Вы находитесь на странице: 1из 247

Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Telmo Godinho Braga de Menezes Lima

Cidade Utópica – Cidade UT

Orientador da tese: Prof. Doutor Fernando Varanda

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias


Departamento de Mestrados de Urbanismo

Lisboa
2009/2010

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 1


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Telmo Godinho Braga de Menezes Lima

Cidade Utópica – Cidade UT

Tese apresentada para a obtenção do Grau de


Mestre em Urbanismo no Curso de Mestrado em
Urbanismo conferido pela Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias.

Orientador: Prof. Doutor Fernando Varanda

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias


Departamento de Mestrados de Urbanismo

Lisboa
2009/2010

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 2


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Resumo

A tese é um exercício de reflexão sobre a Cidade Utópica. Deambula ao sabor da história


e da actualidade, formando uma análise crítica sobre as Utopias, Modelos e Movimentos
Urbanos que revolucionaram as cidades, culminando na constituição original de uma
fórmula para uma cidade Utópica a que dei o nome de Cidade UT.
A pesquisa expõe os problemas urbanos contemporâneos mais relevantes, levanta
questões basilares sobre a construção das cidades e das nossas comunidades, terminando
com possíveis soluções para a resolução dos problemas urbanos, dando origem à fórmula
Tríade para a cidade Utópica.
A fórmula obtida consiste em três bases estruturais dependentes entre si: a base sócio-
política; a base psico-energética e a base bio-tecnológica. Finalizo a tese com um modelo
desenhado de cidade Utópica baseado na ―Tríade‖ desenvolvida, um esquema urbano
representativo para uma comunidade de 600 mil habitantes, capaz de atingir os requisitos
ideais de vivência urbana, segundo os objectivos de auto-sustentabilidade sociais e urbanos
desenvolvidos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 3


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Legenda de símbolos e significados

fonte/autor @ – As figuras com este símbolo foram recolhidas da internet, muitas encontram-se em
diversos portais. Quanto não indico o autor é porque a fonte não detinha o autor da figura ou por
lapso meu na altura da obtenção da imagem. Na bibliografia exponho alguns portais que considerei
relevantes e fiáveis para explicar a origem das imagens recolhidas.

fonte/autor T.L. – As figuras com este símbolo são da minha autoria. São desenhos de um modelo
experimental para a Tríade Utopia.

CPC – Corpo de Protecção da Comunidade – Uso esta sigla durante o II Capítulo para fazer
referência ao serviço de salvaguarda do cidadão, formado por elementos capazes de actuarem em
todo o tipo de urgências e cuidados cívicos. Este ―Corpo‖ surge da fusão das várias forças de
segurança e intervenção militares e civis: polícia, bombeiros, socorristas, entre outros, numa só força
pública mais eficiente, capaz de actuar de forma optimizada.
………………………………………………………………………………………………

Índice

I Capítulo – Cidade Utópica – Análise Histórica

1 – Introdução …………………………………………………………………………………………………7
2 – Definir Cidade – Designações Históricas ……………………………………………………………...9
3 – Definir Utopia – Ideal Social …………………………………...………………………………………12
T1 – Tópicos a favor da Cidade Utópica …………………………………………………………. …...14
4 – Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade ………………………………………………………...15
5 – A idade de Ouro das Utopias – século XIX ………………………………………………………….20
T2 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………………………………………...………. 29
6 – ―Modernismos‖ e ―Utopismos‖ do século XX …………………………………………..…………….30
7 – A Cidade não é uma Árvore ……………………………………………………………………...……55
T3 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………….………………………………...……..59
8 – Duas grandes Utopias do início do nosso século ………………………………………...…………60
8.1 - Introdução ……………………..……………………………………………………....…………..60
8.2 - Cidade Utópica Masdar – Norman Foster ………………………………. ……….……….…..61
8.3 - Cidade Utópica Auroville – Sri Aurobindo Ashram ……………………….….……....…...…..66
8.4 - Reflexão sobre duas grandes Utopias do início do nosso século. …………...…......…..….74
9 – Conclusão Final………………………………………………………………………………………….76
10 – Tópicos finais a favor da Cidade Utópica …………………………………………………….…….84

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 4


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Índice

II Capítulo – Cidade Utópica – Tríade Utopia

1- Introdução – Cidade Utópica – Tríade Utopia …………………………………………..…………….85


2 – BASE SOCIO-POLÍTICA ………………………………………………………………………………88
2.1 – Introdução …………………….……………………………………………………………………..88
2.2.1 - Análise de Patologias Sócio-económicas do sistema Global ………..………......……..90
2.2.2 - Conclusão sobre o sistema Sócio-político Global …………….………….…….……...…96
2.3 – Sistema Sócio-político PROUT …………………….……………………………………..………97
2.3.1 - Alternativa PROUT ao Capitalismo – Teoria da Utilização Progressiva…...………… 97
2.3.2 - Politica Sócio-económica de PROUT …………………….……………….…………..…100
2.3.3 - Politica Económica Salarial de PROUT ……………….…………………………………101
2.3.4 - O sistema Monetário e de Trocas Comerciais de PROUT…………………….……….102
2.3.5 - Sistema Tributário de PROUT …………………………………………………………….103
2.3.6 - Sistema de Cooperativas de PROUT ………………………………….…………..…….104
2.3.7- Sistema Habitacional de PROUT ……………………………….....………………………108
2.3.8 - Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT ……………..…………………..…………….109
2.3.9 - Exemplo - pequena Comunidade construída com os Princípios de PROUT ………..112
2.3.10 - Benefícios Socioeconómicos do sistema de PROUT ………………….…….……….114
2.3.11 - O Potencial do modelo PROUT …………………..…………………………….……….114
2.4 - Introdução do PROUT no Planeamento Urbano da Cidade …………….……………………115
2.5 - Soluções Sócio-Urbanas …………………………….……………………………………………116
2.6 - Retrospectiva da Estrutura Sociopolítica ………………………….…………………………....140
3 - BASE PSICO-ENERGÉTICA ……………………………………………..………………………….145
3.1 - Introdução – Forças Psico-Atómicas na Sociedade ………………………………………….. 145
3.2 - Estudos Científicos na área das Psico-Energias …………………….……………………...…147
3.2.1 - O Poder da Mente – Experiencias Quânticas ……………………….…………………..147
3.2.2 - Comentário aos resultados Psico-Energéticos ……………………………….……..…..149
3.2.3 - A ciência Psico-Energética – Cientista Sr. Emoto – Experiências ……………………150
3.2.4 - Conclusões das experiencias do Sr. Emoto……………………………………..……….151
3.2.5 - Efeitos Psico-Energéticos nos Cristais de Gelo …………………..………..………….. 153
3.3 - Conclusão Científica do ponto de vista Urbano …………………………………………….… 156
3.4 - Disposição Psico-Energética da Urbe ……………………………………………….………….157
3.5 - Retrospectiva da Estrutura Pisco-Energética da Cidade …………………………….…….... 171
4 - BASE BIO-TECNOLÓGICA …………………………….…………………………………………… 178
4.1 – Introdução – Soluções Bio-Tecnológicas ……………………………….……………...………178
4.2 – Políticas Sustentáveis …………………….………………………………………………..…….183

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 5


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Índice

II Capítulo – Cidade Utópica – Tríade Utopia

4.3 – Tecnologias Sustentáveis – Exemplos …………………………………………………...…….183


4.3.1 - Desperdícios geram Biogás Reciclado ………………………………….………………….184
4.3.2 - Reciclar a Urina dos Porcos – Bioplástico ………………………………….……………...185
4.3.3 - Reactor nuclear modificado – produzir combustível do ar/água …………….…….…….186
4.3.4 - Lixo electrónico transformado em equipamento urbano ………………….………………187
4.3.5 - Casa auto-sustentável com material reciclavel – energia ―limpa‖ …………….…………188
4.4 – Tecnologias Sustentáveis – Reflexão ……………………….………………………………….190
4.5 - Propostas Estruturais para a Cidade ………………….…………………………..…………….193
4.5.1 - Estrutura Viária e Transportes ……………………………….…………………………...193
4.5.2 - Sistema de Transporte Público ……………………………….…………………………..196
4.5.3 - Estrutura Urbana da Cidade ………………………………………….………..…………199
4.5.4 - Parâmetros Demográficos e Territoriais …………………….……………………..……203
4.6 - Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica ………………...……………………………………...207
5 - Síntese Esquemática das Bases Urbanas da Cidade ……………………………………………..214
5.1 - Centro / Núcleo Mãe …………………………………………….………...………………………214
5.2 - 1ª Periferia / Zonas Habitacionais …………………………….…………………………………215
5.3 - 1ª Periferia / Núcleos Periféricos ………………….….………………………………………….216
5.4 - 2ª Periferia / Zonas Industriais e Núcleos Académicos ……………….…………………........217
5.5 - 2ª Periferia / Zona de Produção …………………..................................................................218
5.6 - Reserva Bio-Regenerativa Territorial …………………...…………………………...………….219

III Capítulo – Estudo Utópico – Cidade UT e Conclusões Finais

1 – Esboços das Soluções Urbanas para a Cidade UT (fig.1 a fig. 14)………………...……………220


2 – Planta de Sectores e Equipamentos da Cidade UT - escala 1/25000 (fig.15)……………....….227
3 – Planta do Esquemática do Bairro Nº2 e do Núcleo Periférico correspondente (fig.16)………..228
4 – Representações Virtuais 3D da fórmula Urbana da Cidade UT (fig.17 a fig.37)………………..229
5 – Conclusão Final……………………………………………..…………………………………………240

IV Bibliografia……………………………………………………………………………………...………245

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 6


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

I CAPÍTULO – CIDADE UTÓPICA – ANÁLISE HISTÓRICA

1 – Introdução

Os movimentos utópicos e
vanguardistas mais relevantes da história
da cidade moldaram o mundo em que
vivemos das mais variadas formas.
Impossibilitado de relatar
minuciosamente toda a grande
diversidade de Utopias ao longo dos
tempos, caso em que estaria a criar uma
enciclopédia do «Utopismo», o que só
literariamente seria justificável, debrucei-
me sobre o tema a partir de alguns dados
Torre de Babel – Pintura
que entendi relevantes da história das fonte/autor: Pieter Elder @
Utopias do Urbanismo.
Todas as metrópoles e culturas, do
Ocidente ao Oriente, tiveram e têm planos
utópicos para as suas cidades. A utopia é
uma força criadora, responsável por
movimentos filosóficos, artísticos, sociais,
políticos e, em síntese, pelo desejo em
criar, inovar, mudar, melhorar.
As lições históricas servem de
alavanca para o meu modelo de cidade
utópica e elucidam-nos para a
Representação da cidade da Babilónia
significância intemporal do tema, repleto
Mesopotâmia (2000 a.C.)
de luta e de procura por um pensamento, fonte/autor @
uma urbe, uma sociedade e um mundo
ideal, uma procura sempre incerta e
assombrada por uma panóplia de
acontecimentos internos e externos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 7


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Durante o percurso histórico formo


parte das minhas premissas para a Introdução – Análise Histórica

Cidade Utópica, aproveitando a sabedoria


e os erros dos «Utopistas», antigos e
modernos, criadores de cidades reais e
imaginárias e os paradigmas dos
desenvolvimentos urbanos ao longo da
história.
Pretendo convidar o leitor a reflectir
neste estudo acompanhando a Historia,
descobrindo onde, como e quando a
Cidade e a Utopia se tornam inseparáveis
e, acima de tudo, que comunidade e que
Pampusstad - 1964
futuro estamos a construir e que futuro fonte/autor: Van den Broek en Bakema @
nós, realmente, desejamos.

Cidade do Futuro – 1968


fonte/autor: Revista Morden Mecanic @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 8


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2 – Definir a Cidade – Designações Históricas

A cidade “é uma casa grande, e vice- Legenda bibliográfica das citações:

versa, a casa é uma pequena cidade” (c.1).


c.1 – LEON BASTISTA ALBERTI (De Re Aedificatoria,
Esta visão obriga a olhar a cidade como Florencia - 1495)
um todo, uma grande família, uma c.2 – FRANCESCO DI GIORGIO MARTINI (De Tratatto
di Architettura – 1482
comunidade que se reflecte dentro dos
c.3 - FRANCISCO MILIZIA (De Principi di Architettura
seus núcleos individuais; casas, divisões, Civile, Bassano - 1813)

sonhos, tudo estruturado segundo as c.4 - CARLO CATTANEO (De La città considerata
come principio ideale delle storie italiane - 1858)
necessidades de quem nela habita, em
cumplicidade com o exterior e com a urbe.
Uma cidade é um local de ―…união”,
“… rodeado por muralhas” (c.2), onde as
pessoas vivem cooperantes. ‖…todas as
partes do conjunto se destinam ao encontro,
utilidade e comodidade dos habitantes”. (c.2),
garantindo melhores condições de vida,
protecção contra inimigos e produção de Veneza Antiga
bens essenciais. fonte/autor @

A sua estrutura é uma “espécie de ordem


dentro do caos”(c.3), propícia a grandes
vias, cruzamentos, malhas urbanas,
edifícios, praças e espaços verdes,
variados e libertinos; a multiplicidade torna
a cidade mais bela e majestosa, “propicia
à existência de ordem e extravagância, ritmo e
variedade”(c.3).
A cidade prolonga-se para além dos
seus limites urbanos; “A cidade e o
território formam um corpo inseparável” (c.4),
depende dos recursos e vivências que a
circundam. Ela é também um símbolo Cidade de Bagan
fonte/autor @
cultural e a memória espacial do seu
povo.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 9


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A cidade, do ponto de vista sociológico Definir Cidade – Designações Históricas

“é uma unidade demográfica”(c.5), feita “à Legenda bibliográfica das citações:

base de casas extremamente unidas que


c.5 - PIERRE GEORGE (De précis de geographie
constituem um aglomerado compacto e tão urbaine, Paris - 1961)

grande que se perde a noção do todo, do c.6 – MAX WEBER (De die Stadf, Archiv fur
Sozialwissenscharft, XLVII - 1920)
concreto e particular, dos habitantes entre si,
c.7 - PIERRE LAVEDAN (De Geographie des Villes,
característicos de um grupo de vivência” (c.6). Paris - 1936)

A sua escala abrange uma comunidade


ampla a “perder de vista”, relativamente
compacta e com múltiplas realidades
dispersas.
Uma cidade tem de ser autónoma:
“Falamos de cidade no sentido económico
somente nos casos em que a população
residente num lugar cobre uma parte
Cidade de Shibam Restaurada – Yemen – prémio Aga
economicamente relevante das suas khan de arquitectura 2007
necessidades quotidianas no mercado local, fonte/autor @

essencialmente com produtos que a população


residente, no lugar e arredores, tenha
produzido, ou então, solicitado por meio de
venda no mercado.
Toda a cidade, neste sentido, é um «lugar
de mercado»”; “ (…) é a sede da «economia»
e da sua monstruosa potência; … burguesa e
política.” (c.6)
“A civilização urbana está baseada pois,
numa dupla vexação, imposta tanto à natureza
como ao indivíduo” (c.7); ela surge do
domínio do Homem sobre a Natureza e o
território. A Natureza e o Indivíduo ficam
sujeitos às decisões impostas pela
civilização estando as suas liberdades e o
seu desenvolvimento condicionados aos Cidade Medieval – Construção

factores de poder pré-estabelecidos na fonte/autor @

cidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 10


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A cidade ” (…) é uma imagem sugestiva Definir Cidade – Designações Históricas


que estimula o nosso espírito.” (c.8) “ (…) É
um feito da natureza, realizado pelo homem, Legenda bibliográfica das citações:

que estimula movimentos artísticos, culturais,


c.8 - LE CORBUSIER (De Urbanisme, Paris - 1925)
ideais. “ (…) Juntamente com o idioma, c.9 - LEWIS MUMFORD (De The Culture of Citie -, 1938)
c.10 - LUDOVICO QUARONI (De La torre di Babele,
consiste na maior obra de arte do homem.”
Pádua - 1967)
(c.9)“ (...) É possível assemelhar a cidade a
uma grande manufactura, uma obra de
engenharia e arquitectura (…) O arquitecto, o
urbanista, é co-responsável pelo correcto
desenvolvimento da cidade, suas estruturas e
manifestações afectam a realidade externa da
cidade social, da cidade de todos os cidadãos
e de todos os que representam e governam,
que são a cabeça das «estruturas», e que
constituem a mesma cidade social, que
«solicitam» ao arquitecto a cidade e o seu
Mercado Medieval
«compromisso»”. (c.10) fonte/autor @

Concluímos pelas citações


apresentadas, algumas com mais de 500
anos, que Cidade significa um território
urbano destinado ao conforto, à
segurança e bem-estar social e
económico de um grande aglomerado
populacional e que o seu domínio abrange
todos os recursos territoriais necessários
para a comunidade de forma a zelar pela
sua sustentabilidade e independência em
relação aos vários factores externos.
Olhando para as cidades segundo
estes aspectos, eu diria que são muito
poucas as que realmente atingiram na
Plano urbano Vitruviano – 1383 d.C.
prática, alguma vez, a totalidade dos
fonte/autor: Monge Francisco Eximeniç @
requisitos.
As nossas cidades ainda não são
―Cidades‖.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 11


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

3 – Definir Utopia – Ideal Social

A analogia entre criação de uma


sociedade ideal e o conceito de Utopia é
forte, principalmente desde Thomas
Morus (1478-1535 d.C.), graças à sua
obra ―Utopia‖.
Platão (427-347 a.C.) já no seu tempo
concentrara-se na Utopia da governação
da cidade. Thomas Morus vai mais longe
no seu ideal Utópico juntando a realidade
sócio-política à construção de uma cidade
ideal. As Utopias nascem desde sempre
da vontade de criar e inovar a nossa
forma de viver na urbe.

A Utopia “ (…) Apresenta-se sobre um


esquema espacial em uma sociedade
impossível enquanto projecta a realidade
num universo sem história, no entanto,
Imagem do Livro Utopia
indica de maneira iluminadora (quando fonte/autor: Thomas Morus @

não se trata de uma simples


extravagancia) uma direcção de
transformação.” (Gregotti, Vittorio, El Território

de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona -


1972).

Inovar, desenvolver a cidade,


modernizá-la, implica a criação de
hipóteses, Utopias. As novas estruturas e
ideais dos últimos séculos nascem desta
procura, sendo o séc. XIX, de que Atlântida – Continente Utopia
fonte/autor @
trataremos mais à frente, intitulado pelos
historiadores como a idade de ouro das
Utopias.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 12


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

“ (…) O horizonte positivo e racional da Definir Utopia – Ideal Social


cultura da época, e por outro, os seus
aspectos romântico-socialistas; segundo
os quais, o projecto utópico é sempre
acompanhando de uma visão global e de
uma definitiva sistematização de todas as
relações. Sua força e significado
projectual são uma utopia, além de
espacial, politica e social.” (Gregotti,
Vittorio, El Território de la Arquitectura,
Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 1972).

As ideias utópicas surgem como


verdadeiras obras urbanas e as suas
preocupações atingem todas as áreas da
comunidade, sendo cúmplices ao longo da
história para com as revoluções filosóficas
e políticas, desde a implantação das
repúblicas às doutrinas sociais da Igreja,
liberalismos, socialismo e marxismo, Antiga Ilustração da Atlântida
influenciando também os movimentos fonte/autor @

artísticos e, genericamente, todas as


grandes obras e maravilhas criadas pelo
Homem.
As utopias urbanas que em grande
parte não saíram do ―papel‖; serviram
também de termo de comparação e de
críticas aos sistemas pré-estabelecidos,
fruto da necessidade de revolucionar a
sociedade, obrigando a comunidade a
tomar consciência dos seus defeitos e
Utopia – Nova Atlântida
propondo soluções para o seu fonte/autor @

melhoramento.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 13


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A utopia pode ser entendida como um Definir Utopia – Ideal Social

modelo de cidade na fase de protótipo,


ainda não testado que, quando posto
finalmente em prática se desprende da
sua postura artística e conceptual e
caminha para um contexto científico e
estético que, se por ventura for aceite na
totalidade, se pode vir a tornar num
modelo.
Muitos modelos de cidade nasceram na
verdade fruto de rascunhos utópicos e da
vontade de imaginar um ideal urbano
Tecno-Utopia
construtivo, aparentemente inatingível fonte/autor @

num determinado espaço-tempo no


momento passado em que foi gerado, e
que, com o passar do tempo, acaba por
se tornar realizável, ignorando por vezes a
sua origem Utópica.
Poder-se-á cientificamente criar um
modelo de cidade, mas a fronteira entre a
utopia e a realidade consiste na sua
eficácia em cumprir os pressupostos
pretendidos. Os modelos de cidade cujos Ecocidade Flutuante
objectivos se tornem irrealizáveis por fonte/autor @

razões temporais ou incompatibilidades de


interesses conexos acabam em utopias.

T1 – Tópicos a favor da cidade Utópica:

1- Sistema cooperante, economicamente sustentável, incentivando as pessoas a viverem


socialmente unidas, ajudando-se mutuamente, em função da defesa, da produção, do conforto e da
felicidade pessoal e da comunidade.
2 - A visão utópica é um modelo revolucionário de cidade, alternativo aos sistemas de cidades
urbanos pré-estabelecidos. A sua visão além de representar uma meta social a atingir é também uma
crítica à sociedade actual.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 14


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4 – Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade

Vitrúvio, um arquitecto influente do


período romano, mostra no seu tratado de
arquitectura «De Architectura Libri
Decem», preocupações urbanas, quanto à
sua forma, ordenada segundo as
referências culturais assumidas e o
entendimento das sinergias do
ecossistema e dos recursos da natureza,
com especial relevância, neste caso, ao
vento e ao acesso marítimo.
Vitrúvio não demostra grandes
preocupações sociais nos seus planos
urbanos, no sentido que aceita a ordem
de classes e comportamentos sociais pré- Cidade Romana – Vista aérea - Planta ortogonal
fonte/autor @
establecidos sem grande preocupação
pelas classes menos protegidas. Cria,
porém, relações espaciais organizadoras
da urbe entre os vários sectores públicos
e privados seguidas até aos dias de hoje.
A estrutura urbana de Vitruvio é no
entanto utópica pela implantação da
malha octogonal, das oito «portas» da
cidade, entre outras soluções, com base
em conceitos numerológicos sagrados.
Mais tarde, Filarete (1400-1469 d.c), na
sua cidade utópica de Sforzinda, irá criar a
ligação urbana cidade-campo, seguido de
um sonho de uma nova sociedade, mais
humanista, preocupada e estudada para
Cidade de Sforzinda
satisfazer a todos os seus habitantes,
fonte/autor: Filarete @
independentemente da sua classe social.
A sociedade planeada por Filarete detém
uma organização peculiar, revolucionária.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 15


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A estrutura mais irreverente na sua Utopias e Modelos Urbanos da

cidade é o edificio da «Casa do Vício e da Antiguidade

Virtude» destinada a satisfazer as


necessidades físicas e intelectuais do
cidadão. Esta mega-estrutura dividida
verticalmente por funções temáticas, uma
espécie de pirâmide das necessidades,
começando nas necessidades básicas e
acabando no seu cume na descoberta do
espaço cósmico. O cidadão, estudante
frequentador desta Universidade da vida,
poderia deslocar-se à cave para satisfazer
a necessidade sexual onde se localiza o
Bordel e de seguida subir uns pisos no
edificio para a biblioteca ou para as salas
Sforzinda – Hospital
de aulas para estudar um pouco.
fonte/autor: Filarete @
Porventura mais pela noite, subiria então
ao terraço para pesquisar as estrelas no
observatório situado no cume do edificio
para este efeito. No mínimo, uma ideia
arrojada para um edifício público e que
sem dúvida ainda nos dias de hoje seria
Sforzinda – Representação de uma praça
polémico e revolucionário faze-lo. fonte/autor: Filarete @
As suas preocupações urbanas
respondem ao padrão já típico de praças
rodeadas por edifícios importantes para a
cidade, unidos por ruas largas e lineares,
um «planeamento multifocal».
Sforzinda reforça as suas
preocupações urbanas com a implantação
de canais de água paralelos, intercalados
entre ruas, permitindo ao cidadão comum
usufruir dos recursos naturais e ao mesmo Sforzinda – esboço

tempo, gerando um microclima urbano fonte/autor: Filarete @

mais ameno e agradável e melhores


condições de salubridade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 16


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Vitrúvio, Filarete e Alberti procuram Utopias e Modelos Urbanos da

regras geométricas, ritmos, formas e Antiguidade

ordens mensuráveis e puras. Filarete e


Alberti geraram a relação urbana cidade-
campo e deram à forma urbana e
arquitectónica o conceito de
funcionalidade e simbolismo; os edificios e
vias ganham formas com significado. O
esquema de cidade circundada por uma
via e/ou uma muralha circular está ligado
à ideia de universo, do todo, do uno, da
Estudo geométrico da perspectiva dos objectos
auto-defesa, e por consequência, à ideia (1.400 d.C.)
de comunidade e o quadrado na Fonte/autor: Alberti @

edificação ligado à virtude, ao trono, à


sabedoria. Encontra-se neles a vontade
mística de ligação entre o microcosmos
(povoação) e o macrocosmos (universo),
que acompanha todas as revoluções da
organização estética da cidade, atribuindo
um caracter antropormórfico aos modelos
e utopias urbanas desses séculos. A
cidade ―Antropomórfica‖ ou seja, a cidade
desenhada segundo um conceito, sagrado
ou conceptual inspirado em características Sforzinda – projecto da cidade de Palmanova
fonte/autor: Filarete @
humanas, interligando o Homem com as
leis universais da Natureza, teve uma
enorme influência na vida das cidades,
ainda por entender por completo.
Os urbanistas da antiguidade e do
Renascimento, defensores do modelo
Antropomórfico, detinham uma aura de
«semi-deuses» secretos, educadores e
orientadores da sociedade. No entanto os
seus objectivos últimos fracassaram, pelo Sforzinda – cidade de Palmanova
fonte/autor: Filarete @
menos em parte, na procura de orientar o
homem para a «luz».

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 17


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A ciência dos dias de hoje conseguiu Utopias e Modelos Urbanos da

através de equipamentos de medida Antiguidade

visualizar, qualificar e quantificar algumas


das leis ocultas da Natureza e sabemos
hoje que existe uma ordem factual e
matemática para o funcionamento das
coisas. Por exemplo, sabemos hoje que
as cores são fruto de diferentes
comprimentos de onda, e para ter uma cor
específica é preciso uma ordem
específica, rítmica, comparável
subtilmente ao discurso do conceito das
leis divinas e matemáticas do
Renascimento. Sabemos hoje que as
cores influenciam o nosso
comportamento, ou seja, compreendemos
Monumento Dogon
ainda como os comprimentos de onda, fonte/autor @
«frequências» nos afectam, quer sejam
visíveis e luminosos, ou invisíveis, e como
são usados como ferramentas para as
mais variadas funções. Sabemos agora
que tudo neste mundo, estruturas naturais
ou artificiais, transmitem e reflectem
frequências, todas diferentes.
Tudo o que existe no universo também
produz frequências visíveis e invisíveis, e
todas estas frequências têm efeitos no ser
humano e podem ser descodificados por Aldeia Dogon – África – Comunidade sustentada sobre
aparelhos científicos. o conceito Antropomórfico
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 18


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Portanto, será que uma sociedade Utopias e Modelos Urbanos da

sustentada sobre um modelo divino, Antiguidade

segundo padrões e ideais de ordem


suprema, procurando frequências
específicas para o seu sucesso, cósmicas
ou simplesmente representativas de
fertilidade e harmonia atómica, são uma
―extravagância utópica‖ ou terá esta ideia
algum sentido luminoso?! Á luz da ciência
actual existe uma verdade oculta em
relação às sinergias micro e Aldeia Dogon
fonte/autor @
macrocósmicas.
A tribo Dogon em África é um exemplo
curioso de sociedade Antropomórfica;
organiza-se segundo uma estrutura
urbana, onde a arquitectura, a sociedade
e até os utensílios estão imbuídos de
significado sagrado. Cada indivíduo na
sua sociedade tem consciência holística
dos seus actos e da sua estrutura, unindo
a tribo num ideal colectivo, através de
valores espirituais e culturais baseados no
sistema Antropomórfico Dogon, gerando
uma sustentabilidade social sólida.
Sagrado é sinónimo de respeito, não
confundir com fanatismo que não passa Esquema Antropomórfico “Sirius” de aldeia – tribo Dogon
de uma obsessão. A Ciência chegará um fonte/autor: Marcel Griaule and Germaine Dieterlen,
desenhado por Ogotemmêli.
dia ao campo do Sagrado e descortinará
A forma oval representa «Amma», o ovo primodial da vida:
suas leis ocultas, aproximando o Homem A: Sirius

da verdade das coisas. Nesse futuro B: Pô tolo


C: Emma ya
próximo descobriremos o quanto as D: The Nommo
«frequências sagradas» do Universo E: The Yourougou (homem mítico, destinado a
persuadir a sua «alma gémea» feminina)
contribuem para a vida do Homem e o que
F: A estrela da Mulher, girando em torno da Emma Ya
elas são realmente. G: O chamamento da mulher
H: Os órgãos reprodutivos da mulher, representado
pelo útero
(Traduzido de Inglês para Português)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 19


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5 - A Idade de Ouro Das Utopias – século XIX

O desenvolvimento industrial derivado


das máquinas traz novas preocupações
sociais às cidades em crescimento
acelerado. A globalização nasce e
provoca uma espécie de Big-Bang sócio-
económico e cultural.
No percurso da idade de ouro das
utopias vislumbra-se o enorme peso que
estas tiveram no mundo, apesar dos seus
Bairro pobre Londres – Dudlei Street
conteúdos e objectivos terem ficado muito Revolução Industrial -1872

aquém do que os seus criadores fonte/autor: Benévolo 1999 – grav. Gustave Doré @

pretendiam. Sonhadores vorazes no


princípio das revoluções da época
reinventaram e recuperaram até o próprio
conceito de urbanismo, passando a olhar
a cidade como um todo, cada vez mais
virada para as suas realidades sociais,
minadas no séc. XIX pelo crescimento
urbano desordenado e pela revolução
industrial gerando precariedade sócio-
Revolução Industrial –séc. XIX
económica e novos tipos de escravatura e
fonte/autor @
de dependências.
A visão de uma comunidade unida em
estruturas urbanas com condições dignas
de vida com carácter comunitário e
produtivo era uma visão apaixonante. A
cidade «visionária» educaria o cidadão
através de todos os seus elementos
arquitectónicos, espaciais e estéticos
juntamente com mecanismos sócio-
culturais. Por outro lado a produção
Revolução Industrial – séc. XIX
industrial faria parte da comunidade como fonte/autor @

forma de sustentabilidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 20


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os arquitectos desta época alimentam A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

nas suas consciências um paternalismo


social herdado do Renascimento. A
função das estruturas acaba por ser
entendida como uma «religião activa». O
Arquitecto «purifica» o sistema social.
Rousseau, nascido em 1712 d.C. em
Genebra, filósofo defensor do ―Homem
livre‖, inspirou todos os movimentos
filosóficos e políticos de lutas pela
liberdade, incluindo o conceito de «moral
urbanística». O Arquitecto teria como
função educar o homem com a sua
arquitectura.
Os criadores de cidades apregoam
neste período o Pré-urbanismo; o
Protorracionalismo e o Antropomorfismo.
Esquema Antropomórfico
Os Utopistas substituem a exuberância fonte/autor: Cesariano @
decorativa pelo ―caractére‖, pela
«arquitectura falante», por grandes
estruturas geométricas representativas
das funções dos seus espaços e de
simbolismos arquitectónicos.
Boullée é um dos visionários da
«arquitectura falante» deste tempo.
Demonstra-o engenhosamente no
sarcófago de Newton, pondo a tumba do
sábio no centro espacial de uma enorme
esfera que representa em seu exterior a
terra e em seu interior o universo. No
projecto de um farol atribui-lhe uma forma
cónica lembrando o tema da torre de
Babel, envolto por uma espiral lembrando
uma corrente humana.
Boullée desenvolve uma arquitectura Sarcófago de Newton – Boullee
centrada no homem em seu espaço. fonte/autor: Boulée @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 21


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O homem daria significado aos A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

espaços, convertendo-os em consciência.


Esta postura é evidente no sarcófago de
Newton:
“A tumba do sábio é o centro da
gravidade da esfera e representa a mesma
posição do homem no cenário da
natureza.” (Madec Philippe, Boullée, Akal
Arquitectura, Madrid 1977)
Boullée desprende-se das regras
clássicas, procurando os segredos da arte
de construir nos valores e nos princípios
Farol
da Natureza.
fonte/autor: Boullée @
“ (…) Seus estudos partem da
observação dos corpos «Cansado da
imagem muda e estéril dos corpos
irregulares» (Barroco e Rococó), é fiel aos
corpos brutos. Alimentado por Platão e
Euclides, acredita que as formas puras são
as da Natureza. Estas apresentam três
vectores: A regularidade, a simetria, e a
variedade… Os argumentos de Boullée são
Antropomórficos (…) Estas três
qualidades são ainda as condicionantes da
proporção e da harmonia. (…)” (Madec
Philippe, Boullée, Akal Arquitectura, Madrid
1977) Anfiteatro
O homem comum é valorizado pelos fonte/autor: Boullée @
Arquitectos Utopistas. As Utopias são
inspiradas no «colectivo», nas liberdades
sociais e direitos humanos, influenciadas
pelos movimentos sociais revolucionários
da época. Ledoux comenta:
“Se a sociedade se baseia em
necessidades mútuas impostas e
supostamente recíprocas, porquê não
reunir nas casas particulares estas
analogias de sentimentos e gostos que
honram o homem? O carácter dos
monumentos, como também da
Biblioteca Nacional
natureza, servem para promover e
fonte/autor: Boullée @
depurar os costumes.” (Kruft, Happo-
Walter, História de Las Teorias de Arquitectura,
Vol.II, Alianza Editorial, Madrid)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 22


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Lançam-se questões estruturais de A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

fundo que representam as bases do


urbanismo como ciência: planeamento e
estudo social, promoção de condições de
saúde pública urbana, tendo em conta a
insolação, os ventos, os recursos naturais,
a salubridade, a ordenação do território e
a dignidade humana; soluções viárias,
espaciais e arquitectónicas; praças e
enquadramentos com edifícios;
revalorização do tecido verde da cidade; Casa do Supervisor – Cidade de Chaux
fonte/autor: Ledoux @
respeito pelo património; regras
urbanísticas de construção; entre outras.
Muitas das visões Utópicas não teriam
seguimento. Não era prudente, a meu ver,
expandir a cidade indefinidamente como
no projecto de expansão de Viena
pretendido por Wagner ou criar uma
arquitectura igual para todos como Owen
ou Ledoux entre outros ousaram projectar
nas suas cidades utópicas, com
habitações pré-definidas sem primeiro
Casa de campo – Arquitectura falante
confinar as mesmas ao gosto último dos fonte/autor: Ledoux @

indivíduos que as iriam habitar, o que


prefigura uma espécie inibição à
personalidade de cada um, constituindo
um factor a desfavor dos seus moradores.
A rigidez vanguardista das propostas
da época contradiz-se com as realidades
urbanas e estruturais em constante
mutação, apesar do seu espírito
revolucionário.
A passagem das propostas para o
Projecto para a Cidade ideal de Chaux
plano do desenho e da escala ficaram fonte/autor: Ledoux @
aquém das soluções sociais e espaciais
inovadoras desenvolvidas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 23


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Nos suportes de desenho A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

apresentados pelos autores existe ainda


uma grande dependência das linhas
clássicas e os planos urbanos das cidades
pouco diferem das cidades ―Vitruvianas‖.
O extravio de muitos dos documentos
ao longo da História torna esta análise
ainda mais superficial. Somente algumas
experiências urbanas ganharam forma e
alguns dos documentos dos projectos só
foram redescobertos muitos anos depois. Cidade ideal de Chaux – Arc – et-Senans

Os Utopistas desta época valorizavam Parte Construída


fonte/autor: Ledoux @
a necessidade de cortar com o passado
sem ignorar os seus aspectos positivos e
procuravam soluções para criar uma
sociedade mais humana, aspectos um
pouco «adormecidos» em muitos dos
«utopistas» actuais. Todos partilhavam
uma descrença pela cidade industrial,
cada vez mais densa e suja, por
conseguinte um lugar impróprio para o ser
humano viver condignamente.
Cidade ideal de Chaux – Arc- et-Senans
Por mais majestosas que sejam as fonte/autor: Ledoux @
estruturas não existe glória numa cidade
se os seus habitantes sobreviverem
infelizes, no caos, na pobreza e na falta
de referências com a natureza.
O Utopista Owen sobressai na luta
pelos direitos sociais reduzindo a jornada
de trabalho para 10,5 horas diárias na
fábrica sobre sua totela, um avanço
significativo para a época; cria casas para
os operários, o primeiro jardim-de-infância Edifício de Entrada – Cidade de Chaux
fonte/autor: Ledoux @
e a primeira cooperativa, desenvolvida no
seu projecto Utópico para a aldeia de New
Lanark, 1816).

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 24


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A dicotomia cidade-campo defendida A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

pelos vários Utopistas, desde Boullée a


Howard é uma contra-resposta ao
mecanicismo desumano da
industrialização, ao esquecimento da
Natureza pelo Homem.
Cerdá teria um papel importante no
comportamento e organização urbana e
estudo da cidade, mostrando ser possível
criar um equilíbrio na vivência urbana
através da sua fórmula: ―urbanizar o
campo e ruralizar a cidade‖. As suas Plano de reabilitação de Siena
fonte/autor: C. Sitte @
teorias urbanas ficaram famosas na
reforma e valorização de Barcelona
(1867).
Sitte quebra com a rigidez das formas
urbanas, da sua linearidade e ritmos
exagerados e castradores, procurando a
comunhão das pré-existências na cidade
com as novas imposições urbanísticas.
Wagner conjunta o tecido urbano
antigo com novo, dentro de uma teia de Expansão de Barcelona - 1859
fonte/autor: Cerdá @
distritos demarcados por vias zonais,
propondo soluções pré-urbanas para
evitar o crescimento caótico das cidades.
Os modelos criados pelo “pré-
urbanismo” acabaram por ter um peso
insignificante, dando origem a um número
muito reduzido de construções urbanas na
Europa, aos projectos de Owen em New
Lanark e ao “falansterio de Guisa” de
Godin. Mesmo nos Estados Unidos, nas
«colónias» fundadas pelos discípulos de Barcelona – plano de Expansão
fonte/autor: Cerdá @
Owen, de Fourier e de Cabet, todos os
modelos utópicos se desmoronaram com
bastante rapidez.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 25


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

“ (…) Seu fracasso explica-se pelo A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
carácter coercivo e repressivo da sua
organização, e, sobretudo, pela sua ruptura
com a realidade sócio-económica
contemporânea.
Estas experiências pertencem para nós ao
terreno das curiosidades sociológicas. Como
contrapartida, os modelos do pré-urbanismo
apresentam hoje considerável interesse
epistemológico. Pela sua origem crítica e
sua fé inocente no imaginário, anunciam o
mesmo método do urbanismo, cujos
planeamentos seguiram um curso parecido
ao longo do século XX. São modelos de
modelos.” (Choay, Françoise; El
Urbanismo: Utopias y realidades pag.32)

A conjuntura da época nada ajudou, a


meu ver, para o sucesso dos movimentos
utópicos, só as elites sabiam do que se
Barcelona – plano de Expansão
passava no mundo, e a sua grande parte,
fonte/autor: Cerdá @
tal como hoje, estava mais preocupada
em explorar poder e riquezas do que em
perder tempo com projectos utópicos de
carácter social, capazes de dar força ao
colectivo e ao homem comum de classe
baixa. Dos projectos utópicos deste
género quase nenhum foi realizado.

A primeira guerra mundial e as suas


sequelas de carácter económico, social e
urbano, fomentaram o nascimento de uma
cultura nova na Europa, fundada na
funcionalidade, ergonomia, racionalidade, Aldeiamentos Utópicos para New Lanark, 1816
fonte/autor: Owen @
propondo soluções científicas, o mais
possível exactas para a resolução dos
problemas sócio-urbanos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 26


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A confiança numa sociedade A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

progressiva e num provir melhor, através


de uma consciência urbana sólida,
transparece no discurso pronunciado na
exposição urbanística em Lyon em 1914
pelo Senador Édouard Herriot:
“- A administração de uma cidade média
deve deixar de ser empírica para
transformar-se numa verdadeira ciência.
Prever a extensão racional duma
aglomeração humana, sistematizar os
espaços livres necessários e as reservas de
solo, responsabilizar-se pela sua boa
Praça de Siena
manutenção, defendê-la das insídias de
fonte/autor: Sitte @
todo o tipo que a ameaçam, atender ao
transporte dos seus habitantes, provê-los
de águas saudáveis, desembaraçá-los dos
dejectos, reformar as moradias, escolher o
melhor sistema de iluminação, vigiar a
alimentação e controlar os elementos
básicos, como o leite, erradicar as
falsificações e as fraudes, proteger as
crianças, modernizar o ensino, generalizar
a propriedade, completar o ensino
nacional com ensino de iniciativa local,
criar condições higiénicas para o
trabalho, promover e aperfeiçoar as
instituições sociais, organizar a luta
contra as enfermidades infecciosas,
transformar os nossos hospitais, nossos
asilos e nossas prisões, buscar a solução
para a verdadeira tarefa de um organismo
assistencial, fomentar a cultura física e o
desporto indispensável para os cidadãos, Exposição Universal – Paris – Torre Eiffel – 1889
fazer florir a cidade em todos os sentidos, fonte/autor: @
apoiar com a instrução da arte este
esforço para com a ciência. Não é este um
programa digno de reflexão?” (Choay,
Françoise; El Urbanismo: Utopias y
realidades, pag.32)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 27


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O discurso marca o auge das vontades A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

e experiências das vanguardas artísticas


que precedem o século XIX. Nenhuma
destas propostas toca nas bases da
prática urbanística do momento; nem
explica claramente como resolver os
graves problemas das cidades e dos
territórios; ainda assim alimentam as lutas
constitucionais e o debate político.
Consequentemente a vanguarda
Estação – estruturas de ferro
urbanística vive um «status quo»
fonte/autor: Viollet Le duc @
privilegiado no meio social.
As acções vanguardistas no terreno
foram opostamente vagas. Os austríacos
Otto, Wagner e seus discípulos, limitam-
se praticamente à consolidação das
periferias urbanas e ao uso de esquemas
rígidos, simetrias e hierarquias estruturais.
O Estudo de Wagner para a
amplificação de Viena – Die Grossstadt,
de 1911 – não foge muito ao modelo neo-
Expansão de Viena – Distrito 22 – 1911
conservador desenvolvido 50 anos antes. fonte/autor: Otto Wagner @
Os americanos progressores do
movimento urbano de ―City Beautiful‖,
Olmstead, Burnham, McKim, criadores
dos mega-modelos compositivos das
grandes cidades americanas dos
primeiros anos do séc. XX, desenvolvem
as suas soluções urbanas com base no
esquema clássico, adaptado às novas
necessidades de tratamento urbano e Abertura da linha ferroviária, Estações de Viena -1894
fonte/autor: portal gettyimages - Otto Wagner @
saneamento da urbe. Este conformismo
estrutural repete-se dos planos elegantes
e meditados das novas cidades de Nova
Dheli e Canberra.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 28


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Algumas propostas exprimem uma A idade de Ouro das Utopias – séc. XIX

subtil mudança em relação à tradição


clássica arquitectónica, gerando até uma
postura anti-clássica.
O discurso de Herriot é perfeitamente
actual e demonstra as preocupações
urbanas e o dever social de qualquer
urbanista. Um pré-aviso aos problemas da
cidade a resolver ao jeito de Cerdá. Um
concelho sábio entrelaçado numa luta
entre os movimentos clássicos já gastos
da repetição e dos movimentos
reformadores sociais e arquitectónicos,
acompanhados pelo enorme crescimento
das Metrópoles e do aparecimento das
máquinas.
Quando Viollet Le-Duc usa a expressão
«conhece-te a ti mesmo», toca no
Publicidade à Garden City –-1894
princípio fundamental para a construção fonte/autor: Horward @
da urbe; é fundamental entendermos a
essência da urbe e do ser humano para
não estarmos constantemente a criar
estruturas que «adoecem» o Homem.

T2 - Tópicos a favor da cidade Utópica:

3- Organismo urbano sustentável, com condições de vida saudáveis em todo o seu tecido urbano
e a sociedade, valorizando todos os elementos de forma intregadora, dando o mesmo valor
arquitectónico a espaços públicos e privados, sem descriminação das classes.
4- Estrutura urbana organizada segundo regras relacionadas com a Natureza planetária e
cósmica, capaz de melhorar a sociedade consciencializando-a da harmonia frágil entre si e o mundo.
5- Os ideais urbanos para a cidade terão de transpor a sua filosofia para o desenho urbano de
forma coerente e realizável.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 29


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

6 – MODERNISMOS e UTOPISMOS do século XX

No século XX os problemas urbanos


acumulam-se devido à falta de controlo
sobre o crescimento e o desenvolvimento
das cidades. As mudanças nascem em
catapulta e os arquitectos vanguardistas
não vêem no passado soluções; procuram
alternativas tentando acompanhar o
desenvolvimento tecnológico e científico,
com base nos novos materiais e métodos
construtivos, mecanicistas e racionais.
No pós-guerra só alguns urbanistas e
arquitectos pareciam compreender bem o
papel do ser humano na sociedade e a
Cidade Futurista -Estação ferroviária – Milão -1914
importância das suas raízes, apesar do
Fonte/autor: António Sant ´Elia @
nevoeiro instalado pela violência dos
acontecimentos (1ª e 2ª Guerra Mundial),
obrigar a repensar a cidade de forma
urgente, principalmente na segunda
metade do século, comandada sobretudo
segundo critérios económicos.
A nova forma de construir através do
aço, do betão armado e do vidro,
auxiliados por novas soluções
tecnológicas (elevadores, automóvel,
electricidade, etc.) e a necessidade de
simplificar as estruturas para as tornar
mais económicas e fáceis de construir,
abriram território aos movimentos
cubistas, puristas e minimalistas e a uma
arquitectura construída em altura,
concentrada e dividida em parcelas
Avenida Casa Torre – Paris 1922
verticais, com vias inundadas de carros.
fonte/autor: Auguste Perret @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 30


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No início do século Ebenezer Howard Modernismos e Utopismos do séc. XX

iria ficar em evidência na história do


urbanismo pela sua utopia cidade-campo,
diferenciando-se um pouco das ideias
utópico-sociais precedentes. A sua ideia
de cidade-jardim do seu livro ―Garden
Cities of Toworrow‖ em 1898, propõe
medidas urbanas ousadas, que nunca
chegariam a ser cumpridas na totalidade,
Plano Urbano – Garden City
como soluções alternativas às cidades
fonte/autor: Howard @
industriais superpovoadas.
Howard organiza a sua cidade através
de um cuidadoso cálculo de custos no
momento da época e propõe que a
propriedade do terreno passe para as
mãos do Estado, no entanto a
administração e cultivo em termos gerais
devia ser de iniciativa privada. As suas
preferências estão do lado do campo, mas
em nenhum caso nega as vantagens da
cidade.
À imagem dos «pólos» da cidade e do
campo postula uma possível combinação
das vantagens de ambos, que denomina Diagrama – Cidade Jardim
fonte/autor: Howard @
de ―Town-Country‖. Howard descreve
minuciosamente este modelo de cidades
Jardim para uma população aproximada
de 32.000 mil habitantes, implantada em
superfícies de 6.000 acres, (2.428,2 ha)
dos quais calcula uma sexta parte como
terreno de colonização para a ―Garden
City‖. Estas cidades estão concebidas em
forma circular e adaptam-se em cada caso
às condições topográficas do terreno.

Plano Urbano – Garden City


fonte/autor: Howard @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 31


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Howard desenvolve um sistema radial Modernismos e Utopismos do séc. XX

e concêntrico de ruas, cujo centro é


preenchido com zonas verdes e edifícios
públicos. Esta zona de parques interiores
estaria rodeada por um «Cristal Palace»
edificado de forma concêntrica, com uma
galeria com abóbadas de cristal, aberta
para o parque através de arcadas e
incorpora tendas e lojas de modo a
funcionar como uma galeria de passagem.
As zonas concêntricas destinadas às
moradias estão concebidas sobre a base
da cidade, dispondo cada uma de áreas
verdes. No centro encontra-se uma
―Grande Avenida‖ que contém, entre
outros edifícios, escolas e igrejas.
Num círculo concêntrico exterior,
implanta as fábricas, os centros
comerciais, os mercados, conectados à
rede geral mediante uma linha ferroviária
Cidade Jardim – Diagrama das cidades
circular. fonte/autor: Howard @
Howard conta com a tecnologia
moderna e recomenda, por exemplo, a
electricidade como fonte de energia de
todas as máquinas. Desenvolve um
avultado programa de infra-estruturas
públicas para acontecimentos culturais.
Propõe implantar em torno da cidade de
planta centralizada uma «cintura»
geométrica de contenção de crescimento
urbano ―cluster of cities‖, para controlar o
Proposta para a Garnier City – Cidade Industrial
crescimento demográfico, fixando a fonte/autor: Howard @

capacidade máxima da cidade em 58.000


habitantes.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 32


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Kruft e Happo-Walter na obra já citada Modernismos e Utopismos do séc. XX


―Historia de las teorias de arquitectura”
descrevem a concepção colonizadora de
Howard como o seguimento das várias
referências Utópicas desde Thomas
Morus a Robert Owen. Referem ainda que
Howard apresenta um planeamento
intelectual e esquemático flexível, capaz
de se adaptar ao contexto territorial como
ficou demonstrado em Letchworth e
Welwyn Garden City, a última das quais
foi criada pessoalmente por Howard em
1919. A ideia de cidade-jardim e os planos
racionais desenvolvidos foram um
importante factor para muitas teorias
urbanísticas do séc. XX, as quais
inspiraram inclusive os novos movimentos Lectchworth – 1904
Cidade Jardim Construída
utópicos de cidade, tal como a
fonte/autor: Howard @
―Broadacre-City‖ de Frank Lloyd Wright,
da qual falarei mais adiante.
As cidades jardim conquistavam as
aspirações urbanísticas, influenciando os
arquitectos ligados ao movimento
Moderno; o movimento que mais
influenciou a construção e a reconstrução
urbana do princípio dos anos vinte até aos
anos sessenta e que por vezes ainda hoje
é imitado.
O movimento moderno, no entanto, não
segue a mesma política demográfica e
arquitectónica de Howard, não só porque
não corresponde às novas correntes 2ª Cidade Jardim – Welyn – 1920
fonte/autor: Howard @
estéticas como também, a meu ver, por
não corresponder construtivamente às
necessidades urbanas das cidades
metrópoles devastadas pela guerra.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 33


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O movimento Moderno segue as novas Modernismos e Utopismos do séc.XX


tendências construtivas e arquitectónicas
de construção em altura, com linhas
simples e uniformes e uma estrutura
urbana sectorizada, criando mega-
estruturas independentes que usam a
ideia de cidade-jardim de forma mais
espartilhada e cenográfica. O movimento
ganharia grande aceitação ao nível
mundial pelas vanguardas da arquitectura
do princípio do século, dando origem ao
C.I.A.M, Congresso Internacional de Esquema – Cidade Sectorial
fonte/autor: Le Corbusier @
Arquitectura Moderna, apadrinhado por Le
Corbusier. O C.I.A.M. tornou-se no grande
palco das vanguardas urbanísticas e
arquitectónicas da época, criando vários
eventos mundiais nos anos consequentes,
influenciando e absorvendo as tendências
utópicas e arquitectónicas da época.
O C.I.A.M daria origem à famosa carta
de Atenas em 1933, o novo tratado
―iluminado‖ do urbanismo que ditaria
detalhadamente a forma ―moderna‖ de
construir cidades.
A urbanística do movimento Moderno
baseava-se em edifícios separados das
vias e do território, separando, também a
circulação pedonal da viária, criando
espaços verdes permeáveis entre edifícios
de densidade alta, transponíveis na sua
base. Estavam ingenuamente crentes
quanto á capacidade de transparência e
permeabilidade urbana dada pelos
edifícios elevados sobre pilares.
Arranha-céu 1921 – NY
fonte/autor: Mies Van Der Rohe @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 34


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Em ―la Crisis de la Modernidade‖ Rob Modernismos e Utopismos do séc. XX

Krier critica o arquitecto Mies Van Der


Rohe e o movimento Moderno pela forma
como proclamam a transparência do
espaço. A transição entre o espaço
interior e exterior é difusa e a ideia de
transparência aplicada ao espaço urbano,
é uma definição estética romântica mas
pouco realista. Um edifício sobre pilares, é
em parte visualmente transponível, mas
só em algumas situações pontuais.
Ville Radiouse – Paris
Mesmo com fachadas envidraçadas fonte/autor: Le Corbusier @
capazes de produzir efeitos
surpreendentes que simulam uma
transparência e uma vaga permeabilidade
entre espaço interior e exterior; estes
efeitos são pouco relevantes no ponto de
vista urbanístico, denotando uma
desatenção pelo espaço urbano em prol
de objectos e problemas isolados.
Le Corbusier e Pierre Jeanneret iriam
cair no mesmo erro ao projectar o novo
Maqueta – plano urbano
centro para Paris, chamado «Plan Voisin»
Plan Voisin - Paris
em 1922. Segundo o mesmo autor, a fonte/autor: Le Corbusier @
visão de Le Corbusier em «Plan Voisin»,
prevista para três milhões de habitantes,
aferia as dimensões do projecto à
magnitude e importância de Paris “Paris
prend de l´epoque”. O plano urbano
implicava ainda uma densidade excessiva
no seu núcleo urbano que se contrapunha
a uma funcionalidade urbana demasiado
espartilhada.
Maqueta de um edifício do movimento Moderno
fonte/autor: Le Corbusier @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 35


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Existem muitos outros projectos Modernismos e Utopismos do séc. XX

urbanos gerados por Le Corbusier e pelo


movimento Moderno por toda a Europa,
mas todos eles tiveram resultados pouco
animadores a longo prazo; simplesmente
porque desvirtuavam a vivência urbana,
ao separar as funções de cada sector,
dificultando as típicas interacções entre as
diferentes realidades da vida das pessoas
na cidade.
O urbanismo sectorial espartilhado do
Plano Urbano Modernista – Sectores
movimento fraccionou as típicas
fonte/autor: Le Corbusier @
interacções urbanas passíveis de serem
complementares e a sua arquitectura era
muito repetitiva destruindo as referências
urbanas. Detrás da segunda guerra
mundial ficaram claras as consequências
negativas da ideia de um denso centro
urbano. Imperava um certo desrespeito
pelas estruturas antigas, tradicionais,
ignorando as suas referências e
enquadramentos em que tanto C. Sitte
insistia.
O movimento proclama ainda uma
arquitectura baseada em princípios de
escala inspirados no Homem «perfeito», Desenho – Áreas residenciais
no «standard» e não no Homem fonte/autor: Le Corbusier @

«comum», na «personalidade», na
«realidade localizada».
Existiram melhorias urbanas
significativas nos últimos projectos do
movimento Moderno, surgindo mais
compatibilidades urbanas entre os
diferentes sectores e realidades da urbe,
Desenho – Plano Urbano Modernista
no entanto os seus resultados nunca
fonte/autor: Le Corbusier @
foram muito positivos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 36


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O Movimento Moderno procurou Modernismos e Utopismos do séc. XX

substituir o velho sistema de construção


de edifícios em banda, o qual não evoluíra
muito desde os anos vinte, mas sem
grande eficácia.
“ (…) No séc. XIX a estrutura urbana
chegou a uma densidade inigualável. O
desenho do séc. XX fora uma reacção
compreensível dos projectistas ante este
problema, nunca antes conhecido na
História. Dividiu-se tudo em unidades
funcionais, como por exemplo, viver,
Planos para Argel 1931 – maqueta
reproduzir, trabalhar, etc.; desenvolveram-
fonte/autor: Le Cobursier @
se soluções características para estas
unidades e estudou-se as suas posições e as
relações entre si. O protótipo abstracto
deste programa urbanístico era a “Ville
Radieuse” de Le Coubusier do ano de
1930.
Três anos mais tarde, a “Carta de
Atenas”, converteu-se no seu abecedário.
Este modelo realizou-se quase sem
rectificações em Chandigarh, nos anos
cinquenta (…) “ (La Crisis de la
Modernidade; Rob Krier)

Leonardo Benévolo comenta o


sobredimensionamento urbano da época,
afirmando que grande parte dos projectos
resultaram sobredimensionados frente às
necessidades, sobretudo no terceiro Plano Urbano Argel – 1931
mundo, e converteram-se em projectos fonte/autor: Le Corbusier @

utópicos. No entanto, também neste


período, a cultura arquitectónica ganha de
forma deliberada, uma visão futurista mais
além das razões concretas e produz uma
série de modelos que se antecipam à
realidade, conscientes das consequências
qualitativas do sobredimensionamento e
Plano Urbano Argel -perspectiva
do crescimento rápido da urbe.
fonte/autor: Le Cobursier @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 37


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O CIAM viria a ser substituído por Modernismos e Utopismos do séc. XX

outros movimentos de vanguarda,


abandonado pelos principais dirigentes e
com fortes divergências internas relação
ao futuro da urbe, realizando a sua última
conferência internacional em 1959 em
Otterlo.
No ano seguinte na World Design
Conference de Tóquio 1960, através de
um grupo de arquitectos japoneses, entre
eles Kikutake, Arata Isozaki e Kisho
Kukawa, apresentam uma nova forma de
projectar que intitulam ―Metabolismo‖, que
a partir de grandes infra-estruturas,
apresentadas em três dimensões, permitia
Edifício Modular – 1934
uma leitura arquitectónica a grande fonte/autor: Kisho Kukawa @

escala, formando um edifício modular em


que cada módulo tinha uma função
específica: habitação, trabalho, lazer. Os
módulos eram desenhados de acordo com
as exigências próprias de cada função,
realizados a pequena escala, aplicáveis,
desmontáveis e reaplicáveis quando
requisitados para o efeito.
Kenzo Tange sobressai na Word
Design Conference de 1960 em Tóquio,
com a exposição dos seus projectos
teóricos para Tóquio, o ―Sea City‖ e o
―Marine City‖, realizado com a ajuda de
outros ―metabolistas‖.
Plano urbano Tóquio -1960
fonte/autor: Kenzo Tange @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 38


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os japoneses são neste momento os Modernismos e Utopismos do séc. XX

precursores da arquitectura de vanguarda


e durante alguns anos dominaram as
propostas urbanas utópicas no mundo.
O Metabolismo passou a encher os
«mass-media»: revistas, convenções,
conferências e debates universitários à
escala internacional, influenciando os
movimentos de vanguarda na Europa,
entre os quais se destacam os projectos
de Yona Friedman. Exposição Mundial Montreal – 1967 – Habitat

A revista Architecture d´Aujourd’hui no Sustentado


fonte/autor: Yona Friedman @
livro de Michel Ragon, (Où vivrons-nous
demain? 1963), difunde alguns projectos
teóricos de Friedman que põem em
consonância os caracteres de mobilidade
e ligeireza do novo ambiente urbano,
versátil e mutativo.
Esta tendência desperta o interesse do
mundo universitário, e terá o seu peso na
arquitectura embora de maneira um pouco
formal.
Em Itália destacam-se os projectos
apresentados nos primeiros anos
sessenta para os centros direccionais de
Turin, Bolonha e para os terrenos em
«campo-aberto» na lagoa de São Giuliano Projecto Plug and City
Cápsulas Modulares – 1964
na ilha de Tronchetto de Veneza. Em
fonte/autor: Grupo Archigram @
Inglaterra o grupo Archigram formado por
Peter Cook, Ron Herron, Brian Harvey,
Warren Chalk e outros, destacam-se
também na vanguarda da época.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 39


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O grupo Archigram difunde na sua Modernismos e Utopismos do séc. XX

revista uma série de modelos


deliberadamente utópicos, que se tornam
populares sobretudo graças ao enfoque
divertido e irónico delas: Walking City de
1962, Plug-in-City de 1964, Control of
Choice de 1967, Oásis de 1968 e o
criativo kit de papel dobrado para uma
mega estrutura ―do-it-yourself‖, que vinha
agregado ao fascículo de 1966 editado
Utopia Walking City – 1964
pelo grupo. fonte/autor: Grupo Archigram - Ron Herron @

Estes artigos iriam influenciar os


grandes projectos tecnológicos da
década. No próprio programa Apolo da
NASA desenvolvido para o desembarque
na lua de 1969 aparecem uma série de
cápsulas habitáveis do Grupo Archigram.
Encontramos a um nível mais imaginário,
sem relação alguma com a veracidade
técnica, o mesmo estilo gráfico no cenário
de Heinz Edelman para o filme de The
Beatles, ―O submarino amarelo‖ (the
Yellow Submarine), 1968, realizado por
George Dunning.
Os projectos utópicos desta época não
conseguem coordenar a arquitectura com
o desenvolvimento tecnológico,
fraccionando-se em especializações
específicas e não à urbe em concreto,
originando tipologias da construção
inadequadas e modelos urbanos herdados
das fases precedentes do Modernismo.
Projecto Plug and City
Cápsulas Modulares – 1964
fonte/autor: Archigram @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 40


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Na Exposição Universal de 1967 em Modernismos e Utopismos do séc. XX

Montreal, nasce a oportunidade para


estes movimentos realizarem algumas das
suas propostas. O grupo canadiano
ARCOP formado por Affleck, Desbarats,
Lebensold e Size, realiza dois grandes
pavilhões temáticos «O Homem
Explorador» e um grande edifício
multifuncional no centro da cidade, na
Place Bonaventure. Richard Buckminster
Fuller constrói uma grande cúpula
geodésica que encerra o Pavilhão Norte- Cúpula Geodésica – Exp. Montreal 1967
fonte/autor: R.b. Fuller @
americano, assistida por um carril de ferro
sobrelevado que distribui os visitantes
pela exposição. Moshe Safdie ficará
famoso pela realização de parte do tecido
residencial, ―O Habitat‖.
As construções referidas experimentam
algumas das ideias elaboradas pelas
vanguardas do momento, recorrendo à
arquitectura com módulos estruturais,
como por exemplo os tetraedros radicais,
idealizados por Guntis Plesums.
O intricado entrelaçar de cápsulas
habitáveis formando mega-estruturas e as
vias de comunicação separadas do solo
revelam-se realizáveis. No entanto os
prédios ―metabólicos‖ como os de Nagakin
e Watanabe em Tóquio do arquitecto
Kurokawa, com base numa arrojada
montagem de cápsulas habitáveis
separadas, não teriam seguimento.

Projecto Habitat 67 – 1967


fonte/autor: Moshe Safdie @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 41


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os edifícios referidos, assim como ―O Modernismos e Utopismos do séc. XX

Habitat‖ de Safdie em Montreal, não são


adaptáveis ao contexto urbano comum
das cidades, a meu ver pelo facto das
estruturas não permitirem soluções
construtivas económicas e por exigirem
percursos espaciais demasiado
complexos.
As ideias de vanguarda foram
aplicadas entusiasticamente em edifícios
de grandes dimensões: os centros
comerciais de Cumbernauld (H. Wilson e
G. Copcutt, 1960-1970) e de Runcorn
Centro Georges Pompidou – Paris 1970
(R.Harrison, 1967); o centro de
Foto autor: Katsushisa Kida
comunicações Yamanishu em Tokio (K. fonte/autor: portal Vitruvius - Renzo Piano @

Tange, 1967); os novos aeroportos norte-


americanos de Dallas (1966) e de Boston
(1967); o terminal de automóveis na
«boca» da ponte George Washington em
Nova York; o parque automóvel de Nervi
(1966); e o centro Georges Pompidou em
Paris (Piano, Rogers e Franchini, 1970).
Finalmente surgem as desejadas
estruturas metabólicas, uma multiplicidade
de elementos montados numa estrutura
única, mas a mobilidade dos elementos
nunca seria conseguida em concreto,
convertendo-os em «esculturas
monolíticas». As estruturas obrigam a
uma excessiva complexidade dos níveis
de circulação, fruto dos modelos teóricos
da primeira metade dos anos sessenta,
estas ideias são abandonadas mais tarde
Eaton Cente de Toronto – 1970
quando fica patente que a animação dos fonte/autor @
espaços na realidade não resulta.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 42


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Nos anos setenta, a funcionalidade Modernismos e Utopismos do séc. XX

estrutural reencontra-se com uma


concepção arquitectónica mais habitável,
reflectida em alguns grandes espaços
fechados, iluminados graças às novas
técnicas de construção de coberturas
envidraçadas, propícias ao clima dos
países frios. Os canadianos são os
primeiros a tirar partido desta inovação
estrutural, usada no Eaton Centre de
Toronto, de E.H. Zeidler; no Scarborough
Centro Cívico Scarboroughr – Toronto - 1973
Centre, de A. Moriyama, e nas oficinas
fonte/autor: A. Moriyama @
públicas no centro cívico de A.C. Erickson,
em Vancouver.
A presença conjunta de muitos
elementos pequenos num ambiente de
grandes dimensões, valorizando a
mobilidade dos peões em vez dos
volumes construídos, dá origem às
realidades experimentais praticáveis.
As relações e as propostas até agora
descritas aumentam um amplo debate de
Centro Cívico Markham – Vancouver
sistematizações e teorias, análises fonte/autor: A. Erikson @

históricas e questões de escala, que se


entrecruzam entre si como causas e como
consequências. Intervenções a grande
escala revelaram as deficiências dos
movimentos precedentes, alimentam as
polémicas dos últimos CIAM. As novas
soluções urbanas foram experimentadas
nos anos sessenta nos projectos
subsequentes resultando em construções
provisórias, abertas a uma série de Projecto Estudo – Rio de Janeiro
fonte/autor: Le Cobursier @
correcções sem fim.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 43


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os arquitectos que idealizaram ou Modernismos e Utopismos do séc. XX

vieram a realizar os mais importantes


projectos urbanos dos anos cinquenta, os
ingleses Smithson e Howell, os
holandeses Bakena e Van Eyck, Candilis
e seus colegas do ATBAT que
trabalharam em Marrocos para o Governo
Francês, constatam a insuficiência das
regras codificadas na Carta de Atenas e
intentam formular outras, mais completas
e mais adequadas à realidade.
Utopias Monumentais góticas – década de 40 – Rússia
Os arquitectos do movimento Moderno fonte/autor: portal Obvius – Ykov Chernikhov @

são obrigados lentamente a admitir que a


sua arquitectura não responde à
complexidade dos problemas urbanos
nem detêm soluções tecnológicas que o
sustentem.
O exercício urbano rompe em duas
novas frentes; uma parte foge para a
utopia, duvidando e rejeitando o propósito
dos movimentos arquitectónicos da época,
outra aprende a abandonar as sínteses Canberra – núcleo Governamental

apressadas e contenta-se com alguns fonte/autor: portal skyscrapercity – foruns @

resultados parciais, sempre


perfeccionáveis. Os debates dentro da
cultura arquitectónica moderna giram à
volta destes dois factores. Os modelos
académicos prestigiados, como por
exemplo, os planeamentos urbanos
sectorizados e reticulados das novas
capitais do primeiro período do século,
Canberra, Nova Delli, a ―ville
contemporaine‖ de Le Cobursier de 1923 Vista aérea Brasília
fonte/autor: Portal Brasília 50 anos @
e Brasília de 1957, acabaram por sofrer
duras críticas urbanas mais tarde e
deixaram de ser uma referência.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 44


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No entanto os modelos de vanguarda Modernismos e Utopismos do séc. XX

que os substituíram ainda de revelaram


mais problemáticos.
A arquitectura ―moderna‖ tem uma
história de apenas quarenta anos, mas a
ela se devem os projectos de vários
bairros e cidades novas, que embora
representem uma minoria das realizações
urbanas recentes, se apreciados
Utopia Walking City – 1964
conjuntamente e constatando a influencia
fonte/autor: Grupo Archigram - Ron Herron @
indirecta na forma de construir
contemporânea, mudaram de forma
inquestionável a fisionomia dos centros
urbanos e das periferias, sem prejuízo das
críticas dirigidas aos seus efeitos que têm
de ser equacionados medindo-se os
ganhos e as perdas, quer em resultado
dos projectos quer da sua realização,
como acontece em qualquer actividade
científica.
O problema das cidades ficara longe de
estar resolvido. Em 1953 no CIAM de Aix-
en-Provence, os Smithson mostram as
fotografias de Nigel Henderson referentes
à vida nas ruas de Londres. Dez anos
mais tarde aparece uma ampla literatura
sobre a cidade, que parte de uma análise
directa da realidade e julga deste ponto de
vista os projectos e as tendências: em
1960 é publicado o primeiro livro de Kevin
Lynch, ―A imagem da Cidade‖ (The image
of the City); em 1961 Gordon Cullen
publica o seu ensaio sobre ―Townscape‖ e
Civilia Utopia - 1961 Townscape – Collage City –
Jane Jacobs o seu livro sobre as cidades fonte/autor: Imagens do Livro – Gordon Cullen @
Norte-americanas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 45


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Em 1963 sai o primeiro ensaio teórico Modernismos e Utopismos do séc. XX

de Christopher Alexander, que procura


descobrir, de forma científica, o
funcionamento correcto do organismo
urbano. Em 1965 Françoise Choay
regista, de forma retrospectiva, as
tendências do urbanismo moderno,
comparando-as com os resultados reais.
Em 1966, a revista ―Scientific American‖
dedica um número às cidades, levando
estes argumentos ao público do mundo
inteiro, e Peter Hall publica um afortunado
e pequeno livro divulgativo sobre as
grandes cidades. Em 1968, Lawrence
Halprin propõe um sistema de notificação
Modelo de Cidade sectorial
dos valores dos espaços urbanos, abrindo fonte/autor: KuroKama @

o caminho de alguns arquitectos ousados,


como Eisenman e Graves. Os psicólogos
da Escola de Frankfurt criticam «a cidade
inabitável» do presente e imputam os
seus defeitos ao movimento Moderno dos
quarenta anos precedentes.
A confiança no futuro do movimento
Moderno transformou-se e começa a
atenuar-se também no campo da
arquitectura, principalmente depois das
críticas ao movimento pelas políticas
rígidas em 1968.
A ideia do ―less is more‖ do movimento
Moderno, idêntico ao método de
simplificação científica da época para a Funil City Intra Polis – 1960
resolução dos problemas, ao exemplo da fonte/autor: Walter Jonas @

tabela periódica dos átomos; ordenar os


contextos urbanos segundo uma forma
tripartida básica parecia ser uma solução
de génio.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 46


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No entanto, tal como os elementos da Modernismos e Utopismos do séc. XX

tabela periódica, a realidade atómica e


urbana é muito mais complexa no meio
em que se encontra do que em laboratório
e a harmonia destes elementos depende
de uma variedade complexa de factores.
A perda do espaço urbano, desde o
meio do século, é um processo de
desconstrução provocado não só pelas
visões ―Modernistas‖ mas também pela
política urbana a favor de uma sociedade
democrática, cada vez mais vulnerável à
força dos ―Lobbys‖ que tiram proveito
deste desenvolvimento. A batalha entre os
meios técnicos e económicos cresceu
duma forma nunca antes vista na história Metrópole Moderna – 1914
fonte/autor: Mário Chiattone @
do ser humano.
Pondo este último parágrafo em
evidência, não podemos transformar o
CIAM na «ovelha negra» da arquitectura
urbana.
Os avisos perante as evidências
problemáticas da densificação urbana e
da desumanização dos espaços são
reportadas pelos arquitectos Frank LLoyd
Wright, Alvar Aalto, entre outros
vanguardistas; que expõem a
necessidade de visualizar a cidade de
forma mais humana e desafogada.
A urbe é um organismo vivo, dinâmico
e territorial, experimental, sensível e Plano Urbano – Centro – Ville Radiouse – 1922
fonte/autor: Le Cobursier @
quadrimensional. Estas noções, só muito
depois seriam valorizadas e entendidas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 47


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A necessidade de fazer a cidade Modernismos e Utopismos do séc. XX

respirar, de nos colocarmos no papel do


utilizador, de tirar partido da pluralidade
funcional, da complexidade de ligações
produzidas, de entender o comportamento
humano, da funcionalidade arquitectónica,
são os verdadeiros degraus a caminho da
cidade ideal, legado pelos grandes
urbanistas utópicos dos séculos
anteriores.
A cidade vista como ―Organismo Vivo‖,
a quatro dimensões, (tridimensional +
movimento) de Frank LLoyd Wright, é
paralela ao evoluir científico do estudo do Cidade Utópica – Broadacre City 1935
fonte/autor: F. Wright @
átomo, da filosofia e da necessidade de
adaptação ao meio Darwinista.
Na cultura americana vinga a polémica
anti-urbana, resultante dos problemas das
metrópoles, proclamando que as cidades
atingiram o seu limite em 1890. Porém há
espaços por explorar e por viver, e novas
formas de deslocamento. Wright surge
com a ideia do ―urbanismo rural‖ a noção
de ―cidade-região‖ como um modelo
prevendo a fixação de 1400 famílias e que
se deveria organizar fora das instituições
oficiais, em auto governo, e promovendo a
liberdade de cada indivíduo.
O modelo deu origem ao projecto da
Broadacre City (1931/1935), exposto em
1934 no Rockefeller Center de Nova Esquema das Vias trânsito – Broadacre City 1935

Iorque e mais tarde em muitas cidades fonte/autor: F. Wright @

americanas e europeias.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 48


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os urbanistas na altura desvalorizaram Modernismos e Utopismos do séc. XX

o projecto, apelidando-o de um modelo


romântico, oitocentista, ligado a um ideal
rural. Só trinta anos mais tarde, no
princípio dos anos setenta quando se
emitiram os conceitos de cidade-região ou
cidade-território, se compreende que
Wright tinha sido um dos únicos a prever a
degradação e o colapso das
concentrações urbanas e a indicar uma
alternativa séria, repondo o «urbanismo
rural» de Wright como uma alternativa
urbana de carácter cívico que não deveria Desenho da vista de Broadacre City – 1935
ser ignorada. fonte/autor: F. Wright @

Hoje apercebemo-nos que o modelo de


Wright de cidade também estava
demasiado espartilhado, mas as suas
propostas urbanas eram sem dúvida mais
promissoras do que as do movimento
Moderno. Para Wright e para Zevi a
Arquitectura Orgânica estava associada à
ideologia democrática seguindo a APAO
fundada por Zevi, lembrando um pouco o
espírito de luta pelo homem livre dos
utopistas do século XIX.

Maqueta Broadacre City – 1935


fonte/autor: F. Wright @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 49


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O arquitecto Alvar Aalto contribui para Modernismos e Utopismos do séc. XX

a consciência urbana com os seus


estudos sobre a relação dos espaços com
o homem. As funções espaciais físicas e
psíquicas podem ser compatíveis de uma
forma e incompatíveis de outra, contendo
várias naturezas.
Em 1940 Aalto escreveu o conhecido
artigo ―A Humanização da Arquitectura”
cujo subtítulo é bem revelador: ―O
funcionalismo, para se tornar
verdadeiramente eficaz, deve adoptar um
ponto de vista humano”. (…) No campo da
Arquitectura, um objecto pode ser funcional de
um ponto de vista e não funcional noutro. No
decurso do último decénio a Arquitectura
Moderna foi funcional sobretudo no ponto de
vista técnico, a aposta fez-se sob o aspecto Sanatório de Paimio – 1932

económico da actividade construtiva”… “uma fonte/autor: Alvar Aalto @

arquitectura realmente funcional deve sê-lo


principalmente sob o ponto de vista
humano.”(Alvar Aalto)
Alvar Aalto critica aqui de forma subtil o
Movimento Moderno, em especial a
orientação dos CIAM de Frankfurt e
Bruxelas dominados pelos alemães e
suíços mais próximos das teorias de Neue
Sachlichkei, defensores da ―Nova
Objectividade‖.
A visão «produtivista» assente nos
métodos industriais não permitia para
Sanatório Paimio – 1932
Alvar Aalto um entendimento global da fonte/autor: Alvar Aalto @
Arquitectura, o qual exige uma
racionalidade alargada, verdadeira
alternativa ao tradicionalismo ou ao
modernismo.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 50


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Mais tarde Sigfried Giedion, importante Modernismos e Utopismos do séc. XX

figura dos CIAM acabou por reconhecer a


visão de Alvar Aalto no seu livro Espaço,
Tempo e Arquitectura.
Alvar Aalto não procurava criticar as
vanguardas do Movimento Moderno, mas
continha evidentemente um espírito
globalizador ao estilo dos arquitectos do
Movimento Orgânico.
No seu artigo de 1935 ―O racionalismo
e o homem”, considera inadequada a
Sanatório Paimio – 1932
iluminação artificial habitualmente usada
fonte/autor: Alvar Aalto @
na Arquitectura. Foca sobretudo a luz dos
hospitais que deveria ter em atenção as
condições particulares dos doentes.
Critica também o mobiliário ―moderno‖
sujeito sobretudo aos modos actuais
«standard» de fabricação e de produção.
Cinco anos mais tarde em ―A
humanização da arquitectura”, depois de
escrever que ―a finalidade da arquitectura
é sempre a de harmonizar o mundo
material com a vida humana‖, apresenta o
Biblioteca de Viipuri -1934
exemplo do sanatório de Paimio (1929-33)
fonte/autor: Alvar Aalto @
e da Biblioteca de Viipuri (1927 – 35).
No primeiro salienta as experiências
que levou a cabo no campo da relação do
doente com o quarto e da protecção do
indivíduo contra o grupo e contra a
pressão da colectividade. Daqui concluiu,
no que toca ao quarto, que se deveria
projectá-lo em função da pessoa deitada,
já que o doente passaria a maior parte do
tempo na cama. Modelo quarto para tuberculosos Sanatório de Paimio
fonte/autor: Alvar Aalto @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 51


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Tal constatação levou-o a alterar as Modernismos e Utopismos do séc. XX

cores das paredes do tecto, a repensar a


localização da iluminação natural e
artificial, do aquecimento, das janelas e
portas. Tratou afincadamente o
melhoramento do conforto auditivo, com a
preocupação de insonorizar paredes e de
conceber lavabos de modo a minimizar o
impacto sonoro no jacto da água, em
quartos de duas camas.
Quanto à biblioteca de Viipuri, Aalto
Vista aérea Biblioteca de Viipuri 1934
considerou que beneficiou da experiência
fonte/autor: Alvar Aalto @
de Paimio, onde a necessidade de haver
um mobiliário ligeiro, flexível e fácil de
limpar, levou a um uso extensível do
contraplacado de madeira que permitia,
para além da facilidade de produção e
utilização, um ―contacto mais agradável,
um mobiliário mais adaptado à
permanência longa e dolorosa num
sanatório, que o material ordinário‖, que
nessa altura era habitualmente feito em
estrutura de tubo metálico. Este factor de
preocupação Ergonómico adapta os
espaços arquitectónicos ás necessidades
psicológicas do utilizador. As pequenas
preocupações arquitectónicas de Aalto
reflectem a sua postura construtiva em
relação aos espaços, criados a pensar no
Homem «comum», personalizado e não
no Homem «perfeito», a realização de
estruturas «standard», criticadas por mim
Biblioteca de Viipuri -1934
no contexto do movimento Moderno. fonte/autor: Alvar Aalto @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 52


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No sanatório de Paimio os vários Modernismos e Utopismos do séc. XX

corpos em diversas articulações e


posições estão criados sem obedecer
intransigentemente às mudanças do
programa. Na biblioteca de Viipuri os dois
corpos tanto albergam espaços e
programas separados, como o contrário.
Aqui o famoso tecto ondulado da sala de
conferências sobrepõe-se à regularidade
Sunila habitações – 1939
ortogonal dos janelões de vidro.
fonte/autor: Alvar Aalto @
No plano de urbanização da fábrica e
habitações de Sunila (1936-38), Aalto
preocupa-se com a preservação e
valorização humana em harmonia com as
características naturais dos sítios. Realiza
para o efeito uma urbanização dispersa
em forma de leque, disposição bem
adaptável às preocupações urbanas.
Repete a mesma atitude nos paços do
Concelho Säynätsalo (1948-52),
projectado no topo de um largo de planta
triangular, mas organizados intimamente Centro Cívico – Seinajoki – 1951
em torno de um pátio público de acesso fonte/autor: Alvar Aalto @

enviesado, completando toda a


composição urbana através da sala do
concelho. O edifício composto por uma
unidade em ―U‖ e outra em barra, alberga
para além dos espaços ocupados pela
Câmara Municipal, uma biblioteca,
habitações, lojas que dão para a rua, e
outros serviços, mostrando a vontade
expressa por Alvar Aalto de combinar
várias actividades urbanas.
Alvar Aalto rejeita assim a
Centro Urbano – Seinajoki -1951- Finlândia
monofuncionalidade tão cara à ortodoxia fonte/autor: Alvar Aalto @
do movimento Moderno.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 53


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Na sombra dos movimentos Modernismos e Utopismos do séc. XX

―modernos‖ existiu sempre quem


vislumbrasse soluções mais completas tal
com Wright e Aalto, deixando os seus
contributos de forma singular, hoje
justamente valorizados.
O ―Modernismo‖ fora uma força
catalisadora de novas formas e soluções
para a arquitectura da cidade; os seus
fracassos abriram portas a novas visões
urbanas e a movimentos alternativos e os
seus sucessos deram esperança ao
exercício académico e ao sonho social da
Democracia.
Os criadores utópicos que caminharam
em direcção ao «fantástico», ao mundo da
ficção científica, por ventura ainda
contribuíram para o debate de alguns dos Casa da Cascata 1936

desenvolvimentos futuros, adivinhando um fonte/autor: F. Wright @

Homem cada vez mais dependente das


máquinas e da indústria.
Na segunda metade do século XX,
fruto da pesquisa científica e de
resultados qualificáveis, surgem novas
iniciativas e críticas urbanas, na procura
mais exaustiva para entender os
problemas das cidades e como os
resolver. O século XX chega ao seu fim
digerindo os processos tecnológicos,
políticos e culturais que transformaram a
Pavilhão da Finlândia – Exposição
nossa sociedade, embrenhada em
Universal em Nova Yorque 1939
questões urbanas cada vez mais fonte/autor: Alvar Aalto @

complexas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 54


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

7 – A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE

No artigo escrito e premiado em 1965


com o prémio Kaufmann de Christhopher
Alexander “A city is not a tree”, onde o
autor critica a estrutura urbana em
ramificações hierarquizadas, chama a
atenção para a importância dos espaços
urbanos no comportamento das vivências
socioeconómicas da urbe. As suas
observações científicas explicam de forma
simples e eficaz a complexidade urbana.
Muitas das cidades tradicionais
adaptaram-se às novas realidades
urbanas ao longo dos tempos, algo que
Acampamento Militar Romano para Recrutamento
nas cidades artificiais ―modernas‖, Estrutura urbana hierárquica do tipo «árvore» @
construídas de raiz, se verificou mais
difícil, visto a sua rigidez estrutural. Não
de admirar portanto que em muitos casos
a qualidade de vida e o grau de satisfação
dos habitantes das cidades tradicionais
seja superior ao das cidades ―novas‖.
A realidade complexa dos
acontecimentos na urbe funciona com
critérios de interacção sensíveis à sua
estrutura urbana. Esta variedade de
vivencias sociais no tecido urbano não foi
concretamente valorizada e entendida nos
projectos das novas cidades como já Projecto da ilha Palmeira no Dubai
Estrutura urbana hierárquica do tipo «árvore» @
vimos na crítica ao movimento Moderno.
Alexander estudou estas estruturas
sociais complexas e chegou à conclusão
que a estrutura das cidades artificiais
estava criada sobre um padrão
ingenuamente racional, ramificado
segundo uma ―árvore‖.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 55


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Esta postura implica uma hierarquia A Cidade não é uma Arvore

sectorial rígida, comparável a um


acampamento romano, imprópria para a
criação de uma unidade diferenciada, com
realidades comportamentais diversas, em
parte sobrepostas e em parte dispersas.
Nas cidades tradicionais isso acontece
porque a cidade foi obrigada ao longo dos
tempos a sobrepor estas realidades, por
tentativa-erro e por tentativa-sucesso,
adaptando a sua urbe ao contexto social,
sendo os casos de insucesso fruto da falta
de políticas urbanas regenerativas.
A estas estruturas sócio-urbanas, ele
designa de semi-retículas que, no fundo,
contêm na sua forma ramificações em
árvore que se sobrepõem em conjunto
com outras ligações urbanas.
Mapa da Cidade de Brasília
As semi-retículas permitem um Esquema urbano em árvore
conjunto exponencialmente mais vasto e fonte/autor: C. Alexandrer @

numeroso de ligações possíveis e o


entendimento comportamental das
interacções das várias realidades urbanas
resulta, se a sua estrutura urbana
corresponder positivamente. O Urbanismo
vive das compatibilidades sociais e da
maximização de recursos territoriais.
Este estudo a favor da semi-rectícula
veio reforçar a necessidade de criar um
organismo urbano complexo mas não
caótico, saudável, compatível com um
padrão de igualdade de tratamento urbano
Diagrama de uma árvore e uma semi-récticula
e, ao mesmo tempo, personalizado,
fonte/autor: C. Alexandrer @
criador de relações sociais pacíficas e
inovadoras, aberto à variedade e ao
desenvolvimento.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 56


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A sensação, que se vive nas cidades A Cidade não é uma Árvore

com soluções pouco semi-reticuladas, é


realmente de isolamento.
Em Lisboa, por exemplo, o
deslocamento viário está ramificado
segundo soluções tipo ―arvore‖,
hierarquizadas, com pontos de charneira
que facilmente coagulam o trânsito em
horas de ponta. As alternativas
complementares de escoamento viário
atravessam zonas também sujeitas a
conflitos urbanos que dificultam a marcha.
Muitos das soluções viárias dentro da
própria cidade que geram grande stress e
desconforto ao utilizador diáriamente.
Exemplifico com o seguinte trajecto: a
ligação do Pólo Universitário da Ajuda até
Plano de desenvolvimento Londres 1943
ao Aeroporto de Lisboa ou a Sacavém.
Esquema de Cidade em arvore
Recorrendo aos transportes públicos o fonte/autor: C. Alexandrer @

táxi é o mais viável, os outros transportes


públicos acabam sempre por demorar
quase três vezes mais tempo do que um
automóvel particular e provocar um
grande desgaste físico e emocional, quer
se opte por trajectos de autocarro, quer
por se use o metro ou o eléctrico, por
estarem condicionados pelas ramificações
dependentes das centralidades da cidade
e por obrigarem o utilizador a mudar pelo
menos duas ou três vezes de transporte
para cumprir o trajecto. Se
acrescentarmos o factor da ―hora de Desenho – “pedafólio”

ponta‖, teremos então, como é sabido fonte/autor @

pelos cidadãos Lisboetas, stress garantido


para realizar este trajecto.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 57


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O facto de haver locais e percursos da A Cidade não é uma Árvore

cidade com boas acessibilidades e


transportes públicos eficientes enquanto
outras partes da cidade, não menos
importantes, têm carências ao nível de
acessibilidades e transportes, provoca
também mal-estar, além da descriminação
social e de outros problemas
relacionados.
A visão particular de Alexander sobre o
―microcosmos‖ social deixa claro outro
aspecto, do ponto de vista funcional e
sócio-cultural da cidade: as crianças e os
idosos e tantas outras personagens
sociais, como os jovens, e até mesmo os
animais domésticos, merecem fazer parte
integrante deste planeamento de forma
mais concreta, mais humana. As cidades
não são estruturadas, no todo, a pensar Plano de desenvolvimento Colômbia, Maryland
Esquema de Cidade em arvore
nestes factores.
fonte/autor: C. Alexandrer @
A maior parte dos urbanistas fazem
cidades para pessoas ―perfeitas‖,
máquinas que trabalham, circulam,
procriam e alimentam-se, como na Carta
de Atenas, esquecendo que a realidade
do ser humano é muito mais complexa
que isso. Sabendo agora mais sobre o
funcionamento das pessoas na cidade, há
que implantar políticas a favor da
―natureza‖ humana.

Esquema de uma semi-recticula


fonte/autor: C. Alexandrer @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 58


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A frase budista que nos diz, «não A Cidade não é uma Árvore

simplificar o que é complicado e não


complicar o que é simples», adapta-se a
meu ver ao reacertar das realidades
urbanas com as estruturas criadas,
apreendido ao longo da história no
processo de inovação da urbe.
Tem de haver um meio-termo e uma
adaptação ás diferentes realidades.
O planeamento da cidade exige
igualmente, algum tempo de análise e de
pressupostos orientadores, capazes de
dar forma a uma semi-retícula urbana
Vista do topo do edifício GE em Nova Yorque
equilibrada, funcional, em que todas as
fonte/autor: portal Wikipédia @
realidades têm as suas conexões
definidas da melhor forma para a
sociedade.

T3 – Tópicos a favor da cidade Utópica:

6- O plano utópico ideal de cidade deverá evitar os erros urbanos do passado e as forças modais
implantadas na sociedade de forma a responder cientificamente ao seu objectivo e desprender-se
dos vários condicionalismos sociais, culturais, económicos, políticos, industriais, entre outros.
7- A urbe é um organismo vivo, dinâmico e complexo, que deve dar reposta às necessidades
sociais, pessoais e colectivas de forma ergonómica e humanizante e só funciona segundo uma
estrutura semi-reticulada em sintonia com as realidades existentes e pretendidas na urbe.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 59


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

8 - Duas Grandes UTOPIAS do inicio do nosso Século

8.1 - Introdução

As utopias ganham um carácter mais


realista no inicio do século XXI, o seu
significado passou a ser a criação de algo
nunca antes realizado, capaz de desafiar
o imaginário da capacidade construtiva do
homem, mas com prazos, objectivos,
gastos e ganhos bem definidos, com o
objectivo de enaltecer e trazer
desenvolvimento a uma dada nação. Os
exemplos mais flagrantes estão
actualmente no Oriente, graças às novas Vista aérea da futura Cidade Masdar
fonte/autor: Norman Foster @
potências económicas como a China e o
Dubai.
Outras Utopias ainda alimentam o
espírito revolucionário por uma sociedade
nova; outras mais sonhadoras projectam
cenários anárquicos, liberais, vidas em
outros planetas, o possível aparecimento
de novas ordens e extraterrestres, o
possível dia em que as máquinas super-
inteligentes dominarão o homem, a vida
humana em outros planetas ou o
ressurgimento de uma nova Atlântida.
No meio destas disputas Utópicas
Masdar City e Auroville foram as
escolhidas por serem as mais completas e
Novo Plano de Auroville – Maqueta
realistas, isto é, por responderem de fonte/autor: Fundação Auroville @
forma urbana aos pressupostos Utópicos
para uma cidade, embora com visões e
realidades muito diferentes, como
veremos mais à frente.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 60


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

8.2 - Cidade Utópica Masdar City no deserto de Abu Dhabi - Norman Foster

A cidade «verde» de Norman Foster, é


um projecto ousado no meio do deserto
de Abu Dhabi, capaz de desafiar as
condições agrestes do clima, totalmente
auto-sustentável, construído sobre as
raízes culturais árabes e apregoando
algumas preocupações sociais.
Usa a tecnologia de «ponta» para o
melhor desempenho energético e Plano da Cidade Masdar
fonte/autor: Norman Foster @
ecológico, aproveitando o sol, os ventos e
os resíduos para a produção de energia. A
sua estrutura urbana foi também pensada
de forma a aproveitar a circulação das
correntes de ar e de canais de água.
A cidade é abastecida por uma central
de dessalinização que retira o sal da água
do mar, sendo esta também aproveitada
para os canais de água urbanos que
ajudam a criar um microclima confortável
na cidade. O seu lema de zero-carbono,
Vista aérea da futura Cidade Masdar
zero-detritos responde às políticas fonte/autor: Norman Foster @

ambientais e ainda permite receber


benesses monetárias pela sua política
ambiental. A cidade contém um tecido
urbano com uma área aproximada de 7
km2, amuralhado e rodeado por campos
de cultivo, estando assim protegida das
tempestades de areia.
Terá uma universidade ligada às
energias renováveis e uma indústria
ligada à investigação e produção de Vista aérea da futura Cidade Masdar
componentes deste tipo. fonte/autor: Norman Foster @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 61


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Junto à universidade será instalada a Utopia Masdar City Norman Foster

sede da Agência Internacional para as


Energias Renováveis, criada em Janeiro
de 2009 por cerca de 80 países.
O sistema de transporte sobre carris é
feito para transporte público, acedido por
terminais a menos de 200 metros de cada
trajecto pedonal e todos os transportes
particulares serão movidos a energias não
poluentes.
Masdar City – Sede da Cidade
Um sistema informático integrado, com fonte/autor: Norman Foster @

painéis informativos inter-activos, permite


ao utilizador fazer compras ou praticar
outras acções por via informática, sem se
deslocar.
Os gastos por habitante serão
colmatados a longo prazo através do
funcionamento sustentável e renovável
das suas infraestruturas urbanas,
tornando a cidade economicamente pouco
dispendiosa.
À partida parece-nos finalmente ter
surgido um conceito satisfatório utópico
para uma cidade.
No entanto, alguns críticos dizem que
Masdar City não tem escala de cidade,
tendo em conta a sua sustentabilidade
passar por um número não muito elevado
de habitantes; uns 50.000
«Masdarquinos» e 90.000 utilizadores
Masdar Citiy - Rua Microclimática
casuais. O desenho excessivamente fonte/autor: Norman Foster @

rectangular, lembrando a estrutura tipo


«árvore» comentada pelo Alexander. As
imagens da cidade onde só circulam
figurantes jovens e bonitos são um pouco
constrangedoras.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 62


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Onde entram as crianças, os velhos e Utopia Masdar City Norman Foster

os deficientes nesta utopia?


Na verdade não existem grandes
referências sociais para a construção
desta cidade.
O sonho de Norman Foster de
perfeição utópica parece uma versão
melhorada do movimento moderno,
apoiado nas novas tecnologias e no
movimento de eco-cidade, preso a uma
malha demasiado uniforme e artificial.
Como eco-cidade é de louvar a
iniciativa e o conceito de auto-
sustentabilidade também. No entanto
pergunto: Masdar City – Cenário – Táxi público sobre carris
fonte/autor: Norman Foster @
Já que o deserto está sujeito a
tempestades de areia e a outros
acontecimentos climáticos agressivos,
como se protegerão estes equipamentos
sensíveis?
A cidade está protegida por muralhas,
mas a zona de produção agrícola na
envolvente, como vão protegê-la? Que
planos detêm para a manutenção das
centrais eólicas e solares visto muitas
estarem implantadas desprotegidas no
exterior da cidade? Produzirá alimentos e
bens essenciais para o ser humano
suficientes para se intitular auto-
sustentável? Estamos a falar de
Masdar City - Espaço público
necessidades básicas para o ser humano
fonte/autor: Norman Foster @
que não parecem estar asseguradas no
projecto. As explicações no plano de
Masdar City para estas questões são
vagas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 63


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No entanto é descrito o recurso a Utopia Masdar City Norman Foster

estudos e a implantação de técnicas de


vanguarda, que procuram salvaguardar
todo o ―cenário‖ e os recursos disponíveis,
segundo um sistema circular de
reaproveitamento, económico e ecológico.
A ideia do transporte táxi-público sobre
carris é oportuna, sendo os caminhos
pedonais separados mas com uma forte
relação circunstancial para com o
transporte público. A Masdar cidade sem
carros não permite grandes velocidades
de deslocação, mas como tecido urbano
Masdar City
tem uma atmosfera acolhedora e propícia
Protótipo do Táxi público
à vivência no exterior. fonte/autor @
O seu desenho à escala de cidade não
convence muito: foram tidos em conta os
ventos e outros elementos naturais, mas a
sua malha extensivamente reticulada não
parece resguardar a cidade o suficiente
em caso de alguma tempestade, apesar
dos seus criadores afirmarem que a
cidade obedece à típica forma árabe de
construção das cidades da região.
Dito isto, a Masdar City de Norman
Foster está mais ou menos ao nível dos
tratados urbanos de cidade de Vitrúvio da
época do império romano de há 2000
anos atrás, assente sobre uma estrutura Masdar City – Espaço público
social e económica já preestabelecida, fonte/autor: Norman Foster @

sem grandes preocupações sociais, em


que o poder religioso e imperialista foi
substituído pelo poder tecnológico e o
pelo movimento ecológico.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 64


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Apesar da crítica há que frisar que este Utopia Masdar City Norman Foster

projecto de 22 biliões de dólares só foi


possível porque os seus promotores, os
Emirados Árabes Unidos (EAU) não
procuravam uma nova ordem social mas
sim seguir a sua politica de vanguarda ao
nível da construção mundial, usando a
riqueza conseguida através do petróleo
para a criação de oásis e maravilhas
urbanas como têm feito no resto do
território. Sempre à procura de realizar as
maiores e melhores obras do mundo,
desde aeroportos, centros comerciais, Masdar City - Espaço público
fonte/autor: Norman Foster @
hotéis, arranha-céus, ilhas artificiais, ou
qualquer expoente urbano, tudo tem de
superar qualquer construção já existente.
Tendo em conta que toda a estrutura
urbana estar situada no meio de um
território praticamente árido e fraco em
recursos naturais, é um feito urbano
notável uma opção sócio-politica arrojada,
estimulando a abertura de novos
caminhos a as utopias de vanguarda
prestes a serem realidades.
Dentro desta limitação política, este Masdar City - Espaço público
sonho em vias de realização, demonstra fonte/autor: Norman Foster @

muita maturidade urbanística, que não


sendo revolucionária como seria de
esperar em movimentos utópicos ao nível
social e político é, pelo menos,
revolucionária ao nível ecológico e
tecnológico.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 65


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

8.3 – Cidade Utópica Auroville – Índia – Sri Aurobindo Ashram

Auroville, também conhecida por


«Cidade do Amanhecer» é um projecto
urbano ousado de cidade na costa
sudeste da Índia, uma utopia iniciada em
1968, surgida da visão de Sri Aurobindo
Ashram em Pondicherry, juntamente com
a mãe de origem francesa, que desde
1920 sonhavam com uma comunidade
futurista, holística, tolerante, multicultural,
auto-sustentável e humanizante.
O projecto foi apresentado à UNESCO
em 1966 e ao Governo Indiano os quais
têm apoiado a iniciativa desde então até Plano Embrionário de Auroville - Maqueta
fonte/autor: @
aos dias de hoje. O projecto é comandado
pela Fundação Auroville, com relativa
independência sobre os poderes do
Estado da Índia. Um dos objectivos da
cidade é servir de centro de pesquisa
comportamental mundial sobre interacção
multicultural, social e auto-sustentável.
Pensada inicialmente para 50.000
pessoas, detém actualmente um pouco
menos que 2.000 habitantes de 44
nacionalidades diferentes e de várias
etnias.
Os seus habitantes seguem uma
filosofia de vida dedicada ao bem-estar
psico-fisico-espiritual e subsistem através
de um sistema tolerante de
empreendedorismo; os habitantes são Templo do centro e Maqueta do centro de Aurovile
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
―convidados‖ a contribuir com serviços ou
monetariamente e os mais necessitados
são apoiados por instituições de ajuda.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 66


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A moeda de pagamento é sobretudo Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram

movimentada através de uma conta


bancária especialmente criada para cada
residente segundo as premissas da
Fundação Auroville.
Por uma questão de pluralidade cultural
não é permitida religião na cidade, no
entanto cada cidadão é livre das suas
práticas religiosas e existem infra-
estruturas na cidade que são usadas para
reuniões e colóquios holísticos e onde os
seus habitantes são incentivados à prática Novo Plano de Auroville

da meditação a favor da paz e da fonte/autor @

humanidade, onde os cidadãos se reúnem


de livre vontade para criar ocasionalmente
segundo um programa de salvaguarda,
―boas vibrações‖ a favor de causas
mundiais, concentrando-se em casos
específicos.
Seguindo uma filosofia de respeito pela
natureza e por uma vida saudável, toda a
produção agrícola é biológica e o mais
natural possível, tendo sempre como
Centro de Auroville
prioridade o uso de energias sustentáveis
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria
e limpas.
Os tribunais são evitados ao máximo,
existindo um corpo de intervenção civil
apoiado por pessoas ligadas à Fundação
Auroville para promover o entendimento
pacífico nos conflitos sociais. Também
não existe propriamente polícia, sendo as
questões de ordem pública resolvidas por
pessoas contratadas pelas associações
de moradores que por sua vez, em último
Edifício Matrimandir – Pormenor – Centro Auroville
caso, podem chamar a polícia estatal. fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 67


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Não se negoceia, por norma, com Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram

dinheiro. Quem vem a esta cidade é


convidado a movimentar o dinheiro
criando uma conta segundo o controle da
Fundação Auroville, tal como todos os
cidadãos da ―cidade‖. No entanto o
dinheiro ―vivo‖ é aceite em muitos dos
locais de comércio de Auroville.
Os habitantes têm acesso a bibliotecas,
centros de saúde, escolas entre outros
serviços que asseguram as necessidades
básicas da população.
Ao nível de vias, existem algumas
estradas pavimentadas mas a maior parte
das estradas são de terra e o melhor
Esquema do Parque central Auroviile
transporte público é o táxi.
fonte/autor @
Todos os imóveis e terrenos da cidade
pertencem à AV (Fundação Auroville), não
existe portanto, direitos de propriedade, só
de superfície.
Auroville tem um sistema Intra-net,
chamado AV-net, dentro da própria
cidade, além da Internet.
Apresenta algum turismo baseado na
agricultura biológica e nas práticas
holísticas de bem-estar, estando as
poucas estalagens quase sempre cheias.
A política não faz parte do governo da
cidade nem os movimentos partidários; a Centro de Auroville – Vista aérea
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
organização interna de Auroville não tem
uma postura hierárquica propriamente
definida.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 68


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O funcionamento diário da comunidade Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram

é feito principalmente por um número de


grupos de trabalho abrangendo áreas
como a florestação, finanças, agricultura,
saúde, educação, turismo, e coordenação
geral da comunidade, que operam com
considerável autonomia. Os grandes
assuntos para tomar decisões da
comunidade são habitualmente tomados
em reuniões restritas ou feitos em reunião
aberta com todos os residentes, onde o
modo preferido de decisão é por
consenso. A Assembleia de Residentes
selecciona um corpo – o comité de
trabalho – a partir de seus membros para
colaborar e trabalhar com o Conselho
Directivo da Fundação AV, e uma
segunda instância – o Conselho Executivo
– para tratar de assuntos internos.
Urbanisticamente falando, Auroville é
Auroville – Harmonia Natural
constituída com um núcleo comunitário fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @

dedicado às actividades holísticas e


sociais, uma periferia nascida de uma
expansão direccionada para fora ainda um
pouco indefinida, com zonas demarcadas
para residências, industrias e cultura, e
por fim, por um cinturão verde formado
por explorações agrícolas e florestais.
Satprem Maini Aurovilian um arquitecto
francês, o director do Auroville Earth
Institute, diz que Auroville representa para
a Índia e para a Ásia do Sul um lugar da
UNESCO em prol da arquitectura e Reciclagem da água com plantas Naturais – Auroville
construção das Culturas e do fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @

Desenvolvimento Sustentável.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 69


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Acontece que após 40 anos tendo em Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram

conta o seu clima Subtropical e a


abundância de água retirada de furos nos
canais freáticos, Auroville é auto-suficiente
apenas no sector do leite e em algumas
frutas sazonais. Ela produz apenas 2% do
total das suas necessidades de arroz e
grãos, e menos de 50% do total das suas
frutas e legumes requisitados.
As actividades que dão algum lucro à
cidade, são algum turismo e pequenas e
médias empresas, que produzem e Mini-Centrais de Biogás - Auroville
fonte/autor @
comercializam produtos.
Auroville produz papel, bem como
outros produtos muito procurados como
os paus de incenso, que podem ser
comprados na cidade, na própria sede em
Pondicherry, e que também são vendidos
para o resto da Índia e para o estrangeiro.
Um terço da economia de Auroville
provém do Governo da Índia, Casa bioclimática dos arquitectos Agni Jata e Ray
Meeker – Auroville
principalmente para a educação e para os
fonte/autor @
projectos abrangidos pelo «Esquema de
Desenvolvimento Auroville».
Outros dinheiros provêm de ONGs e
outras organizações na Índia e no
estrangeiro, de doações de particulares e
dos lucros conseguidos pelas actividades
comerciais e turísticas de Auroville.

Casa Ecológica – Aurovile

Arq. Maloes e Domingo

fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 70


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Portanto, estamos a falar de uma Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram

cidade utópica, localizada num local


produtivo com espaços verdes e acesso à
praia e ao mar, com um projecto social,
político, económico e ético revolucionário,
com actividades culturais, sociais, entre
outras ligadas à vida saudável,
preocupações ecológicas e educativas;
com dezenas de anos de iniciativas, mas
que não passa por fim de uma ―aldeia Centro de Visitas – Auroville
sonhadora‖, muito longe do seu objectivo fonte/autor @

de ser auto-sustentável.
Provavelmente isso deve-se também
ao seu reduzido número de habitantes de
pouco menos de 2000, sendo um pouco
menos de 500 habitantes menores de
idade. Talvez com os 50.000 habitantes
pretendidos pela Fundação Auroville e
com uma estrutura urbana mais eficaz,
Auroville fosse capaz de atingir a
sustentabilidade e prosperidade tão Praia – Arredores Auroville

desejada pelos seus fundadores. fonte/autor @

Apesar dos salários não serem muito


generosos em Auroville, sabendo que
92% da população indiana vive abaixo dos
níveis de pobreza, tendo em conta o seu
espírito social tão generoso, não é bem
claro porque este projecto, apoiado até
pela UNESCO, não consegue florescer
firme.
O território é vasto e muitos dos
caminhos são de terra, as estradas ficam
enlameadas no Inverno e empoeiradas no Praticas Holísticas

Verão, apercebemo-nos que Auroville vive fonte/autor: portal oficial de Auroville @

mais do seu sonho do que da


concretização de um plano concreto.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 71


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Na verdade o sistema viário pouco


difere do resto da Índia, carece de infra- Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
estruturas e de investimentos.
Os seus espaços urbanos, pelo que é
dado a entender em esquemas, denotam
alguma ingenuidade por mostrarem
maquetas com um desenho urbano
relativamente homogéneo e depois um
desenho esquemático sectorial
heterogéneo, divididos como ―fatias de um
bolo‖, uma para Indústria, outra para
residências, outra para cultura, lembrando
Diagrama de Auroville
um pouco o Modernismo. A Fundação
fonte/autor @
Auroville e os seus arquitectos, a meu ver,
criaram um esquema urbano
exageradamente sectorizado, pouco
viável para a cidade e um pouco
desfasada das intenções das maquetas
apresentadas.
É evidente que não conseguiram
convencer a comunidade e os investidores
das mais valias de Auroville. Na verdade
as suas boas práticas de cidadania e os
seus esforços para a paz mundial, a sua
procura de comunicar com o mundo são
desconhecidas e a sua reputação abalada
por casos pontuais como a existência de
pedófilos em Auroville, tratados com
demasiada passividade e tolerância.
Auroville vive passivamente crente da
sua intemporalidade e de que um dia a
humanidade lhe dará o devido valor e que
o investimento e os habitantes surgirão
em grande escala, cumprindo pelo menos
Anfiteatro Matrimónio – centro de Auroville
parte da sua utopia.
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 72


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Auroville detém algumas infra-


estruturas como o núcleo multifuncional Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram

com o seu carácter holístico, bibliotecas,


centros de saúde, restauração, turismo,
tudo com iniciativas sociais e urbanas
inovadoras, como por exemplo,
bebedouros de água que brota ao som de
musica clássica, ou reuniões de
meditação colectiva a favor de uma boa
causa mundial ou local.
Usufruem da praia, da costa, de um
bom clima, zonas férteis, cultura
proeminente; recursos invejáveis para
Sala do cristal para Meditação
uma cidade e passível de melhoramentos.
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
Creio que se Auroville tivesse atraído o
número de habitantes pretendidos, com
uma organização urbana muito mais
«madura», com infra-estruturas que
apoiem as suas políticas, seria realmente
uma cidade auto-suficiente, ecológica e
revolucionária; com grande mediatismo e
interesse académico. A sua organização
comunitária quase anárquica e cheia de
intenções sociais dignas, não é possível
de ser avaliada como segura à escala de
cidade e de um ponto de vista urbano de
forma concreta.
Edifício Matrimandir em construção – Centro Auroville –
Índia é um país em pleno fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @

desenvolvimento e poderá acontecer que


no futuro Auroville acompanhe esse
desenvolvimento e voltemos a ouvir falar
com grande interesse da sua Utopia.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 73


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

8.4 - Reflexão – Duas grandes Utopias do início do nosso século

A Masdar de Norman Foster e


Auroville de Sri Aurobindo são talvez as
duas utopias mais ousadas do séc. XIX
e no entanto muito distintas, apesar da
sua aceitação internacional por
associações paralelas. Masdar está a
nascer desafiando o deserto graças ao
investimento do principie de Abu Dhabi
de 22 biliões de dólares e promete ser
um exemplo de cidade auto-sustentável Masdar City – 100 % Energia Renovável

do futuro, baseada na tecnologia de fonte/autor: Norman Foster @

ponta, com uma base social e cultural


tradicional, de carácter ecológico;
enquanto que Auroville tenta nascer há
dezenas de anos, num território
ecologicamente e culturalmente fértil,
com um investimento mais modesto e o
apoio da UNESCO, do Estado e de
particulares, seguindo uma filosofia
sócio-comportamental revolucionária,
sem política interna, sem polícia, sem
religião, nem dogmas, sem dinheiro
vivo nem interesses puramente
economicistas. Auroviile – Centro
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
Auroville está aberta a ricos e pobres
e a todas as culturas, procurando estar
na vanguarda das formas saudáveis de
vida em comunidade, mas não
consegue atrair os investimentos e a
atenção mundial pretendida para
completar a sua visão.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 74


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os seus planos urbanos são também Duas grandes Utopias do nosso

opostos, sendo Masdar de malha século

reticulada e os planos urbanos de


Auroville em forma de círculos e de
malha centrífuga e ambas com
problemas urbanos pouco esclarecidos
ao nível do desenho e das vias.
As duas utopias misturadas quase
que se equilibram para formarem um
projecto ousado, no entanto são
realidades muito diferentes e os seus
objectivos também.
Torna-se evidente a necessidade de
Sala do Cristal – Centro Auroville – fonte: portal
voltar a sonhar com Utopias sociais; de oficial de Auroville – Galeria – autor @
fabricar esquemas de cidade não só
apelativos e atraentes do ponto de vista
do investimento, mas também do ponto
de vista social e revolucionário.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 75


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

9 – CONCLUSÃO FINAL

O sentimento revolucionário está


bem presente em todos os utopistas e
movimentos urbanistas de relevo, ela é
a «semente» que leva ao desejo de
novas soluções, independentemente do
seu sucesso, procurando mudar a
cidade para melhor.
Os factos demonstram a
complexidade do tema cidade, de como Pintura Revolução
fonte/autor @
as suas cumplicidades sociais e
espaciais são impossíveis de ignorar e
de alguns dos erros que teimamos em
repetir ao nível do planeamento urbano.
A ideia de um trabalho sobre a
cidade Utópica nasceu numa viagem de
estudo do mestrado de urbanismo a
Paris, em 2007, onde me deparei com
centenas de exemplos históricos,
imperialistas e outros actuais, ligados
ao desenvolvimento de utopias, em
Paris e nas cidades satélite periféricas. Cidade Utópica – Paris d´en haut
fonte/autor: Ingrid Webendoerfer
Não expus nenhuma referência em
concreto aos estudos e visitas a que
tive acesso no coração de França e
nem falei das suas cidades-satélite
nascidas da revolução do urbanismo,
pelo que, ao analisarmos, mais de
longe, apercebemo-nos que as razões
dos fracassos urbanos descobertos
nesses locais, nomeadamente sociais,
são idênticos aos problemas detectados
em toda a parte do globo segundo as Utopia Moderna – Nordeste – Cidade Satélite Paris
fonte/autor @
fórmulas usadas pelos criadores de
cidades.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 76


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O maior problema nos esquemas Conclusão Capítulo I

utópicos de Paris e das suas cidades


«novas» deveu-se, resumidamente, à
forma como espartilharam ou juntaram
as diversas realidades, espaciais,
culturais e sociais, sem ter em conta o
tipo de relacionamento mais propício
entre esses elementos, desconhecendo
até as diferenças e incompatibilidades
comportamentais dos moradores com
diferentes etnias, classes e hábitos.
Sinto-me de certa forma privilegiado
graças à sabedoria e aos erros Plano Utópico Sarkozi – Paris
fonte/autor: Cristian Portzampark @
realizados pelos antepassados
utopistas e urbanistas, evitando assim
os ―atentados‖ urbanos praticados nos
últimos séculos.
Assim novas soluções e ideias
surgirão na busca utópica da perfeição,
em prol de um sistema mais humano e
sustentável.
A sustentabilidade é uma palavra
relativamente nova, no entanto, desde
os primórdios que o homem procura
formas viáveis e autónomas de
sobreviver em comunidade.
Plano Eco-cidade para Paris
Reforço a ideia da cidade orgânica, fonte/autor @
mais humanizante, multifuncional,
interactiva, colectiva, cooperante,
arquitectónicamente libertadora, aberta
à mudança e auto-sustentável.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 77


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os padrões relacionados com a Conclusão Capítulo I

escala demográfica, a conjuntura


bioclimática da cidade, orgânica e
inorgânica, a relação espaço-tempo, a
relação distância-conforto, ética-
civismo, trabalho-lazer, hábitos
pendulares, elementos geradores de
causa-efeito, entre outras coisas, que
são cientificamente sólidos e
analisáveis, favorecem novos modelos
utópicos de cidade mais acertivos.
As palavras «utopia» e «cidade» e
«urbano» têm um significado primordial
aqui já explicado, que não deve ser
desvirtuado.
Compete-me como urbanista,
reflectir sobre alguns dos factores
urbanos negativos actuais da cidade de
Obra “De Architectura” – séc. I a.C.
Lisboa, onde nasci e onde vivi grande
Simetria – Proporções
parte da minha vida. fonte/autor: Vitrúvio @
Vitrúvio realça a importância da
influência das forças da na Natureza na
cidade, nomeadamente dos ventos,
mas nos dias de hoje, os ensinamentos
históricos são constantemente
ignorados. A estação do Oriente no
Parque das Nações é um exemplo
desafortunado disso. As paragens do
terminal de autocarros coberto por
palas enormes e elevadas, pouco
protegem os utilizadores das
intempéries e provocam um desconforto Gare Oriente – paragem de autocarros
fonte/autor @
enorme no utente, mais agudamente no
Inverno, expondo as pessoas às chuvas
e correntes de ar dominantes.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 78


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A falta de soluções na marina sul do Conclusão Capítulo I

parque das Nações, inactiva por estar


inundada de lama, os demais
equipamentos espalhados por todo o
parque sem grande uso, obriga-nos a
concluir que algo vai mal na construção
da nossa urbe, que privilegia o
parâmetro estético do modelo e
olvidando os demais, como o conforto e
a funcionalidade, indiferentes aos
ensinamentos dos urbanistas de
cidades da antiguidade.
As praças também têm sofrido
também com esta postura urbana. Usar Parque das Nações - Lisboa
fonte/autor @
como desculpa a insegurança social, os
centros comerciais e a Internet pela
falta de vivencia nas praças é, a meu
ver, consequência da falta de procura
de soluções urbanas. Ao contrário dos
espanhóis que convivem mais nas
praças, somos um povo que convive
mais nas ruas, mas este facto não
justifica o seu abandono. Aliás, há
alguns anos atrás fazia parte das
nossas tradições o convívio nas praças.
Porque não criar na praça e na sua
envolvente actividades e equipamentos
que a complementem, até mesmo os
próprios centros comerciais? Ou
simplesmente por que não lhe damos
Praça do Comercio - Lisboa
um significado imprescindível para a fonte/autor @
cidade, sinónimo de liberdades para o
cidadão, onde, sem burocracias, as
pessoas pudessem expor os seus
produtos, as suas reivindicações sociais
e as suas artes?!

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 79


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Cerdá no séc. XIX alertou para os Conclusão Capítulo I

problemas das cidades, das sociedades


e das próprias nações. Estes deviam-se
à forma «ignorante» como os assuntos
urbanos eram tratados, politicamente e
academicamente, sem estudos
concretos nem acções urbanas
capazes de manter a complexa
harmonia entre os elementos
fundamentais da cidade.
A necessidade flagrante de criar e
manter uma disciplina científica capaz Brasília – Arquitectura Moderna dos anos 60
fonte/autor: A. Mier, portal de turismo de Brasília @
de resolver a grande lacuna na
governação do território vai crescendo
com o desenvolvimento urbano.
Cerdá apela ao conteúdo dos termos
urbanísticos e comenta a origem da
"urbs" como sendo a síncope de
―urbum‖ ou arado, instrumento usado
pelos romanos para marcar a zona de
um povoamento, quando da sua
fundação. Implica então que a ―urbe‖
representa tudo aquilo que está Vista aérea do plano Urbano de Barcelona
fonte/autor: Cerda @
compreendido dentro do espaço
circunscrito pelo sulco perímetral,
aberto com o ―urbum‖, com o auxílio
dos bois sagrados. É que este acto
transforma um território livre numa
urbanização. Define ainda o urbanismo
como um conjunto de princípios
ordenadores de todo um agrupamento
de edifícios, que permitam uma vida
Eco-cidade – Rioja - Espanha
cómoda aos seus moradores e prestar fonte/autor @

entre si serviços recíprocos para o bem-


estar comum.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 80


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O urbanista será sempre um


«educador» do cidadão em direcção ao Conclusão Capítulo I

seu sucesso pessoal e colectivo; deve


estar próximo e consciente das realidades
em que trabalha e de ser um lutador
incansável por políticas realmente sociais.
As academias dos «semi-deuses
iluministas» da urbe da antiguidade,
usando o sentido mítico e antropomórfico
da cidade, comprometiam-se de «corpo e
alma» com o seu papel e eram ouvidos Habitat Housing – Expo. Montreal -1967
fonte/autor: Moshe Safdie @
como conselheiros e criadores urbanos
pelos governantes.
O exercício do urbanismo coabita
actualmente com os interesses políticos e
económicos que recambiam o urbanista
para segundo plano nas decisões finais a
tomar para com a sociedade.
Não apregoo o estatuto de «semi-
deuses» aos urbanistas. É fundamental
sermos humildes para aprender a
reconstruir as nossas cidades, até mesmo
para construir cidades novas, e essa
Alegoria – Casas Habitadas
humildade tem que ser igualitária em
fonte/autor @
relação aos mandatários e representantes
do povo. Implica contudo mudar todo o
padrão pré-instituído da nossa sociedade.
Atingimos um nível de transformação
do espaço urbano e de desenvolvimento
tecnológico, nunca antes visto à face da
terra, que já justificava o surgimento de
cidades com padrões de vivência urbana
realmente satisfatórios, sem stress.

Monumento religioso Grego no Monte Olimpo –


Arquitectura Antropomórfica
fonte/autor: portal nocas.sapo.história @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 81


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os planos urbanos das cidades Conclusão Capítulo I

utópicas fracassaram no geral na tentativa


de se superiorizarem aos parâmetros de
desenvolvimento e qualidade de vida
encontrados nas cidades tradicionais e até
mesmo em algumas comunidades de
escala mais pequena.
Ao olharmos bem para o que se passa
na nossa sociedade em todo o mundo, e
nos nossos problemas intemporais de
vivência em comunidade por resolver,
apercebemo-nos que precisamos de
Projecto para uma estrutura Metabólica –
desenvolver Utopias Urbanas mais Exposição Montreal 1967
completas, que realmente possam fonte/autor: Yona Friedman @

melhorar a nossa vivência no planeta,


correndo o risco revolucionário do erro,
mas sem o qual não evoluiremos para
melhor, numa direcção «iluminada».
No princípio ficamos surpreendidos
pelas maravilhas Utópicas dos grandes
idealistas. Pessoalmente achei o século
XX realmente inspirador principalmente no
que toca às cidades Metabólicas, mas a
idealização de mega-estruturas urbanas
capazes de implantar uma sociedade
numa «floresta urbana» gigante,
suportada por «mega-andaimes»,
«alvéolos» gigantes e «mega-legos»
modulares, ignoraram, infelizmente, a
relação do homem com o território. Os
―metabolismos‖ urbanos acabam por ter
Alegoria ao desenvolvimento do Metabolismo Urbano –
mais sentido como formas de colonização fonte original: Leader e Leader nº7; ed. Winter –

extra-planetária; mas no nosso território fonte: blog do Luti @

tão rico em recursos, separar o homem da


biosfera de forma tão rígida, não é um
«divórcio sustentável».

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 82


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O Modernismo e as soluções Conclusão Capítulo I

vanguardistas, rigidamente criticadas


nesta análise, também ignoraram a
complexidade urbana e a harmonia
«tradicional» das vivências sociais.
Nos últimos tempos os aspectos
urbanos foram repensados, graças a
críticos como C. Alexander que
analisaram a sua estrutura e com a
consciencialização da conservação da
Biosfera. As Utopias do início do nosso
século são muito mais racionais e
habitáveis; o futuro promete, embora com
menos ousadia projectual e social, bons
resultados urbanos.
Ficou claro que a urbe depende da
A Cidade
harmonia social, «semi-reticulada», de fonte/autor @
uma boa gestão dos recursos, da água,
da atmosfera, do sol, dos elementos da
terra, uma visão de cidade que tanto pode
ser mística, segundo os quatro elementos
sagrados da «Alquimia», como lógica, já
que necessitamos desses recursos para
sobreviver, responsáveis pela auto-
subsistência e conforto da comunidade.
Acrescento, em conformidade com o
significado de cidade, que esta depende
não só de uma boa gestão a todos os
níveis, mas também do factor criativo e
cultural. Nesta análise histórica encontro
uma série de indicações, para o
desenvolvimento da minha Utopia,
obrigando-me a criar para o capítulo
seguinte uma postura revolucionária e
crítica sobre as questões urbanas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 83


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

10 – Tópicos Finais a favor da cidade Utópica

1- Sistema cooperante, economicamente sustentável, incentivando as pessoas a


viverem socialmente unidas, ajudando-se mutuamente, em função da defesa, da
produção, do conforto e da felicidade pessoal e da comunidade.
2 - A visão utópica é um modelo revolucionário de cidade, alternativo aos sistemas
urbanos pré-estabelecidos. A sua visão além de representar uma meta social a atingir é
também uma crítica à sociedade actual.
3 – Organismo urbano sustentável, com condições de vida saudáveis em todo o seu
tecido e a sua sociedade, valorizando todos os elementos de forma integradora, dando o
mesmo valor arquitectónico a espaços públicos e privados, sem descriminação das
classes.
4 - Estrutura urbana organizada segundo regras relacionadas com a Natureza
planetária e cósmica, capaz de melhorar a sociedade consciencializando-a da harmonia
frágil, entre si e o mundo.
5 - Os ideais urbanos para a cidade terão de transpor a sua filosofia para o desenho
urbano de forma coerente e realizável.
6- O plano utópico ideal de cidade deverá evitar os erros urbanos do passado e as
forças modais implantadas na sociedade, de forma a responder cientificamente ao seu
objectivo e desprender-se dos vários condicionalismos e dogmas sociais, culturais,
económicos, políticos e industriais, entre outros.
7- A urbe é um organismo vivo, dinâmico e complexo, que deve dar resposta às
necessidades sociais, pessoais e colectivas de forma ergonómica e humanizante, a qual
só funciona segundo uma estrutura semi-reticulada em sintonia com as realidades
existentes e pretendidas na urbe.
8 – As Utopias urbanas convincentes são as que se baseiam em sistemas
sustentáveis, bioclimáticos, tecnológicos, capazes de se adaptar às várias realidades e
transformações climatéricas, políticas e sociais, entre outras, internas e externas ao meio.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 84


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

II CAPÍTULO – Cidade Utópica – Tríade Utopia

1- Introdução – Cidade Utópica – Tríade Utopia

As cidades do nosso século


encontram-se numa situação privilegiada
na história. Os inúmeros meios ao nosso
dispor, energéticos, tecnológicos e
serviços, entre outros, fazem cada vez
mais da cidade o local preferido da
humanidade para viver.
Os maiores problemas urbanos do
século XXI são o crescimento
desordenado e a desumanização. O
grande desafio dos utopistas urbanos não
mudou muito na verdade ao longo dos
tempos tendo em conta este grau de
desumanização citadino, mostrando que Titulo – Bairro Moderno
fonte/autor @
as nossas soluções contemporâneas
continuam a ser insuficientes, apesar de
todo o desenvolvimento e transformações
dos últimos séculos, nunca antes vistos.
Dando seguimento ao capítulo I da tese
e sua conclusão final, e dado a urgência
actual em encontrar modelos urbanos
mais humanizadores, lanço aqui as bases
científicas para a estrutura da cidade
Utópica, as quais dividirei em três
campos, subtilmente ligados entre si: a
Desequilíbrios Urbanos – “Paraisopolis”
base Sócio-Política; a base Psico-
fonte/autor @
Energética e a base Bio-Tecnológica.
Passo a explicar as razões para esta
triangulação de factores, que considero
essencial para a estrutura da urbe.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 85


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A base Sócio-Política é logicamente Introdução II Capítulo Bases Utópicas

responsável pela organização e gestão da


comunidade, a qual deverá permitir a
todos os cidadãos aceder positivamente
aos direitos e deveres como seres
humanos e criar condições para uma
sociedade saudável e desenvolvida.
A base Psico-Energética consiste na
criação de soluções urbanas
cientificamente desenvolvidas segundo
padrões psico-energéticos propícios ao
Revolução 25 Abril Estudantes
bom funcionamento (atómico) da cidade, fonte/autor @

(toda ou qualquer partícula e corrente de


pensamento), transmissoras de
influências saudáveis para a sociedade e
o ecossistema.
A base Bio-Tecnológica consiste na
implantação de objectivos e de soluções
tecnológicas eficientes e auto-
sustentáveis, bioclimáticas, inovadoras,
economicamente viáveis e compatíveis Amanzin Bean – Design Urbano
com a visão pretendida para a cidade, fonte/autor @

englobando todas as áreas de influência


urbana, (vias, esgotos, transportes,
energia, etc.).
Todas estas bases deverão sobrepor-
se de forma harmoniosa formando uma
estrutura semi-reticulada equilibrada,
capaz de responder aos objectivos
propostos. Se alguma destas bases não
encaixar nas outras, se falhar nos seus
propósitos não respondendo na realidade
à visão pretendida, o mais certo é
gerarmos um organismo urbano ―doente‖,
incapaz de corresponder à sua ideia-
Arquitectura e Engenharia da Cidade
conceito em pleno.
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 86


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Sem uma estrutura Sócio-Politica justa Introdução II Capítulo Bases Utópicas

e humana, independentemente da
estrutura urbana, injustiças surgirão, As soluções propostas para as bases
crime, descrédito pelos poderes da cidade surgem de uma visão pessoal
governamentais e todo o tipo de conflitos agregada a alguns pensadores utópicos e
sociais. a estudos científicos. O mundo da Utopia
Sem uma estrutura urbana Psico- não se esgota nas soluções propostas,
Energética que reflicta bons ideais e acompanhadas por algumas reflexões e
ambientes saudáveis na urbe, as pessoas críticas às cidades e comunidades
terão dificuldade em encontrar conforto contemporâneas, elas são uma procura
sensorial e psíquico nos seus espaços e contínua de perfeição, e por conseguinte
estruturas, desvalorizando-os, afastando- os resultados do meu trabalho poderão
se, revoltando-se, deprimindo-se e dar origem a muitas outras soluções e
acabam por ficar mais vulneráveis aos visões não expostas no decorrer da tese.
conflitos, às doenças, aos problemas
sociais e económicos.
Sem uma estrutura Bio-Tecnológica
coerente e sustentável, os cidadãos não
farão bom uso dos seus recursos, com
danos económicos e sociais evidentes,
tanto para a sociedade como para o
planeta.
Seria interessante formar um quadro de
estudo com estes factores em cidades
existentes e perceber afinal o que lhes
falta para se tornarem uma cidade a
caminho da cidade ideal, «do paraíso
urbano».
Este capítulo não é só como uma forma
de gerar directrizes para uma cidade
utópica «ideal», mas também como uma
crítica aberta às cidades de hoje,
convidando as consciências à reflexão, ao
debate, à descoberta de novas soluções.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 87


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2 - BASE SÓCIO-POLÍTICA

2.1 - Introdução

Qualquer sistema sócio-político para


funcionar de forma «saudável»,
sustentável e estável dentro da
comunidade seja ela de natureza
democrática, monárquica, ditatorial,
imperialista, anárquica ou outra qualquer,
passa no meu entender por zelar de forma
integra pelos interesses do colectivo e das
gerações futuras, mantendo-os acima dos
interesses de particulares e acima de
qualquer grupo específico, seja ele
económico, religioso, político ou cultural. Planeta Terra
As comunidades que demonstram fonte/autor: Almanaque de praticas Sustentáveis -
Thomas Enlazanor @
melhor equilíbrio económico e bem-estar
social são as que melhor respondem a
esta premissa. A existência de várias
forças particulares e grupos de influência
pode ser saudável e comum a qualquer
povoamento, desde que o interesse do
colectivo seja integralmente respeitado.
As diferentes ambições de cada ser
humano, de cada um para com o colectivo
e para consigo próprio, partindo da já
famosa pirâmide de Maslow sobre as
necessidades do Homem e do estudo e
implantação de formas saudáveis de vida,
seria até simples, visto existir já muita
matéria e soluções, algumas quase
Pirâmide de Maslow
intemporais, sobre como viver feliz, fonte/Autor: Instituto Akatu Paulo Viera de Casto @
saudável, em grupo, em paz.
O que se passa na realidade é que as
premissas andam trocadas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 88


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A balança tende muitas vezes para o Introdução base Sócio-Política

lado dos interesses particulares que estão


mais interessados em explorar com base
no lucro do que em respeitar os interesses
da comunidade. Existe ainda outra
agravante que talvez merecesse ser mais
estudada, é o facto da grande parte das
pessoas na realidade não saber viver em
comunidade, isto é, criam conflitos e
comportamentos que destroem a unidade
e o bem-estar colectivo. A segunda
questão talvez seja mais difícil de
contornar do que a primeira por incrível
que pareça, depende da cultura e da
educação de cada um, um legado
Alegoria – Globalização
intemporal e extremamente influente no
fonte/autor @
colectivo, responsável pela «praxis» da
população das cidades, criando assim os
«cidadãos do futuro».
Os problemas basilares da política
sócio-económica actual das nossas
comunidades espalharam-se por todo o
mundo, graças à globalização e à
ocupação territorial do planeta. Não
descartando as vantagens da
globalização, os seus efeitos negativos
são sobejamente preocupantes.
A sociedade contemporânea usa como
referência a política global comandada
subtilmente pelos grupos económicos,
através de um sistema político com base
na competição, que proclamam as
directrizes comunitárias e os padrões Produção de Lixo
fonte/autor: Almanaque de práticas Sustentáveis -
construtivos das cidades. Esta política Thomas Enlazanor @
está longe de ser sustentável.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 89


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.2.1- Análise de Patologias Sócio-Económicas do Sistema Global

A primeira patologia encontra-se na


organização social, muito dependente do
mediatismo, materialismo, numa
sociedade de consumo, competitiva,
individualista, virada para estímulos
externos ao individuo e pouco dada aos
estímulos internos, acabando por gerar
insatisfação, dando lugar, quanto muito, a
um estado de ataraxia em alguns
cidadãos e não um estado de felicidade
sólido, vindo do interior de cada ser
humano.
Segundo uma pesquisa do Governo Esquema Social
fonte/autor @
nos EUA, 3 milhões de adolescentes entre
14 e 17 anos pensou em se suicidar no
ano 2000 e um terço deles de facto
tentou.
O número de homicídios causados por
adolescentes triplicou nas duas últimas
décadas e a idade mais comum dos
criminosos violentos nos EUA caiu
recentemente da faixa dos 26 aos 29 para
os 17 anos. Segundo as estatísticas, os
jovens do país mais rico do planeta são os
mais problemáticos, deprimidos e
violentos do mundo.
Os recursos humanos são agora mais
valorizados, embora mais preocupados
com a produtividade. Surgem melhorias
sociais para trabalhadores e estudantes, Crianças da Favela – Brasil
fonte/autor @
mas no geral a sociedade vive sob stress;
num clima de instabilidade gerado pelo
modo de vida instalado e alimentado pelas
políticas capitalistas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 90


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A segunda patologia vem na sequência Patologias Sociais Económicas e

da primeira, que resulta da falta de Ética e Políticas – Sist. Contemporâneo

Justiça Social. Uma sociedade sem um


bom sentido de ética e justiça criará
sempre insatisfação social, revoluções e
guerras, sendo o último estágio
historicamente reconhecido como o
colapso de todas as civilizações.
Facilmente podemos comparar os
parâmetros éticos, de um povo ou cidade,
com os resultados ao nível da
criminalidade e da insatisfação pessoal
desses povos e reparamos que nas
civilizações com forte sentido ético os
conflitos sociais são muito menores.
Os principais países condutores da
sócio-economia mundial, impondo o
modelo global neo-liberal, têm alimentado
como primeiro objectivo a riqueza e poder,
Enfrentar a Sociedade
em vez dos valores éticos, fomentando
fonte/autor @
desta forma a avaliação da qualidade de
vida dos países segundo valores
monetários. Estes mesmos países,
nomeadamente os Estados Unidos, estão
a caminho do último estágio, mergulhados
numa crescente insegurança social,
cultura cívica e ética frágil, justiça pesada
sem respeito pelos direitos fundamentais
do ser humano.
“A menos que haja uma mudança na mente humana, nenhuma solução permanente
para qualquer problema será encontrada. Através de pressões circunstanciais, podemos
disciplinar as pessoas imorais, os exploradores e os elementos anti-sociais, mas esta não
seria uma solução permanente.
Simultaneamente ao esforço colectivo para atingir esses objectivos, teremos que nos
esforçar para fazer brotar pensamentos benevolentes na mente humana, de forma que as
pessoas sejam encorajadas a seguir o caminho da rectidão, integrando o seu intelecto e o
seu espírito de benevolência…, … Ambos os métodos são necessários: um é temporário e o
outro permanente” (P.R. Sarkar)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 91


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A terceira patologia deste sistema é Patologias Sociais Económicas e

visivelmente a falta de uma gestão Políticas – Sist. Contemporâneo

equilibrada dos recursos da terra,


problema fomentado pelo facto da maior
parte destes recursos estarem nas mãos
de particulares latifundiários com grande
influência política.
Na questão da propriedade, nos EUA
por exemplo, menos de 3% da população
possui 95% das terras privadas e na Grã-
Bretanha 2% dos ricos possuem 74% da
terra.
Uma pesquisa da Organização das
nações Unidas em 83 países mostrou que
menos de 5% dos proprietários rurais
controlam 75% da Terra. O uso da terra
Alegoria – A força dos Lobbies
da grande parte destes particulares
fonte/autor @
baseia-se na exploração dos seus
recursos, sem grande respeito pelo
ecossistema nem pela variedade
orgânica, acabando com várias espécies
de animais e plantas com propriedades
benéficas para a humanidade e para o
planeta, espécies irrecuperáveis, muitas
que ainda não foram catalogadas e
estudadas.

Alegoria – Globalização
Fonte/autor: Porto IX Cartoon World Festival @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 92


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A quarta patologia habita no sistema Patologias Sociais Económicas e

industrial capitalista, baseado na utilização Politicas Sist. Contemporâneo

de produtos descartáveis de curta


duração, com critérios basicamente
lucrativos, criando elos de dependência
consumista, pondo o próprio consumidor e
o ecossistema em segundo plano.
Paul Hawken, um engenheiro de
renome, escreveu num dos seus livros,
segundo um estudo da Academia
Nacional de Engenharia, que na indústria
dos Estados Unidos, grande parte dos
Desperdícios poluentes
materiais utilizados na produção se
fonte/autor @
tornam lixo até que o produto final esteja
pronto. Dos produtos acabados, após a
sua fabricação, 80% tornam-se lixo nos
primeiros 6 meses. Resumindo, numa
perspectiva ambiental, o sistema é menos
1% eficiente; se fossem incluídas a
poluição e as consequências do lixo,
talvez esse número fosse negativo. Como
solução propõe o chamado «capitalismo
natural», capaz de gerar mais
produtividade, numa indústria organizada
a partir de modelos biológicos com zero
de desperdício.
A reciclagem vai ganhando terreno nas
nossas comunidades e existem
tecnologias que permitem o
desenvolvimento de soluções ambientais
com recurso a energias renováveis e
motores amigos do ambiente, capazes de
substituir o recurso aos carros, barcos e Consumo Industrial
aviões a combustíveis fosseis poluentes, fonte/autor: pintura de Boligan @

tão apadrinhados pela economia


capitalista.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 93


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No entanto a política internacional Patologias Sociais Económicas e

comandada pelas superpotências é no Políticas - Sist. Contemporâneo

mínimo incompreensível, pois as mesmas


que defendem e proclamam políticas
ambientais e o uso de energias limpas,
são as que menos cumprem as políticas
proclamadas e é onde estão afiliadas as
empresas exploradoras responsáveis
pelos atentados à biodiversidade.
A quinta patologia está no sistema
monetário baseado na inflação e na bolsa
de valores. O papel da moeda foi
subvertido pela banca mundial, que é a
única a lucrar com a instabilidade Alegoria – Poder Multinacional
monetária dos países, obrigando-os ao fonte/autor @

pagamento de juros dos empréstimos que


a banca ―virtualmente‖ oferece. A moeda
de troca fora inventada para proporcionar
estabilidade nas trocas comerciais, um
valor fixo com o qual as comunidades
geriam as suas riquezas. No sistema
actual a economia ―empobrece‖ a cada dia
que passa, porque o dinheiro tende a
desvalorizar, e por mais que circule,
alguém acaba por ficar mais pobre.
Poderia acrescentar mais patologias,
penso porém ter tocado nas principais
fraquezas das políticas globais, incidindo
mais sobre os Estados Unidos da América
por ser uma super-potência de referência
ao nível mundial a qual deveria servir de
modelo para o resto do Mundo.
Democracia Capitalista
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 94


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Vivemos infelizmente dentro de um Patologias Sociais Económicas e

sistema obscuro demais para conseguir Políticas – Sist. Contemporâneo

analisá-lo afincadamente. Chegamos a


um ponto em que muita da informação
sobre a realidade actual carece de
credibilidade, nem sequer as informações
científicas, tal como a política, estão livres
do mediatismo, pois os relatórios
científicos divergem por vezes de forma
contraditória, tornando difícil distinguir a
verdadeira realidade em que vivemos
daquela que nos querem vender todos os
dias. Poder-se-á entender que tanta
Metropolis – 1924 – escravidão social
informação e contra-informação também é
Filme/autor: Fritz Lang @
uma patologia.

Foto – Globalização Tecnológica


fonte/autor: Jornal de Sun @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 95


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.2.2 - Conclusão sobre o sistema sócio-político global

A actual política externa internacional,


que tanto desenvolvimento produziu, não
trouxe benefícios para muitos, culminando
nos dias de hoje numa situação planetária
precária sem precedentes, com 2 terços
da humanidade a viver abaixo da linha de
pobreza, a biodiversidade e os recursos
do planeta ameaçados, instabilidade
social e por vezes desumana, conflitos
entre pessoas e comunidades de várias
ordens.
O sistema político-económico global,
em suma, é declarado, como um grande
Alegoria – Insustentabilidade
sucesso, quando o é só para alguns
fonte/autor @
privilegiados que o promovem e segundo
um conceito pouco ético.

“Não devemos esquecer-nos, nem por


um só momento, de que este mundo,
repleto de seres vivos, é uma grande
família… Como pode haver qualquer
justificativo para a existência de um
sistema no qual alguns esbanjam riqueza
enquanto outros, desprovidos do alimento
mínimo, agonizam e morrem de fome a
pouco e pouco?”. (Prabhat Ranjan Sarkar)

P. R. Sarkar que foi um dos


impulsionadores da consciência pró-activa
social neo-humanista e lutador contra o Bairro Pobre
eminente descarrilamento deste enorme fonte/autor @

comboio capitalista e seu colapso social,


criou em prol de uma sociedade melhor
um modelo sócio-politico auto-sustentável
ao qual chamou PROUT.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 96


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3- Sistema Sócio-político de PROUT

2.3.1 - Alternativa PROUT ao Capitalismo – teoria da utilização

PROUT é um modelo macroeconómico


integrado. Um sistema social com base na
filosofia neo-humanista ―para o bem-estar
e felicidade de todos‖, desenvolvida por
Prabhat Ranjan Sarkar e visa a
transformação gradual do ser humano
através de uma sócio-economia solidária.
São estas as razões pelas quais resolvi
implantá-lo na base sócio-política com as
adaptações necessárias.
Prabhat Ranjan Sarkar nasceu em
Logótipo – PROUT
1921 e morreu em 1990, em Jamalpur, fonte/autor: portal oficial - Ananda Marga Fundacion @

Índia, numa família respeitável, baseada


em profundas tradições, espirituais e de
liderança comunitária. Praticante da antiga
ciência de meditação tântrica (ciência da
vida e da felicidade), filósofo,
revolucionário, líder activo de movimentos
activistas a favor das igualdades de
direitos na Índia, (de forma similar a
Ghandi).
Em 1959 elaborou a Teoria de
Utilização Progressiva ou PROUT
(Progressive Utilizacion Theory). Um
modelo de reorganização da sociedade e
economia, visando o bem-estar de todos.
Recebido pelo povo depois de ser libertado da prisão
Desenvolvimento socio-económico Filósofo e Líder Activista Prabhat Ranjan Sarkar
através da enfatização das qualidades do fonte/autor @

ser humano, tais como o altruísmo,


cooperação, solidariedade, tolerância
racial e cultural.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 97


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Neo-humanismo, segundo P. R. Alternativa PROUT ao Neo-Capitalismo

Sarkar, é uma corrente de pensamento


que acredita no desenvolvimento psíquico,
físico e espiritual do ser humano, em
harmonia com a estrutura atómica e
energética do cosmos e da super-
inteligência geradora de todas as coisas.
O ser humano faz parte consciente desta
estrutura e por consequência, é cúmplice
desta vasta comunidade de seres e
partículas em mútua interacção.
O conceito não é novo, o homem
sempre desenvolveu uma nostálgica
relação com a Natureza e o Universo em Marcha pacifica pelos direitos do povo Indiano
todas as culturas e crenças, conceitos que Gandhi – Líder Pacifista
fonte/autor @
agora a ciência redesenha de forma
lógica. Agora, a ciência tem vindo ao
encontro deste conceito universal,
mudando a maneira de como vemos o
mundo, dando bases para rotular esta
corrente de pensamento mais benevolente
e realista, o Neo-humanismo.
Desde 1920, quando o mundo científico
foi revolucionado pelas descobertas de
Einstein e seus contemporâneos, surgiu
uma convergência de opiniões sobre a
realidade entre os físicos que estudavam
a física quântica, a relatividade e a
mecânica quântica e as Ideias a respeito
das conexões misteriosas entre o universo
e a sua diversidade cósmica, das quais
Promoção das Igualdades entre Culturas
falarei melhor na segunda parte da tese.
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 98


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O Neo-humanismo representa o Alternativa PROUT ao Neo-Capitalismo

processo de expansão do sentimento de


um estado de interesse individual ou
territorial, para um sentimento de empatia O Neo-humanista tem consciência da

e identificação, cada vez maior, com toda humanidade como um todo, consciente do

a humanidade e espaço envolvente. dever e da responsabilidade de utilizar,

Partindo da satisfação das distribuir, de modo justo, os recursos do

necessidades do ser humano numa mundo, visando o bem-estar de todos e

perspectiva idêntica à pirâmide de do ecossistema planetário. O conceito de

Maslow, promovendo a auto-realização «herança cósmica» implica repercussões

seguida do nível transpessoal. ancoradas na integridade do ser humano,

Vivemos num mundo segundo uma ao nível do uso de propriedade e dos

filosofia de vida muito egocêntrica, que recursos de forma sustentável.

premeia sentimentos nacionalistas,


territoriais e materiais, com pouca
tolerância às diferenças, quer sejam elas
religiosas, culturais ou físicas, na procura
externa e não interna pela felicidade. Esta
atitude alimenta discrepâncias sociais e
de valorização do individuo, gerando uma
sociedade instável e pouco sustentável.
Portanto, poder-se-á dizer que na
evolução piramidal das necessidades
humanas para o nível transpessoal a
humanidade estagnou, dando origem aos
problemas actuais que ela atravessa.
A proposta de PROUT está sendo
vivenciada, actualmente, sobre uma multi-
diversidade de formas e nomes, por
milhões de pessoas e comunidades no Física Quântica – Estrutura X – Leis Universais

mundo inteiro. A sua visão utópica já é fonte/autor @

uma realidade em muitas comunidades, e


num número cada vez mais crescente de
activistas que vivem preocupados com a
resolução dos problemas da humanidade
contemporânea.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 99


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.2 - Politica Sócio-Económica de PROUT

- Optimização dos recursos planetários e humanos ao nível físico, psíquico e espiritual


segundo uma ética de preservação do ambiente e bem-estar das pessoas.
- Consequentemente, educar e desenvolver as potencialidades físicas, psíquicas e
espirituais do indivíduo e do colectivo, valorizando-o e criando as condições para uma
sociedade saudável. O método deve ser aplicado de forma dinâmica, voluntária e de
natureza progressiva, tendo em conta a região e a cultura das pessoas.
- Optimização dos sectores essenciais da comunidade através do sistema de cooperativas
autónomas, apoiadas pelo governo.
- Ser auto-suficiente na medida do possível, favorável a um forte espírito de cooperação
sócio-económica. A uma escala maior temos uma unidade sócio-económica estável,
subdividida em blocos, sujeitos a uma gestão transparente, comunitária e autónoma, ligados
através da cooperação de todos.
- A liberdade económica deve ser um direito ―inato‖ de todo o indivíduo.
- Na democracia sócio-económica, cabe à população local a tomada de decisões sobre a
produção e distribuição de mercadorias, baseadas nas necessidades colectivas.
- Os produtos, matérias-primas, a produção agrícola e outros recursos de uma
determinada região, devem ser processados e refinados nas proximidades do local de
origem, tornando o sistema mais eficaz e eficiente.
- Ninguém deve interferir negativamente na economia local. Sendo as propriedades e lucros
cedidos a estrangeiros, equacionados e só aceites caso contribuam sustentadamente para a
comunidade local.
- Os produtos excedentes devem ser armazenados tendo em conta as épocas menos
produtivas e possíveis situações de crise.
- Os bens essenciais (recursos energéticos inclusive), não devem oscilar de preço,
acompanhando favoravelmente o desenvolvimento da economia.
- Nenhum produto será considerado ilegal, as pessoas e produtores de produtos e bens
deverão responder perante a comunidade por possíveis danos causados e a sua actividade
dependerá da aceitação democrática do povo.
- Quando toda a comunidade gozar de paridade económica, o comércio e as trocas
poderão então ser libertados, caso existam garantias de estabilidade.
Este sistema de economia sustentada permite a criação de pequenas cidades rurais,
evitando a desertificação do interior, oferecendo um controlo mais rigoroso sobre os
recursos do território, melhorando a qualidade de vida das populações e resolvendo o
problema do sobrepovoamento no litoral.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 100


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.3 - Politica Económica e Salarial de PROUT

- A riqueza excedente deve ser Factores de sucesso no trabalho (Esquema


exemplificador para os Recursos Humanos – Produtividade)
distribuída pelas pessoas segundo o seu
Mark L. Friedman, professor de economia da
mérito, na forma de incentivos, melhores universidade do Estado de Minnesota dos EUA, criou uma
fórmula, identificando oito factores que motivam o trabalhador
salários e benefícios para o seu
a ser produtivo. A fórmula vai ao encontro das expectativas
desenvolvimento profissional e social. proutistas.
- O acesso aos recursos físicos e a Pr = f (H, P, Ed, Ex, At, CF, CS, IM)
Pr representa a produtividade:
acumulação de riqueza não deve
H é Habilidade individual. Friedman pressupõe que
prejudicar o colectivo. O colectivo terá existem diferenças entre as habilidades e os talentos inatos de

assim permissão para decidir sobre a cada um.


P representa a personalidade, incluindo a capacidade
acumulação de riqueza e de bens na
individual, a maturidade, o trabalho ético e a saúde psíquica.
defesa deste direito. Ed significa Educação.
Ex é a experiência no trabalho.
- O salário mínimo deve responder a
At representa o ambiente de trabalho, que inclui muitos
todas as necessidades básicas da componentes. Por exemplo, o trabalho e a organização
pessoa, incluindo bens e serviços satisfazem o indivíduo? É um trabalho solitário, que alguns
preferem, ou envolve uma interacção social? Utiliza habilidades
essenciais e uma percentagem para
técnicas ou literárias? Objectivos significativos fazem parte do
aquisição de habitação. trabalho? O supervisor e os colegas de trabalho são justos e

- Deverá existir um tecto máximo para o cooperativos?


CF significa crescimento futuro, o potencial percebido
salário máximo e a acumulação de
pelo trabalhador para crescer e aprender no presente trabalho.
fortuna, para melhor distribuição da Isso aumenta a auto-estima. Aumenta a satisfação no trabalho e
a motivação.
riqueza. Alguns economistas proutistas
CS Representa a cultura de ser, o grau em cada trabalho e
são da opinião de que o salário máximo o auto-sacrifício são encorajados na cultura. Se o objectivo
não deverá exceder 10 vezes o salário organizacional for nobre, a pessoa ficará inspirada a realizar um
serviço ético, despenderá um esforço maior para alcançar o seu
mínimo. Não existem, no entanto, valores
objectivo, sem expectativas de recompensa pessoal.
concretos, podendo variar conforme a IM representa o incentivo material

realidade de cada povo. Todas as variáveis interagem entre si. Por exemplo,
aqueles com habilidades mais desenvolvidas tendem a buscar
aprimoramento educacional, mais educação pode aumentar as
habilidades. A experiência reforçará os benefícios da educação
e aumentará as habilidades.
A fórmula assegura que o incentivo material ou salarial do
trabalhador é apenas um entre oito importantes factores que
motivam o indivíduo a ser produtivo, e que, por conseguinte, ele
não deve ser estimado além da sua real capacidade.

(Após o Capitalismo PROUT, editora Proutista


Universal)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 101


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.4 - O Sistema Monetário e de trocas Comerciais de PROUT

A troca bilateral de produtos e serviços, ―escambo‖ ou‖permuta‖, é a melhor forma de


comércio entre comunidades diferentes, ambas podem trocar os seus excedentes sem
estarem dependentes do valor das moedas fortes.
PROUT defende a moeda local, baseando-se em acontecimentos históricos e actuais que
provam a sua eficácia. O dinheiro facilita a actividade económica de uma comunidade e
quanto mais circular maior será o número de pessoas beneficiadas.

Exemplo de sucesso com base na história


“Cidade de Worgl, Áustria, 1931… A cidade,
bem como toda a Europa e a América do
Norte, estavam sofrendo com a depressão
económica da época. O índice de desemprego
era altíssimo, estradas e pontes por reabilitar
e cofres públicos vazios porque as pessoas não
podiam pagar os impostos. O burgomaster
“governante local”, percebendo que o
problema era a falta de dinheiro, decidiu
emitir “certificados de trabalho”, numerados,
apoiados por uma reserva da moeda austríaca
do banco local. Quase de imediato a economia
da cidade reagiu, em dois anos Worgl tornou-
se na cidade mais próspera da Áustria. Tão Moeda local – Worgl – 1930/31
bem sucedido foi o esquema que mais 300 fonte/autor @

outras cidades começaram a emitir as suas


próprias moedas locais. Naquele ponto, o
Banco Nacional Austríaco, vendo o monopólio
em risco, forçou o governo a prescrever todas
as moedas locais. Hoje em dia existem vários
sistemas de moeda de troca em forma de
crédito, estimulando a economia de muitas
comunidades pelo mundo fora, menos expostas
à inflação das moedas. Para PROUT,
logicamente a moeda deve ter um valor
estável, devendo para isso depender
simplesmente dos cofres do estado e da Moeda local – Worgl – 1930/31
economia local, gerando uma inflação fonte/autor @
controlada, economia estável com benefícios
sociais claros”. (Após o Capitalismo PROUT,
editora Proutista Universal)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 102


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.5 - Sistema tributário de PROUT

- Objectivo, atingir um sistema de


impostos o mais justo, transparente,
simples e racional possível.
- A renda das pessoas é um bem
adquirido, não justifica ser taxado.
- O imposto deve ser recolhido na fase
de produção e prestação de serviços.
- Os artigos importados deveriam ser
taxados no momento da importação
cabendo ao importador pagar o imposto. Alegoria – Impostos
- Logicamente, os artigos de luxo fonte/autor @

deverão ser tributados com quotas altas.


- Os impostos serão cobrados de forma
simples, transparente, com publicação dos
resultados e controlados por um
organismo de gestão e investigação
comunitário, evitando gastos burocráticos
e sobretaxas complexas, promovendo
deste modo a credibilidade
governamental.
- A taxação deve ser feita sobre o valor
dos terrenos em vez de ser feita sobre o
edificado. (Hoje em dia o imposto sobre a
propriedade urbana aumenta quando um
edifício é construído ou reformado, este
sistema é um desincentivo às reformas, e
facilita a existência de propriedades
devolutas).

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 103


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.6 - Sistema de Cooperativas de PROUT

A Aliança Internacional de
Cooperativas define cooperativa como:
―Uma cooperativa é uma associação
autónoma de pessoas, unidas
voluntariamente em busca de aspirações
e necessidades económicas, sociais e
culturais comuns, através de uma
empresa constituída e controlada
conjuntamente e democraticamente‖.
As cooperativas apresentam uma
grande vantagem sobre as empresas
públicas e privadas devido ao interesse
Alegoria – Cooperativismo
pessoal acrescido, dos seus membros, no fonte/autor @
seu sucesso, já que também são
proprietários da mesma.
Regras básicas para o sistema de
cooperativas:
- Apenas quem trabalha numa cooperativa pode ser seu membro. Os trabalhadores
associam-se à cooperativa experimentalmente, antes de se tornarem donos.
- Cada membro um voto.
- O controlo da firma e o direito dos activos e lucros são baseados na contribuição em
termos de trabalho e não do valor do capital ou da propriedade de cada um.
As cooperativas, segundo uma gestão empresarial cuidada, virada para os interesses do
colectivo, elevam o espírito comunitário, o sentido de responsabilidade social, a
autoconfiança socio-económica, criam empregos estáveis e contribuem para a riqueza de
todos.
- O sistema de cooperativas é um ponto fulcral na organização da economia de PROUT.
A agricultura, a indústria, o comércio e o sistema bancário serão organizados por meio de
cooperativas de produtores e consumidores.
Três requisitos para o bom funcionamento:
1º Administradores honestos e de confiança (escolhidos pela comunidade e sujeitos a
avaliações).
2º Administração estrita; com uma contabilidade transparente; acessível a todos os
membros da cooperativa e ao público.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 104


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Sistema de Cooperativas PROUT

3º Aceitação sincera do sistema cooperativo pelo público, transparente e de implantação


voluntária.
- PROUT recomenda que os ramos essenciais à sociedade sejam controlados por
empresas públicas, administradas por agências autónomas do governo com capacidade
ainda para gerir indústrias especializadas, como o desenvolvimento científico, hospitais,
maternidades e supervisionar projectos estratégicos como os portos e os aeroportos.
- As Cooperativas permitem ainda apoio técnico, material e comercial, em todas as áreas
a que se destinam, a produtores e consumidores.
- Os serviços públicos são bens que pertencem ao colectivo.
- O governo deverá monitorizar o desempenho de todo o sistema e a informação deverá
ser pública e transparente, tanto quanto possível.
- Qualquer «supervit» obtido pelas indústrias deve servir os interesses do colectivo e dos
seus trabalhadores, sendo investido na melhoria das condições; incentivos; investigação e
outros factores relevantes.
- Os bens essenciais no PROUT, através da aproximação do produtor ao consumidor,
cooperativamente permitem criar a prática de preços de baixo custo e/ou gratuitos,
dependente da condição social de cada indivíduo:
«Os bens essenciais, são todos aqueles que permitem manter um padrão adequado de
vida, incluindo água potável e alimentos, vestuário, acesso a cultura e educação e saúde,
fontes de energia e alojamento».
- Os serviços essenciais devem, sempre que possível, ser gratuitos e/ou de baixo custo,
consoante a condição social do individuo e o sistema de taxação. Inclui fornecimento dos
bens essenciais, educação, transportes públicos, hospitais e clínicas de tratamento,
telecomunicações, equipamentos culturais e desportivos, serviços sociais.
- Os bens e serviços úteis excedentes são classificados de semi-essenciais e serão
taxados.
- Os bens e serviços de Luxo serão considerados não essenciais e serão taxados com
valores mais altos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 105


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Exemplos de Cooperativas bem Sucedidas:

“O grupo de cooperativas Mondragon está classificado entre as cem mais eficientes


instituições financeiras do mundo, considerando a proporção entre o lucro e os activos
totais.
Este modelo é defendido também por Proutistas. A cooperativa Mondragon
conduz os ganhos e perdas no património líquido da cooperativa para as contas dos
trabalhadores. A cooperativa restringe a retirada indiscriminada dos seus saldos pelos
trabalhadores para os poder utilizar nos activos como reinvestimento na cooperativa.
Os saldos das contas de cada membro são pagos num período de tempo determinado,
(exp. 5 anos), ou quando o empregado deixa a cooperativa.
São ainda apoiadas pelo Banco Cooperativo Caixa Laboral que fornece o
investimento necessário para a superação de dificuldades.
Inicialmente a Cooperativa de crédito era constituída por trabalhadores
voluntários, que alugavam escritórios e registavam manualmente os depósitos num
diário. No primeiro dia de operação as pessoas depositaram mais de US$ 25.000. Hoje
a cooperativa de crédito conta com mais de 6.000 membros, 14 funcionários
contratados e 8 milhões de dólares em activo.
Pessoas de todo o país investem agora na Cooperativa de Crédito e cerca de metade
dos seus depósitos vem de fora da comunidade.
Entre os serviços que a cooperativa de Crédito oferece incluem-se a poupança,
conta corrente, empréstimos, cartões de crédito e depósitos a prazo. Pode também
prover vários tipos de seguro para os seus associados.
Maleny é uma vila com 7000 habitantes, situada no norte de Brisbane, em Sunshine
Coast, Austrália, onde 17 cooperativas prósperas de pequena escala participam e dão
vida à comunidade.
Entre os empreendimentos cooperativos incluem-se um banco, uma cooperativa
alimentar, um clube recreativo, uma cooperativa de trabalhadores, uma cooperativa de
trocas directas, uma estação de rádio, um clube de cinema, quatro cooperativas de
protecção ambiental e diversas comunidades rurais.
Cooperativas Financeiras de Maleny. A cooperativa de crédito Maleny teve inicio
em 1984, com o objectivo de criar uma instituição financeira ética que desse autonomia
financeira regional por meio de empréstimos, concedidos exclusivamente para a
população local e projectos locais.
Os empréstimos da Cooperativa de crédito geraram mais de 180 novos empregos em
novos empreendimentos e o reinvestimento de mais de 25 milhões na comunidade
local.
A cooperativa de crédito concedeu micro-créditos a pessoas da comunidade que
não tinham condições de conseguir empréstimo em grandes bancos. Estes empréstimos
contribuíram para a compra de terrenos, construção de casa própria e arranque inicial
de negócios.
Oitenta por cento dos empréstimos actualmente são para a construção de casa própria.
A cooperativa de Crédito é um bom caso de sucesso financeiro. (Após o Capitalismo
PROUT, editora Proutista Universal)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 106


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Cooperativas bem Sucedidas

A Cooperativa de Desenvolvimento Empresarial e Económico Local tem seis


funcionários e dedica-se ao estudo de novos empreendimentos e empregos no interior
de Sunshine Coast. Em parceria com a Cooperativa de crédito de Maleny, organiza
pequenos empréstimos, com o objectivo de impulsionar novos negócios, e nos
primeiros doze meses, monitora o investimento. Até agora a parceria já concedeu um
total de 27 empréstimos para novas empresas, das quais 23 continuam a operar com
sucesso.
Cooperativa de Alimento. Em 1980, um pequeno grupo de pessoas que queriam
alimentos integrais, legumes e verduras cultivados por fazendeiros locais, formaram a
Maple Street Food Cooperative. Hoje ela opera um Mercado de alimentos orgânicos e
integrais na rua principal de Maleny, aberto todos os dias e com 450 membros activos.
Embora funcione como uma cooperativa para associados, vende também para o
público.
Cooperativas de Trocas directas. O sistema de energia humana local (LETS) é
fenómeno de sucesso. Funciona como uma cooperativa de trocas sem uso do dinheiro,
envolvendo produtos e serviços, no lugar do dinheiro eles usam uma moeda local,
abunya, assim nomeada para lembrar a castanha nativa com esse nome, permitindo às
pessoas, mesmo sem dinheiro, participar na economia local.
Cooperativas de Lazer e Cultura. O clube de Franqueza oferece um ambiente
agradável e caloroso, onde as pessoas se encontram para comer, relaxar e conviver. A
comida biológica é barata, o café maravilhoso e os animadores locais podem aqui expor
os seus dotes artísticos ao público, funcionando como um pólo cultural da comunidade
de Maleny.
Cooperativas Ambientais, Em Maleny existem quatro cooperativas ambientais. A
Maleny Wastebusters é uma cooperativa comunitária de reciclagem, que acompanha as
pessoas na redução, reutilização e reciclagem do seu lixo e já conta com 20
empregados. Barung Landcare é um entre centenas de grupos comunitários australianos
e administra um viveiro de plantas, fornece educação ambiental e promove a
comercialização sustentável de madeira nativa. Booroobin Bush Magic administra um
viveiro na floresta tropical. Enquanto o Green Hills Fund trabalha para reflorestar o
interior de Maleny.
Cooperativas de Comunidades rurais. Maleny tem 4 cooperativas de comunidades
rurais, incluindo a Crystal Permaculture Village, com 85 residentes; e a Cooperativa de
Prout gerida por três famílias, responsáveis pela gestão de 25 hectares de terra, onde se
encontra também a River Primary School, com mais de 100 alunos. (Após o
Capitalismo PROUT, editora Proutista Universal)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 107


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.7 - Sistema Habitacional de PROUT

- O direito à habitação é um bem


essencial, no PROUT deverá existir um
departamento só para a Habitação por
região, definindo os padrões mínimos
possíveis de habitabilidade, segundo o
clima, a cultura, os materiais de
construção disponíveis, tecnologias
apropriadas, amigas do ambiente e a
capacidade de investimento Alojamento Curupira – Económico – Sócio – Ambiental
fonte/autor @
governamental.
- Os autores de quaisquer construções
com características e materiais danosos
para a saúde e para o ambiente deverão
ser inquiridos, sujeitos a coima e/ou a
restaurar as obras para responder aos
requisitos de construção. As construções
podem ainda ser demolidas e removidas
caso se justifique.
- O banco cooperativo do estado
concederá empréstimos a longo prazo
com juros baixos. Alojamento Curupira – Interior do módulo
fonte/autor @
- Existirá também apoio a famílias ou
pessoas interessadas em viver
colectivamente, proporcionando a
formação de pequenas comunidades
sustentáveis.
- O direito a propriedade deverá ser
substituído por um direito sobre a
superfície, pois na realidade os terrenos
são parte de um todo comunitário e de um
ecossistema ainda mais vasto. Alojamento Curupira – Exterior do módulo
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 108


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.8 - Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT

“O sistema de Cooperativas é o
melhor sistema de produção agrícola e
industrial (…) … Ele ajudará qualquer
país a ser auto-suficiente na produção de
alimentos e produtos agrícolas em geral,
acabando com a escassez de alimento.” –
(P.R. Sarkar)

O sector alimentar (nomeadamente a


agricultura) e o acesso à água potável são
Agricultura Não Ecológica – Monocultura
sectores chave da sociedade, pelo que fonte/autor @
toda a comunidade deveria esforçar-se
para produzir o alimento necessário para
a sua população, salvaguardando as suas
necessidades básicas.
A agricultura sustentável tem de ser
obviamente ―amiga‖ do ambiente. Grande
parte da fertilidade, da porosidade e da
capacidade de recuperação das terras
cultiváveis depende precisamente da sua
complexidade biológica.
Tentar padronizar a agricultura em Plantação de Eucalipto – Monocultura
Não permite boa biodiversidade
monoculturas cria danos à fertilidade do fonte/autor @
solo e à diversidade biológica.
As práticas de cultivo sustentável
incluem agricultura orgânica, agricultura
biológica, puericultura, gestão integrada,
controle natural de pragas, compostagem,
rotação de culturas e sistema de plantio
consorciado.
A avaliação cuidada de culturas
permite dimensionar áreas máximas e
mínimas produtivas e aconselhar os
produtores sobre as melhores técnicas Agricultura Ecológica – Amiga do Ambiente
sustentáveis a aplicar. fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 109


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A Plantação consorciada envolve o Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT

plantio de colheitas complementares no


mesmo campo, em filas alternadas por
exemplo. Esta técnica pode melhorar a
utilização do espaço, reduzir a erosão e
conservar a água.
Também promove relações naturais
complementares entre as plantas,
enquanto uma planta utiliza nitrogénio
outra repõe, por exemplo.
No cultivo suplementar, uma plantação
secundária pode ser semeada ao redor da
plantação principal para utilizar o espaço
ocioso, por exemplo a beringela pode ser
coccinella-septempunctata
plantada debaixo de pessegueiros.
Predador natural de parasitas
Em culturas temperadas, é proveitoso fonte/autor @

fazer rotação de culturas e o cultivo de


plantas complementares, desenvolvido em
estações alternadas, de forma que a terra
possa ser produtiva por quase todo o ano.
A agricultura integrada incorpora todos
os tipos de produção agrícola sustentável,
incluindo a apicultura, a horticultura, a
fruticultura, a floricultura, os lacticínios,
criação de animais e a piscicultura.
PROUT defende a colecção e
distribuição das várias sementes de
plantas, de forma a preservar e
biodiversidade do nosso planeta.
Agricultura Ecológica
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 110


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Fontes de energia renovável podem Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT

também ser desenvolvidas em


cooperativas agrícolas, como o biogás
(produção gás em tanques a partir da
decomposição de dejectos), a energia
hidroeléctrica, a energia solar e a energia
eólica.
A conservação da água é um aspecto
fundamental da sustentabilidade.
Reservas de água subterrâneas são
cruciais para o equilíbrio ecológico de uma
Campos e Energias Renováveis
região, dando preferência ao uso da água
fonte/autor @
de superfície, em vez da água de poços.
O reflorestamento, objectivando
aumentar a precipitação da chuva e a
construção de vários lagos e pequenos
açudes para captar a água pluvial são
muito importantes.
A conservação de matas ciliares, bem
como o plantio de determinadas árvores
que retêm a água em suas raízes ao
longo dos rios e ao redor de lagos e
açudes, ajudará a prevenir a evaporação
e a manter o nível da água. Ciclo Ecológico da água
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 111


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.9 - Exemplo de uma pequena Comunidade construída com os princípios PROUT

O Parque Ecológico ―Visão Futuro‖


nasceu em 1992, segundo uma visão de
comunidade baseada nos princípios
Proutistas de utilização máxima e entropia
mínima.
Localizada em Porengaba, em São
Paulo, produz nos seus 25 hectares as
necessidades básicas para os 22
membros da comunidade. A estrutura do
Parque permite o mínimo de perdas
possíveis e o mínimo uso de recursos Parque Ecológico – Visão Futuro
fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @
externos, ―completando o ciclo‖ dos
sistemas naturais e oferecendo vários
serviços aos moradores carentes das
redondezas.
Painéis foto-voltaicos produzem
energia solar para a iluminação e
aquecedores solares aquecem a água.
Bombas de água accionadas por energia
eólica e solar fornecem água para uso
doméstico e para irrigação. Açudes
armazenam a água da chuva, restaurando
os ciclos hidrológicos naturais. Árvores
plantadas ao redor dos lagos previnem a
erosão e reduzem a evaporação da água.
O tratamento da água dos esgotos é feito
por um sistema biológico, através de
raízes de plantas aquáticas, que, além de
outros processos, absorvem as impurezas
da água usada, nutrindo o solo, sendo a
água reutilizada na irrigação. Dessa Actividades Produtivas
fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @
forma, nem mesmo uma gota de água é
desperdiçada.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 112


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O lixo orgânico é reciclado por Parque Ecológico “Visão Futuro”

compostagem, produzindo fertilizantes Porengaba – Brasil

para as hortas orgânicas, que abastecem


a maior parte das necessidades Esse projecto integrado visa criar um

alimentícias da comunidade, incluindo modelo holístico para o desenvolvimento

arroz, feijão, milho, vegetais, frutas, rural que atenda às necessidades básicas

temperos e chás. da vida para todos, por meio do trabalho

Pequenas indústrias estão gratificante e cooperativo. Ao mesmo

estabelecidas no parque: Laboratório de tempo, o Parque busca assegurar saúde

ervas medicinais, as quais são plantadas física e desenvolvimento psíquico e

no local e uma padaria que produz pão espiritual a todos os seus membros.

integral, tortas e bolos para a comunidade, Este pequeno exemplo de comunidade

moradores dos arredores e visitantes. PROUT, serve de exemplo para o mundo

Mulheres que moram na vizinhança do e para futuras comunidades que venham

Parque aprendem a fazer roupa para a a surgir.

sua família numa cooperativa de costura.


Uma creche oferece a 25 crianças da
região um rico ambiente de aprendizagem
cultural e artístico baseado na educação
neo-humanista.
Programas desportivos, teatro e
informática são organizados para os
jovens. Um posto de saúde oferece
tratamento dentário a baixo custo e
terapias naturais, incluindo Ayurveda
(medicina Indiana) e naturopatia. Teatro e
informática são organizados para os
jovens.
No decorrer do ano, são realizados
seminários de auto-desenvolvimento, Parque Ecológico – Visão Futuro
fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @
programas e cursos didácticos em suas
instalações – dormitórios, refeitório, teatro,
salas de reunião e meditação – que
facilitam o desenvolvimento de várias
actividades praticadas nesses tipos de
eventos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 113


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.3.10 - Benefícios Socioeconómicos do sistema de PROUT

1- Redução das disputas comerciais, diminuindo-se a dependência e exportações


importantes.
2- Criação de empregos estáveis, em função do crescimento da demanda local.
3- Salvaguarda económica devido à auto-suficiência de alimentos.
4- Libertação da pressão dos órgãos financeiros internacionais, permitindo à população
a tomada de decisões com base nas necessidades locais.
5- Menor vulnerabilidade em relação às flutuações económicas internacionais e outros
eventos fortuitos, dando maior confiança ao consumo interno.
6- Sistema propício a cidades no meio rural, atraindo moradores urbanos de cidades
congestionadas, onde poderão empregar-se em cooperativas agrícolas e agro-indústrias,
evitando o êxodo rural, o desemprego e superlotação do litoral.
7- Desenvolvimento económico e florescimento cultural nas áreas rurais, possibilitando
a melhoria da qualidade de vida, em contacto com a Natureza e valores neo-humanistas.
8- Estímulo da construção civil na conquista de novos territórios (interior das regiões).
9- Melhoria do meio ambiente e do ecossistema, com agricultura sustentável, gestão
dos recursos e redução da poluição industrial e urbana.
10- Melhoria do grau de confiança sobre os órgãos do estado, maior integração do
indivíduo na comunidade, redução dos problemas e dos factores divisores sociais.

2.3.11 - O Potencial do modelo PROUT

O sistema capitalista global ganhou proporções e políticas pouco viáveis a longo prazo,
e o sistema cooperativo de PROUT poderá mesmo um dia revelar-se o sistema socio-
económico do futuro, segundo alguns defensores da sua filosofia:

…“ O movimento de PROUT em muitas partes do mundo, encontra-se no mesmo estágio do


movimento ecológico à uma geração atrás. É uma força intelectual emergente. Como o movimento
ecológico, tornar-se-á uma tendência e consequentemente um movimento que terá de ser aceite pelo
meio académico, pela sociedade civil, pelos empresários e pelo governo.
Actualmente, em qualquer discussão sobre o futuro da humanidade, a Alternativa Verde é sempre
trazida à tona. Num futuro próximo, por meio de artigos, vídeos e livros, PROUT virá a encontrar-se
nessa posição (…)
(…) Os Proutistas, como os Verdes, ou os socialistas do passado, argumentarão que a sua imagem de
mundo do futuro é mais convincente, elegante e viável no mundo real do desemprego, da fome e do
sofrimento emocional. Nesse estágio é que será testada a força de PROUT. Poderá PROUT fornecer
um novo paradigma que supere o capitalismo ou o socialismo totalitário? Poderá a sua imagem do
mundo trazer novos significados para os indivíduos? …” (professor e escritor Dr. Sohail Inayatullah)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 114


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.4 - Introdução do PROUT no Planeamento Urbano da Cidade

Alguns sistemas socio-políticos O sistema PROUT exige um organismo


concretos praticados por comunidades urbano organizado de forma a proteger a
pelo mundo fora têm gerado ―boas‖ sociedade e o ecossistema, abragendo
sociedades, onde a população vive um território vasto, visando a protecção
satisfeita, com um grau elevado de auto- dos recursos e a criação mais natural
estima e ética, sem criminalidade possivel de animais e plantas. É um
resistente, dedicada ao seu sistema que encaixa facilmente no interior
desenvolvimento e bom uso dos recursos, do território cada vez mais desertificado,
com uma política sólida e auto- mas que em zonas de grande densidade
sustentável, à base da filosofia Neo- demográfica exigirá medidas mais
humanista com contornos idênticos ao complexas. Existe no litoral a vantagem
sistema PROUT. Independente da da ligação ao mar como recurso
designação e das semelhanças politicas extensível.
entre estas comunidades, o certo é que, As estruturas urbanas terão que
objectivamente, este tipo de sistema funcionar como um todo «verde», as
inovador pode ser usado perfeitamente a soluções construtivas deverão permitir a
grande escala numa bio-cidade ou mesmo exploração de culturas de forma urbana
numa nação. sobre e sob o edificado. Caso se
PROUT tem muitas políticas já actuais justifique, podemos mesmo criar
e outras novas e pertinentes. O que torna habitações envoltas por tecido vegetal no
este sistema realmente credível é o seu seu exterior. As coberturas verdes são
processo transparente de acção, a sua perfeitamente aplicáveis em edificios
veia cooperativista e humanista já públicos extensos, mas não limitarei a
comprovada em pequenas comunidades e criatividade construtiva da cidade utópica
a sua capacidade imediata de reduzir as a critérios fixos. Muitas soluções podem
diferenças sociais, a fraude e as ser aplicadas consoante os casos e os
injustiças. desejos da comunidade em causa. Dizer
Este sistema interliga-se com a ao certo o seu tamanho e forma é cair no
estrutura bio-climática pretendida para a mesmo erro quantitativo dos utopistas do
cidade e no conceito de semi-retícula, passado, a sua estrutura dependerá das
funcionando mais ao nível horizontal nas características climáticas, geográficas,
relações sociais. dimensão demográfica e socio-cultural, só
mensuráveis sabendo todas as realidades
envolvidas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 115


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.5 – Soluções Sócio-Urbanas

A sociedade dentro da filosofia PROUT


será projectada de forma e maximizar os
recursos e a reduzir burocracias.
Eventualmente algumas tarefas e
profissões serão dispensadas e outras
profissões novas surgirão.
Do ponto de vista económico é
importante criar um conceito monetário Moedas de ouro
fonte/autor @
mais fiável. O conceito de dinheiro está
«adulterado» na sua essência como
moeda de troca, porque a moeda de troca
deveria representar sempre o valor pela
qual foi trocada. Por exemplo, na época
medieval, uma pessoa trocava uma vaca
por um quilo de sal e trinta anos mais
tarde o mesmo quilo de sal serviria para
comprar outra vaca idêntica não perdendo
o seu justo valor. Tal facto deixou de
acontecer, o dinheiro vai perdendo valor,
devido à inflacção, criando instabilidade
económica. Obrigando a circular o
dinheiro rapidamente por vezes só com Dinheiro «Vivo»
fonte/autor @
pretextos economicistas. A qualidade
económica de vida deveria ser gerida
simplesmente pelo aumento sustentado
dos salários.
A moeda local poderia actualmente ser
representada por um «cartão moeda» do
cidadão, que permita receber e dar
dinheiro; o sistema facilitaria o pagamento
dos produtos segundo um controlo
governamental a pessoas desfavorecidas.
Cartão do Cidadão
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 116


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O cartão bancário-civil permitiria Soluções Sócio-Urbanas Economia

também a gestão dos impostos do


cidadão através de um sistema de
transmissão de dados bancários directo
por linha ou por um controlo mensal de
activação do cartão.
Estes cartões seriam renovados todos
os anos, segundo um controlo de
segurança do Estado, permitindo também
o melhoramento do equipamento e sua
análise e ainda para evitar falsificações. O
cidadão não poderá fugir ao seu imposto,
pois ele é descontado automáticamente,
através de um desconto bancário pré-
estabelecido por operação, da mesma
forma que os bancos fazem com os
Alegoria – Impostos
cartões de crédito e débito. Mas o dinheiro fonte/autor @

neste caso em vez de enriquecer os


cofres das instituições bancárias, iria
directamente para o Estado, para o
governo da cidade, logo o cidadão apenas
estaria de forma subtil a dar dinheiro a si
mesmo.
O sistema dispensa a complicada
amálgama de tarefas, burocracias, papeis
de impostos, selos, entre outros, serviços
que tão caros saem à sociedade,
minimizando a fraude em todos os
campos. Penso que os gastos na sua
implantação seriam muito menores que os
seus benefícios. Lucro dos Bancos
fonte/autor @
Os dinheiros públicos seriam mais
facilmente geríveis e o cidadão poderia
ser reembolsado em caso de excedentes
monetários.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 117


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O cidadão poderá ainda ser convidado Soluções Sócio-Urbanas Economia

a contribuir com algum dinheiro para


projectos de desenvolvimento e
soliderariedade e terá completo acesso às
movimentações e extractos dos dinheiros
públicos.
Sendo o crédito uma dívida, o próprio
sistema cooperativo bancário público
poderá, sem recorrer aos subterfúgios da
banca, dar créditos «promessa», «dinheiro
virtual», tendo alguma garantia em relação Barras de ouro – Depósito Estatal
fonte/autor @
à sua amortização no futuro. O
procedimento é na realidade muito usado
pelas instituições bancárias, visto
emprestarem dinheiro recebido de mega-
empréstimos pedidos aos bancos
mundiais, que emprestam em troca de
juros. Os bancos governamentais e o FMI
(Fundo Internacional da Moeda)
destribuem o dinheiro em troca de títulos
do tesouro governamentais
representativos das barras de ouro dos
cofres dos Estados, barras essas que
ninguém sabe ao certo o seu valor e a sua
quantidade, e que no fundo nunca
chegam a ser utilizadas, o que equivale a
fazer títulos do tesouro vindos do vazio,
uma pura especulação monetária, que
ainda cobra juros aos particulares e ao
governo. Portanto, o dinheiro tem um valor
puramente simbólico nos dias de hoje.
Na minha perspectiva, o dinheiro são
apenas títulos produzidos pelo governo,
Alegoria – Sistema Bancário
atribuídos aos cidadãos de forma justa fonte/autor @
através de um processo de doação
acreditado e aceite pela comunidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 118


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O dinheiro deve, assim, ser doado a Soluções Sócio-Urbanas Economia

quem realize tarefas para a comunidade,


valorizáveis, passíveis de recompensa O uso do débito electrónico do cidadão,
aos olhos da sociedade, títulos esses apesar do desconto súbtil será sempre
trocáveis por géneros e vice-versa. A mais proveitoso incentivando os
moeda será usada de forma mais utilizadores a preferir o cartão moeda civil.
consciente e humana se a encararmos Os cartões ao serem renovados todos
assim. os anos, a sua não activação implica a
O governo tem inevitavelmente que negação das regalias do sistema.
voltar a mandar na banca e não a banca a Quanto à politica monetária externa,
mandar nos governos como acontece hoje defendida pelo «Proutismo», as trocas
em dia. comerciais, sempre que possível, serão
O dinheiro ―vivo‖ poderia circular na através das trocas directas. No caso de
mesma, suponhamos que a moeda em ser necessário uma moeda corrente, a
circulação fosse o Euro, mesmo que as banca governamental da cidade pode
pessoas fizessem um mercado paralelo recolher o dinheiro dos depósitos feitos
com este, como o euro desvaloriza, incute nos bancos da cidade em dinheiro vivo e
as pessoas a fazer o depósito do mesmo, em último caso pedir empréstimos à
mesmo com alguma taxa, e mesmo que banca mundial.
não façam, o cartão de cidadão é um Acaba tudo por passar por um acto de
documento multifunções, que dá regalias aceitação de um sistema monetário que
aos cidadãos nos vários serviços, na realidade até é mais claro do que o
transportes públicos e até em compras, só actual, atendendo à verdadeira natureza
possível se o usarem, tornando a fuga ao do dinheiro.
seu uso uma desvantagem. Os turistas e Não sendo economista, refiro este
visitantes usam o euro ou um cartão sistema monetário como uma referência
temporário, os cidadãos também podem utópica, reestruturável por qualquer
pagar em euros e levantar dinheiro, até especialista na matéria na fase de
porque precisam dele fora da cidade, no projecto.
entanto o Euro sairá sempre mais caro do
que a moeda local, e sempre que
depositado num banco governamental da
cidade sofre a sua taxa.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 119


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Criar boas soluções urbanas de Soluções Sócio-Urbanas Serviços CPC

carácter social, obriga ao entendimento


das necessidades do homem de forma Os «soldados da paz» aprenderiam
intregal. O sistema Neo-humanista gradualmente a realizar intervenções
proposto implica libertar o ser humano de cívicas no controlo da criminalidade, na
dogmas, das divergências raciais, defesa, em caso fogos, nas inundações,
territoriais e culturais, de forma voluntária nos acidentes e na vigilância, acção em
e responsável. caso de catástrofes, protecção da
Filarete na «casa do vício e da natureza e recursos, entre outras
virtude», lembra-nos que a arquitectura emergências civis. Os elementos CPC
pode mesmo definir compatiblidades poderão registar actos, socorrer
sociais, aparelhadas a um determinado acidentes, intervir em crimes, de foma
espaço. dinâmica e directamente no local. As
Os recursos humanos podem ser unidades deverão ter veículos terrestres,
maximizados e com isso criar aéreos e marítimos versáteis, adaptáveis
compatiblidades sociais e profissionais aos vários cenários. Alguns dos veículos
geradoras de novos modos de vida. seriam adaptáveis para o cenário de
Actualmente muitos serviços existem guerra. Os veículos CPC(s) de alguns
como herança milenar e estão elementos mais experientes teriam
desaproveitados, como é o caso do multifunções, capazes de intervir tanto em
exército. O exército, os bombeiros e a caso de acidente como de incêndio, na
polícia deveriam unir-se num só corpo, defesa e segurança, entre outros;
embora com especialidades diferentes. proporcionando uma economia e uma
Portanto, em vez de várias polícias, um melhor eficácia de meios. Por exemplo,
só organismo de intervenção não teria um carro de policiamento poderá estar
limitações territoriais nem legais, equipado para socorrer sinistrados e
pondendo responder de um forma linear doentes, transformando-se numa
em qualquer caso de catástrofe, seja em ambulância de recurso, permitindo uma
pequena ou grande escala. Este recurso melhor resposta a emergências
humano a que passo a chamar Corpo de ocasionais.
Protecção da Comunidade ou CPC, seria O próprio polícia, ao ser chamado a um
feito por homens e mulheres treinados por local com vítimas, pode socorrer alguém
uma academia de Segurança Pública, em risco de vida, dependendo das suas
seguindo uma especialização contínua da creditações, aplicando técnicas de
mesma forma que um curso Universitário socorrismo ou ainda ajudar a apagar um
teórico-prático. fogo.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 120


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os serviços e edifícios CPC estarão Soluções Sócio-Urbanas Serviços CPC

relacionados com outros serviços,


permitindo, mesmo nos casos de Por exemplo, um arquitecto fica mais
calamidade, uma intervenção eficaz. Os elucidado de como construir uma casa se
edifícios CPC deverão estar localizados tiver a oportunidade de vivenciar um
portanto em núcleos de serviços sociais pouco a experiência do pedreiro e do
complementares, com centros de saúde, canalizador, ou por exemplo, um médico
transporte, comércio, escolas, pavilhões melhora o seu desempenho ao estar uns
desportivos e espaços verdes. Estes tempos na função de enfermeiro e vice-
núcleos comunitários podem conter versa.
depósitos de água no seu cume e Usar compatibilidades das várias áreas
miradouros de vigilância, ligações a caves no contexto social, proporciona, a meu
e sistemas subterrâneos ligados ao ver, uma melhor gestão dos recursos
armazenamento dos produtos humanos, o fortalecimento dos laços
consumíveis dos vários serviços. Esta sociais, parcerias extratégicas e uma
logística em parceria com os serviços melhor proximidade entre as diversas
CPC permite a adaptação dos espaços, classes sociais. Eis assim uma sociedade
serviços e estacionamentos públicos mais semi-reticulada unida por
subterrâneos, para albergar pessoas, compatiblidades.
equipamentos e veículos públicos em
caso de catástrofe.
Ao atribuir um grau elevado de
aprendizagem com ferramentas dinâmicas
ao organismo responsavel pela segurança
e bem estar civil, estou a criar um bom
sistema «imunológico» contra as
«doenças» socio-urbanas.
A multifuncionalidade e inter-ajuda é o
objectivo defendido também para as
outras áreas da sociedade, evidentemente
que as especializações também são Resolução do acidente
Os vários corpos de Segurança Pública
importantes e necessárias, no entanto o
fonte/autor @
ser humano torna-se mais eficiente ao
tirar partido das várias áreas que o
rodeiam.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 121


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A educação é outra chave de sucesso Soluções Sócio-Urbanas Educação

para a cidade e integração social, será


«aberta» e envolverá toda a comunidade.
Ela deve ser encarada como uma Educai as crianças e não será necessário

necessidade primária por ser responsável castigar os Homens! " (Pitágoras)

pelo sucesso do futuro da Praxis.


Um aluno fechado na escola, em casa
ou na Internet, perde o contacto com
muitas realidades sociais, construtivas
para a formação da sua personalidade.
Esconder o mundo dos nossos
aprendizes, mantê-los longe do seu olhar
interrogativo, cria uma juventude com
Evolução do Homem @
poucas referências de futuro, são as
razões pelas quais muitos jovens ficam
desmotivados, socialmente revoltados,
gerando problemas sociais e profissionais.
Por outro lado, o conhecimento lógico e
emocional no ser humano é
exponencialmente melhor absorvido e
aceite através de ensinamentos práticos.
O ensino convencional não desenvolve
profissionais, são as empresas e o
trabalho que os forma.
O ensino teórico-prático permite ao ser
humano assimilar melhor o conhecimento
adquirido e com carácter de utilidade,
portanto, os jovens deverão aprender
como produzir, para além de adqurirem
conhecimentos. O Ensino terá
componente teórica, prática e teórico-
prática e será adequado a cada pessoa e
comunidade.
Alegoria - Decisões de Futuro @
Os alunos serão estimulados a interagir
educadamente com a realidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 122


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Podem aprender a cozinhar na cantina Soluções Sócio-Urbanas Educação

da escola enquanto descobrem a biologia


dos alimentos. Uma aula de ciência
marinha pode ser feita num barco de
pesca, preparado para ensino a bordo.
Uma aula de história pode estar ligada
ao restauro de um monumento antigo, ou
uma visita a um museu. Uma aula de
línguas poderá estar ligada à criação de
uma peça de teatro ou de um debate.
Uma aula de desenho poderá estar ligada
ao fabrico de um utensílio, entre outras.
O contacto com os recursos territoriais
é também importante na aprendizagem
dos alunos, sensiblizando as gerações
Aula prática – Horta Orgânica
futuras para a preservação e a
fonte/autor @
sustentablidade.
As cooperativas e as empresas terão
departamentos educativos, onde os
alunos serão ensinados a explorar o seu
potencial, desde fazer a própria roupa, a
como arranjar uma máquina, cultivar uma
planta, cozinhar e até como construir a
própria casa.

As cooperativas e o Estado também


ajudarão qualquer cidadão, no
investimento, na produção de produtos e
serviços, na venda e na formação dando
apoio logístico, meios de acesso e
parcerias no campo científico e CINT Empresa de aprendizagem de ciencia interactiva

académico, desde a simples tarefa de fonte/autor @

cultivar o quintal à criação de projectos


inovadores.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 123


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O ensino será aberto a todas as idades Soluções Sócio-Urbanas Educação

e aos alunos das várias classes etárias, e


seguirão desde o início, um contacto com
as actividades socio-económicas, culturais
e políticas, dando-lhes um sentido ético,
altruista, evolutivo, empreendedor,
alimentando o ser humano com bons
níveis de auto-confiança e perspectivas de
futuro.
Todo o processo deverá ser a titulo de
participação voluntária. Poderá dar mais
trabalho do que lucro pôr alunos a inter-
agir com as realidades socio-profissionais,
terá no entanto lucros indirectos ao Ensinamento Teorico-Prático Cooperativa de alimentos
fonte/autor @
preparar o cidadão em todos os sentidos;
tornando o indivíduo mais completo e
possiblitando alternativas e incentivos à
indústria e aos negócios particulares.
Hoje em dia, na nossa sociedade
individualista, quando as pessoas são
despedidas de algum sitio ficam presas à
expressão ignorante de ―só sei fazer
aquilo‖… são poucas as que se juntam
para ter iniciativas, pois a sociedade está
dividida. Um homem de meia-idade,
desempregado, pode sempre voltar ao
ensino como se nada fosse. E os jovens
―desenrascados‖ saberão sobreviver
melhor em quaisquer circunstâncias da
vida, desde o concertar de uma torneira
Ensinamento Teorico-Prático
ao plantar alimentos no quintal. Observação da Natureza

A estabilidade social é feita, assim, em fonte/autor @

cumplicidade com o sistema educativo,


obrigando ao empenho de toda a
comunidade na formação do seu futuro.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 124


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No sistema educativo contemporâneo, Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe

se perguntarmos a qualquer pessoa o


que aprendeu no final dos cursos,
provavelmente os resultados não
chegarão sequer a 1% daquilo que lhe foi
ensinado; a um ensino tão ineficaz pode
dizer-se que «o barato sai caro».
O educação Neo-humanista e teórico-
prática doutrinará subtilmente
comportamentos de consciência cívica,
ambiental e actividades humanizadoras. A
escola pode ser a casa onde a pessoa
vive, o bairro onde mora, o museu, a Projecto Socio-Ambiental para adolescentes –
Exposição movel de Ciências
fábrica, o atelier, a oficina, o campo, o
fonte/autor @
mar, o ginásio, o terminal de transportes,
o parlamento, enfim, toda a cidade em si.
A cidade dinamiza-se com uma
juventude viva em interacção com todos
os sectores.
Os gastos acrescidos seriam no
transporte público e na criação de
condições académicas em todos os
sectores, mas poupariam gastos em
insucesso escolar, delinquência,
estabilidade social e fariam com que toda
a comunidade se visite e se entenda como
um todo. Estes pequenos estágios, que
poderão prolongar-se de várias formas,
darão frutos económicos ao nível da Estimular o bom relacionamento na aprendizagem
produção, descoberta de talentos e fonte/autor @

criação de novas ideias e soluções. Por


último poder-se-á promover um turismo de
aprendizagem para turistas e cidadãos de
todas as idades.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 125


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

As escolas para crianças até aos 8-10 Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe

anos deverão ser em pequenos centros


de serviços dos «bairros» habitacionais.
As pequenas unidades de equipamento
urbano de apoio aos bairros serão
constituídas naturalmente pelos serviços
de saude, educação, lazer e comércio
básicos, consoante a necessidade de
cada zona. Considero importante para as
crianças a proximidade das escolas com
as zonas de habitação, com percursos
Educação estimulando os talentos dos jovens –
acessíveis a pé, permitindo ao estudante fonte/autor: portal Programa CIEP @

estar mais perto do apoio familiar


facilitando o transporte escolar dentro do
bairro. Por outro lado, liberta desta forma
os adultos de deslocações pendulares
entre as escolas distantes e a morada
familiar.

As escolas para jovens com idade


compreendida entre os 11 e os 17 anos,
Exemplo utópico para um espaço urbano de apoio às
deverão estar situadas no núcleos de
zonas habitacionais
apoio, periféricos aos bairros, com fonte/autor @

capacidade para absorver os estudantes


dos diferentes bairros, estimulando a
relação das pessoas das diferentes zonas.

As universidades estarão localizadas


temáticamente segundo os seus cursos,
interligadas por afinidade aos sectores de
produção e investigação que as
complementem. Os cursos ocorrerão nas
universidades e nas zonas profissionais a Eco Dubai Land – Exemplo utópico de um núcleo

que se destinam, abrangendo todos os periférico de serviços ligado a um bairro


fonte/autor @
sectores: industrial, turístico, saúde,
segurança, governo, entre outros.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 126


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Por exemplo, um aluno de design Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe

produzirá peças numa fábrica e assistirá


ao processo de criação e de fabrico num
contexto académico e profissional, em
parceria com a faculdade localizada
estrategicamente perto do sector industrial
de produção. Um aluno de direito terá
disciplinas teórico-práticas numa unidade
de escritórios de advogados, assistirá aos
processos judiciais com os clientes, à
formação dos processos e aos
Nucleo Académico - Cientifico – Produção
julgamentos em tribunal. Cidade UT
Nem todos os sectores são fonte/autor T. L.

aparelháveis, no entanto o objectivo é


maximizar compatibilidades urbanas. Os
próprios serviços poderão dar formação
profissional e manter parcerias com os
núcleos académicos e de investigação.

O Ensino Universitário pretendido Núcleo Académico e Periferia de Produção

permite alguma redução no tamanho e no Cidade UT


fonte/autor T. L.
número de faculdades. Os núcleos
universitários estarão equipados com
vários serviços de apoio: residência de
estudantes, residência de professores,
serviços CPC, comércio, equipamentos
desportivos, lazer, centro de investigação,
sede pública de apoio à Indústria e
produção, e todo qualquer equipamento
considerado essencial para o bom
funcionamento do núcleo. Estes núcleos
Periferia de Produção e Ensino Académico
estarão, como já foi referido, ligados Cidade UT

viariamente e por transportes, às zonas de fonte/autor T. L.

produção com relativa proximidade


sectorial.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 127


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A autonomia de serviços dos núcleos Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe

académicos oferece por conseguinte


autonomia aos estudantes, dando-lhes
todas as condições de vida, tal não
implica que o estudante não possa optar
por habitar em zonas fora do núcleo e de
fazer uso de outros núcleos de apoio
comunitário.
Os pólos Universitários têm como
objectivo ligar todos os cursos de forma
pró-activa, eficazmente, pela panóplia de
serviços espalhados pela cidade, o que
exigirá um bom sistema de transportes
públicos uniforme e versátil. Esquema versátil de circulação urbana > Cidade UT
fonte/autor T. L.

Um planeamento temático segundo


compatibilidades de funções e recursos
implica uma rede urbana inteligente e
contínua, formando uma rede de
corredores sectoriais interligados. Cada
ofício terá liberdade para descobrir o seu
local estratégico de negócio na cidade,
dentro dos bairros residenciais inclusive,
caso o serviço seja compatível com os
mesmos, sendo as parcerias com os pólos
universitários uma iniciativa facultativa.
O incentivo para a cooperação das
próprias empresas para com as Nucleo Periférico de Apoio aos bairros (Horizonte o
Núcleo Académico e a zona de Produção) > Cidade UT
faculdades e sua localização em sectores fonte/autor T. L.
ligados aos núcleos provirá do governo da
cidade através de compensações
económicas e estratégicas e das
vantagens oferecidas pelas infraestruturas
adjacentes. Caberá a cada particular gerir
a sua estratégia de negócio.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 128


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

As centralidades da cidade serão Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana

dedicadas ao colectivo e aos seus


serviços, respondendo de forma
humanizante ao desenvolvimento e bem
estar comunitário, com espaços e
equipamentos utilizáveis por todos,
envoltos de uma atmosfera microclimática
confortante, incluindo espaços e
corredores «verdes».

O núcleo central comunitário terá os


equipamentos colectivos mais
representativos da cidade e estará Nucleo Mãe e parte da Periferia Residêncial
Cidade UT
harmoniosamente envolto por um
fonte/autor T. L.
«pulmão verde» e pela perifeira
habitacional. A zona habitacional
terminará na cintura de contenção de
crescimento urbano, formada por uma
segunda periferia onde estarão os núcleos
universitários, indústrias e seus serviços,
incluindo sedes administrativas da cidade
e equipamentos de grande porte que por
razões estratégicas justifiquem a sua
localização neste perímetro.
A segunda periferia tem como função
Projecto Holcim – Vietname – Este Exemplo pode ser
zelar pela produção e utilização dos
transformado num núcleo de Ecoturismo e Eco-Controlo e
recursos e crescerá para o exterior Produção

segundo a necessidade de produção e fonte/autor @

exploração orgânica e inorgânica de


alimentos e matéria prima, mesclando-se
por fim com a biosfera envolvente,
protegida por uma política de preservação
da Natureza.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 129


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os núcleos periféricos estarão Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana

localizados entre os bairros da cidade e


albergarão cada um: um parque público,
equipamentos de desporto e cultura,
escola dedicada aos jovens, similiar à
nossa escola secundária, centro de
saúde, centro cívico, cantina comunitária,
o CPC, serviços e comércio variado,
escritórios, serviços públicos camarários,
e qualquer outro equipamente
considerado importante para um núcleo Exemplo núcleo – Cairo Expo City

comunitário eficiente. Nos vários núcleos fonte/autor @

estarão também as instituições de ajuda


ao cidadão que encaminharão e
albergarão pessoas desfavorecidas com
problemas de várias ordens: pessoas
dementes , pobres sem-abrigo, vítimas de
conflitos sociais, toxicodependentes, entre
outros.
Os núcleos comunitários estarão
ligados aos bairros num território Exemplo para um núcleo – Cairo Expo City
fonte/autor @
independente e neutro, promovendo o
relacionamento de pessoas de bairros
vizinhos de forma saudável e
indescriminada. Estes territórios neutros e
comunitários servirão dois ou mais
bairros, acessíveis a qualquer cidadão. As
fronteiras urbanas dos bairros e dos
núcleos serão ditadas pelas vias
principais, morfologia do terreno e razões
estratégicas de cada cidade.
As soluções viárias nunca deverão Atravessamento Viário de um Núcleo Periférico
impedir o atravessamento do tráfego entre Cidade UT
fonte/autor T. L.
os vários territórios urbanos e diferentes
sectores.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 130


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Na urbanística actual das nossas Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana

cidades os equipamentos públicos são


projectados separadamente para cada As freguesias nesta situação de
freguesia. Muitos dos equipamentos privilégio acabam por sofrer também
cívicos, por exemplo: bombeiros, consequências ao nível do
pavilhões desportivos, entre outros, dimensinamento das vias e na gestão dos
acabam por ter uma utilização esporádica, conflitos sociais, para os quais nem
funcionando na maior parte do tempo com sempre estão preparadas.
baixo rendimento. Existem outros, porém, Portanto, o ideal urbano, a meu ver,
que o seu uso é relativamente equilibrado, implica uma estrutura social e de serviços
como é o caso de certos centros de semi-recticulada e homogénea por toda a
saúde. Algumas freguesias são premiadas cidade, ligando os vários bairros em torno
com bons equipamentos em prol da de núcleos de apoio comuns bem
cidade, valorizadas por parques verdes e equipados, maximizando o uso das suas
equipamentos de grande escala e com funcionalidades, que deverão ser
valor urbanistico acrescentado para a adaptáveis as diferentes necessidades e
cidade, os quais são usados por todos os as mudanças das realidades urbanas da
citadinos e por vezes por pessoas de fora comunidade.
da cidade. Do ponto de vista social e As escolas deverão usar
económico gera-se um desequilíbrio ao estrategicamente os equipamentos, da
nível da utilização e do pagamento de mesma forma que os cidadãos. As
custos na manutenção dos espaços da próprias escolas podem servir para
«freguesia» em questão. eventos públicos e os equipamentos de
Os utilizadores que se deslocam ao desporto deverão ser de uso escolar e de
local vindos de fora, atraídos pelos uso particular, recorrendo a horários
equipamentos comunitários, tendem a diferentes ou outras soluções. Servindo
abandonar os equipamentos das suas mais que uma freguesia-bairro e com a
freguesias e a freguesia em causa sofre uma logística maximizadora, será
uma sobrelotação de acontecimentos, improvável que algum destes
certamente com algumas vantagens ao equipamentos possa vir a criar indignação
nível económico, mas que não são social e críticas urbanas como as que
partilhadas de forma homogénea pelo tenho vindo a levantar.
resto da cidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 131


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

As vias crescerão segundo Soluções Sócio-Urbanas Soluções Viárias

ramificações semi-recticuladas em forma


de «teia de aranha», seguindo o esquema
de compatiblidades urbanas já descrito e
estarão hierarquizadas segundo as
necessidades de escoamento.
Parte dos canais de circulação pedonal
dos núcleos poderá ser separada da
circulação de transportes, sendo a
circulação automóvel feita em alguns
casos por níveis diferentes, com
passagens subterrâneas, minimizando os
riscos de atravessamento, criando
segurança na deslocação das pessoas e a
possibilidade de estacionamentos
subterrâneos com acesso directo ou Teia de aranha – lembra o esquema de criculação de
transportes
aproximado aos serviços dos núcleos. O
fonte/autor @
transporte público para ser cómodo ao
pedestre, justifica paragens de recolha
acessíveis num perímetro de 300 metros
ou com auxílio de elementos mecânicos
para redução de trajecto, como tapetes e
escadas rolantes.
Os equipamentos de transportes de
grande porte funcionarão na segunda
periferia.
Os bairros deverão ter soluções viárias
com vias de escoamento de trânsito
rápidas ramificadas com vias de
circulação mais lentas e personalizadas. Circulação Pedonal – Um bom exemplo de corredor

Todas as vias estarão interligadas no urbano


fonte/autor @
geral, formando uma teia de circulação de
forma a permitir percursos alternativos
entre bairros, os núcleos e outros sectores
urbanos, facilitando o trânsito.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 132


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

As zonas habitacionais formadas por Soluções Sócio-Urbanas

bairros serão zonas calmas, propícias ao Bairros Habitacionais

descanso e à produção de alimentos


pouco ruidosa, tais como hortas e alguma Todas as iniciativas privadas,

vegetação alta (pomares), seguindo a oportunidades de negócio, deverão

política da bio-diversidade e da «boa- respeitar a qualidade de vida dos

vizinhança», contando para isso com habitantes do núcleo.

barreiras vegetais e com a colocação das As casas serão acessíveis por vias de

vias rápidas nos intervalos externos de circulação lenta e os seus caminhos

cada bairro. pedonais deverão estar pensados também

As zonas habitacionais desenvolver-se- para os idosos e para as crianças, com

ão conforme as vontades dos moradores, algumas vias pedonais separadas das

respeitando o colectivo e o bom senso vias de trânsito, preparadas com soluções

urbano, não tendo um plano promenor de e equipamentos interactivos para crianças

raiz concretamente definido no seu todo. e adultos.

Os serviços necessários aos seus Em qualquer dos casos os moradores

moradores poderão instalar-se em terão sempre a última palavra sobre a

cruzamentos e outros locais de fácil estrutura dos seus bairros.

acesso. Surgirão naturalmente pequenos


núcleos nos bairros contendo farmácias,
uma pequena praça, padaria, infantário,
parque infantil, lar de idosos, comércio,
restauração, entre outros serviços. O
princípio lógico é o mesmo dos grandes
núcleos, a complementaridade.
Os serviços de restauração e de saúde
podem apoiar os infantários e o lar de
idosos, o parque infantil pode ser usado
Dongtan 2010 – Shanghai – ARUP Exemplo – pequena
pelas crianças do infantário e em horas zona habitacional

extra-escolares pelas crianças em geral, o fonte/autor @

comércio pode proporcionar actividades


para os idosos: por exemplo execução e
venda de artesanato, ajudando-os social e
psicologicamente e poderão surgir
situações de interacção saudável entre as
crianças do infantário e os idosos do lar.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 133


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Na política de habitação, o direito de Soluções Sócio-Urbanas

superfície já falado no PROUT é na Politica de habitação

verdade o mais sensato. Hoje em dia


vivemos sujeitos a uma série de regras
urbanas do uso do solo rígidas, portanto,
o direito de superfície sobre parcelas,
além de ser mais realista em relação aos
acontecimentos legais, consciencializa o
proprietário para o facto de estar a fazer
uso de parte do solo e dos recursos que
sustentam toda a sua comunidade.
Na vida de uma cidade, as
Exemplo - pequena zona habitacional
propriedades devolutas, muitas vezes fonte/autor @

estão abandonadas por razões


burocráticas e logísticas, quando no
sistema de tratamento urbano e uso do
solo que proponho, o departamento
deverá analisar a cidade e ir aos terrenos
com técnicos, reivindicar áreas devolutas
em caso de falta de uso e tomar medidas
pró-activas. O próprio estado poderá Exemplo de Eco-habitações

comprar, vender e propor permutas. fonte/autor @

O direito de superfície deve ser


renovado automáticamente para os
herdeiros dos falecidos, sem
procedimentos burocráticos ou impostos.
Todos os direitos de superficie passam
para a comunidade caso a pessoa não
faça uso da propriedade durante um prazo
médio combinado pelo colectivo.
Todas as famílias terão o direito de Exemplo de Eco-habitações reciclando contentores

adquirir uma parcela para construir as metálicos inactivos


fonte/autor: Universidade de Málaga @
suas casas independentemente da sua
situação financeira. Os preços dos
terrenos serão tabelados pelo governo da
cidade com critérios justos e acessíveis.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 134


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Uma família que queira mudar de bairro Soluções Sócio-Urbanas

por razões profissionais, terá acesso Política de habitação

directo a zonas de superfície idênticas


noutros lugares pretendidos, adquiridas
pela comunidade, podendo fazer uma
permuta, facilitando a gestão imobiliária e
a vida das famílias na cidade. No entanto
estas mudanças poderão acontecer
segundo um prazo de uso específico e
uma justificação viável. Caso não seja
justificável a sua mudança, terá que
recorrer aos processos imobiliários
normais.
Um departamento de habitação
estudará e acompanhará cada cidadão e Exemplo de casa bioclimática com recurso a energias
renováveis e a vegetação
família, fornecendo recursos e
fonte/autor @
acompanhamento social e arquitectónico,
aconselhando técnicas-bioclimáticas, e
auto-sustentáveis. Pessoas com
dificuldades terão incentivos para adquirir
uma habitação relativamente idêntica ao
resto da comunidade, não existirão bairros
sociais mas sim apoio à habitação
segundo o acompanhamento de cada
caso. Os bairros sociais têm só por si uma
conotação descriminatória perante os
bairros ditos normais, interferindo Arquitectura Bioclimática
fonte/autor @
negativamente na visão de cidade e
facilitando a separação de classes.
Pessoas que queiram viver em
pequenas comunidades são apoiadas e
acompanhas pelo mesmo departamento.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 135


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O centro da cidade será o núcleo mãe, Soluções Sócio-Urbanas

numa área central com uma área superior Núcleo Mãe da Cidade

a 35.000 m2. O centro representa o


esforço comunitário, o ―coração‖ da
sociedade e terá zonas específicas,
praças, lagos, edifícios, espaços verdes,
etc, todos eles dedicados ao bem-estar da
sociedade.
Os equipamentos aglutinadores das
massas, de visitantes ou residentes, estão
aqui reunidos como uma «grande família»
urbana. Os equipamentos de foro
espiritual, cultural, recriativo, científico,
desportivo, lazer e de consumo, serão
partes urbanas com igual destaque nesta
unidade. Os vários equipamentos já
referidos vão desde museus, parques de
diversões, restauração, a qualquer outro
equipamento de relevo de carácter
comunitário.
Um mega-estádio poderá servir os Núcleo Mãe > Cidade UT

vários clubes da cidade, um mega- fonte/autor T. L.

pavilhão e um mega-museu poderá


proporcionar exposições e espectáculos
de qualquer tipo, grandes praças e
espaços verdes apoiarão as
manifestações artísticas do cidadão,
desportos radicais e toda uma
multiplicidade de eventos sociais.
O hospital da cidade dará variados
tipos de assistência na saúde ao núcleo e
à cidade, desde receber atletas do sector
desportivo ao encaminhamento de
pessoas falecidas para a unidade
espiritual ao seu lado.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 136


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Segundo uma politica Neo-humanista, Soluções Sócio-Urbanas Política Social

todas as actividades, culturas, desportos,


religiões, serão aceites nesta comunhão
social.
Os espaços multi-religiosos promovem
a comunhão da comunidade e das
culturas, sendo importante, por razões de
ordem ética comunitária, não aceitar a
instalação de qualquer culto religioso ou
qualquer outra actividade que implique o
pagamento de taxas pela sua prática de
forma duvidosa e que fuja ao conceito de
Religiões – Aceitação das diferenças Culturais
tolerância e igualdade, podendo as suas fonte/autor @

práticas provocar danos em terceiros,


quer sejam pessoas da comunidade ou
não, ou mesmo seres vivos ou
inanimados. Portanto, caso a sua prática
crie efeitos psicológicos ou físicos com
efeitos negativos para qualquer ser da
comunidade.
A água é dos bens mais preciosos e
representativos da vida da cidade e unirá
todo o contexto fértil e vivo da cidade, Harmonia da Natureza
fonte/autor @
através de uma distribuição sustentável
através dos espaços e corredores verdes
que ligam a urbe à biosfera.
Plantas medicinais e decorativas nos
espaços verdes poderão ser recolhidas
pelas pessoas, segundo indicações
expostas.

Espaço Verde público


fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 137


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os serviços de cumprimento penal e de Soluções Sócio-Urbanas Ordem Pública


centros de cura mental serão instalados
perto de zonas de produção orgânica,
podendo os reclusos, consoante cada
caso, trabalhar como qualquer cidadão
comum, promovendo assim a integração
social. É do conhecimento científico que o
contacto com a terra, prestar cuidados a
plantas e animais, produz benefícios
mentais no ser humano, ajudando à
criação de neuro-ligações cerebrais
positivas; em certos casos a criação de
ocupações úteis para a sociedade e para
o indivíduo com valores neo-humanistas é
o suficiente para promover o seu equilíbrio
Rebento de uma árvore – Uma das actividades de
e reabilitá-lo. pessoas a cumprir penas pode ser o reflorestamento do

O direito à vida e à reabilitação será um território


fonte/autor @
direito adquirido, o recluso ou demente
terá acesso a boas práticas de vida que
permitam criar um equilíbrio mental
saudável, com acompanhamento
personalizado; e sempre que possível,
prestando serviços cívicos. Portanto, o
criminoso que lesou a comunidade em
qualquer aspecto deverá pagar a sua
pena sempre com serviços que
compensem a comunidade pelos seus
danos, sempre que possível as
penalizações deverão ser pagas com
prestação de serviços, excepto casos
específicos em que a comunidade foi
lesada monetariamente.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 138


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O governo da cidade será a Soluções Sócio-Urbanas

cooperativa gestora, responsável pelas Governo da Cidade

outras coopertativas e pelo sistema


democrático de intervenção pública. Todo
o cidadão interessado poderá votar sobre
os vários assuntos da comunidade, depois
da participação em colóquios sobre o
assunto, independentemente de pertencer
ou não a algum movimento político. As
informações, debates e colóquios são
gratuitos e acessíveis a qualquer cidadão
e serão de caracter interactivo.
Tecnologia Digital – Interacção de Serviços
A maior parte dos serviços prestados Governamentais e do Cidadão

deixarão de ser burocráticos, funcionando fonte/autor @

como serviços de prestação de cuidados


cívicos espalhados pela cidade,
localizados nos núcleos de apoio,
libertando as preocupações da
comunidade de encargos e logística e
canalizando as preocupações para o bom
desenvolvimento da comunidade.
Os mandatários serão eleitos e
monitorizados por recursos humanos da
mesma forma como qualquer funcionário
público, cooperativa ou qualquer empresa,
e os resultados serão expostos e
avaliados pela comunidade que terá por
Concerto a favor da Paz
direito de voto a liberdade de destituir os
fonte/autor @
próprios mandatários do governo, caso os
resultados sejam muito negativos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 139


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2.6 - Retrospectiva da Estrutura Sócio-Política

A semi-retícula de C. Alexandrer A semi-rectícula que proponho é por


multifuncional, baseada nas isso um pouco diferente da visão de C.
cumplicidades da urbe, retrata em alguns Alexandrer que não maximiza os recursos
pontos a mistura de zonas habitacionais da mesma forma. As realidades urbanas
urbanas com equipamentos universitários, não sobrevivem isoladas. No entanto
ou edificios de espectáculos que ,Alexandrer, há quarenta anos atrás, não
afirmaram o seu lugar algures no meio da conhecia a força de certos pólos
cidade. As realidades sobrepostas de autónomos, nem pensou algum dia que os
certa forma complementaram-se, o que é centros comerciais esvaziariam os velhos
justificável caso não interfiram centros de comércio de rua das cidades
negativamente com a qualidade de vida tradicionais.
dos moradores. Muitas das vezes A verdade é que o ser humano é
acontece que estes equipamentos comodista por natureza e dirige-se aos
encontraram o seu espaço próprio, mas pólos urbanos com os quais se indentifica
os moradores sofrem com as mais e dos quais acha que pode tirar mais
consequências do seu sucesso. partido.
Analisando a vivência urbana de pessoas
que vivam ao lado de um estádio de
futebol ou de um centro de eventos
reparamos que os conflitos urbanos são
desconcertantes, nomeadamente pelo
trânsito excessivo, poluição sonora e
excessos comportamentais das pessoas
na altura dos eventos. Uma actividade de
grande concentração de pessoas,
religiosa, cultural ou desportiva, provoca
acontecimentos urbanos de concentração
de massas, poluição sonora,
necessidades espaciais e recursos que
implicam condições urbanas à primeira
vista incompatíveis com o factor
residêncial. «É como misturar o azeite
com vinagre».

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 140


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Contando todos os museus de Lisboa, Retrospectiva da Base Sócio-Politica

o CCB (Centro Cultural de Belém) é sem


dúvida o mais visitado e a razão está no
facto de ser um polo com várias
realidades culturais diferentes que o
complementam.
Provavelmente teria visitado muitas
mais exposições e feito mais uso do CCB,
de forma mais cómoda e até selectiva se
este pólo absorvesse mais museus e uma
bibioteca pública, maximizando os seus
recursos culturais já vastos. A cidade CCB – Centro Cultural de Belém - Lisboa
fonte/autor @
antiga adapta-se aos poucos às
alterações dos tempos modernos. Os
espaços antigos não devem, no entanto,
ser preservados a todo o custo, com a
ilusão de que estamos a desenvolver
semi-rectículas saudáveis por manter a
estrutura tradicional das cidades, quando
na verdade estamos, isso sim, a
fragmentar a urbe.
Quando se critica a fuga demográfica
Baixa de Lisboa – Zona do Rossio
de habitantes do centro histórico da
fonte/autor @
cidade de Lisboa, não se pode ignorar o
facto da cidade não estar a oferecer uma
vida urbana equilibrada. Os habitantes
saem do seu núcleo antigo porque os
afoga num constante frenezim de
insegurança, tráfico urbano, poluição a
vários níveis, falta de espaços verdes, de
equipamentos para crianças e idosos,
entre outros poblemas; logo considero até
Praça do Comercio
positivo o despovoamento deste centro da Baixa de Lisboa – Centro Histórico
fonte/autor @
cidade, desafogando-a um pouco.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 141


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Em Lisboa, o arranjo urbano do Parque Retrospectiva da Base Sócio-Politica

das Nações poderá, de início, parecer


uma resposta inovadora aos problemas
descritos na alínea anterior, pena os seus
equipamentos e os espaços verdes
estarem dispersos, desconectados entre
si, alguns deles diria mesmo, praticamente
devolutos.
A frente rio enquadra-se com a
estrutura urbana longitudinal, que
infelizmente seguiu um esquema urbano
em forma de acampamento romano do
tipo árvore tão criticado por C. Alexandrer. Expo 98 – Perspectiva aérea

O que realmente sustenta algum do seu fonte/autor @

sucesso, atraindo muitos eventos,


actividades e pessoas, são alguns dos
seus equipamentos únicos de utilidade
pública, comercial, lazer e cultura,
empresarial, transportes, espaços verdes,
faltando essencialmente alguns
equipamentos complementares ligados ao
desporto. Outro aspecto positivo encontra-
se na sua relação periférica com zonas
residênciais, que tomam partido das suas
estruturas, principalmente perto de
espaços verdes; valorizando ambas as
zonas e a sua horizontalidade
Expo 98 – zona Residêncial Norte – Jardim público
morfológica, propícia ao uso de soluções fonte/autor @
de locomoção, seja de bicicleta, seja a pé,
menos penosa, apesar da sua estrutura
urbana dispersa e fragmentada.
O Parque das Nações ainda
porporciona alguns pontos positivos para
a cidade de Lisboa, mas não serve como
exemplo urbano de futuro.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 142


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Põe-se a questão se o Parque das Retrospectiva da Base Sócio-Politica

Nações poderia funcionar ao nível urbano


implantando mais zonas residênciais no
seu interior para animar as suas zonas Em caso de eventos comunitários que

devolutas. Começando pelos acessos e atraiam a população de toda a cidade, que

vias circundantes já por si ineficazes, a compatiblidades de tráfego,

vivência residencial dentro da ―Expo98‖ estacionamento, segurança, existirão?!

provocaria um caos viário. Suponhamos Sejam quais forem as soluções

que este problema seria resolvido com encontradas, seriam dispendiosas e

vias alternativas e que multiplicávamos as socialmente descriminatórias, porque se o

torres Vasco da Gama, residênciais da núcleo é da comunidade, para todos, não

Expo98, por um número considerável de poderá estar dependente das exigências

edifícios habitacionais em zonas livres da urbanas dos moradores em particular.

parte interna do Parque das Nações. Penso que a única forma de um tecido

Esta espécie de selva arquitectónica, destes resultar seria esperar que todo o

foi já experimentada em algumas cidades núcleo fosse a própria cidade e isso é

satélite de Paris nos seus núcleos demográficamente claustrofóbico e

urbanos sem grandes resultados. urbanisticamente desproporcional em

O factor mais desconcertante, além das relação ao equipamento proposto.

incompatibilidades urbanas é, a meu ver,


o factor de ordem social. Quem seriam os
habitantes dentro deste núcleo
multifunções e quem seriam os habitantes
da periferia do núcleo? Residentes de
classe alta dentro e de classe média fora?
Ou seriam as residências atribuídas às
famílias através de valores acessíveis por
sorteio ou por mérito de alguma ordem?
Que política implantar ao nível de
impostos sem descriminar pessoas que
contribuem para o núcleo mas não Expo 98 – Torres Vasco da Gama

usufruem da mesma forma como outros fonte/autor @

que vivem nele?!

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 143


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No núcleo «mãe» que proponho para a Retrospectiva da Base Sócio-Política

cidade utópica, concordo com algum


equipamento residêncial mas a título Os ministérios de Espanha em Madrid,
comunitário e temporário, como hotéis, juntos numa só unidade edificada são um
postos de vigia, residências públicas, bom exemplo deste facto, comparando
centros de actividades recriativas e retiros, com os ministérios de Portugual, os quais
residências temporárias para artistas, vivem desfazados territorialmente uns dos
desportistas, ou outras personalidades outros, provocando mais dificuldades
externas ou locais, que sejam uma mais governamentais. Talvez esteja aqui uma
valia para a comunidade e precisem de das muitas razões que tornou Espanha
alojamento temporário. muito mais desenvolvida que Portugal.
Os núcleos proporcionam uma A minha visão de cidade utópica
interacção social forte, centros procura formar um organismo integrado,
polarizadores das vivências dos vários complexo e humanizante, um corpo com
campos da comunidade, com grande pele, órgãos e canais urbanos definidos,
afluência de pessoas e de actividades, que pode ser avaliado como
dando aos bairros um carácter mais Antropomórfico de forma subjectiva, não
residêncial, calmo, propício ao descanso, em relação ao uso de uma unidade de
ao dia a dia dos idosos e das crianças, medida, mas mais ao jeito da tribo Dogon
independentemente destes também por ser possivel atribuir ao esquema
usufruirem do resto da cidade e dos seus urbano simbolismos similares aos
núcleos. encontrados na Natureza, dos quais
A estrutura multipolar de cidade em falarei na base Psico-Energética.
rede proporciona novas vivências sociais, A cidade utópica e formada por uma
formações educativas integradoras, e primeira camada onde se situa a cidade
promovem o desenvolvimento em comunitária representada pelo Núcleo
comunidade, transmitindo uma visão «Mãe»; por uma segunda camada
revolucionária para o exterior, atraindo um periférica residêncial premiada entre os
turismo ligado ao conceito da própria distritos habitacionais com vias de
cidade e fomentando o desenvolvimento escoamento e núcleos periféricos, e por
de soluções urbanas novas. uma terceira camada periferica formada
A união de áreas complementares, por vias de escoamento, núcleos
educativas, profissionais, edificantes, são académico-científicos, zonas industriais,
uma forma de unir a sociedade e torná-la campos de produção e investigação e
mais forte. equipamentos de grande envergadura
para produção e para os transportes.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 144


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

3 - BASE PSICO-ENERGÉTICA

3.1 - Introdução – Forças Psico-Energéticas

Como resultado do aparecimento


crescente de provas concretas da
influência do pensamento sobre as
estruturas atómicas, os cientistas têm
vindo a descobrir que a força intencional
aplicada de forma consciente ou mesmo
inconsciente, influencia os elementos
vivos e inanimados.
A física quântica vai ainda mais longe
ao afirmar que a estabilidade natural das
partículas atómicas e suas leis físicas não
Átomo Quântico
seriam possíveis sem a existência de uma fonte/autor @
espécie de X vibratório, absorvido pelos
elementos de forma constante. Algo pega
nas partículas atómicas, tal como um
malabarista pega nas bolas e as faz girar
no ar, as quais não giram sem a
intervenção mecânica deste. A este
campo magnético atómico eles chamam
simplesmente de informação. O que
obriga os cientistas a formular o Universo
como um conjunto de bits de informação
infinito, uma super-consciência cósmica,
responsável pelas leis da Natureza.
No capítulo I levantei a questão da
influência de elementos vibratórios que Natureza do Universo
fonte/autor @
faço questão de clarificar com os
resultados das experiências psico-
energéticas; explicando como os campos
electromagnéticos interagem com toda a
realidade quântica que nos rodeia.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 145


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A descoberta da informação atómica


abriu caminho a todo um novo campo de Introdução Forças Psico-Energéticas

estudos sobre a influência das vibrações


intencionais emanadas pelo pensamento,
mostrando a existência de uma relação
subtil entre o pensamento e as partículas
atómicas. Os resultados têm vindo a
fascinar toda a comunidade científica.
A ergonomia, a psicologia, a
parapsicologia, a físico-química, têm aos
poucos aberto o homem para esta nova
tomada de consciência, a qual será
importante na construção e sobrevivência
das cidades do futuro. As várias ciências
estão finalmente a chegar a um Harmonia Psico-Somática com o mundo
denominador comum em relação ao a fonte/autor @

este fenómeno psico-energético.


Vou expor resumidamente algumas
provas concretas apresentadas por
estudos científicos destas «forças».
O cepticismo humano em relação à
força do pensamento a qual podemos
designar por força da ―intenção‖ é um erro
similar aos primórdios da ciência quando
os antigos cépticos achavam que o sol
girava à volta da terra.
A Praxis implica consciências e
vivências saudáveis em comunidade, só
possível com processos mentais positivos.
Psiquicamente é possível criar campos
energéticos de prosperidade, riqueza,
saúde e paz social, capazes de produzir
acontecimentos positivos na urbe. «Todos
Evento Colectivo – Brasília
colhemos aquilo que semeamos».
fonte/autor @

3.2 Estudos Científicos na área das Psico-Energias

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 146


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

3.2.1- O Poder da Mente – Experiencias Quânticas

Uma das experiências mais


conhecidas sobre o efeito da intenção
psíquica é o efeito placebo.

“Deepak Chopra ficou famoso por um


livro que escreveu, chamado Cura
Quântica, lançado há 10 anos. Ele
começou a revolucionar a Medicina, de
certa forma, através de um fenômeno
chamado “efeito placebo” para o qual os
cientistas não têm explicações concretas.
Esse trabalho, que é muito semelhante à Placebo – Comprimido de Farinha
minha forma de pensar, e eu tenho lido fonte/autor @
trabalhos citando a conexão entre as nossas
idéias... Mas vejamos as implicações disso.
Se, de fato, houver cura quântica, se
houver Medicina mental, o efeito da mente
sobre a cura, então as pessoas serão de fato
ajudadas, não apenas no campo da
Psicologia, mas no campo da verdadeira
saúde física. A saúde física real importa
mais para muitas mais pessoas do que a
saúde mental, ainda não estamos
esclarecidos o bastante para levar a saúde
mental tão a sério.”(Amit Goswami –
cientista de Fisica-quântica)

Experiências mais conclusivas sobre


os efeitos em objectos vivos e inanimados
através do poder da intenção surgiram em
1993 e 1994, pelo neurofisiologista Telepatia – Transmissão de dados mentais
fonte/autor @
mexicano Jacobo Greenberg Silberman.
Ele e os seus colaboradores fizeram
experiências com dois voluntários,
observados a meditar juntos por 20
minutos, com o propósito de produzirem
comunicação direta. Comunicação directa
Sinais não-locais foram detectados,
que ele definiu do tipo ―não-localidade‖.
registou-se a existência de comunicação.
Fora-lhes pedido que mantivessem o

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 147


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

estado meditativo durante toda a Experiências Quânticas

experiência. Um deles é levado para outro


recinto para dificultar a comunicação. Eles
ficam em câmaras de Faraday, onde não
é possível a comunicação
electromagnética. Os cérebros deles são
monitorizados por aparelhos de medida:

“… Uma das pessoas vê uma série de


“flashes” brilhantes, o cérebro dele responde
com actividade eléctrica, obtém-se um
potencial de resposta muito claro, picos
muito claros, fases muito claras. O cérebro
da outra pessoa mostra actividade, a partir da
qual obtém-se um potencial de transferência
que é muito semelhante em força e 70%
idêntico em fases ao potencial de resposta da
primeira pessoa. O mais interessante é que,
se você pegar duas outras pessoas, duas
pessoas que não meditaram juntas, ou
pessoas que não tinham a intenção de se
comunicar, para elas, não há potencial de
transferência. Mas para pessoas que meditam
juntas, invariavelmente, muitas vezes, um
em cada quatro casos, obtemos o fenómeno
de potencial de transferência. (…) “ (Amit
Goswami – Fisica-quântica).

Nesta experiência fica evidente um Porta isolante da Câmara Faraday


fonte/autor @
processo de telepatia, que atravessa o
campo físico e electromagnético e que
influência o campo mental de cada um; se
transportarmos este facto para a
sociedade em geral, todos nós criamos
laços mentais interactivos, mais ou menos
fortes.

Terapia mental – Cura Quântica


fonte/autor @

A seguinte experiência denota a


capacidade do pensamento em alterar “Helmut Schmidt, um físico que pesquisa
dados: parapsicologia, tenta há quase 20 anos, fazer

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 148


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

com que médiuns influenciem os geradores


de números aleatórios para gerarem
sequências não-aleatórias, mais zeros que
uns. E ao longo dos anos ele conseguiu boas
evidências de que, até certo ponto, os
médiuns conseguem fazer isso. Um resultado
com um grande desvio. Isso ainda não tem
nada a ver com Física Quântica, mas
recentemente, em um trabalho publicado em
1993, Schmidt retratou uma modificação
revolucionária desses dados. O que ele fez,
recentemente, é que o gerador de números
aleatórios, os dados do gerador de números,
a sequência, é armazenada num computador,
ela é impressa, mas ninguém olha. Os dados
impressos são fechados num envelope e
O poder Mediunico da Mente
enviados para um observador independente.
fonte/autor @
Três meses depois, o observador, sem abrir o
envelope, escolhe o que quer ver, mais zeros
ou mais uns. Tudo segue um critério. Então
ele liga para o pesquisador, o pesquisador diz 3.2.2 - Comentário aos resultados
ao médium para olhar os dados, e pede a ele Psico-Energéticos
para mudar os resultados, influenciá-los, se
puder. E o médium tenta produzir mais
zeros, se esse for o desejo do observador. E
então, o observador abre o envelope e Fica desde logo evidente a capacidade
verifica se o médium conseguiu. de certas pessoas em alterar dados, a
E a incrível conclusão (é um resultado força do pensamento, além de telepática e
sério, não é fácil contestá-lo) que o médium,
em 4 de cada 5 tentativas, consegue mudar de ser capaz de influênciar o campo
os números aleatórios gerados pelo aparelho, mental, ela afecta a realidade física
mesmo após três meses. Este mito de que o
também. Eis então a questão: será que
pensamento causa colapso de si mesmo, que
o colapso é objetivo, sem que o observador tudo tem potencial psico-energético ou só
consciente as veja, é apenas um mito. Nada um número certo de pessoas, com
acontece, tudo é uma possibilidade até que o
capacidade de meditar e de concentração
observador consciente veja. Numa
experiência controlada, as pessoas é que consegue dominar esta energia?!
intervieram. As pessoas viram, sem contar a Na seguinte experiência iremos perceber
ninguém, viram os dados da impressão.
que a força da intenção ultrapassa até o
Nesses casos, o médium não influenciou os
dados. (…) ” (Amit Goswami – cientista de próprio indivíduo, e qualquer simbolismo
Fisica-quântica) criado transporta carga energética
Experiências Quânticas
influenciadora da realidade física.

3.2.3 - A Ciência Psico-Energética – Cientista Sr. Emoto – Experiências

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 149


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A ciência psico-energética é uma


expansão da actual ciência e pode ser lida
com a seguinte equação metafórica:
Massa <> energia <> consciência.

“A experiência diz-nos que a consciência


humana manipula eficazmente todo o tipo de
informações (soma de números, linguagem
com letras que compõe palavras e frases,
puzzles que se agrupam em mapas e Quadro explicativo da influência psico-energética atómica
imagens, e símbolos que fazem parte de fonte/autor: Sr. Emoto @
equações) de modo a introduzir ordem na
desordem.
A partir da nossa pesquisa psicoenergética, A pesquisa demonstrou-nos que uma
que se explica na primeira parte deste artigo, propriedade material específica consiste em
descobrimos um segundo nível distinto de duas partes: uma ao nível da realidade física
realidade física, muito diferente do patamar do átomo eléctrico/molécula (que é tudo o
eléctrico e normal dos átomos/moléculas. que o nosso mundo normal consegue medir
Este novo nível funciona no vácuo físico actualmente) e uma ao nível da informação
dentro do espaço «vazio» entre as partículas das ondas magnéticas da realidade física. A
fundamentais que compõem os átomos e as magnitude da segunda contribuição, medida
moléculas e que, por sua vez, é composto por instrumentalmente, depende da magnitude de
ondas de informação magnética. um coeficiente de acoplamento material que
Observamos que a física deste novo nível interliga os dois níveis. Este coeficiente de
pode ser modulada pela mente e intenções acoplamento pode ser de magnitude
humanas, e pela consciência em geral. insignificante, como o nosso nível de
Há cerca de oito anos, descobrimos um realidade física ou, se utilizarmos os
procedimento de repetição fidedigno para procedimentos acima referidos, pode ser
substituir o estado de simetria significante.
electromagnética de uma sala, ou de uma Usamo-los para:
outra área com dimensões maiores do que o 1. Alterar substancialmente o pH do mesmo
nosso nível normal de átomo/molécula, para tipo de água em equilíbrio com o ar, uma unidade
um em que as medições instrumentais e de pH acima ou abaixo (~100 vezes que a medida
comerciais pudessem aceder a estes dois de exactidão)
níveis de realidade física. Além do mais, o 2. Aumentar ~25% (p <0,001) a actividade
procedimento permitia-nos sintonizar esse termodinâmica in vitro de uma enzima específica
espaço grande de modo a que uma intenção do fígado humano, a fosfatasse alcalina.
específica se pudesse manifestar nesse nível 3. Aumentar ~20% (p <0,001) o rácio ao vivo
de vácuo de realidade física. [ATP]/[ADP] das células de larvas da mosca da
fruta, para se desenvolverem melhor, em menos
tempo (~20% a p <0,001), até à fase adulta de
fonte/autor: (As Mensagens Escondidas da voo, a ATP é a molécula de energia armazenada
Água, editora Estrela Polar / Massaru Emoto) em todas as células, enquanto a ADP é o seu
precursor químico.
3.2.4 - Conclusões das Experiências do Sr. Emoto

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 150


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Além do já exposto, Emoto refere o


sistema de meridianos/chacras da
acupunctura dos humanos, e talvez de
todos os vertebrados, como pertencendo
a este mecanismo harmónico de simetria
magnética, dando aos seres humanos a
capacidade básica de fazer o mesmo que
o engenho da intenção, embora não talvez
no mesmo grau significativo, a não ser
que tenham, provavelmente, um
desenvolvimento pessoal prodigioso desta
capacidade. O Sr. Emoto tem vindo a
desenvolver o engenho produtor de
intenções num sistema auto-suficiente
Aura – Campo de energia electromagnético do corpo
para poder ser usado como instrumento
fonte/autor @
de biofeedback individual ou em grupo,
para reforçar o auto-desenvolvimento
individual ou de grupo, a níveis cada vez
mais altos de autogestão.
Num sentido figurado, é como se
estivessem a desenvolver uma varinha
mágica, mas tal como a energia nuclear,
no futuro espero que este engenho não se
Fotografia kirtian – Campo electromagnético – mão
torne numa bomba atómica psico- fonte/autor @
energética.
No entanto os trabalhos que realmente
tornaram o cientista Sr.Emoto famoso
foram as suas experiências com forças
intencionais para a formação de cristais
de gelo durante a congelação da água,
com e sem aplicação da intenção
humana.
Formação de Cristais de água consoante a intenção
impressa, diferença entre – Obrigado <> Desejo Matar

Sr.Emoto explica que o biocampo


humano desenvolvido pode alterar as
propriedades dos materiais e o

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 151


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

funcionamento dos instrumentos,


revelando níveis mais profundos da “…as nossas experiências IIED demonstraram
claramente os efeitos significativos da intenção
natureza, que não são previsíveis a partir humana em vários processos da realidade
das observações diárias normais. As física. Alguns desses efeitos piscoenergéticos
radiações destes níveis naturais passam estão directamente correlacionados com o
aumento da livre energia termodinâmica do
através de materiais que são opticamente sistema, quando dois níveis únicos de realidade
opacos às radiações electromagnéticas no física, p1 e p2, se acoplam significantemente.
espectro visível: Além do mais, demonstrou-se uma medição
quantitativa desta alteração, usando uma sonda
de iões H+14. Se tal sistema acoplado se gerou
- As emissões não electromagnéticas dos nas experiências de Emoto, então a força
biocampos dos seres humanos normais, termodinâmica impulsionadora, AG, seria
quando moduladas pela atenção e intenção alterada para cima e para baixo no processo de
dirigidas, reforçam ou não reforçam as cristalização da água e poderíamos esperar
micro-avalanches de electrões num alterações significativas. (…)” (As Mensagens
instrumento simples de descarga gasosa, Escondidas da Água, editora Estrela Polar -
dependendo do foco inicial da intenção do Massaru Emoto)
ser humano.
- A consciência humana, sob forma de uma
intenção específica, pode ser impressa num
instrumento electrónico simples e de baixa
tecnologia, a partir de um estado de
meditação profunda em humanos altamente
desenvolvidos.
Este instrumento, que agora se chama
IIED (instrumento eléctrico de impressão de
intenções), actua como substituto eficaz da
influência significativa de um alvo único na
realidade física.
- As quatro experiências analisadas com alvos
envolveram: (a) um material inorgânico (água),
com alterações de propriedades 100 %
superiores do que a medida de exactidão; (b)
um material orgânico in vitro com alterações
das propriedades de ~20 % a p <0,001 e (c) um
material vivo com alterações de propriedades
~20 a p <0,001, ambos os últimos com
controlos incorporados. (As Mensagens
Escondidas da Água, editora Estrela Polar -
Massaru Emoto)
Campo magnético da água – alinhável pela força psico-
energética
fonte/autor @
Conclusões Experimentais Sr. Emoto
3.2.5 - Efeitos Psico-Energéticos nos Cristais de Gelo

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 152


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Linguagem atómica da água – Vários investigadores, como o Professor Jacques


Benveniste, o Dr. Wolfgang Ludwig, David Schweitzer e Masaru Emoto, têm fornecido claras
provas de como a água actua como um receptor líquido, capaz de receber, armazenar e
transmitir vibrações electromagnéticas. Como as moléculas de água têm um pólo positivo e
outro negativo, elas comportam-se como pequenos magnetes. Acoplam-se às moléculas
vizinhas e formam agregados de várias centenas de moléculas. Estes grupos são estruturas
muito sensíveis e impressionáveis por influências vibratórias. É isto que confere à água a
sua capacidade de armazenar informação.

Os padrões do gelo que o Sr. Emoto obteve


são observados com ampliações de «100-200
Um». O seu tamanho e simetria são consistentes
com o facto de a origem ser um segmento da
superfície de um domínio coerente com cerca de
«50» Um de diâmetro, o cálculo de dimensão I
para a condição de eliminação da memória da
água. Estes padrões de gelo são consistentes com
a representação de padrões de frequência dentro
de um domínio. Em 1989, descobrimos que a
água congelada num campo magnético estático
mostra padrões de cristais de gelo distintamente
orientados em ângulos rectos para o campo
Com a etiqueta «Alegria» – a formação do cristal
magnético. Também havia efeitos dependentes
resulta num harmonioso elemento.
das frequências, resultantes de alterar campos
fonte/autor @
magnéticos. Logo os padrões dos cristais de gelo
enucleados por frequências coerentes dentro de
um domínio coerente são pelo menos uma
possibilidade.
Análise fotográfica dos cristais de água – “
…Começamos por colocar uma só gota de água
em cada uma das 50 placas de Petri já preparadas.
Depois congelamo-las a -25ºC e fotografamos ao
microscópio os cristais formados. No laboratório
em que trabalhávamos a temperatura era mantida
nos -5ºC. Mesmo assim, o tempo necessário de
vida de um cristal era de apenas dois minutos por
causa da luz necessária, cujo aquecimento
derretia o objecto das experiências. Normalmente
seleccionamos um em cada 50 fotografias, por ser Esta agua levou uma etiqueta a dizer «vou-te matar»

representativa da forma que surge com maior julgue por si os efeitos causados na água.

frequência. (As Mensagens Escondidas da Água, fonte/autor @

editora Estrela Polar - Massaru Emoto)


A memória da água – Quando a água congela,
as suas moléculas ligam-se de uma forma
sistemática, formando os núcleos de um cristal que
estabiliza na forma hexagonal. Depois começa a

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 153


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

crescer e torna-se visível. Este é o curso natural do


procedimento. No entanto se o cristal deparar com
uma informação não natural, não consegue alcançar
uma forma hexagonal harmoniosa.
Uma vez confirmada a hipótese inicial, comecei
a investigar a água de diferentes proveniências. As
experiências correram bem e tiramos fotografias
fidedignas. A questão que nos colocávamos era:
Será que os cristais de água têm aspectos diferentes
em diferentes circunstâncias?
Todas as minhas espectativas foram
ultrapassadas. As fotografias demonstraram
claramente que, dependendo da sua origem (isto é,
vinda da nascente ou de uma torneira da cozinha), a Fig. 1 – Musica – Heavy Metal (não consegue formar
água assumia formas totalmente diferentes. Eram um cristal coerente)
provas visíveis de como a água não é toda igual e fonte/autor @
reage às «experiencias» por que passa na sua
jornada, armazenando essa informação. A água de
uma nascente formava hexágonos regulares de uma
beleza ímpar ao passo que a água no final do curso
de um rio ou barragem dificilmente sequer formava
cristais completos. (…)
À luz das experiências podemos dizer
que a água tem memória. Cada molécula
transporta alguma informação e, quando a
bebemos, ela torna-se parte do nosso
corpo. Olhando para estas fotografias,
pergunte a si mesmo «Qual a informação
que desejo absorver?». (As Mensagens Fig. 2 – Musica - Lago dos Cisnes - Tchaikovky
fonte/autor @
Escondidas da Água, editora Estrela Polar -
Maçara Emito)

A água ouve música?! A Música


Heavy Metal ―depressiva‖ (fig.1) não criou
uma harmonia cristalina; enquanto o
«Lago dos cisnes» de Tchaikovky, formou
um cristal com braços delicados que
fazem lembrar o pescoço dos cisnes e
efeitos harmoniosos; (fig. 2 e 3),
mostrando a influência da mensagem Fig. 3 – Musica - Lago dos Cisnes - Tchaikovky

musical. fonte/autor @

Cristais de Água Sr. Emito A água é capaz de ler e ver?! Este


cristal formou-se depois de a água ver a

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 154


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

fotografia dos golfinhos a mergulhar


(fig.4).

A palavra amor exposta ao cristal gerou


Fig. 4 – Cristal – Golfinhos a saltar no mar
uma forma trabalhada, «cheia»,
harmónica e reluzente (fig.5).
O Sr.Emoto e outros laboratórios
espalhados pelo mundo fora já fizeram
milhares de experiencias científicas com
este processo e a conclusão é cada vez
mais unânime, tudo indica que a água
responde à mensagem vibracional que
acompanha qualquer objecto, imagem,
música, palavra, enfim, qualquer intenção
que exista na realidade, seja ela
provocada pelo ser humano ou não.

Fig. 5 – Cristal – Palavra «Amor»


fonte/autor @

Cristais de Água Sr. Emoto

3.3 - Conclusão Científica do ponto de vista Urbano

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 155


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

As últimas experimentações são


reveladoras do factor psico-energético, de
um elemento informativo-intencional
capaz de influenciar toda a realidade
orgânica e inorgânica. Conectando estas
experiências com outras observações
científicas que provam a partilha
morfogenética do conhecimento entre os
seres vivos, diria mesmo uma telepatia
colectiva inconsciente, estudado
nomeadamente em macacos,
A força invisível da urbe
compreendemos que existem várias fonte/autor @
forças externas elementares na vida
urbana que constantemente ignoramos.
A medicina de vanguarda tem vindo a
desenvolver processos de cura usando a
psico-energia, mais conhecidos como cura
quântica, com resultados promissores.
Estamos perante a necessidade
intemporal da compreensão das forças da
Natureza para a construção da urbe, no
qual o campo mental e intencional
influencia a sociedade e as suas
estruturas atómicas. As intenções de cada
cidadão influenciam os espaços e estes
influenciam-no segundo o seu carácter e
mensagem arquitectónica, espacial,
representativa, de mil e uma formas,
através das vibrações subtis, sem muitas A energia do pensamento
fonte/autor @
vezes darmos por isso, é um processo tão
natural como respirar.
Uma sociedade próspera e feliz
dependerá sempre da vontade das forças
intencionais implantadas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 156


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

3.4 – Disposição Psico-Energética da Urbe

O poder intencional psico-energético


deverá funcionar a favor do colectivo,
valorizando os centros representativos da
comunidade, partindo da criação de um
espaço central público na cidade, e vários
espaços estratégicos públicos: praças,
miradouros, parques, entre outros, onde Grande praça do Amor Núcleo Mãe > Cidade UT
as pessoas possam usufruir da cidade fonte/autor T. L.

positivamente e produzir eventos


dinâmicos saudáveis.
Estes espaços funcionarão melhor, a
meu ver, rodeados de vibrações
harmónicas relacionadas com fertilidade,
bem-estar, desenvolvimento e harmonia,
facilmente atingível com espaços verdes,
equipamentos sociais e culturais eficazes,
estudados ergonomicamente para o Comportamento das partículas quânticas –
efeito. probabilidade de acção – centro/periferia
fonte/autor @
Faz todo o sentido existir um «pulmão da
cidade» no centro, ligado por corredores
verdes e vias, ramificadas à periferia. Este
espaço de supra-centralidade assumida
na cidade ao ser inteiramente público e
aberto, onde todos podem sentir-se parte
da cidade, expressarem-se e relaxar,
proporcionará uma boa vibração mental
no cidadão, transmitindo sentimentos
valorizadores e consequentemente a
cidade será mais valorizada, passando o
seu centro e centros intencionais a
estarem focados no bem estar da Caminho – Monsanto – direcção a cidade Lisboa
fonte/autor @
comunidade e não num centro específico
de poder, que desvalorize os outros
interesses comunitários.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 157


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A atmosfera rejuvenescedora e Disposição Psico-energética da Urbe

saudável do centro emanará sob forma


material e energética, através do oxigénio
das plantas e das vibrações psico-
energéticas, produzindo uma onda
vibratória pacificadora por toda a cidade.
Será simultaneamente «o coração da
cidade», onde os amantes se encontrarão,
onde as pessoas virão fazer desporto,
obter cultura ou simplesmente meditar
positivamente, onde as crianças terão
condições para brincar e aprender, onde
os jovens poderão praticar suas aventuras
e desportos radicais, onde os mais velhos
possam dançar, contar histórias aos mais
novos, onde os desafortunados se sintam Actividades de lazer – Serafina – Parque de Monsanto
fonte/autor @
cidadãos e sejam incentivados desde logo
a mudar as suas vidas, onde existam
festas e eventos importantes e boas
vibrações de prosperidade, enfim, onde
uma infinidade de acontecimentos
saudáveis para a comunidade aconteçam
e sejam estimulados facilmente.
A força do centro se espalhará para
periferia através dos canais de ligação e
dos elementos urbanos, marcos
simbólicos, equipamentos, vias, canais,
entre outros, criando uma relação forte
com todos os pontos da cidade. Ao
criarmos elementos urbanos com
linguagem e estética relacionável com
centro urbano, o cidadão, sem mesmo dar Instalação Urbana
por isso, criará um paralelismo mental fonte/autor: Gustafson Porter @

com o centro mãe da cidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 158


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O centro deste núcleo, que pode ser Disposição Psico-energética da Urbe

em parte formado por um parque e praças


públicas, rodeado pelos serviços referidos
e pelo «pulmão da cidade», é
essencialmente um mega-espaço de
contemplação. Calmo por natureza,
emanará essa paz para toda a cidade.
Portanto, deverá ter mesmo algumas
zonas de silêncio profundo, convidando os
seus cidadãos à criação de pensamentos
e meditações positivas, recebendo e
espalhando vibrações saudáveis. Esboço do Núcleo Mãe e sua reflexão urbana Periférica
Cidade UT
Este silêncio poderá ser quebrado para
fonte/autor T. L.
eventos comemorativos, feiras, concertos,
entre outros, mas sempre com o intuito de
promover vibrações positivas para o bem-
estar de todos.
Não é portanto, usando uma expressão
comum, um lugar para «conversa de
café», com vibrações mentais e ruídos por
vezes melindrosos, nem um lugar dado a
um fluxo desenfreado, mercantilista,
materialista, sem grande ordem de valores
humanos. O centro nevrálgico vive em
cumplicidade com os equipamentos mais
importantes para a sociedade, cabe ao
próprio cidadão interagir com os seus
espaços «semi-desertos». Em todos os Actividades Humanizantes – Espírito Colectivo
seus espaços estarão escritas palavras de fonte/autor @

incentivo e simbologias a quem o visite,


com o objectivo de intuir as pessoas a
darem os bons dias e a terem
pensamentos e atitudes saudáveis,
promovendo o respeito mútuo entre
cidadão e cidade e o seu sentido de
serviço.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 159


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A cidade modelo caracteriza-se Disposição Psico-energética da Urbe

portanto por uma zona central geradora


de bem-estar social e desenvolvimento do
cidadão e do colectivo em harmonia com
o planeta e a sociedade, uma 1ª periferia
geradora de repouso, aprendizagem,
alimento e crescimento do cidadão e
família em harmonia com a visão da
cidade, e uma segunda periferia dedicada
à produção, estudo e investigação, Perspectiva da Cidade UT
desenvolvimento social e educacional em fonte/autor T. L.

harmonia com a biosfera envolvente.


A dita força atómica do centro é
amplificável nas periferias através de
elementos especialmente pensados para
o efeito. Por exemplo, poder-se-á usar
elementos escultóricos em rotundas ou
outros sítios estratégicos, com linguagem
estética e simbólica, transmissora de
valores positivos e relacionados com o
centro da cidade.

As cidades do futuro serão


tecnologicamente inteligentes, e um dia,
biónicas, capazes de se auto-
alimentarem. Nessa fase, se o ser
humano não tiver criado valores entre si e
a cidade continuar com a mesma orgânica
Torre Biónica – Hong Kong
urbana contemporânea, o homem passará
fonte/autor @
a ser mais uma máquina controlada por
um super sistema de ordem pública,
vivendo num estado de ataraxia social.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 160


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No entanto, a favor da variedade e Disposição Psico-energética da Urbe

personificação de cada zona, eles


deverão ter também uma «linguagem»
própria, representando assim a zona em
que se encontram, servindo de marcos
orientadores, nunca esquecendo uma
simbologia de carácter positivo para o
cidadão, criando assim uma dupla
dicotomia entre centro e cidade e as suas
variantes periféricas.
Nas cidades contemporâneas os
edifícios crescem em altura conforme a Competição pelas «alturas» – Arranha-céus
fonte/autor @
especulação imobiliária avança para os
centros da cidade, hoje ditados pelo poder
económico das grandes empresas. Esta
concorrência entre si pelo ponto mais alto
no céu, apoiados na política global
competitiva, afirmando o seu poder
empresarial através da imponência dos
edifícios é sem dúvida uma intenção, uma
força atómica e psíquica fomentando a
competição e o elitismo. Todas estas
cidades vivem segundo uma frequência
cinética da maximização do materialismo
e do lucro sobre todos os outros factores
sociais.
Psico-energeticamente é difícil criar
uma sociedade justa num ambiente
arquitectónico condicionante da vida na
cidade, sem capacidade de transmissão Pintura – Ambiente urbano
fonte/autor @
de valores humanos, fomentando o
carácter individualista e autista.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 161


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Essa energia emanará sobre todo o Disposição Psico-energética da Urbe

centro e sobre todo o espaço urbano,


disciplinado por vias estranguladas entre
arranha-céus, facilitando os problemas
actuais das cidades de hoje, baseados
sobretudo na falta de ética e valores
humanos.
O que queremos do centro da cidade é
exactamente o oposto, um espaço
harmónico de bem-estar comunitário que
se propague para o resto da cidade sem
barreiras urbanas que o concentrem, com
soluções urbanas que amplifiquem a
união com a periferia.
Os materiais usados, as atmosferas
espaciais urbanas, o sistema político-
social, tudo são linguagens, que se
influenciam mutuamente.
Os prédios e arranha-céus, numa Ambiente clausura – edifícios altos
fonte/autor @
perspectiva atómica, na realidade são 1%
matéria e 99% campo não material. Este
campo que em física quântica não passa
de probabilidades, é influenciável pelas
vibrações e é o responsável por dar forma
atómica aos 1% que falamos.
Ao criarmos campos mentais de
clausura, stress e competição em blocos
de edifícios, estamos a criar autênticos
radiadores de frequências negativas para
a cidade.
Portanto, no contexto urbanístico não
Perspectiva do bairro Nº2 e núcleo Periférico (pequena-
será a meu ver saudável a criação de média densidade)

edifícios muito altos de escritórios, salvo Cidade UT


fonte/autor T. L.
excepções justificadas, em que as suas
funções sejam no seu todo benéficas e
suas vibrações positivas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 162


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O mesmo deve acontecer em edifícios Disposição Psico-energética da Urbe

de pequena altura, pelo que, um edifício


―dominador‖ é sempre mais vibratório.
Do ponto de vista do transporte aéreo
no futuro, os edifícios altos também não
respondem tão bem a esta solução,
criando barreiras físicas, formas de
elevação e aterragem mais complexas.
O edificado deverá ser dinâmico,
mutável e bio-climático, como já foi
referido, com capacidade de crescer ou
diminuir e de mudar tipologias e funções,
produzindo uma cidade com mais
soluções, em harmonia com o
ecossistema que andamos a perder,
propícia às relações sociais, com vias
bem dimensionadas, capaz de
melhoramentos diários que vão ao Utopia – Eco-Urbanismo
fonte/autor @
encontro do cidadão.
A cidade não está isolada do mundo,
convém estar aberta às boas vibrações do
exterior. Terá que marcar a diferença, com
carácter inovador e promover boas
ligações às outras cidades para bons
intercâmbios. Dar às suas portas
periféricas: aeroportos, estações, portos,
auto-estradas de ligação, espaços e
equipamentos geradores de uma
ambiência promissora e hospitaleira para
quem chega ou parte de viagem.
Actualmente existem alguns exemplos
Vitrina – Mensagens Valorativas
formais com esta postura urbana, que
fonte/autor @
funciona pondo notas de boas vindas no
passeio, praças públicas e zonas de
recepção ou qualquer outro sítio
pertinente.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 163


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Outra atitude positiva passaria pelo uso Disposição Psico-energética da Urbe

de vegetação das várias partes do mundo


em espaços internos e externos destas
estruturas urbanas, corpos de informação
turística com ambiência acolhedora. Por
exemplo, um posto de informação turística
poderá ter a forma de um planetário com a
representação do mundo e da cidade; o
turista ao chegar vê o seu país e cidade
representados no tecto, o que cria uma
espécie de sentimento de que fazem
todos parte da mesma comunidade
planetária. Os transportes públicos devem
ser também elementos dinamizadores e
reconfortantes.
Um transporte com grande impacto
urbano é o teleférico, que transformado
num transporte táxi versátil com liberdade
de deslocação seria muito útil e o seu Pintura fachada – Jesus Além
“Arte Urbana”
impacto visual poderá ser usado como
fonte/autor @
elemento positivo de «linguagem» e para
divulgação de informação na cidade. As
pessoas gozariam de um serviço de
transporte personalizado e de uma vista
panorâmica sobre a cidade; criando uma
empatia visual da cidade com o utilizador.
Os ideais da cidade e representações
de «boa sorte para os viajantes» deverão
reflectir-se na arte urbana e na
arquitectura dos edifícios.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 164


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os Serviços de Saúde actuais, na Disposição Psico-energética da Urbe

maioria, ainda nem sequer denotam a


preocupação ergonómica funcional de O gasto acrescido em infra-estruturas
Alvar Aalto. Os novos hospitais terão que nesses edifícios é recompensado por
ter uma atmosfera de cura e de paz. melhores resultados ao nível da saúde da
O stress é responsável pelo insucesso comunidade e por uma utilização
da saúde, e os hospitais hoje em dia inteligente das soluções, usando os
caracterizam-se por edifícios altos e espelhos de água para arrefecer ou
fechados, com poucas referências aquecer o edifício e plantas e animais
ambientais relaxantes, retardando a força para a produção de remédios e até para
vibratória dos processos de cura. tornar a água potável.
No aspecto urbano e arquitectónico
dever-se-á ter atenção ao contexto físico
criado. Por exemplo, a relação espacial do
elemento água, relaciona simbolicamente
os espaços com o elemento chave da vida
na terra. Arquitectar cursos de água, ou
mesmo criar espaços de inspiração
arquitectónica com este elemento,
proporcionará uma energia vibratória de
limpeza e rejuvenescimento molecular. Ambiente – Energia Curativa
fonte/autor @
Por exemplo, um doente numa cama num
quarto iluminado essencialmente por luz
natural controlada e com uma das
fachadas virada para um espelho de água
com peixes e plantas e um meio verde,
vendo plantas medicinais a crescer e a
vida a evoluir, juntamente com um
acompanhamento humano saudável,
obtém um ambiente mais propício à cura,
recebendo constantes estímulos e
Ambiente – Relaxamento – Cura
vibrações rejuvenescedoras. fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 165


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os serviços desportivos, saúde, Disposição Psico-energética da Urbe

culturais e espirituais ao deterem bons


acessos, transmitem uma boa ligação Estes serviços «nucleares» estarão
física com a comunidade caso sejam dispostos de forma a não valorizar em
apelativos ao bem-estar social. demasia um serviço em detrimento de
Muitos serviços públicos influenciam outro; criando um conceito vibratório de
indirectamente a saúde do cidadão, por tolerância, igualdade e aceitação social,
isso apelo mais uma vez aos contextos oposta ao praticado actualmente, onde
urbanos usados, sempre a favor de uma cada entidade pública ou privada no seu
arquitectura e envolvente território tenta sobressair em relação às
rejuvenescedora. Estes serviços estarão outras, isolando-se como «força urbana».
nos vários núcleos nevrálgicos da O facto de estes serviços estarem no
comunidade, levando os utilizadores a centro das atenções da cidade já é
usufruir novos lugares, característicos de suficientemente valorizador, a sua
cada distrito ou zona, permeando a cidade interacção terá de ser pacificadora
como um todo. concentrando os objectivos no bem-estar
Apesar da centralidade pretendida para comum, seja ele espiritual, cultural,
os serviços mais representativos no desportivo ou lazer, todos contribuem para
«centro mãe» da cidade, visitantes e o desenvolvimento do homem e devem
cidadãos deverão ser estimulados a visitar ser usados conforme a vontade voluntária
diferentes núcleos da cidade, aumentando de cada cidadão.
a vibração atómica de apreço pela cidade, O centro mãe da cidade representa o
preservando-a de certa forma. ideal da cidade pela sua intenção de unir
A maximização pretendida para os a comunidade, vibração reflectida na
equipamentos, que podem em muitos ligação harmónica e científica segundo as
casos ter multiusos, gerará um fluxo leis da natureza, cósmicas e planetárias.
harmónico entre as várias actividades: O cidadão saberá que os seus
artes, exposições, desporto, convívio, pensamentos positivos dentro daquele
cultura, que pode contribuir para um núcleo comunitário contribuem para o
sentimento de abertura socio-cultural no desenvolvimento da cidade. As
colectivo. actividades deverão ser desenvolvidas
Os serviços culturais, desportivos e com este sentido no espaço central
espirituais, estarão distribuídos segundo constantemente, com monitorização de
os seus temas e funcionalidades, resultados, o que permitirá no futuro criar
cientificamente estudados para o novas iniciativas cada vez mais eficazes
equilíbrio harmónico entre todos. para a produção de boas vibrações.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 166


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os Serviços de Governo da cidade são Disposição Psico-energética da Urbe

responsáveis pela manutenção, protecção


e planeamento da cidade. Poderão estar
acoplados ao centro através das vias
principais, mas proponho a sua
localização num núcleo periférico de
serviços; com uma referência urbana
visual elevada e visível, tal como um «pai
de família que toma conta dos filhos»,
mostrando-se atentos ao que se passa na
comunidade, mas deixando-a crescer por
ela própria.
Os responsáveis máximos da cidade
poderão discutir o futuro dela olhando-a
directamente. Os edifícios dos serviços
CPC (corpo de protecção da Exemplo para o edifico de Governo – Wave Tower –
Dubai
comunidade), também merecem a mesma
fonte/autor @
conotação urbana, vigiando a cidade dos
seus vários perigos, produzindo vibrações
de zelo e segurança pela envolvente.
Estes edifícios estarão mais expostos
portanto, mais aptos a receber as boas
vibrações da cidade e a reflectir as
mesmas vibrações de volta como uma
«antena» urbana.
Existe aqui então uma justificação para
edifícios altos, que poderão ser também
miradouros turísticos e marcar
urbanisticamente os núcleos da cidade.
Instalar os edifícios governamentais no
centro talvez não fosse maligno, já que
Emanação de energia solar – Exposição da terra –
encaixa estaria em sintonia com os outros Campos Energéticos
de serviços comunitários, existem no fonte/autor @

entanto vantagens, para além das já ditas


em instalar o governo mais à porta da
cidade do que no seu centro.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 167


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Faz todo o sentido que os serviços do Disposição Psico-energética da Urbe

Governo da Cidade interajam de forma


mais directa com os pólos universitários,
os sectores de produção e transporte, não
sobrecarregando o centro da cidade com
serviços de carácter laboral.
O serviço de Justiça pode-se equiparar
aos serviços governamentais da cidade. A
sua funcionalidade é zelar pelo bem da
comunidade, pelos direitos e deveres do
cidadão. A sua conotação de «peso» de
imagem de ordem cega deve ser evitado
urbanisticamente, pelo que pode ser um
equipamento que faça parceria urbana
Fachada Inter-activa -Greenpix – Pequim – China
com os serviços do estado como os fonte/autor @

serviços CPC(s) e governamentais.


Um edifício público com estes vários
serviços, CPC, tribunal, «loja do cidadão»,
centro de saúde, entre outros serviços
úteis, justifica-se por facilitar o
funcionamento da polícia, dos serviços de
saúde, de justiça e de cidadania, visto os
problemas e as ocorrências nestas áreas
estarem muitas vezes interligadas. O seu
carácter de alerta pressupõe uma
arquitectura e estrutura urbana vigilante e
translúcida, com fachadas dinâmicas e
iluminadas, que permitam expor
informações úteis sobre acontecimentos
da cidade. Deverão ter uma ligação viária
versátil às zonas públicas com grande
afluência de pessoas: parques urbanos,
escolas, transportes e outros, o que Arquitectura com Transparência – Mediateca de Sendai
fonte/autor @
encaixa perfeitamente com a política
desenvolvida para os núcleos da cidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 168


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No contexto universitário a socialização Disposição Psico-energética da Urbe

de estudantes de várias matérias


diferentes é pertinente para o bom Os pólos universitários produzirão uma
desenvolvimento social. As rivalidades relação vibratória com os espaços de
entre áreas profissionais mais facilmente trabalho, usando uma «linguagem»
acontecem por distanciamento ou por uma espacial representativa dos locais de
diferenciação de classes. Isto implica a produção para os quais os alunos se
criação de poucos pólos universitários, estão a profissionalizar. Usando
maximizando os serviços de apoio. Os elementos com a mesma linguagem, as
pólos Universitários deverão estar empresas/cooperativas de acolhimento
estrategicamente espalhados pela educativo, podem ainda reforçar essa
periferia da cidade, formando uma união psico-energética criando
triangulação de «saber», tal acto poderá «linguagens espaciais relacionadas com a
gerar vibrações atómicas de aprendizagem» e os pólos Universitários.
conhecimento, desenvolvendo também a
capacidade e maturidade intelectual dos
indivíduos da cidade.
Do ponto de vista estrutural, será
positivo a existência de elementos
arquitectónicos com um simbolismo
comum a todas as Universidades, mas
sem descartar a personalidade própria de
cada pólo. Marcos periféricos na cidade,
poderão ajudar nesta correlação psico-
espacial, promovendo a união e o
desenvolvimento do conhecimento em
toda a comunidade. O simbolismo
arquitectónico poderá exigir da
comunidade a criação de uma
«linguagem» própria que poderá ser
implantada em todos os serviços, locais
turísticos, terminais de transporte,
edifícios públicos, enfim, em todo o
espaço urbano considerado para o efeito.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 169


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Muitas sinergias poderão ser criadas Disposição Psico-energética da Urbe

com o intuito de produzir ondas


harmónicas de prosperidade e bem-estar
por toda a urbe.
Os materiais de carácter interactivo
podem ser usados em muitas situações e
equipamentos públicos. Por exemplo, uma
parede «camaleão» que muda consoante
o clima, o tema, o toque, estruturas
desmontáveis em alturas de bom tempo e
moldáveis e protectoras em períodos
adversos climáticamente. Estas
metamorfoses interagem com os
utilizadores e os espaços, física e
mentalmente, produzindo estímulos
sensoriais no utilizador que o convidam a
viver mais os espaços, por vezes
comunicando, fazendo-nos sentir que
somos parte da urbe e das influências que
Parede Interactiva
nos rodeiam. fonte/autor @
Todo o conhecimento implica
transformação de uma ideia noutra. A
vibração da natureza envolvente,
corredores verdes, parques verdes e
equipamentos bioclimáticos e ecológicos,
vias de acesso dentro da mesma filosofia
mutativa e de crescimento natural,
saudável e harmonioso, é um estímulo
importante também para o nosso próprio
Ambiente acolhedor – DragoFly Bilding
crescimento saudável como cidadãos. fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 170


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

3.5 - Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade

Expus algumas propostas


possivelmente inovadoras, mas o número
de soluções para uma urbe
intencionalmente ideal é tão vasto quanto
a nossa criatividade permitir. Existe uma
grande ligação entre a criatividade, a
ciência e o uso da força intencional para o
despertar intuitivo. O génio inexplicável
gerador de soluções científicas relatadas
por Einstein e muitos outros grandes
cientistas, nascidas a meio de um sonho, Utopia Universos paralelos – física Quântica
fonte/autor @
de um flash, de uma certeza de fé, supera
a racionalidade. A psico-energia explica
um pouco estes fenómenos. Penso que
ela é a descoberta do século XXI, embora
já faça parte de algumas filosofias,
conceitos e crenças ao longo da história.
Sem dúvida se usamos esta ferramenta
para o desenvolvimento e a busca da
verdade e para o bem da humanidade, de
forma séria, juntamente com os
Andinos – Rep. - Cidade Maya da Antiguidade
conhecimentos de hoje, conseguiremos fonte/autor @

realizar as melhores cidades jamais


construídas à face da terra.
Ao analisar as cidades e os conflitos
entre os povos, sabendo agora a
influência vibratória da intencionalidade,
seja ela espacial, simbólica ou mental,
percebemos facilmente que tipo de
desequilíbrios vibratórios desestabilizaram
as civilizações centradas mais no poder e
Cidade poderosa e Mítica da antiguidade – Babilónia –
na riqueza, por vezes desfavoráveis à
Soldados Americanos em frente às ruínas reconstruídas
comunidade, «secando» os pressupostos fonte/autor @

de sobrevivência em sociedade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 171


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O resultando culminou em tesouros Retrospectiva da Estrutura

históricos, artísticos e arqueológicos de Psico-Energética da Cidade

civilizações promissoras, mas que não


tiveram seguimento.
O acto simples de pegar numa vareta
de madeira com a mão provocando um
movimento involuntário para descobrir um
curso de água debaixo da terra é um
processo psico-energético, não existe
nenhuma troca «física-local» para produzir
tal vibração, para um céptico não passa
de uma coincidência feliz, mas na verdade
é um fenómeno de «não-localidade» de
Método milenar para encontrar água do subsolo
transmissão de dados.
fonte/autor @
A descoberta científica da psico-
energia acaba por dar alguma veracidade
a uma ciência milenar oriental chamada
«Feng Shui», os seus fundamentos
baseiam-se em parte no efeito impositivo
mental, ou seja, acreditar em algo, molda
a realidade em causa atomicamente; e
num segundo factor, ligado aos efeitos
provocados pelas energias elementares
da natureza, resultantes das
características dos materiais, da forma, da
cor, da composição espacial dos
elementos. Quem conseguir compreender
o verdadeiro funcionamento do «Feng
Shui» criado para a arquitectura,
independentemente do que já foi escrito
sobre o assunto, poderá realmente usá-lo Quadro/Bussola Baguá usado no Feng Shui
fonte/autor @
no seu acto criativo para criar estruturas
urbanas realmente propícias ao bom
desenvolvimento social.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 172


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O principio é simples, é um facto que Retrospectiva da Estrutura

se criarmos, na sala de espera de um Psico-Energética da Cidade

hospital, uma ambiência com imagens


positivas e saudáveis e uma disposição
ergonómica do espaço favorável ao
entendimento entre pessoas, obtemos
melhores resultados (atitudes perante a
doença, disposição mental, sentimentos
de bem estar…) nos doentes que
esperam para ser atendidos. Isto, de
resto, não é nada de novo no mundo
académico e científico.

A ciência psico-energética, o poder da


Estadio e Centro de Natação Nacional – Pequim –
intenção, poderão, no futuro, vir a ser até Construido segundo conceitos de Feng Shui
uma disciplina escolar e os seus frutos fonte/autor @

criarão uma nova geração de homens


mais conscientes da responsablidade do
pensamento e das emoções. As pessoas,
alunos e cidadãos comuns, poderiam ser
convidados e educados a transmitir boas
vibrações psíquicas em lugares propícios
para a cidade, como na praça central do
núcleo mãe, criada para esse fim.
Poderiamos mesmo propôr uma
meditação conjunta a favor de bons
resultados em áreas específicas, para que
flua energia psico-energética que facilite o Meditação - Yoga pela Paz - 2007
fonte/autor @
surgimento de ideias, projectos para a
cidade, saúde, prosperidade, entre outros.
Este método parece estranho e pouco
eficaz, mas a ciência tem vindo a provar o
contrário.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 173


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Em Washington, numa experiência Retrospectiva da Estrutura

repetida diversas vezes pelo FBI, juntaram Psico-Energética da Cidade

várias pessoas para meditarem a favor da


redução da criminalidade para 30%. A
polícia local ridicularisou a experiência
dizendo que isso seria impossível.
Passados os meses previstos da
experiência colectiva a criminalidade caíu
mesmo 30% em relação ao que estava
previsto!
Este tipo de experiências meditativas
têm vindo a acontecer pelo mundo fora,
motivadas por associações que praticam
meditação, empenhadas em provar FBI Estudo – Meditação para baixar a criminalidade –
Washington – (a linha de cima representa a linha prevista
cientificamente o poder psico-energético
e a linha debaixo a que realmente aconteceu, fugindo
do colectivo. muito às previsões)
Tudo e todos detêm informação psico- fonte/autor @

energética: um jardim acalma-nos, um


beco sujo perturba-nos, um sorriso sugere
alegria e um grito cria apreensão.
Uma cidade Neo-humanista procura o
melhor do ser humano, só possível se
acreditarmos nela, se cada rua, parque ou
estrutura emanar esta vontade e se nós
desejarmos e emanarmos no mesmo
sentido. No fundo, grande parte dos
cidadãos vivem com níveis depressão
preocupantes, porque nem a cidade e
nem o cidadão emanam forças psico-
Energias Urbanas
energéticas favoráveis à vida em fonte/autor: Pintura Perez Ingusta @

comunidade, próspera e feliz.


Não basta no entanto acreditar no
conceito utópico de cidade «feliz», como é
o caso de Auroville na Índia.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 174


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Temos que agir a favor dos Retrospectiva da Estrutura

pressupostos urbanísticos em todas as Psico-Energética da Cidade

direcções para nos expandirmos


realmente como cidade ideal. É
importante percebermos o factor poderoso
da energia psico-energética ou senão
corremos o risco desta «ferramenta» ser
usada somente para interesses de elites e
de particulares. Estas entidades, com
objectivos pouco éticos, manipulam o
nosso mundo global competitivo, através
do marketing e dos «média», para fins
Marketing Urbano – Publicidade impositiva
políticos, comerciais e de poder.
fonte/autor @
Quem quiser reflectir sobre os
acontecimentos mundiais inconcebíveis
para seres humanos ditos civilizados,
percebe como a força da intenção de um
punhado de líderes com intenções
constrangedoras, tal como Adolf Hitler,
minaram e minam a comunidade com
medos e ódios, sem sequer por os pés na
guerra.
Tal seria impossível de acontecer num
Adof Hitler – Campanha pelo poder Nazi
governo Neo-humanista, numa sociedade fonte/autor @
unida civilizada, crente nas soluções
pacíficas e na sua capacidade psico-
energética de entendimento com todos os
povos e culturas.
Não nos apercebemos, mas o poder da
intenção está a ser constantemente usado
em todos os campos das nossas vidas,
nomeadamente por elites sem grandes
interesses colectivos, como já foi
explicado, apoiados nalguns
Pirâmide da Gestão Social das elites “imperialistas”
departamentos científicos criados para fonte/autor @
estudar a melhor forma de nos manipular.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 175


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A intenção psíquica levada a uma Retrospectiva da Estrutura

potência elevada é capaz até de alterar a Psico-Energética da Cidade

própria matéria como foi referido nas


experiências científicas. Quando um vidro
estilhaça perante uma pessoa
extremamente irritada, a razão poderá ser
uma corrente de ar húmido ou poderá ser
mesmo da vibração psíquica da pessoa
em causa.
Seguindo numa direcção utópica, esta
energia que tanto influencia a realidade e
que surge através de símbolos, palavras,
CERN – “Coração” do acelerador Internacional de
números, pensamentos, propriedades dos
partículas Quânticas
materiais, cores, sentimentos, capaz de fonte/autor @

ultrapassar e influenciar qualquer átomo


ou partícula, será por fim analisada
abertamente e posta ao serviço da
comunidade e do colectivo.
A sua integração urbano-social será
feita ao nível arquitectónico nas estruturas
e espaços tendo em conta a morfologia
dos terrenos e dos recursos, tais como os
cursos de água, a biodiversidade, tipos de
rocha e de solo, ventos e características
climáticas, entre outros elementos da
natureza. Será feita também ao nível da
educação escolar e cívica, fomentando
boas influências psico-energéticas sociais
no governo, na cultura, no comércio, na
comunicação, enfim, em todas as áreas
Ondas de cores segundo padrões energéticos
do ser humano, impondo a visão neo- fonte/autor @
humanista pretendida para a cidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 176


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Devido às novas descobertas no Retrospectiva da Estrutura

campo da mente, as quais serão o modelo Psico-Energética da Cidade

de pensamento futuro do ser humano, os


cidadãos terão consciência holística dos
seus actos, mesmo que não tenham
crenças espirituais, usando uma
perspectiva puramente científica. Em
última instância, poder-se-á dizer que
existe um voltar cultural para a vertente
socio-cósmica do ser humano, mas desta
vez através da lógica e não através da fé.
A Espiritualidade tornar-se-á cada vez
mais numa disciplina, sujeita a um
acompanhamento académico envolvendo Motivação Colectiva: Auto-estima
fonte/autor @
as várias ciências.
É mesmo justo afirmar que as religiões,
tal como as conhecemos hoje, irão
desaparecer e reaparecer de forma mais
unida, com outros nomes, evitando os
erros do passado, com necessidade de
serem apoiadas pela ciência para o
profundo entendimento das suas forças e
simbologias.
Várias forças de construção espacial
da cidade poder-se-ão desenvolver, com a
ajuda dos futuros departamentos urbanos,
estes apoiados por um bom grupo de
responsáveis criativos, das mais variadas
áreas e ciências, para o desenvolvimento
Quadro – relação entre:
melhorado, diário, acertivo e ético da urbe Crenças – Conhecimento – Verdade
e da sociedade. fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 177


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4 - BASE BIO-TECNOLÓGICA

4.1 – Introdução

A tecnologia desenvolve-se graças a


investimentos económicos avolumados
vindos de todos nós com o compromisso
social de melhorar o nosso modo de vida.
A ciência existe para o bem da Dependência Tecnológica – trabalho sectário intensivo
fonte/autor @
Humanidade. O que se verifica
actualmente neste campo é perverso; o
seu uso tem levado à destruição do
ecossistema em todo o planeta e grande
parte da população vive escrava da
tecnologia, cada vez mais dependente
dela para subsistir. Teoricamente não
deveríamos depender dela mas sim usá-la
simplesmente para melhorar as nossas
vidas.
Põe-se a questão, será possível tal
feito? Existem sistemas de habitação e de
cidades bioclimáticos que sobreviveram
durante milhares de anos sem grandes
tecnologias nem grande necessidade de
mudanças estruturais. Os melhores
exemplos bioclimáticos estão
exactamente na antiguidade e não nas
tecnologias de hoje. Podemos juntar o
melhor destas duas fontes de sabedoria e
criar uma cidade realmente sustentável e Jardins Suspensos - antigo Exipto
fonte/autor @
futurista.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 178


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Na verdade, as tecnologias de hoje Soluções Bio-tecnológicas Urbanas

permitem feitos incríveis, impossíveis de


ignorar. Aproximamo-nos cada vez mais
de uma cidade realmente biónica, em que
cada casa poderá produzir a sua própria
energia, capaz de auto-manutenção, sem
esforço humano.
Usar os recursos de outras
comunidades torna-nos mais dependentes
do exterior. Se bem que é positivo fazer
trocas externas, deve-se no entanto não Cosntrução moderna em Adobe – técnica Milenar –

depender delas para garantir a matéria prima local


fonte/autor @
sustentablidade da cidade.
Mesmo hoje em dia, as pessoas vivem
enganadas em relação ao conceito de
sustentabilidade, na verdade uma casa
bioclimática bem construída, em Lisboa,
não precisa de ar condicionado nem de
paredes cheias de isolamento térmico,
basta o recurso a materiais e soluções
amigas do ambiente usando basicamente
Casa bioclimática construida com barro – materiais
materiais locais. locais – uso de técnica milenar
Encher as paredes com placas cada fonte/autor @

vez mais grossas de poliestireno, de


eficiência temporal a médio prazo e com
uma produção e transporte dispendiosos,
produz um desgaste energético na fase
industrial de produção, com repercursões
no ecossistema, apesar de conseguir
diminuir o consumo energético das
habitações. Uma estrutura bioclimática
tem outras vantangens porque, além de
conferir a mesma qualidade e conforto
habitacional, não dispende energia Casa bioclimática de pedra – materiais locais
industrial nem uma manuntenção fonte/autor @

dispendiosa.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 179


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Uma arquitectura que tolere soluções Soluções Bio-tecnológicas Urbanas

orgânicas permite diminur o impacto


urbano sobre a biosfera. Por exemplo,
uma horta pode servir também de tapete
orgânico térmico-acústico para o terraço
de uma habitação, ou os tanques dos
pátios das habitações, além de criarem
um microclima agradável nas habitações
podem servir para a criação de alimentos.
As casas ditas «inteligentes», com um
computador para gerir a sua atmosfera de
conforto interno, não passam muitas Casa domótica – Casa Inteligente – Sistema climático
vezes de casas normais auxiliadas por compturizado @

vários equipamentos dispendiosos que


pouco aproveitam as potencialidades do
eco-sistema, até, pelo contrário, isolam a
casa do eco-sistema. Defendo mais as
soluções «inteligentes» para gerir serviços
e transportes dependentes dos
computadores.
Uma casa utópica ideal não precisará
de ordens para dar conforto ao seu
utilizador, não digo para igonarmos as
potencialidades informáticas e
Crescimento da estrutura – TreeHouse
tecnológicas, mas sim para fugir à visão
futurista de que a casa deve ser um robot,
sem nada de novo em relação à visão dos
movimentos urbanos do século passado,
prontos a criar um esteriotipo de casa
para ser usada em qualquer parte do
mundo.
Na verdade, é bom podermos interagir
com a nossa casa, carregar num botão e
ter a casa limpa, mas as características Moradia - TreeHouse- Eco arquitectura
fonte/autor: Portal inhabitat -Mitchell Joachim, Lara
locais e culturais devem ser respeitadas e
Greden, Javier Arbona @
aproveitadas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 180


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

No futuro existirão materiais Soluções Bio-tecnológicas Urbanas

inteligentes, capazes de mudar de forma,


micro-estrutruras e células vivas
programadas para o que nós
entendermos. Hoje em dia a inovação
surge em materiais que não se sujam nem
se molham com a chuva afastando as
gotículas de água, tintas fotovoltaicas que
absorvem electricidade como paineis
solares, ligas carbónicas mais resistentes
que o aço, vidros que alteram a sua
pigmentação conforme a intensidade da
luz, estruturas de betão com fibras ópticas
que deixam passar a luz, coberturas e
Tecido – Cerâmico
paredes que armazenam a água das fonte/autor @

chuvas e a purificam através dos fotões


do sol, enfim, um infindável leque de
soluções para os edifícios. Todas as
soluções são úteis, desde que sejam
organizadas segundo o objectivo
bioclimático pretendido e em
conformidade com o eco-sistema e
características locais.
Devemos optar por recursos orgânicos
que sejam reproduzíveis e recicláveis.
Podemos produzir óleos, vários tipos
de fibras, compostos de madeira e
resinas, produtos químicos, remédios,
borrachas, peles e tecidos passíveis de
serem produzidos em qualquer território
fértil. Por exemplo, a bananeira, além de
dar bananas, a casca da sua árvore
fornece uma fibra, muito resistente, Concreto Translúcido com fibra óptica

facilmente aplicável na indústria fonte/autor @

automóvel, entre outras.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 181


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Acredito que surgirão materiais Soluções Bio-tecnológicas Urbanas

orgânicos capazes de substituir certos


minérios, alguns deles com propriedades
condutoras de electricidade. Alguns
metais, no entanto, não são problema
num futuro próximo, graças ao seu nível
de reciclagem. O Aço, por exemplo, é
100% reciclável e a sua produção através
da reciclagem é muito mais versátil e
barata que a sua extracção no estado
bruto. A eco-política não descarta a
necessidade de análise dos recursos
minerais nas zonas de influência da
Recursos Geológicos
cidade, para minimizar o impacto fonte/autor @
ambiental e conseguir o melhor emprego
dos mesmos. A gestão dos recursos deve
ser conjunta entre o sector orgânico e
mineral. Por exemplo, uma pedreira
poderá dar lugar a uma plantação ou a um
tanque de criação de peixes.
Para minimizar a dependência externa
da cidade são necessárias, a meu ver,
quatro iniciativas: métodos de construção
segundo matérias-primas locais com
Biodiversidade – cadeia alimentar – recurso Natural
soluções bioclimáticas «amigas» do
fonte/autor @
ambiente, criação auto-sustentável de
produtos alimentares respeitando as
características da fauna e da flora e a
reciclagem eco-sustentável.
Uma cidade debaixo de água terá
soluções radicalmente diferentes de uma
cidade no topo da montanha; no entanto
as bases para a sustentablidade serão
sempre, a meu ver, a maximização dos
recursos de forma sustentável e
Recurso prioritário – Água
bioclimática.
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 182


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.2 – Políticas Sustentáveis

A carta das Cidades Europeias para a Sustentabilidade, aprovada pelos participantes na


Conferência Europeia sobre cidades sustentáveis, realizada em Aalborg, Dinamarca, em
1994, dá-nos o conceito de desenvolvimento sustentável baseado no capital da natureza,
com o objectivo de alcançar a justiça social, economias sustentáveis e sustentabilidade
ambiental. Resumindo, a sustentabilidade exige um consumo controlado dos recursos
renováveis e não renováveis de forma a não exceder a capacidade de reposição e
desenvolvimento dos recursos renováveis. A taxa de emissão de poluentes não pode ser
superior à capacidade de absorção e transformação, por parte do ar, da água e do solo,
tendo em conta a preservação da biodiversidade, da saúde humana e da qualidade do ar,
da água e do solo.
A política de sustentabilidade passa por investir na conservação do capital natural, na
eficiência energética e na equidade social. ―A desigualdade das riquezas está na origem de
comportamentos insustentáveis, tornando a evolução mais difícil. Nós pretendemos integrar na
protecção ambiental as necessidades sociais básicas das populações, bem como programas de acção
sanitária, de emprego e habitação” (…), seguindo a política de desenvolvimento dos Planos
Locais da Agenda 21, aprovado na Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro, onde incita à
colaboração de todos os parceiros das comunidades – cidadãos, empresários e grupos de
interesses.
Um esquema reconhecido de sustentabilidade, exprime o paradigma da ecologia, no
sentido em que tudo está relacionado entre si, (Barry Commoner, 1917-, EUA, biólogo). Eco-
sistema é um ciclo de vida em constante renovação:

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 183


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.3 – Tecnologias Sustentáveis - Exemplos

4.3.1 - Reactor nuclear modificado – Criar combustível através do ar/água

O ar e a água contêm o hidrogénio e o


carbono, os constituintes da gasolina. Assim
porque não juntá-los de novo para fazer
combustível? Um projecto dos cientistas no
laboratório nacional de Los Alamos transforma
o dióxido de carbono em um recurso
reutilizável usando plataformas nucleares.
Enquanto o ar entra na torre do reactor
refrigerado, é filtrado através de uma solução
de carbonato de potássio, que captura 95 por
Ciclo de produção de Combustível
cento do dióxido de carbono dando forma a
fonte/autor @
uma solução do bicarbonato: soda, mais ou
menos de ―baking‖.

Uma bateria electrolítica transforma o


bicarbonato em 100 por cento de CO2. Para a
produção de hidrogénio, o reactor nuclear está
gerando já a electricidade, e alguma dela
serve para gerar a electrólise para separar o
hidrogénio da água. Finalmente, os processos
catalisadores combinam o hidrogénio e o
carbono no combustível do metano, da
gasolina ou de gás, tudo sem emissões
tóxicas. Os investigadores estimam que um
reactor é capaz de produzir 8.600 toneladas
do CO2 por dia, bastante para encher 17.000
tanques de gás, num projecto com seis torres
refrigeradas juntamente com 90 baterias.

Desvantagens – O processo necessita


preços de gás economicamente justificáveis, o Combustível Fóssil
gás novo custaria à volta de 3€ por galão (3,7
litros).

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 184


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.3.2 - Desperdícios geram Biogás Tecnologias Sustentáveis Exemplos


Reciclado

Warren Weisman, um consultor que dirige


a Cooperativa de Oregon Biogás, criou num
projecto-piloto o primeiro biogás para os
autocarros produzido através do tratamento de
águas residuais em Eugene, no estado de
Oregon. Weisman acredita, juntando como
suplemento a recolha de lixos orgânicos e os
desperdícios dos restaurantes, que são
capazes de eventualmente alimentar os
autocarros públicos de toda a cidade. Não
teria a capacidade de biogás para alimentar Formas de produzir Bio-metano
fonte/autor @
todos os carros da cidade, mas poderia
substituir o gasóleo mais poluente com que se
abastece o transporte pesado e, ao contrário
do gás natural extraído dos poços profundos, o
biogás não produz as emissões de estufa
nocivas para atmosfera, porque não liberta o
carbono preso nos depósitos fósseis.
O biogás é criado por digestão anaeróbica
num processo em que as bactérias
Central de Produção de Biogás
«fermentam» debaixo do desperdício orgânico
fonte/autor @
na ausência do oxigénio. O sulfito do
hidrogénio e o dióxido de carbono são
removidos do biogás, e o gás natural restante
(na maior parte metano) é comprimido.
Algumas cidades na Suíça, em França, em
Espanha e na Islândia estão criando já os
seus sistemas de aproveitamento de biogás.
Na Suécia, a frota inteira de autocarros
funciona com biogás gerados dos materiais
orgânicos desperdiçados.

Desvantagens – Para ter um rendimento


elevado requer uma recolha numerosa e
tratada de desperdícios: águas residuais e lixo
Comboio movido a Biodiesel
orgânico. fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 185


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.3.3 - Reciclar a Urina dos Porcos Tecnologias Sustentáveis Exemplos

Bioplástico

Jes Thomsen presidente da Agroplast


afirma que a urina do porco é um artigo de
valor tão justo quanto o petróleo, o carvão e o
gás. Um produto químico produzido no fígado
do porco, ureia, pode ser reciclado de várias
maneiras: pode ser usado em estradas e nos
aviões para remover o gelo, na manufactura
de bioplásticos, em que a ureia pode substituir Porco – produtor de urina – plástico
o petróleo como agente. A companhia fonte/autor @

dinamarquesa começou a colectar 3.000 litros


de urina de porco por dia num projecto perto
de Copenhaga num esforço para reduzir
custos e conservar recursos.
Tipicamente, a urina do porco e os dejectos
são despejados em reservatórios e levados
em tanques de armazenamento que, por
vezes, derramam no transporte. Isto pode
conduzir a níveis perigosos de poluição do ar e
das águas do solo. O sistema de filtração da
Agroplast, colecta a urina ao mesmo ritmo que
o porco a produz, mantendo as pecuárias
limpas e livres de doenças. Ao contrário dos
sistemas sépticos convencionais, o
desperdício corre através de filtros que limpam Laboratório – Análise de Bioplásticos
fonte/autor @
o líquido removendo as partículas, a cor e o
odor. No fim do processo, a ureia está pronta
para ser reciclada para plástico, sabão, óleo
ou cremes.

Desvantagens – Uma placa plástica feita


de urina do porco deitada num descampado
terminará por liberar metano, produzindo gás
de estufa. Reciclar os bioplásticos pressupõe
um problema, porque a maioria das
companhias não estão, ainda, equipadas para
separar os bioplásticos do plástico regular e Ford Fusion – Interior feito todo em plástico reciclável
fonte/autor @
fazer a sua reciclagem.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 186


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.3.4 - Lixo electrónico transformado Tecnologias Sustentáveis Exemplos


em equipamento urbano

A equipa do Dr. Zhenming Xu, da


Universidade de Shangai, desenvolveu um
novo método de reciclagem que poderá
transformar os computadores de ontem, assim
como todo o tipo de aparelho electrónico, em
verdadeiros ―bancos digitais‖. Mas um tipo de
banco que não lembrará em nada a velocidade
que um dia foi a marca registada desses
equipamentos, que se tornam obsoletos muito Lixo Electrónico – Lixeira

rapidamente. fonte/autor @

Reciclagem das placas de circuito


impresso: embora os metais contidos nos
circuitos electrónicos, como cobre, alumínio, e
até ouro, já sejam reciclados, a maioria dos
materiais não-metálicos continua sendo
atirada para aterros sanitários. Só as placas
de circuito impresso correspondem a cerca de
3% de todo o lixo electrónico, em termos de
peso.

Os pesquisadores desenvolveram um
processo industrial para reciclar esses Lixo Electrónico – Placas

materiais não-metálicos, criando um material fonte/autor @

intermédio que pode ser utilizado para a


fabricação de bancos para parques e praças,
grelhas para esgotos e cercas. O material
também pode funcionar como um substituto
para a madeira e outros materiais estruturais,
já que ele é tão resistente quanto o concreto
armado, graças à presença das resinas e
outros materiais fibrosos que compõem as
placas de circuito impresso.

Banco com material reciclado electrónico


fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 187


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.3.5 - Casa auto-sustentável com Tecnologias Sustentáveis Exemplos


material reciclável – energia «limpa»

Uma sala, cozinha, casa de banho e dois


quartos. Pode parecer uma casa comum, mas
a construção, que tem como endereço um
pequeno terreno na UFRN - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, está a ser
feita com muita pesquisa e trabalho.
Praticamente toda construída a partir de
material reciclável e funcionando com energia
limpa, a Casa Alternativa Energicamente Auto-
Sustentável, quando concluída, pode ser uma
opção para habitações populares. As paredes
Tijolos reciclados – Construção da casa Auto-
são de tijolos feitos de uma mistura de isopor, Sustentável
garrafas PET, pó de pneus, gesso e cimento. fonte/autor UFRN @

O resultado é um material que permite um


conforto térmico, com uma diferença de
temperatura entre a externa e interna de até
10º C e isolamento acústico. Com o tijolo
ecológico, 40% mais barato que o
convencional, é possível levantar uma parede
num curto espaço de tempo, encaixando-os
uns nos outros. Ele ainda dispensa o reboco,
uma vez que possui uma superfície lisa.
A mobília também pode ser feita usando
esses tijolos. Do lado de fora da casa, um
catavento, construído com tambores plásticos,
gera energia eléctrica. E no telhado de
brasilite, um aquecedor solar, feito com vidro,
espelho e canos de plástico, faz o
aquecimento da água.
A casa também terá um destilador solar,
para purificação da água, fogão e fornos
solares, para a preparação de alimentos, e
Engenheiro Luis Sousa UFRN – Responsavel pela
secador solar, para desidratação de frutas.
casa Auto-sustentável
Tudo feito de material reciclável e com um
fonte/autor @
funcionamento simples, transformando a
radiação solar em calor.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 188


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O projecto resulta de uma pesquisa do Tecnologias Sustentáveis


Departamento de Engenharia Mecânica da Casa auto-sustentável com material
UFRN, coordenado pelo professor Luís reciclavel – energia «limpa»
Guilherme Meira de Souza, e já está a ser
desenvolvido há três anos. “Este é um projecto Outro artigo interessante sobre as
de tecnologia social. A idéia é que com energias renováveis de baixo custo para
materiais recicláveis e baratos as próprias implantar nas casas, já é dado pelo
pessoas possam construir suas casas”, explica. Peruano Jocemar Silveira:
Além de reduzir infinitamente o custo da “Um exemplo de quem lida bem com o lixo é o
pernambucano Jocemar Silveira, de 37 anos. Ele é
construção, a casa ainda dispensa gastos com morador de Diadema (SP) há quase 30 anos. Depois
energia e gás. “Com o catavento e esses de trabalhar como metalúrgico, ficou desempregado.
“Virei captador de material reciclável, não de lixo”,
equipamentos de energia solar, é possível frisa ele. Silveira passou 2 anos nas ruas e na lixeira
de São Bernardo do Campo (SP). “Eu observava o
manter o funcionamento da casa”, garante o lixo pegar fogo. Aquilo aguçou a minha curiosidade e
fui investigar”, conta. Mesmo tendo estudado só até à
professor. oitava série, aprendeu sobre processo químico, o que,
Somado ao benefício social, a Casa aliado à habilidade metalúrgica, o ajudou a
desenvolver a máquina que cria o biogás, utilizado
Alternativa é ecologicamente correcta, já usa em veículos, na geração de energia eléctrica e como
gás de cozinha.
energia limpa e materiais que poderiam ter o “O redigestor usa resíduos orgânicos a partir do
lixo como único destino. Mesmo com tantas esgoto, de restos alimentares e de feiras, de algas da
beira de represas e fezes humanas e os converte em
vantagens, o projecto tem enfrentado metano, fertilizante ou ração animal”, esclarece.
Na comunidade onde mora, Cidade Julia, próximo à
dificuldades e não conta com financiamento. represa Billings, Silveira montou com carroceiros a
“Muitas vezes, a gente compra material do cooperativa Pedra Sobre Pedra, que utiliza o
equipamento. “Com os resíduos gerados por uma
próprio bolso e nós mesmos fazemos o família de cinco pessoas é possível produzir 6 quilos
de gás em 72 horas”, diz.
trabalho de pedreiro”, relata. Ele já tem pronto um projecto para fazer outra
máquina, que beneficiaria 750 pessoas com a
Para o professor, a Casa Alternativa produção de 560 metros cúbicos de biogás por dia.
“Isso equivale a 50 botijões diários.
poderia ser uma opção para o déficit As residências que derem matéria-prima para a
habitacional. Como o custo do investimento é máquina funcionar vão receber grátis gás e energia
eléctrica”, explica. Segundo Silveira, que procura
menor, seria possível abranger mais pessoas. investidores, a nova máquina tem custo de R$ 2
milhões e, através da produção, paga o investimento
“Seria uma realização grande poder construir em 1 ano.”
um conjunto habitacional”.
Um pequeno passo para o
desenvolvimento do projeto será dado com a
construção de uma casa na Escola Estadual
Dom Nivaldo Monte, que será utilizada para o
ensino de ciências. Para isso, foram
―liberados‖ 35 mil reais. “Com essa construção,
será possível fazer um levantamento mais
preciso dos custos da casa”, afirma Luís
Jocemar Silveira e a sua invenção
Guilherme Meira Sousa.
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 189


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.4 – Tecnologias Sustentáveis - Reflexão

O uso inteligente de soluções


tecnológicas ditará o sucesso das
comunidades. A reciclagem é o ex-libris
da sustentabilidade e se usarmos uma
visão mais aberta das coisas,
apercebemo-nos que tudo é reutilizável.
Como vimos nas soluções energéticas
apresentadas, a urina, os esgostos, os
detritos e até o próprio ar que respiramos
é reciclável. Poderia falar do aluminio e de
Ciclo da Reciclagem
outros materiais recicláveis, mas seria
fonte/autor @
alongar demasiado este item.
Tendo recursos naturais e reciclagem
de resíduos garantida, juntamente com o
desenvolvimento tecnológico antigido nos
dias de hoje, o que falta mais à
comunidade para ser auto-sutentável?
Falta simplesmente uma gestão urbana
inteligente com base nos interesses do
colectivo.
No relato da casa alternativa auto-
sutentável URFN não se falou em
sistemas inteligentes; mas sim de uma
casa que qualquer pessoa pode construir,
no entanto cómoda, sustentável e até
mais barata do que uma casa comum.
Pelo que se poderia acrescentar também Casa Eficiente - Amiga do Ambiente

sistemas de casa ―inteligentes‖ fonte/autor @

(domótica), mas não nos iludamos que


uma casa inteligente é o futuro.
Ao nivel do aproveitamento dos
recursos existem várias soluções, é
preciso decidir a melhor forma de usá-las.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 190


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Por exemplo, o sistema de destruição Tecnologias Sustentáveis – Reflexão

das bactérias por ultra-sons é bom para


criar água potável, mas se queremos
produzir gás através das bactérias das
águas residuais, quando muito, devemos
limpá-la posteriormente. Há que
desenvolver a interligação dos processos
de reciclagem da forma mais eficiente.
O conforto térmico pode ser atingido de
várias formas, tanto pode ser antigível
através do aproveitamento da temperatura
constante do solo, usando um sistema de
Sistema Climatizado de ar – Central de Comboios
tubagens produzindo um ciclo «limpo» de
Aquece o edifício com o calor humano
climatização dos edifícios como através fonte/autor @
do aproveitamento do calor humano,
produzido em zonas internas
movimentadas, canalizando-o para zonas
que necessitem de ser aquecidas e vice-
versa.

Os edifícios e os campos de culturas


poderão ser usados para implementar
energia eólica ou solar, de forma multi-
funcional. O cultivo, como vimos em
PROUT, procurará a biodiversidade e a
mistura de culturas, a rega gota-a-gota,
combate biológico aos parasitas, enfim,
todas as soluções a favor da
sustentabilidade.
No futuro, com tantas inovações ao
nível da motorização e produção, a
energia fóssil e núclear poderá mesmo
deixar de ser importante até
economicamente. Soluções Eficientes de Consumo Energético
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 191


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Projectos promissores de motores Tecnologias Sustentáveis – Reflexão

cilindricos eléctricos patenteados, mas


misteriosamente ignorados, repõem as
minhas dúvidas em relação à
transparência científica perante a
sociedade. Artigos sobre motores de
veículos funcionais praticamente biónicos
têm vindo a público. Os motores
construídos num sistema de vácuo,
Instalação experimental do motor magnético que
girando graças à força cinética de ímans
substituiu perfeitamente o motor de origem
magnéticos, absorvem a energia do
movimento rotativo do cilindro produzindo
energia eléctrica a custo reduzido e são
implantaveis em qualquer veículo ou
indústria. Por exemplo, o inventor Troy
Reed garante que o seu o motor
magnético detém uma grande fiabilidade
energética, gastando energia apenas no
momento da ignição. Devo dizer que pelo
menos os Japoneses também já detêm
invenções idênticas. A invenção do motor Desenho do motor magnético de Troy Reed
magnético bem sucedido, acabaria com o fonte/autor: pure energy Systems Peswiki - directório:
Motor Tecnology By Troy Reed US
monopólio energético à base do petróleo e
mesmo à base de outras fontes de “O motor magnético é dirigido pelas forças de
repelimento de ímans fixos e giratórios. Os ímans
energia. A produção de energia eléctrica e
girando (22, 32) são montados com um espaçamento
a motorização das máquinas mudaria simétrico sobre o perímetro de um disco (20) que gira
com o «volante» do motor. Os ímans estacionários (18,
radicalmente. 28) são adjacentes suportando os ímans girando (22,
Tendo em conta a multiplicidade 32). Há quatro pinos no injector (76A, 76B, 76C, 76D),
bem como os pinos comuns no injector nas saliências
infindável de opções tecnológicas que pontuais da esfera, que são ajustadas e liberadas por
estão constantemente a aparecer, não uma «almofada» do injector (48A, 48B, 48C, 48D)
dirigida pelo eixo de «manivela» (14) do motor. O eixo
posso traçar uma solução objectiva, posso de «manivela» (14) e o volante são dirigidos pelas
forças repulsivas criadas pelos ímans fixos e giratórios
simplesmente indicar uma política
(22, 32) com os sistemas de pinos do injector (34, 36,
sustentável, que respeite a biodiversidade, 38, 40) operando para movimentar o eixo de
«manivela» (14) e o centro excedente do «volante».”
o ecossistema e a sociedade. Os
Traduzido do Inglês
exemplos que apresentei são apenas fonte/autor: pure energy Systems Peswiki directório:
Motor Tecnology By Troy Reed US @
demonstrativos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 192


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.5 - Propostas Estruturais para a Cidade

4.5.1 - Estrutura Viária e Transportes

As vias em forma de teia de aranha


«semi-recticulada» terão uma hierarquia e
um tamanho segundo as velocidades e o
fluxo de veículos pretendidos. A sua forma
não fugirá muito ao conceito
contemporâneo de via, pois o ser humano
está limitado pelas suas próprias
características humanas e por melhor que
seja o veículo e a sua tecnologia, quer ele
ande no chão ou voe; os seus reflexos e
noção dos espaços serão sempre
limitados a um trajecto o mais linear
Esquema – rede semi-recticulada
possível. A via é incondicionalmente um fonte/autor @
fio condutor, organizador e separador,
atribuindo às pessoas uma estrutura
urbana dividida por zonas. Mesmo que um
dia os veículos aéreos se tornem comuns,
as vias não irão perder o seu papel divisor
das parcelas e orientador do tráfego,
tendo em conta o perigo de queda de
veículos em cima de uma habitação ou
escola, portanto deve ser estruturalmente
uma malha que evita a perda de
privacidade do cidadão.
As vias rápidas são eficientes pelas
suas infraestruturas, acessos com faixas
paralelas, faixas de alteração de
velocidade da marcha e atravessamentos
desnivelados sem semáforos. Carros do Futuro – Decisões Tecnológicas
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 193


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A sua eficácia como via-rápida perde- Propostas Estruturais para a Cidade

se quando o resto da cidade não escoa o Estrutura Viária e Transportes

trânsito devido ao estrangulamento viário,


semáforos, cruzamentos, rotundas
congestionadas e poucas alternativas de
trajecto. Portanto, sou a favor da solução
da criação de algumas vias rápidas
estratégicas, dentro e fora da cidade,
interligadas entre si e de vias secundárias
de escoamento, no resto da malha,
capazes de proporcionar várias
alternativas viárias de deslocação. Centro de Brasília – Exemplo de vias de tráfego
contínuas
As vias secundárias deverão evitar o
fonte/autor @
famoso «arranca-pára» citadino,
desgastando o veículo e o utilizador,
trazendo hipoteticamente até mais custos
e problemas sociais, mesmo que se gaste
o dobro do dinheiro na construção de
acessos e alternativas.
No caso de cruzamentos complexos
deve-se proporcionar soluções complexas
o quanto baste, com acessos alternados, Via Júlia – Passage Picasso – Exemplo – Via
rotundas, passagens aéreas e contemporânea
fonte/autor @
subterrâneas. Vias desimpedidas
significarão uma cidade mais produtiva e
saudável.
Os semáforos são consequência da
falta de espaço e de soluções económicas
para a urbe, por isso devem ser evitados
ao máximo, salvo excepções justificáveis.

Cruzamento Congestionado – Cidade Antiga


fonte/autor: Moholiy Nagy @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 194


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os passeios e vias para transeuntes Propostas Estruturais para a Cidade

serão como no sistema «semi-reticulado» Estrutura Viária e Transportes

tradicional, em correlação com a


envolvente edificada e com as vias de
circulação.
Em alguns casos as vias para
transeuntes serão independentes da
envolvente, principalmente em situações
de atravessamento ou de ligação a
parques e edifícios públicos.

As vias de circulação principais serão Parque Monte Laa – exemplo de distribuição pedonal
independente dentro de um núcleo urbano
permeadas por corredores verdes que fonte/autor @
unirão, através da sua malha em teia, o
tecido verde da cidade. As vias periféricas
encontrarão nos limites da cidade as auto-
estradas e os terminais de ligação aos
transportes de alta velocidade, aéreos e
terrestres.
Os custos dimensionais das vias
podem ser minimizados com transportes
públicos realmente eficazes e apelativos,
Vias de trânsito envolto de biodiversidade vegetal
que a meu ver, imagem dos exemplos de fonte/autor @

hoje, funcionam melhor quando são


independentes das vias de tráfego,
permitindo assim projectar as vias de
circulação para menos veículos, menos
tráfego diário e usar as vias secundárias
como alternativa de escoamento em dias
de maior movimento.
O sistema de transportes públicos
poderá também servir para transporte de Transporte público do futuro – Via independente
mercadorias entre os vários sectores, da fonte/autor @

mesma forma que transporta pessoas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 195


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.5.2 - Sistema de Transporte Público Propostas Estruturais para a Cidade

Quanto mais eficaz for um transporte


público menos necessidade haverá da
criação de vários transportes públicos
alternativos, maximizando todo o
orçamento numa só solução. O transporte
público que proponho poderá ser instalado
ao mesmo ritmo que os loteamentos
públicos e privados da cidade, juntamente
com as outras infraestruturas urbanas.
O transporte em veículos-táxi
autónomos é uma solução inovadora. A
linha funcionaria num carril principal com
duas faixas para os dois sentidos, com
Transporte público monotrilho – Exemplo
paragens em linhas secundárias de fonte/autor @
acesso e aceleração. O sistema poderá
ser teleférico e eléctrico com capacidade
máxima para 10 pessoas. Um mecanismo
de controlo de distâncias e de
sobreposição de trajectos, parecido com o
usado actualmente nos metros, controlaria
o fluxo nas linhas de circulação. Este
esquema é idêntico ao táxi proposto de
Norman Foster para a cidade utópica de
Masdar.
As cápsulas de transporte terão
autonomia de trajecto, e seguirão a rota
indicada pelo utilizador. O sistema
locomotor poderá ser por engrenagem Transporte público suspenso de uso personalizado –
Exemplo
imagética encaixando as cápsulas de
fonte/autor @
transporte em carrilhões ou pólos guias.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 196


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A cápsula de transporte acelera e Propostas Estruturais para a Cidade

abranda nas linhas secundárias de acesso Sistema de Transporte Público

às paragens e ganha uma velocidade


constante na linha principal, gerida pelo
sistema de tráfego. A cápsula encastra
nos espaços vagos da linha principal,
segundo uma margem de segurança,
mantida pela velocidade constante.
O utilizador, ao entrar nas cápsulas de
tamanho familiar, tipo teleférico, regista
através de um quadro visual e táctil a
paragem de destino, e o transporte segue
pelo percurso desejado. Um turista pode
escolher o trajecto que quiser para ter
uma vista panorâmica da cidade.
Módulo de transporte Público e vias de trânsito
Poderão existir cápsulas maiores, Cidade UT

principalmente em núcleos movimentados fonte/autor: T.L.

ligados ao ensino e ao turismo. Penso que


uma velocidade aceitável seria por volta
dos 100 km/h, pelo que, dependerá do
desenvolvimento do transporte.
Existem vantagens consideráveis neste
sistema: ao contrário dos teleféricos, as
cápsulas só estarão em movimento
quando accionadas ou para preencher
paragens vazias e as pessoas são
entregues num só trajecto, de forma eficaz
e personalizada, desde que o destino
tenha uma paragem. Pode, ainda, conter
equipamento de vigilância para segurança
da cidade e as suas estruturas podem
servir para iluminação pública e para Módulo Táxi PRT – Paragem
fonte/autor: Ultra PRT
conduzir cabos de comunicação e
electricidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 197


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Pode ainda ter funções especiais como Propostas Estruturais para a Cidade

encaminhar utentes em caso de Sistema de Transporte Público

emergência directamente para o hospital


ou qualquer outro serviço público.
Poderá transitar à superfície e ao nível
subterrâneo, conforme o pretendido, ser
usado para transporte de mercadorias,
com cápsulas contentores de transporte,
usando paragens específicas para o
efeito, distribuindo produtos pelos
sectores de produção, empresas,
serviços, comércio, entre outros. Esboço do esquema de tráfego de uma zona
residencial> Cidade UT
Este mega-sistema de transporte
fonte/autor: T.L.
acabará com a necessidade de outros
sistemas de transporte públicos e opções
viárias, transformando os esforços desta
área numa só estrutura, salvo excepções
de ordem técnica e de crescimento
periférico. Permitirá reduzir o tráfego de
pessoas e mercadorias, pelo menos em
algumas áreas, diminuindo as
necessidades viárias, tornando a
necessidade de transporte privado e de
vias de grande escoamento de tráfego
Módulo Táxi PRT – Paragem
muito menor. fonte/autor: Ultra PRT

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 198


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.5.3 - Estrutura Urbana da Cidade Propostas Estruturais para a Cidade


Estrutura Urbana da Cidade

A cidade UT crescerá e ramificar-se-á


tal como um «fungo» tendo como centro
estratégico o núcleo Mãe. O centro implica
um terreno de morfologia relativamente
plana, propício a uma ligação com a
reserva aquática, recurso que tanto pode
ser lago, mar ou rio.
A morfologia das restantes zonas ditará
as manchas periféricas e a posição dos
núcleos, devendo os núcleos periféricos
estar em zonas de fácil acesso devido ao
Edifício – Terraços Verdes – Japão
seu grande fluxo de pessoas e tipo de
fonte/autor @
equipamentos.
As vias rápidas periféricas não deverão
criar grandes rasgos urbanos nem
situações de circulação adversas,
podendo recorrer a túneis e pontes em
zonas de terreno acidentado. As vias
rápidas são também propícias à
instalação de linhas de transporte público,
maximizando as ligações.
Na primeira periferia da cidade
dedicada à habitação, existirá produção
de culturas a uma escala mais reduzida e
controlada, compatível com a arquitectura
bioclimática e com a qualidade urbana,
como já foi comentado; podendo existir
hortas urbanas de uso local, plantação de
Ecocidade – Coreia do Sul
árvores de frutos, entre outras soluções, fonte/autor: Atelier MVRDV @
que permitam ao cidadão o contacto com
a natureza, criando um microclima
favorável à cidade e dando alguma
autonomia alimentar aos habitantes.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 199


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

A periferia residencial da cidade deverá Propostas Estruturais para a Cidade

ter pequena ou média densidade e com Estrutura Urbana da Cidade

estruturas horizontais, permitindo um


melhor uso de estruturas ajardinadas
propícias a hortas pessoais e públicas.
Este sistema de edificação renova o
ecossistema de forma mais natural, a
maior parte da reciclagem orgânica
acontecerá localmente, além de permitir a
instalação de várias soluções energéticas,
como painéis foto-voltaicos, alimentando
as residências e toda a cidade.
A vivência social pouco densa permite
uma maior privacidade, convívio com a
natureza e entre pessoas num espaço
mais desafogado e vias com tráfego
disperso e com pouco trânsito.
Em muitas cidades tem sido evidente o
Agricultura interior – Edifício de produção alimentar
stress que a alta-densidade provoca na urbano
rotina urbana, preenchendo terminais com fonte/autor @

milhares de pessoas que se amontoam


para percorrer pequenas distâncias.
Continuando a crítica a Lisboa, o seu
atravessamento em hora de ponta,
equivalente a fazer 15 quilómetros,
demora de carro ou transporte público
pelo menos 45 minutos, o que dá uma
média de 20 km/h, salvo algumas
excepções com transportes e trajectos
privilegiados. Sem dúvida mais
reconfortante que na cidade de Caracas
onde à hora de ponta o trânsito é
Alegoria – Transito Citadino
simplesmente caótico e lento; mas muito fonte/autor @

longe de compensar os problemas


causados pela densificação urbana.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 200


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Desde que o homem tenha hábitos Propostas Estruturais para a Cidade

pendulares de deslocação constantes, a Estrutura Urbana da Cidade

alta densidade será sempre um problema.


A forma de povoamento horizontal
permite uma maior variedade de soluções
urbanas para responder ao crescimento
demográfico e estratégico, embora o seu
crescimento esteja limitado pela segunda
periferia
A exploração animal, vegetal e em
alguns casos mineral surge ligada à
Cidade Rotativa – Dubai
segunda periferia, expandindo-se pelo Exemplo para a 1º periferia habitacional com núcleos
território consoante as necessidades. As comunitários
fonte/autor @
zonas de cultivo regular estarão mais
próximas das zonas de produção, dentro
da 2ª periferia, com algumas áreas de
produção animal e situações casuais e
exploração mineral. A exploração do
habitat obedece a uma política ecológica e
de alimentação saudável, sendo os seus
recursos explorados com a mínima
interferência do homem na biosfera
conforme se avance para o território,
Eco-parque
renovando todo o seu tecido animal, Exemplo para a 2º periferia de produção e investigação

vegetal e mineral de forma ecológica, com estruturas de produção orgânica


fonte/autor @
procurando ainda melhorar o ecossistema.
Todas as plantas e animais nesta zona
viverão em estado selvagem e serão
caçados de forma de não perturbe o
ecossistema.
Será da responsabilidade do Estado
através dos seus instrumentos de apoio à
produção incentivar e auxiliar os
particulares e as empresas na área da
produção de produtos orgânicos em Biodiversidade preservada como Recurso Natural
Exemplo para a envolvente territorial da cidade propicia à
ambas as periferias.
Natureza. fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 201


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Os produtos serão confeccionados e Propostas Estruturais para a Cidade

transformados nas indústrias da segunda Estrutura Urbana da Cidade

periferia apoiadas pelos núcleos


académicos e científicos. Perto dos
núcleos, em zonas industriais, estarão as
centrais de reciclagem, centrais de biogás,
tratamento de águas residuais, entre
outras, em parceria com o sector
industrial, aproveitando os detritos do
consumo da cidade e das próprias
fábricas para produção de energia e
reciclagem de recursos.
Exemplo para a zona de produção -Parque Empresarial
Os estaleiros de construção,
fonte/autor @
laboratórios, centros militares e prisionais,
equipamentos de grande escala, como
portos, aeródromos, entre outros,
justificam-se na periferia exterior da
cidade, deixando a zona residencial o
mais livre possível de conflitos urbanos. A
envolvente natural, em volta da segunda
periferia, também fica livre de actividades
humanas que impeçam o
desenvolvimento equilibrado da Natureza.
O ecossistema será vigiado e auxiliado
pelo homem através de equipamentos
vários, centros de observação e
equipamentos para o eco-turismo, de
forma a maximizar as suas
potencialidades, estimulando a formação
de vegetais e animais da forma mais
natural possível, passíveis de serem
posteriormente consumidos e usados
como matéria para serem usados nos Parque Empresarial – Produção de Energia –
Reciclagem de Esgotos
vários tipos de indústria na cidade.
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 202


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.5.4 - Parâmetros Demográficos e Territoriais

Para justificar todas as estruturas


propostas para a comunidade capazes de
assegurar a sua diversidade de serviços
de forma auto-sustentável, proponho para
a cidade uma população entre 200.000 a
um 1.000.000 de habitantes
sensivelmente, sem valores fixos para o
seu perímetro de acção.
Um número muito superior a um milhão
de habitantes exige um prolongamento e
acumulação estrutural da urbe, difícil de
ajuizar os efeitos; por conseguinte
proponho neste caso a criação de cidades
gémeas, podendo ser, «trigémeas»,
«quadrigémeas», ou mais, desde que
respeitem o raio de acção de cada uma
entre si, contando com políticas similares Los Angeles 19 Fachas de Rodagem – Exemplo de
uma Concentração demográfica excessiva
de preservação da biosfera e de auto- fonte/autor @
sustentabilidade. Por razões de força
maior, uma concentração elevada de
população poderá ser resolvida com a
adaptação desta utopia a outra utopia
sustentável com edifícios mais altos que
prove respeitar os compromissos aqui
apresentados.
O tamanho do Núcleo Mãe da cidade
Vista Central do Núcleo Mãe - Cidade UT
depende da população da cidade, cultura,
fonte/autor: T.L.
recursos e morfologia do terreno. Requer
provavelmente uma área de acção com
mais de um quilómetro de raio e com uma
área superior a 500ha, que poderá
aumentar exponencialmente pelas razões
já comentadas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 203


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O volume demográfico equilibrado para Propostas Estruturais para a Cidade

cada bairro residencial, ronda, a meu ver, Parâmetros Demográficos e Territoriais

entre 20.000 a 40.000 mil habitantes,


numa área média de 500ha (hectares),
variando consoante cada caso, de forma
que cada núcleo periférico fique a menos
de dois quilómetros de qualquer
habitação, devendo a distância encurtar
consoante o grau de dificuldade de
deslocamento. Esta distância permite ao
cidadão aceder aos núcleos entre 5 a 15
minutos em velocidade média de
transporte público ou com qualquer
veículo; ou entre 25 a 40 minutos a pé,
caso necessite. O volume proposto não é
diferente de muitas cidades tradicionais.
Contempla já uma certa concentração
populacional, permitindo uma circulação
de tráfego e uma vivência urbana Módulo de transporte Público e vias de trânsito
Cidade UT
desafogada, mas com a vantagem de não
fonte/autor: T.L.
coexistir com os equipamentos de grande
aglutinação social.
Os núcleos Periféricos recebem os
cidadãos de todos os distritos vizinhos, a
sua capacidade de absorção implica uma
área superior a 100ha, variando conforme
cada caso, tendo em conta o número de
cidadãos utentes e das ramificações com
os tecidos verdes do resto da cidade.
A 2ª periferia é de carácter tão
dinâmico e depende de tantos factores,
que me é impossível dar valores Centro de entretenimento – Cazaquistão – Astana
concretos, para tal são necessários Exemplo para um núcleo periférico
fonte/autor: Norman Foster @
estudos concretos conforme cada cidade,
cultura, território e ecossistema.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 204


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Do ponto de vista externo é de enorme Propostas Estruturais para a Cidade

relevância a existência de pequenas Parâmetros Demográficos e Territoriais

comunidades fora das cidades. As vilas e


aldeias podem interagir com a cidade
também de forma autónoma desde que
respeitem as políticas territoriais. Os
exemplos de sociedades autónomas são,
de facto, pequenas comunidades e não
cidades.
O que a cidade permite é um potencial
de produção, desenvolvimento tecnológico
e capacidade de fabrico elevado, em
todos os campos, só possível recorrendo
a um grande volume de recursos
Aldeia de Travassô
humanos. Não implica que os cidadãos da Exemplo de Pequena Comunidade Isolada
cidade utópica sejam mais desenvolvidos fonte/autor @

do ponto de vista neo-humanista e social


do que os habitantes de comunidades
mais pequenas. A cidade também pode
impor políticas de controlo da biosfera
sobre as pequenas comunidades e criar
formas de preservar o seu sistema de
gestão de recursos. A parceria entre as
pequenas comunidades e as cidades é
realmente importante e a sua influência
deverá encorajar estas pequenas
comunidades a desenvolverem políticas
socio-urbanas semelhantes.
Por razões estratégicas, de
preservação da Biosfera envolvente da Eco-habitação – Exemplo para um posto de
observação científica, segurança e preservação da
cidade, convém que pequenas
Natureza para estruturas de carácter turístico
comunidades, aldeias rurais, estejam Fonte/autor: Humbnail

presentes a uma boa distância da cidade.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 205


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Caso estas comunidades estejam Propostas Estruturais para a Cidade

próximas, devem ser encaradas como Parâmetros Demográficos e Territoriais

zonas turísticas e científicas; pontos de


observação da natureza, produção e
escoamento de alimentos ecológicos. A
distância relativa das pequenas
comunidades ao perímetro interno da 2ª
periferia deverá, a meu ver, ser de pelo
menos 5 quilómetros de distância para
comunidades até 5.000 mil habitantes,
com explorações agrícolas limitadas.
No caso de cidades «Gémeas» ou
localidades mais populosas a distância
deverá ser no mínimo de 15 quilómetros
Aldeia Ecológica – Comunidade em parceria com a
entre os limites periféricos, zelando
Cidade UT
sempre pela auto-sustentabilidade e pelo fonte/autor: T.L.

ecossistema; estes valores variam


evidentemente consoante cada caso.
A estratégia de despovoamento em
certas áreas do território dispersas para o
repovoamento em pequenos e grandes
pólos comunitários é propícia à
recuperação da biodiversidade, reposição
da natureza, o que permitirá assim o
crescimento dos recursos naturais com
poucos custos; torna também as infra-
estruturas urbanas mais eficientes por não
estarem tão ramificadas pelo território;
gera por ventura mais união e vivência
Espaço Urbano – Serafina – Lisboa
comunitária por concentrar subtilmente as Exemplo de Vivência Comunitária saudável

populações em espaços urbanos mais fonte/autor @

definidos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 206


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4.6 - Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica

O modelo de cidade ecológica, com


critérios de maximização e
multifuncionalidades compatíveis, com
soluções arquitectónicas bioclimáticas
acessíveis a todos os cidadãos, é
adaptável e até passível de alterações. O
esquema desenvolvido adapta-se tanto a
cidades costeiras como a cidades no
interior do território; partindo do recurso
fundamental para a auto-sustentabilidade Lago – agua – Ecossistema – recurso básico da vida
fonte/autor @
que considero ser a água.
Uma cidade que seja capaz de gerir
bem este recurso consegue o básico para
o seu funcionamento. A água permite a
produção de alimentos e energia, até
mesmo a própria água pode ser fonte de
energia e facultar hidrogénio. O seu uso é
indispensável para a higiene, lazer,
cozinhar e, claro, para beber: é o
Central eléctrica de aproveitamento da energia das
elemento chave da vida, indispensável ondas
para a sobrevivência. Os cursos de água fonte/autor @

e os lagos são elementos


complementares inseparáveis dos
espaços verdes e contribuem para o
microclima, fertilidade e bem-estar da
cidade. Os cursos de água também
podem conter vida animal, nomeadamente
peixes, pescáveis pela população. Podem
ainda, em certos casos, dependendo da
geografia do terreno, servir como um
canal marítimo.
Esquema de produção de Energia através das marés
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 207


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Nas cidades costeiras, caso não Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica

existam recursos de água suficientes ao


nível de nascentes e cursos de água,
poderão ser utilizadas centrais
dessalinizadoras, bombeando a água para
as zonas altas da cidade, depósitos e
barragens. O mar poderá fornecer
também energia através das ondas do
mar; aproveitamento de algas para
produzir biogás, ou qualquer outra
inovação.
Esquema básico de Tratamento de Agua para consumo
Numa cidade no interior do território,
Urbano
longe do mar, a presença deste elemento fonte/autor @
poderá ser solucionada com a criação de
um grande lago. No lugar do mar teremos
uma grande massa de água sustentada
eventualmente por barragens, capaz de
albergar vida animal, vegetal e todo o tipo
de actividades urbanas a uma escala
representativa de pelo menos um quinto
do tamanho da própria cidade. As
soluções de irrigação da água poderão ser
semelhantes, pelo que depende muito das
características de cada local.
A zona de bio-reserva produtiva na 2ª
periferia implica o mínimo intervenções Troço minimizando o impacto na biosfera – Construção
impermeabilizantes do solo fértil e o da Auto-estrada Barcelona Paris
fonte/autor @
mínimo de interferências agressivas com
a biodiversidade, o que levará à execução
de auto-estradas de ligação sobrelevadas
em muitos locais e outras soluções como
atravessamento de montanhas por túneis.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 208


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O processo rural contemporâneo de


quintas de produção de monoculturas não Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica

contribui para biodiversidade, a existência


de comunidades rurais é uma visão típica
e apaixonante, permitindo ao ser humano
um contacto mais profundo com a
natureza; mas só acontece nas zonas que
sofreram menos intervenções da parte do
ser humano. O homem pré-histórico
preservava o seu habitat porque era dele
que tirava todas as suas necessidades. A
Lagoa aeróbia produção de Biogás de algas através de
ilusão de que não precisamos do habitat
oxidação
para sobreviver coabita com as cidades fonte/autor @
de hoje.
O ser urbano extinguiu todas as
ameaças naturais, passando a controlar a
Natureza, de preferência à distância,
pensando estar protegido pelo
desenvolvimento urbano. No entanto, o
habitat oferece muito mais do que simples
locais de caça; o habitat natural e sua
biodiversidade produz chuva, retém a
água, produz remédios, os quais curam a
maior parte das nossas doenças, produz
oxigénio e todo o tipo de matérias
orgânicas e alimentos. O pormenor mais
promissor do habitat natural é o facto de
ser auto-subsistente, não precisa de
grande manutenção e dispensa a Vida tribal – A biosfera como produtora e fornecedora

intervenção constante do homem, o que o de todos os recursos


fonte/autor @
torna claramente vantajoso. Tal acontece
também no mar; onde o equilíbrio
ecológico é feito pelo próprio ecossistema,
o qual podemos auxiliar em vez de o
destruir ou simplesmente explorar.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 209


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Acredito que esta política é mesmo Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica

economicamente vantajosa a longo prazo,


através do florestamento com diferentes
espécies; replantação de árvores quando
executado o corte de árvores adultas;
substituição dos animais caçados
recorrendo à procriação de animais em
cativeiro e libertando-os no seu habitat
sempre que possível; não caçar animais
em fase de procriação e com crias;
proporcionar condições naturais de Exemplo de uma Cadeia alimentar – Ecossistema

sobrevivência da vida selvagem, criando fonte/autor @

bebedouros e alimentos selvagens.


O domínio do Homem sobre a
Natureza pode ser exercido, portanto, de
forma amiga, fazendo uso dos seus
recursos de forma sustentável.
A zona da 2ª periferia próxima da zona
industrial produzirá culturas alimentícias,
com agricultura biológica industrial,
cumprindo a maior parte das
necessidades primárias de produção Desflorestamento – Uma Ameaça à Biodiversidade
Prática corrente da ocupação do ser humano no
vegetal; transformando-se, conforme se território ao longo dos tempos
avança para dentro do território periférico, fonte/autor @

em habitat bio-sustentado. Os animais


caçados pelos humanos para consumo no
território bio-sustentado serão sujeitos a
análises de sangue antes de entrarem na
distribuição alimentar e deverão responder
à maior parte das necessidades de
produção animal. O problema da
ocupação do território parece assustador
seguindo os requisitos propostos de Manutenção Florestal – Bom exemplo de produção de
ocupação de baixa e média densidade e Madeira
fonte/autor @
de espaços de reserva natural pouco
mensuráveis.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 210


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Porém nunca se tentou realmente Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica

produzir com um tecido bio-diversificado;


um prado de vacas não produzirá só
vacas, terá árvores e plantas que crescem
com os seus dejectos, coelhos e raposas,
avestruzes, enfim, qualquer animal e
vegetal adaptável aquele ecossistema,
com mecanismos de controlo e de
reprodução de espécies.
O plano da cidade é um investimento a
longo prazo em todos os sentidos, o
desenvolvimento dos núcleos e periferias
Esquema de uma Agro-florestal Biodiverseficada
é gradual e acompanhará o evoluir da fonte/autor @
biosfera envolvente. Tal como a mata de
Sintra, que na realidade foi inventada a
mando do rei há duzentos anos, também
as novas cidades podem promover o
reencontro com a Natureza.
O princípio da cidade é muito simples,
diria mesmo que é pré-histórico, lembra
em muito os aldeiamentos tribais. O
ajuntamento da comunidade no centro do
aldeiamento em redor da fogueira para as
actividades comunitárias lembra o grande
centro Mãe, a zona circundante de
cabanas habitacionais é equiparável à 1ª
periferia residencial e as zonas
posteriores, com algum cultivo, oficinas
artesanais e recursos selvagens é
Exemplo de uma comunidade ainda com uma estrutura
estrategicamente similar à 2ª periferia e à
milenar - Organização da Aldeia Indisna Boé-Bororo
sua extensão. Considero esta fonte/autor @
comparação um elogio, a avaliar pelos
aspectos sociais, ecológicos, humanos e
até políticos destas aldeias, com padrões
de sustentabilidade e de ética superiores
aos padrões atingidos nas cidades.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 211


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Evidentemente, os resultados deste Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica

esquema tribal a grande escala só são


possíveis graças às soluções de
sustentabilidade que tenho vindo a referir
ao longo da tese. A magnitude do plano é
que justifica os elementos propostos, os
quais deixam de ter sentido a uma escala
menor com menos habitantes. Nesse caso
o esquema da cidade e equipamentos Eficiência energética – Tecnológica – Permite boa
urbanos seriam diferentes, mas a sua gestão e concentração Urbana
fonte/autor @
essência utópica é válida para qualquer
comunidade.
Do ponto de vista tecnológico, todas as
iniciativas terão que ter um retorno
sustentável. Por exemplo: se optarmos
por carros eléctricos temos que confirmar
que as baterias usadas são recicláveis e
amigas do ambiente e se o recurso é
viável pois existem só meia dúzia de
Aptera – Carro Eléctrico
países que têm lítio em grande escala fonte/autor @
para a produção baterias e que são a
Bolívia, o Chile, os Estados Unidos e a
China, basicamente. Quem optar por
carros eléctricos poderá ficar mais uma
vez dependente dos grandes produtores
externos.
As linhas de alta tensão também
deverão, sempre que possível, funcionar
enterradas para não produzirem radiações
danosas para a saúde. Os corredores
verdes de segurança, paralelos às vias de
circulação, servem também para
instalação subterrânea das infraestruturas
da cidade de forma desafogada e eficaz.
Barco a energia Solar
fonte/autor @

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 212


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

O processo de reciclagem não deve ser Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica

só um acontecimento para resolver os


restos que produzimos; o processo deve
começar na origem, através da produção
de materiais fáceis de reciclar e «amigos»
do ambiente. O próprio processo de
reciclagem não deverá gerar poluição,
como no caso da incineração de lixos, ou
estamos assim a cair num paradoxo
ambiental. Vários processos de
reciclagem surgem constantemente e com
algum esforço científico conseguir-se-á
cada vez melhores processos de
reciclagem.
As energias renováveis podem também Incineradora – Loulé – Para Queima de resíduos –
Divisões nas críticas quanto aos resultados Ambientais
gerar problemas ecológicos particulares.
fonte/autor @
Por exemplo, as centrais hidroeléctricas
criam barreiras nos cursos dos rios
matando a biodiversidade do ecossistema,
portanto, só é solução caso esse
infortúnio não aconteça.
Concluindo, o organismo da cidade tem
de respeitar as melhores soluções para
defender a política bio-sustentável
pretendida. Todo o seu funcionamento e
desenvolvimento tecnológico ao longo do
seu crescimento não dependerá do
desenvolvimento científico nem das
políticas energéticas externas, dependerá
sim das suas opções de produção de
forma auto-sustentável. Todo o seu Triângulo da Sustentabilidade Mundial
fonte/autor @
potencial permitirá criar parcerias externas
em vez de dependências, o que por
conseguinte é a chave do sucesso de
qualquer comunidade desenvolvida.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 213


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5 – Síntese Esquemática das Bases Urbanas da Cidade

5.1 - Centro / Núcleo Mãe

Funções Equipamentos Características

>Espaço Comunitário; > Mega-praça central > Homogeneidade urbana e


actividades sociais: > Equipamentos de saúde: arquitectónica, com equipamentos
Cultura, Educação, Lazer, Hospital Central e clínicas de saúde relacionados entre si segundo as
Saúde, Espiritualidade > Equipamentos de protecção suas compatibilidades funcionais.
> Promoção de grandes civil: Serviço CPC e Sede CPC > Mega-praças com relações
eventos na cidade que exijam > Equipamentos de práticas visuais e funcionais com os
grande concentração de massas Espirituais: pavilhões, espaços, equipamentos e com ligação ao
> Os espaços que emanem morgue e cemitério recurso «água»: lago, mar ou rio
energia psico-energética > Equipamentos desportivos: > Morfologia relativamente plana
favorável à prosperidade, bem- campos, pavilhões, marinas, e de fácil acesso
estar, valores éticos; através de estádios, entre outros para todos os > Envolvida por espaços verdes,
condições para eventos desportos com características de floresta,
positivos, lazer e relações > Equipamentos culturais e espécies indígenas
afectivas, actividades de lazer: biblioteca, ópera, teatro, > Acesso a transporte público de
solidariedade prestando ajuda centro de exposições e ciências, qualquer ponto de grande fluxo a
aos mais necessitados, entre outros, para todas as artes uma distância circunstancial de
interacção entre a natureza e os > Equipamentos Comerciais: menos de 300 metros
cidadãos, promovendo o cultivo restauração, mercados, lojas, > Parques de estacionamento
ocasional de plantas, entre feiras, entre outros, para todo o subterrâneos e de superfície com
outras medidas comércio acesso às vias e aos
>Objectivo – criar uma > Equipamentos de apoio: equipamentos
energia apaziguadora, que se oficinas, gestão, manutenção, > Vias largas de acesso com
espalhará por toda a cidade e > Equipamento urbano de uso características de via rápida, com
qualquer estrutura atómica público para todas as idades duas ou mais faixas em cada
> Pulmão verde ecológico (bebedouros, caixotes do lixo; sentido e faixas de acesso e
para a cidade e reserva Inst.sanitárias; bancos; etc.) escoamento de tráfego, com
estratégica de água para > Lagos e Espaços Verdes separadores centrais de pelo
períodos quentes > Terminais, paragens de menos 7 metros preenchidos com
> Relação com o recurso à transportes públicos vegetação e elementos urbanos.
água indispensável à cidade > Residências temporárias para > Os cemitérios estão situados
através de acessos ao lago, rio, participantes em eventos e turismo em lugares calmos e recolhidos
nascentes ou mar > Parques de estacionamento
no parque envolvente da
> O cemitério em zonas > Vias rápidas de acesso
cidade e têm ligações
verdes periféricas do núcleo periférico e linhas de transporte
simbólicas com o centro
reforça a simbologia de respeito público
espiritual
e renovação social da cidade

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 214


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5.2 - 1ª Periferia – Zonas Habitacionais – Bairros

Funções Equipamentos Características

> Espaço Residencial, > Habitações e serviços de >Aceitável qualquer morfologia


permanente ou temporário pequena e média densidade de urbanizável propícia a loteamentos e
> Vivência familiar, lazer, arquitectura bioclimática acessos viários relativamente lentos
prestação dos cuidados e > Creches, infantários, > Existência de cursos de água
serviços, salvaguardando as escolas primárias, lares de que podem ser artificiais,
necessidades básicas idosos, comércio, restauração, sustentando a biodiversidade,
> Proporcionar um lugar farmácias, consultórios, serviços, principalmente vegetal,
calmo, propício ao descanso e entre outros equipamentos urbanisticamente produtiva e eco-
ao convívio com a natureza e considerados essenciais para sustentável.
com pequenos grupos na cada bairro > O transporte público estará
comunidade > Paragens e linhas de acoplado às vias, podendo ser
> Apoio aos idosos e às transportes públicos independente das vias em casos
crianças na sua educação e > Equipamentos urbanos de estratégicos
desenvolvimento manutenção, tratamento público > Paragens de transporte público a
> Ambiente familiar e do tecido urbano uma distância de menos 300 metros
comunitário propício à criação de > Equipamentos urbanos de de raio de qualquer local, ou
um elo psico-energético de uso público para todas as idades auxiliado por mecanismos que
tolerância e igualdade territorial (bebedouros, caixotes do lixo; encurtem o esforço pedonal.
entre os cidadãos em comunhão Inst.sanitárias; bancos; etc.) > Soluções construtivas
com diferentes classes, de forma > Indústrias e serviços bioclimáticas fazendo uso de
sustentável particulares que não materiais e características locais
> Gerar zonas de tráfego prejudiquem a vida do bairro > Vias de circulação de marcha
pouco congestionado compatível > Hortas urbanas, coberturas lenta, com bons acessos às
com a realidade urbana ajardinadas, exploração de habitações e aos serviços
residencial mas que possibilite culturas e espaços verdes, entre > Vias secundárias de gestão do
alternativas de escoamento na outras soluções bio-produtivas fluxo do bairro e com pontos de
cidade ―urbanizáveis‖ cruzamento propícios à instalação
> Produzir alguns alimentos, > Equipamentos particulares e dos equipamentos públicos e
nomeadamente vegetais públicos para reciclagem e privados relevantes
pertencentes aos moradores, produção de energia; painéis > Vias rápidas de escoamento
envolvendo a natureza na vida solares; biogás, entre outros dividindo os bairros de forma
quotidiana e dando algum > Vias de circulação lentas discreta, com túneis e pontes para
sustento e bem-estar aos seus junto aos lotes de habitação; preservar as características viárias
habitantes ligadas a vias secundárias de caso necessário; as vias rápidas
>Produzir energia, com circulação média; ligadas por terão duas ou mais faixas para cada
recurso a soluções sustentáveis, sua vez a vias rápidas de lado com acessos independentes
garantindo a autonomia escoamento periférico
energética dos bairros

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 215


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5.3 - 1ª Periferia – Núcleos Periféricos

Funções Equipamentos Características

> Espaço Comunitário: > Equipamentos educativos: > Arquitectura bioclimática e


educativo, cultural, segurança, escolas para jovens e cidadãos sustentável energeticamente
saúde, desportivo, social, comuns, institutos de formação, > Zonas urbanas de convívio
serviços públicos e privados particulares ou públicos social e eventos locais, com
> Fornecimento de produtos > Equipamentos desportivos e espaços, praças, jardins e
vários e serviços comunitários culturais em parceria com as equipamentos, todos em sintonia
> Prestar serviços educativos escolas e serviços públicos: espacial e funcional, consoante
a jovens e formações a qualquer pavilhões, salas de exposições, compatibilidades. Os
cidadão de iniciativa privada ou anfiteatros, entre outros equipamentos são multifuncionais,
pública > Grande comércio, permitindo actividades diferentes,
> Zelar pela saúde e cooperativas de consumo, moldando-se às necessidades da
segurança do cidadão hipermercados; lojas; teatros- comunidade
> Promover o desporto, cinemas, entre outros >O parque verde absorve os
cultura, ou qualquer outra > Parques de merendas e zonas serviços e a sua extensão
actividade saudável de paragem ocasional prolongar-se-á por corredores
> Prestação dos serviços > Serviços de cuidados sociais: verdes, dividindo de forma subtil os
públicos cívicos: no campo CPC: Serviços de urgência, polícia, bairros e criando uma ligação com
jurídico, económico, empresarial, bombeiros, centros de saúde, o tecido verde do núcleo central e
emprego e formação profissional clínicas particulares, centros de a biosfera fora da cidade
> Produzir vibrações psico- acolhimento para pessoas >Os parques de estacionamento
energéticas propícias ao convívio necessitadas e cantinas públicas estarão ligados aos serviços ou
entre pessoas de localidades > Serviços cívicos: tribunais, estarão na continuação do parque
diferentes e locais, para o centro de emprego, banco servindo os bairros
crescimento saudável e ético dos comunitário e «loja do cidadão». > O Núcleo está ligado às vias
jovens e de toda a sociedade, > Parques de estacionamento, rápidas de acesso e às vias
promovendo comportamentos subterrâneos e de superfície, com secundárias dos bairros
sociais e pessoais acertivos ligação aos equipamentos indirectamente, permitindo o seu
> Proporcionar eventos > Terminais, paragens de atravessamento através de túneis
culturais, sociais e desportivos à transportes públicos ou pontes dando continuidade às
escala local, desenvolvendo as > Parque verde urbano com vias
personalidades de cada bairro cursos de água e/ou lago e com > Os Transportes públicos
> Produzir alimentos e espaços e equipamentos de lazer e atravessam o núcleo, ligando-o aos
energia, recorrendo a lagos e a desportivos bairros e aos outros núcleos,
cursos de água com vida animal > Equipamento urbano geral usando as vias de forma
e espaços verdes produtivos para todas as idades independente
> Estruturas de produção > Os serviços públicos
energética; instalações solares; comunitários serão os edifícios
eólicas; entre outras com altimetria mais elevada, bem
detectáveis na urbe

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 216


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5.4 - 2ª Periferia – Zona Industrial e Núcleos Académicos

Funções Equipamentos Características

> Espaço Comunitário de > Parques industriais com fábricas > A via rápida de
produção, confecção e de manufactura e distribuição de circunvalação define a charneira
investigação de produtos e todos os bens consumíveis, entre a primeira periferia e a
serviços da cidade essenciais e de luxo e serviços do segunda periferia e liga a cidade
> Gerir o governo e sustento sector terciário compatíveis como a todo o tecido produtivo e as
da cidade em todas as áreas, sector secundário e primário auto-estradas que ligam a cidade
segundo a política > Terminais e linhas de transporte ao território exterior. A via
Neo-humanista e de público: Porto de Pesca e porto de principal de circunvalação tem
Auto-sustentabilidade mercadorias e embarcações, características de auto-estrada
> Criar uma cintura de mercados alimentares, estação de com 3 ou mais faixas para cada
desenvolvimento periférico comboios público e de mercadorias, sentido, separadas por pelo
dinâmico, capaz de mudar aeródromo, terminais e paragens do menos 7 metros e envoltas em
ocasionalmente de funções, de táxi público corredores verdes com pelo
armazém para armazém ou de > Núcleos Universitários: menos 30 metros de largura
fábrica para fábrica caso faculdades, equipamento desportivo, > As linhas de transporte
necessário, nunca quebrando anfiteatros, cantina, biblioteca, público acompanham a via
rigidamente a produção nem espaços comerciais, serviços distribuindo as pessoas pelos
despedindo trabalhadores que estratégicos, CPC, escritórios das vários sectores
podem circular entre sectores de cooperativas e empresas, residências > Os núcleos Universitários
produção e investigação públicas, equipamentos de são os essenciais, e estão
> Implantar o principal tecido manutenção, centros de investigação espalhados de forma a permitir o
produtivo da cidade de forma e laboratórios, entre outros funcionamento temático do
acessível, evitando conflitos > Equipamento urbano geral e tecido industrial e cientifico
urbanos dentro da cidade espaços verdes públicos pretendido, em pontos opostos
> Envolver psico- > Centrais de reciclagem, da cidade. Todo o anel urbano
energéticamente a urbe e a produção de energia, tratamento e de produção permitirá a ligação
comunidade no desenvolvimento transformação de detritos orgânicos e com locais de produção e com
tecnológico e produtivo da inorgânicos, depósitos de produtos e as vias secundárias de
cidade de forma cooperante, mercadorias exploração do território
com departamentos compatíveis > Infraestruturas urbanas de > Os equipamentos de
lado a lado, incentivando uma distribuição de energia, água, transporte de grande
maior comunhão de esforços e esgotos, comunicações, entre outros; envergadura e linhas ferroviárias
dos recursos, maximizando vias rápidas e acessos viários estão ligadas com as auto-
beneficamente a economia, a > Hospital periférico, Quartel CPC, estradas de saída da cidade, a
educação, a produtividade e a Centros de Correcção social e linha de transporte público fará a
sociedade em geral, gerando tratamento mental circunvalação junto à zona de
riqueza e sustentabilidade > Edifícios do governo da produção prestando acesso aos
comunidade e serviços de apoio serviços

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 217


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5.5 - 2ª Periferia – Zona de Produção

Funções Equipamentos Características

> Espaço Comunitário de > Campos de cultivo e > Implica a exploração do território
exploração, produção e estufas, campos de exploração periférico, consoante as
investigação dos recursos de minério, entre outros necessidades e soluções de
orgânicos e minerais respeitando > Equipamentos de produção produção que permitam à cidade ser
a biodiversidade sustentável e investigação de produtos auto-suficiente ao nível de produtos
> Produzir Energia renovável > Equipamentos e essenciais
nos campos abertos de infraestruturas de apoio: bombas > O solo é tratado de forma a
produção, aproveitando os de irrigação, canais de água, manter a sua fertilidade e
campos de cultivo armazéns e estaleiros de propriedades saudáveis respeitando
> Fornecer à comunidade: trabalho com serviços a biodiversidade e os ecossistemas;
turismo ecológico, educação, essenciais, entre outras desenvolvendo culturas orgânicas,
formação, contacto com o meio > Centrais energéticas, campos vida animal e vegetal e exploração de
rural e a natureza de painéis solares e eólicos e minerais, de forma sustentável
> Reabilitar pessoas com outros equipamentos geradores > Não existirá monoculturas mas
desordens sociais e psíquicas, de energia renovável justificáveis sim culturas ecológicas, seguindo a
usando as potencialidades da 2ª > Linhas de comunicação e política ecológica
periferia em contacto com a electricidade aparelhadas às > Acessos viários ao mar ou lago
natureza, os campos de Auto-Estradas da cidade, com vias simples, com
produção e a prestação de > Infraestruturas de piso se possível permeável de forma
serviços abastecimento da cidade de a produzir pouco impacto na biosfera
> Promover o equilíbrio psico- forma sustentável > Toda a produção está
energético ligado ao ciclo de vida > Equipamentos educativos e relacionada com a zona industrial e
da produção, fertilidade, turísticos com acesso aos núcleos académicos, situados no
harmonia, entre a Natureza e o campos de produção e limite da 2ª periferia
Homem, gerando um potencial observação da biodiversidade > As Auto-estradas de acesso ao
de produção elevado, com > Terminais de transporte tecido urbano da cidade são criadas
alimentos ricos, saudáveis, público rural de forma a minimizar o impacto com
libertos de toxinas. Este ciclo > Auto-estradas de a natureza, recorrendo a pontes e
cinético beneficiará a sociedade atravessamento da biosfera túneis, podendo em alguns troços,
em todos os aspectos envolvente de ligação da cidade por razões funcionais e estratégicas,
> Colmatar algumas ao território e vias secundárias estarem junto ao solo
necessidades estratégicas de de acesso a equipamentos > O transporte público de pessoas
instalações de equipamentos da estratégicos e aos campos de será de carácter rural, diferente do
2ª periferia que não interfiram na produção transporte público urbano, não
biosfera negativamente > Grandes infra-estruturas da exigindo infraestruturas
2ª periferia Industrial que façam
parte das necessidades
produtivas

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 218


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5.5 - Reserva Bio-Regenerativa do Território

Funções Equipamentos Características

> Espaço Comunitário de > Equipamentos de > Implica a exploração de todo o


exploração, produção e investigação, optimização e território terrestre dentro da jurisdição
investigação dos recursos da exploração da biosfera: mar, da cidade
biodiversidade de forma lagos, rio, floresta, campo, > Recursos naturais com
sustentável montanha, entre outros condições propícias ao
> Relacionar, melhorar, zelar > Equipamentos de desenvolvimento da biodiversidade,
pela sustentabilidade do recurso ecoturismo: residências, vida animal e vegetal e reflorestação
«água» do território da cidade parte postos de observação, > Capacidade de regeneração e de
da sua biosfera: Nascentes, lençóis caminhos turísticos, termas, exploração dos recursos sem impacto
de água, lagos, mar, represas, rios centros de terapias ambiental: madeira, plantas, animais,
> Investigação e exploração do > Zonas de caça e trilhos minerais, entre outros
macrocosmo (espaço), da geologia de manutenção da biosfera e > Fomentação da biodiversidade
e recursos minerais de turismo através de infraestruturas ecológicas:
> Fornecer à comunidade e ao > Equipamentos de recolha recifes artificiais, estruturas para
turismo educação, formação, em e tratamento da água: proliferação de plantas e protecção
contacto com a Natureza barragem mar, lagos, rios dos animais, bebedouros selvagens,
> Instalação de pequenas > Infraestruturas de zonas de separação para animais em
comunidades isoladas bio- distribuição de energia e água risco na biosfera, entre outras
sustentáveis, vigilantes da biosfera, subterrâneos > Os seres vivos da biosfera têm
prestando troca de serviços com a > Centro científico e acesso a lagos, rios e mar (caso
cidade observador geológico e existam) do território sem barreiras
> Reabilitar pessoas com astronómico; centro de humanas perturbadoras
desordens sociais e psíquicas e exploração de tecnologias > As Auto-estradas de acesso ao
físicas usando as potencialidades espaciais tecido urbano da cidade são criadas
das actividades lúdicas e > Pequenas comunidades de forma a minimizar o impacto com
terapêuticas na Natureza bio-sustentáveis; actividades a natureza, recorrendo a pontes e
> O respeito psico-energético na natureza e nas quintas de túneis; podendo em alguns troços,
estabelecido entre a Natureza e o produção; desportos; por razões funcionais e estratégicas,
Homem gera uma onda de observação da biodiversidade estarem junto ao solo
aceitação entre ambos os > Auto-estradas de acesso > As vias secundárias de
elementos, criando um campo à cidade circulação dentro da biosfera Natural
magnético em torno da cidade de > Pequenas comunidades e de acesso às comunidades dentro
paz, vida e respeito. com os serviços essenciais dela terão um piso com algum nível
> Relacionar, melhorar, zelar com estruturas rurais de permeabilização com pouco
pela sustentabilidade do recurso biológicas impacto na biosfera e que permita a
«água» do território da cidade parte > Postos aéreos de circulação nos dois sentidos
da sua biosfera: Nascentes, lençóis emergência para deslocação > As possíveis comunidades
de água, lagos, mar, represas, rios de pequenos veículos existentes estão equipadas com
voadores heliportos e serviços essenciais

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 219


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

III Capítulo – Cidade UT – Estudos

1 – Esboços das Soluções Urbanas para a Cidade UT

Fig. 1 - Primeiro Estudo para o núcleo Mãe da Cidade

Fig. 2 - Estudo para os bairros residenciais (Núcleo de apoio no horizonte)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 220


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Esboços das Soluções Urbanas

Fig. 3 - Estudo para a estrutura viária principal

Fig. 4 - Estudo para o carro Policia-Ambulância multifunções CPC

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 221


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Esboços das Soluções Urbanas

Fig. 5 - Estudo para a praça do Núcleo Periférico

Fig. 6 - Estudo para a 1ª Periferia da Cidade

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 222


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Esboços das Soluções Urbanas

Fig. 7 - Estudo para o atravessamento viário nos Núcleos Periféricos

Fig. 8 - Estudo viário para o interior de um bairro

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 223


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Esboços das Soluções Urbanas

Fig. 9 - Estudo urbano para uma zona de grande fluxo da Cidade (Exe. – Núcleos Académicos)

Fig. 10 - Estudo urbano para parte da zona costeira periférica da Cidade UT

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 224


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Esboços das Soluções Urbanas

Fig. 11 – 1º Estudo esquemático para a Cidade UT – 2ªfase

Fig. 12 – 2º Estudo esquemático para a Cidade UT – fase final

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 225


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Esboços das Soluções Urbanas

Fig. 13 – Esquema de contenção urbana para a Cidade UT e cidades Gémeas segundo a


partilha de recursos

Fig. 14 – Representação de uma Cidade UT e a biosfera envolvente

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 226


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

2 – Planta de Sectores e Equipamentos da Cidade UT – escala 1: 25000 - Fig.15

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 227


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

3 – Fig. 16

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 228


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

4 – Representações Virtuais 3D da fórmula Urbana da Cidade UT

Fig. 17 – Planta esquemática da Cidade UT

Fig. 18 – Perspectiva do centro da Cidade

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 229


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 19 – Perspectiva da Cidade UT

Fig. 20 – Perspectiva da Cidade UT

Fig. 21 – Perspectiva do Núcleo Mãe da Marina para o Centro

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 230


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 22 – Perspectiva do Núcleo Mãe da Cidade UT

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 231


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 23 – Perspectiva do Núcleo Mãe do Centro para a Costa

Fig. 24 – Perspectiva de Parte do “Pulmão Verde” e do cemitério do Núcleo Mãe

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 232


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 25 – Perspectiva do Núcleo Mãe – Avenida Central

Fig. 26 – Perspectiva do Núcleo Mãe e parte da 1ª Periferia e Bairro Nº2

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 233


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 27 – Perspectiva do Bairro Nº2 e Núcleo Correspondente

Fig. 28 – Perspectiva do Núcleo Periférico e Ligação à 2ª Periferia

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 234


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 29 – Perspectiva de parte do limite urbano entre a 1ª e a 2ª Periferia

Fig. 30 – Perspectiva de parte da 2ª Periferia e Núcleo Académico

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 235


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 31 – Vista aérea do Núcleo – Governamental – Académico – Segurança – Transportes

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 236


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 32 – Perspectiva do Núcleo – Governamental – Académico – Segurança – Transportes

Fig. 33 – Vista do Núcleo Mãe para o Núcleo Governamental

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 237


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 34 – Perspectiva da 1ª para a 2ª Periferia e Biosfera

Fig. 35 – Perspectiva de parte da Biosfera e das Periferias da Cidade

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 238


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT

Fig. 36 – Perspectiva do centro de investigação do Microcosmos e da Natureza

Fig. 37 – Perspectiva de parte da Biosfera e da Aldeia Ecológica (em segundo plano o sector
Macrocósmico e Espacial)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 239


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

5 - CONCLUSÃO FINAL

No curso da História as utopias e as realidades urbanas chocaram-se provocando


reacções políticas, sociais e estruturais na cidade e no território. A Utopia é muitas vezes
conotada como um exagero, uma extravagância, um ideal impraticável a longo prazo, uma
construção insustentável, um projecto irrealizável, sendo por isso um pouco desvalorizada
como processo científico e académico. Por ironia do destino, a realidade urbana e o
desenvolvimento socio-político da actualidade apresenta uma enorme quantidade de
extravagâncias insustentáveis, um ideal impraticável a longo prazo, enquanto que a Utopia
desenvolvida na tese é um projecto que procura o meio-termo, a harmonia em todos os
sentidos, a contenção, a sustentabilidade, o equilíbrio urbano.
Vivemos, cada vez mais, reduzidos a uma comunidade selectiva, comunidade essa onde
reina uma ordem surpreendentemente desenvolvida e complexa, mas em que os seus
resultados mundiais são em muitos aspectos caóticos. A ordem é organizada segundo uma
competição exagerada à base do lucro e do reconhecimento público deixando a biosfera e a
sociedade para segundo plano. A Crença na confiança política global a favor da
preservação do planeta e da humanidade no seu verdadeiro sentido da palavra é
incompatível com as extravagâncias Neo-Capitalistas e «materialistas», uma vida urbana
saudável, segura e confortável com o sistema Global é a longo prazo uma utopia
improvável. Um autêntico ideal democrático que infelizmente é travado pelas vicissitudes
políticas e económicas da actualidade. Dada a situação global das nossas cidades, a
solução mais sólida, a meu ver, passa pela alteração estrutural de raiz das bases da cidade
pelas bases utópicas já referidas ao longo da tese.
Na antiguidade os mecanismos de auto-subsistência eram essenciais. A falta de meios
de transporte e de energia assim o exigia. Assim nasceu o relógio de pêndulo há muitos
séculos, o qual não precisa de fonte de energia, somente de estar bem afinado. Comparado
com os relógios modernos de hoje, o relógio de pêndulo consegue consumir muito menos
energia, ser mais autónomo e barulhento! Esta reflexão serve para dar início à segunda
conclusão desta pesquisa. A ciência não tem estado ao nosso serviço como pensamos mas
sim ao serviço dos interesses económicos e jogos de poder, deixando muitas invenções e
descobertas «na gaveta», num mundo aparte, desconhecido do cidadão «comum».
O desenvolvimento tecnológico avança sem uma direcção concreta em vez de evoluir em
todas as áreas de forma a não danificar e a não explorar o consumidor. Equiparo estes
entraves científicos com carácter prepositivo nem sempre a favor da verdade, aos estragos
científicos e filosóficos provocados pela destruição da Biblioteca de Alexandria. Muitos dos
relatórios científicos apresentados pelos «média» e pelas forças políticas são enganosos.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 240


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Conclusão Final

Arrisco mesmo a dizer que a humanidade entrou num novo obscurantismo provocado
não pela falta, mas sim pelo excesso de informações contraditórias consoante os jogos de
interesses, numa luta constante entre a verdade e os poderes «imperialistas» que dominam
as «massas».
Voltemos ao pêndulo. Um pêndulo gigante, visto ser um mecanismo mecânico, seria
capaz de produzir energia eléctrica de forma auto-sustentável?! Nunca saberemos nos dias
de hoje, a não ser que alguma força económica-social mais positiva na sociedade nos abra
esse caminho.
Não descartando as boas políticas que têm sido desenvolvidas nesta área, a Cidade
Utópica ideal tem de ser imune à falta de consistência científico-tecnológica global e
procurar de forma sintética, transparente, autonomamente e com parcerias viáveis, as
melhores soluções tecnológicas, saudáveis e promissoras para a sua sociedade, evitando
assim muitos dos problemas de saúde contemporâneos.
No desenrolar do desenho da cidade utópica tornou-se evidente, mesmo no seu perfil
físico, que a Cidade UT é praticamente um negativo das cidades metrópoles modernas.
Enquanto em altimetria as cidades modernas formam uma pirâmide, com edificios cada vez
mais altos conforme se avança para o centro da cidade, segundo a especulação imobiliária
e os pressupostos elitistas; a Cidade UT lembra no seu perfil uma ondulação que vai
aumentando do centro para a periferia altimetricamente.
Os edifícios mais altos poderão mesmo ser os edificios de produção de alimentos na 2ª
periferia, permitindo assim culturas controladas em áreas menores. A produção animal será
realizada principalmente na biosfera biodiversificada, optimizada para o efeito, como já foi
falado.
O desenho do Modelo Utópico que apresento está longe de ser uma ideia vanguardista
ou uma nova descoberta estrutural, é simplesmente uma proposta representativa e formal
de uma possível disposição urbana segundo a Cidade UT. O seu tratamento personalizado
alude à política visionária das bases Utópicas desenvolvidas e não à forma estética
específica. A sua estrutura é variável consoante cada caso, cada cidade e morfologia do
terreno. O exercício esquemático demonstra de certa forma as potencialidades das
directrizes desenvolvidas e algumas soluções para a disposição da estrutura urbana.
Recorro a estruturas urbanas em grande parte já cienficamente provadas como eficazes e
não apresento estruturas de bairros pré-definidas, para evitar os erros das utopias do
passado, de caracter impositor sobre como os cidadãos deveriam habitar na Urbe.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 241


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Conclusão Final

Seguindo as directrizes das bases, cada bairro, comunidade e cidadão defenirá a sua
habitação, edifício e artérias secundárias de circulação dentro dos bairros. A «educação» da
comunidade implica que esta participe nas soluções urbanas. Quanto mais o cidadão
aprender a intervir nas decisões da sua própria vida mais ele ganha auto-estima e
desenvolvimento cívico, dando mais valor à urbe que o rodeia. Mais dificilmente uma pessoa
vandaliza algo que aceita ou que ajudou a construir. Este processo de participação activa
em consciência do individuo, juntamente com a política de habitação da Cidade UT, é mais
um cenário bem oposto às políticas imobiliárias e urbanas, onde o morador é cada vez mais
impelido a comprar as habitações já feitas, sem grande participação nem consciencialização
das estruturas dos seus bairros, sem conhecer a importância da arquitectura bioclimática
para a sociedade e de como tirar o melhor partido da sua habitação e das tecnologias.
A magnitude dos espaços e das estruturas realça a sua força e caracter; o simbolismo da
Cidade UT está reproduzido como força Psico-Energética por toda a área de influnência.
Facilmente percebemos o simbolismo ―Ventral‖ do Núcleo Mãe e da disposição harmónica
dos equipamentos como parte de um todo. O ―nascimento‖ de boas energias no núcleo e na
cidade vive desta harmonia entre o ―verde‖ da natureza, o ―azul‖ da fonte de vida, o ―amarelo
e castanho‖ da fertilidade, o encarnado entre outras cores no fogo da comunidade e da
animação gerada. O simbolismo chega a ser físico ao recriar símbolos de harmonia
ancestrais nos pavimentos e na estrutura das praças temáticas que identifico no Capítulo III.
O cemitério descansa os antepassados da cidade nas partes calmas do Pulmão da Cidade.
Os canais de água ligam o cemitério ao centro espiritual do Núcleo Mãe de onde podemos
conduzir os mortos por via náutica, levando o seu corpo no leito do elemento da vida, para o
desconhecido e respeitado mundo dos Mortos. Na verdade, tendo em conta os canais de
água que desenvolvi por toda a cidade, esta, numa situação morfológica essencialmente
plana, daria para ser percorrível por via náutica por todo o seu tecido urbano. Vias,
corredores verdes e cursos de água, coabitam cada um com os seus espaços próprios, sem
interferir com as realidades urbanas de cada um deles.
Os tópicos finais do primeiro Capítulo apontam fortemente para as bases da Cidade UT,
abrindo o horizonte a um novo contexto urbano, longe de estar limitado aos desenhos de
estudo da cidade apresentada. Muitos dos pontos da sua estrutura já foram explicados ao
longo da tese, portanto é preferivel conduzir a reflexão académica para as questões de
fundo, revolucionárias e imperativas à urbe.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 242


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Conclusão Final

Continuando nos opostos entre a realidade urbana actual e a Cidade UT, a devastação
sistemática da Amazónia é sem dúvida um deles. A promiscuidade do sistema Global
permite a destruição dos recursos da floresta com valor incalculável, para «meia-dúzia» de
pessoas a curto prazo obterem lucros, enquanto o ―colectivo‖ e o planeta é lesado. A
biosfera marítima também tem sofrido agressões ao seu habitat imprescindível, fornecendo
fontes de alimento e rendimento à Humanidade. O seu potencial pode ser aumentado,
criando por exemplo corais artificiais, tal como o potencial dos lagos e rios pode ser
reconquistado com políticas de perservação do eco-sistema e criação de infraestruturas a
favor da biodiversidade. A mesma política poderá ser usada na biosfera terrestre, recriando
as condições do eco-sistema, de forma controlada, reflorestando o território, criando zonas
protegidas para animais de maior consumo humano, lagoas artificiais e vias de acesso
preparadas para acções de preservação e exploração dos recursos da Natureza, entre
outras medidas.
Perguntar se um Eco-sistema Natural seria suficiente para produzir alimentos para a
comunidade é uma questão pertinente; a alimentaçao diária da comunidade iria ficar mais
diversificada, mais variedade de espécies de alimentos vegetais e animais iriam entrar na
nossa dieta e provavelmente teriamos que reduzir o consumo de carne. Como está provado
cientificamente que ingerimos carne em demasia e vegetais em minoria na nossa dieta
regular, esta medida também pode ser benéfica, acompanhando a mudança radical das
políticas utópicas pretendidas.
Dentro da reserva da biosfera as pequenas comunidades, aldeias ecológicas, terão um
papel importante no controlo dos recursos mas também na reabilitação de individuos com
problemas sociais graves. Os centros de reabilitação das aldeias receberão cidadãos com
problemas sociais, económicos e psico-fisicos (mendigos, toxicodependentes, entre outros),.
que não se tenham adaptado e reabilitado no meio urbano da cidade, encaminhados pelos
serviços de ajuda humanitária do Estado e por particulares, tirando-os dos ambientes
conturbados, devolvendo-lhes aos poucos uma vida digna.
Não se compreende como é que numa sociedade moderna e desenvolvida, assistimos à
degradação do ser humano, abandonado pelas famílias, pela sociedade, pelo sistema,
sobrevivendo muitas vezes da ajuda de instituições de caridade, muitas delas não
governamentais. É constrangedor assistir a pessoas que estendem a mão todos os dias nas
ruas nobres da cidade, com problemas de saúde que as impedem de trabalhar obrigando-as
a viver de esmolas.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 243


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Conclusão Final

Tendo em conta o sistema de pagamento desenvolvido nas bases utópicas, os serviços


públicos funcionam com o cartão do cidadão incluindo cantinas, alojamentos sociais,
cuidados de saúde, garantindo o encaminhamento das pessoas necessitadas para as
instituições mais indicadas para cada caso. As pessoas não dariam esmola porque os
próprios serviços salvaguardam o cidadão sem o marginalizar e os serviços CPC ao
identificar pessoas debilitadas na rua, têm como obrigação prestar assistência e conduzi-las
para serviços de ajuda comunitária.
É perfeitamente natural, tendo em conta o regime de escravatura económico e social e as
críticas levantadas, que as pessoas vivam sobre grande stress e deprimidas. Juntanto à
análise o problema do sobredimensionamento urbano e da má gestão urbana das cidades,
já também fortemente criticada neste trabalho, não restam dúvidas quanto à necessidade de
mudança para novas Utopias. A psico-energia urbana é um conceito novo e só melhora as
nossas vidas se os objectivos sociais o permitirem. A intenção, acompanhada de linguagem
urbana e de actividades positivas para o colectivo, elevará as sociedades a outro nivel de
consciência onde será difícil o ser humano sentir-se tão deprimido, mesmo quando tem a
sua vida assegurada e estável. As cidades terão de mudar uma a uma e quem sabe em
muitos casos começar de raíz a sua estrutura urbana; partindo da Tríade Utopia ou de
alguma fórmula similar. A mudança poderá ser gradual, poderá ser provocada por
movimentos de consciência, por vontade de alguma comunidade insatisfeita ou mesmo
provocado por uma crise mundial que ponha em cheque todo o sistema global.
Sem dúvida que não devemos perder o espírito ―global‖, a ideia que somos uma grande
família, Humanidade e Eco-sistema, mas com a certeza de que dependemos do Eco-
sistema e de que as nossas políticas garantem realmente a sustentabilidade tão apregoada
neste novo século, deixando assim um legado positivo às gerações vindouras e às nossas
aspirações sociais e pessoais. Deixo aqui o meu contributo com a esperança de acender o
debate sobre o futuro das cidades de forma a ecoar em todos os campos da sociedade a
favor de um mundo melhor.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 244


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

IV - Bibliografia

C.Promis e C. Saluzzo (1841). (Tradução) De Tratatto di Architettura – 1482 – Edição de Turin, Livro
III, prólogo, 191

Ried, Le Monnier (1956). (Tradução) De La città considerata come principio ideale delle storie italiane,
1858. En C. C. Scritti storici, Vol. II pag. 383 - 385. Florença

Mireia, Freixa (1982). Fuentes Y documentos para la historia del arte Vol. II, Las Vanguardas del siglo
XIX, Editorial Gustavo Gili, Barcelona.

(1971). Princípios del urbanismo (La Carta de Atenas), editora Ariel; Barcelona. pag.139 – 140

Gregotti, Vittorio (1972). El Território de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona.

Zevi, Bruno (1983). Movimento Orgânico F. Wright - Frank Lloyd Wright; Estúdio Paperpback Editorial
Gustavo Gili; Barcelona.

Madec, Philippe (1977). Hacia La Arquitectura Moderna; Boullée, editora Akal Arquitectura, Madrid.

Patetta Luciano e Hermann Blume (1984). História de la Arquitectura, Antologia Crítica As teorias das
estruturas nos Utopistas do séc. XIX; editora Carlo Aymonino; Madrid

Salvador Tarrajò (Abril 1980). Catalogo da Exposição Ildefonso Cerdá 1815- 1876; Barcelona

Zanichelli (1980). Otto Wagner, Die Grossstadt, Viena, 1912 - tradução italiana em O.W. Architetura
moderna e altri scritti, Bolonha, pag. 110 a 115

Kruft, Happo-Walter (1990). História de Las Teorias de Arquitectura, Vol.II, Editora Alianza, Madrid

Rob Krier (1992). La Crisis de la Modernidade -Teoria e Prática do Espaço Urbano; pag. 424 a 430

(1998). Alvar Aalto: Between Humanism and Materialism; New York: The Museum of Modern Art
catálogo da Exposição, 1998/100

Fleig, Karl (1980). Alvar Aalto. Barcelona: Editorial Gustavo Gili.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 245


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Bibliografia

Alexander, Christhopher (1967). ―A city is not a tree‖ – Uma Cidade não é uma Árvore –; Revista
Arquitectura 95; edição Janeiro/Fevereiro 1967 – (traduzido para português).

Moreno, Júlio (2002) – O futuro das cidades – editora Senac – Brasil

Jean-Michel Bezat e Grégoire Allix (2009). Jornal Le Monde, Artigo – Abu Dhabi – 100% Renovável –
Masdar City

Maheshvaranand, Dada (2009). Após o Capitalismo PROUT; editora Proutista Universal, Belo
Horizonte.

Ignacy Sachs (2008). Ciências Sociais – Artigo: La troisième rive — à la recherche de


l’ècodéveloppement Paris.

Emoto, Masaru (2009). As Mensagens Escondidas na água; editora Estrela Polar.

Emoto, Masaru (2009). O Poder Curativo da Água; editora Estrela Polar.

Tarcher/Putnam (1998) Goswami, Amit with Richard Reed and Maggie Goswami.The Self-Aware
Universe: How Consciousness Creates the Material World.

Schlitz, Marilyn (2005), PhD, Amorok, Tina, Micozzi, Marc S., MD. Consciousness and
Healing: Integral Approaches to Mind-Body Medicine. Elsevier Churchill Livingston.

Nadeau, Robert, Kafatos, Menos (2001).The Non-Local Universe: The New Physics and
Matters of the Mind, Editora Oxford University Press; New edition

Targ, Russell (2004) Limitless Mind: A Guide to Remote Viewing and Transformation of
Consciousness. Novato, CA: New World Library

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 246


Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT

Bibliografia

Websites da Internet:

website: Inhabitat: http://www. Inhabitat.com – Masdar City, Norman Foster – 20/03/2009

website oficial Auroviile:http://www.Auroville.org - Auroville Today, Informações - Galeria

website IONS Distant Healing project: http://www.ions.org/research/dh.cfm

website Library of Exploratory Science: http://www.c-far.net/litbase/litbase.jsp

website Parapsychological Association: http://www.parapsych.org/

website No Minuto: http://www.Nominuto.com – Artigo – casa alternativa mostra futuro da reciclagem

Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas: http://www.RededeIntercâmbiodeTecnologias


Alternativas.mht

Documentários/Filmes:

Rabbit Holes (2008) Filme: What the Bleep Do We Know!? Apresentado por The Institute of Noetic
Sciences e desenvolvido por Light Industries

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 247

Вам также может понравиться