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Unidade III

Unidade III
5 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS

A pergunta norteadora desta unidade é:

Como os fatos
são registrados na
contabilidade?

Figura 11

5.1 Mecanismo de débito e crédito

Inacreditavelmente, o conteúdo que estudaremos a seguir mantém-se intacto há mais de quinhentos


anos! Atualmente, mesmo os sistemas mais modernos de contabilidade reproduzem o trabalho que os
contadores faziam de forma manual.

Trata-se do Método das Partidas Dobradas, que foi compilado pelo frei Luca Bartolomeu de Pacioli,
um frade muito amigo do gênio Leonardo da Vinci que publicou o documento que seria a base da
moderna contabilidade.

Figura 12 – Frei Luca Pacioli discorre sobre a contabilidade de acordo com suas pesquisas

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Contabilidade

Saiba mais

Para saber um pouco mais sobre a obra de Luca Pacioli, acesse: <http://
www2.cfc.org.br/uparq/Livro_lucapacioli.pdf>.

Os contadores costumam registrar todas as operações que ocorrem em uma empresa nos livros
contábeis. Os mais conhecidos são: livro diário e livro-razão.

O livro diário, como o nome sugere, é um documento em que todas as transações são descritas
diariamente. O livro-razão é uma ferramenta auxiliar, que organiza o registro dos movimentos por
contas contábeis. No próximo tópico, estudaremos esses livros.

Observação

O trabalho com o Método das Partidas Dobradas, débito e crédito


também é conhecido no Brasil como escrituração contábil ou
bookeeping, em inglês.

O Método das Partidas Dobradas destaca que em qualquer operação há um débito e um crédito de
igual valor, ou um débito (ou mais débitos) de valor idêntico a um crédito (ou mais créditos). Portanto,
não há débitos sem créditos correspondentes. É o que dizem Iudícibus et al. (2010 p. 43):

A essência do método, universalmente aceito, é que o registro de qualquer


operação implica que um débito numa ou mais contas deve corresponder a
um crédito equivalente em uma ou mais contas, de forma que a soma dos
valores debitados seja igual à soma dos valores creditados. “Não há débito(s)
sem crédito(s) correspondente(s).”

Então, além da Equação Fundamental do Patrimônio, temos esta outra máxima, expressa a seguir:

Não há débito sem


crédito correspondente
Figura 13

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Unidade III

A cada lançamento contábil, a soma dos créditos deve ser igual à soma dos débitos e
vice‑versa.

Vejamos os passos do Método das Partidas Dobradas:

• ler a transação;
• identificar as contas;
• classificar as contas identificadas;
• mecanismo de crédito e débito para A/P/PL;
• lançar as operações no livro diário e/ou no livro-razão.

Imaginemos que ocorreu uma transação contábil na empresa. Digamos que material que estava no
armazém, avaliado em R$ 25.000,00 e aguardando ser vendido para um cliente, foi finalmente vendido
em uma negociação na qual o vendedor Sr. Armando concedeu um prazo para o cliente efetuar o
pagamento em três meses, ou seja, 90 dias. O valor da operação foi de R$ 30.000,00.

Em primeiro lugar, é necessário observar o que ocorre. Podemos verificar por essa descrição diversas
informações, mas basicamente houve uma venda a prazo.

O que ocorreu nessa situação?

O ativo aumentou ou diminuiu? Diminuiu, tenho menos estoque no momento.

Mas o ativo também aumentou, uma vez que a empresa agora possui o direito de receber a dívida
do cliente em três meses.

Assim, devemos classificar as contas envolvidas nessa operação, que são: vendas, clientes e estoques.

Devemos decidir quais contas serão debitadas e creditadas e lançar essas operações nos livros da
empresa.

No caso, haverá a necessidade de efetuar dois lançamentos, a seguir:

1ª parte do lançamento contábil:

Cidade, 15 de janeiro de 20X1

D – Clientes 30.000,00
C – Vendas 30.000,00

Venda efetuada ao nosso cliente, conforme NF. XXXX sendo concedido prazo para o pagamento.

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Contabilidade

2ª parte do lançamento contábil:

Cidade, 15 de janeiro de 20X1

D – Custo das Mercadorias Vendidas 25.000,00


C – Estoques 25.000,00

Baixa do estoque por conta de venda efetuada.

A seguir apresentaremos um esquema prático do Método de Centralização:

Débito, crédito e saldo


Ativo = aplicação natureza da conta
Aumenta/debita
Ativo
Diminui/credita
Passivo são origens natureza da conta credora
Aumenta/credita
Passivo
Diminui/debita
Figura 14

Destacamos como ocorre o lançamento das operações:

• descrição das transações;


• elaborações do livro diário;
• transcrição dos lançamentos do livro diário para o livro-razão;
• elaboração do balanço patrimonial no final do período.

No entanto, quando temos um débito?

E quando temos um crédito?

Como decidir?

Sem dúvida, essas definições confundem, parecem brincadeira de adivinhação ou um trava-línguas;


mas são reais, todo contador e administrador se envolve diariamente com essas dificuldades. É necessário
ter bastante atenção. Com o tempo, identificar um débito e um crédito será tão natural como ler e
escrever (embora em diversas ocasiões não seja tão simples assim, surgem operações muito complexas
que levam a dúvidas); mas, por enquanto, alguns esquemas podem ajudar com sucesso.
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Os seguintes esquemas irão ajudá‑lo a entender o mecanismo de adição e subtração que o método
das partidas dobradas sugere. É muito importante que você não veja esses esquemas como regras que
deverão ser consultadas apenas quando for conveniente. Tente entender o porquê dessas regras e, em
um breve futuro, saberá como agir sem a necessidade dos esquemas.

É muito importante aqui que você veja as operações do ponto de vista da empresa. Digo isso porque
normalmente os alunos costumam confundir as adições de débito e crédito com os extratos bancários, em
que elas seriam “ao contrário”. Isso porque o extrato é a contabilidade do banco, e não a sua contabilidade.

A seguir, apresentam-se esses esquemas:

Quadro 34 – Esquema de débitos e créditos

Ativo Passivo
+ - - +
D C D C

Despesa Patrimônio líquido


+ - - +
D C D C

Receita
- +
D C

Ou mais especificamente:

Toda vez que o ativo aumenta:

Debita‑se

Figura 15

Toda vez que o ativo diminui:

Credita‑se

Figura 16

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Contabilidade

Toda vez que o passivo e o PL aumentam:

Credita‑se

Figura 17

Toda vez que o passivo e o PL diminuem:

Debita‑se

Figura 18

Toda vez que as receitas aumentam:

Credita‑se
Figura 19

Toda vez que as receitas diminuem:

Debita‑se

Figura 20

Toda vez que as despesas aumentam:

Debita‑se

Figura 21

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Toda vez que as despesas diminuem:

Credita‑se

Figura 22

Outra apresentação dessas mesmas regras:

Quadro 35 – Resumo do mecanismo de débito e crédito

Contas Efetua-se um lançamento a:


Débito Crédito
De Para Para
Ativo Aumentar Diminuir
Passivo Diminuir Aumentar
Patrimônio líquido Diminuir Aumentar

Lembrete
A cada lançamento contábil, a soma dos créditos deve ser igual à soma
dos débitos e vice‑versa.

5.2 Registros Contábeis: livro diário e livro-razão

Os contadores utilizam livros para o registro dos acontecimentos em uma entidade. O uso de livros
perde‑se na história, e, nos dias atuais, os livros contábeis continuam existindo, porém, na maioria dos
casos, em formato eletrônico. Esse formato, por sua vez, não alterou em nada os requisitos necessários
para um livro contábil.

São diversos os livros que um contador utiliza, mas, ao lado de livro de registro de caixa, livros fiscais,
estudaremos dois livros que são fundamentais na contabilidade:

• o livro diário;
• o livro-razão.

O livro diário, no sentido exato do significado, são anotações em que os contadores registram,
relatam todas as ações que ocorrem na empresa, os fatos contábeis. Esse registro, relato, denomina‑se
“partida de diário”, no qual se utiliza o método mundialmente adotado em todos os sistemas contábeis:
o Método das Partidas Dobradas.
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Contabilidade

Os requisitos necessários de uma partida de livro diário são:

• a data de operação;

• a conta a ser debitada;

• a conta a ser creditada;

• o histórico da operação mencionando seus documentos comprobatórios;

• o valor da operação em moeda.

O livro diário tem por objetivo ser um relato fidedigno dos fatos, de acordo com os registros do
contador. Esse relato é tão confiável que as autoridades públicas depositam imensa credibilidade nos
contadores e consideram que o livro tem validade legal/jurídica. É comumente requisitado por agentes
públicos, quando da necessidade de fiscalizações, podendo vir a constituir prova em tribunais (junto a
um parecer de perito contábil).

Observação

Há uma especialização na contabilidade que é a Perícia Contábil, na qual


profissionais da contabilidade emitem pareceres para os juízes, que utilizam
esse documento para fundamentar decisões. O livro diário é imprescindível
na maioria das perícias.

A figura a seguir é um modelo de partida de diário, em que são observados todos esses
aspectos:

Data Conta Devedora Conta Credora Histórico Valor

Figura 23

Lembrete

O livro diário é utilizado para registros de todas as operações contábeis


de uma empresa, e, como o próprio nome indica, isso é feito diariamente.

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Agora vamos apresentar dois exemplos de partidas de diário, partindo de situações reais muito
significativas para a história de algumas empresas e do Brasil.

Transação: compra do touro Karvadi

A empresa Fazenda Francisco José de Carvalho Neto comprou um boi de altíssima qualidade para
melhoramento genético, importado da índia, o touro Karvadi.

Partida de diário em formato clássico (pouco usada nos dias atuais):

25 de outubro de 1961.

Animais para reprodução

a
Bancos conta movimento

Compra de touro para reprodução da Índia, da raça nelore, de nome Karvadi, conforme documento
XXXXXX. Valor $$$$$$$$$$$$.

Partida de diário em formato moderno:

25 de outubro de 1961.

Compra de touro para reprodução da Índia, da raça nelore, de nome Karvadi, conforme documento
XXXXXX.

D – Animais para reprodução

C – Bancos conta movimento/Valor $$$$$$$$$$$

Observe que tanto na versão clássica (a que tem um “a” sobrescrito ou “azinho”) como na versão
moderna, a conta a débito vem em primeiro lugar, ou seja, está antes do crédito.

Saiba mais

Conheça a história do touro Karvadi, um animal espetacular que ajudou


na melhoria genética do rebanho brasileiro, atualmente um dos melhores
do mundo. Para saber mais sobre essa história, acesse:

<http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=94887>.

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Contabilidade

Transação: o trator Soberano da Andrade Gutierrez

Belo Horizonte, 18 de maio de 1948

Compra de um trator de esteiras da Caterpillar, modelo D6

D – Máquinas e Equipamentos

C – Bancos conta movimento/Valor $$$$$$$$$$$

Saiba mais

O primeiro trator comprado pela Construtora Andrade Gutierrez existe


até hoje e recebeu o carinhoso nome de “Soberano”. Procure na internet
essa história!

Importante

A citação das empresas Fazenda Francisco José de Carvalho Neto, Caterpillar e Andrade Gutierrez,
ou mesmo do touro Karvadi, foram realizadas para fins estritamente pedagógicos, em ambiente
universitário. A escolha ou o uso dessas empresas não deve jamais ser interpretado como sugestão do
professor de consumo de produtos ou realização de investimentos.

O livro-razão registra e sintetiza as operações contábeis por conta contábil. Abre‑se um razão para
cada conta contábil, com o intuito de controlar o movimento de cada conta contábil individualmente.

O livro-razão não tem validade jurídica, é considerado um livro de serviço do contador.

Nos ambientes profissionais, o livro-razão normalmente apresenta uma relação com os


históricos e valores a débito e a crédito de todas as partidas de diário que envolveram a conta
contábil.

O livro-razão é expresso de forma didática por meio de razonetes, uma linha horizontal
dividida por uma linha vertical em forma de T. Nesse T, por convenção, os valores a débito são
sempre dispostos do lado esquerdo, e os valores a crédito são sempre dispostos do lado direito.

Quando da necessidade de somar os valores, os contadores traçam um risco, o que significa que há
uma soma.

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Unidade III

Elementos de um razonete (livro-razão)


Nome da conta
Valor a débito Valor a crédito
nº da nº da
operação operação
R$ 0,00 R$ 0,00 Somatório dos valores a débito e a crédito
R$ 0,00 Saldo da conta

A convenção usada pelos contadores e usuários da contabilidade é a de que, no livro-razão ou conta


T (veja o exemplo a seguir), os créditos são lançados à direita e os débitos à esquerda.

xxxx yyyy
vvv c d vvv

O que faz essa convenção ser mantida é o fato de as demonstrações contábeis serem compreendidas
universalmente.

5.2.1 O balancete de verificação

Na contabilidade, devemos fazer uma pausa na sequência dos lançamentos para poder averiguar
sua exatidão.

Os responsáveis pela contabilidade de uma empresa sempre devem verificar se os lançamentos


realizados no período estão corretos.

Soma de débito = Soma de crédito

Os elementos do balancete de verificação são:

• identificação da entidade;

• data a que se refere;

• abrangência;

• identificação das contas e respectivos grupos;

• saldos das contas, indicando se devedores ou credores;

• soma dos saldos devedores e credores.

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Contabilidade

Como exemplo de um balancete de verificação, observe os seguintes razonetes e seus saldos:

Imóveis Veículos
R$ 4.000,00 R$ 2.000
R$ 20.000,00 R$ 3.000,00
Saldo R$ 24.000,00 Saldo R$ 5.000,00

Móveis e utensílios Títulos a pagar


R$ 1.000,00 R$ 3.000,00 R$ 4.000,00
R$ 4.000,00 Saldo R$ 1.000,00
Saldo R$ 5.000,00

Estoque de mercadorias Caixa


R$ 3.500,00 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.500,00
R$ 1.500,00 R$ 2.000,00
R$ 5.000,00 R$ 3.000,00
Saldo R$ 3.000,00 R$ 6.000,00
Saldo R$ 4.500,00

Fornecedores Capital
R$ 1.500,00 R$ 7.000,00 R$ 30.000,00
R$ 1.000,00
R$ 8.000,00
Saldo R$ 6.500,00 Salários a pagar
R$ 4.000,00

(Apenas) os saldos desses razonetes são “transportados” para o balancete, como segue:

Quadro 36 - Balancete de verificação


Saldo
N. de Ordem Contas
Devedor Credor
1 Caixa R$ 4.500,00 -
Móveis e
2 R$ 5.000,00 -
utensílios
3 Veículos R$ 5.000,00 -
4 Títulos a pagar - R$ 1.000,00
5 Estoques R$ 3.000,00 -
6 Fornecedores - R$ 6.500,00
7 Salários a pagar - R$ 4.000,00
8 Imóveis R$ 24.000,00 -
9 Capital - R$ 30.000,00
Totais R$ 41.500,00 R$ 41.500,00

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Exemplo de aplicação

Exercício proposto: Andressa Lee II

Retomando o exercício proposto na Unidade II (Mallu Magalhães), tente efetuar as partidas de


diário, exercitando o seu “débito e crédito”. O exercício é este:

Após obter um pequeno capital com seus pais, a roqueira Andressa Lee, fã incondicional de Rita Lee,
foi aconselhada a abrir uma empresa e tomou as primeiras decisões de sua carreira. Essas decisões foram
as seguintes:

1. Investimento inicial de capital no valor de R$ 40.000,00 em dinheiro, sendo que o valor total foi
depositado em conta‑corrente do Banco Exempel S.A.

2. Compra à vista de uma guitarra pink por R$ 4.000,00.

3. Compra de uma máquina de costura (para ela mesma costurar seu figurino) por R$ 6.000,00.
Pagamento de R$ 3.000,00 à vista e R$ 3.000,00 a prazo.

4. Compra de um fusca conversível usado em bom estado e customizado com grafismos de rock.
Pagamento a prazo no valor de R$ 18.000,00.

5. Pagamento de metade do saldo devido pela compra da máquina de costura.

6. Obtenção de um empréstimo no banco Exempel S.A. no valor de R$ 30.000,00.

7. Venda da guitarra adquirida na operação 2 a uma amiga. Transação feita a prazo e pelo mesmo
valor que foi adquirida.

Comentários

Brasília, 25 de janeiro de 20X1.

Histórico:

Investimento de R$ 40.000,00. O valor total foi depositado em conta‑corrente.

Quadro 37

D - Bancos conta movimento R$ 40.000,00


C - Capital social R$ 40.000,00

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Contabilidade

Brasília, 26 de janeiro de 20X1.

Histórico:

Compra à vista de uma guitarra pink por R$ 4.000,00.

Quadro 38

D - Instrumentos musicais R$ 4.000,00


C - Bancos conta movimento R$ 4.000,00

Brasília, 27 de janeiro de 20X1.

Histórico:

Compra de uma máquina de costura por R$ 6.000,00. Pagamento de R$ 3.000,00 à vista e R$ 3.000
a prazo.
Quadro 39

D - Máquinas e equipamentos R$ 6.000,00


C - Bancos conta movimento R$ 3.000,00
C - Fornecedores R$ 3.000,00

Observe que, nesse lançamento, há duas contas a crédito e uma conta a débito. Os lançamentos
compostos são permitidos legalmente e são os mais utilizados.

Brasília, 28 de janeiro de 20X1.

Histórico:

Compra de um fusca a prazo por R$ 18.000,00.

Quadro 40

D - Veículos R$ 18.000,00
C - Financiamentos R$ 18.000,00

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Unidade III

Brasília, 29 de janeiro de 20X1.

Histórico:

Pagamento de metade do saldo devido.

Quadro 41

D - Fornecedores R$ 1.500,00
C - Bancos conta movimento R$ 1.500,00

Brasília, 30 de janeiro de 20X1.

Histórico:

Empréstimo no valor de R$ 30.000,00.

Quadro 42

D - Bancos conta movimento R$ 30.000,00


C - Empréstimos R$ 30.000,00

Brasília, 31 de janeiro de 20X1.

Histórico:

Venda da guitarra adquirida na operação 2 a prazo pelo mesmo valor que foi adquirida.

Quadro 43

D - Direitos a receber R$ 4.000,00


C - Instrumentos musicais R$ 4.000,00

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Contabilidade

Observação

Observe que a conta contábil “instrumentos musicais” em um


momento é debitada e em outro é creditada. Esse movimento reflete
as decisões de Andressa Lee, que comprou uma guitarra e depois
decidiu vendê‑la.

Quadro 44

Elementos de um razonete (livro-razão)

Nome da conta
Valor a débito Valor a crédito
nº da   nº da
operação   operação
 
R$ 0,00 R$ 0,00 Somatórios dos valores a débito e a crédito
R$ 0,00   Saldo da conta

Bancos conta movimento Capital social


1 R$ 40.000,00   R$ 40.000,00 1
R$ 4.000,00 2  
R$ 3.000,00 3  
R$ 1.500,00 4  
6 R$ 30.000,00    
R$ 70.000,00 R$ 8.500,00
R$ 61.500,00  

Instrumentos musicais
2 R$ 4.000,00  
R$ 4.000,00 7
 
 
R$ 4.000,00 R$ 4.000,00
0 0

Máquinas e equipamentos Fornecedores


3 R$ 6.000,00   R$ 3.000,00 3
  5 R$ 1.500,00  
   
   
  R$ 1.500,00 R$ 3.000,00

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Unidade III

R$ 1.500,00

Veículos Financiamentos
4 R$ 18.000,00   R$ 18.000,00 4
   
   
   
   

Direitos a receber Empréstimos


7 R$ 4.000,00   R$ 30.000,00 6
   
   
   
   

6 VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

6.1 Despesas, receitas e resultado

O balanço patrimonial nos apresenta a situação econômica e financeira de uma empresa,


demonstrando os saldos do que ela possui em bens e direitos, assim como quanto ela deve a terceiros
e aos sócios em determinado momento, e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) nos aponta
o desempenho de uma instituição ao longo de um período. A DRE acumula as vendas de operações de
uma empresa ou entidade. Acumula, ainda, as despesas.

A seguir, apresentaremos um quadro com exemplos de receitas e outro com exemplos de despesas:

Quadro 60 – Exemplos de receitas

Fato gerador Conta representativa na DRE


Prestação de serviços Receita de prestação de serviço
Venda de mercadorias Receita de venda de mercadorias
Venda de produtos Receita de venda de produtos

Quadro 61 – Exemplos de despesas

Fato gerador Conta representativa na DRE


Uso do trabalho dos empregados Despesas com pessoal
Uso de escritório alugado Despesas com aluguel
Uso do capital de terceiros – bancos Despesas financeiras
Cobertura de seguros patrimoniais Despesas com seguros

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Contabilidade

A diferença entre receitas e despesas gera o resultado do exercício no período analisado, indicando
o valor que a empresa faturou ou qual a quantia que está devendo.

Utilizamos as seguintes fórmulas práticas:

Receitas – despesas = resultado do exercício


Receita – venda de mercadorias, produtos ou serviços pela empresa
Despesa – uso, consumo de bens ou serviços pela empresa
Resultado – diferença entre receitas e despesas durante um determinado período
Receita, despesa e resultado

Observação

Estudamos nas unidades anteriores que as contas de despesas e receitas


são “de resultado”, ou seja, são encerradas ou zeradas ao final de cada
exercício contábil. Para fins de controle interno, as contas de despesas e
receitas são controladas em frações específicas para cada departamento
da empresa ou até para cada funcionário! É o que se chama de centro de
custo e centro de lucros, assuntos que você irá estudar em disciplinas
como Contabilidade Gerencial e Administração.

Para bem entender o conceito de resultado, é imprescindível realizar um estudo e


uma reflexão sobre os conceitos de despesas e receitas. As fórmulas que estudamos são
aparentemente muito simples para calcular, mas entender de fato o conceito de resultado não
é tão simples. Raifur Kos (2011), em um estudo com empresários na cidade de Guarapuava –
Paraná, chegou à conclusão de que vários empresários não entendem o conceito contábil de
receita. Observa‑se que essa situação não é restrita a Guarapuava; desconfia‑se de que essa
seja uma situação comum no Brasil.

Nesse sentido, a definição de despesa segundo Iudícibus et al. (2010, p. 66) é:

O Consumo de bens ou serviços que, direta ou indiretamente, deverá


produzir uma receita. Diminuindo o Ativo ou aumentando o Passivo, uma
Despesa é realizada com a finalidade de se obter uma receita cujo valor será
superior à diminuição que provoca no Patrimônio Líquido.

Essa definição nos mostra com clareza que não é qualquer gasto que pode ser considerado despesa.
Despesa também não pode ser entendida como um ato de esbanjar dinheiro, ou utilizá‑lo de forma
aleatória. Despesa é um gasto fundamentado, planejado, que carrega consigo a intenção de gerar
vendas. Se isso não ocorrer, não se poderá considerar um gasto como despesa.

75
Unidade III

Iudícibus et al. (2010, p. 66) também ensinam a definição de receita:

Entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos


a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de
produtos ou à prestação de serviços.

Da mesma forma que a despesa, receita não é qualquer venda realizada pela empresa. É a venda
dos produtos e/ou serviços que a empresa se propõe a disponibilizar para seus clientes. Por exemplo,
a venda de um veículo, totalmente à parte das atividades principais da empresa, não deve ser
considerada como receita.

Mas é com o pensamento de Eugen Schmalenbach (1955, p. 39), contábil, mas que leva em
consideração também aspectos econômicos, que o conceito de resultado fica muito claro:

A nossa ideia de resultados precisa começar pela natureza de um negócio.

O negócio é uma parte da totalidade da vida econômica a que é chamado


a atuar para fazer parte de uma divisão de tarefas da economia como um
todo. Como uma parte da economia que recebe matérias‑primas e serviços
de vários tipos e retorna para a economia mercadorias ou serviços.

Nesse processo, deve produzir um valor adicionado, senão o negócio não


estará contribuindo para a economia como um todo, estará, ao contrário,
consumindo‑a. Aquilo que é pego da economia geral é despesa do negócio.
Aquilo que contribui para a economia geral em mercadorias, serviços ou
outros atos é receita do negócio.

O resultado é a diferença entre receitas e despesas, sua determinação, é a


tarefa da contabilidade de negócios.

Note‑se a última frase: a determinação do resultado da empresa é uma tarefa da contabilidade.


A fórmula matemática, que é relativamente simples e que nós já estudamos, pode ser observada na
seguinte figura:

76
Contabilidade

+ Receitas

- Despesas

= Resultado

Figura 25 – Estrutura Básica de uma DRE

Considerando que a empresa utiliza regime de competência, é necessário que o contador


considere o período de competência das despesas e das receitas e faça os ajustes necessários (tópico 6.2:
Ajustes contábeis conforme regime de competência) para poder demonstrar corretamente ao usuário
da contabilidade o resultado.

Lembrete

No regime de competência, o resultado é apurado quando as vendas são


feitas pela empresa, independentemente de quando serão pagas, e quando
as despesas são incorridas, ou seja, quando a empresa usa bens e serviços
em suas atividades, independentemente de quando foram ou serão pagas.
(tópico 6.3 deste livro‑texto).

Não é desejável, por exemplo, que uma venda em que o valor já foi recebido no caixa, mas o serviço
ainda não foi prestado ou o produto ainda não foi entregue, seja considerado como uma receita.

Há de se ressaltar ainda a saudável fluência de Eugen Schmalenbach ao comentar que, se uma


empresa conseguir obter um valor adicionado (um lucro), estará utilizando bem os recursos da sociedade;
e, se tiver como resultado um prejuízo, estará desperdiçando os recursos da economia. Portanto, mais
do que um simples procedimento matemático, o contador, ao apurar o resultado da empresa, estará
analisando o sucesso (ou não) de uma equipe de pessoas, dotadas de recursos a elas disponibilizados.
Isso é muito mais que simples matemática! Concorda?

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Unidade III

Observação

A palavra consumo ajuda a entender o conceito de despesa: se um


produto ou serviço foi consumido em determinado período como algo
necessário para gerar uma receita, independentemente da data do
pagamento, tratar‑se-á de uma despesa.

Vejamos a seguinte situação:

Determinada empresa desenvolve jogos para computador. Em um mês, toda a equipe de programadores
se dedicou arduamente para desenvolver um novo produto, que foi comprado por R$ 100.000,00 por
uma grande editora, que vai distribuí‑lo aos seus assinantes.

Saiba mais

O desenvolvimento de games para computador torna‑se cada vez


mais relevante para a economia, e há brasileiros atuando com muito
sucesso nesse setor. Veja uma matéria jornalística a respeito: <http://
g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/07/sucesso‑de‑brasileiros
‑na‑criacao‑de‑games‑poe‑mercado‑em‑evidencia.html> e visite o site da
Abragames: <http://www.abragames.org/>.

Esse valor, que denominamos receita, é o resultado da empresa?

De jeito nenhum! Devemos considerar as despesas que essa equipe gerou para desenvolver esse
novo produto.

Supondo que essa organização tenha gasto R$ 70.000,00 com os salários da equipe, R$ 10.000,00
com energia elétrica, R$ 5.000,00 com impostos e R$ 5.000,00 com refeições e outras pequenas despesas
pessoais, todas consideradas despesas, teremos o seguinte:

Receitas: R$ 100.000,00
Despesas:

• Salários (R$ 70.000,00)

• Energia elétrica (R$ 10.000,00)

• Impostos (R$ 5.000,00)

78
Contabilidade

• Refeições e outros gastos (R$ 5.000,00)

Total: (R$ 90.000,00)

Resultado (no caso, o lucro): R$ 10.000,00

Lembrete

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) indica o desempenho


de uma empresa em determinado período.

Comentamos no tópico 3.3: Conceitos de conta que existem dois tipos de contas contábeis: as
contas patrimoniais e as contas de resultado.

Estudamos neste tópico que as contas de resultado durante o processo de fechamento contábil têm
os seus saldos zerados com o auxílio de uma conta temporária, a conta ARE – Apuração de Resultado
do Exercício. Por sua vez, o saldo dessa conta ARE é transferido para o balanço patrimonial, no grupo
do Patrimônio Líquido.

A figura a seguir apresenta a relação entre DRE e balanço patrimonial:

P
(+) Receita
(-) Despesas A
PL
(=) Lucro / Prejuízo do exercício Capital
Lucro / Prejuízo

Figura 26

Uma única conta passa então a demonstrar o resultado do período, lucro ou prejuízo. Essa é a
consequência de todo o processo de apuração de resultado que gera, de fato, um novo patrimônio para
a empresa (lucro ou prejuízo).

Esse patrimônio, quando lucro é fruto do esforço e do sucesso empresarial.

Antes da introdução, no Brasil, das Normas Internacionais de Contabilidade, o lucro poderia


ser expresso em uma conta de lucros acumulados. Agora, entende‑se que os lucros não devem ser
acumulados, devem ser ou distribuídos ou destinados a reservas. Já o prejuízo, esse sim, pode ser
acumulado, porque se entende que nos períodos subsequentes a empresa poderá se esforçar para
eliminar o prejuízo acumulado com resultados positivos.

79
Unidade III

No próximo tópico, iremos estudar o processo de apuração do resultado, em que as contas de


resultado são encerradas, ou “zeradas”.

Exemplo de aplicação

A seguir, reproduzimos a Demonstração de Resultado da Coteminas, para você observar a aplicação


da estrutura que acabamos de estudar em uma empresa real. Da mesma forma que fizeram no balanço
patrimonial (tópico 2), observe que eles demonstram dois anos ao mesmo tempo, 2011 e 2012, com duas
partes: a “controladora” e o “consolidado”.

Quadro 45 – Demonstração de Resultado da Coteminas, dos anos de 2012 e 2011,


preparado pelo contador Nourival C. Pedroso Filho, CRC nº 1 065177-O/8 S/MG

COMPANHIA DE TECIDOS NORTE DE MINAS - COTEMINAS


DEMONSTRAÇÕES DO RESULTADO
(Em milhares de Reais)
PARA OS EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2012 E 2011
(Em milhares de Reais)
Nota Controladora Consolidado
explicativa 2012 2011 2012 2011
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 25 - - 2.045.150 1.739.039
CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS 24 - - (1.545.753) (1.309.275)
------------ ------------ ------------ ------------
LUCRO BRUTO - - 499.397 429.764
RECEITAS (DESPESAS)
OPERACIONAIS:
De vendas 24 - - (274.204) (209.516)
Gerais e administrativas 24 (25.098) (18.833) (150.269) (135.219)
Honorários da administração 24 (1.682) (2.139) (9.957) (11.021)
Equivalência patrimonial 8 153 (73.463) (15.166) 102
Outras, líquidas 27 (1.478) (41) 70.790 1.368
------------ ------------ ------------ ------------

RESULTADO OPERACIONAL (28.105) (94.476) 120.591 75.478

Despesas financeiras – juros e (5.811) (2.294) (86.254) (74.582)


encargos
Despesas bancárias, impostos, (1.642) (1.230) (49.729) (42.914)
descontos e outros
Receitas financeiras 16.905 14.541 30.965 37.820
Variações cambiais, líquidas 4.840 8.252 (6) (6.711)
------------ ------------ ------------ ------------
RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS (13.813) (75.207) 15.567 (10.909)
Provisão para imposto de renda e
contribuição social:
Corrente 17.b (32) (2) (17.177) (26.926)

80
Contabilidade

Diferido 17.b - - 668 (67.254)


------------ ------------ ------------ ------------
PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
PROVENIENTE DAS OPERAÇÕES (13.845) (75.209) (942) (105.089)
CONTINUADAS
Equivalência patrimonial
proveniente das operações 8 (88.874) (184.546) - -
descontinuadas de controlada
Resultado proveniente das
operações descontinuadas de 28 - (135.350) (269.643)
controlada
------------ ------------ ------------ ------------
PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (102.719) (259.755) (136.292) (374.732)
======= ======= ======== ========
ATRIBUÍDO A:
Participação dos acionistas
controladores
Nas operações continuadas (13.845) (75.209)
Nas operações descontinuadas (88.874) (184.546)
------------ -------------
(102.719) (259.755)
------------ -------------
Participação dos acionistas não
controladores
Nas operações continuadas 12.903 (29.880)
Nas operações descontinuadas (46.476) (85.097)
------------ -------------
(33.573) (114.977)
------------ -------------
(136.292) (374.732)
======== ========
PREJUÍZO BÁSICO E DILUÍDO POR
AÇÃO - R$
Nas operações continuadas 26 (0,1188) (0,6453) (0,1188) (0,6453)
Nas operações descontinuadas 26 (0,7625) (1,5834) (0,7625) (1,5834)
Total 26 (0,8813) (2,2287) (0,8813) (2,2287)
====== ====== ====== ======

Fonte: Coteminas (2012, p. 27).

Observe que, na elaboração da DRE, o contador responsável, o Sr. Nourival C. Pedroso Júnior, primeiro
demonstra todas as vendas que foram realizadas e depois vai descontando o Custo dos Produtos Vendidos
e as despesas, até chegar a um resultado, que, nesses dois períodos de 2012 e 2011, não foi favorável;
eles apuraram prejuízo.

81
Unidade III

É comum uma empresa apurar prejuízo em suas operações, especialmente, em períodos muito difíceis
para a economia do país, em que a conjuntura pode não favorecer a empresa. Mas essa situação não
pode se manter por muito tempo; a administração da empresa deve agir para solucionar os problemas.
Daí a importância da contabilidade, ainda mais ressaltada nessas situações!

Importante

O balanço patrimonial da Cia. Coteminas foi utilizado para fins estritamente pedagógicos, em
ambiente universitário. A escolha ou o uso dessa empresa não deve jamais ser interpretado como
sugestão do professor de consumo de produtos ou realização de investimentos.

6.2 Apuração do resultado e transferência para o patrimônio líquido

Já estudamos que a apuração do resultado é uma fórmula matemática que leva em conta as receitas
no período sobre o qual as despesas são descontadas, e que, mais do que uma fórmula matemática
simples, é um trabalho por ora complexo, porque é necessário atender ao princípio da competência,
constituindo uma atividade que avalia o sucesso do trabalho humano.

Na contabilidade, no entanto, faz‑se necessário, a cada apuração de resultado, zerar o saldo das
contas contábeis que envolvem tal resultado, transferindo esses saldos para uma conta contábil em
específico, a chamada ARE – Apuração do Resultado do Exercício –, e, posteriormente, para a conta de
reservas de lucros e/ou prejuízos acumulados.

Na contabilidade, no entanto, faz-se necessário a cada apuração proceder ao descrito no exemplo


a seguir.

Imaginemos que Afonso, um inventivo criador de equipamentos eletrônicos, tenha resolvido criar
um rádio de papelão, que foi muito bem-aceito pelo mercado porque foi associado com uma imagem
ecologicamente correta.

O contador da empresa de Afonso registrou o seguinte:

Vendas........................................100.000,00
Despesas com vendas.............10.000,00
Despesas gerais........................ 40.000,00

No livro diário:

Registro das vendas

D – Caixa...................................100.000,00
C – Vendas................................100.000,00

82
Contabilidade

Registro das despesas:

D – Despesas com vendas.....10.000,00


D – Despesas gerais................ 40.000,00
C – Caixa..................................... 50.000,00

Quando do procedimento de apuração do resultado, temos as seguintes contas de resultado


registradas no livro-razão:

Vendas Despesas com vendas Despesas gerais


100.000 10.000 40.000
     
     

Quando aconteceu o fechamento contábil mensal, o resultado do exercício foi apurado com o
seguinte lançamento, utilizando‑se a conta ARE.

D – Vendas.....................................100.000,00
C – Despesas com vendas.......... 10.000,00
C – Despesas gerais......................40.000,00
C – ARE............................................100.000,00
D – ARE.............................................. 10.000,00
D – ARE..............................................40.000,00

No livro-razão, apenas as contas de resultado são demonstradas, da seguinte forma:

Vendas Despesas com vendas Despesas gerais


100.000 10.000 40.000
100.000   10.000 40.000
     

ARE
10.000 100.000
40.000  
50.000

O saldo final na conta ARE é “transportado” para a conta reservas de lucros, com o seguinte
lançamento contábil:

Apuração do resultado do exercício

Reservas de lucros

83
Unidade III

D – ARE........................................50.000,00
C – Reservas de Lucros..........50.000,00

O que é representado na conta de reserva de lucros, no livro-razão, da seguinte forma:

ARE Reservas de lucros


10.000 100.000 50.000
40.000    
50.000  

Saiba mais

Rádios de papelão realmente existem!

Veja em: <http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2011/08/radio‑


de‑papelao‑traz‑beneficios‑ao‑meio‑ambiente‑e‑saude.html>.

Exemplo de Aplicação

A seguir, demonstra-se um exercício analítico passo a passo, com as etapas de apuração do ARE:

O show de Ann Arbor no Brasil

Este exercício é inspirado na cantora norte-americana Katy Perry, Em 2011, a cantora Katy Perry
realizou uma turnê internacional com o nome de The California Dreams Tour 2011 (Giro de 2011 dos sonhos
californianos), começando por Portugal e passando por países como Brasil, Itália, Suíça, Alemanha, França,
Bélgica, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Escócia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Estados Unidos e Canadá.

Figura 24 – Montagem artística sobre foto de Katy Perry

84
Contabilidade

A parte brasileira da turnê foi um sucesso, e, quase um ano depois, Perry voltou ao país para divulgar
um novo filme e declarou que os fãs brasileiros tiveram “um papel muito importante” em sua vida, após
receber um pedido de divórcio do comediante Russell Brand. A mensagem chegou momentos antes do
início do show, no dia 25/09/11, e Perry, mesmo sentindo profunda tristeza, subiu no palco. A alegria
contagiante dos brasileiros lhe deu forças para continuar o seu trabalho, fato que a cantora jamais irá
esquecer. Mais do que uma simples história ligada ao universo da música e das artes, o Brasil está se
tornando um importante polo cultural internacional, um setor da economia com muitas oportunidades
de negócios e que oferece muitos empregos.

Ann Arbor, uma cantora inglesa americana de Michigan, muito querida em todo o mundo, sempre
teve vontade de visitar o ensolarado Brasil e fazer um show por aqui. Mais do que um capricho,
conquistar os fãs brasileiros era uma meta pessoal. E o Brasil está em evidência na mídia porque sediará
importantes eventos. É importante estar em um lugar assim.

Pediu então à sua produção que providenciasse o que fosse necessário para organizar esse show,
que, evidentemente, deveria dar lucro. A produção de Ann Arbor pesquisou toda a legislação brasileira e
entrou em contato com empresas com experiência na realização de eventos no Brasil.

Uma das recomendações que foram repassadas pela assessoria jurídica foi a de que um procurador
(um representante legal) de Ann Arbor abrisse uma empresa no Brasil para facilitar todos os trâmites
burocráticos e pagamentos de serviços.

Além disso, a assessoria brasileira recomendou a contratação de um bom profissional para cuidar
dessa empresa.

Escolheram você!

Abriu-se então a empresa Ann Arbor Brasil Ltda., devidamente registrada na Jucesp (a Junta Comercial
do Estado de São Paulo). Por meio de transferência bancária do Banco inglês HSBB em Los Angeles, Ann
Arbor abriu a empresa com o capital de R$ 200.000,00.

Após essa primeira providência, você contratou a empresa Manga e Mel Produções Artísticas Ltda.,
que cuidou de todos os aspectos logísticos do show, o qual custou ao todo R$ 12.000.000,00. A Manga
e Mel Produções Artísticas Ltda. cobrou pela prestação de serviços R$ 400.000,00. Tomou também as
seguintes providências:

1) A casa de shows Chácara do Cavalo cobrou pelo aluguel do espaço a quantia de R$ 2.000.000,00.

2) A São Luis Costuras Ltda. cobrou pela confecção das roupas para o show a quantia de
R$ 650.000,00.

3) Uma empresa especializada em vendas de ingressos cobrou a quantia de R$ 300.000 pela prestação
de serviço de venda de ingressos.

85
Unidade III

4) Você cobrou pelo seu trabalho R$ 70.000,00.

Todas essas despesas foram pagas à vista.

Por sua vez, essa empresa arrecadou do público R$ 42.000.000,00.

Pede‑se: qual foi o resultado dessa empresa?

Quando abriram a empresa, você realizou o seguinte lançamento contábil:

Abertura da empresa Ann Arbor Ltda., com capital de R$ 200.000,00 conforme registro XXXX
na Junta Comercial do Estado de São Paulo. O valor foi depositado na agência X do Banco HSBB
em São Paulo.

Após essa operação, o Balanço Patrimonial ficou assim:

D – Bancos.........................200.000,00
C – Capital Social............200.000,00

Após essa primeira operação, você contratou uma empresa para vender os ingressos. Após efetuadas
as vendas, essa empresa depositou na conta bancária o valor de R$ 42.000.000,00. A conta bancos é
considerada na contabilidade uma conta patrimonial, enquanto que a conta vendas é considerada uma
conta de resultado.

Registro de vendas de ingressos, depositadas na agência X do Banco HSBB em São Paulo:

D – Bancos...................42.000.000,00
C – Vendas....................42.000.000,00

Após as vendas, você tomou as providências necessárias para a realização do show, ou seja,
pagou todas as despesas. Essas despesas são consideradas contas de resultado e diminuíram o
saldo que a empresa tinha na conta de bancos, uma conta patrimonial. Você fez o seguinte
registro no livro diário da empresa:

Pagamento de despesas para a realização de show:

D – Despesas com logística...................................................12.000.000,00


D – Despesas com prestação de serviços artísticos..........400.000,00
D – Despesas com aluguéis..................................................... 2.000.000,00
D – Despesas com scessórios para show...............................650.000,00
D – Despesas com vendas............................................................300.000,00
D – Despesas administrativas........................................................70.000,00
C – Bancos...................................................................................15.420.000,00

86
Contabilidade

Após esses lançamentos, você apura um novo Balanço Patrimonial.

Observe que o seu balanço não está com o valor do Ativo igual ao valor do Passivo. Isso é porque
você ainda não fez a apuração do resultado do exercício!

No livro-razão (nos razonetes), a situação está a seguinte:

Bancos (Conta Patrimonial) Capital Social (Conta Patrimonial)


200.000,00 12.000.000,00 200.000,00
42.000.000,00 400.000,00
2.000.000,00
650.000,00
300.000,00
70.000,00
42.200.000,00 15.420.000,00
26.780.000,00

Despesas com Logística (Conta de Resultado) Despesas com Prestação de Serviços


Artísticos (Conta de Resultado)
12.000.000,00 400.000,00

Despesas com Aluguéis (Conta de Resultado) Despesas com Acessórios para Show
(Conta de Resultado)
2.000.000,00 650.000,00

Despesas com Vendas (Conta de Resultado) Despesas Administrativas


(Conta de Resultado)
300.000,00 70.000,00

Receitas com Vendas (Conta de Resultado)


42.000.000,00

87
Unidade III

Para apurar o resultado do exercício na contabilidade, você terá de criar mais uma conta, chamada
ARE (Apuração do Resultado do Exercício), em que você terá de “transportar” todos os saldos das contas
de resultado (apenas as contas de resultado!).

Você irá realizar o seguinte lançamento no livro diário:

Apuração do Resultado do Exercício em 30/XX/XX:

D – Vendas.......................................................................................42.000.000,00
C – Despesas com logística.......................................................12.000.000,00
C – Despesas com prestação de serviços artísticos...............400.000,00
C – Despesas com aluguéis......................................................... 2.000.000,00
C – Despesas com acessórios para show...................................650.000,00
C – Despesas com vendas................................................................300.000,00
C –Despesas administrativas.............................................................70.000,00
C – ARE – Apuração do Resultado do Exercício........26.580.000,00

Após esses lançamentos, os razonetes ficaram assim: você zerou o saldo de todas as contas de
resultado (menos o da conta ARE), mas manteve o saldo de todas as contas patrimoniais. O resultado do
período ficou então disposto na conta de ARE – Apuração do Resultado do Exercício.

Então, você já tem condições de apurar a Demonstração de Resultado do Exercício:

Ann Arbor Brasil Ltda

Demonstração de resultados do exercício em 30/XX/XX


Em R$ - Reais
Vendas........................................................................................ 42.000.000,00
Despesas com logística..................................................... -12.000.000,00
Despesas com prestação de serviços artísticos..............-400.000,00
Despesas com aluguéis........................................................-2.000.000,00
Despesas com acessórios para show..................................-650.000,00
Despesas com vendas...............................................................-300.000,00
Despesas administrativas.......................................................... -70.000,00
Lucro líquido........................................................................... 26.580.000,00

Mas o Balanço Patrimonial continua com uma diferença entre o saldo do Ativo e o do Passivo, veja!

Ann Arbor Brasil Ltda


Balanço patrimonial em 30/XX/XX
Em R$ - Reais

88
Contabilidade

Ativo Passivo
Bancos 26.780.000,00
Patrimônio líquido
Capital social 200.000,00
Total do Ativo 26.780.000,00 Total do Passivo e PL 200.000,00

Para fechar o balanço corretamente, você também terá de zerar o saldo da conta ARE, que é a única
conta de resultado ainda com saldo, e transferir esse saldo para a conta reservas de lucros, que é uma
conta patrimonial.

Ou seja, o lucro obtido passa a ser considerado um patrimônio da empresa.

Para tal, você fará o seguinte:

No livro diário:

Transferência do saldo da conta ARE – Apuração do Resultado do Exercício para as reservas de lucro,
no balanço patrimonial

D – ARE – Apuração do Resultado do Exercício......26.580.000,00


C – Reserva de Lucros........................................................26.580.000,00
E no livro-razão:

Apuração do Resultado do Exercício


(Conta de Resultado)
12.000.000,00 42.000.000,00
400.000,00
2.000.000,00
650.000,00
300.000,00
70.000,00
15.420.000,00 42.000.000,00
26.580.000,00
26.580.000,00

Reserva de Lucros (Conta Patrimonial)


26.580.000,00

89
Unidade III

Agora, você já tem condições de apurar o balanço patrimonial desse período (exercício contábil):

Ann Arbor Brasil Ltda


Balanço Patrimonial em 30/XX/XX
Em R$ - Reais
Ativo Passivo
Bancos 26.780.000,00
Patrimônio Líquido
Capital social 200.000,00
Reserva de lucros 26.580.000,00
Total do ativo 26.780.000,00 Total do Passivo e PL 26.780.000,00

Pronto!

Parabéns. Agora você finalizou o seu trabalho e pode enviar esse balanço patrimonial para a Ann
Arbor, nos EUA.

Conforme ela havia determinado e todos trabalharam para tal, o show no Brasil deu um bom
lucro!

6.3 Registros das operações contábeis – regime de caixa e regime de


competência

Na contabilidade são utilizados dois regimes:

• regime de caixa: o resultado é apurado quando as receitas são recebidas e quando as despesas
são pagas;

• regime de competência: o resultado é apurado quando as vendas são feitas pela empresa,
independentemente de quando serão pagas, e quando as despesas são incorridas, ou seja, quando
a empresa usa bens e serviços em suas atividades, independentemente de quando foram ou serão
pagas.

O regime de competência segue o princípio contábil da competência, em que as despesas e receitas


devem ser registradas em um mesmo período. No entanto, esse regime traz mais dificuldades e custos
para o processamento, por isso, admite‑se o emprego do regime de caixa.

Para a correta aplicação do regime de competência, faz‑se necessário realizar ajustes na contabilidade,
o que você irá estudar no próximo subtópico.

90
Contabilidade

6.3.1 Ajustes contábeis conforme regime de competência

Algumas transações têm sua liquidação financeira, pagamento ou recebimento em prazos diferentes
de seu efeito sobre o resultado. Receitas e despesas devem corresponder ao mesmo período, ou seja, as
receitas devem ser comparadas com as despesas incorridas no mesmo período.

Existem exemplos de situações em que um recebimento ou pagamento adiantado impactam o caixa


da empresa (conta de ativo) de maneira muito diferente do que ocorre na DRE. A posição financeira da
empresa foi alterada, mas seu resultado ainda não. Vejamos, então, como ajustamos essas diferenças ao
longo do tempo.

Receitas antecipadas são valores que a empresa recebeu previamente para poder entregar um produto
ou serviço em tempo hábil. Isso gera uma obrigação à instituição, e, caso esta não seja cumprida, ela
terá de devolver o dinheiro ao seu cliente.

Despesas antecipadas ou adiantamento de fornecedores são valores que a empresa pagou


previamente para ter certo produto em dia, e isso confere à organização o direito de recebê‑lo na data
agendada ou ter o dinheiro de volta.

Veja um exemplo sobre balanço patrimonial:

Quadro 46

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 34.200,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de Total R$ 888.000,00
informática R$ 48.400,00
Imóveis R$ 341.200,00
Marca R$ 460.000,00 Patrimônio líquido
Capital social R$ 200.000,00

Total do PL R$ 200.000,00

Total geral R$ 1.088.000,00 Total geral R$ 1.088.000,00

Momento 1

Por meio do balanço patrimonial citado, demonstraremos a contabilização de uma antecipação das
receitas de serviços da empresa no valor de R$ 30.000,00, recebida em cheque.

91
Unidade III

Quadro 47

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 64.200,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00 Receita antecipada R$ 30.000,00
Equipamentos de Total R$ 918.000,00
informática R$ 48.400,00
Imóveis R$ 341.200,00
Patrimônio líquido
Marca R$ 460.000,00
Capital social R$ 200.000,00

Total do PL R$ 200.000,00
Total geral R$ 1.118.000,00 Total geral R$ 1.118.000,00

Podemos observar que a conta banco teve um aumento de R$ 30.000,00 no ativo; em contrapartida,
gerou uma obrigação no passivo, receita antecipada, no valor de R$ 30.000,00, pois a empresa terá uma
obrigação de entregar o serviço ou devolver o dinheiro ao seu cliente. As demais contas não tiveram
modificação.

Momento 2

Neste momento, a empresa entrega o serviço finalizado para o cliente; a nota fiscal foi feita no valor
de R$ 50.000,00, e a instituição recebe essa diferença em espécie monetária.

Quadro 48

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 30.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 64.200,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00
Marca R$ 460.000,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 200.000,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00

Total geral R$ 1.138.000,00 Total geral R$ 1.138.000,00

92
Contabilidade

Saiba mais

Para aprofundar seu conhecimento sobre ativos e passivos, leia:


DERMINE, J.; BISSADA, Y. F. Administração financeira e orçamentária.
São Paulo: Atlas, 2005.

Podemos observar que os dados do momento anterior geraram o balanço. No momento


em que a empresa entregou o serviço, entra em espécie monetária, na conta caixa, o valor de
R$  20.000,00 (diferença do que a empresa já havia recebido anteriormente) no ativo; a conta de
receitas antecipadas fica zerada, pois a organização já está entregando a nota fiscal e finalizando
o serviço, e isso gera um aumento do patrimônio líquido, na conta lucros, no valor total da nota
fiscal de R$ 50.000,00.

A conta de lucros ainda depende de apuração. Até 2007, os lucros das empresas podiam ser
“acumulados”, portanto, utilizava‑se muito o termo “lucros acumulados”.

Observação

Com a convergência contábil internacional, em que o Brasil alinha


a sua contabilidade às IFRS — normas internacionais de contabilidade,
estabelece-se que os lucros não devem mais ser acumulados, apenas
os prejuízos. Se a organização tiver obtido lucros, deve dar-lhes alguma
destinação imediatamente, e não acumulá-los.

Agora, veja um exemplo de despesas antecipadas.

Momento 1

O gerente de uma empresa fará uma viagem para os Estados Unidos, mas, como os voos estão
lotados, ele preferiu comprar a passagem com dois meses de antecedência. Ela custa R$ 2.600,00 e será
paga em duas vezes. Veja o balanço a seguir:

93
Unidade III

Quadro 49

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 30.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00
Marca R$ 460.000,00
Despesas antecipadas R$ 1.300,00 Patrimônio líquido
Capital social R$ 200.000,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00
Total geral R$ 1.138.000,00 Total geral R$ 1.138.000,00

Nesta primeira parcela da passagem, reduziu‑se o valor de R$ 1.300,00 do banco, porque a empresa
está pagando em cheque; então, surge a conta despesas antecipadas, com o valor de R$ 1.300,00,
demonstrando que a instituição tem o direito de receber a passagem em tempo hábil ou receber o
dinheiro que já pagou.

Momento 2

A empresa paga a segunda parcela da passagem em dinheiro.

Quadro 50

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00 Patrimônio líquido
Marca R$ 460.000,00
Capital social R$ 200.000,00
Despesas antecipadas R$ 2.600,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00
Total geral R$ 1.138.000,00 Total geral R$ 1.138.000,00

Podemos perceber que o balanço patrimonial do Momento 2 foi feito com os dados do Momento
1. O fato de a empresa estar pagando mais uma parcela da passagem em dinheiro reduz o caixa em
R$  1.300,00 e aumenta a conta despesas antecipadas no mesmo valor. Observa‑se que as demais contas
não se modificam.
94
Contabilidade

Momento 3

Neste momento, o gerente viajará para os Estados Unidos, isto é, fará o uso da passagem.

Quadro 51

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00 Patrimônio líquido
Marca R$ 460.000,00
Capital social R$ 200.000,00
Despesas antecipadas R$ 2.600,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00
Total geral R$ 1.138.000,00 Total geral R$ 1.138.000,00

Agora, notamos que o gerente já está utilizando a passagem, isto é, a empresa não terá mais o
direito de receber o dinheiro de volta, pois estará fazendo o uso efetivo da passagem; isso zera a
conta despesas antecipadas e reduz o patrimônio líquido por meio da conta lucros (é apenas neste
momento que ocorre a despesa).

Lembrete

A contabilidade é uma ferramenta que pode nos indicar se um negócio


teve sucesso ou não.

Por fim, citamos um exemplo de depreciação:

Para exemplificar depreciação, o melhor é citar um veículo, que, a cada período decorrido, tem
seu valor reduzido em 20%, ao longo de cinco períodos consecutivos. Há o reconhecimento da
perda de valor do ativo e da despesa de depreciação na DRE.

Observação

Depreciação é o desgaste pelo uso de máquinas e equipamentos.


Também é uma despesa, mas com uma característica importante: não tem
saída de caixa.

95
Unidade III

Momento 0

Quadro 52

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00

Veículos R$ 42.000,00

Total R$ 102.800,00

Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00

Total do PL R$ 105.000,00

Total geral R$ 207.800,00 Total geral R$ 207.800,00

Momento em que a empresa compra o veículo no valor de R$ 42.000,00.

Momento 1

Quadro 53

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00

Veículos R$ 42.000,00
Depreciação acumulada (R$ 8.400,00)
Total R$ 102.800,00

Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 8.400,00)
Total do PL R$ 96.600,00

Total geral R$ 199.400,00 Total geral R$ 199.400,00

No primeiro ano, a empresa teve um desgaste do veículo, o que gera uma depreciação acumulada de
R$ 8.400,00, causando uma redução no patrimônio líquido por meio da conta lucros (prejuízos). Então,
ocorrem o consumo e a despesa do veículo, e essa despesa diminui os lucros (resultados).

96
Contabilidade

Momento 2

Quadro 54

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00

Veículos R$ 42.000,00
Depreciação acumulada (R$ 16.800,00) Total R$ 102.800,00

Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 16.800,00)
Total do PL

Total geral R$ 191.000,00 Total geral R$ 191.000,00

No segundo ano de uso do veículo, ele tem seu valor reduzido em mais 20%, isto é, R$ 8.400,00 na
depreciação acumulada, gerando uma despesa, no período, de R$ 8.400,00; como toda despesa reduz a
conta lucros, o novo valor da conta prejuízos é de R$ 16.400,00.

Momento 3

Quadro 55

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00

Veículos R$ 42.000,00
Depreciação acumulada (R$ 42.000,00) Total R$ 102.800,00

Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 42.000,00)
Total do PL R$ 63.000,00

Total geral R$ 165.800,00 Total geral R$ 165.800,00

Neste momento, a empresa já utilizou o veículo por cinco anos, que equivale ao período de término
da depreciação. O automóvel está totalmente depreciado. Partindo do balanço anterior, o prejuízo
aumentou para R$ 42.000,00.

97
Unidade III

Momento 4

Agora a empresa vende o veículo já depreciado por R$ 24.000,00, por meio de um cheque.

Quadro 56

Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 86.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00

Total R$ 102.800,00

Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 18.000,00)
Total do PL R$ 87.000,00

Total geral R$ 189.800,00 Total geral R$ 189.800,00

Podemos observar que, devido ao fato de o veículo não ter valor real (valor do veículo com o
desconto da depreciação), o valor integral da venda é considerado lucro, o que aumentou a conta banco
em R$  24.000,00 e gerou um aumento, no prejuízo, de R$ 18.000,00.

Vamos agora realizar um exercício, com os mesmos dados que vimos anteriormente:

Cia. Tá Limpo Ltda.

1‑ Subscrição e integralização por três sócios no valor de R$ 1.000,00 para constituição de empresa.

Quadro 57

Identificação da conta Caixa Capital social


Classificação Ativo Patrimônio líquido
1 Aumento / Diminuição + +
Débito / Crédito D C
Valor R$ 1.000,00 R$ 1.000,00

2‑ Compra de mesas, cadeiras e arquivos à vista por R$ 100,00.

98
Contabilidade

Quadro 58

Identificação da conta Móveis e utensílios Caixa


Classificação Ativo Ativo
2 Aumento / Diminuição + -
Débito / Crédito D C
Valor R$ 100,00 R$ 100,00

3‑ Recebimento de R$ 500,00 referentes a serviços de limpeza prestados.

Quadro 59

Identificação da conta Caixa Receita


Classificação Ativo Receita
3 Aumento / Diminuição + +
Débito / Crédito D C
Valor R$ 500,00 R$ 500,00

4‑ Compra de material de limpeza a prazo no valor de R$ 60,00.

Quadro 60

Identificação da conta Mat. limpeza Dupl. A pagar


Classificação Ativo Passivo
4 Aumento / Diminuição + +
Débito / Crédito D C
Valor R$ 60,00 R$ 60,00

5‑ Pagamento de R$ 50,00 referentes à propaganda na TV.

Quadro 61

Identificação da conta Desp. Propaganda Caixa


Classificação Despesa Ativo
5 Aumento / Diminuição + -
Débito / Crédito D C
Valor R$ 50,00 R$ 50,00

6‑ Depósito bancário 70% do saldo em caixa.

99
Unidade III

Quadro 62

Identificação da conta Banco Caixa


Classificação Ativo Ativo
6 Aumento / Diminuição + -
Débito / Crédito D C
Valor R$ 945,00 R$ 945,00

7‑ Prestação de serviços, a ser recebido a prazo — R$ 200,00.

Quadro 63

Identificação da conta Dupl. a receber Rec. serviço


Classificação Ativo Receita
7 Aumento / Diminuição + +
Débito / Crédito D C
Valor R$ 200,00 R$ 200,00

8‑ Consumo de R$ 20,00 do material de limpeza comprado anteriormente.

Quadro 64

Identificação da conta Desp. mat. limpeza Mat. limpeza


Classificação Despesa Ativo
8 Aumento / Diminuição + -
Débito / Crédito D C
Valor R$ 20,00 R$ 20,00

9‑ Pagamento em cheque de 60% da compra do item 4.

Quadro 65

Identificação da conta Dupl. a pagar Banco


Classificação Passivo Ativo
9 Aumento / Diminuição - -
Débito / Crédito D C
Valor R$ 36,00 R$ 36,00

10‑ Venda de 50% do total de bens existentes, exceto caixa, pelo valor de R$ 150,00. Valores recebidos
em cheque.

100
Contabilidade

Quadro 66

Móveis e Material
Identificação da conta Baixa de bens utensílios limpeza

Classificação Despesas Ativo Ativo

10 Aumento / Diminuição + - -

Débito / Crédito D C C

Valor R$ 70,00 R$ 50,00 R$ 20,00

Identificação da conta Banco Rec. venda de bens


Classificação Ativo Receita
10 Aumento / Diminuição + +
Débito / Crédito D C
Valor R$ 150,00 R$ 150,00

11‑ Pagamento, por meio de cheque, da folha de pagamento do mês, no valor de R$ 10,00.

Quadro 67

Identificação da conta Desp. de pessoal Banco


Classificação Despesas Ativo
11 Aumento / Diminuição + -
Débito / Crédito D C
Valor R$ 10,00 R$ 10,00

Saiba mais

Para treinar lançamentos contábeis, você tem à sua disposição nos


polos o sistema EContab, usado por muitos escritórios de contabilidade.
A empresa que desenvolveu esse sistema de uso contábil tem um
convênio com a UNIP, o que possibilita seu acesso a um ambiente
profissional.

Não deixe de usar! Converse com o tutor do polo.

101
Unidade III

Resumo

Nesta unidade estudamos o Método das Partidas Dobradas,


conhecido popularmente como débito e crédito. Aqui, começamos a
estudar mais intimamente o processo de trabalho contábil, em que
os fatos são registrados nos livros contábeis, principalmente os livros
diário e razão.

Vimos que esse registro segue uma metodologia, conhecida como


o Método das Partidas Dobradas, que é centenário. Foi descrito ainda
na época do Renascimento, em Veneza e em Milão, pelo Frei Luca
Pacioli, e é utilizado sem modificações até hoje, mesmo nos sistemas
de informática mais sofisticados.

Dentro do conceito de contabilidade que é o de captar, registrar,


acumular, resumir e analisar todos os fatos econômicos e financeiros que
ocorrem em uma entidade, conhecemos débito e crédito como mecanismo,
adições e subtrações, e balancetes de verificação. Estudamos ainda que há
dois regimes para se realizar a escrituração contábil nos livros: o regime
de caixa (que segue o momento em que despesas e receitas são pagas)
e o regime de competência (que segue o momento em que despesas e
receitas efetivamente ocorrem ou são consumidas). Vimos ainda que é
importante, muitas vezes, realizar ajustes contábeis para atender ao regime
de competência.

Estudamos também o conceito de resultado, que é extremamente


simples, praticamente intuitivo. Mas ao mesmo tempo tão complexo e
sublime! São as receitas descontadas as despesas, o que nos dá a informação
sobre se a empresa (ou melhor, a entidade) obteve lucro (um resultado
positivo) ou prejuízo (um resultado negativo).

Esta unidade, podemos dizer, é bem densa. Se nas unidades


anteriores talvez você já tivesse ouvido comentar sobre muitos dos
conceitos abordados, nesta há muitos aspectos que dificilmente são
comentados na sociedade, ficam mais restritos aos profissionais de
contabilidade. E como são importantes esses conceitos! Por isso, a
recomendação aqui é que você não tenha ansiedade em passar para a
próxima unidade; dedique o maior tempo possível para bem entender
o mecanismo de débito e crédito, as adições e as subtrações. Até
porque esse mecanismo é imprescindível para os próximos desafios
na universidade e para a sua vida profissional. Cada minuto dedicado
a esse estudo, neste momento, vale muito a pena.

102
Contabilidade

A expectativa é a de que você já tenha condições de responder


à pergunta norteadora desta unidade, que é: “Como os fatos são
registrados?”.
Agora, eu espero também que você já tenha formulado outra pergunta:
eu já sei o que é, como é a sua dinâmica e como se trabalha em contabilidade.
Mas a sua curiosidade agora é: como analisar uma demonstração já
preparada? O que ela pode me dar de informação? Como saber se um
negócio dá lucro ou prejuízo? Para isso, você precisa conhecer a Estrutura
do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício.
Já está na hora de partir para a próxima unidade!

Exercícios

Questão 1 (Enade 2006). A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade emanados do


CFC – Conselho Federal de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de
legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade.

A Norma Contábil que determina a inclusão das receitas e despesas na apuração do resultado do
período a que pertencerem, de forma simultânea, quando se correlacionarem, independentemente de
ter havido recebimento, no caso de receita, ou pagamento, no caso de despesa, está contida no Princípio
Fundamental de Contabilidade da:

A) Competência.

B) Continuidade.

C) Oportunidade.

D) Tempestividade.

E) Uniformidade.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: o sincronismo entre os períodos de ocorrência de receitas e de despesas é tratado pelo


princípio da competência.

103
Unidade III

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o princípio da continuidade estabelece que a empresa tem duração ilimitada,


independentemente de seus sócios ou acionistas.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o princípio da oportunidade considera que os valores devem ser contabilizados nos
momentos em que ocorrem os eventos ou fatos econômicos.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o princípio da tempestividade refere-se ao processo de imediato reconhecimento dos


ativos e dos passivos contábeis.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o princípio da uniformidade considera a manutenção de determinado critério ou


princípio nos processos executados em vários períodos, de forma que permita a comparação entre
valores e resultados.

Questão 2 (Enade 2006). Considere, no quadro a seguir, os saldos finais das contas patrimoniais da
Cia. Colibri em 31/12/2005.

Quadro 68

Caixa R$ 1.000,00
Capital social R$ 1.000,00
Contas a pagar até 90 dias R$ 1.000,00
Contas a receber até 360 dias R$ 2.000,00
Depreciação acumulada R$ 500,00
Financiamentos a longo prazo R$ 1.200,00
Imobilizado R$ 2.000,00
Lucro acumulado R$ 700,00
Provisão para crédito de R$ 300,00
liquidação duvidosa
Salários a pagar R$ 300,00

Os valores totais do ativo e do patrimônio líquido são, respectivamente,

A) R$ 2.800,00 e R$ 3.600,00.

104
Contabilidade

B) R$ 4.200,00 e R$ 1.700,00.

C) R$ 4.200,00 e R$ 2.800,00.

D) R$ 4.300,00 e R$ 1.200,00.

E) R$ 5.000,00 e R$ 1.000,00.

Resolução desta questão na plataforma.

105

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