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CFO – Direito Processual Penal Militar

Resumo de DPPM - Prisões Provisórias


Prof. Rogério Silvio
DAS PROVIDENCIAS QUE RECAEM SOBRE COISAS

PRISÕES PROVISÓRIAS NO CPPM

Art. 220. Prisão provisória é a que ocorre durante o inquérito, ou no curso do


processo, antes da condenação definitiva.

As prisões provisórias são aquelas ocorridas antes de uma condenação definitiva, possuem natureza
jurídica de verdadeiras medidas cautelares, cujo objetivo precípuo é a tutela do processo penal.
Assim sendo, diante de tais características, só deveriam ser decretadas quando presentes os requisitos
inerentes a toda e qualquer medida cautelar, quais sejam: fumus boni iuris e periculum in mora que, no processo
penal, recebem denominações específicas de fumus comissi delicti (probabilidade da existência de um delito e
indícios suficientes de autoria) e periculum libertatis (perigo da liberdade do imputado), respectivamente.
Vale lembrar que, durante o sistema inquisitivo, a prisão provisória era a regra, pois reinava, à época, a
idéia de que todo acusado interferia na investigação da verdade. Todavia, sob a vigência do sistema acusatório, a
prisão processual é uma exceção, tal como se verifica nos seguintes incisos do artigo 5º da CRFB:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança.

O art. 221 do CPPM, recepcionado pela Carta Magna, assevera que ninguém será preso, senão em
flagrante delito ou por ordem escrita da autoridade competente.
E estabeleceu em seu art. 390, que a instrução criminal (processo), estando o acusado preso, deve ser
concluída em 50 dias, a contar da denúncia. Este prazo refere-se ao procedimento ordinário.
No tocante ao procedimento especial (deserção e insubmissão), o artigo 453 (e 464, § 3º) do CPPM fixa o
tempo de 60 dias para o desertor/insubmisso ser posto em liberdade, caso não seja julgado dentro do aludido lapso
temporal, a contar da data de seu encarceramento.
O Mestre Jorge César afirma que no Direito Processual Penal brasileiro temos, atualmente, as seguintes
espécies de prisão provisória:

a) PRISÃO TEMPORÁRIA (não cabe nos crimes militares):


Conforme disposição do artigo 1º da Lei 7.960/89, somente será cabível quando a mesma for
imprescindível para a investigação policial na fase do inquérito (NÃO PODE SER REQUERIDA/DECRETADA
DURANTE O PROCESSO), quando o indiciado não tiver residência fixa, quando houver dúvida quanto a sua
identidade e quando houver fundadas razões ou participação do indiciado nos crimes de Homicídio doloso,
Sequestro ou cárcere privado, Roubo, Extorsão, Extorsão mediante sequestro, Estupro, Rapto violento, Epidemia
com resultado morte, Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificada pela
morte, Formação de quadrilha, Genocídio, Tráfico de drogas e também nos crimes contra o sistema financeiro.

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Deve-se ressaltar que a referida prisão ocorre quando esta se dá a requisição do Ministério Público ou da
representação da autoridade policial competente, devendo ser decretada pelo magistrado. (Obs: não pode ser
decretada de ofício pelo juiz)
O prazo para a duração da Prisão Temporária é de cinco dias, podendo ser prorrogada por mais cinco,
desde que motivada. No entanto, sendo o crime hediondo, conforme a lei 8.072/90, o prazo é de trinta dias,
prorrogáveis por mais 30.

b) PRISÃO PREVENTIVA:
É decretada pelo magistrado já com provas mais sólidas, geralmente em um inquérito instaurado, desde
que reúna condições suficientes para tal decisão. Está prevista entre os arts. 254 a 261deste Código.

c) PRISÃO EM FLAGRANTE, estando regulamentada entre os arts. 243 a 253 do CPPM.

d) PRISÃO DO INSUBMISSO E DO DESERTOR, aplicada aos acusados dos crimes de insubmissão


(CPM, art. 183) e deserção (CPM, art. 187). São decorrentes da lavratura do respectivo Termo de Deserção (CPPM,
art. 452) e de Insubmissão (CPPM, art. 463, § 1º), e independem de ordem judicial.

Obs: neste curso aprenderemos, também, sobre a detenção do indiciado (art. 18) e a menagem (arts. 263-
269).

COMUNICAÇÃO AO JUIZ
Conforme determina o art. 222 do CPPM, em harmonia com o art. 5º, XLII da Carta Magna, a prisão ou
detenção (art. 18 do CPPM) de qualquer pessoa será imediatamente levada a conhecimento da autoridade judiciária
competente, com a declaração do local onde a mesma se acha sob custódia e se está ou não, incomunicável.
Para os doutrinadores, a incomunicabilidade do acautelado é incostitucional, já que esta não é admitida
nem mesmo durante o estado de defesa (art. 136, § 3º, VI da CF).
Recebida a comunicação da prisão e os autos que a instruem (APF), a primeira providência do magistrado
será examinar a legalidade da medida, determinando o relaxamento da prisão que reputar ilegal (art. 224 do CPPM
e art. 5º, LXV da CF).
O relaxamento da prisão significa a expedição do alvará de soltura, sem impor condições, como no caso da
liberdade provisória.
No CPP, além da comunicação ao juiz, exige-se a comunicação ao Ministério Público e à família do preso
ou à pessoa por ele indicada (art. 306 do CPP) e o § 1º do mesmo artigo prevê que:

Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, (o APF) será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

Assim, Jorge César defende que o mesmo preceito, qual seja, a cópia do APF à defensoria pública se aplica
também ao preso por crime militar.

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PRISÃO DE MILITAR (feita por outro militar)
Art. 223. A prisão de militar deverá ser feita por outro militar de posto ou graduação superior; ou, se igual,
mais antigo.
Trata-se da hipótese de prisão por ordem judicial ou por ordem da autoridade militar (crimes propriamente
militares), já que a prisão em flagrante poderá ser executada por qualquer pessoa, nos termos do art. 243 do CPPM,
inclusive pelo subordinado em relação ao superior. Todavia, mesmo em casos de prisão em flagrante,
imediatamente após a restrição da liberdade do preso, se este for militar, deverão ser observadas as prerrogativas do
preso militar.

Expedição de mandado
Art. 225. A autoridade judiciária ou o encarregado do inquérito que ordenar a prisão fará expedir em duas
vias (parágrafo único) o respectivo mandado, com os seguintes requisitos:
a) será lavrado pelo escrivão do processo ou do inquérito, ou ad'hoc, e assinado pela autoridade que ordenar a
expedição;
b) designará a pessoa sujeita a prisão com a respectiva identificação e moradia, se possível;
c) mencionará o motivo da prisão;
d) designará o executor da prisão.

Obs: a prisão, se não for em flagrante delito, dependerá de mandado e neste caso, excepcionalmente,
poderá ser ordenada pela autoridade de polícia judiciária militar (art. 18 do CPPM e art. 5º, LXI da CF).
No caso de insubmisso e desertor, além de estarem em flagrante, o próprios termos de deserção (art. 452) e
de insubmissão (art. 463, § 1º) dispensam o mandado.

O art. 126 define que a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as
garantias relativas à inviolabilidade do domicílio.
Portanto, se a prisão tiver de ocorrer em domicílio, somente poderá ser efetuada durante o dia, quando por
ordem judicial. Sendo em em via pública, poderá ocorrer a qualquer hora.
No caso da prisão em flagrante, esta poderá ser feita a qualquer hora, em qualquer dia, em qualquer lugar,
inclusive em domicílio.
A captura (apreensão/prisão de alguém) se fará (art. 230):
1) Caso de flagrante - pela simples voz de prisão;
2) Caso de mandado - pela entrega ao capturando de uma das vias (do mandado) e consequente voz de
prisão.
Recaptura (é a prisão daquele que evadiu de seu local de custódia) - independe de prévia ordem da
autoridade, e poderá ser feita por qualquer pessoa.

Flagrante no interior de casa


Art. 233. No caso de prisão em flagrante que se deva efetuar no interior de casa, observar-se-á o disposto no artigo
anterior, no que for aplicável.
Nos termos do art. 5º, LXI da CF, no caso de flagrante delito não existe nenhuma restrição para a entrada
em residência alheia.
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Portanto, conforme afirma ASSIS (2012, p. 326) a prisão em flagrante aqui aventada ocorre durante a
execução do mandado judicial, no interior da casa onde se encontra o capturando, que também pode cometer outros
crimes, independentemente daqueles pelos quais lhe fora ordenada a prisão.

EMPREGO DE FORÇA
O emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso de (art. 234):
1. desobediência
2. resistência (Se a resistência é da parte de terceiros, contra estes poderão ser utilizados os meios necessários para
vencê-la, inclusive a prisão do ofensor, que deverá ser encaminhado à autoridade competente para autuá-lo, se
for o caso).
3. ou tentativa de fuga (muito embora a fuga seja um impulso institintivo de liberdade, cabe a autoridade policial
o estrito cumprimento do dever legal de capturar quem se enquadre nesta situação).

USO DE ALGEMAS: Será permitido nos casos em que houver perigo de fuga ou de agressão por parte do preso
(art. 234, § 1º).
Cuida-se, ainda, da súmula vinculante n. 11 do STF, que além das hipóteses acima, acrescentando a
situação de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, e a exigência da
justificativa da excepcionalidade do uso da algema, sob pena de responsabilização civil e penal do executor e
nulidade da prisão.

USO DE ARMA (art. 234, § 2º): O recurso ao uso de armas só se justifica quando absolutamente necessário para
vencer a resistência ou proteger a incolumidade do executor da prisão ou a de auxiliar seu.
Nucci (2013, p. 245) pensa que quando o CPPM permite o uso de arma para proteger a incolumidade da
pessoa, trata-se de uma norma inócua, pois, está imiscuindo-se em matéria de direito material (legítima defesa /
estrito cumprimento do dever legal).
Refere-se a arma de fogo, cassetete, tonfa e outros instrumentos.
Havendo excesso (na legítima defesa) no uso de arma o agente pode responder por lesão corporal,
constrangimento ilegal e outros delitos.

DA PRISÃO ESPECIAL (art. 242)


Serão recolhidos a quartel ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a
prisão, antes de condenação irrecorrível:
a) os ministros de Estado;
b) os governadores ou interventores de Estados, ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
secretários e chefes de Polícia;
c) os membros do Congresso Nacional, dos Conselhos da União e das Assembleias Legislativas dos Estados;
d) os cidadãos inscritos no Livro de Mérito das ordens militares ou civis reconhecidas em lei;
e) os magistrados;
f) os oficiais das Forças Armadas, das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares, inclusive os da reserva,
remunerada ou não, e os reformados (obs: no art. 295, V, do CPP, todos os militares estaduais – oficiais e praças –
tem direito a prisão especial);
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g) os oficiais da Marinha Mercante Nacional;
h) os diplomados por faculdade ou instituto superior de ensino nacional (curso superior);
i) os ministros do Tribunal de Contas;
j) os ministros de confissão religiosa
Obs: A prisão de praças especiais e a de graduados atenderá aos respectivos graus de hierarquia.
A prisão especial só ocorre antes do trânsito em julgado da sentença.
Trata-se de um privilégio direcionado ao cargo ou título da pessoa.
A prisão especial não é inconstitucional, tanto que a súmula 717 do STF prevê que eles podem ter direito à
progressão de regime, enquanto cumprem esta prisão diferenciada (privilegiada), vide:
Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato do réu se encontrar em prisão especial.
As demais prisões provisórias, via de regra, são cumpridas no regime fechado.

Espécies de prisão provisória no CPPM

1) PRISÃO EM FLAGRANTE
O Código de Processo Penal Militar contempla em seu artigo 244 as seguintes formas de flagrante delito,
ou seja, aquele que:
a) está cometendo o crime;
b) acaba de cometê-lo;
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o seu autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam presumir a sua participação
no fato delituoso.
Ainda, é válido lembrar, que o parágrafo único esclarece acerca das infrações permanentes, onde o agente
considerar-se-á em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
De acordo com o explanado acima e, diante da disciplina do Código Penal Militar, doutrinariamente
podemos classificar o flagrante em Flagrante Próprio ou Real (Propriamente Dito), Flagrante Impróprio ou Quase-
Flagrante, Flagrante Presumido ou Ficto, Flagrante Compulsório ou Obrigatório, Flagrante Facultativo, Flagrante
Preparado ou Provocado, Flagrante Esperado, Flagrante Prorrogado ou Retardado e ainda, Flagrante Forjado.

Flagrante Próprio

É aquele em que o agente é surpreendido praticando a infração penal, isto é, surpreendido no instante
mesmo da prática da infração ou, então, quando acaba de cometê-la.
Pouco importa esteja o agente em legítima defesa, estado de necessidade ou qualquer outra excludente de
ilicitude; para a configuração do estado de flagrância em sentido próprio basta esteja ele praticando, ou tenha
acabado de praticar, um fato típico. Não há necessidade de serem examinados, naquele instante, todos os elementos
integralizadores da infração.
Existem pequenas diferenças entre o inc. I e Inc. II do art. 244 do CPPM. No primeiro, há verdadeira
flagrância. O agente está praticando a infração penal. Ele é surpreendido na prática da infração. Já no segundo
inciso, quando diz “acaba de cometê-la”, deve haver uma quase absoluta relação de imediatidade.
Deve ser encontrado imediatamente após a prática da infração (ex: o Sgt “A” ao adentrar no quartel,
encontrou o Sd “B” no chão com o rosto ferido, e, ali de pé, com a faca empunhada, Sd “C”.
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Flagrante impróprio ou quase-flagrante

Ocorre quando o agente é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o
seu autor.
Não basta uma perseguição desordenada, sem saber qual pessoa está sendo perseguida. É necessário “que
as circunstâncias que cercam a perseguição o coloquem em situação que faça presumir ser ele o autor da infração.
Esta perseguição deve ser incessante, independentemente se durar horas ou dias, devendo ser realizada a
prisão em qualquer local. Se durante a perseguição, o autor do delito entrar em uma residência, com intuito de se
esconder, e o morador não permitir o acesso, sendo dia, será convocado duas testemunhas, e entrará na residência à
força, arrombando a porta se preciso, e efetuará a prisão. E se for a noite, o executor tornará a casa incomunicável e
quando amanhecer, arrombará a porta e entrará na casa (art. 226 e NUCCI 2013, p. 237).

Flagrante presumido ou ficto

Flagrante presumido é a pessoa encontrada “logo depois”, com instrumentos, objetos, materiais, ou papéis
que façam presumir sua participação no fato delituoso.
Ficto porque ocorre uma ficção jurídica, para equiparar esta hipótese, ao flagrante próprio. A pessoa não
foi pega cometendo, ou acabou de cometê-lo, nem perseguido logo após de cometer o delito, mas sim é preso em
flagrante delito, pela presunção de ser ele o autor do delito, devido aos objetos encontrados em seu poder.
A expressão logo depois merece a mesma interpretação conferida ao “logo após” do quase-flagrante, tendo
como diferença é que ocorre no “logo após” o crime é a perseguição; no flagrante presumido o que ocorre “logo
depois” é o encontro com a agente.

Flagrante compulsório ou obrigatório

O agente é obrigado a efetuar a prisão em flagrante, não tendo discricionariedade sobre a conveniência ou
não de efetivá-la. Ocorre em qualquer das hipóteses previstas no art. 244 ( flagrante próprio, impróprio ou
presumido), e diz respeito ao militares que deverão prender em flagrante. Está previsto no art. 243, segunda parte
do CPPM, “...os militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante
delito”.

Flagrante facultativo

É a faculdade de efetuar ou não o flagrante, de acordo com critérios de conveniência e oportunidade.


Abrange todas as espécies de flagrante, prevista no art. 244 do CPPM, e se refere às pessoas comuns do povo. Está
previsto no art. 243, primeira parte do CPPM, “Qualquer pessoa poderá...prender quem for encontrado em
flagrante” delito”.

Flagrante preparado ou provocado

É quando alguém de forma insidiosa provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo em que
toma providências para que o mesmo não se consume.
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Trata-se de modalidade de crime impossível pois, embora o meio empregado e o objeto material sejam
idôneos, há um conjunto de circunstâncias previamente preparadas que eliminam totalmente a possibilidade da
produção do resultado. Assim, podemos dizer que existe flagrante preparado ou provocado quando o agente,
policial ou terceiro, conhecido como provocador, induz o autor à prática do crime, viciando a sua vontade, e, logo
em seguida, o prende em flagrante. Neste caso, em face da ausência de vontade livre e espontânea do infrator e da
ocorrência de crime impossível, a conduta é considerada atípica. Esta é a posição pacífica do STF, consubstanciada
na Súmula 145: “ Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação”.
O que é decisivo, como se pode observar da redação do enunciado do STF, é que as providências policiais
tornem “impossível” a consumação do crime. Nessa hipótese há um crime impossível (e não putativo), quer porque
o agente não dispõe de meios necessários para conseguir a consumação, quer por ser inexistente ou impróprio, o
objeto material que a permitiria.

Flagrante esperado

É quando o agente, aguarda o momento do cometimento do crime, sem qualquer atitude de induzimento ou
instigação. Considerando que nenhuma situação foi artificialmente criada, não há que se falar em fato atípico ou
crime impossível. Está é a posição do STJ: “
Não há flagrante preparado quando a ação policial aguarda o momento da prática delituosa, valendo-se de
investigação anterior, para efetivar a prisão, sem utilização de agente provocador”.

Flagrante prorrogado ou retardado

Está previsto no art. 2º, inc. II da Lei nº 12.850/13, chamada Lei da Organização Criminosa, consiste a
ação controlada em retardar (suspender) a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por
organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida
legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
A intervenção policial, no decorrer da investigação de atividades de crime organizado, ainda que diante da
hipótese de situação flagrancial, permanece suspensa, mantendo as atividades do grupo criminoso sob observação e
acompanhamento, aguardando o momento mais oportuno.
Neste caso, portanto, o agente detém discricionariedade para deixar de efetuar a prisão em flagrante no
momento em que presencia a prática da infração penal, podendo aguardar um momento em que presencia a prática
da infração penal, podendo aguardar um momento mais importante do ponto de vista da investigação criminal ou da
colheita de prova.
Difere-se se do esperado pois, neste, o agente é obrigado a efetuar a prisão em flagrante no primeiro
momento em que ocorrer o delito, não podendo escolher um momento posterior que considerar mais adequado,
enquanto no prorrogado, o agente policial tem a discricionariedade quanto ao momento da prisão.

Flagrante forjado

Os militares criam provas de um crime inexistente, consistindo em uma conduta delituosa. No caso do
flagrante forjado é criado provas de um crime inexistente, como por exemplo, colocar tóxico no veículo de uma
pessoa e após revistá-lo forjando desta forma o flagrante. Não houve crime consumado e nem tentado e o policial
pratica crime previsto na Lei 4898/65 (Lei do Abuso de Autoridade).
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Lavratura do auto de prisão em flagrante (APF)
Art. 245. Apresentado o preso ao comandante ou ao oficial de dia, de serviço ou
de quarto, ou autoridade correspondente, ou à autoridade judiciária, será, por qualquer
deles, ouvido o condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como inquirido o
indiciado sobre a imputação que lhe é feita, e especialmente sobre o lugar e hora em que
o fato aconteceu, lavrando-se de tudo auto, que será por todos assinado.

O Auto de prisão em flagrante de delito militar tem quase o mesmo molde do auto de prisão em
flagrante de delito comum, respeitando as peculiaridades da vida castrense. Destina-se o Auto de Prisão em
Flagrante a fazer prova da legalidade do excepcional cerceamento da liberdade do cidadão, razão pela qual deve
ser imediatamente comunicado ao Juízo.
O Auto de Prisão em Flagrante possui, na verdade, dupla natureza. Em um primeiro momento mostra-se
peça coercitiva, autorizando e titulando a segregação cautelar do
autuado, para logo em seguida servir de peça informativa de fato que, nos termos legais, configure crime militar,
com nítido caráter sumário, instrutório e provisório, tal qual o inquérito policial militar. Tanto é verdade que, como
visto outrora, o IPM será dispensado quando o APF for, por si só, suficiente para a elucidação do fato e de sua
autoria (art. 27).

A quem é apresentado o preso: no CPP (art. 304), somente a autoridade competente, já no CPPM, apresenta-se ao
Cmt da Unidade ou ao oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou autoridade correspondente, ou à autoridade
judiciária.

Quem é competente para lavra o auto: as mesmas autoridades acima. João Roth defende que somente o Cmt da
Unidade é a única autoridade legítima para determinar lavratura do auto. Para Jorge César, muito embora, o art. 7º
do CPPM trate da delegação da competência de polícia judiciária militar, no caso do APF, como a lei igualou o
Oficial de Dia ao Comandante, o autor entende que os oficiais listados no art. 245 têm competência para lavrar o
auto, sem a necessidade da delegação e da homologação do Comandante.

A questão da autoridade judiciária presidir o APF: Em que pese a previsão legal, de discutível
constitucionalidade (ainda que associada ao art. 245 do CPPM), Jorge César entende que o ato de lavratura de
prisão em flagrante se insere na competência da polícia judiciária militar (CPPM, art. 8º, “a”) – que é ato de
natureza administrativa, e não, judicial. E o autor afirma que a única hipótese de prisão em flagrante determinada
por juiz militar ou do Juízo Militar, é a decorrente de sessão em plenário.

Providências preliminares:
α) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra serão imediatamente comunicados ao juiz, à família do
preso ou à pessoa por ele indicada (CF, art. 5º, LXII).
β) O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado (CF, art. 5º, LXIII).
χ) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório (CF, art. 5º, LXIV).
δ) A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária competente (CF, art. 5º, LXV).

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Oitiva de pessoas - sequência: condutor, testemunhas, conduzido

O condutor ao apresentar o acusado à autoridade competente para lavrar o auto de prisão em flagrante
delito militar, será ouvido por esta autoridade e lhe relatará o fato e todas as circunstâncias em que se deu a prisão
do acusado.
Posteriormente, imediatamente após a oitiva do condutor, o presidente do auto providenciará a oitiva das
testemunhas que presenciaram o cometimento do delito por
parte do acusado.
A falta de testemunhas da infração não impede a lavratura do auto. Neste caso, ele será assinado por no
mínimo duas pessoas que testemunharam a apresentação do preso.
Por fim, o presidente do auto ouvirá o acusado. O art. 245 do CPPM fala, impropriamente, em indiciado,
sendo que o termo correto para o sujeito passivo da prisão em flagrante delito é conduzido. Indiciado é a
designação para o sujeito passivo do Inquérito Policial comum ou militar.
Obs: a ordem na inquirição é imperativa: primeiro é ouvido o condutor, depois as testemunhas (o ofendido,
se for possível ouvi-lo, será antes ou depois das testemunhas) e por fim, o conduzido.
A inobservância na sequencia das oitivas pode invalidar o APF e propiciar o relaxamento da prisão
(ASSIS, 2012, p. 353).

A questão do flagrante eficiente (art. 304 do CPP): Com a mudança operada pela Lei 11.113/05, cada pessoa a
ser ouvida no APF vai sendo liberada de imediato, após a lavratura do seu respectivo Termo de Inquirição (do
condutor, da testemunha, do ofendido), podendo todos retomarem suas atividades de imediato, ficando o Termo de
Interrogatório do indiciado para o final. Conforme dicção do art. 245 do CPPM, in fine, todas as pessoas ouvidas
devem aguardar e ao final todas assinam o APF, diferentemente do CPP comum. Para a doutrina, não há nenhum
óbice em se aplicar o flagrante eficiente no APF de crime militar.

Designação de escrivão no APF: O que o § 4º do art. 245 exige é que quando o preso for oficial o escrivão
designado também deve ser oficial, mesmo que seja de posto inferior ao acusado, nos demais casos poderá ser até
3º sargento. E, na falta ou impedimento de escrivão nos moldes do § 4º, a autoridade designará, para lavrar o auto,
qualquer pessoa idônea, que, para esse fim, prestará o compromisso legal (“§ 5º).

Recolhimento a prisão, diligências e relaxamento da prisão: O presidente do auto, entendendo que resultam
fundadas suspeitas sobre o acusado, mandará recolhê-lo a prisão. E, imediatamente, providenciará a coleta de todo
o material probatório (art. 246). Mas, Se, ao contrário da hipótese prevista no art. 246, a autoridade militar ou
judiciária verificar a manifesta inexistência de infração penal militar ou a não-participação da pessoa conduzida,
relaxará a prisão. Em se tratando de infração penal comum, remeterá o preso à autoridade civil competente (art.
247, § 2º).
Importante: Para ASSIS (2012, p. 360), a autoridade de polícia judiciária militar não tem competencia para
relaxar a prisão, frente ao art. 5º, LXV da CF, in verbis: a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária. E afirma que a Carta Magna anulou o art. 247, § 2º, citando uma decisão do TJM de São Paulo (HC
001837/05-1ª Câmara – j. em 28/06/2005- unânime).
Para o autor restou derrogada a possibilidade de relaxamento da prisão por parte da autoridade de polícia
judiciária militar. Para NUCCI (2013, p. 256), a competência do Comandante permance inalterada.
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Nota de culpa (art. 247): A nota de culpa é um dos mais destacados mecanismos de garantia do cidadão contra
prisões abusivas.
A sua ausência poderá acarretar a nulidade de todo o procedimento e o conseqüente relaxamento da prisão
do acusado.
Art. 247 - Dentro em vinte e quatro horas após a prisão, será dada ao preso nota de
culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
testemunhas.

Remessa do auto de prisão em flagrante à autoridade judicial (art. 251): O auto de prisão em flagrante deve ser
remetido imediatamente ao juiz competente (no CPP é am até 24 horas – art. 306, § 1º), se não tiver sido lavrado
por autoridade judiciária; e, no máximo, dentro em cinco dias, se depender de diligência prevista no art. 246. A
partir deste momento, o preso passa à disposição da autoridade judiciária e é quando a prisão em flagrante será
relaxada, revogada ou convertida em outra prisão processual.
Obs: comunicação da prisão ao juiz é feita logo após a apresentação do conduzido à autoridade de polícia
judiciária militar (art. 222) e a remessa do auto é, via de regra, o último ato das medidas adotadas.
Delito praticado contra ou na presença da autoridade:
“Art. 249 - Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra ela, no exercício de suas
funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o infrator, mencionando a circunstância”.
A autoridade de que trata este artigo é qualquer uma relacionada no caput do 245 do CPPM, ou seja:
- o comandante
- o oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou autoridade correspondente (ex. oficial de serviço externo)
- autoridade judiciária.
Neste caso, acontecendo o crime na sua presença ou contra a sua pessoa, o comandante não poderá delegar
a outro oficial a presidência do flagrante, deverá ele mesmo autuar em flagrante o acusado como dispõe no artigo
acima. Deverá constar de forma clara nos autos que a autoridade presenciou o delito ou que foi vitima do delito.
Delito praticado contra a autoridade ou em sua presença seriam odesacato, a desobediência, lesões
corporais etc., estando ela no exercício das funções atinentes ao seu cargo.
Jorge César (2012, p. 361) afirma que ainda assim, a autoridade judiciária não pode presidir o auto. Já
Nucci (2013, p. 257) não faz nenhuma restrição.

Prisão em lugar não sujeito à administração militar: Muito embora, o art. 250 preveja que quando a prisão em
flagrante for efetuada em lugar não sujeito à administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil...,
Jorge César (2012, p. 362) entende que tal medida é incabível visto que a Polícia Civil não pode apurar crime
militar, nos termos do art. 144, § 1º, IV da CF. Já Nucci (2013, p. 257) não se opõe à permissão legal visto que as
polícias militares não possuem sede em quase todas as cidades pelo país, já as delegacias, sim.

Da Liberdade Provisória: Ao ser remetido o auto de prisão em flagrante para a autoridade judicial, esta poderá
tomar duas posições:
- relaxar a prisão devido algum vício; ou
- homologar o auto, concedendo ou não (preventiva, menagem) a liberdade provisória

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A liberdade provisória do acusado preso em flagrante de delito militar está prevista no art. 253 do CPPM:
“Art. 253 - Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato nas
condições dos artigos 35, 38, observado o disposto no art. 40, e dos artigos 39 e 42, do Código Penal Militar,
poderá conceder ao indiciado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo,
sob pena de revogar a concessão”
Sobre a liberdade provisória, veremos mais adiante.

2) DETENÇÃO DO INDICIADO:
Art. 18 - Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido,
durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à
autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias,
pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação
fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
A detenção do indiciado é uma espécie de prisão provisória decretada pelo encarregado do Inquérito
Policial Militar, independentemente de flagrante delito ou ordem judicial, cujo prazo de duração é de 30 (trinta)
dias, podendo este ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias a critério da autoridade detentora das atribuições de
Polícia Judiciária, elencadas no art. 18 do CPPM, in fine.
Uma vez decretada a detenção, o encarregado do Inquérito deverá comunicar o fato imediatamente ao juiz
a quem caberá decidir acerca da manutenção ou não da prisão.
O art. 18 do CPPM, ao disciplinar a espécie de prisão em exame, não fez referência em momento algum
aos tipos de crimes em que cabe a decretação da custódia, muito menos impôs qualquer espécie de restrição, a
exemplo de requisitos, pressupostos ou fundamentos para decretação.
A ausência de previsão de restrições destinadas a regular a modalidade de cerceamento provisório de
liberdade, todavia, não deve servir de justificativa para arbítrios e desmandos por parte da autoridade militar
encarregada da apuração. Dúvidas não remanescem no sentido de que os requisitos relativos aos indícios suficientes
da autoria, bem como concernentes à certeza da materialidade do fato, devem estar presentes para que se dê um
mínimo de suporte à prisão. Ademais deve a autoridade responsável fundamentar sua decisão, por ser indispensável
para a validade do ato.
Detalhe de crucial importância diz respeito ao confronto imprescindível do art. 18 do CPPM, com o
mandamento constitucional inserto no art. 5º, inc. LXI, da CF, que só admite a prisão sem flagrante e sem ordem
judicial, nos casos de transgressão disciplinar e nas hipóteses de crimes propriamente militares, ou seja, aqueles que
só podem ser cometidos por militar, e que estão previstos exclusivamente no CPM.
Por conta do exposto, só será admitida a detenção no caso de crimes propriamente militares, não se
podendo cogitar hipótese de sua incidência nos delitos impropriamente militares, por força da vedação, a contrário
sensu, feita pela Lei Maior.

3) PRISÃO PREVENTIVA
Art 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo Auditor ou pelo Conselho de Justiça, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade encarregada do inquérito policial-
militar, em qualquer fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos seguintes: a) prova do fato delituoso
(fumus boni iuris); b) indícios suficiente de autoria (fumus boni iuris).

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Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá fundar-se em um dos seguintes
casos (HIPÓTESES):
a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado (não está expressa no CPP);
d) segurança da aplicação da lei penal militar;
e) exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia...(não existe no CPP)
Esse modelo de prisão, que somente pode ser decretada por órgão do Judiciário, mediante a presença de
requisitos legais, tem servido como parâmetro para o julgador, na decretação de outras formas de encarceramentos
provisórios, ou seja, mantém-se a custódia, caso estejam presentes o fundamentos da prisão preventiva.
Saliente-se que, dentre os fundamentos descritos no artigo 255 supra, somente os fundados na
conveniência da instrução criminal e segurança da aplicação da lei penal militar, apresentam a roupagem de uma
genuína medida cautelar.
De fato, prender alguém com a finalidade de garantir a ordem pública ou em razão da periculosidade do
indiciado ou para manutenção dos princípios de hierarquia (estas duas últimas típicas da legislação processual
castrense) não se constitui medida eficaz para resguardar o processo de conhecimento, notadamente, em face da
inexistência do periculum libertatis.
Enquanto doutrina e jurisprudência (comuns) inserem o fundamento periculosidade na exegese da
expressão ordem pública, o CPPM contempla o aludido requisito em uma das alíneas (c), do artigo 255.
É fato, contudo, que os tribunais superiores (STJ e STF) vêm firmando orientação no sentido de que a
periculosidade, para fins de decretação da prisão preventiva, deve ser concreta, ou seja, respaldada em suporte
fático robusto, constante dos autos (crueldade do imputado, maneira de execução do delito e reiteração de crimes
praticados pelo agente).

Desnecessidade da prisão:
Art. 257. O juiz deixará de decretar a prisão preventiva, quando por qualquer circunstância evidente dos
autos, ou pela profissão, condições de vida ou interesse do indiciado ou acusado, presumir que:
1) este não fuja;
2) nem exerça influência em testemunha ou perito
3) nem impeça ou perturbe, de qualquer modo, a ação da justiça.
Obs: Essa decisão poderá ser revogada a todo o tempo, desde que se modifique qualquer das condições
previstas neste artigo (Parágrafo único).
Muito embora, o artigo revele uma faculdade do juiz (deixará de decretar se presumir), a doutrina
entende que, se as circunstâncias forem favoráveis, o juiz deverá privilegiar a liberdade do indiciado ou acusado.

O efeito sanfona da prisão preventiva: O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo,
verificar a falta de motivos para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem (art. 259).
Obs: A prorrogação da prisão preventiva dependerá de prévia audiência do Ministério Público.

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Proibição da decretação da prisão preventiva: o art. 258 é cogente e impede a decretação da prisão preventiva se
for verificado que o agente praticou o fato nas seguintes condições previstas no CPM (norma material):
1) art. 35 (erro de direito);
2) art. 38 (sob coação irresistível ou em obediência hierárquica);
3) art. 40 (coação ísica ou material);
4) art. 39 (estado de necessidade exculpante) e
5) art. 42 (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exeercício regular de
direito).
4) PRISÃO DO DESERTOR
Art. 452, CPPM, verbis: "O termo de deserção tem o caráter de instrução provisória e destina-se a
fornecer os elementos necessários à propositura da ação penal, sujeitando, desde logo, o desertor à prisão."
Art. 453, CPPM, verbis: "O desertor que não for julgado dentro de sessenta dias, a contar do dia de sua
apresentação voluntária ou captura, será posto em liberdade, salvo se tiver dado causa ao retardamento do
processo."
Enfatize-se que a lei determina a prisão do desertor que é capturado e, igualmente, daquele que se
apresenta voluntariamente. Nesta última hipótese, fere de morte a cautelaridade que deve nortear toda prisão
provisória. De fato, a apresentação voluntária do desertor significa que este não pretende fugir da aplicação da lei
penal, ao contrário do desertor que é capturado.
A Súmula 10, do Superior Tribunal Militar abaixo transcrita:
"Não se concede liberdade provisória a preso por deserção antes de decorrido o prazo previsto no art. 453
do CPPM."
Pelo artigo 5º, inciso LXI da CF, a prisão de qualquer cidadão só poderá ser efetivada "em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei".
O crime de deserção insere-se como modalidade de crime militar próprio e que, assim sendo, permite a
autoridade militar prender o infrator em flagrante.
Também pelo art. 243 do CPPM, a deserção, juntamente com a insubmissão, são crimes que ensejam a
prisão do agente a qualquer momento.
Neste viés, a lavratura do termo de deserção, por ser ato pré-processual com caráter de instrução
provisória, autoriza a prisão do desertor (art. 452).
Entretanto, na opinião de Ronaldo João Roth, após o ato de prisão, faz-se necessário a lavratura do auto de
prisão em flagrante, pois: "[...] uma situação é o ato de prisão efetuado contra o desertor, com base na autorização
legal decorrente da lavratura do termo de deserção, outra é a formalização da prisão, homologada pela autoridade
competente em auto próprio". Desta forma, é imprescindível que se lavre o auto de prisão em flagrante pela
autoridade militar, ou oficial de serviço, ou autoridade judiciária, "de forma que seja formalizada a prisão com
oitiva do condutor, das testemunhas, e, principalmente, inquirindo-se o indiciado, tudo nos termos do artigo 245 do
CPPM".
Entretanto, mesmo com este embasamento doutrinário, não é idêntica a opinião da jurisprudência dominante.
Segundo esta "O termo de deserção, lavrado nos limites da lei, dispensa o Auto de Prisão em Flagrante do desertor,
sujeitando-o, desde logo, à prisão". (HC, nº 1.216, Relator: Juiz Jair Cançado Coutinho, 20 de agosto de 2004).

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5) MENAGEM
Trata-se de um benefício concedido a militares e civis sujeitos à jurisdição militar e ainda não condenados,
os quais assumem o compromisso de permanecer no local indicado pela autoridade competente. É cumprida em
uma cidade, quartel, ou mesmo na própria habitação, sem rigor carcerário.
Assim, infere-se que a menagem no ordenamento jurídico brasileiro é um instituto exclusivo da justiça
militar, estando disposto no artigo 263 do CPPM, não sendo aplicável na justiça criminal comum.
A menagem tem dupla natureza jurídica. Com efeito, é prisão provisória, porque o homenageado não pode
retirar-se do lugar para o qual foi ela concedida, sob pena de cassação, havendo um cerceamento da liberdade
ambulatorial. Mas, por outro lado, a menagem é um benefício, uma vez que não é cumprida com os rigores
carcerários.
No entanto, para o preso ter direito a esse instituto deve preencher determinados requisitos, quais sejam: a
pena privativa do crime de que é acusado não pode exceder a 04 (quatro) anos; o juiz deve observar a natureza do
crime, ou seja, o crime não pode ser praticado com requinte de crueldade, traição, por motivo torpe ou fútil; e o
acusado deve ter bons antecedentes e o juiz deve ter atenção à vida pregressa deste, tanto judicial como
extrajudicial.
Ao reincidente não se concederá a menagem, conforme se verifica no artigo 269 do CPPM.
O lugar da menagem é sempre fora do cárcere, tanto para o militar como para o civil, podendo ser na
residência do réu (extra murus), em lugar sujeito à administração militar (intra murus) ou na cidade, esta última
modalidade equipara-se à liberdade provisória.
A todo o momento a menagem pode ser concedida, enquanto estiver o indiciado ou acusado preso.
O princípio básico que rege a menagem é a confiança. O indiciado ou acusado dá sua palavra de honra de
que comparecerá a todos os atos processuais e de que não se retirará do lugar da menagem. Assim, a menagem será
quebrada quando: sem justa causa, deixar o acusado de comparecer aos atos processuais; abandonar os limites do
lugar da menagem, ainda que temporário; quando sobrevier motivos que autorizem a prisão preventiva (art. 265).
A menagem será revogada obrigatoriamente quando houver a sentença penal condenatória, ainda que não
tenha passado em julgado. O juiz auditor entendendo não mais necessária ao interesse da Justiça Castrense pode
liberar o homenageado, em qualquer tempo, da menagem, na forma do artigo 267, parágrafo único do CPPM.

Menagem do insubmisso
Art. 464, § 3º: " O insubmisso que não for julgado no prazo de sessenta dias a contar do dia
de sua apresentação voluntária ou captura, sem que para isso tenha dado causa, será posto em
liberdade." (grifo nosso)
No caso do insubmisso (o civil que deixa de se apresentar para o ato de incorporação na Força Armada em
que se alistou – art. 183 do CPM) fica com sua liberdade cerceada intra muros, é dizer, fora do xadrez, mas no
interior do aquartelamento, por pelo menos 60 dias.

Art. 266, do CPPM, verbis: "O insubmisso terá o quartel por menagem,
independentemente da decisão judicial, podendo, entretanto, ser cassada pela
autoridade militar, por conveniência e disciplina."

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Trata-se de uma prisão sui generis em que, parte do segregamento ocorre quando o insubmisso é civil
(antes da incorporação à Força Armada) e outra parte já na condição de militar (depois do ato da incorporação).
Compre destacar que conforme a redação do artigo acima e interpretação doutrinária, o próprio
Comandante da Unidade (Forças Armadas) poderá decretar a menagem, sem a necessidade de autorização judicial.
Ou seja, o insubmisso foi preso em flagrante (art. 243) e poderá permanecer acautelado no quartel à disposição da
autoridade judiciária.
Jorge César entende que, muito embora, o art. 266 preveja que a autoridade militar possa cassar a
menagem, tal prerrogativa não mais pertence ao Comandante, face ao ordenamento constitucional, do qual se
abstrai que o preso (acautelado) fica à disposição do juiz de direito e, somente este pode decidir acerca da liberdade
do acusado.

6) COMPARECIMENTO ESPONTâNEO
O investigado que houver comparecido espontaneamente no âmbito da investigação militar não será preso
em flagrante. Apenas será ouvido, na presença de duas testemunhas e, depois, encaminhado ao juiz.
O comparecimento espontâneo deverá ser realizado preferencialmente perante o Juiz. Caso contrário,
deverá ser tomada sua oitiva e em seguida apresentado à autoridade judiciária para que esta delibere sobre a
necessidade de prisão preventiva.
Art. 262. Comparecendo espontaneamente o indiciado ou acusado, tomar-se-ão por
termo as declarações que fizer. Se o comparecimento não se der perante a autoridade
judiciária, a esta serão apresentados o termo e o indiciado ou acusado, para que
delibere acerca da prisão preventiva ou de outra medida que entender cabível.
Parágrafo único. O termo será assinado por duas testemunhas presenciais do ocorrido;
e, se o indiciado ou acusado não souber ou não puder assinar, sê-lo-á por uma pessoa a
seu rogo, além das testemunhas mencionadas.
A apresentação do investigado ao juiz poderá ser feita por meio de ofício, com cópia do termo e de demais
elementos informativos do expediente, por meio eletrônico inclusive, da mesma forma como se procede na prática
com os autos da prisão em flagrante. Mas a prisão em flagrante certamente ficará inviabilizada, cabendo, nessa
ocasião, tão somente ao juiz analisar a necessidade da prisão preventiva, nos termos do art. 257 do CPPM.

7) LIBERDADE PROVISÓRIA
O Código de Processo Penal Militar brasileiro, em seus artigos 253 e 270, estabelece as hipóteses de
cabimento para concessão da liberdade provisória, nos seguintes termos:
Realizado o auto de prisão em flagrante ou a comunicação de flagrante, compete ao Juiz de Direito analisar
se foram preenchidas as formalidades legais para manutenção da prisão, consoante disposto no artigo 244 e
seguintes do CPPM, bem como se foram respeitadas as garantias constitucionais do autuado.
Não sendo o caso de relaxamento de prisão (prisão ilegal, negativa de autoria e inexistência do fato), deve
o juiz observar se o agente não praticou o delito acobertado por excludentes de culpabilidade ou antijuridicidade,
em estado de necessidade ou sobre erro de direito, o que permite a concessão da liberdade provisória, sem
pagamento de fiança, mediante termo de compromisso de comparecimento a todos os atos do processo.

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Esta é a liberdade provisória regulada pelo artigo 253 do CPPM, que vincula o agente a comparecer a
todos os atos do processo, todavia, é de difícil aplicabilidade pelo Juiz de Direito, haja vista que depende de uma
análise aprofundada de como ocorreu o delito, necessitando de dados que nem sempre se encontram disponíveis no
auto de prisão ou na comunicação do flagrante.
Art. 253. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o
fato nas condições dos arts. 35 (erro de direito), 38 (excludente de culpabilidade), observado o
disposto no art. 40 (coação física ou material), e dos arts. 39 (estado de necessidade) e 42 (exclusão
de antijuridicidade), do Código Penal Militar, poderá conceder ao indiciado liberdade provisória,
mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogar a concessão.
O artigo 270 do CPPM contempla, em seu caput, a possibilidade do réu livrar-se solto, ou seja, mesmo que
tenha sido preso em flagrante, poderá responder ao processo em liberdade. Diferente da liberdade provisória
regulada pelo art. 253 do CPPM, a liberdade provisória contida no art. 270 não vincula o agente ao processo. O
legislador castrense vislumbrou que os delitos ali descritos são mais "leves" e, portanto, a prisão cautelar iria ferir a
razoabilidade, posto que mesmo sendo proferida uma sentença condenatória, o réu não receberá pena privativa de
liberdade ou a pena aplicada será cumprida em regime prisional mais brando, pelo que a restrição à liberdade seria
por demais excessiva.
Art. 270. O indiciado ou acusado livrar-se-á solto no caso de infração a que não for cominada
pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Poderá livrar-se solto:
a) no caso de infração culposa, salvo se compreendida entre as previstas no Livro I, Título I, da Parte
Especial, do Código Penal Militar (crimes contra a segurança externa do Brasil);
b) no caso de infração punida com pena de detenção não superior a dois anos, salvo as previstas nos
arts. 157 (violência contra superior), 160 (desrespeito a superior), 161 (desrespeito a símbolo
nacional), 162 (despojamento desprezível), 163 (recusa de obediência), 164 (oposição a ordem de
sentinela), 166 (publicação ou crítica indevida), 173 (abuso de requisição militar), 176 (ofensa
aviltante a inferior), 177 (resistência mediante violência ou grave ameaça), 178 (fuga de preso ou
internado), 187 (deserção), 192 (deserção por evasão ou fuga), 235 (pederastia ou ato de libidinagem),
299 (desacato a militar) e 302 (ingresso clandestino), do Código Penal Militar.
Todavia, o parágrafo único trouxe algumas vedações a concessão da liberdade provisória. A alínea "a"
determina que o réu livra-se solto se cometer crime culposo, desde que o delito praticado não atente contra a
segurança nacional, consoante tipificação contida no Livro I, Título I, da Parte Especial do Código Penal Militar.
Já a alínea "b" informa que o réu poderá ser liberto desde que cometa crime não punido com pena de
detenção não superior a 2 anos, salvo se encontra no rol ali expresso, para os quais não caberá a concessão da
liberdade provisória.
Permitir a concessão da liberdade provisória nos crimes vedados, mencionados acima, correria-se o risco
de ferir de morte os pilares da hierarquia e da disciplina militares.
Não obstante as hipóteses elencadas nos artigos 253 e 270 do CPPM, não basta que o réu tenha preenchido
as exigências ali impostas para que possa responder o processo em liberdade, é imprescindível que não estejam
presentes os requisitos para decretação da prisão preventiva, consoante artigo 271 do CPPM.

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