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Primeiro temos que entender que o precórdio é uma área localizada na região
anterior do tórax delimitada pelos focos que eu tenho: aórtico, pulmonar,
tricúspide e mitral. A posição deles é :
Vocês podem estar se perguntando: mas por que o foco aórtico é do lado direito
se o coração está do lado esquerdo? Devido a curvatura que a aorta faz.
Essa é a localização dos focos, alguns livros vão colocar o foco tricúspide mais
para baixo e mais a direita, vai depender do livro, então, essa posição varia um
pouco.
Então por que acontece isso (o som)? O coração está deitado sobre o diafragma,
a ejeção do VE vai sai pela aorta, logo os sons vão ser auscultado do lado direito,
enquanto que o pulmonar vai ser mais auscultado á esquerda. Se eu tiver uma
alteração na válvula tricúspide. Quando a válvula tricúspide ejeta o sangue do
átrio para o ventrículo, logo os sons vão ser auscultados na parte inferior, ou
seja, são focos de ponta.
Mas o que é o foco de ponta ou o foco de base? Os focos de base são aqueles
auscultados na base do coração, logo aórtico e pulmonar, e os de ponta são
auscultados na ponta do coração – mitral e tricúspide.
As bulhas
As bulhas cardíacas, que são o TUM-TÁ que a gente ouve fisiologicamente, são
fenômenos acústicos em número de 4 bulhas. A primeira e a segunda são
chamadas de bulhas fundamentais é o TUM e o TÁ, a primeira consiste com a
sístole e a segunda com a diástole. A terceira e a quarta são bulhas acessórias,
normalmente elas não são audíveis ao ouvido humano, mas se você fizer um
ecocardiograma você consegue auscultar. Cada bulha dessa é composta por
quatro elementos de ausculta, só será visto na cardiologia e não interessa agora,
mas isso significa que o TUM não é um único barulho, são 4 barulhos e você só
escuta um, o TÁ a mesma coisa.
Por que o TUM é mais grave e o TÁ mais agudo? Porque no TÁ a válvula está
mais pra fora e o TUM a válvula está lá dentro do coração e a parede do
ventrículo abafa um pouco o som, enquanto que as válvulas aórtica e pulmonar,
mesmo estando no mesmo nível – mesmo platô cardíaco- o som é mais
facilmente jogados para fora.
Voltando as bulhas
B1 é o TUM, tenho a sístole; B2 é o TÁ, tenho a diástole.
Quando se tiver os sopros cardíacos por alterações valvares, esse sopros vão
coincidir com a 1ª e a 2ª bulha na maioria das vezes, ou seja, eu vou auscultar
os sopros durante as bulhas ou entre elas? Se eu tiver alguma alteração na
minha válvula que vá provocar uma vibração, onde irá aparecer o sopro, durante
a abertura e o fechamento ou no meio, quando o sangue está passando?
Os sopros aparecem entre as bulhas, para ter o sopro tem que estar passando
o líquido naquela região que está alterada, então dificilmente os sopros vão subir
em cima das bulhas, dificilmente você irá fazer uma ausculta onde não se escuta
as bulhas, você vai escutar: TUM-FU-TÁ, TUM-FU-TÁ; ou seja, bate a primeira,
tem o sopro, bate a segunda, isso é o que acontece na maioria das vezes. Vão
ter situações em que eu ausculto somente o sopro? Vão, um exemplo é o sopro
de Miguel Couto, nele eu não ausculto bulhas, só o sopro contínuo com reforço
sistólico (FU-FU-FU), o sopro abafa as bulhas, mas isso são exceções, a grande
maioria dos sopros que serão auscultados são entre B1 e B2 ou entre B2 e B1.
Se forem sopros sistólicos vão ser entre B1 e B2, se foram diastólicos entre B2
e B1. (repete)
De modo normal, elas são os sons bonitinhos que a gente escuta TUM-TÁ.
(breve revisão sobre ausculta) Para se fazer ausculta cárdica, começa primeiro
pelo pescoço dos dois lados e depois se ausculta os 4 focos, se não tiver
nenhuma alteração não precisa auscultar mais nenhum foco, se tiver você deve
auscultar foco acessório, axilares e posteriores.
Quanto tempo é preciso levar na ausculta para saber se está ou não normal? É
preciso escutar 3 batimentos cardíacos em cada foco, o que resulta entre 25-30
segundos aproximadamente, isso para um ouvido treinado.
É preciso saber qual é a intensidade normal das bulhas, que são as bulhas
chamadas normofonéticas que é o que a maioria das pessoas vão ter, é claro
que pessoas mais robustas ou obesas vão variar, mas dentro da normalidade.
Dependendo do tipo de paciente (magro, gordo, mulher, criança, idosos) essa
intensidade vai variar, por isso é importante treinar o ouvido para poder dizer
qual é o normal para aquele biótipo e o normal pra um não é o normal para o
outro, por exemplo, o normal de um recém-nascido é uma hiperfonese no adulto.
(desdobramento) Entre vocês, certeza que pelo menos 10% tem algum tipo de
alteração, algum desdobramento, na hora da ausculta você não escuta um TUM-
TÁ e sim um TRUM-TÁ e isso é fisiológico. Como é que eu vou saber que um
desdobramento é fisiológico ou não?
É importante fazer as duas manobras, por que não se sabe quem está atrasado
ou adiantado pelo TRUM-TRÁ. Você pede pro paciente respirar profundamente
e fica auscultando se sumir você sabe que estava adiantado (a inspiração
forçada atrasa o lado esquerdo igualando os dois corações). E não funcionar,
você faz a Manobra de Valsava (prender a respiração), isso irá adiantar o
batimento do lado esquerdo. E se não desaparecer com nenhuma das
manobras? É patológico, é um problema elétrico do coração.
Ritmo
As alterações de ritmo podem ser com ritmo regular ou ritmo irregular. O ritmo
regular é aquele no qual você sabe quando vai ser o próximo batimento cardíaco
(TUM-TÁ-TUM-TÁ-TUM-TÁ). O ritmo arrítmico ou irregular é quando você não
sabe quando esperar o próximo batimento cardíaco (TUM-TÁ.....TUM-TÁ-TUM-
TÁ..TUM-TÁ-TUM....TÁ), geralmente acontece por alterações elétricas do
coração.
Fisiologia e Fisiopatologia
Então veja, se eu tenho uma válvula sendo que ela está estenosada (fechada) –
estenose é fechamento, insuficiência é arrombamento – o sangue ao passar pela
válvula sob pressão e em alta velocidade, isso vai fazer com que o sangue
turbilhone e gerar o sopro.
Eu posso ter sopro por impacto de sangue, rompimento de vaso, barreira, placa
de ateroma que vai causar turbilhonamento, diminuição da viscosidade
sanguínea. Vocês vão auscultar um sopro que é muito comum, o sopro das
alturas, todos vocês tem uma certa quantidade de hematócritos e hemoglobina,
ao viajar para um lugar cm uma altitude elevada durante os 3 primeiros dias vão
gerar um sopro, devido a pequena quantidade de hemácias necessária para o
lugar mais restrito em O2, isso vai fazer vocês respirarem mais rápido o que vai
causar turbilhonamento no sangue.
Na maioria dos problemas cardiovasculares, o sopro é composto por dois ou
mais mecanismos, ou seja, não é apenas um mecanismo que gera o sopro, tem
que ter mais. Entendam que o sopro vai ser audível em vários focos, por
exemplo, o sopro aórtico vai estar no foco aórtico, mas pode está no pulmonar,
no tricúspide. Eu identifico o sopro pela intensidade dele no foco, o sopro mitral
é mais intenso no foco mitral, nos outros focos esse sopro tem uma intensidade
bem menor.
Intensidade:
A intensidade é dada por cruzes: +; ++; +++; ++++. Uma cruz é bem fraquinha;
duas é mais ou menos; três está mais pra forte e quatro esta fortão. Tem que
treinar o ouvido para saber qual a intensidade do sopro.
Tonalidade:
Os sopros mais agudos são sopros da insuficiência; e os sopros mais graves são
da estenose. Ou seja, já tiveram aquela tosse de cachorro? O que acontece com
a laringe nessa tosse? Ela está estenosada pelo edema da gripe. Então todas
as vezes que tem uma estenose sai aquela tosse de cachorro. Então entenda
que os sopros da estenose geralmente são mais “arranhados”, mais graves, dói
mais no ouvido. E os sopros das insuficiências geralmente são mais leves, mais
simples de serem ouvidos. De modo geral os sopros de estenoses são mais
fortes e mais intensos. Há sopros de insuficiência muito fortes também, mas de
modo geral se estenose são mais fortes.
Caráter e timbre:
Sopros rudes ou ásperos são da estenose. Enquanto que sopros suaves são
fisiológicos ou funcionais. Geralmente quando fizer uma ausculta e ficar na
dúvida se há ou não sopro, e para ouvir precisa desligar o ar condicionado, pedir
para o paciente parar de respirar, normalmente sopros assim são fisiológicos.
São sopros de anemia, sopros de hiperfluxo, são sopros de outra causa não
patológica, de modo geral. Mas existem sopros patológicos que também são
suaves.
Natureza:
Ai eu tenho uma boiada e tem uma porteira que abre e fecha, deixa entrar e não
deixa sair. Mas e se a porteira estiver quebrada e deixar alguns voltarem pra
trás? Eu tenho um sopro de regurgitação. Que patologia em tenho? Insuficiência.
Resposta: você vai ter aquele sopro que é continuo com reforço sistólico de
Miguel Couto, o sopro de dupla lesão, ele vai pegar toda a sístole e toda a
diástole. Qualquer coisa que estiver passando pelo coração ele vai soprar
quando tiver ejetando e vai soprar quando estiver regurgitando.
Sopros fisiológicos (já falamos) são aqueles de baixa intensidade que podem ser
por anemia, por hiperfluxo, quadros febris podem dar sopros cardíacos também.
Toda vez que você tiver um hiperfluxo você pode ter um sopro cardiaco, são
aqueles sopros bem suaves.
Os sopros patológicos, de modo geral, são aqueles que não desaparecem após
o final daquela patologia (da febre, da anemia) ser corrigida, não some. E os
funcionais são os mesmos dos fisiológicos e os orgânicos são aqueles onde eu
tenho uma alteração patológica, uma estenose ou insuficiência.
No coração as quatro válvulas estão num platô, elas estão num mesmo nível no
coração, sendo que 2 jogam o sangue para cima e 2 jogam o sangue para baixo.
Quando o sague passa e o ventrículo ou átrio se contraem, o sague vai vibrar a
válvula se estiver estenosada e isso vai promover o sopro.
O coração e um dos únicos órgãos que tem doenças de três tipos: mecânica,
elétrica e isquêmica. Dentro da cardiologia tem três tipos de cardiologista: o
hemodinamicista, o cardiologista clinico, e o cardiologista intervencionista. Um
trata da parte elétrica, outro trata da parte mecânica, que é o cirurgião vascular
e o outro trata a parte de infarto que é o clinico.
Como eu vou fazer a ausculta do meu paciente? Em passos. Primeira parte da
ausculta você vai colocar o estetoscópio no pescoço, pescoço, aórtico,
pulmonar, mitral e tricúspide. Três batimentos em cada um e tira o estetoscópio.
Você vai me responder uma pergunta: tem sopro? Ou não tem sopro? Se você
me responder que não tem sopro está fisiológico, e se está fisiológico como vai
ser a descrição? “Ausculta cardíaca do paciente (nome) apresentou ritmo
cardíaco regular em dois tempos, bulhas cardíacas normofonéticas, sem sopros,
com frequência cardíaca em X batimentos por minuto”.
Então, primeira coisa: tem ou não tem? Segunda: base ou ponta? Terceira:
direita ou esquerda. E o quarto? Vou ter que saber se é sistólico ou diastólico.
Como no início vocês vão ter muita dificuldade para saber o que é sístole e o
que é diástole, lembrem que no pescoço tem uma ateria, a carótida. Coloca o
estetoscópio no foco de maior ausculta, o mitral (exemplo acima) e junto com a
ausculta você vai palpar a carótida. Se o sopro aparecer junto com o pulso ele é
sistólico. Se aparecer o sopro seguido do pulso ele é diastólico. Se é sistólico é
o que? Ejeção ou regurgitação?
Resposta: ejeção
Eraram. Entendam que quando ele base ou ele é ponta ele inverte.
Aqui eu tenho o desenho que quando faço sopros da base, sopros de ejeção na
base que são na aorta e na pulmonar, o ventrículo vai jogar o sangue para dentro
da aorta e da pulmonar, então é um sopro de ejeção. Se o ventrículo está
apertando, jogando sague e está aparecendo sopro é de ejeção.
Durante a sístole ventricular, como as válvulas mitral e tricúspide têm que estar?
Fechada, se o sopro for na base é fácil, tinha que estar ejetando pelas válvulas
aórtica e pulmonar, então está estenosada.
Sempre que estiver falando de sístole e diástole sempre será ventricular, nunca
atrial.
Essa é a tabela dos livros. Foco tricúspide e mitral são focos de ponta. Durante
a sístole a mitral tem que estar fechada, durante a diástole tem que estar aberta.
Assim como a tricúspide também, tem que estar fechada e aberta.
Aorta e pulmonar são focos de base. Durante a sístole têm que estar abertas e
durante a diástole tem que estar fechadas.