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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

ANÁLISE DE PARTICULARIDADES FONÉTICAS NA PEÇA DE DEFESA DA


EX-PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF NO SENADO FEDERAL

Henrique Barbosa Primon

SÃO PAULO
2017
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

ANÁLISE DE PARTICULARIDADES FONÉTICAS NA PEÇA DE DEFESA DA


EX-PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF NO SENADO FEDERAL

Henrique Barbosa Primon

Trabalho final da disciplina


Fonética e Fonologia do Português
Prof. Dr. Mario Eduardo Viaro

SÃO PAULO
2017
1. Introdução
2. Transcrições
a. Dados do trecho transcrito

O texto transcrito para este trabalho consta dos primeiros minutos da peça de defesa
da ex-presidente Dilma Rousseff no Senado Federal, em 30 de agosto de 2016. A
informante é natural de Belo Horizonte, tendo vivido boa parte de sua vida em Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul. A variante linguística, portanto, não é tipicamente
aquela da cidade de São Paulo. As informações sobre a gravação encontram-se
relacionadas no quadro a seguir.

Tipo de texto Defesa jurídica, discurso político.

Local da gravação Senado Federal

Informante Dilma Rousseff, ex-presidente da República.

Duração da gravação 45:34

Tempo transcrito Aproximadamente os primeiros três minutos iniciais do texto

Data do registro 30 de agosto de 2016

Idade da informante 68 anos

Sexo da informante Feminino

Local de nascimento Belo Horizonte

Fonte da gravação TV Senado. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=HHqB2PLy4l8
Quadro 1 - Informações sobre a gravação utilizada para este trabalho.

O trecho foi transcrito segundo as normas de transcrição fonética da IPA, segundo a


ortografia do português e, por fim, segundo a convenção estabelecida pelo projeto
NURC. As próximas seções apresentam, na sequência, essas três formas de
transcrição.
b. Transcrição fonética

eseɭẽ’ʧɪsimu se’ɲor prezi’dẽʧi du su’premu tribu’naw fede’raw xi’kaɾdu ɭevã’dɔvski


eseɭẽ’ʧɪsimu se’ɲor prezi’dẽʧi du se’nadu fede’raw xe’nã ka’ʎejɾus eseɭẽ’ʧɪsimas
se’ɲoras sena’doɾas i eseɭẽ’ʧɪsimus se’ɲoris sena’doris sida’dãs i sida’dãws di mew
a’madu bɾa’ziw nu ʤia pɾi’mejɾu ʤi ʒa’nejru ʤi dojs mɪw i ‘kĩzi asu’mɪ ‘mew
se’ɡũdu mã’datu a pɾezi’dẽsja da xe’pubɭica fedeɾa’ʧiva du bɾa’ziw fuj e’ɭejta puɾ
‘majs ʤi sĩ’kwẽta i ‘kwatru mi’ʎõjs ʤi ‘vɔtus na ‘mĩɲa ‘pɔsi asu’mi o kõpɾo’mɪsu
ʤi mã’te defẽ’de i kũ’pɾi a kõstitwi’sãũ ‘beĩ ‘komu u ʤi obiseɾ’va as ‘lejs pɾomo’ve
o beĩ ʒe’ɾaw du ‘povu bɾazi’lejru sustẽ’ta a uni’ãũ a ĩteɡɾi’daʤi i a ĩdepẽ’dẽsja du
bɾa’ziw aw ezer’se a prezi’dẽsja da xe’pubɭica xespej’tej fiɛw’mẽʧi u kõpɾo’mɪsu ki
asu’mɪ pe’ɾãʧi a na’sãũ i aws ki mi eɭe’ʒeɾãũ i mi or’ɡuʎu ‘disu ‘sẽpɾi akɾeʤi’tej na
demokɾa’sia i nu es’tadu ʤi ʤi’ɾejtu i ‘sẽpɾi vi na kõstitwi’sãũ ʤi ‘miw nɔvi’sẽtus i
oj’tẽta i ‘ojtu ũma das ‘ɡɾãdis kõ’kistas du ‘nɔsu ‘povu ʒa’majs atẽta’ɾia ‘kõtɾa o ke
akɾe’ʤitu ow pɾaʧika’ɾia ‘atus kõ’tɾaɾiws aws ĩte’ɾeses da’keɭis ki mi eɭe’ʒeɾãũ ‘nesta
ʒoɾ’nada paɾa mi defẽ’der du ĩ’piʧimã mi apɾosi’mej a’ĩda ‘majs du ‘povu ‘ʧivi
opoɾtuni’daʤi ʤi ow’vir sew xekoɲesi’mẽtu ʤi xese’ber sew ka’ɾiɲu ow’vi tã’bẽj
‘krɪʧikas ‘duɾas aw mew ɡo’vexnu a ‘exus ki ‘foɾãũ kome’ʧidus i a me’ʤidas
ĩpo’ɭɪʧikas ki ‘‘nãw ‘foɾãũm ado’tadas a’koʎu ɛsas ‘kɾɪʧikas kõ umiw’daʤi a’tɛ
puɾ’ke ‘komu ‘todus ‘teɲu de’fejtus i ko’metu ‘exus ‘ẽtɾi mews de’fejtus ‘nãw is’ta a
desɭeaw’daʤi i a kovaɾ’ʤia ‘‘nãw ‘tɾaju us kõpɾo’misus ki asumu us pɾĩ’cipiws ki
de’fẽdu ow us ki ‘ɭutãũ aw mew ‘ɭadu na ‘ɭuta ‘kõtɾa a ʤita’duɾa xese’bi nu mew
‘koɾpu as ‘maɾkas da toɾ’tuɾa amaɾ’ɡej puɾ ‘ãnus u sofɾi’mẽtu da pɾi’sãũ vi
kõpa’ɲejɾus i kõpa’ɲejɾas ‘sedu ‘sẽdu violẽ’tadus i atɛ asasi’nadus na ‘ɛpuka ew ‘ɛɾa
‘mũjtu ‘ʒɔvejm ‘tiɲa ‘mũjtu a espe’ɾa da ‘vida ‘tiɲa ‘medu da ‘mɔɾʧi das se’kweɭas
da toɾ’tuɾa nu mew ‘koɾpu i na ‘miɲa ‘awma mas ‘‘nãw se’ʤi xesis’ʧi xesis’ʧi a
tẽpes’taʤi ʤi te’xor ki kome’sava a mi ẽɡo’ɭir na eskuɾi’dãũ dus ‘tẽpus amaɾɡus eĩ
ki u pa’ɪs vi’via ‘nãw um’dej ʤi ‘ɭadu ape’zar ʤi xece’ber u ‘pezu da ĩʒus’tisa nus
mews ‘õbɾus kõtinu’ej ɭu’tãdu peɭa demokɾa’sia deʤi’kej ‘todus ‘esis ‘ãnus da ‘mĩɲa
‘vida a ɭuta puɾ ‘ũma sosje’daʤi sẽj ‘ɔdjus i ĩtoɭe’ɾãsja ɭu’tej puɾ uma sosje’daʤi ‘ɭivɾi
ʤi pɾekõ’sejtus i ʤi ʤiskrimina’sõjs ɭu’tej puɾ uma sosje’daʤi ‘õʤi ‘‘nãw ow’vɛsi
mi’zɛɾja ow eskɭu’ɪdus ɭu’tej puɾ ũ bɾa’ziw sobe’ɾanu majs i’ɡwaw i ‘õʤi ow’vɛsi
ʒus’ʧisa ‘ʤisu ‘teɲu oɾ’ɡuʎu kẽj akɾe’ʤita ‘ɭuta aws ‘kwazi se’tẽta ‘ãnus ʤi i’daʤi
nãw se’ɾia a’ɡoɾa a’pɔs ser ‘mãj i a’vɔ ki abʤika’ɾia dus pɾĩ’sipiws ki ‘sẽpɾi mi
ɡi’aɾãw ezeɾ’sẽdu a prezi’dẽsja da xe’pubɭika ‘teɲu õ’ɾadu kõpɾo’misu cõ mew pa’ɪs
cõ a demokɾa’sɪa cõ u es’tadu ʤi ʤiɾejtu

c. Transcrição ortográfica

Excelentíssimo senhor presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo


Lewandovski; excelentíssimo senhor presidente do Senado Federal Renan Calheiros;
excelentíssimas senhoras senadoras e excelentíssimos senhores senadores; cidadãs e
cidadãos de meu amado Brasil. No dia primeiro de janeiro de dois mil e quinze assumi
meu segundo mandato à Presidência da República Federativa do Brasil. Fui eleita por
mais de cinquenta e quatro milhões de votos. Na minha posse, assumi o compromisso
de manter, defender, cumprir a Constituição, bem como o de observar as leis,
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
independência do Brasil. Ao exercer a Presidência da República, respeitei fielmente
o compromisso que assumi perante a nação e aos que me elegeram e me orgulho disso.
Sempre acreditei na democracia e no estado de direito e sempre vi na Constituição de
1988 uma das grandes conquistas do nosso povo. Jamais atentaria contra o que
acredito ou praticaria atos contrários aos interesses daqueles que me elegeram. Nesta
jornada para me defender do impeachment me aproximei ainda mais do povo. Tive
oportunidade de ouvir seu reconhecimento, de receber seu carinho. Ouvi também
críticas, duras, ao meu governo; a erros que foram cometidos e a medidas impolíticas
que não foram adotadas. Acolho essas críticas com humildade, até porque, como
todos, tenho defeitos e cometo erros. Entre os meus defeitos não está a deslealdade e
a covardia. Não traio os compromissos que assumo, os princípios que defendo ou os
que lutam ao meu lado. Na luta contra a ditadura recebi no meu corpo as marcas da
tortura. Amarguei por anos o sofrimento da prisão. Vi companheiros e companheiras
sendo violentados e até assassinados. Na época eu era muito jovem. Tinha muito a
esperar da vida. Tinha medo da morte, das sequelas da tortura no meu corpo e na
minha alma. Mas não cedi. Resisti. Resisti à tempestade de terror que começava a me
engolir na escuridão dos tempos amargos em que o país vivia. Não mudei de lado,
apesar de receber o peso da injustiça nos meus ombros. Continuei lutando pela
democracia. Dediquei todos esses anos da minha vida à luta por uma sociedade sem
ódios e intolerância. Lutei por uma sociedade livre de preconceitos e de
discriminações. Lutei por uma sociedade onde não houvesse miséria ou excluídos.
Lutei por um Brasil soberano, mais igual e onde houvesse justiça. Disso tenho
orgulho. Quem acredita, luta. Aos quase setenta anos de idade não seria agora, após
ser mãe e avó, que abdicaria dos princípios que sempre me guiaram, exercendo a
Presidência da República. Tenho honrado compromisso com meu País, com a
democracia, com o estado de direito...

d. Transcrição NURC

Dilma: excelentíssimo senhor... presidente do supremo tribunal federal ricardo


lewandowski... excelentíssimo senhor presidente do senado federal renan calheiros...
excelentíssimas senhoras... senadoras e excelentíssimos senhores senadores...
cidadÃS e cidaDÃOS... de meu amado brasil... no: dia primeiro de janeiro de dois mil
e quinze assumi meu segundo mandato a presidência da república... federativa do
brasil... fui eleita por mais de cinquenta e quatro milhões de votos... na minha posse
assumi o compromisso de manter defender e cumprir a constituição... BEM como o
de observar as leis promover o bem geral do povo brasileiro sustentar a união... a
integridade e a independência do brasil... ao exercer a presidência da rePÚblica...
respeitei... fielmente o compromisso que assumi perante a nação e aos que me
elegeram... e me orgulho disso... SEMpre acreditei na democracia e no estado de
direito... e sempre vi na constituição de mil novecentos e oitenta e oito uma: das
grandes conquistas do nosso povo... JAmais atentaria contra o QUE acredito... ou
praticaria atos... contrários aos interesses daqueles que me elegeram... nesta jornada
para me defender do impeachment me aproximei ainda MAIS do povo... tive
oportunidade de ouvir seu reconhecimento... de receber seu carinho ouvi também
críticas... duras... ao meu governo a erros que foram cometidos e a medidas
impolíticas que não foram adotadas... acolho essas críticas com humildade... até
porque como Todos... tenho defeitos e cometo erros... entre os meus defeitos não está
a deslealdade e a covardia... não traio os compromissos que assumo... os princípios
que defendo OU os que lutam ao meu lado... na luta contra a ditadura recebi no meu
corpo... as marcas da tortura... amarguei... por anos o sofrimento da prisão... vi:
companheiros e companheiras... sedo/sendo violentados e até assassinados... na época
eu era muito jovem... tinha MUIto a esperar da vida... tinha medo da morte das
sequelas da tortura no meu corpo e na minha alma mas NÃO cedi... resisti... resisti a
tempestade de terror que começava a me engolir: na escuridão... dos tempos amargos
em que o país vivia... não mudei de lado... apesar de receber... o peso da injustiça nos
meus ombros... continuei lutando pela democracia... dediquei... TOdos esses anos da
minha vida:... à luta por uma sociedade... sem ódios e intolerância... lutei por uma
sociedade... livre de preconceitos e de discriminações... lutei por uma sociedade onde
não houvesse miséria ou excluídos... lutei por um brasil soberano mais igual e onde
houvesse justiça... DIsso... tenho orgulho... quem acredita luta... aos quase setenta
anos de idade não seria agora... após ser mãe e avó que abdicaria dos princípios que
sempre me guiaram... exercendo a presidência da república... tenho honrado
compromisso com meu país... com a democracia com o estado de direito...

3. Análises

a. Formas adquiridas pelo português coloquial

b. Formas que revelam dificuldade assimilação do sistema

- arquifonema /E/ e /O/ pretônicos: alçamento e metafonia

- comportamento dos fonemas /t/ e /d/ antes de /i/ e /j/: se as realizações [t] ou [ʧ], [d] ou
[ʤ] e em quais palavras.

Fonema /t/ antes de /i/ ou /j/, com realização [ʧ]

Excelentíssimo, presidente, federativa, fielmente, perante, prática, justiça, resisti, morte,


impolítica

Fonema /d/ antes de /i/ ou /j/, com realização [ʤ]

Direito, idade, acredita, disso, onde, sociedade, discrimina, tempestade, deslealdade,


humildade

- comportamento dos fonemas /ɾ/ e /x/ nos vários contextos fônicos (inicial, intervocálico,
segunda posição do ataque silábico, posição de coda).

Fonema /x/
Foi observado tanto em posição inicial de palavra quanto em posição intervocálica. No
primeiro caso, são exemplos os vocábulos resisti, receber e república, realizado
respectivamente como [ xesis’ʧi ], [ xece’ber ] e [ xe’pubɭika ].

No segundo caso, são exemplos de realização intervocálica e em posição de ataque


silábico as palavras terror e erros, realizadas respectivamente como [ te’xor ] e [ ‘exus ]

Fonema /ɾ/

Intervocálico, em primeira posição de ataque silábico. [ fedeɾa’ʧiva ], [ ʤiɾejtu ]

Em segunda posição de ataque silábico. [ bɾa’ziw ], [ kõpɾo’mɪsu ]

Em posição de coda. [ obiseɾ’va ], [ xi’kaɾdu ]

Consoante –l em posição de coda

[ fede’raw ], [ tribu’naw ], [ bɾa’ziw ], [ fiɛw’mẽʧi ], [ ‘awma ]

- arquifonema /L/

- o gerúndio –ando [nu], -endo [enu], -indo [inu], as vogais postônicas -e [i], -o
[u], os ditongos ou [o], ei [e] (antes de [], [], []), a consoante - l em posição de coda
[w], o -r do infinitivo não pronunciado, aféreses como você [se] ou síncopes como
também [tamẽj] ou mesmo [memu].

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