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CORRELAÇÃO ENTRE A ACUSAÇÃO E SENTENÇA: A MUTATIO E A EMENDATIO LIBELLI

O princípio da correlação entre a acusação e sentença visa garantir um julgamento nos estritos limites da acusação, evitando
assim um julgamento extra petita ou ultra petita.

Contudo, as expressões citra petita, extra petita e ultra petita, conforme empregadas no processo civil, não se aplicam ao pro-
cesso penal, uma vez que naquele o juiz está, em regra, adstrito ao pedido, enquanto neste deve julgar conforme "a impu-
tação".

Ocorre que no processo penal a acusação compreende o que chamamos imputação (que significa a narrativa fática da qual o
réu é acusado) e o pedido (no qual o Ministério Público ou o querelante formula o pedido de condenação, indicando o artigo de
lei imputado ao réu). Assim, devemos observar a seguinte fórmula:

Acusação = Imputação + Pedido

Por tal motivo, questão relevante dentro do processo penal brasileiro diz respeito aos institutos da EMENDATIO LIBELLI e
MUTATIO LIBELLI, consagrados respectivamente nos arts. 383 e 384 do Código de Processo Penal.

O tema é dos mais cobrados em todos os concursos públicos do país, para as mais diversas carreiras jurídicas, e não poderia
ser diferente no exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

Ao tratar das sentenças, o Título XII do CPP, buscando garantir o princípio da correlação entre a acusação e sentença, dispõe:

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição
jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condi-
cional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.

Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Minis-
tério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido ins-
taurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento
de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas,
novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo.
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, fican-
do o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.

Emendatio Libelli

Imagine a seguinte hipótese:

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Na denúncia o Ministério Público narra:

“naquele dia..., naquele horário..., naquele local..., o denunciado passou correndo pela vítima, puxou sua bolsa e fu-
giu...”

(...)

Diante do exposto, requer seja recebida a denúncia, citado o réu para responder aos termos da ação penal, e, ao final,
julgado procedente o pedido para condenar o réu nas penas do art. 157 do CP.”

Verificamos claramente que o fato narrado indica a prática de um crime de furto, ou seja, o descrito pelo órgão de acusação
em sua “causa de pedir”, que aqui chamamos “imputação”, foi o crime previsto no art. 155 do CP.

Entretanto, por um equívoco, que pode até mesmo decorrer de um erro material, o pedido formulado indicou o artigo de lei
referente ao crime de roubo (art. 157 do CP.).

Pergunta-se: poderá o juiz julgar o réu por furto tendo o órgão de acusação formulado o pedido nas penas do art. 157 do CP?
A resposta é: Lógico que sim!

No processo penal o juiz não julga o pedido, O JUIZ JULGA OS FATOS! Daí a máxima: narra
mihi factum dabo tibi jus (narra-me o fato e eu te darei o direito).

Repare que, na hipótese acima indicada, foi possível ao réu defender-se amplamente dos fatos, já que os réus não se defen-
dem de um número, e sim dos fatos que se encontram narrados na denúncia ou na queixa.

Na emendatio libelli, na qual se enquadra a hipótese acima narrada, a denúncia se encontra perfeitamente adequada aos
fatos, apresentando apenas um erro na tipificação ou qualificação jurídica, sendo permitido ao juiz operar uma correção ou
emenda.

Assim, Emendatio Libelli é o ato permitido ao juiz de, na sentença, corrigir eventual erro da denúncia ou queixa na classifica-
ção do delito (art. 383 CPP). O juiz faz a correção independentemente de qualquer diligência, mesmo aplicando pena mais
grave. Neste caso, aplica-se a máxima: “narra os fatos e o juiz aplica o direito”. O réu não se defende da tipificação indicada
pelo órgão de acusação, e sim dos fatos narrados. Portanto, se a instrução criminal confirma a narrativa fática contida na
imputação da denúncia, viabilizando o contraditório e a ampla defesa, não há qualquer impedimento a que o juiz faça a ade-
quação da definição jurídica ao tipo penal correto, independentemente de aditamento.

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição
jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condi-
cional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.

Contudo, com a entrada em vigor do NCPC (Novo Código de Processo Civil), alguns autores passam a sustentar a necessida-
de de intimação das partes antes do juiz operar a emendatio libelli, de forma a garantir também sobre as questões de direito o
exercício do contraditório. Vejamos o que dispõe o art. 10 do NCPC:

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Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não
se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir
de ofício.

Porém, grande parte da doutrina ainda sustenta que, havendo disposição expressa no CPP (Art. 383) sobre a possibilidade do
juiz operar a emendatio independentemente das manifestações das partes, não haveria que se aplicar o NCPC.

Pergunta relevante surge acerca da possibilidade da referida correção (emendatio libelli) ocorrer em momento anterior à ins-
trução criminal, já que o instituto está previsto dentro do Título XII do Código de Processo Penal, que trata da Sentença.

Qual seria o momento ideal para se operar a emendatio?

Grande parte da doutrina e da jurisprudência defendem que tal instituto somente poderia ser aplicado pelo juiz no momento em
que os autos fossem conclusos para sentença.

Contudo, vários autores sustentam que não haveria qualquer óbice à sua aplicação até mesmo no momento do recebimento
da exordial, ou ainda, após a apresentação da resposta à acusação de que trata o art. 396 do CPP. Isso porque a emendatio
nada mais é que uma mera correção, sem que qualquer alteração se opere na narrativa fática. Além disso, um mero erro (mui-
tas vezes material) na tipificação poderia inviabilizar institutos em verdade devidos ao caso concreto, como por exemplo, a
suspensão condicional do processo, ou ainda, o emprego de um rito processual inadequado à hipótese, além das questões
relacionadas à legitimidade e competência.

Este último posicionamento foi, inclusive, adotado pela banca examinadora no VIII Exame Unificado.

Mutatio Libelli

Maior preocupação surge quando ocorre a necessidade de se operar uma mutatio libelli.

Mutatio significa mudança, indicando que, na instrução criminal, fase de colheita de provas durante o processo, fica demons-
trado que os fatos praticados pelo agente são diferentes daqueles narrados na exordial.

Vamos agora imaginar esta outra hipótese:

Narra a denúncia:

No dia..., horário..., local..., o denunciado, com animus furandi, ingressou na residência de seu vizinho de lá retirando
dolosamente as obras de arte de propriedade do mesmo...

(...)

Diante do exposto, requer seja recebida a denúncia, citado o réu para responder aos termos da ação penal, e, ao final,
julgado procedente o pedido para condenar o réu nas penas do art. 155 do CP.”

Repare que neste último caso o pedido encontra-se adequado à narrativa fática. Entretanto, suponhamos que, durante a ins-
trução criminal, a vítima e o próprio denunciado, bem como testemunhas, produzam provas que demonstrem que na verdade a
vítima havia deixado as referidas obras de arte, antes de uma viagem, na posse de seu vizinho, ora réu, e que, ao retornar e
procurar o mesmo para pegar os objetos, o mesmo recusou-se a devolvê-los.

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A denúncia neste caso narrava furto, porém, durante o processo, a prova mostrou-se diversa, os fatos mudaram, já que ficou
comprovado o crime de apropriação indébita.

Ora! Quem se defendeu de subtrair coisa alheia móvel não se defendeu de ter a posse lícita da coisa e ter invertido o animus
da posse...

Assim, para garantir o contraditório e a ampla defesa, faz-se totalmente necessária a alteração da narrativa apresentada na
denúncia.

No momento em que o sistema processual penal adotado no Brasil é o sistema acusatório, no qual o juiz é inerte e imparcial e
a ação penal pública foi entregue privativamente ao Ministério Público, somente este poderá alterar os fatos narrados na de-
núncia, sob pena de violação dos princípios acusatório, da inércia, da imparcialidade, do devido processo legal e da congruên-
cia ou correlação entre acusação e sentença.

Assim, a Mutatio Libelli ocorrerá quando, no curso da instrução processual, surgir prova de elementar ou circunstância não
contida na peça acusatória. Nesse caso, deverá o Ministério Público aditar a exordial, com posterior oitiva da defesa, respei-
tando-se assim o contraditório, a ampla defesa e o sistema acusatório.

Nesse sentido, preleciona o art. 384 do CPP:

Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Minis-
tério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido ins-
taurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento
de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas,
novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo.
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, fican-
do o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.

Qual o momento ideal para o aditamento à denúncia, operando-se a mutatio libelli? É evidente que a mutatio depende do
surgimento das provas durante a instrução criminal, motivo pelo qual é inviabilizada em momento anterior. Contudo, o que se
espera do Promotor de Justiça é, tão logo surja referida prova nova, promova, espontaneamente, a alteração devida, de forma
a garantir o contraditório, a ampla defesa e a congruência.

Não o fazendo espontaneamente, o juiz poderá, exercendo o papel de fiscal do princípio da obrigatoriedade, aplicar o art. 28
do CPP.

O aditamento à denúncia configura-se, assim, medida essencial a assegurar os princípios processuais penais. Portanto, caso
surjam provas durante o processo que indiquem que o crime supostamente praticado é distinto do que se encontra na inicial
acusatória e o Ministério Público não proceda ao aditamento, deverá o réu ser absolvido, por não ter sido aquele o crime por
ele praticado.

Da mesma forma, importante ressaltar que o limite para aditamento é a sentença de 1º. grau, não sendo possível inovação em
fase de recurso, o que caracterizaria supressão de instância.

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Neste sentido, veja-se a Súmula 453 do STF:

Não se aplicam à segunda instância o Art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam
dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou im-
plicitamente, na denúncia ou queixa.

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