Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
ISSN 0104-0073
eISSN 2447-7443
DOI 10.25188/FLT-VoxScript(eISSN2447-7443)vXXV.n1.p27-47.TATN
Licenciado sob uma Licença Creative Commons
Atribuição – Não Comercial – Sem Derivações 4.0 internacional
The myth of the populous land: an analysis of the Jewish Exile in the light of
recent historical and archaeological research
RESUMO
1
Artigo recebido em 21 de dezembro de 2016, e aprovado pelo Conselho Editorial em reunião
realizada em 08 de fevereiro de 2017, com base nas avaliações dos pareceristas ad hoc.
2
Bacharel em Teologia (Faculdade Teológica Sul Americana, 2006), Mestre em Teologia e Exposição
do Antigo Testamento (Th.M., Seminário Bíblico Palavra da Vida, 2012) e Mestrando em Ciências
da Religião, com especialização em Religião e Literatura do Mundo Bíblico, pela UMESP sob a
orientação do Dr. José Ademar Kaefer. Bolsista da CAPES. E-mail: tatn84@hotmail.com.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
28
Tiago Abdalla Teixeira Neto
ABSTRACT
In the 1990s, the scholar Hans Barstad developed the idea, initially proposed by Robert P.
Carroll, of the “Myth of the Empty Land”, in which the conception of an abandoned Jewish
territory with much of the people exiled would have been a later creation of a small Jewish
community zealous for Zion, who had returned from Babylon. According to this theory,
society in Judah continued to function normally with its peasants, artisans, merchants and
Temple officials. However, recent studies have challenged this hypothesis and indicated
— through archaeological, documentary and demographic evidence — a striking event in
the history of Israel that can be identified with the exile and destruction presented in the
Hebrew Bible. The purpose of this paper is therefore to analyze these recent findings and
researches in a panoramic way and to demonstrate how they illuminate the understanding
of what the destruction of Judah and the exile of the people of that land meant in the sixth
century B.C..
Keywords: Exile. Judah. Fall of Jerusalem. Neo-Babylonian Empire. Myth of the Empty
Land.
INTRODUÇÃO
3
Essa teoria é apresentada e defendida por TORREY, Charles C. The composition
and historical value of Ezra-Nehemiah. Giessen: J. Ricker’sche, 1896; CARROLL,
Robert P. The myth of the empty land. In: JOBLING, David; PIPPIN, Tina (Orgs.).
Ideological criticism of biblical texts. Atlanta: Scholars, 1992. BARSTAD, Hans M.
The myth of the empty land: a study in the history and archaeology of Judah during
the “Exilic” period. Oslo: Scandinavian University Press, 1996. Uma atualização da
teoria pode ser encontrada em BARSTAD, Hans M. History and the Hebrew Bible:
studies in ancient Israelite and Ancient Near Eastern historiography. Tübingen: Mohr
Siebeck, 2008, p. 90-117; CARROLL, Robert P. Exile! What exile? Deportation and the
discourses of Diaspora. In: GRABBE, Lester L. (Org.). Leading captivity captive: ‘the
exile’ as history and ideology. Sheffield: Sheffield Academic, 1998, p. 62-79.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
29
O mito da terra populosa
transmitir; (2) o exílio de Judá foi uma criação, um mito, da elite judaica que
retornou da Diáspora no governo persa.
Isto posto, este artigo busca analisar os dados literários e arqueológicos
relacionados ao período do exílio de Judá e responder a duas questões básicas:
Jerusalém sofreu, de fato, o grau de destruição apresentado nos relatos bíblicos?
O que as evidências arqueológicas têm a revelar sobre a ocorrência ou não de um
exílio/redução demográfica em Judá?
4
Para o relato babilônico sobre a batalha de Carquemis, veja WISEMAN, D. J. (Ed.).
Chronicles of Chaldean kings (626-556) in the British Museum. London: British
Museum, 1956, p. 67-69, B.M. 21946.1-11.
5
Ver o testemunho do profeta Jeremias sobre os efeitos da vitória dos babilônios sobre o
Egito em seu relato poético em Jr 46.2-12.
6
O ataque babilônio bem-sucedido contra Carquemis ocorreu entre maio e junho de
605, e a coroação de Nabucodonosor, em setembro do mesmo ano (ver LIPSCHITS,
Oded. The fall and rise of Jerusalem: Judah under Babylonian rule. Winona Lake:
Eisenbrauns, 2005, p. 37-38)
7
Tanto os nomes dos personagens da história de Israel quanto os textos bíblicos citados
seguiram a tradução da versão Almeida Revista e Atualizada.
8
PROVAN, Iain. A monarquia posterior: os reinos divididos. In: LONGMAN III, Tremper;
PROVAN, Iain; LONG, V. Philips. Uma história bíblica de Israel. São Paulo: Vida
Nova, 2016, p. 428-429.
9
PROVAN, 2016, p. 429, nota 112.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
30
Tiago Abdalla Teixeira Neto
10
Deve-se reconhecer que o número total de exilados em 2 Reis 24.14 (10.000) é distinto
de Jeremias 52.28-30 (4.600). Não há solução simples para essa diferença, embora o
primeiro número possa incluir o número de soldados (7.000) de 2 Reis 24.16 mais
a população descrita na primeira deportação de Jeremias 52.28 (3.023). Veja VEEN,
Peter van der. Sixth-century issues: the fall of Jerusalem, the Exile and the return. In:
HESS, Richard S.; ARNOLD, Bill T. (Orgs.). Ancient Israel’s history: an introduction
to issues and sources. Grand Rapids: Baker, 2014, p. 544, nota 1.
11
Há um debate se Zedequias era tio (conforme 2 Rs 24.17; Jr 37.1) ou irmão de Joaquim/
Jeconias (conforme 2 Cr 36.10). O texto de 1 Crônicas 3.15,16 sugere que Jeconias tinha
tanto um tio quanto um irmão chamados Zedequias. Dificilmente, o editor de Crônicas
faria confusão, pois tanto Jeremias e Reis indicam que Zedequias era o tio de Joaquim
(2 Rs 24.17 o chama de ּדֹוד, tio). É possível que o termo ָאח, irmão, deva ser entendido
em seu sentido mais amplo de parente (veja Gn 13.8; 14.14,16; 29.12,15, em que
sobrinhos são considerados ָאחde seus tios). “Descendentes bem distantes de um pai em
comum são chamados de irmãos. Portanto, ‘irmão’ aparece em justaposição com ‘filhos
de Israel’ (Dt 24.7). ‘Irmão’ é usado de forma mais ampla em referência ao sobrinho de
Abraão, Ló (Gn 13.8), e ao sobrinho de Labão, Jacó (Gn 29.15). Membros da mesma
tribo também são chamados ‘irmãos’ entre os levitas (Nm 16.10) e o simeonitas (Nm
25.6).” (Wolf, H., ַהָאח. In: HARRIS, R. Laird; ARCHER, Gleason L., Jr.; WALTKE,
Bruce K. (Orgs.). Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody,
1999.) Cf. KIRST, Nelson et al. Dicionário hebraico-português e aramaico-
português. São Leopoldo: Sinodal, 1987, p. 6; HOLLADAY, W. L.; KÖHLER, L. A
concise Hebrew and Aramaic lexicon of the Old Testament. Leiden: Brill, 2000, p.
8-9; BROWN, F.; DRIVER, S. R.; BRIGGS, C. The Brown-Driver-Briggs Hebrew
and English lexicon. Oxford: Clarendon, 1977, p. 26; JENNI, Ernst. ָאח. In: JENNI,
Ernst; WESTERMANN, Claus. Theological lexicon of the Old Testament. Peabody:
Hendrickson, 1997, p. 73-77; SCHÖKEL, Luis Alonso. Dicionário bíblico hebraico-
português. São Paulo: Paulus, 1997, p. 39, itens 2 e 3; LONGMAN III, Tremper. O
Exílio e o período posterior. In: LONGMAN III; PROVAN; LONG, 2016, p. 432-433,
nota 7.
12
Há debate se foi em 586 ou em 587 que Jerusalém e o templo caíram e foram destruídos
pelas mãos dos babilônios. Para uma análise das posições e uma proposta de solução,
veja EDWARDS, Ormond. The year of Jerusalem’s destruction: 2 Addaru 597 B.C.
reinterpreted. In: Zeitschrift für die Alttestamentliche Wissenschaft, v. 104, n. 1,
1992, p. 101-106.
13
NICOL, T. Captivity. In: ORR, James. The international standard Bible encyclopedia.
Grand Rapids: Eerdmans, 1939 (edição eletrônica).
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
31
O mito da terra populosa
14
MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2001, p. 497-498.
15
Ver a conclusão de Hans M. Barstad sobre os fatos históricos que podem ser extraídos
das passagens bíblicas: Nabucodonosor conquistou Jerusalém e outras cidades de Judá,
saqueando-as e levando parte da população da capital — ele não menciona a destruição
do templo ou do palácio real (BARSTAD, Hans M. After de “myth of empty land”:
major challenges in the study of Neo-Babylonian Judah. In: BLENKINSOPP, Joseph;
LIPSCHITS, Oded. Judah and the Judeans in the Neo-Babylonian period. Winona
Lake: Eisenbrauns, 2003, p. 6).
16
TORREY, Charles C. The composition and historical value of Ezra-Nehemiah.
Giessen: J. Ricker’sche, 1896, p. 54-55, nota 2. Hans M. Barstad segue uma tese
parecida com a de Torrey, ao propor que a destruição em Jerusalém, apesar de ter sido
violenta, não foi generalizada (ver BARSTAD, 2008, p. 104-117).
17
Ver O’CONNOR, Kathleen M. The book of Jeremiah: reconstructing community after
disaster. In: CARROLL, M. Daniel; LAPSLEY, Jacqueline E (Eds.). Character ethics
and the Old Testament: moral dimensions of Scripture. Louisville: Westminster John
Knox, 2007, p. 84. Embora Kathleen M. O’Connor não rejeite o desastre que ocorreu
em Jerusalém, ela sugere que o foco de Jeremias está em recriar de forma poética o
que ocorreu em 586, ou seja, os aspectos retóricos literários da obra são centrais, e
as informações historiográficas, secundárias: “De fato, eu assumo que, em sua forma
final, o livro é uma tapeçaria simbólica, um mundo metafórico, um rico guisado de
sentido que surge da queda da nação” (p. 82). De forma diferente, Lipschits afirma que
a biografia de Jeremias (Jr 37—43.7) “oferece informação confiável e importante que
reitera fatos conhecidos e também fornece informação adicional” (LIPSCHITS, 2005,
p. 75).
18
LIPSCHITS, 2005, p. 72.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
32
Tiago Abdalla Teixeira Neto
19
SCHNIEDEWIND, William M. Como a Bíblia tornou-se um livro: a textualização
do antigo Israel. São Paulo: Loyola, 2011, p. 193, 201; LONGMAN III, 2016, p. 434-
435; KAISER Jr., W. C. Grief and pain in the plan of God: Christian assurance
and the message of Lamentations. Fearn: Christian Focus, 2004, p. 27. Ver também
SMITH, Mark S. O memorial de Deus: história, memória e a experiência do divino no
Antigo Israel. São Paulo: Paulus, 2006, p. 99-101. As marcas profundas do sofrimento
causado pelo exílio estão bem presentes no texto: “Devido à natureza emocionalmente
carregada dos lamentos sobre a destruição de Jerusalém, o autor foi, provavelmente,
uma testemunha ocular da queda da cidade. É quase universal a opinião de que o livro
foi escrito em 587 a.C., quando os eventos ainda estavam vívidos na memória do autor.”
(HUEY, F. B. Jeremiah, Lamentations. Nashville: Broadman & Holman, 1993, p.
444).
20
LIPSCHITS, 2005, p. 112 (cf. p. 82).
21
ODED, B. Where is the “myth of empty land” to be found? History versus myth. In:
LIPSCHITS; BLENKINSOPP, 2003, p. 65.
22
Em relação a Jeremias 39 e 2 Reis 25, ver ALBERTZ, Rainer. Israel in exile: the history
and literature of the sixth century B.C.E. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2003, p.
5, nota 3; Lipschits parece defender a precedência do relato de 2 Reis 25 sobre Jeremias
52 (ver LIPSCHITS, 2005, p. 300, 336-338).
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
33
O mito da terra populosa
23
Ver FRIED, Lisbeth S. The land lay desolate: conquest and restoration in the Ancient
Near East. In: LIPSCHITS; BLENKINSOPP, 2003.
24
LIPSCHITS, 2005, p. 72.
25
Quanto à biografia contida no livro de Jeremias, ver LIPSCHITS, 2005, p. 312ss.
26
Para apoio ao acréscimo do mês no texto 2 Reis 25, como informação perdida no
processo de transmissão textual, ver MONTGOMERY, James. A critical and exegetical
commentary on the book of Kings. Edinburgh: T & T Clark, 1951, p. 561. Entre os
estudiosos, a posição predominante é a de que o texto de Jeremias 52 antecedeu o de
Jeremias 39, embora não se possa afirmar que o primeiro tenha sido a única fonte do
segundo (ver ALLEN, L. C. Jeremiah: a commentary. Louisville/London: Westminster
John Knox, 2008, p. 418)
27
Em apoio a uma brecha no muro da cidade, ver MALAMAT, A. The last kings of Judah
and the fall of Jerusalem: an historical-chronological study. In: Israel Exploration
Journal, v. 18, n. 3, 1968, p. 153,155; WISEMAN, Donald D. 1 e 2 Reis: introdução e
comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006, p. 271.
28
LIPSCHITS, 2005, p. 79.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
34
Tiago Abdalla Teixeira Neto
29
Para o sentido de raḇ ver BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 913; HOLLADAY;
KÖHLER, 2000, p. 330.
30
Nesta parte do relato, o autor usa o tempo de reinado de Nabucodonosor para descrever
os eventos subsequentes à morte de Zedequias. O ano onze de Zedequias era equivalente
ao dezenove de Nabucodonosor nas fontes bíblicas (cf. 2 Rs 24.12-17; 32.1; ALBERTZ,
2003, p. 79). Há diferença entre o dia do quinto mês informado no relato de Reis (sétimo)
e o de Jeremias (décimo). Para possibilidades e análises sobre essa questão, ver HUEY,
1993, p. 435; LIPSCHITS, 2005, p. 80.
31
MIDDLEMAS, Jill. The troubles of templeless Judah. Oxford: Oxford University
Press, 2005, p. 1; CONSTABLE, Thomas. Notes on 2 Kings. [s.l.]: 2016, p. 63;
LIPSCHITS, 2005, p. 80; GOTTWALD, Norman K. The politics of Ancient Israel.
Louisville: Westminster John Knox, 2001, p. 71; MERRILL, 2001, p. 481; ALBERTZ,
2003, p. 91.
32
LIPSCHITS, 2005, p. 81, nota 167 (contra PATTERSON, Richard D.; AUSTEL,
Hermann J. 1 and 2 Kings. In: GAEBELEIN, Frank E (Ed.). The expositor’s Bible
commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1992, v. 4, p. 298; KEIL, C. F.; DELITZSCH,
F. Commentary on the Old Testament. Peabody: Hendrickson, 1996, v. 3, p. 364).
33
Ver HUEY, 1993, p. 436; LIPSCHITS, 2005, p. 81, nota 168.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
35
O mito da terra populosa
34
LIPSCHITS, 2005, p. 82.
35
BRENEMAN, M. Ezra, Nehemiah, Esther. Nashville: Broadman & Holman, 1993,
p. 180.
36
Ver a subseção “(b) The Court of Nebuchadnezzar” em PRITCHARD, James B.
Ancient Near Eastern texts relating to the Old Testament. 3. ed. Princeton: Princeton
University Press, 1969, p. 307. Em apoio a essa tese, ver LONGMAN III, 2016, p. 434.
37
KENYON, Kathleen M. Digging up Jerusalem. London: Benn, 1974, p. 170-171.
38
LIPSCHITS, 2005, p. 211.
39
SHANKS, Hershel. The city of David after five years of digging. In: Biblical
Archaeology Review, v. 11, n. 6, 1985.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
36
Tiago Abdalla Teixeira Neto
40
SHILOH, Yigal. Excavations at the city of David I 1978-1982: interim report of the first
five seasons. In: Qedem, v. 19, 1984, p. 29.
41
SHILOH, 1984, p. 18-19.
42
MAZAR, Eilat. Discovering the Solomonic wall in Jerusalem: a remarkable
archaeological adventure. Jerusalem: Shoham Academic Research and Publication,
2011, p. 147.
43
KAEFER, José Ademar. Arqueologia das terras da Bíblia. São Paulo: Paulus, 2012,
p. 11.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
37
O mito da terra populosa
44
MERRILL, 2001, p. 412-415.
45
CARROLL, Robert P. The myth of the empty land. In: JOBLING, David; PIPPIN, Tina
(Orgs.). Ideological criticism of biblical texts. Atlanta: Scholars, 1992.
46
BARSTAD, 2008, p. 90-117.
47
LIPSCHITS, Oded. Demographic changes in Judah between the seventh and the fifth
centuries BCE. In: LIPSCHITS; BLENKINSOPP, 2003, p. 364. Bob Becking apresenta
o mesmo entendimento ao afirmar: “Com a ideia de exílio eu me refiro a um movimento
em Judá do sexto século AEC. Não se pode negar de modo sério que no início daquele
século os habitantes de Jerusalém e de sua vizinhança foram deportados contra sua
vontade para a Babilônia. [...] Evidência para essa deportação pode ser encontrada fora
do discurso bíblico. […] Com base no que pode ser comparado, não é possível, de
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
38
Tiago Abdalla Teixeira Neto
forma séria, negar que, próximo ao final do sexto século AEC, pessoas que estavam
em Babilônia começaram a se mudar pra uma área sob a administração persa chamada
Yehud.” (Ezra’s re-enactment of the exile. In: GRABBE, 1998, p. 42).
48
STERN, Ephraim. The Babylonian gap. In: Biblical Archaeology Review, 2000, v. 26,
n. 6, p. 45-51, 76.
49
Quanto a Benjamim e à região montanhosa do norte de Judá, ver a análise extensa e
detalhada em LIPSCHITS, 2005, p. 237-258.
50
LIPSCHITS, 2005, p. 211.
51
Ver os dados de CARTER, Charles E. The emergence of Yehud in the Persian Period:
a social and demographic study. Sheffield: Sheffield Academic, 1999, p. 201. Carter
declara: “Ao final do século quinto, é provável que Jerusalém tivesse crescido à sua
extensão plena de aproximadamente 60 dunans ocupados (cerca de 70 a 80 dunans
teriam sido dedicados ao templo e ao complexo administrativo; isso, todavia, é
considerado espaço público, e não área habitada)”.
52
LIPSCHITS, 2003, p. 330 (ver também nota 24).
53
CARTER, 1999, p. 201-202.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
39
O mito da terra populosa
54
LIPSCHITS, 2005, p. 213.
55
NA’AMAN, Nadav. Ancient Israel and its neighbors: interaction and counteraction.
Winona Lake: Eisenbrauns, 2005, p. 293-294.
56
Essas estampas representam a cidade benjamita Mozah e podem ter servido a três
propósitos, sendo o último o mais provável: a) Moṣah pode ter funcionado como um
centro de coleta de impostos; b) as estampas de Moṣah podem ter sido usadas como
marca registrada para os produtos da cidade, como vinho e mel; c) ou Moṣah era uma
propriedade real que supria produtos para o governador da província (ver AVIGAD,
Naaman. New light on the MṢH seal impressions. In: Israel Exploration Journal,
v. 8, n. 2, p. 117-119; cf. CORNELIUS, Lynne. The development of accounting in
Palestine during the First millennium: 1000-332. 2015. 249f. Dissertação (Mestrado
em Arqueologia Bíblica) — University of South Africa, Pretoria, 2015.
57
LIPSCHITS, 2005, p. 214-215.
58
VEEN, 2014, p. 544 (esp. nota 37).
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
40
Tiago Abdalla Teixeira Neto
59
MAZAR, Amihai. Archaeology of the land of the Bible: 10.000-586 B.C.E. New York:
Doubleday, 1990, p. 416-424; LIPSCHITS, 2005, p. 215. Ver também as descobertas de
uma fortificação ao norte da cidade que “testemunham um intenso assentamento nesse
período [Idade do Ferro]” (BARKAY, Gabriel; FANTALKIN, Alexander; TAL, Oren.
A Late Iron Age fortress North of Jerusalem. In: Bulletin or the American Schools of
Oriental Research, n. 328, 2002, p. 49-71).
60
LIPSCHITS, 2005, p. 216. No território a norte e a leste de Jerusalém, existiram 14
propriedades agrícolas (em contraste com as mais de 60 do período do Ferro II), e toda
a área norte e oeste fora de Jerusalém, que tinha várias fazendas pequenas no final do
Ferro II, ficou completamente desolada.
61
LIPSCHITS, 2003, p. 331-333. Ver também LIVERANI, Mario. Para além da Bíblia:
história antiga de Israel. 2. ed. São Paulo: Paulus/Loyola, 2014, p. 244.
62
LIPSCHITS, 2005, p. 218.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
41
O mito da terra populosa
63
TUFNELL, Olga. Lachish III: The Iron Age. London: Oxford University Press, 1953,
p. 56-58.
64
SHILOH, Yigal. Judah and Jerusalem in the eighth-sixth centuries B.C.E. In: GITIN,
Seymour; DEVER, William G. (eds.). Recent excavations in Israel: studies in Iron
Age archaeology. Winona Lake: Eisenbrauns, 1989, p. 102. Ver também LIPSCHITS,
2005, p. 219.
65
TUFNELL, 1953, p. 48.
66
LIPSCHITS, Oded. Tel Azekah 113 years after: preliminary evaluation of the renewed
excavations ate the site. In: Near Eastern Archaeology, v. 75, n. 4, 2012, p. 200. Nas
últimas excavações lideradas por Oded Lipschits, camadas de destruição encontradas
remontam ao período do Bronze, por isso, não trazem contribuições para a época em
análise neste artigo (ver LIPSCHITS, 2012, p. 203-204).
67
PRITCHARD, 1969, p. 322.
68
BLISS, F. Jones; MACALISTER, R. A. Stewart. Excavations in Palestine: during the
years 1898-1900. London: Palestine Exploration Fund, 1902, p. 44-51.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
42
Tiago Abdalla Teixeira Neto
69
BLISS; MACALISTER, 1902, p. 52-61.
70
FINKELSTEIN, Israel. The archaeology of the days of Manasseh. In: COOGAN, M.
D.; EXUM, J. C.; STAGER, L. E. (Orgs.). Scripture and other artifacts: essays on the
Bible and archaeology in honor of Philip J. King. Louisville: Westminster John Knox,
1994, p. 172-173; LIPSCHITS, 2005, p. 220-221.
71
LIPSCHITS, 2005, p. 221-222. Esse vácuo possibilitou que novos grupos étnicos —
conhecidos como idumeus no Período Helênico — penetrassem e tomassem parte da
região.
72
LIPSCHITS, 2003, p. 344-146.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
43
O mito da terra populosa
CONCLUSÃO
73
Tanto a literatura bíblica quanto textos descobertos em Babilônia (ver arquivos da
família Murashu; cf. LONGMAN III, 2016, p. 437-438) revelam a realidade da gôlâ
babilônica. Ali, os judeus gozaram de certa liberdade e vida relativamente confortável
no cativeiro (VEEN, 2014, p. 401-402). Embora não fossem totalmente livres, tinham
autonomia para construir suas casas, dedicar-se à agricultura (Jr 29.5ss) e ao comércio
(BRIGHT, 2003, p. 467; MERRILL, 2001, p. 511). “A integração dos judeus à vida
econômica babilônica é comprovada pela participação deles em transações econômicas
do dia a dia em que são registrados tanto como credores quanto como devedores em
vários documentos de empréstimos e de recibos” (PEARCE, Laurie E. New evidence
for Judeans in Babylonia. In: LIPSCHITS, Oded; OEMING, Manfred [Orgs.]. Judah
and the Judeans in the Persian Period. Winona Lake: Eisenbrauns, 2006, p. 402). É
provável que parte dessas pessoas morasse em colônias judaicas (cf. Ez 3.15; Ed 2.59.
8.17).
74
LIPSCHITS, 2005, p. 224-237.
75
LIVERANI, 2014, p. 244.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
44
Tiago Abdalla Teixeira Neto
Esses dados não deixam espaço algum para as várias teorias de ‘o mito da
terra vazia’ e ainda confirmam, de modo inequívoco, que a destruição e o
exílio foram, de fato, eventos históricos, descritos em sua plena crueldade
pela historiografia bíblica e também refletidos nas lamentações e nas
profecias desse período.76
REFERÊNCIAS
ALBERTZ, Rainer. Israel in exile: the history and literature of the sixth century B.C.E.
Atlanta: Society of Biblical Literature, 2003.
AVIGAD, Naaman. New light on the MṢH seal impressions. In: Israel Exploration
Journal, v. 8, n. 2, p. 113-119.
BARKAY, Gabriel; FANTALKIN, Alexander; TAL, Oren. A Late Iron Age fortress North
of Jerusalem. In: Bulletin or the American Schools of Oriental Research, n. 328,
2002, p. 49-71.
BARSTAD, Hans M. History and the Hebrew Bible: studies in ancient Israelite and
Ancient Near Eastern historiography. Tübingen: Mohr Siebeck, 2008.
__________. The myth of the empty land: a study in the history and archaeology of Judah
during the “Exilic” period. Oslo: Scandinavian University Press, 1996.
BECKING, Bob. Ezra’s re-enactment of the exile. In: GRABBE, Lester L. (Org.). Leading
captivity captive: ‘the exile’ as history and ideology. Sheffield: Sheffield Academic,
1998.
BLENKINSOPP, Joseph; LIPSCHITS, Oded (Orgs.). Judah and the Judeans in the Neo-
Babylonian period. Winona Lake: Eisenbrauns, 2003.
BLISS, F. Jones; MACALISTER, R. A. Stewart. Excavations in Palestine: during the
years 1898-1900. London: Palestine Exploration Fund, 1902.
BRENEMAN, M. Ezra, Nehemiah, Esther. Nashville: Broadman & Holman, 1993.
BRIGHT, John. História de Israel. 7. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
BROWN, F.; DRIVER, S.; BRIGGS, C. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
lexicon. Oxford: Clarendon, 1977.
CARROLL, Robert P. The myth of the empty land. In: JOBLING, David; PIPPIN, Tina
(Orgs.). Ideological criticism of biblical texts. Atlanta: Scholars, 1992.
CARTER, Charles E. The emergence of Yehud in the Persian Period: a social and
demographic study. Sheffield: Sheffield Academic, 1999.
CONSTABLE, Thomas. Notes on 2Kings. [s.l.]: 2016.
CORNELIUS, Lynne. The development of accounting in Palestine during the First
millennium: 1000-332. 2015. 249f. Dissertação (Mestrado em Arqueologia Bíblica) —
76
LIPSCHITS, 2003, p. 364, nota 142.
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
45
O mito da terra populosa
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
46
Tiago Abdalla Teixeira Neto
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
47
O mito da terra populosa
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47
48
Tiago Abdalla Teixeira Neto
Vox Scripturae – Revista Teológica Internacional – São Bento do Sul/SC – vol. XXV – n. 1 – jan-abr 2017 – p. 27-47