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25/10/2017 Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra
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25/10/2017 Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra
II- O Direito
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25/10/2017 Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra
Questão a decidir:
Apreciar se a sentença padece do vício de insuficiência para a
decisão da matéria de facto provada, por não se ter pronunciado
sobre o consumo médio individual do arguido, para dessa forma
concluir se a quantidade é superior ou não à necessária para o
consumo médio individual durante o período de 10 dias.
Apreciando:
O arguido foi condenado por um crime de detenção de estupefacientes
p. e p. pelo art. 40.º, n.º 2, do DL 15/93, de 22/1, com referência à
tabela anexa I-C e Portaria 94/96, de 26/3 2.
O arguido, apesar de constar da acta que confessou integralmente e sem
reservas os factos, interpôs recurso alegando que o tribunal interpretou
erradamente a matéria de facto e fez errada aplicação do direito e não
fundamentou devidamente a decisão.
O arguido foi condenado pelo crime acima aludido nos autos, no
pressuposto de que a substância apreendida excedia a quantidade
necessária para o consumo médio durante o período de dez dias, o que
na opinião do recorrente não podia ter dado como provado.
Ora, de acordo com art. 2.º da Lei 30/2000, de 29/11, a conduta é
qualificada como contra-ordenação se o agente detém para consumo
próprio aquelas substâncias em quantidade inferior à necessária para o
consumo médio individua durante 10 dias.
Nesta conformidade, importa apurar qual o critério a aplicar para
determinar se o produto detido excede ou não a quantidade necessária
para o consumo médio individual durante o período de 10 dias.
Antes de mais, importa referir que embora estejamos perante uma
questão simples o tribunal a quo complicou o que era simples,
enveredando por um facilitismo que põe em causa a decisão.
Em primeiro lugar diremos que a confissão integral e sem reservas não
implica a condenação automática do arguido, pois a confissão deste não
pode ser acolhida de forma acrítica e apenas é relevante, quanto aos
factos de que tem conhecimento e que estão na sua faculdade de sobre
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julgador.
O Ministério da Justiça e da Saúde, ouvido o Conselho Superior de
Medicina Legal, determinam, mediante portaria, designadamente,
conforme dispõe o art. 71.º, n.º 1, al. c), do DL 15/93, de 22/1, os
limites quantitativos máximos de princípio activo para cada dose média
individual diária das substâncias ou preparações constantes das tabelas
I a IV, de consumo mais frequente.
O art. 9.º, da Portaria 94/96, de 26/3 prevê os limites de quantitativos
máximos para cada dose média individual diárias das plantas,
substâncias ou preparações de consumo mais frequente, estipulando
para a canábis (resina), incluída na tabela I-C, anexa ao DL 15/93, de
22/1 a quantidade de 0,5 gramas.
Os valores não são de aplicação automática.
Nos termos do art. 71.º, n.º 4, do DL 15/93, de 22/1, o valor probatório
dos exames periciais e dos limites quantitativos máximos de princípio
activo para cada dose média individual diária, devem ser apreciados
segundo o disposto no art. 163.º, do CPP, sem esquecer o papel do
julgador, com o seu espírito crítico que deve ter na apreciação da prova.
O mapa anexo à Portaria 94/96 quando se refere aos limites
quantitativos máximos de princípio activo, tem em conta a percentagem
de princípio activo, isto é, tem de referir-se às substâncias ou
preparações em estado puro.
Contudo, como bem sabemos e nos ensinam as regras da experiência
comum, “as drogas” encontram-se adulteradas no mercado, com
adicionantes ou misturas para aumentar a quantidade e o consequente
lucro dos traficantes.
O LPC no caso concreto quantifica a percentagem do princípio activo,
indicando o grau de pureza de 26, 9%.
Na realização do exame pericial referido no art. 62.º, do DL 15/93 de
22/1, segundo o art. 10.º, n.º 1, da Portaria 94/96, “…o perito identifica
e quantifica a planta, substância ou preparação examinada, bem como
o respectivo princípio activo ou substância de referência”.
Conforme se depreende do preâmbulo da referida portaria “…a
definição prévia dos limites quantitativos máximos para cada dose
média individual diária das plantas, substâncias ou preparações
constantes das tabelas I a IV anexas ao DL 15/93, de consumo mais
frequente constitui elemento importante para a punibilidade do art.
40.º, n.º 2”.
O princípio activo é a substância ou substâncias responsáveis pelos
efeitos da ministração de um determinado produto.
O princípio activo da canabis, que é responsável pela maioria dos seus
efeitos psicotrópicos é o tetrahidrocanabinol (THC) existente no
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III- Decisão:
Pelos fundamentos expostos, acordam os juízes da Secção Criminal,
do Tribunal da Relação de Coimbra em conceder provimento ao
recurso interposto pelo arguido A... , e, em consequência, se ordena o
reenvio do processo para novo julgamento, para apurar o consumo
médio individual do arguido e dessa forma concluir se a quantidade é
superior ou não à necessária para o consumo médio individual durante
o período de 10 dias, decidindo-se em conformidade.
Sem tributação.
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