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Festa
– A festa de hoje leva-nos também a olhar com profundo respeito a concepção e nascimento
de todo o ser humano.
Temos notícia desta festa de Nossa Senhora há muitos séculos. Foi comemorada primeiro
no Oriente e depois em toda a Igreja. É uma festa cheia de alegria, pois celebramos o
nascimento d’Aquela que seria a Mãe de Deus e também Mãe nossa. A sua chegada ao
mundo é o anúncio da proximidade da Redenção. Muitas nações e cidades, sob diversas
invocações, celebram hoje a sua Padroeira.
II. EXULTE, Ó DEUS, a vossa Igreja [...], pois nos alegramos pelo
nascimento de Maria, que foi para o mundo inteiro esperança e aurora da
salvação11.
Quantos anos celebra hoje a nossa Mãe?... Para Ela, o tempo já não passa,
porque alcançou a plenitude da idade, essa juventude eterna e plena que
nasce da participação na juventude de um Deus que, conforme diz Santo
Agostinho, “é mais jovem do que todos”12, precisamente por ser eterno e
imutável. Talvez tenhamos podido ver de perto a alegria e a juventude interior
de alguma pessoa santa, e contemplar como, de um corpo que carregava o
peso dos anos, brotava uma juventude de coração com uma energia e uma
vida irreprimíveis. Essa juventude interior é tanto mais profunda quanto maior a
união com Deus. Maria, por ser a criatura que mais intimamente se uniu a Ele,
é certamente a mais jovem de todas as criaturas. Nela, juventude e maturidade
confundem-se, como também em nós, quando caminhamos a direito ad Deum,
qui laetificat iuventutem meam, para Deus que nos rejuvenesce cada dia por
dentro e, com a sua graça, nos inunda de alegria13.
A sua vida tão cheia de normalidade ensina-nos a agir de tal maneira que
saibamos ocupar-nos nas nossas tarefas diárias sempre de olhos postos em
Deus: que saibamos servir os outros sem alarde, sem fazer valer
constantemente os nossos direitos ou os privilégios que nós mesmos nos
arrogamos, que saibamos terminar bem o trabalho que temos entre mãos...
Sob diversas invocações, muitas cidades e nações celebram hoje esta festa,
com uma intuição certeira, pois “se Salomão – ensina São Pedro Damião –
celebrou solenemente com todo o povo de Israel um sacrifício tão copioso e
magnífico para comemorar a dedicação do templo material, qual e quanta não
será a alegria do povo cristão ao celebrar o nascimento da Virgem Maria, em
cujo seio, como num templo sacratíssimo, desceu o próprio Deus em pessoa
para dela receber a natureza humana, dignando-se viver visivelmente entre os
homens?”20 Não deixemos de festejar a data de hoje com essas delicadezas
que são próprias dos bons filhos.
(1) Antífona de entrada; (2) cfr. J. Pascher, El año liturgico, BAC, Madrid, 1965, pág. 689; (3)
cfr. João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, 3; (4) Liturgia das Horas, Segunda
leitura; Santo André de Creta, Dissertações, 1; (5) Rom 8, 28-30; (6) Santo Afonso Maria de
Ligório, As glórias de Maria, II, 2; (7) cfr. São Tomás, Suma Teológica, III, q. 27, a. 5, ad. 1; (8)
cfr. ib., III, q. 7, a. 10, ad. 1; (9) cfr. São Bernardo, Sermão 4 na Assunção da Beatíssima
Virgem Maria, 5; (10) São Boaventura, Speculum, 8; (11) Missal Romano, Oração depois da
comunhão; (12) Santo Agostinho, Homilias sobre o Génesis, 8, 26, 48; (13) Sl 42, 4; (14) cfr. A.
Orozco, En torno a Maria, Rialp, Madrid, 1975, pág. 8; (15) ib., pág. 9; (16) João Paulo
II, Angelus em Liechtenstein, 8-IX-1985; (17) Gén 3, 15; Is 7, 14; (18) Lc 2, 51; (19) João Paulo
II, Discurso ao Congresso Mariano internacional de Saragoça, 12-X-1979; (20) São Pedro
Damião, Sermão 45, 4.