Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Abstract
This essay discusses the act of literary creation as a paradigm of the processes
of subjectivation that enable the production of life-forms. Based mainly on
Deleuze and Agamben, the act of literary creation makes it possible to think
about the logics of other forms of resistance production, aberrant movements
and ruptures of the devices of capture and domination; and also the actions
constituting ethical and politically referenced forms of life. In this sense, we
propose a poetics of forms-of-life, understood as process, living power work,
active micropolitics and life passage.
Keywords
Act of creation, processes of subjectivation, forms-of-life, Gilles Deleuze,
Giorgio Agamben.
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
236
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
237
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
238
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
6
Escrever não é certamente impor uma forma (de expressão) a
“O real é o ponto de impossível
uma matéria viva. A literatura está antes do lado do informe, ou da formalização (...) é atingido
do inacabamento (…). Escrever é um caso de devir, sempre não através do uso da
inacabado, sempre em vias de fazer-se, e que extravasa qualquer formalização – já que ele é
matéria vivida ou vivível. Escrever é um processo, uma passagem justamente o impasse dela -,
de Vida que atravessa o vivível e o vivido (DELEUZE, 2011, p. 11). mas quando se explora aquilo
que é impossível para essa
formalização (...) não se trata de
uma impossibilidade geral, mas
Esta passagem tem questões complexas que se articulam com as
do “ponto” preciso que é o
referências anteriores. Sublinhamos aqui o escrever como processo, fazer impossível de uma determinada
no limite do informe e passagem de vida. No recorte deleuziano, o conceito formalização” (BADIOU, 2017, p.
de processo ultrapassa a neutralidade descritiva, é 30-31).
239
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
240
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
241
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
242
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
faz em ato e não a priori, que não remete a uma origem determinada, que se
produz a partir de quaisquer fragmentos. Poética de uma temporalidade
intempestiva, aberrante.
Mais do que refletir imagens existentes, a poética dos dispositivos-
enigmáticos torna visíveis outras imagens do mundo, faz nascer o que não
existia, o que escapa às racionalidades dogmáticas. Poética da potência do
indeterminado, das imagens indefinidas que produzem temores (sete anos
de azar como penalidade pela ruptura das imagens unificadas), vertigens,
terrores, espantos, alegrias (o azar vivido como deriva, experiência do
inesperado, encontro com a vida). Espelhos cheios de luas que enchem a
última rua do mundo com pedaços de céu. E também com abismos,
profundidades insondáveis que ressoam com as formas em movimento da
matéria viva, com experiências de um “a mais de realidade” intenso e
assustador, de afetos tanto aterrorizantes quanto alegremente espantosos.
Sobre o artigo
Recebido: 12/08/2016
Aceito: 22/09/2016
Referências bibliográficas
243
ECOS | Estudos Contemporâneos da Subjetividade | Ano 7 | Volume 2
244