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Índice

1. Apresentação: Quem somos?

2. O que é DCE? O que precisa mudar no movimento estudantil da USP?

3. Conjuntura Política

a. O que pensamos sobre nosso país

b. O que pensamos sobre Estado e a Universidade de São Paulo

4. Universidade

a. Orçamento, Transparência e financiamento

b. Assistência e Permanência Estudantil

c. Ensino, pesquisa e extensão

5. DCE, Movimento Estudantil e nossas lutas

a. Espaços de convivência e autonomia estudantil

b. DCE democrático e participativo

c. Luta contra as opressões

d. Sócio-cultural e Esportes

e. Atividades extra-curriculares e Entidades Estudantis

f. Memória e Verdade

g. Estrutura do DCE

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QUEM COMPÕEM O MOVIMENTO NOSSA VOZ?

Somos estudantes de diversos cursos da USP, da capital e do interior,


estamos presentes em entidades de base como Centros, Diretórios e Secretarias
Acadêmicas, além de compormos grupos de estudo e de extensão. Construímos e
acreditamos em um Movimento Estudantil (ME) capaz de aliar formulação
crítica e progressista a demandas concretas de nosso dia a dia, através do
diálogo e do engajamento constante. Compõe nosso movimento diversos
estudantes independentes e outros organizados no Balaio, Levante Popular da
Juventude, União da Juventude Socialista e Juventude Revolução.

Acima de tudo, somos estudantes indignados com o imobilismo que tomou


nosso Diretório Central dos Estudantes (DCE) e, após muitos anos de uma
mesma gestão, caminha rapidamente para torná-lo desconhecido e insignificante
para o conjunto dos discentes. Queremos melhorar nossa universidade: suas
condições físicas, seus espaços de convivência, a forma de acesso, a permanência
e assistência estudantil. Acreditamos ser fundamental que a universidade e os
estudantes debatam os grandes temas do país: a conjuntura nacional, os projetos
de desenvolvimento e os direitos das minorias políticas. Para isso é preciso que o
DCE mude radicalmente, atue de forma mais democrática, seja capaz de
mobilizar e dialogar com grupos mais diversos de estudantes e não julgue
normal a apatia que vem dominando nossa política estudantil, apenas
mudanças como essas farão nossa voz ser ouvida pela universidade e a sociedade
como um todo.
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O QUE É DCE? O QUE PRECISA MUDAR NO MOVIMENTO ESTUDANTIL DA USP?
O Diretório Central dos Estudantes Livre Alexandre Vannucchi Leme é a
entidade responsável por representar os quase 95 mil estudantes de Graduação e
Pós-Graduação da USP, dos campi da capital e do interior. Além da entidade, outros
fóruns estudantis cumprem esse papel, como o Conselho de Centros Acadêmicos
(CCA), as Assembleias Gerais da USP e o Congresso dos Estudantes, sendo que a
decisão desses órgãos deve ser seguida pela entidade.

Tais espaços, infelizmente, passam por um processo de esvaziamento que


torna as decisões tomadas pouco representativas ou efetivas na resolução dos
problemas enfrentados cotidianamente na universidade. A maior parte dos
estudantes não têm a oportunidade de participar da tomada de decisão ou não têm
acesso àquilo decidido.

Acreditamos que é necessário rearticular e fortalecer a rede do movimento


estudantil, de modo a viabilizar a participação de mais estudantes nestes fóruns e
assegurar que o DCE esteja presente em todos os cursos e campi e em contato
com as dificuldades enfrentadas pelos estudantes. O modelo atual, em que poucas
dezenas de alunos decidem por todos, não pode mais se sustentar. Queremos uma
rede do movimento estudantil funcional e atuante que seja capaz de dialogar com a
realidade de cada curso e cada canto da universidade.

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CONJUNTURA POLÍTICA

O QUE PENSAMOS SOBRE NOSSO PAÍS

Vivemos tempos sombrios. Como em outros momentos da nossa História, um


projeto de desenvolvimento econômico voltado a debelar as principais chagas
brasileiras a partir da garantia de maior inclusão social, soberania nacional,
integração continental e participação política de setores populares historicamente
marginalizados foi derrotado através de meios ilegítimos por uma ofensiva
conservadora.

O grupo que tomou o poder busca implementar uma agenda de reformas que
fora derrotada nas urnas em 2014, desmantelando as políticas sociais conquistadas
durante a última década, fazendo letra morta do capítulo social de nossa
Constituição por meio de legislações direcionadas a reduzir ao mínimo possível o
investimento em políticas de bem-estar social. Reformas como a reforma da
previdência e a PEC que limita os gastos públicos por 20 anos, e a reforma
trabalhista demonstram o verdadeiro interesse dos grupos que chegaram ao poder.

Além dos mais pobres, outra vítima das agressões do governo mais
impopular da história é a soberania nacional. A venda indiscriminada de empresas
públicas, o desmantelamento da Petrobrás e mesmo os ataques à preservação da
Amazônia vem no mesmo sentido de desconstruir um projeto de nação.

Mais o que isso, cada dia mais caminhamos para um cenário de autoritarismo
e maior restrição às liberdades democráticas. Há um aprofundamento da repressão
policial e judicial contra os movimentos populares, maior agravamento dos conflitos
no campo e a utilização seletiva da Justiça e dos grandes órgãos de comunicação,
direcionados a perseguir e inviabilizar possíveis obstáculos. A este contexto de

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exceção, soma-se ainda uma nefasta judicialização da política, selecionando
supostos inimigos antes de se produzirem as provas, abusando de prisões
preventivas como meio de obtenção de delações premiadas (a relatarem aquilo que
os procuradores desejam, em troca da liberdade),da espetacularização dos
julgamentos e do atropelo das garantias constitucionais mais comezinhas do devido
processo legal, como a presunção de inocência e o direito ao contraditório.

Além de tudo, tal uso ostensivo dos instrumentos investigativos e judiciais por
corporações sem qualquer controle social externo ou escrutínio da soberania
popular vem gerando consequências econômicas desastrosas para o país,
desarticulando cadeias produtivas fundamentais, como a construção civil,
petroquímica, de óleo e gás e até a engenharia nuclear, desempregando milhares
de pessoas como consequência. Sob pretextos aparentemente justos (como o
combate à corrupção) esgarça-se o Estado de direito, aprofunda-se o caos
institucional e social do país e difunde-se a impunidade para criminosos confessos
dispostos a culpabilizar, em troca de liberdade e sem qualquer respaldo em provas,
lideranças políticas de antemão já condenadas, invertendo-se a ordem lógica do
processo penal.

No entanto, apesar das inúmeras dificuldades, há muita resistência e luta.


Devemos tomar o êxito da greve geral de 28 de abril como referência para próximas
ações e mobilizações de massa. Os movimentos populares e sociais – incluindo o
movimento estudantil e suas organizações, como a UNE – se rearticulam em ações
unificadas por meio da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo,
unificando-se em um programa de reformas que aponta num sentido radicalmente
distinto: com mais democracia, mais soberania nacional e mais igualdade social.
Para isso é necessário que possamos eleger um presidente que consiga reverter as
medidas reacionárias do governo golpista e propor as reformas necessárias, como a
reforma agrária, regulamentação da mídia, e as mais profundas demandas da
juventude, como a desmilitarização da PM, a retomada da expansão das

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universidades públicas, o passe livre estudantil, entre outras. É preciso ficar atento
também às tentativas que possam vir a inviabilizar candidaturas viáveis de oposição
ao governo Temer e que representam os setores populares do país, como é o caso
da perseguição ao presidente Lula, que pode ser impedido de concorrer por meio de
processos comandados pelo juiz Sérgio Moro em que faltam provas e sobram
casuísmos jurídicos persecutórios. É preciso vigiar diante do clima de “fascistização”
da sociedade e de ódio contra a esquerda, ao feminismo, aos valores progressistas,
às populações negra, indígena, LGBT, e até mesmo à arte e à cultura de forma
geral, como temos acompanhado recentemente.

Não faltam motivos para se mobilizar e nós não fugiremos à luta! A juventude
e o movimento estudantil devem protagonizar a cena política e garantir um futuro de
sonhos e conquistas para nosso povo. É no combate cotidiano e na mobilização das
massas dos estudantes que pretendemos organizar nossa resistência. Por isso
gritamos: Fora Temer! Diretas Já!

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O QUE PENSAMOS SOBRE ESTADO E A UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Em São Paulo também vivemos o desmantelamento do Estado de bem estar


social. Este processo, que se iniciou há mais de duas décadas com os sucessivos
governos conservadores e anti-populares, inegavelmente se intensificou nos últimos
anos.

O atual governador Geraldo Alckmin apresentou durante o último ano um


pacote de privatizações que incluem linhas de metrô, parques, a Sabesp e outros
importantes aparelhos públicos, seguindo a tendência nacional de desmonte do
Estado e de suas políticas públicas.

Alckmin também acentuou suas políticas de coerção. A polícia militar de São


Paulo, tradicional repressor de movimentos sociais e populares, a cada ano
aumenta os índices de letalidade de suas ações, principalmente quando falamos da
juventude negra da periferia de São Paulo. Há alguns meses vimos a ação
higienista da PM em conjunto com a prefeitura de João Dória na cracolândia. O
massacre que tinha o claro objetivo de favorecer a especulação imobiliária e os
proprietários de terrenos na região da Luz revelam novamente os princípios elitistas
do governo do estado em suas ações.

Na área da educação a situação não é diferente. Há dois anos atrás o


governo do estado tentou fechar quase uma centena de escolas ao redor do estado,
sem qualquer diálogo com alunos e suas famílias, através de seu projeto de
“reorganização escolar”. O governo, porém, teve que recuar quando os estudantes
secundaristas ocuparam suas escolas em contraposição ao programa.

No ensino superior, as estaduais paulistas seguem a tendência nacional.


USP, Unesp e Unicamp se encontram todas em graves crises financeiras que estão
afetando completamente o seu funcionamento. As atividades fundamentais da

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universidade estão comprometidas. A pesquisa enfrenta a falta de recursos,
intensificada pelos cortes a nível federal em programas de fomento como o do
CNPq. A extensão universitária que sempre foi escanteada, com uma crise
orçamentária só é cada vez mais deixada de lado.

E a graduação está fortemente prejudicada pela falta de professores e pelos


cortes em bolsas e outras políticas de permanência estudantil. Restaurantes
universitários já estão sendo atacados. Na Unicamp, a reitoria quer dobrar o preço
da refeição. E em pelo menos um campi da Unesp o restaurante universitário fechou
durante o período letivo por falta de funcionários, e tem sua existência ameaçada.

Na nossa universidade, a USP, a situação não é melhor. Nossa crise
financeira data pelo menos de 2014, anterior a da maioria das universidades do
Brasil, mas foi intensificada pela forte crise econômica que vivemos no país. A
reitoria, liderada pelo professor Marco Antônio Zago, acentuou um grande processo
de desmonte da USP.

Vivemos desde 2014 dois planos de demissão voluntária, que deixaram


prejudicados diversos setores da universidade. Desde então também sempre paira
sobre nossas cabeças a discussão sobre cobrança de mensalidade. Além disso, de
forma completamente autoritária, e com a ajuda da polícia militar como aparato
repressor, a reitoria aprovou no Conselho Universitário mais cedo neste ano o
projeto que ficou conhecido como a “PEC do Fim da USP” por sua semelhança com
a PEC do teto de gastos de Temer. O plano prevê um corte de gastos abrupto, com
consequências imprevisíveis, e que deveria, no mínimo, ter sido discutido com mais
transparência e participação de toda a comunidade universitária. É preciso que o
orçamento da USP seja transparente e participativo, para conseguirmos mudar a
realidade de nossa universidade.

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É notório porém que nunca foi perfil da reitoria, desta ou das anteriores, o
estímulo a participação e a transparência. E não parece que a próxima irá ser
melhor. Em um semestre onde acontece uma nova eleição para a reitoria da USP,
poucos membros da comunidade universitária sabem sequer que o pleito irá ocorrer.
E menos ainda irão votar. A participação estudantil é reservada a poucas cadeiras
nos órgãos colegiados, muitas vezes tendo suas vozes ignoradas. E não temos
nenhuma candidatura que demonstre esforço neste sentido. É necessária a
democratização de nossa universidade.

E se a transparência não ocorre para a comunidade universitária, para a


população externa muito menos. A USP enquanto uma universidade pública tem
que cumprir a sua função social, mas cada vez mais se fecha e se isola em uma
bolha. É função da USP contribuir para o desenvolvimento técnico, científico e
econômico do país, prover atividades de extensão para a população paulista e até
mesmo o uso de seu espaço físico desde bibliotecas até áreas verdes. E é por isso,
por ser uma Universidade pública que a USP também deve satisfação a população
paulista, o que hoje não ocorre. É importante que sejam conduzidas audiências
públicas, sob tutela da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a Alesp,
para que sempre haja um espaço público de diálogo da reitoria, da comunidade
USP e da população para que pensemos juntos o que queremos da nossa
universidade.

Mas mesmo com este cenário tenebroso, o movimento estudantil segue em


sua luta, e neste ano conquistamos uma grande vitória. A adoção de forma
progressiva de cotas sociais e etnico-raciais em todos os cursos da universidade.
Esta vitória histórica do movimento negro nos dá fôlego e nos coloca novos
desafios. O principal deles a luta pela ampliação das políticas de permanência
estudantil, pela mudança de perfil do estudante que entrará na universidade. Se
hoje nós já lidamos com diversos problemas com esta área, a não ser que
mudemos drasticamente como a universidade encara a pauta, teremos problemas

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ainda maiores.


Neste momento é preciso fazer Nossa Voz ser ouvida. É necessário lutar
contra os avanços conservadores e neoliberais no nosso país e em nossa
universidade. Lutar contra o desmonte da universidade pública e de qualidade. Lutar
pela construção de uma universidade democrática e popular!

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UNIVERSIDADE
ESTRUTURA DE PODER, ORÇAMENTO E FINANCIAMENTO

Nossa discussão sobre estruturas administrativas, burocráticas e financeiras


da universidade tem como ponto de partida a avaliação de que é importantíssimo
para o movimento estudantil e para os setores progressistas da USP se
aprofundarem no debate sobre a institucionalidade universitária. Um
aprofundamento que por um lado visa uma melhor intervenção do corpo discente
nos espaços de disputa - lutando por um projeto universitário alternativo -, e por
outro tem como objetivo a própria legitimação dos estudantes nesses espaços em
que raramente somos escutados, buscando com isso, cada vez mais, ampliar nosso
poder de intervenção. Nesse sentido, reforça-se a importância de se disputar a
representação discente, bem como de debater o método como ela é eleita.
Entendemos que a representação discente representa um instrumento de
conquistas importantes para os estudantes e por isso é dever do movimento
estudantil ocupá-la com seriedade lutando por uma ampliação dos estudantes nos
fóruns deliberativos.

É notória a falta de democracia que caracteriza a estrutura de poder da USP,


pautada por um estatuto redigido em meio à ditadura civil militar brasileira. A
universidade ainda não passou por seu processo de democratização, seja na forma
de eleição de seus dirigentes, seja na construção cotidiana dos órgãos colegiados e
instâncias de poder. É lamentável que, em meio à crise financeira institucional que a
universidade atravessa, a burocracia universitária tenha se recusado a reformular a
estrutura de poder da universidade e seus mecanismos para tomada de decisões. A
democracia que queremos vai além da composição de conselhos e eleição de
dirigentes, ela é construída cotidianamente em busca de uma universidade que se
oriente por princípios de participação e esteja aberta ao debate franco e plural em
todas suas instâncias.

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Vinculado ao esgotamento de uma estrutura autoritária e centralizadora, a
crise financeira da USP traduz materialmente os riscos de se conduzir processos
que deveriam ser colegiados de forma autocrática. Por diversos anos, gestores
universitários puderam arbitrar autonomamente sobre a destinação de recursos e a
falta de transparência dos gastos, a falta de participação da comunidade
universitária na definição orçamentária e irresponsabilidades financeiras, levaram-
nos ao ponto que estamos hoje. A escassez de recursos frente aos gastos
correntes tem mostrado suas consequências: a precarização de diversos serviços, a
política insuficiente de permanência estudantil, a falta de professores em muitos
cursos, debates sobre diminuições do número de alunos em algumas unidades.
Todos esses fatores demonstram a gravidade da situação financeira da USP

Diante disso, é preciso que primeiramente reafirmemos nosso compromisso


com uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Frente a crise financeira, é
preocupante o avanço de discursos privatistas que buscam implementar pagamento
de mensalidades dentro da universidade. Do contrário, esperamos que cada vez
mais a universidade se popularize, tenha a cara do povo brasileiro e seja parte
fundamental do Estado que sonhamos, auxiliando no desenvolvimento do país e na
democratização do conhecimento, garantindo seu caráter público não apenas em
sua definição, mas principalmente na atuação cotidiana da comunidade
universitária.

Reconhecemos que nossa contribuição enquanto estudantes ao debate


sobre financiamento é mais no campo dos princípios do que propriamente
estruturando soluções concretas. Devemos levantar debates e fomentar a
discussão, discutindo o projeto de universidade que desejamos e fazendo um
debate honesto sobre a realidade que nos cerca. Nesse sentido a solução de
aumento de repasses do ICMS nos parece extremamente injusta diante do cenário
de crise que o país atravessa, sendo a USP beneficiada com quantia equivalente a

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um terço da arrecadação de ICMS do Rio de Janeiro. Para além disso, identificamos
que fortalecer esse discurso de falta de verbas joga água no moinho do projeto
privatista.

Isso não significa dizer que não acreditamos que a universidade precise
debater um aumento de recursos. Seja por meio de recursos dos fundos estaduais
destinados às universidades que aderem ao SiSu, seja por um programa específico
de financiamento a pesquisas, seja por uma mudança da estrutura tributária do
Estado de São Paulo.

Finalmente, é preciso colocar que concebemos a universidade pública dentro


de um projeto de Estado e país. Um Brasil soberano, cientificamente autônomo e
potente, capaz de gerar pesquisa de ponta, realizar debates qualificados sobre si
mesmo e o mundo que nos cerca. Nesse sentido, nossa defesa de uma USP
pública não é uma abstração ou mera palavra de ordem, e sim uma consequência
lógica do país que desejamos e da universidade que queremos construir!

PROPOSTAS

• Democratização da Universidade - É preciso estabelecermos a democratização


dos órgãos deliberativos e dos processos eleitorais como prioridade de nosso
movimento, buscando viabilizar um processo estatuinte que nos permita
reinventar nossa universidade. Reivindicar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) já
nos permitiria ampliar bastante a participação estudantil nos órgãos de decisão ao
estabelecer a composição mínima de 15% para discentes. Outro ponto
fundamental é alteração do regimento interno do Conselho Universitário, que
hoje confere plenos poderes ao Reitor, fazendo, por exemplo, com que temas só
possam entrar na pauta sob sua autorização.

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• Ampliar a participação social - Incluir novos representantes da sociedade civil
nos espaços deliberativos da universidade ligados à movimentos de educação,
pesquisa e extensão. Por exemplo, representantes do Conselho Nacional de
Educação, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), União Nacional dos Estudantes (UNE), Associação de Docentes da USP
(Adusp) e Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) e DCE- Livre da USP,
entendendo que a representação das entidades é diferente da participação das
categorias por meio de representantes.

• Orçamento Participativo - Incentivar a construção de mecanismos que permitam


uma decisão democrática para destinação de recursos, sempre prezando pela
transparência e debate público sobre o orçamento.

• Novas fontes de financiamento - Não apenas como solução paliativa para a


atual crise financeira, mas também para aprimorar a geração de conhecimento
dentro da universidade, a USP deveria buscar novas verbas destinadas à
permanência estudantil, discutir financiamento de pesquisas específicas com
agências de fomento, aumentar a interlocução com o setor produtivo, notadamente
com estruturas públicas como BNDES e Petrobrás. Também defendemos que o
DCE inicie uma discussão a respeito de uma Reforma Tributária, junto às
demais universidades e entidades estudantis estaduais, voltada para repensar o
financiamento do ensino público no Estado de São Paulo.

• Transparência e Boletins Informativos - É preciso reivindicarmos para reitoria


uma melhor divulgação dos dados de nossa Universidade, seja a respeito do
orçamento ou do desempenho acadêmico de nossos cursos. Assim como o DCE
deve organizar boletins informativos sobre a situação financeira da
universidade, auxiliando a Representação Discente.

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• Fórum da Representação Discente - A atuação estudantil nos órgãos
universitários deve ser vista como prioridade para articularmos nossas demandas.
Tanto nos campi do interior, quanto nos vários institutos, é fundamental que o DCE
assuma um papel diretivo na condução da representação discente,
institucionalizando um espaço aberto dos RD´s com o DCE e Centros
Acadêmicos. Também é preciso retomarmos a vinculação das eleições de
DCE e Representação Discente nos conselhos centrais, acabando com o
método instituído por sugestão dos setores conservadores do movimento
estudantil de realizarmos voto online desvinculado, o que provocou forte queda no
quórum da votação.

• Plebiscitos e consultas - Organizar plebiscitos e referendos consultivos da


opinião universitária sobre os mais diversos temas. As consultas podem ser
realizadas pelo DCE ou em parceria com a administração da USP, servindo para
basear as formulações políticas para a universidade.

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ASSISTÊNCIA E PERMANÊNCIA ESTUDANTIL
Desde 2003, quando houve a primeira implementação de cotas raciais na
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, as políticas alternativas de ingresso foram
o ponto central das discussões a respeito da democratização do ensino superior.
Apesar da resistência ideológica na USP para adoção de cotas, a pressão no
debate público e a organização do movimento estudantil forçou que a Universidade
atualizasse sua política de inclusão e se integrasse ao modelo agora predominante
da reserva de vagas.

Finalmente nossa Universidade passará por uma mudança dos rostos e


trajetórias pessoais que usufruem dela graças não só à reserva de vagas, como a
ampliação daquelas destinadas ao Sistema de Seleção Unificado, o Sisu.

A atuação do ME, de forma unitária, na discussão do acesso nos trouxe uma


vitória concreta, provavelmente, a mais importante de nossa história recente. Cabe
agora também atualizarmos nossas demandas e construirmos propostas para os
novos desafios.

A partir de agora, identificamos que permanência e assistência estudantil


devem constituir o centro de nossa pauta política. É preciso garantir que
ingressantes possam efetivamente aproveitar a universidade ao máximo, sua
vivência acadêmica, cultural e política. Teremos que aprender aquilo que já se
tornou senso comum nos demais ambientes universitários: quem entrou, tem que
poder ficar.

Nesse sentido, identificamos como tarefa imediata do Movimento Estudantil a


estruturação de um Grupo de Trabalho de Permanência através do DCE.

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É preciso estruturarmos pesquisas sobre o tema, identificarmos e dialogarmos com
movimentos já existentes e criarmos um canal de interlocução com o conjunto dos
estudantes que seja capaz de identificar e canalizar demandas.

A política de permanência, por ter efeitos imediatos significativos sobre a vida


de estudantes, deve ser estruturada a partir de um diagnóstico cuidadoso que nos
possibilite elencar prioridades dentre suas várias frentes. É urgente, por exemplo,
que exista um canal, como o GT de Permanência, para o qual possam ser avisados
atrasos no pagamento de bolsas; devemos buscar ampliar quotas de impressão e
bolsas para materiais didáticos (livros ou instrumentos de laboratório) para alunos
sem condições de arcar com esses custos; é preciso repensarmos critérios para
seleção de bolsas e programas de incentivo, ampliando o uso de categorias
socioeconômicas na seleção dos beneficiários.

Após estruturarmos demandas como essas e organizarmos um grupo capaz


de avaliar a situação atual da permanência, assim como articular movimentos
sociais já responsáveis pela condução dessa pauta, então seremos ainda mais
efetivos na reivindicação para que se estruture um órgão central da universidade
responsável por permanência, que conte com a participação discente na
avaliação constante e no aprimoramento dessas políticas.

PROPOSTAS

• Realização de um Censo do corpo discente – É necessário coletar e organizar


as informações sobre as atuais demandas dos estudantes de maneira integrada,
possibilitando a formulação de políticas capazes de suprir novas ou velhas
demandas.

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• Critérios para concessão de bolsas e moradia – Debater prioridades dos gastos
significa evidenciar o papel e o projeto responsável por norteá-los, é nesse sentido
que devemos também tomar pé dos mecanismos de concessão de bolsas e
auxílios para moradia. Principalmente quando tratamos de bolsas para pesquisa e
ensino, é fundamental encararmos como uma possibilidade de ampliação dos
instrumentos de extensão, podendo inserir novos critérios socioeconômicos na
seleção.

• Orçamento Participativo (OP) de Permanência - Da mesma forma como a


inserção de estudantes na formulação de critérios para seleção de bolsas, também
é preciso pensar em mecanismos responsáveis por democratizar a escolha das
políticas universitárias voltadas para permanência. Um OP de Permanência seria
capaz de fazer com todo o corpo discente pudesse escolher conscientemente a
orientação de nossos gastos e priorizarmos o auxílio àqueles que mais precisam.

• Escola de Acompanhamento – A experiência pioneira da UERJ, assim como das


Universidades Federais que já possuem reserva de vagas desde 2012,
comprovam que estudantes cotistas acompanham seus cursos em nível
semelhante, quando não superior, a seus pares não cotistas. Ainda assim, os anos
iniciais costumam apresentar maiores dificuldades. Acreditamos ser possível e
produtivo estruturar cursos introdutórios que possam auxiliar no acompanhamento
da graduação. Ministrados por alunos de anos superiores, seria possível criarmos
espaços de integração e novos laços de solidariedade.

• Projeto Político Pedagógico coerente com cotas - Também será fundamental


debatermos se o modelo de cursos está adequado à realidade de quem entrará
por cotas. Cursos integrais ao longo de vários anos impossibilitando o aluno de
trabalhar; cargas de estudo que provocam forte estresse e desgaste emocional,
todas essas questões terão de ser postas na mesa. Não apenas isso, mas será

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igualmente importante refletirmos sobre a experiência extra-sala de aula, na medida
em que atividades de extensão ou pesquisa, empresas juniores, atléticas e a
participação em centros acadêmicos ou no DCE, exigirão reconhecimento e
incentivo institucional para que possam estar acessíveis a quem quer que seja.

• Saúde mental - entendemos também que outro possível impedimento para a


permanência dos estudantes são questões envolvendo saúde mental.
Lamentavelmente a universidade conta hoje com um aparato insuficiente para lidar
com essas questões que se agravam a cada ano. Propomos a criação de um
fórum permanente de debates sobre saúde mental, para que se discuta políticas
da universidade, modelos de acolhimento e maneiras de garantir a permanência
destes estudantes. Além disso, faremos um censo para apurar as principais
demandas dos estudantes neste tema, bem como suas maiores dificuldades em
lidar com a burocracia universitária e com a vida acadêmica por conta de questões
dessa natureza.

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ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO

O ensino, a pesquisa e a extensão compõe o chamado tripé universitário. Ou


seja, são indissociáveis da universidade e imprescindíveis à formação de qualidade
no ensino superior. No caso de uma universidade pública e de excelência,
entretanto, defendemos que o objetivo central desse tripé seja o
desenvolvimento social do país.

Acreditamos ser necessária uma grade curricular conectada às demandas da


sociedade, de modo que o ensino crítico, atrelado à realidade, seja capaz de
produzir conhecimento e tecnologia que possibilitem a transformação

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social, seja por meio das atividades de extensão, seja através da formação de
profissionais capacitados, ou pela foco da pesquisa em temas socialmente
sensíveis.

A extensão desempenha um importante papel para o cumprimento destes


objetivos, uma vez que materializa o contato entre a universidade e a sociedade e
possibilita a aplicação do conhecimento desenvolvido. Por outro lado, a extensão
reversa - realização de atividades da comunidade na universidade - é fundamental
para aprimorar essa relação, na medida em que aprimoramos a troca de
experiências e saberes. Só assim a universidade poderá se pintar de povo. Por fim,
defendemos a integração entre os projetos de extensão a fim de aprimorá-los,
para isso é preciso estabelecer espaços de discussão e integração destas
atividades visando criar políticas que facilitem seu funcionamento, além de
possibilitar a maior divulgação destes para os estudantes e a comunidade externa.

Por fim, é preciso termos um debate fundamentado e propositivo sobre


nossos Hospitais: o Hospital Universitário (HU) e o Hospital de Anomalias
Craniofaciais (HRAC) que, desde 2014 com o início das tentativas de
desvinculação, passam por uma profunda crise e, assim como o Hospital das
Clínicas de RP, sofrem com a falta de profissionais.

A forma atabalhoada e autoritária com que a reitoria deseja lidar com o HU da


capital mostra desinteresse sobre as especificidades do ensino nesse local e
sua importância na formação de inúmeros estudantes.

É sabido que o HU tem uma grande sobrecarga de pacientes, sobretudo de


atenção primária da Região Oeste devido ao sucateamento dos demais
equipamentos da região. Assim é necessário exigir o comprometimento de órgãos
responsáveis pela saúde da população, como as Secretárias Estadual e Municipal
de Saúde. Ao mesmo tempo, o HU não consegue sustentar o ensino e a assistência

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adequados sem a contratação de novos profissionais, comprometidos com a
docência, ou seja, pela USP, de forma a repor o corpo do hospital.

Dada a situação emergencial do HU, que corre o risco de fechar, contratos


com a secretaria municipal de saúde estão sendo feios de forma a colocar médicos
com função assistencial, garantindo que o hospital se mantenha aberto. Esse
contrato deve, no entanto, ser realizado de forma temporária pois precisamos de
profissionais comprometidos com o ensino. No entanto nada disso pode ser feito às
custas da qualidade do ensino e da saúde da população e do modelo de hospital
escola de excelência que temos hoje.

Além disso, o Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza, localizado


no campus da Faculdade de Saúde Pública também é vítima do desmonte da
universidade e da saúde pública do município. Atendendo mais de 110 mil pessoas
da região oeste, incluindo alunos, funcionários e docentes da FSP, o CSEGPS se
consolidou enquanto centro de referência em atenção primária e secundária, além
do grande atendimento a idosos. Atualmente, o centro está em risco devido a
possível quebra de contrato - que deveria se estender até 2021 - entre a USP com a
Prefeitura de São Paulo. Por ser um Centro de Saúde Escola, este recebe
estagiários de diversas universidades, incluindo os cursos da USP de Enfermagem,
Terapia Ocupacional, Nutrição e Saúde Pública.

PROPOSTAS

ENSINO

• Projeto político-pedagógico - Fomentar o debate sobre as grades curriculares,


assim como dos objetivos estabelecidos por cada um dos cursos, visando maior
interdisciplinariedade, atualização de programas e maior colaboração entre
discentes e docentes na formulação de nossos cursos.

• Representação Discente nos cursos - O DCE tem capacidade

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de estabelecer um diálogo com RD´s das Coordenações de Curso, Comissões de
Graduação das unidades e o Conselho de Graduação central, a fim de
institucionalizar espaços de discussão que nos permitam repensar nossa
graduação.

• Avaliação de professores - É preciso estabelecermos uma avaliação institucional


dos docentes para que possamos ter um acompanhamento de seu desempenho
em classe. Não podemos mais ser coniventes com unidades que não exigem
mudanças de seus professores reconhecidamente ineptos ou com pouca didática
na transmissão do conhecimento

PESQUISA

• Bolsas de pesquisa - Hoje já existem diversas bolsas da USP, CNPQ e Fapesp


para incentivo à pesquisa. Porém, é preciso que o DCE consiga debater melhor
entre estudantes quais mecanismos consideramos ideais para seleção de
candidatos naquelas financiadas com recursos próprios; o uso de critérios socio-
econômicos para nova realidade de cotas, por exemplo, pode ser central
para ampliarmos políticas de permanência.

• Revista de divulgação científica - Criar uma revista do DCE em que sejam


publicados artigos oriundos de pesquisas de estudantes da graduação ou da pós.

• Debates sobre políticas públicas para ciência - Realizar fóruns e eventos sobre
políticas públicas para as ciências, assim como reflexões a respeito da USP
enquanto principal pólo de pesquisa do país.

EXTENSÃO

!24
• Curricularizar projetos de extensão - É preciso garantirmos crédito para
atividades de extensão em todas as unidades como um dos mecanismos de
incentivo para estudantes. Outros instrumentos como bolsas também deveriam ser
utilizados a fim de fortalecermos essa parte bastante preterida pela universidade.

• Conselho de Extensão - Articular um fórum permanente de discussão a respeito


da extensão para promover troca de experiências e possibilitar a articulação de
demandas a serem levadas para os conselhos centrais.


!25
DCE, MOVIMENTO ESTUDANTIL E NOSSAS LUTAS
ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA E AUTONOMIA ESTUDANTIL

São famosos os espaços de estudantes da USP como a Prainha da ECA, o


Porão da SanFran, o Grêmio da Poli, o Espaço Verde na Sociais, o Piso do Museu
da FAU, a sede do CAASO, o Porão do CAOC e tantos outros que se firmaram
como pólos de nossa política estudantil. Hoje, muitos destes espaços estão sob
grave ameaça. As grades que foram instaladas em torno da Prainha no início de
2017, por exemplo, demonstram um interesse em minar a autonomia de
organização dos estudantes e de suas entidades representativas (CAs, DAs,
Grêmios etc) em nome de um pretenso projeto de segurança baseado na
segregação.

Depois de proibir as festas dentro dos campi e até mesmo a venda de bebida
alcóolica, a Reitoria agora tenta desalojar muitos serviços sublocados pelos centros
acadêmicos. Cefisma (Física), Gfau (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) e
CALC (ECA) passaram o ano todo sob risco de perderem serviços essenciais à
comunidade - como livrarias, xerox e restaurantes -, além de serem principal fonte
de financiamento das entidades e, consequentemente, manutenção da autonomia
política.

É importante dizer que, apesar da investida, estes centros acadêmicos foram


juntos capazes de montar um amplo movimento Em Defesa dos Espaços
Estudantis e barrar esta ofensiva, ao menos por enquanto. Os membros do
Nossa Voz foram parte ativa nessa campanha tão importante por julgarmos
fundamental criar uma resistência ao projeto de uma USP menos pública e
acessível, menos comprometida com os interesses dos estudantes e da sociedade.

!26
Defender nossos espaços deve ser visto como a defesa dos locais de
reflexão sobre a universidade e o mundo, nos quais também ocorrem trocas
saudáveis de conhecimentos em debates, grupos de estudos e assembleias, ou
simplesmente momentos de recreação definidores da experiência universitária como
festas, saraus, brechós e etc.

PROPOSTAS

• Articulação em defesa dos espaços - Devemos manter os fóruns entre Centros


Acadêmicos a fim de estruturarmos nossas demandas e trocarmos experiências a
respeito de soluções já encontradas.

• Auxílio jurídico do DCE para os espaços - Diversas unidades propuseram para


seus CAs a formalização de um Termo de Compromisso de Uso dos Espaços, é
preciso que o DCE consiga auxiliar na garantia dos interesses estudantis pelas
entidades de base, fortalecendo nosso respaldo legal.

!27
DCE DEMOCRÁTICO E PARTICIPATIVO

O imobilismo que tomou nosso Diretório Central é responsável não apenas


por afastar estudantes da política universitária geral, como também restringir quem
efetivamente pode participar das tomadas de decisão. Reuniões do DCE feitas com
pouca divulgação, em horários inacessíveis, ou restritas a certas localidades (como
o Campus Butantã), apenas reforçam nosso isolamento diante do conjunto do corpo
discente.

A Assembleia Geral dos Estudantes (AGE), por exemplo, faz tempo que
deixou de ser representativa do conjunto do corpo estudantil. Hoje estamos presos a
métodos que não mais correspondem às nossas necessidades, porém ainda não
tivemos uma gestão com coragem para revê-los a luz de nossos tempos, tornando
nossos fins reféns de nossos meios em nome de uma falsa democracia estudantil. É
preciso termos claro que o movimento estudantil geral de nossa universidade
precisa ser reerguido e isso só será possível com uma entidade capaz de envolver
estudantes dos mais diversos interesses através da busca ativa e da tentativa e erro
de novos métodos. Nesse sentido que caminham nossas propostas para
democratizar a gestão do DCE e torná-la mais participativa.

PROPOSTAS

• Democratização das decisões - Nossa gestão terá um diretor em cada campus


responsável por representar a entidade e organizar reuniões periódicas tanto
para comunicar aquilo que vem sendo feito, quanto para estruturar novas
reivindicações. Da mesma forma, é preciso realizar a Assembleia dos
Estudantes em todos os campi de modo a facilitar o acesso ao processo de
decisão e levar em conta as diversas realidades.

!28
• Reestruturação do CCA - Organizaremos o Conselho de Centros Acadêmicos
(CCA) com maior regularidade e garantia de meios para que todos os campus
possam estar representados. Esse Conselho é aquele com maior potencial de
representatividade e deve ser visto como um instrumento fundamental na
divulgação de ações e coordenação de campanhas.

• Transparência e institucionalização do DCE - Hoje nossa entidade não possui


nem uma política permanente de arrecadação, nem um mecanismos de
transparência de seus gastos, nem uma estrutura jurídica que possibilite seu
funcionamento mínimo, como um CNPJ registrado. O descaso e o desprezo por
questões “burocráticas” apenas refletem uma visão da entidade que não se
preocupa em estruturá-la por completo enquanto uma instituição forte capaz de
ser reconhecida internamente e externamente, seja por estudantes ou não.

• Auxílio jurídico aos Centros Acadêmicos - Tal como o DCE hoje, diversos CAs
estão em situação irregular ou simplesmente nunca tiveram registro jurídico.
Contudo, muitas vezes os CAs têm dificuldades para organizar seu processo de
regularização com as próprias pernas, por isso propomos que o DCE crie uma
assessoria para colaborar nesse processo e possibilitar o melhor funcionamento
de nossas entidades representativas.

• Canais de comunicação - Para além dos espaços de decisão, também é preciso


retomar canais de diálogo da entidade com estudantes, por isso propomos a
reestruturação do site do DCE e a retomada do jornal trimestral do DCE.

!29
• Congresso dos Estudantes 2018 - Esse Congresso (para quem não conhece) é
a instância máxima de deliberação do Movimento Estudantil, é aqui que são
definidos nossos métodos de organização e principais reivindicações. Tal como
muita coisa da atual gestão, o Congresso deveria ter ocorrido nesse ano de 2017,
mas não foi organizado. A reinvenção do Movimento Estudantil da USP passa pela
realização de um grande Congresso, capaz de reaproximar estudantes,
faculdades e campi da política universitária, por isso nosso compromisso com sua
realização.

• Estrutura do DCE - Atualmente o DCE não conta com uma estrutura para
determinação das obrigações de cada um dos seus membros. Embora isso pareça
democrático, hoje vivemos o caso do ditado cachorro com muito dono morre de
fome. Acreditamos que a criação de diretorias, com responsáveis e reuniões
aberta e deliberativas periódicas facilitarão o funcionamento da entidade e
darão maior agilidade para tomada de decisões.

!30
Luta contra as opressões: machismo, racismo e LGBTfobia

A nossa sociedade ainda é muito conservadora em seus valores. Mulheres


ainda sofrem assédio e violência nos espaços públicos e domésticos, pessoas
LGBTs são diariamente violentadas e impedidas de exercer sua própria identidade,
e negros e negras são excluídos, marginalizados e até mesmo assassinados.

Dentro da universidade, não é diferente. Estes são os setores que sentem o


impacto da crise na Universidade primeiro, como corte de bolsas, falta de moradia,
tentativa de fechamento de creches, etc. Mas isso não significa que estamos
paralisados, pelo contrário, nos últimos anos diversos coletivos auto-organizados
têm sido construídos nos cursos, demonstrando a necessidade e disposição para
resistir e avançar nos nossos direitos.

Compreendemos que uma das tarefas do DCE da USP é garantir que estes
setores na Universidade possam permanecer e resistir na Universidade. O DCE
deve ser o pólo aglutinador e impulsionador dessas lutas, ajudando a construir
coletivos auto-organizados nos cursos em que ainda não existam, e também
articular lutas mais gerais do que a localidade dos cursos.

Propomos que o DCE tenha três frentes: de combate ao machismo, racismo


e LGBTfobia. Não podemos tratar essas opressões estruturais como um guarda-
chuva generalizante chamado “opressões”. Cada uma delas opera de formas
diferentes nos sujeitos e tem a suas especificidades, devendo ser tratadas portanto
de forma distinta. Além disso, propomos que o DCE tenha uma Ouvidoria para
casos de machismo, racismo e LGBTfobia, lidando com os casos e dando o melhor
encaminhamento a eles de acordo com cada caso.

!31
PROPOSTAS

• Ajudar na articulação dos movimentos auto-organizados - O DCE deve atuar


junto aos diversos coletivos de combate às opressões para melhor estruturar
propostas e levantar demandas desses setores. É preciso organizarmos
Encontros temáticos em que possamos refletir e formular estratégias sobre o
combate às opressões. Também devemos incentivar as atividades do do Núcleo
de Consciência Negra, Levante Indígena, Frente Feminista, e outros coletivos
organizados da universidade.

• Uso do nome social - Todas as instâncias burocráticas, do registro na lista de


presença, à convocação para reuniões de órgãos universitários deveriam
considerar o nome social de pessoas que passaram por processos de mudança de
gênero, é preciso de uma campanha de nossa entidade nesse sentido.

• Frentes auto-organizadas - Estrutura paralela a diretoria do DCE e auto-


organizada que congregue diretores da entidade responsáveis por formular e
contribuir para esse debate dentro da universidade.

• Combate ao assédio - Podemos através do DCE e da implementação de um


aplicativo da entidade criar campanhas contra o assédio, assim como
estabelecer uma ouvidoria para que estudantes possam informar nosso Diretório
de casos de abuso, ou opressão.

• Encontros Temáticos - Através de uma parceria ampla junto aos coletivos de


combate a opressões, realizaremos encontros temáticos para debater as pautas e
demandas organizando ações que consigam transformar a Universidade.

!32
Sócio-cultural e Esportes

Há algum tempo a política estudantil se restringe às reuniões e assembleias,


até mesmo festas organizadas pelo DCE tem sido cada vez mais raras. Acreditamos
que uma postura como essa, apesar de demonstrar interesse pelo debate político,
restringe o público atingido pelas ações da entidade. Sem propostas de momentos
recreativos, acabamos nos isolando na “turma do ME” e perdemos a capacidade de
estabelecer laços responsáveis por ampliar nossa discussão.

Nesse sentido, propomos que o DCE retome um calendário de atividades


esportivas e culturais a fim de ampliar sua presença na universidade através de
outros canais que não apenas o debate político em sentido estrito.

PROPOSTAS

• Festivais universitários - Retomada, pelo DCE, de um Circuito Univesitário de


Cultura e Arte (CUCA) capaz de movimentar artistas ao redor de mostras e
festivais que revivam nossos instrumentos de cultura, como teatros e palcos
espalhados pela USP. Nesse sentido, iremos organizar a Bieneal da USP em
homenagem aos 50 anos de 1968, ano histórico nas artes, política e luta do
movimento estudantil, com eventos realizados em todos os campi da
Universidade.

• Festas na USP: Lutaremos para que voltem a ser permitidas festas nos campi da
Universidade e organizaremos enquanto DCE diversos espaços de
confraternização nos diversos campi em parcerias com centros

!33
acadêmicos, atléticas e coletivos.

• Eleições de 2018 - Próximo ano teremos as primeiras eleições presidenciais após


o golpe de 2016, acreditamos ser importante que o DCE crie espaços de
convivência e debate político, por exemplo promovendo um debate realizado
pelo DCE entre candidatos a presidência e a governo do Estado e a exibição
de debates eleitorais nos próprios campi da universidade.

• Copa do Mundo 2018 - Através da transmissão de jogos da Copa pelo DCE


poderemos estabelecer novos espaços de integração não apenas durante os
jogos, mas também com todo o ambiente da competição, por exemplo
organizando postos de troca de figurinhas do álbum da Copa.

!34
Atividades extra-curriculares e Entidades Estudantis

Tal como a necessidade de diversificarmos as atividades promovidas pelo


DCE, é preciso também ampliarmos seu contato com as demais organizações
estudantis. Caso contrário perdemos contato com grupos que, apesar de bastante
organizados e capazes de mobilizar grande parte dos estudantes, como atléticas e
empresas juniores, costumam não se sentir representados pelos espaços da
política universitária tradicional. Hoje a pluralidade dessas organizações serve para
atender interesses diversos da comunidade discente e isso deve ser entendido pelo
Diretório Central.

Não podemos esquecer que parte relevante de nossas pautas “clássicas do


ME”, como a garantia dos espaços, ou mesmo a autonomia com relação a diretorias
e órgãos burocráticos é algo que afeta todas as organizações estudantis, de
cursinhos populares até baterias. Assim, é preciso que o DCE seja capaz de
articular esses vários interesses para que possa transformar nossas reivindicações
em vitórias concretas.

Para isso criaremos, através da Diretoria de Relações Institucionais, um


canal de diálogo efetivo com as demais entidades, superando nosso atual cenário
de arquipélago em que vivemos casos semelhantes sem nenhuma troca de
experiências.

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PROPOSTAS

• Mapeamento das Entidades Estudantis: fazer um registro das atividades e


grupos estudantis já organizados na Universidade, auxiliar na divulgação de seus
eventos e estabelecer parcerias.

• Criação de um Conselho de Entidades: realizar reuniões periódicas com as


entidades estudantis para receber suas demandas e auxiliá-las no contato com a
burocracia universitária, bem como possibilitar que grupos com demandas
similares possam agir em conjunto.

• Parcerias com a Liga das Atléticas e a Laausp - Divulgação e colaboração em


campeonatos esportivos já existentes, como o Interusp, a Copa USP e a Liga
USP, assim como formulação de novas competições e eventos festivos.

• Uso do espaço esportivo - Buscar a Reitoria e a Secretaria de Esportes do


Estado para debatermos sobre o aprimoramento e o uso dos instrumentos
esportivos da Universidade, bem como seu acesso pela comunidade não
universitária.

• Bolsa-Atleta - Fomentarmos o debate com a Reitoria a respeito da


implementação de uma Bolsa-Atleta, capaz de incentivar talentos universitários
para que possam seguir uma rotina de treinos adequada com menores
preocupações financeiras.

!36
Memória e Verdade

Acreditamos na construção institucional do DCE, no fortalecimento da


entidade e entendemos que para isso, recuperar a história do diretório bem como
suas principais lutas e debates é ferramenta fundamental. Acreditamos que é direito
do estudante da USP ter acesso à história do DCE, conhecer seus projetos e se
entender enquanto parte deste processo.

Para além disso, a ditadura civil militar brasileira deixou marcas em diversos
níveis da Universidade de São Paulo, feridas que até hoje não foram devidamente
atendidas pela burocracia universitária. Acreditamos que o DCE pode agir
ativamente no sentido de construir uma universidade que não negue seu passado e
consiga revê-lo forma crítica para que não se esqueça e para que nunca mais
aconteça.

É preciso, de saída, rever as instituições criadas pela ditadura e seus legados


regimentais para que finalmente possamos trazer a USP para um tempo de
democracia e participação. A Comissão da Verdade da USP instituída em 2013 fez
pouco diante dos desafios colocados e acreditamos que enquanto DCE temos
condições de pressionar a Universidade para que complete este importante
processo de revisão histórica.

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PROPOSTAS

• Resgate Histórico do DCE - Produzir um livro discutindo sua fundação, suas


principais lutas, passagens históricas importantes e de que forma essa tradição
e utopia interfere ainda hoje nos nossos debates.

• Atividades simbólicas de retomada da memória - É preciso darmos maior


divulgação aos resultados da Comissão da Verdade da USP e debatermos seus
resultados, além de promovermos atividades de reparação histórica, como a
diplomação dos estudantes perseguidos ou mortos pela ditadura, realizando
em cada Congregação uma sessão de entrega de diplomas para aqueles alunos
que tiveram seus estudos interrompidos pela repressão.

!38
Estrutura do DCE: Diretorias

Entendemos que a atual forma de organização do DCE não permite que


ele cumpra tarefas mínimas de uma gestão. Além disso, a falta de estrutura torna
mais difícil que estudantes que não façam parte da gestão se empoderem de
projetos e pautas do DCE e consigam tocar conjuntamente com os diretores.

Entidades sem estrutura acabam sendo autoritárias e permitem que só


quem esteja sempre presente consiga tocar tarefas. Acreditamos em um DCE
que se divida por temas, que consiga gerir diversas tarefas e seja sempre aberto
para quem quiser se somar. Organizar a estrutura do DCE é parte do nosso
compromisso e responsabilidade com a gestão que faremos. Além disso
entendemos que a diretoria não deve ser necessariamente a mesma ao longo do
ano inteiro, isso é, estamos dispostos a aprender com nossa experiência e ir
ajustando o formatos de organização frente aos desafios que aparecerem.
Propomos inicialmente uma estrutura pautada pelos eixos construídos neste
programa.

i) Coordenação Geral: responsáveis pela articulação das demais diretorias,


coordenação de tarefas e garantirem o dia a dia da gestão.

ii) Diretoria de Comunicação: garantir a comunicação do DCE com os


estudantes, comunidade e sociedade. Organização do jornal, sites e vlogs da
gestão.

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iii) Diretoria de Permanência Estudantil: responsáveis por gerir as propostas
de permanência estudantil, estabelecer diálogo constante com os estudantes que
precisam de auxílio e com a burocracia universitária.

iv) Diretoria de Graduação: deve estruturar as demandas ligadas a graduação,


articular a relação com a pró-reitoria e pautar questões acadêmicas e
relacionadas a formação dos estudantes.

v) Diretoria de Pesquisa e Extensão: análoga e muito interligada com a


Diretoria de Graduação, esta pasta deverá organizar as pautas de pesquisa e
extensão, pensando em como aproximar os estudantes deste tipo de atividade.

vi) Diretoria Financeira & Transparência: responsável pela gestão financeira


do DCE, dando condições materiais para a execução das demais tarefas. Tem
como prioridades regularizar o CNPJ do DCE, instituir mecanismos de
arrecadação perenes e instrumentos para a prestação de contas, que
infelizmente não existem hoje.

vii) Diretoria Sociocultural & de Festas: deverá organizar as atividades


festivas e culturais do DCE bem como a relação com atléticas, coletivos culturais
e outros grupos de dentro e fora da universidade.

viii) Diretoria de Memória & Verdade: estruturar o resgate histórico do DCE,


revisar criticamente a história da universidade e sua colaboração com o regime
autoritário. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!

!40
ix) Diretoria Institucional: fará a interlocução do DCE com demais entidades e
dirigentes. Responsável por organizar a imagem pública da entidade e suas
relações políticas.

x) Diretorias Locais: estabeleceremos sedes do DCE nos campi e também


faremos com que cada campus tenha alguns diretores do dce responsáveis por
organizar atividades locais, debater demandas vinculadas ao campus em
questão e conseguir estabelecer uma relação melhor da entidade com a
realidade dos estudantes.

xi) Fórum da Representação Discente: Entendemos que a representação


discente é ferramenta fundamental de transformação e de diálogo com a
burocracia universitária, além disso a representação nas unidades está
diretamente conectada à base dos estudantes conseguindo ter dimensão mais
apurada das reais demandas dos alunos. Nesse sentido pretendemos fortalecer
e a Representação Discente e lutar para que ela seja ampliada, para isso
criaremos o Fórum da Representação Discente no qual diretores do DCE e
Representantes Discentes se reunirão para debater este tema.

xii) Frentes auto-organizadas: como apresentado no nosso programa


acreditamos que o combate ao machismo, racismo e LGBTfobia são transversais
e devem se fazer presentes em todos os outros espaços, de tal forma que não
faz sentido segmentar uma diretoria específica para isso, e por isso propomos a
criação de frentes, que congreguem diversos diretores e estudantes da
universidade para atuar transversalmente nas atividades da gestão, propomos de
imediato a criação de uma Frente das Mulheres, Frente das Negras e Negros,
Frente das LGBT´s.

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