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Teste de Português
CURSO PROFISSIONAL - 12.º ano
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Grupo I
A
Lê o poema.
PEDROUÇOS1
Eu era assim
10 E todas as crianças deste mundo
Assim foram antes de mim.
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3. Atendendo ao assunto do poema, apresenta uma possível interpretação do
título.
B
Lê o soneto de Antero de Quental. Se necessário, consulta as notas.
CONSULTA
(A Alberto Sampaio)
1. entristecidas; 2. doloroso.
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Grupo II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.
Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.
Lê atentamente o texto.
1 Gostava de ter sido ator. Passei grande parte da infância a falar sozinho, numa
conversa a várias vozes. Ainda o faço, de vez em quando, mas já não em voz alta. O
palco em que as minhas várias personagens se confrontam é agora silencioso. Aprendi,
de tantas vezes mo terem repetido, que “os malucos é que falam sozinhos”; e depois de
5 ler a famosa primeira frase d' Os Passos em Volta, de Herberto Helder, no final da
adolescência, decidi – de forma consciente e solene, em diálogo comigo próprio – que não
queria enlouquecer.
Dois dos lemas que me têm acompanhado ao longo da vida escondem mal um desejo
permanente de transfiguração; ser outro, uma vez por outra – não é isso um ator? Em
10 ambos os casos, os responsáveis são poetas: Rimbaud1 e Whitman2. A primeira dessas
frases tutelares é um parêntesis do Canto de Mim Mesmo: “(I am large, I contain
multitudes.)3”. Fernando Pessoa entendeu-o de forma radical, encenando a partir daqui o
seu drama em gente, num espelho quebrado de que ainda andamos a tentar apanhar os
cacos. Em Saudação a Walt Whitman, a dívida de Pessoa é saldada por Álvaro de
15 Campos: “Tu sabes que eu sou Tu e estás contente com isso”.
Foi a poesia, antes da psicanálise, que nos tornou conscientes desta perturbante
verdade existencial: somos múltiplos, habitados por heróis e vilões que se digladiam em
silêncio dentro de nós. O poeta latino Terêncio escreveu no século II a.C. [...]: “Sou
homem: nada do que é humano me é estranho”. Quase dois milénios mais tarde, outro
20 poeta, Teixeira de Pascoaes, alargaria ainda mais o espetro de possibilidades humanas:
“Eu sou todas as criaturas e todas as cousas. Eu, na verdade, não sou eu”.
O que não temos dentro de nós, experimentamo-lo por empréstimo. Ouvimos os
outros, reais ou imaginários, para vivermos outras vidas, escapando momentaneamente à
nossa. Desdobramo-nos em incontáveis existências paralelas na permanente vertigem de
25 ficção que saciamos, melhor ou pior, com literatura, cinema, telenovelas, noticiários,
entrevistas, reportagens, conversas de café e mexericos. Com maior ou menor
consciência disso, eu é outro. Até a gramática se opõe a uma afirmação tão escandalosa.
[...]
Somos grandes, contemos multidões. Somos, cada qual à sua maneira, depósitos de
30 histórias verdadeiras e inventadas, mas também fabricantes de realidades fantasmáticas:
sonhos, fantasias e alucinações. Temos fantasmas tão educados que adormecemos no
seu ombro. É também assim que nos reinventamos: plagiando. Absorvemos modas,
modelos e tendências – o zeitgeist4; mas igualmente máximas e ideias e versos que nos
conduzem ao que não sabemos dizer.
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MARQUES, Carlos Vaz, 2016. “Editorial”. Granta, n.º 7, maio de 2016 (pp. 7-8)
1. poeta francês do século XIX; 2. poeta norte-americano do século XIX, precursor do movimento do
Futurismo (início do século XX) e frequentemente considerado o introdutor do verso livre na poesia; 3. “Eu
sou grande, eu contenho multidões”; 4. termo alemão que significa “espírito da época”.
1. A transcrição de palavras de William Shakespeare, no início do texto,
constitui, enquanto manifestação de intertextualidade, uma
(A) alusão.
(B) epígrafe.
(C) paráfrase.
(D) paródia.
4. As formas verbais “plagiando” (l. 30) e “Absorvemos” (l. 30) remetem, no final
do texto, para a ideia de
(A) imitação acrítica.
(B) inspiração.
(C) cópia literária.
(D) ficção.
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(D) subordinada substantiva completiva, no primeiro caso, e subordinada
adverbial consecutiva, no segundo caso.
7. As expressões “por Álvaro de Campos” (l. 13) e “com isso” (l. 14)
desempenham as funções sintáticas de
(A) complemento do adjetivo e complemento do nome, respetivamente.
(B) complemento agente da passiva e complemento do adjetivo,
respetivamente.
(C) complemento do adjetivo e modificador, respetivamente.
(D) complemento oblíquo e predicativo do complemento direto, respetivamente.
Grupo III
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta
como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2017/).
2. Desvios dos limites de extensão indicados implicam uma desvalorização.
Cotações
Grupo Item
Cotação (em pontos)
1. a 5.
I 5 x 20 pontos 100
1. a 10.
II 10 x 5 pontos 50
Item único
III 50
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TOTAL 200
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