Fonte: http://www.gaolnaofa.org/library/music/gabhaim-molta-bride/
Notas da Tradução:
4 – A expressão «go léir» remonta a «kon lērū» que parece ter valor adverbial. Como
você já se deve ter apercebido a tradução inglesa não é a melhor. Sugeriria «Molaimis
go léir í» = «Louvemo-la zelosamente».
6 – *Lagīnotīrah > Leinster, segundo a etimologia folclórica que deriva o nome antigo
Laigin do nome alternativo para lança: láigen [PCEW 2007: 52] . O segundo elemento é
mais certo, conferindo ao topónimo o hipotético sentido de ‘Terra/País das Lanças’. 3
1
- http://www.dil.ie/advanced_search?q=dear&language=eng#search_results
2
- http://www.dil.ie/search?q=l%C3%BAacharn%28n%29
3
- https://en.wikipedia.org/wiki/Laigin
tal algo mais antigo? O eDIL4 também não ajuda muito, uma vez que não há nenhum
verbo que surja no dicionário de Matasović, e o PCEW só oferece reconstruções
irrealistas. Só em ocorre criar um verbo deadjetival com base em *bāno- > bán
(‘brilhante’)…
10 – A forma tig no lugar de teach implica que estamos noutro caso que não o
nominativo, o que me leva a teorizar que está naquilo que em Irlandês Antigo se chama
de caso preposicional (dativo + instrumental + ablativo + locativo), se bem que o
resultado esperado seria tigh7. Ou seja, «Tig an gheimhreadh» = «Na casa do inverno».
11 – Não sei o que significa dian… pensei que o Irlandês Antigo dían (‘rápido’) se
pudesse ter tornado uma forma intensiva (semelhante ao ande do Gálico), mas não
encontro referências a isso ser possível.
12 – Gearradh não é um verbo, mas sim um substantivo verbal. Presumo, portanto, que
a tradução seria «gearradh lena ghéire» = «um corte com a agudeza». Não vejo nenhum
elemento na frase irlandesa que corresponda a its (‘a sua’).
14 – Existe um detalhe que temos de discutir… Sabendo você que a minha opinião é
que os nós Goidélico e Britónico são derivados de um derradeiro Proto-Céltico Insular,
e que ambos exibem muitas inovações em comum (isto já é facto, né?), não seria de
ponderar a introdução de mutações? Não faço ideia se há estimativas de quando é que
este sistema surgiu. Foi algo herdado do tal Proto-Céltico Insular? Ou surgiu por ambos
os nós estarem inseridos num sprachbund? E mais: a epigrafia ogâmica revela sinais da
presença de mutações consonânticas iniciais?
15 – A título de curiosidade descobri isto: IM ársa8 < IA arsaid (< *arsā) < PC *φarstā
< PIE *pr̥-steh2. Porém, acho estranho o Irlandês Antigo ter aquela forma… O esperado
seria algo como *ars. Quase que parece um nominativo plural, como no caso de [Stifter
2006: 161]:
4
- Esse *swol- seria o grau-o do PIE *swel- (‘carbonizar’ ‘queimar’), que surge no teónimo Nantosu̯eltā
(‘Vale Solarengo’) com conotações solares e, claro, luminosas.
5
- https://en.wiktionary.org/wiki/feadh#Irish
6
- http://www.dil.ie/search?q=tech&search_in=headword
7
- https://en.wiktionary.org/wiki/tigh#Irish
8
- https://en.wiktionary.org/wiki/%C3%A1rsa
É, contudo, completamente plausível que tenha ocorrido uma alteração qualquer entre o
Irlandês Primitivo e o Irlandês Antigo que tornou comum uma outra desinência ou lhe
acrescentou um sufixo for shits and giggles (essa parece ser a única motivação dos
idiomas insulares de tão aberrantes que são xD).9
De qualquer dos modos, *φarstā como ‘ancestral’ ‘primitivo’ ‘antigo’ parece ser uma
reconstrução muito sólida, especialmente por causa da raiz PIE sugerida: *pr̥-steh2 pode
ser efetivamente traduzido como ‘who stands/stood before’.
9
- Ward [1996: 23] sugere arestatis, mas isso não me parece, de todo, viável, caso contrário teríamos um
Irlandês Antigo *arsaith, que simplesmente nunca existiu:
http://www.dil.ie/search?q=arsaid&search_in=headword