidem de forma subjetiva, levando IR
em consideração aspectos pessoais
do sujeito passivo
Quanto às bases Sobre o Incidem sobre as operações de II e IE
econômicas tributadas comércio importação e exportação
exterior
Sobre o Incidem sobre a propriedade de ITR; IPTU; IPVA; IGF;
patrimônio e a bens móveis ou imóveis e sobre o IR
renda produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos
Sobre a Incidem sobre a circulação de bens ICMS; ISS; IPI; IOF
produçã o e a ou valores e sobre a produção de
circulação bens

3) REPARTIÇÃO TRIBUTÁRIA

Lembre-se que a Constituição Federal prevê algumas hipóteses de


transferência obrigatória da arrecadação de impostos.

Portanto, competem aos Estados e o Distrito Federal:

100% da arrecadação do IR (retido na fonte), sobre seus


rendimentos pagos.
20% do produto de arrecadação de imposto residual.

Competem aos Municípios:


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100% da arrecadação do IR (retido na fonte), sobre


rendimentos pagos.
50% do ITR, como regra.
100% do ITR, quando o Município detiver capacidade ativa
tributária.
50% do IPVA.
25% do ICMS.

4) EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Os entes federativos irão criar os tributos e majorar = via de regra, por lei
ordinária. Portanto é correto afirmar que, de regra, todo o tributo será criado via
Lei Ordinária.

Entretanto serão 4 (quatro) os tributos que somente poderão ser criados por
meio de Lei Complementar:
Contribuição Social Residual.
Empréstimo Compulsório.
Imposto sobre Grandes Fortunas.
Imposto Residual.

Quando eu falo que o tributo pode ser criado por meio de lei ordinária. Quer
dizer que ele também pode ser criado por meio de Lei Complementar. Mas
quando fala em Lei Complementar, é só complementar mesmo. Vale ressaltar
aquela velha máxima: “quem pode mais, pode menos”.

Já no que tange a Medida Provisória, será que a mesma poderá criar tributo?
Reza o Art. 62, §2º, da CF, poderá instituir ou majorar impostos. Mas desde que
obedeçam dois requisitos:
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Que o imposto possa ser instituído por Lei Ordinária.

Que a Medida Provisória seja convertida em lei até o final do


exercício financeiro em que foi criada, para que possa
produzir efeitos no exercício subsequente.

Por fim atenção igualmente: Medida Provisória pode criar ou majorar


impostos? Mas vamos lembrar que imposto é uma espécie dos 5 tributos. Será que
uma MP pode instituir as demais espécies? O STF disse que a MP pode instituir e
majorar qualquer espécie tributária, desde que é claro, observe os requisitos da CF
(que o tributo seja instituído por lei ordinária + convertida em lei até o final de
exercício em que ela foi criada/editada).

5) LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS

5.1) Princípio da Legalidade

Nenhum tributo será instituído ou aumentado, se não mediante LEI.

Mas será que por meio de decreto posso reduzir ou excluir um tributo? Não
em razão do paralelismo de formas. Através deste princípio, se a matéria for
tratada por determinado ato normativo, ela só pode ser tratada por ato normativo
de igual hierarquia ou de superior.

Afirma o artigo 97 do CTN que Fato Gerador, Sujeito Passivo, Base de Cálculo
e Alíquotas, Penalidades, Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário
também só podem ser alterados por meio de lei.

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


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I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;


II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária
principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52,
e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo,
ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões
contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela
definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos
tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua
base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto
no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da
respectiva base de cálculo.

Igualmente de acordo com o art. 97, §1º do CTN – a modificação de base


de cálculo do tributo = equipara-se a majoração do tributo. Isto quer dizer que a
modificação da base de cálculo que venha onerar só pode ocorrer por meio de
lei.
Atenção – Primeira Exceção ao Princípio da Legalidade: mera correção
monetária (por indexadores oficiais) não se equipara a majoração de tributo. Estas
correções monetárias não querem dizer que o tributo foi majorado. Assim não
preciso de lei, e poderá ocorrer por meio de Decreto.

STJ – Súmula 160 – “É defeso, ao Município, atualizar o IPTU,


mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de
correção monetária”.
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Atenção – Segunda Exceção ao Princípio da Legalidade: A Constituição


Federal, prevê alguns impostos que podem ter as alíquotas alteradas, inclusive
majoradas, desde que observados os limites e as condições de lei, em virtude de
ato do Poder Executivo, o que se faz comumente por decreto presidencial. São
aqueles regulatórios de mercado:

Imposto Importação.
Imposto Exportação.
IPI.
IOF.

Atenção – Terceira Exceção ao Princípio da Legalidade: Por fim, entretanto,


e também a título de exceção, o Poder Executivo poderá via decreto reduzir e
reestabelecer as alíquotas da CIDE Combustível, por intermédio de ato próprio
presidencial, e igualmente, reduzir e reestabelecer as alíquotas do ICMS
Combustível, que será mediante convênio (participam todos os entes federativos).
Sobre isto leciona Ricardo Alexandre4:

“Com o advento da Emenda Constitucional 33/2001, foram


previstas duas outras exceções ao princípio da legalidade no
tocante a alterações de alíquotas. Ambas se referem à
tributação de combustíveis. A primeira permite ao Poder
Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da CIDE-
combustíveis (o Presidente da República tem usado o Decreto
como via normativa para o exercício da competência prevista
no art. 177, § 4.º, I, b, da CF/1988). A segunda permite aos
Estados e ao Distrito Federal, mediante convênio (realizado no
âmbito do CONFAZ, conforme será estudado em momento
oportuno), definir as alíquotas do ICMS-monofásico incidente

4ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 263.
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sobre combustíveis definidos em Lei Complementar (CF, art.


155, § 4.º, IV).”

5.2) Princípio da Isonomia

É vedado aos entes instituir tratamento desigual entre contribuintes que se


encontrem em situação em mesmo nível de igualdade. Fica proibida qualquer
distinção em razão da ocupação profissional, função por eles exercida, cor, raça
e sexo.

5.3) Princípio da Irretroatividade

É vedado aos entes cobrarem tributos em relação à fatos geradores


ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou majorado.
Tenha cuidado, eis que à Constituição Federal não trás nenhuma exceção.

Entretanto, afirma e leciona o CTN três exceções:

Art. 106, I, do CTN – poderá retroagir e encontrar fatos


pretéritos a lei que for interpretativa e desde que não culmine
em penalidade. O que é a lei interpretativa? É aquela que
define o conceito e alcance da lei anterior. Mas para ser
interpretativa ela não pode alterar o ordenamento jurídico
vindo a causar qualquer espécie de onerosidade ao
contribuinte. Ademais poderia ressaltar que trata-se de
interpretação de obscuridade presente na norma anterior.

Art. 106, II, do CTN – poderá retroagir de ato não


definitivamente julgado e sobrevir nova lei que exclua
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infração ou reduza penalidade (penalidade no direito


tributário é multa).

Art. 144, Parágrafo I, do CTN – poderá retroagir em se tratando


de lançamento tributário, vier uma lei que crie novos métodos
de fiscalizar e novos métodos de arrecadar.

5.4) Princípio da Anterioridade e Anterioridade Nonagesimal

Aqui se faz presente a famosa regra: de quando eu pago o tributo que fora
instituído ou majorado.

Inicialmente colaciona-se a regra básica: o tributo que for instituído ou


majorado em determinado exercício financeiro, somente poderá ser exigido no
próximo exercício e desde que tenham transcorrido 90 dias da data da publicação
da lei que houver instituído ou majorado o tributo.

Muita atenção no momento da prova: redução, exclusão ou isenção, não


preciso observar este princípio.

Entretanto, o que mais desejo que vocês recordem, é a presente tabela: os


tributos abaixo não precisam respeitar todas as normas de anterioridade. Portanto
tenha muito cuidado eis que o examinador adora colocar problemáticos fáticos
sobre a possibilidade ou não de exigência de tributo majorado. Recorte e grave:

EXIGÊNCIA IMEDIATA SÓ 90 DIAS SÓ PRÓXIMO EXERCÍCIO

- Imposto Extraordinário - IPI. - IMPOSTO DE RENDA


Guerra (tudo).
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- Empréstimo - Redução e - ALTERAÇÃO DE BASE DE


Compulsório de Guerra Restabelecimento da CÁLCULO DE IPVA E IPTU.
ou Calamidade Pública. CIDE Combustível e
- Imposto Importação. ICMS Combustível.
- Imposto Exportação. - Contribuição Social
- IOF.

Por fim MUITO CUIDADO: investimento público de caráter urgente e


relevância nacional, em que pese o caráter urgente, este deverá respeitar a
anterioridade + nonagesimal. Sendo assim este investimento deverá respeito as
duas normas de anterioridade.

5.5) Princípio do Não Confisco

O tributo não pode inviabilizar o direito de propriedade. Assim como o tributo


não poderá inviabilizar o livre exercício do comércio, aprender mercadorias ou
impedir alguém de exercer seu labor.

Este princípio é aplicável as multas, ou apenas os tributos? Será que as multas


poderão ser tão elevadas a ponto de onerar o contribuinte em tamanha
proporção? A resposta é não. O STF já concluiu que o princípio não confisco, em
que pese conste na CF só os tributos devem respeitar, as multas também devem
obediência ao princípio do não confisco. Assim quando o legislador trabalhar com
a multa deverá olhar para este princípio.

5.6) Princípio da Uniformidade Geográfica

Este princípio é típico e velado para a União. Assim é vedado a mesma emitir
tratamento diferenciado entre os entes federativos. A União não pode, portanto,
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oferecer tratamento diferenciado em termos de tributação, salvo se for para


conceder incentivo fiscal à fim de proporcionar desenvolvimento econômico a
determinada região.

Logo, por exemplo, por meio de lei federal, foi criado ITR a uma alíquota de
5% para os imóveis rurais localizados no Rio de Janeiro. E fixou 7% nos demais
Estados da Federação. Esta lei, fere quais princípios? Fere o Princípio da
Uniformidade Geográfica.

Mas cuidado: Zona Franca de Manaus, por exemplo, é um exemplo da


exceção.

5.7) Princípio da Capacidade Contributiva

O cidadão tem o dever de contribuir na exata proporção da sua


capacidade econômica, ou seja, da sua eficácia para suportar o encargo fiscal.

Mas afinal de contas, este princípio é só aplicável aos impostos? O STF


entende que o princípio deve ser aplicável a todas as espécies tributárias.

A capacidade contributiva também poderá ser aplicada nos tributos


indiretos (IPI, ICMS), por aplicação do princípio da seletividade. A seletividade é a
tributação conforme a essencialidade do bem, isto é, quanto mais essencial for o
bem, menor será a tributação. No caso do IPI e do ICMS, verifica-se a aplicação
da capacidade contributiva por decorrência do consumo. O fato do Sr. Matheus
comprar uma Ferrari, demonstra que ele tem uma boa capacidade econômica,
assim poderá pagar mais imposto.

5.8) Princípio da Proibição das Isenções Heterônomas


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A isenção corresponde a uma dispensa legal (de quem: do ente


competente para instituir e majorar) do dever de pagar um tributo. É quando eu
tenho uma lei que diz q eu não preciso pagar tributo. O que é vedado aqui é a
isenção heterônoma: que é quando uma pessoa distinta tem o poder de criar um
tributo, concede isenção. Ou seja, pessoa que não é competente, não pode dar
isenção.

Mas cuidado que temos exceções:

A União poderá conceder isenção, por lei complementar, de


ISS nas exportações de serviços.
Segundo o STF, Tratados e Convenções Internacionais podem
conceder isenções estaduais e municipais.

5.9) Princípio da Liberdade de Tráfego

É vedado aos entes federativos cobrarem tributos de modo de viabilizarem


o direito de ir e vir das pessoas, salvo para cobrança de pedágio quando a via é
mantida pelo poder público.

Mas pedágio é tributo? STF disse que tributo. Quando eu tenho a via mantida
pela poder público (tenho tributo, da espécie da taxa). Mas quando faço
concessionárias (de direito privado), elas ao cobrarem pedágio, não cobram
tributo, mas sim cobram pedágio na condição de preço público (tarifa).

Outra questão que é importante trazer é aquela no que tange a cobrança


de uma Taxa de Polícia para as pessoas adentrarem uma praia por exemplo.
Compreende-se possível tal cobrança, e não seria infração ao presente princípio.
Exemplo: praia de Bombinhas, em Santa Catarina.
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6) LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR – IMUNIDADES

A imunidade tributária nada mais é do que a limitação ao poder de tributar


e pagar tributo. Assim a imunidade tributária ocorre quando a Constituição Federal
veda a criação e cobrança de tributos sobre determinadas situações ou sobre
certos sujeitos.

Mas cuidado: não confunda imunidade com isenção.

A imunidade impede a incidência do tributo porque a Constituição Federal


assim determina. Já a isenção consiste na lei que estabelece que certas situações
ou determinados sujeitos não serão tributados.

As imunidades tributárias, por estarem na Constituição Federal e serem


direitos fundamentais, são irrevogáveis (cláusulas pétreas inclusive). Já as isenções
podem ser revogadas a qualquer tempo, salvo nos casos de isenções onerosas,
com prazo determinado e em função de certas condições.

Outra diferença interessante entre imunidade e isenção é que esta última só


pode ser interpretada literalmente, enquanto a imunidade, a teor dos precedentes
do STF, admite análise ampla à luz dos princípios constitucionais.

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que


disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;

As imunidades tributárias (cuidado entre a diferença entre específicas e


genéricas) alcançam várias espécies de tributos, como os impostos, as taxas, a
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contribuição social, por exemplo. Inexistem, todavia, imunidades previstas para as


contribuições de melhoria e empréstimo compulsório.

Existem imunidades genéricas e específicas. As genéricas estão previstas no


artigo 150, VI, da CF e referem-se apenas aos impostos.

Já as específicas são relativas a um único tributo, como por exemplo, aquela


imunidade do artigo 149, §2º, I, da CF, que aborda a não incidência da
Contribuição Social e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
sobre receitas decorrentes de exportação. Mas guarde: toda vez que falarmos de
imunidade específica ela poderá ser de qualquer tributo (gênero).

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir


contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e
de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado
o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto
no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

6.1) Imunidade Recíproca (Genérica – portanto só Imposto)

A presente imunidade veda a União, Estados, DF, e Municípios de instituírem


impostos sobre o patrimônio, renda e serviços um dos outros. Ela alcança apenas
os impostos, podendo incidir entre os entes, portanto, em outras espécies
tributárias, como taxas, contribuições, etc.
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Importante dizer: esta imunidade se estende às autarquias e fundações


públicas desde que atendam a quatro requisitos:

cumpram suas finalidades essenciais ou qualquer uma delas


decorrentes.
sejam instituídas ou mantidas pelo Poder Público.
não cobrem preços e nem tarifas.
não entrem na concorrência privada.

Outra questão importante: já no que tange as empresas públicas e


sociedades de economia mista, por serem detentoras de personalidade jurídica de
direito privado, não gozam de imunidade tributária.

Mas cuidado, principalmente por trata-se de prova discursiva: o STF tem


entendido que algumas empresas públicas, bem como sociedades de economia
mista, são merecedoras da imunidade, quando prestam serviço público de caráter
obrigatório (essencial e que deveria ser prestado pelo Estado e de forma exclusiva
(em caráter de Monopólio). Exemplo: Correios, Infraero.

Por fim, já no tocante a tributação indireta, somente o contribuinte de direito


gozará desta imunidade. Se o Ente Público for, portanto, contribuinte de fato
(consumidor final, via de regra), terá que suportar o ônus fiscal. Tudo isto conforme
precedentes do STF.

6.2) Imunidade dos Templos de Qualquer Culto (Genérica – portanto só Imposto)

Esta imunidade visa tutelar a liberdade religiosa, e por essa razão tudo,
exatamente tudo, que estiver em nome da instituição religiosa e cumprir sua
finalidade essencial terá imunidade, quer dizer, não terá de pagar impostos.
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Assim mesmo prédio locado para terceiros, produção de pães (padaria),


locação de espaço no cemitério, se o dinheiro auferido servir para a manutenção
da instituição, gozará desta imunidade.

Por fim, lembre-se, que em decisão de 2013, o STF compreendeu que loja
maçônica não goza desta imunidade, porque não se trata de religião, mas sim
uma ideologia (filosofia) de vida.

Outra questão importante é lecionada pelo doutrinador Leandro Paulsen


quando o mesmo afirma que Culto Satânico não teria êxito com este tipo de
imunidade.

6.3) Imunidade Subjetiva (Genérica – regra: só de Imposto)

Conforme Constituição Federal quatro pessoas não irão pagar impostos


sobre suas rendas, patrimônio e serviços. É que chamamos de imunidade subjetiva,
ou seja, sobre determinas pessoas.

Entidades de Assistência Social sem Fins Lucrativos.


Entidade de Educação Sem Fins Lucrativos.
Partidos Políticos e suas Fundações.
Sindicato dos Trabalhadores.

O artigo 14 do CTN prevê três requisitos que devem ser cumpridos pelas
quatro pessoas jurídicas acima mencionadas poderem gozar da imunidade. São
eles:

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é


subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas
entidades nele referidas:
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I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de


suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104,
de 2001)
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na
manutenção dos seus objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em
livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua
exatidão.

Primeira questão importante: já existem julgados dos Tribunais Superiores


afirmando ser possível que o inciso III deverá (ria) ser substituído por cumprir com as
obrigações acessórias em dia em razão do atual cenária contábil e de obrigações
existentes para as empresas e pessoas.

Outra questão importante é: os Partidos Políticos, além dos três requisitos


acima, devem cumprir mais dois:

Estar devidamente registrado no TSE.


Não atentar contra costumes e princípios da Federação.

Aqui, na mesma levada dos Templos, conforme Súmula de nº 724 do STF,


todas as pessoas que tenham imóveis locados para terceiros não irão pagar IPTU,
desde que utilizem o valor dos aluguéis para o cumprimento de suas finalidades
essenciais.

STF também recentemente reconheceu que entidades de previdência


privada que não exigirem de seus associados contribuições para o custeio do
benefício, também têm direito a esta imunidade.
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Por fim, atenção: Entidades de Assistência Social sem Fins Lucrativos, também
gozam de imunidade das contribuições sociais. Até por isto, no título, coloquei em
regra que seria somente imposto.

6.4) Imunidade Objetiva (Genérica – portanto só Imposto)

Quem goza desta imunidade não poderá sofrer da União, Estados, DF e


Municípios qualquer cobrança de imposto sobre: livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão. Portanto estes 4 objetos gozarão de imunidade.

Assim terão imunidade os livros, jornais, períodicos que transmitirem


pensamentos e ideias formalmente orientadas, independente do conteúdo (pode
ser até pornográfico).

O STF já reconheceu imunidade de álbum de figurinha e das apostilas.

Mas atenção: com relação aos periódicos e jornais, somente perderão a


imunidade se apresentarem cunho eminentemente publicitário, sem qualquer
destinação à cultura e à educação, como os encartes e catálogos.

A lista telefônica tem esta imunidade por ter utilidade pública.

Por fim, segundo o STF, a imunidade objetiva também alcança os filmes e


papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. Entretanto
tinta para impressão destes, não gozará de imunidade.

6.5) Imunidade dos CD´s e DVD´s (Genérica – portanto só Imposto)

CD´s e DVD´s produzidos no Brasil com obras musicais de autores nacionais


não irão pagas os impostos.
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Também há imunidade para as obras em geral interpretadas por artistas


brasileiros e as mídias ou os arquivos digitais que as contenham. Logo, a imunidade
alcança as músicas comercializadas pelas internet.

6.6) Quadro – Demais Imunidades Previstas5


Fundamento Objeto/Pessoa/Operação imunizados Tributos cuja
constitucional incidência é
impedida
Art. 5.º, XXXIV - Obtenção de certidões, exercício do direito de petição Taxas em geral
Art. 5.º, LXXIII - Ação popular, salvo comprovada má-fé Custas judiciais
(consideradas taxas
pelo STF)
Art. 5.º, LXXVI - Registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os Emolumentos
reconhecidamente pobres (considerados taxas
pelo STF)
Art. 5.º, LXXVII - Habeas corpus, habeas data e, na forma da lei, atos Custas judiciais e
necessários ao exercício da cidadania emolumentos
(considerados taxas
pelo STF)
Art. 149, § 2.º, I - Receitas decorrentes de exportação Contribuições sociais
e de intervenção no
domínio econômico
Art. 153, § 3.º, III - Exportação de produtos industrializados IPI
Art. 153, § 4.º, II - Pequenas glebas rurais, definidas em lei, exploradas por ITR
proprietário que não possua outro imóvel
Art. 153, § 5.º c/c - Ouro definido em lei como ativo financeiro ou instrumento Tributos em geral,
ADCT, art. 74, § cambial salvo CPMF e IOF
2.º
Art. 155, § 2.º, X - Exportações de mercadorias e serviços; ICMS
- Operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e
energia elétrica;
- Prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e
gratuita
Art. 155, § 3.º - Operações relativas a energia elétrica, serviços de Impostos em geral,
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e exceto II, IE e ICMS
minerais do País
Art. 156, § 2.º, I - Transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de ITBI
pessoa jurídica em realização de capital;
- Transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se,
nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a
compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil
Art. 184, § 5.º - Operações de transferência de imóveis desapropriados para Impostos em geral
fins de reforma agrária
Art. 195, II - Rendimentos de aposentadoria e pensão concedidas pelo Contribuição
regime geral de previdência social previdenciária

5ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 509.
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Art. 195, § 7.º - Entidades beneficentes de assistência social que atendam às Contribuições para
exigências estabelecidas em lei financiamento da
seguridade social
Art. 226, § 1.º - Celebração do casamento civil Taxas em geral
Art. 85 do ADCT - Contas-correntes de depósito especialmente abertas e CPMF
exclusivamente utilizadas para operações de:
a) câmaras e prestadoras de serviços de compensação e de
liquidação de que trata o parágrafo único do art. 2.º da Lei
10.214, de 27 de março de 2001;
b) companhias securitizadoras de que trata a Lei 9.514, de 20 de
novembro de 1997;
c) sociedades anônimas que tenham por objeto exclusivo a
aquisição de créditos oriundos de operações praticadas no
mercado financeiro;
- Contas-correntes de depósito, relativos a:
a) operações de compra e venda de ações, realizadas em
recintos ou sistemas de negociação de bolsas de valores e no
mercado de balcão organizado;
b) contratos referenciados em ações ou índices de ações, em
suas diversas modalidades, negociados em bolsas de valores, de
mercadorias e de futuros;
- Contas de investidores estrangeiros, relativos a entradas no
País e a remessas para o exterior de recursos financeiros
empregados, exclusivamente, em operações e contratos
referidos nas letras “a” e “b” do item anterior.

7) LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Conforme artigo 96 do CTN, à legislação tributária compreende: leis, tratados


e convenções internacionais, decretos e normas complementares.
7.1) Lei Ordinária

Em regra, é a lei ordinária que irá discorrer sobre matérias tributárias.

7.2) Lei Complementar

Lembre-se sempre: existem quatro tributos que só podem ser instituídos e


majorados em decorrência de lei complementar: Contribuição Social Residual,
Empréstimo Compulsório, IGF e Imposto Residual.
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da Silva

Além destes tributos, nossa Constituição determina que algumas matérias


também só podem ser abordadas mediante lei complementar. Assim conforme
artigo 146 da CF, só pode ser tratada por lei complementar:

Art. 146. Cabe à lei complementar:


I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária,
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos
respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte,
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto
previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I
e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d,
também poderá instituir um regime único de arrecadação dos
impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento
diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição
da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes
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federados será imediata, vedada qualquer retenção ou


condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser
compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro
nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios
especiais de tributação, com o objetivo de prevenir
desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência
de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

No tocante ao ISSQN, igualmente teremos necessidade de lei


complementar:

fixar suas alíquotas máximas e mínimas.


excluir da sua incidência exportação de serviços para o
exterior.
regular forma e condição como isenção, incentivos e
benefícios serão concedidos e revogados.

7.3) Tratados e Convenções Internacionais

Lembre-se que Tratado Internacional é o nosso querido “rei”. Ademais em


matéria tributária, são muito utilizados para evitar bitributação e estabelecer
tributação de mercadorias exportadas e importadas.

7.4) Decreto Legislativo


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O Decreto Legislativo é utilizado em matéria tributária para aprovação dos


tratados e convenções internacionais e para disciplinar os efeitos das medidas
provisórias não convertidas em lei.

7.5) Decreto

Trata-se de instrumento normativo, utilizado pelo Presidente da República,


para obter a correta aplicação e execução da lei, sem ampliar ou restringir o
conteúdo por ela definido.

8) INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Salvo as disposições previstas no artigo 111 do CTN, admite-se a utilização de


todos os métodos de interpretação aceitos em direito, tais como o método literal,
sistemático, teleológico e histórico.

Já quanto as hipóteses de exclusão e suspensão do crédito tributário, bem


como dispensa do cumprimento de obrigação acessória, de acordo com o artigo
111 do CTN, somente poderá se valer o aplicador da interpretação literal.

Ademais, nos que tange ao artigo 112 do CTN, afirma o mesmo que a lei
tributária que define infrações, ou que comina penalidades, será interpretada da
maneira mais favorável ao réu.

Por fim, tenha cuidado: ninguém poderá se valer da analogia para cobrar
tributo e nem tampouco utilizar a equidade para ser dispensado do pagamento
do tributo.

9) OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
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A primeira questão que deverá ser de primordial compreensão de vocês: a


obrigação tributária nasce à partir do acometimento de um fato gerador por
determinada pessoa (sujeito passivo).

Ademais a obrigação tributária poderá ser principal ou acessória. A


obrigação principal tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade. Já a
obrigação acessória, consiste em prestações positivas (fazer) ou negativas (não
fazer) que irão facilitar a arrecadação e a fiscalização dos tributos.

Por obrigações de fazer, tem-se o dever de emitir nota fiscal, escriturar livros,
declarar impostos. Quanto às obrigações de não fazer, cita-se o dever de não
receber mercadorias desacompanhadas da devida documentação fiscal.

Atenção e cai em prova: a inobservância de uma obrigação acessória pelo


sujeito passivo implica no surgimento de uma obrigação principal referente à
penalidade tributária.

O fato de o sujeito passivo não ter uma obrigação principal, por gozar de
imunidade ou isenção tributária, por exemplo, não afasta a sua obrigação
acessória, uma vez que esta é autônoma em relação àquela. Por fim, para finalizar
tal item, coloca-se à disposição importante esquema traduzido da obra do
professor Ricardo Alexandre6:

OBRIGAÇÃO Espécies Natureza Modalidade Obrigacional Objeto


TRIBUTÁRIA Principal Patrimonial De dar (dinheiro) Pagamento de
tributo
Pagamento de
penalidade
pecuniária
Acessória Não De fazer (ex. escriturar livros fiscais e Prestações positivas
patrimonial entregar declarações tributárias) ou ou negativas de
de não fazer (ex. não rasurar a interesse da
escrituração fiscal e não receber

6ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 713.
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mercadorias desacompanhadas dos arrecadação ou


documentos fiscais) fiscalização

9.1 Sujeito Ativo da Obrigação Tributária

É a pessoa jurídica de direito público que detém a competência para exigir


o cumprimento da obrigação tributária.

9.2) Sujeito Passivo da Obrigação Tributária

É o indivíduo obrigado ao pagamento do tributo ou da penalidade tributária,


pode ser contribuinte ou responsável.

O contribuinte é aquele que tem relação direta e pessoal com a situação


que constitua o fato gerador da obrigação. Na verdade, é quem pratica o fato
gerador.

O responsável é aquele que sem revestir a condição de contribuinte, mas


por ter relação indireta com a situação que constitua o fato gerador, a lei lhe atribui
o dever de pagar o tributo.

Atenção: as convenções particulares (contrato de compra e venda, por


exemplo), salvo disposição legal em contrário, relativas à modificação da sujeição
passiva quanto à responsabilidade pelo pagamento dos tributos, não podem ser
opostas ao Fisco.

Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções


particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de
tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para
modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações
tributárias correspondentes.
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Os sujeitos passivos podem ser solidários, desde que haja interesse comum na
situação que constitua o fato gerador do tributo, ou sempre que a lei assim
determinar.

Por fim, o CTN determina quatro efeitos da solidariedade, salvo disposição


de lei em contrário:

Não comporta benefício de ordem.


O pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita
os demais.
A isenção ou remissão de crédito exonera todos os
obrigados, salvo se outorgada pessoalmente à um deles,
subsistindo assim, a solidariedade quanto aos demais pelo
saldo.
A interrupção da prescrição, em favor de um ou contra
um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

10) CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Com o surgimento da obrigação tributária aparece o crédito tributário. E será


apenas com a existência do crédito tributário é que o Fisco poderá exigir o tributo.
Mas vale ressaltar: o crédito tributária não é exigível à partir da obrigação. Ele
dependerá de um fato, ou seja, a sua constituição.

Assim é fundamental salientar que o crédito tributário é constituído por meio


de lançamento tributário.
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Ademais o lançamento tributário reporta-se à data da ocorrência do fato


gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente
modificada ou revogada.

Existem no nosso ordenamento jurídico 3 modalidades de lançamento


tributário: ofício, declaração e homologação.

O lançamento de ofício é realizado pela autoridade administrativa


independentemente de qualquer atuação ou participação do sujeito passivo. É a
própria autoridade que verifica a ocorrência do fato gerador, determina a matéria
tributável, calculo o montante devido, identifica o sujeito. Exemplo: IPTU, IPVA,
Contribuição de Melhoria, CIP.

Já o lançamento por declaração é efetuado pela autoridade administrativa


com base em informações prestadas pelo sujeito passivo sobre a ocorrência do
fato gerador. Exemplo: ITBI, I. Importação em Bagagem.

Por fim, o terceiro e último, o lançamento por homologação ocorre quando


o próprio sujeito passivo verifica a ocorrência do fato gerador, calculo o tributo e
executa o pagamento, independentemente de qualquer atuação prévia da
autoridade administrativa. Exemplo: ICMS, IPI, IR, PIS, COFINS.

11) SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

As formas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário tem previsão


legal: no Artigo – 151 do CTN.

São as causas que suspendem a exigibilidade do crédito:

Moratória.
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Depósito do Montante Integral.


Reclamações e Recursos Administrativos.
Concessão de Liminar.
Concessão de Antecipação de Tutela.
Parcelamento.

Outrossim reza o artigo 141 do CTN – este rol é taxativo (não é


exemplificativo).

Outra questão importante: as causas de suspensão não impedirão o


lançamento do crédito tributário. Isto porque a Fazenda Pública acaso não lançar
poderá ocorrer o instituto da decadência (5 anos). Lembre-se que a Fazenda está
vinculada à lei, logo ocorrendo fato gerador, deverá fazer o lançamento. Sobre
isto colaciona importante esquema de Ricardo Alexandre7:

Exemplo: contribuinte (sujeito passivo) entra com Ação Declaratória de


Inexigibilidade de Tributo, sem ter o fisco efetuado o lançamento. Obtém o
contribuinte concessão de liminar e está suspensa a exigibilidade do crédito.
Deverá a Fazenda Pública efetuar o lançamento, mesmo com o crédito suspenso?
Sim, eis que acaso não vier a fazer, estará descumprimento a lei e poderá ao final
do processo ocorrer o instituto da decadência em face de derrota do contribuinte.

7ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 1005.
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Agora se o contribuinte preferir depositar judicialmente o valor integral do


tributo, o Fisco não precisará se preocupar em realizar o lançamento conforme
posição do STJ. Agora é importante dizer: se o Fisco mesmo compreender que o
depósito realizado pelo contribuinte é inferior que o tributo devido, deverá efetuar
o lançamento da diferença, sob pena de decadência da diferença não
depositada.

Outro ponto importante: a suspensão da exigibilidade do crédito, não


significa automaticamente a suspensão do cumprimento das obrigações
acessórias, conforme artigo 151, Parágrafo Único.

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis
reguladoras do processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de
segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada,
em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104,
de 2001)
VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o
cumprimento das obrigações assessórios dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
conseqüentes.

11.1) Moratória

A Moratória nada mais é do que a dilatação (aumento) do prazo para


pagamento de tributo. Vale lembrar que se trata de um aumento e não de
dispensa de pagamento.
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A moratória sempre ocorrerá por meio de lei do ente competente. Ela


poderá ser individual ou geral.

A moratória individual alcança apenas algumas pessoas que preenchem


determinados critérios estabelecidos em lei e sempre dependerá de despacho de
Autoridade Administrativa. Também a moratória individual não gerará direito
adquirido.

Já a moratória geral alcança uma generalidade de pessoas indistintamente,


e por essa razão, não dependerá de despacho de Autoridade Administrativa.

Via de regra, a moratória somente poderá ser concedida (art. 152, I, do CNT)
pelo Ente Federativo competente para instituir o tributo.

Entretanto, existe uma exceção (art. 152, II, do CTN), que prevê que a União
poderá criar moratória para tributos municipais e estaduais, desde que crie
moratória simultaneamente para um tributo de sua competência. É a chamada
moratória heterônoma.

Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:


I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para
instituir o tributo a que se refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados,
do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente
concedida quanto aos tributos de competência federal e às
obrigações de direito privado;
II - em caráter individual, por despacho da autoridade
administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do
inciso anterior.
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Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode


circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à
determinada região do território da pessoa jurídica de direito
público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria
de sujeitos passivos.

Sobre moratório, trago importante esquema de Ricardo Alexandre8:

Por fim, e o mais importante, a moratória já vai abranger créditos já


definitivamente constituídos (já lançados).

11.2) Depósito Integral do Tributo

Depósito é faculdade do sujeito passivo, muito utilizado quando do ingresso


de ação judicial.

Primeira questão importante: o mero ajuizamento da ação não suspenderá


a exigibilidade do crédito. Ademais o depósito somente irá suspender a
exigibilidade, se for realizado em montante integral. (vide Súmula 112 do STJ).

8ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 1037.
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Ademais o depósito integral não configura condição de admissibilidade de


ação, mas sim apenas uma forma de suspender a exigibilidade do crédito.

Muito cuidado: o artigo 38 da LEF condiciona a existência de depósito


judicial para que o contribuinte possa ingressar com Ação Anulatória. O STF já se
pronunciou e compreender ser ilegal, vindo a editar posteriormente a Súmula
Vinculante de nº 28.

No mesmo sentido o STF afirmou ser inconstitucional a exigência de depósito


prévio para a propositura de recurso na esfera administrativa. Vide Súmula
Vinculante de nº 21.

Então muito cuidado com a seguinte questão de prova: não será


exclusivamente o depósito no montante integral na esfera administrativa que irá
suspender a exigibilidade do crédito. A mera interposição de recurso, tempestivo,
igualmente suspenderá, não sendo necessário portanto o depósito.

O depósito integral suspenderá a exigibilidade dos juros para o contribuinte.


Outrossim, em caso de vitória do sujeito passivo, e ele vindo a receber o dinheiro
corrigido + juros, tais encargos ocorrerá a incidência de Imposto de Renda
conforme entendimento do STJ.

11.3) Reclamação & Recursos Administrativos

Considerando que o Exame da OAB é unificado, e os entes federativos


poderão tratar seus recursos administrativos com regras próprias, irei limitar-me a
trabalhar sobre as reclamações na esfera federal.

Assim inicialmente vale ressaltar que: a reclamação é o ato de impugnar no


âmbito federal, no prazo de 30 dias, a notificação fiscal de lançamento. Seria
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como fosse realizado o recurso em primeira instância. Quem julgará é a Delegacia


da Receita Federal de Julgamento.

Caso esta primeira decisão seja desfavorável, caberá agora sim RECURSO,
para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Aqui teríamos o
julgamento como segunda instância.

E desta decisão do CARF, poderemos ter um recurso especial, no prazo de


15 dias, quando houver interpretação divergente em outra Câmara ou Turma. Tal
recurso será encaminhado a Câmara Superior de Recursos Especiais.

Vale lembrar que enquanto houver discussão administrativa, teremos a


suspensão da exigibilidade do crédito.

11.4) Concessão da Medida Liminar

Suspenderá igualmente à exigibilidade do crédito a concessão de medida


liminar. Será concedida sempre quando houver: fundamento relevante (fumus
bonis juris) e do ato impugnado puder resultar ineficácia da medida (periculum in
mora).

Poderá o magistrado exigir do impetrante caução, depósito ou fiança para


concessão.

Lembre-se que: se concedida a liminar antes do lançamento, o fisco deverá


fazê-lo sob pena de posteriormente pagar com a decadência.

Uma vez cassada, anulada ou reformada a liminar, o crédito voltará a ser


exigido, acrescido de juros apenas, mas LIVRE de multa.
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11.5) Concessão de Antecipação de Tutela

A suspensão também poderá ocorrer com o deferimento de tutela


antecipada em ação judicial, com fulcro no artigo 273 do CPC. Será a concedida
a antecipação quando houver presentes dois requisitos: verossimilhança da
alegação e fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Atenção: aqui não existe previsão legal para exigência de depósito, fiança
ou caução. Basta que sejam atendidos os requisitos acima trabalhados.

11.6) Parcelamento
Tem previsão legal no artigo 155-A do CTN. Consiste na dilatação (aumento)
do prazo legal para pagamento, sendo lhe possibilitado o pagamento fracionado
(em parcelas).

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e


condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp
nº 104, de 2001)
§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do
crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.
(Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
§ 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as
disposições desta Lei, relativas à moratória. (Incluído pela Lcp
nº 104, de 2001)
§ 3o Lei específica disporá sobre as condições de
parcelamento dos créditos tributários do devedor em
recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
§ 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste
artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento
do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial,
não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior
ao concedido pela lei federal específica. (Incluído pela Lcp nº
118, de 2005)
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O parcelamento deve ser concedido por lei específica edita pelo Ente
Federativo competente para instituir o tributo.

Uma vez concedido o parcelamento, de acordo com lei própria, poderá o


ordenamento não excluir a exigibilidade de eventuais juros e multa. Mas também
nada obstará a exclusão dos mesmos, seja em parcialmente ou em sua totalidade.

A exigibilidade do crédito somente permanecerá suspensa enquanto o


parcelamento for adimplido. No que tange a legislação federal, conforme Lei
10.522/2002, art. 14-B, se aponta como fator de rescisão automática o não
pagamento de três (3) parcelas.
12) EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

As causas de extinção do crédito tributário estão no artigo 156 do CTN.

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:


I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do
lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º
e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no
§ 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a
definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser
objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
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XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e


condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de
2001)
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção
total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da
irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos
artigos 144 e 149.

O rol é taxativo, portanto não pode lei ordinária criar nova forma de
extinção. Lembre-se sempre que: caberá a lei complementar a edição de normais
gerais de direito tributário.

Ademais jamais confunda as formas de extinção do Direito Civil com estas


do Direito Tributário. Eis que, por exemplo, o instituto da confusão não estará
presente, de regra, no Tributário. Entretanto, em questões dissertativas você já
poderá demonstrar conhecimento ao examinador exemplificando caso de
confusão no Direito Tributário.

Agora nas provas objetivas têm-se adotado posição rígida, sendo


considerada correta a questão que afirma que a confusão não é apta a extinguir
o crédito tributário.

Assim, vamos as formas de extinção do crédito tributário.

12.1) Pagamento

O pagamento é a causa mais natural da extinção das obrigações. Lembre-


se que via de regra ele será realizado em dinheiro ou valor que nele possa se
exprimir.
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A imposição da penalidade não ilide o pagamento integral do crédito


tributário. Por conta desta regra, a multa é sempre cumulativa, jamais substituindo
o pagamento do respectivo tributo.

Cuidado com a seguinte questão: se não posso pagar somente o tributo,


sendo cumulativa a multa, em processo falimentar o tributo e a multa tem
preferência na ordem de pagamento: não, eis que a preferência é apenas no que
tange ao tributo, não se aplicando no que diz respeito as multas.

Ademais diferentemente do Direito Civil que o pagamento da última parcela


gera presunção do pagamento das demais, no Direito Tributário o pagamento da
última quota ou parcela não gera presunção do pagamento das parcelas
anteriores.

Não havendo regra específica na legislação tributária do ente competente,


o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito
passivo.

Quanto ao prazo de pagamento, igualmente acaso não houver regra


específica na legislação tributária do ente competente, o vencimento do crédito
ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado
do lançamento. Lembre-se ainda sobre o prazo para pagamento9:

9ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2014. Página 1067.
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Lembre-se que em Tributos Federais (âmbito federal), a correção monetária


e os juros de mora estão reunidos em único índice, a taxa SELIC. Sendo assim,
conforme orientação pacífica do STJ, não posso cumular SELIC com qualquer outro
índice de correção monetária.

Conforme o artigo 162 do CTN o pagamento poderá ser efetuado em


moeda corrente, cheque ou vale postal. E nos casos previstos em lei, em
estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico.

Art. 162. O pagamento é efetuado:


I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado,
ou por processo mecânico.

Estampilha e Papel Selado são espécies de selos com os quais o sujeito


passivo comprova o pagamento do tributo, feito em dinheiro, no momento da
aquisição. O exemplo mais recente, é o selo-pedágio (via de regra uma taxa), que
o sujeito compra e coloca no veículo, de forma a comprovar o pagamento de
pedágio.

Como era de esperar: o pagamento feito por cheque depende de posterior


resgate pelo sacado (compensação bancária).
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Por fim, quem pagou equivocadamente ou erroneamente tem o direito a


restituição. O fundamento da regra é o princípio da vedação ao enriquecimento
ilícito.

12.2) Compensação

Opera-se a compensação quando duas pessoas forem ao mesmo tempo


credor e devedor uma de outra.

Lembre-se que será necessária lei específica, não sendo suficiente a simples
existência de reciprocidade de dívidas para que a compensação se imponha.

Ademais em Direito Tributário, o valor do crédito que o particular quer


compensar com o crédito tributário deve ser líquido, certo, e em dinheiro. Ademais
o crédito pode estar vencido ou até mesmo vincendo.

12.3) Transação

Transação é o negócio jurídico em que as partes, mediante concessões


mútuas, extinguem obrigações, prevenindo ou terminando litígios.

Mas atenção: no Direito Tributário não existe a figura da transação


preventiva.

A transação somente pode ser celebrada com base em lei autorizativa,


editada pelo ente competente pela instituição do tributo.
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Exemplo clássico que costuma aparecer no Exame de OAB: lei que concede
desconto de multas moratórias de 80% aplicadas contra os contribuintes que
desistissem das ações ajuizadas no tocante a legalidade de determinado tributo.

12.4) Remissão

Remissão é a dispensa gratuita da dívida, feita pelo credor em benefício do


devedor.

Tal dispensa somente poderá ser concedida mediante lei específica.


Ademais tal dispensa poderá ser tanto de tributos, juros e multas.

Cuidado para não confundir com a anistia: porque anistia é forma de


exclusão do crédito tributário, ou seja, visa impedir o lançamento referente à multa.
Já a remissão é a forma de extinção de algo que já está constituído, referente à
multa, juros e o tributo.

12.5) Decadência

O prazo para que a Administração Tributária, por meio da autoridade


competente, promova o lançamento é decadencial. O prazo para que se ajuíze
a ação de execução fiscal é prescricional.

Operada a decadência, tem-se por extinto o direito de lançar. Verificada a


prescrição, tem-se impossibilitado o manejo da execução fiscal.

Lembre-se que diferentemente do direito civil, aqui no Direito Tributário o


pagamento de débito prescrito gera direito a sua repetição, na medida em que,
muito embora exista o direito material, a pretensão estará extinta quando da
ocorrência do pagamento.
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Ademais ressalta-se: o lançamento é exatamente o marco que separa, na


linha do tempo, a prescrição da decadência.

Mais importante ainda dizer que: o termo inicial do prazo decadencial não
é exatamente a data da ocorrência do fato gerador, mas uma data em torno
deste momento (via de regra, o primeiro exercício financeiro subsequente). Mas no
caso do lançamento por homologação, contudo, o termo inicial pode coincidir
com precisão com data do fato gerador.

O prazo decadencial é de 5 anos. Outrossim a decadência tem algumas


regras próprias que veremos abaixo.

12.5.1) Regra Geral do Prazo Decadencial

O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após


cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado.

Percebe-se nitidamente que a Administração Pública acaba tendo mais de


cinco anos para exercer o direito de constituir o crédito. Mas na OAB = o prazo
decadencial é 5 anos.

12.5.2) Regra da Antecipação da Contagem do Prazo Decadencial

Uma vez iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao


sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento,
considera-se como fato que antecipa a contagem do prazo decadencial.
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É quando a Administração Pública adota medida preparatória para o


lançamento. Como por exemplo o início de uma fiscalização ou até mesmo a
notificação. Assim à partir da data em que o sujeito passivo toma ciência do termo,
inicia-se a contagem do prazo decadencial.

É importante dizer que: qualquer ato posterior cometido pela Administração


Pública não inibirá a contagem do prazo decadencial já iniciado anteriormente.

12.5.3) Regra da Anulação de Lançamento – Vício Formal – Decadência

Contada da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,


por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, apresenta-se como
consequência a devolução do prazo para que se constitua o crédito.

Lembre-se que é vício de forma e não de matéria.

12.5.4) Regra do Lançamento por Homologação

O término do prazo para a homologação, sem que esta tenha sido


expressamente realizada, não apenas configura homologação tácita, mas
também decadência do direito de constituir o crédito relativo a qualquer
diferença.

Aqui, no lançamento por homologação, a regra é: único caso em que o


prazo decadencial é contado exatamente da data da ocorrência do fato
gerador.

Assim, se o contribuinte antecipou o pagamento dentro do prazo legal,


mesmo que o valor recolhido tenha sido ínfimo, a homologação tácita ocorrerá
em cinco anos, contados da data do fato gerador.
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Mas atenção nos casos de lançamento por homologação onde não houver
pagamento ou ele for realizado com dolo, fraude ou simulação, o prazo
decadencial passará para a regra geral, ou seja, 1º dia do exercício subsequente.

Cuidado que a FGV ainda insiste em cobrar o prazo decadencial para a


realização do lançamento das contribuições para financiamento da seguridade
social. A lei própria fala em 10 anos, mas o STJ em 2007 e o STF em 2008 (súmula
vinculante nº 8), decidiu que tal prazo é inconstitucional, sendo o mesmo igual aos
demais (5 anos).

12.6) Prescrição

Opera-se a prescrição quando a Fazenda Pública não propõe, no prazo


legalmente estipulado, a ação de execução fiscal para obter a satisfação coativa
do crédito tributário.

Conforme o artigo 174 do CTN o prazo de prescrição é de cinco anos,


iniciando sua contagem da data da constituição definitiva do crédito tributário.

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário


prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução
fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
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Mas cuidado que não será com a notificação que o crédito estará
definitivamente constituído. Mas sim, não havendo pagamento ou impugnação
(ou após o processo administrativo), e ultrapassado o prazo para pagamento do
crédito tributário sem pagamento, é que começará a fluir o prazo prescricional.

Lembre-se que a prescrição se interromperá quando: houver despacho do


juiz ordenando citação em execução, qualquer protesto judicial ou ato judicial que
constitua o devedor em mora e por qualquer ato inequívoco (mesmo que seja
extrajudicial) que importe reconhecimento do débito pelo devedor.

12.7) Conversão do Depósito em Renda

Quando o sujeito passivo discorda do lançamento e resolve contestá-lo


judicialmente ou administrativamente, poderá ele suspender a exigibilidade do
crédito tributário para discutir tranquilamente efetuando o depósito do montante
integral do crédito.

E, não obtendo sucesso no litígio instaurado, a importância depositada será


convertida em renda para Fazenda Pública interessada, de forma que o crédito
tributário estará extinto.

12.8) Pagamento Antecipado e a Homologação do Lançamento

O sujeito passivo aqui calcula o montante devido, antecipa o pagamento e


fica no aguardo da homologação do seu proceder pela autoridade
administrativa. Assim, havendo a antecipação e a devida homologação da
autoridade administrativa, o crédito estará extinto.
Consignação em Pagamento Julgada pela Procedência
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A ação de Consignação em Pagamento é o meio processual adequado


para que o sujeito passivo exerça o direito de pagar e obter a quitação do tributo,
quando tal providência está sendo obstada por fato imputável ao credor.

E em caso de julgamento pela procedência, ocorrerá a extinção do crédito


tributário.

12.9) Decisão Administrativa Irreformável & Decisão Judicial Transitada em Julgado

Se o sujeito passivo, irresignado com lançamento efetuado pela autoridade


administrativa, oferece impugnação, acaba por instaurar um litígio que seguirá as
regras da lei do processo administrativo fiscal do respectivo ente tributante.

E, acaso no final do litígio, a decisão for pela improcedência do lançamento,


o crédito estará definitivamente extinto.

O mesmo caso valerá quando da discussão de exigibilidade de crédito


tributário, houver ganho de causa para o sujeito passivo.

12.10) Dação em Pagamento de Bens Imóveis

A dação em pagamento em bem imóvel é a forma de pagamento em


substituição ao dinheiro e, portanto extinção do crédito tributário. Irá depender de
lei específica e do ente competente para que seja realizada. E jamais poderá ser
realizada através de dação em pagamento de bem móvel.

13) EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

As causas de exclusão do crédito tributário estão no artigo 175 do CTN.


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Art. 175. Excluem o crédito tributário:


I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa
o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela
consequente.

Excluir o crédito tributário significa impedir a sua constituição, não podendo


haver assim o lançamento, não existindo, portanto a obrigação de pagamento.

Existem em nosso ordenamento jurídico duas hipóteses de exclusão do


crédito tributário: isenção e anistia.

Importante dizer antes de adentrar a cada uma delas: apesar de haver a


dispensa legal do pagamento (tributo ou multa), não se dispensa o cumprimento
das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal.

13.1) Isenção

Isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo devido. Ademais a


isenção é feita por intermédio de lei específica do ente competente. Tal lei
especificará condições e requisitos exigidos para concessão.

A isenção poderá ser revogada a qualquer tempo, salvo se concedida por


prazo certo e sob determinadas condições. É o que chamamos de exceção, a
isenção onerosa.

Lembre-se que a isenção individual (caso dos deficientes físicos, por


exemplo), deve ser analisada caso a caso pela autoridade administrativa,
diversamente do que a isenção em caráter geral.
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13.2) Anistia

Anistia é o perdão legal de infrações, tendo como consequência a proibição


de que sejam lançadas as respectivas penalidades pecuniárias.

Conforme artigo 180 do CTN, o benefício somente pode abranger as


infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede.

Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações


cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede,
não se aplicando:
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções
e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados
com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por
terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de
conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas

Ademais é importante destacar: o benefício somente poderá ocorrer


igualmente antes do lançamento da penalidade pecuniária, pois se o crédito já
está constituído, a dispensa somente pode ser realizada mediante remissão.

É vedado anistiar aos atos qualificados como crimes ou contravenções e aos


que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou
simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele.

14) GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


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As garantias são prerrogativas que a Fazenda Pública dispõe, para fazer que
o sujeito passivo efetue o pagamento do tributo. Este direito está amparado pelo
princípio da supremacia do interesse público.

As garantias constantes no CTN não são taxativas, são meramente


exemplificativas, de acordo com a previsão do artigo 183 do CTN.

Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo


ao crédito tributário não exclui outras que sejam
expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das
características do tributo a que se refiram.
Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito
tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação
tributária a que corresponda.

As Fazendas Públicas possuem muitas garantias para o recebimento, pois a


totalidade dos bens do sujeito passivo responde para a satisfação do crédito
tributário. Quando se fala em todo o patrimônio, deve-se incluir os bens particulares
gravados com cláusula de impenhorabilidade, independentemente da data de
sua constituição. A única hipótese em que os bens não serão dados em garantia
para o pagamento da dívida tributária são os considerados absolutamente
impenhoráveis (vide art. 649 CPC e Lei 8.009 de 1990).

Mas atenção que na Lei 8.009 de 1990 nós temos uma exceção fiscal:
permite-se a penhora deste quando a dívida tributária se referir aos tributos
relacionados ao próprio bem familiar, como no caso de IPTU, ITR, Contribuições de
Melhoria e Taxas destes imóveis.

14.1) Da Presunção da Fraude


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Presume-se fraudulenta a alienação realizada por sujeito passivo


regularmente inscrito em dívida ativa, que dilapidar patrimônio de forma a não
resguardar bens suficientes para pagamento da dívida tributária, conforme artigo
185 do CTN.

Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de


bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito
para com a Fazenda Pública, por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela
Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na
hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou
rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.
(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)

O bloqueio de dinheiro ou bens do sujeito passivo que estiver em débito


tributário não poderá sob qualquer hipótese ser sobre montante superior ao valor
da dívida tributária.

14.2) Privilégios do Crédito Tributário

Regra: o artigo 186 do CTN deixa claro que o crédito tributário tem
preferência a qualquer outro, independente de sua natureza, com exceção dos
créditos de natureza trabalhista e de acidentes de trabalho.

Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual


for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados
os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do
acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de
2005)
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Mas cuidado com as legislações especiais. No caso de Falência, o crédito


tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de
restituição, nem aos créditos com garantia real, no limite do bem gravado.

Lembre-se que multa não entra nos privilégios em caso de falência. Ademais
a dívida tributária não precisa entrar na concorrência com os credores, ou ser
habilitada em falência, inventário ou arrolamento.

14.3) Da Dívida Ativa

A inscrição em dívida ativa do crédito tributário se oriunda do


inadimplemento da obrigação tributária, por parte do sujeito passivo e tem o poder
de dar exequibilidade ao crédito. Seus requisitos estão no artigo 202 do CTN.

Uma vez não realizada a inscrição conforme o artigo 202 do CTN poderá ser
gerada a nulidade da Certidão.

14.4) Da Denúncia Espontânea

Leciona Josiane Minardi sobre Denúncia Espontânea10:

“À luz do artigo 138 do CTN, a responsabilidade por infrações


será excluída quando o contribuinte, antes de qualquer
procedimento administrativo, promover a denúncia
espontânea de forma a pagar o tributo acompanhado dos
juros. Assim, no caso de denúncia espontânea, o sujeito passivo
não terá de pagar apenas as multas tributárias. Conforme
estabelece o parágrafo único do artigo 138 do CTN, só será
considerada denúncia espontânea se o contribuinte fizer o

10
MINARDI, Josiane. Direito Tributário. OAB 1ª e 2ª Fases. 2. ed. rev., atual. e ampl. – Salvador, Bahia: Juspodivm,
2015. Página 49.
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pagamento do tributo antes de qualquer procedimento


administrativo.”

15) RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

É a Sujeição Passiva Tributária.

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa


obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-
se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a
situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de
contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de
lei.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa
obrigada às prestações que constituam o seu objeto.
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções
particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de
tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para
modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações
tributárias correspondentes.

O Sujeito Passivo / Devedor:

 Contribuinte – relação pessoal direta com o fato gerador.

 Responsável – não é o contribuinte (não realizou fato gerador), disposição


decorre da vontade da lei. Vide artigo 97, III, CTN c/c artigo 128 do CTN.
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Assim o Poder Executivo não decide sobre quem pagará o tributo


(depende de lei).

15.1 Classificações da Responsabilidade

Responsabilidade Pessoal X Solidária X Subsidiária.

Pessoal – artigo 131 e 135 do CTN.


O responsável (terceiro) é escolhido para pagar com total exclusividade.

Solidária – artigo 134 do CTN.


Aqui você não terá uma ordem de vocação a ser seguida (art. 124, § único
do CTN).

Subsidiária – 133, II do CTN


Aqui você terá ordem de vocação a ser seguida (1º lugar – contribuinte e 2ª
lugar – responsável (terceiro).

Responsabilidade Sucessores X Terceiros.

Sucessores – Artigo 130 até 133 do CTN.


Aqui ocorrerá um evento sucessório (morte do contribuinte, operações
societárias, compra e venda de bem).

Terceiros – Artigo 134 e 135 do CTN


Este responsável (terceiro) possui um dever de zelo com relação ao
patrimônio do devedor principal (contribuinte). Aqui, portanto não existe
qualquer espécie de sucessão.

Responsabilidade por Transferência X Substituição.


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Transferência – Artigos 130 até 134 do CTN


O responsável (terceiro) passa a ocupar o lugar do contribuinte após a
ocorrência do fato gerador. Sempre APÓS a ocorrência do fato gerador. Por
exemplo, diante da morte do contribuinte que devia tributo, transfere-se a
obrigação para o responsável (artigo 131, II e III do CNT).

Substituição – Artigo 135 do CTN


O terceiro chega e passa a ocupar o lugar do contribuinte a partir da
ocorrência do fato gerador. É importante ressaltar aqui: aqui quem é o
responsável é o substituto. Entretanto quem será o contribuinte é o
substituído.

Substituição Para Trás: Você encontrará previsão legal na Legislação


do ICMS. Porque o fato gerador ocorre lá trás (com a saída da
mercadoria), mas o pagamento será na frente. Exemplo típico é o caso
do leiteiro: em tese o leiteiro que tira leite da vaca deveria pagar ICMS,
mas como não tem condições, quem acaba pagamento o tributo é o
laticínio que é o substituto (na frente). O mesmo ocorre com a cana de
açúcar (usina de cana de açúcar) e a carne (frigorífico).

Substituição Para Frente: Você encontrará previsão legal no Art. 150,


§7º da CF e na Legislação do ICMS. Aqui o pagamento é antecipado,
logo o fisco se apropria do ICMS antes mesmo de ocorrer o fato
gerador. Exemplo: venda de veículos novos, cigarros, bebidas. Aqui a
indústria já recorre antes do fato gerador.

15.2 Responsabilidade por Artigo

Responsabilidade do Artigo 130 do CTN


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a. Relativos à Impostos.
b. Bens Imóveis
c. Taxas de Serviço (não de polícia) e Contribuição de Melhoria.
d. Adquirente = PAGA.
e. Salvo se Houver Comprovante de Quitação no Título.
Exemplo: Responsabilidade por Sucessão Imobiliária.

Atenção ao Artigo 130, Parágrafo Único do CTN: Leilão Judicial (Hastas


Públicas) a sub-rogação ocorrerá sobre o preço. Caso contrário
ninguém iria comprar um bem em leilão. Assim o valor da arrematação
serve para quitar (se conseguir) dívidas fiscais e débitos.

Responsabilidade do Artigo 131 do CTN


a. Inciso I (2 casos):
a. Responsável é o Adquirente.
b. É do Bem Móvel (Exemplo IPVA – Compra de Veículo).

c. Responsável é o Remitente.
d. É o Resgaste do Bem (Exonerando de Dívida).
b. Inciso II e III:
a. Responsável é o Espólio.

b. Responsável é o Cônjuge Meeiro.


c. Responsável Sucessor à Qualquer Título
i. Só ocorrerá após a sentença de partilha.

Responsabilidade do Artigo 132 do CTN


a. Pessoa Jurídica de Direito Privado.
a. Fusão, Transformação, Incorporação.
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b. Operação Societária é o exemplo.


c. Cuidado que Cisão também é: Lei S.A.
d. Responsável: Unidade Resultante.

Responsabilidade do Artigo 133 do CTN


a. Aquele que Compra e Continua Explora Comercial.
a. Regra: quem responderá é o Adquirente.
b. Integralmente será pelo Adquirente: se quem vendeu cessar
a prática de exploração.
c. Subsidiriamente será: se aquele quem vendeu continuar a
explorar ou retornou no prazo de até 6 meses.

Responsabilidade do Artigo 134 do CTN


a. Aqui é a Responsabilidade do Terceiro = Dever de Zelo.
a. Portanto aqui não é quem comete o fato gerador.
b. Quem são os responsáveis: (pais, tutores, curadores, sindico,
tabelião).
c. Aqui tem responsabilidade solidária: primeiro você vai no
contribuinte e depois no responsável. Cuidado porque não é
subsidiária, mas sim ordem de vocação do artigo 134, caput.
d. Mas importante: aqui não tem dolo.

Responsabilidade do Artigo 135 do CTN


a. Aqui é a Responsabilidade do Terceiro = Dever de Zelo.
b. Mas quando ocorrer dolo, são pessoalmente responsáveis.
c. Tutor, Curador, Tabelião = se cometerem atos em excesso.
d. Aqui entram os administradores da empresa também. Mas tenha
muito cuidado: não é qualquer sócio. Aqui são aqueles que
tenham e exerçam cargo de administração da empresa.
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e. Vide: Súmula 430 do STJ e 435 do STJ.

16) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 - ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl.


– Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.

2 – SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Prática Tributária. 8. ed. rev., atual. e


ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.

3 - MINARDI, Josiane. Direito Tributário. OAB 1ª e 2ª Fases. 2. ed. rev., atual. e ampl.
– Salvador, Bahia: Juspodivm, 2015.

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