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MORFOLOGIA

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EXPEDIENTE

Uníntese | Uníntese Virtual

Pedro Stieler
Diretor

Maria Bernardete Bechler


Vice-Diretora

Carmem Regina dos Santos Ferreira


Gestora de Marketing

Roberto de Oliveira
Gestor Administrativo

Wiltom Dourado
Gestor Acadêmico

Maria Bernardete Bechler


Texto

Aline Madrid
Flávia Burdzinski de Souza MORFOLOGIA
Designers Educacionais

- 2016 -
Direitos Autorais reservados à UNÍNTESE

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III MORFOLOGIA

Maria Bernardete Bechler 1

Ao estudarmos as palavras de uma língua, certamente aparecerão os


termos: “léxico” e “morfemas”, pois são termos técnicos que pertencem ao campo
dos estudos das línguas naturais.

3.1 O Léxico de Uma Língua

Léxico é conjunto de todas as palavras com significado de uma língua


natural. É um sistema aberto, em constante mudança. Os avanços nas
especialidades em diferentes áreas, a exemplo da comunicação, da ciência, da
tecnologia, da medicina, da economia, da política, e tantas outras áreas, exigem a
criação de novas palavras, ampliando as possibilidades de comunicação e
interação entre as pessoas e, consequentemente, do léxico de uma língua.

Assim, as necessidades de comunicação, as mudanças nos costumes,


comportamentos, descobertas científicas, tecnológicas, eventos culturais,
contribuem para criar e recriar novas palavras ou novos sinais. Segundo Sandmann
(1997, p.22-24), existem três principais recursos de que se serve uma língua para
ampliar seu vocabulário:
1
Possui especialização em Supervisão Escolar, em Filosofia da Educação e em Coordenação de Práticas e Processos
Pedagógicos. Graduação em Letras pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e
graduação em Letras pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Atualmente é professora
visitante da Universidade Tuiuti do Paraná e vice-diretora da UNÍNTESE. Tem experiência na área de Educação, com
ênfase em educação, ensino e aprendizagem e elaboração de projetos.

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1. O principal recurso que é o da formação de palavras a partir de


palavras/morfemas preexistentes
2. Os empréstimos de outras línguas – este item será explicado logo
abaixo.
3. "Criação por assim dizer, do nada" –(ex: tititi, diz-que-me-diz).

3.1.1 O recurso dos Empréstimos Linguísticos

A influência que outras línguas exercem sobre o português, por exemplo,


é chamada de empréstimos linguísticos. A convivência proporcionada por
situações de contato linguístico facilita a interação de comunidades linguísticas
diferentes, nas quais membros de uma comunidade interagem com membros de
outra, proporcionando a incorporação de novos vocábulos.

Os empréstimos linguísticos ocorrem através da convivência física


cotidiana, das relações comerciais, culturais, através do contato com livros e
outras publicações, filmes, letras de música, uso de utensílios, equipamentos e
recursos científicos e tecnológicos entre usuários de línguas diferentes. A Língua
Portuguesa tem amplo repertório de palavras de origem indígena, africana, alemã,
italiana, espanhola, francesa, inglesa. Alguns exemplos: Paraíba, ipê, jequetibá,
turismo, bife, site, xampu, espaguete, namorado, hamburguer, junco.

Os empréstimos linguísticos muitas vezes são compreendidos como


formas de dominação política, econômica, cultural; de dominação de um povo em
relação ao outro, justificando-se as resistências ao uso e inserções de
determinadas palavras no léxico de uma língua. No entanto, uma língua é viva,
dinâmica e tem caráter inovador, características fundamentais para a sua evolução
tanto no âmbito interno de uma comunidade ou país, quanto no âmbito
internacional, o que somente acontece se a língua responder às necessidades de
efetiva comunicação de seus usuários.

3.1.2 A Formação das palavras na Língua Portuguesa

Nos estudos linguísticos, a Morfologia é a área que estuda a estrutura


interna da palavra. Vamos lembrar o estudo do signo linguístico: signos são
unidades linguísticas que têm significado. Vejamos a palavra maçã: é um signo
linguístico porque tem significado. A palavra maçã não pode ser dividida em
unidades menores com significado, ela forma sozinha um signo, uma palavra, um
morfema. A palavra carta também é um morfema na língua portuguesa, pois

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quando ouvimos a palavra, compreendemos o que ela significa. Já com a palavra


carteiro podemos dizer pode ser dividida em três unidades menores: cart-eir-o:
cart (carta) e eir (que significa quem atua na entrega de cartas) e o (que indica o
gênero masculino). Podemos, através do exemplo, definir que na palavra carteiro
temos três morfemas. Constatamos que cada um dos morfemas que compõem a
palavra carteiro tem um significante e um significado. Assim conceituamos
morfema como “(...) a menor unidade linguística que tem um significante e um
significado” (Viotti, 2008, p. 53).

Nos exemplos acima, vimos que os morfemas maçã e carta, não precisam
de outros morfemas para que possamos compreender o seu significado, esses
morfemas são chamados de morfemas livres. Outros exemplos de morfemas
livres: bem, mal, papel, parede e tantos outros morfemas que sozinhos constituem
uma palavra.

Agora vamos observar com atenção os morfemas que seguem: pedra,


pedrada, pedreiro, pedraria, pedregulho. Na série de palavras, vimos que o
morfema pedr é comum à todas as palavras. Pedr é a base de significação da série
de palavras, esse morfema que é a raiz, a partir do qual se formam diferentes
palavras é chamado de radical. Os morfemas que precisam se juntar a outros
morfemas para formar uma palavra, são chamados de morfemas presos.

Em português, os morfemas presos podem se chamar de prefixos ou


sufixos. Os prefixos são os morfemas presos que estão na frente do radical como,
por exemplo: in. des, re, i, a, anti, super. Exemplos de palavras formadas por
prefixos: superinteressante, supermercado, supersônico; ilegal, invisível,
deselegante, descascar, amoral, redescobrir, antimofo. Assim sendo, vimos que
podemos constituir uma nova palavra acrescentando um morfema em frente ao
radical, como o exemplo i-moral = imoral.

Por outro lado, quando um morfema preso aparece no fim de outro


morfema, depois do radical, chamamos de sufixo. Exemplo: mundano
(mund+ano); mundaréu (mund+aréu); livraria (livr+aria); sapataria (sapat+aria). Os
sufixos podem formar uma nova palavra a partir do radical (pedraria= pedr+aria).
Nos exemplos acima os sufixos se originam do morfema raiz, são derivados.
Quando isto acontece são chamados de sufixos derivacionais.

Os sufixos podem ser de dois tipos: derivacionais e flexionais. Os


derivacionais são os sufixos que se agregam ao radical para formar uma nova
palavra. Os flexionais “apresentam informações gramaticais” (PETTER, 2008, p.
69).

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Quando os sufixos não formam uma palavra nova, porém indicam se a


palavra é do gênero masculino ou feminino; se está no plural ou no singular; se
está no tempo presente, pretérito, futuro; no modo indicativo, subjuntivo,
imperativo, indicam a que pessoa se refere (eu, tu, ele, nós, vós, eles), enfim,
esses sufixos se chamam de sufixos flexionais. Exemplo de sufixos flexionais: no
par de palavras: velh-o/ velh-a, os sufixos o e a indicam as diferenças de gênero o
masculino e a feminino. Na palavra velhos= velh-o-s temos três morfemas: velh
que é o radical, o que indica a flexão de gênero masculino, s que indica a flexão de
número.

Como exemplos de sufixos flexionais apresentamos a flexão do verbo


plantar no quadro abaixo:

Morfema de Morfema de
Pronome Radical modo/tempo/ número e
aspecto pessoa
Eu Plant- -asse- Ø

Tu Plant - -asse- -s

Ele/Ela Plant -asse- Ø

Nós Plant- -asse - -mos

Vós Plant- -asse- - eis

Eles/Elas Plant- -asse- -m

Radical + Sufixos

No quadro acima o morfema plant- não sofre variações, é o radical. O


morfema -asse- indica o tempo, do modo e aspecto, que também não sofreu
alterações. Os sinais Ø indicados na primeira e terceira pessoa do singular
significam a ausência de qualquer segmento que indique a marca que expressa a
pessoa e o número, como é o caso das marcas indicadas pelos morfemas - s
(segunda pessoa do singular), - mos (primeira pessoa do plural), - eis (segunda
pessoa do plural) e - m (terceira pessoa do plural).

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Para facilitar a compreensão da morfologia derivacional e da morfologia


flexional, apresentamos o quadro que segue:

MORFOLOGIA DERIVACIONAL MORFOLOGIA FLEXIONAL


(Novas palavras) (Diferentes formas de uma mesma palavra)
Colhi
Banana Colheste
Bananeira Colheu
Bananal Colhemos
Bananada Colhestes
Colheram

3.2 O Estudo da Morfologia das Línguas de Sinais

A LIBRAS, como todas as línguas orais ou de sinais, possui um léxico,


apresentando categorias lexicais ou classes de palavras, a exemplo do nome,
verbo, pronome, advérbio e outros (QUADROS e KARNOPP, 2004)

O Léxico da Língua Brasileira de Sinais

Estudos desenvolvidos por Brentani e Padden (apud QUADROS &


KARNOPP, 2004) sobre as LS (Língua de Sinais), o léxico da Língua Brasileira de
Sinais pode ser assim estruturado:

Numa proposta para análise da estrutura do léxico da Língua Japonesa,


Itô e Mester (apud QUADROS e KARNOPP, 2004, p. 89), apresentam a estrutura
núcleo-periferia que é assim constituída: o vocabulário nativo existe
primeiramente no núcleo (os sinais considerados com boa formação fonológica e

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morfológica), na periferia encontra-se o vocabulário estrangeiro, os sinais não-


nativos, em que somente alguns se enquadram nas normas de boa formação dos
sinais.

No esquema ilustrativo também aparecem sinais formados através da


soletração manual. O alfabeto manual, chamado de datilologia, é usado para
expressar nomes de pessoas, cidades, estados, países e outras palavras que não
existem na LIBRAS.

T- E – L- E – S – C- Ó- P – I - O

Considera-se empréstimo linguístico uma palavra da Língua Portuguesa


que passa a fazer parte do léxico da LIBRAS, sendo expressa através de sinais
soletrados e incorporação de movimentos próprios da LIBRAS, tendo a sua
representação pela datilologia do sinal em itálicos. Exemplo: S-A-N-F-O-N-A

3.2.1 Morfologia da Língua de Sinais

Ao iniciarmos o estudo da morfologia das línguas de sinais, vamos


retomar rapidamente aspectos da morfologia das línguas orais.

Vimos que os morfemas são unidades significativas mínimas, constituídas


de significante e significado, que formam palavras através da derivação e da
flexão. O processo de derivação descreve a formação de novas palavras a partir do
acréscimo de prefixos e ou sufixos a uma raiz, como por exemplo:
folha/folhagem/folharada. O processo da morfologia flexional não forma uma
nova palavra, mas informa aspectos gramaticais da palavra estudada. Por
exemplo: cantamos: cant = radical, morfema que carrega o significado; amos=
morfema que indica que é a 1ª pessoa do plural.

A morfologia das línguas de sinais ocorre de maneira diferente da Língua


Portuguesa, constata-se, porém, que é muito comum para os usuários da língua
oral, ao analisarem os aspectos morfológicos da língua de sinais tomarem como
referência os seus conhecimentos quanto a produção e percepção (fala e audição)
das línguas orais, no entanto, os estudos linguísticos das línguas de sinais exigem
outro entendimento por se tratar de uma língua visual-espacial.

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Os principais linguistas brasileiros salientam que os estudos da morfologia


da Língua Brasileira de Sinais ainda são reduzidos, constituindo-se em um campo
aberto para a pesquisa acerca dos fatos linguísticos da morfologia.

Como se apresenta a morfologia das línguas de sinais?

No estudo da morfologia da LIBRAS, segundo Quadros e Karnopp (2004,


p. 94), há processos derivacionais e flexionais. As autoras salientam que “há um
consenso no sentido de se entender os processos envolvendo a combinação de
aglutinação e incorporação”, conforme explicação a seguir:

• Na combinação por aglutinação acontece uma organização formada


pela composição, na qual um elemento é adicionado a outro, num sistema de
concatenação;

• Na combinação por incorporação os componentes constitutivos são


incorporados no interior da palavra. Não acontece uma junção de elementos
linguísticos a uma raiz, mas sim uma troca de componentes no interior da palavra.
Logo a seguir apresentaremos esses processos mais detalhadamente.

Na formação de sinais serão estudados os aspectos a seguir


demonstrados:

Formação de Sinais/ LIBRAS


Nominação
Formação dos compostos
Derivação Incorporação

Pessoa
Número
Flexão Grau
Aspecto

3.2.2 Derivação na Língua de Sinais:

Derivação é o processo de formação de novos sinais a partir de um sinal


já existente, com muita frequência, repetindo ou mudando o parâmetro
Movimento.

Na Língua Portuguesa um processo que acontece com muita frequência é


um verbo formar um nome, ou vice-versa, somente com o emprego de um sufixo.

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Como por exemplo: vender-vendedor; guerrear-guerra; pintar-pintura; preparar-


preparação. Vimos que o verbo é utilizado para criar um nome, mudando a classe
da palavra para substantivo.

A derivação em LIBRAS consiste em “criar um novo sinal para utilizar o


significado de um sinal já existente num contexto que requer uma classe
gramatical diferente” (QUADROS e KARNOPP, 2004, p.96). Na LIBRAS esse
processo morfológico de concatenação é o que deriva nomes de verbos.

Na língua de sinais o processo de derivação em que um nome é derivado


de um verbo chama-se de nominalização. Vamos exemplificar com o modelo
utilizado por Quadros e Karnopp: O sinal SENTAR, que é um verbo, combinado
com um movimento mais curto, forma o substantivo CADEIRA.

Na LIBRAS, segundo Quadros e Karnopp (2004), um nome pode derivar de


um verbo por meio da repetição e do encurtamento do movimento desse verbo
como vemos a seguir nas imagens2:

Ao observarmos as imagens ilustrativas, verificamos que, em cada par, o


sinal à esquerda é o primitivo, o da direita é o sinal derivado. O movimento dos
nomes repete e encurta o movimento dos verbos. A locação, a configuração e a

2
Fonte: http://www.celsul.org.br/Encontros/10/completos/xcelsul_artigo%20(105).pdf

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orientação de mão são as mesmas nos dois sinais, diferem um do outro apenas
pelo movimento. O movimento modifica o significado.

Podemos perceber que na língua de sinais “CADEIRA” pode ser um


derivado de SENTAR, o que não acontece na Língua Portuguesa, expressando a
profunda diferença entre as duas línguas.

A LIBRAS apresenta um padrão regular para distinguir verbos e nomes,


conforme os pares de sinais exemplificados a seguir (QUADROS & KARNOPP, 2004,
p.100)

VERBOS SUBSTANTIVOS

Telefonar Telefone
Sentar Cadeira
Perfumar Perfume
Pentear Pente
Ouvir Ouvinte
Roubar Ladrão

Na LIBRAS, na repetição do parâmetro Movimento de um verbo tem-se


como resultado um nome, diz-se, então, que ao acrescentar um morfema a uma
base ou radical (primitivo), forma-se um novo sinal (derivado), um nome.
Exemplo: “Abrir Livro” (primitivo) e “Livro” (derivado). Esse processo recebe o
nome de reduplicação.

3.2.3 A Composição nas Línguas de Sinais

Nesta etapa do trabalho vamos estudar uma formação de novos sinais


através do processo de composição.

Na Língua Portuguesa utilizamos muitas palavras formadas pela


composição de duas ou mais bases ou radicais independentes, como por exemplo:

amor-perfeito;

passatempo;

leões-marinhos;

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pé- de- moleque;

girassol

Os exemplos acima apresentam palavras novas, formadas por outras


palavras, mas que o significado vai se modificando, se distanciando das palavras
de origem.

Como os sinais compostos são formados nas línguas de sinais?

Tendo como referência os estudos da formação de palavras pela


composição em ASL (American Sign language), os estudos de Quadros e Karnopp
(2004) descrevem que na LIBRAS o processo de composição dos sinais também se
realiza.

Segundo as autoras, baseadas em estudos de Liddel (1994), a formação


dos sinais pelo processo de composição obedecem três regras na LIBRAS: regras
do contato, regra da sequência única , regra da antecipação da mão dominante.

a) regra de contato – Muitas vezes um sinal realiza algum tipo de contato,


seja no corpo ou na mão passiva. Em compostos, o primeiro, o segundo ou o único
contato é mantido. Realizando-se conforme explicação a seguir:

• Em um sinal em que apenas o primeiro sinal apresenta contato, este


contato irá permanecer;

• Se o primeiro sinal não tem contato, mas o segundo tem, esse contato
provavelmente será mantido;

• Se ambos os sinais que formam o composto apresentarem contato, este


pode permanecer nos dois sinais ou em apenas um deles.

Como exemplo para essa regra, as autoras apresentam o composto igreja


(CASA^ CRUZ) em que os dois sinais apresentam contato na articulação do
composto:

Regra do Contato3

3
Disponível em: http://www.dicionariolibras.com.br/website/portifolio_detalhar.asp?cod=124

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b) regra da sequência única- segundo esta regra, na composição de sinais


são eliminados o movimento interno ou a repetição do movimento dos sinais
isolados, permanecendo somente um sinal.

Por exemplo: Quadros & Karnopp (2004) apresentam o sinal usado para
PAIS, que na Libras (veja imagem4) é formado pela junção dos sinais isolados PAI e
MÃE, que, quando executados isoladamente, realizam o movimento repetido,
porém, quando na formação do composto a repetição do movimento é eliminada.

c) regra de antecipação da mão não-dominante - Na combinação de dois


sinais, para formar um sinal composto, há o uso de uma mão ativa e uma mão
passiva, nesta regra, para formar um sinal composto, a mão passiva antecipa o
segundo sinal para realizar o processo de composição.

No exemplo de Quadros & Karnopp (2004, p. 105), “no sinal composto


BOA+NOITE, observa-se que a mão dominante aparece no espaço neutro em
frente ao sinalizador com uma configuração de mão que envolve o composto”.

BOA NOITE

4
Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012

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Observamos esse exemplo no sinal ACREDITAR (que é composto por


SABER E ESTUDAR) e o sinal NÃO-ENTENDER (que é formado pelos sinais SABER e
NADA)5.

3.2.4 O Processo de Incorporação nas Línguas de Sinais

Vimos que na Libras o processo de formação de novos sinais ocorre por


derivação - nominação 6 , composição dos compostos e incorporação. Já
estudamos os processos de derivação e de composição. Vamos passar agora para
o processo de incorporação.

O que se entende por processo de incorporação na formação de novos


sinais na LIBRAS?

Na LIBRAS é muito comum acontecer a incorporação de um numeral


para formar novo sinal. Nesse processo, configuração de mão que representa um
numeral se combina com um morfema preso (unidade significativa que tem
sentido isoladamente) para formar um novo sinal. Assim, o entendimento de dois
meses, três meses, pode ser realizado pela mudança de Configuração de Mão de 1
para 2, para 3. A mudança na CM estabelece a alteração no número de meses,
resultando em novo significado.

Precisamos observar que o exemplo do sinal DOIS-MESES é formado por


dois morfemas, duas partes significativas: MÊS – que é realizado pela Orientação,
Locação e Expressões Não-Manuais. O outro morfema é a Configuração de Mão
que expressa o sentido de um determinado numeral.

5
Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012
6
Nominação: “Figura pela qual se dá nome a uma coisa que não o tem” (FERREIRA, 2009, p.1407). FERREIRA, Aurélio
Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Curitiba – PR: Ed. Positivo, 2009, p. 1407.

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Salientamos que a incorporação de numeral é limitada, sendo aceito que a


Configuração de Mão pode ser mudada até quatro, a partir do cinco, o sinal é
articulado separadamente do numeral. Aplica-se esta norma para os DIAS, ANOS,
HORAS7.

Incorporação da Negação:

A negação integra a formação de alguns sinais da Libras. Para realizar a


negação, um dos parâmetros do sinal da base é alterado, em especial o parâmetro
Movimento, ocasionando o aparecimento da sua negação.

Em muitas situações a negação acontece sem a alteração de qualquer


parâmetro, somente com a expressão das sobrancelhas8.

3.2.5 Flexão nas Línguas de Sinais

Quando estudamos a flexão de palavras nas línguas orais, observamos


alterações gramaticais que indicam a pessoa, o tempo, a quantidade, o gênero e
outras informações fundamentais para a realização da comunicação através da
língua.

7
Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012
8
Fonte : IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012

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A partir desta seção, como estaremos estudando a flexão dos sinais,


vamos apresentar uma noção sobre a “Deixis”, recursos importantes na
comunicação e na compreensão de discursos de quaisquer línguas, não importa se
orais ou visos-gestuais.

Como acontece a flexão dos Sinais na Língua de Sinais Brasileira?

Para explicar a flexão nas línguas de sinais usamos como referências


Quadros & Karnopp (2004, p.111-126) e Ferreira, Lucinda (2010, p.41-51).

Segundo as autoras, a flexão dos sinais apresenta vários processos, sendo


realizados geralmente por uma mudança no parâmetro do Movimento, levando
em conta a sua direção, duração e extensão. A mudança no Movimento
representa um acréscimo à raiz do sinal.

Na LIBRAS, há um sistema pronominal composto de três pessoas do


discurso, no singular e no plural.

Em todos os casos no singular, a mão é em [G]

1ª pessoa- o indicador aponta o peito do falante;


2ª pessoa – indicador aponta para o ouvinte;
3ª pessoa – são representadas por pontos no espaço, estabelecidos
durante a fala ou pela localização da pessoa de quem se fala.
O plural é expresso através do Movimento Semicircular para a segunda
pessoa e Movimento Circular para a primeira pessoa, conforme imagens abaixo:

Uma das primeiras normas na flexão dos sinais refere-se a flexão das
pessoas nos verbos com concordância, em que os referentes são mencionados
por meio da apontação, identificando-os nos diferentes lugares no espaço,
quando não estão presentes no espaço comunicativo. Se estiverem presentes, a
apontação é feita diretamente para o(s) referente(s).

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Flexão dos sinais 9

A flexão dos verbos - Segundo Quadros & Karnopp (2004) os verbos estão
divididos nas seguintes classes:

a) Verbos simples - são verbos que não têm flexão de pessoa e número e
não incorporam afixos locativos. Alguns apresentam flexão de aspecto> Exemplos:
CONHECER, AMAR, APRENDER, INVENTAR, NADAR, ACOSTUMAR. A seguir
algumas ilustrações do verbo simples.

Os verbos simples podem incorporar pontos espaciais em determinadas


situações, como na glosa do exemplo abaixo:

IX<1> CASAd PAGARd

Nesse exemplo, o sinal de casa foi estabelecido em um ponto no espaço


(d) e o sinal do verbo foi realizado em cima deste mesmo ponto tornando a
expressão definida e específica.

b) Verbos com concordância - são verbos que se flexionam concordando


com a pessoa, número e aspecto da sentença, mas não incorporam afixos
locativos. Exemplo: DAR, ENVIAR, PERGUNTAR, DIZER, PROVOCAR, RESPONDER.
9
Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012

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Verbos com concordância apresentam a direcionalidade e a orientação. A


direcionalidade se realiza do sujeito para o objeto da sentença. Assim sendo, a
direção do movimento destes verbos irá variar de acordo com a posição das
pessoas que estão envolvidas na situação do contexto.

• RESPONDER

• RESPONDER-ME

Verbos direcionais que incorporam objeto, exemplo: TROCAR


TROCAR-SOCO/TROCAR-BEIJO/TROCAR-TIRO

d) Verbos Manuais – esse é um grupo restrito de verbos e o seu


significado só pode ser compreendido no contexto do discurso. Expressam ações
onde uma pessoa está segurando algo, usando a Configuração de Mãos.

Ex: PASSAR-ROUPA VARRER-ASPIRADOR REMAR-REMO

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e) Verbos instrumentais: são verbos que expressam ações que exigem o


uso de instrumentos. São verbos no qual o formato dos instrumentos que está
sendo usado para realizar a ação modifica o formato da Configuração de Mão. Por
exemplo: em LIBRAS o verbo cortar nunca vem isolado, ele está sempre ligado ao
instrumento que está sendo utilizado para realizar determinada ação de cortar.

Exemplo:
CORTAR-FACA CORTAR-TESOURA CORTAR-GUILHOTINA

3.2.6 A Flexão de Número nas Línguas de Sinais

Para estudar a flexão de número vamos entender como se manifesta o


singular e o plural na LIBRAS, sempre lembrando que a Libras é uma língua viso-
gestual muito diferente da Língua Portuguesa. Para tanto, buscamos referências
em três autorias: Lucinda Ferreira, Quadros & Karnopp, Cristiane Seimentz
Rodrigues e Flávia Valente.

Na LIBRAS, verbos e substantivos apresentam flexão de número. A


manifestação mais primária da flexão de número é a distinção de singular e plural.
O plural é realizado pela repetição do Movimento. Indica o singular, o dual, o trial
e o múltiplo.

Flexão dual: a ideia é expressa


• pela repetição do sinal ou
• anteposição ou posposição do número DOIS
• por um Movimento Semicircular direcionado para os dois referentes;

Flexão trial: a pluralidade é obtida


• pela repetição do sinal TRÊS vezes,
• pela anteposição ou posposição dos sinais indicativos de número.

Flexão múltipla: Segundo Klima e Bellugi (apud Quadros e Karnopp, 2004,


p. 120), a flexão múltipla é realizada em um único Movimento, inclui todos na
flexão, sem individualizar ninguém.

3.2.7 Manifestação de Quantificação ou Intensidade

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Muda-se a Configuração de Mão, aumentando o número de dedos para


obter-se uma quantidade maior ou uma intensidade maior. Poderá, também,
acrescentar-se o sinal MUITO antes ou depois do item quantificado.

Manifestação de Grau:

Para as autoras, o parâmetro Movimento se manifesta de diferentes


formas (duração, extensão, velocidade) expressando o grau de substantivos e
adjetivos.

Exemplo manifestação de grau10

Quando utilizarmos o adjetivo BONITO, podemos acrescentar duas


expressões faciais que transformam este sinal em BONITÃO (aumentativo) e em
BONITINHO (diminutivo).

Nos substantivos os graus aumentativo e diminutivo são expressos pelos


sinais MUITO/POUCO ou GRANDE/PEQUENO

Manifestação de Tempo:

Em LIBRAS o tempo de um verbo não é indicado por uma flexão como na


Língua Portuguesa (ex. plantasse, plantava).

O tempo é expresso através de locativos temporais expressando relações


espaciais.

10
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-45732013000200005

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ANTEONTEM11

• O plano vertical imediatamente em frente ao corpo do falante


representa o

Presente: HOJE, AGORA

HOJE AGORA12

• O futuro próximo é indicado por um movimento curto que se direciona


para frente do falante (AMANHÃ).

AMANHÃ13

11
Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras/
12
Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras/
13
Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras/

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• O futuro distante é expresso por um Movimento amplo que se afasta


muito do corpo do falante para frente (DAQUI A MUITO TEMPO).

• O passado é indicado por um Movimento sobre o ombro até atingir o


espaço anterior ao ouvido (ONTEM).

ONTEM14

O passado distante é expresso por um Movimento amplo que se estende


além das costas (HÁ MUITO TEMPO).

3.2.8 Manifestação para o Aspecto Verbal

O aspecto, por sua vez, poderá ser responsável pela interpretação de


uma ação como concluída ou não, se durou ou não, se se repetiu ou não.

Segundo Ferreira (2010) na LIBRAS ocorrem modulações de Movimento


dos sinais para distinguir entre os aspectos pontual, continuativo ou durativo e
interativo. Ainda coloca que na LIBRAS não há, nas formas verbais, a marca de
tempo, pois a referência temporal seria dada por itens lexicais como os sinais
adverbiais ONTEM, AMANHÃ, HOJE, SEMANA-PASSADA, SEMANA-QUE-VEM. Além
disso, esses sinais que veiculam conceito temporal, em geral, vêm seguidos de
uma marca de passado (movimento para trás), futuro (movimento para frente) ou
presente (movimento no plano do corpo).

Exemplo: O verbo VER/OLHAR

• ao indicar uma ação pontual: mão direita em [G], palma voltada para o
locutor, traçando um Movimento retilíneo, curto e rápido, para a frente, a partir
da região do olho direito e apontando para um ponto no espaço em frente do
locutor.

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Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras/

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Morfologia

MORFOLOGIA

• Trata de uma ação durativa: a mesma Configuração de Mão descrita


traça um movimento retilíneo, partindo do lado direito do olho direito apontando
para um ponto no espaço à direita do locutor, parte superior (localizado onde a
coisa ou pessoa se encontra ou deveria se encontrar). A palma da mão volta-se
para fora, acompanhada de um lance de olhos para o ponto.

• A forma continuativa se expressa através de um Movimento de contato


da ponta da mão em [V] com a região da boca e do nariz, acompanhado pela
expressão facial, frequentemente acompanha o sinal que significa MUITO TEMPO.

• O aspecto habitual acontece pela repetição do movimento do sinal


representando a ação pontual, acompanhando, às vezes, o sinal SEMPRE.

• O aspecto interativo se realiza pela repetição, duas ou mais vezes, do


sinal verbal, com a palma da mão em [V], palma voltada para frente,
acompanhada de movimentos repetidos da cabeça para frente e para baixo, no
mesmo ritmo que o dos articuladores. O acompanhamento do movimento da
cabeça é optativo.

Nota: a descrição do aspecto da LIBRAS aqui apresentada foi totalmente baseada em


Lucinda Ferreira: Por uma gramática de Línguas de Sinais. 2010, p.48 e 49.

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