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1 Introdução
A Carta de Smith (CS), apesar de ser uma ajuda gráfica ao projecto de circuitos dis-
tribuı́dos bastante antiga, é ainda um instrumento útil. Serve, principalmente, para
obter uma primeira estimativa de projecto, estimativa esta que deverá ser posterior-
mente ajustada utilizando simuladores adequados para circuitos distribuı́dos (e.g., o
CNL), que implementam modelos dos dispositivos electrónicos e dos elementos de in-
terligação sofisticados e válidos até frequências muito elevadas. Deve-se ter em atenção
que quando se projecta circuitos para funcionar a frequências acima de 1 GHz, a questão
da modelação do circuito é crucial para a obtenção de resultados de simulação fiáveis.
Este documento vai ser resumido (pelo menos a sua primeira versão...) Começa-
se por descrever a equação da Linha de Transmissão (LT) ideal, particulariza-se esta
equação para os stubs e para o transformador de um quarto do comprimento de onda,
relaciona-se a equação da LT com a Carta de Smith (CS) através da definição dos
Factores de Reflexão (FR) e, finalmente, exemplifica-se o uso da CS em alguns problemas
de adaptação e/ou sı́ntese de impedâncias ou admitâncias complexas.
De acordo com a notação mais ou menos universal utilizada em elementos de circuito,
verifica-se que:
• A impedância complexa Z
√ = R+jX é a soma da resistência R com a reactância
X multiplicada por j = −1;
1
2 A Equação da Linha de Transmissão Ideal
Vai-se considerar uma LT ideal (isto é, sem perdas), de impedância caracterı́stica Z 0
(ou R0 , na maior parte das vezes), terminada num dos extremos (ou portos) por uma
impedância de carga Zc . Este porto é denominado porto da carga. A impedância
Zg vista no outro porto da LT, denominada impedância no gerador, relaciona-se
com Zc pela seguinte equação:
Zc + jZ0 tan βd
Zg = Z 0
Z0 + jZc tan βd
d 0
LT (Zo)
Zg(Zc,Zo,d)
Zc
2
A unidade da impedância é o Ohm (Ω). Em microondas é costume representar-
se as impedâncias e admitâncias por maiúsculas. Porém, é habitual trabalhar com
impedâncias e admitâncias normalizadas relativamente à impedância caracterı́stica
Z0 , que são tradicionalmente representadas por minúsculas, e.g.:
Z
z=
Z0
A admitância é o inverso da impedância; a admitância normalizada é o inverso
da impedância normalizada. Assim:
1 1
Y = y=
Z z
A conversão entre impedâncias e/ou admitâncias normalizadas e não normalizadas
utilizando estas fórmulas é imediata. Além disso, a partir da relação entre Z e Y retira-se
que:
1 Y
y = = Z0 Y =
z Y0
onde Y0 = 1/Z0 .
Vai-se utilizar consistentemente esta convenção relativamente a maiúsculas e minúsculas.
Inclusive, sempre que não haja confusão, o termo ’normalizada’ será omitido para não
complicar desnecessariamente o texto.
A impedância normalizada vista no porto do gerador da LT é
zc + j tan βd
zg =
1 + jzc tan βd
onde zc é a impedância de carga normalizada.
A admitância normalizada vista no gerador é
yc + j tan βd
yg =
1 + jyc tan βd
onde yc é a admitância de carga normalizada.
zgcc = j tan βd
zgca = −j cot βd
3
(a cotangente é o inverso da tangente.) Se se pretender as impedâncias denormalizadas,
recorre-se ao seguinte conjunto de equações:
Zgcc(λ/8) = jZ0
Zgca(λ/8) = −jZ0
ou seja, a sı́ntese de uma reactância Xs = Zs com este elemento é feita apenas à custa da
impedância caracterı́stica do stub e não do seu comprimento. Esta solução só é viável
se o valor Xs = ±Z0 estiver dentro dos limites tecnológicos da configuração de linha
utilizada para implementar o stub (e.g., microfita...)
Considere-se agora a LT com uma dimensão de 1/4 do comprimento de onda. Neste
caso βd = (2π/λ)(λ/4) = π/2 e tan βd → ∞. Calculando zg para este limite temos
1
zg(λ/4) =
zc
e, denormalizando
Z02
Zg(λ/4) =
Zc
Na maioria das vezes Z0 = R0 é real. Este caso particular da LT, denominado1
habitualmente de transformador de λ/4, é utilizado para transformar uma resistência
de carga pré-definida Zc = Rc (normalmente valendo 50 Ω) no valor q pretendido Rg ,
usando como ’ferramenta’ a impedância do ’transformador’ Z0 = R0 = Rc Rg .
Estes três casos particulares da LT ideal são os mais utilizados na prática. Vai-se
passar agora à discussão da carta de Smith.
4
Zcin Zgin Zgout Zcout
Gerador Carga
LTin S LTout
Figura 2: Diporto [S] carregado por duas LT terminadas. Zcin , Zgin , Zgout e Zcout
representam as impedâncias no gerador e de carga segundo a nomenclatura das
linhas e não segundo a nomenclatura gerador/carga do diporto.
3 A Carta de Smith
As expressões gerais de Zg e de zg são demasiado complicadas para serem úteis. Por ou-
tras palavras, são de pouca utilidade para sintetizar a impedância de gerador pretendida
a partir dos valores de d e de Zc (ou zc ), presumindo que Z0 está definida.
Note, porém, que a formulação matemática do problema é imediata: decompondo
zg = rg + j xg e zc = rc + j xc nas partes real e imaginária, pode-se escrever
(rc + j xc ) + j tan βd
rg + j x g =
1 + j(rc + j xc ) tan βd
5
Igualando separadamente as partes real e imaginária dos dois membros, obtém-se um
sistema não linear de equações que pode ser resolvido por um método numérico apro-
priado. Aparentemente há três variáveis (rc , xc e d) para duas equações (satisfazer a
parte real e a parte imaginária da igualdade); porém, zc habitualmente consiste de uma
resistência de 50 Ω em paralelo com uma reactância, pelo que apenas há uma variável
independente associada à carga.
Há algumas décadas, a resolução da anterior equação com um método numérico não
era prática (ainda não existiam o Matlab, o Mathcad, o Mathematica, etc...) e foi
desenvolvido um método gráfico – a carta de Smith –, para trabalhar com a linha de
transmissão.
Começa-se por definir o factor de reflexão ρ associado a uma impedância Z num
sistema com impedância de normalização Z0
Z − Z0 z−1
ρ= =
Z + Z0 z+1
Uma vez que Z ou z são complexas, ρ também o é e esta expressão define uma trans-
formação conforme (mais precisamente, uma transformação bilinear) no domı́nio
complexo.
A transformação inversa z(ρ) é
1+ρ
z=
1−ρ
Sem querer exagerar na revisão de números complexos 8-), apenas se recorda que a
transformação bilinear z → ρ transforma o semi-plano complexo direito do plano z (as
impedâncias com resistência positiva) no interior do cı́rculo de raio unitário no plano ρ.
As rectas de resistência constante ou de reactância constante em z são transformadas
(em geral, sendo excepção alguns valores singulares) em circunferências no plano ρ. Ora
a Carta de Smith é, precisamente, uma representação do interior do cı́rculo unitário
do plano ρ onde foram sobrepostas as curvas correspondentes aos valores passivos de z
com resistência constante ou com reactância constante. A figura 3 ilustra este ponto.
(Devido a problemas em desenhar a fonte Symbol nas figuras, ρ é representado pela
letra p e o ângulo θ é representado por Q. Esta substituição de sı́mbolos vai-se manter
ao longo do documento.)
A marcação de ρ na CS é normalmente feita na sua forma radial, i.e., ρ = |ρ|ejθ onde
θ é o ângulo marcado, segundo o exemplo mostrado no plano ρ da figura 3-a), a partir
do semi-eixo real positivo, no sentido directo (contrário ao dos ponteiros do relógio).
Embora ρ pudesse ser marcado na CS através das suas coordenadas cartesianas, não
é essa a prática, uma vez que a CS não tem sequer marcas que auxiliem nesta tarefa.
Casos notáveis de ρ na carta de Smith de impedâncias são:
6
Imag. p
Plano p Plano p
Q
1
Real p
1
c.c. c.a.
Carta de
Smith
a) b)
7
• a conversão ρc → ρg é feita rodando ρc de θ graus no sentido retrógado (ou dos
ponteiros do relógio) denominado sentido do gerador.
Sentido do Sentido da
gerador carga
pg
pc
pc
pg
5.1 Admitâncias na CS
Se invertermos
1+ρ
z=
1−ρ
8
e atendermos a que y = 1/z obtém-se
1−ρ 1 + (−ρ) 1 + ρy
y= = =
1+ρ 1 − (−ρ) 1 − ρy
que permite escrever, também
y−1
ρy = −ρ =
y+1
Note que é colocado y no ı́ndice superior do factor de reflexão (ρy ) quando este
se refere à carta de admitâncias. Assim, diferencia-se este de ρ e evita-se confusões.
Obviamente, se fôr ρy que é marcado na CS, os valores lidos na grelha da carta são
valores de admitância normalizada.
Tomando em conta as anteriores equações, verifica-se que a CS permite facilmente
obter o valor da admitância a partir da impedância ou vice-versa. Uma vez que mul-
tiplicar um complexo por −1 significa rodá-lo de ±1800 no plano de Argand, infere-se
de imediato o procedimento de transformação z → y e y → z exemplificado na figura 5.
Nesta figura, sabe-se o valor de z1 e calcula-se o valor de z2. Conhece-se também y2, o
que permite calcular z2. Note que o ponto médio das setas cai exactamente sobre o
centro da carta de Smith.
z1
z2
y2
y1
EXEMPLO EXEMPLO
Vai-se utilizar valores concretos (aproximadamente) para as admitãncias e impedâncias
representadas na figura 5. Assume-se que a resistência de normalização é R0 = 50Ω.
• Se z1 ≈ (15 + j60)/50 = 0.3 + j1.2, então y1 ≈ 0.2 − j0.8 = 50(4 − j16) × 10−3 ;
• Se y2 ≈ 2 − j4 = 50(40 − j80) × 10−3 , então z2 ≈ 0.1 + j0.2 = (5 + j10)/50.
FIM FIM
9
circuito-aberto estão trocadas, relativamente àquelas assinaladas na carta de
Smith de impedâncias mostrada na figura 3-b).
10
Sentido
da carga zg,pg
b)
a)
yg,pyg
carga do troço de linha que se pretende dimensionar é Zc = R0 //jXs . Como o stub está
em paralelo, é conveniente tomar a carga como admitância, ou seja, Yc = G0 + jBs onde
G0 = 1/R0 e Bs = −1/Xs (atenção a esta troca de sinal!) Normalizando estas imitâncias
relativamente a R0 , conclui-se que zc = 1//jxs e yc = 1 + jbs , onde bs = −1/xs .
zc=1/yc=1//jxs
= 1/(1+jbs) Ro
zg=1/yg linha linha infinita
Ro Ro
d_t
jXs
d_s Ro
stub
c.c. ou c.a.
11
Vai-se agora rodar ρyg = pyg no sentido da carga, seguindo a circunferência a
tracejado centrada na origem (como se viu, um percurso na LT corresponde a rodar
ρg ou ρyg = pyg, no sentido da carga, sobre uma circunferência centrada na origem)
até se atingir o locus do FR ρyc , correspondente à admitância de carga (circunferência a
cheio). São visı́veis duas soluções para ρyc , denominadas pyc1 e pyc2. Arbitrariamente é
escolhida a primeira, pyc1. Assim, o comprimento da linha dt corresponde à rotação de
pyg até pyc1 (ou de ρyg até ρyc1 ) em unidades de comprimento de onda.
Para sintetizar o stub da carga parte-se do valor da sua admitância, que corresponde
à susceptância jbs do ponto pyc1. Esse stub está assinalado por jbs na circunferência
externa da CS de admitâncias. Poder-se-ia sintetizá-lo de imediato na carta de ad-
mitâncias, mas optou-se por fazê-lo transformando-o primeiro para impedância, a que
corresponde o ponto no alto da CS denominado jxs. Rodando no sentido da carga,
atinge-se c.c.z (curto-circuito na CS de z) pelo que o stub é do tipo ’curto-circuito’ e
tem um comprimento ds .
jxs
Sentido do
gerador
d_s
pyc2
pg
0.5 1 2 c.a.z
c.c.z
pyg
pyc1
locus de pyc
jbs (yc=1+jbs)
d_t
12
0
mitâncias, temos ρyg ≈ 0.4e−j143 e yg ≈ 0.48 − j0.27. Rodando ρyg no sentido da carga,
intersecta-se a circunferência de admitâncias yc = 1+jbs no ponto ρyc1 ≈ 0.4e−j65 ou seja
0
yc1 ≈ 1 − j0.9. Esta rotação de | − 143 − (−65)| = 780 dá o comprimento dt = (39/360)λ
da linha de transmissão.
Quanto ao stub, a partir de yc1 sabe-se que bs = −0.9, o que equivale a uma reactância
0
xs ≈ 1.1. Esta corresponde a um FR do stub ρs ≈ ej84 (ponto jxs na CS). Rodando
no sentido do c.c.z, este é atingido após uma rotação de 960 , pelo que ds = (48/360)λ.
Repete-se que estes valores estão aproximadamente de acordo com aqueles marcados
(grosseiramente) na figura 8.
FIM FIM
Zc=Rc
zg =Ro4*Ro4/Ro
Ro
linha linha infinita
Ro Ro4 Ro
d_t lambda/4
13
d_t
Sentido da carga
pg
0.5 1 2 c.a.z
c.c.z
pc1 pc2
na figura ρc1 e ρc2) são ρc = ±|ρg | e correspondem a duas resistências zc1 = rc1 =
(1 − |ρg |)/(1 + |ρg |) e zc2 = rc2 = (1 + |ρg |)/(1 − |ρg |). Como rc1 < 1, este será o ponto
de intersecção no lado esquerdo da CS, e rc2 corresponderá à solução no lado direito da
CS. O comprimento dt da linha de transmissão corresponde à rotação de ρg até um dos
pontos da CS correspondentes a rc1 ou a rc2 . No exemplo da figura 10 corresponderia a
rc1 .
Ora a resistência de carga é zc = rc = (R04 )2 /(R0 )2 , pois Zc = Rc = (R04 )2 /(R0 ) na
0
entrada de um transformador de λ/4, como se viu anteriormente. As soluções R04 de
0 2 2 00 00 2 2
(1 − |ρg |)/(1 + |ρg |) = (R04 ) /(R0 ) e R04 de (1 + |ρg |)/(1 − |ρg |) = (R04 ) /(R0 ) são as
duas soluções possı́veis para a resistência caracterı́stica do transformador R04 .
EXEMPLO EXEMPLO
Utiliza-se os dados do exemplo anterior e resolve-se o problema para a solução ρc1
0
da figura 10. Partindo de ρg ≈ 0.4ej37 , efectua-se uma rotação, no sentido da carga, de
180 − 37 = 1430 até se atingir ρc1. Isto corresponde a um comprimento do troço inicial
da linha dt = (71.5/360)λ.
Atendendo ao que se disse na discussão desta técnica de sı́ntese, zc1 = rc1 = (1 −
|ρg |)/(1 + |ρg |) resulta em rc1 = (1 − 0.4)/(1 + 0.4) ≈ 0.43, o que conduz a Rc1 = 21.5 Ω
partindo do√princı́pio de que R0 = 50 Ω. Da equação do transformador de λ/4 retira-se
que R04 = Rc1 R0 = 32.8 Ω, o que resolve o problema.
FIM FIM
14
5.5 Sı́ntese com elementos concentrados
A CS pode ajudar na sı́ntese com elementos concentrados, não somente na sı́ntese com
LTs. Inclusive, não há nenhuma razão para não misturar num mesmo projecto elementos
concentrados com elementos distribuı́dos. A tı́tulo de exemplo vai-se modificar a sı́ntese
com linha e stub, ilustrada nas figuras 7 e 8, para utilizar um elemento concentrado
reactivo (bobine) em vez do stub. O resultado encontra-se na figura 11.
zc=1/yc=1//jxs
= 1/(1+jbs) Ro
zg=1/yg linha linha infinita
Ro Ro
d_t
jXs
L
Figura 11: Sı́ntese de zg com linha e elemento concentrado reactivo (bobine, neste caso).
EXEMPLO EXEMPLO
0
Mais uma vez, vai-se sintetizar ρg ≈ 0.4ej37 (o mesmo utilizado nos elementos
anteriores) com uma linha e com um elemento reactivo. O projecto da linha mantém-se
inalterado, sendo válido o anterior resultado dt = (39/360)λ. Para substituir o stub pelo
elemento reactivo, é necessário que este corresponda a uma reactância jxs ≈ j1.1. Como
esta é positiva, o elemento apropriado é uma bobine. Ora jXs = jωL = j50×1.1 = 55 Ω
(reactivos), donde se retira que L = 55/ω. Se fôr feita a hipótese de que f = ω/(2π) = 2
GHz, conclui-se que L ≈ 4.3 nH.
FIM FIM
Para terminar este documento vai-se ilustrar a sı́ntese de redes básicas de adaptação
a uma linha infinita com elementos concentrados reactivos.
15
seguintes igualdades válidas para quantidades normalizadas:
à !
1 1 b1
zg1 = rg1 + jxg1 = jx1 + za1 = jx1 + = 2
+ j x1 −
1 + jb1 1 + b1 1 + b12
1 1 x2
µ ¶
yg2 = gg2 + jbg2 = jb2 + ya2 = jb2 + = 2
+ j b2 −
1 + jx2 1 + x2 1 + x22
Nestas igualdades pode-se inferir de imediato casos em que não existe solução.
Lembre-se que todas as incógnitas são reais, pois em última instância conduzem a valo-
res de reactâncias ou de susceptâncias. Assim, por exemplo, na primeira das equações
vê-se que:
1
rg1 =
1 + b12
o que implica que só é possı́vel efectuar a sı́ntese com a configuração da figura 12-a) se
0 < rg1 < 1; se rg1 > 1, esta equação não tem solução b1 real possı́vel. O mesmo tipo
de consideração pode ser feita relativamente a gg2 e a 1/(1 + x22 ).
jX1 jX2
jB1 jB2
a) b)
Finalmente, vai-se explicar como é possı́vel efectuar a sı́ntese com a CS com as redes
ilustradas na figura 12. Supõe-se que são conhecidos os valores de zg = Zg /R0 ou
yg = Yg R0 pretendidos, e que se dimensiona x1 e b1, ou x2 e b2.
Discute-se apenas a configuração da figura 12-a). Um exemplo de sı́ntese com esta
configuração encontra-se na figura 13. A configuração da figura 12-b) é projectada com
o mesmo raciocı́nio, trocando-se admitâncias por impedâncias e vice-versa, na discussão
do circuito da figura 12-a) que se segue.
o que significa que o deslocamento de za1 para zg1 é feito sobre uma curva de
resistência constante da CS de impedâncias. Observe o trajecto za1 0 → zg
na figura 13. Conclui-se que zg1 e za1 estão sobre a mesma circunferência de
resistência. Naquela figura esta é a circunferência desenhada com traço grosso e
a cheio onde se localiza zg1.
16
jxg1
jxa1' Carta Z
zg1
ya1''
za1'
za1''
ya1'
za1=1/ya1
ya1=g0+jb1
jb1'
• A outra solução, a partir de za100 , resultava numa bobine em série jωL00 = jR0 x100 ,
com x100 = xg1 − xa100 e num condensador cuja susceptância jωC corresponderia
à susceptância da solução ya100 na figura 13, i.e., jωC = jb100 /R0 (note que jb100
não está assinalada na figura).
17
mente aos pontos assinalados na figura 13.
EXEMPLO EXEMPLO
Vai-se considerar f = 2 GHz e R0 = 50 Ω. Considera-se Zg ≈ 25 + j90 Ω, ou seja,
zg ≈ 0.5 + j1.8. Fazendo a intersecção do locus de za1 com a circunferência da CS
de impedâncias correspondente a rg = 0.5, localiza-se as soluções za10 = 0.5 + j0.5 e
za100 = 0.5 − j0.5. Invertendo estas impedâncias, calcula-se ya10 = 1 − j1 e ya100 =
1 + j1. As duas reactâncias em série correspondentes às duas soluções possı́veis são
x10 = 1.8 − 0.5 = 1.3 e x100 = 1.8 − (−0.5) = 2.3. As duas susceptâncias em paralelo
correspondentes às duas soluções são b10 = −1.0 e b100 = 1.0. Os elementos concentrados
serão calculados da seguinte forma:
• x100 = 2.3 → X10 = 50 × 2.3 = 115 → ωLs00 = 115 → Ls00 = 115/(2π × 2 × 109 ) =
9.15 nH.
• b100 = 1.0 → B10 = 1/50 → ωCp00 = 1/50 → Cp00 = 1/(50ω) → Cp00 = 1/(50 ×
2π × 2 × 109 ) = 1.59 pF.
Assim, as duas soluções possı́veis para o problema ilustrado na figura 13-a) são:
• Uma bobine Ls0 = 5.17 nH, em série, e uma bobine Lp0 = 3.98 nH, em paralelo;
• Uma bobine Ls00 = 9.15 nH, em série, e um condensador Cp00 = 1.59 pF, em
paralelo.
FIM FIM
6 Conclusões
Neste documento, discutiu-se e exemplificou-se a utilização da carta de Smith como
auxiliar de projecto de circuitos distribuı́dos e concentrados utilizados amiúde em elec-
trónica de RF e microondas. Existem muitas outras aplicações da CS que não são aqui
discutidas: por exemplo, a sı́ntese (ou adaptação) de cargas, não a uma única frequência,
mas sim numa dada gama (ou banda) de frequências. Outra aplicação não focada é o
projecto com linhas de transmissão não ideais, i.e. com perdas (ou atenuação), em que
a CS serve de auxiliar precioso.
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A Demonstração de que ρg = ρc e−2jβd a partir de
zg (zc)
Como se disse, a equação zg (zc ) da LT ideal é:
zc + j tan βd
zg =
1 + jzc tan βd
Desenvolvendo
zc cos βd + j sin βd zc (ejβd + e−jβd ) + (ejβd − e−jβd )
zg = = jβd
cos βd + jzc sin βd (e + e−jβd ) + zc (ejβd − e−jβd )
onde foram aplicadas as fórmulas de Euler cos x = (ejx + e−jx )/2 e cos x = (ejx −
e−jx )/(2j). Uma vez que z = (1 + ρ)/(1 − ρ) tem-se
e, simplificando
1 + ρg 2 ejβd + 2 ρc e−jβd 1 + ρc e−j2βd
= jβd =
1 − ρg 2 e − 2 ρc e−jβd 1 − ρc e−j2βd
Comparando os dois membros exteriores desta igualdade, retira-se imediatamente
que
ρg = ρc e−j2βd
q.e.d.
Referências
[1] ”Microwave Datamate”, Marconi Instruments Limited, 1984.
[5] Bahl, Bhartia, ”Microwave Solid State Circuit Design”, Wiley, 1988.
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