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, TECNlCAS' PROJETIvAS E EXPRESSIVÀS I

o Psicodlagnóstico de Rorschach: estudo das Fórmulas Vlvenclals


e dos Indicas de Conflito em pré-adolescentas*

MARISA JAPUR *.
ANDRÉ JACQUEMIN"·

1. Introdução; 2. Metodologia; 3. Resultados; 4.


Conclusão.

Esse estudo objetiva caracterizar a afetividade na pré-adolescência, utilizando


o Psicodiagnóstico de Rorschach através da análise das Fórmulas Vivenciais
e dos lndices de Conflito existentes entre elas. Cento e oitenta pré-adolescentes
de 11 a 13 anos e 11 meses, de ambos os sexos, com nível de escolaridade
correspondente à idade, com nível intelectual e sócio-econômico médio ou
médio-superior, foram submetidos à aplicação individual da técnica, avaliada
de acordo com a escola francesa. Os resultados indicam a predominância da
extratensividade aos 11 e 13 anos e da coartação aos 12 anos, bem como a
presença marcada de conflitos de desenvolvimento e atuais em todo o período.
A comparação com resultados de Jacquemin (1976) e Adrados (1976) indicou
o período como sinalizador de uma nova etapa, cujo processo se elaborará ao
longo da adolescência. Os resultados permitiram a sistematização de alguns
parâmetros que contribuem para a compreensão da afetividade na pré-adoles-
cência. '

1. Introdução

Apesar das inúmeras controvérsias a respeito da validade e fidedignidade do


Psicodiagnóstico de Rorschach, bem como dos aspectos discutíveis e criticáveis
ligados às influências situacionais e interpessoais no teste projetivo em geral,
essa técnica tem sido vista como o mais importante instrumento de avaliação
da personalidade na prática clínica.

• Parte dessa pesquisa. foi subvencionad~ pela Fapesp e pela Capes, através da concessão
de bolsas de' estudo. (Artigo apresentado à Redação em 8.6.83.)
** Do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. {Endereço da autora: Rua Piracicaba,
1.332 - 14.100 - Ribeirão Preto, SP.)
*** Do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.

Arq: bnls .. Psic., Rio de Janeiro, 37(2):145-155, abr./jun. 1985,


Segundo Anzieu (1960), a originalidade de Rorschach reside em haver
transformado o significado qas manchas de tinta em teste de personalidade,
tendo encontrado a chave de uma nova interpretação, onde as respostas de
movimento expressam a introversão do sujeito e as respostas cor, a extratensão.
Para Rorschach (1961), "se soubermos qual a intensidade dos momentos intro-
versivos de um indivíduo, qual a intensidade dos momentos extratensivos, qual
a relação existente entre os momentos introversivos e extratensivos, até que
ponto os momentos introversivos e extratensivos se acham coartados ou dila-
tados, então saberemos muito a respeito desse indivíduo ( ... ) Não conhece-
remos suas vivências, mas o aparelho de vivências com o qual ele recebe as
vivências internas e externas e com o qual ele as submete à primeira ela-
boração".
No Psicodiagnóstico de Rorschach, tanto as respostas cinestésicas - K
- como as respostas cromáticas - C - mantêm estreita relação com a afe-
tividade, abrangendo emoções, afetos e sentimentos.
As respostas K correspondem aos momentos introversivos da pessoa, indi-
cando sua capacidade para adiar e controlar as manifestações afetivas mediante
o pensamento. Não representam apenas a interiorização e disposição intelec-
tual, favorecendo uma adaptação pelo pensamento, como Rorschach (1967)
enfatizara. Devido à variedade de mecanismos que intervêm nas projeções cines-
tésicas, representam também uma emoção intensamente vivida e dominada. Se-
gundo Traubenberg (1975), o K "pressupõe uma consciência dos seus limites,
permite a relação com outrem, dado que é um meio de conhecimento do mun-
do exterior e, se o investimento de recursos intelectuais aí é visível, a explo-
ração de recursos afetivos é igualmente perceptível". Portanto, a resposta K
tem sido vista como mais "afetiva" do que parecia e de uma afetividade muito
próxima do inconsciente e, no entanto, muito contida.
Por outro lado, as respostas C representam momentos extratensivos, indi-
cando uma orientação da conduta centrada principalmente nos estímulos ex-
ternos, oferecendo um índice da capacidade da pessoa de ser permeável e sin-
tônica a eles, representando o grau de abertura em relação ao mundo exterior.
As respostas C manifestam, de alguma forma, a carga afetiva que a pessoa
exterioriza, que ela exprime ou assume, ou que aceita considerar sua, não
oferecendo em si mesmas indicações sobre o teor das emoções e não indicando
o caráter positivo ou negativo da experiência emocional.
Assim sendo, o Tipo de Ressonância Intima (TRI) , na medida em que
exprime a relação existente entre o número de respostas cinestésicas - apenas
as grandes cinestesias K - e a soma ponderada das respostas cor - sendo
= =
1FC 0,5, 1CF 1,0 e tC = 1,5 - destaca-se como a fórmula numérica
mais importante do Psicodiagnóstico, traduzindo a atitude fundamental da
personalidade para consigo mesma e para com o mundo exterior.
Rorschach (1967) distinguiu quatro tipos de ressonância íntima em fun-
ção da predominância das respostas K ou das respostas C, e do seu grau de
dilatação ou coartação, que continuam sendo a base das distinções corretamen-
te adotadas, quais sejam os tipos introversivo, extratensivo, coartado e ambi-
gual, que podem ser assim descritos:

a) o tipo coartado: - puro OK o C


-coartativo 1K 1 ou 0,5C

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b) o tipo extratensivo: - puro OK< y l C
- dilatado xK< y lC
c) o tipo introversivo: - puro x K > O C
- dilatado x K > Y l C
d) o tipo ambigual: x K = Y l C

o TRI representa uma faculdade móvel, volitiva e dinâmica. Segundo


Adrados (1976), "a personalidade global é produto da energia total de um
indivíduo, de modo que podemos encontrar no acompanhamento de um caso
alterações da fórmula vivencial quando em situações especiais determinadas
por fatores en'dógenos ou ex6genos". Enfatiza que os recursos que estão à dis-
posição podem ser ativados num ou noutro sentido em função das necessida-
des, sem que se altere o quantum de energia e a proporção mútua entre os
elementos que compõem a relação. Apresenta também mudanças naturais nas
fases críticas do desenvolvimento evolutivo, como o pr6prio autor da técnica
já assinalara.
Um outro índice importante na avaliação da afetividade é a f6rmula pro-
posta por Canivet (apud Traubenberg, 1975), a partir da de K1opfer, diferindo
dessa última em sua composição. A F6rmula Complementar do TRI, como é
chamada, relaciona as pequenas cinestesias, ou seja, as respostas kan, kob e
kp (l k), com a soma ponderada das respostas estompage - respostas deter-
minadas pela diferença de tonalidade das manchas - à semelhança das res-
postas cor, sendo lFE = 0,5, lEF = 1,0 e tE = 1,5.
Traubenberg (1975) assinala que o valor interpretativo dessa f6rmula
tem sido bastante controvertido e gradativamente tem sido mais enfatizada a
sua comparação com o TRI. O equiHbrio introversivo-extratensivo deve ser
apoiado pela relação entre as respostas l k, tendências introversivas incom-
pletamente aceitas, ou à disposição do sujeito, e as respostas E (estompage)
que refletem tendências extratensivas ligadas a uma necessidade primária de
afeição.
Assim, a comparação termo a termo entre os elementos que compõem o
TRI e a Fórmula Complementar permite reconhecer a inadaptação afetiva,
traduzindo um sinal em que é possível detectar o potenci,al de estabilização
dos afetos, bem como circunscrever a força das repressões, caracterizando a
presença de conflitos que podem estar ligados à pr6pria hist6ria do desenvol-
vimento pessoal.
Por outro lado, a percentagem de respostas nas três últimas pranchas do
Psicodiagnóstico, chamada 3~ F6rmula Vivencial, proposta por K10pfer & Kel-
ley (1972), acrescentou um novo elemento de interpretação complementando
o significado do TRI. Ela traduz o grau de abertura aos estímulos ambientais,
a capacidade da pessoa de ser motivada pelos estímulos externos, bem como
a receptividade em relação a eles.
Para julgar adequadamente o significado dessa f6rmula, é necessário
vinculá-la ao TRI. Quando esse índice é menor que 30% e a pessoa apresenta
TRI introversivo, torna-se evidente a escassa influência que a cor tem como
elemento determinante na dinâmica de sua personalidade. Inversamente; quan-
doesse ínqiCe é maior que 40% e o TRI é introvertido, é possível pensar-se
num conflito pela discrepância entre a tendência natural e a atitude consciente

PsicodÍtlglCÓstico de Rorschach 147


da pessoa. Nos casos em que a 3~ Fórmula se apresenta menor que 30% e
o TRI mostra-se éxtratensivo, pode-se pensar que a pessoa esteja se obrigando
a manter relações emocionais com o ambiente sem que para isso se encontre
emocionalmente preparada.
Dessa forma, a divergência entre o TRI e a 3~ Fórmula também pode
caracterizar a presença de conflitos que se passariam no momento atual da
pessoa.
A consideração de como aparecem num protocolo de Rorschach essas
Fórmulas Vivenciais oferece importantes indicadores sobre a afetividade da
pessoa, embora não esgote por completo a sua compreensão. Para tanto, seria
necessário vinculá-las aos demais fatores da técnica, bem como à compreensão
da dinâmica e do conteúdo simbólico das respostas.
Portanto, considerando:

a utilidade do Psicodiagnóstico de Rorschach como recurso importante à


prática clínica;
- a necessidade de dispor de padrões referenciais característicos da pré-
adolescência;
- a importância dos aspectos afetivos nesse período do desenvolvimento
humano;
- e, ainda, o valor das Fórmulas Vivenciais como indicadores seguros desses
aspectos,
nos propomos através de nosso estudo caracterizar a afetividade na pré-adoles-
cência, tal como se expressa no Psicodiagnóstico de Rorschach através das
Fórmulas Vivenciais e dos lndices de Conflito existente entre elas.

2. Metodologia

2.1 Amostra

Cento e oitenta pré-adolescentes de 11 a 13 anos e 11 meses, igualmente repre-


sentados em termos de sexo e idade, apresentando nível de escolaridade com-
patível com a idade, situados na faixa média ou média superior quanto ao
nível intelectuaIl e provenientes de famílias de nível sócio-econômico médio
ou médio-superior.1
Utilizamos para a seleção dessa amostra os mesmos critérios empregados
por Jacquemin (1976) em estudo com crianças e obtivemos uma caracteriza-
ção comparável que possibilita uma análise evolutiva dos resultados.

1 O nível intelectual dos sujeitos foi determinado através do Teste das Matrizes Progressi-
vas de Raven (1961), Escala Geral, aplicado individualmente e. avaliado segundo padroni.
zação argentina: tabela VII - Niíios - Forma individual (Baremo Mendoza).
2 O nível s6cio-econômico foi determinado pelo Status profissional dos pais segundo a
escala de Hutchinson (1960), modificada por Gouveia (1965) .

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2.2 Aplicação
Obtivemos nossos dados pela aplicação individt.Jal da Técnica de Rorschach
aos 180 sujeitos selecionados, conforme maneira convencion~l de aplicação da
mesma, buscando manter nossa atitude o mais uniforme possível.

2.3 Tratamento dos resultados

Cotamos os protocolos seguindo com algumas modificações a nomenclatura


francesa proposta por Ombredane & Canivet, conforme Anzie9 (1960). Esta-
belecemos o psicograma correspondente a cada um dos 180 protocolos, apli-
cando-lhes as f6rmulas de avaliação da técnica. Elaboramos os resultado~-do
forma a caracterizar a distribuição da amostra dentro dos Tipos Vivenciais,
tanto no Tipo de Ressonância rntima, como na Fórmula Complementar de
Canivet e na 3~ Fórmula Vivencial de KIopfe;r, bem como -o r,ndice de Conflito
existente entre elas. Sempre que possível, comparamos evolutivamente os re!
sultados com os obtidos por Jacquemin (1976) .com crianças e Adrados (1976)
com adolescentes.3 Aplicamos para cada Uma das distribuições o tratamento
estatístico, utilizando o teste t,
para testar diferenças entre sexos e idades. O"
resultados desse tratamento estatístico constam do anexo 1. "

3. Resultados

Apresentamos na tabela 1 os resultados relativos ao Tipo de Ressonância rn-


tima (TRI).
Tabela 1
Percentagem de sujeitos em cada subgrupo e no grupo total, em função do TRI

11 anos 12 anos 13 anos


T
Sujeitos (%)
M F T M T M T
\ 1 1F I 1 p I
Coartados· 23 33 28 50 43 47 27 27 27 34
Introversivos 17 13 15 27 17 22 27 13 20 19
Extratensivos 60 53 57 23 37 30 47 60 53 47
Ambiguais 3 1 0,3

• Incluímos os sujeitos coartados puros e coartativos nessa categoria.

A análise estatística dos resultados não apontou 'dife~enças significativas


quanto ao sexo em nenhuma das idades, em relação ao TRI.

:; Estamos cientes dos limites impostos às comparaçôes com os reruÍtad~s de' Adrad?~.
(1976), devido às diferenças das amostras.

Psicodiagitóstico de Rorschach
Assim, tomando-se em cada uma delas os grupos masculino e feminino
como um todo, observamos que aos 11 e 13 anos predominam sujeitos com
TRI extratensivo, seguido pelos tipos coartado e introversivo. Esses resultados
indicam que nessas idades predomina uma afetividade mais voltada para o
mundo exterior, caracterizada por relações superficiais e pouco estáveis, com
predomínio de interesses basicamente dirigidos para fora.
A idade de 12 anos apresenta resultados que diferem estatisticamente dos
11 e 13 anos, quanto a esse fator. Observamos uma predominância de sujeitos
com TRI coartado, seguido pelos tipos extratensivo e introversivo. Esses resul-
tados indicam que a tendência predominante nessa idade é no sentido de rea-
girem de modo essencialmente formal, inibindo a exteriorização da afetivi-
dade, bloqueando a imaginação, caracterizando relações afetivas bastante
limitadas.
Jacquemin (1976) relata uma predominância do TRI coartado durante
toda a infância, que tende a diminuir com a idade, mas ainda aparece como
o mais presente aos 10 anos. Em contrapartida, tende a aumentar com a idade
o tipo introversivo, enquanto mantém-se ao longo do período a percentagem
de sujeitos extratensivos e ambiguais. Como característica grupal, aparece com
o desenvolvimento uma tendência à maior abertura afetiva, dirigida mais para
as vivências internas.
Nossos resultados apontam a idade de 11 anos como sinalizadora de uma
marcada alteração nesse processo, sugerindo o início de uma nova fase em
que o voltar-se para fora de si e a busca de ampliação das relações caracteriza
quase 60% do grupo. Contudo, aos 12 anos, observamos um retrocesso na
tendência geral do grupo, em relação a esse processo de abertura para o mundo
exterior, onde quase 50% do grupo apresentam um padrão vivencial à seme-
lhança do que predomina durante a infância, sugerindo uma necessidade de
restringir-se, talvez como forma de elaborar as experiências trazidas no mundo
exterior na fase anterior. Os 13 anos caracterizam-se por uma nova volta para
a realidade externa, onde mais de 50% do grupo buscam ampliar suas vivên-
cias orientadas para o mundo circundante.
Esse processo de abertura para a realidade exterior, indicando o início
de um novo período, trazendo consigo o refluxo característico de todo avanço
no desenvolvimento, parece processar-se lentamente e acompanhar todo o pe-
ríodo da adolescência. De fato, Adrados (1976) encontrou entre os 14 e 18
anos um marcado predomínio do TRI extratensivo, sugerindo que ao longo
da adolescência será mantida essa tendência, já observada nos anos da pré-
adolescência, de voltar-se para o mundo exterior.
Apresentamos na tabela 2 os resultados relativos à Fórmula Complementar
do TRI.
Pela análise estatística desses resultados, não constatamos diferenças sig-
nificativas quanto ao sexo em nenhuma das idades.
Aos 11 anos observamos uma predominância de sujeitos do tipo extra-
tensivo, seguido dos tipos coartado e introversivo. Esses resultados diferem
estatisticamente dos 12 anos, onde predominam sujeitos do tipo coartado, se-
guido pelos tipos introversivo e extratensivo. A idade de 13 anos não difere
significativamente dos 11 e 12 anos; nela observamos uma predominância do
tipo. coartado, seguido pelos tipos extratensivo e introversivo em proporções
muito próximas.

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Tabela 2
Percentagem de sujeitos em cada subgrupo e no grupo total, em função da
Fórmula Complementar do TRI .

, 11 anos -12 anos 13 anos


Sujeitos T
(%)
M \ F
I I T
I
M I
I
F
! T M II F
1
T

Coartados 40 33 37 43 40 42 47 37 42 40
Introversivos 13 30 22 30 40 35 33 23 28 28
Extratensivos 33 37 40 23 13 18 20 37 29 29
Ambiguais 3 1 3 7 5 3 1 2

Em todas as idades, observamos uma pequena percentagem de sujeitos


do tipo ambígual, sendo mais marcada aos 12 anos.
Jacquemin (1976) observou entre crianças a predominância dos tipos
coartado e coartativo, seguidos com percentagem próxima do tipo introversivo
e com pequena percentagem aparecem os extratensivos e ambiguais.
Novamente com relação a esse aspecto, observamos maior semelhança
do grupo de 12 anos com as crianças, do que as observadas aos 11 e 13 anos.
A comparação com os resultados de Adrados (1976) não é indicada, pois
a autora os apresenta segundo a fórmula vivencial de KIopfer, que envolve
a comparação de elementos diferentes.
Esses resultados adquirem maior expressão como dados significativos da
afetividade quando tomados em comparação com o TRI.
Apresentamos na tabela 3 os resultados relativos à comparação entre o
TRI e a Fórmula Complementar.

Tabela 3
Percentagem de sujeitos em cada subgrupo e no grupo total, em função da comparação
entre o TRI e a Fórmula Complementar

11 anos 12 anos 13 anos


TRI X Fórmula T
(%)
Complementar
M ) F
1
T M
! IF
T M \ F
I
II T

Divergentes 74 55 65 74 76 75 86 68 77 72
Não-divergentes 26 45 35 26 24 25 14 32 23 28

A análise estatística dos resultados não indicou diferenças signüicativas


quanto ao sexo e à idade em relação à comparação dessas fórmulas.
Tomando-se então o grupo como um todo, observamos uma percentagem
significativamente maior de sujeitos apresentando divergência entre o TRI e
a Fórmula Complementar, independente do tipo vivencial que apresentam.

Psicodiagn6stico de Rorschach ISl


Esses resultados permitem reconhecer a inadaptação afetiva do grupo,
sugerindo a presença de conflitos afetivos, caracterizando a presença de senti-
mentos de inadequação consigo próprios e com os outros, que podem expressar-
se por transbordamentos ou bloqueios afetivos.
Não nos é possível comparar com os outros autores, devido à ausência de
relato desses resultados nesses estudos.
Apresentamos na tabela 4 os resultados relativos à 3~ Fórmula Vivencial
de Klopfer.

Tabela 4

Percentagem de sujeitos em cada subgrupo e no grupo total, em função da


3." Fórmula Vivencial

11 anos 12 anos 13 anos


Sujeitos T
I I I I (%)
M I F
I
I T
I
M I
I
F II T M I
I
F
! T

< 30% 33 40 37 60 40 50 40 47 44 44
30% a 40% 47 30 38 33 37 35 33 30 28 33
> 40% 20 30 25 7 23 15 27 23 28 23

Segundo a análise estatística desses resultados, não observamos diferen-


ças significativas quanto ao sexo e à idade.
Assim, tomando-se o grupo como um todo, observamos uma predominân-
cia de sujeitos na categoria < 30%, indicando a escassa receptividade aos
estímulos ambientais, com pouca capacidade de serem motivados por eles,
tendência essa um pouco mais marcada aos 12 anos de idade. Observamos
também uma percentagem significativa de sujeitos na categoria de 30 a 40%,
caracterizando certo bloqueio e indecisão frente às situações ambientais e
ainda uma percentagem menos significativa de sujeitos na categoria > 40%,
sinalizando a maior responsividade aos estímulos ambientais, principalmente
aos 13 anos.
Adrados (1976) apresenta resultados que indicam a mesma tendência à
escassa receptividade aos estímulos ambientais na faixa dos 14 aos 18 anos,
na medida em que predomina em seus sujeitos a categoria de 30 a 40%.
Esses resultados sugerem durante toda a faixa da pré-adolescência e da
adolescência a presença de certa inibição da resposta ao ambiente ou por uma
menor capacidade de responder ou devido ao impacto emocional frente ao
estímulo cromático.
A significação desses resultados pode ser ainda melhor apreendida quando
os comparamos ao TRI.
Apresentamos na tabela 5 0.5 resultados relativos à comparação entre o
TRI e a 3110 Fórmula Vivencial.

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Tabela 5
Percentagem de sujeitos em cada subgrupo e no grupo total, em função
da comparação entre o TRI e a 3." F6rmula Vivencial

11 anos 12 anos 13 anos


TRI X T
3_" F6rmula (%)
M
I I
F
T M !
I
F II T M II F II T
Divergentes 80 70 75 87 87 87 90 71 83 82
Não-divergentes 20 30 25 13 13 13 10 23 27 18

Obs.: cabe considerar que, para o estabelecimento desse índice, não incluímos os sujeitos
que apresentaram no TRI o tipo coartado, uma vez que, não havendo o correspondente
• deste tipo na 3." F6rmula, todos eles apresentaram divergência quando comparados. E nesse
caso, não nos parece indicadQ chamàr essa divergência de conflito, na medida em que não
há a conotação de desacordo implicada nesse termo. Parece-nos sim que essa divergência
tr~ um outro sentido - o da ampliação das possibilidades vivenciais quando numa situação
maIS estruturada.

Pela análise estatística desses resultados, não observamos diferenças sig-


nificativas quanto ao sexo e à idade.
No grupo como um todo, observamos uma percentagem significativamente
maior de sujeitos apresentando divergência entre o TRI e a 3~ Fórmula.
Esses resultados, portanto, indicam no período a predominância de con-
flitos atuais, na medida em que a maioria dos sujeitos estudados tende a reagir
ao ambiente no momento atual de maneira contrária à direção do seu TRI.
Os resultados do TRI predominantemente extratensivo em oposição aos
resultados da 31!· Fórmula, onde predomina a categoria < 30%, levam-nos a
pensar que o grupo se esteja obrigando a manter relações emocionais com o
ambiente sem que para isso se encontre emocionalmente preparado.
Portanto, o grupo como um todo parece vivenciar de forma homogênea
uma reação afetiva conflitiva, denotando imaturidade na expressão dos afetos.
Adrados (1976) encontrou na 3~ Fórmula médias que giram em torno
de 34 %. Se considerarmos a predominância de sujeitos com TRI extratensivo
em seu estudo, observamos que seus resultados apontam no mesmo sentido
que os nossos, sugerindo que durante a adolescência tenderá a continuar a
característica já observada nos anos da pré-adolescência.

4. Conclusão

Com esse estudo, guardados os devidos limites de nossos resultados, pudemos


delinear algumas características da afetividade na pré-adolescência.
Observamos pela análise das Fórmulas Vivenciais da Técnica de Rors-
chach que ná pré-Adolescência aparece aos 11 anos uma delimitação clara de
uma descontinuidade ·no desenvQlvimento, sinalizando o início de uma nova
etapa, 'caracterizada' por maior abertura para o mundo exterior. Aos 12 anos

Psicodiagn6stico de Rorschach 153


esse processo parece contido, provavelmente devido à limitação dos recursos
internos para a elaboração das novas experiências advindas desse contato mais
amplo com o meio, sugerindo um retorno a padrões mais infantis. Aos 13 anos,
o processo é retomado e novamente observamos uma acentuada tendência a
voltar-se para o mundo exterior.
A presença de conflitos é grande durante todo o período, caracterizando
a pré-adolescência como uma etapa marcada pela oposição entre a maneira
como está sendo vivenciada a realidade externa e interna e o modo como se
expressam os afetos, sugerindo a presença de sentimentos de inadequação. Esse
processo que ora se inicia parece elaborar-se lentamente e acompanhar os anos
seguintes da adolescência.
Na medida em que esse estudo permitiu a sistematização de alguns parâ-
metros que contribuem para a compreensão da afetividade na pré-adolescência,
esperamos poder constituir-se em elemento útil à prática clínica. Estamos cien- •
tes de que a complexidade do processo afetivo desse período não se limita aos
aspectos aqui abordados, ficando em aberto a possibilidade, a partir de nossos
dados, de novas formas de reflexão sobre os mesmos, enfocando outros aspec-
tos da prova que escaparam ao objetivo deste estudo.

Anexo 1
Valores do x 2 em função da comparação do sexo e idade, para algumas variáveis do
Psicodiagnóstico de Rorschach, calculados a partir da distribuição dos sujeitos em categorias

Grupol

Fatores Sexo Idade

M l1 X Fui M12 X FI21 M llI X F13 lIA X 12AIIIA X 13Aj 12A X 13A

TRI 0,74 1,67 1,84 8,79* 0,50 7,19·

Fórmula
Complementar 1,16 1,60 3,34 7,86* 1,88 2,70

3." Fórmula 0,93 3,60 0,72 2,80 1,34 2,80

TRI X Fórmula
Complementar 0,06 0,24 0,26 0,83 1,62 0,12

TRI X 3.a Fórmula 1,88 0,16 2,06 2,42 1,58 1,94

1 M11 , M12 , M13 : grupos masculinos de 11, 12 e 13 anos, respectivamente.


Fw F12 , F13 : grupos femininos de 11, 12 e 13 anos, respectivamente.
11A, 12A, 13A: grupos de 11, 12 e 13 anos, respectivamente, tomando-se em conjunto os
sexos masculino e feminino.
* Valores significativos a 0,05 de acordo com os graus de liberdade observados em cada
teste.

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Abstrad
A study was designed to characterize the affectivity at pre-adolescence period,
by utilizing the Rorschach Psychodiagnostic through the analysis of "experience
type". Pre-adolescents (N = 180), 11 to 13 years of age, from both sex, with
academic leveI correspondent to their age, and mean or mean-superior intelec-
tual and socio-economic leveIs, were submitted to the technique above, indi-
vidually, and their responses were evaluated according to the French terminolo-
gy and orientation. The results permitted the caracterization of pre-adolescence
in terms of affective aspects as marked by a tendency to extratensivity inter-
rupted by solid mechanisms of coartation at the age of 12. The whole group
exhibited conflicts. The comparison of the results with those reported by
Jacquemin (1976) and Adrados (1976) indicated to a discontinuity in the deve-
lopment as compared to the final period of childhood and to the beginnings
of a new stage that will continue through adolescence.

Referências bibliognUieas
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Traubenberg, N. R. A prática do Rorschach. Trad. A. Cabral. São Paulo, Cultrix, 1970.

LivrariU da FGV
• Rio
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